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Nome: Gabriel Lucas Vieira Rocha

Serviço Social – 4º Período

Descrever o histórico do movimento institucionalista, assim como seus


conceitos principais além designar os marcos de interseção entre a análise
institucional, a esquizoanálise e a socioanálise.

O ser humano criou as instituições na tentativa de encontrar amparo, pois nos


instituímos a partir da própria necessidade do processo civilizatório. Nos encontramos
desamparados, inseridos em desordem, caos e percebidos em um lugar de
desgoverno das contingências ao nosso redor. Diante disso, elaboramos estruturas
que nos sirva de referencial e apoio. “As instituições são instâncias de saber que
permitem a todo tempo recompor as relações sociais, organizar espaços e recortar
limites.” (PEREIRA, 2007). As instituições são feitas por pessoas. As pessoas são
seres de desejo. Desejo é sintoma de privação de falta. Diante da falta, produzimos
e nos movimentamos. Para que exerça a função de servir a humanidade, o desejo
deve ser institucionalizado.

Nessa trama destaca-se o instituinte, instituído e o processo de


institucionalização. Esses agentes possuem entre si inúmeras dinâmicas e
especificidades, no qual “o instituinte não deve ser pensado como força que resulta
em instituído, mas como relação de forças permanente, que comporta tanto o poder
como as singularidades de resistência e produção de novos sentidos” (PEREIRA,
2007).

O conceito de instituição é polissêmico, é ainda utilizado em inúmeras áreas


com diversos significados. Pereira (2007) traz que as instituições funcionam sob a
heterogestão, ou seja, geridos por outrem. Além disso, existe uma estrutura de poder
nas instituições que tenta minimizar o sujeito. O movimento institucionalista posiciona-
se em busca dos princípios básicos de autogestão e auto-análise, que são conceitos
fundamentais para compreendê-lo. A auto-análise parte da crença na autonomia do
grupo, fundamentada na participação, no saber, na experiência particular,
estabelecendo assim formas próprias de se manter, dirigir, criticar. A autogestão se
manifesta na opção política e escolha dos agentes, mudanças das relações de poder,
saber, prazer e prestígio. Um sistema autogestivo não é um lugar sem lei, mas um
sistema cuja lei é autogerida, proporcionando o direito de desejar.

O arcabouço que fundamenta o movimento institucionalista tem recebido


contribuição de diversos setores, sejam eles populares ou acadêmicos. No campo da
religião cristã identifica-se uma busca pelo retorno da experiência comunitária dos
primeiros cristãos e a vida religiosa mendicante; no campo da filosofia, o
institucionalismo se inspirou em autores dos primórdios da filosofia grega à filosofia
moderna; na área educacional defendeu-se a autonomia na instituição de educação,
compromissada com uma escola crítica e com as classes populares; na saúde mental
houve no pós-guerra um movimento de questionar e debater o papel das instituições
psiquiátricas; além disso, é importante destacar os novos movimentos sociais que se
alinham aos princípios do movimento institucionalista, que anteriormente reprimimos,
ganham a condição de atores: mulheres, gays, negros, índios, favelados. (PEREIRA)

O artigo de William Cesar Castilho Pereira destaca duas correntes do


movimento institucionalista: a Análise Institucional e a Sociopsicanálise. A primeira é
a mais difundida no Brasil, “que assume a tarefa de pesquisa, questionar e analisar a
história, os objetivos, a estrutura e o funcionamento da organização, além dos
dispositivos, práticas e agentes grupais.” (PEREIRA). Essa abordagem tem como
proposta a exteriorização do “não-dito”, através de dispositivos analisadores
colocados e incentivados pelo analista com participação ativa dos membros da
organização. Além disso, é importante destacar a contradição envolvida no que se
refere ao teor instituinte abarcado pela Análise Institucional, algo a ser identificado e
quebrado pela intervenção. A segunda abordagem, a Sociopsicanálise propõe um
entrelaçamento entre a psicanálise de Freud e o materialismo histórico de Marx.
Pensando nas instituições, que estão inseridas no modo de produção capitalista. Na
perspectiva que há nas organizações indivíduos desapossados de poder. A
Sociopsicanálise vai buscar trazer à tona o caráter político na instituição e analisar os
processos que impendem o funcionamento dessa dimensão.

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