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Universidade Federal de Minas Gerais

Programa de Pós-Graduação em Música


Etnografia das Práticas Musicais
Professora Lúcia Campos

Howard Becker e os Mundos da Arte


Michel Brasil
Howard Becker (1928 - )

- Aprendeu piano durante a infância e com


quinze anos já se apresentava
profisionalmente em bares, casas de strip-
tease e locais similares.

- Graduou-se em Sociologia pela


Universidade de Chicago.

- PhD em Sociologia aos 23 anos.

- Segunda geração da “Escola de Chicago”,


ao lado de Ervin Goffman e Anselm Strauss.

- Interacionismo Simbólico
Interacionismo Simbólico

Tradição sociológica inaugurada por George Mead, Hebert Blumer e


adotada/expandida por outros pesquisadores da Escola de Chicago.

“O interacionismo simbólico é uma teoria americana que se desenvolve a


partir de considerações práticas, e alude à utilização particular de dialetos do
povo para produzirr imagens, implicações normais, para dedução e
relacionamento com os outros”.

“É um quadro de referência para entender melhor como os indivíduos


interagem uns com os outros para criar mundos simbólicos, e em troca,
como esses mundos moldam os comportamentos individuais”.

Wikipedia. Verbete Symbolic Interactionism.

O ser humano é um ser agente em ação, é agente. Recusa à


concepção do ser humano com agente determinado, passivo.
O ser humano orienta seus atos em direção às coisas, em função do que
elas significam para eles.

O significado dessas coisa deriva de, ou surge como consequência da


interação social que cada qual mantém com o outro.

Os significados se manipulam e modificam mediante um processo


interpretativo desenvolvido pela pessoa ao lidar com as coisas que ela
encontra.
Outsiders e a Sociologia do Desvio

- Investigação de comportamentos desviantes.

- Maconheiros e Músicos

- Segundo Becker, um desvio de


comportamento não é simplesmente uma
característica pessoal ou uma condição
psíquica do desviante. Trata-se de um
situação construída socialmente.

Os grupos sociais criam desvios fazendo regras cuja


infração cria o desvio e aplicando esses papéis a
pessoas específicas e rotulando-as como pessoas
desviantes.
Deste ponto de vista, o desvio não é uma qualidade
do ato que a pessoa comete, mas sim uma
consequência da aplicação por outras regras e
sanções a um ‘infrator’.
O desviante é aquele a quem esse rótulo foi aplicado
com sucesso; e o comportamento desviante é o
comportamento que as pessoas rotulam.
Mundos da Arte
“Todo o trabalho artístico, tal como toda
atividade humana, envolve a atividade
conjugada de um determinado número,
normalmente um grande número, de pessoas.
É devido à cooperação entre estas pessoas
que a obra de arte que observamos ou
escutamos acontece e continua a existir. As
marcas dessa cooperação encontram-se
presentes na obra. As formas de cooperação
podem ser efêmeras, mas na maioria dos
casos transformam-se em rotinas e dão origem
a padrões de atividade coletiva aos quais
podemos chamar mundos da arte”.

H. Becker. Mundos da Arte. p. 27.

“A idéia de uma ação coletiva (doing things


together) é chave na obra de Becker, seja
estudando desvio, seja estudando arte,
retomando Park e Hughes, entre outros”.

G. Velho. 2002. Becker, Goffman e a Antropologia no


Brasil.
- Arte como uma série de atividades

- Divisão do Trabalho
Categorias de trabalhadores que caracterizam esse mundo e o feixe de tarefas que cada um desempenha.

- Os Artistas
Quem tem o dom, a sensibilidade.

- Cadeias de Cooperação
Sempre que o artista depende de outras pessoas, existe cooperação.

- Convenções
As pessoas se baseiam nos métodos habituais de trabalho.
“Os mundos da arte dão bastante atenção à
tentativa de determinar aquilo que é e o que não
é arte, aquilo que é ou não é o seu tipo de arte,
quem é e quem não é artista. É através da
observação do como um mundo da arte
estabelece essas distinções, e não tentando
estabelecê-las nós próprios, que podemos
compreender muito do que se passa nesse
mundo” (p. 55).
“Os mundos da arte produzem obras e conferem-lhes igualmente um valor estético. Este
livro não enucia juízos estéticos, tal como ficou clarificado pelo comentários anteriores. Pelo
contrário, analisa os juízos estéticos tomando-os como fenômenos característicos da
atividade coletiva”.

“Nessa perspectiva, a interação de todos os participantes produz um sentimento


partilhado do valor daquilo que produzem coletivamente. A apreciação comum das
convenções partilhadas e o apoio mútuo que dispensam entre si convencem os
participantes de que aquilo que fazem tem valor. E se eles agem tendo a arte como
referente, a conjugação dos seus esforços dá-lhes a certeza de produzirem obras de
arte dignas desse nome” (p. 57).
Sociologia & Antropologia

“Ambos [Becker e Goffman] não viam como barreiras os limites acadêmicos


entre sociologia e antropologia. Atravessavam-nos e consideravam-nos
desnecessários ou até como fonte de mal-entendidos. Convém lembrar que na
Universidade de Chicago, durante quase 40 anos, até 1929, havia um único
departamento com antropólogos e sociólogos.
Autores como Park, Thomas e Hughes lidaram com as bibliografias de
sociedades tribais, tradicionais, bem como modernas, urbanas (ver Velho 1999).
Becker e Goffman foram alunos de Lloyd Warner, antropólogo que estudou
sociedades tribais e a moderna sociedade norte-americana (Warner, 1964 e
1968) e que, inclusive, orientou Goffman.
Becker era mais ligado a Hughes, que realizara um estudo de comunidade no
Canadá francês e se dedicava a pesquisas sobre ocupações e relações raciais.
A par de diferenças de estilo e ênfase, todos valorizavam a pesquisa e o
trabalho de campo”.

Gilberto Velho (2002). p. 12.

Becker. Problems of Inference and Proof. American Sociological Review, 23(6), 652-660.

Becker. Ethnomusicology and Sociology: A Letter to Charles Seeger.


Ethnomusicology, Vol. 33, No. 2 (Spring - Summer, 1989), pp. 275-285.

Becker & Geer. Participant Observation and Interviewing: A Comparison. Human


Organization: Fall 1957, Vol. 16, No. 3, pp. 28-32.
Metodologia de Pesquisa

Reflexão sobre a escrita, os ‘modos de fazer’ das ciências sociais e


como estas representam a sociedade.
Titulo

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