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1983
EUROPEAN PHOTOGRAPHY.
Ensaio sobre a Fotografia de Vilem Flusser se insere no campo da Filosofia e sociologia. O autor
procura debater e analisar a fotografia e seus efeitos na comunicação moderna. O texto
datado em 1983 continua levantando questões atuais sobre o papel da fotografia na
sociedade.
Fichamento de Conteúdo –
1. A IMAGEM
Flusser começa seu dialogo levantando a questão da imagem e da compreensão pelo receptor,
a imagem nada mais é que dimensões em um plano. As imagens podem guiar nossos olhares e
contar histórias que palavras não conseguiriam “As imagens são códigos que traduzem
eventos em situações, processos em cenas. Não que as imagens eternizem eventos; elas
substituem eventos por cenas. “
Flusser da enfoque ao processo de mudança de visão do homem a imagem. O Homem não
mais pensa na função exercida pela imagem que ele vê, mas somente segue suas instruções.
“o homem, ao invés de se servir das imagens em função do mundo, passa a viver o mundo em
função de imagens”
2. A IMAGEM TÉCNICA
A imagem técnica é a imagem produzida por aparelhos, imagens que surgem de uma cadeia de
produção complexa que reforça o significado simbólico das imagens. O homem confia nas
imagens técnicas tanto quanto confia no seu próprio olho (fotografias, setas, mapas...).
A grande diferença entre uma pintura e uma fotografia esta descrita no processo que difere os
dois. O ‘aparelho operador’ assim como Flusser chama as câmeras fotográficas, ou gravadores
de vídeo é um aparelho complexo que faz com que o usuário somente se preocupe com a
imagem que entre e a imagem que vai sair. Diferentemente de uma pintura onde o artista
constrói símbolos para poder se expressar.
Com o avanço da Fotografia Flusser também da enfoque que com o avanço da tecnologia na
fotografia é a primeira vez que a imagem pode atingir os grandes públicos, podendo ser
replicada infinitamente e não mas estar confinada em museus e casas nobres.
A importância da Imagem Técnica é fundamental para diversos meios, jornalismo,
entretenimento, propaganda. Com o advento da Fotografia veio também a necessidade de
documentar tudo, processos científicos, o crescimento de nossos filhos. A imagem técnica
causou diversas mudanças em nossa sociedade, funcionou enquanto democratizava a
informação, mas causou danos enquanto distraia a sociedade com futilidades (TV).
3. O APARELHO
As maquinas Fotográficas são caixas negras que simulam o olhar humano, guardam o
momento e os permitem serem revistos novamente. Mas não são as maquinas que importam
ao estudo da fotografia, elas são somente compostos de plástico e metal. O usuário, o
fotografo é quem importa nessa situação.
Devemos nos lembrar que por trás de toda foto existe uma câmera e por trás dessa câmera
existe um fotografo que foi o responsável por eternizar o momento.
As câmeras depois da segunda guerra se tornaram tão comuns que elas saíram do foco do
estudo da fotografia, o usuário e como ele a usa se tornam o objeto de estudo principal.
4. O GESTO DE FOTOGRAFAR
O fotografo munido de sua câmera em mão é um caçador que busca pelo melhor ângulo e
timing de suas fotografias, o fotografo usa de sua câmera como instrumento para captar os
momentos, um pássaro voando, um rosto, um objeto. Mas o usuário só pode fotografar oque
é fotografável. Quando o portador da câmera se vê sem conseguir capturar as coisas em suas
fotos então acontece uma inversão de objetivos, o fotografo começa a procurar meios de
representar segundo a câmera, e não mais a sua vontade. Procura captar simbologia, luz,
profundidade e movimento para criar cenas que representam mais que somente instantes.
O motivo do fotógrafo, em tudo esse processo de busca da melhor condição, é realizar cenas
jamais vistas. O seu interesse está concentrado no aparelho e no que ele está extraindo do
momento.
5. A FOTOGRAFIA
6. A DISTRIBUIÇÃO DA FOTOGRAFIA
Diferentemente das Pinturas as Fotografias podem ser replicadas infinitas vezes, e alcançar
milhares de pessoas, fotografias se tornam famosas e trazem fama aos fotógrafos que as
tiram.
Mas o valor das fotos ainda não reside na fotografia física, a foto como objeto é descartável,
mas o seu valor é encontrado na informação passada, essa informação que é escolhida a dedo,
e moldado a modo de causar uma sensação no receptor da informação. Exemplo disso é o a
foto jornalística, de tantas fotos tiradas pelo fotografo é o editor que escolhe a foto a ser
distribuída, é ele que escolhe a informação que vai ser passada.
7. A RECEPÇÃO DA FOTOGRAFIA
A percepção fotográfica, o fato de estar "alfabetizado" nos meios da fotografia, se deve mais
do que ter a capacidade de fotografar. Perceber os contextos e símbolos de uma foto é algo
que parte de estudo, análise e relacionar o contexto da imagem com o seu significado. A
importância de uma foto em um artigo de jornal pode demonstrar a forma de como o público
geral se relaciona com a fotografia, esperando que a imagem explique o texto, e não o
contrário, retirando o valor real e impactante que o retrato visual de uma situação pode ter,
sendo que em outros momentos históricos, a imagem era o fator "mágico" a ser decodificado
pelo texto, em uma tentativa de a explicar. O aparelho fotográfico possibilita o ato de
fotografar, cada vez mais avançados e baratos, se tornando de certa forma "democráticos",
mas não exatamente ensinando aos seus usuários o que é a fotografia, há um certo vício do
fotógrafo amador em apontar a câmera para onde parece ser atrativo para ela, sem considerar
fatores mais profundos de seu resultado, criando um padrão e uma forma vazia de imagem.
Não apenas ser alfabetizado em criar suas fotos, mas também quando é preciso interpretá-las
e receber seu real significado, o consumidor geral é inclinado a aceitar as propostas
publicitárias que, por exemplo, uma propagando pode surtir nele, pelo impacto de sua imagem
fotográfica, a falta de compreensão de seus símbolos pode ter resultados manipuladores nos
menos entendidos do ofício.
8. O UNIVERSO FOTOGRÁFICO
A fotografia está imersa em diversos conceitos, que perante análise, se expandem e podem
levar a reflexões e conflitos dentro de seus próprios significados, coisas que impulsionam a
criação de uma filosofia, o atrito de ideias e questionamento. Fazendo um paralelo com a
cosmologia, em seus primeiros instantes, o estudo de astros e do espaço apresentava eventos
caóticos e aparentemente aleatórios, mas com o passar dos anos, estudos e observações
criaram teorias e fórmulas para tornar tudo cada vez mais previsível e, de alguma maneira,
relacionado com outros eventos, e mesmo que seja comum aparecem novos fatos
"aleatórios", logo ele também se tornará norma e de alguma forma, catalogado, tornando
eventos inesperados em números e probabilidade. Criar uma filosofia dedicada aos estudos e
práticas da fotografia seria o ato de torná-la consciencializada, de forma que seu
entendimento e propagação acontecesse de forma mais científica e talvez, buscar novas
descobertas na áreas.
Fichamento de Citações Transcrição textual:
1. A IMAGEM
“O caráter mágico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. As
imagens são códigos que traduzem eventos em situações, processos em cenas. Não que as
imagens eternizem eventos; elas substituem eventos por cenas. E tal poder mágico, inerente à
estruturação plana da imagem, domina a dialética interna da imagem...”(p.28)
2. A IMAGEM TÉCNICA
“Tudo, atualmente, tende para as imagens técnicas: elas são a memória eterna de todo o
empenho. Qualquer ato científico, artístico e político visa eternizar-se em imagem técnica, visa
ser fotografado, filmado, vídeo gravado. Como a imagem técnica é a meta de qualquer ato,
este deixa de ser histórico, passando a ser um ritual de magia. Um gesto eternamente
reconstituível segundo o programa. Com efeito, o universo das imagens técnicas vai-se
estabelecendo como a plenitude dos tempos. E, apenas se considerada sob tal ângulo
apocalíptico, é que a fotografia adquire os seus devidos contornos.”(p.38)
4. O GESTO DE FOTOGRAFAR
“O fotógrafo crê que está a escolher livremente. Na realidade, porém, o fotógrafo só pode
fotografar o fotografável, isto é, o que está inscrito no aparelho. E para que algo seja
fotografável, deve ser transcodificado em cena. O fotógrafo não pode fotografar processos. O
aparelho <<programa>> o fotógrafo para transcodificar tudo em cena, para magicizar tudo.
Neste sentido, o fotógrafo funciona, ao escolher a sua caça, em função do aparelho. É um
aparelho-fera.”(p.51)
5. A FOTOGRAFIA
6. A DISTRIBUIÇÃO DA FOTOGRAFIA
“Um quadro tradicional é, um original: único e não multiplicável. Para distribuir quadros, é
preciso transportá-los de proprietário a proprietário. Os quadros devem ser apropriado para
serem distribuídos: comprados, roubados, oferecidos. São objectos que têm valor enquanto
objectos. Prova disto é que os quadros atestam o seu produtor: traços do pincel, por exemplo.
A fotografia, por sua vez, é multiplicável. Distribuí-la é multiplicá-la.”(pag.67)
“A fotografia enquanto objecto tem um valor desprezível. Não faz muito sentido querer
possuí-la. O seu valor está na informação que transmite. Com efeito, a fotografia a é o
primeiro objecto pós-industrial: o valor transferiu-se do objeto para a informação.”(pag.67,68)
7. A RECEPÇÃO DA FOTOGRAFIA
"A mania fotográfica resulta numa torrente de fotografias. Uma torrente-memória que a fixa.
Eterniza a automaticidade inconsciente de quem fotografa. Quem contemplar um álbum de
um fotógrafo amador, estará a ver a memória de um aparelho, não a de um homem." (p. 75)
8. O UNIVERSO FOTOGRÁFICO
"A definição tem uma curiosa vantagem: exclui o homem enquanto fator ativo e livre.
Portanto, é uma definição inaceitável. Deve ser contestada, porque a contestação é a mola
propulsora de todo o pensar filosófico. Deste modo, a definição proposta pode servir de ponto
de partida para a filosofia da fotografia." (p. 81)