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HISTÓRIA

QUESTÃO 01 QUESTÃO 02
Em A ética protestante e o espírito do capitalismo, O período que vai do final do século XIX aos primeiros
Weber começa investigando os princípios éticos anos do século XX, conhecido como Paz Armada, trouxe
que estão na base do capitalismo, constituindo o um alinhamento das grandes potências europeias em
que ele denomina o seu “espírito”. E tais princípios torno de alianças que pudessem proteger e garantir
são encontrados na teologia protestante, mais seus interesses comerciais, políticos e militares.
especificamente na teologia calvinista. A partir daí, Sobre a Paz Armada e a Primeira Guerra Mundial, é
formula sua hipótese básica de trabalho, segundo correto afirmar que
a qual a vivência espiritual da doutrina e da conduta
religiosa exigida pelo protestantismo teria organizado  todas as nações europeias adotaram o serviço militar
uma maneira de agir religiosa com afinidade à maneira obrigatório, ampliando sua força bélica.
de agir econômica, necessária para a realização de um  a indústria bélica aumentou consideravelmente os
lucro sistemático e racional. seus recursos, produzindo novas tecnologias para a
CATANI, Afrânio Mendes. O que é capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1980. guerra.
(Coleção Primeiros Passos).
 o rompimento da política de alianças entre as
Os princípios do capitalismo identificados por Weber na potências europeias provocou a eclosão da Primeira
conduta calvinista relacionam-se ao(a) Guerra Mundial.
 defesa da doutrina do preço justo, oriunda da  a Paz Armada foi consequência da derrota da
escolástica medieval. Alemanha no final da Primeira Guerra Mundial.
 busca do enriquecimento material como forma de  a ausência dos norte-americanos no conflito impediu
conquistar a salvação. o sucesso da política de alianças entre as potências
 cobrança sistemática dos dízimos e sua aplicação no imperialistas.
mercado financeiro.
 consumo de bens de consumo de luxo como sinal da
eleição divina.
 ênfase no trabalho e na poupança como formas de
glorificação a Deus.

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QUESTÃO 03 QUESTÃO 04
Quando Cristóvão Colombo atravessou o Oceano A queda da burguesia e a vitória do proletariado são
Atlântico em 1492, pensou que tinha chegado ao leste igualmente inevitáveis [...]. Os proletários nada têm a
da Ásia. Na realidade, ele tinha aberto aos europeus perder com ela, a não ser as próprias cadeias. E têm
um caminho a um novo continente, a América. Muitos um mundo a ganhar. Proletários de todos os países,
outros europeus, na maioria espanhóis, portugueses, uni-vos.
franceses e ingleses, seguiram o caminho de Colombo MARX, K. ENGELS, F. Manifesto Comunista, 1848. (adaptado)

para esse novo mundo. Esse trecho, extraído do Manifesto Comunista de Marx e
No contexto de colonização da América, pode-se afirmar Engels, foi escrito no contexto histórico marcado
que os ingleses  pelo acirramento das contradições políticas,
 fundaram a cidade de Plymouth e a colônia da econômicas e sociais decorrentes do processo
Baía de Massachusetts, na região chamada Nova conhecido como Revolução Industrial.
Inglaterra. Essas colônias eram incomuns, pois seus  pelos conflitos entre trabalhadores e patrões que
fundadores queriam liberdade para praticar suas começaram a pontuar os países capitalistas a partir
formas próprias de cristianismo, o que não podiam da ocorrência da Revolução Russa.
fazer na Europa.
 pela afirmação dos Estados Unidos como potência
 tinham como colônias mais importantes as que imperialista com interesses econômicos e políticos
ficavam na costa do Oceano Pacífico na América em várias regiões do planeta.
do Norte. Em 1607, mercadores da Companhia
 pelo confronto entre vassalos e suseranos, no
da Virgínia fundaram Jamestown, que se tornou
momento de ápice da crise do modo de produção
o primeiro assentamento inglês permanente na
feudal e de enfraquecimento da autoridade religiosa.
América do Norte.
 pelo incremento das contestações populares às
 colonizaram exclusivamente a América. A partir de
diretrizes políticas implantadas pelos regimes
1670, fundaram entrepostos comerciais no Canadá
autoritários que floresceram na Europa, na primeira
e diversos assentamentos em várias ilhas no mar do
metade do século XX.
Caribe, sendo a maior delas a Jamaica, tomada da
Espanha em 1655.
 colonizaram apenas Belize, na América Central, e
algumas colônias espalhadas por um território no
norte da América do Sul, que se uniram para formar
a Guiana Inglesa (atual Guiana), sempre utilizando o
plantation como método de exploração.
 utilizaram diferentes formas de colonização na
América, sendo que no norte do atual território
norte-americano fizeram uso da chamada colônia de
exploração, caracterizada pelo escravismo, e no sul,
a chamada colônia de povoamento, caracterizada
pelo uso da mão de obra livre.

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QUESTÃO 05 QUESTÃO 06
A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se A noção clara sobre o tempo nem sempre esteve
transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira presente na vida social cotidiana e, mesmo com o
lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, advento da Revolução Industrial, demorou até que
sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu os relógios se tornassem ferramentas acessíveis a
desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos todos. Nessa época, em muitas fábricas, os relógios
altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais eram adiantados de manhã e atrasados à noite. Nesse
a escravização do homem que seu poder. sentido, entende-se que a manipulação do tempo
DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. (adaptado)  tornou-se motivo para a legalização de horas extras.
Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços  acelerou a ascensão social dos trabalhadores.
tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução  foi a razão da maioria das mortes nas fábricas.
Industrial Inglesa e as características das cidades  prejudicou o lucro dos empregadores fabris.
industriais no início do século XIX?  foi usada para disfarçar abusos trabalhistas.
 A facilidade em se estabelecer relações lucrativas
transformava as cidades em espaços privilegiados
para a livre iniciativa, característica da nova
sociedade capitalista.
 O desenvolvimento de métodos de planejamento
urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial.
 A construção de núcleos urbanos integrados por
meios de transporte facilitava o deslocamento dos
trabalhadores das periferias até as fábricas.
 A grandiosidade dos prédios onde se localizavam
as fábricas revelava os avanços da engenharia e da
arquitetura do período, transformando as cidades em
locais de experimentação estética e artística.
 O alto nível de exploração dos trabalhadores
industriais ocasionava o surgimento de aglomerados
urbanos marcados por péssimas condições de
moradia, saúde e higiene.

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QUESTÃO 07 QUESTÃO 08
Em 1789, iniciava-se, na França, um dos eventos “Estas ruas são em geral tão estreitas que se pode
mais importantes e simbólicos da história mundial, saltar de uma janela para a da casa em frente, e os
a Revolução Francesa. Assinale a alternativa que edifícios apresentam por outro lado uma tal acumulação
indique uma fase da Revolução e suas principais de andares que a luz mal pode penetrar no pátio ou na
características, respectivamente. ruela que os separa. Nesta parte da cidade não há nem
 Assembleia Nacional Constituinte, período esgotos nem lavabos públicos [...] nas casas, e é por
republicano, onde em 4 de Julho de 1789 foi assinada isso que as imundícies, detritos ou excrementos de, pelo
a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão. menos, 50 000 pessoas são lançados todas as noites
 Constituição, período republicano, onde a maior nas valetas [...] que não só ferem a vista e o olfato,
parte do poder estava nas mãos da alta burguesia como, por outro lado, representam um perigo extremo
dos jacobinos. para a saúde dos habitantes. [...] Os alojamentos da
 Diretório, período republicano, marcado pela classe pobre são em geral muito sujos e aparentemente
estabilização da economia e poder dos girondinos. nunca são limpos [...] e compõem-se, na maior parte das
casas, de uma única sala [...] que muitas vezes é úmida
 Consulado, período do império e expansão por
e fica no subsolo, sempre mal mobiliada e perfeitamente
Napoleão Bonaparte, que institui o Código Civil
inabitável, a ponto de um monte de palha servir
Napoleônico.
frequentemente de cama para uma família inteira, cama
 Convenção Nacional, período republicano, onde onde se deitam, numa confusão revoltante, homens,
existiu a chamada fase do Terror jacobino, liderado mulheres, velhos e crianças.”
por Robespierre. The Artisan, 1843. In: ENGELS, Friedrich. A Situação da classe trabalhadora na Inglaterra.
Porto: Afrontamento, 1975. p. 69.

O artigo anterior, veiculado em um revista inglesa do


século XIX, revela a ótica do autor sobre as contradições
de vida dos
 camponeses que trabalhavam no interior das
propriedades burguesas logo após a realização dos
cercamentos das terras.
 trabalhadores artesãos que viviam na periferia das
cidades industriais, exercendo, com seus próprios
instrumentos, atividades em pequenas oficinas.
 operários e suas famílias, que viviam nas cidades
industriais a partir da Revolução Industrial.
 mendigos de Londres que viviam marginalizados na
sociedade porque não se adaptavam ao trabalho
disciplinado da fábrica.
 desempregados, já que não conseguiam pagar os
aluguéis das habitações sanitárias pelos industriais
para as famílias operárias.

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QUESTÃO 09 QUESTÃO 10
No mundo árabe, países governados há décadas por
regimes políticos centralizadores contabilizam metade
da população com menos de 30 anos; desses, 56%
têm acesso à internet. Sentindo-se sem perspectivas
de futuro e diante da estagnação da economia, esses
jovens incubam vírus sedentos por modernidade e
democracia. Em meados de dezembro, um tunisiano
de 26 anos, vendedor de frutas, põe fogo no próprio
corpo em protesto por trabalho, justiça e liberdade. Uma
série de manifestações eclode na Tunísia e, como uma
epidemia, o vírus libertário começa a se espalhar pelos
países vizinhos, derrubando em seguida o presidente
do Egito, Hosni Mubarak. Sites e redes sociais –
como o Facebook e o Twitter – ajudaram a mobilizar
manifestantes do norte da África a ilhas do Golfo Pérsico.
SEQUEIRA, C. D.; VILLAMÉA, L. A epidemia da Liberdade. Istoé Internacional.
2 mar. 2011. (adaptado)

Zappa
Considerando os movimentos políticos mencionados no
texto, o acesso à internet permitiu aos jovens árabes A charge faz alusão a uma importante transformação
 reforçar a atuação dos regimes políticos existentes. nas relações entre Estados Unidos e Cuba ocorrida em
 tomar conhecimento dos fatos sem se envolver. 2014. Trata-se da
 manter o distanciamento necessário à sua segurança.  retomada de relações diplomáticas entre Estados
 disseminar vírus capazes de destruir programas dos Unidos e Cuba.
computadores.  aproximação ideológica do governo de Cuba ao
 difundir ideias revolucionárias que mobilizaram a capitalismo dos Estados Unidos.
população.  penetração de empresas dos Estados Unidos nos
setores produtivos de Cuba.
 derrubada do modelo socialista de Cuba por
dissidentes apoiados pelos Estados Unidos.
 recuperação dos planos de cooperação bilateral
entre Estados Unidos e Cuba.

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QUESTÃO 11 QUESTÃO 12
Tocadas em 1 500 pelos homens de Pedro Álvares De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e
Cabral, as terras que hoje são brasileiras foram desde muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar,
então oficialmente incorporadas à Coroa portuguesa. muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos
Se haviam sido frequentadas antes, como sugere ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito
o Esmeraldo de situ orbis, e defendem alguns longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja
historiadores portugueses, disso não ficou maior ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro;
registro, e não há, pois, como fugir da data consagrada nem lho vimos. Porém, a terra em si é de muito bons
e recentemente celebrada – para o bem e para o mal – ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me
por brasileiros e portugueses. Descoberto oficialmente, parece que será salvar esta gente.
pois, em 1 500, sob o pontificado de Alexandre VI Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R.
História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.
Bórgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então,
nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o
dessa não existência. projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o
SOUZA, Laura de Mello e. O nome do Brasil. Revista de História. São Paulo, 2001. n. 145. relato enfatiza o objetivo de
p. 6186. Disponível em: <http://revhistoria.usp.br>. Acesso em: 7 jun. 2014. (adaptado)
 valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos
A chegada dos portugueses ao território que viria a ser nativos.
o Brasil insere-se em um contexto marcado na Europa
 descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade
pelo(a)
portuguesa.
 expansão feudal em busca de terras.  transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o
 ascensão do poder real. potencial econômico existente.
 declínio econômico burguês.  realçar a pobreza dos habitantes nativos para
 fortalecimento político da Igreja Católica. demarcar a superioridade europeia.
 desenvolvimento industrial-fabril.  criticar o modo de vida dos povos autóctones para
evidenciar a ausência de trabalho.

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QUESTÃO 13 QUESTÃO 14
Leia o texto: Os indígenas, munidos de instrumentos metálicos
entregues pelos europeus, incumbiam-se de cortar
“O papel das colônias era contribuir para a
as árvores, desbastá-las, retirar-lhes a casca, cerrar
autossuficiência da metrópole, transformando-se em
os troncos, em dois ou três segmentos, e carregar os
áreas reservadas de cada potência colonizadora, na
troncos aos ombros para as feitorias ou navios situados,
concorrência com as demais.”, segundo o historiador
por vezes, a distâncias da ordem das 15 a 20 léguas.
Boris Fausto em seu livro “História do Brasil”.
Dois baixos-relevos quinhentistas existentes em Ruão
FAUSTO, 1996, p. 55.
ilustram o processo, realizado por aborígenes, de abate,
É característica do pacto colonial o(a) preparação, transporte e embarque de pau-brasil nos
 protecionismo mercantilista. navios franceses.
COUTO, Jorge. A construção do Brasil: ameríndios, portugueses e africanos,
 abertura do comércio da colônia para outras do início do povoamento a finais de quinhentos. 3. ed.
metrópoles. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 311.

 ausência de representantes da Coroa nas colônias. Sobre a atividade aludida no texto, constata-se que a
 prática exclusiva da extração de metais.  atividade de extração de madeira combinou a
 prática exclusiva da extração de vegetais. utilização do trabalho do africano com o indígena,
mantendo padrões aceitáveis de convivência.
 aproximação entre indígenas e europeus, na
implantação de padrões coletivos de convivência,
transmitiu as técnicas dos nativos para os europeus.
 exploração de madeira de lei foi uma estratégia
europeia de aproximação amigável para com os
nativos, transmitindo técnicas civilizatórias europeias.
 empresa mercantilista se valeu da exploração da
mão de obra nativa para favorecer seus interesses
lucrativos, produzindo um tipo de barbarismo
ecológico.
 construção do modelo de colônia passa
necessariamente pela utilização dos ameríndios
como os primeiros colonos, já que estes eram
conhecedores da região.

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QUESTÃO 15 QUESTÃO 16
A experiência que tenho de lidar com aldeias de Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos
diversas nações me tem feito ver, que nunca índio fez deparamos com uma impressionante multidão que
grande confiança de branco e, se isto sucede com os dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o
que estão já civilizados, como não sucederá o mesmo Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular,
com esses que estão ainda brutos. exercício violento e pouco apropriado tanto para sua
NORONHA, M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan.1751. Apud CHAIM, M. M. Aldeamentos idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar
indígenas (Goiás: 1749-1811). São Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983. (adaptado)
na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania de interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades,
Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados,
atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do
que incentivava a criação de aldeamentos em função Amarante”.
 das constantes rebeliões indígenas contra os brancos Barbinais, Le Gentil. Noveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO, J. R.
As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000. (adaptado)
colonizadores, que ameaçavam a produção de ouro
nas regiões mineradoras. O viajante francês, ao descrever suas impressões
 da propagação de doenças originadas do contato sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717,
com os colonizadores, que dizimaram boa parte da demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como
população indígena. outras manifestações religiosas do Período Colonial, ela
 do empenho das ordens religiosas em proteger  seguia os preceitos advindos da hierarquia católica
o indígena da exploração, o que garantiu a sua romana.
supremacia na administração colonial.  demarcava a submissão do povo à autoridade
 da política racista da Coroa portuguesa, contrária à constituída.
miscigenação, que organizava a sociedade em uma  definia o pertencimento dos padres às camadas
hierarquia dominada pelos brancos. populares.
 da necessidade de controle dos brancos sobre a  afirmava um sentido comunitário de partilha da
população indígena, objetivando sua adaptação às devoção.
exigências do trabalho regular.  harmonizava as relações sociais entre escravos e
senhores.

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QUESTÃO 17 QUESTÃO 18
Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado Religiões no Brasil – 2007
porque padeceis em um modo muito semelhante o que
o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a 0,7%
1,7%
1,4%
sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, 4,3%

e a vossa em um engenho é de três. Também ali não 7,4%


faltaram as canas, porque duas vezes entraram na
Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio,
e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A 10,7%
Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte
foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e
os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo
sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, 73,8%
e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os
açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto
se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada
de paciência, também terá merecimento de martírio.
VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951. (adaptado)

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece Católica apostólica romana


uma relação entre a Paixão de Cristo e o(a) Assembleia de Deus e evangélicas pentecostais
 atividade dos comerciantes de açúcar nos portos Sem religião
brasileiros.
Batista e evangélica de missão
 função dos mestres de açúcar durante a safra de
cana. Espírita, umbanda e candomblé

 sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios. Testemunha de Jeová

 papel dos senhores na administração dos engenhos. Católica apostólica brasileira e outras religiões
 trabalho dos escravizados na produção de açúcar.
SMITH, D. Atlas da Situação Mundial. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007. (adaptado)

Uma explicação de caráter histórico para o percentual


da religião com maior número de adeptos declarados
no Brasil foi a existência, no passado colonial e
monárquico, da
 incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos
de outras religiões.
 incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera
pública.
 permissão para o funcionamento de igrejas não
cristãs.
 relação de integração entre Estado e Igreja.
 influência das religiões de origem africana.

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QUESTÃO 19 QUESTÃO 20
Após a abdicação de D. Pedro I, o Brasil atravessou "... todos os gêneros produzidos junto ao mar podiam
um período marcado por inúmeras crises: as diversas conduzir-se para a Europa facilmente e os do sertão,
forças políticas lutavam pelo poder e as reivindicações pelo contrário, nunca chegariam a portos onde os
populares eram por melhores condições de vida e embarcassem, ou, se chegassem, seria com despesas
pelo direito de participação na vida política do país. tais que aos lavradores não faria conta largá-los pelo
Os conflitos representavam também o protesto contra preço por que se vendessem os da Marinha. Estes foram
a centralização do governo. Nesse período, ocorreu os motivos de antepor a povoação da costa à do sertão."
também a expansão da cultura cafeeira e o surgimento Frei Gaspar da Madre de Deus, em 1797.

do poderoso grupo dos “barões do café”, para o qual era A leitura do fragmento nos permite inferir que no Período
fundamental a manutenção da escravidão e do tráfico Colonial brasileiro, o(a)
negreiro.
 existência de um mercado interno era favorecida
O contexto do Período Regencial foi marcado
pelas condições geográficas.
 por revoltas populares que reclamavam a volta da  colonização possuiu por muito tempo um caráter
monarquia. litorâneo.
 por várias crises e pela submissão das forças  especulação sobre o preço dos alimentos era uma
políticas ao poder central. prática comum.
 pela luta entre os principais grupos políticos que  sertão era economicamente mais importante do que
reivindicavam melhores condições de vida. o litoral.
 pelo governo dos chamados regentes, que  Brasil era um importante mercado consumidor da
promoveram a ascensão social dos “barões do café”. Europa.
 pela convulsão política e por novas realidades
econômicas que exigiam o reforço de velhas
realidades sociais.

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QUESTÃO 21 QUESTÃO 22
Iniciou-se em 1903 a introdução de obras de arte
com representações de bandeirantes no acervo do
Museu Paulista, mediante a aquisição de uma tela
que homenageava o sertanista que comandara a
destruição do Quilombo de Palmares. Essa aquisição,
viabilizada por verba estadual, foi simultânea à
emergência de uma interpretação histórica que
apontava o fenômeno do sertanismo paulista como
o elo decisivo entre a trajetória territorial do Brasil e
de São Paulo, concepção essa que se consolidaria
entre os historiadores ligados ao Instituto Histórico e
Geográfico de São Paulo ao longo das três primeiras
décadas do século XX.
MOREAUX, F. R. Proclamação da Independência.
MARINS, P. C. G. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a
tradição da retratística monárquica europeia. Revista do LEB, n. 44, fey. 2007. Disponível em: <www.tvbrasil.org.br>. Acesso em: 14 jun. 2010.

A prática governamental descrita no texto, com a escolha


dos temas das obras, tinha como propósito a construção
de uma memória que
 afirmava a centralidade de um estado na política do
país.
 resgatava a importância da resistência escrava na
história brasileira.
 evidenciava a importância da produção artística no
contexto regional.
 valorizava a saga histórica do povo na afirmação de
uma memória social.
 destacava a presença do indígena no desbravamento
do território colonial. FERREZ, M. D. Pedro II.
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II,


procuram transmitir determinadas representações
políticas acerca dos dois monarcas e seus contextos
de atuação. A ideia que cada imagem evoca é,
respectivamente,
 habilidade militar – riqueza pessoal.
 liderança popular – estabilidade política.
 instabilidade econômica – herança europeia.
 isolamento político – centralização do poder.
 nacionalismo exacerbado – inovação administrativa.

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QUESTÃO 23 QUESTÃO 24
Ninguém desconhece a necessidade que todos A escravidão não há de ser suprimida no Brasil
os fazendeiros têm de aumentar o número de seus por uma guerra servil, muito menos por insurreições
trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco, por
fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram uma guerra civil, como o foi nos Estados Unidos. Ela
alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução,
auxílio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se como aconteceu na França, sendo essa revolução obra
supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los exclusiva da população livre. É no Parlamento e não
ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e
hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a
é, à sua custa? causa da liberdade.
Resposta de Manuel Felizardo de Sousa e Mello, diretor geral das Terras NABUCO, J. O abolicionismo [1883]. Rio de Janeiro: Nova Fronteira;
Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida São Paulo: Publifolha, 2000. (adaptado)
privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1998. (adaptado)
No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político
O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no
Império refere-se às mudanças então em curso no Brasil, no qual
campo brasileiro, que confrontaram o Estado e a elite
 copiava o modelo haitiano de emancipação negra.
agrária em torno do objetivo de
 incentivava a conquista de alforrias por meio de
 fomentar ações públicas para ocupação das terras ações judiciais.
do interior.
 optava pela via legalista de libertação.
 adotar o regime assalariado para proteção da mão
 priorizava a negociação em torno das indenizações
de obra estrangeira.
aos senhores.
 definir uma política de subsídio governamental para
 antecipava a libertação paternalista dos cativos.
o fomento da imigração.
 regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para
sobrevivência das fazendas.
 financiar a fixação de famílias camponesas para
estímulo da agricultura de subsistência.

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QUESTÃO 25 QUESTÃO 26
De volta do Paraguai Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano
Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta
pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo
pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler
e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas
de que havia nascido livre. Autodidata, advogado sem
diploma, fez do direito o seu oficio e transformou-se,
em pouco tempo, em proeminente advogado da causa
abolicionista.
AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Revista de História. Anal, no 3.
Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004. (adaptado)

A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na


segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes
lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia
de Luiz Gama exemplifica a
 impossibilidade de ascensão social do negro forro
em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo
Cheio de glória, coberto de louros, depois de ter alfabetizado.
derramado seu sangue em defesa da pátria e libertado  extrema dificuldade de projeção dos intelectuais
um povo da escravidão, o voluntário volta ao seu país negros nesse contexto e a utilização do Direito como
natal para ver sua mãe amarrada a um tronco horrível canal de luta pela liberdade.
de realidade!...  rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão,
AGOSTINI. A vida fluminense, ano 3, n. 128, 11 jun. 1870. In: LEMOS, R. (Org.) que inviabilizava os mecanismos de ascensão social.
Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro.
Letras & Expressões, 2001. (adaptado)  possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo
Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de
parte dos “Voluntários da Pátria” que lutaram na Guerra pai português.
do Paraguai (1864-1870), evidenciada na  troca de favores entre um representante negro e
a elite agrária escravista que outorgara o direito
 negação da cidadania aos familiares cativos.
advocatício a ele.
 concessão de alforrias aos militares escravos.
 perseguição dos escravistas aos soldados negros.
 punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente.
 suspensão das indenizações aos proprietários
prejudicados.

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QUESTÃO 27 QUESTÃO 28
Substitui-se então uma história crítica, profunda, Após o retorno de uma viagem a Minas Gerais, onde
por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a Pedro I fora recebido com grande frieza, seus partidários
bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos prepararam uma série de manifestações a favor do
motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e imperador no Rio de Janeiro, armando fogueiras e
argentinos para a destruição da mais gloriosa república luminárias na cidade. Contudo, na noite de 11 de março,
que já se viu na América Latina, a do Paraguai. tiveram início os conflitos que ficaram conhecidos como
CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. a Noite das Garrafadas, durante os quais os “brasileiros”
São Paulo: Brasiliense, 1979. (adaptado)
apagavam as fogueiras “portuguesas” e atacavam as
O imperialismo inglês, “destruindo o Paraguai, casas iluminadas, sendo respondidos com cacos de
mantém o status quo na América Meridional, impedindo garrafas jogadas das janelas.
a ascensão do seu único Estado economicamente livre”. VAINFAS, R. (Org.). Dicionário do Brasil Imperial. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. (adaptado)
Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos
e não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se
alguma repercussão. caracterizaram pelo aumento da tensão política. Nesse
DORATIOTO, F. Maldita guerra: nova história da Guerra do Paraguai. sentido, a análise dos episódios descritos em Minas
São Paulo: Cia. das Letras, 2002. (adaptado) Gerais e no Rio de Janeiro revela
Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra  estímulos ao racismo.
que ambas estão refletindo sobre o(a)  apoio ao xenofobismo.
 carência de fontes para a pesquisa sobre os reais  críticas ao federalismo.
motivos dessa Guerra.  repúdio ao republicanismo.
 caráter positivista das diferentes versões sobre essa  questionamentos ao autoritarismo.
Guerra.
 resultado das intervenções britânicas nos cenários
de batalha.
 dificuldade de elaborar explicações convincentes
sobre os motivos dessa Guerra.
 nível de crueldade das ações do exército brasileiro e
argentino durante o conflito.

15
QUESTÃO 29 QUESTÃO 30
TEXTO I
Em todo o país a lei de 13 de maio de 1888
libertou poucos negros em relação à população de
cor. A maioria já havia conquistado a alforria antes de
1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto,
a importância histórica da lei de 1888 não pode ser
mensurada apenas em termos numéricos. O impacto
que a extinção da escravidão causou numa sociedade
constituída a partir da legitimidade da propriedade
sobre a pessoa não cabe em cifras.
ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil.
São Paulo: Cia. das Letras, 2009. (adaptado)

TEXTO II
Nos anos imediatamente anteriores à Abolição, SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos.
São Paulo: Cia. das Letras, 1998. (adaptado)
a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais
numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início
numerosos que antes, e com os africanos mais dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o
aculturados, certamente não se distinguiam muito Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico
facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres em que foram produzidas e os elementos simbólicos
habitantes da cidade. Também já não é razoável destacados, essas imagens representavam um
presumir que uma pessoa de cor seja provavelmente  jovem imaturo que agiria de forma irresponsável.
cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser  imperador adulto que governaria segundo as leis.
encontrados em toda parte.
CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na
 líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
Corte. São Paulo: Cia. das Letras, 1990. (adaptado)  soberano religioso que acataria a autoridade papal.
Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento  monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
destacado no Texto I que complementa os argumentos
apresentados no Texto II é o(a)
 variedade das estratégias de resistência dos cativos.
 controle jurídico exercido pelos proprietários.
 inovação social representada pela lei.
 ineficácia prática da libertação.
 significado político da Abolição.

16
QUESTÃO 31 QUESTÃO 32
Todo poder, toda autoridade reside nas mãos do Rei O trono real não é o trono de um homem, mas o
e não pode haver outra autoridade no Reino a não ser trono do próprio Deus. Três razões fazem ver que a
a que o Rei aí estabelece. Tudo que se encontra na monarquia hereditária é o melhor governo. A primeira
extensão de nossos Estados, de qualquer natureza que é que é o mais natural e se perpetua por si próprio. A
seja, nos pertence [...] os Reis são senhores absolutos segunda razão é que esse governo é o que interessa
e têm naturalmente a disposição plena e inteira de mais na conservação do Estado e dos poderes que o
todos os bens que são possuídos tanto pelas pessoas constituem: o príncipe, que trabalha para o seu Estado,
da Igreja como pelos seculares [...] Aquele que deu trabalha para seus filhos. A terceira razão retira-se da
Reis aos homens quis que os respeitassem como seus dignidade das casas reais.
lugares-tenentes, reservando apenas para si próprio o BOSSUET, Jacques-Bénigne. A política inspirada na Sagrada Escritura.
In: FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História.
direito de examinar sua conduta. Sua vontade é que Lisboa: Plátano,1977. (adaptado).
qualquer um nascido súdito obedeça sem discernimento; Nenhum homem recebeu da natureza o direito de
e esta lei tão expressa e tão universal não foi feita em comandar os outros. A liberdade é um presente do céu,
favor dos príncipes apenas, é salutar ao próprio povo ao e cada indivíduo da mesma espécie tem o direito de
qual é imposta. gozar dela logo que goze da razão. Toda autoridade (que
Luís XIV
não a paterna) vem duma outra origem, que não é a da
No fragmento acima, o soberano francês Luís XIV natureza. Examinando-a bem, sempre se fará remontar
apresenta sua concepção acerca do Estado absolutista. a uma dessas duas fontes: ou a força e violência daquele
Nele, pode-se observar uma ideologia utilizada para que dela se apoderou; ou o consentimento daqueles
justificar a origem do poder real, a saber que lhe são submetidos, por um contrato celebrado ou
 Doutrina dos Dois Gládios. suposto entre eles e a quem deferiram a autoridade.
DIDEROT, Denis. Autoridade política. In: FREITAS, Gustavo de.
 Teoria do Contrato Social. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1977.
 Doutrina das Três Ordens. A leitura comparativa dos textos nos permite inferir que o
 Teoria do Direito Divino.
 primeiro defende a natureza benéfica da monarquia
 Doutrina do Universalismo Pontifical. parlamentar.
 segundo opõe-se às teorias políticas liberais.
 primeiro estabelece uma crítica ao pensamento
escolástico.
 segundo defende princípios políticos contratualistas.
 primeiro celebra o pensamento republicano.

17
QUESTÃO 33 QUESTÃO 34
Para que não haja abuso, é preciso organizar as São verdades incontestáveis para nós: todos os
coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. homens nascem iguais; o Criador lhes conferiu certos
Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo direitos inalienáveis, entre os quais os de vida, o de
corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, liberdade e o de buscar a felicidade; para assegurar esses
exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de direitos, se constituíram homens-governo cujos poderes
executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes justos emanam do consentimento dos governados;
ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir
poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-
de forma independente para a efetivação da liberdade, la, instituindo um novo governo cujos princípios básicos
sendo que esta não existe se uma mesma pessoa ou e organização de poderes obedeçam às normas que
grupo exercer os referidos poderes concomitantemente. lhes pareçam mais próprias para promover a segurança
MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (adaptado) e a felicidade gerais.
Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América.
A divisão e a independência entre os poderes são
condições necessárias para que possa haver liberdade É somente na minha pessoa que reside o poder
em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo soberano... É somente de mim que os meus tribunais
político em que haja recebem a sua existência e a sua autoridade; [...] a
 exercício de tutela sobre atividades jurídicas e plenitude desta autoridade, que eles não exercem
senão em meu nome, permanece sempre em mim [...]; é
políticas.
unicamente a mim que pertence o poder legislativo [...];
 consagração do poder político pela autoridade
Toda ordem pública emana de mim...
religiosa.
Resposta do Rei Luís XV ao Parlamento de Paris, em 1766.
 concentração do poder nas mãos de elites
técnico-cientifícas. Com base na análise dos textos, pode-se afirmar que
 estabelecimento de limites aos atores públicos e às  apresentam visões complementares sobre a natureza
instituições do governo. do poder.
 reunião das funções de legislar, julgar e executar nas  representam concepções opostas sobre a origem do
mãos de um governante eleito. poder.
 marcam posições conciliadoras acerca do exercício
do poder.
 caracterizam regimes políticos autocráticos e
personalistas.
 afirmam o papel soberano do Estado e principal do
povo para o poder.

18
QUESTÃO 35 QUESTÃO 36
TEXTO I O poder do estado centralizado, com os seus órgãos
onipresentes: exército permanente, polícia, burocracia,
O Estado sou eu.
Frase atribuída a Luís XIV, Rei Sol, 1638-1715.
clero e magistratura – órgãos forjados segundo o plano
Disponível em: <http://portalprofessor.mec.gov.br>. Acesso em: 30 nov. 2011. de uma divisão do trabalho sistemática e hierárquica –
tem a sua origem nos tempos da monarquia absoluta,
TEXTO II
quando serviu a sociedade da classe média nascente,
A nação é anterior a tudo. Ela é a fonte de tudo. Sua como arma poderosa nas suas lutas contra o feudalismo.
vontade ANDERSON, Perry. Linhagens do estado absolutista.
é sempre legal; na verdade é a própria lei. Tradução de João Roberto Martins Filho. São Paulo: Brasiliense, 2004. p. 16.

SIEYÈS, E-J. O que é o Terceiro Estado. Apud. ELIAS, N. A respeito do fragmento, pode-se afirmar que o
Os alemães: a luta pelo poder e a evolução do habitus nos séculos XIX e XX.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.  Estado absolutista se desvinculou de qualquer
Os textos expressam alteração na relação entre relação mais profunda com a burguesia nascente, já
governantes e governados na Europa. Da frase atribuída que esta era socialmente desqualificada.
ao rei Luís XIV até o pronunciamento de Sieyès,  aparelho burocrático absolutista tinha a finalidade
representante das classes médias que integravam de conduzir a gestão pública dos tributos estatais,
o Terceiro Estado francês, infere-se uma mudança apoiando a ordem feudal.
decorrente da  órgão de poder absoluto passava pelo exercício do
poder moderador, exercido pelo rei e compartilhado
 ampliação dos poderes soberanos do rei, considerado
pelo parlamento.
guardião da tradição e protetor de seus súditos e do
Império.  modelo de nobreza real foi constituído a partir das
transformações da sociedade feudal, que colocava
 associação entre vontade popular e nação, composta
o rei como um importante representante da estrutura
por cidadãos que dividem uma mesma cultura
social.
nacional.
 estado centralizado se harmonizou com a estrutura
 reforma aristocrática, marcada pela adequação dos
absolutista de poder, rompendo com padrões
nobres aos valores modernos, tais como o princípio
políticos e sociais feudais.
do mérito.
 organização dos Estados centralizados, acompanhados
pelo aprofundamento da eficiência burocrática.
 crítica ao movimento revolucionário, tido como
ilegítimo em meio à ascensão popular conduzida
pelo ideário nacionalista.

19
QUESTÃO 37 QUESTÃO 38
Respeitar a diversidade de circunstâncias entre As Brigadas Internacionais foram unidades
as pequenas sociedades locais que constituem uma de combatentes formadas por voluntários de 53
mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das nacionalidades dispostos a lutar em defesa da
leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil
as cartas de cada povoação doadas pela assembleia cidadãos de várias partes do mundo – incluindo 40
provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento, brasileiros – tenham se incorporado a essas unidades.
alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas
administrar-se-ia de perto, governar-se-ia de longe, alvo contaram com membros socialistas, liberais e de outras
a que jamais se atingirá de outra sorte. correntes político-ideológicas.
BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937. (adaptado) SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n. 70, 2009. (fragmento)

O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em
Brasil, tinha como meta a implantação do curso na Europa na década de 1930. A perspectiva
 regime monárquico representativo. política comum que promoveu a mobilização descrita
 sistema educacional democrático. foi o(a)
 modelo territorial federalista.  crítica ao stalinismo.
 padrão político autoritário.  combate ao fascismo.
 poder oligárquico regional.  rejeição ao federalismo.
 apoio ao corporativismo.
 adesão ao anarquismo.

20
QUESTÃO 39 QUESTÃO 40
“Ninguém é mais do que eu partidário de uma
política exterior baseada na amizade íntima com os
Estados Unidos. A Doutrina Monroe impõe aos Estados
Unidos uma política externa que se começa a desenhar.
[…] Em tais condições a nossa diplomacia deve ser,
principalmente, feita em Washington [...]. Para mim a
Doutrina Monroe [...] significa que politicamente nós
nos desprendemos da Europa tão completamente e
definitivamente como a lua da terra.”
Adaptado de Joaquim Nabuco, citado por José Maria de Oliveira Silva,
“Manoel Bonfim e a ideologia do imperialismo na América Latina”,
em Revista de História, n. 138. São Paulo, jul. 1988, p.88.

Sobre o contexto ao qual o político e diplomata brasileiro


Joaquim Nabuco se refere, é possível afirmar que
 a Doutrina Monroe a qual Nabuco se refere,
estabelecida em 1823, tinha por base a ideia de “a
Texto do Cartaz: “Amor e não guerra”
América para os americanos”.
Foto de Jovens em protesto contra a Guerra do Vietnã.
Disponível em: <http://goldenyears66to69.blogspot.com>. Acesso em: 10 out. 2011.  Joaquim Nabuco, em sua atuação como embaixador,
antecipou a política imperialista americana para
Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra,
tornar o Brasil o “quintal” dos Estados Unidos.
movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra
a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento  ao declarar que a América estava tão distante da
de diferentes formas de participação política. Seus Europa “como a lua da terra”, Nabuco reforçava
slogans, tais como “Quando penso em revolução quero a necessidade imediata de o Brasil romper suas
fazer amor”, tornaram-se símbolos da agitação cultural relações diplomáticas com Portugal.
nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se ao(à)  o pensamento americano considerava legítimas as
intenções norte-americanas na América Central, bem
 contestação da crise econômica europeia, que fora
como o apoio às ditaduras na América do Sul, desde
provocada pela manutenção das guerras coloniais.
o século XIX.
 organização partidária da juventude comunista,
visando o estabelecimento da ditadura do  a Doutrina Monroe a que Nabuco se refere
proletariado. orientava o Destino Manifesto que evidenciava a
unidade entre americanos e latinos.
 unificação das noções de libertação social e libertação
individual, fornecendo um significado político ao uso
do corpo.
 defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à
reprodução, que era tomado como solução para os
conflitos sociais.
 reconhecimento da cultura das gerações passadas,
que conviveram com a emergência do rock e outras
mudanças nos costumes.

21
QUESTÃO 41 QUESTÃO 42
À medida que o africano se integrou à sociedade As origens da capoeira se perdem nas noites dos
brasileira tornou-se afro-brasileiro e, mais do que isso, tempos. Durante decênios, praticantes e estudiosos
brasileiro. Usamos o termo afro-brasileiro para indicar deram créditos a versões sem nenhum fundamento,
produtos das mestiçagens para os quais as principais como a de que o berço da capoeira era Palmares, e
matrizes são as africanas e as lusitanas, frequentemente que era a arma dos escravos fugitivos. Estudos atuais
com pitadas de elementos indígenas, sem ignorar que apontam a hipótese mais provável de que ela foi o
tais manifestações são, acima de tudo, brasileiras. somatório de diversas danças rituais, praticadas em
SOUZA, Marina de Mello e. África e Brasil africano. São Paulo: Ática, 2012. p. 132.
um amplo arco da África que abasteceu os navios
Refletindo sobre a construção da identidade cultural negreiros e que se encontram no ambiente específico
brasileira, é possível inferir que o(a) da escravidão brasileira. Registros documentários de
 africano, mesmo tendo papel relevante, fica à Angola, na era da escravidão, revelam práticas lúdicas
margem de uma influência decisiva na construção de e marciais tradicionais muito parecidas com a capoeira
nossa linguagem corporal. que chegou com os navios negreiros. Desta forma, a
 mosaico multiétnico formador da cultura brasileira capoeira seria um mosaico formado por diversas danças
e o povo brasileiro passam, necessariamente, pela africanas ancestrais, que se teriam amalgamado em
miscigenação entre lusos, indígenas e africanos. definitivo na terra americana.
FIGUEIREDO, Luciano (O rg.). História do Brasil para os ocupados. 1. ed.
 construção dos símbolos que integram nossa Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013. p. 75.
condição de brasileiro deixa prevalecer a identidade
Sobre as origens da capoeira, pode-se afirmar que é
lusa, que se combina aos elementos indígenas.
 modelagem do povo brasileiro está relacionada  impreciso estabelecer padrões afirmativos orientados
à nossa micro África, que nomeia e denomina os por exatidões históricas ou metodológicas, pois a
afro-brasileiros incondicionalmente a partir dos manifestação afro-brasileira está em construção.
quilombos.  resultado de um multiculturalismo étnico, que
 campo cultural África-Brasil faz prevalecer a identidade aproxima a Europa da África e revisita uma cultura
africana sobre as demais etnias formadoras de nosso em formação no Brasil.
povo, subjugando o patrimônio luso.  consequência de uma combinação de ritmos e
manifestações culturais africanas que se adaptaram
à realidade específica da escravidão no Brasil.
 importante, na gênese da referida manifestação,
salientarmos a influência angolana, pois os
documentos provam essas relações.
 fundamental constatarmos que essa manifestação
afro-brasileira está associada à cultura de resistência
fabricada nos quilombos.

22
QUESTÃO 43 QUESTÃO 44
De repente, uma variante trágica.
Aproxima-se a seca.
O sertanejo adivinha-a e prefixa-a graças ao ritmo
singular com que se desencadeia o flagelo.
Entretanto, não foge logo, abandonando a terra a
pouco e pouco invadida pelo limbo cadente que irradia
do Ceará.
Buckle, em página notável, assinala a anomalia
de não se afeiçoar nunca, o homem, às calamidades
naturais que o rodeiam. Nenhum povo tem mais pavor Laconte e seus filhos

aos terremotos que o peruano; e no Peru as crianças


ao nascerem têm o berço embalado pelas vibrações da
terra.
Mas o nosso sertanejo faz exceção à regra. A
seca não o apavora. É um complemento à sua vida
tormentosa, emoldurando-a em cenários tremendos.
Enfrenta-a estoico. Apesar das dolorosas tradições
que conhece através de um sem número de terríveis
episódios, alimenta a todo transe a esperança de uma
resistência impossível.
Os sertões, de Euclides da Cunha.

O texto não aborda apenas a seca em si, com seus


flagelos, mas a cultura do nordestino com ela, afirmando
 ser o nordestino, antes de tudo, um forte, um guerreiro
que muda a situação e seu contexto social, nunca
abandonando sua terra. Juízo final
 que, mesmo sabedor das condições advindas com a
A estátua “Laconte e seus filhos”, produto do Helenismo,
seca, o nordestino a enfrenta e nutre a esperança de
foi desenterrada em Roma, em 1506, e impressionou
vencê-la a todo custo.
Michelangelo (1475-1564), influenciando seu trabalho
 ser natural o temor e a fuga do local, pois não há artístico em “Juízo Final”. A influência da cultura clássica
como enfrentar a seca, condição maior que qualquer sobre os artistas renascentistas fica evidente na
ação do homem. comparação entre as duas obras de arte em questão,
 não haver solução para a seca por ser algo político, sobretudo pela
pois ela é a grande responsável pela manutenção do
 preocupação com os temas sobrenaturais e
poder das oligarquias.
religiosos.
 haver grande diferença entre o nordestino e o peruano,
 temática hedonista oriunda do cristianismo.
pois a seca pode ser resolvida, e os terremotos não.
 ênfase na postura hierática das figuras retratadas.
 ausência de perspectiva e da ideia de profundidade
nas pinturas.
 construção dos personagens de modo naturalista.

23
QUESTÃO 45 QUESTÃO 46
O toque dos sinos em Minas Gerais: patrimônio A recuperação da herança cultural africana deve
cultural do Brasil levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu
movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata,
A forma de expressão do toque dos sinos relaciona
portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu
sua dimensão estética à percepção sensorial e à sua
cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio
função comunicativa, onde a ocasião e a estrutura do
rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu
toque estão necessariamente associadas. A ocasião
movimento para melhor compreendê-lo historicamente.
determina o ritmo a ser impresso ao toque: em MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais.
celebrações festivas, ritmos acelerados; em ocasiões Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

fúnebres, ritmos mais lentos e solenes. Uma forte


Com base no texto, a análise de manifestações culturais
influência da matriz cultural africana se faz presente na
de origem africana, como a capoeira ou o candomblé,
forma como os sinos eram e são tocados.
deve considerar que elas
O toque dos sinos é expressão reveladora da
identidade das cidades inventariadas e da diversidade  permanecem como reprodução dos valores e
cultural brasileira. Seus habitantes se reconhecem e se costumes africanos.
distinguem daqueles de outras cidades, porque atribuem  perderam a relação com o seu passado histórico.
um significado particular ao toque dos sinos, ao repertório  derivam da interação entre valores africanos e a
dos toques, e ao som diferenciado de cada um dos sinos experiência histórica brasileira.
de bronze das torres das várias igrejas das suas cidades.  contribuem para o distanciamento cultural entre
Apenas uma parte da população em cada uma dessas negros e brancos no Brasil atual.
cidades reconhece as mensagens transmitidas pelos  demonstram a maior complexidade cultural dos
toques de sinos. Dessa parte, somente uma pequena africanos em relação aos europeus.
parcela é capaz de decifrar matizes nas mensagens. As
ocasiões em que mais se tocam sinos são justamente
as festas de santos – eventos que concedem espaço
largo à alegria, ao prazer, ao lúdico –, quando a função
comunicativa dos toques é menos relevante. Parte da
população aprecia simplesmente a beleza dos sons dos
sinos, misturados aos foguetes e ao som das bandas. O
toque dos sinos, da forma como ocorre nessas cidades,
é representativo de inúmeras peculiaridades, ele é
capaz de promover nosso reconhecimento como uma
comunidade imaginada, como brasileiros.
Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br>. Acesso em: 19 jun. 2019. (adaptado)

A leitura do fragmento permite inferir que o toque dos


sinos, em Minas Gerais,
 constitui um importante patrimônio material, pois os
sinos usados são de origem muito antiga.
 ainda tem uma função comunicativa de fácil
compreensão para a maioria da população local.
 possui uma longa tradição prática e simbólica na
história dos grupos sociais da região.
 promovia a disputa entre as cidades mineiras pela
atração de fiéis na época do Barroco.
 sofre uma padronização comercial devido ao
desenvolvimento do turismo cultural no local.

24
QUESTÃO 47 QUESTÃO 48
No final do século XIX, as Grandes Sociedades Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado
carnavalescas alcançaram ampla popularidade entre sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter
os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um podido escapar de todos os perigos que se apresentam
pretensioso objetivo em relação à comemoração em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros
carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria
enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los
abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar todos diante dos olhos quando querem empreender
água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a suas viagens.
população desde os tempos coloniais, substituindo-os por J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventareux. 1600. In: DELUMEAU, J.
História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009. (adaptado)
formas de diversão que consideravam mais civilizadas,
inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas
parecia disposto a abrir mão de suas diversões para da época moderna, expressa um sentimento de
assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na  gosto pela aventura.
visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir  fascínio pelo fantástico.
perfeitamente com os desfiles.  terror do desconhecido.
PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades
carnavalescas cariocas em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras  interesse pela natureza.
frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp Cecult, 2002. (adaptado)
 purgação dos pecados.
Manifestações culturais como o carnaval também têm
sua própria história, sendo constantemente reinventadas
ao longo do tempo. A atuação das Grandes Sociedades,
descrita no texto, mostra que o carnaval representava
um momento em que as
 distinções sociais eram deixadas de lado em nome
da celebração.
 aspirações cosmopolitas da elite impediam a
realização da festa fora dos clubes.
 liberdades individuais eram extintas pelas regras das
autoridades públicas.
 tradições populares se transformavam em matéria
de disputas sociais.
 perseguições policiais tinham caráter xenófobo por
repudiarem tradições estrangeiras.

25
QUESTÃO 49 QUESTÃO 50
Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e Em seu significado mais primitivo, a palavra
montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava patrimônio tem origem atrelada ao termo grego pater,
o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado que significa “pai” ou “paterno”. De tal forma, patrimônio
de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do veio a se relacionar com tudo aquilo que é deixado
Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta, pela figura do pai e transmitido para seus filhos. Com o
obteve repetidas vivas do povo, que concorreu alegre e passar do tempo, essa noção de repasse acabou sendo
admirado de tanta grandeza. estendida a um conjunto de bens materiais que estão
Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias intimamente relacionados com à identidade, à cultura ou
no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras.
São Paulo: Brasiliense, 1994. (adaptado) ao passado de uma coletividade.
Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Acerca da noção de patrimônio cultural, sabe-se que o(a)
Rei do Congo evidencia um processo de  governo assume o papel de preservar e determinar a
 exclusão social. construção da memória de uma sociedade.
 imposição religiosa.  conhecimento sobre o patrimônio abarca uma
preocupação em democratizar os saberes e fortalecer
 acomodação política.
a noção de cidadania.
 supressão simbólica.
 chamado patrimônio imaterial abrange construções,
 ressignificação cultural.
obeliscos, esculturas, acervos documentais e
museológicos, e outros itens das belas-artes.
 capacidade do patrimônio em reforçar o passado e
os valores comuns representa o interesse oficial do
Estado e as regras impostas pela cultura erudita.
 conceito de patrimônio material é tradicional e
histórico, e engloba regiões, paisagens, comidas e
bebidas típicas, danças, manifestações religiosas e
festividades tradicionais.

26
RESOLUÇÕES

Resolução 01 Resolução 09
Resposta correta: E Resposta correta: E
O calvinismo inaugurou uma tendência religiosa de glorificar A eclosão de revoltas no mundo árabe está relacionada a fato-
a Deus mediante as práticas piedosas e exemplares não só res socioeconômicos (inflação e desemprego) e políticos (falta
na vida eclesiástica, mas também na familiar e profissional, de de democracia e corrupção dos governantes). Nesses países
modo a confirmar a eleição divina para a salvação.
árabes, curiosamente, fatores como os altos índices de urba-
Resolução 02 nização (macrocefalia) favorecem os acessos às redes sociais a
Resposta correta: B despeito da baixa renda da população, o que dificulta o aces-
so a esses equipamentos.
Os anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial foram
caracterizados pela Paz Armada, ou seja, a formação de alian- Resolução 10
ças militares e a preparação de tropas e arsenais para intimidar
Resposta correta: A
o inimigo.
A mudança histórica em questão foi o anúncio, por parte do
Resolução 03 presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, do fim da rup-
Resposta correta: A tura diplomática entre os dois países, abrindo caminho para o
Grande parte dos ingleses que veio para a América era de futuro fim do embargo comercial que há décadas afeta a ilha
perseguidos religiosos (puritanos). Por conta disso, tinham a socialista.
intenção de permanecer na nova terra e fundar a Nova Ingla-
terra, onde teriam o direito de liberdade religiosa, adotando o Resolução 11
sistema de colônias de povoamento. Resposta correta: B
Resolução 04 O contexto da chegada lusa ao território americano estava re-
Resposta correta: A lacionado com a consolidação das monarquias nacionais ab-
solutistas.
O aprofundamento das tensões sociais, motivado pelo impac-
to socioeconômico da Revolução Industrial, superestimulou o Resolução 12
surgimento do pensamento socialista, considerado revolucio-
Resposta correta: A
nário para o século em questão.
O processo de conquista da América, especificamente do Bra-
Resolução 05 sil, tinha objetivos variados. Além do interesse por metais pre-
Resposta correta: E ciosos, não se pode esquecer da pretensão de expandir a fé
A Revolução Industrial Inglesa promoveu grandes transforma- cristã em nome da fé católica, do desejo de converter os povos
ções em relação à mão de obra nas formas de produção, que pagãos, como os nativos do Brasil, ao cristianismo por meio
acontecia com maior rapidez em relação ao período anterior, do discurso dos realizadores da chamada expansão marítima
com o surgimento de grandes cidades que não possuíam in- europeia. Isso fica explícito no trecho citado da carta famosa
fraestrutura, o que gerou graves problemas de moradia, saúde de Pero Vaz de Caminha.
e higiene, caracterizando as cidades no século XIX.
Resolução 13
Resolução 06
Resposta correta: A
Resposta correta: E
O protecionismo consistia em uma das principais práticas do
O tempo sempre foi manipulado, muito antes da invenção do
relógio, e durante a fase da Revolução Industrial foi arma de mercantilismo e expressava o tipo de acordo feito com o pacto
aumento das horas de trabalho dos operários. colonial: as colônias (os colonos que nelas habitavam e que a
faziam produzir riquezas) deveriam dar exclusividade comer-
Resolução 07 cial às metrópoles, que, por sua vez, davam-lhes condições de
Resposta correta: E trabalho e regularizavam a situação de exploração.
A questão exige do aluno conhecimento geral sobre a Revolu-
ção Francesa e suas diferenciadas fases. A Convenção Nacio-
Resolução 14
nal expressa a demarcação do regime republicano francês. A Resposta correta: D
fase do Terror foi inaugurada como arma política e deu início Durante o período Pré-Colonial, desenvolveu-se, com autori-
à fase mais violenta da Revolução. Robespierre foi uma das zação da Coroa portuguesa no Brasil, a extração de pau-brasil,
principais referências dessa fase. uma atividade nômade e predatória que não tinha a finalidade
Resolução 08 de promover o povoamento. A mão de obra indígena era ex-
Resposta correta: C plorada na prática conhecida como escambo (troca), na qual
os indígenas faziam o trabalho pesado, do corte e transporte
A fábrica atrai mão de obra, que forma os centros urbanos, a
da madeira, e em troca recebiam quinquilharias europeias, ob-
estrada de ferro como meio de transporte, levando a produção
e trazendo matéria-prima, e o cortiço indica as condições de jetos de pouco valor. Logo a Coroa portuguesa estabeleceu
vida dos operários que, sob a ótica de Engels, um dos funda- o estanco, ou seja, o monopólio do produto, como uma es-
dores do pensamento socialista, evidencia a precariedade, in- tratégia de garantir ganhos imediatos, já que a madeira era
salubridade, horas excessivas de trabalho e falta de condições explorada para alguns fins, entre eles a tinturaria de tecidos,
de higiene e assistência médica. pois liberava um corante vermelho, e a feitura de móveis.

27
RESOLUÇÕES

Resolução 15 Resolução 21
Resposta correta: E Resposta correta: A
A administração pombalina era marcada pela orientação ilu- O apoio financeiro dado pelo governo do Estado de São Paulo
minista, com reformismo moderado. Tinha a preocupação de para a montagem de parte do acervo do Museu Paulista de-
organizar a colonização, tentando acelerar o desenvolvimento monstra um esforço de construção de uma memória histórica
metropolitano. que ressaltava o papel dos bandeirantes, enquanto típicos re-
A questão religiosa era outro foco da sua administração, ra- presentantes míticos dos paulistas, na formação territorial do
cionalizando o uso do indígena para a adaptação ao trabalho, Brasil.
atendendo aos interesses da metrópole.
Resolução 22
Resolução 16 Resposta correta: B
Resposta correta: D A construção do Estado Brasileiro passou por momentos eter-
As manifestações religiosas no Brasil, durante seu processo nizados pelas obras de arte, na tentativa de justificar suas ideo-
de formação colonial, imperial e republicana, foram marcadas logias e argumentações.
pela ausência de controle romanizador da Igreja Católica. Como o período da Independência, o país passou por um
Geralmente as festividades conseguiram diluir a hierarquia so- processo político questionável, do ponto de vista moral, ético
cial e provocar uma temporária socialização popular. e social, e fez-se necessária a montagem de D. Pedro I com
Figuras tão distantes no âmbito econômico, como senhores o grande líder, defensor perpétuo da Nação. No caso de D.
e seus dependentes, aproximavam-se dentro da religiosidade Pedro II, a instabilidade regencial mostrou um medo de frag-
ausente de regras definidas, criando uma noção comunitária mentação nacional e que a imagem do imperador parecia ser
de manifestação de fé. a grande solução para o “caos”, associando seu governo com
o controle político.
Resolução 17
Resposta correta: E Resolução 23
Durante o Período Colonial, o negro, principal trabalhador Resposta correta: C
do sistema açucareiro, era visto como “animal falante”. Logo, Ante a decadência da escravidão, os setores latifundiários pas-
seu martírio no trabalho era comparado, por alguns, com o saram a estimular a vinda de imigrantes europeus, achando
de Cristo. Ao fazerem essas comparações, os padres jesuítas que esses eram “superiores” e capazes de trazer o progresso
procuravam minimizar o sofrimento dos escravizados. ao Brasil. De início, imperou o chamado regime da parceria,
em que os próprios fazendeiros traziam os imigrantes; como
Resolução 18 o regime não teve o êxito esperado (houve até revoltas dos
Resposta correta: D imigrantes), buscou-se estimular o sistema do colonato, em
Houve, historicamente, uma grande associação entre o estado que o governo tinha um papel de destaque na vinda dos imi-
e o catolicismo no Brasil. A expansão marítima portuguesa e a grantes. Essa questão de o governo participar ou não da vinda
conquista da América (Brasil) se fez dentro do ideário de ex- dos imigrantes foi alvo de debates nas instituições políticas do
pandir a fé cristã-católica. No Período Colonial, só era permiti- Império, como se percebe no texto.
da a fé católica, havendo perseguição a protestantes, judeus, e
crenças negras e indígenas. No Império (1422-1431), o estado
Resolução 24
era confessional, apresentando o catolicismo como religião Resposta correta: C
oficial. A república proclamada em 1889, criou um estado laico, O Brasil, ao lado de Cuba, foi o último país da América a aca-
embora tal liberdade ficasse mais franqueada a outras igrejas bar com a escravidão (no caso, com a Lei Áurea, de 1888). Nas
cristãs, visto que, por anos, houve perseguição às crenças afro- últimas décadas do século XIX, a abolição parecia inevitável.
-brasileiras. Tem-se, por exemplo, registro de batidas policiais Existiam, porém, vários projetos para o fim da escravidão. Ra-
em terreiros de candomblé nos anos de 1940. dicais defendiam processos revolucionários, tal como ocorrera
no Haiti, em 1791; proprietários eram contra, outros defen-
Resolução 19
diam a abolição com indenizações em virtude das “proprie-
Resposta correta: E dades” que perderiam; o movimento negro, ligado à classe
A Regência (1831-1840) foi caracterizada por várias revoltas, média, pensava na estratégia da compra das alforrias; no caso
questionando o centralismo imperial e a ordem social escravis- do texto de um dos mais importantes políticos do século XIX,
ta e latifundiária. Nesse momento, porém, a lavoura cafeeira já Joaquim Nabuco, fica claro que a abolição deveria ser uma
demonstra seu potencial econômico, dando lucros às elites do decisão legalista, via Parlamento, sem abalos profundos da or-
Sudeste (especialmente do Vale do Paraíba). Com isso, ante dem social.
o apoio desta elite cafeicultora e recursos do café, o governo
regencial conseguiu debelar as revoltas, manter a unidade ter- Resolução 25
ritorial, as estruturas da grande lavoura de exportação e a mão Resposta correta: A
de obra cativa. A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um dos fatos mais mar-
cantes do Brasil Império. A partir dela, o exército se fortale-
Resolução 20
ceu e passou a defender a abolição. Muitos dos soldados, os
Resposta correta: B chamados voluntários da pátria, eram cativos, adquiridos pelo
Por séculos, os colonizadores portugueses concentraram a governo com a promessa de alforria após o encerramento do
exploração econômica do Brasil na zona litorânea, sendo res- conflito. Com o fim da guerra, ocorreu uma contradição – os
tritas as tentativas de ocupação do interior da colônia pelos soldados negros estavam livres, mas seus parentes continua-
lusitanos. vam sob a opressão da escravidão.

28
RESOLUÇÕES

Resolução 26 das cidades, ligado ao subemprego ou, ainda, à criminalidade


Resposta correta: B e alguns outros migraram para a vida em antigos quilombos.
A lei Áurea não apresentou um caráter democrático quando Muitos ex-proprietários de escravos que, em certo momento
não contemplou reformas essenciais para a reintegração do apoiavam a monarquia, partiram para o republicanismo sem
ex-escravo em sociedade nem estimulou a construção de uma qualquer consciência política democrática, mas apenas como
legislação que implementasse um novo panorama social mar- uma tentativa de tirar vantagens e, ainda, aventurar alguma
cado por reforma educacional ou reforma agrária. possível indenização.
Assim, o escravizado deixou a senzala e, na grande maioria dos
Contudo, em grau de obviedade, a lei Áurea teve significativo
casos, partiu para a sobrevida em cortiços, na estrutura margi-
nal das cidades, ligado ao subemprego ou, ainda, à criminali- impacto político, impulsionando os ditames que conduziriam
dade; outros migraram para a vida em antigos quilombos. a república, registrando uma nova fase de nossa história social.
A presente questão trata da condição de ascensão de Luiz
Gama, um representante da comunidade afro-brasileira, que, Resolução 30
em meio a tantas contradições e dificuldades que marginali- Resposta correta: B
zavam o negro na transição do império para a república, fez,
Analisando a conjuntura do Segundo Reinado, constatamos
nesse contexto, uso do direito como instrumento de luta pela
liberdade. que, à medida que D. Pedro II amadurecia politicamente, na
condição de chefe de Estado, dava prosseguimento a obser-
Resolução 27 vância da Carta outorgada de 1824, que determinava quatro
Resposta correta: D poderes: executivo, legislativo, judiciário e o poder moderador,
Somos sabedores que a Guerra do Paraguai foi justificada por este último controlado pelo imperador, o qual deveria promo-
diferentes visões. ver a supervisão dos demais poderes. Contudo, não pode ser
Sob o ponto de vista tradicionalista, a guerra foi uma resposta visto como expressão clássica do Absolutismo, mas, na prática,
brasileira ao imperialismo paraguaio e ao mesmo tempo uma
sugeria uma tendência centralista. Portanto, o imperador exer-
reação eficaz do exército brasileiro.
Sob o olhar de alguns historiadores paraguaios, a guerra foi cia a governabilidade segundo as leis em questão.
apenas uma grande injustiça, cometida por potências sul-a-
Resolução 31
mericanas contra um pequeno país que buscava o desenvol-
vimento autônomo. Resposta correta: D
Um outra corrente esquerdista aponta que a guerra foi fruto A Teoria do Direito Divino dos Reis foi amplamente utilizada
exclusivo dos interesses imperialistas ingleses, que preten-
para justificar o poder dos soberanos europeus no Estado ab-
diam se sobrepor na região.
Diante de tantas correntes historiográficas que tentam dar ex- solutista moderno. De acordo com essa teoria, o poder do rei
plicação para o conflito podemos reconhecer os embates e não vem dos homens, mas do próprio Deus. Portanto, somen-
antagonismos na tentativa de se estabelecer explicações con- te a Deus o soberano teria de prestar conta de seus atos.
vincentes.
Resolução 32
Resolução 28
Resposta correta: D
Resposta correta: E
Enquanto o primeiro texto justifica a centralização política na
Estando no poder, no que tradicionalmente chamou-se Primei-
figura do monarca, o segundo estabelece a necessidade de
ro Reinado (1822-1831), Pedro I governou atravessando uma
crise econômica e vários embates políticos. Disso adveio um um consentimento entre o governo e os governados de onde
clima de grande instabilidade, como se percebe na dissolução emerge a noção de contratualismo.
da Assembleia Constituinte de 1823, na outorgação da Cons-
tituição de 1824, na repressão à Confederação do Equador, no Resolução 33
envolvimento do país na Guerra da Cisplatina, além de escân- Resposta correta: D
dalos de corrupção.
A ideia de Estado, em Montesquieu, quebra a ideologia ab-
Com um governo tão autoritário, o imperador tornou-se ex-
tremamente impopular, o que se agravou com a morte do jor- soluta do poder político moderno, por meio do qual o rei te-
nalista Líbero Badaró, crítico do governo, cujo assassinato não ria total autonomia de mando sobre o Estado. Para o filósofo,
foi devidamente explicado. Assim, ante os confrontos de ruas, deveria haver a tripartição do poder para haver maior justiça
que puseram em risco o sistema político, o imperador acabou social. Cada poder político seria autônomo e co-responsável
abdicando em 1831. pelo outro poder, impondo limites que garantiriam a não au-
Resolução 29 tocracia no Estado.
Resposta correta: E Resolução 34
A lei Áurea não apresentou um caráter plenamente democrá-
Resposta correta: B
tico, não contemplou reformas essenciais para a reintegração
do ex-escravo em sociedade, não estimulou a construção de O primeiro texto, fragmento extraído da Declaração de In-
uma legislação que implementasse um novo panorama social, dependência dos EUA, reflete os valores e o pensamento do
marcado por reforma educacional ou reforma agrária. liberalismo político; o segundo texto, parte de um pronun-
O escravo deixou a senzala e, na grande maioria dos casos, ciamento do rei francês Luís XV ao Parlamento, oferece um
este partiu para a sobrevida em cortiço, na estrutura marginal recorte do pensamento dos regimes absolutistas europeus.

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RESOLUÇÕES

Resolução 35 Resolução 41
Resposta correta: B Resposta correta: B
No primeiro texto, a frase atribuída ao rei Luís XIV remete aos De acordo com o texto, a identidade cultural brasileira está
Estados absolutistas europeus, que floresceram entre os sécu- associada à expressão do mosaico multiétnico e artístico que
los XVI e XVIII. No segundo texto, de autoria do abade Sieyès, caracteriza a formação brasileira e a brasilidade.
clérigo que participou ativamente do processo revolucionário
francês, a ideia exposta é a da associação entre a vontade po- Resolução 42
pular e o conceito de nação, o que contrasta com o primeiro Resposta correta: C
texto.
A influência da cultura africana no Brasil promoveu a composi-
Resolução 36 ção das bases para a identidade brasileira, juntamente com a
Resposta correta: E cultura indígena e europeia. Compreende-se a capoeira como
consequência de uma combinação de ritmos e manifestações
O Estado absolutista foi resultado da desagregação de prá-
ticas feudais no decorrer da Baixa Idade Média, em meio à culturais africanas que se adaptaram à realidade específica da
decadência dos senhores feudais e nascimento de uma nova escravidão no Brasil, não se prendendo basicamente a deter-
classe social, a burguesia. Figurou como um importante mo- minados padrões de ataque ou de defesa nas senzalas ou qui-
mento de transição do feudalismo para o mercantilismo, sím- lombos.
bolo da Modernidade.
Resolução 43
Resolução 37 Resposta correta: B
Resposta correta: C O texto de Euclides da Cunha discorre sobre a condição da
A tendência apresentada pelo discurso do autor maca o seu seca e sobre a forma como o nordestino a enfrenta, mesmo
desejo frente à implementação de um padrão de autonomia sabendo dos seus flagelos e da impossibilidade perene de sua
para com as províncias, o que poderia conduzir a uma reflexão vitória, haja vista que as ajudas governamentais são sempre
sobre a antecipação do modelo federalista. nulas ou insuficientes. Se o clima não muda, se a chuva não
Resolução 38 aparece, a desgraça é fato e o sertanejo tem que abandonar
terras e pertences para tentar sobreviver, mesmo ficando claro
Resposta correta: B
no texto a proeminente força e resistência do nordestino.
Os anos 1930 foram conturbados na Europa ante as disputas
entre extrema esquerda (socialistas) e extrema direita (nazifa- Resolução 44
cistas). Em 1936, uma frente de esquerda (republicanos) foi elei- Resposta correta: E
ta para assumir o governo da Espanha. Diante disso, grupos
A produção artística renascentista apresentou, entre várias ca-
conservadores (igreja, latifundiários) liderados pelo general
racterísticas, o naturalismo, reflexo de uma nova mentalidade
Francisco Franco (os nacionalistas/falangistas/fascistas) tentam
um golpe de Estado. O governo republicano, porém, resiste, em efervescência na sociedade da época.
e a Espanha mergulha em uma Guerra Civil (1936-1939). Ante Resolução 45
à possibilidade de mais um país tornar-se fascista, milhares de
Resposta correta: C
voluntários formaram brigadas internacionais, indo à Espanha
defender o governo republicano. A Guerra Civil foi vencida por O toque dos sinos em Minas Gerais configura-se como um pa-
Franco, que governou até 1975. trimônio imaterial, cuja história tem profunda relação com as
complexas e ricas formas de sociabilidade desenvolvidas entre
Resolução 39 os habitantes da região mineradora entre os séculos XVII e XIX.
Resposta correta: C
A consciência dos jovens após a II Guerra Mundial passa a Resolução 46
ser maior, em especial quando os movimentos da Guerra Fria Resposta correta: C
passaram a “matar” jovens que defendiam os Estados “sem Para o Brasil, dentro da chamada escravidão Atlântica, vieram
razão”. cerca de 5 milhões de africanos, sendo óbvia, assim, a con-
O cartaz exposto expressa movimentos ligados, à época, aos tribuição étnica e cultural afro na formação do país. Tais con-
hippies, em que “Faça amor não faça guerra” era o ícone da tribuições, porém não são estáticas, sofrendo o dinamismo
contestação e da revolução sexual da década de 60 e 70. Os
inerente à cultura e sua ressignificação. Portanto, manifesta-
jovens ligavam a revolta com os movimentos de guerra à defe-
ções como capoeira e candomblé não podem ser vistas ape-
sa da liberdade do corpo.
nas como heranças africanas, mas também como elementos a
Resolução 40 serem compreendidos dentro do processo histórico brasileiro.
Resposta correta: A
Resolução 47
A questão aborda uma ideia básica acerca da política externa
Resposta correta: D
dos Estados Unidos, na época do Presidente James Monroe,
momento das independências na América Latina, sob cobiça As hierarquizações sociais na transição do séc. XIX para o séc.
do imperialismo inglês, sintetizada na celebre frase. Deno- XX, no que concerne ao enquadramento das práticas cultu-
minada “monroísmo”, foi considerada como uma ideologia rais, demonstra a tentativa das elites de sobrepor seus valo-
pan-americana, porém com uma visão diferente daquela pro- res às massas. A questão está abordando a tentativa de elitizar
pugnada por Simon Bolívar. as práticas carnavalescas.

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RESOLUÇÕES

Resolução 48
Resposta correta: C
O texto apresenta uma máxima que se utilizava na Era das
Grandes Navegações: o medo do desconhecido. A falta de
conhecimento aliada às fantásticas histórias, principalmente
da literatura árabe, e aos conceitos do mundo medieval, pro-
moviam um sentimento de medo aos navegadores da época.
Resolução 49
Resposta correta: E
Os elementos culturais são dinâmicos, sofrendo alterações em
suas características e significâncias ao longo da história. No
Período Colonial, festas como a Coroação do Rei do Congo,
além de expressarem a religiosidade daquela sociedade, cons-
tituíam-se como uma estratégia de resistência à escravidão e
ao racismo. Atualmente, a referida festa denota o sentido de
afirmação de uma identidade afro-brasileira. Assim, fica evi-
dente a ressignificação cultural do rei dos congos.
Resolução 50
Resposta correta: B
Não raro, todas as vezes ao se fazer um passeio turístico,
tem-se a oportunidade de contemplar e refletir mediante aos
objetos e manifestações que formam o patrimônio do lugar
que é visitado. Nesse sentido, a observação dos patrimônios
abre caminho para que se tenha a oportunidade de se reco-
nhecer e reconhecer os outros em elementos que preservam a
memória e representam características da coletividade.

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