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INTRODUÇÃO

Surgido depois do telescópio, o microscópio tem a função de revelar matérias


invisíveis a olho nu, como o próprio nome, derivado do grego antigo, afirma: mikrós
(pequeno) e skopein (ver, olhar).

Sua história no ocidente começou com a lente de aumento durante a Idade


Média e os primeiros microscópios modernos (assim como o nome, por analogia ao
telescópio) surgiram no começo do século XVII e a primeira visualização detalhada
de anatomia microscópica aconteceu em 1644 na Itália com a observação do olho
de uma mosca feita por Giambattista Odierna.

O microscópio eletrônico surgiu apenas em 1931 na Alemanha com um


modelo protótipo do microscópio eletrônico de transmissão (MET): seu
funcionamento é similar ao microscópio ótico: utiliza feixes de elétrons no lugar da
luz e eletroímãs ao invés de lentes de vidro. Por conta disso, uma resolução muito
maior é alcançada, permitindo investigações mais assertivas que seu predecessor.
Pouco depois, em 1935, surgiu o microscópio eletrônico de varredura (MEV) que
funciona de forma semelhante.

Ainda que tenha se tornado popular para pesquisas antes mesmo da


Segunda Guerra Mundial, seu uso comercial começou apenas em 1965 e, desde
então, os avanços na área da microscopia têm caminhado com a evolução da
computação: conforme os computadores melhoram, a capacidade de
processamento de imagens se torna mais precisa, ajudando na obtenção de dados
para as pesquisas.

Apesar de semelhantes, suas utilizações são distintas: o MEV produz


imagens de alta resolução da superfície de uma amostra, enquanto que o MET
permite uma visualização mais profunda, porém exibe imagens planas e exige um
corte ultrafino das amostras para ser efetivo.

DESENVOLVIMENTO

Segundo a apostila do Curo teórico prático de técnicas em microscopia


eletrônica (2014), “o microscópio eletrônico de transmissão (MET) funciona como um
microscópio fotônico (de luz), enquanto que o microscópio eletrônico de varredura
(MEV) funciona como um estereomicroscópio (lupa), entretanto, com maior poder de
resolução”.

Ambos são muito utilizados em todo tipo de pesquisa biológica, mas com
objetivos e funcionamentos ligeiramente diferentes. No caso do MET, é utilizado
para a observação de elementos intracelulares, investigando as organelas.

Representação esquemática de um MET (DUVERT et al., 2003)

Neste tipo de microscópio, a imagem é formada simultaneamente à


passagem do feixe de luz através dele. O aumento possível alcançado pelo MET
varia de 1000 a cerca de 380000 vezes. Seu funcionamento corresponde à
utilização de um feixe de elétrons sob alta tensão emitido por uma coluna de
elétrons. As lentes eletromagnéticas são utilizadas para focar o feixe na amostra,
então, ao passar por ela, os átomos que constituem o feixe produzem diferentes
tipos de radiação. Segundo KESTENBACH, BOTTA FILHO (1989), a parte mais
importante consiste na coluna, em que o feixe de elétrons é gerado e direcionado na
amostra, ampliando a imagem para a análise e registro. Ainda que existe METs de
tensão de aceleração de cerca de 1000kV, os utilizados em biologia costumam
operar na faixa dos 60 a 80 kV (FERNANDES, GROSS, PIRES, 2014). As imagens
produzidas pelo MET, como dito anteriormente são planas e de visualização
intracelular:
Mitocôndria visualizada em um MET

Já o MEV, como apontado por Maliska, é composto por uma coluna ótico-
eletrônica (canhão de elétrons e sistema de demagnificação), unidade de varredura,
câmara de amostra, sistema de detectores e sistema de visualização da imagem:

Representação esquemática de um MEV (DUVERT et al., 2003)

Novamente, segundo a apostila do Curo teórico prático de técnicas em


microscopia eletrônica (2014), “a imagem é formada através de um feixe de elétrons
que é usado para varrer o espécime, o qual emite os chamados elétrons
secundários (interação de um feixe primário com a superfície de interesse)”. A
imagem, projetada em um monitor, fica disponível para análise e, por ser produzida
de forma eletrônica, é possível ser transmitida para qualquer lugar do mundo caso
necessário, ou então transferida diretamente para armazenamento em um
computador.
Operado preferencialmente com feixe primário de elétrons entre 20 e 25kV,
gera imagens tridimensionais que permitem uma análise bastante detalhada das
superfícies de espécimes, contribuindo enormemente para a classificação e
taxonomia de insetos e fungos, estudos de pólen e observação da superfície de
animais e plantas:

Escamas do tubarão-touro

CONCLUSÃO

Ainda que o microscópio óptico já tenha contribuído imensamente para a


Biologia nos séculos que antecederam o XX, fica evidente que existiu um grande
salto de estudos assim que os microscópios eletrônicos foram desenvolvidos. Como
dependem de meios computacionais para funcionarem, a melhora de ambos os
instrumentos caminha juntamente com a evolução da tecnologia de processamento
de dados e capacidade de gerar cada vez imagens mais detalhadas.

Hoje em dia é impossível lidar com diversos estudos da área biológica sem o
auxílio dessas ferramentas, visto o nível de detalhe e profundidade de análise que
eles oferecem. Tanto o MET quanto o MEV, de acordo com suas funcionalidades e
limitações, precisam ser utilizados pelo pesquisador das mais diversas áreas a fim
de tornar suas pesquisas possíveis e o caminhar constante da ciência e a produção
de conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DUVERT, M.; THIÉBAUD, P.; VERNA, A.; VERNAY, J-L. & THÉZÉ, N. Training of
students in microscopy studies of normal and pathological structures: a
practical course. In: ROSEI, W. Science Technology and Education of Microscopy:
An Overview. Madrid: FORMATEX, 2003. v. 1.

FERNANDES, Valéria; GROSS, Eduardo; PIRES, Marcel. Curso teórico prático de


técnicas em microscopia eletrônica. Universidade Estadual de Santa Cruz.
Apostila. Março de 2014. Disponível em:
<http://www.uesc.br/centros/cme/arquivos/apostila_curso_cme.pdf> Acesso em: 29
nov 2019.

KESTENBACH, Hans-Jürgen; BOTTA FILHO, Walter José. Microscopia eletrônica:


transmissão e varredura. São Paulo: Associação Brasileira de Metais, 1989.

MALISKA, Ana Maria. Microscopia eletrônica de varredura. Universidade Federal


de Santa Catarina, Laboratório de caracterização microestrutural e análise de
imagens. Apostila. Disponível em: <http://www.usp.br/nanobiodev/wp-
content/uploads/MEV_Apostila.pdf> Acesso em: 27 nov 2019.

Microscopia eletrônica - transmissão e varredura. Biologia celular: construindo


conhecimentos, 2011. Disponível em:
<http://biologiacelularufg.blogspot.com/2011/04/microscopia-eletronica-transmissao-
e.html> Acesso em: 30 nov 2019.

Veja imagens de animais feitas com microscópio eletrônico. Galileu, 2013.


Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI227489-
17778,00-
VEJA+IMAGENS+DE+ANIMAIS+FEITAS+COM+MICROSCOPIO+ELETRONICO.ht
ml> Acesso em: 30 nov 2019.

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