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Entrelaçando - Revista Eletrônica de Culturas e Educação

Caderno Temático: Educação Especial e Inclusão


Nº. 8 p. 25-34, Ano IV (Junho/2013) ISSN 2179.8443

PAIS OUVINTES E FILHOS SURDOS: impasses na


comunicação

Luciana Santana da Silva - UFRB1


Thereza Bastos - UFRB2

RESUMO

O presente artigo visa discutir sobre os impasses na interação estabelecida entre pais
ouvintes com seus filhos surdos. Busca refletir como as famílias lidam com o impacto
da noticia sobre a surdez e as dificuldades para elaborarem essa experiência. As
estatísticas revelam que mais de noventa por cento de crianças surdas são filhos de pais
ouvintes sem nenhuma experiência quanto à surdez. Ao tomarem conhecimento de que
seu filho tem perda auditiva há uma tendência em ver a surdez como deficiência e,
portanto, a criança tende a ser tratada como deficiente. Agindo dessa forma os pais
mudam o modo de interagir com seus filhos, esse comportamento familiar é resultante
da representação da surdez como deficiência e vai desencadear sentimentos e atitudes
inadequados desfavoráveis ao desenvolvimento global da criança como também
interfere na interação social desta com outras pessoas surdas. A viabilização do contato
com a comunidade surda bem como o acesso e aprendizagem da Língua de Sinais pode
vir a trazer a aceitação da família e o reconhecimento da surdez como uma diferença
cultural. Essa condição é fundamental para um desenvolvimento saudável da criança e a
sua interação social.

Palavras-chave: Pais ouvintes – Crianças surdas – Interação social

ABSTRACT

This article aims to discuss the impasse in the interaction established between hearing
parents with their deaf children. Seeks to reflect how families deal with the impact of
news about deafness and the difficulties to develop this experience. Statistics reveal that
over ninety percent of deaf children are children of hearing parents with no experience
of deafness. After become aware that their child has hearing loss there is a tendency to
see deafness as a deficiency and, therefore, the child tends to be treated as deficient.
Acting in that way the parents changes the way of interacting with your children, this
behavior results from the familiar representation of deafness as a deficiency and will

1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia / Centro de Formação de
Professores. Email: lucianasilva88@hotmail.com
2
Professora Adjunta do Centro de Formação de Professores da Universidade Federal do Recôncavo da
Bahia. Email: therezabastos@ufrb.edu.br

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unchain feelings and attitudes inappropriate, detrimental to the child's global
development as well as this interferes with social interaction with other deaf people. The
feasibility of contact with the deaf community as well as access and learning Sign
Language may bring the family acceptance and recognition of deafness as a cultural
difference. This condition is essential for a healthy development of children and their
social interaction.

Key words: Listeners parents - Deaf children - Social interaction

INTRODUÇÃO

A família é base fundamental no processo de troca do indivíduo com o meio, além


de ser a mais importante instituição responsável pela socialização da criança. Segundo
Corghi (2006) é na família que ocorre às transmissões de normas, valores sociais e
estrutura institucional. É através da linguagem que essas normas e valores são
transmitidos. Em geral, a língua oral é o canal privilegiado para que se dê a
comunicação entre os seus membros. Quando há presença no seio familiar de uma
criança surda essa comunicação vai ser alterada, pois, a ausência da possibilidade de
ouvir exige dos pais mudança de atitude para romper as barreiras de comunicação.
A conscientização dos pais sobre a surdez de seu filho, e a necessidade da
aquisição da Língua de Sinais devem ser os primeiros passos a serem dados, passos
decisivos para o desenvolvimento da criança. Assim, é de fundamental importância que
as famílias busquem meios para que a aquisição da Língua de Sinais possibilite a essa
criança o contato com uma língua que pode ser adquirida de maneira mais natural. A
falta de uma língua acarreta serias dificuldades de convivência e nos surdos isso é muito
frequente devido à demora de exposição de uma língua, ocasionada pelo tardio
diagnóstico da surdez, que prejudica o seu desenvolvimento cognitivo e afetivo.
O brincar pode ser uma forma privilegiada com que os pais possam manter uma
interação saudável com seu filho surdo. Além de fortalecer os vínculos à medida que
interagem nas brincadeiras do dia-a-dia, desenvolvem uma linguagem, estimulam a
afetividade, ocorrendo uma interação cada vez mais natural e eficiente. A qualidade
dessa interação pais ouvintes x filhos surdos influencia na auto aceitação da criança
surda refletindo em todo o seu desenvolvimento futuro. As relações afetivas
estabelecidas no ambiente familiar nos primeiros anos de vida são muito importantes,

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pois, essas vivências o ajudam a amadurecer emocionalmente e a interagirem
socialmente com mais confiança.
Portanto, o papel da família é de fundamental importância para a interação e
socialização da criança surda, é através desse primeiro contato social que a criança
encontrará formas particulares de se perceber e perceber o mundo que a cerca.
Compreende-se que quanto mais precocemente o surdo mantiver contato com a
Língua de Sinais através de um surdo adulto, melhor será o seu desenvolvimento, pois
terá maior acesso a informação e consequentemente terá maiores conhecimentos. A
família deverá proporcionar este primeiro contato com a comunidade surda. Segundo
Quadros (2005) as crianças surdas precisam ter a chance de desfrutar do encontro
surdo/surdo. Os pais ouvintes precisam descobrir esse mundo essencialmente visual-
espacial e conhecer a Língua de Sinais. Na maioria das vezes o problema mais frequente
para a pessoa surda é a carência de diálogo e de entendimento dentro do próprio
ambiente familiar, devido a falta de uma língua em comum, o que provoca inúmeros
problemas no relacionamento. Outro fator muito importante que deve receber a máxima
atenção dos pais em relação ao filho surdo é a escolha do ambiente escolar. Ao dar
preferência a uma escola os pais devem ter a preocupação de conhecer a filosofia que
norteia o trabalho. Além disso, os pais devem procurar conhecer a formação dos
profissionais da escola, as suas propostas pedagógicas, as políticas de acesso e
permanência para alunos com surdez, observando se a escola oferece recursos e
tecnologias que possibilitem uma educação de qualidade.
Segundo a o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 num contexto bilíngue
de educação deve haver a oferta desde a educação infantil do ensino da Libras como
língua primeira e da Língua Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos.
Prover as escolas com: a) professor de Libras ou instrutor de Libras; b) tradutor e
intérprete de Libras - Língua Portuguesa; c) professor para o ensino de Língua
Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e d) professor regente de classe
com conhecimento acerca da singularidade linguística manifestada pelos alunos surdos.
Entretanto, a ausência dessas condições propostas no texto Legal é um agravante para a
educação das crianças surdas no cenário nacional.

PAIS OUVINTES E FILHOS SURDOS

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Na obra “As imagens do outro na cultura surda” Strobel (2009, p. 42), faz um
relato de uma criança surda que não teve contato com um adulto surdo, fato interessante
de ser aqui mencionado, pois a mesma afirma que a criança surda, como qualquer outra
criança, precisa dialogar com os adultos sobre os seus pensamentos, suas curiosidades e
dúvidas, sobre tudo o que acontece ao seu redor. Esse diálogo é muito importante para a
construção da realidade e para dar sentido às experiências vividas, porém, sendo a única
surda entre os membros da família e não dominando a língua oral nem a Língua de
Sinais, se deparou com essa barreira na comunicação o que trouxe implicações
significativas para o desenvolvimento dessa criança.
É muito frequente a existência de crianças surdas filhas de ouvintes que não são
expostas a Língua de Sinais, como também são privadas do acesso à língua majoritária
utilizada pela comunidade ouvinte. Desse modo, essas crianças crescem sem uma língua
de referência.
Um outro relato interessante é feito por Emmanuelle Laborit (1994) na obra
autobiográfica “O voo da gaivota”, mostra a fase do choque quando seus pais são
informados acerca da surdez.

Dava gritos, muitos gritos e gritos bem verdadeiros. Não porque tivesse fome
ou sede, ou medo ou dor, mas porque começava a querer “falar”, porque
queria me ouvir e os sons não me chegavam. [...] O primeiro que disse
“Emmanuelle grita porque ela não escuta” foi meu tio, o irmão mais velho de
meu pai, Fifou. Meu pai lembra:
- Foi quem primeiro nos colocou a pulga atrás da orelha.
- Foi uma cena que se ficou para sempre na minha memória, como uma
imagem paralisada – conta minha mãe.
Meus pais prefeririam não acreditar naquilo.

Segundo Paniagua (2004) a família de crianças com necessidades especiais passa


por quatro processos até chegar à aceitação dessa condição. A primeira é a fase do
choque, quando os pais inconformados sentem um bloqueio, há uma confusão de ideias,
muitas vezes negam a informação recebida. Vale a pena mencionar um outro fragmento
que aponta nessa direção. Laborit (2004), quando tinha nove meses de vida e foi a
consulta com um especialista, sua mãe relata:

[...] Fomos a um especialista que disse que você tinha nascido surda
profunda. O choque foi rude. Eu não podia admitir, seu pai também não.
Dizíamos: “É um erro de diagnostico, é impossível”. Fomos ver um outro
especialista, e eu esperava tanto que ele fosse sorrir e nos mandar de volta
para casa, tranquilizando-nos [...].
“Fiz perguntas ao especialista. Três perguntas:

28
‘Você falaria?
‘Sim. Mas isso vai demorar’.
‘O que fazer?
‘Um aparelho, reeducação ortofônica, sobretudo nada de linguagem gestual’.
‘Eu poderia procurar adultos surdos?’
‘Isso não seria uma boa coisa, eles pertencem a uma geração que não teve
reeducação precoce. A senhora ficaria desanimada e decepcionada.”

Chama atenção a concepção médica que norteava a orientação às famílias. Uma


visão oralista, distorcida em relação ao contato com a comunidade surda e o acesso a
Língua de Sinais. Visão preconceituosa que trouxe consequências para Laborit que
somente aos sete anos de idade, pode ter contato com surdos adultos e aprender a
Língua de Sinais. O oralismo compreende a surdez como uma falta, algo incompletos,
pois os seus adeptos enxergam a surdez de uma forma patológica, tendo os seus
métodos o intuito de fazer com que os surdos adquiram a habilidade da fala para
facilitar sua integração no meio social. Logo, para essa concepção, quanto mais cedo a
criança surda se insere em procedimentos de reabilitação da fala, mais rápida será a
assimilação das regras gramaticais da Língua Oficial do seus País, e consequentemente
a apropriação do uso dessa língua.
A concepção oralista predominou até a década de setenta. Mas a historia da
educação de surdos mostrou que a Língua Oral não dá conta de todas as necessidades da
comunidade surda, o que levou a surgir posteriormente outras abordagens como a
comunicação total e o bilinguismo.
Para Paniagua (2004) o segundo processo que passa os pais de crianças com
necessidades especiais é o da negação. Após a assimilação das noticias sobre a surdez,
muitas famílias agem como se nada tivesse acontecido, ou reagem de forma reativa,
questionando a competência dos médicos. Essa fase é muito delicada e muitas famílias
tem a tendência a estagnar aí. Elas negam a condição de surdez da criança.
O terceiro processo trazido pela autora supracitada é a fase da reação. Que
consiste em um turbilhão de emoções que se mesclam entre reações de ansiedade,
sentimento de fracasso, culpa, irritabilidade e depressão.

Seu pai estava completamente abatido, e eu chorava. De onde vinha essa


‘maldição’? Herança genética? Uma doença durante a gravidez? Sentia-me
culpada, e seu pai também. Em vão procuramos alguém na família que
tivesse sido surdo, de um lado e do outro. (LABORIT, 1994).

A quarta fase mencionada por Paniagua (2004) é denominada de adaptação e


orientação, nesta fase os pais já conseguem controlar as suas ansiedades, buscam
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maiores informações acerca do que fazer e de como fazer para ajudar o seu filho.
Alguns pais são capazes de avançar no sentido de uma aceitação da surdez, e tomada de
decisões práticas para orientar suas vidas e oferecer as crianças condições adequadas de
inserção social.
O contato com a comunidade surda propicia aos pais o reconhecimento da surdez
com diferença cultural incentivando-os a aprenderem a Língua de Sinais e
principalmente possibilitarem às crianças o contato com essa língua, como língua
primeira, língua de referencia para que a criança surda possa desenvolver-se inserida em
um contexto social.
Deste modo, compreendem que quanto mais precocemente o surdo mantiver
contato com a Língua de Sinais através de um surdo adulto, melhor será o seu
desenvolvimento, pois terá maior acesso à informação e, consequentemente, terá
maiores conhecimentos. Portanto, a família proporciona esse primeiro contato desde
cedo com a comunidade surda, sendo a sua busca, desprovida de “pré-conceitos” e “pré-
julgamentos”. Na maioria das vezes, o problema mais frequente para a pessoa surda é a
carência de diálogo e de entendimento dentro do próprio ambiente familiar, devido à
falta de uma língua em comum o que ocasiona profundas frustrações na pessoa surda.
As crianças brasileiras tem tido acesso a Língua de Sinais tardiamente, pois as
famílias e as escolas não oportunizam o encontro adulto surdo x criança surda. O que
vem ocorrendo é a utilização da Língua de Sinais nas escolas regulares, não em favor
da propagação e valorização da cultura surda, mas a Língua de Sinais vem sendo
utilizada como um mero instrumento para se chegar a um fim desejado, no caso, o
ensino da língua majoritária para surdos. Desse modo, os valores e a cultura surda não
são difundidos e a Língua de Sinais assume um papel de coadjuvante quando deveria
ser valorizada e utilizada de uma forma natural pela pessoa surda.
É preciso mais uma vez ressaltar que a maioria das crianças surdas são filhas de
pais ouvintes, e esses pais tem a dificuldade de aceitar uma cultura gestual, não
permitindo contato dessas crianças com a comunidade surda desde cedo, o que
prejudica a convivência dos surdos na sociedade. Pro outro lado, em famílias onde pais
e filhos são surdos, a inserção na comunidade surda e consequentemente a aquisição da
Língua de Sinais ocorre precocemente, pois a criança desde cedo está exposta ao
contato com um adulto surdo.
Alguns autores como Quadros (2005), Strobel (2009), afirmam que filhos surdos
de pais surdos apresentam melhores níveis acadêmicos, melhores habilidades para

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aprendizagem da língua oral na modalidade escrita, níveis de leitura semelhante ao do
ouvinte, uma identidade equilibrada e não apresenta problemas sociais e afetivos na
mesma proporção de filhos surdos de pais ouvintes. Ou seja, quanto mais
prematuramente às pessoas surdas se submeterem a aquisição de uma língua, mais cedo
terão condições de adquirir conhecimentos mais sólidos.
A presença de um adulto surdo na vida de uma criança surda é muito importante,
pois a partir desse convívio esses sujeitos aprendem a lidar com situações do seu
cotidiano, bem como, é a partir dessa presença que as crianças surdas “criam vínculos
identificatórios com a cultura”. (Strobel, 2009, p. 42). Ademais, essa interação permite
que a criança surda satisfaça as suas eventuais duvidas que geralmente permeiam seus
pensamentos aos quais muitas vezes não lhe são esclarecidas, devido a falta de
conhecimento da Língua de Sinais pelas pessoas que acercam.
Segundo Quadros (2008)

O bilinguismo é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a


tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm
apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de
crianças surdas, tendo em vista que considera a Língua de Sinais como a
língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. (p.
27)

Os defensores da proposta bilíngue para a educação de surdos defende a Língua


de Sinais como primeira língua de surdos L1 e a língua oficial do País na modalidade
escrita como L2. Alguns teóricos, como Quadros (2008) e Sá (2006) discutem a
proposta bilíngue como a melhor maneira de se educar os surdos, pois essa abordagem
valoriza o modo de ser dessas pessoas, e suas metodologias estão de acordo com suas
reais necessidades, potencializando o seu campo visoespacial e sua condição bilíngue e
bicultural.
Portanto, a proposta bilíngue visa valorizar as potencialidades da pessoa surda, de
uma forma que deixe as informações e os conteúdos escolares mais claros e acessíveis,
pois se utiliza da Língua natural, como seu principal recurso metodológico para a
obtenção do conhecimento. Além do que parte das vivencias adquiridas nessa
experiência, para a aquisição da Língua escrita. Na educação de surdos, em uma
perspectiva bilíngue, a Língua de Sinais deve ser ensinada por um adulto surdo, e a
Língua Oficial na modalidade escrita por uma pessoa ouvinte.

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A Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
(BRASIL, 2008) salienta que para a inclusão dos alunos surdos nas escolas comuns, a
educação bilíngue – Língua Portuguesa / LIBRAS deve desenvolver o ensino escolar na
Língua Portuguesa e na Língua de Sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda
língua na modalidade escrita para alunos surdos, os servidos de tradutor/interprete de
Libras e de Língua Portuguesa e o ensino ofertado, tanto na modalidade oral e escrita
quanto na Língua de Sinais e o ensino da LIBRAS para os demais alunos da escola. O
atendimento Educacional especializado é ofertado tanto na modalidade oral e escrita,
quanto na Língua de Sinais. Devido à diferença linguística, na medida do possível, o
aluno surdo deve estar com outros pares surdos em turmas comuns na escola regular.
Portanto, o Decreto e a Política objetivam que os direitos da pessoa surda sejam
garantidos a partir de uma educação que contemple as suas reais necessidades. Assim, é
por meio deles que lhe são asseguradas melhores condições de educação. Essa
educação, por sua vez, deve ter o intuito de promover a aquisição de conhecimentos
mais sólidos e de qualidade, por intermédio do ensino e difusão da Língua de Sinais no
âmbito escolar, bem como o oferecimento do atendimento diferenciado as suas
necessidades, tendo em vista potencializar suas habilidades.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, é preciso pensar na proposta de uma educação bilíngue para a


criança surda, que não se restrinja aos aspectos educacionais, mas, que vá além
envolvendo os aspectos do desenvolvimento desta como pessoa, enquanto cidadã,
enquanto sujeito humano que possui sentimentos e anseia por um reconhecimento
perante a sociedade. Que tenham o direito do contato com a comunidade surda para que
tenha a Língua de Sinais como sua língua de referência e que também possa estar
exposto ao aprendizado da língua majoritária do seu País.
O vinculo família x escola deve ser estreitado para que haja melhor
aproveitamento dos potenciais da criança. Desse modo, é possível a construção de um
clima, laço afetivo entre a escola e a família, baseado na confiança e no desejo de que a
criança tenha êxito no seu processo educacional, também a comunidade surda deve ser
envolvida nesse processo.

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Uma escola que se propõe a incluir em suas práticas pedagógicas a proposta
bilíngue deve buscar sempre auxilio nas comunidades surdas. Essas comunidades
devem estar inseridas na elaboração das atividades pedagógicas, na formação do
currículo e na construção de uma metodologia adequada que atenda as reais
necessidades desses sujeitos. Uma proposta bilíngue necessita ser pensada por pessoas
que comungam dessas necessidades, deve ser pensada por pessoas surdas, por isso há
necessidade de um adulto surdo na educação dos surdos na escola regular.
Lamentavelmente, a realidade vivida por grande parte das crianças surdas
brasileiras ainda está distante das condições ideais para o seu desenvolvimento.
Entretanto, é preciso uma grande mobilização tanto de pais, como de educadores e da
comunidade surda para que as crianças possam ter um futuro mais promissor.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Especial. Decreto nº 5.626


de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002.
Disponível em: www.portal.mec.gov/seesp.arquivos/pdf/dec5626.pdf.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação


Inclusiva. Brasília. 2008.

LABORIT, Emmanuelle. O voo da gaivota. Tradução Lelita Oliveira. São Paulo: Best
Seller. 1994
PANIAGUA, Gema. As famílias de crianças com necessidades educativas especiais. In:
César Coll, Álvaro Marchesi e Jesús Palácios. Desenvolvimento psicológico e
educação. Trad. Fatima Muranda. 2 ed. Porto Alegre: Artmed. 2004

QUADROS, Ronice Muller de; MASSUTTI, M; CODAS Brasileiro. Libras e Português


em zonas de contato. In: QUADROS, R.M., PERLIN, G. (Orgs). Estudos Surdos II.
Petrópolis. RJ. Arara Azul. 2007

SÁ, N.R.I. A educação dos surdos: a caminho do bilinguismo. Niterói: Eduff. 1999

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SILVA, Luciana Santana da. A relação família / escola na educação de jovens surdas
em uma escola estadual de Amargosa. 2011. 91f. TCC: UFRB. Amargosa

STROBEL, L. As imagens do outro sobre a cultura surda. 2 ed. Rev. Florianópolis. Ed.
da UFSC. 2009

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