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O Hospitaleiro tem o seu lugar situado no Norte do Ocidente, à frente do

Tesoureiro. Após a solicitação da circulação do Tronco (palavra derivada de


"Tronc" do francês que significa "Caixa de Esmolas") de Beneficência, o
mesmo é conduzido pelo Mestre de Cerimônias para ficar entre Colunas, com a
Bolsa junto ao seu corpo do lado esquerdo, e ali fica até que o Primeiro
Vigilante lhe determine o inicio da sua circunvolução.

A circunvolução pode ser executada de duas formas: a primeira


Ritualisticamente, e a segunda de maneira informal, realizada de acordo com a
solicitação do Venerável Mestre. A circunvolução realizada Ritualisticamente,
procede da seguinte maneira:
Partindo das colunas o Hospitaleiro:

1. Caminha em direção ao Oriente, até o Venerável Mestre (sabedoria -


Sol);
2. Caminha em direção ao Norte do Ocidente, até o Primeiro Vigilante
(força - Lua);
3. Caminha em direção ao Sul do Oriente, fazendo um giro pelo quadro do
grau, indo até o Segundo Vigilante (beleza - Zênite). Assim completa-se
a construção do primeiro Triângulo que representa a Espiritualidade.
4. Caminha em direção ao Norte do Oriente, em direção ao Orador
(Arcturus - );
5. Caminha em direção ao Sul do Oriente, em direção ao Secretário
(Spica); e após,
6. Caminha em direção ao Sul do Ocidente, em direção ao Cobridor Interno
(Antares). Assim completa-se o segundo Triângulo que representa o
Materialismo.

Esta circunvolução, forma a figura entrelaçada de dois Triângulos Eqüiláteros,


representando uma Estrela de Seis Pontas, tendo um de seus vértices voltado
para cima, e o outro para baixo, sendo a mesma conhecida por Estrela de Davi
no Judaísmo, ou Estrela Flamejante no Rito de York, a qual está representada
na Abobada do Templo acima do Segundo Vigilante.

Os próximos passos caracterizam que a circulação do Tronco de Beneficência


ocorre respeitando a Hierarquia Maçônica dos presentes, assim a
circunvolução ocorre da seguinte forma:

O Hospitaleiro, dirige-se ao Oriente: Primeiro Diácono, Mestres e Autoridades


acomodadas ao Norte do Oriente, Mestres e Autoridades acomodadas ao Sul
do Oriente, Mestre de Cerimônias, Chanceler, Mestres acomodados ao Sul do
Ocidente, Segundo Diácono, Mestres acomodados ao Norte do Ocidente,
Tesoureiro, faz o giro pelo Painel Simbólico do Grau, e caminha em direção ao
Sul do Oriente até os Irmãos Companheiros, caminha em direção ao Norte do
Oriente em direção aos Irmãos Aprendizes, faz o giro pelo Painel Simbólico do
Grau e segue em direção ao Cobridor Interno, posta-se entre colunas e
entregando-lhe a bolsa para que ele possa fazer a sua contribuição, após ainda
entre, comunica que o Tronco de Beneficência foi circulado. Quando então
recebe a instrução para que o mesmo seja entregue ao Tesoureiro.

Então o mesmo entrega o Tronco de Beneficência ao Tesoureiro e este retira o


montante arrecadado, na presença do Hospitaleiro, sendo então devolvida a
Bolsa a ele para confirmar se a mesma está completamente vazia, aguarda a
contagem do numerário arrecadado, até o momento em que o Tesoureiro
comunica ao Orador, o total do valor auferido, completando assim a
Circunvolução Ritualística do Tronco de Beneficência.

A circunvolução do Tronco de Beneficência sem formalidades, ocorre da


seguinte forma:

1. Venerável e demais Irmãos que ocupam o assento no Altar;


2. Demais Irmãos do Oriente, sendo o inicio pelos Irmãos acomodados no
Norte do Oriente;
3. Primeiro Vigilante, e demais Irmãos da Coluna do Norte;
4. Segundo Vigilante, e demais Irmãos da Coluna do Sul; e,
5. Próprio portador do recipiente, antes de chegar entre Colunas.

CONCLUSÃO

A Circunvolução do Tronco de Beneficência é a demonstração efetiva de um


exemplo do conjunto de símbolos , os quais constituem os ensinamentos
ocultos das mensagens filosóficas da Maçonaria.

O início da Circunvolução no Venerável Mestre, representado pelo Sol,


significando que a Luz da Sabedoria Caminha para o Oriente, o segundo ponto,
o Primeiro Vigilante, representado pela Lua, que ao emanar o seu brilho,
representa o espelho da sabedoria emanada pelo Oriente,proporcionando-lhe
força infinda, como a que a própria Lua tem para mover Oceanos, ou
proporcionar os movimentos de contração da gestante para a chegada de uma
nova vida ao nosso mundo.

O encontro destes dois pontos forma uma reta, que pode simbolizar a
dualidade, por exemplo podemos citar o Divino e o Material, o Dia e a Noite,
demonstrando que o homem, originariamente tem o seu mundo representado
de forma binária, cabendo o seu progresso, na busca da evolução da
compreensão do mundo divino com a sua aplicabilidade ao mundo material, em
outras palavras, viver o mundo material cônscio da existência do mundo
espiritual.

O trajeto percorrido do Primeiro Vigilante, representado pela Lua, ao Segundo


Vigilante, representado pelo Zênite, forma uma reta a qual compreende o
tempo de trabalho do maçom, do meio-dia em ponto (Zênite) à meia-noite.

O Triângulo Eqüilátero formado pela união destes três pontos, determinam um


espaço, com características matematicamente esotéricas, com três retas iguais
(lados iguais), três ângulos iguais, mostrando que devemos ser iguais por
dentro e por fora, entretanto seguindo os conceitos matemáticos que a soma
dos ângulos internos de um triângulo deve ter 180º, cada vértice tem 60º, com
isto, para manter a forma eqüilátera do mesmo se uma reta de um vértice ao
outro for aumentada, os outros dois lados também deve crescer, aumentando a
área interna, portanto, para ocorrer um crescimento externo, devemos crescer
interiormente, e por isto o Triângulo Eqüilátero é considerado como um símbolo
da Perfeição, Harmonia e Sabedoria, e conseqüentemente, do celestial e
Divino.

O segundo Triângulo, representa o retorno do Ocidente ao Oriente, uma das


viagens simbólicas de nossa iniciação, tendo o vértice inicial no Orador,
observamos que ele representa a união do Mundo Espiritual, ao Mundo
Material, de acordo com as Leis do Universo. Representado pela estrela
Arcturus, significa o Guardião do Oriente. A jornada do Orador ao Secretário,
constitui a primeira reta, que é à base do novo Triângulo a ser formado. Esta
reta pode representar o registro das Leis para a sua aplicabilidade no mundo
material.

O trajeto percorrido do Secretário ao Cobridor Interno, forma uma reta onde fica
caracterizado que as Leis ditadas pelo Guardião do Oriente (Orador), deve ser
praticadas pelo Guardião do Ocidente (Cobridor Interno). O Cobridor Interno
tem como estrela regente a Estrela Antares, pelo fato do mesmo ser o
responsável por garantir a fronteira entre o mundo Iniciático do Profano,
concluído assim o segundo Triângulo Eqüilátero. Segundo a literatura, o cargo
de Cobridor é tão importante e deve ser assumido por uma pessoa de profunda
sabedoria, que este oficio deve ser assumido pelo último Venerável Mestre,
após o termino do seu mandato.
O Primeiro Triangulo é formado sem ultrapassar os Trópicos de Capricórnio e o
de Câncer, sendo este trajeto o mesmo percorrido pelo Sol desde o seu
Nascimento no Oriente até o seu ocaso, e o inicio da construção do Segundo
Triângulo se dá na saída do Ocidente ao Oriente, coincidente com a Primeira
Viagem da Iniciação do Neófito. Podemos dizer ainda que o primeiro Triângulo
representa Salomão, pela sabedoria implícita no seu cerne, e o Segundo
representa Moises por tratar das Leis do nosso mundo. A estrela formada tem
um vértice voltado para cima (Salomão), e o outro voltado para baixo (Moisés),
deixando subentendido o legado de Hermes Trimegisto na fabulosa obra Tábua
de Esmeralda: "O que está embaixo é como o que está no alto e o que está no
alto é como o que está embaixo, para produzir os milagres de uma coisa só".

O restante da circunvolução por ser realizada em ordem hierárquica nos


transmite o ensinamento que devemos respeitar as Leis aplicadas pelo
Universo ao nosso mundo, e ter a humildade de reconhecer que tudo tem a sua
seqüência e hora para se concretizar.

Assim podemos concluir que devemos ter olhos para ver, e ouvidos para
escutar, devemos alimentar a chama da vontade de aprender acesa para
ampliar nossos conhecimentos, nos destituindo de preconceitos e vaidades,
para que possamos assim evoluir, e estas condições caracterizam a
importância do Aprendiz na nossa Augusta Instituição, deixando claro que
mesmo com o aumento salarial, devemos ter a consciência de aprender
constantemente, pois o fato de aprender é inerente ao grau ocupado pelo
Maçom, o qual apenas serve para discernir uma hierarquia material.

BIBLIOGRAFIA

Compêndio Litúrgico 4a Edição - 1999.


Ritual de Aprendiz Maçom Rito Escocês Antigo e Aceito 2002.
Regimento Normativo 1999.
Manual do Aprendiz. Aldo Lavagnini (Magister). Editora Dag.
Consultório Maçônico V. José Castellani. Editora Maçônica "A Trolha" - 1997
Cadernos de Pesquisa Nº 16. A Maçonaria e as Religiões: Reflexões
necessárias para os Maçons Conscientes. Fadel David Antonio Filho. Editora
Maçônica "A Trolha" - 1997, págs 137-144.
Circulação em Loja. Antonio Carlos Maciel Cunha. Trabalho apresentado em
Tempo de Estudo da A.'.R.'.L.'.S.'.Conselheiro Crispiniano em 2002.

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