Você está na página 1de 33

Artigo

Estado Sólido na Indústria Farmacêutica: Uma Breve Revisão


Prado, L. D.;* Rocha, H. V. A.
Rev. Virtual Quim., 2015, 7 (6), 2080-2112. Data de publicação na Web: 25 de agosto de 2015
http://www.uff.br/rvq

Solid State in the Pharmaceutical Industry: A Brief Review


Abstract: Most marketed pharmaceuticals consist of molecular crystals due to reasons of
stability and ease handling during the development. Pharmaceutical solids can exist in the
different forms. The arrangement of the molecules in a crystal determines its physical
properties, influences the formulation, as well as dissolution rate and stability. Several
examples are reported to demonstrate the importance of polymorphism in properties that can
change the quality of the final product. A thorough understanding of the relationships
between physical structures and the properties of pharmaceutical solids is therefore important
in selecting the most suitable form. In this review, the different crystal forms of
pharmaceuticals, the commonly used solid-state analytical techniques and advantages and
disadvantages of each technique are discussed. In more detail, here is exposed the impact of
solid forms in a galenic level.
Keywords: Polymorphism; drug; analytical techniques; bioavailability; stability; processability.

Resumo
Muitos fármacos comercializados consistem em cristais moleculares devido a razões de
estabilidade e para facilitar o manuseio durante o desenvolvimento. Sólidos farmacêuticos
podem existir em diferentes formas. O arranjo das moléculas no cristal determina as suas
propriedades físicas, influencia a formulação, assim como a taxa de dissolução e estabilidade.
Diversos exemplos são relatados para demonstrar a importância do impacto do polimorfismo
em propriedades que podem alterar a qualidade do produto final. Uma compreensão
completa das relações entre as estruturas físicas e as propriedades dos sólidos farmacêuticos
é, portanto, importante na escolha da forma mais apropriada. Nesta revisão, as diferentes
formas cristalinas de fármacos, as técnicas de análise de estado sólido comumente utilizadas e
as vantagens e desvantagens de cada técnica são discutidas. De forma mais detalhada é
exposto o impacto das formas sólidas em nível galênico.
Palavras-chave: Polimorfismo; fármaco; técnicas analíticas; biodisponibilidade; estabilidade;
processabilidade.
* Fundação Oswaldo Cruz, Farmanguinhos, Instituto de Tecnologia em Fármacos, Laboratório de
Sistemas Farmacêuticos Avançados, Av. Comandante Guaranys, 447, CEP 22775-903, Rio de Janeiro-RJ,
Brasil.
liviaderis@gmail.com
DOI: 10.5935/1984-6835.20150123
Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2080
Volume 7, Número 6 Novembro-Dezembro 2015

Revista Virtual de Química


ISSN 1984-6835

Estado Sólido na Indústria Farmacêutica: Uma Breve Revisão


Livia D. Prado,* Helvécio Vinícius A. Rocha
Fundação Oswaldo Cruz, Farmanguinhos, Instituto de Tecnologia em Fármacos, Laboratório de
Sistemas Farmacêuticos Avançados, Av. Comandante Guaranys, 447, CEP 22775-903, Rio de
Janeiro-RJ, Brasil.
* liviaderis@gmail.com

Recebido em 14 de novembro de 2014. Aceito para publicação em 23 de agosto de 2015

1. Introdução
2. Sólidos Cristalinos e Amorfos
2.1. Tipos de Formas Cristalinas
3. Impacto do Polimorfismo na Indústria Farmacêutica
3.1. Biodisponibilidade
3.2. Processabilidade
3.3. Estabilidade Química e Física
4. Preparação de Formas Cristalinas
5. Caracterização e Avaliação de Formas Cristalinas
5.1. Técnicas Cristalográficas
5.2. Técnicas Térmicas
5.3. Técnicas Espectroscópicas
5.4. Microscopia
5.5. Técnicas Combinadas
5.6. Ensaios de Dissolução
6. Conclusões

1. Introdução diferentes estruturas leva à necessidade de


uma cuidadosa avaliação pela indústria
farmacêutica, avaliação esta que deve
O polimorfismo é um termo cada vez mais envolver diferentes técnicas de
presente nas discussões acadêmicas, caracterização, pouco estudadas durante os
industriais e regulatórias no âmbito cursos de graduação. Métodos como,
farmacêutico. Trata-se de um fenômeno difração de raios X e análise térmica podem
cristalino já há muito conhecido, mas que ser definitivos na caracterização de sólidos
tomou notoriedade recentemente. A farmacêuticos.
possibilidade de um fármaco cristalizar-se em A importância desta caracterização vem

2081 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

crescendo e foi mais reconhecida por parte de grande relevância para a indústria
da indústria após o caso do ritonavir, em que farmoquímica que se renova no país. Por fim,
a empresa teve alto prejuízo financeiro indicar, de forma mais textual e explicativa,
devido à retirada do mercado de lotes de os aspectos essenciais das principais técnicas
medicamentos contendo o fármaco. Essa de caracterização de polimorfos.
providência foi necessária, pois ocorreram
falhas na dissolução devido à cristalização de
um polimorfo menos solúvel do ritonavir. 2. Sólidos Cristalinos e Amorfos
Esse caso demonstra o impacto do
polimorfismo na dissolução, que pode levar a
uma alteração na biodisponibilidade. Além da Os sólidos podem ser classificados como
biodisponibilidade, outros fatores cristalinos ou amorfos. Os sólidos cristalinos
importantes que podem ser alterados devido são aqueles nos quais átomos, íons ou
às formas sólidas são: estabilidade e moléculas apresentam um arranjo periódico,
processabilidade (fluxo do pó, ou seja, que se repete regularmente nas três
compressibilidade, entre outras dimensões. São formados por celas unitárias1
características). que consistem na unidade estrutural básica
A avaliação do impacto do polimorfismo de um cristal, sendo este formado por um
em propriedades importantes para garantir a empilhamento destas celas através de
qualidade do produto farmacêutico é, repetições translacionais14 (Figura 1). As
normalmente, demorada e requer um estudo dimensões da cela unitária podem ser
mais aprofundado da relação estrutura- caracterizadas por parâmetros de rede, que
propriedade. Assim, observa-se um grande são três eixos cristalográficos, a, b e c e os
número de publicações nesta área por parte ângulos entre os eixos, α, β, γ. Estes
do meio acadêmico. 1-6 Muitas publicações parâmetros descrevem a forma e o tamanho
têm sido realizadas por grupos brasileiros ou da cela unitária14 (Figura 1). De acordo com
com participação de seus pesquisadores,7-12 seus parâmetros de rede, os retículos
sendo a contribuição nacional para o tema cristalinos podem ser agrupados em sete
razoavelmente relevante. Recentemente, um tipos básicos de sistemas: cúbico, tetragonal,
artigo de revisão foi publicado,13 com a ortorrômbico, hexagonal, monoclínico,
perspectiva de divulgar um texto que triclínico e romboédrico 15 (Figura 2).
p opo io asseà ate ialà deà estudoà Os sólidos amorfos não contém
i t odut ioàaosài i ia tesà oàte a .àMes oà ordenação espacial a longa distância. Tendem
sendo um material de excelente qualidade, a ser mais energéticos do que os cristalinos, e
algumas considerações também por isso geralmente apresentam
interessantes e que podem nortear o propriedades diferentes, como maiores
trabalho de quem começa a caminhar nas solubilidade e taxa de dissolução. O aumento
alvoradas da cristalinidade de fármacos não da solubilidade e da dissolução pode justificar
foram abordadas em tal artigo. Com este o uso de insumos farmacêuticos ativos (IFAs)
intuito, publica-se esta nova fonte de amorfos em formulações. Porém, os sólidos
consulta, a qual também poderá contribuir amorfos geralmente apresentam menor
para um detalhamento no tema em questão. estabilidade física e química e, por isso, são
Pretende-se aqui expô-lo de forma mais menos utilizados em formulações em virtude
detalhada no que se refere ao seu impacto de sua tendência à cristalização e à
em nível galênico, particularizando suas degradação.5
interferências em três aspectos:
biodisponibilidade, estabilidade e
processabilidade. Além disso, de forma
diferencial, busca-se difundir uma introdução 1
Cela unitária é o termo utilizado segundo a Sociedade
às técnicas de obtenção de polimorfos, tema Brasileira de Cristalografia. O termo célula unitária
também é muito utilizado.
Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2082
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

Figura 1. Representação esquemática do retículo cristalino e da cela unitária

Estudos já abordaram de forma ampla a aspersão da emulsão. Foram realizados


questão de impacto do amorfismo na testes de biodisponibilidade em ratos e
solubilidade e na biodisponibilidade de IFAs verificou-se um aumento de
pela perspectiva da obtenção de dispersões aproximadamente oito vezes na área sob a
sólidas.16-18 Um sistema amorfizado de curva em comparação com o fármaco
vemurafenibe foi preparado por meio de cristalino.20
uma coprecipitação, na qual foi formada uma
A atorvastatina cálcica, um fármaco
dispersão sólida estabilizada por polímero.
utilizado para reduzir níveis de colesterol no
Este método empregado foi mais viável que
sangue, apresenta baixa solubilidade em
outras técnicas avaliadas, como a extrusão
água e é comercializada na forma cristalina e
por fusão e a secagem por aspersão (spray
também como amorfo. Um estudo
drying). Nos testes de biodisponibilidade,
demonstrou diferenças na taxa de dissolução
verificou-se um aumento em torno de 5
intrínseca e na molhabilidade de ambas as
vezes para o sólido amorfo2 em relação ao
estruturas. O amorfo apresentou uma taxa
cristalino.19
de dissolução aproximadamente duas vezes
Outro exemplo é de um trabalho em que maior do que a cristalina e maior
foi preparado um sistema de emulsão sólida molhabilidade, indicada por um menor
à base de itraconazol, fármaco ângulo de contato.21
reconhecidamente de baixíssima solubilidade
O sólido amorfo, por apresentar menor
em água e biodisponibilidade. Neste caso, o
estabilidade termodinâmica, pode cristalizar-
fármaco encontrava-se amorfizado na
se, gerando, por exemplo, prejuízos para a
formulação final, após a secagem por
biodisponibilidade. Um artigo de revisão de
grande valor sobre transição de fases durante
2
É muito comum um sistema amorfo ser relatado como ensaios de dissolução e sua relação com a
fo aàa o fa .àE te de-seà ueàoàte oà fo a àte iaà biodisponibilidade foi publicado.22 Esse tipo
oàsig ifi adoàdeà est utu a ,à o side a do-se, portanto, de transição pode ainda ocorrer durante o
est utu aàa o fa à o àoàusoàdeàtalàe p ess o.à“uge e-
seà a ui,à e t eta to,à ueà aà e p ess oà fo aà a o fa à processamento23,24 e durante a
seja descontinuada, considerando que a palavra estabilidade24,25. Alguns trabalhos são
a o fa à se à fo aà /à se à est utu a à e t a iaà e à bastante explicativos sobre este e outros
o t adiç oàse ti aà o àoàte oà fo a .àTalà ualàéà tipos de transição.26-28
utilizadoà oà te oà poli o fo à pa aà osà asosà e à ueà
mais de uma forma cristalina é relatada, sugere-se
a o fo à o oàoàte oàpad o izadoàpa aàoà asoàdeàoà
sistema não apresentar estrutura cristalina definida.
Logo,àaoài vésàdeàseà efe e ia à fo aàa o fa àpode -
se-iaàdize à a o fo .
2083 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

Figura 2. Representação dos sete tipos de sistemas cristalinos (Redes de Bravais)

Fato é que alguns sistemas total ou Foram estabelecidos alguns critérios


parcialmente amorfos atingiram o mercado e considerados como barreira para o
estão disponíveis para uso clínico, podendo- desenvolvimento de sistemas de liberação de
se citar: ACCUPRIL (cloridrato de quinapril – fármacos amorfos, dentre os quais pode-se
Pfizer), VIRACEPT (mesilato de nelfinavir – destacar: falta de ferramentas de
Roche), CEFTIN (axetil cefuroxima – caracterização, heterogeneidade estrutural,
GlaxoSmithKline), VANTIN (cefpodoxima dificuldade na elucidação da conformação do
proxetil – Pfizer), ACCOLATE (zafirlukast – fármaco no sistema, limitações de fabricação
Astrazeneca), GRIS-PEG (griseofulfina – e escalonamento, transformações físicas
Pedinol Pharmacal INC), CESAMET (nabilona durante o processamento e reatividade
– Valeant Pharmaceuticals), KALETRA química.17
(lopinavir + ritonavir – Abbott), dentre
Anotações referentes à processabilidade e
outros. Foram aqui mencionados os produtos
à estabilidade de sistemas amorfos serão
com seus nomes internacionais, sendo que
abordadas posteriormente no texto, mas é
em alguns casos os mesmos coincidem com
importante destacar um termo que vem
aqueles registrados no Brasil. Foram também
ga ha doà oto iedade,à oà polia o fis o .à
mencionados os laboratórios fabricantes dos
Todo sistema que não apresente ordem e
produtos inovadores, mas, em consulta ao
periodicidade seria amorfo e todo amorfo
sítio da ANVISA, pode-se verificar que: a) em
seria igual entre si. Mas, de fato, mesmo no
alguns casos já há genéricos e similares no
amorfismo, diferentes configurações podem
mercado; b) no Brasil, alguns desses produtos
ser assumidas, o que gera sistemas com
não estão disponíveis; c) no Brasil, alguns
constantes energéticas diferenciadas e,
medicamentos estão sendo comercializados
portanto, propriedades também diferentes.
por outros laboratórios que não aqueles aqui
Então, é possível que dois sistemas amorfos
mencionados; d) há laboratórios que
apresentem resultados práticos diferentes e,
registraram seus produtos no Brasil, mas tais
na ausência de técnicas específicas, tais
registros já se encontram expirados.
Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2084
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

variações podem não ser detectadas.29 próprias, devido ao arranjo molecular no


Nesses casos, pode-se estar diante de uma sólido, o que define as interações entre as
situação de poliamorfismo. Na área moléculas. Assim, a modificação da estrutura
farmacêutica, principalmente, tal tipo de cristalina é uma estratégia que pode ser
avaliação é pouco abordada,30 sendo um utilizada para melhorar as propriedades no
campo muito promissor e desafiador para estado sólido de um IFA.
pesquisa. Além disso, o amorfismo também é
Os cristais podem estar presentes nos
identificado em alguns excipientes,
mais diversos materiais: substâncias
notoriamente os poliméricos e também o
orgânicas de baixa massa molar, polímeros,
dióxido de silício, este último um exemplo
minerais e metais.14,33,34 Os polímeros
claro de poliamorfismo.31,32
raramente são totalmente cristalinos, pois,
em função de suas cadeias longas, parte da
estrutura é amorfa e, em alguns casos, parte
2.1. Tipos de Formas Cristalinas
é cristalina.35 Talvez o exemplo mais
simbólico dessa classe para a área
Os tipos de sólidos que um IFA pode farmacêutica seja a celulose microcristalina,
apresentar incluem os cristalinos, como uma parte é amorfa e a outra possui cadeias
polimorfos, solvatos, sais e cocristais e os organizadas de modo a estabelecer
amorfos (Figura 3). Os materiais cristalinos interações e arranjos que definiriam um
apresentam características físico-químicas cristal.36

Figura 3. Representação esquemática dos vários tipos de formas sólidas

As proteínas, muitas vezes vistas de forma cristalinidade de metais e minerais são muito
exclusiva, são, de fato, polímeros, na acepção comuns. No campo farmacêutico, por sua
química do termo.37 Elas apresentam vez, os fármacos orgânicos de baixa massa
estrutura cristalina definida38 e são um caso molar são aqueles mais frequentemente
de grande interesse na biotecnologia,39 estudados.
particularmente quando cada vez mais
Um IFA no estado sólido pode cristalizar-
fármacos são oriundos de abordagens
se em diferentes estruturas, fenômeno
biotecnológicas e entram avassaladoramente
conhecido como polimorfismo. O
no mercado farmacêutico mundial. Na área
polimorfismo ocorre quando um mesmo
de materiais, as abordagens referentes à
composto químico difere em seu arranjo

2085 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

interno, estrutural (Figura 3). Na literatura, de empacotamento ou orientacional. No


diversas definições para o termo primeiro, as moléculas flexíveis apresentam
polimorfismo são relatadas. Por exemplo, os diferentes conformações e, assim,
guias do Food and Drug Administration (FDA) empacotam-se em diferentes arranjos. No
e do International Conference on segundo, as moléculas relativamente rígidas
Harmonisation of Technical Requirements for empacotam-se em estruturas cristalinas
Registration of Pharmaceuticals for Human diferentes.15 Entretanto, muitos casos de
Use (ICH) consideram polimorfismo como polimorfismo de IFAs têm origem a partir dos
sendo a ocorrência de diferentes formas dois mecanismos, exibindo os polimorfos,
cristalinas de um IFA e incluem neste termo diferenças na conformação e no
os solvatos e amorfos.40,41 empacotamento das moléculas5 (Figura 4). O
carvedilol é um exemplo de fármaco que
Muitas vezes, solvatos e hidratos são
exibe polimorfos conformacionais, nos quais
referidos como pseudopolimorfos, visto que
as moléculas apresentam diferentes
a formação destes é muito comum durante
conformações e, consequentemente,
os experimentos de cristalização. Encontra-se
diferentes arranjos cristalinos.12 O
também na literatura o uso do termo
polimorfismo de empacotamento ocorre, por
pseudopolimorfismo para cobrir a variedade
exemplo, com o paracetamol, no qual as
de sólidos, como solvatos, cocristais, sais e
moléculas, com a mesma conformação,
amorfos. Esta classificação encontrou abrigo
organizam-se em diferentes arranjos.49
na visão de Araújo e colaboradores (2012) e
outros tantos autores de renome Compostos podem cristalizar-se com
internacional.13,42-45 Mas os autores do moléculas de solventes, fazendo este, parte
presente artigo entendem de forma da estrutura cristalina e formando solvatos
contrária, sendo que o uso deste termo é (Figura 3). Quando a água é o solvente
desencorajado por outros tantos militantes presente na estrutura cristalina, este solvato
no campo do estado sólido, 46,47 é denominado hidrato.50 A presença do
particularmente de IFAs, pois, além de serem solvente na estrutura influencia no padrão de
considerados novos IFAs, solvatos, sais e interações intermoleculares e confere
cocristais também podem exibir propriedades físico-químicas diferenciadas
polimorfismo. 47 Essa discussão ainda para a forma sólida. Estudos demonstraram
continua, pois o debate é razoavelmente que diversos solvatos da niclosamida
intenso no meio científico. Desiraju (2004), apresentaram menores solubilidade e taxa de
por exemplo, mesmo reconhecendo as dissolução do que seu correspondente
dificuldades técnicas no uso e no significado anidro. Por outro lado, solvatos da
do termo, acredita que o mesmo possa ser glibenclamida apresentaram maiores
utilizado, ressalvando, entretanto, que o seu solubilidade e taxas de dissolução do que as
emprego seja restrito.48 Não há, infelizmente, formas não solvatadas.50 Não é possível,
nenhum documento definitivo sobre essa portanto, estabelecer uma regra universal
questão, ficando a mesma, temporariamente, sobre a tendência de comportamento, pois
em aberto. diferentes interações intermoleculares estão
envolvidas em cada forma cristalina,
As diferenças estruturais entre os
influenciando a dissolução e a possível
retículos cristalinos de polimorfos podem
transformação de fases durante a
originar-se a partir de dois mecanismos,
dissolução.51,52
polimorfismo conformacional e polimorfismo

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2086


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

Figura 4. Representação esquemática de polimorfos formados por moléculas rígidas (I – II) e de


polimorfos formados por moléculas flexíveis (III – VI)

Alguns IFAs são eletrólitos fracos podendo coformadores. Diferentemente dos sais, nos
formar sais (Figura 3). Cada sal apresenta cocristais nenhuma transferência de cargas
propriedades físico-químicas únicas, ocorre, seus componentes interagem por
geralmente abrangendo uma série maior de ligações de hidrogênio ou outras interações
formas sólidas do que apenas os polimorfos não covalentes.55,56 Um caso descrito na
de IFAs puros.53 A escolha do sal adequado literatura é do itraconazol. Os cocristais do
pode ser justificada por possibilitar maior itraconazol com diferentes ácidos
controle da taxa de absorção, maior carboxílicos (ácido fumárico, ácido succínico,
estabilidade química, maior entre outros) exibiram maiores solubilidade e
biodisponibilidade e melhores características taxas de dissolução do que o itraconazol
de processabilidade.54 Como dito livre.15 Muitas pesquisas na área
anteriormente, os sais podem exibir farmacêutica estão voltadas para o estudo
polimorfismo, como, por exemplo, o desta forma sólida e é certo que formulações
cloridrato de sertralina. Até 2009, vinte e oito contendo cocristais estão em
formas deste sal foram estudadas, incluindo desenvolvimento em diversas companhias.57
dezessete polimorfos, quatro solvatos, seis Este tema é de grande interesse e o leitor
hidratos e o amorfo.54 mais interessado pode se servir de revisões
muito qualificadas já publicadas.58-60 Uma boa
Os cocristais (Figura 3) consistem em dois
sinalização da relevância desse tema é o
ou mais componentes que são puros e
lançamento recente de um guia do FDA
sólidos à temperatura ambiente. Estes
referente à classificação de cocristais,61 o que
componentes coexistem em uma razão
demonstra que a agência está criando uma
estequiométrica entre um ou mais IFAs
base para tratar do assunto mais
moleculares ou iônicos e um ou mais
detalhadamente. Essa iniciativa, todavia,
2087 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

encontrou crítica negativa por parte do setor temas: biodisponibilidade, processabilidade e


regulado.62 estabilidade.
A Figura 6 mostra uma linha do tempo de
eventos que envolveram grandes impactos
3. Impacto do Polimorfismo na no desempenho e na qualidade de
Indústria Farmacêutica medicamentos devido ao polimorfismo e
outras formas sólidas. Em muitos casos, lotes
dos produtos foram retirados do mercado,
Na indústria farmacêutica, o polimorfismo devido à cristalização de uma forma não
é considerado um fenômeno de grande conhecida ou indesejada, de menor
importância, pois pode alterar diversas solubilidade.63-68 Estes são alguns dos
propriedades expostas na Figura 5 e que exemplos que mostram a necessidade de um
serão abordadas no texto. Adotar-se-á aqui, estudo mais aprofundado de formas sólidas
para efeitos didáticos, uma divisão do de IFAs.
impacto do polimorfismo em três grandes

Figura 5. Propriedades que podem diferir entre formas cristalinas de uma IFA

Figura 6. Linha do tempo de eventos envolvendo impactos na indústria farmacêutica devido a


formas cristalinas de fármacos (Adaptado de Referência132)

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2088


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

3.1. Biodisponibilidade conceito dinâmico (cinético). A taxa de


dissolução está intimamente relacionada com
a solubilidade, embora signifique um
Entende-seà ueà iodispo i ilidadeà i di aà conceito diferente. A solubilidade é um
a velocidade e a extensão de absorção de um parâmetro estático/intrínseco, que se refere
princípio ativo em uma forma de dosagem, a a um estado de equilíbrio termodinâmico.72 É
partir de sua curva concentração/tempo na muito comum encontrar equívoco em relação
circulação sistêmica ou sua excreção na a estes dois conceitos que, apesar de
u i a .69 Muitos estudiosos consideram esta próximos, carregam significados diversos. Um
a característica mais importante que pode ser exemplo de confusão, além daquela
influenciada pelo polimorfismo.13 relacionada especificamente à cristalinidade,
Independente de qualquer controvérsia que reside no efeito do tamanho de partícula de
possa haver frente ao pragmatismo dessa um determinado IFA. Este parâmetro tem
conclusão, é fato que, particularmente no influência direta na dissolução de uma
Brasil, foi em função da inserção dos substância, como observado na equação de
medicamentos genéricos no mercado Noyes-Whitney,73 uma vez que impacta na
farmacêutico e da exigência de estudos de área superficial exposta ao meio de
biodisponibilidade relativa / bioequivalência dissolução. Trata-se a dissolução, portanto,
para medicamentos similares / genéricos, de um parâmetro cinético. Como dito
respectivamente, que o tema tomou a anteriormente, a solubilidade, por sua vez, é
dimensão atualmente verificada. um parâmetro termodinâmico, não tendo
A biodisponibilidade está intimamente relação direta e imediata com o tamanho da
relacionada com a absorção, importante para partícula. Duas amostras de fármacos de
determinar se uma concentração mesma fase cristalina e com diferentes
terapeuticamente eficaz do princípio ativo tamanhos de partículas apresentarão a
alcançará o sítio de ação.70 O efeito mesma solubilidade, apesar de poderem
terapêutico dos fármacos depende da sua atingir seu grau de saturação em tempos
concentração no local de ação. A absorção é diferentes.
um pré-requisito para que a maioria dos Essa consideração passa a mostrar-se
fármacos atinja o local de ação. Após incompleta, entretanto, quando as partículas
administração oral, o processo de absorção atingem dimensões nanométricas. Nesta
sistêmica consiste em desintegração da escala, em uma dada temperatura, a
forma farmacêutica (quando for o caso), solubilidade não pode ser considerada um
dissolução do IFA no fluido gastrointestinal e parâmetro termodinâmico, pois depende do
absorção através das membranas celulares tamanho e até mesmo do formato da
até atingir a circulação sistêmica.71 A taxa de partícula.74 A equação utilizada para
absorção é determinada pela etapa mais descrever essa condição é a de Ostwald-
lenta do processo e, portanto, Freundlich. Está fora do escopo desse artigo
convencionalmente denominada limitante. discutir esse tema, considerando a
Para um IFA com baixa solubilidade em água, complexidade físico-química envolvida com o
a taxa na qual o fármaco é dissolvido pode mesmo e por não ser o objetivo do trabalho
ser a mais lenta e, portanto, a dissolução é adentrar no campo da nanociência. Mas o
limitante.71 As propriedades do estado sólido, leitor interessado encontrará vasta literatura
para IFAs de baixa solubilidade em água, são, sobre a temática.75-77
então, determinantes na absorção sistêmica.
Tendo como base a solubilidade e a
A dissolução é um parâmetro que permeabilidade de fármacos, o Sistema de
expressa a velocidade com que um soluto Classificação Biofarmacêutica (SCB) é
dissolve-se em um solvente, em recomendado na literatura: Classe I - alta
determinadas condições; expressa, então, um solubilidade e alta permeabilidade; Classe II -

2089 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

baixa solubilidade e alta permeabilidade; produto contendo a forma II, 50% menos
Classe III - alta solubilidade e baixa solúvel que a forma I, foi retirado do
permeabilidade e Classe IV - baixa mercado, acarretando um prejuízo financeiro
solubilidade e baixa permeabilidade.78 O estimado em 250 milhões de dólares para o
propósito do SCB é fornecer uma ferramenta laboratório Abbott.83
regulatória para substituir determinados
Um exemplo do impacto do polimorfismo
estudos de bioequivalência por testes de
sobre a biodisponibilidade é do antibiótico
dissolução in vitro, reduzindo a exposição de
palmitato de cloranfenicol (CAP). O CAP é um
voluntários sadios aos IFAs candidatos aos
pró-fármaco do cloranfenicol e existe em três
testes de bioequivalência, além de custos e
formas cristalinas, A, B e C. Para que ocorra a
tempo necessários para o desenvolvimento
absorção, o pró-fármaco deve ser hidrolisado
de produtos farmacêuticos.79
por estearases intestinais. A forma
Para IFAs das classes II e IV, a dissolução é metaestável do CAP, forma B, apresenta uma
uma etapa crítica para a absorção, sendo esta bioatividade oito vezes maior que a forma A
afetada por flutuações fisiológicas, variações (forma estável) e, se administrada em
na formulação e por propriedades no estado humanos, pode causar efeitos adversos como
sólido, como polimorfismo e amorfismo. aplasia medular. Este fato pode ser atribuído
Assim, polimorfos de IFAs da Classe II, por à maior solubilidade da forma B, que resulta
exemplo, que apresentem diferenças na em uma alta taxa de hidrólise e,
solubilidade podem impactar consequentemente, em uma maior
significativamente na biodisponibilidade, não biodisponibilidade.81,84
sendo possível demonstrar bioequivalência
É importante ainda ressaltar que existem
entre as formas sólidas. Para estes IFAs,
muitos fármacos que estão disponíveis
torna-se então mais crítico o estudo de
comercialmente e que geraram
polimorfos e de outras formas cristalinas, e
medicamentos genéricos que possuem
como estas podem impactar na solubilidade
formas cristalinas diferentes, particularmente
e na dissolução. Já os IFAs pertencentes à
entre o medicamento teste e o referência.
Classe I e à Classe III são rapidamente
Exemplos são cloridrato de ranitidina,
dissolvidos quando veiculados em formas
varfarina sódica, famotidina, dentre outros.85
farmacêuticas de liberação imediata. Assim,
diferenças na solubilidade dos polimorfos O cloridrato de ranitidina, fármaco usado
têm menor influência sobre a no tratamento de úlceras e esofagites,
biodisponibilidade.80,81 pertence à classe III do BCS.86 É sabido que
este fármaco existe em dois polimorfos,
Um exemplo que aumentou a discussão
formas I e II, e em vários solvatos.87
no setor farmacêutico sobre o impacto do
Comprimidos de cloridrato de ranitidina
polimorfismo sobre a solubilidade e a
apresentando os diferentes polimorfos
dissolução é o caso do ritonavir, fármaco da
mostraram-se ser bioequivalentes.88
classe IV do SCB.82 Durante o
desenvolvimento, era conhecida somente Atualmente, no Brasil, o tema
uma forma cristalina do ritonavir. Este polimorfismo aparece como requisito
polimorfo, agora conhecido como forma I, regulatório para medicamentos novos,
não foi suficientemente eficaz quando genéricos e similares. De Araujo e
administrado por via oral, requerendo que o colaboradores (2012) consideraram apenas
produto Norvir fosse formulado em uma medicamentos novos e genéricos na sua
cápsula gelatinosa mole contendo o fármaco avaliação, não abordando a questão em
dissolvido em solução hidroalcoólica. Dois relação aos similares também.13 Além disso, a
anos após o lançamento do Norvir, alguns legislação citada por tais autores para
lotes começaram a falhar nas especificações genéricos já foi reformulada e tais produtos
de dissolução e houve relatos de ineficácia têm seu registro atualmente guiado pela RDC
clínica. Após a identificação do problema, o 17/2007.89 De qualquer maneira, é

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2090


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

interessante utilizar esse fato para mostrar desenvolvimento de medicamentos, sejam


que mesmo na legislação anterior já havia eles de qualquer classe, a cristalinidade de
exigência para demonstração de fármacos assume papel preponderante e
polimorfismo, sendo que a mesma foi deve ser sua avaliação detalhada desde a
mantida nas revisões e também incorporada fabricação do IFA, passando pela fabricação
nas novas legislações sobre o tema. Assim, da forma farmacêutica, até as etapas de
atualmente, a exigência de comprovação de biodisponibilidade e estabilidade.81
polimorfismo no IFA está estabelecido no
item 1.2.2.3.6 da Resolução RDC 17/2007.89
3.2. Processabilidade
Infelizmente, apesar da exigência de
demonstração de polimorfismo do fármaco
no medicamento a ser registrado, caso exista, A processabilidade será aqui entendida
a ANVISA não disponibiliza um guia mais quanto às características que, durante a
detalhado sobre esse tópico, indefinindo, fabricação de um dado medicamento, podem
assim, quais são as ferramentas aceitas para sofrer influência. Polimorfos podem impactar
tal demonstração e também quais os critérios de forma bastante significativa na
utilizados para definir quantitativamente processabilidade, a qual terá, no texto atual,
estes resultados. O guia ICH Q6A, de forma foco em dois aspectos básicos: fluidez e
mais aprofundada, propõe árvores de decisão compressibilidade / compactabilidade. A
que possam ser utilizadas como um roteiro fluidez de IFAs está relacionada com a
para o estabelecimento de critérios mais resistência das partículas ao movimento.
específicos. Fator de grande relevância, mas Boas propriedades de fluxo facilitam o
normalmente não discriminado em questões enchimento uniforme das matrizes na
regulatórias, é a avaliação do estado compressora.92 A compressão de IFAs é
cristalino do IFA na forma farmacêutica governada pelas características de
final.41 No caso das legislações estipuladas compressibilidade e compactabilidade destes
pela ANVISA, tal tópico não está materiais. A compressibilidade é a habilidade
contemplado.89 de um pó em reduzir seu volume sob pressão
Questões regulatórias envolvendo e a compactabilidade é tendência deste em
polimorfismo farmacêutico já foram permanecer no volume reduzido após a
detalhadamente analisadas e discutidas, retirada da força de compressão, gerando
assim como, seu impacto direto sobre o comprimidos com dureza adequada.
desenvolvimento de medicamentos Um efeito comum do polimorfismo é a
85,90
genéricos. alteração de características de fluidez,
Por fim, como Castro (2012) abordou em compressibilidade e dissolução do pó devido
seu trabalho, existem muitas lacunas ainda às diferenças no hábito cristalino, no formato
na legislação nacional, particularmente no externo das partículas dos polimorfos. O
que se refere ao desenvolvimento de termo hábito cristalino é muitas vezes
produtos, não exatamente ao seu registro chamado de morfologia, mas é possível
exclusivamente.91 Considerando a concepção encontrar na literatura autores considerando
adotada em um cenário internacional cada os dois termos com significados diferentes.93-
96
vez mais pendente para o uso de uma Porém, ainda não é bem estabelecido o
abordagem quality by design (QbD)3 no significado de cada um, ainda sendo confuso
e sem uma definição concreta.
Vale a pena ressaltar que o termo
3
Quality by design é uma abordagem sistemática para polimorfismo refere-se às diferenças nas
o desenvolvimento farmacêutico, que começa com
objetivos previamente definidos e enfatiza a
compreensão e controle de processos e produtos. Isso processos de fabricação para garantir uma qualidade
significa planejar e desenvolver formulações e predefinida.
2091 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

estruturas internas dos cristais. As diferenças mostra duas amostras de carvedilol com
na morfologia resultam da interação de diferentes morfologias; ambas apresentam o
outros fatores além do polimorfismo, como mesmo polimorfo, forma II, cujo arranjo das
taxas de crescimento das faces do cristal, moléculas também está representado. Outro
grau de saturação e temperatura durante os exemplo é do ibuprofeno: uma mesma forma
experimentos de cristalização. Assim, cristalina do ibuprofeno, dependendo do
polimorfos podem apresentar diferenças, solvente utilizado na cristalização, apresenta
porém a descoberta de diferentes morfologias de placas e agulhas, com
morfologias de um IFA não garante que se impacto significativo no fluxo do pó.94
trata de polimorfos distintos.93 A Figura 7

Figura 7. Fotomicrografias de duas amostras da forma II do carvedilol preparardas em


diferentes solventes e o arranjo das moléculas do carvedilol na forma II

Polimorfos com partículas em formas de da sulfamerazina, por exemplo, exibiram


agulhas tendem a ter um fluxo pobre, diferenças nas propriedades mecânicas. A
comparados com polimorfos com hábito forma I apresentou maior deformação
cúbico ou esferas irregulares. Por exemplo, a plástica do que a forma II durante a
forma estável do celecoxibe apresenta um compressão, o que favoreceu a formação de
hábito de agulhas e mostra propriedades de comprimidos. Essas diferenças foram
fluxo pobres quando comparada com as explicadas pela avaliação da estrutura
outras formas, que exibem uma morfologia cristalina dos polimorfos: a forma II não
de placas.95 apresenta planos de deslizamento e a forma
I, sim.96 No caso do paracetamol, a forma I
Estudos têm demonstrado que diferenças
(monoclínica) é o polimorfo estável e não
nas propriedades mecânicas de polimorfos
adequado para a compressão direta, pois
podem estar relacionadas diretamente com a
apresenta baixa plasticidade, acarretando a
estrutura cristalina, mais especificamente
quebra dos comprimidos. Comprimidos da
com a presença ou ausência de planos de
forma II (ortorrômbica) podem ser obtidos
deslizamento, que correspondem às regiões
por compressão direta devido à presença de
de menor interação entre planos cristalinos
planos de deslizamento em sua estrutura
adjacentes. A presença destes planos permite
cristalina.97 Porém, dias após a obtenção de
o deslizamento de uma camada de moléculas
comprimidos com a forma II, esta
sobre outra, gerando maior deformação
transforma-se na I. Assim, diversos estudos
plástica (redução do volume sob pressão) e
têm sido conduzidos com o objetivo de
favorecendo a compressão. Dois polimorfos

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2092


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

estabilizar a forma II, evitando a transição de aponta como espontânea pode ser
fase.98,99 negligenciada por ocorrer muito lentamente.4
Diferenças na compressão também Na indústria farmacêutica, as transições
podem ser explicadas pela quantidade de de fase inesperadas, de um polimorfo para
água presente na estrutura cristalina e como outro, podem trazer prejuízos para uma
estas estão organizadas.97 A compressão da formulação. Em geral, a forma estável exibe
forma anidra e da forma mono-hidratada do menor solubilidade e, por apresentar maior
ácido p-hidroxibenzóico foi estudada. A água estabilidade química, normalmente é
de cristalização no mono-hidrato age como utilizada nas formulações. Entretanto, a
lubrificante, o que facilita a deformação forma metaestável, quando exibe suficiente
plástica, favorecendo a compressão. As estabilidade química e física, pode apresentar
moléculas de água ocupam espaços na propriedades que justifiquem sua utilização,
estrutura cristalina o que aumenta a como maiores solubilidade e
separação das camadas. Esse efeito favorece biodisponibilidade, menor higroscopicidade e
o deslizamento das camadas, aumentando a melhores características de
plasticidade.96 5
processabilidade. A transição polimórfica
pode ocorrer durante a produção e/ou o
O impacto de outros aspectos
armazenamento do medicamento. Processos
cristalográficos nas características de
como secagem,101,102 moagem,103,104
compressão já foi estudado. A densidade de
granulação,105 extrusão por fusão106 e
empacotamento e presença de planos de
compressão105 podem induzir esta
deslizamento influenciam na compressão da 27
transformação. Assim, a escolha da
i do eta i a.à áà fo aà γà est vel à ap ese taà
tecnologia adequada para a produção deve
aio à o p essi ilidadeà doà ueà aà fo aà α,à
ser criteriosa ao levar em consideração
relacionada à presença de planos de
possíveis transições de fase.
deslizamento que favorecem a redução do
volume do pó sob uma determinada pressão. Em relação à estabilidade química, as
áà fo aà α,à po à out oà lado,à ap ese taà aio à diferenças na estrutura cristalina podem
densidade de empacotamento, o que leva a resultar em diferentes reatividades e taxas de
uma maior compactabilidade e, apesar de degradação. A transformação de um
ai aà o p essi ilidade,à aà fo aà αà ge ouà polimorfo em outro quimicamente reativo
comprimidos com dureza mais adequada.100 pode resultar não apenas em perda
indesejável da atividade do medicamento,
mas também gerar níveis elevados de
3.3. Estabilidade Química e Física impurezas de degradação.107 Fármacos como
a carbamazepina,108 o maleato de
paroxetina,109 a indometacina,110 a
Uma preocupação adicional quanto ao metilprednisona, 111
a furosemida112 e o
polimorfismo de IFAs é o impacto na maleato de enalapril113 apresentam
estabilidade do medicamento, tanto física polimorfos e solvatos com diferentes
quanto química. Sob um dado conjunto de reatividades químicas.
condições, usualmente ambientais, um
determinado polimorfo apresenta menor O maleato de enalapril, por exemplo,
energia livre que outro(s). Tal polimorfo é a existe em dois polimorfos, formas I e II,
forma termodinamicamente estável e os sendo a forma II estável
demais são formas metaestáveis. A forma termodinamicamente. Apesar da existência
metaestável tem uma tendência de dois polimorfos, ambos apresentam
termodinâmica em reduzir sua energia livre propriedades similares, como solubilidade,
pela transformação na forma estável.1 dissolução, espectros de infravermelho e
Porém, uma transição que a termodinâmica Raman. Foi demonstrado que a forma II do
maleato de enalapril é mais propensa à

2093 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

degradação no derivado dicetopiperazina do fusão, sublimação, cristalização a partir de


que a forma I.107,113 um solvente ou de uma mistura de solventes,
alteração do pH da solução, adição ou
Geralmente, o polimorfo
presença de aditivos, secagem, moagem,
termodinamicamente estável é assim
entre outros. Os métodos em solução são
classificado em função de suas propriedades
mais comuns, porém vale a pena ressaltar
químicas. Este fato é atribuído à sua maior
que nem todos são facilmente escalonáveis.
densidade de empacotamento cristalino.
Além disso, muitos experimentos apresentam
Porém, recentemente, estudos sugeriram
frequentemente dificuldades de
que outros fatores, como a orientação das
reprodutibilidade. Isto porque diversos
moléculas e as ligações de hidrogênio, são
parâmetros que influenciam na cristalização
mais importantes para a reatividade química.
são difíceis de ser controlados e monitorados
Por exemplo, a falta de correlação entre uma
em bancada, como temperatura, taxa de
maior densidade de empacotamento e
resfriamento, taxa de evaporação do
menor reatividade dos polimorfos da
solvente, entre outros.114
indometacina ocorre devido às diferenças nas
ligações de hidrogênio.110 Alguns exemplos da literatura mostram a
dificuldade em reproduzir formas cristalinas
A indometacina apresenta um polimorfo
descritas de um determinado fármaco.
est velàte odi a i a e teà fo aàγ àeàu à
Diversos trabalhos demonstraram a obtenção
etaest velà fo aà α .à J à o oà e eç o,à aà
da forma I do sulfatiazol a partir de n-
fo aàαàap esenta maior densidade do que a
propanol.115,116 Porém, outros polimorfos do
fo aà γ,à oà ueà suge eà u à e pa ota e toà
sulfatiazol também podem ser obtidos a
mais fechado da forma metaestável. Além
partir do mesmo solvente,117 o que mostra a
disso,àapesa àdeà aio àde sidade,àaàfo aàαà
importância do controle dos demais
reage rapidamente com vapores de amônia
parâmetros no processo. Outro exemplo é do
e ua toà ueà aà fo aà γà éà i e teà à a ia.à
carvedilol, um fármaco anti-hipertensivo,
Naàfo aàα,àosàg upos carboxílicos estão mais
cuja forma I já foi relatada.118 Porém, outros
expostos, participando de ligações de
autores, após diversas tentativas, não
hidrogênio mais fracas, o que leva à maior
tiverem sucesso no preparo da forma I do
reatividade da forma metaestável, de maior
carvedilol, identificando três outras formas
densidade.110
cristalinas.119
Estes exemplos mostram a importância da
Tradicionalmente, o estudo de formas
avaliação da estrutura cristalina e como
sólidas de um IFA é feito utilizando métodos
aspectos cristalográficos influenciam em
de geração de cristais por solução e uma
propriedades importantes do IFA. Além disso,
variedade de técnicas de caracterização.2
essa avaliação auxilia na escolha criteriosa de
Porém, estes métodos de cristalização são
excipientes e de processos que minimizem a
inerentemente lentos e, em alguns casos,
instabilidade química de polimorfos de IFAs.
permitem a obtenção de uma pequena
Assim, a menor estabilidade química de um
quantidade de amostra. Além disso, um
polimorfo não necessariamente impedirá seu
grande número de experimentos é
desenvolvimento como produto.
geralmente realizado, variando-se
parâmetros como, solvente ou mistura de
solventes, concentração, temperatura, taxa
4. Preparação de Formas de resfriamento, entre outros.
Cristalinas
Apesar de estudado há muito tempo, o
processo de cristalização, especificamente a
nucleação de polimorfos, ainda não é muito
Diversos métodos podem ser utilizados
bem compreendido.120,121 Assim, o uso de
para a obtenção de diferentes formas
ferramentas de predição de polimorfos por
cristalinas, como cristalização a partir da
cálculos ab initio tem crescido, porém

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2094


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

continua sendo um desafio. Mesmo nos condições presentes. O processo de


casos em que a existência de uma forma nucleação pode ser classificado em duas
cristalina foi prevista, a estabilidade relativa a categorias: nucleação primária, na qual
outros arranjos cristalinos é difícil de estimar nenhum cristal está presente na solução
com precisão.122 Além disso, a previsão de inicial, e nucleação secundária, na qual
arranjos cristalinos de formas sólidas cristais do soluto já estão presentes ou são
multicomponentes ainda é difícil.122 Devido a adicionados à solução como sementes. A
essas limitações, a descoberta de formas nucleação primária ainda pode ser dividida
sólidas continua sendo um exercício em duas subcategorias: nucleação
experimental, no qual métodos de pesquisa homogênea, a qual ocorre espontaneamente
manuais são empregados para explorar as na solução, e nucleação heterogênea, a qual
diversas formas de um composto. ocorre em interfaces ou superfícies e pode
ser induzida por partículas estranhas.125,127
O processo de cristalização de polimorfos
a partir de soluções envolve a nucleação, o O próximo estágio é o crescimento de
crescimento e, ainda, possíveis cristais, no qual o pequeno núcleo formado
transformações de fase. Transições de fase cresce pela adição de moléculas do soluto da
em solução já são bem descritas na literatura. solução supersaturada.125,128 A taxa de
A carbamazepina, por exemplo, apresenta crescimento depende das condições
dois polimorfos, formas I e III, que em experimentais, como resfriamento, pH e
solução sofrem transição de fase, levando à presença de impurezas, por exemplo. Além
formação do di-hidrato, com diferentes disso, diferentes taxas de crescimento podem
características de solubilidade.52 Assim, para levar a mudanças na morfologia dos
o controle da forma cristalina, a dependência cristais.127
do comportamento de polimorfos devido aos
A relação entre a supersaturação e a
fatores operacionais, além dos mecanismos
cristalização leva a uma representação da
da cristalização, deve ser bem
123 zona metaestável em um gráfico de
compreendia. Para a cristalização seletiva
solubilidade/supersolubilidade (Figura 8).
de um polimorfo, controlar fatores chave é
Inicialmente, as soluções que apresentam
essencial. A temperatura e a supersaturação
uma concentração abaixo da curva de
são considerados os parâmetros básicos de
solubilidade (linha inteira), em uma
controle.124
temperatura específica, são consideradas
A primeira etapa da cristalização a partir insaturadas. Nestas soluções, qualquer cristal
de solução envolve a separação de fases, ou presente irá dissolver novamente. A segunda
o nascimento de um novo cristal, e a área é a zona metaestável, na qual a
segunda, o crescimento dos cristais. Estas nucleação espontânea não ocorre.
duas etapas são conhecidas como nucleação Entretanto, cristais podem crescer se, por
e crescimento, respectivamente125 e são exemplo, à solução são adicionadas sementes
determinantes na natureza do polimorfo que (cristais da forma desejada). Na zona de
cristaliza. Para que a nucleação inicie, a supersaturação ou zona lábil, onde a
solução deve estar supersaturada. O termo concentração da solução está acima da curva
supersaturação refere-se à solução que em de solubilidade, ocorre a nucleação
determinadas condições, contem uma espontânea, seguida de um rápido
quantidade de soluto dissolvido acima da crescimento.127 A determinação da zona
solubilidade.126 metaestável pode ser realizada utilizando
diferentes métodos e com o uso de reatores
A nucleação é a formação de um pequeno
com sistema de calorimetria, por exemplo.
núcleo que age como o centro da
Excelentes trabalhos estão disponíveis
cristalização e refere-se ao início do processo
demonstrando métodos adequados para
de separação. Moléculas do soluto formam
determinação da zona metaestável,
partículas do menor tamanho possível nas

2095 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

aprofundando o trabalho no entendimento do processo de cristalização.127,129-131

Figura 8. Representação da zona metaestável

Os métodos de cristalização a partir de podem resultar em formas metaestáveis,


solução utilizam diferentes meios para enquanto outros podem favorecer a
alcançar a supersaturação, como formação da forma termodinamicamente
resfriamento, evaporação do solvente e uso estável. Métodos de cristalização mais
de antissolvente. A escolha do método rápidos normalmente resultam em formas
depende não só das características desejadas metaestáveis, também sendo possível a
do material final, mas também de obtenção de sólidos amorfos. Exemplos
propriedades do IFA, como a solubilidade. destes são adição de antissolvente,
Fármacos muito solúveis em determinado resfriamento rápido, mudança no pH da
solvente podem formar géis em solução, solução e spray-drying.132 Novos métodos
sendo a evaporação lenta um método pouco continuam sendo desenvolvidos para
adequado. Para esses casos, pode-se utilizar, aprimorar a descoberta de novas formas
por exemplo, a cristalização por cristalinas, como precipitação por fluido
antissolvente. Já para IFAs de baixa supercrítico,134 nucleação induzida por
solubilidade, o aquecimento do solvente laser135 e cristalização por capilar136. O tema é
pode aumentar a solubilidade e, então, o amplo e altamente disponível na literatura.
resfriamento com diferentes razões pode ser Alguns livros podem ser consultados.128,137,138
um bom caminho.132
O método de adição de sementes pode
ser adequado para obtenção da forma 5. Caracterização e Avaliação de
cristalina desejada, quando esta já está Formas Cristalinas
disponível em pequenas quantidades. Este
método consiste em adicionar pequenos
cristais a uma solução supersaturada. Este A identificação e a caracterização de
método é comum em processos industriais, polimorfos podem ser realizadas
porém, a adição deve ser realizada no tempo empregando-se diversos métodos, como os
preciso durante a supersaturação.133 cristalográficos, espectroscópicos, térmicos e
Alguns experimentos de cristalização microscópicos.139 Uma lista de técnicas

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2096


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

analíticas usadas para caracterização é dada ser corriqueiro e essencial durante os


na Tabela 1. A avaliação por cristalografia de estudos de pré-formulação ou na etapa de
raios X de monocristal é considerada desenvolvimento da formulação de
definitiva para a identificação de fases determinado produto, quando estão sendo
cristalinas, pois fornece dados sobre estabelecidas correlações entre os diversos
empacotamento, conformação das moléculas parâmetros das matérias-primas e de suas
e interações.140 Entretanto, esta técnica exige respectivas formulações. Uma vez finalizada
monocristais de alta qualidade que podem tal etapa, há de se identificar quais
ser de difícil obtenção.139 Além disso, a parâmetro são de fato mais relevantes
caracterização de amostras do IFA que se dentre as características da matéria-prima e
encontram como pó exige o uso de outras que geram impacto significativo e
técnicas analíticas. Desta forma, a discriminativo na formulação. De um rol de
caracterização de polimorfos é feita, em inúmeras técnicas, talvez apenas uma ou
geral, utilizando-se um conjunto de técnicas duas sejam necessárias para monitoramento
que geram dados capazes de confirmar a das matérias-primas em uma rotina de
presença de diferentes formas cristalinas.140 controle de qualidade e de aprovação para
entrada em produção de medicamentos.
É importante ressalvar, todavia, que este
acoplamento de diferentes técnicas costuma

Tabela 1. Técnicas analíticas comumente utilizadas para caracterização de polimorfos


(Adaptado de referências27,140)
Técnica Analítica Informações Vantagens Desvantagens/Dificuldades
Difração de raios X de pó - Informação - Não destrutível - Orientação preferencial
(PXRD) estrutural
- Análise quali- e
- Picos de difração quantitativa
únicos para formas
cristalinas
- Halo para amorfo
Difração de raios X de - Informação - Não destrutível - Requer um monocristal de
monocristal estrutural boa qualidade
- Resolução de
estruturas cristalinas
Calorimetria diferencial - Temperatura de - Pequena - Destrutível
exploratória (DSC) transição vítrea, de quantidade de
- Sem informação da
cristalização e de amostra
natureza do evento térmico
fusão, capacidade
- Análise quali e
calorífica, calor de
quantitativa
fusão, transição e
cristalização
- Interações IFA-IFA e
IFA-excipiente
Termogravimetria (TG) - Transições - Pequena - Destrutível
envolvendo ganho ou quantidade de
- Inadequado para
perda de massa amostra
amostras que degradam
- Temperatura de - Análise quantitativa
2097 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

decomposição da estequiometria em baixas temperaturas


de solvatos
Infravermelho médio - Vibrações - Rapidez - Preparação de amostra
(MID-IR) intramoleculares, pode induzir transição de
- Pequena
ligações de fase
quantidade de
hidrogênio.
amostra - Interferência da umidade
- Bandas únicas ou
deslocamentos em
polimorfos.
Infravermelho próximo - Sobretons e - Rapidez - Baixa sensibilidade e
(NIR) combinações de seletividade
- Não destrutível
vibrações na região
- Deslocamento da linha
de infravermelho - Sem preparação da
base
médio amostra
- Sensível aos - Habilidade de
diferentes estados da penetrar por frascos
água de vidro
Raman - Vibrações - Rapidez - Aquecimento local da
intramoleculares amostra
- Não destrutível
- Bandas únicas ou - Fluorescência da amostra
- Sem preparação da
deslocamentos em
amostra - Fotodegradação
polimorfos.
- Habilidade de
- Complementar ao
penetrar por frascos
infravermelho
de vidro
- Pequena
quantidade de
amostra
- Em baixas
frequências pode
analisar vibrações de
rede
- Insensível à água
Ressonância magnética - Ambiente do núcleo Não destrutível - Espectro afetado pela
nuclear no estado sólido e químico dentro da água
Análise quali e
(SSNMR) molécula
quantitativa sem - Deslocamento da linha
- Dinâmica molecular calibração base
- Interações IFA-IFA e - Preparação de amostra
IFA-excipiente pode induzir transição de
fase

Microscopia de luz - Cristalinidade - Pequena - Informação quantitativa


polarizada (PLM) (birrefringência) quantidade de não disponível
amostra
- Morfologia, cor e

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2098


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

tamanho - Fácil de usar


- Pequena ou
nenhuma
preparação da
amostra
Microscopia eletrônica de - Propriedades - Pequena - Requer preparo da
varredura (MEV) topográficas quantidade de amostra e de condições do
amostra equipamento
- Maior resolução do
que a microscopia
óptica
Termomicroscopia (TOA) - Informações - Variação da - Destrutível
complementares de temperatura
transição de fase e
perda de solvente

5.1. Técnicas Cristalográficas informações estruturais sobre os cristais:


parâmetros de cela unitária, densidade,
ordem do cristal, conformação molecular,
Os métodos de difração de raios X empacotamento molecular e padrão das
refletem as diferenças na estrutura ligações de hidrogênio. A difração de raios X
cristalina4,139 e devem ser incluídos nas de pó (PXRD) é muito utilizada na
técnicas utilizadas para definir um sistema identificação qualitativa de fases ou de
polimórfico. A difração de raios X pode ser misturas de fases e é uma das técnicas mais
dividida nos métodos de policristais (pó) e importantes para a caracterização e
monocristal e a definição da técnica a ser quantificação de polimorfos139. As formas
utilizada depende do objetivo do cristalinas do cloridrato de mefloquina, por
pesquisador. exemplo, podem ser facilmente identificadas
Os métodos envolvem a difração de raios por PXRD. Os polimorfos e hidratos deste IFA
X de um único comprimento de onda pelos apresentam picos de difração
142,143
planos cristalinos do material. O fenômeno característicos.
de difração está diretamente relacionado à
distância que separa os planos em um cristal,
5.2. Técnicas Térmicas
obedecendo à lei de Bragg. Quando um feixe
de raios X incide sobre um cristal constituído
de planos atômicos sucessivos este é
A determinação do ponto de fusão é um
difratado, gerando um ângulo
dos métodos de identificação mais antigos
característico.14 Os planos de difração e suas
utilizados para compostos orgânicos. O
respectivas distâncias interplanares, assim
método clássico para a determinação do
como as densidades dos átomos ou elétrons
ponto de fusão é o método do tubo capilar
ao longo de cada plano cristalino, são
aberto. Neste, a amostra pulverizada é
características específicas e únicas de cada
inserida em tubos capilares com uma
cristal, da mesma forma que o padrão de
extremidade aberta. Os tubos são então,
difração por ele gerado.141
mantidos em um sistema de aquecimento e o
A difração de raios X de monocristal é operador deve observar a temperatura em
utilizada para a determinação detalhada da que o sólido passa ao estado líquido.144
estrutura cristalina. Seu espectro fornece Durante este teste, diversos fatores
2099 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|
Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

experimentais podem influenciar na envolvam perda ou ganho de massa, sendo


determinação do ponto de fusão, como um comumente utilizada para estudos de
aquecimento demasiado rápido. processos de dessolvatação e
Adicionalmente, além da dificuldade de decomposição.2 É uma técnica útil para a
observar a fusão de estruturas com determinação quantitativa de compostos
temperaturas muito próximas, a temperatura voláteis de um sólido, permitindo a distinção
em que ocorre a fusão pode não ser a entre solvatos e anidros de um dado
temperatura exata observada pelo operador. composto.147
Assim, para a caracterização de polimorfos, o
teste por capilar não é o mais adequado, pois
este pode não diferenciar entre polimorfos 5.3. Técnicas Espectroscópicas
com pontos de fusão próximos. Além disso, a
separação de eventos térmicos, como
transições de fase, cristalização e fusão, pode As técnicas espectroscópicas vibracionais
não ocorrer. Assim, a análise térmica torna- de infravermelho (IR) e Raman estudam as
se mais interessante para este tipo de vibrações moleculares fundamentais 4. São
caracterização.145 técnicas sensíveis às estruturas, às
conformações e ao ambiente de um
A análise térmica é um conjunto de composto e, por isso, são usadas para
técnicas nas quais propriedades físico- caracterização e identificação de formas
químicas de uma substância são monitoradas cristalinas de IFAs.139,152 A posição e a
em função da temperatura, enquanto a intensidade de uma banda vibracional são
amostra é submetida a uma programação características do movimento molecular.
controlada de temperatura sob uma Assim, um grupo químico de uma molécula
atmosfera específica.146 Embora exista um produz bandas em regiões características do
grande número de técnicas termoanalíticas, espectro. Estas bandas características são a
as mais utilizadas no estudo de polimorfismo base para interpretação do espectro
são a calorimetria diferencial exploratória vibracional.152 Com o desenvolvimento da
(DSC) e a termogravimetria (TG).2,147,148 espectroscopia de infravermelho com
A DSC mede a diferença de energia transformada de Fourier (FTIR), a absorção
fornecida à amostra e a um material de no IR tornou-se uma técnica de rotina,
referência, em função da temperatura.4,146,147 recomendada pelas farmacopeias, para
Permite determinar características térmicas identificação química de IFAs.153,144
de materiais puros ou de misturas, medindo A absorção na região do IR depende da
suas propriedades endotérmicas e variação do momento de dipolo da molécula,
5
exotérmicas. A técnica de DSC fornece dados e o espalhamento Raman, da variação da
sobre temperaturas de fusão de polimorfos e polarizabilidade. Isto resulta em informações
sobre a cinética de transformações no estado complementares nos espectros Raman e IR,
sólido, sendo uma ferramenta importante embora nos casos de baixa simetria
para a identificação de formas estáveis e molecular existam bandas nas mesmas
metaestáveis.149 Quatro polimorfos do posições, variando somente a intensidade.139
naproxeno, por exemplo, podem ser
identificados por esta técnica, através de A espectroscopia de absorção no IR é
diferenças na temperatura e entalpia de aplicada para a caracterização de polimorfos
fusão.150 Já as formas I e II do ritonavir, pela inspeção de diferenças espectrais.154 Os
apesar de apresentarem padrões de PXRD polimorfos A, B e C do mebendazol, por
únicos, não apresentam diferenças nos perfis exemplo, podem ser caracterizados por FTIR,
de DSC.151 pois apresentam deslocamentos nas bandas
de absorção dos grupos –N–H e –C=O. Estes
A TG mede a variação de massa da deslocamentos estão relacionados às
amostra em função da temperatura e/ou do diferentes ligações de hidrogênio nas quais
tempo. A TG é restrita às transições que

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2100


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

estes grupos participam em cada forma na morfologia ou na cor, identificadas pela


cristalina.119,155 Os polimorfos do cloridrato microscopia, podem ser uma indicação de
de mefloquina não apresentam diferenças polimorfismo.107 Porém, esta técnica não
nos espectros de infravermelho; assim, deve ser utilizada como único método
devem ser caracterizados por outras técnicas, analítico no estudo de polimorfo, pois como
como PXRD e DSC.143 dito anteriormente, diferentes morfologias e
polimorfismo podem não estar relacionados.
A espectroscopia Raman apresenta
Para avaliação microscópica, de diferentes
vantagens quando aplicada ao estudo de
formas sólidas de um IFA podem utilizadas a
polimorfos, pois geralmente requer pouca ou
microscopia óptica ou microscopia eletrônica
nenhuma preparação da amostra. Isto facilita
de varredura139 ou uma combinação da
a análise de amostras in situ, sem precisar de
microscopia com outros métodos analíticos.4
um procedimento experimental, como
trituração ou pressão, que podem induzir a
transição de fase.107
5.5. Técnicas Combinadas
A ressonância magnética nuclear baseia-
se na absorção da radiação da
radiofrequência do espectro eletromagnético As técnicas combinadas consistem na
que resulta em modificação na orientação do associação entre os alguns métodos
spin do núcleo quando submetido a um analíticos já abordados. Uma caracterização
campo magnético.156 Um núcleo, cujo spin compreensiva das propriedades físicas dos
seja diferente de zero, é submetido a um materiais pode requerer uma abordagem
campo magnético e seu momento magnético multidisciplinar, visto que nenhuma técnica é
é, então, detectado. Como cada núcleo capaz de sozinha caracterizar um composto
apresenta um momento diferente, pode-se farmacêutico por completo.42
definir que tipo de ligação química aquele A termomicroscopia (TOA) combina
núcleo está realizando. A ressonância propriedades da microscopia com análise
magnética nuclear no estado sólido (SSNMR) térmica, permitindo a caracterização de
é capaz de diferenciar as formas cristalinas e propriedades físico-químicas de materiais em
também fornecer aspectos estruturais. Isto é função da temperatura. É possível observar a
de extrema importância para os compostos amostra durante o aquecimento ou
que são difíceis de cristalizar como resfriamento, e obter informações sobre
monocristais.157 Em muitos estudos, a SSNMR dessolvatação, fusão, cristalização, e
foi utilizada como uma técnica adicional para transições de fase.4,42,54 A Figura 9 mostra
fornecer informações estruturais, junto com uma análise de TOA de uma matéria-prima
técnicas cristalográficas e com a farmacêutica. É possível observar eventos
espectroscopia no IR e DSC.158-159 Um estudo térmicos com o aquecimento da amostra.
demonstrou diferenças nos espectros de Possivelmente a amostra inicial continha uma
RMN 13C de diferentes estruturas cristalinas mistura de dois polimorfos (chamados aqui
do efavirenz.160 de A e B). Em 162 °C, o polimorfo A sofre
transição de fase para outro (um terceiro
polimorfo, chamado aqui de C), observado
5.4. Microscopia
pela formação de cristais maiores. Estes
cristais maiores (polimorfo C) fundem em
aproximadamente 192 °C, após a fusão do
A microscopia é uma técnica importante
polimorfo presente na amostra inicial
para uma análise preliminar de formas
(polimorfo B), em 171 °C, que não sofreu
sólidas, pois fornece informações sobre a
transição de fase. Os resultados de TOA
morfologia e o tamanho de cristais, por
devem ser comparados com os resultados de
exemplo. Mudanças no tamanho do cristal,
DSC, para que em conjunto, sejam melhor

2101 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

avaliados os eventos térmicos em uma cristalinas que ocorrem com a temperatura.


amostra. Esta técnica combinada pode ser utilizada
como um complemento da técnica de DSC,
A microscopia Raman, outra técnica
confirmando e identificando os eventos
combinada, permite a análise
térmicos observados na última.161 A
espectroscópica de pequenas quantidades de
microscopia de infravermelho também pode
amostra, identificando polimorfos, por
ser usada para caracterização de formas
exemplo, em uma mistura de formas
cristalinas. Um estudo com o fármaco
diferentes. Permite ainda, a determinação do
indometacina demonstrou a que técnica
polimorfo de um IFA em uma formulação na
combinada de FTIR com TOA permitiu a
presença de excipientes.107 A técnica de
caracterização da natureza de eventos
Raman também pode ser combinada com a
térmicos do composto.162
TOA, permitindo o estudo de transições

Figura 9. Imagens obtidas por termomicroscopia de um fármaco na razão de aquecimento de


10 °C/min e magnificação de 100x

A técnica de TG-IR pode ser útil para a 5.6. Ensaios de Dissolução


determinação de um componente volátil in
situ. No estudo de formas sólidas de um IFA,
esta técnica combinada é importante para Além das técnicas analíticas utilizadas
caracterização de solvatos e hidratos, sendo para caracterização, os ensaios de dissolução
o solvente liberado analisado pela técnica de e os testes de solubilidade são ferramentas
IR. O estabelecimento de interface entre TG e valiosas para avaliar e/ou prever a influência
espectrometria de massas também é de propriedades do estado sólido na
possível, sendo extremamente útil para a biodisponibilidade. O ensaio de dissolução in
determinação de componentes voláteis.42 vitro é utilizado na caracterização de IFAs no
estado sólido, no controle de qualidade de
formas farmacêuticas, como guia no
desenvolvimento de novas formulações e
para estabelecer uma correlação com a
disponibilidade in vivo.163 A taxa de

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2102


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

dissolução pode ser definida como a se prepara a pastilha. Há pouca discussão na


quantidade de IFA que se dissolve na unidade literatura sobre os reais parâmetros que
de tempo, em condições específicas,164 cuja podem ser avaliados na dissolução intrínseca,
expressão matemática foi formulada por sendo que a própria Farmacopeia Americana
Noyes-Whitney em 1897.73 preconiza que o mesmo tenha função de
avaliar aspectos como tamanho de partícula,
Diversos fatores experimentais podem ter
polimorfismo, biodisponibilidade, entre
um impacto direto sobre o processo de
outros.144
dissolução, como a natureza do meio de
dissolução e a taxa de agitação, e devem ser Os perfis de dissolução intrínseca de
sempre controlados.71 O meio não deve ser quantidade dissolvida versus tempo são
saturado com o IFA e, por isso, é lineares e a inclinação da reta é utilizada para
recomendado que durante o ensaio de o cálculo da taxa de dissolução intrínseca
dissolução a condição sink seja mantida, ou (TDI).171 Porém, o gráfico obtido pode
seja, a concentração dissolvida do IFA deve apresentar uma curvatura e, neste caso,
ser menor do que 10% da concentração de deve-se considerar apenas a região linear
saturação.165 para o cálculo da TDI. A curvatura pode
indicar algum erro experimental, estar
A dissolução de fármacos pode ser
relacionada com a saturação do meio ou com
determinada pelo método de dispersão, no
a transição da forma cristalina na superfície
qual o IFA é adicionado diretamente à cuba
do compactado durante o ensaio.173
de dissolução com determinado volume do
meio, utilizando-se um sistema de agitação Espera-se que em um sistema polimórfico
constante; é comum utilizar o aparato pá a forma mais estável exiba uma TDI menor
(aparato 2) para esse método,166-168 outros por apresentar interações de maior energia
autores, entretanto, encapsulam o pó e no estado sólido, mais difíceis de serem
submetem a cápsula ao ensaio, podendo, rompidas, dificultando o processo de
nesse caso, utilizar tanto o aparato 1 dissolução.174
(cesta)169 quanto o 2 (pá)170. No ensaio de
dissolução por dispersão, diferentemente da
dissolução intrínseca, não há controle de área 6. Conclusões
superficial, uma vez que as partículas do pó
estão totalmente expostas ao meio.
O ensaio de dissolução intrínseca é um O polimorfismo de fármacos apresenta
método potente para avaliar as diferenças na um impacto em diversas propriedades
dissolução entre as diversas formas sólidas importantes para o desenvolvimento de um
de um IFA. É um método que fornece medicamento de qualidade consistente. Uma
informações valiosas sobre o comportamento vez identificada a presença de diferentes
físico-químico de um IFA puro em um meio formas sólidas, o IFA disponível deve ser
de dissolução, pois remove variáveis que avaliado quanto às características no estado
estão presentes no teste de dissolução por sólido para a formulação a ser desenvolvida.
dispersão, como o efeito da área Diversas técnicas analíticas estão disponíveis
superficial.171 para caracterizar as formas cristalinas de um
IFA, entretanto, o método de escolha
No método de dissolução intrínseca, o pó depende do tipo de informação requerida.
é compactado e somente uma face do disco é Normalmente, é necessária uma abordagem
exposta ao meio líquido.172 A vantagem é integrada, com o uso de mais de uma técnica
que, com a área superficial constante, analítica, sendo PXRD, DSC e TG, FTIR e
informações adicionais, como tamanho de microscopia os métodos mais comuns. Eles
partícula do material, não são requeridas, já possibilitam a avaliação de diferentes
que essas diferenças são eliminadas quando propriedades, como cristalográficas,

2103 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

9
térmicas, moleculares e morfológicas e a Ayala, A. P.; Caetano, M. W. C.; Honorato, S.
interface das mesmas permite uma avaliação B.; Filho, J. M.; Siesler, H. W.; Faudone, S. N.;
ainda mais detalhada. A caracterização das Cuffini, S. L.; Martins, F. T.; Silva, C. C. P.;
propriedades de processabilidade é um item Ellena, J. Conformational polymorphism of
à parte e está fora do escopo deste trabalho, the antidiabetic drug chlorpropamide.
mas devem ser consideradas com a mesma Journal of Raman Spectroscopy 2012, 43,
atenção pelos pesquisadores envolvidos no 263. [CrossRef]
10
desenvolvimento de medicamentos. Bonfilio, R.; Pires, S. A.; Ferreira, L. M. B.;
Almeida, A. E.; Doriguetto, A. C.; Araújo, M.
B.; Salgado, H. R. N. A discriminating
Referências Bibliográficas dissolution method for glimepiride
polymorphs. Journal of Pharmaceutical
Sciences 2012, 101, 794. [CrossRef] [PubMed]
1 11
Haleblian, J.; Mccrone, W. Pharmaceutical Srivastava, A.; Joshi, B .D.; Tandon, P.;
applications of polymorphism. Journal of Ayala, A. P.; Bansal, A. K.; Grillo, D. Study of
Pharmaceutical Sciences 1969, 58, 911. polymorphism in imatinib mesylate: A
[CrossRef] [PubMed] quantum chemical approach using electronic
2
Brittain, H. G. Polymorphism in and vibrational spectra. Spectrochimica Acta,
pharmaceutical solids, Marcel Dekker: New Part A 2013, 103, 325. [CrossRef] [PubMed]
12
York, 1999. Prado, L. D.; Rocha, H. V. A. R.; Resende, J.
3
Brittain, H. G. Effects of mechanical A. L. C. R, Ferreira, G. B.; Teixeira, A. M. R. F.
processing on phase composition. Journal of T. An insight into carvedilol solid forms: effect
Pharmaceutical Sciences 2002, 91, 1573. of supramolecular interactions on the
[CrossRef] [PubMed] dissolution profiles. CrystEngComm 2014, 16,
4
Rodríguez-Spong, B. Price, C. P. Jayasankar, 3168. [CrossRef]
13
A. Matzger, A. J. Rodríguez-Hornedo, N. Araujo, G. L. B; Pitaluga Jr, A.; Antonio, S.
General principles of pharmaceutical solid G.; Santos, C. O. P.; Matos, J. R. Polimorfismo
polymorphism: A supramolecular na produção de medicamentos. Revista de
perspective. Advanced Drug Delivery Reviews Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada
2004, 56, 241. [CrossRef] [PubMed] 2012, 33, 27. [Link]
5 14
Hilfiker, R. Polymorphism in the Cullity, B. D.; Elements of X-Ray Diffraction,
pharmaceutical industry, Wiley-VHC: 2a. ed., Addison-Wesley: Massachusetts,
Weinheim, 2006. [CrossRef] 1978.
6 15
Nangia, A. Conformational Polymorphism in Datta, S.; Grant, D. J. W. Crystal structures
Organic Crystals. Accounts of Chemical of drugs: advances in determination,
Research 2008, 41, 595. [CrossRef] [PubMed] prediction and engineering. Nature Reviews
7
Antonio, S. G.; Benini, F. R.; Ferreira, F. F.; Drug Discovery 2004, 3, 42. [CrossRef]
Rosa, P. C. P.; Paiva-Santos, C. O. Quantitative [PubMed]
16
phase analyses through the rietveld method Leuner, C.; Dressman, J. Improving drug
with X-ray powder diffraction data of heat- solubility for oral delivery using solid
treated carbamazepine form III. Journal of dispersions. European Journal of
Pharmaceutical Sciences 2011, 100, 2658. Pharmaceutics and Biopharmaceutics 2000,
[CrossRef] [PubMed] 50, 47. [CrossRef]
8 17
Riekes, M. K.; Pereira, R. N.; Rauber, G. S.; Kaushal, A.M.; Gupta, P.; Bansal, A. K.
Cuffini, S. L.; Campos, C. E. M.; Silva, M. A. S.; Amorphous Drug Delivery Systems:
Stulzer, H. K. Polymorphism in nimodipine Molecular Aspects, Design, and Performance.
raw materials: Development and validation of Critical Reviews in Therapeutic Drug Carrier
a quantitative method through differential Systems 2004, 21, 133. [CrossRef] [PubMed]
18
scanning calorimetry. Journal of Van den Mooter, G. The use of amorphous
Pharmaceutical and Biomedical Analysis solid dispersions: A formulation strategy to
2012, 70, 188. [CrossRef] [PubMed] overcome poor solubility and dissolution

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2104


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

rate. Drug Discovery Today Technology 2012, manufacturing processes. Advanced Drug
9, e79. [CrossRef] [PubMed] Delivery Reviews 2001, 48, 91. [CrossRef]
19 27
Shah, N.; Iyer, R. M.; Mair, H. -J.; Choi, D. Zhang, G. G. Z. Law, D. Schmitt, E. A. Qiu, Y.
S.; Tian, H.; Diodone, R.; Fähnrich, K.; Pabst- Phase transformation considerations during
Ravot, A.; Tang, K.; Scheubel, E.; Grippo, J. F.; process development and manufacture of
Moreira, S. A.; Go, Z.; Mouskountakis, J.; solid oral dosage forms. Advanced Drug
Louie, T.; Ibrahim, P.N.; Sandhu, H.; Rubia, L.; Delivery Reviews 2004, 56, 371. [CrossRef]
Chokshi, H.; Singhal, D.; Malick, W. Improved [PubMed]
28
human bioavailability of vemurafenib, a Yu, L. Amorphous pharmaceutical solids:
practically insoluble drug, using an preparation, characterization and
amorphous polymer-stabilized solid stabilization. Advanced Drug Delivery Reviews
dispersion prepared by a solvent-controlled 2001, 48, 27. [CrossRef]
29
coprecipitation process. Journal of Cartwright, J. H. E.; Checa, A. G.; Gale, J. D.;
Pharmaceutical Sciences 2013, 102, 967. Gebauer, D.; Sainz-Díaz, C. I. Calcium
[CrossRef] [PubMed] Carbonate Polyamorphism and Its Role in
20
Choi, Y. K.; Poudel, B. K.; Marasini, N.; Biomineralization: How Many Amorphous
Yang, K. Y.; Kim, J. W.; Kim, J. O.; Choi, H. -G.; Calcium Carbonates Are There? Angewandte
Yong, C. S. Enhanced solubility and oral Chemie International Edition 2012, 51, 11960.
bioavailability of itraconazole by combining [CrossRef] [PubMed]
30
membrane emulsification and spray drying Hancock, B. C.; Shalaev, E.Y.; Shamblin, S. L.
technique. International Journal of Polyamorphism: a pharmaceutical science
Pharmaceutics 2012, 434, 264. [CrossRef] perspective. Journal of Pharmacy and
[PubMed] Pharmacology 2002, 54, 1151. [CrossRef]
21
Shete, G.; Puri, V.; Kumar, L.; Bansal, A. K. [PubMed]
31
Solid State Characterization of Commercial Angell, C. A.; Poole, P. H.; Shao, J. Glass-
Crystalline and Amorphous Atorvastatin forming liquids, anomalous liquids, and
Calcium Samples. AAPS PharmSciTech 2010, polyamorphism in liquids and biopolymers. Il
11, 598. [CrossRef] [PubMed] Nuovo Cimento 1994, 16D, 993. [CrossRef]
22 32
Greco, K.; Bogner, R. Crystallization of McMillan, P. F.; Wilson, M.; Daisenberger,
Amorphous Indomethacin during Dissolution: D.; Machon, D. A density-driven phase
Effect of Processing and Annealing. Molecular transition between semiconducting and
Pharmaceutics 2010, 7, 1406. [CrossRef] metallic polyamorphs of silicon. Nature 2005,
[PubMed] 4, 680. [CrossRef] [PubMed]
23 33
Price, R.; Young, P. M. On the physical Hagrman, P. J.; Hagrman, D.; Zubieta, J.
transformations of processed pharmaceutical Organic–inorganic hybrid materials: from
solids. Micron 2005, 36, 519. [CrossRef] “i ple à oo di atio à pol e sà toà
[PubMed] organodiamine-templated molybdenum
24
Schmidt, A. G.; Wartewig, S.; Picker, K. M. oxides. Angewandte Chemie International
Polyethylene oxides: protection potential Edition 1999, 38, 2638. [CrossRef]
34
against polymorphic transitions of drugs? Liu, P. Polymer modified clay minerals: A
Journal of Raman Spectroscopy 2004, 35, review. Applied Clay Science 2007, 38, 64.
360. [CrossRef] [CrossRef]
25 35
Ambike, A. A.; Mahadik, K. R.; Paradkar, A. Flory, P. J. Molecular morphology in
Stability study of amorphous valdecoxib. semicrystalline polymers. Nature 1978, 272,
International Journal of Pharmaceutics 2004, 226. [CrossRef]
36
282, 151. [CrossRef] [PubMed] Edge, S.; Steele, D. F.; Chen, A.; Tobyn, M.
26
Morris, K. R. Griesser, U. J. Eckhardt, C. J. J.; Staniforth, J. N. The mechanical properties
Stowell, J. G. Theoretical approaches to of compacts of microcrystalline cellulose and
physical transformations of active silicified microcrystalline cellulose.
pharmaceutical ingredients during

2105 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

45
International Journal of Pharmaceutics 2000, Lu, J.; Li, Z.; Wang, J. Latin American
200, 67. [CrossRef] Journal of Pharmacy 2012, 31, 292. [Link]
37 46
Strick, T. R.; Dessinges, M. N.; Charvin, G.; Seddon, K. R. Pseudopolymorphism of
Dekker, N. H.; Allemand, J. F.; Bensimon, D.; Active Pharmaceutical Ingredients (APIs): A
Croquette, V. Stretching of macromolecules Case Study of L-Phenylalanine. Crystal
and proteins. Reports on Progress in Physics Growth & Design 2004, 4, 1087. [CrossRef]
47
2003, 66, 1. [CrossRef] Bernstein, J. Cultivating crystal forms.
38
Berman, H. M.; Westbrook, J.; Feng, Z.; Chemical Communications 2005, 40, 5007.
Gilliland, G.; Bhat, T. N.; Weissig, H.; [CrossRef] [PubMed]
48
Shindyalov, I. N.; Bourne, P. E. The Protein Desiraju, G. R. Counterpoint: What's in a
Data Bank. Nucleic Acid Research 2000, 28, Name? Crystal Growth & Design 2004, 4,
235. [CrossRef] [PubMed] 1089. [CrossRef]
39 49
Niemeyer, C. M. Nanoparticles, Proteins, Heng, J. Y. Y.; Williams, D. R. Research
and Nucleic Acids: Biotechnology Meets Article Previous Article Next Article Table of
Materials Science. Angewandte Chemie Contents Wettability of Paracetamol
International Edition 2001, 40, 4128. Polymorphic Forms I and II. Langmuir 2006,
[CrossRef] 22, 6905. [CrossRef] [PubMed]
40 50
Food and Drug Administration, Guidance Griesser, U. J. Em Polymorphism in the
for Industry: ANDAs: Pharmaceutical Solid Pharmaceutical Industry; Hilfiker, R.; Wiley-
Polymorphism: Chemistry, Manufacturing VCH: Weinheim, 2006.
51
and Controls Information, 2007. Disponível Van Tonder, E. C.; Mahlatji, M. D.; Malan,
em: S. F.; Liebenberg, W,; Caira, M. R.; Song, M.;
<http://www.fda.gov/downloads/Drugs/Guid de Villiers, M. M. Preparation and
anceComplianceReagulatoryInformation/Gui physicochemical characterization of 5
dances/ucm072866.pdf>. Acesso em: 01 abril niclosamide solvates and 1 hemisolvate.
2014. AAPS PharmSciTech. 2004, 5, E12. [CrossRef]
41
International Conference on [PubMed]
52
Harmonization of Technical Requirements for Kobayashi, Y.; Ito, S.; Itai, S.; Yamamoto, K.
the Registration of Drugs for Human Use; Physicochemical properties and
Specifications: test procedures and bioavailability of carbamazepine polymorphs
acceptance criteria for new drug substances and dihydrate. Physicochemical properties
and new drug products: chemical substances and bioavailability of carbamazepine
Q6A, 1999. Disponível em: polymorphs and dehydrate. International
<http://www.ikev.org/haber/stabilite/kitap/4 Journal of Pharmaceutics 2000, 193, 137.
0%201.12%20%20Stability%20Workshop%20 [CrossRef]
53
ICH%20Q6A%20C%20.pdf>. Acesso em: 25 Stahl, P. H.; Sutter, B. Em Polymorphism in
abril 2014. the Pharmaceutical Industry; Hilfiker, R.;
42
Giron, D. Investigations of Polymorphism Wiley-VCH: Weinheim, 2006.
54
and Pseudo-polymorphism in Lu, J.; Rohani, S. Polymorphism and
Pharmaceuticals by Combined Crystallization of Active Pharmaceutical
Thermoanalytical Techniques. Journal of Ingredients (APIs). Current Medicinal
Thermal Analysis and Calorimetry 2001, 64, Chemistry 2009, 16, 884. [CrossRef]
37. [CrossRef] [PubMed]
43 55
Sohn, Y. T.; Kim, S. H. Polymorphism and Shan, N. Zaworotko, M. J. The role of
pseudopolymorphism of acyclovir. Archives cocrystals in pharmaceutical science. Drug
of Pharmacal Research 2008, 31, 231. Discovery Today 2008, 13, 440. [CrossRef]
[CrossRef] [PubMed] [PubMed]
44 56
Janaswamy, S.; Chandrasekaran, R. Sodium Rodríguez-Hornedo, N.; Nehm, S. J.;
ι-Carrageenan: A Paradigm of Polymorphism Jayasankar, A. Em Encyclopedia of
and Pseudopolymorphism. Macromolecules Pharmaceutical Technology, 3a. ed.;
2006, 39, 3345. [CrossRef]

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2106


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

66
Swarbrick, J., eds.; Informa Health Care: New Thompson, C. A. Disponível em
York, 2006. <http://www.ashp.org/menu/News/Pharmac
57
Chen, J.; Sarma, B.; Evans, J. M. B.; yNews/NewsArticle.aspx?id=3368>. Acesso
Myerson, A. S. Pharmaceutical Crystallization. em 10 de dezembro de 2013.
67
Crystal Growth & Design 2011, 11, 887. Gunther, S.; Young, D. Disponível em
[CrossRef] <http://www.parkmedical.net/avaliderecall>.
58
Brittain, H. G. Cocrystal Systems of Acessado em 2 de dezembro de 2013.
68
Pharmaceutical Interest: 2010. Crystal FDA. Disponível em
Growth & Design 2012, 12, 1046. [CrossRef] http://www.fda.gov/Safety/Recalls/ucm3499
59
Qiao, N.; Li, M.; Schlindwein, W.; Malek, N.; 76.htm. Acessado em 10 de dezembro de
Davies, A.; Trappitt, G. Pharmaceutical 2013.
69
cocrystals: An overview. International Journal Brasil. Ministério da Saúde. Agência
of Pharmaceutics 2011, 419, 1. [CrossRef] Nacional de Vigilância Sanitária.
[PubMed] Medicamentos. Glossário de Definições
60
Vishweshwar, P. McMahon, J. A. Bis, J. A. Legais. Disponível em
Zaworotko, M. J. Pharmaceutical co-crystals. <http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/gl
Journal of Pharmaceutical Sciences 2006, 95, ossario/glossario_b.htm>; Acesso em: 10
499. [CrossRef] [PubMed] abril 2014.
61 70
Food and Drug Administration, Guidance Aulton, M. E.; Delineamento de Formas
for Industry: Regulatory classification of Farmacêuticas, 2a. ed., Artemed: Porto
pharmaceutical co-crystals, 2013. Disponível Alegre, 2005.
71
em: Brown, C. K.; Chokshi, H. P.; Nickerson, B.;
<http://www.fda.gov/downloads/Drugs/Guid Reed, R. A; Rohrs, B. R.; Shah, P. A.
ances/UCM281764.pdf. Acesso em: 20 Acceptable analytical practices for dissolution
agosto 2014. testing of poorly soluble compounds.
62
Taylor, N., FDA guidance on API-excipient Pharmaceutical Technology 2004, 12, 56.
co-crystals unnecessary. Disponível em: [Link]
72
<http://www.in- Martínez, P. B.; Navarro, M. G. Em
pharmatechnologist.com/Ingredients/FDA- Tecnología Farmaceutica Vol I: Aspectos
guidance-on-API-excipient-co-crystals- Fundamentales de los Sistemas
unnecessary-Amgen>. Acesso em: 14 Farmacéuticos y Operaciones Básicas; Vila
fevereiro 2014. Jato, J. L.; Síntesis: Madrid, 2001.
63 73
Meyer, M. C.; Stranughn, A. B.; Jarvi, E. J.; Noyes, A. A.; Whitney, W. R. The rate of
Wood, G. C.; Pelsor, F. R.; Shah, V. P. The solution of solid substances in their own
bioinequivalence of carbamazepine tablets solutions. Journal of American Chemical
with a history of clinical failures. Society 1897, 19, 930. [CrossRef]
74
Pharmaceutical Research 1992, 9, 1612. Letellier, P.; Mayaffre, A.; Turmine, M.
[CrossRef] [PubMed] Solubility of nanoparticles: nonextensive
64
Liebenberg, W.; Dekker, T. G.; Lötter, A. P.; thermodynamics approach. Journal of
de Villiers, M. M. Identification of the Physics: Condensed Matter 2007, 19, 1.
mebendazole polymorphic form present in [CrossRef]
75
raw materials and tablets available in South Müller, R. H.; Peters, K. Nanosuspensions
Africa. Drug Development and Industrial for the formulation of poorly soluble drugs: I.
Pharmacy 1998, 24, 485. [CrossRef] Preparation by a size-reduction technique.
[PubMed] International Journal of Pharmaceutics 1998,
65
Bos, K. Disponível em 160, 229. [CrossRef]
76
http://www.fda.gov/downloads/Drugs/DrugS Tang, R.; Orme, C. A.; Nancollas, G. H.
afety/DrugShortages/ucm086029.pdf. Dissolution of Crystallites: Surface Energetic
Acessado em 10 de dezembro de 2013. Control and Size Effects. ChemPhysChem
2004, 17, 688. [CrossRef] [PubMed]

2107 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

77
Borm, P.; Klaessig, F. C.; Landry, T. D.; Pharmaceutical Sciences 1975, 64, 1269.
Moudgil, B.; Pauluhn, J.; Thomas, K.; Trottier, [CrossRef] [PubMed]
85
R.; Wood, S. Research Strategies for Safety Raw, A. S; Furness, M. S.; Gill, D. S.; Adams,
Evaluation of Nanomaterials, Part V: Role of R. C.; Holcombe, F. O. Jr.; Yu, L. X. Regulatory
Dissolution in Biological Fate and Effects of considerations of pharmaceutical solid
Nanoscale Particles. Toxicological Sciences polymorphism in Abbreviated New Drug
2005, 90, 23. [CrossRef] [PubMed] Applications (ANDAs). Advanced Drug
78
Amidon, G. L.; Lennernas, H.; Shah, V. P.; Delivery Reviews 2004, 56, 397. [CrossRef]
Crison, J. R. A Theoretical Basis for a [PubMed]
86
Biopharmaceutic Drug Classification: The Kortejärvi, H.; Yliperttula, M.; Dressman, J.
Correlation of in Vitro Drug Product B.; Junginger, H. E.; Midha, K. K.; Shah, V. P.;
Dissolution and in Vivo Bioavailability. Barends, D. M. Biowaiver monographs for
Pharmaceutical Research 1995, 12, 413. immediate release solid oral dosage forms:
[CrossRef] [PubMed] Ranitidine hydrochloride. Journal of
79
Lennernäs, H.; Abrahamsson, B. The use of Pharmaceutical Sciences 2005, 94, 1617.
biopharmaceutic classification of drugs in [CrossRef] [PubMed]
87
drug discovery and development: current Madan, T.; Kakkar, A. P. Preparation and
status and future extension. Journal of Characterization of Ranitidine-HC1 Crystals.
Pharmacy and Pharmacology 2005, 57, 273. Drug Development and Industrial Pharmacy
[CrossRef] [PubMed] 1994, 20, 1571. [CrossRef]
80 80 88
Ansel, H. C.; Popovich, N. G.; Allen, Jr. L. Shen, J.; Lee, D.; Mckeag, R. G.
V.; Farmacotécnica: Formas Farmacêuticas e Bioequivalence of two forms of ranitidine.
Sistema de Liberação de Fármacos, 6a ed., New Zealand Pharmacy 1995, 15, 24.
89
Premier: São Paulo, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência
81 81
Singhal, D. Curatolo, W. Drug Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
polymorphism and dosage form design: a RDC nº 17, de 02 de março de 2007.
90
practical perspective. Advanced Drug Delivery Snider, D. A. Addicks, W. Owens, W.
Reviews 2004, 56, 335. [CrossRef] [PubMed] Polymorphism in generic drug product
82 82
Lindenberg, M.; Kopp, S.; Dressman, J. B. development. Advanced Drug Delivery
Classification of orally administered drugs on Reviews 2004, 56, 391. [CrossRef] [PubMed]
91
the World Health Organization Model list of Castro, R. R; Dissertação de Mestrado,
Essential Medicines according to the Farmanguinhos/Fiocruz, 2012.
92
biopharmaceutics classification system. Aulton, M. E. Aulton's Pharmaceutics. The
European Journal of Pharmaceutics and Design and Manufacture of Medicines. 3a ed.,
Biopharmaceutics 2004, 58, 265. [CrossRef] Churchill Livingstone: Edingburgh, 2007.
93
[PubMed] Ranodolph, A.; Theory of Particulate
83 83
Chemburkar, S. R.; Bauer, J.; Deming, K.; Processes: Analysis and Techniques of
Spiwek, H.; Patel, K.; Morris, J.; Henry, R.; Continuous Crystallization, 2a ed., Academic
Spanton, S.; Dziki, W.; Porter, W.; Quick, J.; Press: California, 2012.
94
Bauer, P.; Donaubauer, J.; Narayanan, B. A.; Rudolph, P.; Handbook of Crystal Growth:
Soldani, M.; Riley, D.; McFarland, K. Dealing Bulk Crystal Growth, 2a ed., Elsevier:
with the Impact of Ritonavir Polymorphs on Waltharn, 2015.
95
the Late Stages of Bulk Drug Process Pfefer, G.; Boistelle, R. Control of
Development.. Organic Process Research & Molecular Crystals Morphology. Chemical
Development 2000, 4, 413. [CrossRef] Engineering Research and Design 1996, 74,
84 84
Haleblian, J. K. Characterization of habits 744.
96
and crystalline modification of solids and Lewis, A.; Seckler, M.; Kramer, H.; Van
their pharmaceutical applications. Regulatory Rosmalen, G.; Industrial Crystallization:
considerations of pharmaceutical solid Fundamentals and Applications. Cambrige
polymorphism in Abbreviated New Drug University Press: Cambrige, 2015.
Applications (ANDAs). Journal of

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2108


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

97
Tiwary, A. K. Modification of Crystal Habit hydrates. Journal of Pharmaceutical Sciences
and Its Role in Dosage Form Performance. 2010, 99, 1942. [PubMed]
107
Drug Development and Industrial Pharmacy Lin, S. Y. Grinding and compression
2001, 27, 699. [CrossRef] [PubMed] processes affecting the solid-state transition
98
Rasenack, N.; Müller, B. W. Crystal habit of famotidine polymorphs. Asian Journal of
and tableting behavior. International Journal Pharmaceutical Sciences 2007, 2, 211. [Link]
108
of Pharmaceutics 2002, 244, 45. [CrossRef] Zimper, U.; Aaltonen, J.; McGoverin, C. M.;
99
Chawla, G. Gupta, P. Thilagavathi, R. Gordon, K. C.; Krauel-Goellner, K.; Rades, T.
Chakraborti, A. K. Bansal, A. K. Quantification of process induced disorder in
Characterization of solid-state forms of milled samples using different analytical
celecoxib. European Journal of techniques. Pharmaceutics 2010, 2, 30.
Pharmaceutical Sciences 2003, 20, 305. [CrossRef]
109
[CrossRef] [PubMed] Otsuka, M.; Hasegawa, H.; Matsuda, Y.
100
Sun, C.; Grant, D. J. W. Influence of Crystal Effect of polymorphic transformation during
Structure on the Tableting Properties of the extrusion-granulation process on the
Sulfamerazine Polymorphs. Pharmaceutical pharmaceutical properties of carbamazepine
Research 2001, 18, 274. [CrossRef] granules. Chemical Pharmaceutical Bulletin
101
Joiris, E.; Di Martino, P.; Berneron, C.; 1997, 45, 894. [CrossRef]
110
Guyot-Hermann, A. M.; Guyot, J. C. Mirza, S.; Heinämäki, J.; Miroshnyk, I.;
Compression Behavior of Orthorhombic Rantanen, J.; Christiansen, L.; Karjalainen, M.;
Paracetamol. Pharmaceutical Research 1998, Yliruusi, J. Understanding processing-induced
15, 1122. [CrossRef] phase transformations in erythromycin-PEG
102
Delmas, T.; Shah, U. V.; Roberts, M. M.; 6000 solid dispersions. Journal of
Williams, D. R.; Heng, J. Y. Y. Crystallisation of Pharmaceutical Sciences 2006, 95, 1723.
the orthorhombic form of acetaminophen: [CrossRef] [PubMed]
111
Combined effect of surface topography and Bernstein, J. Polymorphism in molecular
chemistry. Powder Technology 2013, 236, 24. crystals. Oxford University Press: New York,
[CrossRef] 2002.
103 112
Łu zaka,à á.;à Jallo ,à L.à J.;à Daveb, R. N.; Matsuda, Y.; Akazawa, R.; Teraoka, R.;
Iqbal, Z. Polymorph stabilization in processed Otsuka, M. Pharmaceutical Evaluation of
acetaminophen powders. Powder Technology Carbamazepine Modifications: Comparative
2013, 236, 52. [CrossRef] Study for Photostability of Carbamazepine
104
Khomane, K. S.; More, P. K.; Raghavendra, Polymorphs by using Fourier-transformed
G.; Bansal, A. K. Molecular Understanding of Reflection-absorption Infrared Spectroscopy
the Compaction Behavior of Indomethacin and Colorimetric Measurement. Journal of
Polymorphs. Molecular Pharmaceutics 2013, Pharmacy and Pharmacology 1993, 46, 162.
10, 631. [CrossRef] [PubMed] [CrossRef]
105 113
Feth, M. P.; Heyse, W.; Baumgartner, B.; Stampa, D. C. A.; Bosch, L. J.; Molins, G. E.;
Nagel, N.; Tappertzhofen, C.; Olpp, T.; Onrubia, M. M. Paroxetine maleate
Jurascheck, J.; Ulrich, J.; Helmdach, L.; polymorph and pharmaceutical compositions
Petzoldt, C. From laboratory to pilot plant: containing it, PCT Patent WO 00/ 01693,
the solid-state process development of a 2000.
114
highly potent cathepsin S/K inhibitor. Chen, X.; Morris, K. R.; Griesser, U. J.;
European Journal of Pharmaceutics and Byrn, S. R.; Stowell, J. G. Reactivity
Biopharmaceutics 2013, 83, 436. [CrossRef] Differences of Indomethacin Solid Forms with
[PubMed] Ammonia Gas. Journal of the American
106
Tong, H. H.; Chow, A. S.; Chan, H. M.; Chemical Society 2002, 124, 15012.
Chow, A. H. Wan, Y. K.; Williams, I. D.; Shek, [CrossRef] [PubMed]
115
F. L.; Chan, C. K. Process-induced phase Munshi, M. V.; Tese de Doutorado,
transformation of berberine chloride University of Michigan, 1973.

2109 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

116 128
De Villiers, M. M.; van der Watt, J. G.; Kitamura, M. Polymorphism in the
Lotter, A. P. Kinetic study of the solid-state crystallization of L-glutamic acid. J. Crystal
photolytic degradation of two polymorphic Growth 1989, 96, 541. [CrossRef]
129
forms of furosemide. International Journal of Dirksen, J. A.; Ring, T. A. Fundamentals of
Pharmaceutics 1992, 88, 275. [CrossRef] crystallization: Kinetic effects on particle size
117
Eyjolfsson, R. Enalapril maleate distributions and morphology. Chemical
polymorphs: instability of form II in a tablet Engineering Science 1991, 46, 2389.
formulation. Pharmazie 2002, 57, 347. [CrossRef]
130
[PubMed] Sugano, K.; Biopharmaceutical modeling
118
Morissette, S. L.; Almarsson, O.; Peterson, and Simulations, 2012. Jonh Wiley & Sons:
M. L.; Remenar, J. F.; Read, M. J.; Lemmo, A. New Jersey. [CrossRef]
131
V.; Ellis, S.; Cima, M. J.; Gardner, C. R. High- Ulrich, J.; Strege, C. Some aspects of the
throughput crystallization: polymorphs, salts, importance of metastable zone width and
co-crystals and solvates of pharmaceutical nucleation in industrial crystallizers. Journal
solids. Advanced Drug Delivery Reviews 2004, of Crystal Growth 2002, 237, 2130. [CrossRef]
132
56, 275. [CrossRef] [PubMed] Myerson, A. S. Handbook of Industrial
119
Blagden, N.; Davey, R. J.; Lieberman, H. F.; Crystallization, 2a. ed., Woburn: Butterworth-
Williams, L.; Payne, R.; Roberts, R.; Rowe, R.; Heinemann, 2002.
133
Docherty, R. Crystal chemistry and solvent Barret, P.; Glennon, B. Characterizing the
effects in polymorphic systems. Sulfathiazole. metastable zone width and solubility curve
Journal of the Chemical Society, Faraday using Lasentec FBRM and PVM. Trans IChemE
Transactions 1998, 94, 1035. [Link] 2002, 80, 799. [CrossRef]
120 134
Parmar, M.M.; Khan, O.; Seton, L.; Ford, J. Mersmann, A.; Bartosch, K. How to predict
L. Polymorph selection with morphology the metastable zone width. Journal of Crystal
control using solvents. Crystal Growth & Growth 1998, 183, 240. [CrossRef]
135
Design 2007, 7, 1635. [CrossRef] Kubota, N. A new interpretation of
121
Burger, A.; Dialer, R. D. New Study Results metastable zone widths measured for
on the Polymorphism of Sulfathiazol. unseeded solutions A new interpretation of
Pharmaceutica Acta Helvetiae 1983, 58, 72. metastable zone widths measured for
122
Chen, W. M.; Zeng, L. M.; Yu, K. B.; Xu, J. unseeded solutions. Journal of Crystal
H. Synthesis and Crystal Structure of Growth 2008, 310, 629. [CrossRef]
136
Carvedilol. Jiegou Huaxue 1998, 17, 325. Lee, A. Y.; Erdemir, D.; Myerson, A. S.
123
Prado, L. D.; Dissertação de Mestrado, Crystal Polymorphism in Chemical Process
Universidade Federal Fluminense, Brasil, Development. Annual Review of Chemical
2012. and Biomolecular Engineering 2011, 2, 259.
124
Davey, R. J.; Allen, K.; Blagden, N.; Cross, [CrossRef] [PubMed]
137
W. I.; Quayle, H. F.; Quayle, M. J.; Righini, S.; Ruecroft, G.; Hipkiss, D.; Ly, T.; Maxted,
Seton, L.; Tiddy, G. J. T. Crystal engineering – N.; Cains, P.W. Sonocrystallization: the use of
nucleation, the key step. CrystEngComm ultrasound for improved industrial
2002, 4, 257. [CrossRef] crystallization. Sonocrystallization: The Use of
125
Leiserowitz, L. To monitor and control Ultrasound for Improved Industrial
nucleation of molecular crystals. Abstracts Crystallization. Organic Process Research &
American Chemical Society 2002, 223, 1. Development 2005, 9, 923. [CrossRef]
126 138
Dunitz, J. D. Are crystal structures Shekunov, B.; Bristow, S.; Chow, A.;
predictable? Chemical Communications Cranswick, L.; Grant, D.; York, P. Formation of
2003,545. [CrossRef] Composite Crystals by Precipitation in
127
Kitamura, M. Controlling factor of Supercritical CO2. Formation of composite
polymorphism in crystallization process. crystals by precipitation in supercritical CO2.
Journal of Crystal Growth 2002, 237, 2205. Crystal Growth & Design 2003, 3, 603.
[CrossRef] [CrossRef]

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2110


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

139
Zaccaro, J.; Matic, J.; Myerson, A. S.; Pharmaceutical Science & Technology Today
Garetz, B. A. Nonphotochemical, laser- 1999, 2, 311. [CrossRef]
150
induced nucleation of supersaturated Ionashiro, M. A.; Giolito, I. Nomenclatura,
aqueous glycine produces unexpected padrões e apresentação dos resultados em
gamma-polymorph. Crystal Growth & Design análise térmica. Cerâmica 1980, 26, 17.
151
2001, 1, 5. [CrossRef] Giron, D. Thermal analysis and
140
Hilden, J. L.; Reyes, C. E.; Kelm, M. J.; Tan, calorimetric methods in the characterisation
J. S.; Stowell, J. G.; Morris, K. R. Capillary of polymorphs and solvates. Thermochim.
precipitation of a highly polymorphic organic Acta 1995, 248, 1. [CrossRef]
152
compound. Crystal Growth & Design 2003, 3, Detoisien, C.; Arnouxa, M.; Taulellec, P.;
921. [CrossRef] Colsonb, D.; Kleinb, J.; Veesler, S. Thermal
141
Myerson, A. S. Crystallization Technology analysis: A further step in characterizing solid
Handbook. Marcel Dekker: New York, 1985. forms obtained by screening crystallization of
142
Sangwal, K. Additives and Crystallization an API. International Journal of
Processes: From Fundamentals to Pharmaceutics 2011, 403, 29. [CrossRef]
Applications. John Wiley & Sons Ltd: West [PubMed]
153
Sussex, 2007 Oliveira, M. A.; Yoshida, M. I.; Gomes, E. C.
143
Yu, L.; Reutzel, S. M.; Stephenson, G. L. Análise térmica aplicada a fármacos e
Physical characterization of polymorphic formulações farmacêuticas na indústria
drugs: an integrated characterization farmacêutica. Química Nova 2011, 34, 1224.
strategy. Pharmaceutical Science & [CrossRef]
154
Technology Today 1998, 1, 118. [CrossRef] Song, J. S.; Sohn Y. T. Crystal forms of
144
Chieng, N.; Rades, T.; Asltonen, J. An naproxen. Archives of Pharmacal Research
overview of recent studies on the analysis of 2011, 34, 87. [CrossRef] [PubMed]
155
pharmaceutical polymorphs. Journal of Bauer, J.; Spanton, S.; Henry, R.; Quick, J.;
Pharmaceutical and Biomedical Analysis Dziki, W.; Porter, W.; Morris, J. Ritonavir: An
2011, 55, 618. [CrossRef] [PubMed] Extraordinary Example of Conformational
145
Albers, A. P. F; Melchiades, F. G.; Polymorphism. Pharmaceutical Research
Machado, R. Um método simples de 2001, 18, 859. [CrossRef] [PubMed]
156
caracterização de argilominerais por difração Wartewig, S.; Neubert, R. H. H.
de raios X. Cerâmica 2002, 48, 34. [CrossRef] Pharmaceutical applications of Mid-IR and
146
Pitaluga, A.; Prado, L. D.; Seiceira, R.; Raman spectroscopy. Advanced Drug Delivery
Wardell, J. L.; Wardell, S. M. S. V. Further Reviews 2005, 57, 1144. [CrossRef] [PubMed]
157
study of (±)-mefloquinium chloride solvates. Farmacopeia Brasileira, 5a. ed. Brasília:
Crystal structures of the hemihydrate and Agência Nacional de Vigilância Sanitária,
monohydrate of (±)-mefloquinium chloride, 2010.
158
from data collected at 120 K. International Skrdla, P. J.; Antonucci, V.; Crocker, L. S.;
Journal of Pharmaceutics 2010, 398, 50. Wenslow, R. M.; Wright, L.; Zhou, G. Journal
[CrossRef] [PubMed] of Pharmaceutical and Biomedical Analysis
147
Kiss, A.; Répási, J.; Salamon, Z.; Novák, C.; 2001, 25, 731. [CrossRef]
159
Pokol, G.; Tomor, K. Solid state investigation Kumar, S.; Chawla, G.; Sobhia, M. E.;
of mefloquine hydrochloride. Journal of Bansal, A. K. Pharmazie 2008, 63, 136.
Pharmaceutical and Biomedical Analysis [CrossRef] [PubMed]
160
1994, 12, 889. [CrossRef] Fifield, F. W.; Kealey, D.; Principles and
148
The United States Pharmacopoeia. 34a. Practices of Analytical Chemistry, 4a. ed.,
ed. United States Pharmacopeial Convention: Chapman & Hall: Glasgow, 1995.
161
Rockville, 2011. Aguiar, M. R. M. P; Gemal, A. L.; San Gil, R.
149
Clas, S. D.; Dalton, C. R.; Hancock, B. C. A. S. Caracterização de polimorfismo em
Differential scanning calorimetry: fármacos por ressonância magnética nuclear
applications in drug development.

2111 Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112|


Prado, L. D.; Rocha, H. V. A.

171
no estado sólido. Química. Nova 1999, 22, Costa, M.; Seiceira, R.; Rodrigues, C.;
553. [CrossRef] Hoffmeister, C.; Cabral, L.; Rocha, H.
162
Raghavan, K.; Dwivedi, A.; Campbell, G. C. Efavirenz dissolution enhancement I: co-
Jr.; Johnston, E.; Levorse, D.; McCauley, J.; micronization. Efavirenz Dissolution
Hussain, M. A Spectroscopic Investigation of Enhancement I: Co-Micronization.
Losartan Polymorphs. Pharmaceutical Pharmaceutics 2013, 5, 1. [CrossRef]
Research 1993, 10, 900. [CrossRef] [PubMed] [PubMed]
163 172
Doherty, C. York, P. Fresemide crystal Andrioli, A.; Prado, L. D.; da Costa, M. A.;
forms: solid state and physicochemical Rocha, H. V. A. Caracterização do insumo
analyses. International Journal of ibuprofeno e a correlação com propriedades
Pharmaceutical Sciences 1988, 47, 141. de dissolução e processamento. Revista de
[CrossRef] Ciências Farmacêuticas Básica e Aplicada
164
Sousa, E. G. R. Dissertação de Mestrado. 2014, 35, 401. [Link]
173
Instituto de Tecnologia de Fármacos - Dennis, A. B.; Farr, S. J.; Kellaway, I. W.;
FIOCRUZ, Brasil, 2012. Davidson, R. In vivo evaluation of rapid
165
Szelagiewicz, M.; Marcolli, C.; Cianferani, release and sustained release Gelucire
S.; Hard, A. P.; Vit, A.; Burkhard, A.; von capsule formulations. International Journal of
Raumer, M.; Hofmeier, U. C.; Zilian, A.; Pharmaceutics 1990, 65, 85. [CrossRef]
174
Francotte, E.; Schenker, R. In Situ Vogt, M.; Kunath, K.; Dressman, J. B.
Characterization of Polymorphic Forms: The Dissolution enhancement of fenofibrate by
Potential of Raman Techniques. Journal of micronization, cogrinding and spray-drying:
Thermal Analysis and Calorimetry 1999, 57, Comparison with commercial preparations.
23. [CrossRef] European Journal of Pharmaceutics and
166
Lin, S. Y. Isolation and solid-state Biopharmaceutics 2008, 68, 283. [CrossRef]
characteristics of a new crystal form of [PubMed]
175
indomethacin. Journal of Pharmaceutical Yu, L. X.; Carlin, A. S.; Amidon, G. L.;
Sciences 1992, 81, 572. [CrossRef] [PubMed] Hussain, A. S. Feasibility studies of utilizing
167
Dressman, J. B.; Amidon, G. L.; Reppas, C.; disk intrinsic dissolution rate to classify drugs.
Shah, V. P. Dissolution Testing as a Prognostic International Journal of Pharmaceutics 2004,
Tool for Oral Drug Absorption: Immediate 270, 221. [CrossRef] [PubMed]
176
Release Dosage Forms. Pharmaceutical Grant, D. J. W.; Brittain, H. G. Em Physical
Research 1998, 15, 11. [CrossRef] [PubMed] Characterization of Pharmaceutical Solids;
168
Ford, J. L.; Rajabi-Siahboomi, A. R. Em Brittain H. G., eds.; Marcel Dekker: New York,
Encyclopedia of Pharmaceutical Technology. 1995.
177
2a ed.; Swarbrick, J., eds.; Marcel Dekker: Sehic, S.; Betz, G.; Hadzidedic, S.; El-Arini,
New York, 2002. S. K.; Leuenberger, H. Investigation of
169
Washington, C. Drug release from intrinsic dissolution behavior of different
microdisperse systems: a critical review. carbamazepine samples. International
International Journal of Pharmaceutics 1990, Journal of Pharmaceutics 2010, 386, 77.
58, 1. [CrossRef] [CrossRef] [PubMed]
170 178
Azarmi, S.; Roa, W.; Lobenberg, R. Current Buckton, G. Em Delineamento de Formas
perspectives in dissolution testing of Farmacêuticas. 2a ed.; Aulton, M. E.
conventional and novel dosage forms. Artemed: Porto Alegre, 2005.
International Journal of Pharmaceutics 2007,
328, 12. [CrossRef] [PubMed]

Rev. Virtual Quim. |Vol 7| |No. 6| |2080-2112| 2112

Você também pode gostar