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Me.

Waldemar Barroso Magno Neto

Modelo
de Negócios

PLANO DE ESTUDOS

Hipóteses no Vá para a Rua e


Modelo de Negócios Conheça o Cliente

Inovação em Experimentos no Liderança e


Modelos de Negócios Modelo de Negócios Trabalho em Equipe

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Identificar os componentes do Modelo de Negócios. • Conscientizar-se de que fora do prédio que se descobrirá
• Formular Hipóteses para o Modelo de Negócio. o cliente.
• Experimentar as Hipóteses do Modelo de Negócio. • Liderar Equipe e contribuir com o trabalho em equipe.
Inovação em
Modelo de Negócios

Prezado(a) aluno(a), após ter aprendido conceitos


sobre empreendedorismo você irá “por a mão na
massa” e montar seus próprios modelos de negó-
cios; para isso, deverá aprender as técnicas apre-
sentadas nesta unidade e trabalhar em equipe.
Para exemplificar, quando iniciei a preparação
deste estudo, lembrei-me do período em que vivi
na Bélgica de 1998 a 2000. Trabalhei em um ba-
talhão logístico e tive a oportunidade de conviver
com militares do Exército Belga. Lá, chefiava a
equipe que fiscalizava a recuperação de carros de
combate que o Exército Brasileiro havia compra-
do. Após o serviço realizado e os carros entregues
no Brasil, havia uma garantia técnica feita pelos
técnicos belgas durante 3 meses.
Quando esses técnicos retornavam à Bélgi- E então, o que tem em comum o sucesso de
ca, demonstravam o encantamento com o nosso um restaurante “self-service” e um lançamento
País. Pareciam outras pessoas: mais expansivos, do iPhone? Trata-se do modelo de negócio com
demonstrando admiração por nosso povo que, foco nos segmentos dos clientes e o valor que é
segundo eles, faziam muito com muito pouco. Ou entregue a esses clientes.
seja, éramos criativos e produtivos. O interessante
é que foram unânimes em comentar sobre nossa
alimentação. Elogiaram a churrascaria com preço
único e com fartura, que bastava colocar o cartão
dupla face com a cor verde para cima, que o gar- Um Modelo de Negócios descreve a lógica de
çom já trazia um espeto de carne. Por outro lado, criação, entrega e captura de valor por parte de
o que mais os chamou a atenção foi o sistema de uma organização.
comida “self-service” (também não tinha visto (Alexander Osterwalder e Yves Pigneur)
este sistema naquele País), em que o cliente se
serve de uma grande variedade de ingredientes e
paga pelo peso que colocar no prato.
Se para mim esse sistema era prático e me pro- Os Nove Componentes do
porcionava uma variedade de opções, para eles Modelo de Negócios
o que mais tinha valor é que ele era um sistema
justo, pois eles pagavam exatamente pelo que con- Normalmente, quando falamos do negócio de
sumiam, ao contrário de um sistema de rodízio uma empresa, pensamos em um organograma
de churrasco, que o preço é fixo ou de um sistema com seus departamentos e com as funções di-
conforme listado no cardápio (“À la carte”). O reção, produção, financeira, marketing, recursos
interessante que o valor do serviço é diferente humanos. Alguns poderiam representar a organi-
para cada grupo de pessoas. zação de forma sistêmica com o relacionamento
O sistema “self-service” atende a perfis de entre os subsistemas.
clientes que privilegiam a praticidade na escolha
do cardápio, na rapidez, no preço justo. O relacio-
namento com o cliente é de confiança em que o
restaurante disponibiliza os recursos e o cliente
prepara o prato por si mesmo. Com isso,
há menos desperdícios tanto pelo
lado do cliente como pelo do pro-
prietário. Este negócio tornou-se
um grande sucesso e transformou
o ramo de serviços de restauran-
tes. Este modelo de negócios inovador
vem se transformando. Hoje, temos comida por
quilo sofisticadas em ambientes finos e até espe-
cializados em comidas regionais e internacionais. Figura 1a - Visão
por departamentos

UNIDADE 2 45
Por outro lado, o modelo de negócio apresenta nove componentes
em um organograma. Lembremos que o modelo de negócios per-
mite que haja comunicação entre formuladores da estratégia do
negócio com clientes, parceiros. Portanto, deve ser simples, de fácil
compreensão de como o negócio está estruturado para fornecer
valor para o cliente:
Para auxiliar a compreensão sobre os componentes, apresen-
taremos, ao final da explicação de cada um, considerações sobre
um negócio similar ao Uber Eat, que foi criado a partir do Uber e
oferece o serviço de entrega de alimentos e bebidas para os clientes.

Modelo de Negócios

Figura 1b –
Visão sistêmica

46 Modelo de Negócios
mento tos de
s Princip
ais
e Princip
ais de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Proposta com os Clie Clientes

Recursos
Principais Canais
quem?
Para
Como? O que ?

s
de Custo e Receit
a
Estrutura Fontes d

Quanto?

Figura 2 - Modelo de Negócios


Fonte: Sebrae (2015, on-line)1.

Componente 1 Segmentos de Clientes

O primeiro aspecto a lembrar é que o empreen- Da mesma forma, pode-se segmentar os nos-
dedor deverá atender às necessidades dos clientes. sos clientes pelo atendimento em um mercado
Falando de outra maneira, o cliente não existe de massa, quando não se faz diferença entre os
para que adquira seus produtos ou serviços, mas segmentos de clientes; em nicho de mercado,
você quem irá montar um negócio (startup) para quando o atendimento é especializado; no seg-
fornecer uma proposta de valor para o cliente. mentado, quando a diferença na segmentação é
Como fazemos quando elaboramos um proto- imperceptível; diversificada, quando as deman-
colo de tratamento. Avaliamos o cliente/paciente das dos clientes são bastante diferentes (OSTER-
e verificamos, dentro de suas necessidades, quais WALDER; PIGNEUR, 2011).
recursos (técnicas manuais ou não, produtos e Voltando ao nosso caso da startup com mo-
equipamentos) usaremos para cada caso clínico. delo similar ao Uber Eat – nesse caso, pode-
O segmento distingue os subconjuntos de ríamos ter uma segmentação de mercado de
pessoas físicas ou jurídicas que o empreendedor massa, quando não se faria distinção entre os
busca para entregar seus produtos ou serviços, ou segmentos dos clientes na prestação do servi-
seja, aqueles que iremos entregar valor. ço. Tanto faria se fossem clientes corporativos,
Conforme Tiffany e Peterson (1999 apud DOR- individuais, pois a proposta de valor seria a
NELAS, 2017), os clientes poderão ser segmentados mesma, sem qualquer tipo de diferenciação. Da
por aspectos geográficos (região, estado, cidade, mesma forma, poderia direcionar os serviços
bairro), estilo de vida (distração, prática desportiva, para determinados bairros que não possuem
frequência a clubes), perfil (sexo, faixa etária, nível de restaurantes, clínicas, salões e outros comércios
escolaridade, renda, prática religiosa), personalida- no entorno. Assim, seria uma segmentação por
de (adeptos a risco, conservadores, líderes). área geográfica.

UNIDADE 2 47
Componente 2 Proposta de Valor

A Proposta de Valor é que faz o cliente escolher o positivo pequeno e bem mais prático de transportar
produto ou serviço de uma empresa em detrimento que o seu antecessor, o CD; personalização, quando
de outra. Ela deve ser vista em conjunto. Vocês mes- o produto ou serviço é dedicado ao indivíduo, no
mos podem perceber quando recebem um pacote de caso da compra de lembrança de festa de criança que
produto e/ou serviços. Imaginem a compra de um você pode acessar um site e montar o seu kit; preço,
computador ou equipamento eletrotermoterapêuti- quando um novo produto ou serviço é lançado com
co que possua boa rede de assistência técnica e que, um preço mais baixo que as concorrentes – temos
quando há algum problema de desempenho, você exemplo de empresa aérea que modificou o mercado
liga para o serviço e ele repara o problema pronta- lançando passagens mais em conta, porém com re-
mente. Agora imagine o valor que isto tem se você se duzido serviço de bordo; redução de risco, como no
encontra na véspera de entrega de um trabalho para caso de aquisição de eletrodomésticos com garantias
a escola ou para um cliente e o computador é seu estendidas (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).
único instrumento de trabalho. Portanto, pensem em A Proposta de Valor trata do problema que re-
montar negócios que tragam valor para os clientes. solvemos do cliente e que satisfaz suas necessidades.
A proposta de valor é direcionada para um cliente Voltando ao nosso caso hipotético, o serviço de en-
específico e representa o conjunto de produtos e ser- trega de refeições para pessoas em casa ou empresas,
viços destinados a determinado segmento de cliente. por intermédio do uso de veículos de transporte,
Cheguei a ver um projeto final do curso de Engenha- inicialmente, de passageiros e alimentos preparados
ria Mecânica, em que o aluno desenvolveu um ma- por restaurantes. A Proposta de Valor poderia ser:
caco hidráulico para elevar automóvel para a troca rapidez na entrega, variedade nos cardápios (comi-
de pneus, utilizando um sistema elétrico acionado das simples, comidas sofisticadas, lanches, comidas
pela energia que vinha do acendedor de cigarros do regionais, bebidas), baixo custo para a entrega, faci-
automóvel. Segundo o modelo de negócio propos- lidade no pagamento (cartão de crédito ou de débito,
to, estava direcionado para o segmento feminino. dinheiro, cheque), facilidade de obtenção, convergên-
Naturalmente, poderia ser utilizado pelo segmento cia no acesso aos vários restaurantes disponíveis em
masculino, mas, segundo os alunos da pesquisa de um único site.
mercado, o produto tinha valor para este segmento
específico.
Propostas de Valor podem estar em uma inova-
ção ou em produtos existentes, porém com carac-
terísticas diferenciadas. Elas podem incluir, dentre
outras; uma novidade, quando temos características Caro(a) aluno(a), um dos casos mais conhecidos
de desempenho inéditas e até mesmo de desconheci- de modelo de negócios foi a criação do negócio
mento dos clientes, como o caso clássico do iPhone do café em cápsula, Nespresso. Ricardo Ferreira,
que trouxe convergência de funções internet, tele- Sócio-Fundador da Richards, nos fala um pouco
fone sem fio, câmera fotográfica, funções que mui- sobre o assunto no artigo publicado pela endea-
tos não imaginavam em possuir equipamento com vor, no seguinte endereço: <https://endeavor.
todas essas características; desempenho, como no org.br/valores-intangiveis/>.
caso de pen-drive, que armazena dados em um dis-

48 Modelo de Negócios
Componente 3 Canais

Caro(a) aluno(a). Já vimos sobre o segmento do entrega e dos restaurantes, para que o usuário pos-
cliente e sobre a proposta de valor; agora, veremos sa escolher qual é a melhor proposta de valor que
um pouco sobre como os canais estabelecem a co- satisfaz sua necessidade.
municação com o cliente, a distribuição e a venda
para o cliente (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011).
Os canais permitem que se mantenha relacio- Componente 4
namento com os clientes e que os clientes conhe- Relacionamento com Clientes
çam os produtos e serviços. Também propiciam a
oportunidade de os clientes avaliarem a proposta O Relacionamento com o cliente descreve
de valor que estão recebendo. Possibilitam ainda “como atrair clientes para o seu canal de ven-
que os clientes adquiram os produtos ou serviços. das, mantê-los nessa condição e obter crescen-
Também exercem a função de entregar os produtos tes receitas deles ao longo do tempo” (BLANK;
ou serviços aos clientes. Acrescenta-se a possibili- DORF, 2014, p. 117).
dade de realizar o pós-venda, que inclui a assistên- Cada vez mais se torna importante o estreito
cia técnica (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011). relacionamento com o cliente. Com o advento
Observamos que há atualmente dois canais: os das tecnologias digitais, é possível se relacionar
físicos e os virtuais. Tempo atrás, só se comprava diretamente com os clientes e obter deles avalia-
livros pelos canais físicos indo em uma livraria; hoje, ções sobre produtos e serviços (BINDER; HANS-
você acessa um site e compra um livro que poderá SENS, 2015). Há alguns anos, para adquirirmos
ser no formato físico ou digital. Da mesma forma, uma cadeira, tínhamos que visitar várias lojas,
você pode receber o livro físico pelo correio ou por experimentá-las, conversar com pessoas que a
uma transportadora. Já o digital será enviado por possuíam para garantir uma boa compra. Ou-
software que você poderá baixar para seu compu- tro dia, fui adquirir uma cadeira ergonômica e
tador, dispositivo móvel, smartphone ou mesmo acessei o site da Amazon. Lá, pude comparar as
acessar o conteúdo que poderá estar em uma nu- especificações técnicas e ler as observações de
vem, desde que você esteja conectado ao site. consumidores sobre questões do relacionamento
Portanto, há inúmeras formas de se ter um ca- com as marcas concorrentes. Pude ver como a
nal com os clientes. Com a possibilidade de con- empresa se relaciona com o cliente para a venda,
tato imediato, pela existência de inúmeros meios para o pós-venda. Fiz a escolha com base nas in-
de comunicação entre a organização e o cliente, formações da marca, da funcionalidade por vídeo
observa-se que o cliente se torna cada vez mais e, principalmente, pela percepção da qualidade
exigente na rapidez de resposta a sua demanda. da assistência ao cliente, que é o relacionamento.
Daí que os canais possuem relevância em um mo- Estou bastante satisfeito com a aquisição que foi
delo de negócios. feita totalmente de forma virtual.
No nosso caso hipotético, os canais seriam o Para atração dos clientes, eles precisam conhecer
aplicativo para acesso e conhecimento dos tipos o produto e constatar que possui proposta de valor
de restaurantes, das refeições que cada restaurante para sua necessidade ou solução de problema. Isso
oferece, do preço total que inclui a taxa de entrega, pode ser feito acessando um site, por visita de um
o tempo para entrega e até a avaliação de quem representante comercial, por promoção, propaganda.

UNIDADE 2 49
Para manutenção do cliente, é possível ter o Há várias formas de obter receitas; certamente,
acompanhamento da satisfação do cliente com a vocês as conhecem, pois adquirem bens e serviços.
utilização do produto ou serviço, por intermédio São elas:
do contato direto, de ligações telefônicas, envio • Pela venda, quando obtemos os bens ou
de e-mail. serviços que passam a nos pertencer, como
No caso do aumento das vendas, pode-se con- a compra de um livro, de um software, de
ceder um bônus para de indicar um novo cliente, uma refeição, de um corte de cabelo. Encer-
fazer promoções em datas especiais. rada a venda, o produto ou serviço passa a
Para o caso do modelo de negócio hipotético, pertencer a quem o adquiriu.
a empresa poderia atrair o cliente enviando men- • Por uma proporção pela utilização, em
sagens para aqueles que já fossem cadastrados que o pagamento está atrelado ao uso do
no serviço de transporte oferecendo o serviço e serviço. Assim, quanto mais o cliente usa,
concedendo para o primeiro pedido de entrega mais ele paga, como no caso dos serviços
de refeição um desconto no serviço de entrega de telefonia móvel, que se paga por minu-
ou até mesmo a liberação de taxa. tos utilizados em ligações; de fornecimento
Para manter o cliente, poderia criar um progra- de energia elétrica, que pode ter tarifas di-
ma de fidelidade em que haveria descontos para o ferenciadas pela faixa de consumo ou pelo
caso de uso sistemático do serviço de entrega. horário de utilização.
Já para aumentar a demanda, seria possível • Por aluguel, quando o bem permanece
promover descontos para usuários que indiquem sob o uso e responsabilidade de quem o
o serviço para novos clientes. alugou por determinado período; como
O relacionamento com o cliente poderia tam- no caso de aluguel de automóvel, pelos
bém incluir sistema de avaliação das entregas e dias de uso e pela quilometragem rodada.
da qualidade das refeições, a fim de que os clien- Nesse caso, pode haver um preço diferen-
tes pudessem melhorar a escolha dos serviços de ciado para números maiores de dias e de
entrega e dos restaurantes. Ainda poderia ter um quilometragem, para estimular o cliente a
processo de compartilhamento de indicação, por permanecer com o veículo mais tempo e
parte dos clientes de restaurantes para serem par- reduzir o custo da locadora no ato de re-
ticipantes do serviço. cebimento do automóvel com limpeza e
medidas burocráticas.
• Por assinatura, quando o acesso ao servi-
Componente 5 ço é adquirido para determinado período.
Fontes de Receita Nesses casos encontram-se as assinaturas
de revistas, tanto por edições digitais, nor-
Caro(a) aluno(a), o negócio pode ser visto como malmente mais baratas, como por edições
um sistema orgânico que necessita de alimentação, físicas que chegam à residência do assi-
de energia. Assim, precisa de receita para se manter nante. Também estão nesta forma as as-
e se expandir. O modelo de receita vai mostrar sinaturas de bibliotecas virtuais que mais
como que pretendemos receber o pagamento pela em conta que as físicas e também possuem
entrega de valor para cada segmento do cliente. reconhecimento institucional.

50 Modelo de Negócios
• Por publicidade, por utilizar anúncios em Os recursos humanos representam para algu-
mídias de divulgação para públicos gerais mas organizações seus recursos mais importantes.
ou específicos. Nesses casos se encontram Vocês se lembram da Unidade 1, em que vimos a
jornais, revistas, sites, cartazes de propa- universidade classe mundial com a concentração
ganda. O preço é estipulado pela duração, de talentos e a universidade empreendedora, que
época, período, dimensão e outros critérios. devem possuir professores de alto nível e pesqui-
• Por comissão, cada vez que é efetivada a sadores também qualificados para que promovam
venda de produto ou serviço quem inter- o ensino, a pesquisa e resultados para a sociedade.
mediou ou possui participação nos lucros Também, empresas de consultoria que possuem
recebe percentual sobre o montante envol- em seus quadros recursos humanos com conheci-
vido. É o caso de venda de veículo de tercei- mento teórico e prático para poder ajudar a outras
ros em que a loja de automóvel recebe um empresas alcançarem o sucesso.
percentual por permitir que o carro seja Os recursos físicos são os mais importantes
deixado na loja e a empresa providencia em organizações que produzem bens e serviços
o anúncio e o trâmite legal. Na venda de que dependam de infraestrutura física. Temos
imóvel, que normalmente é vendido por vários exemplos. Aquelas instituições de ensino
corretor, que cobra taxa de corretagem. superior que realizam pesquisas dependem de
laboratórios atualizados e disponíveis. Para as
O modelo de receita pode abranger mais de uma empresas fabricantes de impressoras, as máqui-
forma (BERTINI; TAVASSOLI, 2015). Como nas são seus recursos principais. Para empresas
exemplo, temos empresas de tecnologia da infor- transportadoras que pretendem ter um diferencial
mação (TI) que possuem mais de uma forma. Elas de armazenar os itens de mudança, seus galpões
alugam computadores, impressoras, softwares. fazem parte de seus recursos físicos. Para pres-
Da mesma forma, vendem esses equipamentos. tadores de serviço de transporte de pessoal, os
Também podem vender o serviço de assessora- veículos são seus recursos principais.
mento para a montagem do sistema de TI. Os recursos financeiros são os mais importan-
Voltando ao nosso caso suposto, a empresa tes para organizações tipo banco que necessitam
poderia cobrar por proporção, pois seria estabe- desses recursos para conceder empréstimos. Há
lecido um percentual em relação ao valor total do empresas de produção que possuem seus próprios
serviço de entrega, que inclui uma taxa e a refeição. bancos para que possam conceder empréstimos
para interessados em adquirir seus produtos.
Intelectuais são aqueles relacionados à pro-
Componente 6 priedade intelectual, que são gerados pela inteli-
Recursos Principais gência humana e que podem garantir a reserva
para a exploração econômica de quem as possui
Aluno(a), é possível ver que o negócio possui inú- e proteger o conhecimento. Incluem as marcas,
meros recursos, mas em um modelo de negócios, patentes, desenhos industriais. Um caso bem co-
devem ser descritos apenas os principais, que são nhecido foi das capsulas da cafeteira Nespresso,
agrupados em quatro categorias: humanos, físi- a qual, enquanto esteve sob proteção de sua pa-
cos, financeiros e intelectuais (OSTERWALDER; tente, nenhuma outra empresa poderia fabricá-las
PIGNEUR, 2011). e eram apenas vendidas pela própria Nespresso.

UNIDADE 2 51
Atualmente com a “quebra da patente” (licença que permite comparar características e preços
compulsória) outras empresas passaram a pro- de produtos, acessar opiniões de clientes sobre o
duzir as cápsulas e vendê-las. desempenho do produto. Por outro lado, há pla-
No nosso caso hipotético, a plataforma da tec- taformas que trazem um mercado diferente do
nologia da informação seria um recurso principal, físico que está exposto em prateleira. Ela pode
pois permite que se conecte o desejo do cliente em utilizar algoritmos que estipulam preços variáveis
obter uma refeição, a disponibilidade do veículo conforme oferta e demanda, como é o caso de em-
e os itens disponíveis nos restaurantes. presas aéreas que oferecem preços de passagens
variáveis. Você acessa o site em horas distintas do
dia e os preços podem variar conforme histórico
Componente 7 de compras (HUQUE, 2016).
Atividades-Chaves Atividade de Produção é clássica, fabrica bens
físicos para os segmentos dos clientes. A atividade
Sob o enfoque do modelo de negócios, as ativi- principal é a manufatura. A atividade produtiva
dades-chaves são aquelas mais importantes que exige máquinas, equipamentos, prédios que são
transformam os recursos principais em produtos projetados para em ciclos produtivos transformar
ou serviços que trazem valor para segmentos dos matéria-prima em produto final para o cliente. Os
clientes. Cada tipo de organização possui ativida- processos devem ser descritos em procedimentos,
des-chaves distintas em seus modelos de negócios. a fim de que atenda requisitos de qualidade espe-
Uma universidade possui, por exemplo, a pesquisa cificados pelos clientes.
como uma das atividades-chaves. Emprega seus Atividade de prestação de serviços esta ati-
pesquisadores, que são seus recursos principais vidade compreende as várias exercidas por pro-
(humanos) para conduzir pesquisa de interesse fissionais que atendem às demandas intelectuais
do governo (segmento de cliente), interagin- dos segmentos dos clientes. Compreendem, por
do com ele para compreender suas necessidades exemplo, elaboração de projetos, atividade de as-
(relacionamento) pelo contato direto entre in- sistência técnica durante o período de pós-ven-
tegrantes das instituições (canais) e entregar o da; atendimento médico. Essas atividades exigem
conhecimento (proposta de valor), quando re- recursos humanos competentes e especializados.
cebe recursos de financiamento para a pesquisa No nosso caso suposto, teríamos como ativi-
(fonte de receita). dade principal o gerenciamento da plataforma de
Vamos iniciar com a atividade principal que tecnologia da informação. Essa plataforma servirá
vem revolucionando o mercado: a Plataforma. de interface entre o serviço dos restaurantes com
Nela, o modelo de negócio gerencia sistema de os clientes que desejam consumir.
Tecnologia da Informação, interface entre o pro-
duto ou serviço e o usuário. Observe que esta pla-
taforma no mercado virtual com um mercado Componente 8
físico. Você pode acessar um site tipo Amazon e Parcerias Principais
adquirir livros, softwares, dispositivos eletrônicos.
Essas aquisições também podem ser compradas Como se sabe, cada vez mais os clientes estão
em lojas físicas. Além de trazer a facilidade de exigentes e estão diante de meios de informa-
não sair de casa, tem relacionamento conosco ção que permitem escolher produtos e serviços

52 Modelo de Negócios
até sem sair de casa. A concorrência é acirrada Mais uma vez voltando ao caso hipotético, po-
e a redução de custos é constante, a fim de se deríamos ter como parcerias principais do negó-
oferecer produtos ou serviços com preços que cio os restaurantes e os motoristas dos veículos
os clientes estão dispostos a pagar. Daí ser ne- para entrega.
cessário, na maioria das vezes, obter recursos de
fornecedores, fazer alianças estratégicas, estabe-
lecer “coopetição” e se esforçar para desenvolver Componente 9
negócios conjuntos (OSTERWALDER; PIG- Estrutura de Custo
NEUR, 2011). Essas parcerias reduzem custos
e elevam a qualidade e a produtividade, além Caro(a) aluno(a), chegamos ao nono componente do
de reduzir riscos. modelo de negócios: a estrutura de custos.
A parceria cliente-fornecedor é fundamental. Como sabemos, as empresas e as startup encon-
Na maioria das vezes a Startup ou a empresa consta- trarão mercado competitivo. Para aquelas que criam
tam que não compensa produzir ou se especializar um mercado, a qualquer momento haverá a presença
em determinado produto, pois vale mais a pena da concorrência se o negócio for rentável. Isto ocor-
terceirizar o serviço ou adquirir peças ou compo- reu após o lançamento do smartphone da Apple, que
nentes de empresas parceiras. Para uma atividade- foi seguido por outras marcas como Samsung. Para
-chave de produção, como uma fábrica de pneus, um mercado existente, também ocorrerá concor-
ela deve adquirir a borracha de outra empresa, pois rência. Na atualidade, o modelo Uber ameaçou os
não compensa desenvolver estrutura própria. táxis, que procuraram melhorar seus serviços devido
Na aliança estratégica, as empresas se associam à concorrência.
para obterem um produto ou serviço diferenciado Basicamente, há duas formas de disputar com
e com o valor não da soma das competências das a concorrência: pelo preço ou pela diferenciação.
empresas, mas de uma terceira competência que é Produtos ou serviços similares ao dos concorrentes,
a sinergia das competências originais. Isto ocorre porém mais baratos, possuem vantagem competitiva.
quando empresas de Engenharia de projeto e de Por outro lado, produtos ou serviços com caracterís-
Engenharia de construção se associam para formar ticas de desempenho superiores possuem diferencial
um consórcio que projeta e constrói. competitivo em relação aos concorrentes. Assim, os
Na “coopetição”, empresas concorrentes se modelos de negócio poderão ser direcionados pelo
associam para compartilhar bens ou serviços. Isto custo ou pelo valor que entrega aos segmentos de
ocorre, por exemplo, quando se organiza uma feira clientes.
de materiais em que os concorrentes contratam um Para se calcular os custos, há alguns modelos,
grande espaço e cada uma ocupa seu próprio es- mas, normalmente, utilizam-se estruturas de cus-
tande de exposição. Também podem compartilhar tos que incluem os custos fixos, que independem
os serviços de divulgação, de operação do evento. da quantidade produzida ou do serviço prestado e
No desenvolvimento de negócios conjun- os custos variáveis, dependentes das quantidades
tos, as empresas entram com suas competências produzidas ou dos serviços prestados.
e compartilham recursos humanos e físicos para Para economizar nos custos, as empresas ou
otimizarem os resultados e reduzirem custos. Isto startup podem obter vantagens pela economia de
ocorre, por exemplo, quando universidades e em- escala ao adquirir seus recursos em grandes quan-
presas cooperam no desenvolvimento de novos tidades e obter as vantagens de descontos de seus
produtos. fornecedores.
UNIDADE 2 53
Acrescenta-se outro tipo de economia, a de escopo, quando
são racionalizados recursos por intermédio do compartilhamento
de recursos da empresa, tal como ter um mesmo setor de compras
para várias unidades fabris distribuídas geograficamente.
No nosso caso hipotético, poder-se-ia considerar a vantagem
competitiva pelo Valor que é oferecido, pois teria os seguintes di-
ferenciais de desempenho: rapidez na entrega, variedade de restau-
rantes, qualidade na alimentação.
A economia está no escopo, pois a plataforma atende a vários
parceiros do serviço de entrega de refeições.Teriam a estrutura de
custos fixos para manter a plataforma em funcionamento e os va-
riáveis pela quantidade de pedidos aos restaurantes.
Aluno(a), você já teve uma visão do Canvas de Modelo de Ne-
gócios com os seus 9 (nove) componentes. A partir de agora, você já
pode utilizar esses conhecimentos para montar seu próprio modelo
de negócios.
Kavadias, Ladas e Loch (2016) apresentam seis critérios que
poderão servir de referência para avaliar a qualidade de seu modelo
de negócios:
• Personalização: quando o produto ou serviço atendem às
necessidades individuais dos segmentos de clientes.
• Reciclagem: quando os produtos não seguem um ciclo li-
near e são descartados ao final, mas são reaproveitados ao
final.
• Participação de ativos: isto ocorre quando compartilhamos
recursos. Como exemplo, o sistema de aluguel de imóvel por
temporada, quando o imóvel que poderia estar desocupado
estará sendo utilizado por quem aluga.
• Preços baseados em uso: reduz o custo para o cliente pois
ele só paga pelo uso.
• Ecossistema colaborativo: utilizado nos negócios colabo-
rativos para reduzir custos e riscos.
• Organização ágil e adaptativa: com a velocidade das mu-
danças, para sobreviver e crescer, deve-se ser ágil na adaptação
ao mercado.

54 Modelo de Negócios
Hipóteses no
Modelo de Negócios

Caro(a) aluno(a), voltemos ao modelo de valida-


ção da hipótese que passa por quatro passos e de
forma recursiva: Hipótese, Desenho do Experi-
mento, Teste e Percepção (BLANK; DORF, 2014).
Agora vamos lembrar que a elaboração do
modelo de negócios, no início e durante o de-
senvolvimento do cliente, é uma hipótese ou uma
“adivinhação”. São necessidades e problemas que
deverão ser confirmados ou modificados quando
vocês entrarem em contato com os clientes, par-
ceiros, fornecedores.

UNIDADE 2 55
Quando você elabora o Canvas do Modelo de Assim, sugere-se que a equipe elabore o Canvas
negócios, você parte de suposições sobre os seg- do modelo de negócios em um quadro que possa
mentos dos clientes: quais são suas necessidades e ser observado por toda equipe, utilizando papéis
assim poderem supor qual é a proposta de valor; colantes, tipo post it. Elabore o modelo Canvas,
quais são os canais, o tipo de relacionamento e o coloque na parede, faça o desenho do seu modelo
modelo de receita. Passando para o lado esquer- de negócios com os papéis colantes, conforme
do do Canvas, teremos os recursos principais, as mostrado a seguir com as hipóteses do nosso caso
atividades-chaves imaginadas, as parcerias ne- suposto.
cessárias e a estrutura de custos. Como trata de Ao longo do processo, vá guardando os Can-
hipóteses, esses componentes se modificaram ao vas, a fim de identificar a evolução da aprendi-
longo do período de desenvolvimento do cliente. zagem.

mento tos de
s Principa
is
e Princip
ais
a de Valor Relaciona ntes Seguimen
Parceria Atividad Propost com os Clie Clie s
nte

7.
4.
Gerenciamento
da plataforma Avaliação

8. 2. 1.
Rapidez da Clientes
Restaurantes
entrega corporativos
Principais Canais
Recursos

1. 3.
Plataforma Aplicativo

tos a
a de Cus e Receit
Estrutur Fontes d
9. 5.
Valor Proporção

Figura 3 - Modelo de Negócios com o uso de papéis colantes


Fonte: Osterwalder e Pigneur (2011).

56 Modelo de Negócios
Experimentos no
Modelo de Negócios

Após a elaboração das hipóteses do modelo de


negócios, teremos que testá-las. A experiência
mostra que não se deve ter improviso na fase de
preparação para a realização dos testes, que com-
preenderão visitas a clientes, parceiros, a fim de
validar seu modelo de negócios. Portanto, deve-se
realizar um planejamento.
Observem a seguinte lógica para a fase de pre-
paração dos experimentos: você deve identificar
os segmentos de clientes, selecioná-los, estabelecer
contatos para marcar as entrevistas, preparar o
conteúdo da entrevista e, se for o caso, até treinar
para que, na execução da entrevista (saída do pré-
dio), se tenha objetividade e valorize seu trabalho
e o tempo do entrevistado. Lembremos que este
processo visa chegar ao final com fatos e novas
percepções (“insights”).

Identificação de Clientes

Para identificar os prováveis clientes, você poderá


utilizar inúmeros caminhos. Ache quem utiliza ou
utilizará, quem compra ou comprará os produtos
ou serviços.

UNIDADE 2 57
Deve-se lembrar que tratam de pessoas e não de Estabelecimento de Contato
funções. Você deve obter dados que permitam com os Clientes
se comunicar com elas. Por existirem inúmeros
meios de comunicação e tipos de mídias sociais, Observe que foram identificados clientes de várias
você pode utilizar: formas e, como vocês podem constatar, muitos
• Pela busca no Google por perfis de interes- deles são seus desconhecidos. Com isso, o esta-
se para o seu modelo de negócios. belecimento de contato é algo sensível e deve ser
• Em Facebook, em que se encontra o perfil feito de forma cuidadosa para não se perder a
desejado. oportunidade. Como experiência, a maioria não
• No Linkedin, pela rede de conexões suas estará disposta a receber vocês para as entrevistas
e de amigos. (BLANK; DORF, 2014). Portanto, elabore uma
• Em Twitter, pela comunicação com os forma de comunicação que passe credibilidade e
usuários. que demonstre o quanto o entrevistado é impor-
• Ida a seminários e encontros profissionais em tante para o negócio. E ainda: não demonstre que
que haverá presença de possíveis usuários. você quer vender um produto ou serviço.
• Por indicação de amigos ou conhecidos de Se o cliente foi indicado por um conhecido
trabalho que poderão indicar pessoas com seu, peça que ele faça o contato e o apresente. Se
o perfil do segmento de cliente desejado. não for possível, não deixe de fazer referência à
• Pela identificação de pessoas nas estruturas indicação dele para a pessoa que você irá conta-
de empresas do segmento desejado, por tar. Se foi por qualquer outro sistema de busca,
intermédio de busca na internet. prepare uma mensagem que pode ser por e-mail,
• Pelo acesso a site de empresas concorren- por WhatsApp, pelo Facebook.
tes, em que é possível identificar clientes A mensagem deve identificar você, o motivo
que deixam comentários. do contato (ressalte que não é para vender), diga
que quer saber a opinião dele sobre o serviço ou
No momento da identificação das pessoas de seu produto e se há algo a melhorar ou algo que o
interesse, você deve descrever o perfil delas. As- incomoda. Destaque que você pretende resolver
sim, deverá constar aspectos possíveis de serem um problema ou que quer criar algo novo que as
obtidos com antecedência, a fim de direcionar e pessoas necessitam possuir. Diga que entrevista
facilitar a entrevista, dentre outros julgados perti- pessoal é mais rica que por troca de mensagens
nentes por vocês ao longo do processo de apren- ou videoconferência. Procure escolher um local
dizagem, conforme mostrado a seguir: neutro fora do local de trabalho dele. Ainda so-
• Nome do cliente. licite a melhor data para o encontro e estabeleça
• Empresa ou instituição que trabalha. que será um encontro breve de cerca de 15 a 20
• Função na empresa/organização. minutos.
• Perfil: idade, sexo, formação. Estabeleça meta de visitas e busque cumpri-la.
• Forma que foram obtidos os dados (indi- Feito isso, você estará em condições de realizar a
cação, linkedln). entrevista, que é o próximo passo.

58 Modelo de Negócios
Vá Para a Rua e
Conheça o Cliente

Observe que, após tanta preparação – estabele-


cimento do canvas do modelo de negócios, que
são as hipóteses, planejamento dos experimentos
– é chegada a hora de ir para a rua e conhecer
os clientes. Observe que nenhum modelo de ne-
gócios resiste ao primeiro contato com o cliente
(BLANK; DORF, 2014). A startup é uma organiza-
ção temporária na busca de um negócio repetitivo
e escalável. Da mesma forma, em uma empresa
em funcionamento, um novo empreendimento
também necessitará de se conhecer os desejos dos
clientes pelo conhecimento deles.

UNIDADE 2 59
Ida para a Rua e
Conhecimento dos Clientes

Você sairá em campo para entender o que o clien- • Observe a reação do entrevistado pelos
te deseja. Deve identificar o que ele necessita e gestos e, se necessário, solicite outros es-
não algo que seja apenas prazeroso de se ter. Este clarecimentos.
aprendizado sobre as necessidades dos clientes • Procure obter indicação de outras pessoas
fará com que você modifique seu modelo de ne- para serem ouvidas.
gócio até que ele seja validado. O processo será
progressivo e contínuo. No início, será testada a Com esses procedimentos e pela prática, você
Proposta de Valor, seguido dos canais e fontes de verá o quanto aprendeu e que o seu modelo de
receita, para verificar se suas hipóteses podem se negócio inicial era um conjunto de hipóteses e
tornar em fatos. Assim será sucessivamente e às que realmente teriam que ser testados junto aos
vezes simultaneamente com todos os componen- clientes, parceiros.
tes do modelo de negócios. Prezado(a) aluno(a), veja o depoimento do En-
Durante a entrevista: genheiro Mecânico Marcos Mattana, empreen-
• Esteja consciente da hipótese que você está dedor e um dos diretores da PaperX, Startup de
verificando. tecnologia educacional com foco em exercícios
• Faça uma apresentação sobre você e o que e avaliação. Neste vídeo, Marcos Mattana irá nos
você deseja, ressaltando que não deseja contar um pouco sobre a importância de se co-
vender e sim conhecer os problemas e as nhecer os clientes pelo contato direto com eles.
necessidades.
• Deixe claro que o cliente é o centro do negócio
e que você está ali para interagir e aprender.
• Deixe o cliente se expressar livremente. Tenha sua dose extra de
• Busque deixá-lo à vontade para que se ob- conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
tenha dele respostas que permitam definir
leitor de QR Code.
exatamente o que eles precisam e o que os
incomoda nas coisas críticas.
• Esforce-se para que as informações sejam
qualitativas. Como é notado, este processo traz aprendizado e
• Tente puxar o fio da meada por perguntas modificações no modelo de negócios até que ele
seguidas de “Por quê?’. seja validado. Para cada período de um ciclo de
• Evite obter dados sobre as características visitas aos clientes, você deve fazer o que chamamos
do produto ou serviços. de “Análise Pós-Ação” daquilo que foi observado do
• Ao final, pergunte se ele deseja acrescentar contato com os clientes. Relaciona as modificações
algo. no modelo de negócio, estabelece novas hipóteses,
• Faça anotações das respostas. novos experimentos e “Vá para a Rua” até validar.

60 Modelo de Negócios
Conversei com dois professores que estiveram na
Universidade de Berkeley em 2016 para acompa-
nhar a apresentação final de alunos do curso de
empreendedorismo daquela universidade e ele
constatou que o curso enfatiza o desenvolvimento
do espírito de equipe e liderança. Da experiência
que tive com alunos em curso de empreendedo-
rismo, também observei problemas de relacio-
namento interpessoais que poderiam ter sido
evitados se houvesse o espírito de equipe. Com
este aprendizado, passamos a dar importância a
este aspecto. Como resultado, todos os grupos
conseguiram cumprir suas missões com forte li-
derança dos chefes.
Por isso, a seguir, vocês verão como liderar
uma equipe e como contribuir com o trabalho
em equipe.

UNIDADE 2 61
Liderança e Trabalho
em Equipe

Caro(a) aluno(a). Como você sabe, a complexida-


de dos problemas e a rapidez das mudanças não
permitem mais que problemas sejam resolvidos
por apenas um indivíduo. Aliás, isso sempre ocor-
reu. Se olharmos as pirâmides do Egito, vamos ver
que a obra foi construída por inúmeras pessoas e
todas com objetivo comum.
Assim ocorre com você na vida pessoal e pro-
fissional. Em casa, há necessidade de trabalho em
equipe e objetivo comum para que todos cresçam,
tenham saúde e convivam em harmonia. Na vida
profissional, serão desafiados e verão que somente
o trabalho em equipe e o exercício da liderança
possibilitarão solucionar problemas multidisci-
plinares que envolvam questões, por exemplo, de
Química, Computação, Engenharia Mecânica e
outras. Daí vocês terem que desenvolver habili-
dades individuais e interpessoais para lidar com
esses desafios, como veremos a seguir.

62 Modelo de Negócios
Liderança

Sobre o tema Liderança, há inúmeras teorias. Para motivar as pessoas, sugere-se: remover os
Ao longo da minha vida, estudei algumas delas, controles e manter a responsabilidade, aumentar
procurando praticá-las. Também observei as pes- a responsabilidade dos indivíduos para seus pró-
soas, as quais tentei seguir seus exemplos ou evi- prios trabalhos, dar ao funcionário tarefas com-
tar comportamentos indesejados. Uma coisa que pletas, dar mais autonomia para os funcionários,
aprendi foi que a teoria ajuda, mas é a prática que tornar os relatórios periódicos diretamente dispo-
faz com que verifiquemos quando ela é aplicável e níveis para os próprios trabalhadores, introduzir
de que maneira, coisas que os livros não ensinam. desafios mais complexos e dar oportunidade para
A seguir, veremos algumas teorias e conside- que os colaboradores se tornem especialistas.
rações sobre a utilização. March e Weil (2005) nos dizem que líderes de-
MacGregor (1999) entendia que o chefe liderava vem proporcionar grandes ações, grandes visões e
segundo seus pressupostos em relação às pessoas. grandes expectativas. A ação deve ser intencional
Por um lado, na Teoria X, pressupõe-se que as pes- com base na avaliação de expectativas e conse-
soas não querem assumir responsabilidades, não quências. Daí as expectativas terem que ser gran-
desejam desafios, possuem pouca capacidade para des para justificar o grande esforço que traz riscos
resolver problemas. Daí o líder ter que exercer a di- atrelados. Devem ser capazes de acreditar na visão
reção e o controle sobre seus subordinados, ou seja, e transmitir com segurança a seus seguidores.
estabelece o que deve ser feito e fiscaliza. Por outro Goleman (2013) acrescenta uma ideia interes-
lado, na Teoria Y, o pressuposto é de que o colabo- sante e apropriada para o mundo atual. Segundo
rador quer responsabilidade, deseja enfrentar desa- ele, o líder deve ter foco, pois somos bombardeados
fios, quer se realizar e possui criatividade. Então, a de estímulos que desviam nossas atenções 24 horas
liderança compreende na obtenção da integração por dia, 7 dias por semana, tais como a internet e
de objetivos individuais aos organizacionais. outros meios de comunicações. Todos contribuin-
Herzberg (2003) estabeleceu a teoria dos dois do para nos distrair. Daí que, para alcançarmos
fatores: Higiênicos e Motivacionais. Nos fatores nossa visão, devemos nos concentrar no objetivo.
higiênicos, a sua ausência traz insatisfação no tra- Por outro lado, também devemos nos desligar para
balho a sua presença não proporciona motivação podermos viver nossas vidas pessoais e também
no profissional. Os fatores motivacionais, quando sermos criativos e inovadores. Este é um grande
presentes, trazem motivação, mas, quando ausen- desafio e os líderes devem possuir capacidade de
tes, não trazem desmotivação. se adaptarem a essas duas demandas emocionais.
Fatores higiênicos seriam: segurança, status, Há vários estilos de liderança; mas então, qual
relacionamento com subordinados, vida pessoal, está correto? Caros alunos, pensemos na situação.
relacionamento com pares, salário, condições de Podemos adotar um estilo denominado líder
trabalho, relacionamento com superiores, super- dominante quando, para atingir os objetivos, há a
visão, política da companhia e administração. promoção de bônus e de incentivos na carreira, às
Para os fatores motivacionais, teríamos cresci- vezes de forma coercitiva e com punição. Por outro
mento pessoal, avanço na carreira, responsabili- lado, o líder pode utilizar o estilo denominado de
dade, trabalho com autonomia, reconhecimento influência, quando se permite a distribuição de
e realização. poder, mesmo com a ausência da autoridade formal.

UNIDADE 2 63
Se a instituição já tiver a visão definida, já hou- • Qual é o local de trabalho em conjunto.
ver uma estratégia para alcançar a visão e for exi- • Como será o processo decisório.
gida rapidez nas ações, seria cabível uma atitude • Como será a comunicação e o comparti-
dominante. Por outro lado, se houver necessidade lhamento das informações.
de criatividade, inovação, delegar poder para subor- • Como cada um deverá auxiliar os outros
dinados, a atitude de prestígio seria mais apropriada. integrantes do grupo.
Assim, o líder deve ser capaz de entender o • Deverá ter comunicação franca.
contexto, a missão e liderar com predominância • Valores deverão ser compartilhados.
de uma das duas atitudes: de dominância ou de • Deverão ser externadas as expectativas
prestígio (MANER, 2016). individuais em relação ao grupo.

Caro(a) aluno(a), para a sua formação profissio-


Trabalho em Equipe nal, haverá necessidade de desenvolver habilida-
des interpessoais. Procure trabalhar em equipe,
Os problemas atualmente são muito grandes pois os resultados serão superiores para cada in-
para serem resolvidos por uma só pessoa (WHI- divíduo e para o grupo. Exerça a liderança quan-
TEHURST, 2015). Equipes entrosadas e rápidas do estiver em função de chefia, a fim de obter os
resolvem problemas muito melhor do que qual- melhores resultados para o grupo.
quer pessoa, por mais inteligente que seja. Para Prezado(a) aluno(a), nesta unidade, inicia-
criar uma equipe de sucesso, propõe-se que sejam mos o estudo do Modelo de Negócio com seus
desenvolvidas as seguintes medidas: nove componentes: Segmento dos Cliente; Pro-
• Escute ativamente. Procure interagir de posta de Valor; Canais; Relacionamento com
forma participativa. Ouça, pergunte, apren- Clientes; Fontes de Receitas; Recursos Princi-
da com o companheiro de equipe. pais; Atividades-Chaves; Parcerias Principais e
• Dê e receba “feedbacks” honestos. O traba- Estrutura de Custos.
lho em equipe exige comunicação. As ajudas Como tratam de hipóteses no início do De-
mútuas por comentários devem ser cons- senvolvimento dos clientes, haverá a necessidade
tantes a fim de haver crescimento pessoal de testá-las por um Desenho do Experimento,
e melhoria do relacionamento interpessoal. realização de Testes e obtenção da Percepção
• Valorize contribuições individuais e não a va- sobre como é visto pelo cliente. Entretanto isso
lorização do ego.Assim, ficará claro que a con- deve ser feito fora do prédio, para que se tenha
tribuição individual é em proveito de todos. contato com a realidade.
Para que se aproveite as competências de todos
O’Brien e Riordan (2012) esclarecem que o traba- integrantes da equipe da startup, é necessária uma
lho em equipe para ser produtivo deve estabelecer liderança forte.
regras de comportamento e de relacionamento. O Esteja certo(a) de que você estará prepara-
líder deverá conduzir esta definição. Elas devem do(a). Siga em frente e boa sorte!
incluir, entre outros:

64 Modelo de Negócios
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Com base nos conhecimentos adquiridos, construa um Canvas de Modelo de


Negócios com os nove componentes. Se tiver dificuldade, comunique-se com o
companheiro de curso. Não há problema em estudar outros modelos e adap-
tá-lo ao seu interesse.

2. Realize o Planejamento do teste do modelo de negócios conforme os ensina-


mentos contidos no livro, especificamente em, Experimentos do modelo de
negócios. A solução deve conter o segmento do cliente, como ele foi identifi-
cado, o perfil do cliente, e um texto da mensagem de apresentação que será
enviada por e-mail.

3. Por qualquer meio de busca, selecione um modelo de negócios e utilize no mí-


nimo dois critérios de avaliação da qualidade de modelo de negócios, segundo
Kavadias, Ladas e Loch (2016).

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LIVRO

O Monge e o Executivo
Autor: James C. Hunter
Editora: Sextante
Sinopse: James C. Hunter apresenta uma obra literária completamente restau-
radora, emocionante e transformadora. O Monge e o Executivo é uma história
sobre a essência da liderança e quem lê descobre como se tornar uma pessoa
melhor na sociedade, no trabalho, na família e em várias ocasiões. Nele, você
terá os conhecimentos de como se relacionar com as pessoas e fazer com que
uma equipe tenha segurança em você para seguirem pelo mesmo caminho.

66
BERTINI, M; TAVASSOLI, N. T. Case Study: Can One Business Unit Have 2 Revenue Models? Har-
vard Business Review, v. 93 n. 3. p. 121-123, mar. 2015.
BLANK, S.; DORF, B. Startup - manual do empreendedor: o guia passo a passo para construir uma grande
empresa. Rio de Janeiro: Alta books, 2014.

DORNELAS, J. Empreendedorismo: Transformando ideias em negócios. 6. ed. São Paulo: Empreende/Atlas, 2017

GOLEMAN, D. What Makes a Leader: Why Emotional Intelligence Matters. MA: More Than Sound, 2013.

HAQUE, U. To Manage Platform: Think of It as a Micromarket. Harvard Business Review Web Digital. 13
abr. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/04/to-manage-a-platform-think-of-it-as-a-micromarket> .
Acesso em: 30 jan. 2018.

HERZBERG, F. One More Time: How Do You Motivate Employees? Harvard Business Review. 2003, p. 31- 41.

KAVADIAS, S; LADAS, K; LOCH, C. The Transformative Business Model. Harvard Business Review. 27 out.
2016, p. 90-98.

MACGREGOR, D. O Lado Humano da Empresa. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 1999.

MANER, J. Good Bosses Switch Between Two Leadership Styles. Harvard Business Review Web Digital.
5 dez. 2016. Disponível em: <https://hbr.org/2016/12/good-bosses-switch-between-two-leadership-styles>.
Acesso em: 30 jan. 2018.

MARCH, J. G.; WEIL, T. On Leadership. Nova Jérsia:Wiley-Blackwell, 2005.

O’BRIEN, K.; RIORDAN, C. M. For Great Teamwork, Start with a Social Contract. Harvard Business Review
Web Digital.17 abr. 2012. Disponível em: <https://hbr.org/2012/04/to-ensure-great-teamwork-start>. Acesso
em: 30 jan. 2018.

OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation: Inovação em Modelos de Negócios. Rio de
Janeiro: Alta Books, 2011.

WHITEHURST, J. 3 Ways to Encourage Smart Teamwork. Harvard Business Review Web Digital. 7 set. 2015.
Disponível em <www.hbr.org>. Acesso em: 30 jan. 2018.

REFERÊNCIA ON-LINE
Em: <https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/quadro-de-modelo-de-negocios-para-criar-recriar-
1

e-inovar,a6df0cc7f4217410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em: 30 jan. 2018.

67
1. Você deverá montar um canvas do modelo de negócio com 9 componentes: 1. Segmentos dos Clientes, 2.
Proposta de Valor, 3. Canais, 4. Relacionamento com Clientes, 5. Fontes de Receitas, 6. Recursos Principais,
7. Atividades-Chaves, 8. Parcerias Principais, 9. Estrutura de Custos.

2. Você deverá apresentar o que foi pedido, incluindo no perfil, no que for aplicável:
• Nome do cliente.
• Empresa ou instituição que trabalha.
• Função na empresa/organização.
• Perfil: idade, sexo, formação.
• Forma que foram obtidos os dados (indicação, linkedln).
3. Você deve avaliar um modelo de negócios no mínimo sobre dois dos seguintes critérios:
• Personalização
• Reciclagem
• Participação de ativos
• Preços baseados em uso
• Ecossistema Colaborativo
• Organização ágil e adaptativa

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