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Quando não teve êxito antes então tenta com o
sequestro.

Era um dia como qualquer outro quando este tigre


russo siberiano conhece a mulher que quer.

Um sequestro acidental? Comprovado. Um


matrimônio forçado? Comprovado.

Uma noiva virgem? Maldita seja. Aí se vão seus


planos para a sedução e aqui vem a pressão de fazer
com que sua primeira vez seja memorável.

Porque todo mundo sabe que é o momento que ela


recordará, para sempre. Raw!
Acrescenta um acidente aéreo, assim como caçadores
os sequestrando e o calor está assegurado.

Pode este hábil mafioso russo enfrentar esse desafio?


í

Dmitri

Quantos problema ele teria se sequestrasse a noiva antes


da cerimônia do casamento?

Provavelmente mais do que Meena valia, apesar de seus


formidáveis genes, por isso que Dmitri se sentou em uma
cadeira na última fila na área da recepção, ao ar livre em vez
de planejar um grande sequestro.

E, não, seu ar de desgosto não significava que estivesse de


mau humor. Tinha pena de Meena por fazer a escolha
errada. Claramente, ele teria sido um melhor marido. Os
fatos, e não sua arrogância, o faziam estar tão seguro.

Infelizmente, Meena não entendia sua grandeza. Ela tinha


rejeitado sua proposta de casamento, para sua surpresa e
não que ele aceitasse, um não como resposta. Logo que ele
pôs os olhos em seus esplêndidos quadris feitos para ter
grandes e fortes filhotes, ele queria começar com ela sua
dinastia de tigons1.

Era necessário esclarecer que não quis dizer Tigrões, como


sua irmã brincou, a propósito, quando ouviu seu plano.
Tigons1 era seu objetivo, uma mistura de tigre/leão, uma
mistura formidável, dando origem a força, tamanho e um
pelo fabuloso. No entanto, para criar esta maravilhosa
mistura híbrida, era preciso o casal perfeito. Como um tigre
1
1 É o produto do cruzamento entre um tigre e uma leoa, gera um híbrido.
siberiano macho com uma esplêndida saúde, de excelente
linhagem, estatura física, pelagem exuberante, e que
possuía um grande porte. Acrescente seus excelentes genes
aos de uma leoa robusta e ele teria super bebês.

Ou pelo menos ele teria conseguido se outro homem não


tivesse lhe roubado Meena. O fato dela não estar tão feliz
com seu plano, não importava, e antes de conseguir um anel
em seu dedo, ela fugiu, a fechadura nas portas, as grades
janelas, e a localização remota, provou não ser um
obstáculo. Claro que tinha notado a sua resistência. No
entanto, mais cedo ou mais tarde ela veria a razão. Quem
não iria querer alguém como ele? Sua mãe dizia que era
perfeito, sua avó que era o orgulho de sua linhagem. E sua
irmã? Quem se importava com o que ela pensava?

Mas não, Meena teve que mostrar a sua teimosia e o


rejeitar, escolhendo um Ligre Ômega. Vergonha. Decepção.
Alivio, por não ser ele a ter que lidar com a fêmea teimosa.

De certa forma, Meena tinha lhe feito um favor. Quanto


mais olhava as suas palhaçadas, mais percebia que não
teriam combinado. Absolutamente.

Por um lado, Dmitri preferia a suas mulheres dóceis. Já


tinha mulheres suficientes tentando controlar sua vida,
começando por sua mãe - "Você não vai usar isso, certo?
Aqui, vou escolher algo mais apropriado. Afinal, temos
uma imagem a manter, perante as classes inferiores".
Zarina, sua mãe, com certeza sofria sob as ilusões da
grandeza de um passado onde sua família reinou.

Em seguida vinham sua irmã e sua avó, ambas com muitas


opiniões sobre uma esposa adequada para um homem, um
senhor da máfia russa, mas ainda assim alguém de
importância. Enquanto a população em geral, pelo menos a
humana, não reconhecia a sua superioridade e domínio, os
que eram do mundo shifters, na Mãe Rússia, o reconheciam
pelo o que e quem era. Um homem de grande poder, que
ninguém devia foder.

Meena se atreveu a irrita-lo. Desafiou. Escapou e daqui a


pouco, ia se tornar problema de outro macho. Era o certo,
seu felino interior deu um suspiro de alívio?

Quanto a ele, estava de novo solteiro. Sem esposa, sem


perspectivas. Não...

Estamos diante de algo delicioso.

Na verdade, algo delicioso passou na sua frente, com


quadris largos, pernas muito longas, e um perfume que o fez
querer derruba-la de costas e levantar suas pernas no ar,
para poder desfrutar de um bom balanço. Estava
praticamente babando da forma feminina e bonita que
chamou sua atenção. Como era seu rosto? Se parecia com
Meena, mas não era ela.

O que é isto? Será que Meena com sua genética perfeita


tinha uma irmã? Solteira? Ele teria tanta sorte?

Um murmúrio começou na multidão, e ele pegou a frase,


repetida mais de uma vez pelas pessoas presente:

—Aí vem o problema.

Certamente eles não estavam falando da deusa que ele


atualmente estava despindo com os olhos.

Fascinado, não conseguia parar de olhar para a loira


escultural, enquanto caminhava com graça pelo corredor,
cabeça erguida, pescoço muito tentador, balançando os
quadris. A imagem da elegância. Pelo menos foi até seu
salto ficar preso em uma ruga do tapete vermelho, gritou
enquanto saia voando.

Quase saiu voando de seu assento para salvá-la, mas muitas


mãos já estavam ajudando ela a recuperar o equilíbrio.
Tentar ajudar agora só traria muita atenção indevida.

Devemos esconder nosso interesse, não podemos deixar


que as pessoas percebam.

Manter em segredo o seu fascínio seria difícil, já que não


conseguia tirar os olhos da mulher. Ela o atraía.

Quero ela. Não foi apenas seu tigre que sentiu o impulso de
se esfregar contra a criatura deliciosa.

Colocou as engrenagens de sua mente em movimento para


criar um plano. Talvez esta viajem para os Estados Unidos
não seria inútil depois de tudo.

Não prestou atenção, quando momentos mais tarde, sua ex-


prometida passou de braços dados com seu pai. Quem se
importava? Certamente, ele não. Engraçado como Meena
em seu vestido branco, não despertou seu interesse, nem
uma só olhada, entretanto tinha memorizado cada polegada
da mulher desconhecida. A semelhança com sua ex-
prometida era surpreendente, e ao mesmo tempo, notou as
diferenças. Por um lado, a maneira de se mover. O objeto de
seu interesse parecia de alguma forma frágil o que
contrastava com sua incrível estatura.

Mal havia acabado a cerimônia e Dmitri já estava à espreita,


movendo-se com um firme propósito para sua futura
esposa, ele sempre foi um homem de decisões rápidas, até
um homem corpulento se interpor em seu caminho.
Sendo que não era nada pequeno, Dmitri não deu
importância ao olhar feroz do homem. Ao contrário, ergueu
sua cabeça em um ângulo imperioso, ensinado desde cedo
por sua mãe, que insistia que os senhores deviam olhar o
mundo de cima, mesmo que o mundo fosse mais alto.
Dmitri arqueou uma sobrancelha e, com uma arrogância
que só o grande poder pode conseguir, e disse.

—Você está no meu caminho.- A ordem tácita em suas


palavras era uma sentença, —Saia antes que eu te tire do
meu caminho.

Exceto, que aparentemente, o grandalhão não pegou a


intimidação, provavelmente porque ele é uma boa dose
também. O pai da Meena não era de se curvar a ninguém,
apesar de seu status de trabalhador.

—Que diabos você está fazendo olhando para a minha filha?

—Não é o privilégio de um namorado abandonado lamentar


a perda de uma grande mulher?

Peter, a quem tinha conhecido na noite anterior, com vodca


e os punhos. Bufou.

—OH, por favor, nos dois sabemos que você não estava
apaixonado pela minha Meena.

—Planejava me casar com ela.

—Para fazer super bebês. Eu sei. Nós todos sabemos. E você


a perdeu. Mas você sabe que eu estava falando da minha
outra filha. Teena. Você estava olhando para ela como se
fosse um bife recém cortado, pedindo para ser comido. E
aviso que pare agora.
Teena. Agora tinha um nome. Também tinha recebido uma
ameaça. O dia ficava mais brilhante a cada momento.

—Sua filha, Teena, ela é solteira?

Um grunhido baixo retumbou de Peter.

—Não importa se ela é ou não. Fique longe dela. Ela não é


como sua irmã. Ela é frágil.

E desajeitada, considerando que ela conseguiu virar e bater


com seu traseiro em um garçom com uma bandeja de
bebidas. Pelo menos os copos que caíram estavam com
vinho branco, o que significava uma mancha de umidade e
não de outra cor.

—O que te faz pensar que eu a trataria com menos do que a


maior cortesia?

—Eu posso ver sua mente tortuosa se agitando. Você não


conseguiu uma filha, então agora vai atrás da outra. Ouça
criança, eu não sei como funciona na Rússia, mas aqui no
bom e tradicional Estados Unidos da América, não
perseguimos as mulheres e forçamos o casamento. Goste ou
não, há algo que se chama liberdade feminina que significa
que elas têm a opção de escolher com quem vão passar sua
vida.
—Então se eu der uma escolha a ela, você aceitaria o meu
pedido?

—Não.

—Por que não? Eu sou rico. Bem educado. Asseguro que


não sou mulherengo. E levaria muito a sério os votos.
Então, vou perguntar de novo, por que não?
Essa pergunta fez suas sobrancelhas se juntassem.

—Não me foda, rapaz. E não foda com minha filha. Teena é


muito inocente para enfrentar um cara como você.

—Inocente?- Que presente delicioso. Sua determinação de


possui-la só cresceu, apesar das objeções de seu pai.

—Acho que a decisão deveria ser da sua filha.

—E eu te digo agora, que não vou ficar quieto enquanto


persegue Teena como você fez com Meena.

Dmitri apertou os lábios e rosnou.

—O termo “perseguir” é muito duro, não acha? Sua filha


concordou com nosso compromisso. Não é minha culpa se
ela desistiu depois.

Peter revirou os olhos.

—Todos os russos são tão arrogantes e estúpidos? Ela nunca


concordou. Você a sequestrou. Agora escute seu idiota
cabeça de mula, porque não vou te avisar de novo. Fique
longe de Teena. A única razão pela qual ainda está vivo é
porque prometi ao alfa do bando não começar um incidente
diplomático. Mas me dê apenas um motivo e nós faremos
uma visita aos bosques. E quando fizermos, só um de nós
vai voltar vivo.
Não sendo alguém que se encolhe de medo quando é
ameaçado, Dmitri esticou os lábios no que seus inimigos
diziam ser como seu sorriso assustador.
—Me avise quando quiser visitar o bosque, mas antes, talvez
seja melhor já se despedir de sua família. Tenho certeza de
que irão sentir sua falta.

A confiança, era a melhor amiga de Dmitri desde sua


infância.

Sua resposta surpreendeu ao homem mais velho, que soltou


uma gargalhada.

—Inferno, você tem bolas, garoto. Admito que em outras


circunstâncias, talvez, poderia ter deixado que cortejasse
minha menina. No entanto, não há nenhuma maneira que
vá permitir que minha delicada gatinha case com um
estrangeiro e vá para longe.

Dmitri tomou essas palavras como uma aceitação parcial do


seu pedido, um pedido que não repetiu em voz alta. Pois
não havia necessidade de alertar aqueles que se opunham a
seus planos.

E ele realmente tinha planos, sedutores, infames...


Independentemente de como as pessoas o chamassem, ele
não tinha intenção de não colocar em prática, a menos que
certa dama estivesse com ele.

Pronta ou não.

Rawr!
í
Teena

Um olhar fixo queimava entre suas omoplatas. Um


formigamento despertou sua curiosidade felina. Fez com
que Teena quisesse virar e olhar. No entanto, sabia que
seria estranho se fizesse. Afinal de contas, ela era, depois de
tudo, uma dama de honra exemplar.

Ainda assim, queria realmente saber quem diabos a olhava


com tanta atenção.

Sentiu o peso de seu olhar quase instantaneamente


enquanto caminhava pelo corredor. O mais estranho, era a
consciência de que alguém a observava com avidez não a
assustava. Pelo contrário, despertou seu interesse, um calor
fundido que disparou por suas veias aquecendo todos seus
sentidos.

Estava hiper consciente, atribuiu isso a sua viagem pouco


graciosa, e aos murmúrios, que não a impediam de entender
o que diziam: "Aí vem o problema."

Estavam certos em sua avaliação. Teena sem dúvida provou


uma e outra vez que era um ímã para eles, especialmente
quando era o centro das atenções, como agora.

O tapete vermelho, colocado sobre o gramado bem cuidado,


tinha uma pequena ruga e, junto com seus sapatos de salto
alto, conspirou contra ela.

Se uma leoa cai em um casamento, todo mundo escuta e


comenta.
—Oooh,- proferiu a multidão que a olhava. O barulho
quando ela bateu. Seguindo, pelo gemido de pânico de sua
tia.

—Alguém a levante, ela está esmagando o pobre tio George.

Ele não foi o único a parar sua queda.

Uhull, olhem, consegui derrubar três convidados do


casamento de uma só vez.

Com as bochechas vermelhas, um hábito que não tinha


conseguido evitar ao longo dos anos, apesar de seus muitos
contratempos, tinha conseguido ficar de pé, graças aos que
a ajudaram. Esqueça de tentar dar um passo com seus
saltos. Cambaleando precariamente, com o rosto vermelho
que sem dúvida rivalizava com a de um tomate maduro,
tirou os sapatos de salto e, com eles pendurando em seus
dedos, terminou de forma pouco elegante sua caminhada
pelo tapete do corredor.

Quando chegou a frente dos convidados presentes, no seu


lugar de dama de honra, teve a oportunidade de explorar a
multidão. Precisou apenas de um momento para descobrir o
culpado por trás do olhar. Pertencia a um homem que
estava no fundo, elegantemente vestido com um terno cinza
escuro que se ajustava perfeitamente em seus ombros
largos. Suas longas pernas estavam estendidas ao lado, com
os pés pendurando no corredor. Um homem alto. Um
macho sensual e atraente, com o cabelo preto, com um
toque de vermelho e ouro, com os olhos fixos nela.

Seu estomago revirou, desta vez o corar de se rosto não


tinha nada a ver com vergonha.
Ele está nos admirando. Sua leoa interior desfilou ante o
evidente elogio visual.

Teena queria se encolher. Era óbvio que o mais bonito dos


homens viu ela tropeçar? Por outro lado, ela estava
realmente surpresa. Seu histórico com os homens não era
muito bom, e sua propensão a problemas não ajudava. Para
uma garota que acreditava em felizes para sempre, parecia
conhecer um grande número de cero2 em lugar de heróis.

Mas hey, se Meena pode encontrar um homem, eu também


posso.

Sua irmã gêmea, com sua natureza corajosa e suas maneiras


menos femininas, tinha sido escolhida na escola secundária
como aquela que provavelmente acabaria em uma ilha
deserta ou morta por uma de suas vítimas.

No entanto, Meena tinha encontrado seu companheiro,


bonito e com um lado romântico, que planejou um
casamento surpresa, que Teena assistia agora. Um
casamento surpresa que incluía um belo noivo.

Desde que não conhecia o estranho, achou que seu porte


aristocrático parecia fora do lugar, Teena percebeu que
nesse caso, esse devia ser “o homem”. Não era à toa que a
olhava com tanto interesse.

Então esse é o famoso Dmitri.

Ele é quente. E está me olhando.

2
Se refere a um trocadilho indicando que se encontra com zero (cero) heróis em vez de com
verdadeiros heróis. Ao traduzir se perde parte da graça.
Não precisava ser um gênio, uma vez que ligou os pontos,
entendeu o porquê de seu interesse. Não conseguiu uma
irmã, então focou seu interesse na outra.

Uma pena que não a tivesse visto primeiro. Teena teria


gostado de ter sido objeto da atenção ardente deste homem,
mesmo depois da explicação de Meena, que tinha gritado os
detalhes de que seu interesse se centrava ao redor dos
quadris para o parto, o que não era normal.

No início, talvez o quente macho russo a escolheria por seus


genes, mas no final, Teena teria feito que ele a amasse. Ou o
mataria acidentalmente enquanto tentava.

Quando a cerimonia terminou, Teena notou, com a


respiração suspensa, que se dirigia diretamente para ela, em
linha reta sendo interrompido por um pai muito super
protetor.

Suspirou.

Ali acabava qualquer fantasia de que este tipo, Dmitri, se


jogasse a seus pés e a tentasse convencer de que o aceitasse
como seu homem.

Era uma pena. Mesmo sendo sua segunda opção, Teena


poderia ter realizado um pouco das suas fantasias
romântica.

Cercada por suas primas que riam e faziam o possível para


evitar que sua irmã causasse algum desastre, Teena tentou
manter sua atenção longe do Dmitri e seu pai. Mas seu
olhar se manteve fixo, e foi assim que acabou não vendo o
pobre garçom, que tentou chegar a seu lado para lhe
oferecer uma bebida.
Tia Patty foi o suficientemente amável ao tentar acalmar,
depois de ficar encharcada com os salpicos de vinho branco.

—OH não se preocupe, querida. Estava começando a fazer


um pouco de calor de qualquer maneira.

Mas Teena realmente se preocupou. Apesar de toda sua


graça na maior parte do tempo, só um erro, um giro, às
vezes somente virar para subir uma calçada, já era
suficiente para causar a catástrofe.

Sua capacidade de causar problemas tinha feito que mais de


um de seus encontros a abandonasse, às vezes com um
cheque.

Nada era mais embaraçoso do que ter um pretendente em


potencial que não retornavam do banheiro depois que ela
acidentalmente jogou molho em seu rosto, quando tentava
arrancar uma pata da lagosta.

Agora ela se limitava a alimentos fáceis quando estava em


um encontro, mas isso não significava que eles terminassem
melhor, especialmente considerando que, ela não abria as
pernas no primeiro encontro ou no segundo, então
raramente eles voltavam para um terceiro. Sua decisão de
só abrir as pernas somente quando casasse, fez com que
alguns homens a tirassem de suas listas.

Aparentemente, a abstinência era mais do que eles podiam


suportar.

Optou permanecer pura até conhecer e se casar com o


único, agora ela estava em seus vinte e cinco anos e ainda
era virgem, por isso a diversão da Meena não tinha fim.

Sis, o que diabos está esperando?


Um marido. Amor verdadeiro. O momento perfeito. Uma
fantasia impossível.
Teena não tinha a mesma atitude ousada para fazer o que
sua irmã fez. Na verdade, ninguém parecia ser como sua
irmã gêmea, Meena, que, com um grito, foi atrás da “cadela”
que se atreveu a flertar com seu novo marido.

Com um aceno de cabeça, Teena se afastou da carnificina e


dos puxões de cabelo.

Já tinha visto muitas vezes antes. Isso nunca deixou de


assustá-la. As lições de sua mãe sobre comportamento
apropriado nunca tinham servido para a gêmea de Teena.

Quanto a Teena, fazia todo o possível para agir como


deveria uma dama, mas às vezes, se perguntava se não
deveria seguir o exemplo de sua irmã. Ela parecia se divertir
muito mais.

Um calafrio percorreu sua espinha, um formigamento de


consciência que deu apenas um pequeno aviso antes que
uma voz profunda dissesse,

—Desculpe, mas acho que não tivemos o prazer de nos


conhecer.

Virou e viu que já haviam liberado o russo. De perto, provou


ser ainda mais formidável e atraente. Poucos homens
tinham a capacidade de a fazer se sentir pequena. Ele fez, a
altura e a largura dele, era um complemento perfeito para
seu próprio tamanho. O cabelo escuro, com seu toque de
laranja tigre e dourado, parecia suave, e o comprimento
certo para alguém passar seus dedos. Um nariz forte, maçãs
do rosto definidas, um queixo quadrado e teimoso que era
atenuado por lábios sensuais, lábios carnudos que se
curvavam em um sorriso sensual, que prometiam prazeres
malvados.

Olhos azuis intensos e brilhantes a capturaram. Seu cheiro,


uma mistura picante de colônia, almíscar e homem,
giravam em torno dela em uma combinação explosiva que a
deixou sem respiração por um momento. Confundindo seus
pensamentos.

Piscou para ele, de forma estupida, tentando encontrar uma


palavra qualquer para responder. Levou um longo minuto,
mas conseguiu um chiado convincente,

—Olá.
Tanto para tentar impressionar em uma conversa fiada. Se
não fosse pelo local poderia encontrar uma parede para
bater com sua cabeça contra ela.

—Olá.

OH, o estrondo de sua voz a animou, mas não tanto como o


interesse que queimava em seu olhar. Não baixou o olhar,
apenas porque estava hipnotizada.

—Sou Dmitri.

—Eu sei.- Mais uma vez, a professora das conversações.

Ele ergueu uma sobrancelha, seus lábios curvados e a sua


bochecha insinuava uma covinha. Uma combinação mortal.

—Vejo que minha reputação me precede.


—Na verdade sim, algo parecido como o cheiro de um
gambá,- uma leoa do bando, Luna, uma boa amiga e prima-
interveio quando se uniu a eles.

—Eu detesto ter que dizer isso garoto grande, mas todo
mundo sabe que você é um perseguidor.

—Perseguidor? Não, somente um admirador.

Teena mordeu o lábio tentando não sorrir, mas era difícil,


uma vez que disse isso com uma piscadinha em sua direção.

Luna não teve problema quando tentou ignorar sua


paquera.

—Não jogue esse suave charme russo ao redor, amigo.


Teena está fora dos limites, assim pare.

—Interessante que diga isso, já que seu pai me deu a mesma


advertência. Teena, - e sim, ele praticamente ronronou seu
nome —Tem algo a dizer?

Com sua atenção nela, não pôde evitar dizer,

—Eu que decido com quem falar e com quem passar meu
tempo.

Que diabos? Teena queria saber se ela parecia tão surpresa


como se sentia. Ela realmente acabou de dizer isso?

Aparentemente, sim, de acordo com a boca aberta de Luna e


o sorriso pretencioso de Dmitri.

—A dama decidiu. Agora pode sair, - disse ele a Luna, com


um tom de satisfação.
A estranha dentro da Teena falou de novo.

—A dama diz que talvez você deva segurar seu tigre,


grandão. E mesmo tendo afirmado que por direito tomo
minhas próprias decisões, com quem falo, nunca disse que
incluía você. -

Fingindo estar ofendido por suas palavras, seu sorriso se


alargou.

—Esta é a sua sutil maneira americana de me pedir para te


cortejar? -

—Acho que todos conhecemos o seu método de namoro-


Luna murmurou sombriamente. —Sequestro, quartos
trancados, e ameaças não são o caminho para se conseguir
uma namorada.

—E mesmo assim os romances não utilizam estes mesmos


métodos para que o herói consiga uma namorada?

Teena franziu as sobrancelhas, e não pode evitar perguntar,

—O que você sabe sobre romances?

—Não tem importância.

Luna riu.

—Eu acho que tem. Não me diga que você lê livros de


romance?

A julgar pela cor avermelhada destacada em suas maçãs do


rosto, ele lia. Era algo tão completamente fora do comum
que Teena não pôde deixar de pensar que era adorável. Ela
saltou em sua defesa.
—Acho louvável um homem que está confiante o suficiente
de sua masculinidade que aceita ler algo que é
tradicionalmente considerado que só as mulheres gostam.

Ele bufou.

—Eu li em uma tentativa de compreender o emaranhado


que é a mente feminina. Infelizmente, apesar das disputas e
das travessuras dos heróis masculinos nestas sagas, ainda
não consegui alcançar o mesmo nível de sucesso. Em outras
palavras, ainda tenho que conseguir a namorada perfeita.

—Já pensou que deveria tentar um encontro? - respondeu


Luna. —Estou ciente que você está acostumado as bonecas
fáceis, que não precisam de muita atenção, mas quando se
trata de mulheres reais, precisa de algo mais. Quer dizer,
convidar para jantar, talvez ouvir sua conversa, fazer coisas
boas para ela, como abrir as portas e comprar flores, não
sequestrar e fazer ela prisioneira em sua masmorra.

—Para sua informação, não a tranquei em uma masmorra.


Era uma torre.

Por alguma razão, Teena achava isto divertido. Ela sorriu.


Continuou rindo.

—Isso explicaria a reclamação da Meena de que ela queria


ter o cabelo da Rapunzel.

—Como se ela precisasse. Meus homens e eu ainda estamos


desconcertados pela forma como ela conseguiu escapar do
quarto. A fechadura deveria ser infalível.

Teena deu de ombros.


—Ela sempre foi boa nessa área.

—E você? Sabe como abrir fechaduras e fazer uma ligação


direta numa moto?

—Não. Mas posso tricotar. - Sua patética habilidade não o


fez rir. Pelo contrário, ele parecia muito feliz.

—É bom saber.

Luna cravou um dedo em seu peito.

—OH não, não é. Você não vai sequestrar ela como fez com
a Meena. Teena é muito doce para saber como escapar, o
que significa que teríamos que ir lá e chutar sua bunda
quando a resgatássemos.

A falta de fé de sua amiga nela a queimou. Teena não era tão


incompetente, e quem disse que ela quereria ser resgatada?
Havia algo misteriosamente delicioso sobre a segurança
casual de Dmitri e suas maneiras dominantes.

Se eu não fosse sua segunda opção.

Estufando o peito, Dmitri deu a Luna um olhar gelado.

—Quem disse que Teena quer ser resgatada? Sou um macho


elegível, de criação impecável, de grande riqueza, e...

—E muito arrogante, - acrescentou Teena com um aceno de


cabeça. —Luna está certa. Você deve encontrar alguém em
que deva concentrar sua atenção.

Engraçado que a simples sugestão fez sua leoa interior


rosnar, enquanto a mulher se inclinava em decepção.
Ela murchou ainda mais quando ele disse:

—Como queira, - e se afastou.

Não foi só seu felino interior que miou de forma triste.

Acho que não valia a pena, depois de tudo.


í ê
Dmitri
As mulheres teimosas eram o pesadelo na existência de
Dmitri, e parecia que o destino gostava de sempre as jogas
em seu caminho. Especialmente quando se tratava de se
estabelecer com uma mulher.

Quando encontrou com Teena, esperava que fosse fácil de


demonstrar seu interesse, uma vez que ela estava
interessada por ele como ele por ela. Mas não. Ela pediu que
a deixasse sozinha, e assim ele fez.

Espiar à distância ia contra sua educação. A nobreza russa,


inclusive os Shifters, não admitiam a derrota. Criado na
adversidade por uma mãe que não entendia o significado de
perder, Dmitri não iria se render. Ganhar era a única opção.
Inclusive o mais famoso general sabia quando recuar e
reagrupar, especialmente em situações delicadas, como
esta.

Cercado pelo inimigo, também conhecido como a sangrenta


e bem-intencionada família, teve que caminhar com
cuidado. Nenhum deles queria que ele roubasse a
exuberante Teena. Mas suas opiniões não tinham
importância porque ele tinha visto um lampejo de
esperança.

Após seu encontro, Dmitri percebeu o interesse de Teena,


um interesse que foi impossível manter devido à
intervenção de uma leoa intrometida. Desde que Luna
parecia decidida a atrapalhar, deixou Teena com sua
acompanhante, mas não desistiu de seus planos.
Pelo contrário, ela despertou seu interesse. Assim que a
ouviu falar, e tomou um sopro de seu delicioso aroma, toda
mulher com um toque de baunilha, decidiu que ia faze-la
sua. A ameaça de seu pai que o mataria não o incomodava.
Algumas coisas valiam a pena arriscar a vida por elas.

Como a sua pequena gatinha.

Curvas deliciosas.

Seu felino interior estava no céu. Ela o tentava com suas


formas deliciosas, mais feminina que Meena, que tinha um
corpo do tipo mais atlético.

Dmitri gostava de mulheres com aparência mais feminina.


Esta mulher.

Ela será minha.

E para o inferno - do qual ele era proprietário de uma parte,


já que ninguém queria o título das terras no norte da
Rússia- com qualquer um que pensasse em atravessar seu
caminho. Ele a teria, e antes do fim da noite.

É claro que seria preciso algumas manobras. Ninguém


confiava no russo, ou isso que tinha escutado. Pelo menos
os homens não confiavam. As mulheres, no entanto, batiam
seus cílios e suspiraram enquanto conversavam a respeito
de sua “aparência perigosa” e “natureza determinada”.

Determinado estava certo. Também esqueceram de suave,


astuto e sedutor, todas as ferramentas que planejava usar
para atrair determinada dama deliciosa da qual não
conseguia tirar os olhos.
Esperar que Teena ficasse sozinha levou algum tempo.
Enquanto, sua guarda felina se afastou para dançar, Teena
observava de forma melancólica sem se mover. Se
aproximou com duas taças e lhe ofereceu uma.

—Posso te oferecer um refresco?

—Não deveria. Minha mãe diz para nunca aceitar bebidas


de um desconhecido.

—Ah, mas nós não somos desconhecidos.

—É verdade. Você é o ex-perseguidor da minha irmã.

—Você me julga de forma dura, mas talvez deveria ver as


coisas da minha perspectiva. Vi uma mulher que queria e fui
atrás dela.

—Foi atrás de minha irmã.

—Obviamente um erro.

—Você acha? - Seus lábios se inclinaram em um sorriso.

—Sim, eu acho que foi um erro, porque ela se apaga quando


comparada a você.

Isso a fez rir, o som claro e natural.

—OH, essa é boa. Mas não vai funcionar. O fato é que minha
irmã te deixou, e não vou ser a garota do despeito, a
segunda opção.

—Descartado sem me dar uma chance. Você me magoa,


pequena gatinha. - Ele tentou parecer triste.
—Pequena? - Ela bufou. —Agora você está mentindo
descaradamente.

—A meu lado é pequena. - Para provar seu ponto, invadiu


seu espaço. Para sua alegria, ela não se moveu, mas
permitiu chegar mais perto, perto o suficiente para ser
cercado por sua essência.

Ambrósia.

Eu a quero. Tome-a.

Isso não era exatamente possível uma vez que tinham


audiência, mas estava prestes a mandar tudo para o inferno,
principalmente quando a ponta de sua língua rosada
lambeu seus lábios.

—Ninguém nunca disse que você é um grande paquerador?


- Disse com voz entrecortada, que combinava com o rápido
bater de seu pulso.

—Não há nada de errado em mostrar admiração por uma


mulher.

—Exceto que ouvi que a sua admiração é menos sobre a


personalidade brilhante de uma mulher e mais sobre a
largura de seus quadris. -

—Sou um homem prático. Minha futura companheira deve


ser capaz de lidar com um homem da minha estatura. - Ele
ronronou a palavra, amando como suas pupilas dilataram e
o almíscar de sua excitação o rodeou.

—Quer super bebês.


—Eu quero uma família. Uma esposa. Um futuro. É
realmente errado querer essas coisas?

—Não. - Ela sussurrou a palavra enquanto o olhava. Por um


momento, ele pensou que ela ia beija-lo. Ou ele deveria
beijá-la, mesmo com o maldito público?

Seus lábios se separaram, e seus olhos prenderam nos dela


com uma intensidade sensual que hipnotizava.

Ela se inclinou para frente, com o queixo erguido, a suave


respiração vibrando entre eles.

Um grito estridente os interrompeu,

—Aqui vêm os Chupitos de Jell-O3.-

Arrancados de seu transe íntimo, ela se afastou para trás,


baixando o olhar.

—Você não pode decidir seu futuro com base na


circunferência dos quadris de uma mulher.

—Talvez não, mas eu posso definitivamente sucumbir à


admiração de suas engenhosas réplicas, ao encanto sensual
de seu corpo, e o desejo que evoca com apenas o mínimo
franzir de seus lábios. - De onde veio o poeta nele não
saberia dizer. Dmitri nunca recorreu ao flerte florido. Sua
presença e liderança em geral era tudo o que precisava.
Mas, com Teena, ficou deslumbrado. Debaixo de seu
exterior tímido ela escondia uma mente rápida e engenhosa,

3
3 Chupitos do Jell-Ou: também chamados Jell-Ou Shots ou Jelly Shots (tiros de
gelatinas), são mini coquetéis (mini bebidas) de gelatina com bebida alcóolica.
um senso de humor atrevido, e um firme caráter quando se
tratava de conservar seu orgulho.

No entanto, pode notar, que antes de recorrer a violência


para reafirmar sua dignidade, por baixo de todas as
emoções, a mais fortes de todas estava a mais pura luxúria.

Palavras doces não significavam que iria satisfazer suas


fantasias gentilmente. O vestido de Teena provocava
pensamentos carnais, além dele. Em sua fantasia, ela teria
suas mãos apoiadas em uma parede, de frente para ela, e
suas nádegas abertas como um convite. Podia ver
facilmente suas mãos deslizando pela seda da saia sobre as
coxas roliças e cremosas. Será que usava calcinhas que
cobriam todo seu traseiro ou um pouco menor?

Seus olhos se arregalaram.

—Você acabou de rosnar?

—Considere isso uma expressão externa da minha


admiração por seus atrativos. -

—Acho que muitas pessoas já te disseram que estes


atrativos estão fora dos limites. -

Ela repetiu, e no entanto, ele não detectou nenhuma


convicção em suas palavras.

É claro que ela não tinha. Ela é minha. Ela sabe. Agora só
preciso que ela admita.

Ele tentou uma abordagem direta.

—Não adianta lutar contra isso. Você é minha.


—Desculpe?

—Você. É. Minha. - Anunciou de forma muito clara.

—Você é louco. - Ela jogou o insulto e ainda assim não


conseguia esconder o calor que irradiou de seu corpo.

—Sou Russo. - Apesar de que, para muitos, não havia muita


diferença.

—Sabe que se tentar algo, vai ter que lidar com minha
família.

—Você está me tentando de propósito?

—Como o fato de que meu pai te matar e alimentar os


crocodilos com seu corpo pode ser atraente?

—O perigo não vai me afastar. Um homem não chega a


minha posição sem encontrar algumas batalhas pelo
caminho. Nenhum prêmio digno vem sem um preço.

—Engraçado, você não pensou que sua vida valia a pena o


preço com sua última prometida, ou ela não estaria neste
momento no andar de acima desfrutando de sua lua de mel.

—Isso porque ela não era você. Você é minha companheira.

Ela engasgou, arregalando seus olhos. Por que isto parecia


surpreende-la, ele não sabia.

Nervosa, finalmente, pegou o copo de vinho de sua mão,


mas o deixou intacto e virou seu olhar para as pessoas
dançando.
Por um momento, não disse nada. Como ela parecia ter
interesse nos corpos dançando, ele a estudou.

Enquanto não podia parar de pensar nela como um gatinho


comparada com ele, a verdade era que Teena era muito
mais alta que a maioria das mulheres, mesmo com seus pés
descalços, mas ele era ainda mais alto.

Uma vez que estavam lado a lado, notou o topo de sua


cabeça ficava logo abaixo do seu nariz. Uma altura
maravilhosa. Perfeita que permitia inclinar sua cabeça para
tocar seus preciosos lábios.

Com o rosto virado para longe dele, contemplou a suave


curvatura de seu nariz, a adorável inclinação no final, com
um punhado de sardas pálidas sobre ele. Não podia
determinar o tamanho de seus cabelos dourados, pois
estavam presos em um coque alto sobre a cabeça, mas ele
pôde ver o brilho sedoso e imaginar a textura dos grandes
cachos que cobriam seu rosto.

Enquanto observava os dançarinos, não se moveu quando


ele se aproximou e pegou um cacho que estava solto.

—Eu vejo que você quer dançar. Por que não se junta a
eles?- A idéia de vê-la se movendo no ritmo, balançando os
quadris, o corpo dançando... Só podia esperar que pudesse
se controlar.

Ela sacudiu a cabeça, e sua expressão se tornou angustiada.

—Eu não posso ir lá. Embora eu goste de dançar, faço


melhor quando estou sozinha. Menos pessoas saem feridas
dessa forma.
—Certamente não é tão ruim, - ele brincou enquanto
tomava um gole de vinho.

—É pior, - disse com uma careta. Ela fez outra careta


quando tomou um gole de vinho.

—OH, por favor não me diga que essa coisa é das garrafas
marrom.

—As que não têm rótulo? Foi o beta deste bando que as
recomendou. -

—Porque Hayder, obviamente, não gosta de você. Isto é algo


que é feito na casa do tio Joe. Só quem tem muito mal gosto
ou é masoquista o bebe.

Em outras palavras, o mais forte. Dmitri tomou outro gole.

—Eu gosto um pouco. Tem um sabor picante, terroso, que


me faz lembrar de casa. É ao mesmo tempo corajoso e
ousado, mas muito real e descarado.

—Comprovou tudo isso em um só gole?

—Você não gostou? Tente de novo, desta vez, mantenha na


boca. Deixe que os sabores invadam sua língua. - Como ele
desejava invadir seu interior. Por todos os deuses peludos –
era assim como sua avó gostava de falar e adorar, apesar
dos suspiros exasperados de sua mãe- ela o atraia.

—Tenho que fazer? - Ela olhou para o vinho em sua taça de


modo duvidoso.

—Sim.

—Não tem medo de que vá cuspir em você?


—Cuspa ou engula, a escolha é sua. – A insinuação foi direta
e intencional.

Com as bochechas vermelhas, ela não respondeu mas ficou


olhando a taça em sua mão. Com o nariz enrugado, Teena
cheirou o vinho e tomou outro gole. O manteve em sua boca
e inclinou a cabeça para um lado enquanto seguia suas
instruções antes de engolir com um sorriso tímido em sua
direção.

Ele nunca tinha visto algo que o deixasse tão duro. E


engraçado quando ela fez uma careta.

—Não. Ainda é horroroso. - A risada rouca o sacudiu.

—Talvez minha herança russa me permita admirar o


trabalho empregado. Posso trazer algo mais doce para seu
paladar?

Estava a ponto de dizer não, pronta para o rejeitar, mas não


fez. Endireitando sua coluna, deu um sorriso brilhante, e
disse:

—Eu gostaria disso, por favor.

Então foi procurar uma marguerita4, com a borda da taça


cheia de açúcar. A pior ideia jamais vista atada com a
melhor ideia jamais criada. Essa ágil língua rosa deslizou
para frente mais de uma vez para lamber o lábio, tortura
pura e convite à fantasia, uma vez que ele podia facilmente
se imaginar lambendo os cantos dos lábios para saborear
sua doçura.

4
4 marguerita: coquetel feito de tequila, triplo sec (licor incolor com 40º de álcool. Feito da destilação
das cascas de laranja) e suco de lima. Normalmente é servido com sal no bordo da taça.
Duvidava que pudesse resistir a ela se continuasse fazendo
isso, então trouxe uma limonada gelada, a acidez cítrica fez
que o nariz de Teena se enrugasse adoravelmente. Teve a
impressão que de ela não era uma grande bebedora, e,
mesmo assim, permitiu que continuasse enchendo sua taça
uma e outra vez. Ainda mais maravilhoso, apesar dos sinais
agudos de várias pessoas, incluindo a seu próprio pai -que
passou uma boa parte da noite olhando para eles - Teena
conversou com ele.

Ele o mencionou em um determinado momento.

—Você ainda não se afastou, apesar dos avisos de seus


amigos.

—O que quer dizer? - Perguntou ela, rodando o dedo através


do suor da garrafa que segurava com seus dedos finos.

—Seu pai ainda não tirou os olhos de você.

—Ele é um pouco super protetor.

—Admiro isso nele. O chefe da família deve cuidar daqueles


que estão a seu comando.

—Isso é arcaico.

Ele sorriu.

—É a tradição.

—Outra coisa russa?

Ele respondeu encolhendo os ombros.


—É como eu sou. Como meu pai e meu avô eram. - Também
era o tema mais falado com ele por sua mãe e sua avó.
A família está sempre em primeiro lugar. O resto não
importa. Sua família não tinha um passado agradável.

—Você diz isso, que respeita tanto a advertência de meu pai,


mas não se afastou do meu lado.

—De que outra forma vou te cortejar?

—Você está me cortejando?

As palavras não foram necessárias nesse momento, só um


sorriso lento e sensual, que fez com que ela baixasse o olhar
e ficasse com um brilho rosa em suas bochechas.

Entorno deles tudo se movia em um ritmo lento de acordo


com a música, que finalmente passou a tocar, após os
incessantes e ensurdecedores ritmos acelerados. Um ritmo
suave, sensual, que favorecia ser aproveitado.

Soltando a garrafa dele, pegou a que ela também segurava


pelo pescoço e a pôs de lado. Segurou sua mão vazia e a
conduziu para a pista de dança, mesmo quando perguntou,

—O que está fazendo?

—O que parece que estamos fazendo?

—Estamos indo até uma zona de perigo.

—Quanto drama. Relaxe, gatinha, nós vamos apenas


dançar. -Vestidos e na vertical no momento.

—Dançar? Comigo? OH, não, você não quer fazer isso.


A pesar do movimento de sua cabeça, que soltou um par de
cachos grossos dourados, não fez com que ele desistisse.
Dmitri estava possuído pelo poderoso impulso de segurá-la
em seus braços, de encaixar seu corpo contra o dele e...
Provavelmente iniciar uma briga.

Até agora, os acompanhantes dela pareciam tolerar essa


situação. Entretanto, se ele se desviou para além do limite,
convidado diplomático ou não, não duvidava de que iriam
agir.

O perigo não o fez hesitar nem um pouco.

Também não prestou atenção ao seu débil protesto.


Chegando ao centro da multidão, que se afastou perante seu
olhar exigente, girou ela ao seu encontro.

Com uma mão segurando a sua, a outra em sua cintura,


começou uma lenta e simples valsa, que, em um primeiro
momento, ela vacilou a seguir.

Ela tentou um último protesto.

—Você realmente não quer fazer isto. - Ele não acreditava


que fosse pisar no seu pé de propósito.

—Nós vamos dançar, gatinha, para que você se acalme e se


divirta.

—Não diga que eu não te avisei, - foi sua sinistra resposta.

Enquanto suas palavras prometiam uma coisa, sua reação


real demonstrou o contrário. Conforme avançavam alguns
passos, seu corpo perdeu a rígida tensão, relaxando seus
braços, alinhando seus movimentos com os dele. Seus
ritmos se igualaram, seus corpos em sincronia.
Dmitri acrescentou um pouco de estilo a seus passos, e para
seu deleite, ela se adaptou, girando seus quadris, seus pés
dando passos, seu sorriso brilhando de alegria enquanto
seus olhos brilhavam de prazer.

Ele optou por ignorar seus movimentos selvagens, que fez


com que algumas pessoas fossem lançadas fora do caminho.
Eles que eram culpados por dançar muito perto de um par
que eram praticamente o sol, sim, em sua mente, os dois
irradiavam muita luz e brilho.

Mais uma vez, isso não era arrogância, era simplesmente


um fato.

Parecia encantada, seus lábios se inclinaram em um sorriso


de prazer. Um rubor rosa em suas bochechas, uma risada
suave escapou através dos lábios entreabertos, tudo
demonstrava sua alegria. A proximidade dela o despertou,
embora sua dança não fosse um corpo a corpo. Não
precisava estar tão perto quando a elegância de seus
movimentos e a força de seu olhar o excitavam mais do que
deveria ser possível.

A eletricidade dançava entre eles, criando um suspense


delicioso no ar, e sim, ele se atrevia a dizer que era, luxúria.

Pode parecer uma comparação muito crua, mas não poderia


evitar, o roçar com Teena o acendia, enquanto estar perto
da Meena geralmente significava que tinha que se controlar
e não fazer nenhum movimento. Pois ela certamente não
batia como uma menina.

Teena, por outro lado, era toda mulher. Curvas sedutoras,


aroma cativante... e quando o idiota que teve seu pé pisado
e quase caiu de cara quando Dmitri a inclinou, —Da
próxima vez fique fora do caminho da dama,- Dmitri
rosnou quando o idiota abriu a boca, pronto para reclamar.
O cara escapuliu.

Gatinho.

Deu um olhar de advertência a qualquer outra pessoa no


salão que pudesse atrapalhar sua diversão. Dmitri estava
dançando com sua mulher, e era melhor que ninguém
interrompesse.

A música lenta mudou para algo com um ritmo mais rápido.


Ele mudou seus passos mais uma vez, e por um momento,
ela correspondeu, com uma vigorosa sacudida de seus
quadris - Queridos deuses! - Ele poderia ter tirado ela dali,
com um sorriso tímido, quando ela acrescentou um pingo
de sedução.

Teena já não se contentou com suas mãos que seguravam


sua cintura. Nem ele queria tirar seus dedos dela. Ela
passou os braços envolta do seu pescoço, invadindo seu
espaço.

Eu me rendo.

Nesse momento, Dmitri era dela. E ela era dele.

—Minha.

—O que você disse? - Ela dançava a só um cabelo de


distância dele, sua suave pergunta, deslizou sobre sua pele,
disparando seu desejo. Se atreveria repetir?
Eu não temo nada. Nem mesmo a verdade.

—Eu disse que você é minha. - Quando disse as palavras, se


afastou de seus quadris e se preparou para o impacto.
Teena não tentou lhe dar uma joelhada. Ou um murro. Nem
mesmo o insultou como Meena -"A única maneira de que
serei sua é se me matar e me levar como um troféu."
Apesar de seus esplêndidos quadris, estava tentado a fazer
exatamente isso.

Mas não com Teena. Com esta mulher, estava se divertindo,


achou engraçada sua conversa, ficou viciado em sua risada,
e era uma deusa absoluta quando dançava em seus braços.
Mesmo sem se tocar muito, o calor que irradiava dela, o
queimava.

Será que ele entraria em combustão se não houvesse nada


separando seus corpos?

Já que tirar suas roupas não era oportuno no momento,


ficou contente em puxá-la para si e colocar as mãos em sua
cintura. Ela corou contra ele, dançando, não tão perto como
ele teria gostado. Deslizou suas mãos para baixo até segurar
a doce curva de seu traseiro.

Apertou. Um ajuste perfeito em suas mãos.

Assim tão próximos, ela não podia ignorar seu desejo. Sua
ereção pulsava e se esticava, insinuando, com determinação,
que deviam encontrar um lugar privado para que ele
pudesse deslizar para dentro dela. A queria nua, debaixo
dele, com os olhos fechados e a cabeça inclinada, a boca
arredondada ofegante de prazer. Queria suas cremosas
coxas ao redor dele, ajudando a se afundar profundamente
em seu glorioso corpo. Apostava que ela também estava
tendo alguns destes mesmos pensamentos, dada sua
excitação almiscarada que girava ao seu redor em uma
mistura embriagadora.
Ela quer. Ela é nossa.

Levantou seu queixo, mas seu olhar não se encontrou com o


seu.

—Olhe para mim, gatinha. Veja e sinta como você me afeta.-


Segurou ela contra ele, com toda a força que podia.

Ela respirou fundo, olhou para ele, e...

Mais tarde ele iria culpar todo o sangue que migrou para
outro lugar deixando seu cérebro vazio, por não lembrar
que estavam em um lugar público, um lugar cheio de seus
inimigos que não aceitavam muito bem as liberdades que
estava tomando com certa dama na pista de dança. Talvez,
seu pênis tenha deixado muito pouco das coisas vermelhas5
para alimentar sua mente, ele também teria notado que
certo pai avançava até eles com o assassinato em seus olhos.

Foi certamente por causa de seu pênis que um punho o


surpreendeu e o acertou no queixo. Não o fez cair, mas
coçou. Não que ele esfregasse o local ou dissesse algo em
voz alta. Homens não se queixam em público, eles esperam
para contar as suas mães mais tarde, para que elas possam
reclamar sobre a falta de respeito dos camponeses e tramar
um complô para acabar com todos.

Mas neste caso, não precisava de sua querida mãe. E ainda


melhor, ele não queria destruir Peter, o que poderia
prejudicar o começo de sua nova vida com Teena. Não era
otimista. Era um fato. Ela seria sua.

No entanto, por que ganhar sua ira matando Peter quando


ela mesma parecia decidida a repreender seu pai?

5
5 Coisa vermelhas: faz referência ao sangue.
—O que está fazendo? - exigiu ela enquanto se colocava
entre eles.

—Saia do caminho, bebê. Eu tenho que ensinar a essa bola


de pelo estrangeira, como mostrar um pouco de respeito por
você.

—Ele estava sendo um perfeito cavalheiro, ao contrário de


certos pais entremetidos, - espetou, mostrando um
temperamento que Dmitri apreciou, mas que pareceu
surpreender seu pai.

—Ele estava sobre você.

—E eu estava gostando!

Um repentino silêncio se fez quando Teena gritou. Dmitri


poderia ter aplaudido quando, apesar de suas bochechas
vermelhas, ela ergueu o queixo e olhou para seu pai.

O grande homem parecia atordoado.

—Eu só estava te protegendo. Ele não é um bom


estrangeiro, só está te usando porque não pode ter a sua
irmã.

Oooh. Isso dói.

Dmitri não precisava ouvir a respiração suspensa de Teena


para saber que as palavras a machucaram. Teena girou
sobre seus saltos e partiu.

Peter pareceu sem palavras, mas só por um momento, antes


de ir atrás dela.
—Bebê, eu não quis dizer dessa maneira. Você sabe que é
perfeita.

Dmitri viu como ela saiu, achou que não seria inteligente a
seguir nesse momento. Deixou Teena discutir o assunto
cuidadosamente com seu pai. Enquanto iria esperar para
que continuassem com sua disputa, Dmitri gostou do fato
dela o ter enfrentado por eles.

Eles. Igual em um dueto. Era surpreendente que em sua


busca por uma mulher, descobriu a que estava realmente
destinada a estar com ele.

Agora, terei que convencer ela disso.

Luna retornou, provavelmente com um novo plano para o


frustrar ou um insulto para jogar. Seus ataques verbais
faziam com que sentisse saudades de sua casa.

—Vou te chamar de mentiroso se disser isso ao pai dela,


mas vocês estavam lindos dançando juntos. Quero dizer,
houve alguns incidentes, como quando Teena tropeçou
acidentalmente com o tipo que ia interromper vocês para
trocar de casal, mas no geral, eu diria que foi um sucesso.

—Ela dança como um anjo. - Leve como uma pluma e ainda


mais bonita.

Arck. Esse foi seu tigre cuspindo uma bola de pelo por seu
ridículo lado poético, que se manteve vomitando as coisas
mais estranhas? Pelo menos era só ao redor de Teena.

—Mas ela só dança assim com você. Imagine isso. - Por que
imaginar quando sabia que era o destino?
Teena era sua companheira. Ou seria, assim que pudesse
afasta-la de sua família. O que um tigre faria?

Atacar de surpresa, é claro.

Rawr.
í

Teena

Teena se afastou, seu sangue fervendo, por muitas razões.


Zangada com seu pai, um pouco irritada com ela mesma, e
excitada, caramba.

Enquanto conversavam, tinha esquecido que Dmitri era


uma péssima escolha. Enquanto dançavam, ela só podia
pensar no quão bom era. Como era correto.

Quão fatal...

Uma vez que Meena tinha explicado recentemente como se


sentia ao saber que tinha encontrado “o homem certo”,
Teena tinha que saber.

Sua aparência bateu em seu peito cada vez, um poderoso


golpe que fazia falhar a sua respiração, correr loucamente
seu coração, e ser invadida pelo mais delicioso calor.

Gostava de Dmitri.

Desejava Dmitri.

Ele é nosso, disse sua leoa.

Mas como seu Pai a lembrou, ela não era mais do que a
segunda melhor opção.
Isso doeu. Doeu mais do que deveria, mas apenas porque
era verdade. Dmitri estava a usando como uma substituta.
Apesar de todas as suas belas palavras e reinvindicação, o
fato é que ela era a segunda opção.

E odiava isso.

Nesse momento ela poderia até mesmo ter odiado a sua


irmã.

Por que não o conhecemos primeiro?

Seu pai a seguiu, "Bebê, não se afaste de mim," não ajudava


em sua birra chorosa.

Ela virou, com os olhos cheios de lágrimas, mas a voz firme


quando disse,

—Eu vou fazer o que quiser. Sou uma mulher adulta.

—Uma mulher adulta que estou tentando parar antes que


cometa um grande engano. Sei que esse compatriota russo
parece sincero e tudo, mas sabemos o que ele quer.

—Uma substituta. - Disse ela, com amargura, com os lábios


apertados.

—Eu ia dizer bons genes.

—O que seja. Aparentemente é muito pensar que, embora


tenha vindo atrás de mim porque tenho quadris grandes,
talvez estivesse comigo toda a noite porque, bem, talvez eu
seja um pouco divertida.

—Claro que sim.


Não gostou nada do tom conciliador na voz de seu pai.

—Está insinuando que sou chata?

—Não, claro que não.

—Sim está, porque eu não sou tão selvagem como Meena ou


tão direta como Luna. Ou por não pensar que cada situação
exige uma solução violenta.

—A violência é mais eficiente, - reclamou seu pai.

—Não mude de assunto. O ponto da questão é que, se


Dmitri está ou não jogando comigo, não é algo que você ou
Luna ou qualquer outra pessoa deve se meter. É minha
escolha se quero escutar, acreditar nisso ou falar da minha
viagem do terceiro grau. – Na qual ela e Meena foram
levadas para fora e foram proibidas de entrar no zoológico...
Por toda a vida. —Eu estava me divertindo. Isto não quer
dizer que estava a ponto de fugir com ele. - Apesar de
pensar muito no que Meena disse e seguir essa linha...
Espere um segundo, mamãe teria um gatinho6 se fizesse
isso? Quanto a seu pai, ela só podia imaginar o rastro de
destruição.

Uma pena que ela não tinha coragem para fazer.

Isto é, assumindo que Dmitri realmente quis dizer o que


disse, que a desejava. O mais importante era, ela poderia
viver sendo a segunda escolha?

Você já estava até que alguém disse isso.

6
Significa encher o saco, e é um trocadilho que ao traduzir perde a graça.
E tudo isso era discutível.

Provavelmente agora Dmitri se manteria afastado dela por


causa das palhaçadas de sua família.

Eu gostaria que confiassem mais em mim.

Não tinha chegado a sua idade adulta sendo uma virgem


por ser vítima de falsas adulações.

Uma vez que já não estava com vontade de dançar,


provavelmente, em seu estado ia causar algum dano sério,
começou a voltar para a casa, só saindo do caminho de
umas primas feias, que insistiam em compartilhar uma
bebida.

Embora não fosse uma grande bebedora, os Chupitos de


Jell-Ou desceram muito bem por sua garganta enquanto se
queixava de seu pai para quem quisesse ouvir.

Após a quarta ou quinta? – com a boca cheia de gelatina


sabor cereja, sentiu cambalear em seus pés.

Maldição, ela tinha bebido mais do que estava acostumada.


Era hora de dizer boa noite e encontrar sua cama. Se
despediu das mulheres com que estava conversando e fez
seu caminho para a casa. Cambaleou, pronta para saudar o
chão - a cara primeiro - um braço a pegou. Enlaçando ao
redor de sua cintura, Dmitri a fez girar erguida e a segurou
ali.

Uma coisa boa que ele a manteve estável, já que o mundo ao


seu redor dava voltas. Droga, isso estava fazendo com que
todo o mundo-girasse-ao-seu-redor um pouco, longe
demais.
—Cuidado, gatinha. O chão é um lugar duro para aterrissar.
—Seu peito também, - retrucou ela atrevida, depois riu.

—Então, você notou.

Uma vez que descansava no referido peito, sentiu ele bufar.


Com o álcool a deixando corajosa, pôs sua mão sobre o
coração dele enquanto apoiava a cabeça justo debaixo de
seu queixo.

—Eu percebi um monte de coisas sobre você. Mas a única


coisa que não consigo descobrir é se você está dizendo a
verdade. - Ela, pelo contrário, estava bêbada o bastante para
não conseguir ocultar sua curiosidade.

—A verdade a respeito de que, gatinha?

—Como eu sei que você me quer, por mim mesma?

—O fato de que ainda estamos aqui conversando e não em


um avião com destino a Rússia para encontrar com um
padre, não é indicação de que estou disposto a te cortejar?

Ela piscou. Levou um momento para processar as suas


palavras.

—Você está me cortejando?

—Bem, sim. Geralmente é assim que alguém tenta


convencer uma mulher para que case com ele.

—Você quer casar comigo?


—Mas é obvio. Você é minha.
—E você decidiu isso em uma noite?- Isso soou familiar.
Não tinha proposto a sua irmã após um encontro? Uf. Déja
vú. —Tenho que ir.

Ela conseguiu liberar seu braço e virou sobre um de seus


saltos tropeçou e quase caiu.

Mais uma vez, ele estava lá para segurá-la. —Vejo que você
está sobrecarregada, gatinha.

—Não. Estou com raiva de mim mesma por pensar que você
gostava. E ainda mais chateada que meu pai estava certo.
Não sou nada para você exceto uma máquina de
reprodução. Boa noite, Dmitri. Tenha uma boa viagem de
volta a Rússia. Sozinho.

Um pouco da névoa limpou de sua cabeça enquanto se


afastava dele. Se você pudesse chamar isso de se afastar
apesar dos avanços.

Só que ele não estava disposto a deixar ela ir.

Parou diante dela, segurou seu rosto obrigando que olhasse


em seus olhos.

—Eu vou mostrar que você significa mais, - foram as


palavras que sussurrou antes de inclinar sua boca sobre a
dela.

A eletricidade crepitante cresceu ente eles, o contato de seus


lábios sobre os dela foi um choque, um bom.

Se esqueceu de empurrar ele, esqueceu de tudo, exceto da


sensação dele mordendo seu lábio inferior. Sentindo o
prazer da sedução de sua língua, se agarrou a ele enquanto
explorava dentro da cavidade quente de sua boca.
Uma estranha sensação invadiu seus membros. Relaxou em
seus braços. Ainda assim ele a beijou, a fome em suas
atrevidas carícias, o calor de suas mãos.

Nenhum osso a segurava.

Literalmente.

Mais do que apenas paixão fez que suas pernas


fraquejassem e seus olhos fechassem, a moleza de seu corpo
era consequência de seu estado de embriaguez e não de seu
toque. Ou era mais que isso?

Estou drogada?

Será que ele fez isto?

Deus do céu, ela estava prestes a se tornar a noiva de um


tigre? Um momento de euforia e medo, então...

A escuridão caiu como uma cortina sobre sua mente.


í

Dmitri

Dmitri tinha feito as mulheres desmaiarem no passado. Por


exemplo, Petra, que fazia parte do clube de Crip de sua avó,
ela tinha visto ele em toda sua glória no tapete. E ele queria
dizer gloriosamente nu. Não intencionalmente, entretanto.
Aconteceu que ele foi correr pelo bosque e voltou para
descobrir que os empregados da casa tinham recolhido suas
roupas espalhadas no tapete.

Aparentemente, cabelos brancos e algumas rugas não


impediam que as anciãs não admirassem um homem em
seu melhor momento. Poderia viver sem os beliscões, mas
estes o ajudaram a ficar alerta.

Dmitri, sob seu olhar, também tinha feito às pessoas


perderem seu coração de forma simples, aqueles que
estavam abaixo na linha do poder nunca poderiam lidar
com seu majestoso olhar de desgosto.

Mas Teena.... Teena desmaiou com seu beijo.

E ela roncava.

Não sabia se devia rugir para acorda-la ou seguir a olhando


com descrença. As mulheres não sucumbiam ao
aborrecimento, quando as segurava em seus braços.
Especialmente não a mulher que queria para ele. Uma
sacudida não conseguiu acorda-la. Seus olhos permaneciam
fechados, cílios grossos dourados, ligeiramente cobertos
com máscara, agitaram-se contra suas bochechas.

E agora o que fazer?

Estava completamente perdido quanto ao que fazer a seguir.


Não podia levar ela para seu quarto, para a privacidade de
sua cama e... podia imaginar o linchamento se fizesse isso, e
com razão, dado em conta a depravação que poderia
acontecer.

Esqueça de levar para seu quarto. Mais uma vez, ninguém


acreditaria que não iria tirar proveito. Uma má reputação
como um burro era às vezes um obstáculo. Onde isso o
deixava? Não podia simplesmente deixa-la aqui no chão, a
mercê de qualquer um, sozinha e sem proteção. Ninguém
deve tocá-la. Devemos proteger a nossa mulher. Mesmo
seu tigre sabia que era uma má ideia.

Suspirou. Só havia uma coisa a fazer, uma vez que seu


sequestro, provavelmente, também estava fora de questão,
já que estes leões eram uns desmancha-prazeres. Ele se
sentou. De pernas cruzadas no chão, embalando o corpo de
Teena sobre seu colo. Era estranhamente íntimo, mesmo ele
sendo o único ciente disso.

Tampouco passou despercebido.

Luna, o olhava com o cenho franzido, desconfiada, logo o


confrontou,

—Que diabos você está fazendo com minha menina Teena?

—Estou tentando ser um cavalheiro, mas devo admitir que é


difícil. Não sei como os tipos “heróis” fazem isso o tempo
todo. - Manter as mãos quietas quando tantas curvas
gritavam levando toda sua força de vontade.

Luna agachou junto a ele, inclinou a cabeça antes de dizer,

—Você é uma pessoa estranha.

—O termo correto é nobre, ou poderia me chamar de


príncipe.

Ela riu.

—A próxima coisa que dirá é que usou seu charme e tentou


convencer Teena que ela era sua Branca de Neve. - Com
uma espécie de orgulho masculino disse, —Acredita que ela
vá despertar com um beijo meu? - não queria admitir que
foi seu beijo que a tinha posto para dormir em primeiro
lugar.

—Eu não sei, e não acho que você deva tentar.

—Você está prestes a falar novamente para que fique longe?


- Não pôde evitar revirar os olhos.

—Não, não ia te mandar passear. Na verdade, eu acho que


você deveria ficar por um tempo. - Dmitri, quase deixou
Teena cair, pois sua surpresa foi muito grande. —Ficar ?por
que? Assim pode planejar melhor como me matar? Precisa
de tempo para conseguir um pouco de corda e encontrar
uma árvore?

—OH, eu não preciso de tempo para isso. Tio Peter já tem


algo planejado. As rosas da tia alcançaram preços muito
bons este ano se seguir adiante com ela. Mas, não, não é por
isso acredito que deveria ficar. Se você está realmente
falando sério sobre Teena...
—Eu estou. - Falou com a maior verdade.

—Bem, você pode provar saindo com ela. Você sabe, fazer as
coisas de uma maneira normal. Mostrar a sua família que
para você ela não é só um conjunto de quadris. Dar aos
adolescentes a oportunidade de te conhecer bem. Se isto é
real e destinado a ser, então...

—Quando pedir para que se case comigo, ela vai aceitar, e


terei minha noiva.

—Se ela estiver de acordo.

—OH, ela irá aceitar. - Ele sabia, não tinha dúvida, por isso
agiu como um precioso gatinho para Luna e alguns outros
primos, e prometeu leva-la para cama. Sua grande
esperança era de que cairia loucamente apaixonada por ele,
foi por isso que enviou a seus seguranças uma mensagem
cancelando os planos de rapta-la durante a cerimônia. Foi
para a cama, satisfeito consigo mesmo e com o mundo.
Mesmo o segurança fora de sua porta não poderia arruinar
seu bom humor. Cuidei de tudo que queira. Vou estar aqui
na parte da manhã, cortejando a minha namorada.

Ou pelo menos, era o que ele pretendia fazer. Porém, o


destino tinha outros planos. Pois, aparentemente, o sinal de
celular era esporádico no rancho, o que significava que seu
último texto nunca chegou para seus capangas.
í

Teena
Sua consciência voltou com a velocidade do mel frio
escorrendo de uma colher. Muito lentamente. Pouco a
pouco, demorou três tentativas para entender que alguém
estava falando com ela.

—Diga 'Eu aceito'.

—Huh? - Com os olhos fechados, e muito pesados para


abrir, sua boca como uma fruta seca precisando de água, a
mente de Teena lutava para despertar, pois ainda estava
nublada de tanto dormir.

—Diga 'Eu aceito', - uma voz com um forte sotaque


sussurrou, uma voz que parecia familiar. Mas foi o cheiro
que a fez sorrir. Um cheiro almiscarado masculino
misturado com um perfume picante. Parecia que seu
admirador Russo ainda estava ao seu lado. Será que dormiu
em cima dele na festa?

Era tão difícil, não conseguia lembrar.

—Repita depois de mim. 'Eu aceito'.

O que ela fez? Forçando seu cérebro a acordar, lutou para se


lembrar dos eventos. Sua última lembrança, era dela
voltando para casa após o casamento de sua irmã. Bêbada
como o inferno porque estava tão irritada com sua família,
quando Dimitri, o russo atraente, apareceu em seu
caminho. Tinha assegurado que nenhuma parte de seu
corpo entrasse em contato com a terra fresca. Ao invés
disso, deixou que ela descansasse contra o seu fantástico e
solido peito.

Segurou ela em seus braços. Disse coisas. Coisa lindas. Mas


esqueça isso, vamos avançar rapidamente a parte
emocionante onde ele a beijou.

OH, Deus. Foi um beijo magistral, perfeito, que a derreteu.


Lembrou da sensação de fraqueza nas pernas. Suas mãos
vagando, então...

Franziu a testa. Não conseguia lembrar de nada mais além


do beijo incrível. Nada. Absolutamente.

Sério que caiu no sono durante o abraço mais intenso de sua


vida??

Foi esta a razão pela qual Dmitri a segurou em seus braços,


com seu aroma almiscarado a rodeando...

—Acorda, gatinha. Só um pouquinho. Eu preciso que você


diga 'Eu aceito'.

—Eu Aceito?

Aceitar o que? Ele certamente não estava pedindo


permissão para a beijar de novo. Será que depois aconteceu
algo mais? Ahhhrrrr.
Desejava que seu cérebro não fosse um desastre lerdo.
Dando uma sacudida mental nas teias de aranhas de seus
pensamentos, ela pediu que pudesse abrir os olhos a tempo
de ver o belo rosto de Dmitri pairando sobre ela. Ouviu
também as palavras,

—Eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.


O que? Antes de que pudesse compreender o que tinha
acontecido, uns lábios foram pressionados contra os seus,
fundindo com seu toque, fazendo com que esquecesse suas
perguntas e despertando um incêndio. O beijo não ajudou a
recuperar seus sentidos. Pelo contrário, ela entrou em um
estado de êxtase, com apenas uma ideia real na mente -
mais.

Mais beijos. Mais calor. Mais Dmitri.

Os braços que estavam envolvidos em seu corpo a


mantinham na vertical, o que era uma boa coisa, também,
porque notou que suas pernas tinham a consistência de
borracha macia. Uma pequena parte dela disse que deveria
protestar, ou pelo menos fazer um esforço para ter algum
tipo de controle.

Ela não estava funcionando em toda sua máquina. A


lentidão ainda dominava. Ela achou que deveria chorar e
estar assustada, no entanto...

Estava realmente gostando de seus lábios macios e do calor


de sua respiração. Ou estava até que foi de repente colocada
em uma cadeira. Fale sobre um despertar rude.

Seu corpo lamentou a perda de calor do seu abraço,


enquanto sua leoa miou em frustação. Uma frustração que
conhecia muito bem, dado o calor que despertou e que
negou a sair facilmente.

Lutando contra o cansaço de seu corpo, conseguiu forçar os


olhos abertos, não que a ajudasse a entender muito. Não
reconheceu seu entorno.

Uma pena foi empurrada em suas mãos.


—Assine aqui, - a voz com sotaque de Dmitri ronronou em
seu ouvido.

—O que está acontecendo? - Murmurou com os lábios


dormentes enquanto lutava para se manter acordada.
Piscou para a folha em branco na frente dela, em vão. As
palavras no papel vacilaram.

—É o que você quer.

Sério? É o que quero? ... Sim, eu quero.

Sem pensar um segundo, assinou.

Assim como ele também fez, utilizando a mesma pena que


tinha, sua assinatura ao lado da dela em negrito na certidão
de casamento.

Abriu e fechou.

Leu novamente.

Não, as palavras no papel não mudaram.

Ela cravou um dedo no papel, não confiando em si mesma


para falar.

Mas se o tivesse conseguido, teria soado muito parecida


com seu pai, claro que com menos palavrões. Que diabos
aconteceu?

Ele respondeu a sua pergunta não formulada. –Agora


somos marido e mulher, gatinha.
—OH!! Isso era inesperado.
Casada. Estava casada. Com Dmitri. Estou casada com o
tigre.

Hey, um casamento forçado, o primeiro da família, um


desastre, e um que sua irmã não conseguiu.

Ponto para mim?

Não, porque Meena evitou os planos de Dmitri. Eu, pelo


contrário, caí como um dominó. O que é pior, eu não
esperava. Realmente pensei que gostava de mim. Pensei que
tinha falado sério quando disse que iria me cortejar e
demonstrar sua intenção.

Que idiota, a sequestrou e desta maneira pode se casar com


ela as escondidas. Tornando ela em sua esposa. Sua esposa?
Sua leoa poderia? Seu felino interior certamente parecia um
pouco satisfeita. Seu companheiro. O ruído mental, vibrou
através de seu corpo como um ronronar fantasmagórico,
que deixou seus sentidos vivos. Você vai se levantar e fazer
valer os seus direitos?

—Não me pode obrigar a me casar com você. - Disse a ele.


Se dirigiu por último ao homem vestido com um traje
clerical, preto e branco, uma espécie de tipo religioso. Que
não deveria aprovar esta farsa.

—Diga a ele que não vale porque eu não estava acordada.

—Você disse “Aceito” - Dmitri a lembrou.

—Porque você me perguntou enquanto eu não estava sequer


acordada. Não conta. E porque esse padre está me
ignorando?
—Gatinha, se você se acalmar, eu posso...

—Eu não vou me acalmar. - Se jogou na cadeira, percebendo


tarde demais a fragilidade da mesma. A cadeira de plástico
com pernas de metal, uma relíquia dos anos setenta,
quebrou. A mão que tinha usado para ficar de pé deslizou
quando o plástico quebrou e perdeu o equilíbrio. A cadeira
inclinou para um lado, esticou o braço, mas seus reflexos
ainda estavam lentos, pois ainda estava enjoada e acabou
batendo com o ombro, e sua cabeça no chão de mármore.
Ela ficou ali, em um ângulo estranho, atordoada, e expondo
uma perna muito mais do que deveria. Através de seus
olhos entrecerrados, viu que a barra de sua saia estava no
seu quadril. Dimitri também notou. O interesse ardia em
seu olhar, o padre também notou, pois limpou a garganta.

Como se atreve roubar a atenção do Dmitri?

Grrrr. Quem rosnou?

—Vamos, vamos, agora, gatinha, me dê um momento para


atender este homem, obviamente, valente, por enfrentar sua
raiva violenta.

—Não sou violenta. - Violenta era sua irmã.

—Acho que é mais forte do que imagina. – Ele estava certo.

Queria saltar sobre ele e dar algumas lambidas. Sua gatinha


interior simplesmente não podia manter seu grande nariz
longe dele. Mas não estava sozinha apreciando o elogio.
Como um “grand finale”, a certidão de casamento foi
recolhida e guardada em um envelope pardo
—Se assegure de entrega-la hoje, - ordenou Dmitri
enquanto entregava um maço de notas verdes ao padre. —
Acredito que há o suficiente aqui para manter sua discrição.
—É sempre um prazer fazer negócios com sua família, -
respondeu o homem.

—Negócio? Isto é ilegal, - gritou ela, uma espécie de


aborrecimento se apoderou dela contra ele por sua atitude
indiferente.

—Mulheres. Não pode se viver com elas, - o homem com o


colarinho de padre se queixou, — E não também não pode
as matar, essa é a vida. Depois perguntam o “por quê” me
uni a igreja. -

—Um homem precisa de herdeiros legais para deixar seu


legado. - Disse Dmitri enquanto o acompanhava até a porta
de metal.

Foi então que notou que era a única porta do quarto,


embora ao chamá-la de quarto estava sendo generosa.

Ficando de pé teve uma visão completa, não que houvesse


realmente muito para ver.

As paredes cinzas gritavam espaço de utilidade, assim como


a mesa branca riscada, manchas laranjas, anéis pretos e
arranhões que arruinavam a superfície antiga. Ao redor da
mesa estavam espalhadas uma estranha composição de
cadeiras. Como se tivesse sido resgatadas dos anos setenta,
assentos de plástico laranja, misturado com um pouco de
azul escuro e um pouco de verde, espalhadas de forma
aleatória.

A que ela tinha quebrado estava caída no chão em dois


pedaços. Servindo como um aviso de que mesmo quando
estava sentada seus problemas não iriam deixar ela sozinha.
Embora uma parte de si mesma parecia pensar que ela
deveria deitar um pouco para uma sesta, sabia que não era
um bom plano. Inclusive seus pensamentos tontos e
confusos reconheceram alguns fatos importantes.

Um, o álcool não causou seu sono. Ela foi drogada! Dois, ela
estava malditamente casada.

E três, droga, essas drogas eram boas porque, mesmo


sabendo que deveria estar zangada com Dmitri, só queria
beijá-lo.

Se aproximar. Tocá-lo. Se esfregar contra ele. Marca ele


com nosso cheiro. Tão traiçoeiro eram seus pensamentos
que ronronou dando um passo para ele. Só um, logo
congelou com o lembrete de que beijá-lo era uma má ideia.
Boas meninas se comportam. Os meninos maus não. E os
tigres machos alfa faziam tudo de forma incrível, e
prosperavam. Dmitri se moveu, e rapidamente, porque,
quando se deu conta, estava pressionada contra a frente
dele.

—Fique com raiva gatinha. Eu te encorajo a gritar e chutar. -


Confusa, ela olhou para ele. —Quer que faça o inferno?
Então admite que estava errado?

—Não. Eu disse que você seria minha, e mantive minha


promessa. No entanto, sua raiva está se tornando algo mais.
Sabia que seus olhos cintilam da maneira mais
provocadora? E você cheira... - Ele respirou fundo e fechou
os olhos. Quando os abriu, pareciam brilhar com o calor de
sua fome. Ela engoliu em seco.

—Isto não é uma piada.

—Não, eu não estou rindo.


—Mas você está agindo de maneira indiferente sobre tudo.
Me sequestrou e logo casou comigo, mesmo enquanto eu
estava praticamente babando pelo sono.

—Você ronca, não baba.

—Obrigada por me deixar saber, - espetou, não estava feliz


por apontar uma falha óbvia.

—É lindo. Eu, pelo contrário, não ronco.

—Não é uma informação importante, já que não vamos


dormir juntos. - Ele riu.

—Tem razão. Nós não vamos dormir muito.

Ela não precisava de muito para entender a insinuação.


Como sua esposa, ela poderia dar o próximo passo. Suas
mãos agarraram sua cintura, mantendo seu corpo
pressionado contra a dureza do seu calor, uma almofada
tortuosa para seus sentidos hipersensíveis.

—Eu vou ser um bom marido.

Surpresa com sua declaração, seus olhos se encontraram,


prendeu a respiração. Esses intensos olhos azuis não
deixavam de capturá-la. Esses lábios a tentavam, ainda mais
agora que sabia seu gosto, o tato, ah como esquecer desse
prazer. Um rugido sacudiu seu corpo.

O que o perturbou?

Aparentemente, ela o perturbou.


—Você não deve olhar para mim dessa maneira, gatinha.
Isto faz que um homem queira arriscar sua vida e explorar a
tentação que oferece nesse olhar.

—Como é que seria arriscado? Um beijo não pode matar. -


Ou o pesar da falta de um poderia causar a ela uma
combustão espontânea.

—Arriscado porque não temos tempo. Temos que sair antes


daqueles que nos procuram, nos encontrem.

—Quem está atrás de nós?, - Perguntou. Dmitri tinha


inimigos? Como mafioso em sua terra natal, sem dúvida
tinha seu quinhão.

—Sua família está à espreita. Quem mais? Seu pai tem olhos
e ouvidos em todos os lugares. É condenadamente
impressionante. Terei que interrogá-lo, hum, quero dizer,
perguntar a meu novo sogro, já que ele é a partir de hoje. No
momento, acho que é melhor não pisar na cauda desse leão.

—Com medo do meu pai? - Sim, ela sorriu totalmente sem


vergonha.

—Não, só não quero começar o meu casamento com o


assassinato de seu pai. Posso ver isso sendo um pequeno
problema.

—Pequeno?

Ele riu.

—Você tem razão gatinha. Mesmo que eu mate seu pai, você
ainda iria me adorar loucamente. Mas não há necessidade
de provar essa teoria agora. Vamos viajar no meu jato logo
que te alimente.

—Estamos em um aeroporto? - Ela olhou ao redor, a


procura de uma indicação de que estava em um aeroporto.
Qualquer tipo de fuga era boa. Ela não podia ficar casada
com esse louco, mesmo que tivesse olhos azuis e um sedutor
encanto escuro.

—Nós, em um aeroporto? Nããão. - Estendeu a palavra e fez


uma tentativa de parecer inocente. Fracassando totalmente,
desde que ele era parte demônio. Isto não significava que a
tentativa, não resultasse ridiculamente perturbadora.

Ele permitiu que ela saísse de seus braços. Ela se virou. Não
deixe que ele te puxe para seu mundo imaginário onde esse
tipo de coisa é normal.

Além disso, ele não tinha admitido que ele fez tudo com
base em seus romances? Argh. Tinha que parar de tentar
encontrar significado a suas ações. Fugir deveria seguir
sendo sua meta.

—Nós estamos em um aeroporto, o que significa que, se


grito por socorro, alguém virá...

Ela tinha acabado de sabotar seu plano. Será que queria


falhar? Que fez isso inconscientemente, porque queria ficar
com Dmitri e ver o que iria acontecer?

Duh. Parecia que seu felino interior sabia a resposta.

—Não te aconselho a fazer isso.

—Ou o que?, - se atreveu a dizer, um brilho de incentivo a


animando
—Vou te dar um beijo de boa noite.

E ele fez. A virando para encara-lo, ele a beijou uma fome


impressionante, a boca dura e suave, exigente, mas
persuasiva. Ele a possuía nesse momento.

Naquele exato momento, o teria seguido qualquer lugar,


mas quando sentiu a picada de uma agulha em traseiro, ela
rosnou,

—Não outra vez.

Ela caiu no sono instantaneamente.


í

Dmitri

Como me coloquei em tantos problemas? E tão rápido?

Dmitri passou a mão pelo cabelo, o único sinal externo que


ele permitia, por como as coisas tinham ido de interessantes
a fodidas em apenas dois dias.
Como agora, por exemplo. Ele era um homem casado -e
sim, este casamento era válido, principalmente por ter
dormido com sua nova esposa. Casado, e entretanto, suas
boas-vindas à família da Teena consistia agora em fugir de
um sogro psicótico. Peter não era o único que tinha que
evitar. Adicione evitar os muitos olhos e ouvidos
pertencentes ao bando de leões. Mesmo com o bando de
Arik vivendo meio país de distância, não tinha nenhuma
dúvida de que Arik teria algum tipo de rede de espionagem
ou tratado de amizade com os vizinhos para que vigiassem
um diplomata russo. Vigiado e ainda não parado.

Eles tecnicamente não podiam pará-lo, não sem a


permissão do Conselho Superior -cujas mãos ele molhou
bem- mas os leões locais poderiam atrasar sua saída,
procurar no seu avião em busca de evidências do paradeiro
de certa fêmea.

O que não iriam encontrar. Ele tinha certeza disso.

Como se isso não fosse o suficiente, Dmitri também ficou


alerta perante à expectativa de assassinos que poderiam
trabalhar para Peter. Eles poderiam estar à espreita em
qualquer lugar. Isso era esperado. Ele aproveitou, pois
gostava de um pouco de esporte.

Além da distração, estavam as chamadas telefônicas que


recebeu das pessoas a procura de Teena.

—Você fez isso? - Arik perguntou sem se preocupar em dizer


“Olá”.

—Eu não a sequestrei. - Dmitri podia soar verdadeiro. Ele


não tinha feito isso. Seu capanga tinha, contra a sua última
ordem.

Luna também o contatou e o advertiu,


—Não se atreva a fugir e voar de volta para a Russia, onde
eu não posso te seguir. —Assim que o avião for abastecido,
estaremos fora daqui. - —É melhor que não se case com ela
e muito menos a seduza.- Eu nunca gostei de receber
ordens. Mesmo você as dando... Se ele mandasse que sua
nova esposa o beijasse, ela obedeceria, ou iria morde-lo?
Estremeceu. Qualquer dessas opções o excitou.

Então, sim, ele fez o contrário de tudo o que todos lhe


disseram, e não se arrependeu nenhuma vez. Ainda não
podia acreditar que seu capanga tinha conseguido levar a
cabo o sequestro.

Quando recebeu o telefonema pela manhã após o


casamento de Meena, dizendo que tinha agarrado Teena e
que seguiam para Kentucky, onde eles iriam esperar por ele
na pista, propriedade de um amigo da família, Dmitri
poderia ter gritado.

–Era para abortarmos o sequestro., - ele sussurrou ao


telefone, com a mão em concha sobre ele para que ninguém
escutasse. Entrou no pequeno banheiro anexo ao quarto,
fechou a porta antes de ligar a água. Relaxando um pouco.

—Que porra é essa?

—Bem, é que não recebemos a mensagem, chefe, - anunciou


Viktor, sua alta voz russa e em pleno auge. —Portanto,
seguimos adiante com o plano. Agarramos à garota e agora
estamos a caminho do ponto de encontro.

O que queria dizer, é que quando o bando inevitavelmente


enviasse alguém para procurar seu avião no hangar da
cidade vizinha, não iriam encontrar nada, e não teriam
nenhum motivo para segurá-lo.

Um plano brilhante, claro que idealizado por ele, e ainda


assim, o odiava, porque acrescentou algumas complicações,
como arruinar a sua intenção de atrair Teena.

Por outro lado, talvez ela visse o lado romântico. Drogada e


sequestrada, levada em uma aventura romântica selvagem.
Comigo.

Ela poderia querer algo mais?

Saber o que tinha feito e fingir que não o tinha feito.


Resultou em ser uma manhã tensa, a mesa do café da
manhã estava deserta, já que muitos dormiam após as
festividades da noite anterior.

Peter, entretanto, estava ali, e assim que seu olhar


encontrou o de Dmitri, franziu o cenho.

Entretenimento durante o café da manhã. Que amáveis seus


anfitriões. Depois de encher um prato do bufê distribuído
através de duas mesas, Dmitri sentou em frente a Peter.
Dmitri esperou até que o homem tomou um gole de café -
preto, é claro, e ele apostaria que era sem açúcar- antes de
dizer:

—Bom dia. Estou surpreso que você dormiu, considerando o


que sua filha estava fazendo na noite passada.

Cuspindo o café, Peter se lançou sobre a mesa, direto para a


garganta de Dmitri. Só que Dmitri não estava ali.

—Se acalme. Essa é uma reação de camponês ante a


verdade. O que mais iriam estar fazendo Meena e seu
marido sarnento?

—Você não colocou uma mão em minha Teena?

Peter tirou as pernas fora da mesa, espalhando os pratos


para poder os baixar e ficar de pé.

Dmitri sorriu.

—Uma mão? Como se fosse suficiente. Usei as duas. E meus


lábios. Ela beija muito bem. Aposto que...

Como esperado, as coisas chegaram à parte física nesse


ponto, mas Dmitri cuidou para não machucar o pai da
Teena -muito.

Quanto a suas costelas machucadas e o olho direito inchado,


esses eram para aparecer, assim o homem mais velho não
iria se sentir menosprezado. Ele não podia esconder a
verdade interior.

Golpeado por um homem mais velho. Seu tigre entrou em


colapso e jogou as patas no ar.
Eu não fui golpeado. Ele só teve sorte.

Sorte, também, quando foi expulso da propriedade antes de


que alguém pensasse em verificar Teena, e mesmo se
tivessem feito, um bilhete foi deixado, mas Dmitri não sabia
quanto tempo a falsificação seria mantida.

Melhor partir enquanto podia, e mesmo assim, não chegou


ao aeroporto antes da notícia do desaparecimento de Teena
batesse nas linhas de fofocas. Isso, por sua vez, os levou a
seu avião sendo procurado antes de que ele chegasse.

Deixe eles. Eles não encontrariam nada.

Mas certamente suspeitariam quando seu avião ficasse fora


de vista para uma rápida aterrissagem, recolher e decolar.
Se pudesse ter voado diretamente para a Rússia, ele teria
feito. Mas mesmo ele sabia que teria que aterrissar na costa
oeste para reabastecer, afim de garantir que iriam fazer a
viagem.

Agora, alguns provavelmente diriam, que se sabia que


estava sendo perseguido, e se valorizava sua pele, então
tudo o que tinha que fazer era deixar Teena. Deixar ela para
trás e voltar para casa.

Com isso, o homem, não o animal, grunhiu, —Diabos não.

Mas escapar com ela era só uma parte das medidas para
garantir seu futuro. Uma vez que chegasse a sua terra natal,
teria só um pouco de tempo para convence-la a ficar antes
que o conselho se envolvesse. Eles tendiam a franzir o
cenho para shifters, mesmo sendo praticamente da realeza,
que sequestravam mulheres.
Aparentemente era assim desde o final de 1800.

Ideias velhas não queriam dizer que não fossem eficientes.


Ao se casar com Teena, resolveu alguns problemas.

Em primeiro lugar, poderia dizer ao Conselho que ela era


sua esposa, o que tornaria mais difícil obrigar que ele a
devolvesse. Dois, seu casamento era legítimo e devia ficar
com ele -apesar de que só estar comigo deveria ser
suficiente.

E três, aos olhos da lei e de qualquer outra pessoa, isto a


fazia dele.

Minha. Toque-a e morra. Era lindo que seu tigre interior


vivesse segundo o lema não oficial de sua avó.

Se perguntou quantos iriam admirar que sua fuga foi


perfeitamente executada. Teena certamente não parecia
apreciar ainda. Ela ameaçou gritar e chamar a atenção para
que...

Ele mergulhou uma agulha em seu traseiro, e prometeu,

—Vou beijar você mais tarde.

No que sua esposa respondeu, —Mais tarde você vai estar


morto.

Não eram as mais promissoras das palavras, mas hey, pelo


menos ela disse um “mais tarde”.
í
Teena

Lá vem mais um despertar lento. De novo.

Sua língua parecia grossa em sua boca seca, as pálpebras


pesadas e se recusavam a abrir.

—Puaj. - Ela anunciou sua irritação com o mundo em uma


linguagem perdida com o passado do tempo que remetia
quando os homens das cavernas governavam. A palavra de
uma sílaba transmitia muitas coisas -que estava acordada,
com sede, e com muita preguiça para fazer algo sobre isso.

Felizmente, alguém entendeu sua fala troglodita.

Um par de mãos a ergueram na vertical, e em seguida, a


ancoraram em uma posição sentada. Sua cabeça caiu em um
ombro largo. Um cheiro familiar a rodeava.
O aroma do Dmitri. Meu marido.

Era curioso que quanto mais vezes pensava ou dizia, menos


estranho parecia ser.

—Beba isso. - Um copo frio, escorregadio pela umidade, foi


pressionado em sua mão.

Levou avidamente o copo aos lábios. Falhou. A borda


atingiu sua bochecha, mas, bem, derramou só um pouco, e o
respingo frio no rosto ajudou a acordar mais.

Ela abriu uma pálpebra, reajustou o ângulo do copo, e


tentou de novo. Sucesso!
Pura, água limpa molhou sua boca. Ela engoliu, cada gole
um refrescante despertar. Quando tinha quase esvaziado o
copo, uma mão o arrancou de seu agarre.

—Você quer mais?

—Está drogado? – ela perguntou, secamente. Seu tom


estava carregado de humor quando ele respondeu,

—Um pouco tarde agora para perguntar. Mas não. Isso era
água e nada mais.

Sentindo-se cada vez mais forte e mais alerta, conseguiu


manter os dois olhos abertos e dar uma conferida ao redor.
Nenhuma só coisa era familiar.

—Onde estamos?

—Isso importa?

Claro que sim. Precisava escapar. Precisava ficar longe


desse psicopata que a tinha drogado e convertido em sua
esposa.

Por que devemos partir?


Sua leoa, queria saber, sinceramente, por que ela sentia
uma necessidade desesperada de fugir.

Porque. Era a coisa mais inteligente a fazer.

Mas por quê? Seu felino interior realmente não entendia


seu problema, já que, tecnicamente, Dmitri não tinha feito
nada para machucar Teena. Pelo contrário, tinha mostrado
um interesse ardente por ela, o suficiente para que ele
tivesse tomado como exemplo uma página das novelas
românticas que lia, a sequestrado, e casado com ela.

O que significava que agora esperava que se deitasse com


ele.

O bater de asas em seu estômago não tinha nada a ver com


medo.

Será que ele podia sentir os redemoinhos de antecipação


que endureceram seus mamilos? Por isso ficou rígido a seu
lado? Saiu de seus braços e ficou em pé, precisava pôr um
pouco de distância entre eles. Estar tão perto dele confundia
seus pensamentos.

Ela cambaleou, mas bateu sua mão longe quando ele se


aproximou dela.

Não deixe que te toque. Era mais difícil pensar quando ele
estava tão perto.
Para se distrair, Teena fez um balanço de seu entorno, seu
muito rico entorno.

Suntuoso não começava a descrever o ambiente. Imagine


um espaço cavernoso com um teto alto, um teto muito alto,
com sancas de coroas sobre ele o adornavam, que
correspondia com o resto da sala. As paredes, decoradas
com papel de cor cinza e prata sutil, foram compensadas
pelo revestimento de madeira de cor nata que abraça a
metade inferior. O piso de madeira escura brilhava, sua
extensão só interrompida pelos móveis que adornavam o
espaço. Tapetes luxuosos, com desenhos complexos, que
definiam as áreas do ambiente. Uma parede de janelas com
vista para a cidade, mas uma cidade diferente de qualquer
uma que já tivesse visto.
Uma cidade com telhados cobertos com pó de neve.

Acho que não estou mais em casa.

A descoberta deveria a ter surpreendido, fez, mas a


emocionou mais. Pela primeira vez, Teena vivia uma
verdadeira aventura, e ela era a heroína, não uma
espectadora sem graça.

Suas pernas ainda estavam bambas, mas não estava


disposta a sentar junto a Dmitri no sofá, Teena se sentou em
uma luxuosa cadeira de jantar, o respaldo e o assento
cobertos com um tecido de veludo parecido a um tubarão
cinza, a mesa diante dela com incrustações de mogno
reluzia com tiras mais claras de algo um pouco mais exótico.

Seu dedo traçou o projeto do desenho enquanto ela


procurava compor seus pensamentos.

—Deseja algo mais forte para despertar?


As palavras acentuadas de Dmitri não deixavam de fazer
cócegas em sua pele, no entanto manteve sagacidade
suficiente para saber como responder.

—A última vez que bebi com você, acabei sendo drogada, me


levou a um lugar estranho, e casou comigo.

—Em poucos anos, você vai apreciar meu gesto romântico. -

-Apreciar? - Ela não pôde evitar um bufo. —Você terá sorte


se puder viver uma vez que meu pai descubra.

Pobre Papai. Ele fez todo o possível para seguir a lei, e, no


entanto, as provas forenses trabalharam contra ele. Ele
realmente teve sorte que fatos importantes foram omitidos
dos relatórios finais, o que acabou por levar a não terem
tantas convicções como esperavam. Ainda assim, esse par
de anos que tinha passado na prisão durante os primeiros
anos de vida dela tinham sido difíceis para sua mãe.
Principalmente quando Teena e Meena aprenderam a
escapar do quarto das crianças.

—Você percebe que a menção de uma possível perseguição é


um esporte de energia e é positivo no meu mundo?

—Que sorte a minha, estar com um cara que poderia ser


remotamente relacionado com minha família louca e
violenta.

—Não tenha medo, gatinha. Nós não compartilhamos


descendentes comuns. Minha avó verificou.

—Quando ela teve tempo para fazer isso? Acabamos de nos


conhecer.

Considerando que ele desviou seu olhar, ela não teve que
adivinhar.

—Não era eu quem ela verificou, é claro, mas minha irmã.


Aquela com quem você queria se casar.

Não pôde evitar o tom apagado de sua resposta.

Apesar de sua absoluta devoção uma pela outra, Teena e


Meena tinham tido uma certa rivalidade enquanto
cresceram. Meena teve uma A77 em matemática. Teena
obteve um em ciências. Meena foi e se juntou aos meninos
dá equipe de hóquei. Ela era uma jogadora malditamente
boa, também, até que cresceram seus peitos e ela disse que
eles ficavam no caminho de seu taco de hóquei.

7
7 A: parâmetros de avaliação, da educação americana, onde A é a nota máxima.
Quando se tratava de meninos, seus gostos eram variados,
como suas expectativas de homens. Meena só queria passar
um bom momento com alguém que pudesse lidar com seus
dois pés esquerdos, explosões violentas e tudo mais.

Enquanto Teena... Só queria alguém que a amasse. Ela. Pelo


que era. Não como a segunda melhor.

Apesar de sua reivindicação parecer um gesto romântico,


Dmitri não a tinha sequestrado ou se casado com ela por
amor, mas sim porque não casou com sua irmã primeiro.
Teena tinha muito orgulho para aceitar ser a substituta.

Dimitri ergueu seu queixo com um dedo, fazendo ela olhar


para cima para encontrar com os dele.
—Por que você parece tão triste? Com certeza ainda não está
chateada com o meu pequeno erro.

—Pequeno? A única razão pela que não está casado com


minha irmã é porque ela fugiu.

—Fugiu? Ou foi libertada pelo destino, que queria ajudar a


corrigir um erro?

Um bufo ridículo escapou.

—Meu papai diria que você está tão cheio de caca neste
momento, que seus olhos estão castanhos.

—Seu papai diz caca? -

—Claro que sim, “porque a outra palavra é vulgar, você não


sabe porra nenhuma”. - Aprofundou sua voz em sua melhor
imitação de seu pai.
Dmitri bateu na mesa enquanto soltava uma risada. —
Gatinha, você é cheia de surpresas. - —Eu sou, e é possível
que você não goste de algumas delas.

A maioria das pessoas tendia a zombar dela quando


descobriam sua maior fraqueza. Só seu pai nunca tirava
sarro.

Mas Dmitri não era seu papai. Nem perto disso. Ele a fazia
pensar em todos os tipos de coisas, nenhuma delas decente
-mas definitivamente emocionantes.

—Todos nós temos nossas peculiaridades, - disse ele.

Peculiaridades? Tal como sua capacidade de causar


problemas simplesmente por entrar na sala?

Nunca ninguém pôde encontrar uma explicação plausível


para esse dia, quando o estúdio de dança foi inundado, uma
boa coisa ou papai teria que roubar um banco de novo para
ter dinheiro para consertar o lugar. Não era como se ela
tivesse feito isso de propósito. Ela simplesmente tinha
batido a cabeça no tubo, quando se abaixou para amarrar
seu sapato. Nem foi com tanta força. A próxima coisa que
ela soube, é que uma rachadura fina apareceu com gotas de
umidade. Não era grande coisa, certo?

Quando a onda de água rolou através da porta em uma


lenta extensão de determinado liquido para frente, ela
sabiamente gritou com todos os outros em sua classe de
dança e empurrou seu traseiro coberto com um tutu para
fora de lá.

Mas, Dmitri não sabia nada sobre esses incidentes, ou o fato


de que nenhuma companhia de seguros ia dar cobertura
imediata a sua família. Ou que seu pai tinha conexões com
pessoas de reputação duvidosa. Seu pai poderia trata-la de
forma menos doce, e "delegar" suas tarefas na frente de sua
irmã e sua mãe, mas ela sabia em sua cabeça que ele
ordenava aos filhos do seu pessoal o que economizava seu
tempo, o que, por sua vez, significava passar mais tempo
com a família.

Papa sempre nos colocava em primeiro lugar.

—Eu não entendo por que você fez tudo isto. Você está
mentalmente perturbado? - Não é que ela iria utilizar essa
informação contra ele sua família tinha uma boa quantidade
de gente especial. —Quero dizer, realmente, você não
poderia ter escolhido um pior momento para me
sequestrar? - Especialmente considerando que ela estava
em desvantagem se descobrissem. Além disso, seria preciso
apenas um padre contrariado para acabar com seu
casamento.

—Você já ouviu o ditado que diz que qualquer coisa


prospera-no-perigo?

Qualquer outro homem poderia ter parecido arrogante


revirando os olhos ao fazer essa afirmação. Não Dmitri. Ele
deu uma sutil piscada que só o fazia parecer ainda mais
autoconfiante. Perigoso. Provavelmente violento. Todas as
coisas das quais ela tentou fugir... mas que seguiram a
encontrando.

—Bem. Você gostou do perigo de me roubar debaixo do


nariz da minha família. Mas me drogar? Sério? - A ideia de
que ela tinha ficado incapacitada a assustou. Durante esse
estado vulnerável, qualquer coisa poderia ter acontecido.
Como alguém tirando seu vestido de noiva. Ela deu uma
olhada para calças de moletom e a camiseta que levava, seus
pés calçados com meias e tênis branco. Todo isso se
ajustava perfeitamente e certamente não era um material
sedutor.

—Quem me vestiu?

Será que Dmitri tinha tirado seu vestido, suas mãos tocando
seu corpo enquanto tentava tirar o tecido? Ainda mais
importante, ele gostou do que viu?

Ela não podia deixar de estremecer quando se perguntava


se ele havia a tocado, ainda que sem querer, na curva de
seus seios enquanto ele a vestia com um moletom. Tão
atrativo. Usar roupa de esporte, de algodão leve, para o dia
do meu casamento. Sua mãe iria chorar se descobrisse. Mas
hey, olhe o lado positivo, Teena estava casada. Talvez.

—Eu não acho que o casamento seja legal se um de nós


estava drogado.

—Só se alguém reclamar. E ninguém ousaria.

Ela acenou com a mão no ar.

—Pensa novamente, garotão. Eu poderia. Estava, afinal de


contas, drogada.

Era engraçado como ele simplesmente se recusava a parecer


arrependido, nem de perto, não com esse sorriso de gato-
que- comeu-o-canário, neste caso um canário chamado
Teena.

—Você não vai me acusar.


—Eu deveria apenas limpar esse sorriso fora de sua cara, -
reclamou ela. —Isso não está certo, absolutamente.

—As drogas foram uma escolha infeliz. Tinha a esperança de


te cortejar para que aceitasse o noivado. No entanto, o
tempo era essencial. Daí o porquê de você se encontrar
incapacitada pelos meus homens, para que pudessem te
tirar do rancho.

—Por que não esperou até que eu me tivesse partido e em


seguida me pegar?

—Esperar? Eu não espero, especialmente quando um atraso


poderia significar que outro poderia te roubar.

Ela não pôde evitar bufar.

—Sim, claro, como se fosse assim tão solicitada.

—Você possui tal perfeição que é um tesouro, que muitos


poderiam cobiçar.

As belas palavras a afetaram mais que do que gostaria, mas


elas também a recordaram, que provavelmente, foram feitas
para a sua irmã.

E, entretanto, não é minha irmã, que agora está casada com


ele. Sou eu. Ele é meu marido. Meu.

Será que isso realmente importa, que ele não tinha a


escolhido primeiro? Mesmo assim ele tinha passado pela
dificuldade de reclamá-la, ao menos nos termos legais
humanos. Quando se tratava da reclamação mais primária,
ele ainda tinha que deixar sua marca.
Além disso, eles acabaram de se casar, o que fazia desta
noite a sua noite de núpcias, sua lua de mel.

Esta noite, iam para a cama juntos. Juntos, o que significava


sexo. Com ele.

Engoliu.

Quão aterrador e, ao mesmo tempo, excitante era. Agora, se


eu soubesse o que fazer. Como deveria agir quando
enfrentava seu novo marido? Ela certamente não conseguia
se lembrar de nenhum capítulo em seu livro de boas
maneiras, que sua mãe fez que ela estudasse, que decorasse
o que fazer em sua noite de núpcias.

Um volume tão pesado e prático. Ele não só tinha ensinado


as regras de ser uma dama. Ele também tinha dado uma
postura perfeita, após horas que gastou o mantendo
equilibrado em cima de sua cabeça. Só uma vez o livro fez
algo intratável, quando caiu e quebrou seu dedão do pé.
Mas sua prima Polly, que a tinha empurrado, sofreu com
um nariz quebrado e três dentes soltos uma vez que Meena
estava com ela.

Quem se importava com sua infância traumática, para os


outros, não para ela? Quanto mais Teena lutava para ajudar,
mais desculpas eram necessárias.

Ela poderia ter que se desculpar com Dmitri esta noite,


quando descobrisse outra das suas peculiaridades.
Inexperiência.

E não, ela tinha muita vergonha de explicar como uma


menina da sua idade ainda era virgem.
Ele, por outro lado, tinha obviamente experiência com as
mulheres. A ideia causou uma pontada de ciúmes, uma
pontada que a fez entender por que sua irmã reagiu tão
violentamente com aquelas que tocavam em Leo.

Ninguém toca o que é nosso.

Dmitri, no entanto, podia tocar tudo o que quisesse.

Em qualquer lugar...

Espera. Pare aí. Tinha perdido a cabeça? Mal o conhecia.


Como podia pensar em deixar que a tocasse, e tão
intimamente?

É um estranho.
E assim mesmo, tão decadente, exoticamente atrativo. Um
homem que a atraiu.

Meu marido.

Seu para tocar. Beijar. Amar se ela quisesse. Poderia fazer


que a amasse também.

Fazer ele meu, todo meu.

Era um conceito interessante. Exceto que ele não parecia


interessado sobre toda a parte da reclamação, dado que
estava do outro lado da sala servindo uma bebida de uma
garrafa de cristal facetado.

Com as mãos cruzadas sobre o colo, ela fez a pergunta que a


queimava por dentro.

—O que acontece agora?


Ele a violaria como o próximo passo em suas estratagema
de reviver os romances que ele copiava. Ela deveria se
estender sobre um dos sofás em uma posição de aceitação?

Erguendo o copo, rodou o conteúdo antes de tomar um gole.

—Em uns quinze minutos, vamos sair para a pista de pouso.


Vamos voar até minha casa na Rússia. Você está em casa
agora. Mas em primeiro lugar, se certifique de que sua
família - seus lábios torceram, —Não nos siga. Eu não quero
ter que matá-los, especialmente que só estariam indo em
sua defesa.

—Você os mataria? – ela gritou.

Ele revirou os olhos.

—Bem, é claro que sim, se tentassem te levar. Você é minha


agora.

O calafrio que a percorreu não tinha nada que ver com o


tom sinistro da sua voz quando a reclamou, mas sim com a
excitação.

Quão decadente e atraente soou quando ele disse isso. Mas


ainda assim...

—Eu gostaria que não matasse a minha família.

—Então você vai fazer todo o possível para assegurar que


tudo fique bem. - Era tão fácil falar.

Mas não era tão fácil fazer.


—O que eu devo dizer? Eles nunca acreditarão em mim se
eu disser que estava tão apaixonada por você que fugimos
para nos casar.

—E você está? - A prendeu com seu olhar hipnótico.

—Eu estou o quê?

—Apaixonada por mim? - Perguntou ele em um tom de


brincadeira, mas, era isso, ou havia uma nota séria
escondida em sua pergunta?

Claro que não. Ele não tinha se casado com ela por que a
desejava ou por precisar dela ardentemente. Apenas queria
reclamar a propriedade sobre seus genes – e o uso de seus
amplos quadris.

Mas mesmo assim, apesar das suas razões iniciais, o


resultado final seguia sendo o mesmo. Ele é meu, tanto
quanto eu sou dele.

O conceito em si a excitou. Entretanto, ela quase podia


ouvir Luna gritando,

"Síndrome de Estocolmo!"

Mas ele era mesmo seu sequestrador?

Ele era impaciente sem dúvida, pelo menos foi isso que
concluiu, considerando suas ações. Além de se casar com ela
antes de que pudesse perceber o que tinha acontecido, e
droga-la para que não o matasse, não tinha feito mais nada
perigoso do que disparar esse seu sorriso maligno para ela.

Bem, ele me beijou.


Isso provavelmente conta como perigoso, mas de alguma
forma ela queria mais.

Quanto a ele expor outras ameaças... Não havia correntes a


prendendo no lugar. Não havia capangas treinados
apontando armas para ela.

Mas eu aposto que se eu tentar sair pela porta, vai me parar.

A emoção elétrica quase a fez tentar.

Um telefone balançou na frente dela. Seu telefone, na


verdade, que mostrava uma grande quantidade de
chamadas e mensagens perdidas quando ela o pegou.

OH, não.

—Quanto tempo estive fora? - Perguntou, deslizando pelas


mensagens.

—Quase um dia inteiro.

—Um dia!

—Eu precisava de tempo para ter um álibi, e para te manter


longe e em segredo.

—Como fez isso? Quer dizer, com certeza alguém viu você
carregando meu corpo inconsciente. - Porque a última coisa
que se lembrava era de estar em seus braços, em um tórrido
abraço.

A julgar pelo repentino alargar de suas narinas e o interesse


que ardia em seus olhos, ele também lembrou,
—Sendo um homem de grande inteligência... – Ela
realmente não riu em voz alta, certo?

—...tive a certeza de ter um álibi. O casamento teve muitas


pessoas fazendo muitas coisas. Eu chamei suas primas para
que cuidassem de você quando as drogas começaram a fazer
efeito. Tive a certeza que me vissem quando fui para meu
quarto. Sua prima Luna até passou a noite em frente da
minha porta.

A querida prima Luna, ela dava um novo significado à


palavra tenacidade. Mamãe suspeitava que havia um pouco
de mula teimosa naquele lado da família, e a mãe de Luna,
uma Texana valente, nunca negou.

—Mas se estava trancado no quarto, como você fez?

Como ele tinha conseguido tirar ela da casa e se casar com


ela?

—Delegando é obvio. Sou um senhor na Rússia. Tenho


capangas para realizar determinadas tarefas.

Ela tentou não rir da palavra “capangas”. Ela realmente


gostava da versão deles nos filmes antigos amarelados.
Dmitri fazendo o que faz, o tornava então o supervilão com
o coração de ouro?

—Estes são os mesmo bandidos valentões que Meena estava


falando? Estou surpresa que deixou esses idiotas
incompetentes perto de mim.

Dmitri reclamou.

—Eu vou admitir que não era a minha primeira opção. Meu
braço direito e esquerdo, que estou habituado, adoeceram.
Intoxicação alimentara aparentemente. Então fiquei com
Gregori e Viktor. Eles são melhores pilotos que capangas.

—Você sabe na realidade que o termo “capangas” te faz


parecer como um cara mau.

—Excelente. - Disse sorrindo. —Assim tenho a certeza de


manter minha reputação intacta.

—Por isso é verdade, então? Você é um senhor da máfia na


Rússia?

—Você faz isso parecer tão sujo. Enquanto meus


pensamentos estão sujos, meu trabalho é justamente o
contrário. Nos velhos tempos, meu papel teria sido knyaz ou
um boyar8.

—O que, não um czar? Você não é um imperador? - Ela não


pôde evitar de sorrir enquanto zombava dele, seu ego era
verdadeiramente surpreendente e, entretanto, ao mesmo
tempo, estranhamente adorável.

—Sei que meus antepassados se esforçaram muitas vezes


para conseguir uma posição de tal importância. Eu prefiro
viver bem na minha velhice. Recebo tentativas suficientes
de assassinato na minha atual posição como é.

—E o que é que você faz?

—Sou o que os americanos chamam o alfa do meu clã.

—Deve haver algo mais do que isso.

8
8 knyaz ou boiar: refere-se a um duque, príncipe ou nobre da época medieval, e ao território que este
protegia.
Seus lábios se espalharam em um sorriso branco que
mostrava uma maldade infantil que um homem de sua
beleza nunca deveria usar.

—Importação e exportações.

—De? - Cutucou ela.

—Qualquer coisa que me faça ganhar dinheiro, ou me dê


mais poder. Controlo grande parte do mercado negro. -

—Então você é um verdadeiro criminoso, - disse ela.

—Na Rússia, o termo adequado é capitalista, e te garanto


que é considerado mais repugnante do que um ladrão.
Especialmente porque eu visto um terno.

—É perigoso?

—Qualquer ocupação que vale a pena para um macho terá


algum perigo. É para o que somos criados.

—E as mulheres? Como elas são tratadas? - Ela sabia o


suficiente sobre o mundo para saber que diferentes partes
do mundo significavam grandes diferenças. Como Dmitri a
trataria? Ele parecia tender para o lado autocrático.

—As mulheres são para serem apreciadas.

Apreciadas não permitindo que possam fazer o que quiser?


Se fosse isso, não cairia bem para ela.

—Em outras palavras, você acha que as mulheres não


podem cuidar de si mesmas.

Ambas as sobrancelhas se ergueram.


—Pare já com esse pensamento. As mulheres são as que
mantêm às famílias unidas.

—Então agora você está dizendo que as mulheres controlam


as coisas? O que dizer sobre o discurso de “sou o alfa” e “sou
o chefe”?

—Eu sou, mas eu também sei quando aceitar conselhos. Só


um estúpido desafia as ideias de uma mulher inteligente.

—O filhinho de mamãe. - disse tossindo. Ele deveria ter se


ofendido. Mas sorriu.

—Talvez, e mesmo assim não há vergonha alguma em


admitir que minha mãe é uma mulher inteligente, que em
algumas situações responde de forma impulsiva e com
excesso de zelo. Mas não tenha medo, tenho certeza que não
vai fazer nada contra você. Você é, afinal, minha mulher.

—Isto não importa. Meu pai vai querer matar você e sua
mãe pode ser um problema para mim. Então, onde
devemos ter reuniões familiares em salas que serão fáceis de
limpar?

—Aqui, é obvio. Nossos pisos têm séculos de história sobre


eles. E devemos esperar, um pouco, ou mais ou menos. Pois
são...

—O costume da Rússia. Você segue repetindo. - Ela revirou


os olhos, mas sorriu. Sua arrogância habitual era natural,
não fingida, e totalmente cativante.

—Vê, você está mostrando sua total perfeição, pelo fato de


me entender tão bem já. Minha mãe, certamente vai
reconhecer isto. E se não, não tenha medo, eu vou te
proteger.

Ela franziu os lábios.

—Parece que nossas famílias têm algumas coisas em


comum.

Seu pai era o mais louco sobre os assuntos da família


também. Uma boa coisa que o parque nacional estava perto
de sua casa e possuía uma profunda ravina. Caso contrário,
ela poderia nunca ter chegado a abraçar seu pai enquanto
crescia.

Ela tentou trazer a conversa de volta ao ponto de partida.

—Parece que nos desviamos. Então você me drogou, e de


alguma forma seus capangas me raptaram.

—Me custou muitos rublos para convencer os dois a se


vestirem como mulheres, Viktor pediu uma compensação já
que um convidado do sexo masculino tomou certas
liberdades com sua pessoa.

Os homens se vestiram como mulheres? Ela fez uma careta


ao lembrar de um certo par de primas feias e enjoadas. Eu
caminhei diretamente para eles. Sem nenhum aviso, nem
mesmo de seu felino interior.

Não há necessidade de dizer que queria enforcar os dois.


Alguém ficaria desconfortável.

—Se você tinha seu capangas fazendo tudo, o que estava


fazendo? Ladrando em seu telefone conspirações nefastas?
—Enquanto girava meu bigode imaginário e ria com
maldade? - Ele bufou. —Não é bem assim, gatinha. Uma vez
que não sabia como tudo sairia, decidi me rejuvenescer.

—Você dormiu?

—Sim. Não sei por que você parece tão ofendida. Você
dormiu também.

—Porque estava drogada.

—Pense nisso como a sincronização de nossos horários. Sei


que minha brilhante sabedoria é às vezes difícil de seguir,
mas você vai se acostumar com isso.

—Irei?

Ele sorriu com a máxima confiança.

—Sim. Mas você está me distraindo. Queria toda a história.


Meus homens foram para uma pista de aterrissagem
predefinida, onde eles a passaram como um contrabando a
bordo de meu avião privado, dentro de uma caixa lacrada e
com algumas laranjas.

O que explicava o aroma cítrico que ficou nela. —Foi ali que
você se encontrou com eles?

—Quem dera. - Ele fez uma careta. —Infelizmente, tive que


atrasar minha saída do rancho, para que não levantasse
suspeitas. Você devia sentir pena de mim.

—Por quê?

—Tive que aguentar no café da manhã com sua família. - Ele


parecia tão angustiado. —O seu desaparecimento foi
notado, e você acredita que me acusaram? - A afronta em
seu tom era genuíno.

—Mas você fez.

—Bem, sim, eu fiz, mas, que descarados. Acusar um


convidado em sua mesa de café da manhã.

—Deixe eu adivinhar. Papai te atacou.

—Poderíamos ter trocado algumas palavras físicas.


Considerando como me trataram, disse adeus e fui para
meu jato particular. Nos retiramos e logo voamos para
costa. Durante esse voo, planejei nosso casamento, pedi a
um padre amigo da família que se preparasse para realizar a
cerimônia. Quanto ao resto de nosso incrível, e sim, você
pode dizer, história romântica, você sabe o que aconteceu
depois.

—Sim, me drogou e me trouxe... - olhou ao redor. —Ainda


não sei onde estamos.

—Moscou, gatinha, mas não estaremos aqui por muito


tempo. Eu nos trouxe para esta suíte da pista de
aterrissagem, enquanto se reabastecem o combustível e
apresentam meu plano de voo. Eu esperava que você
acordasse antes, não agora.

—Por quê?

—Porque poderíamos consumar nosso compromisso um


com o outro. - Disse com um rosto totalmente sério.

Estou casada com um lunático. Um lindo, mas ainda


assim...
—Você está completamente louco. Nós não vamos consumar
nada. Talvez em seu mundo, isto é romântico, mas no meu,
você vai preso. - O que, maldição, ainda era na realidade um
pouco romântico. Mesmo assim, ainda perguntou. —Ainda
não entendi por que você iria passar por todo este
problema. Não seria mais fácil me convidar para sair
algumas vezes, me deslumbrar com sua personalidade, e
depois me pedir?

—Os encontros levam muito tempo. Eu te queria. Eu peguei.


Você é minha.

Estremeceu. A libertação da mulher podia falar o que


quisesse. Mas ser reclamada por um macho atraente ainda
tinha um montão de charme e sedução.

—Que tal me deixar tomar essa decisão? - O sorriso que


desencadeou deveria vir com uma etiqueta de advertência –
“más decisões pela frente”.

—Você não vai se arrepender, gatinha.

Uma parte dela esperava que sim, mas na verdade, só o


tempo o diria.

O telefone vibrou em sua mão, tremendo com a fúria da


chamada recebida. Não precisava ouvir a 'Imperial March9'
do Star Wars tocando a todo pulmão para que soubesse que
era seu pai. Isso ia ficar interessante.

Ela esperava que Dmitri tomasse o telefone de sua mão. De


maneira nenhuma iria deixar que falasse com seu pai.

9
9 Famosa canção do filme Star Wars. https://www.youtube.com/watch?v=hNv5sPu0C1E
Com um gesto indiferente em direção a ela, disse, —Deve
atender. Ele está muito preocupado.

—O que, nenhuma advertência sobre que dizer ou não?

—A decisão é sua, gatinha. Uma aventura cheia de prazer,


paixão e eu. Ou minha morte súbita e o retorno a sua antiga
vida chata. Nosso futuro está em suas mãos.
Ela sabia o que suas mãos preferiam agarrar. Não era o
melhor pensamento para ter já que estava a ponto de tratar
com o diabo que a amava. Tomou uma respiração profunda
e atendeu.

—Olá papai. - E sim, ela usou sua voz mais inocente de


menina pequena.

—Não me venha com olá. Onde diabos você está? Sei que
algo aconteceu. Porra, eu sabia que deveria ter matado esse
maldito idiota a primeira vez que o vi, te olhando como um
sangrento pedaço de carne.

—Papai. Que linguagem! - Ela imitou o tom de sua mãe


perfeitamente.

—Não se meta comigo! Maldição, eu vou dizer o que quiser,


quando minha menina está perdida.

—Não me perdi. Sei exatamente onde estou. Estou aqui,


falando com você neste momento.

Quase podia ver o vapor saindo das orelhas de seu pai.

—Não utilize essa semântica de merda comigo. Você sabe o


quanto odeio quando sua mãe faz.
Ela sorriu. Ela sabia, por isso sua mãe continuava usando.
Miss Manners 10110 -atenda a seu homem, mas mantenha o
seu interesse.

—Tem alguma razão para ter um zilhão de chamadas e


mensagens no meu telefone?

—Você não pode simplesmente desaparecer de noite com


toda sua merda e esperar que nós vamos ficar preocupado.
Se esse idiota russo... – ele parou de falar de forma
ameaçadora.

Levantou e se afastou com o telefone em sua orelha,


tentando o seu melhor para ignorar Dmitri enquanto
andava pela sala.

Embora Dmitri mostrava uma indiferença fingida, o


depredador nela podia sentir a tensão que rolava dele. Se
ela pudesse, apostaria que se dissesse qualquer coisa errada
ele iria saltar e arrancar seu telefone.

Duas palavras. Duas palavras era tudo o que se precisava


para ter seu papai e todo o bando saltando em um avião
rumo a Moscou para levar ela para casa.

Duas palavras tais como “me salve”.

Duas palavras para mudar o curso de seu futuro.

—Estou bem. Super bem, na verdade, especialmente porque


minha fuga foi antes de que um desastre realmente
ocorresse. Você sabe o que acontece quando Meena e eu
permanecemos muito tempo juntas em um mesmo lugar. -
Havia uma razão para que seu pai tinha aprendido

10
10 Ela faz referência a um livro de conselhos sobre maneiras e comportamento social.
carpintaria, hidráulica e elétrica, a medida que elas
cresciam. Era mais barato do que manter um pessoal da
manutenção de prontidão. —Além disso, antes do
casamento surpresa de Meena, já tinha planos para me
encontrar com alguns amigos em Nova Iorque. Vamos fazer
algumas compras.

—Você saiu sem dizer uma palavra para ir às compras? - O


tom duvidoso na voz de seu pai quase a fez rir.

—Prada lançou uma nova coleção de bolsas, que e eu estive


esperando.

—Você nos deixou preocupado por uma bolsa?

—Não qualquer bolsa. Um Prada, papai. Mamãe vai


entender. - Na dúvida, jogue sua mãe sobre isso. Por alguma
razão, ele nunca discutiria com ela.

—Tem certeza que está bem? - Aha, aí estava a rachadura


de dúvida que queria.

—Melhor que nunca. - Ela encontrou o olhar de Dmitri ao


pronunciar a frase, e por incrível que pareça, quis dizer isso.

Esqueça o medo ou a ansiedade sobre o que o tigre queria


dela. A excitação corria por suas veias. A antecipação
despertava seus sentidos.

Assegurou a seu pai mais uma meia dúzia de vezes, de que


estava bem, até que finalmente conseguiu desligar.

O tempo todo, Dmitri desempenhou o papel de espectador


silencioso. Por outro lado, por que falar quando
praticamente a despia com os olhos, acariciando
visualmente cada polegada de seu corpo?
Era mais do que uma garota podia lidar, e não havia nada
tecnicamente que a impedisse de se render a ele. As
mulheres tinham sexo o tempo todo. Sexo casual, inclusive.
Tinha se contido durante tanto tempo. Mantendo um ideal
que não aconteceria.

Então, será que ele não me quer ainda? Estamos casados.


Ele é meu. Ela tinha a opção de fazer este casamento real.
Ter ele em sua vida, sua cama, seu coração.

O que estava acontecendo com ela?

O desejo a fez valente.

Jogou o telefone de lado, se jogou sobre o sofá, estendeu os


braços e exclamou,

—Me tome. Sou tua.

Isto poderia ter sido sexy, se o sofá provincial francês, com


seus pés espirais esculpidos, não tivesse quebrado a
derrubando no chão.
í

Dmitri

Qualquer outro homem poderia ter aceitado a oferta. Sua


gatinha sem dúvida o tentava, com seus cabelos
desalinhados, o coque, com todo o abuso que tinha
recebido, estava um desastre. Não estava vestida
exatamente com roupa de sereia, uma vez que ela tinha sido
vestida -por uma funcionária membro do pessoal do hotel-
com algo prático que a cobrisse e tirasse das roupas do
casamento. Mas o moletom largo e a camiseta, embora não
atraente, não diminuiu sua beleza.
Ela o convidava com os braços e olhos abertos, ignorando o
fato de que o sofá quebrado inclinava para o lado, sentou no
chão.

Ela o desejava. Então por que hesitar?

—Você está tentando fazer com que me aproxime para que


possa me bater, para ferir alguns dos meus órgãos? - Sua
irmã gostava de usar essa manobra para depois zombar dele
e o ameaçar de forma terrível, dizendo que ia contar para
sua mãe, provando que era um maricas.

Os irmãos se orgulhavam disso.

Teena sacudiu a cabeça. —Eu não faria isso.

—Você quer me bater até me deixar inconsciente, para daí


poder fugir?
—De maneira alguma, acho que tenha algo sólido o
suficiente para conseguir isso.

Certo, ele tinha uma cabeça dura. —Então, qual é o seu


truque?

Um truque que ela atualmente desenrolava, a cabeça


inclinada para baixo, o tronco em uma posição estranha.
Era estranhamente adorável.

—Eu só queria te abraçar. Não é grande coisa. Estamos


casados, certo?

Ela encolheu os ombros. Pelo menos revirou os ombros, o


que fez com que deslizasse pelas almofadas e caísse no chão.
Mas se recuperou rapidamente, sentou com uma perna
estendida e a outra dobrada, apoiando seus braços para
trás, empurrando seu peito para fora de forma convidativa.

Os gatos sempre tinham uma incrível capacidade de fazer


que até o gesto mais estranho parecesse intencional.

—Sim, nós estamos casados.

—Exatamente, o que significa que devemos consumar nosso


casamento, bobo. Normalmente, isto requer dois de nós,
muito próximos.

Dmitri fez uma careta.

—Você não vai discutir?

—Importaria?
—Bem, não, mas ainda assim, você deveria estar zangada. -
Ele cresceu rodeado por mulheres que não precisavam de
muito para deixarem seus temperamentos solto.

—Zangada porque você casou comigo? Realmente não. E


confie em mim, isso me surpreende tanto quanto a você.

Ela estava dizendo a verdade. Ele não detectou qualquer


irritação por parte dela, o que não fazia sentido. Qualquer
outra mulher estaria gritando e jogando algo nele. Foi por
isso que ele transferiu as coisas de valor para baixo e as
colocou a sete chaves. É obvio, que ao ver um vaso de valor
incalculável na frente dele, sobre a pequena mesa onde
estava, não era necessariamente uma boa ideia.

Decidiu testar as águas, porque ela deveria estar tentando


estrangular ele com sua própria gravata.
—Então não está chateada com tudo isso, depois de eu te
sequestrar e casar com você?

Ela balançou a cabeça.

Por que estou duvidando? Não pedi uma companheira


dócil? Lá estava ela, pronta e disposta, exceto que ele não
estava.

Como diabos fez isso?

Ele voltou para a garrafa de brandy.

Engraçado mais sua recusa pareceu acender um pouco de


sua raiva.

—O que você está fazendo? Nós não deveríamos estar


chegando a parte da lua de mel? - exigiu ela.
Quase deixou cair a garrafa que estava se servindo.

—Nosso voo sai em breve. Tenho um carro vindo para nos


pegar em menos de quinze minutos.

—Isso é mais do que suficiente. Eu acho.

Virou para ela e perguntou o porquê do seu rosto pensativo.

—Acha? Quanto tempo geralmente duram seus amantes? -


Poderia também me dar seus nomes, para que possa caçar
um por um e os exterminar por terem tocado em você.

—Eu não saberia dizer quanto tempo. Eu ainda sou virgem.

O gole de álcool passou pelo lugar errado, e cuspiu.


Afogado. Se engasgou. Ela veio a seu socorro, batendo em
suas costas com força.

Quando consegui chupar uma pequena gota de ar,


perguntou, com voz rouca, —O que você disse? - Certamente
ele tinha entendido errado.

—Eu disse que sou virgem. Mas não por muito tempo.
Tenho certeza de que você vai saber como cuidar disso.

Na verdade, sim. Ou poderia, se ele pudesse reunir seus


pensamentos.

Quando ele tinha pedido inocência, nunca esperou


inocência de verdade. Não em alguém tão maravilhosa
como ela.

Pura e minha. Certamente isso era uma armadilha?

—Você quer que eu te seduza?


—Você é meu marido. Me seduza, me marque, chame como
quiser. Estive esperando muito tempo. Não posso esperar
para saber o que se sente. – Ela sorriu, a espessa expectativa
no ar a seu redor.

Expectativas nele.

Era ele, ou este matrimônio acabou de tomar um rumo


problemático? Isto já não era mais uma simples união de
corpos. O ato de sua união estava agora cheia de perigos.
Toda pressão agora caia sobre ele. A primeira vez de uma
mulher era algo que ela nunca iria esquecer, e o que tinha
ouvido falar nos últimos anos, nem sempre lembravam dele
com carinho.

E se ela odiasse?

Sua irmã, uma vez tinha dito algo sobre o fato de que eles
nunca foram capazes de cumprir suas expectativas.

E se eu falhar e nunca desejar meu toque de novo?

Inaceitável.

A primeira vez de Teena tinha que ser perfeita.


Absolutamente memorável. Com ele.

Precisava de mais álcool.

Estava longe dela, quando ela se aproximou, colocou a mão


sobre suas costas em um gesto de consolo.

—Parece que te irritei. Desculpe por ser uma virgem. Eu não


fiz isso de propósito.
Ela estava se desculpando por ser pura? Ele quase engasgou
novamente. Soltando de repente o copo, virou para poder
olhar para ela. Foi capturado por esses olhos sedutores,
tomado pelo olhar hipnótico e o corpo virginal de sua
esposa. Ele queria rugir e gemer ao mesmo tempo.

—Acho você incrivelmente atraente.

—Por que tenho a sensação de que agora vem um mas?

—Mas agora estou perguntando se talvez minhas ações


precipitadas estavam erradas. Uma mulher como você
merece um namoro adequado. Uma sedução perfeita. E sim,
você o terá, - ele propôs nesse momento, era um golpe de
gênio para conseguir tempo.

Sua confusão, fez que aparecesse um vinco em sua testa. —


Eu não entendo.

—Como você sabe, estamos casados, e embora seja meu


direito marital participar dos prazeres carnais que este
vínculo legal traz, vou me abster e te darei o melhor cortejo
que merece. - Ele iria flertar, provocar e seduzir até que ela
pedisse que a tomasse. Então, e só então, iria se atrever e
possui-la enquanto estivesse no auge da paixão.

—Deixa ver se entendi. Você me sequestra e enquanto ainda


estou sob a influência de drogas, casa comigo para que você
possa me reclamar, mas porque eu sou virgem, você não vai
dormir comigo.

Ele amava seu raciocínio rápido. —Exatamente. - sorriu.


Ela, por outro lado, suspirou e murmurou:

—Bem, não é que minha sorte me fodeu de novo?


O desagrado marcava suas palavras, entretanto, foi tudo o
que fez. Ela não discutiu. Ou jogou alguma coisa. Nem
tentou escapar.

Ela sentou no sofá, no lado bom, que, para zombar dela,


também quebrou. Mas Teena não se alterou, mesmo agora,
simplesmente puxou suas pernas sobre o sofá.

O lugar ao lado dela o chamava. Inferno, tudo sobre ela o


chamava.

Mas não, ele não confiava em si mesmo para ficar tão perto,
apesar de sua aparente dificuldade em ficar sobre o sofá. A
proximidade levaria a beijar. Beijar levaria a tocar. Tocar
levaria a ele tomando-a como um animal no mobiliário
estreito, arruinando assim sua primeira vez. Arruinando sua
futura vida sexual.

Não. Vou esperar. O único problema em esperar era que


acabaria fazendo mal, a uma certa parte de seu corpo que
ficaria azul. Mas ao menos respeitaria sua nova namorada.

Uma pena que ela não gostou.


í

Teena
O que uma esposa virgem precisava fazer para ser
corrompida?

Teena realmente queria saber. Se oferecer não tinha


funcionado. Dizer a seu marido que ele seria o primeiro e
único acabou deixando ele em um estado de pânico. Teria
que atacar Dmitri e fazer a sua maneira?

A ideia tinha mérito, se tivesse coragem para fazer isso, mas


não tinha. Podia facilmente imaginar o desastre se fosse por
esse caminho. O uso de cordas, ou uma correia, poderia
resultar na perda de circulação nas suas extremidades. Se
jogar sobre ele poderia resultar em danos físicos.

Papai era capaz de lidar com seu grande bebê, mas outros
homens acabavam sempre esmagados. Não que Teena
soubesse isso de primeira mão, mas tinha ouvido histórias
suficientes de sua irmã Meena, e a ajudou a enviar muitos
cartões com "Espero que sua clavícula quebrada logo se
recupere", para saber o que acontecia.

Se Teena tivesse coragem, teria se despido, até ficar como


veio ao mundo. Resista a isso!

Mas, sua timidez não permitiria.

Parecia, que mesmo casada, estava condenada ao fracasso


com os homens. Um homem. Seu marido. Meu
companheiro.
Apesar de sua tentativa inicial de se casar com sua irmã,
Teena tinha passado tempo suficiente com ele para ter uma
certeza. Dmitri era dela.

Sua alma gêmea. O único. Seu homem.

E bem agora, o russo imprudente que ela tinha encontrado,


ao invés de tira-la de suas dúvidas resolveu adiar com uma
ideia equivocada de que ela precisava ser cortejada.

O passeio de limusine até aeroporto foi tranquilo. Sentou


na frente dele, observando enquanto fazia algumas
chamadas, falando em russo, a cadência das palavras
estrangeiras rolava de forma sensual de seus lábios. Será
que ele era do tipo que ronronava palavras carinhosas em
russo no seu ouvido? Talvez um dia ela descobriria.

Quando desligou, perguntou:

—Isso soou muito sério. Problemas?

—Nada fora do normal. Só minha irmã e minha mãe, que


estão cientes da nossa situação atual.

—Elas estão chateadas porque você casou comigo, sem elas


estarem presente, certo?

—Não importa. Sou seu senhor.

Ela arqueou uma sobrancelha na sua declaração arrogante.


Ele riu.

—Está bem, eu ouvi um longo discurso sobre como eu era


um filho ingrato, por roubar de uma mãe a oportunidade de
organizar um evento luxuoso, para mostrar as novatas dos
outros clãs como é um casamento real. Considerando que,
minha irmã disse que era um burro grosseiro e que
precisava ser atingido na cabeça por atuar como um
Neandertal.

Ela não pôde deixar de sorrir. Apesar das reclamações, ela


podia ouvir a ternura em sua voz.

—Você parece ser próximo a sua família. Você mora com


elas? - Uma careta torceu seus lábios.

—Sim. Mas garanto que minha casa é bem grande.


Enquanto elas estão situadas em uma ala, temos toda a ala
oeste para nós mesmos.

—Alas? Quão grande é esse lugar?

Ele fez um gesto descuidado com sua mão. —O tamanho


não importa.

Impróprio dela, e obviamente uma observação que tinha


ouvido de sua irmã muitas vezes, replicou,

—Engraçado, porque as garotas sempre disseram que está


tudo no tamanho. Quanto maior, melhor.

Enquanto suas próprias palavras não a fizeram ruborizar, a


resposta dele fez.

—Eu te asseguro, que tenho um tamanho mais que


suficiente para te agradar, gatinha. E minhas habilidades
orais a farão gritar.
O calor queimando em seus olhos roubou seu fôlego, e
pensou, por um segundo, que ia pular de seu assento e se
juntar a ela, talvez beijá-la, exceto que o maldito telefone
tocou, quebrando o feitiço.

No aeroporto, passaram por uma rotina padrão, envolvendo


muito pouco contato físico, apenas um monte de apertos de
mãos.

—Como você conseguiu isso? - Perguntou enquanto


deixaram o edifício principal e iam em direção a um
pequeno avião parado ao lado de um hangar.

—Consegui o que?

—Me tirar dos Estados Unidos, além de todas as


autorizações de segurança. Eu ouvi que estão barrando
todos os viajantes.

—Eu tenho contatos, gatinha. E quando os primeiros


falham, um pouco de dinheiro sempre ajuda a ajeitar o
caminho.

Era irônico que ela, que se esforçava ao máximo para seguir


as regras, terminou casada com alguém determinado a
quebrar todas.

Ele é o oposto do que sou.

Talvez estivesse sendo estúpida. Como isso funcionaria?


Este casamento louco teria alguma chance?

Sim.
O seu felino interior a lembrou que sua mãe formal e
correta estava mais do que feliz casada com seu menos-do-
que-respeitoso-com-a-lei pai.

A pergunta era, chegaria a ter um amor como o de seus


pais? Só o tempo diria. Ou papai o mataria.

A bordo do avião particular de Dimitri, Teena descansou em


um assento de couro macio, enquanto observava Dmitri
pressionando a tela de seu tablete, as sobrancelhas
franzidas juntas em uma carranca. A tensão emanava dele.

—Algo errado? Perguntou ela. Será que sua mãe tinha


expressado sua tristeza com mais palavras?

—Mais dois do meu clã desapareceram. Com esses já são


cinco em poucos meses.

—Se mudaram? - Não era incomum que shifters adultos


mudassem de lugar. A perspectiva de encontrar um
companheiro para vida era sempre o mais provável.

—Não, não mudaram. Um deixou para trás sua esposa


gravida, o outro estava comprometido e ia se casar. Eles
desapareceram sem levar nada com eles, nem mesmo suas
carteiras de identidade ou qualquer pertence.

Ela se juntou a ele franzindo o cenho.

—Isso é estranho. Você tem inimigos? Eles poderiam ter


sido sequestrados, a fim de chantageá-lo?

Ele bufou.

—É claro que tenho inimigos. Eu não seria um líder se não


tivesse algum. Mas geralmente os atritos do meu poder
viram insultos e a identidade da parte responsável são
reveladas.

Era assustador que abandonasse seu mundo e família, mas


a ideia de que poderia estar em perigo causou uma agitação
momentânea.

—Estamos em perigo?

—Eu não vou deixar que nada te aconteça. - Ele falou com a
máxima confiança.

Ela acreditava nele, foi o que lhe deu a liberdade para


levantar da cadeira a seu lado e em seguida sentar em seu
colo.

Em seu favor, não ofegou quando se deixou cair em seu colo


–não quebrou nada- mas ele soou cauteloso quando
perguntou:

—O que está fazendo?

Estava fazendo o que tinha visto sua mãe fazer quando ela
queria alguma coisa de seu pai. Além disso, dado o número
de vezes que tinha visto seus pais desaparecerem por trás da
porta de carvalho maciço, sua mãe nunca teve que se
esforçar muito na sedução.

Teena passou os braços ao redor de seu pescoço e se


aproximou mais. O avião se sacudiu quando se colocou em
movimento.

Golpe.

Ela esfregou sua cabeça. —Sinto muito.


—Não precisa se desculpar, gatinha. Acidentes acontecem.

—Mais frequentemente do que você pode imaginar, - foi sua


resposta seca.

Agora, sentada em seu colo, ela se encontrou perplexa. Ele


ainda não tinha a devolvido para seu assento, mas também
não tinha feito nada, além de segurá-la sem apertar muito.

Será que seu avanço era bem-vindo? E se tivesse mostrado


muita iniciativa? Ele acariciou uma mecha de seu cabelo,
colocando-o atrás da sua orelha.

—Você está nervosa. - Disse, não perguntou.

—Um pouco nervosa.

—É o avião? Você tem medo de voar? - Ela sacudiu sua


cabeça.

—Então por que o medo?


Perguntou se ele estava sendo obtuso deliberadamente.
Além disso, ele tinha sua própria maneira de ver o mundo.
Talvez ele realmente não soubesse o que ela tinha em sua
mente.

—Você me deixa nervosa.

—Eu?

Ela assentiu com a cabeça. Ele ergueu as sobrancelhas.

—Isso não faz sentido. Você mesma sentou no meu colo. Se


a proximidade te incomoda, então por que fez isso?
Ela se contorceu, o lugar no topo de suas coxas ficou
interessante pela crescente protuberância sob seu traseiro.
Pelo menos umas de suas perguntas foi respondida. Ele
queria ela.

—Eu me sentei aqui porque queria.

Ela queria, mas agora duvidava da sua escolha. Ele não


parecia muito receptivo. Talvez devesse levantar.

Seus braços fecharam ao redor dela.

—Eu gosto de saber que você está assustada por estar perto
de mim. Ou isso é um truque para me fazer relaxar para que
possa me matar?

—Você tem uma mente muito desconfiada.

—Um homem na minha posição tem sempre que saber os


motivos ocultos dos outros.

—Mesmo de sua esposa? - perguntou ela.

—Especialmente daqueles perto de mim. Muitas vezes são


aqueles que você mais confia que mais os traem.

Isso parecia ser muito triste.

—Parece que você está falando por experiência própria.

—Mais como o passado. Um passado que foi a muito tempo.


Já esquecido, e não tem nada a ver com o nossos futuro.

—O nosso futuro... Eep.

O avião decolou com um puxão repentino, a gravidade a


deslocou.
Felizmente para ela, Dmitri tinha colocado o cinto, e ainda
mais sorte, que agarrou ela com firmeza. Ele riu.

—Não tenha medo, eu tenho você.

Na verdade, ele tinha, e quando seus olhos se encontraram,


o calor passou entre eles. Ela se inclinou para ele, que a
encontrou no meio do caminho, buscando seus lábios em
um abraço sensual. Mordiscando. Chupando. Era uma
oferta de que a carne estava disposta.

Ele a beijou, experimentando, como nunca, como se ela


fosse a mais deliciosa guloseima, seus sons suaves de prazer
a faziam se contorcer em seu colo.

Deixou suas mãos vagarem por seus ombros largos,


confiando nele para segurá-la, para evitar que caísse.
Parecia tão grande, amplo e absolutamente delicioso. A
parte superior de seu corpo demonstrava ter uma grande
força muscular, que descobriu ao passar as palmas de suas
mãos, explorando todos os lados que podia.

Quando o avião estabilizou, ele se uniu à busca, suas mãos


acariciando suas costas, deslizando sob sua camiseta, o
choque dos dedos dançando em sua pele a fez conter a
respiração.

OH, como ela queria mais. A língua decadente empurrando


em sua boca a fez gemer. Como podia o deslizar sensual de
suas línguas ser tão excitante?

O calor entre eles poderia queimar suas roupas até as


cinzas. Quase desejava que isso acontecesse assim poderia
sentir sua pele. Tocar a carne oculta dela.
Em vez disso, ela caiu no condenado chão, quando um
choque enorme sacudiu o avião, a tirando de seu colo.

Ela não poderia o ter fulminado com o olhar tão forte, se


seu suave, "Gatinha, você está bem?" não tivesse sido
seguido por sua risada.

—Isso não é engraçado, - se queixou enquanto levantava,


tropeçando quando o avião balançou novamente.

O intercomunicador do avião rangeu à vida.

—Saibam que estamos passando por uma área de


turbulência. Recomendo a permanecerem sentados e com o
cinto travado, uma vez que pode se tornar mais violenta. -
Disse uma voz ainda mais acentuada que a de Dimitri.

Voltou para seu acento, encontrou seu cinto e o travou.


Frustrada pelo mau tempo.

Mas agora tinha esperança.

Ele me quer. E uma coisa era certa. Ela o queria e muito.


í

Dmitri

Droga ele a queria.

Agora.

Aqui.

Quem se importava se não havia nenhuma cama e sua


privacidade era precária? Sua pequena gatinha tinha feito o
primeiro movimento. Ela sentou em seu colo como se
pertencesse ali, e fazia.

Apesar de sua inocência, e seus métodos, ela parecia


pronta para oficializar seu casamento.

Ela aceitou e também queria.

Ou era só um truque?

A suspeita era uma besta feia. Contaminava a mais inocente


das ações com a dúvida. Dmitri tinha tratado muitas vezes
em sua vida com pessoas que mentiam, e mentiam bem.
Queria acreditar na ingenuidade de suas ações e de seu
olhar, mas o que aconteceria se ela o enganasse. Afinal de
contas, sua irmã gêmea tinha sido totalmente contra à
união, uma coisa boa também.

Agora podia ver como eram errados um para o outro. Mas


isso não significava que Teena sentisse o mesmo. Suas
palavras e ações pareciam indicar o contrário, ou ele estava
deixando que sua própria esperança e atração por ela
nublasse seu julgamento?

Eu não estou errado.

Simplesmente não estava se permitindo acreditar. Se


deixasse que as dúvidas se infiltrassem nele agora, sempre
se perguntaria, e Dmitri não era de viver com esse tipo de
incerteza em suas costas.

Ele confiava que sua gatinha, queria que o casamento desse


certo, especialmente porque, além de realmente umas
poucas palavras de protesto simbólico, não tinha feito mais
nada para lutar contra isso.

O estrondo e a sacudida do avião quando lutou contra as


correntes de ar, parecia ser calmante, pois agora estava em
território russo, ele sentiu parte da tensão sumir, a que o
tinha seguido quando escapou dos Estados Unidos com seu
prêmio.

Ele bocejou e sorriu quando notou que Teena tentava


esconder a tensão em sua mandíbula atrás de sua mão.
Talvez um breve cochilo fosse o suficiente para recuperar o
controle antes de aterrissarem e começar a tarefa de
cortejar a sua mulher.

O estalo em seus ouvidos o despertou. Deviam ter começado


sua descida, exceto que, quando olhou para fora da janela,
em vez das fazendas familiares e estradas que esperava ver,
terrenos montanhosos e o topo de florestas grossas,
polvilhadas de branco, o saudaram.
Isto não está certo. Tinha feito esta rota muitas vezes para
saber que isso não era normal. Será que piloto tinha
desviado do seu curso?

Soltou seu cinto e ficou em pé, Teena perguntou, com sua


voz rouca pelo sono:

—Já chegamos?

— Logo, gatinha. Vou falar com o piloto. Descanse um


pouco mais.

Deixou que os dedos deslizassem por sua bochecha quando


passou por ela, seus cílios tremularam fazendo cócegas no
topo de suas bochechas. Ela não recuou diante de seu toque.
Pelo contrário, um pequeno sorriso curvou seus lábios.

Adoraria passar mais tempo com ela, especialmente com ela


tão suave e desejável. No entanto, a sensação de que algo
não estava bem o incomodava.

Ao chegar à porta da cabine, forçou o trinco, só para o


encontrar fechado. Que estranho. Gregori e Viktor
geralmente nunca trancavam.

Uma batido forte na porta não teve nenhum resultado.


Franziu o cenho e bateu de novo.

Ainda não teve resposta, o que não era um bom sinal.

É por isso que odeio voar. Pelo menos no chão, podia


controlar o que acontecia. Aqui, estava a mercê dos pilotos.

—Tem algo errado? - Perguntou Teena, depois de ter vindo


por trás dele.
—Errado? Claro que não. - Mentiu com delicadeza. —
Apenas um problema com nosso plano de voo, que tenho a
intenção de resolver em breve.

—Problema? Que tipo de problema?

—Simplesmente não estamos onde deveríamos estar. Mas


tenho certeza que há uma boa razão para isso. - E se não
houver, Gregori e Viktor sentiriam sua ira.

Ela riu.

Estranho porque ele não tinha feito uma piada.

—O que é tão engraçado?

—Só que seria irônico se você me sequestrasse, só para


acabar sendo sequestrado também?

—Ninguém ousaria. - Não se quisessem viver. Mas, de novo,


a maior parte de seus inimigos tinha um desejo de morte.

Ele bateu na porta de novo, e desta vez, teve uma resposta.


Mas não uma que gostasse.

Merda, companheiro. Não podemos te deixar entrar.

—Pare companheiro. Não te deixarei entrar.

Essa não era a voz de Gregori, ou Viktor, ou qualquer


pessoa que trabalhava para Dmitri. Antes, quando alguém
tinha falado estava distraído e não prestou a atenção na voz
apagada. Porém, agora tinha que se perguntar quem diabos
estava sentado na cabine.
—Fui sequestrado. - Os nervos o atordoaram por um
momento.

—Por terroristas? - Perguntou ela.

Bom, isso era meio extremo. Ficou rapidamente reto.

—Bah. Eu não os chamaria assim. Você não está apavorada,


certo?

Ela piscou.

—Você sabe o significado de terrorista, certo?

—Sim. Sei também o significado de cadáver, que é o nome


mais adequado para o idiota que está nessa cabine.

—Esse idiota está pilotando o avião.

—O que significa, que por enquanto, não fará nada para nos
ferir, enquanto estivermos no ar. - Sim, mais uma vez, seu
grande intelecto encontrava o fato mais significativo.

Ela expôs a realidade de forma aguda.

—Não, você está certo, o que significa que vão nos levar a
um lugar onde se sintam seguros, antes de nos dizer o que
querem. Eu acho que vamos ter de esperar para ver.

—Esperar? - zombou Dmitri. — Dificilmente. Você


esqueceu? Não sou um homem paciente.

—Exceto quando se trata de deflorar sua esposa, - reclamou


ela, só um segundo muito tarde, percebeu que tinha dito
isso em voz alta. Suas bochechas coraram.
—Neste caso, é bom esperar.

—Por que, para fazer crescer o afeto?

—Não, porque vai deixar você mais ansiosa por meu toque. -
Sua boca ficou redondo com um “O” de surpresa, ele deu
piscada. —Agora, gatinha, preciso que dê um passo atrás,
enquanto faço uma visita ao nosso desconhecido piloto.

—Como? A porta está trancada com chave. Você tem outra


chave?

Provavelmente, mas maldição se sabia onde estava, a


próxima vez antes de voar, teria certeza de a levar com ele.
Enquanto isso, porém, tinha uma porta para abrir.

Teena se afastou, dando um amplo espaço. Dando um passo


para trás, ele ergue o pé e chutou.

Um ruído surdo. Fez um barulho impressionante, rachou,


mas a porta não abriu.

Bang. Bang. Bang. Chutou a maldita coisa uma e outra vez.


Enquanto as estritas regras de segurança aérea tinham feito
o revestimento das portas das cabines dos aviões comerciais
praticamente impenetráveis, em jatos privados de pequeno
porte, igual ao seu Cessna Citation11, a porta servia apenas
para proporcionar, mais privacidade aos ocupantes.

A porta cedeu, a estrutura metálica que a sustentava dobrou


o suficiente para estourar a fechadura. Levou apenas um
momento para perceber que a cabine do piloto levava a
bordo duas pessoas. Um nem sequer se incomodou em virar
para olha-lo, mas esse não era a maior ameaça para Dmitri,

11
É um avião, um jato particular.
isso estava reservado para o homem de pé diante dele, com
uma arma.

Seu felino não estava muito impressionado. Trazer uma


arma para uma luta entre shifters, era uma vergonha,
algumas pessoas não tinham honra.

—Para trás companheiro. - As palavras pontuadas por um


movimento da arma.

Dmitri não estava acostumado a receber ordens, mas no


momento fez o que ele disse. Pode ter sido pela arma
apontada na sua frente. Mesmo que ele curasse a um ritmo
muito mais rápido que um ser humano, um disparo de tão
perto poderia mata-lo.

Totalmente inaceitável. Ainda tenho que ir para cama com


minha nova esposa.

Mas este idiota - que fedia como um réptil, se importava?


Aparentemente não, quando ele rosnou.

—Passem para a parte traseira da cabine, ou vou estourar


seus miolos.

Algumas coisas aconteceram, em seguida. Teena se moveu,


mas considerando que ela estava com os olhos arregalados
olhando o sequestrador, não se importando onde estava
pisando.

Seu pé ficou preso na borda de um dos assentos. O avião


escolheu aquele momento para oscilar, o vento o sacudiu.
Isso fez sua nova esposa perder o equilíbrio, ela caiu na
parede da nave, que era a mesma da porta de entrada.
Ela se agarrou na alavanca que a mantinha fechada, e tudo
poderia ter ficado bem se o atacante não tivesse ordenado.
—Fique de pé e levante as mãos onde eu possa ver.

O avião ainda balançava, embora não intencionalmente ou


pelo menos assim o supôs Dmitri, fazendo com que ela não
se movesse ou soltasse a alavanca. Não fez nenhum som ao
girar a alavanca. No entanto, uma vez que a alavanca
chegou a um certo ponto, o som da porta do avião que
estava sendo aberta estalou.

O homem armado gritou.

—Fique longe da porta, porra. Agora.

E foi aí que a merda ficou séria.


í

Teena

A sucção do ar, os assobios da intensa pressão intensa, não


eram um bom sinal.

Teena tropeçou para longe da abertura do avião. Ela não


queria abrir a porta. Essas coisas não deviam ter uma trava
melhor?

Realmente isso não importava agora.

Quando ela se afastou da porta, apenas fazendo o que ele


disse, esta se abriu, e ficou aberta, a foça do ar impedindo
que se fechasse. Um grande buraco, amplo na lateral do
avião causou uma sucção no interior da cabine.

Totalmente desagradável, mas felizmente suas cabeças não


explodiram. Por sorte Teena sabia o suficiente sobre voar -
dados os incidentes que tinha vivido anteriormente – sabia
que voavam baixo o suficientemente para que a
pressurização da cabine não fosse necessária. Mas, um
ambiente pressurizado de forma segura, fazia um voo mais
agradável, considerando que a porta aberta criou um
turbilhão de vento dentro.

Seu cabelo girava sobre sua cabeça e a cegava. Incapaz de


ver, ela tropeçou longe da abertura mortal, sem asas para
voar no grande céu aberto, não era uma boa ideia. Basta
perguntar ao tio Marty.
Ela tropeça no sofá – malditos e desajeitados pés grandes –
e caiu nele.

Enquanto lutava para conseguir ficar de pé, uma tarefa que


se tornou cada vez mais difícil, já que o avião se sacudia no
ar, observou que Dmitri ao invés de se afastar do indivíduo
que segurava a arma, correu para enfrenta-lo.

Heroico ou estúpido?

De qualquer maneira, ela estava fascinada e observou o


desenrolar da ação.

Seu novo marido possuía movimentos rápidos. Num piscar


de olhos, agarrou o pulso que segurava a arma e o obrigou a
apontar por cima. Com o outro braço, apertou o pescoço do
sequestrador na tentativa asfixiá-lo.

Imitando sua gêmea, Teena não pôde deixar de gritar,

— Derruba ele.

Dmitri grunhiu em resposta, enquanto ele e o atirador


dançavam de forma desajeitada. Ambos lutavam para
ganhar o controle da situação, mas o limite estreito e o
zumbido do avião trabalhavam contra Dmitri.

Deveria ajudar. Mas como?

A arma. Se fosse capaz de pegar a arma, igualaria as coisas.

Deu um pulo e ficou de pé, esticou os braços e dobrou os


joelhos, enquanto caminhava pelo corredor entre os
assentos de pelúcia.
O avião balançou como um barco, sacudindo e caindo. Isto
foi o suficiente para fazer com que uma garota devolvesse
seu café da manhã. Mas, considerando que muitas das
viagens da Teena tinham algum tipo de problema - quando
uma vez o Ferry boat12 enfrentou uma tempestade
repentina e afundou na água ou o helicóptero que se chocou
com um enorme pelicano, perdendo o controle, tinha
aprendido a não botar para fora o conteúdo de seu
estômago.

Ao chegar nos dois que lutavam, teve que subir em um


assento já que grunhiam em sua direção. A altura adicional
foi perfeita, conseguiu agarrar com as duas mãos a pistola,
porém, o homem só a soltou uma vez que ela se inclinou e
mordeu seus dedos.

— Cadela. - Gritou o sequestrador sangrando.

—Não insulte a minha esposa! - Berrou Dmitri. Soltou um


dos punhos e o golpeou na cara. Uma vez, duas vezes.

O sequestrador cambaleou, com os olhos


momentaneamente desfocados, mas quando conseguiu
abrir e fechar os olhos e recuperar seus sentidos, a viu e se
lançou contra ela.

Ela gritou, e se esquivou para o lado.

—Aaaaaaaaaaaaaaah! - O grito do sequestrador diminuiu


volume conforme caia do avião.

Mordendo o lábio, Teena não pôde deixar de pronunciar,

—Droga. Eu não queria que isso acontecesse.


12
*Ferry boat é o mesmo que barca de travessia.
Dmitri disse.

—Muito bem feito, gatinha. Agora vamos cuidar do piloto.

Só que o piloto não queria que eles “cuidassem” dele.


Saindo da cabine, com um paraquedas preso em suas costas
e óculos ocultando seus olhos, o segundo sequestrador
apontou outra arma para eles.

—Duas armas no avião? - exclamou Dmitri. — Quem diabos


subornaram dos meus funcionários? Isto é simplesmente
inaceitável.

— Não se aproxime - disse o piloto enquanto avançava para


a abertura.

—Eu não posso deixar você pular, - disse Dmitri com um


aceno de cabeça.

—Então volte lá e pilote o avião. Se me ouvir agora, então


talvez não te mate mais tarde, quando for perguntar sobre
quem lhe pagou para fazer isso.

— Vai se foder. - Com essas palavras, o piloto se jogou em


direção a porta, Dmitri não pode se mover rápido suficiente
para impedir.

Ele murmurou um palavrão em russo.

Tão vulgar e atraente, mas não era útil.

—Este não é o momento para reclamar. Nós temos que fazer


alguma coisa.

Só que ele não se mexeu.


—Por que você não entrou em pânico? - Ela deu de ombros.

— Quando você já esteve em um ferry boat que afundou,


em um avião que teve um problema com o trem de pouso na
aterrissagem, e um ônibus cujos freios falharam, algo como
este tipo de incidente parecem normal. Avisei que os
problemas me seguiam.

—Em troca, a minha sorte me ama. Não tema, pequena


gatinha. Prevaleceremos.

Dada a sua confiança, só poderia dizer,

—Sabe onde encontrar mais paraquedas?

—Não. O que o piloto carregava, ele trouxe a bordo.

Ambos pensaram ao mesmo tempo, mas ela disse primeiro.

— O que aconteceu com o cara que caiu? Talvez ele tivesse


um.

Ambos não puderam passar pela porta de uma vez. Sendo


uma dama, ela deixou Dmitri vasculhar dentro. Ele saiu
com um sorriso triunfante.

—Aqui! - O paraquedas pendurado em sua mão.

Talvez sobrevivessem depois de tudo. Ainda há esperança


de que não vou morrer virgem!

A cinta do paraquedas exigiu que as afrouxassem, e ela


lidou com um lado enquanto ele fazia do outro. Ao mesmo
tempo, o vento assobiava através da porta aberta.
Quando ele exclamou,

—Isso parece um jogo de crianças, - o avião não tripulado


que estava no piloto automático, sacudiu com força. Teena
tropeçou, agitando os braços, a sucção da porta a jogou para
fora.

—Eep! - Não pode evitar um grito de medo.

Mas Dmitri não estava disposto a deixá-la cair,


especialmente com milhares de pés abaixo, onde uma
aterrissagem significaria um funeral em vez de uma lua de
mel. Suas mãos agarraram as dela e a puxou de novo em
segurança para dentro do avião.

Ele me salvou. Foi tão absolutamente romântico.

No entanto, para salvá-la, ele deixou cair o paraquedas no


chão. Teena poderia ter previsto o que aconteceu depois. O
avião decidiu inclinar de novo, e sua única esperança estava
deslizando em direção à porta aberta.

Maldição.
í
Dmitri

Dmitri estava prestes a rir da expressão de horror no rosto


de Teena, Mas agora não era hora de desfrutar da diversão.
Mais tarde, com uma verdadeira vodca russa e em frente à
uma lareira, poderiam rir da infeliz cadeia de
acontecimentos. E em seguida, é claro, fariam amor.

Rawr.

Antes, porém, tinham que sobreviver.

Passando pela porta quebrada da cabine, Dmitri viu os


muitos obstáculos multiplicados nos diversos botões,
mostradores e luzes piscando. Por que não podia localizar
um botão que dissesse – “pressione aqui para aterrissar o
maldito avião?” Tudo o que queria fazer era voar, no
maldito tempo suficiente, para pousar sem colidir e explodir
em uma impressionante bola de fogo.

Quão complicado podia ser?

Caiu em um assento e cometeu o erro de olhar para fora


pela janela da frente. O avião estava muito abaixo do nível
das nuvens e se movendo rapidamente. Pareciam estar
caindo em ângulo estranho, voando através do ar, iam se
chocar com o solo ou com a montanha que ficava cada vez
maior e mais próxima a cada minuto.

Probabilidades desafiadoras. Perfeito. Faria sua fuga ainda


mais impressionante quando contasse a história com ele no
papel de herói, é obvio.
Com o rosto ainda pálido, Teena enfiou a cabeça na cabine e
gritou para ser ouvida acima do barulho do avião e do
vento.
—Você sabe como pilotar esta coisa? - Perguntou ela. Um
macho nunca admitia a derrota.

—Mais ou menos. Já vi um grande número de filmes


protagonizados por aviões.

—Oh meu Deus, nós vamos morrer.

—Tenha um pouco de fé. Não deixaria minha mulher


morrer virgem. Agora, sugiro que coloque o cinto. Isso pode
ficar um pouco tumultuado.

Com um gemido, ela murmurou, "por que, apenas uma vez,


viajar não poderia ser fácil?", se deixou cair no assento
junto a ele e começou a estudar o painel em frente.

Não saberia dizer o que todas as malditas coisas


significavam. O indicador de velocidade parecia gentilmente
autoexplicativo, o par de motor13 era um pouco menos
claro, e a caixa de controle da direção soava a algo que ele
tinha pedido para o almoço alguma vez.

—O que vai fazer? - Perguntou ela, o estudando enquanto


ele estudava o console.

—Como não há tempo para ler o manual de instruções, e


sendo um homem, não acredito nestes manuais de qualquer
maneira, acho que vou ter de improvisar. - Ele esperava que
ela risse do seu trocadilho.
13 Momentos de força que exerce um motor sobre o eixo de transmissão de
13

potência
Muito sutil? Ou muito brusco? Ok, talvez agora não era o
momento para brincar. A montanha parecia estar ganhando
a corrida quando se tratava de quem-de-nós-vai se chocar-
primeiro. Era hora de fazer alguma coisa. Qualquer coisa.

Sair da confusão dos mostradores, luzes piscando, e botões,


o fez reconhecer uma coisa o volante.

Seu gene masculino chutou quando agarrou o volante e o


tema de Top Gun14 rodava em sua mente. Ele ia fazer a
observação, de quando o viu, mas afastou o pensamento
pois lembrou de que sua irmã foi à loucura com o filme, teve
a maior queda pelo Tom Cruise até que descobriu a idade
que ele tinha na vida real.

Considerando que a montanha se aproximava sobre eles


rapidamente, puxou com força o volante. O avião
estremeceu e algo metálico chiou quando o avião tentou
subir na vertical. Merda. Ele empurra para baixo o volante,
com muita força de novo, Teena deixou escapar um grito
quando começaram a despencar, o nariz do avião
apontando diretamente para o chão.

Suave. Devo ser suave.

A força bruta não era a maneira de pilotar esta coisa. Com


isso em mente, puxou o volante novamente, desta vez mais
suave. No começo se perguntou se ia funcionar, mas pouco
a pouco, corrigiu o ângulo até que estavam um pouco
estabilizados, balançando e ainda ia diretamente para um
banco de montanhas.

14
14 Top Gun é um filme americano, do ano 1986, Grande parte do êxito do filme se deve às
espetaculares cenas no ar protagonizada pelo Tom Cruise e Kelly McGillis. destacando o tema "Danger
Zone", do Kenny Loggins.
—Humm Dmitri.

—Eu sei! Posso vê-las.

Puxou lentamente para baixo o volante, inclinando sua


elevação, mas a montanha ainda se aproximava
rapidamente. Ele inclinou um pouco mais perto e sentia as
gotas de suor na sua testa.

Ele, nervoso? Nunca. Como nunca admitiria também que


conteve a respiração, quando tinha acabado de passar o
topo do primeiro cume.

—Aha. Vê. Nada.

Antes de que pudesse responder, o rádio rangeu.

—Head Hunter para Fang. Você está voando baixo, por


favor reporte. - Dmitri procurou em vão por um botão de
resposta.

—Como diabos posso responder?

—Responder? Você está louco?

—Só uns dezesseis avos do lado de minha mãe. Apesar de


que aparentemente poderia haver alguma psicose pelo lado
de meu pai.

—Estava sendo retórica.

—Eu não estava sendo. Agora, onde está o comunicador?


Estou com vontade de falar com a pessoa responsável.

—Nada de falar para você. Você, meu marido louco, precisa


se concentrar em fazer esta coisa voar. Eu cuido de nossos
ouvintes. - Teena puxou um receptor com um cabo enrolado
de seu lado do painel. — Head Hunter15, aqui é Peeved
Lioness. Fang está impedido no momento. Prossiga.

Dmitri poderia a ter beijado por não ter um ataque


histérico. Poderia seduzi-la por estar tão tranquila e
atraente. Ele poderia ama-la completamente por ser
perfeita.

—O que aconteceu com Fang? Quem fala?

—Aqui quem fala é Peeved Lioness, e posso acrescentar que


ele escolheu o avião errado para sequestrar?

Para acrescentar peso em suas palavras, e porque era muito


divertido, Dmitri estendeu a mão e pediu para falar desta
vez. Ela não era a única que gostava de uma boa ameaça.

Ela entregou o comunicador.

Pressionou o botão na lateral, e em um tom baixo – que sua


irmã chamava de “OH merda. Seu desejo é uma ordem" -
Dmitri disse,

—Eu sou a morte. Corram. Corram rápido, para longe e


façam isso agora porque eu vou mata-los.

E depois desligou.

Continuou esperando que a pessoa voltasse a chamar, ou


respondesse, mas a linha de comunicação permaneceu
muda.

15
15 Head Hunter (caçador de cabeças), Peeved Lioness (leoa irritada), Fang (presas): são como nomes
chave que utilizam os controladores aéreos e os pilotos, quando em comunicação, foi mantido o
original.
Antes que pudesse decidir se isso era bom ou ruim, Teena
disse,

—Você acha que isso foi prudente?

—É justo avisar a minha presa que estou indo. Pelo menos


consegue ter um pouco do esporte.

—Mas você nem sequer sabe se o cara era culpado.

—Se ele estava de acordo com os que nos sequestraram,


então é culpado por associação. Eu não vou tolerar ameaças
contra mim e principalmente, não contra minha mulher.

—Você e meu pai têm muito em comum.

Argh, estava o comparando com seu pai. Apenas o que um


amante em potencial poderia querer.

Estava a ponto de responder, engoliu as palavras quando


algo fez que o avião se inclinasse. Depois, o para-brisa
rachou como se algo o tivesse batido nele.

—Droga, alguém está atirando em nós.

Alguma vez acabariam os problemas? Um homem gosta de


um pouco de ação e aventura para que o sangue flua, mas
isto já era mais do que ridículo. Como ele conseguiria
cortejar de forma adequada e levar para cama a sua nova
esposa se essa merda continuava acontecendo?

Mais balas os acertaram ou ao menos supôs uma vez que


passou pelo motor. Um leve aroma de fumaça chegou a ele,
e os mostradores no painel ficaram loucos, girando,
piscando, de um modo geral, transmitindo uma atmosfera
nada boa.
—Acho que precisamos aterrissar. - Ela sugeriu, e teve que
concordar.

—Aterrissar? Sem problemas. Um momento, gatinha. Isto


pode ficar um pouco áspero.
í
Teena

Aparentemente a sua ideia de um pouco áspero e a dela não


eram as mesmas.

Quando Dmitri inclinou o avião para baixo, o ar pareceu


lutar contra eles. A nave sacudiu e tremeu e sacudiu de
novo, mas ela poderia lidar com esse movimento. Foi à
visão do topo das árvores ao que se dirigiam, visível mesmo
através da janela quebrada, que a fez agarrar firmemente
em seu assento.

Não havia nenhum lugar para pousar. As árvores estavam


por toda parte, com topo alto e agrupadas densamente. Não
havia espaço para um pequeno avião e seus ocupantes.

Mas eles não tinham escolha. O cheiro de fumaça ficou mais


forte, o zumbido dos motores quase doloroso.

A barriga do avião baixou o suficientemente para raspar nas


pontas das mais altas coníferas16. Arrastou e quebrou o topo
de mais algumas. Uma boa coisa que ela estava de cinto,
porque a floresta parecia decidida a derruba-los, sua
velocidade acelerou rapidamente, saltando para frente,
sacudiu e finalmente desacelerou.

De um lado a outro, sua cabeça estalo, ela não conseguia


parar de gritar. Mas os gritos eram bons. Isso significava
que ainda estava viva, por enquanto.

16
*Coníferas (Pinheiro do gênero pinus)
Quando por fim chegaram a uma parada brusca, levou um
momento para soltar seu último suspiro. Tinha terminado?
Realmente tinham sobrevivido?

Ela abriu um olho e olhou para fora. Ela notou a presença


de ramos fora da janela. As árvores tinham amortecido a
queda.

—Conseguimos? - Não pôde evitar perguntar surpresa.

—É claro que sim, - anuncio Dmitri com segurança


descarada. —Eu disse que tenho sorte.

Crack.
— Você tinha que provocar Murphy17, não ficando calado, -
queixou-se ela.

—Eu cuspo na cara, de quem quer que seja esse Murphy.

Todo o avião estremeceu e gemeu quando se inclinou.

A boa notícia é que ela ainda estava presa ao cinto, porque o


avião agora estava inclinado em um ângulo muito íngreme e
de cabeça para baixo.

—Hummm, Dmitri. Como vamos sair daqui? - Perguntou,


olhando para o lado da montanha que se estendia debaixo
deles, uma encosta branca com grande quantidade de neve,
muito cinza, revestidos por bosques de árvores. Se ela
esquiasse teria gostado da pista antiga, mas ela tinha
tentado só uma vez. Uma avalanche foi suficiente para a
convencer de que não era seu esporte.

17
*Lei de Murphy- Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior
momento e de modo que cause o maior dano possível.
— Gatinha eu acho que seria melhor se tentássemos não nos
mover.

—E como é que isso nos ajudaria? - perguntou enquanto a


aeronave rangia e se inclinava um pouco mais para frente.

—Não ajuda, mas você pode usar os poucos segundos que


restam para tomar uma respiração profunda e se segurar
firmemente porque acho que estamos prestes a dar um
passeio.

Com um gemido, o avião caiu para baixo, quebrando todos


os ramos. A floresta que inicialmente tinha amortecido sua
queda e tinha os salvado agora aparentemente não queria.
Eles foram jogados na encosta da montanha.

E o que Dmitri fez com o conselho do que devia fazer?

Esqueceu. Ele gritava,

—Beeeem!

O tigre idiota estava realmente se divertindo?

—Você está louco! - gritou enquanto olhava com horror a


paisagem que se aproximava.

—Não estou louco. Sou russo. - E sim, ele sorriu quando


disse isso. Ela viu o porquê não podia evitar olhar para seu
marido demente.

Continuou olhando para ele, porque era muito mais


divertido do que assistir o desespero da sua situação de cair
montanha abaixo a uma vertiginosa velocidade.
Trenó Extremo, era algo do tipo que sua irmã teria
desfrutado totalmente, mas Teena poderia ter passado sem
ele. O chacoalhar continuo de sua mandíbula e o trabalho de
respirar eram complicados, mas a parte que mais a
preocupava era a parada.

Eles iriam se chocar com algo grande o suficiente que


acabaria com eles? Voariam para um precipício, e
mergulharia para a morte, ou iriam bater no fundo da
encosta, seguir pela costa até desacelerar e parar?

Nenhuma das anteriores.

Depois de um passeio selvagem que sacudiu seu cérebro, a


inclinação estabilizou, eles foram jogados para frente no que
parecia um espaço enorme e limpo. Exceto que não havia
neve sobre ele. O lago que surgiu era formado como uma
pista de gelo quase perfeita, o centro dela estava livre da
neve, o vento a tinha empurrado contra os lados.

O avião parou chiando, Teena se atreveu a respirar


novamente.

—Eu não acredito. Conseguimos. Estamos vivos. Estamos...


- Crack. —Maldito seja, Murphy.

—Porraa! -
í
Dmitri

Um palavrão na boca da sua gatinha? Absolutamente


decadente, ele poderia ter beijado esses lábios sujos, muito
sujos, se a situação fosse um pouco mais promissora.

Gatos odeiam água, principalmente a água fria do Ártico,


que era a principal razão pela qual Dmitri não queria nem
pensar no que aconteceria se o avião caísse no gelo. Podia
ver que Teena entendeu o dilema, mas sua valente gatinha,
além de seu insulto vulgar, lidou bem com a pressão.

—Acredito que talvez devêssemos abandonar o avião, - disse


ele.

Apesar da fenda, o cheiro de fumaça não tinha diminuído, e


todo mundo sabe que onde há fumaça, há fogo. O calor de
um incêndio não iria ajudar na sua situação.

O gelo derretido era só um de seus possíveis problemas.


Apesar de seu otimismo habitual, Dmitri estava preocupado
do que aconteceria se as chamas conseguiam alcançar parte
do combustível.

Dmitri desfrutava vendo os fogos de artificio, mas não


fazendo parte deles.

—Sair do avião? Ahhhh, por que não pensei nisso antes? - se


queixou ela enquanto retirava o cinto. Ficou de pé, logo
congelando quando um gemido fez tremer o avião. —Está é
a maneira nada sutil do seu país me dizer que preciso
perder peso?
—Nunca. Você é perfeita como está. Mas acredito que possa
receber os elogios mais tarde gatinha, devemos nos
apressar.

—O que há de errado com você? Por que não tirou o cinto?

—Não tenha medo, esposa, vou te seguir. Mas acho que é


melhor se não aplicarmos mais peso do necessário de uma
só vez, já que não sabemos qual parte do avião está em
maior risco de quebrar o gelo.

Ela hesitou por um momento, olhando para porta, para o


para-brisa, em seguida, para ele. Deu um passo em direção
a porta, parou, virando-se, se inclinou e pressionou um
beijo rápido em seus lábios.

Em seguida escapou, o calor persistente de seus lábios, e do


beijo que lhe deu, o fez sorrir bobamente.

Como se para zombar dele o avião estremeceu.

—Behave, - “comporte-se” em russo. —Não é minha hora de


morrer. - Não quando ainda tinha que provar as delícias de
sua esposa.

Minha mulher. Uma mulher que ficou perto da morte várias


vezes na última hora. Nada como dar as boas-vindas a
minha terra do que ser sequestrada por homens armados,
quase cair de um avião, aterrissar de forma brusca e depois
deslizar sobre o gelo fino. Entretanto, um ponto positivo, é
que ainda estavam vivos. Mas estavam longe de estar a
salvo.

O frio se filtrava, o sorrateiro predador invisível que


procurava cavar seu caminho em seus ossos, e se ele, um
nativo desta terra, o sentia, imagine a sua delicada gatinha?
Ouviu-a gritar sobre o zumbido moribundo do motor.

—Já estou fora, indo em direção a margem.

Tempo para ele executar sua fuga. Ele precisava sobreviver


se quisesse manter Teena viva.

Precisava sair daqui para executar sua vingança. Cabeças


iam rolar.

Hora de jogar, retumbou seu tigre.

Mais tarde, respondeu Dmitri, se houvesse um mais tarde.


Dando passos leves, aliviou seu peso através da estrutura da
porta inclinada, em seguida, prendeu a respiração quando o
chão se moveu sob seus pés.

A luz do dia que entrava pela abertura lateral tremulava. Ali


estava a cadela frígida com seus dedos gelados, que gostava
de arrastar os desavisados e despreparados para baixo em
seu abraço mortal.

Precisamos de mais roupa. O que significava que


precisavam chegar até a sua bagagem.

Exceto que a área traseira de carga já não existia. Na parte


traseira do avião se encontrava o céu azul. Não haveria
casacos adicionais para eles.

Maldição.

Dmitri olhou o interior e viu seu telefone em uma das


poltronas preso entre o assento e o encosto traseiro. O
guardou no bolso antes de levantar, viu um compartimento
de armazenamento cheio com um par de mantas
cuidadosamente dobradas. Ele as agarrou e deixou cair a
tampa fechada escondendo o compartimento.

Rangido. Gemido. Estremecimento.

Estava ficando sem tempo. Com as mantas nas mãos, correu


para a parte traseira do avião, a extremidade dianteira
parecia decidida a inclinar-se para frente. Lutando contra a
crescente inclinação, correu o último trecho para a abertura
rasgada e pulou.

Suas pernas correram, bombeando no ar, empurrando-o


para frente.

Olhe para mim. Estou voando...

Oomph. Ele bateu no gelo, se encolhendo rapidamente e


rolando, uma coisa boa também, até que um pedaço de
terra onde tinham conseguido aterrissar levantou e rompeu.
Na verdade, o lago inteiro parecia decidido a quebrar em
pedaços. Podia ouvir a pequena explosão sinistra quando as
rachaduras finas na extensão congelada da superfície,
zumbiam com a velocidade do relâmpago, a água fria
parecia engolir a superfície a cobrindo e tomando algo mais.

Não vai me pegar.

Dmitri correu o mais rápido que pode, a adrenalina o


atravessando, correndo o máximo que suas pernas
permitiam. Neste ponto tinha tentado a sua sorte, as raias
claras dobrem o gelo e seu excelente equilíbrio lhe
impediram de escorregar. Mas enquanto pensava nisso, seu
pé atingiu um ponto liso e desigual da lateral. Isto fez que
perdesse todo seu equilíbrio.
Felizmente, não caiu. Certa gatinha o agarrou em sua
agitação e deu equilíbrio suficiente para evitasse cair de
cabeça.

Chegou na margem borda, ou pelo menos ao grosso banco


de neve. Respirando pesadamente, teve um momento para
estudar o lago bem a tempo para ver o fim da cauda dentada
do avião afundar abaixo da superfície.

—Acho que preciso comprar um avião novo.

—Estamos presos no meio do nada, sem roupa, sem comida,


sem nada, e você está preocupando com a compra de um
brinquedo novo? – Com os braços apertados ao redor de
seu corpo, sua gatinha tremia seus lábios que estavam em
um tom de azul que não combinava com ela.

— Coloque isso. - Puxou as mantas sobre os ombros dela,


mas não foram suficientes para combater o frio. Precisava
encontrar um abrigo e rápido.

Pegou sua mão e a levou para longe da margem do lago. A


céu aberto, estavam sujeitos as rajadas de vento. Deviam ir
para o abrigo das árvores. Pelo menos ali, ele poderia
começar uma fogueira.

Mas e a fumaça? Nossos inimigos estão nos caçando.

Excelente ponto. Ele faria uma grande fogueira para


mostrar o caminho. Ele realmente queria falar com quem
atirou em seu avião. Os Cessna não eram baratos.

Com os dentes batendo, o e corpo se movendo com lentidão,


a pobre Teena fez todos os esforços para seguir o seu ritmo.
Dmitri sentia o frio, talvez não tanto como ela, mas o
suficiente para que ele soubesse o que teria que fazer. Ele
parou, inclusive enquanto ela continuava uns poucos
passos, apenas alguns pois ainda segurava a sua mão.

—Qu-qu-que é-é-qu-es- es-ta- fa-zen-do? - ela falou de


forma incoerente.

—Dando uma olhada na mercadoria, - disse enquanto tirava


o paletó. Afrouxo a gravata e a tirou de seu pescoço.
Continuou, tirando a camisa, deixando seu peito
descoberto.

—Ton-ton-to.

—Realmente não. Você vai ver. - Ele tirou a manta de seus


ombros e logo pôs a camisa sobre ela.

Ela tentou protestar.

—Não.

Ele a ignorou, a vestiu com seu paletó e pôs as mantas sobre


ela de novo. Ele passou a gravata ao redor das orelhas,
protegendo os delicados lóbulos. Começou a tirar as calças.
Se divertiu ao observar sua esposa virando o rosto para o
lado e não olhando. Uma pena que ela estivesse com tanto
frio. Ele teria gostado de ver o calor de seu rubor.

Com sua ajuda, eles subiram suas calças sobre as dela, em


seguida, as meias, mas ela manteve os tênis que usava.

—Quando tiver terminado de mudar, quero que suba em


minhas costas e segure firme. - A beijou nos lábios frios,
quando ela o olhou como se quisesse discutir.
Nu, Dmitri não se manteve em sua pele humana por muito
tempo. Se moveu, passando a frente, fazendo a mudança.
Pelos cresceram, ossos se quebraram e se curaram.

Alguns afirmavam que doía. Maricas. Dmitri se deleitava


com a força de sua besta interior.

Seu tigre siberiano com sua pelagem luxuosa, a juba branca


macia ao redor de sua cabeça, a explosão impressionante de
listras, se libertando com um rugido.

Frio, isto não é frio. Seu gato zombou da temperatura, com


razão, ele estava acostumado os invernos russos.

Porra, ele também era um felino grande, grande o suficiente


para brincar de pônei com sua gelada esposa. Ela não
precisou de muito impulso para subir. Se envolveu sobre
suas costas, os braços ao redor de seu pescoço, as coxas
abraçando seus lados. Com ela pronta, ele se moveu.

E ela caiu.

Gritou.

Soltou uma risada enquanto sentava na neve.

—Suponho que montar um tigre não é como montar um


cavalo. -Conseguiu dizer sem gaguejar muito, as camadas
adicionais de roupas pareciam ajudar um pouco.

Ele estava em um mar de contentamento.

Ela subiu novamente, desta vez segurando firme enquanto


ele ficou em um ritmo mais lento. Funcionou. Ela conseguiu
ficar a bordo. Ela acariciou a pelagem do seu rosto ao redor
da cabeça.
Embora abafado, ele conseguiu entendê-la.

—Você tem uma mini juba. Pensei que só os leões tivessem.

As jubas dos leões não eram tão suaves e macias como a


sua.

—Não há um poema zombando de uma garota que montava


um tigre na selva, e o tigre voltava sem ela com um sorriso?

Sim. Havia. Mas explicaria mais tarde que este era um


poema picante. Na verdade, talvez mostrasse.

A floresta não proporcionou calor instantâneo uma vez que


chegaram a ela. Mas, ajudou a reduzir o vento frio que
tentava tirar o calor de seu corpo.

A neve acabava por enrugar suas patas, por isso cada passo
era irritantemente difícil. Se estivesse sozinho, poderia ter
saltado e cercado para evitar as camadas mais grosas, mas
com Teena em suas costas, só podia se arrastar.

Precisava encontrar um lugar, um abrigado que eles


pudessem acender uma fogueira, se defender, e esperar
atrair alguém que os levasse até a civilização.

Também poderíamos comer um suculento coelho.

Pensou seu tigre, sempre prático, com a barriga roncando.

A floresta se reduziu a um monte rochoso que se empurrava


a partir do solo. Sua superfície áspera da pedra zombava da
tentativa de se agarrar na neve, mas melhor ainda, cerca de
três quartos do caminho, Dmitri viu uma borda e uma
rachadura escura. Uma caverna, se tivesse sorte.
Mas não podia subir com ela em suas costas. Como se
percebesse seu dilema, ela pulou, caiu e levantou.

— Nós dois podemos começar a escalar, ou você quer


verificar primeiro?

Dmitri estava começando a pensar que amava esta mulher.


E nem mesmo tinha ido para a cama com ela.

Ela tinha uma inteligência e uma inocência que o atraia. Ela


não precisava de mil explicações, como sua maldita irmã
cuja palavra favorita era “por quê”, ela não chorava e gemia
como sua mãe, que lamentava o fato de nunca ter subido em
um palco, ela não ameaçava matar ele, como a sua avó que
nunca conheceu um problema que a violência não
resolvesse.

Farejou rapidamente para se assegurar que nada perigoso


espreitava, Dmitri começou a subir à colina rochosa.

Seu equilíbrio - ou era agarre, nunca tinha certeza quando


falava em outro idioma - provou ser precário. Em alguns
pontos escorregou, mas conseguiu se segurar.

Não queria fazer feio na frente da sua nova esposa.

Quando alcançou a borda que avistou do chão, inclinou as


orelhas e escutou. Nada. Deu um bufo e não observou nada
novo. A escuridão que tinha visto era de fato uma abertura.
Se arrastou tranquilamente sobre suas patas tranquilas, em
silencio, para verificar, se no caso, a caverna já tivesse dono.

Os ursos geralmente dormiam nesta época do ano, mas isso


não queria dizer que não iriam acordar com o incentivo
certo.
A caverna acabou por ser maior do que podia ter esperado,
se estendia por vários metros, e era alta o suficiente para
que pudesse ficar em pé. Enquanto observava noto alguns
detritos na parte de trás, uma mistura de folhas, galhos e
ossos de pequenos animais, não havia nada recente, o que
significava que conseguiriam descansar e se esquentar de
forma segura.

Ele se virou, e se não estivesse em sua forma de tigre,


poderia ter uivado.

E foi assim, que seu tigre deixou escapar um afeminado


"Miowr!" de surpresa.

—Cucú18, te segui, - Afirmou sua esposa, que tinha o seguido


com sucesso.

18
*Cucú: é o barulho característico de um relógio, podendo ser um modelo de pé ou de parede, onde
um pequeno pássaro de madeira, passa por uma abertura e faz um som semelhante ao canto do cuco;
de hora em hora ou de meia em meio hora, dependendo da sua programação.
í

Teena

Se um tigre pudesse parecer surpreso, no momento, Dmitri


parecia. Ela não podia deixar de rir.

—Eu acho que o fato de estar usando suas roupas, fez que
não sentisse meu cheiro. Isso foi muito engraçado.

Seus olhos azuis não pareciam divertidos. E alguns


segundos depois, ela também não estava.

Um Dmitri muito nu a enfrentou. Quão deliciosamente


incrível. Blocos de músculo recobriam seus braços e o seu
amplo e extraordinário peito. Seu torso estreitado em seus
quadris, e ele tinha uma V muito interessante que levava
até...

OH Deus. Ela desviou o olhar e de repente percebeu que


estava falando com ela.

—Você ouviu uma palavra do que eu disse? – Adiantaria


mentir?

—Não. - Então, talvez pelo frio, ou o fato de que quase tinha


morrido, algumas vezes, ela perdeu a razão. —Estava
distraída com o seu corpo.

Seu peito inchou, notou a pele sobre ele. Ela quase o tocou.
—Mesmo que sua distração seja compreensível, e apreciada,
para futura referência, devo lembrar que seguir
secretamente um predador do meu calibre é arriscado e
perigoso. Nunca mais faça isso. Eu poderia te ferir
acidentalmente.

Ela bufou.

—Embora possa não sou tão dura como minha irmã, posso
assegurar que não sou uma flor delicada.
—Sim, você é.
—Não, não sou.

—Sim. Você. É. - Ele olhou para ela ferozmente.

Ela apertou os lábios. Exatamente por que razão ela iria


discutir? Sorriu.
—Sim. Eu. Sou.-

Gracioso como o fato de concordar com ele trouxe esse


olhar de espanto ao seu rosto.

—Gatinha, você me surpreende constantemente.

—Isso é bom, eu espero.

—Melhor.

Ele se aproximou, a desconcertava como ele podia estar ali


nu, em uma caverna geada, e seu corpo ainda emitir calor.
Foi em sua direção, o calor de seu corpo a atraía, o interesse
nublado de seus olhos uma promessa que aqueceu seu
sangue, o zumbido em seu bolso uma distração inoportuna.

—Por que a calça que me deu está vibrando? - Ela


perguntou, olhando para baixo em sua coxa.
—Maldição. Esqueci que coloquei meu telefone aí.

Ele a tocou, a intenção não era erótica, infelizmente, mas


procurava o telefone celular que tirou do bolso com um
triunfante -Aha, quando o toque parou.

—O sinal é fraco, e minha bateria está baixa, - disse,


segurando no alto e olhando. —Estou surpreso que temos
sinal nessa caverna.

Teena apostaria que normalmente não haveria sinal algum,


mas já que Murphy estava determinado que morreria
virgem, não ficaria surpresa que houvesse burlado as regras
e deixado que a chamada os interrompesse.

O que realmente a impressionou foi que Dmitri voltou para


a entrada da caverna e ficou na borda, nu frente ao ataque
do vento.

—O que você está fazendo?

—Ligando pra casa, é obvio. Só tenho uma barra, mas


espero que seja suficiente para... Sasha! Minha irmã
favorita. Sim, sim, eu sei que você é minha única irmã, mas
isso não significa que você não seja a minha favorita. - Ele
andava pela pequena borda enquanto falava, suas mãos se
moviam com tanta animação como seu rosto.

—O quê, por que não estou falando em russo? Porque, por


um lado, nós dois falamos outros idiomas fluentemente, e
em segundo lugar, não estou sozinho, e seria rude falar em
russo. - Ele balançou a cabeça de um lado para o outro. —
Não, eu não estou nas mãos do inimigo, sendo torturado,
nem estou bêbado. - Levantou as sobrancelhas. —Eu me
importo. Eu só rolei no campo de erva de gato uma vez. Eu
aprendi minha lição.

Enquanto Teena só podia ouvir um lado da conversa, com


as respostas de Dmitri era fácil de imaginar.

—Sim, sei que o meu avião saiu do radar. Eu estava nele


quando caiu. - Fez uma careta. — Claro que estou vivo e
surpreendentemente ileso. Acho que minha nova esposa dá
boa sorte.

Bem, ele tinha uma ideia distorcida sobre boa sorte.

Um grito fez ele afastar o telefone de sua orelha. Quando se


acalmou, colocou novamente para continuar sua
conversação.

—OH, eu esqueci de te contar sobre o meu casamento? Foi


adorável, íntimo. Não, não havia armas envolvidas. - Ele
sorriu e piscou um olho para Teena. —Só medicamentos.
Mas, você vai ficar contente em saber que ela está
plenamente consciente agora e não entrou com um pedido
de divórcio ou se tornou uma viúva. Eu acho que ela gosta
de mim.

Teena não conseguia parar de rir. Isso era verdade. Gostava.


Era louco. Impulsivo. Totalmente atraente. E todo meu.

—Então, antes que comece a me ensinar novamente sobre


como pescar19 uma esposa no mercado, eu sei o que é uma
pescaria. O fato de comprar no mercado não quer dizer que
não esteja bem informado. - Ficou em silêncio e revirou os
olhos quando um fluxo de palavras que ela não podia
distinguir surgiu do telefone.
19
: Em ambos os casos a expressão inglesa empregada é 'fish wife' que significa pescar uma esposa ou
pescaria, daí o trocadilho quando se refere a pescar uma esposa no mercado.
—Sasha, me escute por um momento. Não sei quanto tempo
meu celular vai viver. Eu preciso de você para vir me
buscar.- Ele parou para ouvir. —O que quer dizer onde?
Estou aqui. - Ele riu diante da torrente de palavras que
surgiam do celular. Quando abrandou, ele voltou a falar. —
Se eu soubesse onde é 'aqui', eu não estaria perdido. Sim,
sei que sou um sabichão. O que posso dizer? Fui abençoado
com ambos, com a boa aparência e a inteligência da nossa
família.

Gritos! Sua irmã não aceitou isso calmamente. Dmitri


sorriu, muito satisfeito com ele mesmo.

—Sasha, chega desse falatório. Tenho que ir. Acho que vi


um urso. Ou é um leão? Rawr. Não, não estou brincando.
Minha esposa é um leão. E se rastrear meu sinal de celular
você consegue nos encontrar, irá conhecer ela antes que
mamãe coloque suas garras nela. Adeus, irmãzinha.

Ele desligou no meio da frase, em seguida colocou o telefone


em uma parede de pedra na entrada da caverna,
provavelmente, para garantir o melhor sinal possível para
as equipes de resgate.

Ela decidiu que não devia apontar as falhas por ele deixar
ali. Dada a sua história, podiam esperar que um pássaro o
levasse, uma forte rajada de vento o arrastasse, ou um
terremoto de repente o fizesse cair para acabar quebrado e
cima das pedras.
Não havia necessidade de destruir com seu otimismo ainda.
Se eles fossem realmente resgatados, teria tempo de sobra
para se arrepender de ter se unido a ela e para descobrir que
sua má sorte era geral.
Precisava ser um tipo especial de homem para ignorar que
as coisas constantemente davam errado ao seu redor.

—Agora que a ajuda está a caminho. - Ele virou para ela e


juntou as mãos. —Que tal fazer uma fogueira e começar a
tarefa de esquentar a minha noiva?

Ela podia pensar em muitas maneiras para esquentá-la.


Nem todas elas iriam realmente precisar de uma fogueira.

—Vou pegar um pouco de lenha.

Mais uma vez, ela lembrou de sua irmã, de mente muito


suja, quando baixou os olhos. Quase podia ouvir Meena,
"Agora sim, isso é o que eu chamo um bom tronco."

Na verdade, as partes masculinas de seu marido pareciam


muito “feliz” que ela olhasse. Seu olhar fixo e muito aberto,
em sua grosa e tão longa ereção.

Sem dúvida muito grande para... Olhou para sua própria


parte de abaixo e corou com um sorriso de cumplicidade.

—Não tenha medo, gatinha. Quando chegar a hora, vai


encaixar. Confortavelmente. Perfeitamente.

Ela engoliu em seco.

Ele percebeu, como era possível seu sorriso se tornar ainda


mais diabólico? —Fique aqui e fora do vento, enquanto vou
pegar um pouco de lenha.

—Mas você está nu.

—Então melhor ser rápido.


Ele saiu, descendo pela encosta rochosa com mais agilidade
que qualquer homem humano possuía. Ele arrancou alguns
galhos em lugar de os procurar, seu estalo alto ecoando pela
floresta silenciosa.

Quando voltou, depois de quase causar uma parada


cardíaca por ele saltar precariamente e se equilibrar em
seus pés descalços, com os braços carregados de galhos, ela
disse,

—Então, quantas partes você vai perder por congelar? - Ele


piscou para ela quando disse.

—Só tenho uma parte do corpo azul, e não é o frio que o


ameaça.

Que maravilha que ele levasse tudo para o lado sexual. Ou


era ela que via insinuações em tudo?

Enquanto empilhavam os galhos na entrada da caverna,


teve que perguntar se uma fogueira seria uma decisão
correta.

—Não devíamos nos preocupar que os caras que


derrubaram o avião nos encontrem através da fumaça?

—Nos preocupar? Nunca.

—Você acha que eles vão assumir que morremos no


acidente?

—Espero que não.

—Desculpe?
Dmitri fez uma pausa em colocar os galhos. Olhou para ela,
uma mecha de cabelo caindo sobre sua testa o fazia exalar
uma elegância natural que ignorava o fato de que estava nu
e ajoelhado no frio congelante.

—Espero que venham atrás de nós. Eu quero. E se eu não


descobrir quem teve a coragem de me atacar? Como vou
conseguir me vingar?

—Mas e se eles nos superarem em número ou tiverem


armas?

—Os homens gostam de um desafio. Agora olhe no meu


bolso ali, ok? Deve ter uma chave aí.

Ela encontrou o frio metal e o alcançou. Dmitri pegou dela,


quando foi ao fundo da caverna. Voltou com seus braços
cheios com uma pilha de folhas esmagadas e ossos
quebrados. Jogou sobre sua pilha de lenha antes de se
ajoelhar de novo.

Em seu chaveiro havia um cilindro. Espera, não um


cilindro, mas um isqueiro.

Dmitri girou a tampa de segurança do isqueiro e o acendeu.

—Você carrega em isqueiro? Para que? - A maioria dos


shifters tinham um respeito saudável pelo fogo. Enquanto a
maioria tinha uma vida civilizada, em casas, parte de seu
tempo tinha sido para fugir do apetite voraz das chamas.
Por causa desse medo inato e respeito pelo fogo, a maioria
se mantinha afastada dele.

Não Dmitri. Ele agitou a chama sobre os galhos secos, sua


superfície úmida pela neve derretida.
—Aha, hora de revelar um segredo sujo. Eu costumava
fumar cigarros quando era mais jovem. Isso enlouquecia
minha mãe.

Ela enrugou o nariz.

—Ew. Cheiro de cigarros.

—Só para aqueles que não fumam.

—Você ainda fuma?

—Não.

—Pensou mais em sua saúde. - Ele bufou.

—Não. Eu sinto falta todos os dias. Mas perdi uma


condenada aposta com minha mãe, e ela não permitiu uma
revanche.

—Que jogo jogou?

—O Tigre Viene20, é obvio. Fiquei jogando por quase dois


dias naquela mesa, tentando recuperar.

—Eu não posso acreditar que sua mãe te superou.

—Profundamente. A mulher foi amparada pela vodca. -


Disse com orgulho carinhoso.

—A bebida não tem nada a ver com o tabagismo, porém, o


que eu ainda não entendo é por que você mantém um
isqueiro ao redor.

20
: É um jogo russo que consiste em beber até que só um fique em pé.
—Porque eu também gosto de colocar fogo nas coisas. - Deu
uma piscada. —Isso é algo que vai descobrir assim que
solucionarmos isso e encontrarmos uma cama.

—Por que precisamos de uma cama?

—Porque não vou tomar sua virgindade como um jovem


impaciente no chão de uma caverna suja.

Tendo em conta os aromas no lugar, pode entender seu


ponto de vista, mas ainda assim, não podia improvisar?

—O que há de errado com a parede?

Ela apostaria que Dmitri, provavelmente, não ficava muitas


vezes sem palavras. Olhe que lindo que ficava com seu
queixo caído de incredulidade.

—A parede não é um lugar adequado para tomar a primeira


vez, - finalmente cuspiu.

—Sabe, durante todo o tempo em que minha irmã


amaldiçoou e jurou por você, nunca mencionou o fato de
que fosse um puritano.

—Não sou um puritano. Eu só estou determinado a fazer da


sua primeira vez uma experiência memorável.

—E você não acha que ter relações sexuais em uma caverna


depois que nosso avião foi abatido não é memorável o
suficiente? - Ela arqueou uma sobrancelha.

—Não, - ele rosnou.


Ele estendeu as mãos na chama bruxuleante que lutava para
queimar a fria, e úmida, madeira.

A fumaça saia enrolada da pilha, mas considerando que ele


tinha feito o fogo à entrada da caverna, foi sugado para fora
ao invés de ficar dentro. O que realmente emitia um calor
fraco.

Jogando as mantas fora dos ombros, os colocou no chão de


terra, sentou, tirou a rocha dura justo debaixo da nádega
esquerda, em seguida se sentou novamente.

Dmitri não se sentou precisamente a seu lado. Ele deitou de


costas, com a cabeça no colo dela, e sorriu.

—Olá, gatinha. - Ela franziu o cenho.

—Olá?

—Você percebe que esta é a nossa noite e núpcias?

—Não, não é. Essa eu passei dormindo no voo, lembra?


Agulha. Bunda. Roncar.

—Essa não conta. A noite de núpcias é a primeira que


passamos juntos conscientes como um casal casado.

—E você decidiu isso ao azar?

—Não ao azar. Deliberadamente. - Quão adorável era seu


sorriso de satisfação.

—Então, já que essa é a nossa noite de núpcias, isso significa


que você desistiu de seu plano de precisar de uma cama?
—Só em certas partes. Você sabe, há outras coisas que
podemos fazer em preparação para o evento principal.

—Sério? Como o quê? - Virgem não significava que Teena


não pudesse imaginar alguns cenários muitos bons. Beijos,
carícias, pele com pele nua...

—Podemos nos conhecer melhor um ao outro.

—Desculpe?

—Me fale mais sobre você. Qual é sua cor favorita?

—Vermelho.

—Sério? A minha é o amarelo, eu sei que parece um pouco


estranho, mas me parece tão relaxante.

Quem liga para sua cor favorita quando tudo o que ela
queria saber era o gosto de seus lábios.

Pensei que já soubéssemos essa resposta.

Bem, ela queria um lembrete.

—Estamos realmente fazendo isto? - pergunto ela.

—Sim. E é a sua vez. Tem alguma pergunta?

—Quanto tempo acha que vamos demorar para encontrar


uma cama? - Suas narinas se alargaram.

—Gatinha, embora aprecie sua impaciência, saiba que isso é


tão difícil para mim como para você. Inclusive poderia dizer
que mais difícil.
Seus olhos foram atraídos para a parte que ele se referia.
Apesar de sua tranquilidade, maldição ele era grande.
Talvez ele tivesse um ponto a respeito da abstinência. E se
estivesse errado e precisasse de atenção médica depois?

Para se distrair, ela disse,

—Boxers ou cueca?

—Essa mente suja tem só uma direção. Absolutamente


deliciosa. Mas a resposta é nenhuma das duas. Agora minha
vez, você gosta de batatas fritas ou chocolate? Eu, sou um
cara com uma queda para doces.

—Batatas fritas. E isto é uma besteira.

—Não, não é. Olhe a quantidade de coisas que estamos


descobrindo. Você...

Desde que não podia convencer o seu marido idiota de


seduzi-la, era hora de tomar o assunto em suas próprias
mãos. Ou, neste caso, seus lábios.

Se inclinou e pressionou sobre sua boca, o que poderia não


ser a posição mais confortável, mas o contato elétrico de
seus lábios compensou.

—Você sabe, - disse ele entre mordidinhas, — talvez


pudéssemos nos abraçar. - Abraçar soava...

—Eep. - Ela gritou surpresa quando ele rodou de seu colo,


sentou e a arrastou para ele, tudo antes que pudesse piscar,

—Dmitri.

—Diga isso de novo.


Frente a ele, não podia sustentar seu olhar, não quando
ardia com tanto fogo.

—Dmitri. – ela sussurrou, enquanto ele ainda gemia.

—Por que, quando você fala, quero te esmagar em meus


braços e te devorar?

—Eu gostaria que você fizesse.

—O que me surpreende, gatinha. Você está intacta. Sou


praticamente um estranho. Na verdade, um inimigo aos
olhos de sua família. E, no entanto, você quer se entregar
para mim.

—A meu marido.

—Um marido que te obrigou a se casar com ele. A maioria


das mulheres, especialmente as russas como minha irmã,
teriam me estripado com uma faca, teriam se transformado
em uma viúva. Mas, você... - Acariciou sua bochecha. —
Você, minha gatinha preciosa, me implora para que a tome.
Você ressalta os limites da minha paciência. Me enche com
um desejo ardente. Eu não entendo.

—As pessoas dizem que é o destino.

—O destino é descobrir um ao outro em primeiro lugar. Esta


conexão entre nós... Eu sinto isso...

—Aterrador?

—Nunca. Mais como impressionante. Linda. Minha. - Ele


rosnou as palavras contra seus lábios antes de tomar em um
tórrido beijo. Estendeu sua mão pela parte de trás de seu
pescoço, a abraçando enquanto seus dedos se enroscavam
em seus cabelos bagunçados.

A fogueira atrás dela esquentava, mas não tanto quanto ele,


o calor escaldante de seu corpo através de suas roupas, a
provocavam com uma paixão ardente que fervia a fogo lento
entre eles.

Seus lábios deixaram os dela e trabalharam seu caminho


através de seu rosto, orelha, por seu pescoço.

—OH, Dmitri. - Respirou seu nome com a cabeça inclinada


para trás e os olhos fechados.

Fogo líquido corria em suas veias enquanto a tocava. Mais


do que qualquer outra coisa tão simples como o toque,
despertou todos os seus sentidos. Acendendo seu desejo.

Eu quero.

Ela queria mais do que beijos.

A sua vez de segurar seu rosto e tomar sua boca contra a


dela em um abraço faminto. Suas línguas duelaram. Suas
respirações conectadas. Seus corações acelerando à medida
que o sangue pulsava em suas veias.

Se queixou de sua posição e o empurrou pelos ombros.


Deitou sobre suas costas a arrastando com ele, de modo que
ela estava por cima. Muito melhor. Agora podia sentir o
comprimento dele. Os músculos duros eram seus para
explorar, e ela fez, sua mão roçando a pele que tinha
perdido toda sua frieza anterior.

Ela não precisava de experiência sexual para saber que ele


gostava de seu toque. Nem ele precisava de alguma ajuda
quando se tratava de agradar. Ela simplesmente tomou seu
prazer, permitindo explorar e ignorando seus protestos.

—Gatinha, não devemos.

—Não me importo se nós não temos uma cama, - se queixou


ela.

—Eu sei, mas esse não é o verdadeiro problema. Aaaah... -


Ele perdeu a linha do pensamento por um momento,
provavelmente porque ela tinha encontrado o bico de seu
mamilo.

Ela mordeu. Ele gostou. Assim fez novamente.

—Deveria ter te apelidado de diabinha. Você me tenta.

—É tão ruim assim?

Ele os fez girar, seus movimentos cuidadosos e gentis, mas o


resultado final foi que ele terminou no topo.

Ela se moveu sob seu peso. Ele gemeu.

—Como fui ter tanta sorte?

—Shh. - Ela o arrastou para baixo em um beijo. —Não


estrague tudo.

As palavras foram perdidas e esquecidas quando se


abraçaram, mas com ele em cima, a experiência adquiria
um novo nível para ela.

Seu corpo situado entre suas coxas abertas, que apesar de


suas duas camadas de roupa, o sentia. Duro. Grosso. E
pressionando contra seu sexo.
Sua respiração ficou presa. Ele se esfregou de novo, ela fez
um som, um som que ele pegou com seus lábios. Sua mão
procurou sob o tecido de sua camisa, que se moveu até
agarrar e beliscar seu mamilo.

Um suspiro escapou logo depois um gemido de prazer


enquanto rolou a protuberância ereta, brincando com o pico
ereto.

Nunca tinha imaginado como seria ter alguém a


acariciando. Ela ingenuamente acreditou que suas próprias
carícias explorando seu corpo era isso. Os jogos
preliminares eram apenas uma coisa agradável.

Como tinha estado errada. Maravilhosamente errada.

Quando sua pele acariciou a dela, sentiu como uma marca


sobre seu corpo. Quando seus dedos beliscaram o broto,
enviou uma sacudida direta e dolorosa desejo a seu sexo.

E quando empurrou sua camisa alto o suficiente para


colocar sua boca ao redor da ponta...

—Dmitri! - Poderia ter gritado seu nome, a sensação era tão


elétrica. Um murmúrio vibrou a carne em sua boca quando
ele riu entre dentes.

—Tão doce.

Essa foi a alegria ao seu toque que ele falou.

Ela arqueou suas costas, seu corpo sabendo o que fazer para
conseguir mais do que a fazia se sentir bem.
Sua boca puxou e sugou seu seio. Rodou sua língua
sensualmente. Ela gritou quando ele a soltou com um alto
ruído molhado, só para gemer enquanto voltava sua atenção
para despertar o outro seio.

Mas isso não era a única coisa que queria lamber. Sua boca
fazia cócegas e queimava em seu caminho até seu estômago,
traçando suas curvas em um caminho que o levou até a
cintura de suas calças. Ela não o impediu.

Seus dedos puxaram o tecido e deslizaram sob o elástico.


Ela prendeu a respiração.

Ficou ofegando quando seus dedos fizeram cocegas nos


pelos de seu montículo. Moveu seus quadris, com dor. Doía
por algo.

Ele.

Gritou seu nome pela segunda vez quando encontrou seu


sexo escorregadio, seus dedos ásperos acariciando ao longo
da curva suave de seus lábios inferiores. Um gemido
escapou, ela apertou os lábios com os dentes quando ele
gentilmente os espalhou. Ele passou um dedo para frente e
para trás de sua fenda molhada.

Suas coxas prendiam sua mão firmemente, o segurando


contra ela, seus quadris arquearam, pressionando contra
sua mão.

—Calma, gatinha. Você faz com que seja difícil para mim ser
suave.

—Talvez eu não queira suave, - grunhiu ela.


—Então estou tendo êxito em meu cortejo, - murmurou
contra seu ventre antes de colocar um beijo.

Ele retirou sua mão de suas calças, e ela quase chorou


—Por que está me punindo? - Até que se deu conta de que
ele precisava de sua mão para baixar suas calças sobre seus
quadris e para baixo até suas coxas.
O ar na caverna esquentou, seja pela fogueira ou por suas
ações, não saberia, mas apesar de sua pele exposta, ela não
tremia de frio. Tremia, porém, de expectativa.

Quem não faria quando os brilhantes olhos azuis olhavam


sua parte inferior nua com tanta fome?

E parecia que ele queria saciar sua necessidade dela. Ela


prendeu a respiração e ainda não conseguia soltar, quando
ele exclamou não muito mais que um rosnado,

—Dmitri!

Como se o seu débil protesto pudesse parar este homem em


sua missão. Entre suas pernas, ele inclinou seu rosto, e tudo
para que pudesse lambe-la e dar voltas com sua cálida
língua.

Quente, um pouco áspera, e OH meu Deus. Porra, isso era


tão bom.

A ponta de sua língua a estimulava, lambia, rodava, até


encontrar seu clitóris para brincar. Quando seus gritos
ficaram muito altos, e seus quadris muito arqueados, deixou
sua língua viajar até a entrada de seu sexo, onde sondou até
que ela soluçava seu nome.

Em seguida voltou para seu botão inchado, zombando dela.


Dando prazer. A conduzindo cada vez mais alto e...
Aaaah. Ela caiu sobre a borda, em um inebriante êxtase, em
um orgasmo que sacudiu seu corpo e a fez se retorcer com
as ondas do prazer extremo.

Levou um momento para voltar a partir da altura


culminante, mas quando o fez, ela se encontrou em seus
braços, seus lábios pressionavam beijos suaves em sua
têmpora enquanto murmurava suavemente em russo.

—Isso foi...- As palavras falharam, então suspirou. Ele riu


entre dentes.

—Eu sei.

—Isso é arrogante.

—Não é arrogante dizer a verdade. Sei que você gostou. - Ela


não iria mentir.

—Sim, gostei. E você viu, não precisamos de uma cama. -


Ela se moveu contra ele, suas partes muito mais sensíveis
pelo fato de que ele ainda se pressionava duro e ereto contra
ela.

—Eu não vou deixar você dizer que te corrompi em uma


caverna suja.

Homem teimoso, mas considerando o brilho que a invadiu,


iria deixar por isso mesmo. Mas isso não queria dizer que
ele não devia receber um prêmio em troca. Tal incentivo
para desistir de sua ideia tola.

Mesmo que gostasse da sensação dele contra ela, tinha um


objetivo diferente em mente.
Ficou de joelhos, colocou as mãos em cada lado de seu peito
e se curvou para colocar beijos suaves em sua pele.

Beijos com um destino certo.

—Gatinha, o que está fazendo?

Não era óbvio? Tinha lido livros suficientes para ter uma
boa ideia do que fazer uma vez que chegasse a seu membro
latejante. Não podia esperar para experimentar... e
saborear.

Nada como o estalo de uma arma pronta para disparar, para


parar uma menina de ir para o sul.

E irritar um tigre.
í
Dmitri
Ele morreria. Devagar. Dolorosamente. Talvez um dia para
cada segundo de desconforto e tortura que estou sofrendo.

Assim que Teena começou sua exploração inocente, Dmitri


praticamente decidiu mandar para o inferno a espera por
uma cama. Teena estava pronta para que ele a reclamasse, e
ele estava mais do que pronto para isso.

O sabor de mel de seu sexo ainda adoçava seus lábios. A


vibração do seu orgasmo ainda formigava em sua língua.
Ela estava determinada a devolver o favor.

E este imbecil simplesmente tinha que chegar e


interromper. Totalmente inaceitável.

Ignorando sua nudez - e com uma ereção furiosa


balançando majestosamente - levantou do chão duro. Com
um olhar, localizou o intruso, que continuava apontando
uma arma para eles e olhando lascivamente.

Você tem coragem de olhar para a minha esposa? Ele


realmente se atreve a cobiçar a minha esposa?

Não era só seu tigre que achava que eles deveriam rasgar os
olhos desse homem. O homem estava nas garras do ciúme
de uma magnitude que nunca tinha experimentado, nem
mesmo quando sua mãe comprou para sua irmã um
maravilhoso Mercedes SI500 em seu vigésimo primeiro
aniversário.
Com um passo para o lado, fez de seu próprio corpo um
escudo para sua esposa. Atrás dele, pôde escutar Teena
endireitar sua roupa. Podia sentir, praticamente, o calor de
sua vergonha.

Não se preocupe, gatinha. Eu vou proteger a sua honra.

—Acho que peguei uns gatinhos.

O humano estava certo sobre uma coisa. Eram gatos. Mas


“pegos”?

Sinto discordar.

Se aproximar silenciosamente quando Dmitri estava


distraído, era uma coisa. Agora realmente pensava que
venceria?

Não hoje.

—Sabe que minha família, durante séculos, usavam o


consumo da carne de seus inimigos para celebrar suas
conquistas? - Dmitri deu um passo a frente.

—Animais de merda.

Como se não tivesse ouvido o insulto, Dmitri sorriu.

—Dizem que ao devorar a carne de nossos inimigos


tomávamos sua honra e força.

—Bastardos sanguinários.

—Sim, sim nós éramos. Somos. Você sabe o que minha avó
mais se recorda desses anos, antes do Conselho Superior o
proibisse? O quão bom era o sangue humano. - Dmitri se
lançou com um grunhido mais parecendo uma besta do que
homem.
Engraçado como uma arma nem sempre era a melhor
defesa. O idiota na entrada da caverna poderia ter atirado.
Balançando como um morcego. Até mesmo evitou o
impulso para frente do corpo de Dmitri.

Mas, o medo era uma coisa divertida, especialmente nos


seres humanos. O medo das pessoas nem sempre reagem da
maneira mais eficiente. O medo só tinha o instinto de
sobrevivência.

O cara, com a pistola na mão, deu a volta e deu um grito


muito pouco viril. Os lábios do Dmitri se estiraram em um
sorriso selvagem.

—Jantar! - ele praticamente cantou enquanto mergulhava


atrás do humano.

Então, lá estava ele, o que acontece quando você tenta


escalar um rochedo, coberto de neve e gelo, no escuro,
enquanto um forte vento assobia e bate sobre ele. Para
aqueles que não tem pés firmes, como por exemplo certo
humano fora de si, pode ser muito arriscado.

Escorregar.

—Aaaah.

Ruído surdo.

—Ohhhh.

Choque. Silêncio.
Com a cabeça inclinada, Dmitri debruçou sobre a borda e
olhou o corpo na parte inferior da encosta.

—Maldição. Esperava poder interrogá-lo.

Olhando por cima de seu ombro, Teena pressionava contra


suas costas. Uma vez mais, sua esposa provou seu valor.

—Você deve colocar suas roupas antes que se molhe.

Uma mulher prática. Poderia ter pressionado ela contra a


parede e a tomado, nesse momento.

Mas... o momento foi perdido. Seu inimigo os tinha


encontrado, e apesar de ter derrubado um, possivelmente
viriam mais.

Juntos, fizeram seu caminho para baixo da montanha, ele


ofereceu a mão a sua dama, a que ela aceitou com um
sorriso.

Como quando ela perdeu o equilíbrio, caindo sobre ele, eles


caíram à deriva na fria neve? A neve em lugares inomináveis
era desagradável, mas a risada quente contra seus lábios e o
beijo suave o compensou de sobra.

Por mais agradável que fora, entretanto, não podiam perder


tempo derretendo o banco de neve. Ele tinha sido pego de
surpresa uma vez. Não podia permitir que isso acontecesse
de novo.

Levou algumas tentativas, e algumas risadas, antes que


conseguissem ficar sobre seus pés e sair do profundo banco
de neve. Ele não discutiu sobre pegar algumas das peças de
roupa. Mesmo para alguém que foi treinado para sobreviver
no frio – apenas um dos campos de treinamento que sua
mãe o tinha enviado para se preparar para a vida de líder -
sabia que precisava de algumas roupas.

No final, eles compartilharam os equipamentos, as botas


eram muito pequenas para seus pés, a jaqueta apenas o
suficientemente grande para cobrir a sua largura, mas a
camisa se ajustava bem sobre as camadas de roupa que ela
levava, e o chapéu manteve sua cabeça abrigada.

—Pronta? – ele perguntou.

—Para que? - foi sua resposta. Com bochechas e os olhos


brilhando, ela olhou para ele. Seus lábios pareciam conter
um sorriso permanente. Um resultado de seu prazer
anterior?

Como se houvesse alguma dúvida.

Empurrou a alça do rifle em seu ombro, e em seguida,


agarrou suas mãos enluvadas.

—Temos que ir. -

— O que aconteceu com ficar e esperar por sua irmã,


enquanto derrubávamos o inimigo?

—Os shifters têm uma certa honra. Pelo menos na Rússia.


Se um grupo viesse por mim, nossa batalha teria um lugar,
um a um. Fácil.

—O que acontece se houver quatro ou cinco? Lutar contra


tantos, inclusive, um após o outro, não é o que eu chamaria
fácil.

Ele arqueou uma sobrancelha.


—Se pensar assim, então deveria ir aos meus treinamentos.
Desde tenra idade, minha mãe me teve lutando contra os
melhores. Os mais ardilosos.

—E ainda assim, eu soube que Leo tirou o melhor de você


nessa luta no clube.

Seu sorriso eliminou a picada do insulto. Mas ele se irritou.


Não queria que ela pensasse que era fraco.

—Você me magoou, gatinha. Será que não ocorreu a


ninguém que eu o deixei ganhar? Naquele momento eu
sabia que não queria a sua irmã, e ainda assim, se eu
dissesse isso ia parecer ridículo. Um homem tem uma
reputação a manter.

—Aí você perdeu uma luta?

—Deixei que o Ômega do bando me vencesse, um homem


bem grande, intimidante, que vencia brevemente por pouco
a nossa briga antes que sua irmã interrompesse.

—Bem, arrogante, se acha que pode vencer muitos shifters,


então por que está tão assustado com um grupo de
humanos?

—Por isso. - Indicou a pistola. —Estes deixam a honra fora


da equação. Estes poderiam te machucar seriamente.

—E a você.

—Bah. As cicatrizes fazem um homem.

—Louco, - disse a palavra em voz baixa com uma pequena


risada.
—Russo.

Era impressão sua, ou ele a ouviu, sussurrar “meu” em voz


baixa?

Por um momento, ele ficou tentado a ficar. Ele queria


remover as camadas de roupas e desfrutar de sua beleza.
Mas algumas coisas eram mais importantes que o prazer
rápido, tal como sua sobrevivência.

Vestidos de forma mais quente, se afastaram de seu abrigo


temporário. Ele liderou o caminho, olhos e ouvidos
explorando as profundas sombras em torno deles, só
fracamente iluminadas por fragmentos do luar no céu.

O vento estava forte, mas o ar tinha esquentado desde o


acidente.

Bom, e ainda mau. Eles não teriam que lutar contra o frio
congelante que gostava de se agarrar aos ossos e fazer
prisioneiros suas extremidades. No entanto, as
temperaturas mais quentes significavam possíveis degelos.
Flocos macios derretidos, neve pegajosa, molhada e
encharcada.

Ao chegar à parte baixa da colina, fechou os olhos por um


momento e inclinou o rosto para o céu. Ele respirou
profundamente, separando os aromas. O inverno era o pior
quando se tratava de cheiros. O ar, tão frio, não mantinha
bem os aromas. As muitas camadas de roupas que os seres
humanos usavam, e até mesmo os shifters, mascaravam seu
aroma natural. O rastreamento era muito mais difícil.

O lado positivo, pelo menos, havia pegadas na neve. As suas


e as de Teena, sinais intermitentes para quem os seguisse, e
também havia sinais do homem morto.
Ele as seguiu, e Teena disse entre dentes.

—O que você está fazendo? Não deveríamos nos afastar dos


maus?

—Esse cara mau não chegou até aqui caminhando. Ele tinha
algum tipo de veículo. Eu quero isso.

—Acredita que veio dirigindo?

—Ou...- Dmitri sorriu quando encontraram com a equipe de


cães e um trenó, a única maneira de realmente viajar por
aqui em silêncio. As motos de neve, com seus ruidosos,
reverberantes motores, tendiam a avisar as pessoas a milhas
de distância, especialmente em lugares abertos.

Com uma boa equipe de cães, e um bom traje de neve


equipado para correr sobre a neve, eram a morte em asas
silenciosas.

Ao lado dele, Teena endureceu.

—Isso são cães?

—Uma equipe de cães de raça pura de trenó. Bem treinados,


também. Vê como esperam por um sinal sem ter uma
correia de restrição para prendê-los.

—Huum, acho que deviria te avisar. Os cães sempre agem


estranhamente ao meu redor.

Ela deu um passo atrás dele, e ele se perguntou por sua


preocupação. Será que tinha sofrido algum incidente com os
caninos quando era uma menina? Ela era um gato. Talvez
fosse uma espécie leonina de medo inato? Curiosamente,
apesar do fato de que ela se escondeu atrás dele, ele não
cheirava seu medo. Pelo contrário... era mais como um
pedido de desculpas?

Desculpa por quê?

Tudo começou com um gemido, depois dois. Então parecia


que toda a equipe de cães huskies siberianos seguiam o
som. Alguns estavam sentados. Outros ficaram de pé e
abanaram suas caudas enquanto que uns poucos lançavam
um conjunto humilde de “olhinhos de cachorrinho”.

—Que diabos estão fazendo?

—Me amam. - Teena sorriu enquanto se aproximava deles, e


se eles pudessem ter morrido de felicidade com o balançar
de suas caudas, eles teriam feito. No momento em que ela
chegou perto o suficiente, estes grandes, cães treinados,
com enormes dentes, balançavam ao redor e ladravam em
êxtase enquanto ela fazia o possível para acariciar e
arranhar todos eles.

—Há meus bons filhotes. Quem é mais bonito? Que


barriguinha tão suave que você tem. Precisa que faça
cócegas em você?

Era errado que estivesse com ciúmes de alguns cães tolos?

Ele se aproximou, e um por um, a equipe levantou a cabeça,


girou em sua direção, e cravaram os olhos nele que
transbordavam com intenção mortal. Alguns tinham seus
lábios curvados. E, sim, isso era sem dúvida o som de
rosnados.

—Eles estão realmente me ameaçando? - Piscou. Ele era a


porra de um tigre. Os cães não o ameaçavam.
Inclinou para frente, deixou que seu lado selvagem vir a
superfície e rosnou.
Isto os calou, mas também se agruparam mais perto de sua
esposa e mantiveram um olhar atento sobre ele.

—Minha gatinha é uma encantadora de cães. Suas


diferentes facetas são muito intrigantes. Que outras
surpresas esconde?

—Você vai ter que descobrir. Portanto, este é o nosso bilhete


para sair daqui?

Ele se inclinou e virou suas mãos para o trenó. —Sua


limusine a espera.

Enquanto subiam a bordo, Dmitri encontrou uma bolsa


amarrada na parte da frente do trenó. Se ajoelhou e a abriu,
encontrou mais roupas, algumas barras de proteína e uma
garrafa térmica com água quente.

Enquanto bebiam o café quente, misturado com algo que


aqueceu seu estomago, Teena olhou o travois21 atrás do
trenó, que tinha as correias soltas.

—É impressão minha, - disse ela, —Ou parece que isso foi


feito para levar um corpo?

—Você está certa, esposa.

—Assim quem é que tenha enviado esse tipo atrás de nós,


ele queria que levasse algo em troca.

21
é um tipo de transporte que consiste de dois pólos que servem como eixos e equipados com uma
plataforma ou rede para carga.
—Você quer dizer alguém. A questão é, ia levar vivo ou
morto?

—Tendo em conta o sequestro, eu diria que vivo, mas...

—Seria descartado se não fosse apanhado. Alguém está


jogando um jogo perigoso.

—O que vai fazer?

Dmitri não pôde evitar sorrir.

—Trocar as regras do jogo é obvio. Eu não gosto de perder.


í

Teena
Se alguém tivesse dito a Teena, há alguns dias, que estaria
vestida com roupa descartadas de um homem morto,
abraçada a cintura de seu marido, enquanto atravessavam
alguns bosques da Rússia em um trenó puxado por uma
equipe de cães, teria rido e dito jamais. Esse tipo de
aventura selvagem era mais o estilo de Meena.

Só que Meena não tinha nada que ver com esta aventura.

Teena era a única que estava vivendo e desfrutando desta


nova realidade louca.
Enquanto os contratempos continuavam caindo sobre ela,
Dmitri seguia colado a seu lado. Levou a má sorte com
calma e inclusive a enfrentou com um sorriso.

Sempre tinha um sorriso, uma linda inclinação de seus


lábios que ela queria beijar, uma e outra vez. Ela o abraçou
com mais apertado.

—Paciência, gatinha, - ele murmurou ele sobre ombro, suas


palavras efêmeras levadas pelo vento que soprava seus
rostos.

—Nós vamos encontrar um verdadeiro refúgio em breve.

—Ou?

—Não há ou.
—Você é tão otimista.

—Reforçar o negativo não ajuda em nada. Pensar na vitória,


por outro lado, traz o sucesso.

—E quando você falhar?

—Então planeja tudo de novo. A falha só acontece quando


você desistir.

Uma filosofia interessante. Uma que os humanos que os


caçavam também seguiam.

Eles tampouco se renderiam.

Sua única advertência foi um zumbindo e, em seguida, uma


bala passou perto de seus rostos e bateu na casca de uma
árvore com resultados explosivos.

Lascas voaram quando o exterior seco se estilhaçou com o


impacto.

—Se abaixe, - gritou Dmitri.

Se abaixar iria proporcionar uma boa cobertura para ela, ou


ao menos evitar ser um alvo, mas e Dmitri? Ele ficou de pé
reto e alto no trenó, com as mãos segurando as rédeas com
força.

Outro som forte quando alguém disparou novamente. Este


marcou uma linha na mão do Dmitri, ainda agachada
debaixo dele, ela notou que ele não gritou, mais ela prendeu
a respiração pois isso tinha que doer. Ele estava sangrando.
Ela podia sentir o cheiro, mesmo assim, ele não permitiu
que sua mão ferida deixasse o seu controle.
Ao ouvir um grito, se virou para olhar para trás deles.
Enquanto as sombras tornavam difícil distinguir detalhes
concretos, notou uma equipe de cães em alta velocidade
atrás deles. Um brilho pálido do luar refletiu em um dos
cânions a fez gritar,

—Atrás de nós!

Com um estalo das rédeas e um forte puxão, os cães e seu


trenó viraram para a esquerda, seu carro robusto inclinou
para um lado antes de bater duro de volta para baixo
enquanto corriam em uma nova direção.

Chegaram a um grande buraco, e ela perdeu seu agarre. Ela


esteve no ar durante um momento. Depois bateu no fundo
duro, se sentiu escorregar. Lutou para se agarrar, mas
colidiram com outro buraco, e desta vez quando ela voou,
terminou fora do trenó.

Splat.

Ok, aterrissou em um banco de neve e não em um atoleiro


úmido, mas o material branco era pegajoso, e sua
localização também a colocou no caminho do outro trenó de
cães.

Com os olhos arregalados, olhou os animais se


aproximarem. Fechou os olhos. Não teve tempo para se
mover e escapar de ser pisoteada.

Bufos. Ofegos. Os animais ofegantes se aproximavam. A


abordaram. Eles passaram. O som se desapareceu, abriu os
olhos para ver que ainda estava viva.
Ficou de joelhos, afundou um pouco mais, balançou a
cabeça para desalojar os flocos pegajosos. Ficou sem fôlego.
Silêncio.

E solitária.

Isto provavelmente não era bom.


Dmitri vai voltar por mim.

Se ele puder.

Sem se dar conta, uma vez mais, o desastre tinha surgido.


Mas, desta vez, o que realmente aconteceu foi
extraordinário.

—Muito obrigado, Murphy. - Se queixou enquanto seguia os


rastros dos trenós. —Eu percebi que o universo quer foder o
meu “felizes para sempre”, mas realmente? - Fez uma pausa
e olhou para o céu. —Se você ia me matar, não poderia ser
em uma praia ao invés de ser no meio de uma monstruosa
floresta fria?

Como se não gostasse de sua resposta, notou o zumbido de


um motor, de uma moto de neve, o que significava que não
era Dmitri. O barulho ecoou ao redor dela, e ela não podia
dizer de que direção vinha.

Ela tentou correr ao longo do caminho, na direção em que


seu marido tinha ido. A segurança estava nos números, ou
atrás de costas larga, como seu pai gostava de dizer com
uma piscada quando era pequena.

Mas, o caminho claro, enquanto era mais fácil para


caminhar, também atuava como um mapa para quem
montava a moto de neve.
Uma luz brilhou atrás dela, ofuscante depois de toda a
escuridão. Virou e se moveu para fora do caminho, mas a
neve era mais profunda e mais fofa do esperado. Ela se
afundou até seus quadris.

Não podia se mover. Seu felino interior gemeu. Já era ruim


o suficiente que estava frio, mas agora ser capturada
também?

A moto de neve se aproximou, o barulho de seu motor


ruidoso e a luz mais brilhante que nunca.

Quando parou, só a uns metros dela, o brilho era tão


intenso que teve que colocar um braço sobre os olhos.

Mas o pior era saber que não era Dmitri que estava vindo
em sua direção dizendo,
—O que temos aqui?
í

Dmitri

O primeiro impulso de Dmitri quando Teena voou do trenó


foi parar e dar a volta, exceto não havia onde dar a volta,
não aqui, onde as árvores agrupadas e faziam qualquer
curva afiada e perigosa.

Sem mencionar, que seus perseguidores tinham deixado de


lado a sua esposa para vir atrás dele.

Que venham atrás de mim em vez dela. Teria que confiar


que ela poderia lidar, enquanto ele cuidava dos negócios
aqui. Falando em cuidar...

Ele programou seu salto no tempo, saltando do trenó em


movimento em direção ao galho grosso estava sobre sua
cabeça.

Balançando, se agachou, um predador na escuridão


esperando a sua presa.

E ali vinham suas vítimas declaradas, a equipe de cães a


frente, o trenó ligeiramente maior que o seu levava dois
homens.

Quão esportivo.

Silenciosamente, Dmitri caiu sobre eles.


Dois humanos contra um gato. Não havia grandes
possibilidades, para eles.

Seus gritos estridentes de surpresa foram chatos por um


tempo curto. Matou os dois rapidamente.

Agora, como é que você vai dizer ao resto de seus amigos


que eu estou aqui, e caçando?

Jogou seus corpos do trenó enquanto este desacelerava. Os


cães sem uma mão os guiando trotaram, e em seguida,
caminharam até parar.

Despojou rapidamente os homens de seus equipamentos e


armas, assobiou para os cães enquanto estavam parados.
Eles se viraram ao seu comando, seguindo os sinais
universais que eram ensinados em lugar de obedecer uma
só pessoa.

Antes que pudesse colocar eles em movimento e retornar


para Teena, uma voz atrás dele o deteve.

—Olá, gatinho. Saindo tão cedo?

Sair quando alguém pedia por um ponta pé na bunda?


Nunca.

Dmitri soltou as rédeas e se virou para ver alguém vestido


com camuflagem branca e cinza saindo detrás de uma
árvore, um rifle apontando diretamente para ele.

—Aqui, humano, humano. Vem com o papai gatinho, -


cantarolou Dmitri.

Na maioria dos adversários, isto provocaria raiva por sua


descarada falta de respeito. Não neste homem. Também não
jogava com honra ou pelas regras. Disparou a certa
distância. Dmitri ignorou a pequena mordida. Seria preciso
mais do que isso para que ele caísse.

—Covarde. Chegue mais perto para que eu possa te


machucar.

Mas o humano permaneceu fora de seu alcance. E ele riu. O


maldito riu ironicamente.

O golpe a sua honra quase atordoou Dmitri. Sua mãe


provavelmente iria chorar em desgraça. Mas só se ele não
conseguisse matar o homem que o insultou.

Claro, que os planos assassinos só funcionariam se o tigre se


mantivesse acordado. Vários dardos bateram de uma vez, e
embora não fossem balas, foram impregnados com um
agente sonífero, o suficiente para o fazer cair em seu grande
traseiro.

Acho que agora eu sei por que a gatinha ficou um pouco


chateada, a perda de controle era terrível, e nada poderia
parar a escuridão que o absorvia.
í

Teena

—O que temos aqui?- foi dito por uma mulher, embora isso
não tenha sido imediatamente perceptível com os óculos, o
pesado chapéu Russo em sua cabeça, o casaco de pele grosa,
com seu suave e fofo pescoço.

—Você vai me matar? - Teena achou que poderia esclarecer


a situação de uma vez.

—Depende. Você faz parte do plano para matar o meu


irmão?

—Quem é seu irmão?

Movendo os óculos para os colocar sobre sua cabeça, a


mulher de olhos azuis, mostrava uma forte semelhança com
um certo marido desaparecido.

—Você é a irmã do Dmitri.

—Sim, sou Sasha. E você deve ser sua nova esposa, - disse,
olhando para Teena com uma careta.

—É impressão minha, ou você é notavelmente semelhante


com a última namorada de meu irmão?

—Provavelmente porque sou a irmã gêmea de Meena.


—Gêmea? - Sasha riu. —Acreditava que meu irmão não se
daria por vencido. É verdade? Estão casados?

—Sim.

—Mencionou que tinha conseguido uma nova noiva,


entretanto, se esqueceu de nos dizer quem era. Agora vejo o
porquê.

—Foi uma coisa repentina. - Foi a resposta de Teena.

—Foi o que ouvi, - Sasha disse com uma risada. —Estou


surpresa de te encontrar sozinha. Onde está meu irmão?
Não há nenhuma maneira que permitisse você ande por sua
conta.

A observação poderia a ter incomodado se Teena não


sentisse a ansiedade em suas palavras.

—Eu caí do trenó dos cães.

—E Dmitri não voltou para você? - As sobrancelhas escuras


se arquearam.

—Ele estava muito ocupado tentando permanecer fora do


alcance dos caras que o estavam perseguindo e disparando.

Sasha tomou um momento para absorver esta informação


antes de responder,

—Vejo que a maldição que segue a sua irmã também segue


você.

—Sim.
—Excelente. Viria bem um pouco de emoção a vida de
Dmitri. Agora chega de conversa. Tenho que ir resgatar meu
irmão. Fique aqui e espere. Outro de minha equipe virá te
buscar. - Sasha jogou uma caixa preta que tirou do bolso. —
Prenda isso a você. É um dispositivo de localização. Ele vai
ajudar que te encontrem.

—Por que não posso ir com você?

—Comigo? Por que você faria isso?

—Para resgatar Dmitri, é obvio.

—Você quer salvá-lo? - Olhos azuis se fixaram nela com um


intenso olhar que conhecia muito bem.

—Sim. É obvio que sim. Ele é meu marido.

Por alguma razão, sua resposta pareceu agradar Sasha


porque sorriu para ela. —Venha, minha nova irmã. Vamos
seguir as pistas e ver onde nos levam.

Onde as levaram foi a uma cena cheia de pegadas, mas sem


Dmitri. Sasha se queixou enquanto caminhava pelas trilhas.

—Capturado por humanos. Mãe terá um gatinho22.

De fato, a mãe do Dmitri mostrou estar menos do que


impressionada pela notícia.

—Vergonha. O horror. Meu filho, morto por - seus lábios se


curvaram - —Humanos. Seu pai estará, sem dúvida, se
revolvendo em sua tumba.

22
: Significa encher o saco, é um trocadilho que ao se traduzir perde a graça.
—Ele foi cremado, mãe, - foi a resposta da Sasha.

Eles estavam atualmente em uma grande tenda, feita para


suportar o frio. Quando um forte vento e a neve caíram
espessas e cobriram as pistas, eles tiveram que desistir. Se
reagruparam na base que a mãe do Dmitri tinha instalado
no campo, uma mãe que estava menos do que
impressionada quando conheceu Teena.

—Você! Como tem coragem de voltar depois de deixar meu


pobre menino plantado no altar.

Teena suspiro.

—Essa não era eu. Era minha irmã gêmea.

—Não importa. Mesma família significa que é provável que


o abandone também.

—Na verdade, quero ajudar a salvá-lo.

—Quer ajudar? - Sua mãe bufou. —Acho difícil de acreditar.


As chances são de que você permitisse que o meu pobre
Dmitri morresse para se tornar uma viúva e escapar como
sua desajeitada irmã.

—Eu nunca faria isso. - Teena não precisou fingir


indignação.

—Por que não? Você não veio a este casamento de boa


vontade. Aposto que sua família está te procurando
ativamente, e isso significa que você deve ter feito algo para
provocar seu desconforto. Talvez você os chamou
secretamente para que a resgatassem? São eles que estão
por trás do sequestro e resgate do meu filho?
—Minha família não teria feito todas essas coisas. Meu pai
pode ser um pouco violento, às vezes, - eufemismo do ano -
—Mas nunca me colocaria em perigo, da mesma forma ele
não faria mal ao meu marido. - Assim ela esperava.

—Ele é seu marido?

—Mais ou menos. Quero dizer, nós tivemos um padre para


fazer a cerimônia, e assinamos os papéis. Só que não
chegamos à parte da consumação, que, eu asseguro, não foi
por falta de tentar. Eu sou virgem, e Dmitri continua
insistindo que temos que fazer as coisas direito. Algo sobre
se certificar de que esta experiência estivesse altura das
expectativas. - O brandy que Sasha lhe deu fez mais efeito
do que apenas esquentar seus ossos congelados; tinha
soltado sua língua.

—Eu não acredito, - Sasha interrompeu com um bufo. —O


irmão mais velho tem medo do palco. Isso não tem preço.

—Mas isso não é importante neste momento. Devemos


planejar seu resgate.

Teena tomou outro gole de coragem da garrafa.

—Como podemos planejar seu resgate se não sabemos onde


ele está? Você recebeu algum pedido de resgate ou uma
pista sobre seu paradeiro?

—Não haverá resgate. - A mãe fez um gesto com a mão


como a dispensando. —Como não haverá nenhum resgate?
Não tem suficiente para pagar?
—Em primeiro lugar, não pediram nenhum. E segundo...-
Sasha olhou a sua mãe, e as duas começaram a rir. —Pagar?
Nós nunca pagaríamos um só rublo a nossos inimigos.

—Vocês o deixariam morrer em troca?? - Teena se


perguntou se parecia tão apavorada como soava.

—Bah. Dmitri não vai morrer. Temos um plano. -


Falar com estas mulheres era como arrancar um dente.
Lento e agonizante.

—E o plano é?

—Nós vamos resgatá-lo, é claro.

Sendo tão racional para tudo, assim, Teena previu um


grande problema. —Como você pode salva-lo se não sabe
onde ele está?

—Não sabemos ainda, mas o saberemos. Estamos


esperando que o satélite fique na posição certa novamente.
A localização pelo GPS de um alvo orgânico ainda está na
fase de teste. A fim de fazer com que os chips sejam
pequenos o suficiente para evitar serem detectados, são
mais difíceis de seguir as coordenadas, por isso eles
precisam um satélite muito bem colocado.

—Você implantou um microchip nele? Como um animal de


estimação? - Teena estava surpresa com a mãe do Dimitri.

—Não deixe que comece, - Sasha murmurou. —Ela pensa


que é espantoso que nem todos ponham chips em seus
filhos para garantir a proteção.

—Então, quanto tempo demora para o satélite estar em


posição? - Quanto tempo até que pudessem ir resgatar
Dmitri? Engraçado como ela não nutria nenhum
pensamento sobre a sua morte ou quão fácil seria deixar
que as coisas seguissem seu curso. Ela o queria de volta.
Queria dar a todo este assunto de casamento um giro.

De alguma forma em seu rápido namoro, ela tinha chegado


a esquecer que ele tinha ido atrás Meena primeiro. Na
verdade, quanto mais ouvia Dmitri falar de sua irmã, mais
via como não eram adequados um para o outro.

Ninguém parecia aprovar este acasalamento, mesmo ela, ou


ela e Dmitri compartilhavam uma relação completamente
diferente? Teena podia facilmente admitir que gostava dele,
e ela ia chegar ao extremo e dizer que ele gostava, também.
Ele não ligava para o que sua família pensava ou dizia.

Havia dito muitas vezes e tinha demonstrado de muitas


maneiras que ela significava algo para ele. Ainda mais
surpreendente, tinha a ligeira suspeita de que a sua irmã e a
sua mãe gostavam dela, também, pelo menos uma vez tinha
percebido que realmente não queriam que morresse.

Não permita que ele morra, então quando Sasha disse, —


Devemos ser capazes de captar seu sinal, se ele não estiver
do outro lado do planeta, nas seguintes oito horas.

Teena sabia que tinha que agir.

—Oito horas? - Teena não pôde evitar de repetir. —Não, não


podemos esperar tanto tempo. Quem sabe o que eles
poderiam fazer nesse tempo?

—Então, o que você sugere? Temos equipes se movendo em


círculos em torno de sua última posição conhecida. A
tempestade está tornando impossível de encontrar.
Do lado de fora ouviu um grito, seguido de um latido agudo.

Teena tropeçou na lona, esquecendo de fechar seu casaco ou


de pegar um chapéu. Ela não queria se atrasar, não se tinha
ouvido bem.

Ao entrar no pequeno torvelinho que tinha formado a


tormenta, flocos molhados presos a sua pele, piscou e logo
sorriu.

—Olá. Você veio me buscar? - Dando uns passos para frente,


estendeu a mão para o líder do trenó de cães. Seu único olho
azul e outro amarelo a olharam de maneira constante.

Ela acariciou seu focinho com a mão.

—Oh bom menino. Muito inteligente, também. Inteligente o


suficiente para me encontrar em uma tormenta. E eu aposto
que você é inteligente o suficiente para encontrar o seu
caminho de casa.

Não foi necessário o rosnado baixo do líder do bloco para


Teena saber que Sasha se juntou a ela.

—O que são estes? - Perguntou ela. Teena sorriu.

—Esses são nosso bilhete para encontrar a meu marido.


í

Dmitri

Com muitos bocejos e alongamentos, Dmitri acordou de seu


sono induzido pelas drogas. Pelo menos seu tigre fez, e
parecia determinado a fazer o homem acordar também.

Alguma vez já experimentou a versão mental de uma


bofetada de um gato com patas grandes e peludas? É algo
brusco, mas funciona.

Ele parecia se mover, mas não por seus próprios pés. Um


par de homens grandes o carregavam, na verdade o
arrastavam, um em cada braço.

Seus olhos se recusavam a ficar abertos, o efeito das drogas


persistia. Entre pisadas viu pedra, mais pedra, ah, e pensou
sentir o cheiro de ratos. Da espécie humana, não a outra.

De repente, o movimento parou. Os companheiros que o


agarraram o jogaram para frente. O chão duro quase
quebrou seu nariz, mas o instinto o fez estender os braços e
atingiu a superfície com as palmas das mãos em vez de seu
rosto.

Rude. Será que eles não sabiam quem ele era?

Eu deveria dizer a eles. Assim que conseguisse controlar


esse sono. Não era de estranhar que Teena parecia um
pouco irritada por seu uso constante de drogas. A sensação
de não ter o controle, realmente fedia.
Não drogarei mais a minha esposa. A menos que fosse com
seus beijos.

Arrastando as pálpebras pesadas tentando abri-las, Dmitri


ouviu o som metálico de uma porta sendo fechada com um
golpe. Nesse momento, o ruído resultou ser o ranger de
unhas em um quadro. Estremeceu ao pensar em sua irmã,
com um sorriso satisfeito no rosto, arrastando os dedos pela
superfície lisa, fazendo todo o possível para irritar ele.
Funcionou. Então ele revidou. Seus gritos de indignação
compensaram totalmente as semanas que tinha passado
polindo os talheres até que podia se ver refletido neles.

O tamborilar na cabeça, os olhos arenosos, na boca a


necessidade de uma bebida forte, alcoólica - todos os
adoráveis efeitos secundários - não o impediriam de ficar
em pé. E se inclinar. O maldito chão inclinou.

Um breve tatear permitiu dar uma olhada para examinar


sua localização.

Triste, mas clássico.

Olhe isto, eles trancaram um shifter selvagem em um


calabouço.

Idiotas.

Será que eles não fizeram seu dever de casa?

Conheça seu inimigo. Uma lição que aprendeu nos joelhos


de cada adulto sobre os quais alguma vez se sentou.

Conhecer todos os detalhes de seu inimigo impede que


jogue para perder. Como agora, por exemplo. Se seu captor
tivesse feito sua pesquisa, saberia que a área favorita de
Dmitri para brincar quando criança era o calabouço - apesar
de sua mãe o ter jogado várias vezes em uma cela e dito, "Se
você conseguir sair ganha um prêmio” - antes que ele
entendesse o valor da brincadeira.

Nesses momentos de diversão em família.

Ele fez um balanço de seu entorno. Mesmo o calabouço não


sendo dele, o desenho arcaico, com seus defeitos e virtudes,
era familiar.

Olá, cela, minha velha amiga. Sua sala atual não tinha
janela. Uma pena, esses tipos de celas eram as mais fáceis
de escapar. Quebrar as barras e talvez derrubar alguns
blocos soltos para alargar o buraco e momentos depois, um
certo boyar23 iria estrangular as pessoas antes que
pudessem dar um pio.

Esqueça de escapar pela janela. O que mais ele tinha para


trabalhar?

Pelo menos não o tinham colocado em uma masmorra, uma


luxuosa palavra francesa para definir o buraco no chão. E
que seria mais difícil de escapar.

O chão, mesmo empoeirado, provou estar limpo e claro.


Nenhuma grade que cobrisse um ralo de modo que
pudessem lavar o sangue e outros fluídos. Era um
pensamento pobre se você perguntasse a ele. A plataforma
de cimento estava livre de detritos. Não havia ossos, dos
ocupantes anteriores - que não eram para comer, ou como
sua mãe dizia quando batia em suas mãos quando era

23
Um membro de uma velha ordem da nobreza russa, que estava imediatamente abaixo dos príncipes:
suprimidos por Pedro o Grande.
jovem. "Não coma as sobras", dizia ela. "A carne e os ossos
de nossos inimigos são melhores frescos."

Ah, as doces aulas da juventude. Ele não podia esperar para


transmitir essas pérolas de sabedoria para seus próprios
filhotes, filhotes que pretendia ter com Teena, com a
esperança de que herdassem dela seu comportamento
perfeito e paciência. Crianças de cabelos dourados, com seu
doce sorriso e com aqueles olhos brilhantes.

Chiado. Pise no freio e desacelere, tigre.

As drogas ainda deviam estar o controlando. Elogios


poéticos sobre uma mulher. Bastava dizer que gostava dela,
gostava o suficiente para que imaginasse um futuro com ela.
Com quadris ou sem quadris. Engraçado como ele não dava
a mínima para a largura deles. Estava obcecado por sua
mulher, seus genes não tinham nada a ver com isso.

Com Teena, tinha encontrado alguém com quem podia


conversar. Alguém que escutava e não o menosprezava, pelo
menos não de uma maneira cruel. Ela podia controlar com
seu raciocínio rápido e o derreter com um sorriso. Era
gentil, muito mais amável que ele, mas ao mesmo tempo,
ela não se abatia ante a brutalidade que a vida poderia a
atingir.

Quanto a seu hábito de inspirar pequenas desgraças - e as


não tão pequenas - o encantava. A vida com sua gatinha
nunca seria chata.

Um tigre precisava de um pouco de emoção em sua vida.

Uma vida que alguém parecia determinado a encurtar.


Eu não vou morrer. Não ligo para o que os seres humanos
pensam. Não importa. Só uma coisa importa. Sair daqui e
voltar para sua esposa virgem. Assim poderia corromper ela
adequadamente, com ou sem cama. Isto tinha ido longe
demais.

Continuou a estudar o espaço. Nenhuma cama de armar


que pudesse rasgar usar suas molas. Esqueça não tinha
nenhuma estrutura que poderia ser utilizada como um
cinzel na rocha ou uma alavanca na porta.

A porta não tinha dobradiças que ele pudesse remover. Nem


uma fechadura que pudesse forçar. A porta de metal da sua
prisão era imune a seu punho, e a estrutura de aço espessa
incrustada na rocha, só tinha uma pequena janela, um
minúsculo quadrado com barras largas apenas o suficiente
para mover os dedos através delas.

Completamente inútil para escapar, mas era uma janela


para o exterior.

Depois de uma rápida cheirada para se assegurar de que


ninguém estava escondido na porta - tinha aprendido essa
lição quando sua família visitou o calabouço de seu tio no
norte e sua irmã o mordeu - pressionou perto da abertura,
em busca de pistas.

Nada saltou a princípio, mas se encontrou admirando o


ambiente.

O ambiente total do calabouço.

Como ele gostava dos clássicos. Neste caso, um velho


calabouço que detinha a maior parte das opções de diversão
que faziam dele assustador, como as teias de aranhas nos
cantos - as aranhas gordas eram incríveis, especialmente as
mais peludas, as que sua irmã odiava, especialmente
quando subiam em sua cama.

Valeu a pena limpar os estábulos por uma semana, castigo


imposto pela sua mãe.

A prisão manteve seu apelo medieval com as paredes de


pedra, ar frio, umidade, e o barulho das correntes. Mas
também incorporou as comodidades inteligentes e
modernas, como lâmpadas de ferro forjado esculpidas que
pareciam tochas, o corte de vidro de cor amarela em forma
de chama. As tochas reais eram realmente horríveis, cheias
de fumaça e constantemente precisando de substituição.
Podiam ser perigosas para o cabelo, se estivesse em uma
fase elegante, longo e desgrenhado, e você andasse muito
perto delas.

O cheiro de cabelo queimado o assombrava até os dias de


hoje, especialmente quando sua irmã colocava o áudio de
seus gritos de homem surpreso gravados em seu correio de
voz.

Não havia fogo aqui. No entanto, este calabouço tinha uma


maldita porta sólida que não se movia, não importa quantos
pontapés desse. Nem sequer um arranhão.

Isto foi o suficiente para fazer seu tigre se deitar em uma


pilha de vergonha pelo seu fracasso.

Pare. Nós não somos um super-herói com grande força


inconsistente. Este é um daqueles momentos em que temos
de usar a nossa criatividade.

É claro que sua criatividade funcionaria melhor se tivesse


algum tipo de ferramenta. Uma vez que a única ferramenta
que tinha era seu cérebro, ele fez o melhor que pôde. Tirou
uma soneca.

Apesar de sua letargia, detectou um ruído exterior - um


golpe peludo na sua mente sonolenta junto com uma versão
irritada de seu tigre, Acorde, seu idiota- saltando para a
vigília.

Alguém se aproximava. Vários alguéns a julgar pelo ritmo


irregular dos pés batendo pesadamente.

Finalmente um pouco de ação.

Dmitri definiu o cenário para o confronto. Se sentou e


encostou contra a parede do fundo, em uma pose
indiferente, com uma perna esticada e a outra dobrada
ligeiramente, o suficiente para que pudesse se apoiar e
adotar uma expressão de tédio. Também conhecido como
seu olhar de “príncipe”. Ou, como Sasha dizia, sua cara de
babaca arrogante.

E não, não queria dizer sexy. Ela tinha rido quando ele tinha
perguntado.

Cabe lembrar que os felinos são notados sobre tudo por


suas poses indiferentes, casuais. Mas nunca duvide de que
estão preparados para agir em um piscar de olhos.

Os passos se aproximaram, e seu tigre praticamente girava


em sua mente com entusiasmo.

Se acalme. Preciso descobrir a situação primeiro.

Nós vamos jogar logo?

E vamos jogar duro, ele assegurou.


Os passos pararam, estavam perto também. Podia ver a
cabeça raspada do homem de pé diante de sua pequena
janela. Enquanto seu inimigo flutuava perto, da abertura da
porta que era muito pequena e estava muito longe dele
atualmente para que pudesse captar qualquer cheiro.

Raspagem de metal e, em seguida, o estalar de uma mola


que foi girada. Um bloqueio que foi destravado, e o barulho
de uma porta com necessidade de óleo significava que uma
porta se abria.

Só não era a sua porta.

—Entre.
Aha, a voz familiar do piloto que tinha pulado.

Vejo que estou no lugar certo para procurar respostas.

E depois das respostas, Era hora de jogar! Seu tigre


praticamente rugiu.

—Antes de fazer, hum, pode me dizer se você tem outro


prisioneiro?

—Talvez. Pegamos um montão de coisas aqui.

—Ele é muito notável. É um cara alto e largo. Musculoso e


russo. Eu mencionei muito bonito? Ele tem um sorriso
atraente e os olhos azuis mais viciantes.

Esta voz. Não. Não pode ser. Esqueça a descontração.


Dmitri ficou em pé e se aproximou das barras da porta.

Ele não precisava do cheiro do aroma doce para saber que


Teena estava no corredor fora de sua cela.
Eles têm a minha mulher. Minha gatinha.

Ela tinha sido capturada, e agora eles iriam jogar sua


delicada esposa em uma cela. Inaceitável, ele ia fazer algo
para corrigir isso em um momento. Parecia que ela não se
importava de falar com seu acompanhante.

—Quem é ele para você?

—Meu marido. Estamos recém casados.

—Seu marido? - A risada de escárnio foi ouvida alta e clara.


—Os animais não se casam. Eles entram no cio. E fodem.
Em seu caso, sua espécie faz mais monstros para infectar
nosso mundo.

—Como assim minha espécie? Não somos todos humanos


aqui?

—Nem todos nós. Não tente esconder o que você é. Eu sei.


Estive observando. Sua proteção contra sua propagação
infecciosa.

—Infecciosa? Nós não somos uma doença.

—Não. Você é pior. É uma abominação. Eu acho que você e


outros de sua espécie suja estiveram vivendo sob nossos
narizes todo esse tempo.

—Suja? Saiba que tomamos banho. Com sabão, devo


acrescentar.

Dmitri poderia ter rido de sua resposta indignada, e ainda,


ao mesmo tempo, poderia o ter irritado. Encher o saco do
humano preconceituoso poderia fazer com que ele a
machucasse.

Ele coloca um dedo sobre ela e vai morrer gritando.

Mate-o de qualquer forma.

Seu tigre dava as sugestões mais brilhantes.

—Você tem uma boca muito inteligente. Mas não vai ser tão
inteligente depois que eu terminar com você. Sabia que
existe um mercado para as mulheres de sua espécie?
Inclusive as de tamanho grande, como você.

De tamanho grande? O homem realmente tinha insultado a


sua mulher?

A raiva foi construía, fervendo a fogo baixo sob de sua pele.

—Você não vai escapar dessa.

—Eu acredito que sim. Ninguém sabe onde você está. Ou


mesmo quem te pegou. E em uns poucos dias, semanas, no
máximo, não haverá nenhuma evidência deixada para trás.
Seu amante tigre vai ser objeto de caça e ensacado, seu pêlo
será como um troféu. Quanto a você, talvez dure mais
tempo que as outras mulheres. Você é, afinal de contas, de
constituição robusta. Mas os lugares onde vendo as de sua
espécie, satisfazem a uma multidão muito áspera. Como
você logo descobrirá.

—Meu marido vai te matar por isso.

Tanta fé nele. Maldita seja. Ainda mais pressão. Esta


mulher parecia decidida a desafiá-lo constantemente.
Sua lista de tarefas continuou aumentando.

Salvar ela de uma situação extrema – precisava trabalhar


nisso.

Encontrar uma cama e corrompê-la adequadamente - logo


que saíssem destas celas.

Fazer ela acreditar que era a única para ele, a mais


adequada – teria que trabalhar nisso por um tempo.

O grupo barulhento de meia dúzia de pés saiu de suas vistas


e o ritmo se afastou de sua cela. Ele esperou até, que
inclusive, o eco de seus passos desaparecesse antes de saltar
para a porta e olhar através dela.

Belos olhos cor âmbar se encontraram com os seus através


da janela da porta do outro lado do corredor.

—Olá, marido. Eu tenho que dizer que esta lua de mel está
realmente se preparando para ser memorável. Eu acho que
nunca fui trancada em uma prisão medieval antes.

—Só o melhor para minha gatinha. - Ela riu suavemente.


Ele teve que perguntar. –—Você está bem? Será que eles te
machucaram?

—Estou bem. Uma vez que os encontrei, fui com eles de boa
vontade, na esperança de que eles iriam me colocar perto de
você.

Ele franziu o cenho.

—Não entendo. Você veio procurar o inimigo


intencionadamente?
—Sim!- Ela sorriu. —Pela primeira vez, estou fazendo algo
completamente louco. Minha família vai estar muito
orgulhosa quando descobrirem que fiz com que me
capturassem de propósito para que pudesse te resgatar.

—Você fez o quê! - Ele poderia ter rugido.

Ela não parecia impressionada.

—Não fique tão chocado. Como eu poderia te encontrar?

—Eu estava me preparando para escapar. Deveria ter ficado


onde te deixei- Ele estava completamente irracional, mas
não sabia mais o que dizer. Ela o aqueceu até os dedos e o
aterrorizou que se preocupasse com ele o suficiente para se
colocar em perigo.

—Eu não podia ficar onde me deixou, e devo acrescentar


que estava em um banco de neve devido a suas habilidades
de condução.

—Minhas habilidades são excelentes.

—Diz o homem que perdeu seu passageiro. E, além disso,


foi capturado.

Espere. Ela revirou os olhos?

—Eu estava drogado.

—E você gostou? - Uma resposta atrevida.

Deu a ela um olhar que nunca funcionou em sua irmã, mas


fez maravilhas com sua mãe.
—Um conjunto de brincos de diamantes seria o suficiente
para pedir desculpas?

—Depende, eles farão conjunto com o colar, e o anel de


casamento que ainda não tenho.

Ele piscou. Logo sorriu.

—Feito.

—A propósito, conheci sua irmã.

Seu anúncio descarrilou completamente sua linha de


pensamento - que envolvia ela usando nada mais que ouro e
predas brilhantes.

—Como diabos você conheceu Sasha?

—Foi ela que me encontrou quando você me deixou no


banco de neve. Juntas, saímos a sua procura, mas eles já
tinham ido, e a sua mãe...

—Você conheceu minha mãe, também?

—Sim. É uma mulher encantadora. Tenho certeza. Talvez


ela ainda goste de mim, uma vez que possa a convencer de
que sou boa o suficiente para você.

—Isso nunca vai acontecer. - Ninguém era bom o suficiente


para um filho de sua mãe.

—Então ela e meu pai terão algo para conversar, porque ele
nunca vai te aceitar. Mas vamos ignorar isso por enquanto.
Você queria saber por que eu vim para te resgatar?
—Obviamente você quer ser castigada. Sabe, se quer uma
surra, só tem que pedir.

Ela voltou a piscar e umedecer os lábios com a ponta de sua


língua rosada.

—Devo dizer que soa interessante. Mas você está me


distraindo.

—A distração é melhor do que planejar como banir minha


mãe e minha irmã por deixarem que você se colocasse em
perigo.

—Elas não tinham outra opção. Insisti quando descobri que


levaria horas para que o satélite o localizasse. Então em um
estranho golpe de sorte, os cães retornaram, subi no trenó e
disse para que eles voltassem para casa...

—Os cães. - Disse as palavras fracamente enquanto tentava


ter uma ideia da série de acontecimentos impossíveis.

—Sim, os cães que encontramos. Você sabe que eles


gostaram de mim e que você os levou depois de me deixar
na neve.

Era melhor acrescentar um bracelete a lista de joias que


teria de comprar.

—Eles te encontraram?

—Sim. De qualquer forma, eles me levaram até o trenó, e


você ficará orgulhoso de saber que só caí algumas vezes,
antes que pudesse controlar. Os cachorrinhos...

Só ela chamaria de “cachorrinhos”, os cães siberianos, que


poderiam se juntar e rasgar, em partes, inclusive um tigre.
—Eles foram bons o suficiente e pararam para que eu
pudesse subir de novo. Acontece que eles sabiam o caminho
de volta para o abrigo. Encontrei este lugar, e finalmente, eu
encontrei alguns guardas que me levaram como prisioneira.
E bem - ela sorriu, ampla e belamente. —Aqui estou!

Sim, ela estava aqui, mas e quanto a seus companheiros?

—Uma coisa que não entendo é, se você intencionadamente


tentou me encontrar, o que aconteceu com minha irmã e
minha mãe? Onde elas estão?

—A última vez que as vi, estavam me seguindo com algum


tipo de dispositivo GPS de curto alcance que guardei em
minhas calças. Isso é parte do meu plano de resgate. Não
devem estar muito longe. Logo você vai estar livre de novo.

Ele bateu a cabeça contra as grades que tinha agarrado,


murmurando.

—Não. Não. Não. Isto não pode estar acontecendo. Se elas


me resgatarem nunca deixarão de me provocar. Isto é um
desastre.

—Tenho certeza que não vão te provocar. Quer dizer não é


sua culpa se foi capturado por humanos. Havia um montão
deles. E tinham armas de fogo.

OH, que maneira de aprofundar sua vergonha.

—Não. Elas não vão. - Disse as palavras em voz baixa. —Eu


vou enlouquecer! - gritou ele.

—Você sabe, o papai geralmente faz com que as paredes


tremam quando ele está realmente louco.
Ótimo, o que precisava para aumentar um pouco mais a sua
raiva. Ser comparado com seu pai? E ficar por baixo? Sim, a
adrenalina disparou a um nível superior. Examinou a borda
da porta, procurando um ponto fraco.

Teena manteve a conversa.

—Ele ficará feliz em saber que ainda sou virgem. Quando os


homens falavam sobre provar a mercadoria, eu disse que
estava me guardando para meu marido.

—Eles disseram que iam te tocar? - Ooh, isso o fez ferver.

—Falar sim, agir não. Uma vez que o chefe ouviu que era
virgem, ele disse que poderia conseguir um preço mais alto.

O cara queria vender sua mulher? Para sexo?

Dmitri soprou e bufou. Seus olhos se estreitaram, olhou


para a parede em seu caminho.

—Aí... OH. Algo acabou de se mexer no canto. Querido


Deus. Não, não, não!

Teena começou a gritar. E gritar. E gritar. O terror alto em


seu tom era inaceitável.

Com um rugido, Dmitri correu contra a parede de pedra e


cimento, levando primeiro os ombros, a raiva seu escudo, e
seu corpo a bola de demolição.

Rangido. Derrubar. Quebrar.


O pó estúpido aumentou quando a pedra antiga ficou
destruída pelo impacto, Teena ainda gritava, o som
alimentando seus instintos protetores.

Esqueça de querer procurar uma chave ou forçar a


fechadura. Ele se arremessou contra a parede de sua cela.
Não teve o mesmo impulso no corredor estreito. Se lançou
contra ela uma vez. Duas vezes.

Na terceira vez, a antiga alvenaria de pedra se moveu - era


mais fácil de romper que o aço sólido - e tropeçou em ruínas
irregulares na cela da Teena.

—Onde está? Onde está o monstro? - Certamente algo


horrendo a ameaçava.

Com os olhos abertos e encostada contra a parede, olhou


Teena, sozinha e ilesa.

—Você acabou de destruir uma parede?- ela perguntou.

—Sim. - Ele franziu o cenho. —Você estava gritando. Por


que você estava gritando?

—Aranha.

Era sua vez de piscar estupidamente.

—Aranha? Não entendo.

—Tinha uma grande. Aqui. Comigo.

—Você estava gritando por causa de uma aranha?


—Bem, sim. Era grande. E peluda- ela falou estremecendo.
—Mas você a matou quando veio através da parede. Uma
grande rocha caiu sobre ela. Meu herói.

Alguns homens poderiam ter se afastado em desgosto.


Outros teriam zombado dela por seu medo. Dmitri por
outro lado? Ele sorriu.

Ela o chamou de seu herói. Mataria uma aranha todos os


dias se ela continuasse pensando dessa maneira.

—Vem, gatinha. Vamos sair deste calabouço - disse com um


gesto de suas mãos.

—Por que não esperamos, simplesmente, por reforços?

Esperar ajuda?

—Nunca.

Com essa exclamação, a pegou em seus braços, virou para a


abertura que tinha feito e percebeu que não caberia os dois.
A soltou, saiu e uma vez que ambos tinham passado, ele a
pegou em seus braços.

Uma risadinha escapou dela.

—Dimitri, o que está fazendo? Eu posso andar.

—Estou te resgatando, da maneira carreta. A...

—... maneira da Rússia”. - Ela riu. —Muito bem. Vamos.

Seu caminhar não era exatamente silencioso. As salas de


verdade eram estreitas, e dois dos castiçais de cristal que
revestiam as luzes da parede terminaram quebrando no
chão, mesmo assim, o forte ruído não tinha atraído os
guardas.

Uma pena. Pois este espaço estreito teria sido perfeito para
enfrentar um ou dois de uma vez.

Aparentemente, os seres humanos sabiam que isso iria


contra eles, daí a razão pela qual Dmitri enfrentou um mar
de armas afiadas, quando abriu a porta no topo das escadas
que levavam a parte principal da fortaleza.

Diante da morte iminente, talvez um tigre pudesse lamentar


sua decisão precipitada de executar sua própria fuga, em vez
de esperar sua irmã com reforços.

Nah. Nunca saia sem uma luta. Só que agora, ele não tinha
que pensar somente nele.

Ainda aninhada em seus braços, Teena enterrou o rosto em


seu pescoço. A pobrezinha estava, provavelmente,
aterrorizada. Teve que se esforçar para escutar seu sussurro.

—Me jogue.

—O que? - Praticamente latiu as palavras, e uma meia dúzia


de armas se moveram quando dedos suados se aferraram
aos gatilhos.

—Me jogue neles. - murmurou em um tom baixo. —Fico


com os três do meio, você cuida do resto.

Foi só quando sentiu que seu corpo começava a mudar em


seus braços que entendeu; ela ia mudar para sua forma
selvagem.

Aí vem minha leoa.


Algumas pessoas pensavam que os leões machos eram os
reis, mas quando chegava à hora da caça, eram as fêmeas
que tinham que ser levadas em conta.

Confiando em sua gatinha, ele a jogou. E, não, a ironia não


passou despercebida, ao invés de jogar um humano aos
leões, jogava um leão aos humanos.

E o tigre perseguiria o resto.

Ao trocar de forma em alguns aspectos, sentiu como se


levasse muito tempo, mas na realidade, acontecia uma vez
que a mágica manipulava sua estrutura celular, o tempo real
de mudança era curto. Curto o suficiente, que quando seu
ataque terminou, ele já batia com as patas inclinadas com as
garras.

Os homens gritavam. Algumas armas dispararam o que


resultou em mais gritos. Não dele ou de sua esposa. As
armas de fogo eram eficazes, mas só se bem usadas.

O cheiro de pânico se misturou e formou redemoinhos com


o sangue fresco e a pedra. Como gostava do cheiro da
batalha. O que não gostava eram os farrapos de sua camisa
que ainda se agarravam a ele.

Não havia nada pior que parecer um idiota que não podia se
mover para a direita. Mas pelo menos seu problema não era
tão ruim como o de Teena que ainda usava sua calcinha.

Em questão de minutos, a sala tinha apenas dois felinos de


pé. Corpos espalhados pelo chão, alguns gemiam, a maioria
não. Os gritos fracos de um casal que tinha fugido pairavam
de novo sobre eles.
Sua leoa dourada balançou sua cauda e olhou para fora da
porta.

Ele baixou a cabeça e passou uma pata, fazendo um gesto


com a cabeça, depois de ti.

Pensando melhor, não queria que ela enfrentasse possíveis


danos. Ele iria primeiro.

Ele segurou sua cauda e a puxou. Por cima do ombro, os


olhos âmbar dela o encaravam com um grunhido.

Soltando sua cauda, golpeou com força seu traseiro peludo e


logo trotou junto a ela.

Golpe!

Ela bateu em sua bunda.

Ele balançou sua cauda em reconhecimento do seu elogio. É


óbvio que ela admirava sua boa forma, mesmo em sua
forma de tigre, seu traseiro era incrível.

Em sua mente, entrou no modo silencioso. Agachado,


deslizou pelo largo corredor. Os cheiros ao seu redor, em
sua maioria mundanos, como a cera para assoalho usados
nos pisos de madeira brilhantes e o fraco aroma delicioso de
bacon frito. Será que perderam o café da manhã?

Esqueça a comida feita pelos humanos. Ele estava atrás de


uma refeição diferente hoje, e sorte que tinha encontrado o
perfume que procurava.

Seguindo sua pista, quase não percebeu o leve rangido de


uma porta que se abriu atrás dele.
Quando virou a cabeça e viu o homem com uma arma, ele
notou Teena, que não estava olhando para frente, tinha o
focinho no chão, ele o golpeou com as patas. Com um grito,
o cara caiu, a arma disparou e a bala ricocheteou, de volta a
seu remetente.

Teena soltou um suspiro alto e fez o equivalente a um


encolher de ombros de um leão.

E ela diz ter má sorte.

Só um pouco.

Depois de sua tarefa ser interrompida, uma vez mais,


Dmitri seguiu o rastro do cheiro do homem que usava uma
colônia picante.

O encontrou, de pé junto a uma enorme lareira do chão ao


teto, uma monstruosidade ineficiente. E apesar de sua
natureza pouco prática, tendo em conta a quantidade de
madeira necessária para a alimentar, sem falar a fuligem da
fumaça de madeira, esses defeitos melhoravam a beleza e
emolduravam o fator intimidação.

Olhe para mim. Sou tão rico que posso queimar toneladas
de dinheiro de merda e ainda assim congelo minha bunda
humana neste espaço.

Seu tigre o resumiu de forma mais sucinta.

Idiota. Vamos comer.

Inimigo. Confere.
Fresco. Confere.

Com fome? Muita. E o idiota diante dele o fazia esperar


para saciar sua fome.

—Pare aí, ou do contrário. - O humano com o aroma picante


apontou a espingarda de cano duplo para Dmitri.

Uma arma? Probabilidades ruins - para o indivíduo que a


possuía.

Especialmente porque o humano parecia estar com vontade


de conversar. Os bandidos idiotas eram assim tão
previsíveis. Quanto mais controle sentiam ter, eram menos
propensos a apertar o gatilho...

Dmitri sabia. Ele gostava de se vangloriar quando tirava a


vitória do inimigo. Vendo seus rostos enquanto executava
um lindo estrangulamento, a palidez de seus olhos
enquanto caiam no chão a seus pés. Bons tempos.

E se estivesse de bom humor, procurava atualizar como


toque que usava em seu celular para as mensagens de texto,
então, às vezes recorria a um ataque furtivo, se assegurando
de antemão que sua irmã estaria por perto com um celular
para gravar. Sasha fazia um grande trabalho depois de
salvar o arquivo de áudio, e enviar a seus subordinados
fazendo com que estremecessem visivelmente quando seu
telefone tocasse.

Adoro isso.

Mudou de tigre para homem, mas levou um momento, se


estirou coberto de orvalho, a pele humana tremendo no ar
fresco da sala.
—Ora... ora... se não é o almoço que escapou. Muito amável
de sua parte vir até mim- disse Dimitri.

—Não vim até você. Eu te capturei.

—Se você diz. - Dmitri deu de ombros e sorriu, seu sorriso


mais conciliador. Desde que Sasha não estava aqui para
plantar um soco nele, se sentiu completamente seguro para
usá-lo.

O humano pomposo o fulminou com o olhar.

—Pare de tentar ser inteligente. O fato de que esteja


utilizando palavras e colocando um rosto humano não
muda nada, sua besta.

—Meu nome é Dimitri, embora seja reservado para os


amigos e familiares. Mas você, você pode me chamar
knyaz24. Meu príncipe também funciona.

—Você não tem nome. Nem título. Tudo o que você é para
mim é um troféu. - O humano acenou com a mão uma
grande área que abrangia as cabeças montadas nas paredes.
Rostos congelados em um rito, os olhos de mármore que
captavam a luz da lâmpada, as cabeças dissecadas sendo
testemunhas silenciosas de sua discussão.

—Você matou todos estes animais. - Dmitri declarou, não


perguntou.

O homem zombou.

—Cada um. Pessoas, animais sujos. E patéticas, também.


Esperava algo mais esportivo de sua classe. Inclusive dei a
24
knyaz: refere-se a um duque, príncipe ou nobre sênior da época medieval, e ao território que este
protegia.
todos uma oportunidade justa para correr. Não é minha
culpa que o caçador era mais forte do que eles.

O humano se gabava de seus assassinatos. E por quê?


Esporte?

Vou mostrar quem é o mestre deste esporte. Dmitri


também gostava de caçar, especialmente aqueles que
mataram seus parentes - como o pobre Jorge colocado no
canto, que só queria passar o tempo em seu jardim. Não
haveria mais tomates frescos de seu pomar. Mamãe não
ficaria feliz.

Não se preocupe, Jorge, vingarei você. E vingarei todos os


outros que pereceram nas mãos deste idiota.

Primeiro, entretanto, os aspectos legais, porque era


proibido matar os seres humanos por diversão. Sangrentos
desmancha - prazeres no comando.

—Esposa, lembre, caso te perguntem mais tarde no tribunal,


que este humano aqui presente admitiu sua culpa na busca
descarada e assassinato de almas gêmeas. É minha crença
de que estes são crimes de ódio. O ser humano mostra uma
indiferença preocupante pelo que fez e em geral... - Dmitri
fez uma pausa, procurando uma palavra.

Teena a forneceu, tendo em conta que também mudou, e


louvado seja, aquela maldita tanga estava cobrindo ao
menos parte dela.

—Idiota.

—O que?
Ele esqueceu o que estava falando.

—Disse que o caçador humano é um idiota. O que significa


que há apenas um veredicto.

—Culpado. Ele deve morrer.

Click. Um pigarro.

—Me perdoem, mas ambos parecem ter esquecido que sou


eu que estou segurando a porra da arma.

—OH querido. Isso sim, provavelmente, não é uma boa


ideia – Teena murmurou antes de se jogar no caçador.

E foi então que seu enorme poder, que ele ia começar a


chamar de “fazer com que a merda aconteça”, surgiu dando
patadas.

Rawr.
í

Teena

Se lançou para o indivíduo que segurava a arma, Teena só


podia esperar que sua habitual má sorte atacasse.

Ou Dmitri tinha razão? Talvez ela só tinha um tipo diferente


de sorte?

A medida que se levantou no ar, muito consciente de que


seus seios sem restrições abriam caminho, ela só esperava
poder assustar o homem com a arma, o suficiente para
obter uma margem de vantagem.

Ela o surpreendeu bem.

Somente o branco de seus olhos apareceu, sua boca abriu


enquanto cambaleava para trás, mudando a trajetória de
seu alvo. Se recuperou o suficiente para apertar o gatilho,
mas esse tipo de arma tinha um enorme recuo. A arma
resistiu, o canhão se abriu, e pelo tamanho dela tinha
muitas chances de acertar. Era impossível falhar.

Ai.

Ele atirou em mim.

Apenas de raspão, mas mesmo assim, foi o suficiente para


fazer um corte em sua pele e sangrar.

Ele poderia muito bem ter balançado uma bandeira


vermelha diante de seu marido.
Aparentemente, não só os tigres podiam saltar uma dúzia
de pés em um só salto. Seu marido flexionou suas coxas
musculosas e saltou pelo ar para aterrissar sobre o caçador.

Enquanto batia a cabeça do humano contra o chão, rosnava.

—Você. - Golpe. —Não. - Golpe. —Atira. - Golpe. — Na


minha mulher. - Seguido de um par de batidas rápidas e
contínuas.

—Humano mau. Humano morto. Julgamento realizado.

Com um golpe final, a causa de seus problemas olhou


cegamente para o teto, onde uma enorme águia flutuava
pendurada em uma linha.

A parte consciente de Teena achava a violência repugnante,


mas o predador nela - e honestamente, ela era mais
caçadora que presa- gostou que seu companheiro tinha
lidado com a ameaça.

—Bom gatinho. - Ela ronronou as palavras.

Ele ouviu. O corpo maciço virou ainda agachado. Com um


grunhido, deixou cair seu inimigo morto, mas o perigo
ainda irradiava de sua pele, uma tensão vibrante que era
realmente atrativa.

Olhe a pele nua. Tão perto e pedindo uma carícia.

Que tal uma massagem? Foi algo em sua expressão, o fato


de que seus mamilos endurecessem, ou ele sentia o mesmo?
Não sabia, ou não se importava.
Não precisavam de uma desculpa para unirem em um
choque de corpos. Seus braços em volta um do outro, seus
lábios conectados com paixão e falta de ar.

—Temos que parar de nos encontrar desta maneira - disse


ele.

—Como? Quer dizer passar de uma calamidade a outra? Se


acostume com isso. Isto é o que acontece ao meu redor.
Teremos que ter nossos momentos quando e onde
pudermos. - Ela mordiscou seu pescoço.

Não pôde ignorar o estremecimento que passou através


dele.

—Envolva suas pernas em volta da minha cintura.

Ela fez o que disse, mas ainda perguntou.

—Por quê?

—Nós não vamos a lugar algum até que eu tenha te


reivindicado.

—Hum, Dimitri, eu odeio apontar o óbvio, mas temos que ir


a algum lugar, e adivinha, ainda não fui reivindicada.

—Não me confunda com detalhes, gatinha. Estou muito


excitado para pensar com clareza. Encontraremos um lugar
onde possa te dar a noite de núpcias que não tivemos.

—O que há de errado em ficar aqui? - perguntou enquanto


Dmitri corria por uma bela cozinha com bancadas
brilhando, onde uma velha senhora sovava uma massa. Ou
pelo menos até que congelou sua ação de amassar a bola
farinhenta, ficando de boca aberta.
—Olá, cozinheira. Vou corromper a minha mulher, que está
faminta. Vou duplicar seu salário se tiver um café da manhã
de bom tamanho para mim e minha gatinha em
aproximadamente uma hora.

—Uma hora? - chiou Teena.

—Tem razão. Isso é muito. Dado o nível da minha


necessidade por você, mais como um quarto de hora. Mas
posso esperar pelo menos trinta minutos pela comida.
Podemos nos abraçar enquanto esperamos.

—Dmitri. Isso é tão... tão...

—Russo? – disse sorrindo.

Ela riu.

—Perfeito!

Dmitri mostrou que seu único pensamento era encontrar


um quarto. Dois lances de escadas? Ele nem mesmo estava
respirando com dificuldade para chegar ao topo. Será que
ele entrou em pânico ou se queixou quando o inimigo
entrou em seu campo de visão com uma faca? Não, ele só se
esquivou para o lado. O valentão se lançou, tropeçou em seu
cadarço desamarrado -falando de má sorte- e caiu pelas
escadas. Ela fez uma careta quando viu onde tinha
aterrissado a faca.

Dmitri gritou.

—Olhe para isso, gatinha. Você é como criptonita para meus


inimigos.
—Está citando as fraquezas dos super-heróis dos gibis
agora? O que aconteceu com as novelas românticas?

—Os super-heróis sempre ficam com a garota. - Ele piscou


quando abriu uma porta, a fechando com um chute em
seguida.

—Já chegamos? – ela brincou.

—Chegamos. Apresento, uma cama. - Atravessando o


quarto enorme, sorrindo, ele a jogou no colchão.

Ela bateu nas molas. Ricocheteando a seguir, com um poing


quase audível, expandindo, que a enviou para cima, o que
poderia não ter sido muito ruim, uma vez que Dmitri correu
e a agarrou, atingiu o lado da cama, e caiu. Ele não a
esmagou, simplesmente caiu no colchão, mas uma
insignificante cama feita para humanos não era páreo para
um tigre e uma leoa.

Rangido. Estalos. A cama quebrou de um lado, Teena


ricocheteou de novo, desta vez caindo fora dela.

Isso já tinha acontecido muitas vezes com ela para que


soubesse como quicar, rodar, e logo se deitar sobre o tapete
grosso que cobria o chão.

—Gatinha! Volte para a cama imediatamente.

Ela levantou a cabeça para ver que Dmitri tinha rolado de


costas na cama miserável. Tendo em conta que ainda tinha
mais três pernas com o risco de desmoronar, ela ficou onde
estava a salvo.

Mas sozinha.
Ela deu um tapinha no lugar ao lado dela.

—OH. Dmitri.

—Não. Há uma cama perfeitamente bem aqui.

Rangido.

Outra perna quebrou, mudando o ângulo de inclinação


fazendo Dmitri rolar. Ele não esperou para ver onde iria
aterrissar. A seus pés, saltou, se elevando sobre ela.

Mais de seis pés de primitiva carne masculina. Carne


masculina nua.

Minha.

OH sim.

O presenteou com seu olhar fixo? Talvez fosse o fato de


lamber os lábios que fez seus olhos arderem. Seja qual for à
razão, num piscar de olhos, estava ao seu lado, de joelhos
sobre o tapete, os lábios em busca dos dela. Suas bocas se
mantiveram unidas, alheias de onde estavam. Havia apenas
uma coisa importante.

Temos que tocar.

Não havia outra opção; era uma necessidade. A necessidade


queimava por dentro. A necessidade urgente estava dentro
dela, para reivindicar - e reclamá-lo - passou por cima de
todas as outras preocupações.

Parecia que a mesma urgência o possuiu. Sua boca era feliz


de beber e ter o gosto dele, mas suas mãos estavam em uma
missão de reconhecimento.
Dedos com pontas calejadas esfregaram a pele macia de seu
ventre, deslizando sobre sua pele, querendo tocar e
degustar. Saborear a pele que não tinha visto um chuveiro
há algum tempo.

—Espera - disse ela. À medida que se afastava de seu lado,


quebrando o abraço, ela se empurrou a seus pés.

Ele poderia ter dito, “Volte aqui. Eu não terminei”, mas ela
o ignorou. Assim como ignorou sua próxima ordem, ficando
de pé com um grunhido, —Gatinha.

Será que isso tinha a ver com o fato de que se despia


enquanto ele suportava a distância? Quanto ao seu destino,
um quarto em um lugar como este tinha exatamente o que
necessitava, um banheiro e, melhor ainda, um grande
chuveiro.

Para sua primeira vez, gostaria ao menos estar cheirosa.


Limpa para os atos sujos que viriam.

Nua, e ousada, parou por um momento e se deleitou com o


calor de seu olhar ardente. A pele entre os ombros se
arrepiou, sua pele hiper-consciente.

Ela não pôde resistir e olhou por cima do ombro. Prendeu a


respiração.

Ele é magnífico.

O cabelo escuro despenteado por seu jogo. As linhas de seu


rosto altivo marcadas pela necessidade.

Necessidade dela.
Entrou no chuveiro e ficou sem fôlego ao girar a torneira, a
água fria a fez saltar, mas rapidamente saiu quente.

Suas narinas se abriram, entretanto, não disse uma palavra.


Ele não precisava. A tensão erótica saía fortemente dele,
todo seu corpo permaneceu tenso e enrolado, pronto para
saltar.

Muito perigoso.

Muito quente.

Meu.

—Venha aqui - exigiu ela. Quem era essa Teena atrevida?


Essa ousada sedutora que o chamava?

Ele ouvia seus pensamentos? Porque ele respondeu.

—Você é minha.

A posse pode ser uma coisa atraente.

Ele se aproximou dela, seu marido e logo seu amante. O


grande chuveiro rapidamente se tornou pequeno.

Era perfeito. Seu corpo roçava contra o dela, acendendo


todas as suas terminações nervosas. Suas mãos esfregaram
indiretamente sobre suas costas, ampliando o círculo a cada
toque. Ele construiu a tensão, cada vez mais perto e mais...

—Aaah.

Sua cabeça caiu para trás enquanto suspirava. Suas mãos


em concha apertaram seus seios, pesados em suas grandes
palmas. O leve aperto criou pequenos tremores.
Contra a parede fria de azulejos do chuveiro, ele a
pressionou, seu grande corpo contra o seu. Uma coxa
deslizou entre as dela, o músculo agrupando um prazer, que
a estremecia, para agarrar e tocar.

Seu sexo se deleitava com a fricção contra sua perna. Mas


não era o que ela queria, em último caso.

Ela se abaixou e o pegou, a raiz grossa de seu pênis mal


cabendo em seu agarre.

Tão grosso. E o comprimento... Deslizou em toda a


superfície de seu eixo, aço quente, duro, duro como uma
rocha na verdade, e quase vivo. Ele enrijeceu e pulsou
enquanto brincava com ela. Para cada sinal de prazer, um
tremor passava por seu próprio sexo.
Agora. Agora, por favor.

Ela deve ter sussurrado em voz alta porque ele respondeu.

—Sim. Mas não aqui.

Ele saiu do chuveiro, e ela poderia ter chorado pela perda de


seu contato. Mas rapidamente a puxou atrás dele, a
envolveu em uma toalha suave e macia antes de pegá-la em
seus braços e entrar no quarto. A cama ainda se inclinava
em um ângulo estranho.

Ele parecia tão chateado. Pobre rapaz com sua obsessão em


fazer seu primeiro momento perfeito.

—Sei que tem suas expectativas postas em uma cama, mas


não existe uma grande quantidade de romances que
acontecem em um tapete diante de uma lareira que é
igualmente bom?

Felizmente para eles havia uma lareira a gás porque Dmitri


a colocou sobre o luxuoso tapete e insistiu em acendê-la
para dar um efeito romântico.

Poderia ter se queixado, exceto que ele levou um momento


para se acalmar e admirar o movimento de sua bunda
quando se esticou para alcançar o botão para ativar a lareira
a gás de combustão.

Chamas bruxuleantes dançavam atrás dele quando se virou


com um olhar satisfeito. Voltando para seu lado, se inclinou
para baixo e retomou seu beijo e a pressão de seus corpos.

Será que ela pensava que ele tinha esfriado durante essa
pausa? Nunca. O fogo armazenado estalou a vida, ainda
mais intenso do que antes. O latejar de seu sexo exigia
satisfação.

Ela entrelaçou seus dedos em seu cabelo, segurando-o perto


dela enquanto seus quadris se alinhavam embaixo dele.

Um afiado beliscão em seu lábio inferior a fez rir.

—Você está pronta para mim, gatinha?

Ele ia parar com a tortura? Ela mordeu a curva que se


formava entre sua garganta e seu ombro, uma mordida
firme, com força suficiente para romper um pouco a pele, o
suficiente para dar um sabor mais primitivo de seu homem.

Ele deixou escapar um som, diferente de qualquer outro,


um cruzamento entre um rugido e um gemido.
Acabou a brincadeira.

A cabeça de seu grande pênis empurrou entre suas dobras.


Mergulhou em seu mel, molhando a si mesmo. Quando seus
instintos a reclamaram como sua, feroz e controlado, ele
empurrou.

OH, Deus.

Não se parecia com nada do que tinha imaginado, a


extensão tão sensível, e ainda... agradável. Pode ser um
ajuste apertado, mas estava acontecendo.

Ela cravou as unhas em suas costas, arqueando a sua lenta


penetração que se converteu em um forte puxão de dor.

Ele tinha tomado sua virgindade.

...e continuou.

Sua respiração tornou-se difícil, todo seu corpo tenso e


enrolado. Seus quadris indo contra ela, moendo dentro dela.
Porra, era incrível.

Sua boca se abriu em um grito silencioso. Ela arqueou. Se


agarrou a ele e, ao mesmo tempo, se afastou.

A intensidade. O prazer... O...

Como uma onda lenta, uma grande, seguida por mais ondas
em marcha, filas e filas delas, atravessaram todo seu corpo.

Ela poderia ter dito seu nome. Ela poderia ter morrido.

Mas uma coisa era certa.


Ele é meu.
í ê

Dmitri
Ela é minha.

Um pensamento primitivo que teve, mas apropriado dado


que mordiscou o lóbulo de sua orelha. Alguns gostavam de
marcar a pele do pescoço ou a parte superior do ombro. Mas
Dmitri gostava muito desses pequenos ouvidos sensíveis.

Então, para reivindicá-la como única, o usou para colocar


sua marca.

Havia algo no ato, ou talvez fosse o conhecimento por atrás


dele que o tornou mais poderoso. Agora estava casado em
todos os aspectos com esta mulher.

Iriam passar a vida inteira juntos.

—No que está pensando? - ela perguntou quando sua


respiração se acalmou.

Ele pegou seu olhar âmbar e sorriu.

—Só estava pensando que você é perfeita.

—Fogo.

—Sim, quente também.

—Não, quero dizer fogo. Como o que está atrás de você.


De fato, durante suas atividades tão excitantes, o tapete se
deslocou e agrupou contra a lareira. As chamas ao longo da
pelugem.

Pobre Teena, parecia chocada.

—Sinto muito. Eu deveria saber que não podia deixar que


acendesse o fogo ao meu redor.

Mas Dmitri não amaldiçoou ou entrou em pânico. Ele riu


quando ficou de pé e jogou um vaso de flores com água
sobre o tapete.

Sem preocupações. Crise superada.

Virou e acenou um dedo para ela.

—Não se atreva a pedir desculpas, gatinha. Pessoalmente,


acho que a sua habilidade será um grande trunfo.

—Você acha?

—Minha previsão é que a economia da construção estará em


crescimento, e já que tenho uma boa parte dela. Eu nos vejo
participando de muitos jantares e reuniões sociais.

—Dmitri!” - Antes que pudesse dizer algo mais -embora a


julgar pela alegria em seus olhos, a maior parte de sua
comoção era fingida- a porta do quarto foi chutada aberta.

Enquanto a porta ricocheteava na parede, Dmitri se moveu.


Com uma mão, ele agarrou a coberta sobre a cama,
envolveu Teena, então se agachou em uma posição pronta
para o ataque na frente dela.
Então reclamou, quando seu novo sogro gritou:

—Não tenha medo, bebê. Papai está aqui!

E enquanto o outro homem apontava uma arma para ele,


ainda que não disparasse.

Quem diria, acho que gosto do meu novo sogro. Diferente


da sua filha neste momento.

—Papai, desapareça! - gritou, suas bochechas vermelhas


brilhando e a coberta que tinha dado a ela puxada até o
queixo.

—Mas eu estou aqui para hum... te salvar? - Peter olhou


para Dimitri, que sorriu e deu de ombros, sua filha no chão,
que o fulminou com o olhar. —Não me foda, não diga que se
acasalou com o maldito russo.

—Eu fiz, e você vai parar de chamá-lo assim?

—Se não?

—Não me faça mandar a mamãe atrás de você.

Peter estremeceu.

—Agora isso é muito cruel, minha menina.

—Quem é cruel?- perguntou Sasha enquanto entrava no


quarto. Ela deixou escapar um assobio pouco feminino
quando viu a cama quebrada, o queimado no final do
tapete, e a noiva ruborizada no chão - que não poderia estar
mais vermelha nem se tentasse.
Não espera. Ele estava errado. Isso era sem dúvida um novo
tom de vermelho nunca antes visto.

—Onde está meu filho? O que aquele humano te fez?

Podia entender totalmente a mortificação de sua gatinha.


Era errado um homem admitir que também queria se enfiar
embaixo da coberta com sua noiva?

Mas hey, pelo menos ele tinha feito sua primeira vez
memorável.

E não muito tempo depois, deu-lhe um casamento para


recordar - que não exigiram o uso de drogas! Ele até
convidou a sua família. E pensar, que o chamaram de louco.
Não concordava com isso, não depois de conhecer alguns de
seus parentes.

O dia que se casaram pela segunda vez acabou sendo


perfeito. A noiva usava branco apesar da insistência de sua
mãe de que não deveria, considerando que ele tinha sido
pego em flagrante. Mas nisto, a mãe de Teena saiu vitoriosa.
Ninguém sabia muito bem o que aconteceu as portas
fechadas, mas o mancar e o cabelo não tão bem penteado
quando as duas matriarcas saíram do quarto, causou mais
do que algumas especulações.

Apesar do padre tropeçar na borda de sua almofada e


esmagar as flores, o organista ter quebrado uma mão e tocar
somente os acordes profundos, assim como o pessoal da
empresa do restaurante adoecer no último momento e
terem de encomendar grandes quantidades de fast food, o
dia foi perfeito.

Teena era perfeita.


Ela é minha.

A noiva de um tigre, e quando sussurrou, mais tarde


naquela mesma noite enquanto a segurava em seus braços,
sua pele úmida pelo prazer, em uma cama, finalmente.

—Sempre escolherei você.

E ainda mais impressionante, ele escolheu exatamente


como antes.
í

Cerca de nove meses depois, e sim, a mãe de Dmitri tinha


contado.

Não grite. Isso não é coisa de homens.

Dmitri conseguiu segurar, mas por pouco. Sua esposa tinha


um aperto assassino, especialmente com dor, mas ele podia
suportar para ajudar, mesmo que ele nunca pudesse pegar
uma caneta de novo. Ele segurou a mão de sua esposa e
conseguiu não estremecer mesmo quando o esmagava com
força. Uma ligeira transpiração salpicava sua testa, e ela
ofegava com o golpe das contrações.

Ele murmurou palavras de apoio. Tinha aprendido sua


lição. Dmitri tinha questionado uma vez como as mulheres
podiam tolerar a dor da mudança tão bem e, entretanto,
lamentavam o trabalho de parto. A avó, que tinha dado a luz
a treze filhotes, lhe ensinou uma valiosa lição naquele dia.

Quando sua esposa entrou em trabalho de parto, lembrou o


fato de que tinha discutido para estar presente no
nascimento de seu filho. Sua mãe pensava que era
impróprio um homem estar presente durante o trabalho da
mulher. Sua avó estava horrorizada. Sua irmã, entretanto,
zombava dele.

—Maricas- zombou quando tinha esclarecido suas razões


para que permanecesse fora da sala de partos.

Um macho poderia suportar que sua virilidade fosse


colocada em dúvida? Quando a parteira chegou, Dmitri
permaneceu no quarto, de pé na cabeceira da cama, tanto
antecipando a chegada de seu filho, como horrorizado pela
dor que colocou em sua pobre gatinha.

—Deveríamos ter ido a um hospital onde poderiam ter lhe


dado medicamentos para a dor - disse enquanto outra onda
balançou o corpo de Teena.

—Sem drogas- ela engasgou. —Isto. É. Perfeitamente.


Natural!- gritou quando outra contração se apoderou dela.

Natural? Dmitri não tinha certeza se concordava, mas era


tarde demais para dúvidas agora. O bebê estava a caminho.
Seu filho. Seu mini-eu. O macho que levaria seu nome e
dinastia.

Ou pelo menos deveria. O ultrassom não foi capaz de


indicar claramente o sexo, devido à colocação da placenta, e
Teena se negou a realizar mais exames, alegando que ela
queria que fosse uma surpresa.

Surpresa. Era uma palavra que descrevia seu tipo de vida


agora. Cada dia era uma nova aventura com sua esposa. Sua
velocidade e agilidade se tornaram bastante afiadas quando
confrontado, esquivava, e se defendia das forças dos
problemas que afetavam a sua esposa.

Agora que tinha um herói a seu lado, inclusive admitiu a


Dmitri que talvez seu poder não fosse tão ruim.
Especialmente porque eles tinham um ao outro. E logo, seu
filho.

Com muito sangue, gritos -alguns dele- seu menino veio ao


mundo com um forte choro.

Um pouco tonto, Dmitri caiu no banquinho ao lado da


cabeceira de sua esposa, ainda segurando sua mão. Piscou
quando o bebê, seu filho, foi amparado, cortaram o cordão
umbilical e colocaram uma manta ao redor dele.

A parteira entregou o pacote para ele.

—Sua filha, meu senhor.

Uma filha? Mas tinha pedido um filho. À parteira,


entretanto, não se importava. Ela entregou o bebê chorão.
Tão leve. Mal notou o peso dela em seus braços. Ele a olhou,
observando somente seu rostinho aparecendo para fora do
tecido.

Seus olhos se encontraram. O choro parou.

Olhos azuis gigantes piscaram, emoldurados por cílios


grossos. Um pequeno casulo franzido como boca, então,
enrolou em um sorriso - que nenhuma quantidade de
argumentos mais tarde o influenciaria dizendo que foi
causado pelos gases.

Seu coração se contraiu e sua respiração parou. Esta é


minha filha.

Minha menina. Minha filha.

Bom senhor. Com seus genes e os de sua mãe, era perfeita.


Além da perfeição. Estupenda. E os meninos,
eventualmente, seriam atraídos em suas fabulosas
características, o que significaria...

Quando toda diversidade da realidade bateu nele, abraçou


sua filha apertado, assim como fez planos para conseguir
um castelo maior. Um com um fosso. Cheio de crocodilos.

Ah, e torres de vigilância. Guardado por armas de fogo.


E...

—Isso não é a placenta. Aí vem outro bebê! - Exclamou a


parteira, rompendo sua epifania interior.

Outro?

Em efeito. Dentro de minutos, Dmitri tinha duas filhas


absolutamente perfeitas.

—Espero que não esteja decepcionado. Sei que queria um


filho - disse Teena enquanto segurava em seus braços outro
pacote com seu bebê.

Enquanto colocava cada menina no oco dos braços de sua


esposa para que ela pudesse abraçar e ver as maravilhosas
meninas que tinham criado, não pôde evitar sorrir.

—Decepcionado? Nunca. Minhas pequenas czarinas vão


deslumbrar a todos com sua beleza. Governar o mundo com
sua grandeza. - Quando expôs às muitas virtudes que suas
filhas certamente possuiriam, sua esposa sorriu e disse:

—Eu te amo!

E a grande coisa era...

—Eu também te amo, gatinha. - Agora e sempre.


Nota do autor: Realmente espero que tenham
gostado dessa história. Embora este seja o final
desta série (pelo menos por agora), eu tenho
muitas outras histórias shifters que poderiam
intrigá-los.

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