Você está na página 1de 39

Sumário

ISSN 1415-5419
5 Editorial

12 Acontecimentos / Events
Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial

Volume 13 - Número 6 - Novembro / Dezembro 2008

16 Agenda de Eventos / Events Calendar

17 O que há de novo na Odontologia / What’s new in Dentistry


Volume 13 - Número 6 - Novembro / Dezembro 2008

20 Insight Ortodôntico / Orthodontic Insight

24 Entrevista com Russell T. Kittleson / Interview


Dental Press International

Artigos Inéditos / Unpublished Articles

38 Ortodontia como atividade de meio ou resultado?


Orthodontics as a support or core activity?
Erivaldo Ferreira Lopes, Kátia J. Novello Ferrer,
Maria Helena Castro de Almeida, Renato Castro de Almeida

43 Avaliação da influência do tipo facial nos tamanhos dos espaços


aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo
Evaluation of the influence of facial growth on the sizes of nasopharyngeal
and oropharyngeal spaces
Aline Maria Alencar de Castro, Maria Helena Ferreira Vasconcelos

51 Avaliação do ângulo nasolabial após o tratamento ortodôntico com e sem


extração dos primeiros pré-molares
Assessment of the nasolabial angle after orthodontic treatment with and
without extraction of the first premolars
Flávio Marcos de Almeida, Iara Souza Neves, Tarcísio Junqueira Pereira,
Vânia Célia Vieira de Siqueira

59 Os efeitos da expansão rápida da maxila sobre a permeabilidade nasal


avaliados por rinomanometria e rinometria acústica
The effects of rapid maxillary expansion on the nasal patency
assessed by rhinomanometry and acoustic rhinometry
Bruno Alberto Vidotti, Inge Elly Kiemle Trindade

66 Morfologia das 3ª e 4ª vértebras cervicais representativa do surto de


crescimento puberal
Morphology of the third and fourth cervical vertebrae representative
of the adolescent growth spurt
Tulio Silva Lara, Francisco Antônio Bertoz, Eduardo César Almada Santos,
André Pinheiro de Magalhães Bertoz
77 Estudo cefalométrico individualizado do posicionamento da maxila em
indivíduos com equilíbrio facial e oclusão normal
Individual cephalometric study of the position of the maxilla in subjects with
good facial balance and normal occlusion
Fernando Penteado Lopes da Silva, Cássia Teresinha Lopes de Alcântara Gil,
Danilo Furquim Siqueira, Marco Antônio Scanavini

89 Influência da proporção entre as alturas do ramo mandibular e


dentoalveolar posterior na inclinação do plano mandibular
Relationship between the mandibular ramus height/posterior alveolar
bone height index and the mandibular plane angle
Rivail Almeida Brandão Filho, Marcos Alan Vieira Bittencourt,
Paulo Sérgio Flores Campos

98 Análise do perfil facial masculino adulto jovem, esteticamente agradável,


em fotografias padronizadas: comparação da medição manual com a
computadorizada
Facial profile analysis of esthetically harmonious young male adults in
standardized photographs: comparison of manual versus computerized
measurements
Isabella Cabral Alexandre Schlickmann, Alexandre Moro, Adilson dos Anjos

108 Avaliação da inclinação do incisivo inferior através da tomografia


computadorizada
Computed tomographic evaluation of inferior incisor position
Leopoldino Capelozza Filho, Liana Fattori, Aldir Cordeiro,
Liliana Ávila Maltagliati

118 Diagnóstico de má oclusão de Classe III por alunos de graduação


Class III malocclusion diagnosis by graduation students
José Augusto Mendes Miguel, Cristiane Canavarro, Juliana de Paiva Moura
Ferreira, Ione Helena Portella Brunharo, Marco Antonio de Oliveira Almeida

128 Tópico Especial / Special Topic


Abordagem clínica não-cirúrgica no tratamento da má oclusão de Classe III
Non-surgical approaches to Class III malocclusions treatment
Eustáquio A. Araújo, Cristiana V. de Araújo

158 Normas para publicação / Norms for publishing


Editorial

O papel científico, social e político dos congressos:


novos parâmetros para um futuro melhor
Uma série de artigos foi recentemente publicada sobre Em segundo lugar, recursos de tecnologia devem ser
congressos que contribuíram para mudanças expressivas implementados para aumentar a comunicação com a
no mundo contemporâneo1-5. Esses eventos históricos comunidade que frequentará o congresso. Malas diretas
foram raros, mas marcantes. Ora pela mudança óbvia eletrônicas – não de propaganda convencional, mas com
na direção do conhecimento, ora pelos grandes acordos conteúdo informativo – devem ser enviadas. Adicional-
políticos fechados, que nortearam o futuro das áreas. Se mente, vídeos disponibilizados no YouTube podem ser
é verdade que são raros, também é verdade que a maioria espalhados por meio de links, para que todos possam
dos especialistas provavelmente concorda que raramente entrar na atmosfera, tanto científica quanto social, dos
se espera ouvir grandes novidades em uma conferência. dias que virão.
Essa afirmação nos remete à áspera pergunta: são – real- Também para otimizar o aprendizado, o número e a
mente – necessários os congressos? duração das apresentações formais devem ser enxutos,
O número crescente de congressos é motivo de pre- com poucas exposições orais de mais de uma hora de
ocupação. Obviamente, a velocidade da produção de duração. Além disso, após a palestra, os apresentadores
conhecimento está aumentando, mas a multiplicação devem ficar à disposição da platéia para responder per-
de congressos é, por vezes, mais explicada pelo prestígio guntas em local pré-definido, dispondo, se possível, de
conferido a uma instituição que sedia um evento, e pelo quadro e caneta e da própria apresentação em um monitor
seu retorno financeiro, do que pelo desejo de proporcionar de computador. Esses encontros podem até ser realizados
intercâmbio intelectual. Além disso, muitos encontros na área comercial do congresso, durante os, sempre im-
não deixam claro seus objetivos, e várias palestras não portantes, intervalos para o café. Isso aumenta a interação
têm coesão entre si. com os professores.
Todavia, é importante lembrar que as conferências Não se pode deixar de fora dos congressos as apresen-
científicas tradicionais possuem vários propósitos, e o tações de pôsteres e temas livres. São nessas modalidades
grande trunfo desses acontecimentos é a força da intera- que as estrelas do futuro começam a despontar e o labo-
ção e do estabelecimento de redes de relacionamento. O ratório propiciado por essas exposições é indispensável
poder do contato olho no olho na geração de novas idéias, para o crescimento profissional.
pensamentos e colaborações não pode ser subestimado, Por fim, e não menos importante, deve-se lembrar que
e a tecnologia não o superou. É nas apresentações em a palavra congresso tem como raiz etimológica a conver-
congressos que pesquisadores expressam suas opiniões sação. Assim, é inclusive um momento para que pessoas
de forma mais livre, descompromissados com o formato de posições políticas e ideológicas distintas sentem à mesa
rígido dos artigos científicos. para tratar dos interesses da área. Esses encontros não
A vida dinâmica e estressante da atualidade faz dos devem ser patrulhados ou cerceados, pois apenas, única
congressos uma pausa para mudança de ambiente e foco, e exclusivamente o conhecimento gera progresso e cria
propiciando um ambiente criativo para novas idéias um futuro melhor.
científicas e comerciais. Também é uma pausa para atu- Bons congressos!
alização, que muitas vezes as pessoas não encontram em
suas rotinas diárias. Além de, é claro, ser o momento de Jorge Faber - Editor Chefe
reencontrar amigos ligados entre si pela profissão. E o turis-
mo associado às convenções é um negócio que movimenta
grandes somas de dinheiro em todo o mundo. Referências
Quando um encontro está em vias de ser concebido e 1. BERG, P. Meetings that changed the world: Asilomar 1975:
DNA modification secured. Nature, London, v. 455,
se deseja, realmente, que seja relevante para os congressis- p. 290-291, 18 Sep. 2008.
tas, algumas regras básicas devem ser seguidas. Primeira- 2. DELISI, C. Meetings that changed the world: Santa Fe 1986:
human genome baby-steps. Nature, London, v. 455, p. 876,
mente – e acima de tudo – os organizadores precisam ser 16 Oct. 2008.
claros em relação aos objetivos do evento. Isso significa 3. HARDIN, L. S. Meetings that changed the world: Bellagio
mais que ter um tema que preencha um quesito burocráti- 1969: the green revolution. Nature, London, v. 455, p. 470,
25 Sep. 2008.
co. A comissão organizadora tem que se esforçar para que 4. Houghton, J. Meetings that changed the world: Madrid
os palestrantes se atentem e adiram ao tema. Isso inclui 1995: diagnosing climate change. Nature, London, v. 455,
inserir na grade de apresentadores apenas pessoas capazes p. 737, 8 Oct. 2008.
5. ROSE, F. Meetings that changed the world: Paris 1951: the
de falar com grande expertise sobre “aquele” tema, mesmo birth of CERN. Nature, London, v. 455, p. 174-175, 11 Sep.
que englobe assuntos de diferentes áreas. 2008.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 5 Maringá, v. 13, n. 6, p. 5, nov./dez. 2008


O que há de novo na Odontologia

Braquetes autoligáveis - futuro da Ortodontia?


Marcos A. Lenza*

O interesse em se corrigir uma má posição


dentária esteve presente mesmo antes da era An-
gle. Este interesse veio sempre associado a novas
invenções tecnológicas. Kingsley (1825-1896) de-
senvolveu a tração occipital e o plano inclinado.
Farrar (1839-1913) já desenvolvia um interesse
mais aguçado pela biologia da movimentação den-
tária e pelo estudo da mecânica dos movimentos.
Da mesma forma, desenvolveu dispositivos para a
correção de rotações dentárias e expansão da ma-
xila com parafuso expansor. Angle (1855-1930)
não só contribuiu para a Ortodontia como ciência,
mas patenteou inúmeros aparelhos ortodônticos
(Fig. 1), a iniciar pelo arco-E (1900), depois pelo
aparelho pino e tubo (1910), arco de cinta (1916)
e culminando com o modelo final do aparelho
Edgewise, em 19261. Desta forma, a Ortodontia
como especialidade evoluiu muito, cientificamen-
te, e esteve sempre associada a uma constante
procura por inovações tecnológicas que viessem
a viabilizar o avanço da ciência. Com os anos, o
empirismo inicial foi sendo substituído por funda- FIGURA 1 - Arco-E de Angle (apresentado em 1900 e patenteado em 1901) já
propagava a idéia da expansão com o objetivo de se obter espaços no arco
mentos que hoje se difundem em nossos conheci- para todos os dentes.
mentos sobre a Ortodontia.
Nestes últimos 10 anos, pode-se observar uma
proliferação de aparelhos pré-ajustados com tec- tratamento finalizado em um menor período de
nologia de dispositivos autoligáveis. Segundo os tempo.
seus idealizadores, quando associados ao uso de Apesar do seu uso ser relativamente recente, os
fios superelásticos com formato mais expansivo, braquetes autoligáveis não são novidade na Orto-
permitem ao profissional a obtenção de excelentes dontia, tendo sido descrito pela primeira vez por
resultados, sem a necessidade de extração de pré- Stolzenberg, em 193511. Hoje, ganharam enorme
molares, além de propiciarem uma força “fisiológi- popularidade em todo o mundo, pois, na era di-
ca” leve e contínua para movimentação dentária, gital, as “novidades” são transmitidas muito mais
gerando baixo nível de atrito e resultando em um rapidamente12.

* Chefe do departamento de Crescimento e Desenvolvimento (Ortodontia e Odontopediatria) e coordenador do programa de pós-graduação em


Ortodontia (mestrado e doutorado) da Faculdade de Odontologia da Universidade de Nebraska.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 17 Maringá, v. 13, n. 6, p. 17-19, nov./dez. 2008
Lenza, M. A.

de feixe cônico (CBCT) aplicada a estes casos per- A estabilidade destes casos será objetivo de pes-
mite obter a análise tridimensional das alterações quisa futura.
do osso alveolar em uma amostra relativamente Há necessidade de novos estudos para avaliar o
grande, o que seria impensável anteriormente, por efeito desta expansão promovida pela técnica dos
razoes éticas (Fig. 2). braquetes autoligáveis com arcos expansivos14. A
Os resultados demonstram haver redução na falta de mais evidências científicas não nos per-
quantidade de osso alveolar por vestibular após o mite apenas contemplar os resultados estéticos. A
tratamento, embora em nenhum caso tenham sido Ortodontia como ciência tem a sua história. Não
observadas deiscências ósseas. A quantidade de se pode permitir que haja a substituição dos prin-
expansão mais acentuada foi detectada na região cípios fundamentais que são inerentes a esta his-
de pré-molares, seguida por caninos e em menor tória pelo modismo atual de uma nova técnica. É
magnitude nos molares. Embora estes resultados preciso se preocupar...
pareçam promissores quanto ao uso do sistema
de braquetes autoligáveis, ressalta-se que foram Agradecimentos
tratados apenas adolescentes com má oclusão de Dr. Hideo Mitani e Kim Carlsson por terem
Classe I e II, com moderado grau de apinhamento. cedidos as figuras 1 e 2, respectivamente.

Referências

1. ANGLE, E. H. The treatment of malocclusion of the teeth. 7th 11. STOLZENBERG, J. The Russell attachment and its improved
ed. Philadelphia: SS White, 1907. advantages. Int. J. Orthod. Dent. Child., [s.l.], v. 21, p. 837-840,
2. BURROW, S. To extract or not to extract: a diagnostic decision, 1935.
not a marketing decision. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., 12. ZACHRISSON, B. U. Global trends and paradigm shifts in clinical
St. Louis, v. 133, no. 3, p. 341-342, 2008. Orthodontics. World J. Orthod., Carol Stream, v. 6, no. 1, p.
3. CARLSSON, K. H.; THORGEIRSSON, T. Active and passive 3-7, 2005. Supplement.
self-ligating systems: evaluation of transversal expansion, 13. ZACHRISSON, B. U. Use of self-ligating brackets, superelastic
bucco-lingual tooth inclination and buccal bone quality. 2007. wires, expansion/proclination and permanent retention: a word
(Thesis)-University of Aarhus, Dennmark, 2007. of caution. World J. Orthod., Carol Stream, v. 7, no. 2,
4. DAMON, D. H. Damon system: the workbook. Glendora: p. 198-206, Summer 2006.
Ormco. 14. ZACHRISSON, B. U. Proper quality Orthodontics vs the new
5. DAMON, D. H. The rationale, evolution and clinical application mechanical “systems”. World J. Orthod., Carol Stream, v. 8,
of the self-ligating bracket. Clin. Orthod. Res., Copenhagen, no. 4, p. 412-419, Winter 2007.
v. 1, no. 1, p. 52-61, Aug. 1998.
6. GRABER, T. M.; VANARSDALL, R. L.; VIG, K. W. L. Orthodontics:
current principles and techniques. 4th ed. St. Louis: Elsevier-
Mosby, 2005.
7. HARRADINE, N. W. T. Self-ligating brackets: where are we now?
J. Orthod., London, v. 30, no. 3, p. 262-273, Sept. 2003.
8. LITTLE, R. M. Stability and relapse of mandibular anterior
alignment: University of Washington studies. Semin. Orthod., Endereço para correspondência
Philadelphia, v. 5, no. 3, p. 191-204, Sept. 1999. Marcos A. Lenza
9. PECK, S. So what’s new? Arch expansion, again. Angle Orthod., University of Nebraska Medical Center College of Dentistry
Appleton, v. 78, no. 3, p. 574-575, May 2008. Department of Growth and Development
10. RINCHUSE, D. J.; MILES, P. G. Self-ligating brackets: present 40th & Holdrege
and future. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, Lincoln – Nebraska – USA 68583
v. 132, no. 2, p. 216-222, Aug. 2007. E-mail: mlenza@unmc.edu

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 19 Maringá, v. 13, n. 6, p. 17-19, nov./dez. 2008
Insight Ortodôntico

Trauma oclusal antes, durante e depois do


tratamento ortodôntico:
aspectos morfológicos de sua manifestação

Alberto Consolaro*

O trauma oclusal pode ser definido como a le- Primeiro Momento


são periodontal induzida pela pressão dos dentes No primeiro momento, o trauma oclusal pri-
antagonistas, quer seja direta ou indiretamente. O mário pode ser assintomático ou subclínico. Em
trauma oclusal também pode ser definido como muito casos produz, inicialmente, uma sintoma-
a lesão induzida nos tecidos de inserção dentária tologia caracterizada por dor difusa associada a
decorrente de forças oclusais excessivas. um discreto aumento da mobilidade dentária, que
As especificidades do trauma oclusal não per- pode durar dias, semanas e até meses. No ligamen-
mitem que possa ser comparado ao traumatismo to periodontal, poderemos encontrar um discreto
dentário e, muito menos ainda, ao movimento edema e infiltrado celular, caracterizando uma in-
dentário induzido para finalidades ortodônticas. O flamação crônica inespecífica e difusa, identificada
trauma oclusal, o traumatismo dentário e o movi- como pericementite crônica.
mento ortodôntico são situações clínicas distintas,
assim como as alterações teciduais induzidas. Al- Segundo Momento
guns especialistas de outras áreas chegam a com- No segundo momento, algumas semanas depois
parar, equivocadamente, a movimentação dentária de iniciado o processo, pode-se notar, radiografi-
induzida com algo semelhante ao traumatismo camente, o alargamento uniforme do espaço pe-
dentário e ao trauma oclusal. Provavelmente, isso riodontal, com espessamento da lâmina dura que
decorre de desconhecimento sobre a biopatologia representa a cortical óssea alveolar (Fig. 1, 2, 3).
da movimentação ortodôntica, do trauma oclusal Estas imagens radiográficas ocorrem em conse-
e do traumatismo dentário e, talvez, porque são qüência da necessidade de fibras periodontais mais
três situações que têm em comum o fato de se- espessas e mais longas para suportar um aumento
rem promovidas por agentes físicos, daí a confusão da função, ou seja, para absorver as forças oclusais
conceitual se estabelece. mais intensas. Aumenta-se, assim, a espessura do
Para facilitar a diferenciação e a compreensão ligamento periodontal. Ao mesmo tempo, estas fi-
dos eventos e sinais do trauma oclusal, dividimos bras periodontais maiores requerem uma inserção
sua evolução em quatro momentos. igualmente maior, aumentando-se a espessura da

* Professor na graduação e pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Bauru/USP. Professor na pós-graduação da


Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 20 Maringá, v. 13, n. 6, p. 20-23, nov./dez. 2008
Entrevista

Russell T. Kittleson

- Graduado em Odontologia pela Marquette University School


of Dentistry em 1958 Milwaulkee, Wisconsin, EUA.
- Especialização e mestrado em Ortodontia pela University of
Illinois em 1960 Chicago, Illinois, EUA.
- Fundador e professor adjunto do mestrado em Ortodontia da
Marquette University desde 1961.
- Consultório particular em Milwaukee, Wisconsin, desde
1960.
- Membro da Edward H. Angle Society of Orthodontics.
- Em 2005, recebeu o prêmio Earl E. Shepard, um dos maiores
prêmios da Ortodontia norte-americana, entregue aos orto-
dontistas que melhor representam os ideais da especialidade
e que contribuíram exemplarmente para a arte e ciência da
Ortodontia.
- Agraciado com prêmios de reconhecimento pelos serviços
prestados à Ortodontia pela Pierre Fauchard Honorary Dental
Society, American College of Dentists, Marquette University
Alumni Association e Wisconsin Society of Orthodontists.
- Ex-presidente da Edward H. Angle Society of Orthodontists e da Wisconsin Society of Orthodontists.
- Proferiu diversas palestras nos Estados Unidos, Europa, Ásia, Israel e Brasil.
- Foi membro efetivo de mais de 100 bancas examinadoras de dissertações de mestrado.

Quantas vezes nos pegamos pensando sobre a qualidade da Ortodontia que praticamos em nosso cotidiano?
Em quais áreas poderíamos melhorar a condução dos tratamentos que realizamos? Há algum novo conhecimento
que poderia causar um impacto verdadeiro na forma de diagnosticar e tratar nossos pacientes? Qual artigo recente
vale a pena ser lido de novo? Qual a palestra do próximo congresso que não poderei deixar de assistir? Essas são
perguntas que exemplificam alguns pequenos passos dos ortodontistas interessados em seu crescimento profissional.
O convidado da sessão de entrevista desse volume da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, o Dr.
Russel Kittleson, humildemente, se faz essas perguntas há 50 anos, sempre buscando a excelência clínica e o desen-
volvimento constante como ortodontista, professor e mestre.
Em 1960, após o término de seu curso de Ortodontia, o Dr. Kittleson retornou a Milwaukee e foi um dos funda-
dores do programa de mestrado em Ortodontia da Marquette University, onde leciona até hoje. Sua dedicação aos
alunos e à instituição é inesquecível aos que ali se formam. Seu cuidado com os pacientes, o estímulo ao pensamento
crítico e sua humildade no trato com os mestrandos são sempre lembrados nas reuniões de ex-alunos. Sua postura
e entrega ao longo de todos esses anos lhe rendeu, em 2005, um dos maiores reconhecimentos que um ortodontista
pode receber nos Estados Unidos: o prêmio Earl E. Shepard, que é entregue anualmente aos profissionais que melhor

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 24 Maringá, v. 13, n. 6, p. 24-37, nov./dez. 2008
Kittleson, R. T.

representam os ideais da especialidade e que contribuíram exemplarmente para a arte e ciência da Ortodontia. Fora
do meio acadêmico, o Dr. Kittleson também atingiu sucesso considerável, sendo, por exemplo, ex-presidente da Angle
Society. Clinicando inicialmente com seu irmão e hoje em dia com seu filho caçula, seu consultório é referência de
qualidade em sua cidade.
Além de suas qualificações profissionais, nosso entrevistado tem como curiosidade uma relação especial com o
Brasil, iniciada durante os dois anos de seu mestrado na Universidade de Illinois, em Chicago. Durante esse período,
ele foi colega do Dr. Carlos Jorge Vogel que, desde então, tornou-se um de seus grandes amigos. Além disso, dentre
os mais de duzentos alunos que o Dr. Kittleson ajudou a treinar no departamento de Ortodontia da Marquette Uni-
versity, cinco são brasileiros. Não bastasse sua proximidade com nosso país devido à profissão, seu filho mais velho,
Roger, é historiador e professor de História do Brasil no Williams College, em Massachusetts. Dedicação maior do que
à Ortodontia só mesmo à sua família. Casado, também há 50 anos, com Jean, ex-professora de ensino fundamental
e, como ele sempre diz, “sua companheira em todos os passos dessa longa caminhada”. Além de Roger, o casal teve
mais dois filhos: Gary, ambientalista, e John, ortodontista. Atualmente, seus cinco netos são motivo de muitas alegrias
e satisfação para os avôs Jean e Russ Kittleson.
Nas próximas páginas, o Dr. Russell Kittleson nos conta um pouco de sua vivência na Ortodontia durante esses
últimos cinqüenta anos.

Dauro Douglas Oliveira

Poucos ortodontistas têm a coragem de mos- perguntar: “Porque essa abordagem clínica não
trar suas falhas, o senhor é uma das raras ex- funcionou com esse paciente, se ela deu tão cer-
ceções à regra, mostrando os casos que não to em outro paciente com um problema bastan-
foram bem sucedidos, com dignidade e gran- te parecido?”. Portanto, a busca pelos motivos de
de valia para os ortodontistas jovens. Gosta- nossas falhas e a avaliação das opções para corrigir
ria de lhe cumprimentar por essa atitude e o problema criado são uma grande chance para
lhe perguntar: (a) Podemos esperar que ou- nosso crescimento profissional. Além disso, acre-
tros ortodontistas mostrem seus insucessos? dito firmemente que mostrar os tratamentos que
(b) Como o senhor acha que um profissional não deram tão certo para os alunos de Ortodontia
seria visto pelos seus colegas após revelar é extremamente valioso para sua formação. Sem-
que alguns de seus casos não tiveram o resul- pre acreditei nisso e sempre usei essa abordagem
tado esperado? Eustáquio Araújo didática em minha vida acadêmica.
Eu acredito que todos têm um ego e alguns
podem achar que, caso mostrem suas falhas, serão O senhor tem 48 anos de experiência clínica e
vistos como maus ortodontistas. Entretanto, eu é reconhecido em seu país por sua excelência
penso que examinar e mostrar nossos insucessos como ortodontista. Mas, como dito na respos-
é um processo de grande aprendizado e constitui ta anterior, todos somos passíveis de erros
uma oportunidade de ensino excelente, talvez ao longo da carreira. Em sua opinião, porque
até melhor do que se mostrarmos somente nos- erramos? Quais são as principais causas de
sos casos bem sucedidos. Todo ortodontista tem nossas falhas? Como poderíamos evitá-las?
seus sucessos, mas nós certamente temos insuces- Dauro Oliveira
sos também. Você aprende com seus erros ao se Penso que a maioria dos erros durante os tra-

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 25 Maringá, v. 13, n. 6, p. 24-37, nov./dez. 2008
KittlesOn, R. t.

REfERêNCIAS
1. CANUT, J. A. Mandibular incisor extraction: indications and long- 7. LITTLE, R. M. Stability and relapse of mandibular anterior align-
term evaluation. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 18, no. 5, p. 485-489, ment: University of Washington studies. Semin. Orthod., Philadel-
Oct. 1996. phia, v. 5, no. 3, p. 191- 204, Sept. 1999.
2. CHA, J. Y.; MAH, J.; SINCLAIR, P. Incidental findings in the 8. RHEUDE, B.; SADOWSKY, P. L.; FERREIRA, A.; JACOBSON, A.
maxillofacial area with 3-dimensional cone-beam imaging. Am. An evaluation of the use of digital study models in orthodontic
J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 132, no. 1, p. 7-14, diagnosis and treatment planning. Angle Orthod., Appleton,
July 2007. v. 75, no. 3, p. 300-304, May 2005.
3. FAEROVIG, E.; ZACHRISSON, B. U. Effects of mandibular incisor 9. STEVENS, D. R.; FLORES-MIR, C.; NEBBE, B.; RABOUD, D. W.;
extraction on anterior occlusion in adults with Class III malocclu- HEO, G.; MAJOR, P. W. Validity, reliability, and reproducibility of
sion and reduced overbite. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., plaster vs digital study models: comparison of peer assessment
St. Louis, v. 115, no. 2, p. 113-124, Feb. 1999. rating and Bolton analysis and their constituent measurements.
4. KAU, C. H.; RICHMOND, S.; PALOMO, J. M.; HANS, M. G. Three- Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 129, no. 6,
dimensional cone beam computerized tomography in Orthodon- p. 794-803, June 2006.
tics. J. Orthod., London, v. 32, no. 4, p. 282-293, Dec. 2005. 10. ZILBERMAN, O.; HUGGARE, J. A.; PARIKAKIS, K. A. Evalua-
5. KLEIN, D. J. The mandibular central incisor, an extraction option. tion of the validity of tooth size and arch width measurements
Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 111, no. 3, using conventional and three-dimensional virtual orthodontic
p. 253-259, Mar. 1997. models. Angle Orthod., Appleton, v. 73, no. 3, p. 301-306,
6. KOKICH, V. G.; SHAPIRO, P. A. Lower incisor extraction in ortho- June 2003.
dontic treatment: four clinical reports. Angle Orthod., Appleton,
v. 54, no. 2, p. 139-153, Apr. 1984.

Carlos Alberto E. Tavares Eustáquio Afonso Araújo

- Mestre e doutor em Ortodontia – UFRJ / Rio de Janeiro. - Diretor clínico do mestrado em Ortodontia – Saint Louis
- Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia. University / Saint Louis, MO, EUA.
- Fundador e professor visitante do mestrado em
Ortodontia – PUC Minas / Belo Horizonte.
- Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia.
Carlos Jorge Vogel - Mestre em Ortodontia – University of Pittsburgh,
Pittsburgh, PA, EUA.
- Doutor pela Universidade de São Paulo.
- Master of Science pela University of Illinois, Chicago, USA.
- Membro da Edward H. Angle Society of orthodontists.
- Ex-diretor do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Ildeu Andrade Júnior
Facial.
- Doutor em Biologia Celular – UFMG / Belo Horizonte.
- Mestre em Ortodontia – Marquette University, Milwaukee,
WI, EUA.
Dauro Douglas Oliveira - Coordenador do Centrare – Centro de Reabilitação de
Anomalias Congênitas Labiopalatais e Craniofaciais da
- Doutor em Ortodontia – UFRJ / Rio de Janeiro. PUC Minas / Belo Horizonte.
- Mestre em Ortodontia – Marquette University, Milwaukee, - Professor adjunto em Ortodontia – PUC Minas / Belo
WI, EUA. Horizonte.
- Coordenador do mestrado em Ortodontia – PUC Minas,
Belo Horizonte.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 37 Maringá, v. 13, n. 6, p. 24-37, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Ortodontia como atividade de meio ou resultado?


Erivaldo Ferreira Lopes*, Kátia J. Novello Ferrer**, Maria Helena Castro de Almeida***,
Renato Castro de Almeida****

Resumo

Este trabalho apresenta a Ortodontia como atividade de meio, abordando as obrigações profis-
sionais e as formas de se evitar e de se defender de ações judiciais. A grande parte dos litígios
entre pacientes e ortodontistas se dá pelo fato equivocado, que ainda perdura, de que muitos
juristas consideram a Ortodontia uma especialidade de fim, quando, na verdade, sua prática
está sujeita a fatores que a caracterizam como atividade de meio. A Ortodontia deve ser, por-
tanto, considerada uma obrigação de meio, onde o profissional tem o dever de utilizar todos
os meios possíveis para atingir as expectativas do paciente, sem, entretanto, ter a obrigação
de atingir o resultado idealizado. O ortodontista deve ser responsabilizado somente quando
incorrer em imprudência, negligência, imperícia ou em caso de propaganda enganosa. Para
evitar litígios, o ortodontista deve ter uma boa conduta profissional, registrando e mantendo
arquivadas todas as etapas do tratamento, efetuando diagnósticos diferenciados, baseados nas
características individuais, e escolhendo e conduzindo adequadamente o plano de tratamento.

Palavras-chave: Atividade de meio. Atividade de resultado. Processo judicial.

INTRODUÇÃO prestar um serviço com o melhor de sua força fí-


O crescente número de ações judiciais contra sica, mental e intelectual, bem como com a res-
ortodontistas no Brasil é um fato preocupante, ponsabilidade normal que se espera de um pro-
principalmente a partir do advento do Código de fissional qualificado para o desenvolvimento da
Defesa do Consumidor, conforme Lei n. 8.078 de tarefa contratada. Uma obrigação de meio indica
11 de setembro de 1990. É perceptível a mudan- que há um comprometimento de dedicação pes-
ça no comportamento dos pacientes ortodônticos soal com vistas ao melhor resultado. Trata-se de
brasileiros que são usuários de serviço e buscam uma obrigação subjetiva, onde um resultado final
na justiça a reposição de um prejuízo sofrido22. pode não corresponder totalmente ao esperado.
As obrigações de meio podem ser definidas As obrigações de resultado, ao contrário, seriam
como sendo uma espécie de comprometimento, objetivas, tendo como obrigatoriedade o resulta-
que um contratante faz com um contratado, de do proposto4,12,13.

* Mestre e doutorando em Ortodontia pelo C.P.O. São Leopoldo Mandic. Professor assistente de Ortodontia da FUNORTE/NE. Graduando em
Direito pela UNESC/Campina Grande/PB.
** Especialista em Prótese Dentária e em Ortodontia pela UNICASTELO. Mestre em Odontologia pela UNICASTELO. Doutora em Ortodontia pela
FOP/UNICAMP. Coordenadora e professora do programa de mestrado em Odontologia, área de Ortodontia, do C.P.O. São Leopoldo Mandic.
*** Especialista em Ortodontia pelo C.F.O. Doutora e livre-docente em Ortodontia pela FOP/UNICAMP. Professora do programa de mestrado em
Odontologia, área de Ortodontia, do C.P.O. São Leopoldo Mandic. Professora do programa de doutorado em Odontologia, área de Ortodontia,
do C.P.O. São Leopoldo Mandic.
***** Especialista em Ortodontia pelo C.F.O. Especialista em Radiologia pela FOP/UNICAMP. Mestre e doutor em Ortodontia pela FOP/UNICAMP. Coor-
denador e professor do programa de mestrado em Odontologia, área de Ortodontia, do C.P.O. São Leopoldo Mandic. Professor do programa de
doutorado em Odontologia, área de Ortodontia, do C.P.O. São Leopoldo Mandic.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 38 Maringá, v. 13, n. 6, p. 38-42, nov./dez. 2008
Ortodontia como atividade de meio ou resultado?

Orthodontics as a support or core activity?

Abstract
This study presents Orthodontics as a support activity, approaching professional obligations and ways to avoid and
defend against legal action. A considerable part of litigation between patients and orthodontists results from the
mistaken fact, which still persists, that many scholars regard Orthodontics as a core activity. In reality, its practice
is subjected to factors that characterize it as a support activity. Orthodontics must be, therefore, regarded as a
support obligation, whereupon the professional has the obligation to make use of all means possible to meet the
patient’s expectations – without, however, having the obligation to achieve the idealized result. The orthodontist
must be made responsible only upon acts of imprudence, negligence, malpractice, or in the case of false advertis-
ing. In order to avoid litigation, orthodontists must have good professional conduct, registering and filing all stages
of the treatment, performing differential diagnostics, based on individual characteristics, and adequately choosing
the treatment plan.

Key words: Support activity. Result activity. Litigation.

Referências
1. BOWERS, S. A. Second opinions. Am. J. Orthod. Dentofacial 17. SANTOS, A. M. A obrigação do resultado do cirurgião
Orthop., St. Louis, v. 97, no. 3, p. 269-270, Mar. 1990. dentista. Ortodontia, São Paulo. Disponível em: <http://www.
2. BRASIL. Código de defesa do consumidor: lei nº 8.078, de 11 odontologia.com.br/artigos>. Acesso em: 12 abr. 2005.
de setembro de 1990. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 18. SCAFF, F. C. A responsabilidade do empresário pelo fato do
3. BRASIL. Novo Código Civil brasileiro: lei nº 10.406, de 10 de produto e do serviço, do Código Civil ao Código de Proteção
janeiro de 2002. 3. ed. São Paulo: R. dos Tribunais, 2003. e Defesa do Consumidor. Rev. Trib., São Paulo, v. 737, p.
4. CALVIELLI, I. T. P. O código de defesa do consumidor e o 23-33, 1997.
cirurgião-dentista como prestador de serviços. In: SILVA, M. 19. SILVA, A. A.; MALACARNE, G. B. Responsabilidade civil do
Compêndio de Odontologia Legal. São Paulo: Medsi, 1997. cirurgião dentista perante o Código de Defesa do Consumidor.
5. DEMOGUE, R. La classification des obligations determinées JBO, Curitiba, v. 4, n. 22, p. 305-310, jul. 1999.
(où de resultat) et obligations génerales de prudence et 20. VENOSA, S. S. Direito civil: responsabilidade civil. 4. ed. São
diligence (où des moyens). 5e. éd. Paris: [s.n.], 1926. Paulo: Atlas, 2004. v. 4.
6. DIAS, J. A. Da responsabilidade civil. Rio de Janeiro: Forense, 21. WHEELER, I. P. W. Risk preclusion. Am. J. Orthod. Dentofacial
1983. Orthop., St. Louis, v. 10, no. 2, p. 194-195, Feb. 1992.
7. GIOSTRI, H. T. Erro médico: a luz da jurisprudência 22. ZART, R. E. Responsabilidade civil do cirurgião dentista. Jus.
comentada. Curitiba: Juruá, 1998. Navigandi, [s.l.], v. 7, no. 83, set. 2003. Disponível em: <http://
8. KOUBIK, R.; FERES, M. A. L. Aspectos legais da Ortodontia. www.jus.com.br/doutrina/texto>. Acesso em: 14 abr. 2005.
Ortodontia, São Paulo, v. 28, no. 2, p. 64, 70, maio/ago. 1995. 23. KELSEN, H. Teoria geral das normas. Trad. José Florentino
9. Machen, D. E. Legal aspects of orthodontic practice: risk Duarte. Porto Alegre: Fabris, 1986.
management concepts. Treatment records and the defensible 24. KELSEN, H Teoria pura do Direito. Trad. Arménio Amado. 4.
case. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 96, ed. Coimbra, 1976.
no. 2, p. 173-175, Aug. 1989.
10. MACHEN, D. E. The need for a structured dismissal program.
Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 97, no. 2,
p. 176-177, 1990.
11. MALACARNE, G. B.; SILVA, A. A. Natureza da relação
profissional/paciente e do contrato. JBO, Curitiba, v. 4, n. 23,
p. 424-429, set. 1999.
12. OLIVEIRA, M. L. L. Responsabilidade civil odontológica. Belo
Horizonte: Del Rey, 2000.
13. PENNEAU, J. La responsabilité médicale. Paris: Dalloz, 1977.
14. PIZAN, A.; VARGAS NETO, J.; JANSON, G. R. P. O paciente
ortodôntico quanto ao seu grau de informação e motivação,
e suas expectativas acerca do tratamento. Ortodontia, São
Paulo, v. 30, n. 3, p. 40-44, set./dez. 1997.
15. PRUX, O. I. Um novo enfoque quanto à responsabilidade civil Endereço para correspondência
do profissional liberal. RPDC, Portugual, n. 6, p. 25-55, jun. Erivaldo Ferreira Lopes
1996. Avenida Dom Pedro II , nº 112, sala 204
16. RAMOS, D. L. P. A ignorância do paciente quanto à dinâmica Campina Grande - PB Centro Médico José Fernandes Filho
do tratamento odontológico: freqüente causa de conflitos CEP: 58.101-270
jurídicos. J. APCD, São Paulo, v. 33, p. 497, set. 1998. E-mail: erifl@hotmail.com

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 42 Maringá, v. 13, n. 6, p. 38-42, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Avaliação da influência do tipo facial nos tamanhos


dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo*
Aline Maria Alencar de Castro**, Maria Helena Ferreira Vasconcelos***

Resumo

Introdução: a diminuição no tamanho do espaço aéreo nasofaríngeo, causada pela hipertrofia da


tonsila faríngea, tem sido associada a alterações no padrão normal de crescimento craniofacial
e a efeitos deletérios na oclusão. Objetivos: avaliar variações nos tamanhos dos espaços aéreos
nasofaríngeo e bucofaríngeo de acordo com o padrão de crescimento craniofacial, a correlação
entre os tamanhos dos espaços e o índice VERT, além de verificar um possível dimorfismo se-
xual. Métodos: foi utilizado um total de 90 telerradiografias laterais de pacientes, divididos em
três grupos: meso, braqui e dolicofacial, determinados por meio do índice VERT de Ricketts.
Os pacientes da amostra, com idades entre 9 e 16 anos, apresentavam padrão respiratório na-
sal, sem qualquer tipo de obstrução. Resultados: não foi verificada variação estatisticamente
significante nos tamanhos dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo, quando compara-
dos os três tipos faciais. Também não foi encontrada correlação entre os tamanhos dos espaços
aéreos e os valores do índice VERT de Ricketts dos pacientes e não houve dimorfismo sexual.
Conclusões: pode-se descartar a influência do tipo facial nos tamanhos dos espaços aéreos
nasofaríngeo e bucofaríngeo.

Palavras-chave: Espaço nasofaríngeo. Espaço bucofaríngeo. Padrão de crescimento craniofacial.


Índice VERT de Ricketts.

INTRODUÇÃO bucal, supostamente por este apresentar o espaço


O tamanho do espaço nasofaríngeo pode apre- aéreo mais estreito; porém, tal fato não está supor-
sentar-se alterado devido à presença da adenóide tado por evidências científicas. Parte dos estudiosos
(tonsila faríngea hipertrófica); e o bucofaríngeo do assunto ressalta que, quando o tamanho do espa-
em função da postura inadequada da língua, cau- ço nasofaríngeo apresenta-se diminuído – seja pela
sada pelo desequilíbrio neuromuscular promovi- presença da adenóide ou pela estrutura anatômica
do pela respiração bucal6,10. Pacientes portadores estreita da nasofaringe – o paciente apresenta uma
destes distúrbios funcionais quase sempre são res- alteração no padrão normal de crescimento e de-
piradores bucais. senvolvimento craniofacial, representada por uma
O padrão de crescimento dolicofacial tem sido, tendência de crescimento mais vertical da face8. Al-
freqüentemente, associado ao paciente respirador gumas pesquisas relatam que os pacientes dolicofa-

* Resumo da dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Odontologia da UMESP para a obtenção do título de mestre em Ortodontia.
** Mestre pelo programa de pós-graduação em Odontologia (área de concentração Ortodontia) da UMESP.
*** Professora titular do programa de pós-graduação em Odontologia (área de concentração Ortodontia) da UMESP. Doutora em Ortodontia pela
FOB-USP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 43 Maringá, v. 13, n. 6, p. 43-50, nov./dez. 2008
Castro, A. M. A.; Vasconcelos, M. H. F.

Em estudos longitudinais, é comum a observação respiradores bucais na amostra.


da mudança no modo respiratório de nasal para Esta pesquisa justifica-se pela escassez de traba-
bucal e vice-versa, ao longo do tempo21. O cresci- lhos direcionados à mensuração dos espaços aére-
mento e desenvolvimento craniofacial se estabe- os nasofaríngeo e bucofaríngeo utilizando apenas
lece precocemente e não é influenciado de forma pacientes predominantemente respiradores nasais,
significante pelo modo respiratório21,27. sem qualquer distúrbio funcional respiratório. Os
Avaliando apenas pacientes respiradores nasais, pacientes respiradores bucais são os mais prevalen-
o tamanho do espaço aéreo nasofaríngeo pode não tes neste tipo de estudo. Estes pacientes não foram
exercer influência na morfologia craniofacial17,22. incluídos na amostra, em virtude da influência que
O espaço nasofaríngeo precisa apenas ser suficien- o tamanho da adenóide poderia exercer no tama-
te para permitir a passagem aérea nasal22. Por meio nho do espaço nasofaríngeo, podendo mascarar os
da mensuração da resistência aérea nasal, uma cor- resultados quando fossem comparados os três ti-
relação significante entre esta e a morfologia cra- pos faciais: meso, braqui e dolicofacial.
niofacial pode não ser encontrada31. A resistência
aérea nasal e o padrão respiratório nasal podem CONCLUSÕES
não apresentar correlação significante com a confi- De acordo com a metodologia empregada nes-
guração morfológica das estruturas craniofaciais31. te trabalho e com a análise dos resultados, con-
O espaço bucofaríngeo, ao contrário do na- cluiu-se que:
sofaríngeo, não é muito avaliado nos trabalhos • Não foi observada influência do padrão de
científicos. A presente pesquisa encontrou valores crescimento craniofacial nos tamanhos dos espa-
similares para o espaço bucofaríngeo, quando com- ços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo.
parados os tipos faciais meso, braqui e dolicofacial. • Não houve correlação entre os valores do ín-
Quando comparados pacientes normo e hiperdi- dice VERT de Ricketts e os tamanhos dos espaços
vergentes, também não se encontraram diferenças aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo.
significantes na medida do espaço bucofaríngeo12. • Não houve dimorfismo sexual nos tamanhos
Um detalhe importante do trabalho de Joseph et dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo.
al.12 é que não foi avaliado o padrão respiratório
Enviado em: maio de 2006
dos pacientes, indicando a provável presença de Revisado e aceito: maio de 2008

Evaluation of the influence of facial growth on the sizes


of nasopharyngeal and oropharyngeal spaces

Abstract
Introduction: The variation in sizes of the nasopharyngeal and oropharyngeal space occurs due to genetic and/or
environmental factors. The reduction in size of the nasopharyngeal space, caused by the hypertrophy of the pha-
ryngeal tonsil, have been associated to alterations in facial growth pattern and to harmful effects in occlusion. Aim:
To evaluate variations in size of the nasopharyngeal and oropharyngeal space according to facial growth pattern,
to correlate the size of these spaces to the VERT index and to verify a possible sexual dimorphism. Methods: A
total of 90 lateral cephalometric radiographs of patients, divided into three groups (mesofacial, dolichofacial and
brachyfacial, determined by the VERT index) were used. The patients of the sample, with ages between 9 and 16
years old, had a nasal respiratory mode, without any kind of nasal obstruction. Results: The results did not show
statistically significant variation in the size of nasopharyngeal and oropharyngeal, when compared the three facial
growth pattern. Besides, there was no correlation between the size of the spaces and the VERT index and a sexual
dimorphism was not observed. Conclusions: The conclusions discarded the influence of facial type in the sizes of
nasopharyngeal and oropharyngeal spaces.

Key words: Nasopharyngeal space. Oropharyngeal space. Craniofacial growth. Ricketts VERT index.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 49 Maringá, v. 13, n. 6, p. 43-50, nov./dez. 2008
Avaliação da influência do tipo facial nos tamanhos dos espaços aéreos nasofaríngeo e bucofaríngeo

Referências
1. ALCAZAR, N. M. P. V. et al. Estudo cefalométrico naso e 18. POOLE, M. N.; ENGEL, G. A.; CHACONAS, S. J.
bucofaríngeo nas más oclusões Classe I e Classe II divisão Nasopharyngeal cephalometrics. J. Oral Surg., Chicago, v. 49,
I, sem tratamento ortodôntico, com diferentes padrões de no. 3, p. 266-271, Mar. 1980.
crescimento. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, 19. RICKETTS, R. M. et al. Técnica bioprogressiva de Ricketts.
Maringá, v. 9, n. 4, p. 68-76, jul./ago. 2004. Buenos Aires: Panamericana, 1983.
2. BIZETTO, M. S. P. et al. Estudo cefalométrico comparativo 20. SANTOS PINTO, A.; MONNERAT, M. E. Alterações
entre crianças respiradoras bucais e nasais nos diferentes tipos nasofaringeanas e craniofaciais em pacientes com adenóides
faciais. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, hipertróficas: estudo cefalométrico. Rev. Gaúcha Odontol.,
v. 9, n. 1, p. 79-87, jan./fev. 2004. Porto Alegre, v. 34, n. 4, p. 349-354, abr. 1986.
3. CROUSE, U. et al. A longitudinal study of nasal airway size 21. SHANKER, S. et al. A longitudinal assessment of upper
from age 9 to age 13. Angle Orthod., Appleton, v. 69, no. 5, respiratory function and dentofacial morphology in 8 to 12
p. 413-418, May 1999. year-old children. Semin. Orthod., Philadelphia, v. 10, no. 1,
4. DIAMOND, O. Tonsils and adenoids: why the dilemma? Am. J. p. 45-53, Mar. 2004.
Orthod., St. Louis, v. 78, no. 5, p. 495-503, May 1980. 22. SILVA FILHO, O. G. et al. Dimensões da nasofaringe em
5. ELLINGSEN, R. et al. Temporal variation in nasal and oral crianças de 7 anos de idade, portadoras de oclusão normal:
breathing in children. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., avaliação pela cefalometria. Ortodontia, São Paulo, v. 2, n. 1,
St. Louis, v. 107, no. 4, p. 411-417, Apr. 1995. p. 20-30, jan./mar. 1989.
6. EMSLIE, R. D.; MASSLER, M.; ZWEMER, J. D. Mouth breathing: 23. SUBTELNY, J. D. The significance of adenoid tissue in
I. Etiology and effects. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v. 44, Orthodontia. Angle Orthod., Appleton, v. 24, no. 2, p. 59-69,
p. 506-521, May 1952. Apr. 1954.
7. FAIRCHILD, R. C. A pediatrician views the tonsils and adenoid 24. SUBTELNY, J. D. Oral respiration: facial maldevelopment and
problem. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 54, no. 7, p. 491-494, correcive dentofacial orthopedics. Angle Orthod., Appleton,
July 1968. v. 50, no. 3, p.147-164, July 1980.
8. FIELDS, H. W. et al. Relationship between vertical dentofacial 25. TARVONEN, P. L.; KOSKI, K. Craniofacial skeleton of
morphology and respiration in adolescents. Am. J. Orthod. 7-year-old children with enlarged adenoids. Am. J. Orthod.
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 99, no. 2, p. 147-154, Feb. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 91, no. 4, p. 300-304, Apr.
1991. 1987.
9. HANDELMAN, C. S.; OSBORNE, G. Growth of the 26. VALERA, F. C. P. et al. Muscular, functional and orthodontic
nasopharynx and adenoid development from one to eighteen changes in pre school children with enlarged adenoids and
years. Angle Orthod., Appleton, v. 46, no. 3, p. 243-259, July tonsils. Int. J. Pediatr. Otorhinolaryngol., Amsterdam, v. 67,
1976. p. 761-770, 2003.
10. HARVOLD, E. P.; CHIERICI, G.; VARGEVIK, K. Primate 27. VIG, P. S. et al. Quantitative evaluation of nasal airflow in
experiments on oral sensation and dental malocclusions. Am. relation to facial morphology. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 79,
J. Orthod., St. Louis, v. 63, no. 5, p. 494-508, May 1972. no. 3, p. 263-272, Mar. 1981.
11. JABUR, L. B. et al. Estudo clínico da correlação entre padrão 28. WARREN, D. W.; LEHMAN, M. D.; HINTON, V. A. Analysis of
respiratório e alterações ortodônticas e miofuncionais. Rev. simulated upper airway breathing. Am. J. Orthod., St. Louis,
Odontol. UNICID., São Paulo, v. 9, n. 2, p. 105-117, jul./dez. v. 86, no. 3, p. 197-206, Sept. 1984.
1997. 29. WARREN, D. W. et al. The relationship between nasal-oral
12. JOSEPH, A. A. et al. A cephalometric comparative study of breathing. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,
the soft tissue dimensions in persons with hiperdivergent and v. 93, no. 4, p. 289-293, Apr. 1988.
normodivergent facial patterns. J. Oral Maxillofac. Surg., 30. WARREN, D. W.; HAIRFIELD, W. M.; DALSTON, E. T. Effect
Philadelphia, v. 56, no. 2, p. 135-139, Feb. 1998. of age on nasal cross-sectional area and respiratory mode in
13. KING, E. W. A roentgenographic study of pharyngeal growth. children. Laryngoscope, Philadelphia, v. 100, p. 89-93, Jan.
Angle Orthod., Appleton, v. 22, no. 1, p. 23-36, Jan. 1952. 1990.
14. LINDER-ARONSON, S.; LEIGHTON, B. C. A longitudinal study 31. WATSON, R. M.; WARREN, D. W.; FISCHER, N. D. Nasal
of the development of the posterior nasopharyngeal wall resistance, skeletal classification and mouth breathing in
between 3 and 16 years of age. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 5, orthodontic patients. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 54, no. 5,
no. 1, p. 47-58, Feb. 1983. p. 367-379, May 1968.
15. MASSLER, M.; ZWEMER, J. D. Mouth breathing II. Diagnosis 32. ZANELATO, A. C. T. Determinação de medidas
and treatment. J. Am. Dent. Assoc., Chicago, v. 46, no. 6, cefalométricas do espaço aéreo naso e bucofaríngeo em
p. 658-671, June 1953. indivíduos com oclusão normal. 2003. 98 f. Tese (Mestrado
16. McNAMARA JR., J. A. A method of cephalometric evaluation. Ortodontia)-Faculdade de Odontologia da Universidade
Am. J. Orthod., St. Louis, v. 86, no. 6, p. 449-469, June 1984. Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2003.
17. MERGEN, D. C.; JACOBS, R. M. The size of the nasopharynx
associated with normal occlusion and Class II malocclusion.
Angle Orthod., Appleton, v. 40, no. 4, p. 342-346, Oct. 1970.

Endereço para correspondência


Aline Maria Alencar de Castro
Rua Vicente Leite, nº 389, apto. 900 - Meireles
CEP: 60.170-150 - Fortaleza/CE
E-mail: alinemadc@yahoo.com.br

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 50 Maringá, v. 13, n. 6, p. 43-50, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Avaliação do ângulo nasolabial após o tratamento


ortodôntico com e sem extração dos primeiros
pré-molares
Flávio Marcos de Almeida*, Iara Souza Neves**, Tarcísio Junqueira Pereira***,
Vânia Célia Vieira de Siqueira****

Resumo

Objetivos: avaliar cefalometricamente as mudanças do ângulo nasolabial em pacientes sub-


metidos ao tratamento ortodôntico com e sem exodontias dos primeiros pré-molares, e cor-
relacionar este ângulo com as alterações na inclinação do incisivo superior, do lábio superior
e da base do nariz. Metodologia: a amostra consistiu de telerradiografias iniciais e finais
de 30 jovens do gênero feminino, com má oclusão de Classe II, 1º divisão. Quinze foram
tratadas com extração dos primeiros pré-molares e quinze sem extrações. Além do ângulo
nasolabial, foram avaliadas as inclinações do lábio superior (Ls.PCm.SN7º), do incisivo su-
perior (Is.SN7º) e da base do nariz (PCm.SN7º). Resultados: a posição do lábio superior e
a inclinação do incisivo superior foram as únicas medidas que apresentaram um aumento
estatisticamente significante, entre os tempos inicial e final, no grupo com extrações. Todas
as outras medidas avaliadas, em ambos os grupos, não apresentaram significância estatística.
Observou-se uma correlação positiva entre a posição do lábio superior, a base do nariz e o
ângulo nasolabial. Conclusões: 1) ocorreu um aumento significativo no ângulo nasolabial
no grupo com exodontia dos primeiros pré-molares, devido, principalmente, às mudanças
do lábio superior; 2) o crescimento nasal durante o período do estudo não influenciou nas
alterações do ângulo nasolabial; 3) todas as outras medidas analisadas não apresentaram
diferenças estatísticas entre os dois grupos, entre os tempos inicial e final; 4) observou-se
uma correlação positiva entre o ângulo nasolabial, a inclinação do lábio superior e a base do
nariz, em ambos os grupos.

Palavras-chave: Classe II, 1a divisão. Ângulo nasolabial. Extração dentária. Perfil facial.

* Especialista e mestre em Ortodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas. Professor assistente III da disciplina de
Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas.
** Cirurgiã-dentista formada pela Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas.
*** Especialista e mestre em Ortodontia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas. Professor assistente III da disciplina de
Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas.
**** Professora assistente doutora da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP. Professora adjunta III da disci-
plina de Ortodontia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC/Minas.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 51 Maringá, v. 13, n. 6, p. 51-58, nov./dez. 2008
ALMEIDA, F. M.; NEVES, I. S.; PEREIRA, T. J.; SIQUEIRA, V. C. V.

jovens sem extração. Estes resultados sugerem que do estudo, não influenciou as alterações do ângulo
uma terapia ortodôntica bem planejada, dentro de nasolabial.
protocolos já estabelecidos, vai direcionar os resul- 4. Os ângulos nasolabial, do lábio superior,
tados para perfis favoráveis, com ou sem extrações do incisivo superior e da base do nariz não se al-
dentárias. Generalizações sobre os efeitos nega- teraram significativamente, durante o tratamento
tivos da extração dos primeiros pré-molares no ortodôntico, nas jovens que não se submeteram a
perfil são falsas, visto que, claramente, na grande extrações dentárias de pré-molares.
maioria dos pacientes, a alteração do perfil é con- 5. As extrações de pré-molares alteraram as
trolada durante um tratamento ortodôntico bem inclinações do lábio superior, do incisivo superior
planejado e executado2. e do ângulo nasolabial, tornando essas medidas si-
milares, ao final do tratamento, àquelas do grupo
CONCLUSÕES sem extrações, ou seja, esses valores tendem a se
A partir dos resultados deste trabalho, pode-se igualar com o tratamento ortodôntico.
concluir que:
1. O ângulo nasolabial aumentou com o tra-
tamento ortodôntico, nas jovens que se submete-
ram a extrações dentárias de pré-molares, princi-
palmente devido às alterações do lábio superior.
2. Existiu uma correlação positiva entre as
alterações da inclinação do incisivo superior, do
lábio superior e do ângulo nasolabial.
Enviado em: maio de 2006
3. O crescimento nasal, durante o período Revisado e aceito: julho de 2008

Assessment of the nasolabial angle after orthodontic treatment with and without
extraction of the first premolars

Abstract
Aim: To cephalometrically evaluate the changes in the nasolabial angle of the patients submitted to orthodontic
treatment with and without extractions and correlate them with upper incisor inclination, upper lip position and the
base of the nose. Methods: The sample was composed of pre and posttreatment lateral cephalometric records of
30 female patients with Class II division 1 malocclusion. Fifteen were treated with first premolars extractions and
the other fifteen without extractions. The following parameters were measured: nasolabial angle; upper incisor in-
clination (Is.SN7º angle), upper lip position (Ls-PCm.SN7º angle) and base of the nose (PCm.SN7º angle). Results:
The upper incisor inclination and the upper lip position showed a statistically significant increase from T0 to T1 in
the extraction group. No statistically significant differences were found for the other parameters in both groups.
The correlations between upper lip position, base of the nose and the nasolabial angle were positive. Conclusion:
1) There was a significant increase in the nasolabial angle in the extraction group and it was mainly due to changes
in the upper lip position; 2) nasal growth during the study period did not contributed to the nasolabial angle in-
crease; 3) all measurements were not statistically different between the 2 groups at T0 and T1, and 4) a positive
correlation was found between the nasolabial angle, lip position and base of the nose in both groups.

Key words: Class II division 1. Nasolabial angle. Premolar extraction. Facial profile.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 57 Maringá, v. 13, n. 6, p. 51-58, nov./dez. 2008
Avaliação do ângulo nasolabial após o tratamento ortodôntico com e sem extração dos primeiros pré-molares

Referências
1. BRANDÃO, A. M. B.; VIGORITO, J. W.; FILHO, L. C. Avaliação 9. RAINS, M. D.; NANDA, R. Soft- tissue changes associated with
das características do perfil tegumentar em pacientes com maxillary incisor retractions. J. Orthod., St. Louis, v. 81, no. 6,
má oclusão Cl. II div. 1 por meio da análise facial numérica. p. 481-488, June 1982.
Ortodontia, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 59-65, maio/ ago. 2001. 10. RAMOS, A. L. et al. Upper lip changes correlated to maxillary
2. DROBOCKY, O. B.; SMITH, R. J. Changes in facial profile incisor retraction: a metallic implant study. Angle Orthod.,
during orthodontic treatment with extraction of four first Appleton, v. 75, no. 4, p. 499-505, July 2004.
premolars. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, 11. SAKIMA, M. T. et al. Estudo do ângulo nasolabial em
v. 95, no. 3, p. 220-230, Mar. 1989. indivíduos Classe II 1ª divisão com diferentes padrões faciais.
3. FITZGERALD, J. P.; NANDA, R. S.; CURRIER, G. F. An Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 6,
evaluation of the nasolabial angle and the relative inclinations no. 5, p. 11-15, set./out. 2001.
of the nose and upper lip. Am. J. Orthod. Dentofacial 12. SILVEIRA, C. A. et al. Efeitos dento-esqueléticos-faciais da
Orthop., St. Louis, v. 102, no. 4, p. 328-334, Oct. 1992. utilização do aparelho distalizador Jones Jig em tratamento
4. FREITAS, M. R. et al. Estudo longitudinal das alterações do de más oclusões Classe II de Angle. J. Bras. Ortodon. Ortop.
ângulo nasolabial, em jovens com Classe II, 1ª divisão, que se Facial, Curitiba, ano 6, n. 31, p. 72-79, jan/ fev. 2001.
submeteram ao tratamento ortodôntico corretivo. Ortodontia, 13. STEINER, C. C. Cephalometric for you and me. Am. J.
São Paulo, v. 32, n. 1, p. 8-16, jan./ abr. 1999. Orthod., St. Louis, v. 39, no. 10, p. 729-755, Oct. 1953.
5. KAPUST, A. J.; SINCLAIR, P. M.; TURLEY, P. K. Cefalometric 14. TALASS, M. F.; TALASS, L.; BAKER, R. C. Soft–tissue profile
effects of face mask/expansion therapy in Class III children: a changes resulting from retraction of maxillary incisors. Am. J.
comparison of three age groups. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 91, no. 5,
Orthop., St. Louis, v. 113, no. 2, p. 204-212, Feb. 1998. p. 385-394, May 1987.
6. LIMA, C. E. O. et al. Perfil facial: alterações cefalométricas em 15. WALDMAN, B. H. Change in lip contour with maxillary incisor
casos tratados com extrações de pré-molares e mecânica de retraction. Angle Orthod., Appleton, v. 52, no. 2, p. 129-134,
forças direcionais. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Apr. 1982.
Maringá, v. 6, n. 3, p. 37- 46, maio/jun. 2001.
7. LO, F. D.; HUNTER, W. S. Changes in nasolabial angle related
to maxillary incisor retraction. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 82,
no. 5, p. 384-391, Nov. 1982.
8. MONTERO, S. R.; TAKAHASHI, T.; REICHENBACH, R. C.
Alterações do lábio superior decorrentes do tratamento
ortodôntico associado a extrações de pré-molares, nos casos
de Classe II, divisão 1 de Angle. J. Bras. Ortodon. Ortop.
Facial, Curitiba, v. 8, n. 44, p. 142-154, mar./abr. 2003.

Endereço para correspondência


Flávio Marcos de Almeida
Av. do Contorno, 6777 Sala 1103
CEP: 30.110-935 - Belo Horizonte/MG
E-mail: flaviofafeu2@gmail.com

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 58 Maringá, v. 13, n. 6, p. 51-58, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Os efeitos da expansão rápida da maxila


sobre a permeabilidade nasal avaliados por
rinomanometria e rinometria acústica
Bruno Alberto Vidotti*, Inge Elly Kiemle Trindade**

Resumo

O objetivo deste artigo foi analisar os achados da literatura acerca das repercussões da expan-
são rápida da maxila (ERM) sobre a permeabilidade nasal, pela rinomanometria, que avalia a
resistência oferecida pela cavidade nasal à passagem do fluxo aéreo, e pela rinometria acústica,
que mede as áreas seccionais e os volumes de diferentes segmentos da cavidade nasal. Estudos
que utilizaram a rinomanometria evidenciaram que a ERM determina uma diminuição signi-
ficativa da resistência nasal, assim como o aumento da área de secção transversa mínima nasal
(ASTM) em parcela significativa de pacientes. Estudos com rinometria acústica mostraram
que a ERM determina, adicionalmente, um aumento significativo do volume da cavidade nasal
anterior. Entretanto, é consenso que a ERM não se justifica, por si, como forma de induzir um
padrão nasal de respiração em respiradores bucais habituais, apesar dos benefícios trazidos
pela ERM em termos de permeabilidade nasal.

Palavras-chave: Técnica de expansão palatina. Rinomanometria. Rinometria acústica.

INTRODUÇÃO pode levar à atresia do arco maxilar19,34; por outro,


A expansão rápida da maxila (ERM) é um a atresia maxilar pode determinar um decréscimo
procedimento ortodôntico e ortopédico que visa a da largura da cavidade nasal, o que teoricamen-
correção da atresia real ou relativa da maxila, por te compromete a permeabilidade nasal, ou seja, a
meio de diferentes tipos de aparelhos disjunto- passagem do ar através da cavidade nasal, poden-
res6,7. Sua ação ortopédica se dá, basicamente, pela do levar à respiração bucal de suplência. Tomando
abertura da sutura palatina mediana, o que garante por base este raciocínio, alguns autores passaram a
ganho real de tecido ósseo na dimensão transver- sugerir o uso da ERM como forma de tratamento
sal da maxila, e tem o efeito potencial de alterar da obstrução nasal13,38.
as dimensões internas da cavidade nasal13,14,20. Este Os primeiros estudos13,14,38 que avaliaram os
efeito é de particular importância porque, por um efeitos da ERM sobre a cavidade nasal basearam-
lado, evidências mostram que a obstrução nasal se apenas em observações clínicas subjetivas ou

* Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia de Bauru-USP.


** Professora titular do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP e do Laboratório de Fisiologia do Hospital
de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC-USP).

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 59 Maringá, v. 13, n. 6, p. 59-65, nov./dez. 2008
Os efeitos da expansão rápida da maxila sobre a permeabilidade nasal avaliados por rinomanometria e rinometria acústica

nasal é a região mais atingida pela expansão. 1) Estudos realizados com a rinomanometria
Por fim, é importante destacar que – apesar demonstraram que a ERM determina uma dimi-
das evidências de melhora da permeabilidade na- nuição significativa da resistência nasal em grande
sal que se seguem à ERM, por diminuição da RN parte dos pacientes, assim como um aumento da
e/ou aumento da ASTM e/ou aumento de volume área de secção transversa mínima nasal.
– a literatura tem demonstrado que as alterações 2) Estudos realizados com a rinometria acústica
não são observadas em todos os pacientes e que, demonstraram que a ERM determina um aumento
quando ocorrem, não são de magnitude suficien- significativo do volume da cavidade nasal anterior,
te para levar à alteração concomitante do modo igualmente em parcela significativa dos casos, assim
respiratório de bucal para nasal. Em função disso, como da área de secção transversa mínima nasal.
tornou-se consenso entre os autores que a realiza- 3) Apesar dos evidentes benefícios trazidos pela
ção da ERM não se justifica puramente com a fi- ERM em termos de permeabilidade nasal, os estu-
nalidade de proporcionar melhora na função nasal dos mostram que o procedimento não se justifica,
de indivíduos com dificuldades respiratórias. por si, como forma de induzir um padrão nasal de
respiração em respiradores bucais habituais.
CONCLUSÕES
Em suma, após a revisão da literatura pertinen-
te às repercussões da ERM sobre a permeabilidade
Enviado em: maio de 2006
das vias aéreas nasais, pode-se concluir que: Revisado e aceito: julho de 2007

The effects of rapid maxillary expansion on the nasal patency assessed by


rhinomanometry and acoustic rhinometry

Abstract
The aim of this review was to analyze the findings reported in the literature about the effects of rapid maxillary
expansion (RME) on nasal patency assessed by rhinomanometry, which measures the resistance offered by the nasal
cavity to airflow, and acoustic rhinometry, which measures sectional areas and volumes of different segments of the
nasal cavity. Studies using rhinomanometry have demonstrated a significant decrease of nasal resistance after RME
on a significant number of patients, and also an increase in minimal nasal cross-sectional area. Studies using acous-
tic rhinometry have additionally shown a significant increase of anterior nasal volume. However, it is a consensus
that RME is not justified only for the purpose of inducing a nasal pattern of breathing in oral breathers, despite the
improvement of nasal patency caused by RME.

Key words: Palatal expansion technique. Acoustic rhinometry. Rhinomanometry.

Referências
1. ANGELL, E. H. Treatment of irregularity of the permanent or 3. BICAKCI, A. A. et al. Nasal airway changes due to rapid
adult teeth. Dent. Cosmos, Philadelphia, v. 1, no. 10, maxillary expansion timing. Angle Orthod., Appleton, v. 75,
p. 540-544, May 1860. no. 1, p. 1-6, Jan. 2005.
2. ARAÚJO, A. M.; BUSCHANG, P. H. Conceitos atuais sobre o 4. BRIDGER, G. P. Physiology of the nasal valve. Arch.
crescimento e desenvolvimento transversal dos maxilares e Otolaryngol., Chicago, v. 92, no. 6, p. 543-553, Dec. 1970.
oportunidade de expansão mandibular. Rev. Dental Press 5. CAPELOZZA FILHO, L. Diagnóstico em Ortodontia. 1. ed.
Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 9, no. 3, p. 122-136, Maringá: Dental Press, 2000.
maio/jun. 2004. 6. CAPELOZZA FILHO, L.; SILVA FILHO, O. G. Expansão rápida

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 64 Maringá, v. 13, n. 6, p. 59-65, nov./dez. 2008
Vidotti, B. A.; Trindade, I. E. K.

da maxila: considerações gerais e aplicação clínica. Parte I. 24. RIZZATO, S. D. et al. Avaliação do efeito da expansão rápida
Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 2, n. 3, da maxila na resistência nasal por rinomanometria ativa
p. 88-102, maio/jun. 1997. anterior em crianças. Ortodon. Gauch., Porto Alegre, v. 2, n. 2,
7. CAPELOZZA FILHO, L.; SILVA FILHO, O. G. Expansão rápida p. 79-93, jul./dez. 1998.
da maxila: considerações gerais e aplicação clínica. Parte II. 25. ROITHMANN, R. et al. Acoustic rhinometry in the evaluation of
Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 2, n. 4, nasal obstruction. Laryngoscope, Philadelphia, v. 105, no. 3,
p. 86-108, jul./ago. 1997. p. 275-281, Mar. 1995.
8. CAPELOZZA FILHO, L.; SUGUINO, R.; CARDOSO, M. 26. SIQUEIRA, D. F.; ALMEIDA, R. R.; HENRIQUES, J. F. C. Estudo
A.; BERTOZ, F. A.; MENDONÇA, M. R.; CUOGHI, O. A. comparativo, por meio de análise cefalométrica em norma
Tratamento ortodôntico da Classe III: revisando o método frontal, dos efeitos dentoesqueléticos produzidos por três tipos
(ERM e tração) por meio de um caso clínico. Rev. Dental Press de expansores palatinos. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop.
Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./ Facial, Maringá, v. 7, n. 6, p. 27-47, nov./dez. 2002.
dez. 2002. 27. SILVA FILHO, O. G.; CAPELOZZA FILHO, L.; FORNAZARI, R.
9. CAKMAK, O. et al. Value of acoustic rhinometry for measuring F.; CAVASSAN, A. O. Expansão rápida da maxila: um ensaio
nasal valve area. Laryngoscope, Philadelphia, v. 113, no. 2, sobre a sua instabilidade. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop.
p. 295-302, Feb. 2003. Facial, Maringá, v. 8, n. 1, p. 17-36, jan./fev. 2003.
10. CERONI COMPADRETTI, G. et al. Acoustic rhinometric 28. TERHEYDEN, H. et al. Acoustic rhinometry: validation by three-
measurements in children undergoing rapid maxillary dimensionally reconstructed computer tomographic scans.
expansion. Int. J. Pediatr. Otorhinolaryngol., Amsterdam, J. Appl. Physiol., Bethesda, v. 89, no. 3, p. 1013-1021, Sept.
v. 70, no. 1, p. 27-34, Jan. 2006. 2000.
11. GALON, G. M.; CALÇADA, F.; URSI, W.; QUEIROZ, G. V.; 29. TIMMS, D. J. The effect of rapid maxillary expansion on nasal
ATTA, J.; ALMEIDA, G. A. Comparação cefalométrica entre airway resistance. Br. J. Orthod., London, v. 13, no. 4,
os aparelhos de ERM bandado e colado com recobrimento p. 221-228, Oct. 1986.
oclusal. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, 30. TRINDADE, I. E. K. Efeitos da cirurgia ortognática sobre a
v. 8, n. 3, p. 49-59, maio/jun. 2003. fala e a respiração de indivíduos com fissura lábio-palatina:
12. GOMES, A. O. C. Dimensões nasais e nasofaríngeas de análise acústica e aerodinâmica. 1999. Tese (Livre docência)–
indivíduos sem evidência de obstrução nasal avaliadas Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São
por rinometria acústica no repouso e na fala. 2004. Paulo, Bauru, 1999.
Dissertação (Mestrado)–Hospital de Reabilitação de 31. TRINDADE, I. E. K.; TRINDADE JUNIOR, A. S. Rinomanometria
Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru, nas estenoses craniofaciais. In: ZANINI, S. A. Cirurgia
2004. craniofacial: malformações. 1. ed. Rio de Janeiro: Revinter,
13. HAAS, A. J. The treatment of maxillary deficiency by opening 2000. cap. 12, p. 119-126.
the midpalatal suture. Angle Orthod., Appleton, v. 35, no. 3, 32. TRINDADE, I. E. K. et al. Dimensões das vias aéreas
p. 200-217, July 1965. nasais na inspiração e na expiração. In: REUNIÃO ANUAL
14. HAAS, A. J. Palatal expansion: just the beggining of DA FEDERAÇÃO DE SOCIEDADES DE BIOLOGIA
dentofacial orthopedics. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 57, no. 3, EXPERIMENTAL, 12., 1997, Caxambu. Livro de Resumos...
p. 219-255, Mar. 1970. Caxambu: [s.n.], 1997. p. 342-343.
15. HAHN, L. et al. Avaliação do volume da cavidade nasal antes 33. TRINDADE, I. E. K. et al. Volumes nasais de adultos aferidos
e após a expansão rápida da maxila por meio da rinometria por rinometria acústica. Rev. Bras. Otorrinolaringol., São
acústica. Ortodon. Gauch., Porto Alegre, v. 3, n. 2, p. 85-96, Paulo, v. 73, n. 1, p. 32-39, jan./fev. 2007.
dez. 1999. 34. VIG, K. W. L. Nasal obstruction and facial growth: the
16. HARTGERINK, D. V.; VIG, P. S.; ABBOTT, D. W. The effect of strength of evidence for clinical assumptions. Am. J. Orthod.
rapid maxillary expansion on nasal airway resistance. Am. J. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 113, no. 6, p. 603-611, June
Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 92, no. 5, 1998.
p. 381-389, Nov. 1987. 35. WARREN, D. W. A quantitative technique for assessing nasal
17. HERSHEY, H. G.; STEWARD, B. L.; WARREN, D. W. Changes airway impairment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 86, no. 4,
in nasal airway resistance associated with rapid maxillary p. 306-314, Oct. 1984.
expansion. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 69, no. 3, p. 274-284, 36. WARREN, D. W.; HAIRFIELD, W. M.; DALTSON, E. T. Effect
Mar. 1976. of age on nasal cross-sectional area and respiratory mode in
18. HILBERG, O.; JENSEN, F. T.; PEDERSEN, O. F. Acoustic children. Laryngoscope, Philadelphia, v. 100, p. 89-93, Jan.
rhinometry: evaluation of nasal cavity geometry by acoustic 1990.
reflection. J. Appl. Physiol., Bethesda, v. 66, no. 1, p. 295-303, 37. WARREN, D. et al. The nasal airway following maxillary
Jan. 1989. expansion. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,
19. LINDER-ARONSON, S. Respiratory function in relation to facial v. 91, no. 2, p. 111-116, Feb. 1987.
morphology and the dentition. Br. J. Orthod., London, v. 6, 38. WERTZ, R. A. Skeletal and dental changes accompanying rapid
no. 2, p. 59-71, Feb. 1979. midpalatal suture oppening. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 58,
20. LINDER-ARONSON, S.; LINDGREN, J. The skeletal and dental no. 1, p. 41-66, July 1970.
effects of rapid maxillary expansion. Br. J. Orthod., London,
v. 6, no. 1, p. 25-29, Jan. 1979.
21. MAMIKOGLU, B.; HOUSER, S. M.; COREY, J. P. An
interpretation method for objective assesment of nasal
congestion with acoustic rhinometry. Laryngoscope,
Philadelphia, v. 112, no. 5, p. 926-929, May 2002.
22. MARCHIORO, E. M. et al. Efeito da expansão rápida da maxila
na cavidade nasal avaliado por rinometria acústica. Rev.
Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 6, n. 1, Endereço para correspondência
p. 31-8, jan./fev. 2001. Inge Elly Kiemle Trindade
23. REBER, M.; RAHM, F.; MONNIER, P. H. The role of acoustic Departamento de Ciências Biológicas - FOB-USP
rhinometry in the pre- and postoperative evaluation of surgery Alameda Octávio Pinheiro Brizola, 3-20
for nasal obstruction. Rhinology, Utrecht, v. 36, no. 4, CEP: 17.093-900 - Bauru/SP
p. 184-187, Dec. 1998. E-mail: ingetrin@usp.br

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 65 Maringá, v. 13, n. 6, p. 59-65, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Morfologia das 3ª e 4ª vértebras cervicais


representativa do surto de crescimento puberal
Tulio Silva Lara*, Francisco Antônio Bertoz**, Eduardo César Almada Santos***,
André Pinheiro de Magalhães Bertoz****

Resumo

Objetivos: determinar a morfologia das 3ª e 4ª vértebras cervicais representativa dos estágios


de pré-pico, pico e pós-pico de velocidade de crescimento estatural, definidos previamente
pelos centros de ossificação do primeiro dedo em radiografias carpais ou do dedo polegar.
Métodos: foram utilizadas 120 telerradiografias em norma lateral de 106 pacientes selecio-
nados da clínica de Ortodontia Preventiva e Interceptiva da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba-UNESP e Profis/HRAC-USP que apresentavam as correspondentes radiografias
carpais ou do dedo polegar. As telerradiografias foram divididas em três grupos de 40 radiogra-
fias, de acordo com os estágios maturacionais pré-pico, pico e pós-pico, definidos pela imagem
do primeiro dedo. A morfologia dos corpos das 3ª e 4ª vértebras cervicais foi determinada por
dois examinadores devidamente calibrados em dois tempos diferentes. Conclusões: concluiu-
se que o formato retangular horizontal com borda inferior reta foi representativo do estágio
de pré-pico, independentemente da vértebra analisada. Já o formato retangular horizontal
com borda inferior curva, especialmente se encontrado em C4, ou o formato quadrado com
borda inferior reta caracterizaram o pico de velocidade de crescimento. O formato quadrado
ou, principalmente, o retangular vertical com borda inferior curva determinaram o estágio de
pós-pico de velocidade de crescimento da adolescência.

Palavras-chave: Determinação da idade pelo esqueleto. Ortodontia. Vértebras cervicais.

INTRODUÇÃO e revisão de literatura seguramente, tem sido uma preocupação do or-


A capacidade de se predizer o momento opor- todontista. Neste contexto, torna-se importante
tuno para se instituir uma mecânica – seja com a identificação do estágio maturacional de cada
intenção ortopédica, ortodôntica compensatória paciente, ou seja, a determinação de sua idade
ou orto-cirúrgica – em pacientes apresentando biológica20.
má oclusão com comprometimento esquelético, Dentre os parâmetros de idade biológica, o

* Mestre em Odontologia (área de concentração - Ortodontia) pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Aluno do curso de
doutorado em Odontologia (área de concentração - Ortodontia) Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Professor do curso
de Ortodontia Preventiva e Interceptiva - Profis, Bauru/SP.
** Professor titular da disciplina de Ortodontia Preventiva da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP. Professor do programa de
pós-graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP.
*** Professor assistente doutor da disciplina de Ortodontia do departamento de Odontologia Infantil e Social da Faculdade de Odontologia
de Araçatuba - UNESP.
**** Mestre e doutor em Odontologia (área de concentração - Ortodontia) pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 66 Maringá, v. 13, n. 6, p. 66-76, nov./dez. 2008
Lara, T. S.; Bertoz, F. A.; Santos, E. C. A.; Bertoz, A. P. M.

pré-pico pico pós-pico

FIGURA 6 - As diferentes morfologias encontradas em C3 e C4 foram dis- FIGURA 7 - Proposta de um método simplificado para a avaliação da matura-
postas sobre o gráfico do surto de crescimento da adolescência, facilitando ção óssea pelas vértebras cervicais.
sua visualização. Comparativamente, também os indicadores presentes na
região metacarpofalangeana do dedo polegar foram dispostos no gráfico.

Conclusões ferior curva, especialmente se encontrado em C4,


Foi encontrada uma associação significante en- ou o formato quadrado com borda inferior reta
tre formatos vertebrais e estágios maturacionais, pode ser indicativo de que o pico de velocidade de
demonstrada tanto para C3 (χ2 = 71,18; p < 0,001) crescimento já se iniciou ou é iminente.
quanto para C4 (χ2 = 72,75; p < 0,001). O formato quadrado ou, principalmente, o re-
O formato retangular horizontal com borda in- tangular vertical, com borda inferior curva pode ser
ferior reta pode ser considerado representativo do considerado típico do estágio pós-pico de velocida-
estágio pré-pico, de acordo com a freqüência ob- de de crescimento da adolescência.
servada.
Enviado em: junho de 2006
O formato retangular horizontal com borda in- Revisado e aceito: novembro de 2006

Morphology of the third and fourth cervical vertebrae representative of the


adolescent growth spurt

Abstract
Aim: To determine the morphology of the third and fourth cervical vertebrae which represent the pre-peak, peak
and post-peak stages of statural growth, previously defined by ossification centers of the thumb in hand-wrist or
thumb periapical radiographs. Methods: The sample was comprised of 120 lateral cephalometric radiographs of
106 patients from the Interceptive Orthodontics Clinic of the School of Dentistry of Araçatuba/UNESP and from
PROFIS /Hospital for Rehabilitation of Craniofacial Anomalies/USP. All patients had hand-wrist or corresponding
thumb periapical radiographs available. The lateral radiographs were divided into three groups of 40 radiographs
according to the pre-peak, peak and post-peak maturational stages, defined by the radiographic image of the
thumb. The morphology of the third and fourth cervical vertebrae was determined by two calibrated examiners in
two different times. Conclusions: The findings show that the horizontal, rectangular-shaped vertebra with straight
lower border represented the pre-peak stage, regardless of the analyzed vertebra. The horizontal, rectangular-
shaped vertebra with curved lower border, mainly if found in C4, or the square-shaped vertebra with straight lower
border was typical of the growth peak. The square-shaped or, mainly, the rectangular-shaped vertebra with curved
lower border determined the post-peak stage of adolescent growth spurt.

Key words: Age determination by skeleton. Orthodontics. Cervical vertebrae.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 75 Maringá, v. 13, n. 6, p. 66-76, nov./dez. 2008
Morfologia das 3ª e 4ª vértebras cervicais representativa do surto de crescimento puberal

Referências

1. BACCETTI, T.; FRANCHI, L.; McNAMARA JR., J. A. An 17. LEWIS, A. B.; ROCHE, A. F.; WAGNER, B. Growth of the man-
improved version of the cervical vertebral maturation (CVM) dible during pubescence. Angle Orthod., Appleton, v. 52,
method for the assessment of mandibular growth. Angle no. 4, p. 325-342, Oct. 1982.
Orthod., Apleton, v. 72, no. 4, p. 316-323, Aug. 2002. 18. MAGNÚSSON, T. E. Skeletal maturation of the hand in Iceland.
2. BACCETTI, T.; FRANCHI, L.; McNAMARA JR., J. A. The cervi- Acta Odontol. Scand., Stockholm, v. 37, no. 1, p. 21-28, Jan./
cal vertebral maturation (CVM) method for the assessment of Feb. 1979.
optimal treatment timing in dentofacial orthopedics. Semin. 19. MITO, T.; SATO, K.; MITANI, H. Cervical vertebral bone age in
Orthod., Philadelphia, v. 11, no. 3, p. 119-129, Sept. 2005. girls. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 122,
3. BJÖRK, A.; HELM, S. Prediction of the age of maximum pu- no. 4, p. 380-385, Oct. 2002.
beral growth in body height. Angle Orthod., Appleton, v. 37, 20. PANCHERZ, H.; HÄGG, U. Dentofacial orthopedics in relation
no. 2, p. 134-143, Apr. 1967. to somatic maturation. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 88, no. 4,
4. BOWDEN, B. D. Epiphysial changes in the hand/wrist area as p. 273-287, Oct. 1985.
indicators of adolescent stage. Aust. Paediatr. J., Melbourne, 21. PRATA, T. H. C.; MEDICI FILHO, E.; MORAES, L. C.; MORAES,
v. 12, no. 4, p. 87-104, Feb. 1976. M. E. L. Estudo do crescimento maxilar e mandibular na fase
5. CHAPMAN, S. M. Ossification of the adductor sesamoid and de aceleração do surto de crescimento puberal. Rev. Dental
the adolescent growth spurt. Angle Orthod., Appleton, v. 42, Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 6, n. 4, p. 19-31,
no. 3, p. 236-244, July 1972. jul./ago. 2001.
6. FISHMAN, L. S. Radiographic evaluation of skeletal maturation. 22. SAN ROMÁN, P.; PALMA, J. C.; OTEO, M. D.; NEVADO, E.
Angle Orthod., Appleton, v. 52, no. 2, p. 88-112, Apr. 1982. Skeletal maturation determined by cervical vertebrae develop-
7. FLORES-MIR, C.; BURGESS, C. A.; CHAMPNEY, M.; JENSEN, ment. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 24, no. 3, p. 303-311, June
R. J.; PITCHER, M. R.; MAJOR, P. W. Correlation of skeletal 2002.
maturation stages determined by cervical vertebrae and hand- 23. SANTOS, S. C. B. N.; ALMEIDA, R. R.; HENRIQUES, J. F. C.;
wrist evaluations. Angle Orthod., Appleton, v. 76, no. 1, BERTOZ, F. A.; ALMEIDA, R. R. Avaliação de um método de
p. 1-5, Jan. 2006. determinação do estágio de maturação esquelética utilizando
8. GRAVE, K. C.; BROWN, T. Skeletal ossification and the adoles- as vértebras cervicais presentes nas telerradiografias em norma
cent growth spurt. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 69, no. 6, lateral. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá,
p. 611-619, June 1976. v. 3, n. 3, p. 67-77, maio/jun. 1998.
9. GRAVE, K.; TOWNSEND, G. Cervical vertebral maturation as 24. SANTOS, E. C. A.; BERTOZ, F. A.; ARANTES, F. M.; PIZZO
a predictor of the adolescent growth spurt. Aust. Paediatr. J., REIS, P. M. Avaliação da reprodutibilidade do método de de-
Melbourne, v. 19, no. 1, p. 25-32, Apr. 2003. terminação da maturação esquelética por meio das vértebras
10. HÄGG, U.; PANCHERZ, H. Dentofacial orthopaedics in relation cervicais. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá,
to chronological age, growth period and skeletal development: v. 10, n. 2, p. 62-68, mar./abr. 2005.
an analysis of 72 male patients with Class II division 1 maloc- 25. SANTOS-PINTO, A. Estudo radiográfico do desenvolvi-
clusion treated with the Herbst. appliance. Eur. J. Orthod., mento dos ossos da mão e punho e das vértebras cervicais
London, v. 10, no. 3, p. 169-176, Aug. 1988. em crianças dos 8 aos 12 anos de idade. 2001. 167 f. Tese
11. HÄGG, U.; TARANGER, J. Maturation indicators and the puber- (Livre-Docência)–Faculdade de Odontologia de Araraquara,
tal growth spurt. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 82, no. 4, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”,
p. 299-309, Oct. 1982. Araraquara, 2001.
12. HASSEL, B.; FARMAN, A. G. Skeletal maturation evaluation 26. SILVA FILHO, O. G.; SAMPAIO, L. L.; SOUZA FREITAS, J. A.
using cervical vertebrae. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., Avaliação de um método simplificado para estimar a matura-
St. Louis, v. 107, no. 1, p. 58-66, Jan. 1995. ção esquelética. Ortodontia, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 21-36,
13. HOUSTON, W. J. B.; MILLER, J. C.; TANNER, J. M. Prediction jan./abr. 1992.
of the timing of the adolescent growth spurt from ossification 27. SILVA FILHO, O. G.; VALLADARES NETO, J.; SOUZA FREITAS,
events in hand-wrist films. Br. J. Orthod., London, v. 6, no. 3, J. A. Proposta de um método simplificado para avaliação da
p. 145-152, July 1979. maturação esquelética. Ortodontia, São Paulo, v. 22, n. 3,
14. KUCUKKELES, N.; ACAR, A.; BIREN, S.; ARUN, T. Compari- p. 33-43, set./dez. 1989.
sons between cervical vertebrae and hand-wrist maturation 28. THIESEN, G.; REGO, M. V. N. N.; LIMA, E. M. S. Estudo
for the assessment of skeletal maturity. J. Clin. Pediatr. Dent. longitudinal da relação entre o crescimento mandibular e o
Birmingham, v. 24, no. 1, p. 47-52, Fall 1999. crescimento estatural em indivíduos com Classe II esquelética.
15. LAMPARSKI, D. G. Skeletal age assessment utilizing cervical Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 9, n. 5,
vertebrae. 1972. Dissertation (Master)-University of Pittsburgh, p. 28-40, set./out. 2004.
Pittsburgh, 1972. 29. VASTARDIS, H.; EVANS, C. A. Evaluation of cervical spine
16. LANDIS, J. R.; KOCH, G. G. The measurement of observer abnormalities on cephalometric radiographs. Am. J. Orthod.
agreement for categorical data. Biometrics, Alexandria, v. 33, Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 109, no. 6, p. 581-588, June
no. 1, p. 159-174, Mar. 1977. 1996.

Endereço para correspondência


Tulio Silva Lara
Rua Rio Branco, 20-81 – Altos da Cidade
CEP: 17.014-480 - Bauru/SP
E-mail: tuliolara@hotmail.com

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 76 Maringá, v. 13, n. 6, p. 66-76, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Estudo cefalométrico individualizado do


posicionamento da maxila em indivíduos com
equilíbrio facial e oclusão normal*
Fernando Penteado Lopes da Silva**, Cássia Teresinha Lopes de Alcântara Gil***,
Danilo Furquim Siqueira****, Marco Antônio Scanavini*****

Resumo

Introdução: o posicionamento da maxila no esqueleto craniofacial tem sido motivo de investi-


gação por diversos autores. Traduzindo suas idéias por meio de medidas lineares ou angulares,
tais autores definiram o que consideraram como a posição “ideal”, “normal” e, ainda, “aceitável”
ou “inaceitável” da maxila, relacionando-a, na maioria das vezes, com a base do crânio. A partir
da avaliação de indivíduos com oclusão considerada normal e com bom equilíbrio facial, eram
calculados valores médios e desvios-padrão de determinadas medidas, os quais eram tomados
como parâmetros para avaliações cefalométricas de pacientes distintos. Objetivos: diante das
divergências de opiniões encontradas na literatura, a proposta do presente estudo foi avaliar
o posicionamento da maxila nos sentidos vertical e ântero-posterior, além da sua inclinação,
numa amostra de 94 indivíduos com oclusão normal e equilíbrio facial. Métodos: foram de-
terminadas correlações entre medidas do próprio indivíduo: OPI-N com OPI-ENA e N-ENA
com ENA-ENP. Conclusões: a partir dos fortes índices de correlação encontrados, concluiu-se
que a medida OPI-N pode ser tomada como referência para determinação de OPI-ENA, da
mesma forma que ENA-ENP pode ser considerada para determinação de N-ENA, definindo,
respectivamente, a posição da maxila nos sentidos sagital e vertical. A inclinação da maxila,
representada aqui pelo ângulo OPI.ENA.ENP, teve valor médio estatisticamente próximo
a 0º (zero grau), indicando forte tendência do prolongamento posterior do plano palatino
(ENA-ENP) tangenciar a base posterior do crânio (ponto OPI), o que se revela como uma
importante característica de indivíduos com oclusão normal e equilíbrio facial.

Palavras-chave: Individualização. Maxila. Oclusão normal. Cefalometria.

* Artigo baseado na dissertação de mestrado do cirurgião-dentista Fernando Penteado Lopes da Silva, apresentada à Faculdade de Odontologia da
Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
** Mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
*** Professora doutora do departamento de Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP e orientadora da dissertação.
**** Professor doutor do departamento de Ortodontia da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP.
***** Coordenador do programa de pós-graduação em Odontologia (área de concentração Ortodontia) da Universidade Metodista de São Paulo –
UMESP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 77 Maringá, v. 13, n. 6, p. 77-88, nov./dez. 2008
Silva, F. P. L.; Gil, C. T. L. A.; Siqueira, D. F.; Scanavini, M. A.

cação clínica para que as correlações encontradas 2) A distância ENA-ENP mostrou ser uma
tenham seus resultados terapêuticos avaliados. A referência aplicável para avaliação da posição ver-
partir do presente trabalho, serão necessários es- tical da maxila, pois a partir do ponto N pode-se
tudos direcionados ao emprego de tais correlações determinar a distância N-ENA, baseando-se em
no diagnóstico e planejamento de casos com com- sua forte correlação com ENA-ENP.
prometimento maxilar. 3) Existe forte tendência do prolongamen-
Considerando o termo individualização como to posterior do plano palatino tangenciar a região
um sinônimo de respeito aos pacientes, este es- póstero-inferior do crânio, representada pelo pon-
tudo pretende auxiliar no diagnóstico e planeja- to OPI. Dessa forma, em conjunto com as corre-
mento ortopédico ou ortodôntico-cirúrgico do lações previamente encontradas, a inclinação do
posicionamento da maxila, contribuindo para o plano palatino completa a avaliação do posicio-
restabelecimento da harmonia facial. namento da maxila, pois fornece uma referência
para o posicionamento vertical da Espinha Nasal
CONCLUSÃO Posterior (ENP).
Baseado na análise e discussão dos resultados
da amostra de oclusão normal avaliada e de acordo
com a metodologia empregada, conclui-se que:
1) A distância OPI-N mostrou ser uma refe-
rência aplicável para avaliação da posição sagital
da maxila, pois a partir dela pode-se determinar a
Enviado em: junho de 2006
distância OPI-ENA. Revisado e aceito: fevereiro de 2007

Individual cephalometric study of the position of the maxilla in subjects with good
facial balance and normal occlusion

Abstract
Introduction: The position of the maxilla in the skull is subject of investigation by many authors. Transmitting their
ideas trough linear and angular measurements, they defined what is considered as “ideal”, “normal” and “accept-
able” or “unacceptable” position of the maxilla, relating it in most of the time with the cranial base. By the study of
subjects with considered “normal” occlusion and good facial balance, it was calculated mean values and standard
deviations of some measurements, which were considered as parameters to evaluate all kinds of malocclusions.
Aim: Considering the divergences found in the literature, the aim of the present study was to evaluate the verti-
cal and horizontal position of the maxilla and its inclination, in 94 subjects with normal occlusion and good facial
balance. Methods: Considering this, it was determined some correlations between measurements of the own
subjects: OPI-N with OPI-ENA and N-ENA with ENA-ENP. Conclusions: By the strong index of correlation found
between these measurements, it was concluded that OPI-N can be take as a reference to establishment of OPI-
ENA. In addition, ENA-ENP can be considered a reference to the distance N-ENA, so it is possible to determine
respectively the position of the maxilla on the horizontal and vertical planes. The inclination of the maxilla, defined
by the angle OPI.ENA.ENP, showed a mean value statistically very close of 0º (zero), indicating a strong tendency
of the posterior extension of the palatal plane (ENA-ENP) to touch the most posterior and inferior region of the
occipital bone (OPI point). This was considered an important characteristic of subjects with normal occlusion and
good facial balance.

Key words: Individualization. Maxilla. Normal occlusion. Cephalometrics.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 87 Maringá, v. 13, n. 6, p. 77-88, nov./dez. 2008
Estudo cefalométrico individualizado do posicionamento da maxila em indivíduos com equilíbrio facial e oclusão normal

Referências

1. ANDREWS, L. F. The six keys to normal occlusion. Am. J. 14. MALTAGLIATI, L. A. B. Prevalência das seis chaves de oclusão
Orthod., St. Louis, v. 62, no. 3, p. 296-309, Sept. 1972. de Andrews em jovens brasileiros com oclusão normal. Rev.
2. ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. Dental Cosmos, Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 55, n. 6, p. 411-415,
Philadelphia, v. 41, no. 3, p. 248-264, 1899. nov./dez. 2001.
3. BAUMRIND, S.; FRANTZ, R. C. The reliability of head 15. MIDTGARD, J.; BJÖRK, G.; LINDER-ARONSON, S.
measurements. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 60, no. 5, Reproducibility of cephalometric landmarks and errors of
p. 505-517, Nov. 1971. measurements of cephalometric cranial distances. Angle
4. BRODIE, A. G. Late growth changes in the human face. Angle Orthod., Appleton, v. 44, p. 56-61, 1974.
Orthod., Appleton, v. 23, no. 3, p. 146-157, July 1953. 16. MILLER, P. A. et al. Analysis of errors in cephalometric
5. CANGIALOSI, T. J. Skeletal morphologic features of anterior measurements of three-dimensional distances on the maxilla.
open bite. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 85, no. 1, p. 28-36, Angle Orthod., Appleton, v. 36, no. 2, p. 169-175, Apr. 1966.
Jan. 1984. 17. RICKETTS, R. M.; A foundation for cephalometric
6. DI PAOLO, R. J. et al. The quadrilateral analysis: an communication. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 44, no. 5, p.
individualized skeletal assessment. Am. J. Orthod., St. Louis, 330-357, May 1960.
v. 83, no. 1, p. 19-32, Jan. 1983. 18. RIEDEL, R. A. The relation of maxillary structures to cranium
7. DOWNS, W. B. Variations in facial relationships: their in malocclusion and in normal occlusion. Angle Orthod.,
significance in treatment and prognosis. Am. J. Orthod., St. Appleton, v. 22, no. 3, p. 142-145, 1952.
Louis, v. 34, p. 812-840, 1948. 19. RIOLO, M. L. et al. An atlas of craniofacial growth:
8. GIL, C. T. L. A. Estudo da proporção áurea na arquitetura cephalometric standards from the University School Growth
do crânio de indivíduos com oclusão normal, a partir de Study. Michigan: The University of Michigan, 1974. Monograph
telerradiografias laterais, frontais e axiais. 1999. 183 f. Tese no. 2, Craniofacial Growth Series, 379. p. 1974.
(Doutorado) – Faculdade de Odontologia, Campus de São 20. SASSOUNI, V. A. A roentgenographic cephalometric analysis of
José dos Campos, Universidade Estadual Paulista “Júlio de cephalo-facio-dental relationships. Am. J. Orthod., St. Louis,
Mesquita Filho”,1999. v. 41, no. 10, p. 735-764, Oct. 1955.
9. GIL, C. T. L. A. Proporção áurea craniofacial. 1. ed. São Paulo: 21. SASSOUNI, V. A. Diagnosis and treatment planning via
Ed. Santos, 2001. roentgenographic cephalometry. Am. J. Orthod., St. Louis,
10. GIL, C. T. L. A.; MÉDICI FILHO, E. Estudo da proporção áurea v. 44, no. 6, p. 433-463, June 1958.
na arquitetura craniofacial de indivíduos com oclusão normal, a 22. SAVARA, B. S.; SINGH, I. J. Norms of size and annual
partir de telerradiografias axiais, frontais e laterais. Ortodontia, increments of seven anatomical measures of maxillae in boys
São Paulo, v. 35, n. 2, p. 69-85, abr./jun. 2002. from three to sixteen years of age. Angle Orthod., Appleton,
11. GIL, C. T. L. A. et al. Determinação e localização do ponto OPI v. 38, no. 2, p. 104-120, Apr. 1968.
em telerradiografias em norma lateral. Rev. Odontol. UMESP, 23. URBANO, A. L. Avaliação cefalométrica radiográfica de
São Paulo, ano 12, n. 23, p. 63-73, jan./jun. 2004. jovens leucodermas com oclusão normal, segundo a análise
12. JACOBSON, R.; SARVER, D. M. The predictability of maxillary lateral de Ricketts. 2003. 195 f. Dissertação (Mestrado)-
repositioning in Le Fort I orthognathic surgery. Am. J. Orthod. Faculdade de Odontologia, Universidade Metodista de São
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 122, no. 2, p. 142-154, Aug. Paulo, São Bernardo do Campo, 2003.
2002. 24. ZAR, J. H. Bioestatistical analysis. 3rd ed. New Jersey:
13. JEFFERSON, Y. Skeletal types: key to unraveling the mystery Prentice-Hall, 1996.
of facial beauty and its biologic significance. J. Gen. Orthod.,
Milwaukee, v. 7, p. 7-25, June 1996.

Endereço para correspondência


Fernando Penteado Lopes da Silva
Rua Sampaio Ferraz, 570 - Cambuí
CEP: 13.024-431 - Campinas / SP
E-mail: penteado_fer@yahoo.com.br

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 88 Maringá, v. 13, n. 6, p. 77-88, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Influência da proporção entre as alturas


do ramo mandibular e dentoalveolar posterior
na inclinação do plano mandibular
Rivail Almeida Brandão Filho*, Marcos Alan Vieira Bittencourt**, Paulo Sérgio Flores Campos***

Resumo
Objetivo: avaliar a existência de correlação entre a proporção da altura do ramo mandibular
(AR) com a altura dentoalveolar posterior total (ADAPT) e a inclinação do plano mandibular
(PM). Métodos: dois examinadores avaliaram 81 telerradiografias laterais de pacientes, com
idades a partir de 18 anos, do arquivo do curso de especialização em Ortodontia e Ortopedia
Facial da Faculdade de Odontologia da UFBA. As radiografias foram digitalizadas, os pontos
marcados e as medidas obtidas através do programa Radiocef 1.0. Mediu-se a inclinação do
plano mandibular para caracterizar o padrão vertical da face e dividir as radiografias em três
grupos: grupo de face normal (GN), de 22º a 28º, de face curta (GC), menor que 22º, e de
face longa (GL), maior que 28º. A inclinação do plano palatino serviu como critério de exclu-
são, sendo que valores abaixo de -2,5° ou acima de 3,5º foram excluídos. Desta forma, 46 te-
lerradiografias laterais totalizaram a amostra. Resultados: a AR diferiu entre GC e GL, porém
não houve diferença estatisticamente significante para as alturas dentoalveolares posteriores.
Houve baixa correlação entre a AR e a ADAPT nos grupos, no entanto, a correlação da pro-
porção entre essas alturas com a inclinação do PM mostrou-se estatisticamente significante e
negativa. Conclusão: este é um fator a ser levado em consideração na avaliação do PM, quando
do diagnóstico e tratamento das displasias verticais dentofaciais.
Palavras-chave: Mandíbula. Radiografia. Processo alveolar.

INTRODUÇÃO ro-posterior27. A diferença básica entre as duas


O padrão vertical da face e suas mudanças displasias esqueléticas verticais, a hipo e a hiper-
decorrentes dos crescimentos craniofacial e den- divergência, é a relação entre quatro planos cra-
toalveolar ou de tratamentos ortodônticos são niofaciais: o da base do crânio, o palatino, o oclusal
assuntos extremamente discutidos na literatura e o mandibular. O hiperdivergente caracteriza-se
especializada. Isso se deve à grande influência que por face longa e tendência à mordida aberta ante-
as dimensões verticais da face exercem sobre as rior, enquanto o hipodivergente por face curta e
relações maxilomandibulares, incluindo a ânte- tendência à sobremordida profunda22. Diante da

* Mestre em Odontologia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Professor do curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial
da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. Professor auxiliar do Curso de Fonoaudiologia da Universidade do Estado da
Bahia.
** Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor adjunto da disciplina de Ortodontia da Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal da Bahia.
*** Doutor em Diagnóstico Bucal, sub-área Radiologia pela USP/São Paulo. Professor adjunto da disciplina de Radiologia da Faculdade de Odon-
tologia da Universidade Federal da Bahia.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 89 Maringá, v. 13, n. 6, p. 89-97, nov./dez. 2008
Influência da proporção entre as alturas do ramo mandibular e dentoalveolar posterior na inclinação do plano mandibular

A importância clínica de haver correlação en- dos, conclui-se que:


tre a proporção AR/ADAPT e a inclinação do PM - A AR variou entre os três grupos, sendo con-
está no fato de a intervenção ortodôntica e/ou sideravelmente maior no GC, quando comparado
ortopédica poder ocorrer tanto pelo controle do ao GL.
crescimento dentoalveolar posterior quanto atra- - As ADAPS, ADAPI e ADAPT não variaram
vés do redirecionamento do crescimento da cabe- entre os grupos.
ça da mandíbula. Vários trabalhos demonstram a - Houve diferença estatisticamente significante
efetividade de um ou outro desses procedimentos da proporção altura do ramo mandibular/altura
em busca da prevenção ou correção das displasias dentoalveolar posterior total entre os grupos. As-
verticais da face3,17,20,30. Também parece clara a ne- sim, é possível afirmar que esta proporção exerceu
cessidade de se intervir tão logo surja a suspeita de influência efetiva sobre a inclinação do PM.
um padrão de crescimento vertical da face altera-
do, principalmente em indivíduos que apresentem AGRADECIMENTOS
desvios funcionais que favoreçam o desequilíbrio Os autores agradecem à grande contribuição
no crescimento dentofacial20, pois, como afirmado da Semp Toshiba ao setor de informática do Cur-
por Nanda22, o padrão vertical da face é estabele- so de Especialização em Ortodontia e Ortopedia
cido aos 13 anos de idade nas mulheres e aos 15 Facial da Faculdade de Odontologia da UFBA.
anos nos homens.

CONCLUSÕES
Enviado em: julho de 2006
Finalizando, e respaldados nos resultados obti- Revisado e aceito: janeiro de 2007

Relationship between the mandibular ramus height/posterior alveolar bone


height index and the mandibular plane angle

Abstract
Aim: This study evaluated the relationship between two cephalometric variables: the mandibular ramus height/
posterior alveolar bone height index (MRH/ABH) and the mandibular plane angle (MP). Methods: Two examiners
assessed 81 lateral cephalometric radiographs of at least 18 years old patients, retrieved from the archives of the
Orthodontic Department from Federal University of Bahia (Salvador, BA, Brazil). The data input from the cephalo-
gram was accomplished by using Radiocef Studio 1.0 software. The mandibular plane angle was used to assess
the vertical growth pattern, in order to divide the sample into three groups: the normal face group (NG, 22º - 28°),
the short face group (SG, less than 22°) and the long face group (LG, more than 28°). The palatal plane angle was
evaluated as a criterion to exclude radiographs that presented values below -2.5° and above 3.5°. Thus, the final
sample consisted of 46 lateral cephalometric radiographs. Results: The ramus height differed between the SG and
LG groups; however, there was no significant statistical difference for the posterior alveolar bone height among
the three groups. No strong correlation between the mandibular ramus height (MRH) and the posterior alveolar
bone height (ABH) was found; nevertheless, the correlation between the mandibular ramus height/posterior alveo-
lar bone height index (MRH/ABH) and the mandibular plane angle (MP) was statistically significant and negative.
Conclusion: Therefore, we concluded that this index (MRH/ABH) should be considered by orthodontists when
evaluating the mandibular plane angle of patients with vertical dysplasias.

Key words: Mandible. Radiography. Alveolar process.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 96 Maringá, v. 13, n. 6, p. 89-97, nov./dez. 2008
Brandão Filho, R. A.; Bittencourt, M. A. V.; Campos, P. S. F.

Referências

1. BUSCHANG, P. H.; GANDINI, L. G. Mandibular skeletal growth 15. KARLSEN, A. T. Association between facial height develop-
and modeling between 10 and 15 years of age. Eur. J. Or- ment and mandibular growth rotation in low and high MP-SN
thod., Oxford, v. 24, no. 1 p. 69-79, Feb. 2002. angle faces: a longitudinal study. Angle Orthod., Appleton,
2. CHUNG, C. H.; MONGIOVI, V. D. Craniofacial growth in v. 67, no. 2, p. 103-110, Apr. 1997.
untreated skeletal Class I subjects with low, average, and high 16. KLOCKE, A.; NANDA, R. S.; KAHL-NIEKE, B. Anterior open
MP-SN angles: a longitudinal study. Am. J. Orthod. Dentofa- bite in the deciduous dentition: longitudinal follow-up and
cial Orthop., St. Louis, v. 124, no. 6, p. 670-678, Dec. 2003. craniofacial growth considerations. Am. J. Orthod. Dentofa-
3. DeBERARDINIS, M. et al. Evaluation of the vertical holding cial Orthop., St. Louis, v. 122, no. 4, p. 353-358, Oct. 2002.
appliance in treatment of high-angle patients. Am. J. Orthod. 17. KUSTER, R.; INGERVALL, B. The effect of treatment of skeletal
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 117, no. 6, p. 700-705, June open bite with two types of bite blocks. Eur. J. Orthod., Ox-
2000. ford, v. 14, no. 6, p. 489-499, Dec. 1992.
4. DUNG, J. D.; SMITH, R. J. Cephalometric and clinical diag- 18. LESSA, F. C. R. et al. Influência do padrão respiratório na
noses of open bite tendency. Am. J. Orthod. Dentofacial morfologia craniofacial. Rev. Bras. Otorrinolaringol., Rio de
Orthop., St. Louis, v. 94, no. 6, p. 484-490, Dec. 1988. Janeiro, v. 71, n. 2, p. 156-160, mar./abr. 2005.
5. ENLOW, D. H.; KURODA, T.; LEWIS, A. B. Intrinsic craniofacial 19. MERAL, O.; YÜKSEL, S. Skeletal and dental effects during
compensations. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 41, no. 4, p. 271- observation and treatment with a magnetic device. Angle
285, Oct. 1971. Orthod., Appleton, v. 73, no. 6, p. 716-722, Dec. 2003.
6. ENOKI, C.; TELLES, C. S.; MATSUMOTO, M. A. N. Dental- 20. McNAMARA, J. Influence of respiratory pattern on craniofacial
skeletal dimension in growing individuals with variations in the growth. Angle Orthod., Appleton, v. 51, no. 4, p. 269-300,
lower facial height. Braz. Dent. J., Ribeirão Preto, v. 15, no. 1, Oct. 1981.
p. 68-74, Jan./Mar. 2004. 21. MILLS, C. M.; McCULLOCH, K. J. Treatment effects of the
7. FIELDS, H. W. et al. Facial patterns differences in long-faced twin block appliance: a cephalometric study. Am. J. Orthod.
children an adults. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 114, no. 1, p. 15-24, July
Louis, v. 85, no. 3, p. 217-223, Mar. 1984. 1998.
8. FUJIKI, T. et al. Relationship between maxillofacial morphology 22. NANDA, S. K. Growth patterns in subjects with long and short
and deglutive tongue movement in patients with anterior open faces. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 98,
bite. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 125, no. 3, p. 247-258, Sept. 1990.
no. 2, p. 125-160, Feb. 2004. 23. PATEL, H. P.; MOSELEY, H. C.; NOAR, J. H. Cephalometric
9. HARALABAKIS, N. B.; SIFAKAKIS, I. B. The effect of cervical determinants of successful functional appliance therapy. Angle
headgear on patients with high or low mandibular plane angles Orthod., Appleton, v. 72, no. 5, p. 410-417, Oct. 2002.
and the “myth” of posterior mandibular rotation. Am. J. Or- 24. RICKETTS, R. M. An exercise in stating objectives and plan-
thod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 126, no. 3, p. 310-317, ning treatment with tracings of the head roentgenogram. Am.
Sept. 2004. J. Orthod., St. Louis, v. 46, no. 9, p. 647-673, Sept. 1960.
10. ISCAN, H. N. et al. Effects of vertical chincap therapy on the 25. RYAN, M. J. et al. Opening rotations of the mandible during
mandibular morphology in open-bite patients. Am. J. Orthod. and after treatment. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St.
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 122, no. 5, p. 506-511, Nov. Louis, v. 114, no. 2, p. 142-149, Aug. 1998.
2002. 26. SASSOUNI, V.; NANDA, S. Analysis of dentofacial vertical pro-
11. ISCAN, H. N.; SARISOY, L. Comparison of the effects of pas- portions. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 50, no. 11, p. 801-823,
sive posterior bite-blocks with different construction bites on Nov. 1964.
the craniofacial and dentoalveolar structures. Am. J. Orthod. 27. SCHUDY, F. F. The rotation of the mandible resulting from
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 112, no. 2, p. 171-178, Aug. growth: its implications in orthodontics treatment. Angle
1997. Orthod., Aplleton, v. 35, no. 1, p. 36-50, Jan. 1965.
12. JANSON, G. R. P.; METAXAS, A.; WOODSIDE, D. G. Varia- 28. SHERWOOD, K. H.; BURCH, J. G.; THOMPSON, W. J. Closing
tion in maxillary and mandibular molar and incisor vertical anterior open bite by intruding molars with titanium miniplate
dimension in 12-year-old subjects with excess, normal, and anchorage. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis,
short lower anterior face height. Am. J. Orthod. Dentofacial v. 122, no. 6, p. 593-600, Dec. 2002.
Orthop., St. Louis, v. 106, no. 4, p. 409-418, Oct. 1994. 29. TSAI, H. Cephalometric studies of children with long and short
13. JANSON, G. R. P. et al. Class II treatment effects of Fränkel ap- faces. J. Clin. Pediatr. Dent., Birmingham, v. 25, no. 1, p. 23-
pliance. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 25, no. 3, p. 301-309, June. 28, Spring 2000.
2003. 30. WEINBACH, J. R.; SMITH, R. J. Cephalometric changes dur-
14. JERYL, D. E. Early treatment of skeletal open bite malocclu- ing treatment with the open bite bionator. Am. J. Orthod.
sions. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 121, Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 101, no. 4, p. 367-374, Apr.
no. 6, p. 563-565, June 2002. 1992.

Endereço para correspondência


Rivail Almeida Brandão Filho
Av. ACM, n. 2487, sala 610, Cidadela
CEP: 41.280-000 - Salvador/BA
E-mail: rivail.ortodontia@oi.com.br

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 97 Maringá, v. 13, n. 6, p. 89-97, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Análise do perfil facial masculino adulto jovem,


esteticamente agradável, em fotografias
padronizadas: comparação da medição manual
com a computadorizada*
Isabella Cabral Alexandre Schlickmann**, Alexandre Moro***, Adilson dos Anjos****

Resumo

Objetivo: analisar o perfil facial masculino adulto jovem, através de fotografias padronizadas
e comparar a medição manual com a medição computadorizada por meio do software Cef
X (CDT). Métodos: a amostra consistiu de 40 indivíduos brasileiros brancos, com média de
idade de 21,9 anos, que possuíam perfis agradáveis, oclusão normal, sem histórico de trata-
mento ortodôntico prévio. As fotografias coloridas de 10cm x 15cm foram obtidas de forma
padronizada, com o indivíduo na posição natural da cabeça. As fotografias foram medidas
manualmente, utilizando-se paquímetro digital e transferidor, e também através de compu-
tador, utilizando-se o programa Cef X (CDT). Trinta e seis variáveis faciais foram analisadas
por meio de medidas lineares, angulares e proporcionais. Resultados: as médias da medição
manual e da medição por computador foram diferentes estatisticamente para 24 variáveis.
No método por computador, somente uma medida mostrou diferença significativa entre a
primeira e a segunda medição, enquanto na manual oito mostraram diferença. Conclusões:
considerando-se que houve diferença entre as medições manual e por computador, deve-se
utilizar as médias respectivas para cada tipo de medição. Os dois tipos de medição são confi-
áveis, entretanto a medição por computador é mais precisa. Devido à praticidade e agilidade
da medição por computador, esta seria a mais indicada.

Palavras-chave: Análise facial. Perfil facial. Ortodontia. Fotografias padronizadas.

INTRODUÇÃO nociva e pode proporcionar uma boa avaliação da


A avaliação da morfologia craniofacial é uma harmonia dos relacionamentos entre estruturas
ferramenta indispensável na prática clínica e na craniofaciais externas, incluindo a contribuição
pesquisa, e pode ser obtida por diferentes meios. dos tecidos moles10,15,16.
Um destes meios é a fotografia, que não é cara, não Uma vez que as técnicas sejam padronizadas,
expõe o paciente a uma radiação potencialmente análises fotográficas podem ser um útil comple-

* Resumo da monografia apresentada ao curso de especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da EAP-ABO, Curitiba/PR.
** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela EAP-ABO, Curitiba / PR.
*** Professor adjunto da UFPR – graduação e pós-graduação em Ortodontia. Professor titular da Universidade Positivo - graduação e pós-graduação
em Ortodontia.
**** Mestre em Estatística e Experimentação Agronômica pela USP. Professor assistente do departamento de Estatística da UFPR.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 98 Maringá, v. 13, n. 6, p. 98-107, nov./dez. 2008
Schlickmann, I. C. A.; Moro, A.; Anjos, A.

Facial profile analysis of esthetically harmonious young male adults in standardized


photographs: comparison of manual versus computerized measurements

Abstract
Aim: To analyze the young male adult facial profile using standardized photographs and compare manual measur-
ing procedures to the measuring procedures with the software Cef X (CDT). Methods: The sample consisted of
40 Brazilian Caucasian individuals, with an average age of 21.9 years, who possessed pleasant profiles, normal
occlusion, and no history of previous orthodontic treatment. Colored photographs measuring 10cm x 15cm were
taken in a standard way with the subject in natural head position. The photographs were measured manually, using
dial caliper and a protractor, as well as using the Cef X (CDT) computer program. Thirty six facial variables were
analyzed with linear, angular, and proportional measurements. Results: Manual and computerized measurement
scores presented different statistics to 24 variables. In the computerized method only one measurement showed
significant difference between the first and the second measuring whereas in the manual method eight measure-
ments presented differences. Conclusion: Considering that there were differences in manual and computerized
measurements, one must use respective mean values for each type of measuring procedure. Both types of mea-
surement are reliable although the computerized one is more accurate. Due to the convenience and swiftness of
the computerized measuring, it is best recommended.

Key words: Facial analysis. Facial profile. Orthodontics. Standardized photographs.

Referências
1. ARNETT, G. W.; BERGMAN, R. T. Facial keys to orthodontic 10. RECHE, R. et al. Análise do perfil facial em fotografias
diagnosis and treatment planning (Part I). Am. J. Orthod. padronizadas. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial,
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 103, no. 4, p. 299-312, Apr. Maringá, v. 7, n. 1, p. 37-45, jan./fev. 2002.
1993. 11. REIS, S. A. B. et al. Análise facial subjetiva. Rev. Dental Press
2. BISHARA, S. E. et al. A computer assisted photogrammetric Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 11, n. 5, p. 159-172, set./
analysis of soft tissue changes after orthodontic treatment. Part out. 2006.
I: methodology and reliability. Am. J. Orthod. Dentofacial 12. REIS, S. A. B. et al. Pergunte a um expert – Parte I. Rev. Clin.
Orthop., St. Louis, v. 107, no. 6, p. 633-639, June 1995. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 6, n. 4, p. 15-24, ago./set.
3. BRANGELI, L. A. M. et al. Estudo comparativo da análise 2007.
cefalométrica pelo método manual e computadorizado. Rev. 13. STRAUSS, R. A. et al. Variability of facial photographs for use in
Assoc. Paul. Cir. Dent., São Paulo, v. 54, n. 3, p. 232-241, treatment planning for Orthodontics and Orthognathic Surgery.
maio/jun. 2000. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. Surg., Chicago, v. 12,
4. CAMPOS, H. Estatística experimental não-paramétrica. 4. ed. no. 3, p. 197-203, 1997.
Piracicaba: Fealq, 1983. 14. SUGUINO, R. et al. Análise facial. Rev. Dental Press Ortodon.
5. CHIU, C. S. W.; CLARK, R. K. F. Reproducibility of natural head Ortop. Facial, Maringá, v. 1, n. 1, p. 86-107, set./out. 1996.
position. J. Dent., Guildford, v. 19, no. 2, p. 130-131, Apr. 15. VERONA, J. et al. Análise facial frontal masculina em repouso
1991. e durante o sorriso, métodos manual e computadorizado, em
6. CUMMINS, D. M.; BISHARA, S. E.; JAKOBSEN, J. R. A fotografias padronizadas. Parte I. J. Bras. Ortodon. Ortop.
computer assisted photogrammetric analysis of soft tissue Facial, Curitiba, v. 11, n. 64, p. 379-394, 2006.
changes after orthodontic treatment. Part II: results. Am. J. 16. VERONA, J. et al. Análise facial frontal masculina em repouso
Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 108, no. 1, p. 38- e durante o sorriso, métodos manual e computadorizado, em
47, July 1995. fotografias padronizadas. Parte II - Análise do sorriso. J. Bras.
7. El-MANGOURY, N. H. et al. Faciometrics: a new syntax for Ortodon. Ortop. Facial, Curitiba, v. 12, p. 560-575, 2007.
facial feature analysis. Int. J. Adult Orthodon. Orthognath. 17. VIAZIS, A. D. A new measurement of profile esthetics. J. Clin.
Surg., Chicago, v. 11, no. 1, p. 71-82, 1996. Orthod., Boulder, v. 25, no. 1, p. 15-20, Jan. 1991.
8. HOUSTON, W. J. B. The analysis of errors in orthodontic 18. ZAR, J. H. Biostatistical analysis. 3rd ed. New Jersey: Prentice
measurements. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 83, no. 5, Hall, 1996.
p. 382-390, May 1983.
9. MARTINS, L. P. et al. Erro de reprodutibilidade das medidas
cefalométricas das análises de Steiner e de Ricketts, pelo
método convencional e pelo método computadorizado.
Ortodontia, São Paulo, v. 28, n. 21, p. 4-17, jan./abr. 1995.

Endereço para correspondência


Isabella Cabral Alexandre Schlickmann
Av. Hercílio Luz, 839 - apto. 902
CEP: 88.020-001 - Florianópolis /SC
E-mail: icasbn@hotmail.com

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 107 Maringá, v. 13, n. 6, p. 98-107, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Avaliação da inclinação do incisivo inferior através


da tomografia computadorizada
Leopoldino Capelozza Filho*, Liana Fattori**, Aldir Cordeiro***, Liliana Ávila Maltagliati****

Resumo

Introdução: durante muito tempo, a Ortodontia baseou-se em valores normativos obtidos


através das análises cefalométricas existentes, utilizando a telerradiografia em norma lateral
como exame principal no diagnóstico ortodôntico, ditando o plano de tratamento. O incisivo
inferior, em particular, recebeu normas cefalométricas propostas por diversos autores, dentre
eles Tweed. Entretanto, os exames radiográficos possuem limitações, pois, em uma imagem
bidimensional de uma estrutura tridimensional, a superposição de determinadas estruturas
ósseas e dentárias é constante. O advento da tomografia computadorizada disponibilizou
meios diagnósticos mais precisos e confiáveis, principalmente pela possibilidade de obtenção
da imagem das estruturas em três dimensões. Nesse contexto, parece razoável questionar os
dados oriundos da análise clássica da radiografia lateral da face, com intuito de criar fatores
de comparação com dados que passarão a ser gerados a partir da mesma imagem obtida pela
tomografia. Objetivos: para isso, propusemo-nos a avaliar o ângulo formado entre o longo eixo
do incisivo inferior e o plano mandibular, a grandeza IMPA da cefalometria, na telerradiografia
convencional e na tomografia computadorizada. Métodos: dezenove pacientes selecionados
para tratamento ortodôntico constituíram a amostra deste estudo, 12 do gênero feminino e
7 do masculino, com idades entre 16 anos e 4 meses e 28 anos e 2 meses. Após a coleta de
dados, feita por dois examinadores, análises estatísticas para a obtenção dos erros intra e inter-
examinadores foram feitas, utilizando nível de significância de 5%. Resultados e Conclusões:
concluiu-se que a obtenção dos valores para o ângulo formado entre o longo eixo do incisivo
inferior e o plano mandibular (IMPA) na telerradiografia lateral é um método confiável para
uso clínico, porque embora apresente, como regra, valores menores que os encontrados em
tomografia computadorizada, as diferenças não são clinicamente significativas.

Palavras-chave: Cefalometria. Tomografia computadorizada. Ortodontia.

* Professor doutor da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, USP-Bauru. Membro do setor de Ortodontia do HRAC da Universi-
dade de São Paulo, USP-Bauru. Professor do programa de pós-graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP.
** Mestre em Ortodontia pela UMESP. Especialista em OFM e Ortodontia pelo CFO.
*** Especialista em Ortodontia-PROFIS.
**** Professora doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Professora do programa de pós-graduação em Odontologia (Mestrado) – área de concentração
Ortodontia da UMESP e coordenadora do curso de especialização em Ortodontia da UMESP.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 108 Maringá, v. 13, n. 6, p. 108-117, nov./dez. 2008
Capelozza Filho, L.; Fattori, L.; Cordeiro, A.; Maltagliati, L. A.

Computed tomographic evaluation of inferior incisor position

Abstract
Introduction: Orthodontics has always used lateral cephalometric radiographs (LC) as the main examination in the
orthodontic diagnosis and treatment plan. The determination of incisor position is part of most cephalometric analy-
sis, including Tweed analysis. However, all radiographic images have limitations, since it is a bidimensional image
of a tridimensional structure and overlapping of bone and dental structures often occurs. Computed tomography
(CT) allows a trustworthy diagnostic, mainly for its tridimensional images possibility. In this situation it seems reason-
able to question the classic cephalometric analysis, creating factors of comparison with computed tomography data.
Aim: For this, it was considered the evaluation of the angle between the long axis of the inferior incisor and the man-
dibular plane (IMPA) in the lateral cephalograph and in the computed tomography. Methods: Nineteen patients, se-
lected for orthodontic treatment, had constituted the sample of this study, 12 female and 7 male, with ages between
16 years and 4 months and 28 years and 2 months. After the collection of data made by two examiners, statistical
analyses for the attainment of the errors intra and inter-examiners had been made, using level of significance of 5%.
Results and Conclusion: It was concluded that IMPA can be measured in the lateral cephalometric radiographs with
trustworthiness, even that its values were smaller when compared with the computed tomography.

Key words: Cephalometry. Computed tomography. Orthodontics.

Referências
1. BAUMRIND, S.; FRANTZ, R. C. The reliability of cephalometric 13. MAH, J. K.; DANFORTH, R. A.; BUMANN, A.; HATCHER, D.
radiograph measurements. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 60, Radiation absorved in maxillofacial imaging with a new dental
no. 5, p. 111-127, Nov. 1971. computed tomography device. Oral Surg. Oral Med. Oral
2. BROADBENT, H. B. A new X-ray technique and its application Pathol. Oral Radiol. Endod., St. Louis, v. 96, no. 4, p. 508-513,
to orthodontia. Angle Orthod., Appleton, v. 1, no. 7, p. Oct. 2003.
45-66, Apr. 1931. 14. MARGOLIS, H. I. The axial inclination of the mandibular incisor.
3. CAPELOZZA FILHO, L.; FATTORI, L.; MALTAGLIATI, L. A. Um Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 29, no. 10, p.
novo método para avaliar as inclinações dentárias utilizando 571-594, Oct. 1943.
a tomografia computadorizada. Rev. Dental Press Ortodon. 15. MARMULLA, R.; WÖRTCHE, R.; MÜHLING, J.; HASSFELD,
Ortop. Facial, Maringá, v. 10, n. 5, p. 23-29, set./out. 2005. S. Geometric accuracy of the NewTom 9000 Cone Beam CT.
4. DOWNS, W. Variations in facial relationships: their Dentomaxillofac. Radiol., Houndsmills, v. 34, no. 1, p. 28-31,
significance in treatment and prognosis. Am. J. Orthod. Jan. 2005.
Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 34, no. 2, p. 812-840, Oct. 16. MARTINS, D. R. Estudo comparativo dos valores cefalométricos
1948. das análises da Downs e Tweed, com adolescentes brasileiros
5. FINLAY, L. M. Craniometry and cephalometry: a history prior leucodermas de origem mediterrânea. Ortodontia, São Paulo,
to the advent of radiography. Angle Orthod., Appleton, v. v. 14, n. 2, p. 101-116, maio 1981.
50, 17. RUSTMEYER, P.; STREUBÜHR, U.; SUTTMOELLER, J. Low-
no. 4, p. 312-321, Oct. 1980. dose dental computed tomography: significant dose reduction
6. HAMADA, Y.; KONDOH, T.; NOGUCHI, K.; IINO, M.; without loss of image quality. Acta Radiol., Stockholm, v. 45, no.
ISONO, H.; ISHII, H.; MISHIMA, A.; KOBAYASHI, K.; SETO, 8, p. 847-853, Dec. 2004.
K. Application of limited cone beam computed tomography 18. SCHULZE, D.; HEILAND, M.; SCHMELZLE, R.; ROTHER, U. J.
to clinical assessment of alveolar bone grafting: a preliminary Diagnostic possibilities of cone-beam computed tomography in
report. Cleft Palate Craniofac. J., Pittsburgh, v. 42, no. 2, the facial skeleton. Int. Congr. Ser., Amsterdam, v. 1268,
p. 128-137, Mar. 2005. p. 1179-1183, 2004.
7. HANDELMAN, C. S. The anterior alveolus: its importance 19. SCHULZE, D.; HEILAND, M.; THURMANN, H.; ADAM, G.
in limiting orthodontic treatment and its influence on the Radiation exposure during midfacial imaging using 4- and
occurrence of iatrogenic sequelae. Angle Orthod., Appleton, 16-slice computed tomography, cone beam computed
v. 66, no. 2, p. 95-110, 1996. tomography systems and conventional radiography.
8. HATCHER, D. C.; ABOUDARA, C. L. Diagnosis goes digital. Dentomaxillofac. Radiol., Houndsmills, v. 33, no. 2, p. 83-86,
Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 125, no. 4, Mar. 2004.
p. 512-515, Apr. 2004. 20. STEINER, C. C. The use of cephalometrics as an aid to
9. HEILAND, M.; SCHULZE, D.; ROTHER, U.; SCHMELZLE, R. planning and assessing orthodontic treatment. Am. J. Orthod.
Midfacial imaging using digital volume tomography. Int. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 46, no. 10, p. 721-735, Oct.
Congr. Ser., Amsterdam, v. 1256, p. 1230-1234, 2003. 1960.
10. HOUSTON, W. J. B. The analysis of errors in orthodontics 21. TWEED, C. H. The Frankfort-mandibular incisor Angle (FMIA)
measurements. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. in orthodontic diagnosis, treatment planning, and prognosis.
Louis, v. 83, no. 5, p. 382-390, May 1983. Angle Orthod., Appleton, v. 24, no. 3, p. 121-169, July 1954.
11. INTERLANDI, S. Linha I na análise morfodiferencial para
o diagnóstico ortodôntico. Rev. Fac. Odontol. Univ. São
Paulo, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 283-310, jul./dez. 1971. Endereço para correspondência
12. LASCALA, C. A.; PANELLA, J.; MARQUES, M. M. Analysis of Liana Fattori
the accuracy of linear measurements obtained by cone beam Rua Primeiro de Maio, 188 cj.111 - Centro
computed tomography (CBCT – NewTom). Dentomaxillofac. CEP: 09.015-030 - Santo André/SP
Radiol., Houndsmills, v. 33, no. 5, p. 291-294, Sept. 2004. E-mail: dralianafattori@uol.com.br

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 117 Maringá, v. 13, n. 6, p. 108-117, nov./dez. 2008
Artigo Inédito

Diagnóstico de má oclusão de Classe III por


alunos de graduação
José Augusto Mendes Miguel*, Cristiane Canavarro**, Juliana de Paiva Moura Ferreira***,
Ione Helena Portella Brunharo****, Marco Antonio de Oliveira Almeida*****

Resumo

Objetivo: verificar a capacidade de alunos de graduação diagnosticarem a má oclusão do tipo


Classe III de Angle, assim como avaliar a possível indicação para tratamento ortodôntico e
o momento ideal de iniciá-lo, levando em consideração as idades dentária e esquelética do
paciente. Métodos: a amostra foi composta por 138 alunos do último período de graduação
de 10 faculdades de Odontologia do estado do Rio de Janeiro, avaliados por meio de questio-
nários com perguntas fechadas. Foram-lhes apresentados fotografias e modelos de estudo de
um paciente portador de má oclusão Classe III de Angle unilateral e, ainda, outras más posi-
ções dentárias. Resultados: constatou-se facilidade por parte dos estudantes em identificar o
desvio de linha média (n = 124 ou 90%) e a mordida cruzada anterior (n = 122 ou 89%). Em
contrapartida, aproximadamente metade da amostra (n = 63 ou 46% dos alunos) foi capaz de
reconhecer, no caso clínico, a existência da má oclusão Classe III de Angle unilateral. Apenas
46% deles (n = 63) identificaram a ausência precoce do dente decíduo. Quanto ao tratamen-
to, quase a totalidade concordou com a sua necessidade, porém encontraram dificuldade em
reconhecer o momento ideal da indicação ao especialista, com a finalidade de que este realize
o tratamento ortodôntico. Conclusão: os estudantes terminam o curso de graduação com difi-
culdade no diagnóstico de Classe III e nem mesmo articulam idéias sobre um protocolo básico
de tratamento para correção desta anormalidade.

Palavras-chave: Ortodontia interceptora. Diagnóstico. Má oclusão Classe III de Angle.

INTRODUÇÃO nas necessidades específicas do paciente.


O processo de decisão clínica a partir do diag- O diagnóstico em Ortodontia deve ser direcio-
nóstico ortodôntico e formulação do plano de nado de acordo com a lista de problemas apresen-
tratamento envolve: o reconhecimento das carac- tados pelo paciente. A classificação de Angle, por
terísticas das más oclusões e deformidades dento- ser simples e largamente conhecida pela comuni-
faciais, a definição da causa do problema e a for- dade odontológica, continua sendo amplamente
mulação de uma estratégia de tratamento baseada utilizada. No entanto, devido às suas limitações,

* Doutor em Epidemiologia pela UFRJ. Mestre em Odontopediatria pela UERJ. Professor adjunto e coordenador do curso de mestrado em Ortodon-
tia da FO-UERJ.
** Mestre e doutoranda em Ortodontia pela FO-UERJ.
*** Especialista em Ortodontia pela FO-UERJ.
**** Doutora em Ortodontia pela FO-UERJ.
***** Professor titular do curso de especialização em Ortodontia da FO-UERJ.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 118 Maringá, v. 13, n. 6, p. 118-127, nov./dez. 2008
Diagnóstico de má oclusão de Classe III por alunos de graduação

Ao revelar estas deficiências, acredita-se na bem qualificados, de modo a atuar criteriosamen-


fomentação de iniciativas que objetivem alterar te no mercado de trabalho.
o conteúdo programático dos cursos de Ortodon-
Enviado em: abril de 2005
tia, com a intenção de preparar profissionais mais Revisado e aceito: setembro de 2007

Class III malocclusion diagnosis by graduation students

Abstract
Aim: The aim of this article was to check the ability of undergraduate students to identify Class III malocclusion
and also recognize the correct timing for referring them for orthodontic treatment, taking into consideration the
patient’s dental and skeletal ages. Methods: The sample included 138 senior students of 10 Dental Schools in the
State of Rio de Janeiro, which answered a written questionnaire with objective questions. It was also presented
to them the facial photographs and study models of a unilateral Class III patient, which also included other dental
irregularities. Results: It could be observed that it was easy for most of the students to identify the dental midline
deviation (n = 124 or 90%) and the anterior crossbite (n = 122 or 89%). However, approximately half of the sample
(n = 63 or 46% of the students) was able to classify the studied clinical case as a unilateral Class III. Only 46% of
the group (n = 63) could identify the early loss of a deciduous tooth. Almost the totality of the sample agreed on
the orthodontic treatment need, however, it was hard for them to agree on the best timing for referring the case
to the specialist and the beginning of this therapy. Conclusion: The students graduate in Dental School with dif-
ficulties on the correct diagnosis of Class III cases and are not fully aware of a basic protocol for the treatment of
this abnormality.

Key words: Interceptive orthodontics. Diagnosis. Angle Class III malocclusion.

Referências
1. AMERICAN Association of Dental Schools Curricular Guide- 9. HAAS, A. J. Palatal expansion just the beginning of dento-
lines for Orthodontics. J. Dent. Educ., Washington, D. C., facial orthopedics. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 57, no. 3, p.
v. 44, p. 223-225, 1980. 219-255, Mar. 1970.
2. CAPELOZZA FILHO, L. et al. Tratamento ortodôntico da Classe 10. HICKHAN, J. H. Maxillary protraction therapy: diagnosis and treat-
III: revisando o método (ERM e tração, por meio de um caso ment. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 25, no. 2, p. 102-119, 1991.
clínico). Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, 11. JACOBS, R. M. Ten-year study of strategies for teaching clini-
v. 7, n. 6, p. 99-119, nov./dez. 2002. cal inference in predoctoral orthodontic education. J. Dent.
3. COELHO, U.; JIMÉNEZ, E. E.; OELLANA, B.; REAL, M. F. Or- Educ., Washington, D.C., v. 41, p. 477- 478, 1979.
todontia interceptadora viabilizando a correção da má oclusão 12. KILIÇOGLU, H.; KIRLIÇ, Y. Profile changes in patients with Class III
de Classe III: caso clínico. J. Bras. Ortodon. Ortop. Facial, malocclusion after Delaire mask therapy. Am. J. Orthod. Dento-
Curitiba, v. 9, n. 53, p. 53-55, set./out. 2004. facial Orthop., St. Louis, v. 113, no. 4, p. 453-462, Apr. 1998.
4. COHEN, M.; SILVERMAN, E. A new simple palate splitting 13. MAJOR, P.; ELBADRAWY, E. H. Maxillary protraction for early
device. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 7, no. 6, p. 368-369, June orthopedic correction of skeletal Class III malocclusion. Pe-
1973. diatr. Dent., Chicago, v. 15, no. 3, p. 203-207, May/June 1993.
5. ELLIS, E.; McNAMARA JR., J. A. Components of adult Class 14. McNAMARA JR., J. A. An orthopedic approach to the treat-
III malocclusion. J. Oral Maxillofac. Surg., Philadelphia, v. 42, ment of Class III malocclusion in young patients. J. Clin.
no. 5, p. 295-305, May 1994. Orthod., Boulder, v. 21, no. 9, p. 598-608, Nov. 1987.
6. FRÄNKEL, R.; FRÄNKEL, C. H. Ortopedia orofacial como 15. MERWIN, D. et al. Timing for effective application of anteriorly
regulador de função. 1. ed. São Paulo: Ed. Santos, 1990. directed orthopedic force to the maxilla. Am. J. Orthod.
7. GRABER, T. M.; VANARSDALL JÚNIOR, R. L. Ortodontia: Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 112, no. 3, p. 292-299, Sept.
princípios e técnicas atuais. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara- 1997.
Koogan, 1996. 16. MIGUEL, J. A. M. et al. Oclusão normal na dentadura mista:
8. GUYER, E. C. et al. Components of Class III malocclusion in reconhecimento das características oclusais por alunos de
juveniles and adolescent. Angle Orthod., Appleton, v. 56, graduação. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial,
no. 1, p. 7-30, Jan. 1986. Maringá, v. 10, n. 1, p. 59-66, jan./ fev. 2005.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 126 Maringá, v. 13, n. 6, p. 118-127, nov./dez. 2008
Miguel, J. A. M.; Canavarro, C.; Ferreira, J. P. M.; Brunharo, I. H. P.; Almeida, M. A. O.

17. MITANI, H.; FURKAZAWA, H. Effects of chincap force on the 24. SILVA FILHO, O. G.; SANTOS, S. C. B. N.; SUGIMOTO, R.
timing and amount of mandibular growth associated with ante- M. Má oclusão de Classe III: época oportuna de tratamento.
rior reserved occlusion (Class III malocclusion) during puberty. Ortodontia, São Paulo, v. 28, n. 3, p. 74-84, set./dez. 1995.
Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 90, no. 6, 25. SUGAWARA, J. et al. Long-term effects of chincap therapy on
p. 454-463, 1986. skeletal profile in mandibular prognathism. Am. J. Orthod.
18. NANDA, R. Biomechanical and clinical considerations of a Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 98, no. 2, p. 127-133, 1990.
modified protraction headgear. Am. J. Orthod., St. Louis, 26. SUNG, S. J.; BAIK, H. S. Assessment of skeletal and dental
v. 28, no. 2, p. 125-139, 1980. changes by maxillary protraction. Am. J. Orthod. Dentofacial
19. NGAN, P. et al. Treatment response to maxillary expansion and Orthop., St. Louis, v. 114, no. 5, p. 492-502, 1998.
protraction. Eur. J. Orthod., Oxford, v. 18, no. 2, p. 151-168, 27. TELLES, C. S. Má oclusão dentária e crescimento facial. In:
Apr. 1996. CONGRESSO PAULISTA DE ODONTOLOGIA, 15., 1992, São
20. OPPENHEIN, A. Possibility for physiologic orthodontic move- Paulo. Anais... São Paulo [s.n.], 1992. p. 289-300.
ment. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 30, p. 345-368, 1944. 28. TURLEY, P. K. Orthopedic correction of Class III malocclusion
21. PROFFIT, W. R. Ortodontia contemporânea. 2. ed. Rio de with palatal expansion and custom protraction headgear. J.
Janeiro: Guanabara-Koogan, 1995. Clin. Orthod., Boulder, v. 22, no. 5, p. 314-325, May 1988.
22. RITUCCI, R.; NANDA, R. The effect of chin cup therapy on the 29. TURPIN, D. L. Early Class III treatment. In: American As-
growth and development of the cranial base and midface. Am. sociation of Orthodontists, 81., 1981, San Francisco.
J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 90, no. 6, Abstracts... San Francisco: AAO, 1981.
p. 475-483, 1986. 30. VIAZIS, A. D. Atlas of Orthodontics: principles and clinical
23. SILVA FILHO, O. G. et al. Early treatment of Class III malocclu- applications. Philadelphia: Saunders, 1993.
sion with rapid maxillary expansion and maxillary protraction.
Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 113, no. 2,
p. 196-203, 1998.

Endereço para correspondência


Cristiane Canavarro
Av. Ataulfo de Paiva, 204/ sala 510 - Leblon
CEP: 22.440-033 - Rio de Janeiro/RJ
E-mail: cristianecanavarro@gmail.com

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 127 Maringá, v. 13, n. 6, p. 118-127, nov./dez. 2008
Tópico Especial

Abordagem clínica não-cirúrgica no tratamento da


má oclusão de Classe iii
Eustáquio A. Araújo*, Cristiana V. de Araújo**

Resumo

A abordagem clínica não-cirúrgica da Classe III coloca-se entre os grandes desafios da Or-
todontia e vem, desde sempre, gerando controvérsia entre clínicos e pesquisadores. Alguns
defendem a tese de que o crescimento e o desenvolvimento do complexo craniofacial são
determinados geneticamente e, portanto, inalteráveis. Para esses, a correção da grande maioria
de casos de Classe III passará por intervenções orto-cirúrgicas, devendo a terapia ser realizada
assim que cessar o período mais ativo do crescimento. Por outro lado, há aqueles que, mesmo
concordando com o peso da hereditariedade na etiologia da Classe III, acreditam ser possível
modificar o padrão e a direção do crescimento e, através de uma abordagem não-cirúrgica,
minimizar a má oclusão ou até mesmo tratá-la com sucesso. Em face da controvérsia, quais
seriam as possibilidades ortodônticas? Inúmeros são os relatos de que uma intervenção ade-
quada, em momento adequado, acompanhada de um estudo do padrão familiar, pode, muitas
vezes, minimizar o desenvolvimento de uma Classe III. Procedimentos selecionados com cri-
tério podem reduzir a indicação de intervenções cirúrgicas e proporcionar resultados positivos
e duradouros. Há evidências clínicas e científicas de que algumas decisões terapêuticas podem
mudar o curso de muitos prognósticos sombrios.

Palavras-chave: Tratamento da Classe III. Má oclusão. Camuflagem da Classe III.

INTRODUÇÃO No aspecto psicológico, é importante ressal-


A má oclusão de Classe III é um tipo de des- tar que, dentre os portadores de má oclusão, os
vio dentoesqueletal cuja incidência varia entre 3% de Classe III costumam apresentar os índices mais
e 13% da população, conforme registros diver- baixos de auto-estima15 (Gráf. 1).
sos19,29,33. Esses números se modificam com base A abordagem da Classe III requer cuidados es-
na procedência étnica dos observados. Uma pre- peciais no diagnóstico e nas decisões quanto à épo-
valência aproximada de 6% parece ser mais con- ca de tratamento e tipos de intervenção. Não há,
sensual entre clínicos na América do Norte e no no entanto, unanimidade entre os autores quanto
Brasil. a essas questões. De fato, a literatura ortodôntica

* Especialista e mestre em Ortodontia pela University of Pittsburgh. Professor e Asst. Program Director Center for Advanced Dental Education - Saint
Louis University.
** Cirurgiã-dentista pela PUC-Minas. Mestranda do programa de Ortodontia do Center for Advanced Dental Education – Saint Louis University, St.
Louis, MO.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 128 Maringá, v. 13, n. 6, p. 128-157, nov./dez. 2008
Abordagem clínica não-cirúrgica no tratamento da má oclusão de Classe iii

Non-surgical approaches to Class III malocclusions treatment

Abstract
Orthodontic management of the Class III malocclusion has been a constant challenge to the orthodontic profession
and remains a controversial issue among clinicians and researches. Some support the belief that growth and size
of the craniofacial complex are genetically predetermined and cannot be changed. They assume that the great
majority of Class III cases are “untreatable” and that they are due to surgical intervention after growth has been
completed. Even agreeing that heredity plays a major role in this type os deviation, others support the contention
that the pattern and direction of growth can be modified and that forces generated in orthodontic treatment are
able to minimize and even successfully correct some Class III. The controversy is real and one question is still to be
answered: How much can orthodontics really do? The literature provides enough support that appropriate inter-
ventions at the adequate time, accompanied by a family growth study may very well minimize or camouflage the
Class III to acceptable and stable results without a surgical intervention. There are clinical and scientific evidences
that selected procedures can change questionable prognosis.

Key words: Class III treatment. Malocclusion. Class III camouflage.

Referências
1. AMARAL, R. L. Avaliação cefalométrica através de 14. DEGUCHI, T.; KURODA, T.; HUNT, N. P.; GRABER, T. M. Long-
um Wigglegram: uma nova proposta. 1998. Trabalho term application of chincup force alters the morphology of the
de Conclusão de Curso (Especialização)–Faculdade de dolichofacial Class III mandible. Am. J. Orthod. Dentofacial
Odontologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Orthop., St. Louis, v. 116, no. 6, p. 610-615, Dec. 1999.
Belo Horizonte, 1998. 15. GRABER, L. W.; LUCKER, G. W. Dental esthetic self-evaluation
2. ANDREWS, L. F. The six keys to normal occlusion. Am. J. and satisfaction. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 77, no. 2,
Orthod., St. Louis, v. 62, no. 3, p. 296-309, Sept. 1979. p. 163-173, Feb. 1980.
3. ANGLE, E. H. Classification of malocclusion. Dental Cosmos, 16. HARRIS, J. E.; KOWALSKI, J. All in the family: use of familial
Philadelphia, v. 41, no. 18, p. 248-264, Mar. 1899. information in orthodontic diagnosis, case assessment and
4. ARAT, Z. M.; AKÇAM, M. O.; GÖKALP, H. Long-term effects treatment planning. Am. J. Orthod., St. Louis, n. 69, no. 5,
of chincap therapy on the temporomandibular joints. Eur. J. p. 493-510, May 1976.
Orthod., Oxford, v. 25, no. 5, p. 471-475, Oct. 2003. 17. HARRIS, J. E.; KOWALSKI, C. J.; WALKER, S. J. Intrafamilial
5. ARAÚJO, E. A.; SOUKI, M. Bolton anterior tooth size dentofacial association for Class II, division1 probands. Am. J.
discrepancies among different malocclusion groups. Angle Orthod., St. Louis, v. 67, no. 5, p. 563-570, May 1975.
Orthod., Appleton, v. 73, no. 3, p. 307-313, June 2003. 18. HICKHAM, J. H. Maxillary protraction therapy: diagnosis and
6. ARAÚJO, E. A. Hereditariedade em Ortodontia. In: SAKAI, E. treatment. J. Clin. Orthod., Boulder, v. 25, no. 2, p. 102-113,
et al. Nova visão em Ortodontia e Ortopedia Facial. São Feb. 1991.
Paulo: Sociedade Paulista de Ortodontia, 2000. 19. ISHII, H. Treatment effect of combined maxillary protraction
7. ARAÚJO, E. A.; KIM, B. J.; WOLF, G. Two superimposition and chincap appliance in severe skeletal Class III cases. Am. J.
methods to assess Class III treatment. Semin. Orthod., Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 92, no. 4,
Philadelphia, v. 13, no. 3, p. 200-208, Sept. 2007. p. 304-312, Oct. 1987.
8. BACCETTI, T.; FRANCHI, L.; McNAMARA JR., J. A. Growth in 20. JANZEN, E. K.; BLUHER, J. A. The cephalometric anatomic and
the untreated Class III subject. Semin. Orthod., Philadelphia, histologic changes in the Macaca mulatta after application of
v. 13, p. 130-142, Sept. 2007. a continuous-acting retraction force on the mandible. Am. J.
9. BOARD BRASILEIRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA Orthod., St. Louis, v. 51, no. 11, p. 823-855, Nov. 1965.
FACIAL. Manual de normas para certificação. Disponível em: 21. KREBS, A. Midpalatal suture expansion studies by the implant
<http://www.bbo.org.br/> Acesso em: 4 jun. 2008. method over a seven-year period. Rep. Congr. Eur. Orthod.
10. BOLTON, W. A. The clinical application of tooth-size analysis. Soc., [s.l.], v. 40, p. 131-142, 1964.
Am. J. Orthod., St. Louis, v. 48, no. 7, p. 504-529, July 1962. 22. KROGMAN, W. M. Child growth. Ann Arbor: University of
11. BRODIE, A. G. On the growth pattern of the human head: Michigan Press, 1972.
from the third month to the eight year of life. Am. J. Anat., 23. MIMURA, H.; DEGUCHI, T. Morphologic adaptation of
Chicago, v. 68, no. 2, p. 209-262, Mar. 1941. temporomandibular joint after chincup therapy. Am. J.
12. DEGUCHI, T.; UEMATSU, S.; KAWAHARA, Y.; MIMURA, H. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 110, no. 5,
Clinical evaluation of temporomandibular joint disorders (TMD) p. 541-546, Nov. 1996.
in patients treated with chincup. Angle Orthod., Appleton, 24. MITANI, H. Recovery growth of the mandible after chin cup
v. 68, no. 1, p. 91-94, Feb. 1998. therapy: fact or fiction. Semin. Orthod., Philadelphia, v. 13,
13. DEGUCHI, T.; McNAMARA, J. A. Craniofacial adaptations p.186-199, Set. 2007.
induced by chincup therapy in Class III patients. Am. J. 25. MONSON, J. W.; FELTS, W. J. Transplantation studies of
Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 115, no. 2, factors in skeletal organogenesis. Am. J. Phys. Anthropol.,
p. 175-182, Feb. 1999. New York, v. 19, p. 63-77, Mar. 1961.

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 156 Maringá, v. 13, n. 6, p. 128-157, nov./dez. 2008
Araújo, E. A.; Araújo, C. V.

26. MOREIRA, R. C.; ARAÚJO, E. A. Freqüência das exodontias 33. RAKOSI, T.; SCHILLI, W. Class III anomalies: a coordinated
em tratamentos ortodônticos realizados na clínica do Curso approach to skeletal, dental, and soft tissue problems. J. Oral
de Especialização em Ortodontia do Centro de Odontologia e Surg., Orlando, v. 39, no. 11, p. 860-870, Nov. 1981.
Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 34. REYNDERS, R. M. Orthodontics and temporomandibular
Rev. Bras. Ortod. Ortop. Dentofacial, Belo Horizonte, v. 3, disorders: a review of the literature (1966-1988). Am. J.
n. 2, p. 49-53, 2000. Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 97, no. 6, p. 463-
27. MOSSEY, P. A. The heritability of malocclusion - Part 2: the 471, June 1990.
influence of genetics in malocclusion. Br. J. Orthod., Oxford, 35. SALZMANN, J. A. Genetic consideration in clinical
v. 26, no. 3, p. 195-203, July 1999. Orthodontics. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 4, no. 74, p. 467-
28. MUKAIYAMA, T.; FUKAZAWA, H.; MIZOGUCHI, I.; MITANI, 468, Oct. 1978.
H. Prevalence of temporomandibular joint dysfunction for 36. SASSOUNI, V. Dentofacial Orthopedics. Pittsbugh: C. O. T.
6-10-year old Japanese children with chincap orthodontic Publications, 1971.
treatment. Nippon Kyosei Shika Gakkai Zasshi, Tokyo, v. 47, 37. SASSOUNI, V. Orthopedics in dental practice. St. Louis: C. V.
no. 2, p. 425-432, June 1988. Mosby, 1971.
29. MYRBERG, N.; THILANDER, B. An evaluation of the duration 38. SPERRY, T. P. et al. Tooth-size discrepancy in mandibular
and the results of orthodontic treatment. Scand. J. Dent. Res., prognatism. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 72, no. 2, p. 183-190,
Oslo, v. 81, no. 2, p. 85-91, Feb. 1973. Aug. 1977.
30. NGAN, P. Biomechanics of maxillary expansion and protraction 39. TURLEY, P. K. Orthopedic correction of Class III malocclusion
in Class III patients. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop., St. with palatal expansion and custom protraction headgear. J.
Louis, v. 121, no. 6, p. 582-583, June 2002. Clin. Orthod., Boulder, v. 22, no. 5, p. 314-325, May 1988.
31. NIE, Q.; LIN, J. Comparison of intermaxillary tooth size 40. VAN DER WEELE, L. T.; DIBBETS, J. M. Conceptual models for
discrepancy among different malocclusion groups. Am. J. analyzing symptoms of temporomandibular joint dysfunction.
Orthod. Dentofacial Orthop., St. Louis, v. 116, no. 5, p. 539- Cranio, Chatanooga, v. 4, no. 4, p. 357-366, Oct. 1986.
544, Nov. 1999.
32. PÉRES-MARTINEZ, C. Cranio deformations among the guanes
indians of Colombia. Am. J. Orthod., St. Louis, v. 46, p. 439-
543, July 1960.

Endereço para correspondência


Eustáquio A. Araújo
St. Louis, MO - 63104
E-mail: araujoea@slu.edu

R Dental Press Ortodon Ortop Facial 157 Maringá, v. 13, n. 6, p. 128-157, nov./dez. 2008

Você também pode gostar