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Como conquistar sua própria felicidade, reflexões sobre

a TREC de Albert Ellis


Marcelo da Rocha Carvalho
Instituto Psicológico de Controle do Stress Marilda Novaes Lipp de São Paulo

Terapia Racional Emotiva Comportamental(TREC)


É uma abordagem cognitiva para a intervenção em psicoterapia.
É de fácil manejo clínico e aproxima rapidamente terapeuta e paciente para o trabalho
colaborativo.
É uma ferramenta clínica que em curto espaço de tempo pode promover melhora ao
paciente em Terapia motivando para mudança cognitiva e a resolução de seus
problemas.

Como complicar a vida...


Há pessoas que além de sofrer com a depressão e ansiedade, dedicam parte do seu
tempo se autocondenando quanto aos seus problemas. Ou seja criando um sintoma
neurótico em relação a seus sintomas .(pág. 11)
Mudar, inicialmente, significa aceitar sua condição.

A complexidade das autoavalições


Existe uma pessoa perfeita? Não, você é simplesmente uma pessoa, que ora acerta, ora
erra; é uma pessoa que tem pensamentos, sentimentos e atitudes que são positivos,
negativos e neutros .(pág. 12)
A TREC ensina as pessoas a classificar cada ação individualmente e não a si mesmo
como um todo . (pág. 12)

Como ficar perturbado?


Mesmo a tendência a distúrbios é parcialmente inata. Como indivíduos, possuímos
tendências naturais que podem nos deixar ansiosos(angustiados),
deprimidos(horrorizados ante eventos pesarosos) ou revoltados(amaldiçoando a nós
mesmos por atos reprováveis).
Mas inato não significa permanente.

Premissas teóricas
Descontentamento com a Clínica Psicanalítica.
Valorização de conceitos de Alfred Adler e Karen Horney.
Respostas do campo da Filosofia para o entendimento da realidade do homem.
Estudos da Semântica influenciando a Psicologia.
Desenvolvimento do Cognitivismo.
Encontro com o Behaviorismo e a Técnicas Comportamentais.

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Terapias Cognitivas
A. Ellis e A. T. Beck propuseram métodos psicoterápicos de caráter cognitivo no início
dos anos 60, mas o devido respaldo teórico, só surgiu a partir da Teoria da
Aprendizagem Social de A. Bandura (Zarb, 1992).

Validade terapêutica
O número de estudos experimentais ou não que validam a REBT (Rimm e Master,
1983) são mais significativos que os relatos que indicam a sua restrição ou ineficácia
(Gossette e O Brien, 1993).

O início
A Terapia Racional-Emotiva foi fundada em 1955, por um então psicanalista norte-
americano chamado Albert Ellis, após a concretização de uma ampla pesquisa intitulada
O caso de liberação sexual , que começara a ser desenvolvida em 1940 (Ellis e
Dryden, 1987).

Sexologia e TREC
Apesar de suam formação psicanalítica, Ellis partiu para a criação de uma nova forma
de atuação terapêutica baseando-se em sua experiência com casais e distúrbios sexuais,
tendo como base a psicoterapia psicanalítica e eclética.

Estudos filosóficos
Cansado dos inúmeros insucessos psicoterápicos e com a demora dos primeiros
resultados, a busca de uma nova forma de atuação iniciou-se pelo resgate de uma
posição humanista, principalmente na obra de Kant (Ellis e Dryden, 1987; Ellis, 1973).
Kant escreveu sobre o poder e limitações das cognições e idéias sobre o comportamento
humano, sendo que suas idéias foram desenvolvidas nestes tópicos principalmente por
Spinoza e Schopenhauer, que em suas teses reforçaram a visão kantiana (Ellis e
Dryden, 1987).

Natureza do Mundo
A influência filosófica contou ainda com Popper, Reichenbach e Russel, filósofos da
Ciência, que produziram vários estudos que ajudaram Ellis na concepção da natureza do
mundo que atua como ponto de referência da REBT.

Ciência e Saúde Mental


A prática da REBT pode ser considerada um reflexo da metodologia científica,
contrapondo-se a dogmas e absolutismos da cultura humana (Ellis e dryden, 1987; Ellis,
1973) que Popper denominaria de pseudociência psicanalítica (Eynseck, 1993).

Contingências
Como origem do mundo psicológico, Ellis nunca descartou a influência do meio
ambiente na formação e manutenção deste mundo, que para ele é basicamente

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cognitivo. Corroborava, assim, com a visão filosófica metodológica behaviorista
skinneriana de que a psique é fruto de um processo de aprendizagem (Ellis, 1962).

Psicanálise e dissidência
Alfred Adler foi um dos importantes influenciadores da REBT, pois foi o primeiro
psicólogo a se preocupar com os sentimentos de inferioridade existentes na ansiedade
do homem (Ellis, 1962), indicando que o homem, ao contrário dos outros animais,
possui a característica de avaliar o mundo em que vive.

TREC
O nome original da linha proposta por Albert Ellis foi Terapia Racional, depois
passando a ser Terapia Racional-Emotiva até 1993, quando seu criador alterou o nome
da abordagem para Terapia Racional-Emotiva-Comportamental em razão do forte
caráter comportamentalista do processo terapêutico na REBT.

Irracionalidade e suas conseqüências


A REBT pressupõe que a causa dos problemas humanos estão nas idéias irracionais que
levam o ser humano a um estado de desadaptação de seu meio ambiente (Gorayeb e
Rangé, 1988).

Diferenças entre métodos


Terapia Cognitiva: Beck e os pensamentos disfuncionais.
o Maior complexidade, ligado aos transtornos psiquiátricos e menos
embativa.
Terapia Racional Emotiva Comportamental: Ellis e as crenças irracionais.
o Menor complexidade, mais embativo e ligado a questões de neuroticismo.

Três preposições fundamentais da TC:


A atividade cognitiva influencia o comportamento.
A atividade cognitiva pode ser monitorada e alterada.
O comportamento desejado pode ser influenciado mediante a mudança cognitiva.
(Dobson, 2001; apud Knapp, 2004)

Paradigma de Ellis

A B C
A(evento ativador) B(Crenças) C(Conseqüências)
A(ativant event) B(Beliefs) C(Consequences)

O princípio do Tratamento

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(...) esqueça o conceito de cura. A condição humana não tem cura. Você sempre,
sempre será falível, passível de erros e sujeito a pensamentos e atitudes derrotistas.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 70)

E lembre-se...
Não espere muito das pessoas pois elas também têm seus próprios problemas e estão
mais preocupadas com eles do que os seus. (Como conquistar sua própria felicidade,
página 69)

Mudando o Pensamento
A TCER orienta a assumir a responsabilidade, não pelas coisas indesejáveis que lhe
acontecem (A), mas pelas suas Convicções (B) .(Como conquistar sua própria
felicidade, página 54)

Valores da TREC
Conscientizar as pessoas de que são elas mesmas que criam, em grande parte,
suas próprias perturbações psicológicas e que, embora as condições ambientais
possam contribuir para seus problemas, têm , em geral, uma importância
secundária no processo de mudança.
Estimular as pessoas a reconhecer claramente que possuem a capacidade de
modificar de uma maneira significativa estas perturbações psicológicas.
Proporcionar a compreensão de que perturbações emocionais comportamentais
provêm, em grande parte, de crenças irracionais, dogmáticas e absolutistas.
Estimular a descoberta das crenças irracionais e discriminar entre elas suas
alternativas racionais.
Questionar estas crenças irracionais utilizando os métodos lógico-empíricos da
ciência.
Trabalhar no intuito de internalizar suas novas crenças racionais, empregando
métodos cognitivos, emocionais e comportamentais de mudança.
Continuar este processo de refutação das idéias irracionais e utilizar métodos
multimodais para mudanças durante o resto de suas vidas.
Entretanto, nascemos com uma tendência de freqüentemente pensar, sentir e
agir, de uma maneira derrotista e socialmente reprovável. Sim, isso pode
acontecer com freqüência! E essa tendência normalmente é alimentada pelo
mundo exterior, especialmente por nossos pais e por nossa cultura.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 21)

Tais pensamentos têm, em parte, o objetivo de obrigá-lo a se mexer. No entanto, eles


acabam levando você a acreditar que é uma pessoa totalmente imprestável, que não vale
nada.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 22)

Expectativas conflituosas

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A REBT escreve que os distúrbios da personalidade começam com a pessoa
determinando altos objetivos(metas) para si próprio, em um tipo de meio ambiente que
possui um ponto de criação de eventos e atividades que acabam por ajudar a arquivar ou
bloquear o acesso às metas estipuladas.

Encontro de neuroses : a educação


Nós nascemos exigentes? Provavelmente, sim. Quando éramos crianças, precisávamos
de cuidados, alimento e proteção. Se não tivéssemos tido tudo isso, não estaríamos
vivos hoje, exigindo, cobrando, reclamando. (Como conquistar sua própria felicidade,
página 28)
Além disso, geralmente as crianças pequenas são mimadas conseguem tudo o que
querem sem muito esforço. (Como conquistar sua própria felicidade, página 28)
(...) que ela deve ter todos aqueles brinquedos maravilhosos e caros, tomar todos os
sorvetes que tiver vontade, ser a mais bonita, a mais esperta, a mais talentosa, da rua, ou
do edifício, ou da escola, e que ela pode ter tudo o que quiser. (Como conquistar sua
própria felicidade, página 28)
As tendências para a grandiosidade, portanto, nascem e são cultivadas. (Como
conquistar sua própria felicidade, página 28)
(...) elas estão mais preocupadas em agradar a si mesmas (...) (Como conquistar sua
própria felicidade, página 28)

Mas...
Sinceramente, o universo não liga a mínima para os seus anseios e aspirações, não tem o
menor interesse em você, nem em ninguém. O cosmos não ama nem odeia ninguém ele
simplesmente segue o seu curso, com seus altos e baixos, às vezes bom, às vezes mau, às
vezes calmo, às vezes turbulento. (Como conquistar sua própria felicidade, página 29)

Falta de sintonia com o Mundo


Mas quando você acha que precisa ter, precisa fazer, quando você faz questão absoluta de
conseguir ou de realizar alguma coisa, tome cuidado. Suas expectativas inflexíveis muito
provavelmente resultarão em desapontamento, desilusão, frustração e horror . (Como
conquistar sua própria felicidade, página 29)

E assim sofremos...
É isso que as imposições dogmáticas e absolutas criam o pessimismo, a intolerância
e a insatisfação condigo mesmo e com os outros. (Como conquistar sua própria
felicidade, página 30)
E a sua cultura ensina que você merece tudo (Como conquistar sua própria felicidade,
página 30)

Como mudar?
(...) quando você se sentir e agir de maneira destrutiva, você pode descobrir suas
exigências, e depois Desafiá-las e transformá-las em preferências ou Novas Filosofias
Eficazes.

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(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

Pergunte a si mesmo
Desafiando o Horror: Por que é tão horrível e cruel eu não ter sucesso, ou as pessoas não
me tratarem bem, ou as circunstâncias não me serem favoráveis?
(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

Transtornos Emocionais e a TREC


Originam-se através de três influências:
Nossas tendências inatas de pensar, sentir e agir;
As circunstâncias ambientais e culturais nas quais nos criamos e
As maneiras de agir que escolhemos, ou como nos condicionamos às coisas que
experimentamos.

Transtornos Emocionais e a TREC


São doenças sociais : contraímos em parte com nossos pais, e em parte com
aqueles que convivemos. As pessoas que nos criam nos ensinam comportamentos
neuróticos. Mas, também podemos aceitar ou, ocasionalmente rejeitar esses
ensinamentos prejudiciais .

Aprendendo o irracional
(...) Contraímos atitudes irracionais, acreditando que certas condições(tais como
receber amor ou ter sucesso) PRECISAM ou DEVEM existir, e que outras
condições(como ficar frustrado ou se sentir forçado a agir sozinho) NÃO PRECISAM
ou NÃO DEVEM EXISTIR. Por causa dessas idéias irrealistas, geralmente acabamos
odiando a nós e aos outros . (Ellis, 1976)
O conceito que temos de nós e dos outros, originalmente obtivemos ou aprendemos
dos pais ou de pessoas que exerceram influências sobre nós nos primeiros anos de
nossas vidas .
Muito do que chamamos nosso eu não procede exclusivamente de nós; se origina
parcialmente de nosso relacionamento com outros indivíduos: nosso eu social. Sabemos
que possuímos certas qualidades que nos distinguem dos outros, e que aprendemos isto
através dessas outras pessoas .
Esta aprendizagem é relativa ou acidental, já que podemos aprender um número
ilimitado de conceitos conforme a configuração social e existencial de cada ser humano.
Portanto, as atitudes que temos para conosco, nossos próprios conceitos tendem a
depender dos conceitos predominantes da comunidade, da região e da família na qual
nos criamos .
O fato de termos inteligência ou beleza nada tem a ver com o julgamento de nós
mesmos, pois podemos inconscientemente aceitar os conceitos dos outros, embora estes
conceitos possam conter pouca ou até nenhuma verdade .
Em outras palavras, os primeiros conceitos que temos de nós, em geral,
dependem das atitudes dos outros para conosco ou da propaganda que eles criam

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em torno da nossa pessoa. Se aqueles que consideramos importantes, costumam a
nos culpar, provavelmente nos culparemos. Se nos aceitam, tenderemos a nos
aceitar. Isto não quer dizer que os primeiros conceitos permanecem definitivos e
cruciais. Podemos, mais tarde, mudá-los para melhor ou pior. Mas esses conceitos
possuem uma importância considerável, e , de fato, há uma tendência a
transformá-los em modelos para nossas atitudes e comportamentos futuros .

Concluindo erroneamente
Prejuízo da educação com NÃOS e crítica aos comportamentos inadequados.
(...) Uma vez que os humanos tendem a confundir suas características com eles
próprios e a concluírem falsamente se minha característica cheira mal, também cheiro
mal muitas crianças acabam com péssimos conceitos sobre si próprias . (Ellis, 1976)

Má educação
Ao controlar o comportamento das crianças não batendo nem as punindo, mas
explicando para elas que alguns dos seus atos parecem desagradáveis ou maus e
que ninguém, especialmente seus pais, as amará ou as aprovará se continuarem a agir
assim. Elas podem concluir...
Como as crianças(e os adultos) facilmente supergeneralizam as coisas, deste modo,
estamos ajudando-os a aceitar várias proposições falsas:
Que devem agir bem e assim considerarem-se bons ;
Que devem achar desastroso caso se comportem mal ;
Que precisam ganhar amor e aprovação de todos e
Que devem se sentir miseráveis se não conseguirem isto.

Princípios da TREC
Mostrar aos clientes que eles não necessitam daquilo que querem, não precisam ter
aquilo que desejam e podem suportar o que não gostam.

Desafiando o pensamento dogmático


Primeira resposta: Não é! Se fosse horrível, seria muito pior do que é, seria 100% ruim.
Eu poderia falhar ainda mais e as pessoas e tudo à minha volta poderiam me afetar mais do
que estão me afetando. Na verdade, nada é totalmente 100% ruim.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

Desafiando o pensamento dogmático


Segunda resposta: Quando vejo alguma coisa como horrível, ou cruel, ou injusta, sempre
presumo que seja mais do que ruim, que seja 101% ruim. Mas nada pode ser mais do que
100% ruim.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

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Desafiando o pensamento dogmático
Terceira resposta: ...e uma vez que tudo o que existe tem de existir, nada é, de fato,
terrível, nem cruel, nem injusto adjetivos que têm um significado muito negativo.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

Há sempre um limite administrável


No entanto, por piores que sejam, as coisas podem ser simplesmente extremamente
lamentáveis e/ou muito inconvenientes.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 31)

Definindo e sofrendo
Quarta resposta: Se eu definir fracasso e rejeição como experiências terríveis, em vez de
ruins e lamentáveis, o que eu ganharei com isso? Normalmente, resultados terríveis! Vou
ficar inclinado a odiar a mim mesmo, as pessoas e o mundo, e vou me sentir mais infeliz do
que se eu encarasse de outra forma. Uma depressão profunda, é isso que eu vou ganhar.

Redefinindo as percepções
Desafiando o Não agüento : Em que eu me baseio para achar que não posso agüentar
situações extremamente desconfortáveis, frustrantes ou injustas?
(Como conquistar sua própria felicidade, página 32)

Porque na verdade...
Resposta: Não me baseio em nada! Isso é coisa da minha cabeça. Se eu realmente não
conseguisse suportar, eu morreria. Mas é muito improvável que eu morra de desconforto,
frustração ou injustiça embora eu pudesse cometer a asneira de me matar porque acho que
não consigo agüentar.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 32)

Desafiando a auto-condenação
Desafiando a inclinação de condenar a si mesmo e os outros: Sob que aspecto eu sou uma
pessoa imprestável ou inadequada se eu não me desempenhar tão bem quanto preciso? Sob
que aspectos as pessoas passam a não ser boas ou se tornam desprezíveis se não me
tratarem do jeito que deveriam tratar?
(Como conquistar sua própria felicidade, página 32)

A importância de desafiar
Desafiar as Convicções Irracionais e derrotistas é um dos métodos principais e mais
eficazes da TREC .(Como conquistar sua própria felicidade, página 33)
Porém , os sentimentos de horror e abominação que você vivencia por causa dessas
perturbações emocionais e físicas são criados por voe mesmo são resultado do seu
modo de pensar. (Como conquistar sua própria felicidade, página 33)

Fontes internas de Stress


Essas Convicções Irracionais irão exacerbar e multiplicar o mal-estar já existente,
deixando-o ainda mais deprimido que antes .
(Como conquistar sua própria felicidade, página 34)

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Mas não interromper o pensamento...
Aquilo não deveria ter acontecido comigo! Foi muito injusto, foi horrível, e eu não posso
suportar nem me lembrar disso! As pessoas que abusaram de mim são cruéis! Vou passar o
resto da vida odiando-as e me vingando delas, nem que seja a última coisa que eu faça!
Devo ter sido muito tolo para permitir que isso acontecesse . Essas Convicções Irracionais
manterão vivo o seu sofrimento original, em vez de deixá-lo e esvaziar-se pouco a pouco,
como naturalmente acontece quando a pessoa não fica continuamente se atormentando e
reforçando o próprio tormento com sua maneira distorcida de pensar.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 34)

Percepção seletiva
A teoria racional-emotivo comportamental postula que o coração gerador dos distúrbios
psicológicos é a tendência que o ser humano possui para perceber sua realidade de
forma absoluta e parcial, por meio da percepção seletiva (Ellis, 1962).

Distorções cognitivas
As distorções cognitivas levam a distúrbios psicológicos, que podem aparecer da seguinte
forma:
Racionalização na busca de explicações sobre o nosso fracasso;
Apressando conclusões sobre os eventos;
Crenças na fortuna como realização de todos os objetivos e metas;
Enfocando apenas o lado negativo dos eventos;
Distorções cognitivas
Desqualificando o lado positivo quando estes são contrários às nossas expectativas;
Atingir tudo ou não ter nada;
Minimização dos eventos contrários às nossas expectativas;
Ressonância emocional;
Redução e supergeneralização;
Personalização;
consumo; e
perfeccionismo.

Saúde Mental: critérios fundamentais


Desta forma, Ellis (Ellis e Dryden, 1987) definiu os treze critérios fundamentais papa que
ocorra a saúde mental.
Auto-interesse;
Interesse social;
Auto-direção;
Alta tolerância à frustração;

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Flexibilidade;
Aceitação da incerteza;
Saúde Mental: critérios fundamentais
Procura de alternativas criativas para os problemas;
Pensamento científico;
Auto-aceitação;
Aceitação dos fatores de risco;
Hedonismo;
Não-autopiedade;
Auto-responsabilidade para assumir o próprio distúrbio emocional.

Tirania do Dever
Aspectos verbais como dever , precisar , sempre são indicadores de mediações
irracionais que o terapeuta deve observar no relato verbal de seus clientes. A REBT
denomina este tipo de pensamento de Masturbatório do dever (Musturbation),
originário do verbo must, em inglês, que significa dever , sendo um sinal vigoroso de
irracionalidade a presença do eu deveria no relato do cliente.

Terapia e técnica
Para avaliar o grau e tipo de distúrbio emocional e cognitivo que o cliente apresenta (Ellis e
Dryden, 1987), o terapeuta deve:
Determinar o quanto é serio o problema e quais as técnicas a serem utilizadas;
Qual será a resistência ou dificuldade que o cliente irá apresentar durante o processo
terapêutico;
Qual tipo de conduta terapêutica é mais adequada e séria no tratamento a ser executado
e
Qual o tipo de deficiência que o cliente possui e qual tipo de treinamento irá eliminar o
déficit apresentado.

Vantagens da TREC
As vantagens da avaliação comportamental-cognitiva são inúmeras, mas se destacam por:
permitir ao cliente ir trabalhando sua problemática durante a fase de avaliação;
facilitar, pela reação às técnicas de avaliação, quais serão as intervenções terapêuticas
mais adequadas;
fornecer um padrão exato da auto-imagem do cliente;
eliminar as dificuldades das avaliações mais tradicionais (testes) que visam mais os
sintomas i dinamismos que as causas dos problemas;
os clientes tendem a procurar sabotar o diagnóstico, pois o que eles desejam é a
psicoterapia. Na REBT, o processo terapêutico começa pelo diagnóstico.

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Os principais aspectos psicoterápicos da REBT
A associação entre pensamentos irracionais e sentimentos irracionais é básica para o
desajustamento do indivíduo;
Distinguir entre os problemas primários e secundários ajuda o cliente, pois muitas vezes
este não sabe diferenciar e identificar o foco de seu problema. Em termos de ansiedade,
por exemplo, o problema está no fato de o sujeito acreditar que ele é ansioso,
demonstrando uma característica de sua personalidade ;
O insight intelectual não é importante e suficiente para desencadear o processo de
mudança. Se não for reestruturado o aspecto emocional, por meio da associação entre a
razão e a emoção, não se ativará o processo de mudança.
Mesmo a tendência a distúrbios é parcialmente inata. Como indivíduos, possuímos
tendências naturais que podemos nos deixar ansiosos (angustiados), deprimidos
(horrorizados ante eventos pesarosos) ou revoltados (amaldiçoando a nós mesmos por
atos reprováveis). (Como conquistar sua própria felicidade, página 16)

Principais suposições da TREC


Distúrbios comportamentais e emocionais possuem, por via da regra, antecedentes
cognitivos;
As pessoas têm a medida de sua autodeterminação. Não são escravos de suas bases
biológicas;
As pessoas podem implementar algo para melhorar ou maximizar sua liberdade para
ativar e mudar seus pensamentos irracionais.
O uso de técnicas comportamentais são requeridas para um auxílio mais imediato ao
cliente, como as tarefas para casa, biblioterapia, dessensibilização sistemática, entre
outras.

Auto-aceitação
Aceite a si mesmo e aos outros incondicionalmente. Não o que você faz, ou o que os
outros fazem. É comum errar, cometer uma gafe, fazer papel de bobo ou comportar-se
de maneira inadequada; isso acontece com você e com todo mundo. Não rotule, não
julgue, não condene, nem a você mesmo nem aos outros, não meça o seu valor
essencial, ou de seja lá quem for. Aceite o pecador, mas não o pecado. (Como
conquistar sua própria felicidade, página 69).
Reconheça que você nasceu e foi criado com fortes tendências tanto a realizações
como a derrotas (Como conquistar sua própria felicidade, página 69).
Mas você também tem limitações, comete erros, insiste para que todos o tratem bem e
também sabota a si mesmo e aos outros
Quando a gente se acostuma a comportamentos destrutivos, torna-se difícil de mudá-
los.
(...) esqueça o conceito de cura. A condição humana não tem cura. Você sempre,
sempre será falível, passível de erros e sujeito a pensamentos e atitudes derrotistas.
(Como conquistar sua própria felicidade, página 70)

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Tente o seu melhor, em vez de o melhor. Você nunca será totalmente racional, são e
sensato. (Como conquistar sua própria felicidade, página 71)

Karen Horney
Em Nossos conflitos interiores divide as pessoas neuróticas em três grupos:
As que se aproximam das pessoas.
As que se opõe as pessoas.
As que se afastam as pessoas.

As três crenças principais...


Porque seria muitíssimo importante que eu fosse excepcionalmente competente e
amado pelos outros, eu devo fazer de tudo para ser assim, e tenho absolutamente
que conseguir isto a qualquer preço.
Porque é muito importante que os outros me tratem com consideração e lealdade,
assim eles devem absolutamente fazê-lo e têm que fazer, do contrário são pessoas
detestáveis ou execráveis, e merecem ser literalmente condenadas quando não me
tratam assim.
Porque é preferível experimentar prazer do que dor, o mundo tem absolutamente
de me proporcionar prazer e não dor, e a vida é horrenda, e não consigo suportar,
quando o mundo não é desta maneira.

Para Ellis...
As pessoas, em geral, utilizam uma, duas ou três dessas noções para se lamuriar e reclamar
das Adversidades e torna-se altamente ansiosas e deprimidas. Se você pensar bem, verá que
essas três Crenças irracionais são formas arrogantes de lamúria: Se eu não agir como
deveria, serei uma pessoa sem valor e infeliz! ; Se as pessoas não me tratarem como
deveriam, serão todas cruéis e desprezíveis ; Se as condições de minha vida não forem
favoráveis como deveriam ser, o mundo será um lugar horrível para uma pessoa patética
como eu! (Como conquistar sua própria felicidade, página 106)

Mais três pensamentos enlouquecedores!


Catastrofização.
Pensamento absolutista.
Racionalização.

Vivendo em perigo
Se achar que deve controlar todos os eventos perigosos, você acabará por limitar sua
vida e sua liberdade. Portanto, se você evita viajar de avião porque tem medo de um
desastre, ainda existirá a possibilidade de sofrer um grave acidente de carro. Caso
permaneça em seu apartamento para se proteger, ainda assim poderá ficar preso num

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incêndio. Por mais restrita que seja a sua vida, você poderá ser vítima de um vírus ou de
uma bactéria. Mas não há como controlar o destino! (Como conquistar sua própria
felicidade, página 103)

Viva bem a vida, é o que temos!


Quando razoavelmente precavido e vigilante, mas ainda aceitando as contingências,
você dará a si mesmo a oportunidade de aproveitar a vida que tem. As pessoas que
realmente sabem que irão morrer um dia optam por curtir a si mesmas enquanto estão
vivas
(Como conquistar sua própria felicidade, página 103)

Eu não agüento!!!
Quando você não agüenta pessoas que não se comportam como você acha que
deveriam se comportar, você fica com raiva delas conclui que elas não valem
absolutamente nada e corre o risco de boicotá-las completamente, ignorando suas
qualidades. Você se torna tão intolerante e precavido contra elas que verá más intenções
até nas atitudes boas ou neutras. (Como conquistar sua própria felicidade, página 94)

Não agüentite
A não-agüentite tende a deturpar o seu modo de pensar, o seu bom senso e
discernimento, levando-o a agir inadequadamente diante de pessoas ou eventos que o
desagradam. Se você não agüenta pessoas críticas, você ficará com raiva delas, verá a
parte ruim delas exageradamente magnificada, bloqueará sua própria capacidade de
ser assertivo e se queixará delas exageradamente. (Como conquistar sua própria
felicidade, página 93)

Pensar é acreditar, é descobrir!


Não agüento essa Adversidade implica não tolerar sequer pensar no assunto. Se for
assim, como você poderá encontrar uma solução? (Como conquistar sua própria
felicidade, página 93)

Apresentação Racional
Explicar com algum detalhe racional do processo a seguir, que deverá incluir uma
descrição do modelo ABC e do modo como as cognições e crenças interagem com as
situações e emoções.
Procurar que o paciente compreenda a distinção entre situações, pensamentos e
emoções.
Especificar a natureza colaborativa do tratamento.
Apresentar uma descrição clara dos processos de tratamento com particular realce para
o trabalho cognitivo, emocional e comportamental.

CONFRONTO RACIONAL
Transformar crenças em afirmações:

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Tenho medo de pessoas , para As pessoas são temíveis.
Definir as crenças
Aqui materiais como inventários ou bibliografia podem ajudar.
Atitudes de distanciamento.

Atitudes de distanciamento
Lidar com os fatos no lugar das opiniões.
Aceitar os fatos que foram comprovados mesmo contradizendo os sentimentos.
Evitar conclusões dogmáticas baseadas em evidências limitadas.
Reconhecer a diferenças entre hipóteses e fatos.
Permanecer sem reposta até que seja encontrada uma.
Não aceitar a priori ou de modo permanente qualquer teoria.
Não rejeitar a priori ou de forma permanente qualquer teoria.
Procurar com igual esforço, evidência e contra-evidência para as teorias pessoais.
Abandonar as teorias que não possam vir a ser formuladas em termos de hipóteses
testáveis.

Análise das evidências


Qual a racionalidade que apóia esta crença?
Existe evidência do contrário?
Existe como verificar esta evidência?
De forma realista e objetiva, qual é a probabilidade de que isto aconteça?
O que pode acontecer se você continuar a pensar assim?

Estabelecimento das conclusões


Com base no uso do método descrito, o paciente deverá procurar formulações racionais
que mostrem alternativas as crenças irracionais identificadas.

Técnica de confronto
É a busca de forma de pensar antagônicas as crenças irracionais, que serão investigadas
no repertório do paciente e estimuladas pelo terapeuta.
Ajudar ao paciente a identificar pensamento questionadores para as crenças irracionais
encontradas.
Assegurar que estes pensamentos confrontativos são realistas e lógicos(desde que o
sejam).
Instruir o paciente na disputa e enfrentamento das crenças irracionais com estes
pensamentos confrontativos de forma maciça e freqüente.

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Assegurar ao paciente eu cada solução encontrada pode ter uma modalidade idêntica
sobre outras crenças irracionais.

Metáforas racionais
Anticatastróficas.
Racionais.
Utilitários.
Humorísticos.

Crenças Irracionais

A idéia de que ser amado ou aprovado por todos por qualquer coisa que faça, seja um
uma triste necessidade para o adulto ao invés de se concentrar no seu auto-respeito,
em obter aprovação para fins necessários (como ser promovido no emprego, por
exemplo), e em amar mais do que ser amado.
A idéia de que certos atos são errados, maus ou infames e que as pessoas que cometem
tais atos deveriam ser severamente castigadas ao invés da idéia de que certos atos
não são apropriados ou são anti-sociais, e que pessoas que cometem tais atos são
invariavelmente estúpidas, ignorantes ou emocionalmente perturbadas.
A idéia de que é terrível, horrível e catastrófico quando as coisas não são o que
desejaríamos que eles fossem ao invés da idéia de que é uma pena que as coisas
não sejam do modo que nós gostaríamos que fossem e que se deveria certamente
tentar mudar ou controlar as condições para que elas sejam mais satisfatórias,
mas que se mudar ou controlar situações inconfortáveis é impossível, será melhor
nos resignarmos com a sua existência e parar de dizer a si mesmo quão horríveis
são.
A idéia de que a infelicidade humana é causada externamente e somos forçados a
aceitá-la por pessoas de fora e por eventos ao invés da idéia de que virtualmente
toda infelicidade humana é causada ou sustentada pela visão que temos das coisas
no lugar das próprias coisas.
A idéia de que se alguma coisa é o pode ser perigosa e aterrorizante deveríamos nos
preocupar terrivelmente com ela ao invés da idéia de que se alguma coisa é ou pode
ser aterrorizante deveríamos enfrentá-la francamente e tentar torná-la não
perigosa, e, quando isto é impossível, pensar em outras coisas e parar de dizer a si
mesmo em que terrível situação nos encontramos ou poderemos nos encontrar.
A idéia de que é mais fácil evitar do que enfrentar as dificuldades da vida e as próprias
responsabilidades ao invés da idéia de que o assim chamado caminho fácil é
invariavelmente mais duro no final de contas e que, a única maneira de resolver
problemas difíceis é enfrentá-los com firmeza.
A idéia de que necessitamos de algo diferente, mais forte ou maior que nós mesmos
para nos apoiarmos ao invés da idéia de que geralmente é muito melhor apoiar-se

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sobre os próprios pés e ter fé em si mesmo e na capacidade que temos de enfrentar
as difíceis circunstâncias da vida.
A idéia de que deveríamos ser absolutamente competentes, adequados, inteligentes e
auto-realizadores em todos os aspectos possíveis ao invés da idéia de que
deveríamos fazer preferivelmente a sempre tentar fazer bem e que deveríamos nos
aceitar como uma criatura bastante imperfeita, que possui limitações humanas
gerais e falhas específicas.
A idéia de que algo deveria afetar indefinidamente a nossa vida porque uma vez afetou-
a intensamente ao invés da idéia de que deveríamos aprender pela nossa
experiência passada, mas não nos deveríamos ligar demasiado a ela ou ser
prejudicados pela mesma.
A idéia de que é vitalmente importante para a nossa existência aquilo que as outras
pessoas fazem, e que deveríamos despender grandes esforços para modificá-las na
direção em que gostaríamos que fossem ao invés da idéia de que as deficiências das
outras pessoas são, em grande parte, seu problema e que pressioná-las para que
mudem geralmente não as ajudará em nada.
A idéia de que a felicidade humana pode ser alcançada pela inércia e inatividade ao
invés da idéia de que os homens tendem a ser mais felizes quando estão ativa e
vitalmente absorvidos em ocupações criativas, ou quando estão se devotando a
pessoas ou projetos fora de si mesmo.
A idéia de não possuímos virtualmente nenhum controle sobre nossas emoções e que
não podemos deixar de sentir certos sentimentos ao invés da idéia de que temos um
enorme controle sobre nossas emoções se optarmos por trabalhar para controlá-
los e praticar dizendo os tipos de sentenças certas para si mesmo.

Bibliografia
Beck e col. TERAPIA COGNITIVA DA DEPRESSÃO. Artmed, 1997.
Caballo, V. MANUAL DE TÉCNICAS DE TERAPIA E MODIFICAÇÃO DO COMPORTAMENTO.
Ed. Santos, 1996.
Ellis, A. e Becker, I. A CONQUISTA DA FELICIDADE. Record, 1982.
Ellis, Albert COMO VIVER COM UM NEURÓTICO: em casa e no trabalho. Artenova, 1976.
Ellis, Abert COMO CONQUISTAR SUA PRÓPRIA FELICIDADE. Ed. Best Seller, 2001.
Ellis, A. & Lange, A. FIQUE FRIO! Ed. Best Seller, 1997.
Gonçalves, O. TERAPIAS COGNITVAS: teorias e práticas. Biblioteca das Ciências do Homem, 2000.
Knapp, P. TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PRÁTICA PSIQUIÁTRICA. Artmed,
2004.

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