Você está na página 1de 62

GRAMÁTICA

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

APOSTILA ELABORADA TENDO POR BASE: No caso de textos literários, é preciso conhecer a liga-
ção daquele texto com outras formas de cultura, outros
• Manual de Redação da Presidência da Repú- textos e manifestações de arte da época em que o autor
blica, 2002. viveu. Se não houver esta visão global dos momentos lite-
• Apostila Curso de Redação Oficial Básica. Ela-
rários e dos escritores, a interpretação pode ficar compro-
boração: Janaína de Aquino Ferraz, Ormezinda M.
metida. Além disso, não se podem dispensar as dicas que
Ribeiro Aya, Elda A. Oliveira Ivo, Paula Cobucci e
Flávia M. Pires. aparecem na referência bibliográfica da fonte e na identifi-
• Exercícios criados pela Professora Mestra Viviane cação do autor.
Faria
COMUNICAÇÃO
Sites:
http://www.brasilescola.com/redacao A comunicação ocorre quando interagimos com outras
http://www.infoescola.com pessoas utilizando a linguagem. Palavras, gestos, movimen-
http://www.mundovestibular.com.br tos, expressões corporais e faciais é linguagem. Linguagem
http://www.portalsaofrancisco.com.br
é um processo comunicativo pelo qual as pessoas intera-
http://www.wikipedia.org
gem entre si.
• Provas de concursos públicos (com as referências
devidas)

stelalecocq.blogspot.com

Além da linguagem verbal, cuja unidade básica é a


Fonte: <http://smharmon.blogspot.com>.
palavra (falada ou escrita), existem também as linguagens
não verbais, como a música, a dança, a mímica, a pintura,
Para ler e entender um texto é preciso atingir dois
níveis de leitura: a informativa e a de reconhecimento. A a fotografia e a escultura, que possuem outros tipos de uni-
primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro dade – o gesto, o movimento, a imagem etc.. Há, ainda,
contato com o texto, extraindo-se informações e se as linguagens mistas, como as histórias em quadrinho, o
preparando para a leitura interpretativa. Contudo, quando cinema, o teatro e os programas de TV, que podem reunir
se interpreta, deve-se adotar os seguintes passos: entender diferentes linguagens, como o desenho, a palavra, o figu-
> compreender > analisar. Durante a leitura, grife palavras- rino, a música e o cenário.
-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à Os interlocutores são as pessoas que participam do
ideia central de cada parágrafo. Concentre-se nas perguntas
processo de interação por meio da linguagem.
e opções de respostas. Marque palavras como NÃO,
Mais recentemente, com o aparecimento da informá-
EXCETO, RESPECTIVAMENTE etc., pois fazem diferença
na escolha adequada. Retorne ao texto, mesmo que pareça tica, surgiu também a linguagem digital, que, valendo-se da
ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter combinação de números, permite armazenar e transmitir
a ideia do sentido global proposto pelo autor. informações em meios eletrônicos.

1
Fonte: <http://activiadanone.com.br>.

5. Função expressiva/emotiva: também chamada de


emotiva, passa para o texto marcas de atitudes pes-
soais como emoções, opiniões, avaliações. Na função
expressiva, o emissor ou destinador é o produtor da
mensagem. O produtor mostra que está presente no
texto mostrando aos olhos de todos seus pensamen-
tos.
Fonte: <http://brasilescola.com>.

ELEMENTOS

• Emissor: quem ou o que emite a mensagem.


• Receptor: quem ou o que recebe a mensagem.
• Mensagem: o conjunto de informações transmiti-
das.
• Código: a combinação de signos utilizados na
transmissão de uma mensagem. A comunicação só
se concretizará se o receptor souber decodificar a
VIVIANE FARIA

mensagem.
• Canal de Comunicação: meio pelo qual a mensa-
gem é transmitida: TV, rádio, jornal, revista, cordas
vocais, ar etc..
• Contexto: a situação a que a mensagem se refere,
também chamado de referente.
• Ruído: qualquer perturbação na comunicação.
Fonte: <http://wayshiriu.com>.
FUNÇÕES
6. Função poética: utiliza no texto marcas estruturais
O linguísta russo chamado Roman Jakobson caracte- e mensagens variadas. Nessa função, o emissor ou
rizou seis funções de linguagem, ligadas ao ato da comu- destinador se comunica por meio de signos visuais ou
nicação: sonoros que simbolizam a comunicação pretendida.
1. Função Referencial: também chamada de denota- Muitas vezes acompanha a função expressiva.
tiva ou informativa, configura-se quando o objetivo é
passar uma informação objetiva e impessoal no texto.
É valorizado o objeto ou a situação de que se trata a
mensagem sem manifestações pessoais ou persuasi-
vas.
2. Função metalinguística: é quando a linguagem fala
de si própria. Predominam em análises literárias, inter-
pretações e críticas diversas. Fonte: <http://isacasaca.blogspot.com>.
3. Função fática: é o canal por onde a mensagem cami-
nha de quem a escreve para quem a recebe. Também INTENÇÕES
designa algumas formas que se usa para chamar aten-
ção. 1. Lúdica: a intenção comunicativa é entreter o interlo-
4. Função conativa/apelativa: é quando a mensagem cutor.
do texto busca seduzir, envolver o leitor, levando-o a 2. Pragmática: a intenção comunicativa é convencer o
adotar um determinado comportamento. Na função interlocutor de uma ideia que interfira em seu compor-
conativa a presença do receptor está marcada sempre tamento.
por pronomes de tratamento ou da segunda pessoa e 3. Cognitiva: a intenção comunicativa é passar informa-
pelo uso do imperativo e do vocativo. ções ao interlocutor.

2
4. Sintonizadora: a intenção comunicativa é atingir um Assaltante Mineiro – “Ô sô, prestenção... Isso é um
certo perfil de interlocutor e, em seguida, apresentar assarto, uai... Levanta os braço e fica quetin quesse trem na
outra intenção. minha mão tá cheio de bala... Mió passa logo os trocados
5. Engajadora: a intenção comunicativa é denunciar, pro- que eu num tô bão hoje.Vai andando, uai! Tá esperando o
vocando o senso crítico do interlocutor sobre alguma quê, uai?!”
questão, geralmente de caráter social e/ou político. Assaltante Gaúcho – “Ó, guri, ficas atento... Bah, isso
6. Catártica: a intenção comunicativa é arrebatar o inter- é um assalto... Levantas os braços e te aquietas, tchê! Não
locutor a uma emoção extremada, agindo diretamente tentes nada e cuidado que esse facão corta uma barbari-
um sua sensibilidade emotiva. dade! Passa os pila pra cá... e te manda a la cria, senão os
7. Liberadora do “eu”: a intenção comunicativa é aguçar quarenta e quatro fala!”
a imaginação do interlocutor, levando-o a uma evasão, Assaltante Carioca – “Seguiiiinte bicho... Tu te ferrô,
a um escapismo. isso é um assalto... Passa a grana e levanta os braços,
CÓDIGO rapá... Não fica de bobeira que eu atiro bem pra caraca,
rapá... Vai andando e, se olhar pra trás, vira presunto.”
É um conjunto de sinais convencionados socialmente Assaltante Baiano – “Ô meu rei... (longa pausa), Isso
para a construção e a transmissão de mensagens. é um assalto... (longa pausa) Levanta os braços e num se
Língua é um código formado por signos (palavras) e avexe não... (longa pausa) Se não quiser nem precisa levan-
leis combinatórias por meio do qual as pessoas se comuni- tar, pra não ficar cansado... (longa pausa) Vai passando a
cam e interagem entre si. grana bem devagarzinho... (longa pausa) Num repara se o
berro tá sem bala, é pra num ficá pesado... Num esquenta,
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA irmãozinho... (longa pausa), vou deixar teus documentos na
encruzilhada...”
São as variações que a língua apresenta, de acordo Assaltante Paulista – “Ôrra, meu... isso é um assalto,
com as condições sociais, culturais, regionais e históricas
meu... Levanta os braços, meu... Passa logo a grana, meu...
em que é utilizada.
Mais rápido, meu... Que eu ainda preciso pegar a bilheteria
aberta pra comprar o ingresso do jogo do Corinthians, meu...
• Variedade padrão, norma culta, norma grama-
Pô, se manda, meu...”

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
tical, norma formal: é a variedade linguística de
Assaltante de Brasília – “Querido povo brasileiro,
maior prestígio social.
estou aqui no horário nobre da TV para dizer que, no final
• Variedade não padrão, norma coloquial, norma
do mês, aumentaremos as seguintes tarifas: de energia,
informal: são todas as variedades linguísticas dife-
água, esgoto, gás, passagem de ônibus, IPTU, IPVA, licen-
rente da padrão.
ciamento de veículos, seguro obrigatório, gasolina, álcool,
imposto de renda, IPI, CMS, PIS, COFINS, produtos alimen-
tícios etc. Mas não se preocupem, porque somos PENTA!!!”

SIGNO LINGUÍSTICO

Na concepção da linguística estruturalista, o signo lin-


guístico é uma entidade psíquica indivisível, composta por
dois elementos: o significado, ou conceito, e o significante,
ou a forma linguística na sua realização fonética ou gráfica.
O signo linguístico é arbitrário porque não pretende asseme-
lhar-se ao seu referente. Diversas línguas atribuem diversos
significantes a um significado idêntico.

EXERCÍCIOS

Fonte: <http://blog.educacional.com.br>.

O texto de humor que segue foi veiculado na internet no


ano de 2003. Leia-o e perceba a variação presente:

Assaltante Nordestino – “Ei bichim... Isso é um


assalto... Arriba os braço e num se bula num se cague e
num faça munganga... Arrebola o dinheiro no mato e não
faça pantim, se não eu enfio a peixeira no teu bucho e boto
teu fato pra fora... Perdão, meu padim Ciço, mas é que eu tô
com uma fome da moléstia...” Fonte: <http://vidadeuniversitario.wordpress.com>.

3
1. (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA) 3. Preencha os parênteses das questões seguintes com
a letra da função da linguagem predominante em cada
texto.
a. Emotiva/Expressiva
b. Conativa/Apelativa
c. Referencial
d. Fática
e. Metalinguística
f. Poética

1) ( )
“América do Sul
América do Sol
América do Sal” (Oswald de Andrade)
Na propaganda apresentada, o texto verbal que sinte-
tiza corretamente as ideias presentes estritamente na
imagem é que o cigarro é um(a) 2) ( )
a. vício que leva as pessoas à morte. “Naquele momento não supus que um caso tão insig-
b. instrumento de prazer e desgosto, ao mesmo tem- nificante pudesse provocar desavença entre pessoas
po. razoáveis.” (Graciliano Ramos)
c. arma, e por meio dela você está se matando.
d. forma de sociabilização das pessoas, mas mata. 3) ( )
e. marca do desequilíbrio das pessoas, antes de tudo. “A transparência do sentido dos atos normativos, bem
como sua inteligibilidade, são requisitos do próprio Es-
GABARITO: c. tado de Direito: é inaceitável que um texto legal não
seja entendido pelos cidadãos.” (Manual de Redação
2. (IBFC) da Presidência da República)
Alguém Me Disse
VIVIANE FARIA

Gal Costa 4) ( )
Coloque três xícaras de açúcar e bata até adquirir con-
Alguém me disse que tu andas novamente sistência de suspiro.
De novo amor nova paixão toda contente
Conheço bem tuas promessas outras ouvi iguais a 5) ( )
essas – Olá, como vai?
Esse teu jeito de enganar conheço bem – Bem, obrigado, e você?
Pouco me importa que tu beijes tantas vezes
E que tu mudes de paixão todos os meses 6) ( )
Se vais beijar como eu bem sei Os complementos verbais e nominais são termos inte-
Fazer sonhar como eu sonhei grantes da oração.
Mas sem ter nunca amor igual
Ao que eu te dei
7) ( )
“A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala,
Considere as afirmações que seguem:
quer pela escrita.” (Manual de Redação da Presidên-
cia da República)
I – O eu lírico que se expressa na música dirige-se à
pessoa amada, afirmando que não sente ciúmes e
nunca se envolveu, de fato, com ela. 8) ( )
II – O eu lírico diz que a pessoa a quem se dirige tem o Gosto de acreditar que Papai Noel existe, porque isso
dom de iludir a fazer sonhar. não deixa crescer a criança que salta em meu coração.
III – O eu lírico refere-se à pessoa amada na terceira
pessoa do singular. 9) ( )
“Gigante pela própria natureza.
Está correto o que se afirma em: És belo, és forte, impávido colosso.” (Hino Nacional
a. a) somente I. Brasileiro)
b. b) somente II.
c. c) somente III. 10) ( )
d. d) I e II. A lua é o satélite natural da Terra.
e. e) II e III.
11) ( )
GABARITO: b. Como eu acho a lua maravilhosa!

4
12) ( ) c. um apelo para que as pessoas somente façam po-
Inspira-me, ó lua! esia quando de posse da chave de ouro.
d. a valorização do dicionário para o conhecimento
13) ( ) das palavras.
Alô, alô, astronautas na lua... Vocês conseguem me e. uma colocação cética quanto à inacessibilidade da
ouvir? poesia.

GABARITO: b.
14) ( )
Em algumas noites, é possível ver a lua no céu. 6. Além da função poética, o texto apresenta a(s)
função(ões):
15) ( ) a. fática.
“Lua cheia, meia displicente b. metalinguística.
Está presente aqui no coração...” (Fábio Jr.) c. referencial.
d. conativa.
GABARITO: f, a, c, b, d, e, e, a, f, c, a, b, d, c, f. e. emotiva.

4. (IBFC) Considere o diálogo abaixo. GABARITO: b e d.

– Oi, tudo bem? 7. Julgue os itens a seguir, marcando como C os que se-
– Tudo. E você? guem a norma gramatical e como E os que seguem a
– Também... Está tudo certo? norma coloquial.
– Sim. Com você também? 1) Maria se indignou por que num obteve a classifi-
– Sim. cação?
2) Depois de tuas explicação foi fácil entender por que
A função de linguagem predominante é: tomara aquela decisão.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
a. a) referencial. 3) Não punem os homens maus porque não dispõe
b. c) metalinguística. de um Código Penal atualizado? Que nada!
c. b) emotiva.
4) Por que haveria de te ocupar daquele assunto, se
d. d) fática.
não era tua obrigação?
GABARITO: d. 5) O princípio de que o réu é inocente até se prová em
contrário é uma conquista da civilização; daí por
Leia o texto a seguir e responda às questões 05 e 06. que não tem ele que se preocupar.

GABARITO: E, E, E, E, E.
Procura da poesia

8. (ESAF) “Ainda ______ furiosa, mas com ________


Penetra surdamente no reino das palavras.
violência, proferia injúrias ___________ para escan-
Lá estão os poemas que esperam ser escritos,
dalizar todos.”
Estão paralisados, mas não há desespero,
a. a) meia, menos, bastante.
há calma e frescura na superfície inata.
b. b) meio, menos, bastante.
Ei-los nós e mudos, em estado de dicionário.
c. c) meio, menos, bastantes.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
d. d) meia, menas, bastantes.
Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume GABARITO: c.
com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo. 9. (IBFC)
Não colhas no chão o poema que se perdeu. Maldição
Não adules o poema. Aceita-o
como ele aceitará sua forma definitiva Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
e concentrada no espaço. Quanta maldição!
O meu coração não quer dinheiro, quer poesia!
(ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Obra completa. Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia
2. ed. Rio de Janeiro, Aguiar, 1967. p. 139.)
Rimbaud – A missão
Poeta e ladrão
5. O trecho do poema acima representa (assinale a alter- Escravo da paixão sem guia
nativa correta): Edgar Allan Poe tua mão na pia
a. um conselho ao jovem para que observe as regras Lava com sabão tua solidão
da gramática. Tão infinita quanto o dia
b. um convite para explorar os valores virtuais e ima- Vicentinho, Van Gogh, Luiza Erundina
nentes das palavras. Voltem pro sertão

5
Pra plantar feijão No texto, as palavras destacadas nos versos “nem de
Tulipas, para a burguesia fome/ nesta fartura” indicam uma:
Baudelaire, Macalé, Luiz Melodia a. a) comparação.
Waly Salomão, Itamar Assumpção b. b) consequência.
O resto é perfumaria c. c) contradição.
(Zeca Baleiro) d. d) finalidade.
e. e) reformulação.
Considere as afirmações abaixo.
GABARITO: c.
I – O título da música indica que o autor não gosta dos
artistas citados na letra. 12. (IADES)
II – A música cita pessoas que não são consideradas
bem sucedidas tendo como critérios a fama como
grande público ou o enriquecimento.

Está correto o que se afirma em:


a. somente I.
b. somente II.
c. I e II.
d. nenhuma.

GABARITO: b.

10. (CESGRANRIO)

Autopiedade

Amar, amei. Não sei se fui amado, Desenvolver sem agredir o meio ambiente.
VIVIANE FARIA

pois declarei amor a quem me odiara


Fonte: <http://www.brasilescola.com/geografia/desen-
e a quem amei jamais mostrei a cara,
volvimento-sustentavel.htm>.
de medo de me ver posto de lado.
Se serve de consolo, seja assim:
A propósito da organização das ideias do texto, assina-
amor nunca se esquece, é que nem prece.
le a alternativa correta.
Tomara, pois, que alguém reze por mim.
(Glauco Mattoso) a. Ocorre total incoerência entre a imagem e a oração
que constituem o texto, já que elas reproduzem in-
As palavras/expressões transcritas do texto estão formações opostas.
acompanhadas de substituições. A substituição que b. As partes que compõem o texto sugerem, em tom
NÃO mantém o mesmo sentido é: agressivo, o desrespeito humano para com a na-
a. fui amado (l. 1) – me amaram. tureza.
b. pois (l. 2) – quando. c. O sentido de “agredir” sugerido pela oração está
c. odiara (l. 2) – tinha odiado. representado pela imagem.
d. posto de lado (l. 4) – descartado. d. A imagem expressa um conteúdo reforçado pela
e. que nem (l. 6) – como. oração.
e. A imagem representa, principalmente, as consequ-
GABARITO: b. ências de toda ação humana que não atende ao
apelo contido na oração.
11. (CESGRANRIO)
GABARITO: d.
Bombando
ANÁLISES
Não vou
morrer de enfarte ANÁLISE BÁSICA
em plena festa
nem de fome • Semântica: estuda o significado e a interpretação
nesta fartura. do significado de uma palavra, de um signo, de
Quando sou uma frase ou de uma expressão em um determi-
a última estrela que me resta, nado contexto. Nesse campo de estudo se analisa,
resolvo brilhar também, as mudanças de sentido que ocorrem nas
e aí ninguém me segura. formas linguísticas devido a alguns fatores, tais
Bráulio Tavares como tempo e espaço geográfico.

6
• Morfológica: é o estudo da estrutura, da formação • Intertextualidade é a relação entre dois textos
e da classificação das palavras. A peculiaridade da caracterizada por um citar o outro.
morfologia é estudar as palavras olhando para elas • Interdiscursividade é a relação entre dois discur-
isoladamente e não dentro da sua participação na sos caracterizada por um citar o outro.
frase ou período. A morfologia está agrupada em • Paródia é um tipo de relação intertextual em que
dez classes, denominadas classes de palavras ou um dos textos cita outro, geralmente com o obje-
classes gramaticais. São elas: Substantivo, Artigo, tivo de fazer-lhe uma crítica ou inverter ou distorcer
Adjetivo, Numeral, Pronome, Verbo, Advérbio, Pre- suas ideias.
posição, Conjunção e Interjeição. • Epígrafe é um título ou frase curta, que, colocado
• Sintática: é a parte da gramática que estuda a dis- no início de uma obra, serve como tema ou assunto
posição das palavras na frase e a das frases no dis- para resumir ou introduzir a mesma. Constitui uma
curso, bem como a relação lógica das frases entre escrita introdutória a outra.
si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor pro-
cura transmitir um significado completo e compre-
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
ensível. Para isso, as palavras são relacionadas e
combinadas entre si. A sintaxe é um instrumento
• Sinonímia é a relação que se estabelece entre
essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas
duas palavras ou mais que apresentam significados
possibilidades que existem para combinar palavras
iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos.
e orações.
• Estilística: estuda os processos de manipulação • Antonímia é a relação que se estabelece entre
da linguagem que permitem a quem fala ou escreve duas palavras ou mais que apresentam significados
sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio diferentes, contrários, isto é, os antônimos.
das palavras. Além disso, estabelece princípios • Homonímia é a relação entre duas ou mais pala-
capazes de explicar as escolhas particulares feitas vras que, apesar de possuírem significados diferen-
por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao tes, possuem a mesma estrutura fonológica ou orto-
uso da língua. gráfica. As homônimas podem ser:

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
–– Homógrafas: palavras iguais na escrita e dife-
ANÁLISE TEXTUAL rentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substan-
tivo) gosto / (1ª pessoa singular presente indi-
• Afirmação é dizer o que está explicitado no texto, o cativo do verbo gostar) / conserto (substantivo)
que está evidente. – conserto (1ª pessoa singular presente indica-
• Inferência é uma dedução, uma suposição, conclu- tivo do verbo consertar);
ída pelas afirmações. –– Homófonas: palavras iguais na pronúncia e
• Extrapolação é tomar por verdade algo que não diferentes na escrita. Exemplos: cela (subs-
está no texto. tantivo) – sela (verbo) / cessão (substantivo)
– sessão (substantivo) / cerrar (verbo) – serrar
ANÁLISE INTERTEXTUAL (verbo);
–– Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na
escrita. Exemplos: cura (verbo) – cura (substan-
tivo) / verão (verbo) – verão (substantivo) / cedo
(verbo) – cedo (advérbio);

• Paronímia: É a relação que se estabelece entre


duas ou mais palavras que possuem significados
diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e
na escrita, isto é, os parônimos: Exemplos: cavaleiro
– cavalheiro / absolver – absorver / comprimento –
cumprimento/ aura (atmosfera) – áurea (dourada)
/ conjectura (suposição) – conjuntura (situação
decorrente dos acontecimentos) / descriminar (des-
culpabilizar – discriminar (diferenciar) / desfolhar
(tirar ou perder as folhas) – folhear (passar as folhas
de uma publicação) / despercebido (não notado) –
desapercebido (desacautelado) / geminada (dupli-
cada) – germinada (que germinou) / mugir (soltar
mugidos) – mungir (ordenhar) / percursor (que per-
corre) – precursor (que antecipa os outros) / sobres-
crever (endereçar) – subscrever (aprovar, assinar)
/ veicular (transmitir) – vincular (ligar) / descrição –
Fonte: <http://alquimiadaspalavrassm.blogspot.com>. discrição / onicolor – unicolor.

7
• Polissemia: É a propriedade que uma mesma pala- Preciso sair dessa
vra tem de apresentar vários significados. Exem- Dessa de me apaixonar
plos: Ele ocupa um alto posto na empresa. / Abas- Por quem só quer me fazer sofrer
teci meu carro no posto da esquina. / Os convites Por quem só quer me fazer chorar
eram de graça. / Os fiéis agradecem a graça rece-
bida. E é tão ruim quando alguém machuca a gente
O coração fica doente
EXERCÍCIOS Sem jeito até para conversar
Dói demais, só quem ama sabe e sente
1. O que se passa em nossa mente
Máquina registradora Na hora de deixar rolar

Um negociante acaba de acender as luzes de uma loja Nunca mais eu vou provar do teu carinho
de calçados, quando surge um homem pedindo dinheiro. Nunca mais vou pode te abraçar
O proprietário abre uma máquina registradora. O conteúdo Ou será que eu vivo bem melhor sozinho
da máquina registradora é retirado e o homem corre. Um E se for mais fácil assim pra perdoar
membro da polícia é imediatamente avisado.
O amor às vezes só confunde a gente
Não sei como você pode ser bem diferente
Observando os critérios de interpretação textual co-
O amor às vezes confunde a gente
nhecidos como afirmação, inferência e extrapo-
Não sei como você pode ser diferente
lação, julgue os seguintes itens, de acordo com as
afirmativas que podem ser feitas sobre o texto Máquina Coração...
registradora.
1) Um homem apareceu assim que o proprietário (Intérprete: Rapazolla; Autor: Fábio)
acendeu as luzes de sua loja de calçados.
2) O ladrão foi um homem. De acordo com o texto Coração, julgue os itens de in-
3) O homem não pediu dinheiro. terpretação.
4) O homem que abriu a máquina registradora era o 1) O eu-lírico está sofrendo porque a pessoa a quem
VIVIANE FARIA

proprietário. ele amou morreu, como comprova a 4ª estrofe.


5) O proprietário da loja de calçados retirou o conteú- 2) O eu-lírico está conversando com um amigo, que
do da máquina registradora e fugiu. o ouve em silêncio e penalizado por sua desgraça.
6) Alguém abriu uma máquina registradora. 3) A expressão “a gente”, presente em alguns versos
7) Depois que o homem pediu o dinheiro apanhou o do poema, é marca de linguagem coloquial.
4) O eu-lírico fala com duas pessoas no texto: em al-
conteúdo da máquina registradora, fugiu.
guns momentos com seu próprio coração, em ou-
8) Embora houvesse dinheiro na máquina registrado-
tras com a pessoa que o magoou.
ra, a história não diz a quantidade.
5) O eu-lírico está em depressão e não tem vontade
9) O ladrão pediu dinheiro ao proprietário.
de ficar melhor emocionalmente.
10) A história registra uma série de acontecimentos
que envolvem somente três pessoas: o proprietá- GABARITO: E, E, C, C, E.
rio, um homem que pediu dinheiro e um membro
da polícia. 3. (CESPE) O Brasil deve colher em 2009 a segunda
11) Os seguintes acontecimentos da história são ver- maior safra de grãos e oleaginosas de sua história:
dadeiros: 137,6 milhões de toneladas, segundo a Companhia
–– alguém pediu dinheiro; Nacional de Abastecimento (Conab), ou 136,4 milhões,
–– uma máquina registradora foi aberta; de acordo com o IBGE. Confirmada qualquer das duas
–– o dinheiro da máquina registradora foi retirado; estimativas, a colheita será suficiente para garantir um
–– um homem fugiu da loja. abastecimento interno tranquilo, sem problemas para
o consumidor, e um volume apreciável de exportações
GABARITO: E, E, E, C, E, C, E, E, E, E, E. de produtos in natura ou processados. Pelos cálculos
da Conab, a safra será 4,5% menor que a da tempora-
2. da 2007-2008. Pelas contas do IBGE, a produção de
Coração 2009 será 6,5% menor que a da safra anterior.
Apesar de alguns meses secos em algumas áreas e
do excesso de chuvas em outras, o tempo, de modo
Coração
geral, acabou contribuindo para uma produção satis-
Para que se apaixonou
fatória, confirmada em estados do Centro-Sul, onde
Por alguém que nunca te amou
mais de 60% das lavouras de verão já foram colhidas.
Alguém que nunca vai te amar Nessas áreas, também já avançou ou foi concluído o
Eu vou fazer promessas para nunca mais amar plantio da segunda safra de milho e de feijão.
Alguém que só quis me ver sofrer O Estado de S.Paulo. Editorial, 12.04.2009 (com adap-
Alguém que só quis me ver chorar tações).

8
Com base no texto acima, julgue os itens que se se- 5. (IBFC) Assinale a alternativa que melhor expressa a
guem. ideia contida em “quem semeia vento colhe tempes-
1) Infere-se das informações do texto que a maior sa- tade”.
fra de grãos e oleaginosas colhida no Brasil até a a. Consequência.
data da publicação do texto foi a de 2007-2008. b. Solidariedade.
2) Depreende-se das informações do texto que as es- c. Consciência ambiental.
timativas do IBGE, em relação à safra de 2009, são d. Inveja.
mais positivas e otimistas que as da CONAB.
3) Entre “e” e “um volume (...) processados”, é possí- GABARITO: a.
vel subentender-se a forma verbal garantir.
4) Caso a expressão “Apesar de” seja substituída por
6. (ESAF) Leia o texto abaixo para responder à questão.
Não obstante, será necessário eliminar a preposi-
ção contida em “do excesso” para que o texto per-
Quando surgiu a preocupação ética no homem? Em
maneça gramaticalmente correto.
que momento da sua história sentiu o ser humano neces-
GABARITO: C, E, C, C. sidade de estabelecer regras definindo o certo e o errado?
Essas indagações, possivelmente existentes desde que o
(IBFC) homem começou a pensar, têm ocupado o tempo e o esforço
Bom Conselho de reflexão dos filósofos ao longo dos séculos.
O fato é que, desde seus primórdios, as coletividades
Ouça um bom conselho humanas não apenas pactuaram normas de convivência
Que eu lhe dou de graça social, mas também foram corporificando um conjunto de
Inútil dormir que a dor não passa conceitos e princípios orientadores da conduta no que tange
Espere sentado ao campo ético-moral. Esta necessidade ética, sinalizando
Ou você se cansa parâmetros de comportamento em todas as esferas da ativi-
Está provado, quem espera nunca alcança dade humana, naturalmente tinha que alcançar o exercício
Venha, meu amigo

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
das profissões.
Deixe esse regaço (Adaptado de Ivan de Araújo Moura Fé, Desafios Éticos
Brinque com meu fogo – prefácio)
Venha se queimar
Faça como eu digo Analise as seguintes inferências:
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar I – O homem tem preocupação ética desde o início
Corro atrás do tempo da história e, possivelmente, desde que começa a
Vim de não sei onde
pensar.
Devagar é que não se vai longe
II – Filósofos têm se dedicado a refletir sobre as regras
Eu semeio o vento
que definem o certo e o errado ao longo dos sé-
Na minha cidade
culos.
Vou pra rua e bebo a tempestade
III – Profissões são resultados de conjuntos de concei-
Provérbios populares: tos e princípios norteadores de conduta.
Quem espera sempre alcança.
Quem semeia vento colhe tempestade. A argumentação do texto permite:
Pense duas vezes antes de agir. a. todas as inferências.
Devagar se vai ao longe. b. apenas a inferência I.
(Chico Buarque) c. apenas a inferência II.
d. apenas as inferências I e II.
4. (IBFC) Considere as afirmações abaixo. e. apenas as inferências II e III.

I – Para compreender adequadamente o sentido da GABARITO: d.


letra, o leitor dever perceber a intertextualidade
com os provérbios populares. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Leia o
II – Na música, o sentido de vários provérbios é inver-
texto a seguir e responda às questões 07, 08, 09 e 10.
tido.
O Melhor amigo
Está correto o que se afirma em:
a. somente I.
b. somente II. A mãe estava na sala, costurando. O menino abriu
c. I e II. a porta da rua, meio ressabiado, arriscou um passo para
d. nenhuma. dentro e mediu cautelosamente a distância. Como a mãe
não se voltasse para vê-lo, deu uma corridinha em direção
GABARITO: c. de seu quarto.

9
– Meu filho? – gritou ela. c. Comedida.
– O que é – respondeu com o ar mais natural que lhe d. Introvertida.
foi possível. e. Intransigente.
– Que é que você está carregando aí?
Como podia ter visto alguma coisa, se nem levantara a GABARITO: e.
cabeça? Sentindo-se perdido, tentou ainda ganhar tempo:
– Eu? Nada... 9. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) A ati-
– Está sim. Você entrou carregando alguma coisa. tude final do menino permite-nos associá-lo à seguinte
Pronto: estava descoberto. Não adiantava negar – o personagem bíblica:
jeito era tentar comovê-la. Veio caminhando desconsolado a. Jacó.
até a sala, mostrou à mãe o que estava carregando: b. Judas.
– Olha aí, mamãe: é um filhote...
c. Labão.
Seus olhos súplices aguardavam a decisão.
d. Tomé.
– Um filhote? Onde é que você arranjou isso?
e. Pedro.
– Achei na rua. Tão bonitinho, não é, mamãe?
Sabia que não adiantava: ela já chamava o filhote de
GABARITO: b.
isso.
– Trate de levar esse cachorro embora!
O menino tentou enxugar uma lágrima, não havia 10. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) A per-
lágrima. Voltou para o quarto, emburrado: a gente também sonagem assinalada na questão anterior também:
não tem nenhum direito nesta casa – pensava. a. respeitava a mãe.
– Dez minutos – repetiu ela com firmeza. b. não aceitava as decisões da mãe.
– Todo mundo tem cachorro, só eu que não tenho. c. vendia animais.
– Você não é todo mundo. d. vendeu o amigo.
– Também, de hoje em diante eu não estudo mais, não e. adorava os animais.
vou mais ao colégio, não faço mais nada.
VIVIANE FARIA

– Veremos – limitou-se a mãe, de novo distraída com GABARITO: d.


a costura.
– A senhora é ruim mesmo, não tem coração! 11. (ESAF) Indique a opção que preenche corretamente
Conhecia bem sua mãe, sabia que não havia apelo: todas as lacunas das frases.
tinha dez minutos para brincar com seu novo amigo, e
depois... Ao fim de dez minutos, a voz da mãe inexorável: I – Na última _____ do grêmio, o orador foi brilhante.
– Vamos, chega! Leva esse cachorro embora. II – Comprei os livros na _____ de brinquedos.
Ele saiu, e seus olhos prometiam vingança. A mãe
III – Solicitamos ao diretor a _____ de duas salas.
chegou a se preocupar. (...) Meia hora depois, o menino vol-
tava da rua, radiante:
a. Sessão –seção – cessão.
– Pronto, mamãe!
b. Seção – cessão – sessão.
E exibia-lhe uma nota de vinte e uma de dez: havia ven-
c. Cessão – seção – sessão.
dido seu melhor amigo por trinta dinheiros.
(Fernando Sabino apud Bender Flora, org. Fernando d. Sessão – cessão – seção.
Sabino: literatura comentada. São Paulo: Abril, 1980. e. Seção – sessão – cessão.
p. 43-4)
GABARITO: a.
7. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Qual
o melhor sinônimo para o termo “ressabiado”? 12. (IBFC)
a. Desconfiado.
b. Honrado. Chapeuzinho Vermelho foi seguida pelo lobo ______.
c. Estimulado. O Apocalipse será a batalha entre o Bem e o ______.
d. Encantado.
e. Alucinado.
Assinale abaixo a alternativa que preenche correta-
mente as lacunas.
GABARITO: a.
a. Mau/Mau.
b. Mau/Mal.
8. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA) Após
a leitura do texto acima, qual a palavra abaixo que me- c. Mal/Mau.
lhor retrata a mãe do menino? d. Mal/Mal.
a. Preocupada.
b. Ineficiente. GABARITO: b.

10
13. (CESPE) – Por que será – perguntou ele a Olívia – por que será
que às vezes de repente a gente tem a impressão de que
acabou de nascer... ou de que o mundo ainda está fresqui-
nho, recém-saído das mãos de quem o fez?
VERÍSSIMO, Érico. Olhai os lírios do campo. Rio de
Janeiro: Globo, 1987. (Fragmento)

14. (CESGRANRIO) Para descrever a sensação do per-


sonagem em salvar a criança, no quarto parágrafo, o
narrador emprega algumas estratégias como o uso de
adjetivos, comparações, além de imagens poéticas.
Qual dos substantivos a seguir expressa tal sensação
do personagem?
a. Cansaço.
b. Angústia.
c. Certeza.
d. Empáfia.
e. Alívio.
Fonte: <http://economidiando.blogspot.com>.
GABARITO: e.
Em relação ao texto apresentado acima, julgue os
itens seguintes. 15. (CESGRANRIO) Sinais de pontuação ajudam a revelar
1) O texto constrói-se com base na sátira. a expressividade de um texto. A exclamação presente
2) Para o entendimento da crítica social presente no no terceiro parágrafo do texto é empregada, sobretu-
texto, é crucial, além da interpretação das imagens do, para revelar:

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
com base no conhecimento histórico, o entendi- a. assombro.
b. indignação.
mento do sentido das preposições empregadas no
c. surpresa.
título de cada imagem.
d. tensão.
3) 3. O tema do texto pode ser sintetizado no ditado
e. admiração.
popular “aqui se faz, aqui se paga”.
4) 4. Em “Presente pra Grego”, o emprego da forma
GABARITO: e.
prepositiva “pra” é inadequado, dado o grau de for-
malidade do texto.
16. (FUNASA) O anúncio publicitário a seguir é uma cam-
5) 5. O texto, cuja mensagem é transmitida essencial- panha de um adoçante, que tem como seu slogan a fra-
mente por meio da imagem, classifica-se como não se “Mude sua embalagem”.
verbal.

GABARITO: C, C, E, E, E.

Olívia se aproximou de Eugênio e com um lenço enxu-


gou-lhe o suor da testa. Estava terminada a traqueostomia.
A enfermeira juntava os ferros. Ruído de metais tinindo, de
mesas se arrastando. Eugênio tirou as luvas e foi tomar o
pulso do pequeno paciente. A criança como que ressusci-
tava. A respiração voltava lentamente, a princípio superficial,
depois mais funda e visível. O rosto perdia aos poucos a
rigidez cianótica.
Eugênio examinava-lhe as mudanças do rosto com
Fonte: <http://www.ccsp.com.br>.
comovida atenção.
Vencera! Salvara a vida de uma criança! A palavra “embalagem”, presente no slogan da campa-
A vida é boa! – pensava Eugênio. Ele tinha salvo nha, é altamente expressiva e substitui a palavra:
uma criança. Começou a cantarolar baixinho uma canção a. vida.
antiga que julgava esquecida. Sorvia com delícia o refresco b. corpo.
impregnado do cheiro da gasolina queimada. Sentia-se leve c. jeito.
e aéreo. Era como se dentro dele as nuvens de tempestade d. história.
se tivessem despejado em chuva e sua alma agora esti- e. postura.
vesse límpida, fresca e estrelada como a noite.
GABARITO: b.

11
(CESGRANRIO) A charge a seguir trata da situação A charge é um gênero textual que apresenta um caráter
crítica a que está submetido o país em relação à den- burlesco e caricatural, em que se satiriza um fato específico,
gue. Tendo-a por referência, assinale a alternativa cor- em geral de caráter político e que é do conhecimento público.
reta nas questões 17 e 18.
Responda às questões.

19. (CESGRANRIO) No plano linguístico, o humor da


charge:
a. tem como foco a imagem antagônica entre a pala-
vra riqueza e a figura do homem maltrapilho.
b. baseia-se no jogo polissêmico da palavra econo-
mia, ora empregada como ciência, ora como conter
gastos.
c. baseia-se na linguagem não verbal, que apresenta
um homem subnutrido como um exemplo de bra-
sileiro.
d. está centrado na ironia com que é tratada a produ-
ção de riquezas no Brasil.
IQUE. Jornal do Brasil, 25 mar. 2008. e. reside na ideia de um morador de rua saber falar
tão bem sobre assuntos como política, saúde e
economia.
17. (CESGRANRIO) Essa charge:
a. compara a luta contra a dengue a uma situação de
GABARITO: b.
guerra.
b. coloca em situação de oposição o homem e a so- 20. (CESGRANRIO) A primeira frase do personagem pode
ciedade. ser lida como uma hipótese formulada a partir da fala
c. suaviza a gravidade da questão a partir do humor. que faz a seguir. Apesar de não estarem ligadas por
d. dá características humanas ao mosquito. um conectivo, pode-se perceber a relação estabeleci-
e. propõe que forças bélicas sejam usadas na pre- da entre as duas orações. O conectivo que deve ser
usado para unir essas duas orações, mantendo o sen-
VIVIANE FARIA

venção da doença.
tido, é:
GABARITO: a. a. embora.
b. entretanto.
18. (CESGRANRIO) Uma charge tem como objetivo, por c. logo.
d. se.
meio de seu tom caricatural, provocar, no leitor, uma
e. pois.
dada reação acerca de um fato específico. De acor-
do com a situação em que foi produzida, a charge de
GABARITO: e.
Ique, aqui apresentada, visa a provocar, no leitor, uma
reação de: (CESGRANRIO)
a. consternação.
b. revolta.
O menino doente
c. alerta.
d. complacência. O menino dorme.
e. belicosidade. Para que o menino
Durma sossegado,
GABARITO: c. Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
(CESGRANRIO) — “Dodói, vai-te embora!
“Deixa o meu filhinho,
“Dorme... dorme... meu...”
Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:
— “Dorme, meu amor.
“Dorme, meu benzinho...”
E o menino dorme.

BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de


Janeiro: Nova Aguilar, 1983.

12
Tendo por referência o texto acima, responda às ques- 1) A linguagem presente no primeiro quadrinho tem
tões 21, 22 e 23. traços de oralidade, isto é, de linguagem coloquial.
2) A resposta dada pelo personagem no último qua-
21. (CESGRANRIO) Em dois versos do poema há a ocor- drinho denota o desconhecimento do mesmo em
rência do sufixo -inho. Nos dois casos, esse elemento relação às regras gramaticais.
assume um valor de: 3) A charge de Luiz Fernando Veríssimo traz uma
a. intensidade. crítica implícita à situação econômica do país ao
b. tamanho. afirmar que tal situação é antiga em nossa história.
c. ironia. 4) A palavra que responderia corretamente à indaga-
d. afeto. ção feita no primeiro quadrinho é inflação.
e. desrespeito. 5) A linguagem presente no terceiro quadrinho é co-
loquial.
GABARITO: d.
GABARITO: E, E, C, C, C.
22. (CESGRANRIO) As reticências podem ser usadas
25. Utilize a palavra adequada em cada uma das frases
com diferentes finalidades. No trecho “Dorme... dor-
abaixo.
me... meu...”, encontrado no texto, as reticências fo-
ram usadas para:
a. (acender/ascender)
a. marcar um aumento de emoção.
O secretário __________ na empresa por meio de
b. apontar maior tensão nos fatos apresentados. muito esforço e dedicação.
c. indicar traços que são suprimidos do texto. Os funcionários __________ as luzes externas do
d. deixar uma fala em aberto. edifício.
e. assinalar a interrupção do pensamento.
b. (cessão/seção/sessão)

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
GABARITO: e. A __________ foi feita do diretor a seu subordi-
nado.
23. (CESGRANRIO) A palavra “debruça” (v. 15), presente A __________ foi prorrogada para a semana que
no texto, pode ser substituída, sem alteração de sen- vem, a pedido dos deputados locais.
tido, por: A __________ deste andar ficou mal feita pelo
a. recolhe. arquiteto.
b. inclina.
c. derrama. c. (concerto/conserto)
d. descobre. O __________ do prédio ficou a um preço absurdo.
e. ajoelha. O __________ será no Teatro Nacional, às 20h.

GABARITO: b. d. (absolver/absorver)
O acusado será __________ pelo júri popular.
O pano não __________ toda a água derramada
24. Observe o quadrinho a seguir para julgar os itens.
aqui.

e. (comprimento/cumprimento)
Feito o __________, o senador deu início a seu
discurso.
O __________ da lei é essencial para que a ordem
permaneça.
Analisou o __________ do corredor que levava ao
gabinete presidencial.

f. (deferir/diferir)
Devemos sempre __________ a assinatura do pre-
sidente das demais.
Ele __________ o pedido feito sem hesitar, já que
exigiam rapidez na resposta.

g. (descriminar/discriminar)
O réu foi __________ pela falta de provas.
O secretário __________ os documentos impor-
tantes dos supérfluos.

13
h. (inflação/infração) 26. “E não sabem com que amor os estou escutando,
Os jornais anunciam o aumento da __________. como penso que este Brasil imenso não é feito só do
A __________ cometida pelo caseiro chocou o que acontece em grandes proporções, mas destas pe-
Brasil. quenas, ininterruptas, perseverantes atividades que se
desenvolvem na obscuridade e de que as outras, sem
i. (fragrante/flagrante) as enunciar, dependem.”
Pegou-se em __________ o estuprador. (Cecília Meireles)
O local do crime estava iluminado, organizado e
__________. Tendo por referência a passagem acima, assinale a
opção que apresenta antônimos dos vocábulos subli-
j. (descrição/discrição) nhados, na ordem em que eles aparecem.
A __________ é uma virtude rara. a. pequenino, interruptas, inconstantes, claridade.
Ele fez corretamente a __________ dos fatos. b. enorme, seguidas, escuras, iluminação.
c. ínfimo, fracionadas, umbrosas, famosa.
k. (mal/mau) d. insignificante, variadas, versáteis, luminosidade.
Você fez __________ vindo ao gabinete sem ter e. grande, interrompidas, omissas, clareza.
marcado hora.
GABARITO: a.
O __________ exemplo corrompe os bons costu-
mes.
27. (ESAF) Assinale a opção que apresenta o sentido em
que a palavra está sendo empregada no texto.
l. (senso/censo)
Faltou __________ nos funcionários que analisa-
Se a primeira etapa da crise mundial, deflagrada por
ram a situação.
insolvências no mercado de hipotecas americano, serviu
O governo local realizará um novo __________
de álibi para o governo partir do diagnóstico correto de que
este ano.
era preciso aumentar os gastos para executar os gastos
errados – por não poderem ser cortados depois, na hora
m. (deletar/delatar/dilatar)
de evitar pressões inflacionárias –, agora a crise na Europa
O asfalto __________ com o calor demasiado.
VIVIANE FARIA

mostra o outro lado dessas liberalidades fiscais: a quebra


O delegado disse à vítima que __________ seu
técnica de países.
agressor. Entre as causas dos desequilíbrios orçamentários
O novo secretário __________ todos os arquivos acham-se injeções de recursos no mercado para evitar a
guardados há anos no computador. desestabilização total do sistema financeiro, criando déficits
agravados pela recessão de 2009 e a consequente retração
n. (ratificar/retificar) na coleta de impostos. Mas há também muita irresponsa-
A afirmação a respeito do réu foi __________, pois bilidade na concessão de aumentos a servidores públicos,
conseguiu-se provar sua inocência. ampliação insensata de benefícios previdenciários e assis-
A testemunha __________ que havia sido agre- tenciais. Os desequilíbrios europeus, mais graves na Grécia,
dida, já que as marcas da violência eram evidentes. na Espanha, em Portugal, na Irlanda e na Itália, funcionam
como peça pedagógica para Brasília, onde muitos bilhões
o. (pleito/preito) em aumento de despesas têm sido contratados.
O __________ entre os candidatos foi escanda- (O Globo, Editorial, 28.05.2010)
loso.
Os deputados distritais organizaram um a. deflagrada – terminada.
__________ para o presidente da República. b. insolvências – inadimplências.
c. álibi – acusação.
p. (iminente/eminente) d. injeções – subtrações.
Sua carreira encontra-se hoje em total __________ e. pedagógica – deseducativa.
graças a todo apoio que recebe dos colaboradores
econômicos e dos grandes empresários. GABARITO: b.
Após análise minuciosa, notamos que é um pro- 28.
blema ainda __________ devido esforço de todos
em não deixá-lo crescer e prejudicar os negócios. Maria Berlini não mentira quando dissera que não tra-
balhava, nem estudava. Mas trabalhara pouco depois da
GABARITO: ascendeu/acenderam; cessão/sessão/ chegada ao Rio, com minguados recursos, que se evapora-
seção; conserto/concerto; absolvido/absorveu; cumpri- ram como por encanto. A tentativa de entrar para o teatro fra-
mento/cumprimento/comprimento; diferir/deferiu; descri- cassara. Havia só promessas. Não era fácil como pensara.
minado/discriminou; inflação/infração; flagrante/fragrante; Mesmo não tinha a menor experiência. Fora estrela estu-
discrição/descrição; mal/mau; senso/censo; dilatou/dela- dantil em Guará, isso porém era menos que nada! Acabado
tasse/deletou; retificada/ratificou; pleito/preito; eminência/ o dinheiro, não podia viver de brisa! Em oito meses, fora
iminente. sucessivamente chapeleira, caixeira de perfumaria, mani-

14
cura, para se sustentar. Como chapeleira, não aguentar dois Vale, no caso, um exercício de imaginação: transponha-
meses, que era duro!, das oito da manhã às oito da noite, -se a tragédia no Golfo para águas brasileiras, onde há
e quantas vezes mais, sem tirar a cacunda da labuta. Não igualmente intensa atividade petrolífera. A realidade não
era possível! As ambições teatrais não haviam esmorecido, recomenda otimismo, a começar pelos dispositivos existen-
e cadê tempo? Conseguiria lugar de balconista numa perfu- tes de prevenção de acidentes.
maria, com ordenado e comissão. Tinha jeito para vender, (O Globo, Editorial, 27.05.2010)
sabia empurrar mercadoria no freguês. Os cobres melho-
ravam satisfatoriamente. Mas também lá passara pouco 29. (ESAF) Em relação às estruturas do texto, assinale a
tempo. O horário era praticamente o mesmo, e o trabalho opção correta.
bem mais suave – nunca imaginaria que houvesse tantos a. A expressão “Ainda que” (1º par.) poderia, sem pre-
perfumes e sabonetes neste mundo! Contudo continuava juízo para a correção gramatical do período e para
numa prisão. Não nascera para prisões. Mesmo como seria o sentido original, ser substituída por qualquer uma
possível se encarreirar no teatro, amarrada num balcão todo das seguintes: Mesmo que, Conquanto, Porquanto.
o santo dia? Precisava dar um jeito. Arranjou vaga de mani- b. A substituição de “não sejam” (1º par.) por “não es-
cura numa barbearia, cujo dono ia muita à perfumaria fazer tejam sendo” altera a informação original do perío-
compras e que se engraçara com ela. Dava conta do recado do e prejudica a correção gramatical do texto.
mal e porcamente, mas os homens não são exigentes com c. As três ocorrências de “para” têm função grama-
um palmo de cara bonita. Funcionava bastante, ganhava tical e semântica equivalentes, pois conferem ao
gorjetas, conhecera uma matula de gente, era muito con- contexto a noção de finalidade.
vidada para almoços, jantares, danças e passeios, e tinha d. O emprego do sinal indicativo de crase em “à com-
folgas – uf, tinha folgas! Quando cismava, nem aparecia na panhia” (1º par.) justifica-se pela regência de “apli-
barbearia, ia passear, tomar banho de mar, fazer compras, cação”, que exige preposição “a”, e pela presença
ficava dormindo... de artigo definido feminino antes de “companhia”.
(Marques Rabelo) e. A substituição de “transponha-se” (2º par.) por “se
for transposta” prejudica a correção gramatical do
Maria Berlini é caracterizada de diferentes maneiras. período.
Assinale a opção cuja qualidade não se aplica a ela.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
GABARITO: d.

30. (ESAF) Em relação às ideias do texto, assinale a infe-


rência incorreta.
a. As águas brasileiras não serão diretamente preju-
dicadas pelos efeitos do desastre ecológico de va-
zamento de petróleo no Golfo do México.
b. As providências técnicas do governo americano
para conter a tragédia ambiental da British Petro-
leum servem de exemplo para o governo brasileiro.
c. O Brasil deve observar que o governo americano
aplicou uma alta multa para os responsáveis pelo
acidente no Golfo do México.
d. O governo americano conta com uma lei acerca da
a. Altruísta. poluição causada pelos acidentes com a explora-
b. Inexperiente. ção do petróleo.
c. Ambiciosa. e. O Brasil conta com dispositivos de prevenção de
d. Esperta. acidentes petrolíferos adequados e avançados
e. Ingênua. para enfrentar um possível desastre ecológico.

GABARITO: a. GABARITO: e.

(ESAF) Leia o texto para responder às questões. (CESPE) Cachorro se parece mesmo é com criança:
vive o agora, alegra-se com o simples prazer de uma cami-
Ainda que águas brasileiras não sejam diretamente atin- nhada, corre, pula, brinca, diariamente. Aliás, o que mais
gidas pelos efeitos do gigantesco vazamento de petróleo no incomoda o homem no comportamento canino é a cons-
Golfo do México, onde milhares de barris de óleo são despe- tante alegria do seu melhor amigo. Em geral, não estamos
jados por dia há mais de um mês, é sensato que o governo acostumados a viver 24 horas por dia de puro prazer, ainda
brasileiro e a Petrobras tratem de aprender com as ações mais quando levamos uma vida de cachorro. Sentimo-nos,
técnicas para conter a tragédia ambiental provocada pelo talvez, desrespeitados pela impertinência de um contenta-
acidente da British Petroleum. É recomendável também que mento desmesurado, principalmente quando algo ou alguém
as autoridades observem os procedimentos administrativos
patrocinou-nos alguma desventura.
do governo americano para enquadrar os responsáveis pelo Laudimiro Almeida Filho. Vida de cachorro. In: Acon-
acidente, como a aplicação de uma multa de US$ 75 milhões tessências. Brasília: Gráfica e Editora Positiva, 1999, p.
à companhia, com base na Lei de Poluição Petrolífera. 37 (com adaptações).

15
31. (CESPE) A expressão “do seu melhor amigo” remete Até hoje não se sabe quem foi o primeiro sortudo que
a um ditado popular. Assinale a opção correspondente quis homenagear a sorte com uma palavra só para ela. Os
a esse ditado. romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a “sorte” de
a. Cão que ladra não morde. todos nós que falamos português. Sors designava vários
b. Cão picado de cobra tem medo de linguiça. processos do que chamamos hoje de tirar a sorte e origi-
c. Cão feroz, dono atroz. nou, entre outras palavras, a inglesa sorcerer, feiticeiro. O
d. Quem não tem cão caça com gato. azar veio de um pouco mais longe. A palavra vem do idioma
e. O cão é o melhor amigo do homem. árabe e deriva do nome de um jogo de dados (no qual o
criador provavelmente não era muito bom). Na verdade, ele
GABARITO: e. poderia até ser bom, já que azar e sorte são sinônimos da
mesma palavra: acaso. Matematicamente, o acaso – a sorte
32. (CESPE) De acordo com o texto, o comportamento
e o azar – é a aleatoriedade. E, pelas leis da probabilidade,
dos cachorros
no longo prazo, todos teremos as mesmas chances de nos
a. evidencia que eles gostariam de ser crianças.
depararmos com a sorte. Segundo essas leis, se você quer
b. revela o carinho deles pelas crianças.
aumentar as suas chances, só existe uma saída: aposte
c. assemelha-se ao das crianças.
d. provoca medo nas crianças. mais no que você quer de verdade.
Revista Conhecer. São Paulo: Duetto. n. 28, out. 2011,
e. irrita as crianças.
p. 49. Adaptado.

GABARITO: c.
35. (CESGRANRIO) De acordo com o texto, a pergunta
33. (CESPE) Assinale a opção correta de acordo com as feita no subtítulo “Afinal, existe sorte e azar?” é respon-
ideias apresentadas no texto. dida da seguinte maneira:
a. A alegria das crianças é maior que a alegria dos a. Depende das pessoas, umas têm mais sorte.
cachorros. b. A sorte e o azar podem estar, ou não, no número 13.
b. Pessoas adultas são felizes só quando vivem “vida c. Sorte e azar são frutos do acaso ou da aleatorie-
de cachorro”. dade.
c. O adulto tem inveja da alegria das crianças. d. Como são ocorrências prováveis, pode-se ter mais
VIVIANE FARIA

d. É mais fácil alegrar crianças que adultos. azar.


e. Aquilo que alegra a criança não alegra o adulto. e. A fé de cada um em elementos, como os números,
pode dar sorte.
GABARITO: d.
GABARITO: c.
34. (CESPE) No texto, há correspondência de sentido entre
a. “comportamento canino” e “vida de cachorro”. 36. (CESGRANRIO) O período em que a expressão no
b. “alegria” e “contentamento”. fundo está usada com o mesmo sentido com que é
c. “constante” e “desmesurado”. empregada na primeira linha do texto é:
d. “impertinência” e “desventura”. a. A horta está no fundo do quintal.
e. “diariamente” e “24 horas por dia”. b. Procure na mala toda, até no fundo.
c. No fundo do corredor, está a melhor loja.
GABARITO: b.
d. No fundo, acredito que tudo sairá bem.
e. No fundo do poço, ninguém vê saída para proble-
(CESGRANRIO)
mas.
SORTE: TODO MUNDO MERECE
Afinal, existe sorte e azar? GABARITO: d.

No fundo, a diferença entre sorte e azar está no jeito 37. (CESGRANRIO) No trecho “Os romanos criaram o
como olhamos para o acaso. Um bom exemplo é o número verbo sors, do qual deriva a ‘sorte’ de todos nós que
13. Nos EUA, a expedição da Apollo 13 foi uma das mais falamos português” (l.12-13), sorte designa
desastrosas de todos os tempos, e o número levou a culpa. a. a) uma ideia.
Pelo mundo, existem construtores que fazem prédios que b. b) uma palavra.
nem têm o 13º andar, só para fugir do azar. Por outro lado, c. c) um conceito.
muita gente acha que o 13 é, na verdade, o número da sorte. d. d) o contrário de azar.
Um exemplo famoso disso foi o então auxiliar técnico do e. e) o adjetivo do verbo sortear.
Brasil, Zagallo, que foi para a Copa do Mundo de (19)94 (a
soma dá 13) dizendo que o Mundial ia terminar com o Brasil GABARITO: b.
campeão devido a uma série de coincidências envolvendo o
número. No final, o Brasil foi campeão mesmo, e a Apollo 13 38. (CESGRANRIO) A oração “envolvendo o número” (l. 9)
retornou a salvo para o planeta Terra, apesar de problemas pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original,
gravíssimos. pela seguinte oração:

16
a. por envolver o número. O poeta lê os poemas do livro de um outro, sugere
b. que envolviam o número. mudanças, escreve prefácio, e a editora deposita na conta
c. se envolvessem o número. bancária o suficiente para o poeta comprar os brinquedos
d. já que envolvem o número. dos seus filhos.
e. quando envolveram o número. O poeta pesquisa a poesia brasileira, escreve um
ensaio, publica-o, e dão-lhe uma comissão com a qual pode
GABARITO: b. saldar velhas dívidas.
[...]
39. (CESGRANRIO) A palavra mesmo está sendo empre- O poeta traduz um livro de poemas e lhe pagam bem
gada com o sentido igual ao que se verifica em “o Bra- pela tradução, essa difícil arte de não trair dois idiomas, seu
sil foi campeão mesmo” (l.9), na seguinte frase: autor, os leitores, e o próprio tradutor. Recebe pela emprei-
a. O diretor preferiu ele mesmo entregar o relatório tada um montante que o ajuda a pagar a maternidade em
ao conselho. que nasceu seu último filho.
b. Mesmo sabendo que a proposta não seria aceita, O poeta não se envergonha de cobrar pelo seu poema.
ele a enviou. Se, é claro, as rimas, o ritmo, a melodia, se o poema, enfim,
c. Fui atendido pelo mesmo vendedor que o atendeu estiver íntegro, belo e forte.
anteriormente. O poeta come o pão que a musa amassou.
d. Você sabe mesmo falar cinco idiomas fluentemente? O poeta se veste com seu poema, pode ir ao dentista
e. Ele ficou tão feliz com a notícia que pensou mesmo graças ao seu poema, paga o táxi, o metrô e o avião com o
em sair dançando. suor do seu rosto, com as lágrimas dos seus olhos e com o
riso de sua boca.
GABARITO: d. (PERISSÉ, Gabriel. Correio da Cidadania, ed. 270. 1
set. 2003. Edição n. 49. Fragmentado. Acesso em 25 jan.
40. (CESGRANRIO) O trecho “apesar de problemas gra- 2012)
víssimos” (l.10) é reescrito de acordo com a norma-pa-
drão, mantendo o sentido original, se tiver a seguinte 42. (FUNCAB) A alternativa que melhor resume a ideia

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
forma: central do texto – O Salário dignifica o Poeta – é:
a. ainda que houvessem problemas gravíssimos. a. A profissão de ser poeta representa enorme esfor-
b. apesar de que aconteceu problemas gravíssimos. ço físico e mental.
c. a despeito de acontecesse problemas gravíssimos. b. Todo poeta depende de uma musa inspiradora
d. embora tenham ocorrido problemas gravíssimos. para o seu fazer poético.
e. não obstante os problemas gravíssimos que ocorreu. c. O poeta deve receber um salário digno pelo seu
trabalho com as palavras.
GABARITO: d. d. Ser poeta é sonhar com dias melhores e com uma
realidade ideal.
41. (CESGRANRIO) No texto, diz-se que “o criador pro- e. A internet foi o meio que permitiu melhor divulga-
vavelmente não era muito bom [no jogo de dados]” (l. ção da poesia no mundo.
16-17) porque
a. o jogo deu origem à palavra azar. GABARITO: c.
b. o jogo que criou continha imperfeições.
c. só um árabe sabe jogar dados bem. 43. (FUNCAB) O trecho “O poeta se veste com seu poe-
d. em jogos de dados sempre alguém perde. ma, pode ir ao dentista graças ao seu poema, [...]” no
e. as pessoas que criam não sabem jogar bem. último parágrafo significa que o poeta:
a. cobra muito caro pelos seus serviços.
GABARITO: a. b. precisa encontrar um outro emprego.
c. não é reconhecido pela sua arte poética.
(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões d. deve sobreviver do seu trabalho, a poesia.
propostas. e. desempenha diferentes funções em seu emprego.

O salário dignifica o poeta GABARITO: d.

O sonho do poeta é viver de palavras. Viver no sentido 44. (FUNCAB) A palavra PREFÁCIO, no texto, em “O po-
material da palavra. eta lê os poemas do livro de um outro, sugere mudan-
Já imaginou? ças, escreve prefácio, [...].” (4º parágrafo) tem o seu
O poeta faz um poema, tira umas cópias, distribui, e significado corretamente apontado em:
este poema paga suas compras no supermercado. O poeta a. texto preliminar escrito pelo escritor ou por outro
faz uma palestra sobre a beleza das palavras e recebe um autor que se encontra no início do livro.
salário com que paga a luz que o ilumina, a água que mata b. declaração final do autor sobre o texto que foi escri-
a sua sede, o telefone que o põe em contato com os amigos, to por ele mesmo em determinado livro.
a internet que o põe em contato com o universo, o teto que c. síntese de uma obra com comentários da editora
o abriga. que se encontra na contracapa do livro.

17
d. composição poética de um autor que introduz num Por outro lado, as energias e esforços que se dirigem
livro o texto de outro escritor renomado. a uma recompensa imediata são enaltecidos pelos aventu-
e. conclusão resumida de um texto com a função de reiros; as energias que visam à estabilidade, à paz, à segu-
dar um arremate, um fim à história. rança pessoal e os esforços sem perspectiva de rápido
proveito material passam, ao contrário, por viciosos e des-
GABARITO: a.
prezíveis para eles. Nada lhes parece mais estúpido e mes-
45. (FUNCAB) A partir da leitura global do texto, assinale quinho do que o ideal do trabalhador.
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil.
a opção em que se transcreveu um provérbio que me-
Rio de Janeiro, José Olympio, 1978, p. 13)
lhor sintetiza sua ideia central.
a. “A simples ideia de um salário mínimo é sinal de
ignorância máxima.” (Ludwig von Mises) 46. A respeito dos povos caçadores e dos povos lavrado-
b. “A justiça para os que trabalham deve começar res, pode-se afirmar que:
pelo salário.” (Ulysses Guimarães) a. os caçadores esforçam-se mais do que os lavra-
c. “O trabalho é a coisa mais importante do mundo. dores.
Por isso, devemos sempre deixar um pouco para o b. os lavradores têm vida mais dura que os caçadores.
dia seguinte.” (Don Herald) c. lavradores e caçadores, ambos são do mesmo tipo.
d. “O dinheiro do avarento duas vezes vai à feira.” d. os caçadores integram o tipo do aventureiro.
(autor desconhecido)
e. “O que o dinheiro faz por nós não compensa o que
GABARITO: d.
fazemos por ele.” (Gustave Flaubert)

GABARITO: b. 47. Das afirmativas feitas abaixo, aquela que está em con-
sonância com o texto é:
(http://www.analisedetextos.com.br/2011/06/atividade- a. O trabalhador apresenta desmotivação para o
-de-interpretacao-trabalho-e.html). triunfo.
b. A vagabundagem é prova da falta de caráter do
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas. aventureiro.
c. O trabalhador desenvolve sua atividade num con-
TRABALHO E AVENTURA
VIVIANE FARIA

texto espacial limitado.


d. d) A paz, a segurança e a estabilidade são valores
Nas formas de vida coletiva podem assinalar-se dois
princípios que se combatem e regulam diversamente as ati- absolutamente relevantes para o aventureiro.
vidades dos homens.
Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aven- GABARITO: c.
tureiro e do trabalhador.
Já nas sociedades rudimentares manifestam-se eles, 48. Levando em conta o perfil traçado pelo texto para os
segundo sua predominância, na distinção fundamental entre tipos do aventureiro e do trabalhador, pode-se afirmar
os povos caçadores ou coletores e os povos lavradores. que os navegantes ibéricos que conquistaram a Amé-
Para uns, o objeto final, a mira de todo esforço, o ponto de rica encarnam o tipo:
chegada assume relevância tão capital, que chega a dispen-
a. trabalhador, pois a expansão marítima visava o
sar, por secundários, quase supérfluos, todos os processos
aumento de produtividade agrícola para o Velho
intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a
árvore. Mundo.
Esse tipo humano ignora as fronteiras. No mundo tudo b. aventureiro, pois tinham absoluto controle da situa-
se apresenta a ele em generosa amplitude e, onde quer que ção em sua empreitada.
se erija um obstáculo a seus propósitos ambiciosos, sabe c. aventureiro, pois caracterizava-se a busca dos “ho-
transformar esse obstáculo em trampolim. Vive dos espaços rizontes distantes”.
ilimitados, dos projetos vastos, dos horizontes distantes. d. trabalhador, pois souberam dar desenvolvimento
O trabalhador, ao contrário, é aquele que enxerga pri- às terras conquistadas.
meiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a alcançar. O
esforço lento, pouco compensador e persistente, que, no
GABARITO: c.
entanto, mede todas as possibilidades de esperdício e sabe
49. De acordo com o texto, só não se pode afirmar que:
tirar o máximo proveito do insignificante, tem sentido bem
nítido para ele. Seu campo visual é naturalmente restrito. A a. a audácia e a imprevidência caracterizam o aven-
parte maior do que o todo. tureiro.
Existe uma ética do trabalho, como existe uma ética b. a concepção espaçosa do mundo é típica do aven-
da aventura. O indivíduo do tipo trabalhador só atribuirá tureiro.
valor moral positivo às ações que sente ânimo de praticar e, c. os lavradores só existiram nas sociedades rudi-
inversamente, terá por imorais e detestáveis as qualidades mentares.
próprias do aventureiro – audácia, imprevidência, d. o trabalhador não é afeito aos constantes desloca-
irresponsabilidade, instabilidade, vagabundagem – tudo, mentos e ao proveito material imediato.
enfim, quanto se relacione com a concepção espaçosa do
mundo, característica desse tipo.
GABARITO: c.

18
50. “Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do aven- • Conotação é o uso da palavra com um significado
tureiro e do trabalhador.” Em cada alternativa abaixo, diferente do original, criado pelo contexto. Exemplo:
redigiu-se uma frase em continuação a esse trecho do Você tem um coração de pedra.
texto. A alternativa cuja redação não está de acordo • Denotação é o uso da palavra com o seu sentido
com o significado do texto é: original. Exemplo: A pedra é um corpo duro e sólido,
a. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do da natureza das rochas.
aventureiro e do trabalhador. Se tem aquele vi-
são espaçosa do mundo, esse caracteriza-se pelo LINGUAGEM FIGURADA
campo visual restrito.
b. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do
São recursos que tornam as mensagens que emitimos
aventureiro e do trabalhador. Deste lado, o objeto
mais expressivas.
final é o fator relevante; daquele, apenas fruto do
esforço pessoal.
I – Figuras semânticas
c. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do
aventureiro e do trabalhador. Enquanto uns empe-
nham-se nos projetos vastos, outros tiram o máxi- 1. Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma
mo proveito do insignificante. expressão em lugar de outra, sem que haja uma rela-
d. Esses dois princípios encarnam-se nos tipos do ção real, mas em virtude da circunstância de que o
aventureiro e do trabalhador. Se é cabível afirmar nosso espírito as associa e depreende entre elas certas
que, quanto ao primeiro, o ânimo é de romper bar- semelhanças.
reiras, quanto ao segundo há que registrar-se a Ex: Sua boca é um cadeado e minha boca é uma fo-
previdência e a responsabilidade. gueira.

GABARITO: b.

51. Ao afirmar que “existe uma ética do trabalho, como

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
existe uma ética da aventura”, o autor do texto preten-
de afirmar que:
a. ambos, aventureiro e trabalhador, integram-se
numa comunhão ética.
b. tanto na aventura quanto no trabalho erigem-se
princípios e normas de conduta.
c. o que o trabalhador mais valoriza vai ao encontro
do que o aventureiro preconiza.
d. os princípios éticos do trabalho estão em conso-
nância com as normas de comportamento do aven-
tureiro.

GABARITO: b.
Fonte: <http://www.giovanipasini.com>.
FIGURAS DE LINGUAGEM
2. Comparação: é a aproximação de dois termos entre
CONOTAÇÃO E DENOTAÇÃO os quais existe alguma relação de semelhança, como
na metáfora. A comparação, porém, é feita por meio de
um conectivo (com, como, parecia etc) e busca realçar
determinada qualidade do meio termo (como, tal, qual,
assim, quanto etc.).
Ex: A chuva cai como lágrimas de um céu entriste-
cido.

3. Prosopopeia (Personificação): atribuição de qua-


lidades e sentimentos humanos a seres irracionais e
inanimados.
Ex: Com a passagem da nuvem, a lua se tranquiliza.

4. Catacrese: é o emprego impróprio de uma palavra ou


expressão por esquecimento ou ignorância do seu real
sentido.
Ex: Sentou-se no braço da poltrona para descansar.
http://diegomacedo.com.br

19
5. Metonímia/Sinédoque: consiste em empregar um 12. Gradação: consiste em dispor as ideias por meio de
termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita palavras, sinônimas ou não, em ordem crescente ou
afinidade ou relação de sentido. decrescente.
Ex: Você me cansa, me chateia, me enerva, me es-
5.1. Autor pela obra tressa, me enlouquece, me mata!
Ex: Adoro ler José de Alencar.
13. Apóstrofe: é assim denominado o chamamento do
5.2. Continente pelo conteúdo receptor da mensagem, seja ele de natureza imaginá-
Ex: Tomei uma garrafa de água para matar a sede. ria ou não. É utilizada para dar ênfase à expressão e
realiza-se por meio do vocativo.
5.3. Parte pelo todo Ex: Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?
Ex: Temos procurado um teto para morar.
14. Paronomásia: consiste no emprego de palavras
5.4. Singular pelo plural parônimas (com sonoridade semelhante) numa mesma
Ex: A criança tem o direito de estudar. frase, fenômeno que é popularmente conhecido como
trocadilho.
5.5. Abstrato pelo concreto Ex: “Com os preços praticados em planos de saúde,
Ex: A juventude é aventureira. uma simples fatura em decorrência de uma fratura
pode acabar com a nossa fartura.”
5.6. Efeito pela causa
Ex: As indústrias despejam a morte nos rios. 15. Sinestesia: consiste em mesclar, numa mesma expres-
são, as sensações percebidas por diferentes órgãos do
5.7. Matéria pelo objeto sentido.
Ex: Os cristais tiniam na bandeja de prata. Ex: Ao chegar, percebi que ele tinha um olhar tão
quente, que se confirmou com o abraço gostoso que
5.8. Marca pelo produto me deu!
Ex: Vou comprar um guaraná. Você quer Coca ou Spri-
te? II – Figuras fonéticas
VIVIANE FARIA

6. Perífrase (Antonomásia): trata-se de uma expressão


que designa um ser por meio de alguma de suas carac-
terísticas ou atributos, ou de um fato que o celebrizou.
Ex: O Rei do Futebol já foi ministro.

7. Antítese: consiste na utilização de dois termos que


contrastam entre si. Ocorre quando há uma aproxima-
ção de palavras ou expressões de sentidos opostos.
Ex: Isso é para acordar os homens e adormecer as
crianças.

8. Paradoxo: consiste numa proposição aparentemente


absurda, resultante da união de ideias contraditórias.
Ex: Seu beijo é um fogo gelado!

9. Ironia (Antífrase): consiste em dizer o contrário do


que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo
de pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou
ainda em ressaltar algum aspecto passível de crítica.
Ex: Muito bonito, hein!

10. Eufemismo: consiste em empregar uma expressão


mais suave, mais nobre ou menos agressiva para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou cho-
cante.
Ex: Ele foi dessa para uma melhor.
http://meganakas.blogspot.com
11. Hipérbole: é a expressão intencionalmente exage-
rada com o intuito de realçar uma ideia. 1. Onomatopeia: ocorre quando se tentam reproduzir na
Ex: Quase morri de tanto rir. forma de palavras os sons da realidade.
Ex: O cóim-cóim dos porcos irritava a todos.

20
2. Aliteração: consiste na repetição de consoantes 8.1. Gênero
como recurso para intensificação do ritmo ou como Ex: Vossa Excelência ficou cansado com tantas per-
efeito sonoro significativo. guntas.
Ex: Ele era bruto, bravo, como a agreste região onde
nascera e morrera. 8.2. Número
Ex: Essa gente do interior costumavam ir à missa to-
3. Assonância: consiste na repetição ordenada de dos os domingos.
sons vocálicos idênticos.
Ex: O ódio é horrendo como o olhudo homem do ou- 8.3. Pessoa
tro lado, ali parado. Ex: Os brasileiros somos muito esquecidos.

4. Cacofonia: A cacofonia é um som desagradável ou 9. Pleonasmo: consiste numa redundância inútil e desne-
obsceno formado pela união das sílabas de palavras cessária de significado em uma sentença.
contíguas. Pode, também, ocorrer como resultado de Ex: Tenho certeza absoluta.
uma translineação desatenciosa.
Ex: Ele beijou a boca dela. EXERCÍCIOS

III – Figuras Sintáticas 1. Escreva quais dos textos foram escritos em linguagem
conotativa (emotiva) e quais foram escritos em lingua-
1. Anacoluto: é a falta de nexo que existe entre o início e gem denotativa (informativa).
o fim de uma frase.
Ex: O cachorro acordou, eu gosto de passear sozi- a. “O homem velho deixa vida e morte para trás
nho. Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais
O grande espelho que é o mundo ousaria refletir
2. Elipse: consiste na omissão de um ou mais termos os seus sinais,
numa oração que podem ser facilmente identificados,

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
O homem velho é o rei dos animais”
tanto por elementos gramaticais presentes na própria (Caetano Veloso)
oração, quanto pelo contexto.
Ex: Na rua deserta, nenhum sinal da polícia. b. “Para o mundo, quando era quinhentos anos mais
novo, os contornos de todas as coisas pareciam
3. Zeugma: ocorre quando é feita a omissão de um termo mais nitidamente traçados do que nos nossos dias.
já mencionado anteriormente. O contraste entre o sofrimento e a alegria, entre
Ex: À direita da estrada, sol, à esquerda, chuva. a adversidade e a felicidade aparecia mais forte.”
(Johan Huizinga)
4. Hipérbato/Anástrofe: consiste na inversão dos termos
da oração. c. “A rede de tricô era áspera entre os dedos, não
Ex: Dançava com a dama o bonitão. íntima como quando a tricotara. A rede perdera o
sentido e estar num bonde era um fio partido; não
5. Assíndeto: é uma figura caracterizada pela ausência, sabia o que fazer com as compras no colo. E como
pela omissão das conjunções coordenativas, resul- uma estranha música , o mundo recomeçava ao
tando no uso de orações coordenadas assindéticas. redor.”
Ex: O vento soprava, a lua brilhava. (Clarice Lispector)

6. Polissíndeto: é uma figura caracterizada pela repeti- d. “Autoridades culturais italianas estão tentando le-
vantar fundos (com participação internacional) para
ção enfática dos conectivos.
desenterrar e recuperar os tesouros arqueológicos
Ex: E falei, e gritei, e tentei, e gesticulei e pedi ajuda.
da cidade de Herculano, destruída com Pompéia
pelo vulcão Vesúvio (sul de Nápoles).”
7. Anáfora: é a repetição de uma ou mais palavras no
(Folha de São Paulo)
início de várias frases, criando assim, um efeito de
reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou e. “Os sapatos ficam entre os pés e o chão, no que
expressão em causa é posta em destaque, permitindo são como as palavras. As meias entre os pés e os
ao escritor valorizar determinado elemento textual. sapatos, como adjetivos. Os verbos, passos, ca-
Ex: Para que tanta luta, para que tanto esforço, para darços, laços. Os pés caminham lado a lado, cal-
que tanta confusão, se não vai dar em nada? çados. Sapatos são calçados. Porque são e porque
são usados. Palavras são pedaços. Os pés descal-
8. Silepse: é a concordância que se faz com o termo que ços caminham calados.”
não está expresso no texto, mas sim com a ideia que (Arnaldo Antunes)
ele representa. É uma concordância anormal, psicoló-
gica, espiritual, latente, porque se faz com um termo GABARITO: conotativa/ denotativa/ conotativa/
oculto, facilmente subentendido. denotativa/ conotativa.

21
2. (CESPE) Julgue os itens que se seguem, tendo por referência
O século o texto acima.
1) No 2º verso, o título honorífico e a expressão “d’Eu”
E vós, arcas do futuro,
reforçam a expectativa de ambiente palaciano, no-
Crisálidas do porvir,
bre e requintado do verso anterior.
Quando vosso braço ousado
Legislações construir, 2) No último verso tem-se a presença de assíndeto.
Levantai um templo novo, 3) Há evidente degradação do nível culto da fala no
Porém não que esmague o povo, decorrer do poema, até levá-lo ao coloquial popu-
Mas lhe seja o pedestal.
lar, inculto.
Que ao menino dê-se a escola,
Ao veterano – uma esmola... 4) A assertiva anterior justifica a conotação de de-
A todos – luz e fanal! cadência da burguesia, de seus hábitos, de seus
Basta!... Eu sei que a mocidade valores, se relacionarmos as camadas morfossin-
É o Moisés no Sinai; tático-semânticas.
Das mãos do Eterno recebe 5) A preocupação com a elaboração da mensagem e
As tábuas da lei! – Marchai!
o entrosamento entre o significante e o significado
Quem cai na luta com glória,
são características da função poética.
Tomba nos braços da História,
No coração do Brasil!
Moços, do topo dos Andes, GABARITO: C, C, C, C, E.
Pirâmides vastas, grandes,
Vos contemplam séculos mil! 4. (IBFC)

Castro Alves, poeta do Romantismo brasileiro, há mais Uma Canção No Rádio


de cem anos compôs o poema do qual duas das estro-
fes finais estão transcritas acima. A partir delas, julgue
Uma canção no rádio
os itens.
Eu me lembro de nós dois
1) O texto é uma conclamação aos jovens no sentido
VIVIANE FARIA

de que corrijam os erros que vêm sendo cometidos Penso, rio, sofro, choro
ao longo dos séculos. Deixo a vida pra depois
2) Os versos 1 e 2 apresentam construções metafóri- O amor é um filme antigo
cas associadas à mocidade. Coração ama e não diz
3) Percebe-se, nos versos 15, 16 e 17, um sentimento Tive prazer e ternura
de desesperança na capacidade que os moços têm Mas eu nunca fui feliz
de mudar os rumos da história do Brasil. Tenho um coração
4) O fato de o texto haver sido escrito há mais de um Raso de razão
século não impede o seu entendimento nos dias Eu amei o quanto pude
atuais.
Deixei pelo chão rastros de ilusão
5) A escolha do vocábulo “templo” (verso 5) permite
Meu coração não se ilude
dupla leitura: “levantai um templo novo” e levantai
em tempo novo. Tudo se desfaz, vida leva e traz
6) Um sentimento de religiosidade perpassa esses Fica só o pó da estrada
versos, o que pode ser confirmado pelos exemplos: Que o céu me roube a luz
“Moisés no Sinai” (verso 12) e “tábuas da lei” (verso Mas me reste a voz
14). (Fagner)
7) A pontuação do texto denota o predomínio da fun-
ção emotiva da linguagem. Considere as afirmações que seguem.

GABARITO: C, C, E, C, C, E, E. I – Há presença de conotação na letra.


II – Nos versos “tenho um coração/raso de razão”, o
3. (CESPE) compositor afirma que não é capaz de sentimentos
No baile da corte
profundos.
No baile da corte
Foi o conde d’Eu que disse Está correto o que se afirma em:
Pra Dona Benvinda a. somente I.
que farinha de Suruí b. somente II.
pinga de Parati c. I e II.
Fumo de Baependi d. nenhuma.
É cume, bebê, pitá, e caí.
(Oswald de Andrade) GABARITO: a.

22
5. Leia o texto a seguir: O funcionário público
não cabe no poema
Cheque-Presente Fnac com seu salário de fome
Uma boa maneira de acertar no presente. sua vida fechada
em arquivos.
Ofereça a escolha Como não cabe no poema
Livros, CDs, áudio, vídeo, microcomputadores, filmado- o operário
ras, softwares e games, celulares, TVs, bilheteria de espe- que esmerila seu dia de aço
táculos... e carvão
O Cheque-Presente é válido para todos os produtos e nas oficinas escuras
em todas as seções da Fnac.
– porque o poema, senhores,
Ofereça a Fnac! está fechado:
Esta é a maneira simples e mais certa de agradar, “não há vagas”
dando liberdade de escolha para quem recebe, quaisquer Só cabe no poema
o homem sem estômago
que sejam os seus interesses: música, tecnologia, literatura,
a mulher de nuvens
espetáculos...
a fruta sem preço
Uma boa ideia para todos os bolsos.
Na Fnac, o Cheque-Presente vale dinheiro.
O poema, senhores,
não fede
Disponível nos valores de R$20 e R$30.
nem cheira
É válido em todas as lojas Fnac do Brasil e pode ser
adquirido nos caixas de sua loja Fnac. (Ferreira Gullar)
(Texto extraído do Catálogo de Presentes 2004 da Loja
Fnac de Brasília)
Julgue os itens seguintes, relativos às ideias e a as-
pectos linguísticos do poema acima.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Julgue os itens referentes ao texto acima, consideran-
1) O poema associa, ironicamente, criação poética e
do as ideias e as estruturas linguísticas.
alienação social.
1) O texto acima seria uma propaganda, se não fosse 2) O título do poema antecipa a crítica contundente
a ausência de imagens, que são essenciais para que o poeta dirige à falta de oportunidades no mer-
todo e qualquer texto desse gênero. cado de trabalho brasileiro.
2) Por ser um texto em português, as palavras “sof- 3) O emprego do vocativo “senhores”, na terceira e
twares” e “games” deveriam vir em itálico, para na quarta estrofes, atenua o tom irônico do poema.
marcar que são expressões estrangeiras. 4) A expressão “não fede/nem cheira”, na última es-
trofe, está empregada em sentido denotativo.
3) As funções referencial e conativa estão presentes
5) Depreende-se da leitura do poema uma crítica ao
no texto.
emprego dos vocábulos “preço” (v.1 e 2), “salário
4) Em “Uma boa ideia para todos os bolsos”, a figura de fome” (v. 14) na poesia, que deve, sobretudo,
de linguagem presente é metonímia. segundo o poeta, priorizar o inusitado.
5) O último parágrafo do texto deixa claro que a loja
Fnac está instalada por todo o Brasil. GABARITO: C, E, E, E, E.

GABARITO: E, C, C, C, E. 7. Leia o texto abaixo e responda.

6. (CESPE) “As pessoas amadurecidas possuem poder de decisão;


as pessoas não amadurecidas, incertezas e conflitos. Por
essa razão, nossa empresa contrata apenas as pessoas
Não há vagas
prontas a tomarem atitudes firmes e rápidas, ou seja, con-
trata pessoas amadurecidas.”
O preço do feijão (Redação de um aluno do ensino médio)
não cabe no poema.
O preço Na segunda oração do texto acima, ocorreu a omissão
do arroz do verbo possuir. Tal desvio constitui uma figura de lin-
não cabe no poema. guagem, reconhecida como
Não cabem no poema o gás a. assíndeto.
a luz o telefone b. pleonasmo.
a sonegação c. hipérbato.
do leite d. zeugma.
da carne e. anáfora.
do açúcar
do pão. GABARITO: d.

23
8. Identifique a figura de linguagem predominante nas Se ela nascesse rainha
frases a seguir: Se o mundo pudesse aguentar
a. Um grito áspero revelava tudo o que sentia. Os pobres ela pisaria
b. Como vai a turma? Estão bem? E os ricos iria humilhar.
c. O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse. Milhares de guerras faria
d. O Poeta dos Escravos morreu muito jovem. Pra se deleitar
e. Cócórócócó – fez o galo às seis da manhã. Por isso eu prefiro
f. O corpo é grande e a alma é pequena. Cantar sozinho...
g. Vossa excelência está preocupado. Solidão
h. No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os Que poeira leve
acontecimentos. Solidão
i. Fernando faltou com a verdade. Olhe a casa é sua
j. “Se você gritasse / Se você gemesse, / Se você O telefone chamou, foi engano...
tocasse / a valsa vienense / Se você dormisse, / Se
(Tom Zé)
você cansasse, / Se você morresse... / Mas você
não morre, / Você é duro José!” (Carlos Drummond
9. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.
de Andrade)
k. Como você foi bem na última prova, não tirou nem
I – O último verso reforça a ideia de solidão, expressa
a nota mínima!
na música.
l. Sou um mulato nato no sentido lato mulato demo-
II – O autor mostra uma visão pessimista em relação
crático do litoral.
à vida, pois vê apenas o lado negativo das perdas.
m. “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu,
colheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
Está correto o que se afirma em
n. Todos gostamos de você!
a. somente I.
o. Rios te correrão dos olhos, se chorares.
b. somente II.
p. As rosas florescem em maio, as margaridas em
c. I e II.
agosto.
d. nenhuma.
q. No céu há estrelas; na terra, você.
VIVIANE FARIA

r. Dos meus problemas cuido eu! GABARITO: a.


s. “Vozes veladas, veludosas vozes, / Volúpias dos
violões, vozes veladas / Vagam nos velhos vórtices 10. (IBFC) No verso “e os ricos iria humilhar”, o sujeito é
velozes / Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” a. simples.
(Cruz e Souza) b. oculto.
t. Sobre a mesa, apenas um copo d’ água e uma maçã c. indeterminado.
d. inexistente.
GABARITO: sinestesia / silepse de número /
prosopopeia / perífrase / onomatopeia / antítese / silepse GABARITO: b.
de gênero / sinestesia / eufemismo / anáfora / ironia /
assonância / gradação / silepse de pessoa / hipérbole / 11. (IBFC) Nos versos, há o predomínio de
zeugma / zeugma / hipérbato / aliteração / elipse. a. metáfora.
b. eufemismo.
(IBFC) Para responder às questões seguintes, leia a c. hipérbole.
letra da música abaixo. d. ironia.

Só (Solidão) GABARITO: a.

Solidão... (IBFC) Para responder às questões seguintes, leia o


Solidão... texto abaixo, de Rubem Braga.
Que poeira leve
Solidão O PAVÃO
Olhe a casa é sua
Na vida quem perde o telhado Eu considerei a glória de um pavão ostentando o
Em troca recebe as estrelas esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei
Pra rimar até se afogar lendo livros e descobri que aquelas cores todas não existem
E de soluço em soluço esperar na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minús-
O sol que sobe na cama culas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em
E acende o lençol um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas.
Só lhe chamando Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atin-
Solicitando gir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De
Solidão água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a
Que poeira leve... simplicidade.

24
Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! minha Considerando o trecho selecionado do poema A lição
amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e de poesia, de João Cabral de Melo Neto, julgue os itens
delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz que se seguem.
de teu olhar. 1) A segunda estrofe do poema sugere que, pelas leis
Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. da física, aquilo que é pousado se torna imóvel.
2) A flexão de singular na forma verbal empregada no
12. (IBFC) Considere as afirmações abaixo. verso 14 indica que quem “conhece” é o poeta re-
ferido no verso 2.
I – O tema do texto é exclusivamente a natureza das 3) A relação entre poesia e ciência, evidenciada na
escolha das palavras “física”, “evaporação” e “den-
cores e do esplendor do pavão.
sidade”, indica que, para o poeta, o mundo do texto
II – A partir da observação da beleza do pavão, o nar-
e o mundo natural são regidos pelas mesmas leis.
rador tece considerações sobre a natureza da arte
4) A expressão “física do susto” (v. 5) é uma metáfo-
e do amor que sente.
ra do gesto poético em sua capacidade de dar às
palavras um sentido inédito, que se torna visível na
Está correto o que se afirma em forma poética.
a. somente I. 5) Nos versos 9 e 13, os vocábulos são empregados
b. somente II. em sentido denotativo, para expressar a dificulda-
c. I e II. de do poeta frente ao número reduzido de palavras
d. nenhuma. de que dispõe para expressar a complexidade do
mundo real.
GABARITO: b.
GABARITO: E, C, E, C, E.
13. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.
15. (IBFC)
I – Há a presença de linguagem conotativa no texto.
II – O verbo “suscita” pode ser substituído, sem altera- Flor da Pele
ção de sentido, por “desperta”.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Ando tão à flor da pele
Está correto o que se afirma em Qualquer beijo de novela
a. somente I. Me faz chorar
b. somente II. Ando tão à flor da pele
c. I e II. Que teu olhar “flor na janela”
d. nenhuma. Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
GABARITO: c. Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
14. (CESPE)
Que a minha pele
A lição de poesia
Tem o fogo
Do juízo final... (2x)
(...)
Barco sem porto
A luta branca sobre o papel Sem rumo, sem vela
que o poeta evita, Cavalo sem sela
luta branca onde corre o sangue Bicho solto
de suas veias de água salgada. Um cão sem dono
Um menino, um bandido
A física do susto percebida Às vezes me preservo
Entre os gestos diários; Noutras, suicido!
Susto das coisas jamais pousadas (Zeca Baleiro)
Porém imóveis – naturezas vivas.
Considere as afirmações abaixo.
E as vinte palavras recolhidas
Nas águas salgadas do poeta I – A metáfora “barco sem porto, sem rumo, sem vela”
E de que se servirá o poeta indica o estado de fúria em que se encontra.
Em sua máquina útil. II – A expressão “flor da pele” indica o estado de extre-
ma sensibilidade em que se encontra o eu-lírico.
Vinte palavras sempre as mesmas
Está correto o que se afirma em:
De que conhece o funcionamento,
a. somente I.
A evaporação, a densidade
b. somente II.
Menor que a do ar.
c. I e II.
João Cabral de Melo Neto. A lição de poesia. In: Carlos
d. nenhuma.
Drummond de Andrade et al. O melhor da poesia brasi-
leira. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004, p. 78. GABARITO: b.

25
(CESPE) Leia o texto que se segue para responder às d. O texto mostra que o Brasil tem progredido muito
questões 16 e 17. na área social.
e. De acordo com a norma culta, o pronome “se” (pri-
meiro parágrafo) está colocado no único ponto da
locução verbal em que é possível.

GABARITO: b.

18. (ESAF) Aponte a figura. “Naquela terrível luta, muitos


adormeceram para sempre.”
a. Antítese.
b. Eufemismo.
c. Anacoluto.
d. Prosopopeia.
e. Pleonasmo.

A epidemia de dengue no Rio de Janeiro trouxe à tona GABARITO: b.


o Brasil medieval, contraponto do país moderno que queria
delinear-se no horizonte com a industrialização. Enquanto (IBFC) Para responder às questões seguintes, leia o
avançava no campo da tecnologia, o país regredia no ter- texto abaixo, de autoria de Patativa do Assaré:
reno social, notadamente na área da saúde pública.
O mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, foi Vaca Estrela e Boi Fubá
o mesmo que no início do século aterrorizara o Rio com a
febre amarela, erradicada por Oswaldo Cruz. Voltou à carga Seu dotô me dê licença
em 1986, ano em que a febre purpúrica atingia o interior do Pra minha história contar
Estado de São Paulo, um surto de poliomielite atacava nor- Hoje eu tô nu’a terra estranha
deste e uma epidemia de difteria se espalhava pelos bairros E é bem triste o meu penar
VIVIANE FARIA

pobres de Florianópolis – isso sem falar na presença endê- Mas já fui muito feliz
mica da malária na região Norte. Vivendo no meu lugar
Para completar o quadro, só faltou a cólera que viria Eu tinha cavalo bão
depois, nos anos 90. O Brasil africano estava mais vivo do Gostava de campear
que nunca e era terreno fértil para a propagação de doenças E todo dia aboiava
já extintas. Na porteira do currá
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
16. (CESPE) Assinale a opção incorreta. Eu sou fio do nordeste
a. O texto apresenta um panorama geral do Brasil Não nego o meu naturá
nos anos 80, quanto ao contraste entre a realidade Mas uma seca medonha
desenvolvimentista e a ocorrência de surtos epidê- Me tangeu de lá pra cá
micos. Lá eu tinha meu gadinho
b. O autor, no primeiro parágrafo, utiliza como recurso Num é bão nem alembrar
estilístico uma antítese. Minha linda vaca Estrela
c. A apresentação das diversas endemias mostra que E o meu belo boi Fubá
elas ocorrem na maioria das regiões do Brasil. Quando era de tardinha
d. O autor pretendeu mostrar no texto que a ideia de Eu começava aboiar
desenvolvimento e de industrialização era utópica. Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
e. O autor compara o Brasil com a África pela seme- Aquela seca medonha
lhança entre ambos quanto à existência de ende- Fez tudo se atrapaiar
mias. Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentar
GABARITO: d. O sertão se esturricou
17. (CESPE) Assinale a opção correta.
Fez os açude secar
a. São endemias citadas no texto: a dengue, a febre
Morreu minha vaca Estrela
amarela, a febre purpúrica, o surto, a difteria e a
Se acabou meu boi Fubá
malária.
Perdi tudo quanto tinha
b. A expressão “Aedes aegypti” está grafada em itá-
Nunca mais pude aboiar
lico para destacá-la das demais, por tratar-se de
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
expressão estrangeira.
Hoje nas terra do sul
c. No terceiro parágrafo, as palavras “quadro” e “ter-
Longe do torrão natá
reno” estão usadas em sentido denotativo.
Quando eu vejo em minha frente

26
Uma boiada passar 23. (IBFC) Assinale abaixo a alternativa que não substitui,
As água corre dos óio sem alteração de sentido, a expressão “o meu penar”
Começo logo a chorar no verso “E é bem triste o meu penar”:
Lembro minha vaca Estrela a. O meu sofrimento.
E o meu belo boi Fubá b. O meu comprazimento.
Com sodade do nordeste c. O meu padecimento.
Dá vontade de aboiar d. A minha consternação.
Ê, vaca Estrela! Ô, boi Fubá!
GABARITO: b.
19. (IBFC) Com base no texto apresentado, leia as afirma-
ções a seguir. 24. (IBFC) Assinale a alternativa que apresenta uma frase
de sentido denotativo, isto é, cujo sentido não seja fi-
I – O eu-lírico se sente feliz onde ele se encontra. gurado, mas literal.
II – O eu-lírico não se envergonha do seu lugar de ori- a. A vida deve ser preservada desde a aurora até o
gem. seu natural ocaso.
III – As condições geoclimáticas da terra natal do eu- b. Saiu para trabalhar logo que raiou a aurora.
-lírico não interferiram diretamente no curso de sua c. És jovem ainda, estás na aurora da vida.
vida. d. Depois do apogeu de um império, logo vem o seu
IV – A nostalgia sobressai nos sentimentos do eu-lírico. ocaso.

Estão corretas as afirmações: GABARITO: b.


a. I, II e III. (FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões
b. II, III e IV. propostas.
c. II e IV.
d. I e III.
Tempos Modernos?

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
GABARITO: c.
Não sei dizer que horas eram quando Javi deitou-se
ao meu lado, de barriga para cima, naquela imensa duna
20. (IBFC) Ainda com base no texto, assinale abaixo a al-
de areia. Olhou para o teto de estrelas que cobre o deserto
ternativa que apresenta uma palavra grafada de acor-
e, com seu doce sotaque madrilenho, entoou uma canção
do com a norma culta da língua portuguesa:
dos meus conterrâneos Tom e Vinicius: “tristeza não tem fim,
a. a) Bão.
felicidade sim”. Será que ainda era noite? Ou o dia seguinte
b. b) Esturricou.
já tinha chegado? Será que era domingo? Ou seria terça?
c. c) Tardinha.
Será que estávamos a 15 metros do chão? Ou seriam 100?
d. d) Alembrar.
O Sahara talvez seja como a própria tristeza: aqui não há
começo, não há fim. Não se sabe onde nasce o céu ou onde
GABARITO: b.
morre o horizonte. E para mim, que moro em Manhattan,
aquela ilha apertada, com começo, meio, fim e gente, muita
21. (IBFC) A partir de exemplos extraídos do texto, assina-
gente, passar uma noite aqui, nesta imensidão, deve ser
le abaixo a alternativa que apresenta correta concor-
dância, em conformidade com a norma culta da língua como pousar na Lua. No deserto, quem manda é o silêncio.
portuguesa: Ele nos cala. E é ele que nos faz sentir o quão longe esta-
a. “Não nego o meu naturá”. mos de tudo o que conhecemos, e o quão perto estamos
b. “Fez os açude secar”. do que somos. “A Lua deve ser assim”, concordou Javi [...].
c. “Hoje nas terra do sul”. Sahara, em árabe, quer dizer deserto. Aqui, sente-se
d. “As água corre dos óio”. a vida mais longa, estirada – e as noites mais curtas. Impo-
nentes e magistrais, as dunas nos intimidam. São gigantes
GABARITO: a. de areia cujo tamanho não conseguimos decifrar. Dizem,
porém, que algumas chegam a 150 metros de altura.
22. (IBFC) Com base na forma de tratamento dispensada Em Nova York, a cidade mais populosa dos Estados
pelo eu-lírico ao seu interlocutor, podemos concluir que Unidos, são os prédios que nos fazem sentir pequenos. Lá,
o primeiro estabelece com o segundo uma relação: as palavras “vazio”, “silencioso” ou “isolado” não têm vez.
a. Informal. [...] Não ha um café despido de som ambiente, seja jazz,
b. Rude. blues, hip-hop ou bossa-nova. Não há um táxi em que não
c. Impolida. haja uma rádio haitiana nas alturas ou um paquistanês con-
d. Respeitosa. versando pelo celular com um cidadão em Karachi. E uma
cidade onde o silencio assusta; é como se algo estivesse
GABARITO: d. errado. [...]

27
Esta vastidão faz parte de poemas, lendas e batalhas (FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões
dos tuaregues, povos tribais que até hoje fazem daqui a sua propostas.
terra. É impressionante como eles sabem onde é norte, sul,
e como calculam as distâncias se guiando pelas estrelas. Longo caminho
É como se, para eles, tudo fosse sinalizado, como se hou-
vesse placas por todos os lados neste mar de areia. Referência em acessibilidade nos Jogos de Londres,
[...] Nesta noite, aqui no deserto, celebro dez anos do a britânica Emily Yates se viu numa via-crúcis, com sua
dia em que cheguei a Nova York. Dez anos. O tempo voou cadeira de rodas durante a passagem pelo Rio, no mês pas-
e eu nem percebi. Agora ele está congelado, petrificado. Iro- sado. Para sair dos hotéis onde se hospedou, invariavel-
nicamente, foi preciso um deserto para tamanha façanha. mente contou com a ajuda de funcionários, que colocavam
[...] Em Nova York, no auge do frio, ninguém vê a cara uma rampa nos degraus de entrada e ainda a auxiliavam na
de ninguém. Nos escondemos debaixo de luvas, gorros e descida. Pegar táxi foi outra dificuldade frequente. Em geral,
cachecóis – eu mesma, me enrolo até o nariz, só deixo os os motoristas recusavam a corrida porque o porta-malas
olhos de fora. A única notícia boa é saber que a tortura tem do veículo era ocupado com o tanque de gás e não havia
fim. Nos países do hemisfério norte não se fala em meses, espaço para carregar a cadeira de rodas. Na avaliação de
fala-se em estações. Esta é uma forma incrível de marcar o
Emily, que está escrevendo um guia de turismo acessível
tempo. Como será no deserto? Sei lá. Só sei que aqui, tenho
sobre o Rio com vistas ao ciclo olímpico de 2016, ainda há
tempo para pensar no tempo – no que passou, no que virá.
muito por fazer nesse terreno. “A cidade tem muito a melho-
Em Nova York, não há tempo para isso. Lá, tempo e luxo.
rar em acessibilidade. Mesmo quando há rampas, elas são
Segundos são cronometrados, atrasos são pecados. Neste
terríveis”, afirma ela, para depois atenuar: “Mas é impres-
mundo de ponteiros, resta se jogar no gramado do Sheep
sionante a amabilidade do carioca, sempre com um sorriso
Meadow, no Central Park, colocar o iPod no ouvido, devorar
oferecendo ajuda. Não fiquei desamparada em nenhuma
o New York Times e observar um bebê engatinhar. Momentos
que fazem, nem que por poucos segundos, o tempo parar. situação”.
Talvez tenhamos mesmo que aprender com estes “homens Paraplégica desde a infância em decorrência de um
azuis”, que parecem viver como aquele soneto do velho Vini- problema no cérebro, Emily ganhou notoriedade ao se
cius: “Ando onde há espaço. Meu tempo é quando.” tornar voluntária na Paralimpíada de Londres. Inicialmente,
VIVIANE FARIA

MENAI, Tania. Tempos Modernos? Trip. São sua ideia era disputar o torneio de basquete, mas não foi
Paulo, ano 19, n.140, dez. 2005 (Fragmento). convocada para a seleção e decidiu participar da compe-
tição de outra forma. Acabou virando uma porta-voz sobre
25. (FUNCAB) Conforme o texto apresentado e correto o tema da acessibilidade. Para seu espanto, o presidente
afirmar que o silêncio: do Comitê Organizador londrino, Sebastian Coe, citou em
a. aponta a imensidão de Manhattan. seu discurso na cerimônia de encerramento um diálogo que
b. intimida, por ser imponente e magistral. teve com Emily, ressaltando que o torneio serviu para “dis-
c. é um gigante que se consegue decifrar. sipar a nuvem de limitação” das pessoas com necessidades
d. ganha poder sobre os seres humanos. especiais. A referência a encorajou a procurá-lo semanas
e. traça os mapas no Sahara. mais tarde com a ideia de escrever um guia de turismo com
ênfase na acessibilidade para quem vem à competição de
GABARITO: d. 2016, que deve trazer ao Rio mais de 4.000 atletas paralím-
picos, boa parte deles com problemas de locomoção. Coe
26. (FUNCAB) As palavras e expressões em destaque tem aprovou a ideia e viabilizou patrocinadores para o projeto,
sentido conotativo, EXCETO: que já tem garantida a publicação em e-book na Inglaterra
a. “Olhou para o teto de estrelas [...].” pela tradicional Rough Guide. O objetivo agora é conseguir
b. “[...] com seu doce sotaque madrilenho [...].” financiadores para editar o livro em papel e traduzi-lo para
c. “Não se sabe onde nasce o céu [...].” outras línguas, entre elas o português.
d. “Aqui, sente-se a vida mais longa, estirada [...].” Na primeira etapa da tarefa, em dezembro, Emily fez
e. “São gigantes de areia[...].”
uma visita de vinte dias ao Rio e pôde avaliar determinados
lugares. Além das praias, criticou a falta de infraestrutura
GABARITO: c.
para o cadeirante no Aeroporto Santos Dumont e no Trem
do Corcovado. Em contrapartida, elogiou os acessos ao Pão
27. (FUNCAB) Em “[...] placas por todos os lados neste
de Açúcar. [...]
mar de areia.”, a figura de linguagem predominante é:
A Olimpíada é uma oportunidade de ouro para desen-
a. metáfora.
cadear uma série de mudanças na cidade, da infraestrutura
b. pleonasmo.
c. personificação. ao comportamento do cidadão. Assim ocorreu na capital
d. comparação. inglesa, que revitalizou uma área urbana degradada e incre-
e. hipérbole. mentou seu transporte público, entre outras benfeitorias.
“Londres melhorou muito depois da Paralimpíada. Hoje entro
GABARITO: e. e saio sozinha de qualquer estação do metrô”, diz Emily. [...]

28
Ela planeja voltar depois da Copa do Mundo para dar sequ- (FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões
ência a sua pesquisa e checar se houve algum avanço. “É propostas.
uma pena que seja preciso uma estrangeira vir aqui apontar
os problemas para que algo seja feito”, diz. “Mas é melhor do A hora da estrela
que nada acontecer”.
(Felipe Carneiro. in Veja Rio, 15.01.2014) Maio, mês das borboletas noivas flutuando em brancos
véus. Sua exclamação talvez tivesse sido um prenúncio do
28. (FUNCAB) De acordo com a leitura do texto, pode-se que ia acontecer no final da tarde
afirmar que: desse mesmo dia: no meio da chuva abundante encon-
a. as dificuldades de locomoção enfrentadas por Emi- trou (explosão) a primeira espécie de namorado de sua vida,
ly Yates no Rio se deveram à intolerância da socie- o coração batendo como se ela tivesse englutido um pas-
dade para com os cadeirantes. sarinho esvoaçante e preso. O rapaz e ela se olharam por
b. grandes eventos como Jogos Olímpicos e Copas entre a chuva e se reconheceram como dois nordestinos,
do Mundo acabam por acarretar melhorias nas ci- bichos da mesma espécie que se farejam. Ele a olhara enxu-
gando o rosto molhado com as mãos. E a moça, bastou-lhe
dades que os sediam.
vê-lo pra torná-lo imediatamente sua goiabada-com-queijo.
c. o fato de ver desfeito o sonho de participar da Pa-
Ele...
ralimpíada revoltou a londrina que resolveu, então,
Ele se aproximou e com voz cantante de nordestino
apontar os problemas que impedem um cadeirante
que a emocionou, perguntou-lhe:
de participar de jogos olímpicos.
– E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a pas-
d. guias turísticos como o escrito pela londrina Emily
sear? [...]
Yates acabam por facilitar a acessibilidade de ca-
Eles não sabiam como se passeia. Andaram sob a
deirantes, porque sensibilizam a sociedade. chuva grossa e pararam diante da vitrine de uma loja de fer-
e. várias autoridades internacionais se comoveram ragem onde estavam expostos atrás do vidro canos, latas,
com o drama da londrina e a incentivaram a tra- parafusos grandes e pregos. [...]
balhar em prol de pessoas com necessidades es- Da segunda vez em que se encontraram caía uma

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
peciais. chuva fininha que ensopava os ossos. Sem nem ao menos
se darem as mãos caminhavam na chuva
GABARITO: b. que na cara de Macabéa parecia lágrimas escorrendo.
Da terceira vez que se encontraram – pois não é que
29. (FUNCAB) No primeiro parágrafo do texto, a que se estava chovendo? – o rapaz, irritado e perdendo o leve
refere o termo destacado em: “[...] ainda há muito por verniz de finura que o padrasto a
fazer nesse terreno.”? custo lhe ensinara, disse-lhe:
a. solidariedade dos brasileiros com relação aos ca- – Você também só sabe é chover!
deirantes. – Desculpe.
b. acessibilidade das pessoas com necessidades es- Mas ela já o amava tanto que não sabia mais como se
peciais. livrar dele, estava em desespero de amor.
c. obras nos estádios em que se darão os jogos pa- Numa das vezes em que se encontraram ela afinal per-
ralímpicos. guntou-lhe o nome.
d. guia de turismo que Emily Yates está escrevendo. – Olímpico de Jesus Moreira Chaves – mentiu ele
e. transporte público para pessoas com necessidades porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobre-
especiais. nome dos que não têm pai. Fora criado por um padrasto que
lhe ensinara o modo fino de tratar pessoas para se aprovei-
GABARITO: b. tar delas e lhe ensinara como pegar mulher.[...]
Olímpico de Jesus trabalhava de operário numa meta-
lúrgica e ela nem notou que ele não se chamava de “ope-
30. (FUNCAB) Assinale a opção em que a palavra desta-
rário” e sim de “metalúrgico”. Macabéa ficava contente com
cada foi empregada em sentido conotativo.
a posição social dele porque também tinha orgulho de ser
datilógrafa, embora ganhasse menos que o salário mínimo.
a. “[...] ‘dissipar a nuvem de limitação’ das pessoas
Mas ela e Olímpico eram alguém no mundo. “Metalúrgico” e
[...]”
“datilógrafa” formavam um casal de classe. [...]
b. “Para sair dos hotéis onde se hospedou [...]”
c. “[...] colocavam uma rampa nos degraus de entra- • englutido: engolido
da [...]”
d. “Paraplégica desde a infância em decorrência de LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de
um problema no cérebro [...]” Janeiro: Rocco, 1998. p. 42-45. (Fragmento)
e. “[...] conseguir financiadores para editar o livro em
papel [...]” 31. (FUNCAB) Das alternativas abaixo, assinale a que
apresenta um trecho do texto que revela os sentimen-
GABARITO: d. tos de Macabéa por Olímpico.

29
a. “[...] o coração batendo como se ela tivesse engluti- neta bem administrado isto não assustaria tanto. Mas é,
do um passarinho esvoaçante e preso.” (1º parág.) além de tudo, um lugar mal frequentado. Temos a ferti-
b. “[...] Sua exclamação talvez tivesse sido um pre- lidade de coelhos e o caráter de chacais, que, como se
núncio do que ia acontecer no final da tarde desse sabe, são animais sem qualquer espírito de solidariedade.
mesmo dia [...]” (1º parág.)
As megacidades, que um dia foram símbolos da felicidade
c. “Eles não sabiam como se passeia. [...]” (5º parág.)
bem distribuída que a ciência e a técnica nos trariam –
d. “Maio, mês das borboletas noivas flutuando em
brancos véus. [...]” (1º parág.) um helicóptero em cada garagem e caloria sintética para
e. “Numa das vezes em que se encontraram ela afinal todos, segundo as projeções futuristas de anos atrás –,
perguntou-lhe o nome.” (11º parág.) se transformaram em representações da injustiça sem
remédio, cidadelas de privilégio cercadas de miséria, uma
GABARITO: a. réplica exata do mundo feudal, só que com monóxido de
carbono.
32. (FUNCAB) Nos três primeiros encontros dos dois jo- Nosso futuro é a aglomeração urbana e as socieda-
vens estava chovendo. A repetição desse fato provoca des se dividem entre as que se preparam – consciente-
no leitor a sensação de:
mente ou não – para um mundo desigual e apertado e
a. aconchego.
b. relação harmoniosa. as que confiam que as cidadelas resistirão às hordas sem
c. desagradável melancolia. espaço. Os jornais ficaram mais estreitos para economizar
d. afeto. papel, mas também porque diminui a área para expansão
e. equilíbrio amoroso. dos nossos cotovelos. Chegaremos ao tabloide radical,
duas ou três colunas magras onde tudo terá de ser dito
GABARITO: c. com concisão desesperada. Adeus advérbios de modo e
frases longas, adeus frivolidades e divagações superficiais
33. (FUNCAB) A ingenuidade de Macabéa é uma de suas como esta. A tendência de tudo feito pelo homem é para a
características mais marcantes. Sobre como isso fica
diminuição – dos telefones e computadores portáteis aos
evidente no último parágrafo, analise as afirmativas a
assentos na classe econômica. O próprio ser humano trata
seguir.
de perder volume, não por razões estéticas ou de saúde,
VIVIANE FARIA

I – Macabéa considera que ela e Olímpico formavam mas para poder caber no mundo.
um casal de classe em razão da posição social que No Japão, onde muita gente convive há anos com
tinham. pouco lugar, o espaço é sagrado. Surpreende a extensão
II – O fato de Olímpico não se chamar de operário, pois dos jardins do palácio imperial no centro de Tóquio, uma
ele trabalhava honestamente. cidade onde nem milionário costuma ter mais de dois quar-
III – Ela acreditava que uma datilógrafa e um metalúrgi- tos, o que dirá um quintal. É que o espaço é a suprema
co “eram alguém no mundo”.
deferência japonesa. O imperador sacralizado é ele e sua
imensa circunstância.
Está(ão) correta(s) somente as afirmativas:
a. I. Já nos Estados Unidos, reverencia-se o espaço com
b. II. o desperdício. Para entender os americanos você precisa
c. III. entender a sua classificação de camas de acordo com o
d. I e II. tamanho: queen size, tamanho rainha, king size, para reis, e,
e. I e III. era inevitável, emperor size, do tamanho de jardins impe-
riais. É o espaço como suprema ostentação, pois – a não
GABARITO: e. ser para orgias e piqueniques – nada é mais supérfluo do
que espaço sobrando numa cama, exatamente o lugar
34. (FUNCAB) A figura de linguagem presente em “[...] e se
onde não se vai a lugar algum.
reconheceram como dois nordestinos [...]” (1º parág.) é:
a. prosopopeia. Os americanos ainda não se deram conta de que,
b. comparação. quando chegar o dia em que haverá chineses embaixo de
c. sinestesia. todas as camas do mundo, quanto maior a cama, mais
d. hipérbole. chineses.
e. metáfora. VERÍSSIMO, Luis Fernando. (<www.sinprors.org.br/
extraclasse/verissimo.asp>)
GABARITO: b.
35. (FUNCAB) De acordo com o texto, apenas uma das
(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões alternativas abaixo é verdadeira. Assinale-a.
propostas. a. A única característica que diferencia o período feu-
dal dos tempos atuais é a grande quantidade de
Nosso espaço monóxido de carbono que havia naquela época.
b. Um dos problemas mais graves que enfrentamos é
Já somos 6 bilhões, não contando o milhão e pouco o elevado índice populacional e a falta de solidarie-
que nasceu desde o começo desta frase. Se fosse um pla- dade entre as pessoas.

30
c. As grandes cidades, onde se encontram tecnologia d. “Nosso futuro é a aglomeração urbana e as so-
de ponta e desenvolvimento científico, represen- ciedades se dividem entre as que se preparam –
tam o espaço de maior prosperidade. conscientemente ou não – para um mundo desi-
gual e apertado e as que confiam que as cidadelas
d. Segundo o autor do texto, os japoneses, represen-
resistirão às hordas sem espaço.”
tados pela figura do imperador, é o povo que me- e. “Surpreende a extensão dos jardins do palácio im-
lhor convive com o excesso de espaço físico. perial no centro de Tóquio, uma cidade onde nem
e. Ao comparar Japão e Estados Unidos, o autor de- milionário costuma ter mais de dois quartos [...]”
monstra sua admiração pela maneira com que os
americanos se relacionam com o espaço físico. GABARITO: a.
GÊNEROS TEXTUAIS
GABARITO: b.
É uma categoria de composição escrita. A classificação
das obras pode ser feita de acordo com critérios semânticos,
36. (FUNCAB) Em qual dos trechos abaixo, o autor emite sintáticos, fonológicos, formais, contextuais e outros. A dis-
um julgamento de valor a respeito de sua própria pro- tinções entre os gêneros e categorias são flexíveis, muitas
dução escrita? vezes com subgrupos. Podem ser tanto literários quanto
a. “Já somos 6 bilhões, não contando o milhão e pou- não-literários(informativos).
co que nasceu desde o começo desta frase.”
b. “Mas é, além de tudo, um lugar mal frequentado.” I – Concepção Antiga (IV a.C. – XVIII)
c. “Adeus advérbios de modo e frases longas, adeus
1. Lírico: produção literária, faz-se, na maioria das vezes,
frivolidades e divagações superficiais como esta.” em versos e explora a musicalidade das palavras. É
d. “Para entender os americanos você precisa enten- importante ressaltar que o gênero lírico trabalha bas-
der a sua classificação de camas de acordo com o tante com as emoções, explorando os sentimentos.
tamanho [...]”
1.1. Balada: poema narrativo de tema lendário e cará-

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
e. “Chegaremos ao tabloide radical, duas ou três co-
lunas magras onde tudo terá de ser dito com conci- ter melancólico.
1.2. Idílio: em linguagem figurada, pode ser definido
são desesperada.”
como sonho, fantasia, devaneio ou algum entreteni-
mento amoroso. Não muito extensos, os idílios pas-
GABARITO: c. sam-se entre pastores e pessoas do povo. Tratam de
muitos temas, tais como a juventude, a época, a poe-
37. (FUNCAB) Que opção apresenta, respectivamente, os sia e o amor.
sinônimos das palavras destacadas nos trechos abaixo? 1.3. Elegia: é um texto de lamentação, de exaltação à
morte de alguém, sendo que a morte é elevada como
“[...] e as que confiam que as cidadelas resistirão às o ponto máximo do texto.
1.4. Eptalâmio: é um texto relativo às noites nupciais
hordas sem espaço.”
líricas, ou seja, noites românticas com poemas e can-
“É que o espaço é a suprema deferência japonesa.”
tigas.
“É o espaço como suprema ostentação [...]” 1.5. Bucólica: elogio à vida campestre e pastoril, à
simplicidade, à ingenuidade.
a. limites – variedade – respeito. 1.6. Hino: pode ser de espírito religioso, escrito espe-
b. cidades – divergência – habilidade. cificamente para louvor ou adoração tipicamente en-
c. pessoas carentes – orgulho – imposição. dereçado a um deus ou outra personalidade. Além dos
d. bando indisciplinado – reverência – exibição. hinos religiosos, existem hinos patrióticos, desportivos
e outros.
e. malfeitores – displicência – grandeza.
1.7. Sátira: é um texto de caráter ridicularizador, po-
dendo ser também uma crítica indireta a algum fato
GABARITO: d. ou a alguém.

38. (FUNCAB) O autor desenvolve sua tese com frases 2. Épico: produção literária, o texto épico relata fatos his-
carregadas de ironia. Dentre as opções abaixo, iden- tóricos realizados pelos seres humanos no passado. É
tifique o trecho em que se observa claramente essa relatar um enredo, sendo ele imaginário ou não, situado
em tempo e lugar determinados, envolvendo uma ou
figura de linguagem.
mais personagens, e assim o faz de diversas formas.
a. “O próprio ser humano trata de perder volume, não
• Epopeia: é uma narrativa em versos que apresenta
por razões estéticas ou de saúde, mas para poder com maior qualidade os fatos originalmente conta-
caber no mundo.” dos em versos. Os elementos dessa narrativa apre-
b. “No Japão, onde muita gente convive há anos com sentam estas características: personagens, tempo,
pouco lugar, o espaço é sagrado”. espaço, ação. Também pode conter factos heroicos
c. “É que o espaço é a suprema deferência japonesa.” muitas vezes transcorridos durante guerras.

31
possuir sempre uma razão moral que pode ser tanto
implícita como explícita. Ao longo dos tempos vem
sendo utilizada para ilustrar lições de ética por vias
simbólicas ou indiretas.
6.2. Fábula: é uma narrativa inverossímil, com fundo
didático, um conjunto de pequenas histórias, de cará-
ter moral e alegórico, cujos papéis principais eram de-
senvolvidos por animais. Por meio dos diálogos entre
os bichos e das situações que os envolviam, ele procu-
rava transmitir sabedoria de caráter moral ao homem.
Assim, os animais, nas fábulas, tornam-se exemplos
para os seres humanos, onde cada animal simboliza
algum aspecto ou qualidade do homem.
Fonte: <http://lutrevejo.blogspot.com>. 6.3. Lenda: é uma narrativa fantasiosa transmitida
pela tradição oral através dos tempos. De caráter fan-
3. Dramático: é composto de textos que foram escritos tástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e
para serem encenados em forma de peça de teatro. históricos com fatos irreais que são meramente produ-
Para o texto dramático se tornar uma peça, ele deve to da imaginação aventuresca humana.
primeiro ser transformado em um roteiro, para depois 6.4. Mito: é uma narrativa de caráter simbólico, rela-
poder ser transformado então do gênero espeta. É cionada a uma dada cultura. O mito procura explicar a
muito difícil ter definição de texto dramático que o dife- realidade, os fenômenos naturais, as origens do Mun-
rencie dos demais gêneros textuais, já que existe uma do e do homem por meio de deuses, semi-deuses e
tendência atual muito grande em teatralizar qualquer heróis. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo
tipo de texto. de se pôr em ação o mito na vida do homem – em ce-
3.1. Tragédia: representa um fato trágico e tende a pro- rimônias, danças, orações e sacrifícios.
vocar compaixão e terror.
3.2. Comédia: é o uso de humor nas artes cênicas.
Também pode significar um espetáculo que recorre in-
VIVIANE FARIA

tensivamente ao humor. De forma geral, “comédia” é o


que é engraçado, que faz rir.
3.3. Tragicomédia: é um subgênero teatral que alterna
ou mistura comédia, tragédia, farsa, melodrama etc.
3.4. Drama: de caráter “sério”, não cômico, que apre-
senta um desenvolvimento de fatos e circunstâncias
compatíveis com os da vida real.
3.5. Farsa: é um gênero teatral que mistura comédia e
crítica social dos comportamentos desviantes.
3.6. Auto: de linguagem simples, os autos, em sua
maioria, têm elementos cômicos e intenção moraliza-
dora. Suas personagens simbolizam as virtudes, os pe-
cados, ou representam anjos, demônios e santos.

4. Crônica: uma das mais famosas crônicas da história Fonte: <http://diariodos3mosqueteiros.blogspot.com>.


da literatura luso-brasileira corresponde à definição de
crônica como “narração histórica” – é a “Carta de Acha- II – Concepção Moderna
mento do Brasil”. Escrita por Pero Vaz de Caminha, são
narrados ao rei português, D. Manuel, o descobrimento 1. Poesia: é uma das sete artes tradicionais, pela qual a
do Brasil e como foram os primeiros dias que os mari- linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou
nheiros portugueses passaram aqui. seja, ela retrata algo que tudo pode acontecer depen-
5. Discurso: produção não literária, é uma exposição dendo da imaginação do autor como a do leitor. A
metódica sobre certo assunto; um conjunto de ideias poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido
organizadas por meio da linguagem de forma a influir de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses ele-
no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do mentos transcenderem ao mundo fático.
ouvinte ou leitor. Os discursos de Adolf Hitler são um Para não haver dúvidas: o poema é um objeto literário
exemplo de procedimento retórico orientado para a com existência material concreta, a poesia tem um carácter
mobilização dos ouvintes. imaterial e transcendente.
1.1. Poema lírico: expressa emoções.
6. Produções de Ensinamento: 1.2. Poema engajado: faz denúncias, geralmente so-
6.1. Parábola: significa narrativa curta, tendo por ca- ciais.
racterística ser protagonizada por seres humanos e 1.3. Poema bucólico: exalta a vida no campo.

32
1.4. Poema-piada: uma piada em forma de versos. 3.6. Apólogo: é uma narrativa que busca ilustrar lições
1.5. Poema-pílula: tem linguagem dinâmica e irônica, de sabedoria ou ética, através do uso de personalida-
com versos pequenos e concisos no significado. des de índole diversa, imaginárias ou reais, com perso-
1.6. Poema narrativo: caracteriza-se como a manifes- nagens inanimados.
tação literária em verso na qual se realiza a narração
ficcional de fatos ou de ações. TIPOLOGIA TEXTUAL

2. Teatro: é uma forma de arte em que um ator ou con- 1. Descrição: consiste na caracterização de pessoas,
junto de atores, interpreta uma história ou atividades objetos ou lugares, particularizando o que se deseja
para o público em um determinado lugar. ser ressaltado. Uma descrição completa inclui distin-
ções sutis úteis para distinguir uma coisa de outra. A
3. Narrativa: é uma produção literária que costuma se descrição caracteriza-se por ser um “retrato verbal”
apresentar em forma de prosa. de pessoas, objetos, animais, sentimentos, cenas ou
3.1. Romance: há um paralelo de várias ações. No ro- ambientes.
mance, uma personagem pode surgir em meio a histó- 2. Narração/Prosa: tem por objetivo contar uma história
ria e desaparecer depois de cumprir sua função. real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários.
3.2. Novela: há uma concatenação de ações individua- Baseia-se numa evolução de acontecimentos, mesmo
lizadas. É uma narração em prosa de menor extensão que não mantenham relação de linearidade com o
do que o romance. Em comparação ao romance, pode- tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de
-se dizer que a novela apresenta uma maior economia ação e conectores temporais.
de recursos narrativos; em comparação ao conto, um 3. Dissertação: é uma produção textual baseada em
maior desenvolvimento de enredo e personagens. A no- estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na
vela seria, então uma forma intermediária entre o conto ordenação de ideias sobre um determinado tema. Na
e o romance, caracterizada, em geral, por uma narrati- dissertação, pode-se também Dissertar é debater, dis-
va de extensão média na qual toda a ação acompanha cutir, questionar, expressar ponto de vista, qualquer
a trajetória de um único personagem (o romance, em que seja. É desenvolver um raciocínio, desenvolver

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
geral, apresenta diversas tramas e linhas narrativas). argumentos que fundamentem posições. É polemizar,
3.3. Conto: é uma obra de ficção que cria um universo inclusive, com opiniões e com argumentos contrá-
de seres e acontecimentos, de fantasia ou imaginação. rios aos nossos. É estabelecer relações de causa e
O conto tem uma estrutura fechada. Nessa narrativa, consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões, é
é melhor não dizer o suficiente do que dizer demais; apresentar um texto com organização lógica das ideias.
para não dizer demais é melhor, então, “sugerir” como 3.1. Exposição: na dissertação expositiva, é apresen-
se tivesse de haver um certo “silêncio” entremeando o tada uma ideia, uma doutrina que expõe o que outros
texto, sustentando a intriga, mantendo a tensão. pensam sobre o tema ou assunto. Geralmente se faz a
3.4. Crônica: amplificação da ideia central, demonstrando sua natu-
3.4.1. literária: publicada em jornal ou revista reza, antecedentes, causas próximas ou remotas, con-
onde é publicada, destina-se à leitura diária ou sequências ou exemplos.
semanal e trata de acontecimentos cotidianos. 3.2. Argumentação: na dissertação argumentati-
A crônica se diferencia no jornal por não buscar va, o autor quer provar a veracidade ou a falsidade de
exatidão da informação. Diferente da notícia, que ideias; pretende convencer o leitor ou ouvinte, dirige-se
procura relatar os fatos que acontecem, a crônica a seu raciocíneo através de argumentos, de provas evi-
os analisa, dá-lhes um colorido emocional, mos- dentes, de testemunhas.
trando aos olhos do leitor uma situação comum, 3.3. Exposição e Argumentação: tanto apresenta a
vista por outro ângulo, singular. ideia, quanto pretende convencer o leitor.
3.4.2. jornalística: o leitor pressuposto da crônica
é urbano e, em princípio, um leitor de jornal ou de
revista. A preocupação com esse leitor é que faz
com que, dentre os assuntos tratados, o cronista
dê maior atenção aos problemas do modo de vida
urbano, do mundo contemporâneo, dos pequenos
acontecimentos do dia a dia comuns nas grandes
cidades, criticando-os e denunciando o comporta-
mento do homem social.
3.5. Fábula: uma aglomeração de composições lite-
rárias em que os personagens são animais que apre-
sentam características humanas, tais como a fala, os
costumes etc. Tais histórias terminam com um ensina-
mento moral de caráter instrutivo. É um gênero muito
versátil, pois permite diversas maneiras de se abordar
determinado assunto. Fonte: <http://letraseexpressao.blogspot.com>.

33
ELEMENTOS DA NARRATIVA 4.1. Principal:
4.1.1. Protagonista: desempenha um papel cen-
1. Narrador: tral, a sua actuação é fundamental para o desen-
1.1. Observador: é o que presencia a história, mas que volvimento da ação.
não tem a visão de tudo, e sim, apenas de um ângulo. 4.1.2. Antagonista: opositor; adversário. Perso-
Comporta-se como uma testemunha dos fatos relata- nagem que é contra a ação.
dos, mas não faz parte de nenhum deles, e a sua única 4.2. Secundária: assume um papel de menor relevo
que o principal, sendo ainda importante para o desen-
atitude é a de reproduzir as ações que enxerga a partir
rolar da acção.
do seu ângulo de visão. Não participa das ações nem
tem conhecimento a respeito da vida, pensamentos,
5. Discurso:
sentimentos ou personalidade das personagens.
1.2. Onisciente: é aquele que sabe de tudo. Há vários
tipos de narrador onisciente, mas podemos dizer que
são chamados assim porque conhecem todos os as-
pectos da história e de seus personagens. Pode, por
exemplo, descrever sentimentos e pensamentos das
personagens, assim como pode descrever coisas que
acontecem em dois locais ao mesmo tempo.

2. Pessoa da narrativa:
2.1. 1ª pessoa: o narrador participa dos acontecimen-
tos; é, assim, um personagem com dupla função: o
personagem-narrador. Pode ter uma participação se-
cundária nos acontecimentos, destacando-se, desse
modo, seu papel de narrador, ou ter importância funda-
mental, sendo mesmo o personagem principal. Nesse
VIVIANE FARIA

caso, a narração em primeira pessoa permite ao autor


penetrar e desvendar com maior riqueza o mundo psi-
cológico do personagem.
2.2. 3ª pessoa: o narrador está fora dos acontecimen-
tos, contando uma história da qual não participa. Fonte: <http://algosobre.com.br>.

3. Personagem: 5.1. Direto: o narrador transcreve as palavras da pró-


3.1. Plana: a personagem plana comporta-se da mes- pria personagem. Para tanto, recomenda-se o uso de
ma forma previsível ao longo de toda a narrativa. algumas notações gráficas que marquem tais falas:
3.2. Redonda: dotada de densidade psicológica, capaz travessão, dois pontos, aspas. Mais modernamente al-
de alterar o seu comportamento e, por conseguinte, de guns autores não fazem uso desses recursos.
evoluir ao longo da narrativa. 5.2. Indireto: apresenta as palavras das personagens
através do narrador que reproduz uma síntese do que
4. Valor da personagem: ouviu, podendo suprimir ou modificar o que achar ne-
cessário. A estruturação desse discurso não carece de
marcações gráficas especiais, uma vez que sempre é o
narrador que detém a palavra. Usualmente, a estrutura
traz verbo e oração subordinada substantiva com verbo
num tempo passado em relação à fala da personagem.
5.3. Indireto-livre: é usado como uma estrutura bas-
tante informal de colocar frases soltas, sem identifica-
ção de quem a proferiu, em meio ao texto. Traz, muitas
vezes, um pensamento do personagem ou do narrador,
um juízo de valor ou opinião, um questionamento re-
ferente a algo mencionado no texto ou algo parecido.

6. Enredo:
6.1. Cronológico: determinado pela sucessão cronoló-
gica dos acontecimentos narrados.
6.2. Psicológico: é um tempo subjetivo, vivido ou sen-
tido pelo narrador, que flui em consonância com o seu
Fonte: <http://correiodeuberlandia.com.br>. estado de espírito.

34
7. Tempo: refere-se à época ou momento histórico em Está correto o que se afirma em:
que a ação se desenrola. a. somente I.
8. Espaço/Ambiente: b. somente II.
8.1. Físico: é o espaço real, que serve de cenário à c. I e II.
ação, onde as personagens se movem. d. nenhuma.
8.2. Imaginário: espaço interior da personagem, abar-
cando as suas vivências, os seus pensamentos e sen- GABARITO: a.
timentos, podendo ser fantasioso.
(CESPE)
9. Clímax: é o ponto alto de tensão do drama. O clímax
ocorre a partir do desenvolvimento de um conflito, erro de português
imediatamente antes do desfecho. É o momento mais
Quando o português chegou
perigoso do herói, a crise mais iminente do protago-
Debaixo duma bruta chuva
nista, o mais delicado ponto do conflito, onde não se
Vestiu o índio
sabe para que lado a história penderá.
10. Desfecho: é como os fatos (situação) se resolvem no
Que pena!
final da narrativa. Pode ou não apresentar a resolução
Fosse uma manhã de sol
do conflito. O índio tinha despido o português.
(Oswald de Andrade)
EXERCÍCIOS
Tendo por referência o poema anterior, responda às
questões 03, 04 e 05.
1. (CESGRANRIO)

3. (CESPE) De acordo com o texto, julgue os itens.


Amar é...

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
1) A palavra “erro” aparece apenas uma vez, mas
Noite de chuva
está com dois sentidos no texto; um aplica-se ape-
Debaixo das cobertas
nas ao título e o outro, ao poema propriamente dito.
As descobertas
(Ricardo Silvestrin) 2) O terceiro verso significa que, chocados com a nu-
dez dos índios, os portugueses lhes deram roupas.
De acordo com a tipologia textual, o texto é 3) O contraste entre a primeira e a segunda partes do
a. a) descritivo. poema mostra que, se a situação fosse diferente,
b. b) expositivo. se estivesse fazendo sol, os portugueses teriam ti-
c. c) argumentativo. rado a roupa.
d. d) injuntivo. 4) O autor utilizou uma expressão para deixar claro
e. e) narrativo. que lamenta o que os portugueses fizeram aos ín-
dios.
GABARITO: a. 5) Os substantivos “português” e “índio” são usados
no singular e, como tal, têm, no texto, sentido de
2. (IBFC) Considere o trecho do texto de Celso Ming e as singular.
afirmações abaixo.
GABARITO: C, C, E, C, E.
Ontem, o IPCA-15 (medido em 30 dias terminados no
dia 15 de cada mês) veio muito acima do esperado: avanço 4. (CESPE) A respeito do texto erro de português, assinale
de 0,33% em julho, contra 0,18% em junho. a opção em que a interpretação dada está incorreta.
Os números parecem baixos. O que preocupa é o que a. O primeiro verso está se referindo ao descobrimen-
está por trás deles. Já dá para identificar, por exemplo, nova to do Brasil.
pressão sobre os preços dos alimentos. A origem disso está b. O autor deve ter-se fundamentado em dados histó-
no Meio-Oeste dos Estados Unidos, o maior cinturão pro- ricos para dizer que estava chovendo quando es-
ses fatos ocorreram.
dutor de grãos do mundo, que enfrenta a mais séria seca
c. O autor levanta a hipótese da inversão dos fatos
desde 1956.
históricos.
Em apenas 30 dias (até ontem), as cotações do milho
d. O terceiro verso é uma referência à colonização do
na Bolsa de Chicago sofreram um rali de 54%; as do trigo,
Brasil pelos portugueses.
48%; e as da soja, 30%.
e. O poeta tem a intenção de praticamente ratificar
as piadas que os brasileiros contam a respeito dos
I – O autor utiliza-se de argumentos com base no real. portugueses.
II – Trata-se de um texto meramente expositivo, sem
posicionamento do autor.

35
GABARITO: e. maior em jogo, não sua própria vida, mas seu mundo todo,
seus amigos? Você estava lá, quando Harry andou em dire-
5. (CESPE) Ainda a respeito do texto erro de português, ção a sua morte, e momentos depois sentiu a brisa da vitória
assinale a opção incorreta. do bem. Você sentiu a dor de ver, parte de seus amigos,
a. O autor não segue as normas prescritas para a lín- com a honra ferida, perdas dolorosas; Fred, Lupin, Tonks,
gua portuguesa. Sirius, Severo, Dumbledore, seus pais. Você estava lá, ao
b. No poema, foram colocadas marcas características lado de Harry.
da língua oral na escolha de algumas palavras. A luta do bem contra mal, o verdadeiro valor da ami-
c. O autor cometeu um erro ao não usar letra maiús- zade, a coragem, e o amor. Coisas que sem essa carta,
cula no início do título. que na verdade, é mais do que uma carta, são 7 cartas ao
d. A palavra “português” aparece duas vezes com ar- todo, você não teria presenciado. Porque é nisso, que para
tigo (no primeiro e no último versos) e uma vez sem muitos, principalmente para mim, me ensinaram, os verda-
artigo, no título. A falta de artigo trouxe ambiguida- deiros valores da vida. Meus melhores amigos, Harry, Ron e
de para essa palavra. Hermione. Porque você nunca chegou a pensar, que have-
e. A proximidade de “Vestiu” (verso 3) e “tinha despi- ria um final, mesmo sabendo que tudo, algum dia acaba, a
do” (verso 6) traz para o texto um figura de estilo verdadeira magia esta dentro de nós, afinal, ela só existe,
denominada antítese. pra quem nela acredita. Essa é a nossa carta de Hogwarts,
esse é o nosso trem, que nunca tem hora pra partir, essa
GABARITO: c. é nossa infância. E quem queremos enganar, nada vai ser
igual. Nós não podemos deixar essa mágica morrer. Mas
A maioria das crianças ao completarem 11 anos espe- isso não significa que não podemos abrir nosso mundo a
ravam uma coisa em comum, uma coisa que elas sabiam qualquer hora, afinal, ele está lá na nossa prateleira, espe-
que nunca iria chegar, mas mesmo assim nunca perde- rando, caso você queira voltar, e voltar. Tudo estava bem.
ram a esperança, uma coisa que mudaria a vida delas para Malfeito, feito.
sempre, e esperavam, com todo o coração, receber aquela (Complexo De Cinderela, ou Marina, que esteve com
carta, selada com um vermelho brasão, que nele havia um Harry, até o fim, em: http://complexodecinderela.tumblr.
corvo, um texugo, um leão e uma cobra, e um grande ‘’H’’ com)
no meio, e depois disso, ouvir a frase “Você é um bruxo!”.
VIVIANE FARIA

Como sabemos, isso realmente nunca aconteceu com nin-


guém, mas pare pra pensar, isso nunca aconteceu mesmo?
Afinal, quem estava com Harry quando ele derrotou o bruxo
mais temido da historia? Quem o viu crescer no armário sob
as escadas e ser maltratado pelos tios, até receber a carta
que mudaria sua vida inteira? Você. Quem o viu embarca
na plataforma nove três quartos, e lá conhecer seus futuros
melhores amigos, Ron e Hermione? Quem o viu escolher a
ir para a Grifinória? Você, você estava lá. Você estava com
Harry, quando ele viu seus pais no espelho de Ojesed.
Um ano depois, você acompanhou Harry a entrar na
câmara secreta, salvar a sua futura esposa e a escola inteira.
Depois, você recebeu o Mapa Do Maroto dos gêmeos Weas-
ley, e reencontrou seu padrinho, se lembra? Depois, você
presenciou a aparição da Marca Negra no meio da Copa Tendo por referência o texto acima, de Marina, bem
Mundial de Quadribol, e viu seu nome saindo das chamas como todo o conteúdo sobre gêneros, conotação/denotação
azuis do Cálice de Fogo, e bem na sua frente viu o Lorde e plurissignificação de linguagem, responda às questões 06,
Das Trevas renascer, com o sangue de Harry, e Cedrico 07, 08 e 09.
morto no chão. Você se rebelou com Harry contra as regras
da ditadora Umbridge, e fundar a Armada de Dumbledore, 6. Julgue os itens seguintes:
e ouvir a profecia, e abraçar Sirius pela última vez, você
estava lá. Você descobriu junto com Harry e Dumbledore, 1) No primeiro parágrafo do texto de Marina, a narra-
sobre as relíquias da morte, você os ajudou a achá-las, você dora, após três perguntas sobre a trama das his-
mergulhou no passado do seu maior inimigo e viu Dumble- tórias de Harry Potter, responde com um incisivo
dore, o maior bruxo de todos os tempos, cair da Torre de “Você”. Ao responder as próprias perguntas que
Astronomia, morto. Se lembra quando deixou a Rua dos faz, ele insere o leitor como participante da trama
Alfeneiros, de número 4, em Little Whitning, pela ultima vez? trazida pela obra. Tal envolvimento registra que tais
E viu sua companheira de anos ser atingida por um feitiço, histórias trazem a “função liberadora do eu” como
e morrer depois de cair da moto de Sirius com Hagrid? E uma das presentes nos livros.
aquela frase: ‘’O Ministério caiu, o Ministro da Magia está 2) Ao trazer mistério e fantasia, uma obra literária per-
morto. Eles estão vindo’’, e saber que, não voltaria á sua de seu poder cognitivo, tornando-se, assim, uma
verdadeira casa, ao lugar que pertencia, porque tinha algo produção artística de valor somente lúdico.

36
3) Ao iniciar o segundo parágrafo, a narradora con- próprio herói. Essa apropriação confirma o poder
tinua a inserir o leitor como participante da trama, sintonizador da trama, mas, ao mesmo tempo, di-
mas, logo no segundo período, ela o transforma no minui seu valor literário.
próprio protagonista, atribuindo-lhe os feitos e sen- 14) Em “Malfeito feito” há um evidente paradoxo, pois a
sações de vivência das histórias. Fazendo isso, ele segunda palavra nega a primeira, fornecendo uma
reafirma o poder emotivo de uma produção escrita, ideia de oposição marcada pelo choque de seus
que mais do que dar instantes de evasão ao leitor, significados.
podem levá-lo a experimentar sensações de catar- 15) No último parágrafo do texto, a narradora deixa
se e entorpecimentos, que são comuns a toda e claro que a leitura da série de Harry Potter inter-
qualquer obra literária. fere de tal modo no mundo criativo e fantasioso da
4) No terceiro parágrafo, a narradora deixa claro criança, que sua vida não mais será a mesma, a
acreditar no poder da magia, como algo não aliado ponto de ela necessitar retomar a essa leitura repe-
tidas vezes para não perder a “magia” conquistada
somente à fantasia, mas mais do que isso, como
por meio das obras e que, por essa razão, acabou
a crença em sentimentos virtuosos e que tanto a
por tornar-se sua base emocional e espiritual.
ensinaram quanto a fizeram crescer como ser hu-
mano.
GABARITO: C, E, E, C, E, E, C, C, C, E, E, C, E, E, E.
5) O registro de melhora como pessoa, confessado
pela narradora, comprova a cognição que sempre
7. A primeira frase do terceiro parágrafo do texto de Mari-
acompanha as produções literárias e o propósito na traz uma figura de linguagem:
dessas em contribuir para a aquisição de conheci- a. Hipérbato.
mento para o leitor. b. Metonímia.
6) No terceiro parágrafo, quando a narradora afirma c. Paradoxo.
“esse é o nosso trem”, ela utiliza tal metáfora com d. Antítese.
a finalidade de figurar a infância: época da vida em e. Hipérbole.
constante movimento e direcionada a descobertas
e aventuras, contudo, claramente perigosa e sem GABARITO: d.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
destino certo.
7) O texto de Marina tem como funções da linguagem 8. O texto de Marina pertence à Concepção Moderna de
a referencial e a conativa, pelo conteúdo informa- Gêneros e, por sua vez, trata-se de um(a):
tivo nele presente e por sua intenção e direciona- a. Romance.
mento apelativo. b. Novela.
8) Apesar de possuir forte intertextualidade com a sé- c. Conto.
rie da escritora britânica J. K. Rowling, Marina mes- d. Crônica.
cla denotação e conotação ao escrever um texto e. Lenda.
com marcas expressivas de emoção e, ao mesmo
tempo, com informações. GABARITO: d.
9) No primeiro parágrafo, a expressão “com todo o
coração” é uma metonímia, por representar a parte 9. O texto em questão é todo construído no critério de:
– coração – como sendo o todo – a pessoa. a. epígrafe.
10) No terceiro parágrafo, o período “Nós não podemos b. intertextualidade.
c. paródia.
deixar essa mágica morrer.” tem a função poética como
d. sátira.
predominância, já que o foco da narradora está no
e. metalinguagem.
apelo que ela faz ao leitor quanto à necessidade de
perpetuar a fantasia à vida adulta.
GABARITO: b.
11) No texto em análise, a preocupação em atingir a
emoção do leitor se evidencia no modo verbal utili-
10. (CESPE – com adaptações)
zado com repetição – imperativo –, nas expressões
em negrito e nas referências intertextuais à série Manifesto do movimento nacional
citada, o que acaba por provocar uma catarse lite- em defesa do serviço público
rária naqueles que o leem, ao verificarem que sua
espera pela “carta” que deveriam receber aos 11 O lobo sempre diz que a culpa é do cordeiro.
anos de idade chegou ao fim sem a concretização Reaja contra a destruição premeditada e criminosa
do sonho infantil. dos serviços públicos.
12) A autora – Marina – utiliza uma expressão ao as-
sinar o texto, que traz a inferência de haver feito a Julgue os itens, referentes ao texto acima.
leitura completa da série citada – 7 livros.
13) Ao assinar, registrar que acompanhou o protago- 1) Nesse texto, a função conativa ou apelativa da lin-
nista até o fim acaba sendo uma contradição com guagem predomina sobre a função referencial.
a forma que se apoderou para escrever o segundo 2) Apesar da modalidade escrita, o texto tem marcas
parágrafo, onde a narradora se coloca no lugar do de linguagem oral, informal, coloquial.

37
3) Pelo contexto em que ocorre, o vocábulo “lobo” re-
mete tanto a um animal que pode atacar o cordeiro
como a uma força mais forte que pode destruir ou-
tra mais fraca.
4) O fragmento remete intertextualmente a fábulas,
lendas e contos populares em que o mais forte en-
contra justificativas para atacar o mais fraco.
5) Quando se quer dizer que um órgão público está
dividido em vários setores, pode-ser afirmar que
nele há várias sessões.

GABARITO: C, E, C, C, E.
Que falta nesta cidade?... Verdade.
Que mais por sua desonra?... Honra.
11.
Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha.

(Curso Prof. Filemon) O demo a viver se exponha,


Por mais que a fama a exalta,
O incêndio dos passos Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.
Mas o homem,
do incêndio dos passos 1) Verifica-se no poema um jogo vocabular, muito co-
aos canaviais do peito, mum em produções literárias. A serviço de uma crí-
é um pretexto. tica, em tom de sátira, o autor apresenta um perfil
depende da cidade da Bahia.
(sempre) 2) É perceptível no texto de Gregório de Matos o ca-
do que mais lhe falta: ráter de uma escolha verbal religiosa, sustentando
VIVIANE FARIA

o membro amputado piedosa lamentação pela falta de fé do povo baia-


a data já finda no.
o dia que ainda 3) A crítica do poeta feita à cidade da Bahia revela,
não veio. entre outras coisas, seu descontentamento em
(Chico Leite) relação à situação social e política da época, em
especial, focalizada em sua moral.
Tendo por referência o texto acima, julgue os itens se- 4) Apesar do tom satírico, os apontamentos denun-
ciativos refletem um posicionamento engajado,
guintes.
embasado no comportamento social de seus habi-
1) O homem depende, em qualquer tempo, daquilo tantes, já que no decorrer dos versos são apresen-
que não tem. tados delitos cometidos.
2) Falta ao homem, entre outras coisas, o tempo fu- 5) Diante dos últimos escândalos políticos vividos pela
turo. O homem torna-se um pretexto na vida, isto atual capital do Brasil, é possível fazer uma relação
é, algo insignificante, quanto tem o membro am- disso com o poema satírico em questão, o que aca-
putado. ba por provocar uma consciência temática e, por
fim, uma infeliz verdade: o desgosto político dos
3) Predomina, no texto acima, a função referencial da
brasileiros do século XVII se repete no século XXI.
linguagem.
6) Por estar estruturado em versos, pode-se afirmar
4) A linguagem usada no texto é predominantemente que o texto de Matos Guerra pertença ao gênero
conotativa. poesia, contudo, misturado ao gênero narrativo, já
5) Não há no texto qualquer marca de função poética. que conta uma história sobre a cidade da Bahia.
6) Há, nos três últimos versos, uma antítese temporal, 7) A palavra final de cada um dos versos do terceto
ou seja, oposição entre passado e futuro. é recuperada no último verso do quarteto, com a
intenção evidente de qualificar a cidade retratada.
7) O fato de o texto não apresentar estrofes definidas A figura de linguagem nesse caso é, então, a pro-
impede-nos de considerá-lo um poema. sopopeia.
8) Além da função engajadora, está evidente a função
GABARITO: C, C, C, E, C, E, C, E. catártica, melhor representada pelo terceiro verso.
9) A certeza do sentimento religioso do autor, bem
12. O texto a seguir, de Gregório de Matos Guerra, foi es- como a falta de moral da cidade pela ausência dos
crito no século XVII à cidade da Bahia. Julgue os itens valores cristãos, encontra-se na segunda parte do
subsequentes, comparando o assunto do texto à situa- texto, principalmente no primeiro verso “O demo a
ção sociopolítica atual da capital brasileira. viver se exponha”.

38
10) No primeiro e no sexto versos, quando o autor uti- 3) Ao entrelaçar os fragmentos h e e em um grande S,
liza a palavra “cidade”, na verdade ele faz uso de o poeta evidencia graficamente conceitos básicos
uma metonímia, já que tal vocábulo está substituin- do ciclo da vida.
do o povo da cidade. 4) Verifica-se que o objetivo do poeta Pedro Xisto era
fazer da poesia uma experiência hermética, que
GABARITO: C, E, C, C, C, E, C, E, E, C. atingisse facilmente as classes populares.

13. (CESPE) GABARITO: C, E, E, E.

Nosso primeiro contato com os índios juruna falhou. (CESPE)


Descíamos o Xingu e, abaixo do rio Maritsauá, vimos um
acampamento na praia, muito bonito. Fomos até lá e os MÃOS DADAS
índios fugiram em canoas. Saímos com nossos barcos a
Não serei o poeta de um mundo caduco.
motor atrás de uma canoa com dois índios. Quando perce-
Também não cantarei o mundo futuro.
beram que estavam sendo seguidos, encostaram a canoa
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
na margem e fugiram para a mata.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Visão, 10.02.1975.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Com base no texto, julgue os próximos itens.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
1) Pressupõe-se que houve mais de uma tentativa de
contato com os índios juruna.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
2) Seria mantida a correção gramatical do parágrafo não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da
caso fosse inserida uma vírgula após a oração “Fo- janela,
mos até lá”. não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
3) O parágrafo acima é predominantemente argu- não fugirei para as ilhas nem serei raptado por sera-

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
mentativo. fins.
O tempo é minha matéria, o tempo presente, os
GABARITO: C, C, E. homens presentes, vida presente.
(Carlos Drummond de Andrade)
14. (CESPE) A partir da leitura do poema de Pedro Xisto
e das chaves léxicas propostas, julgue os itens que se Tendo como referência o texto poético de Carlos Drum-
seguem. mond de Andrade, responda às questões seguintes.

Epitalâmio 15. (CESPE) A compreensão de um texto passa, necessa-


riamente, pela análise das circunstâncias que limitam
o assunto em pauta. Com respeito às situações evi-
denciadas no texto, julgue os itens abaixo.
1) A circunstância temporal é mais enfatizada do que
a espacial.
2) São expressões utilizadas para destacar o “mundo
caduco” (verso 1): “preso à vida” (verso 3), “tacitur-
nos” (verso 4) e “cartas de suicida” (verso 10).
3) As situações expressas no texto referem-se, prin-
cipalmente, às condutas consideradas pelo poeta
inadequadas à “vida presente” (verso 13).

GABARITO: C, E, C.

16. (CESPE) Para apreender a ideia principal de um texto


S = serpente S = she é necessário perceber as ideias secundárias que dão
h = homem & densidade ao propósito fundamental do autor. Consi-
e = eva h = He derando que o título do poema resume a ideia central
Pedro Xisto. Caminho. Rio de Janeiro
do texto, julgue os itens seguintes.
1) É preciso esquecer o passado, porque ele faz dos
1) Com base na chave léxica à esquerda, considera-
homens seres taciturnos.
-se o poema como um resumo de um dos episódios 2) Para enfrentar os desafios do momento atual é ne-
iniciais do Gênesis, do Velho Testamento. cessária a união de todos os homens.
2) No texto, evidencia-se o domínio do elemento mas- 3) O “tempo presente” (verso 12) é tal qual uma “pai-
culino sobre o feminino. sagem vista da janela” (verso 9).

39
4) Infere-se do texto um confronto entre duas concep- À cigarra, queimando-se em música,
ções de poesia: uma poesia praticada como sonho ao camelo que mastiga sua longa solidão,
e ilusão e outra comprometida com a realidade. ao pássaro que procura o fim do mundo,
5) Uma obra literária em versos tem ritmo e metro dis- ao boi que vai com inocência para a morte.
tintos do texto em prosa. O texto em questão é uma
produção pertencente ao gênero poesia. Sede assim qualquer coisa serena, isenta, fiel.

GABARITO: E, E, E, C, C. Não como o resto dos homens.


(Cecília Meireles. Mar absoluto.)
17. (CESPE) A escolha vocabular, a organização sintática
e o uso dos tempos e das flexões verbais constituem a TEXTO III
estrutura textual do poema. Com o auxílio dessa infor-
mação, julgue os itens abaixo. O circo o menino a vida
1) Na expressão “enorme realidade” (verso 5), o ad-
jetivo “enorme” reflete a complexidade da realida- A moça do arame
de brasileira, decorrente da extensão territorial do equilibrando a sombrinha
país. era de uma beleza instantânea e fulgurante!
2) A expressão “mundo caduco” (verso 1) correspon- A moça do arame ia deslizando e despindo-se.
de semanticamente a “mundo futuro” (verso 2). Lentamente.
3) Embora apresentando repetidamente formas ver- Só para judiar.
bais no futuro, o poema refere-se ao tempo pre- E eu com os olhos cada vez mais arregalados
sente. até parecendo dois pires.
Meu tio dizia:
GABARITO: E, E, C. “Bobo!
Não sabes
Leia os textos seguintes para responder às questões. que elas sempre trazem uma roupa de malha por baixo?”

TEXTO I (Naqueles voluptuosos tempos não havia maiôs nem biquí-


VIVIANE FARIA

nis...)
A altura do homem não se mede por centímetros; o que Sim! Mas toda a deliciante angústia dos meus olhos virgens
importa é a dimensão dos seus atos, das suas ideias, das segredava-me
suas realizações, das suas palavras, dos seus sonhos. sempre:
(João Manuel Simões. Parágrafos escritos nas páginas “Quem sabe?...”
do vento.)
Eu tinha oito anos e sabia esperar.
TEXTO II
Agora eu não sei esperar mais nada.
Sugestão Desta nem da outra vida,

Sede assim — qualquer coisa No entanto


serena, isenta, fiel. o menino
(que não sei como insiste em não morrer em mim)
Flor que se cumpre, ainda e sempre
sem pergunta. apesar de tudo
apesar de todas as desesperanças,
Onda que se esforça, o menino às vezes
por exercício desinteressado. segreda-me baixinho
“Titio, quem sabe?...”
Lua que envolve igualmente
os noivos abraçados Ah, meu Deus, essas crianças!
e os soldados já frios. (Mário Quintana. Nova antologia poética.)

Também como este ar da noite: 18. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência
sussurrante de silêncios, os três textos anteriores:
cheio de nascimentos e pétalas. 1) Os três textos apresentam características literárias.
2) No primeiro texto, “dimensão” está para “altura”,
Igual à pedra detida, assim como “seus” está para “homens”.
sustentando seu demorado destino. 3) O segundo texto apresenta uma perspectiva oti-
E à nuvem, leve e bela, mista tanto das naturezas mineral, vegetal e ani-
vivendo de nunca chegar a ser. mal, quanto da natureza humana.

40
4) No terceiro texto, partindo-se de um mesmo fato, (IBFC)
entrecruzam-se os pontos de vista de um adulto e Eduardo e Mônica
de uma criança.
5) No primeiro texto, observando a sequência “atos”, Quem um dia irá dizer
“ideias”, “realizações”, “palavras”, “sonhos”, cons- Que existe razão
tata-se que a dimensão do homem transcende à Nas coisas feitas pelo coração?
compleição física; por isso, a unidade de medida E quem irá dizer
linear não é adequada a ela. Que não existe razão?
6) Diferentemente dos textos de Cecília Meireles e
Mário Quintana, o texto de João Manuel Simões Eduardo abriu os olhos, mas não quis se levantar
estrutura-se em forma de prosa. Ficou deitado e viu que horas eram
Enquanto Mônica tomava um conhaque
GABARITO: C, C, E, C, C, C.
No outro canto da cidade, como eles disseram

19. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência o


Eduardo e Mônica um dia se encontraram sem querer
texto Sugestão.
E conversaram muito mesmo pra tentar se conhecer
1) Ao lado da função poética, encontra-se a função
Um carinha do cursinho do Eduardo que disse
emotiva, marcada principalmente pelo emprego do
“Tem uma festa legal, e a gente quer se divertir”
verbo “ser”, no início do poema.
Festa estranha, com gente esquisita
2) O sentido do segundo verso da quinta estrofe é re-
forçado pelo emprego da assonância. “Eu não tô legal, não aguento mais birita”
3) Pode-se substituir a sequência “serena, isenta, fiel” E a Mônica riu, e quis saber um pouco mais
(versos 2 e 21), sem prejuízo de significação, pela Sobre o boyzinho que tentava impressionar
sequência “calma, honrada, neutra”. E o Eduardo, meio tonto, só pensava em ir pra casa
4) O título “Sugestão” liga-se ao texto devido à pre- “É quase duas, eu vou me ferrar”
sença de interlocutores plurais, a quem o falante

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
se dirige, duvidando de que lhe seja dada uma res- Eduardo e Mônica trocaram telefone
posta. Depois telefonaram e decidiram se encontrar
O Eduardo sugeriu uma lanchonete
GABARITO: E, E, E, E. Mas a Mônica queria ver o filme do Godard
Se encontraram então no parque da cidade
20. Julgue os itens que se seguem, tendo por referência o A Mônica de moto e o Eduardo de “camelo”
texto O circo o menino a vida. O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
1) A equilibrista tinha consciência dos olhares volup- Mas a menina tinha tinta no cabelo
tuosos do menino, o que fica evidente no sexto
verso. Eduardo e Mônica eram nada parecidos
2) No texto, a circunstância temporal e os estados Ela era de Leão e ele tinha dezesseis
psíquicos do eu lírico aparecem associados; par- Ela fazia Medicina e falava alemão
tindo do presente, o intelecto recupera e analisa as E ele ainda nas aulinhas de inglês
emoções do passado.
3) Perpassa o poema um sentimento desfavorável, Ela gostava do Bandeira e do Bauhaus
porque é irreversível, quanto à permanência da Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud
infância no mundo adulto, “apesar de todas as de-
E o Eduardo gostava de novela
sesperanças” (verso 26).
E jogava futebol de botão com seu avô
4) No último verso, enfatiza-se a religiosidade do au-
tor, visto que “Deus” se refere, nessa circunstância,
Ela falava coisas sobre o Planalto Central
ao “Jesus Menino”.
Também magia e meditação
E o Eduardo ainda tava no esquema
GABARITO: E, C, C, E.
Escola, cinema, clube, televisão

E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente


Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser

Eduardo e Mônica fizeram natação, fotografia


Teatro, artesanato, e foram viajar
A Mônica explicava pro Eduardo
Fonte: <http://cristiandrovas.wordpress.com>. Coisas sobre o céu, a terra, a água e o ar

41
Ele aprendeu a beber, deixou o cabelo crescer Está correto o que se afirma em:
E decidiu trabalhar (não!) a. somente I.
E ela se formou no mesmo mês b. somente II.
Que ele passou no vestibular c. I e II.
d. nenhuma.
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois GABARITO: c.
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz (CESPE)
Caso de secretária
Construíram uma casa há uns dois anos atrás
Mais ou menos quando os gêmeos vieram Foi trombudo para o escritório. Era dia de seu aniversá-
Batalharam grana, seguraram legal rio, e a esposa nem sequer o abraçara, não fizera a mínima
A barra mais pesada que tiveram alusão à data. As crianças também tinham se esquecido.
Então era assim que a família o tratava? Ele que vivia para
Eduardo e Mônica voltaram pra Brasília os seus, que se arrebentava de trabalhar, não merecer um
E a nossa amizade dá saudade no verão beijo, uma palavra ao menos!
Só que nessas férias, não vão viajar Mas, no escritório, havia flores à sua espera, sobre a
Porque o filhinho do Eduardo tá de recuperação mesa. Havia o sorriso e o abraço da secretária, que poderia
muito bem ter ignorado o aniversário, e entretanto o lem-
E quem um dia irá dizer brara. Era mais do que uma auxiliar, atenta, experimentada
Que existe razão e eficiente, pé-de-boi da firma, como até então a conside-
Nas coisas feitas pelo coração? rara; era um coração amigo.
E quem irá dizer Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais borocochô:
Que não existe razão? o carinho da secretária não curava, abria mais a ferida. Pois
(Legião Urbana) então uma estranha se lembrava dele com tais requintes, e
a mulher e os filhos, nada? Baixou a cabeça, ficou rodando
21. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.
VIVIANE FARIA

o lápis entre os dedos, sem gosto para viver.


Durante o dia, a secretária redobrou de atenções. Pare-
I – A tipologia textual presente na letra é a narrativa.
cia querer consolá-lo, como se medisse toda sua solidão
II – Utiliza-se, na letra, a linguagem coloquial.
moral, o seu abandono. Sorria, tinha palavras amáveis, e o
ditado da correspondência foi entremeado de suaves brinca-
Está correto o que se afirma em
deiras da parte dela.
a. somente I.
— O senhor vai comemorar em casa ou numa boate?
b. somente II.
Engasgado, confessou-lhe que em parte nenhuma.
c. I e II.
Fazer anos é uma droga, ninguém gostava dele neste
d. nenhuma.
mundo, iria rodar por aí à noite, solitário, como o lobo da
estepe.
GABARITO: c.
— Se o senhor quisesse, podíamos jantar juntos – insi-
nuou ela, discretamente.
22. (IBFC) Considere as afirmações abaixo.
E não é que podiam mesmo? Em vez de passar uma
noite besta, ressentida — o pessoal lá em casa pouco está
I – A expressão “filhinho de Eduardo” sugere a ideia,
já expressa na música, de que Eduardo não era me ligando —, teria horas amenas, em companhia de uma
um tipo intelectual. mulher que — reparava agora — era bem bonita.
II – A palavra “razão”, na música, pode ser compreen- Daí por diante o trabalho foi nervoso, nunca mais que se
dida em apenas um sentido. fechava o escritório. Teve vontade de mandar todos embora,
para que todos comemorassem o seu aniversário, ele princi-
Está correto o que se afirma em: palmente. Conteve-se, no prazer ansioso da espera.
a. somente I. — Onde você prefere ir? – perguntou, ao saírem.
b. somente II. — Se não se importa, vamos passar primeiro em meu
c. I e II. apartamento. Preciso trocar de roupa.
d. nenhuma. Ótimo, pensou ele; – faz-se a inspeção prévia do ter-
reno, e, quem sabe?
GABARITO: a. — Mas antes quero um drinque, para animar — ela reti-
ficou.
23. (IBFC) Considere as afirmações abaixo. Foram ao drinque, ele recuperou não só a alegria de
viver e fazer anos, como começou a fazê-los pelo avesso,
I – A música reproduz várias marcas da oralidade. remoçando. Saiu bem mais jovem do bar, e pegou-lhe do
II – Na música, há uso do discurso direto. braço.

42
No apartamento, ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe – Qual é o galo bom?
que o usasse sem cerimônia. Dentro de quinze minutos ele – O bom é o branquinho – responde o capiau.
poderia entrar no quarto, não precisava bater — e o sorriso O sujeito aposta no galo branco, e a rinha começa.
dela, dizendo isto, era uma promessa de felicidade. O galo vermelho sai enchendo o branquinho de bicadas.
Ele nem percebeu ao certo se estava se arrumando ou O cara fica surpreso e pergunta pro capiau:
se desarrumando, de tal modo os quinze minutos se atrope-
– Tu não falou que o bom era o branquinho?
laram, querendo virar quinze segundos, no calor escaldante
– O branco é bom, mas o vermelho é mau pra caramba!
do banheiro e da situação.
Liberto da roupa incômoda, abriu a porta do quarto. Lá
dentro, sua mulher e seus filhinhos, em coro com a secretá- Revista Céu Azul, n. 7, p. 54 (com adaptações)
ria, esperavam-no cantando “Parabéns pra você.”
(Carlos Drummond de Andrade) Considerando, no texto Rinha de galos, as variações
linguísticas, bem como suas implicações nos níveis e
Tendo por referência a leitura analítica do texto Caso aspectos de significação vocabular e textual, julgue os
de secretária, responda às questões. itens subsequentes.

24. (CESPE) Julgue os itens seguintes, de acordo a análi-


I – Se for escrita em discurso indireto, a primeira fala
se interpretativa do texto de Drummond.
do capiau fica assim: O capiau responde que o
1) O personagem principal está ressentido com a fa-
mília ao chegar ao escritório. bonzinho é o branco.
2) As relações afetivas com a secretária sempre ti- II – No texto, o narrador é observador, a história é con-
nham ultrapassado os limites profissionais. tada em 3ª pessoa e o discurso predominante é o
3) A ansiedade e o nervosismo substituiram a frustra- indireto.
ção inicial do dia. III – Em “O galo vermelho sai enchendo o branquinho
4) A recuperação da autoestima anulou a sensação de bicadas” há um exemplo de personificação.
de envelhecimento e de tristeza. IV – Na última linha há um exemplo claro de antítese.
5) Nenhuma das expectativas do personagem foi con-

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
V – Na pergunta do sujeito para o capiau “Qual é o galo
firmada ao longo do dia.
bom?” tem-se um exemplo de personificação ou
6) No texto de Drummond predomina a descrição no
prosopopeia.
primeiro parágrafo.
7) Em o Caso de secretária, há apenas dois cenários
para a narração: o escritório e o apartamento. GABARITO: E, E, E, C, E.
8) No texto, a narrativa é feita em primeira pessoa.
9) Na narrativa em questão, ocorrem exemplos de 27. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ABREU E LIMA)
discurso direto, indireto e indireto livre.
10) O tratamento dispensado pela secretária ao chefe “A mulher lhe prevenira: domingo não haveria almoço.
é informal em toda a narrativa. Era dia de folga da copeira, a cozinheira pedira para sair
cedo: queria passar o aniversário do filho em Niterói. O casal
GABARITO: C, E, C, C, C, E, E, E, C, E. tinha de almoçar fora. E depois, você sabe, sem feijão, sem
açúcar, sem nada, o melhor é mesmo deixar o fogão em paz.
25. (CESPE) Tendo por referência o texto de Carlos Drum-
– Está bem, almoçamos fora, ótimo.
mond, julgue como C o item que apresentar linguagem
coloquial e como E o item que apresentar somente lin- Quando chegou domingo, chegou também a preguiça,
guagem gramatical. em forma de pijama, jornalada para ler, disco novo para botar
1) “Foi trombudo para o escritório.” na vitrola, e esse frio... Ele tentou fugir ao compromisso.(...)”
2) “Passada a surpresa, sentiu-se ainda mais boro- (Carlos Drummond de Andrade)
cochô.”
3) “Fazer anos é uma droga.” Marque C ou E, conforme sejam as afirmações verda-
4) “Em vez de passar uma noite besta, ressentida.” deiras ou falsas, respectivamente.
5) “(...) ela apontou-lhe o banheiro e disse-lhe que o
1) “Domingo não haveria almoço”. É discurso direto.
usasse sem cerimônia.
2) “– Está bem, almoçamos fora. Ótimo.” É exemplo
GABARITO: C, C, C, C, E. de discurso direto.
3) “E depois,você sabe, sem feijão, sem açúcar, sem
26. (CESPE)
nada, o melhor é mesmo deixar o fogão em paz.” É
discurso indireto livre.
Rinha de galos
4) A expressão “deixar o fogão em paz” apresenta
Um sujeito vai assistir a uma rinha de galos. Quando ele uma figura de linguagem conhecida como eufemis-
entra no ringue, estão todos prontos para iniciar um embate mo.
entre dois galos, um branco e outro vermelho. O cara fica a
fim de apostar e pergunta pra um capiau ao lado: GABARITO: E, C, C, E.

43
(IBFC) tes, o belo half-back do time Arsenal. Ciomara me fez sofrer,
vendo-a de mãos dadas com ainda outro, para espicaçar
Resposta a uma moça 50 anos depois também Cervantes, não eu, debaixo dos flamboyants carre-
gados de flores vermelhas.
OUTRO DIA, ESCREVENDO sobre meu passado, Devo dizer também que fui crescendo e enlouqueci de
falei de uma menina da Urca que, de longe, eu considerava um amor mais carnal por uma moça mais velha, Isadora,
minha namorada, Silvinha, moreninha de olhos verdes. Dias de pernas lindas no maiô roxo Catalina, alva, de boca rubra
depois, recebi um e-mail assim: com muito batom. Daí para a frente, Silvinha, já adolescente,
“Meu amigo Arnaldo, comecei minhas incursões pelo mundo do pecado, sempre
Lisonjeada fiquei ao ler sua coluna de 29/06 pp. por me instruído por meu professor de sacanagens, o saudoso pipo-
ver citada em suas reminiscências. Hoje, com 46 anos de queiro Bené, que você certamente conheceu, ele que me
casada, com dois filhos e dois netos, entristece-me pensar induzia às mais pecaminosas ações solitárias, dando-me
que a meninada atual não pode ter a infância livre e des- revistinhas de mulher nua, ainda ingênuas, como Saúde e
preocupada que tivemos e, portanto, não terá as lembran- Nudismo, cheias de moças azuis, deitadas em praias remo-
ças das peripécias próprias de cada fase. Ah, bons tempos! tas. Nessa época eu já vivia em Copacabana, na casa de
Agradecendo as citações, deixo aqui um saudoso abraço. meu avô, onde eu tinha mais liberdade que sob as ordens
Hoje, sou a ‘grisalhinha’ de olhos verdes. Silvinha!” de mamãe. Lá no Posto Seis, no escuro dos cinemas, as
Fiquei emocionado com o e-mail e agora respondo. primeiras namoradas se retorciam e se recusavam ao assé-
“Querida Silvinha, dio a seus desejados peitinhos, me deixando enroscado em
Hoje, mais de 50 anos depois, vou dizer o que sentia intrincados sutiãs cheios de presilhas e elásticos, que me
por você. Você foi o que eu imaginava o que seria uma impediam de chegar à maciez dos seios ocultos, enquanto
“namorada”. Você despertou em mim um tremor novo, a pri- tiroteios rolavam na tela e eu me embaraçava nas terríveis
meira emoção do que mais tarde vi que chamavam “amor”. teias das alças, de onde saía desesperado com dores nos
Em uma tarde cinzenta, em frente ao portão de sua casa, eu rins de tanto ardor insatisfeito.
senti uma alegria inesquecível como se tudo ali estivesse no Depois, Silvinha, continuei minha trilha pelos caminhos
lugar perfeito: a brisa leve da tarde, a paz da rua, o silêncio que se abriam para os jovens solitários daquela época: as
sem pássaros, você encostada no portão marrom do jardim. casas de pecado do Catete, os famosos rendez-vous, o
Não sei por que, senti uma felicidade insuportável, como se que me fez dividir as mulheres em “santas” e “prostitutas”,
VIVIANE FARIA

ouvisse o calmo funcionamento no mundo. Percebi confu- ficando as santas como você em minha memória e as outras
samente que ali, no teu sorriso, ou olhos, ou boca, estava a sendo fonte de erros e sofrimentos. Todas, então, santas e
explicação do sol filtrado em listras entre as folhas da árvore bruxas, eram intangíveis, todas impossíveis. Veja como se
e a perfeição do som agudo que tirei da folha de fícus enro- formavam os jovens nos anos 50 para o amor.
lada como uma flautinha vegetal, instrumento que hoje os Não conversamos nunca, Silvinha, você nem soube que
garotos não conhecem mais. era minha namorada secreta, e vivemos esse meio século
Esse foi um momento que me ficou nos últimos 50 em mundos diversos. Você deve ter sido feliz, com filhos
anos. Depois, uma brincadeira também esquecida: “casa- e netos, seguindo a trilha natural que saía do seu jardim,
mento japonês”, onde se escolhia uma menina a quem se enquanto eu tive um caminho mais torto, sempre meio fora
perguntava: “Pêra, uva ou maçã”; você disse “uva” e eu das coisas que eu via acontecer. Tenho inveja das estradas
beijei timidamente seu rosto, sentindo-me, em seguida, voar largas e sadias e talvez eu tivesse sido mais feliz, se tivesse
por cima do seu jardim, vendo as casas da Urca lá embaixo. feito a Escola Naval como meu pai queria, e hoje fosse um
E, assim, você ficou de namorada oficial de minha infância orgulhoso almirante comandando cruzadores pelos mares
imaginária. do meu Brasil.
Não sei por que, Silvinha, sempre tive fascinação por Mas não posso me queixar de nada, casei várias vezes,
meninas que me deixavam arrebatado e com medo ao tive duas filhas e um filho maravilhosos, chorei muitas vezes
mesmo tempo, sempre e algum modo as meninas que me de dor-de-corno e de desentendimento, mas não posso me
atraíam me pareciam inatingíveis, etéreas, como se fossem queixar, pois, além do que vivi, vejo hoje que as memórias
destinadas a outros e não a mim... essa impossibilidade são tão sólidas quanto as realidades, que muitas vezes se
aumentava meu fascínio de pierrô. esvaem mais rápido que aquelas. Você ficou como uma pri-
Aliás, devo confessar hoje, 50 anos depois, que você meira sensação do que chamam “amor”. E como diz o poeta:
não foi a única. Márcia corria de bicicleta pela pracinha e “as coisas findas, muito mais que lindas, essas ficarão...”
só tinha olhos para o Porcolino e olhava com desdém sorri- Beijo tardio, do Jabor.
dente para minha tentativa de alcançá-la na bicicleta, e eu
via suas pernas sob a saia que ventava e a bicicleta parecia 28. (IBFC) Considere as afirmações que seguem
deixar um rastro de cometa de Márcia; também, mais tarde,
ainda sem te esquecer, confesso que me apaixonei por Cio- I – Ao dizer que é a “grisalhinha” de olhos verdes, Sil-
mara, que, percebendo meu interesse tímido, aplicou-se em vinha faz alusão à “moreninha” citada por Jabor em
me espezinhar, tendo eu sofrido muito vendo-a cantar pro- sua crônica, mostrando que ela envelheceu.
vocativamente “Vivo esperando e procurando Cervantes no II – Os termos no diminutivo, como “moreninha” e “gri-
meu jardim”, uma versão da música “Four-leaf clover”, um salhinha”, indicam que Silvinha é uma mulher pe-
sucesso na época, que ela adaptou para conquistar Cervan- quena.

44
III – O texto é constituído por uma carta pessoal, que c. à forte vontade de ter vivido de forma diferente,
não deveria ter sido publicada, mas passou a ser uma vez que enfrentou muitos problemas por suas
conhecida devido à falta de privacidade causada escolhas instáveis e ter se arrependido de tudo que
pela Internet. viveu.
d. ao fato de não te seguido a carreira militar e ter en-
Está correto o que se afirma em: contrado muitos problemas profissionais ao longo
a. somente I. de sua carreira.
b. somente II. e. ao fato de ter seguido caminhos tortuosos, que só
c. somente III. lhe trouxeram sofrimentos, tornando-o um homem
d. I e II. amargo.
e. I e III.
GABARITO: b.
GABARITO: a.
32. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.
29. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.
I – A expressão “minhas incursões pelo mundo do
I – A palavra “reminiscência” refere-se a lembranças pecado” faz referência à sua descoberta do sexo
de fatos pouco agradáveis, pois os dois se desen- enquanto adolescente.
contrarem. II – Ao dizer que sempre sentiu atração por meninas
II – Ao dizer que a menina era sua “namorada secre- que lhe causavam medo, o autor afirma que gosta
ta”, o autor refere-se ao fato de que eles manti- de mulheres bravas e pouco simpáticas.
nham o relacionamento escondido dos pais, pois III – O autor lembra-se da “namorada secreta” com ter-
eram crianças. nura, pois ela foi a única a despertar nele o amor.
III – O autor mostra mágoa ao se referir à sua ex-namo-
Está correto o que se afirma em:
rada, pois ela não correspondeu a seu amor.
a. somente I.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
b. somente II.
Está correto o que se afirma em:
c. somente III.
a. somente I.
d. I e III.
b. somente II.
e. I e II.
c. somente III.
d. I e II.
GABARITO: a.
e. nenhuma.
(IDECAN)
GABARITO: e.
Céus e terras
30. (IBFC) Considere as afirmações que seguem.
Todos somos vítimas de ideias erradas a nosso res-
I – A expressão “com desdém” significa “com vergo- peito. No meu caso, não sei por que, volta e meia apelam
nha”. para mim em busca de conselhos sobre paixão. É um mal ou
II – A palavra “etéreas” pode ser substituída, sem alte- um bem? Devemos amar sem paixão? O limite entre o amor
ração de sentido, por “esnobes”. e o desvario é tênue ou profundo? Sinceramente, quem sou
III – O verbo “espezinhar” significa “dar esperanças”, eu para responder a questão tão alienada, digna daquele
ainda que falsas. concílio bizantino que discutia o sexo dos anjos?
O amor é necessário, a paixão é descartável. Mas é
Está correto o que se afirma em: bom quando acontece. Todos os outros valores ficam irre-
a. somente I. levantes – a fome que mata em Biafra, as torres do World
b. somente II. Trade Center desabando, o nosso time sendo rebaixado à
c. somente III. segunda divisão.
d. I e II. Tive um amigo que viveu uma paixão durante sete
e. nenhuma. anos, como aquele Jacó do soneto de Camões, que se
amarrou em Raquel, “serena e bela”. Não tomou conheci-
GABARITO: e. mento do assassinato de Kennedy, do Golpe Militar de 64,
dos Beatles, da morte de Guevara, do AI-5, do tricampeo-
31. (IBFC) Ao dizer que te “inveja das estradas largas e nato em 1970.
sadias”, o autor refere-se Possuído pela paixão, a Raquel dele chamava-se Mar-
a. ao fato de que ele desejava ter viajado mais, co- lene e morava no Méier. Ele vivia, respirava, sofria e gozava
nhecido mais lugares. num só sentido, num único rumo: ela. O vestido que esta-
b. de forma figurada a uma forma de vida mais tradi- ria usando, com quem sairia naquele sábado, a música que
cional, com menos caminhos tortuosos. estaria ouvindo.

45
Ele flutuava no espaço, como um ectoplasma bêbado, 37. (IDECAN) Qual das palavras destacadas NÃO retoma
somente pensando nela, mesmo quando estava com ela. um elemento textual expresso anteriormente?
Até que um dia a paixão acabou, despejando-o nova- a. “O vestido que estaria usando, [...]” (4º parág.)
mente na terra e no cotidiano de todos nós. b. “[…] não sei por que, volta e meia apelam para mim
Encontrei-o então, furioso, queixando-se do ralo entu- […]” (1º parág.)
pido de sua cozinha. Pagara adiantado a um bombeiro para c. “Tive um amigo que viveu uma paixão durante sete
fazer o serviço, o sujeito levara o dinheiro, esburacara o anos, [...]” (3º parág.)
chão à procura do entupimento e desaparecera havia três d. “[…] digna daquele concílio bizantino que discutia o
dias. Como pode? Queria ir à polícia, escrever aos jornais,
sexo dos anjos?” (1º parág.)
mover céus e terras, os mesmos céus e as mesmas terras
e. “[...] os mesmos céus e as mesmas terras que, por
que, por sete anos, não existiam para ele, muito menos um
sete anos, não existiam para ele, [...]” (6º parág.)
entupido ralo de cozinha.
A paixão tem isso de bom. Céus e terras deixam de
existir, ficamos entupidos como um ralo que não escoa GABARITO: b.
nosso desatino.
(Cony, Carlos Heitor. “Céus e terras”. In: PINTO, 38. (IDECAN) Ao afirmar “A paixão tem isso de bom.” (7º
Manuel da Costa (Org.). Crônica Brasileira contempo- parág.), o autor introduz uma ideia de
rânea. São Paulo: Moderna, 2008.) a. a) conclusão.
b. b) explicação.
33. (IDECAN) No texto “Céus e terras”, o assunto principal c. c) concessão.
tratado pelo autor é d. d) contradição.
a. a importância do amor. e. e) comparação.
b. o cotidiano de um casal.
c. a transitoriedade do amor.
GABARITO: a.
d. a superficialidade dos sentimentos.
e. o desligamento causado pela paixão.
39. (FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda à questão
GABARITO: e. proposta.
VIVIANE FARIA

34. (IDECAN) O objetivo comunicativo principal da crônica Tempos Modernos?


é
a. narrar um fato trivial. Não sei dizer que horas eram quando Javi deitou-se
b. explicar a diferença entre amor e paixão. ao meu lado, de barriga para cima, naquela imensa duna
c. trazer uma informação sobre a realidade. de areia. Olhou para o teto de estrelas que cobre o deserto
d. orientar a realização de um procedimento. e, com seu doce sotaque madrilenho, entoou uma canção
e. persuadir o leitor com argumentos subjetivos. dos meus conterrâneos Tom e Vinicius: “tristeza não tem fim,
felicidade sim”. Será que ainda era noite? Ou o dia seguinte
GABARITO: e. já tinha chegado? Será que era domingo? Ou seria terça?
Será que estávamos a 15 metros do chão? Ou seriam 100?
35. (IDECAN) No trecho “[...] – a fome que mata em Biafra, O Sahara talvez seja como a própria tristeza: aqui não há
as torres do World Trade Center desabando, o nosso começo, não há fim. Não se sabe onde nasce o céu ou onde
time sendo rebaixado à segunda divisão.” (2º parág.), morre o horizonte. E para mim, que moro em Manhattan,
o travessão foi usado para
aquela ilha apertada, com começo, meio, fim e gente, muita
a. indicar uma citação.
gente, passar uma noite aqui, nesta imensidão, deve ser
b. atribuir sentido irônico.
como pousar na Lua. No deserto, quem manda é o silêncio.
c. separar orações intercaladas.
Ele nos cala. E é ele que nos faz sentir o quão longe esta-
d. introduzir a fala de uma pessoa.
e. separar expressões explicativas. mos de tudo o que conhecemos, e o quão perto estamos
do que somos. “A Lua deve ser assim”, concordou Javi [...].
MENAI, Tania. Tempos Modernos?
GABARITO: e.
Trip. Sao Paulo, ano 19, n.140, dez. 2005 (Fragmento).

36. (IDECAN) Um amigo do narrador, durante um certo


período de tempo, deixa de tomar conhecimento de Em “[...] entoou uma canção dos meus conterrâneos
vários acontecimentos importantes, porque Tom e Vinicius: ‘tristeza não tem fim, felicidade sim.’”,
a. se amarrou a Raquel. os dois pontos foram usados para:
b. flutua no espaço como um fantasma. a. iniciar uma enumeração.
c. se encontra dominado por um sentimento. b. indicar mudança de narrador.
d. não percebe que o ralo da cozinha não está entupido. c. fazer uma citação.
e. não se dá conta de que seu time foi rebaixado para d. indicar fala de personagem.
segunda divisão. e. separar orações coordenadas.

GABARITO: c. GABARITO: c.

46
40. (IADES) região administrativa de Brasília às de Ceilândia e Samam-
baia, passando pela Asa Sul, Setor Policial Sul, Estrada
Teoria Geral da Relatividade, 94 anos Parque Indústria e Abastecimento (EPIA), Guará, Park Way,
Águas Claras e Taguatinga.
As deduções de Einstein ajudaram a abalar as ideias sobre o A via do Metrô-DF possui o formato de Y. Dessa forma,
mundo que herdamos da modernidade. E oferecem pistas para repensar, 19,19 km constituem o eixo principal e interligam a Estação
hoje, tempo, ciência, sociedade e utopia Central (localizada na rodoviária do Plano Piloto) à Estação
Águas Claras. Outros 14,31 km compreendem o ramal que
Em 20 de março de 1916, Albert Einstein publicou parte da Estação Águas Claras até Ceilândia Norte.
sua Teoria Geral da Relatividade. As ideias gerais nela conti- O outro ramal, com 8,8 km, abrange o trecho que liga a
das haviam sido apresentadas em novembro do ano anterior, Estação Águas Claras à Samambaia.
na Academia Prussiana de Ciências, e ocupavam o físico Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/sobre-
desde 1907. Eram uma tentativa de colocar em diálogo sua -o-metro/estrutura.html>. Acesso em: 1/3/2014, com
adaptações.
Teoria Restrita da Relatividade (apresentada em 1905) e a
física de Galileu e Newton, um dos fundamentos da ciên-
Do ponto de vista da tipologia textual, o texto “Estrutu-
cia moderna. Mas abalavam as certezas anteriores (e ainda
ra do Metrô-DF” deve ser classificado, predominante-
hoje predominantes, no senso comum) sobre tempo, espaço
mente, como
e movimento.
a. dissertativo, pois apresenta as impressões do autor
A imensa série de desdobramentos científicos e filosó-
sobre o Metrô-DF.
ficos da teoria de Einstein não cabe, evidentemente nestas
b. narrativo, pois relata episódios referentes ao Me-
linhas. Mas seu sentido geral é radicalizar a noção de que não
trô-DF.
há pontos de referência universais – nem, portanto, verda-
c. descritivo, pois estabelece um debate a respeito da
des únicas. Séculos antes, Galileu havia demonstrado que
estrutura do Metrô-DF.
um mesmo fenômeno físico é visto de distintas maneiras,
d. narrativo, pois desenvolve uma sequência de
dependendo do ponto onde está o observador. Einstein
ações ocorridas no Metrô-DF e que se desenrolam

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
acrescentou, a esta incerteza, muitas outras – relacionadas
no tempo e no espaço.
especialmente ao tempo. Também este, mostrou ele, dilata-se
e. descritivo, pois faz um registro de informações que
e se contrai. Não há um relógio universal, uma régua geral
caracterizam a estrutura do Metrô-DF.
para todos os acontecimentos. Dois eventos que um obser-
vador vê como simultâneos podem não o ser para outro.
GABARITO: e.
O interessante é que esta quebra de paradigmas cientí-
ficos seria seguida, décadas mais tarde, por mudanças que
(FUNCAB) Leia o texto abaixo e responda às questões
sacudiram as noções sociais de tempo e a percepção sobre
propostas.
o status da ciência.
Fonte: <http://diplo.org.br/Teoria-Geral-da-Relativi-
A corretora de mar
dade-94>.

A mulher entrou no meu escritório com um sorriso muito


Considerando-se a tipologia textual, pode-se afirmar
amável e olhos muito azuis. Desenrolou um mapa e come-
que:
çou a falar com uma certa velocidade, como é uso dos chi-
a. O gênero é apenas narrativo, uma vez que constrói
lenos. Gosto de ver mapas, e me ergui para olhar aquele.
a história de Albert Einstein ao longo de um enredo
Quando percebi que se tratava de um loteamento, e
dinâmico.
a mulher queria me vender uma parcela, me coloquei na
b. É apenas descritivo, já que detalha a vida de Eins-
defensiva; disse que no momento suspendi meus negócios
tein.
imobiliários, e até estava pensando em vender meus imen-
c. É informativo, pois utiliza predominantemente a lin-
sos territórios no Brasil; que além disso o Chile é um país
guagem referencial.
muito estreito e sua terra deveria ser dividida entre seu povo;
d. É dissertativo, porque tenta convencer o leitor por
até ficaria mal a um estrangeiro querer especular com um
meio do discurso direto.
trecho da faja angosta, que é como os chilenos chamam sua
tira estreita de terra, que por sinal costumam dizer que é
GABARITO: c
“larguíssima”, para assombro do brasileiro recém-chegado,
que não sabe que isso em castelhano quer dizer “compri-
41. (IADES)
díssima”.
Os olhos azuis fixaram-se nos meus, a mão extraiu de
Estrutura do Metrô-DF
uma pasta a fotografia de um terreno plantado de pinheiri-
nhos de dois ou três anos: não se tratava de especulação
O projeto do Metrô-DF é composto por 29 estações,
imobiliária; dentro de poucos anos eu seria um madeireiro,
das quais 24 estão em funcionamento. Com uma frota de
poderia cortar meus pinheiros... Ponderei que tenho uma
32 trens, transporta em média 140 mil passageiros por dia.
pena imensa de cortar árvores.
Toda a via tem extensão de 42,38 quilômetros (Km) e liga a
– A senhora não tem?

47
Também tinha. E então baixou a voz, sombreou os COERÊNCIA E COESÃO
olhos de poesia, e me disse que ela mesma, corretora,
também comprara duas parcelas naquele terreno. E tinha COERÊNCIA
certeza confessava que também não tinha coragem de
mandar cortar seus pinheiros; também adorava árvores A coerência textual é a relação lógica entre as ideias,
e passarinhos, cortaria apenas os pinheiros necessários pois essas devem se complementar. É o resultado da não
contradição entre as partes do texto. Texto coerente é
para fazer uma casinha de madeira: o lugar é lindo, em um
aquele do qual é possível estabelecer sentido; é entendido
pequeno planalto, dá para uns penedos junto ao mar; as
como um princípio de interpretabilidade.
árvores choram, e cantam com as ondas quando sopra o
vento do oceano...
Confesso que paguei a primeira prestação: ela passou
o recibo, sorriu, me disse muchas gracias e hasta lueguito e partiu
com seus olhos azuis, me deixando meio tonto, com a vaga
impressão de ter comprado um pedaço do Oceano Pacífico.
(BRAGA, Rubem. Ai de ti Copacabana. Rio de Janeiro,
Record: 1987).

42. (FUNCAB) Assinale a opção correta de acordo com as


ideias veiculadas no texto.
a. A mulher só começou a fazer seu trabalho quando
percebeu o interesse do narrador pelo trecho de
terra no Chile.
b. Todo o segundo parágrafo trata dos argumentos do
narrador para se desvencilhar da corretora.
Fonte: <http://fococidadao.blogspot.com>.
c. A palavra “Confesso”, que introduz o último pará-
grafo, demonstra o arrependimento do narrador por
VIVIANE FARIA

COESÃO
não ter dado a devida atenção à corretora.
d. O narrador, com seus argumentos, acabou por se- Coesão é a conexão, ligação, harmonia entre os ele-
duzir a mulher, que passou a ver o loteamento com mentos de um texto. Percebemos tal definição quando
outros olhos. lemos um texto e verificamos que as palavras, as frases e os
e. A corretora comprara duas parcelas de um terreno parágrafos estão entrelaçados, um dando continuidade ao
e agora tentava repassá-los ao narrador. outro. Os elementos de coesão determinam a transição de
ideias entre as frases e os parágrafos.
GABARITO: b.

43. (FUNCAB) Na conclusão da leitura, evidencia-se para


o leitor:
a. a capacidade de convencimento da corretora.
b. a desonestidade da transação feita pelos dois.
c. a pressa da corretora de voltar a seu país de origem.
d. os problemas de comunicação entre pessoas de
línguas diferentes.
e. o comprometimento do narrador com a ecologia.

GABARITO: a.
COESÃO GRAMATICAL
44. (FUNCAB) Em: “[...] as árvores choram, e cantam com
Faz-se por meio das concordâncias nominais e verbais,
as ondas quando sopra o vento do oceano ...”, identifi-
da ordem dos vocábulos, dos conectores, dos pronomes
ca-se uma figura de linguagem. Aponte-a.
pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), pronomes
a. Metonímia possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos,
b. Catacrese relativos, diversos tipos de numerais, advérbios (aqui, ali, lá,
c. Hipérbole aí), artigos definidos, de expressões de valor temporal.
d. Prosopopeia
e. Eufemismo Coesão Frásica – este tipo de coesão estabelece uma
ligação significativa entre os componentes da frase, com
GABARITO: d. base na concordância entre o nome e seus determinantes,

48
entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus predicadores,
na ordem dos vocábulos na oração, na regência nominal e
verbal.
Ex: Florianópolis tem praias para todos os gostos,
desertas, agitadas, com ondas, sem ondas, rústicas,
sofisticadas.
Fonte: <http://gartic.uol.com.br>.
Coesão Interfrásica – designa os variados tipos de
interdependência semântica existente entre as frases na
Coesão por Substituição:
superfície textual. É necessário, portanto, usar o conector
adequado à relação que queremos expressar.
• Sinonímia: é a seleção de expressões linguísticas
Ex: A baleia vem devagar, afunda a cabeça, ergue o
com traços semânticos semelhantes.
corpanzil em forma de arco e desaparece um instante. Sua Ex: Na galeria do ídolos, Júnior Baiano coloca três
cauda, então, ressurge gloriosa sobre a água como se craques: Leandro, Mozer a Aldair. “Eles sabem tudo
fosse uma enorme borboleta molhada. de bola”, diz o jogador. O zagueiro da Seleção só
questiona se um dia terá o mesmo prestígio deles.
Coesão Temporal – uma sequência só se apresenta
coesa e coerente quando a ordem dos enunciados estiver • Antonímia: é a seleção de expressões linguísticas
de acordo com aquilo que sabemos ser possível de ocor- com traços semânticos opostos.
rer no universo a que o texto se refere, ou no qual o texto Ex: Chegou taciturno ao escritório ainda de
se insere. Se essa ordenação temporal não satisfizer essas madrugada, antes de todos. A ausência de alegria
condições, o texto apresentará problemas no seu sentido. A incomodou os funcionários e os clientes.
coesão temporal é assegurada pelo emprego adequado dos
tempos verbais, obedecendo a uma sequência plausível, ao • Hiperonímia: a primeira expressão mantém com a
uso de advérbios que ajudam a situar o leitor no tempo (são, segunda uma relação de todo-parte ou classe-ele-

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
de certa forma, os conectores temporais). mento.
Ex: Existem hoje mais de 50 canais em funcionamento, Ex: Sempre gostou de roupas íntimas, mas perce-
em todo o território brasileiro, e perto de 4 milhões de apa- beu que este sutiã já estava fora de moda.
relhos receptores.
• Hiponímia: a primeira expressão mantém com a
Coesão Referencial – neste tipo de coesão, um com- segunda uma relação de parte-todo ou elemento-classe.
ponente da superfície textual faz referência a outro compo- Ex: O rapaz declarou todo o seu amor à vizinha,
nente. Para esta referência são largamente empregados os pois esse sentimento lhe sufocava a vida tão
pronomes pessoais de terceira pessoa (retos e oblíquos), calada.
pronomes possessivos, demonstrativos, indefinidos, inter-
rogativos, relativos, diversos tipos de numerais, advérbios VÍCIOS DE LINGUAGEM
(aqui, ali, lá, aí), artigos. Exemplos:
Ex: Durante o período da amamentação, a mãe ensina Vícios de linguagem são, segundo Napoleão Mendes
os segredos da sobrevivência ao filhote e é arremedada por de Almeida, palavras ou construções que deturpam, des-
ele. A baleiona salta, o filhote a imita. Ela bate a cauda, ele virtuam, ou dificultam a manifestação do pensamento, seja
também o faz. (Revista VEJA, no 30,julho/97) pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo des-
cuido do emissor.
COESÃO LEXICAL
AMBIGUIDADE
Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam
vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem
entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opos-
tos.

Coesão por Reiteração – a repetição de expressões


linguísticas; neste caso, existe identidade de traços semân-
ticos. Este recurso é, em geral, bastante usado nas propa-
gandas, com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o nome
e as qualidades do que é anunciado.
Ex: A história de Porto Belo envolve invasão de aven-
tureiros espanhóis, aventureiros ingleses e aventureiros
franceses, que procuraram portos naturais, portos segu-
ros para proteger suas embarcações de tempestades. (JB,
Caderno Viagem, 25.08.93)

49
Ambiguidade é a possibilidade de uma mensagem ter • “O que faz uma boa metrópole.” (Revista Veja)
dois sentidos. Ela geralmente é provocada pela má orga- • “As videolocadoras de São Carlos estão escon-
nização das palavras na frase. A ambiguidade é um caso dendo suas fitas de sexo explícito. A decisão atende
especial de polissemia, a possibilidade de uma palavra apre- a uma portaria de dezembro de 91, do Juizado de
sentar vários sentidos em um contexto. Ambígua é a frase Menores, que proíbe que as casas de vídeo alu-
ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. guem, exponham e vendam fitas pornográficas
Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, deve- a menores de 18 anos. A portaria proíbe ainda os
-se atentar para as construções que possam gerar equívo- menores de 18 anos de irem a motéis e rodeios sem
cos de compreensão. a companhia ou autorização dos pais.” (Jornal Folha
Observe as frases seguintes e perceba a ambiguidade Sudoeste)
presente:
• Deixe o cigarro correndo. BARBARISMO
• Vendo carne aos fregueses sem pelanca.
• Meias para mulheres claras.
• Camas para crianças de ferro.
• Estudantes viram piranhas.
• Corto cabelo e pinto.
• A mãe olhava a filha sentada no sofá.
• O dinheiro estava no banco.
• Vou ler o livro de Paulo.
• Os jogadores de futebol viram feras no jogo.
VIVIANE FARIA

Fonte: <http://bibliotecamindlin.blogspot.com>.

Barbarismo, peregrinismo ou estrangeirismo (para os


latinos qualquer estrangeiro era bárbaro) é o uso de pala-
vra, expressão ou construção estrangeira no lugar de equi-
valente vernácula.
De acordo com a língua de origem, os estrangeirismos
recebem diferentes nomes:
Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br> • galicismo ou francesismo, quando provenientes do
francês (País de Gália, antigo nome da França);
As próximas frases foram extraídas de meios de comu- • anglicismo, quando do inglês;
nicação. Em algumas, a ambiguidade foi provocada, para • castelhanismo, quando vindos do espanhol;
comercialização, em outras, foi relapso da revisão, o que
gerou problemas diversos. Exemplos:
Observe e perceba: • Mais penso, mais fico inteligente (galicismo: o mais
• “Além do dentista, eu uso e recomendo Senso- adequado seria “quanto mais penso, (tanto) mais
dyne.” (propaganda) fico inteligente”);
• “Sempre presente. Ferracini Calçados.” (propa- • Comeu um roast-beef (anglicismo: o mais adequado
ganda) seria “comeu um rosbife”);
• “Selton Mello responde ao manifesto contra a nudez • Eles têm serviço de delivery. (anglicismo: o mais ade-
de Pedro Cardoso.” (Notícia na internet) quado seria “Eles têm serviço de entrega”).
• “Mãe de Eloá diz que perdoa Lindemberg durante o • Premiê apresenta prioridades da Presidência lusa
velório.” (Notícia na internet) da UE (galicismo: o mais adequado seria Primeiro-
• “Gastou mais de 12 milhões de dólares herdados do -ministro)
pai, cuja família fez fortuna no ramo de construção • Nesta receita gastronômica usaremos Blueberries e
de estradas de ferro, com festas, viagens, bebidas Grapefruits. (anglicismo: o mais adequado seria Mir-
e mulheres.” (Revista Veja) tilo e Toranja)

50
• Convocamos para a Reunião do Conselho de DA’s Como cacofonias são muitas vezes cômicas, elas são
(plural da sigla de Diretório Acadêmico). (angli- algumas vezes usadas de propósito em certas piadas, troca-
cismo: e mesmo nesta língua não se usa apóstrofo dilhos e “pegadinhas”.
‘s’ para pluralizar; o mais adequado seria DD.AA.
ou DAs.) PLEBEÍSMO
• Irei ao toilette (galicismo: o mais adequado seria
Banheiro).

Há quem considere barbarismo também divergências


de pronúncia, grafia, morfologia etc., tais como “adevogado”
ou “eu sabo”, pois seriam atitudes típicas de estrangeiros,
por eles dificilmente atingirem alta fluência no dialeto padrão
da língua.
Em nível pragmático, o barbarismo normalmente é
indesejável porque os receptores da mensagem frequente-
mente conhecem o termo em questão na língua nativa de
sua comunidade linguística, mas nem sempre conhecem
o termo correspondente na língua ou dialeto estrangeiro
à comunidade com a qual ele está familiarizado. Em nível
político, um barbarismo também pode ser interpretado como
uma ofensa cultural por alguns receptores que se encon-
tram ideologicamente inclinados a repudiar certos tipos de O plebeísmo normalmente utiliza palavras de baixo
influência sobre suas culturas. Pode-se assim concluir que o calão, gírias e termos considerados informais.
conceito de barbarismo é relativo ao receptor da mensagem.
Em alguns contextos, até mesmo uma palavra da pró- Exemplos:
pria língua do receptor poderia ser considerada como um • “Ele era um tremendo mané!”

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
barbarismo. Tal é o caso de um cultismo (ex: “abdômen”) • “Tô ferrado!”
quando presente em uma mensagem a um receptor que • “Tá ligado nas quebradas, meu chapa?”
não o entende (por exemplo, um indivíduo não escolarizado, • “Esse bagulho é ‘radicaaaal’!!! Tá ligado mano?”
que poderia compreender melhor os sinônimos “barriga”, • ‘Vô piálá’ mais tarde ‘ !!! Se ligou maluco ?
“pança” ou “bucho”).
Por questões de etiqueta, convém evitar o uso de ple-
CACOFONIA beísmos em contextos sociais que requeiram maior forma-
lismo no tratamento comunicativo.

PROLIXIDADE

Fonte: <http://gentedemidia.blogspot.com>.

A cacofonia é um som desagradável ou obsceno for-


mado pela união das sílabas de palavras contíguas. Pode,
também, ocorrer como resultado de uma translineação
desatenciosa. Por isso temos que tomar cuidado ao falar
para não ofendermos a pessoa que ouve.
É a exposição fastidiosa e inútil de palavras ou argu-
Exemplos: mentos e à sua superabundância. É o excesso de palavras
• “Ele beijou a boca dela.” para exprimir poucas ideias. Ao texto prolixo falta objetivi-
• “Bata com um mamão para mim, por favor.” dade, o qual quase sempre compromete a clareza e cansa
• “Deixe ir-me já, pois estou atrasado.” o leitor.
A prevenção à prolixidade requer que se tenha atenção
Não são cacofonia: à concisão e precisão da mensagem. Concisão é a quali-
• “Eu amo ela demais!!!” dade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras.
• “Eu vi ela.” Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer
• “Você veja.” exatamente o que se quer.

51
PLEONASMO VICIOSO OU TAUTOLOGIA Solecismo é uma inadequação na estrutura sintática da
frase com relação à gramática normativa do idioma. Há três
tipos de solecismo:

• De concordância:
–– “Fazem três anos que não vou ao médico.” (Faz
três anos que não vou ao médico.)
–– “Aluga-se salas nesse edifício.” (Alugam-se
salas nesse edifício.)

• De regência:
–– “Ontem eu assisti um filme de época.” (Ontem
eu assisti a um filme de época.)
Fonte: <http://leilacordeiro.blogspot.com>.

• De colocação:
O pleonasmo é uma figura de linguagem. Quando con- –– “Me empresta um lápis, por favor.” (Empresta-
siste numa redundância inútil e desnecessária de significado
-me um lápis, por favor.)
em uma sentença, é considerado um vício de linguagem. A
–– “Me parece que ela ficou contente.” (Parece-me
esse tipo de pleonasmo chamamos pleonasmo vicioso.
que ela ficou contente.)
–– “Eu não respondi-lhe nada do que perguntou.”
Exemplos:
(Eu não lhe respondi nada do que perguntou.)
• “Ele vai ser o protagonista principal da peça”. (Um
protagonista é, necessariamente, a personagem
principal) EXERCÍCIOS
• “Meninos, entrem já para dentro!” (O verbo “entrar” já
exprime ideia de ir para dentro) 1. Sublinhe os pleonasmos encontrados no texto a seguir:
• “Estou subindo para cima.” (O verbo “subir” já
exprime ideia de ir para cima) O maior pleonasmo é um fato verídico
VIVIANE FARIA

• “Tenho certeza absoluta “ – (Toda “certeza” é abso-


luta) Conviver junto é algo muito difícil e deve ser encarado
de frente. Há muito tempo atrás, numa casa campestre situ-
Não é pleonasmo: ada no campo, entrei para dentro do recinto mais isolado
• “Não deixe de comparecer pessoalmente.” É pos- a fim de escrever e melhor respirar um ar puro de verão,
sível comparecer a algum lugar na forma de pro- quando, numa surpresa inesperada, a esposa com a qual eu
curador. me casara, gritou alto ao meu ouvido:
- Vou decapitar sua cabeça, Joaquim! Onde já se viu?
O pleonasmo nem sempre é um vício de linguagem, Esquecer o acabamento final!
mesmo para os exemplos supra citados, a depender do con- Caramba, mas não é mesmo? Tive uma surpresa ines-
texto. Em certos contextos, ele é um recurso que pode ser útil perada com a notícia, pois meu esquecimento deixou por
para se fornecer ênfase a determinado aspecto da mensagem. formar uma goteira no teto que pingava como uma hemor-
Especialmente em contextos literários, musicais e retóri- ragia de sangue sobre os lindos cabelos loiros amarelados
cos, um pleonasmo bem colocado pode causar uma reação de minha mulher.
notável nos receptores (como a geração de uma frase de efeito Larguei o que fazia, não sem antes mirar meu texto de
ou mesmo o humor proposital). A maestria no uso do pleonasmo tão bonita caligrafia, e cheguei à conclusão final de que ser-
para que ele atinja o efeito desejado no receptor depende for- viço mal feito é serviço dobrado.
temente do desenvolvimento da capacidade de interpretação Fui ao quintal pegar as ferramentas e, ao caminhar a
textual do emissor. Na dúvida, é melhor que seja evitado para pé ao lado da janela da cozinha, pude sentir o cheiro da
não se incorrer acidentalmente em um uso vicioso. canja de galinha. O aroma quase me derrubou para baixo!
O elo de ligação que havia entre eu e meu estômago era
SOLECISMO como uma fraternidade de irmãos gêmeos iguais! A humani-
dade deveria chegar a um consenso comum de que é regra
geral ser impossível a um senhor varão trabalhar sem estar
alimentado com comida apropriada. Somente um demente
mental não perceberia que, para subir para cima, o avião
precisa de combustível.
Ergui os olhos para cima e fitei as estrelas no céu. Pedi
a Deus a ajuda necessária para enfrentar minha mulher, pro-
metendo-lhe que não repetiria de novo o incidente com o
teto. Eu sei que a selva é o habitat natural de um leão, sendo
Fonte: <http://becodabee.blogspot.com>. assim, minha casa deveria ser o meu! Ali o rei era eu!

52
Quando pude, enfim, sentir a coragem entrando dentro Caramba, mas não é mesmo? Tive uma surpresa
do meu peito, senti-me um verdadeiro almirante da Marinha, inesperada com a notícia, pois meu esquecimento
um digno general do Exército, líder da prefeitura municipal deixou por formar uma goteira no teto que pingava
como uma hemorragia de sangue sobre os lindos
que era o meu lar! Sendo o protagonista principal daquela
cabelos loiros amarelados de minha mulher.
novidade inédita, na qual, em meus medos mais profundos,
Larguei o que fazia, não sem antes mirar meu texto
previa as labaredas de fogo que ela lançaria sobre minhas
de tão bonita caligrafia, e cheguei à conclusão fi-
costas, tentei me manter o mesmo. Afinal, todos são unâni- nal de que serviço mal feito é serviço dobrado.
mes em admitir que “um belo sorriso nos lábios faz abrandar
Fui ao quintal pegar as ferramentas e, ao caminhar
qualquer fera”, como dizia meu amigo pessoal. a pé ao lado da janela da cozinha, pude sentir o
Ao mostrar a cara na porta da cozinha, uma novidade cheiro da canja de galinha. O aroma quase me
inédita se fez: Mariazinha ali não mais estava! Seria minha derrubou para baixo! O elo de ligação que havia
chance de ganhar grátis aquela oferenda aos deuses! Eu entre eu e meu estômago era como uma fraternida-
tinha a livre escolha de saborear a canja antes mesmo de de de irmãos gêmeos iguais! A humanidade deve-
ela voltar do banho – que foi para onde me pareceu ter ido ria chegar a um consenso comum de que é regra
geral ser impossível a um senhor varão trabalhar
minha mulher. Pegar a comida sem autorização seria um
sem estar alimentado com comida apropriada.
vandalismo criminoso ou simplesmente obedecer à velha
Somente um demente mental não perceberia que,
tradição dos machos da espécie? Não sei... Ouvir depois o para subir para cima, o avião precisa de combus-
enxame de abelhas que era a reclamação dela... E eu tinha tível.
planos para o futuro! Não podia ser assassinado por haver Ergui os olhos para cima e fitei as estrelas no
me apossado de uma mera água temperada! Não valeria céu. Pedi a Deus a ajuda necessária para enfrentar
a pena torná-la a viúva de um falecido tão pomposo como minha mulher, prometendo-lhe que não repetiria de
eu! Mas comer sem autorização é abusar demais da própria novo o incidente com o teto. Eu sei que a selva é
sorte... Talvez, fazer um acordo amigável seria o ideal, pro- o habitat natural de um leão, sendo assim, minha
metendo, por exemplo, consertar o telhado após a janta, ou casa deveria ser o meu! Ali o rei era eu!
no dia seguinte, quando amanhecesse o dia. Ambos os dois Quando pude, enfim, sentir a coragem entrando
ficaríamos contentes, pois, como éramos metades iguais, a dentro do meu peito, senti-me um verdadeiro almi-

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
rante da Marinha, um digno general do Exército,
alegria de um deveria ser a felicidade do outro e, introdu-
líder da prefeitura municipal que era o meu lar!
zir para dentro aquela refeição, confesso que, com certeza Sendo o protagonista principal daquela novidade
absoluta, me daria a mesma sensação de viver uma utopia inédita, na qual, em meus medos mais profundos,
irrealizável. previa as labaredas de fogo que ela lançaria sobre
Dei um passo adiante. Nenhum sinal dela. Mas o risco minhas costas, tentei me manter o mesmo. Afinal,
existe... O meu problema está em antecipar para antes o todos são unânimes em admitir que “um belo sor-
que ainda nem aconteceu! Imaginei em minha cabeça ela riso nos lábios faz abrandar qualquer fera”, como
dizia meu amigo pessoal.
me surpreendendo inesperadamente e, com aquela cara
de fera selvagem, provocando-me um ataque cardíaco do Ao mostrar a cara na porta da cozinha, uma novi-
dade inédita se fez: Mariazinha ali não mais esta-
coração! Eu temia minha esposa com muito medo! Então...
va! Seria minha chance de ganhar grátis aquela
Pensei que consertar a goteira do teto não era algo que me
oferenda aos deuses! Eu tinha a livre escolha de
tomaria tanto tempo assim! E, depois, viria a recompensa saborear a canja antes mesmo de ela voltar do ba-
como prêmio: a canja, a saborosa canja de galinha que já nho – que foi para onde me pareceu ter ido minha
me alimentava só pelo cheiro! mulher. Pegar a comida sem autorização seria um
Sim, eu recuei para trás. Saí para fora e cheguei à con- vandalismo criminoso ou simplesmente obede-
clusão final de que, na vida moderna, não há pleonasmo cer à velha tradição dos machos da espécie? Não
maior que este: É A MULHER QUE MANDA! Não entendeu? sei... Ouvir depois o enxame de abelhas que era a
reclamação dela... E eu tinha planos para o futuro!
Vou repetir de novo: É A MULHER QUE MANDA! Ainda não
Não podia ser assassinado por haver me apossado
entendeu?! Então, releia de novo o texto! de uma mera água temperada! Não valeria a pena
(Viviane Faria Lopes) torná-la a viúva de um falecido tão pomposo como
eu! Mas comer sem autorização é abusar demais da
GABARITO: própria sorte... Talvez, fazer um acordo amigável
seria o ideal, prometendo, por exemplo, consertar
O maior pleonasmo é um fato verídico o telhado após a janta, ou no dia seguinte, quando
amanhecesse o dia. Ambos os dois ficaríamos
contentes, pois, como éramos metades iguais, a
Conviver junto é algo muito difícil e deve ser enca- alegria de um deveria ser a felicidade do outro e,
rado de frente. Há muito tempo atrás, numa casa introduzir para dentro aquela refeição, confesso
campestre situada no campo, entrei para dentro que, com certeza absoluta, me daria a mesma sen-
do recinto mais isolado a fim de escrever e melhor sação de viver uma utopia irrealizável.
respirar um ar puro de verão, quando, numa sur-
Dei um passo adiante. Nenhum sinal dela. Mas o
presa inesperada, a esposa com a qual eu me
risco existe... O meu problema está em antecipar
casara, gritou alto ao meu ouvido:
para antes o que ainda nem aconteceu! Imaginei
- Vou decapitar sua cabeça, Joaquim! Onde já se em minha cabeça ela me surpreendendo inespe-
viu? Esquecer o acabamento final! radamente e, com aquela cara de fera selvagem,

53
provocando-me um ataque cardíaco do coração! Responda às questões.
Eu temia minha esposa com muito medo! En-
tão... Pensei que consertar a goteira do teto não
2. (CESGRANRIO) Na segunda frase do texto, o autor
era algo que me tomaria tanto tempo assim! E, de-
pois, viria a recompensa como prêmio: a canja, a
emprega uma imagem coloquial e impactante que tem
saborosa canja de galinha que já me alimentava como objetivo
só pelo cheiro! a. atrair a atenção do leitor ao apresentar, logo no
Sim, eu recuei para trás. Saí para fora e cheguei princípio, uma opinião defendida na matéria.
à conclusão final de que, na vida moderna, não b. contrastar de maneira jocosa o teor científico da
há pleonasmo maior que este: É A MULHER QUE matéria e a leveza do veículo utilizado.
MANDA! Não entendeu? Vou repetir de novo: É c. ironizar a postura adotada em São Paulo acerca
A MULHER QUE MANDA! Ainda não entendeu?!
do fumo.
Então, releia de novo o texto!
d. apresentar o argumento dos países estrangeiros
para, em seguida, contrapô-lo.
e. revelar opiniões divergentes sobre o assunto proi-
O Cerco Total aos Fumantes
bição do fumo no Brasil.
O estado de São Paulo aprova a lei antifumo mais
restritiva do país. É um grande passo para tentar
GABARITO: a.
apagar o cigarro da vida moderna.
3. (CESGRANRIO) O texto é uma matéria jornalística.
A vida de quem fuma só piora no Brasil e no mundo.
Entretanto, emprega na sua estrutura construções que
Mas agora, em São Paulo, fumar virou um inferno. Daqui
para a frente, será proibido acender cigarros, cachimbos e revelam um teor expressivo por meio do uso de figuras
charutos em qualquer ambiente coletivo fechado em todo o de linguagem, trocadilhos e ambiguidades. A passa-
estado. Isso significa que: 1) restaurantes não poderão mais gem que NÃO serve de exemplo para essa afirmação é
ter alas para fumantes; 2) bares terão de aposentar seus a. “Mas agora, em São Paulo, fumar virou um inferno.”
cinzeiros; 3) hotéis passarão a fiscalizar seus hóspedes; e b. “bares terão de aposentar seus cinzeiros;”
4) empresas serão obrigadas a fechar as acinzentadas sali- c. “É para deixar qualquer um sem fôlego.”
nhas conhecidas como fumódromos. Quem quiser dar suas d. “Em Nova York, já é proibido fumar em lugares fe-
VIVIANE FARIA

tragadas só poderá fazê-lo em casa, no carro ou ao ar livre. chados, desde 2003.”


A lei é tão rigorosa que mesmo ambientes com teto alto e e. “A brasa do tabagismo está-se apagando mundo
sem paredes, como marquises, serão vetados ao tabaco. Os afora.”
empresários que não se adequarem à lei em noventa dias
poderão ser multados em até 3,2 milhões de reais. É para GABARITO: d.
deixar qualquer um sem fôlego. (...)
No Palácio dos Bandeirantes quem quer fumar um 4. (IBFC) Considere o trecho e as afirmações abaixo.
cigarro precisa andar 500 metros, cruzar o portão e sair para
a rua. “Quando chove é pior, porque a gente precisa usar “Eu acho que a pena de morte deve ser adotada para
o guarda-chuva para chegar lá”, conta um funcionário da os assassinos, pois ninguém tem o direito de tirar a vida de
Casa Civil do governo. “Ficou tão difícil fumar que até decidi outra pessoa.”
parar”, diz ele. (...)
Quem considera a lei exagerada deve saber que São I – Há, no enunciado, efeito de impessoalidade, pois o
Paulo apenas se alinha a uma tendência mundial. Em Lon- autor apresenta um argumento.
dres, desde 2007 não se pode fumar em espaços fechados, II – O argumento apresentado é coerente com a ideia
como pubs, cafés, restaurantes e escritórios. Lá, também que se defende.
foram extintos os fumódromos. Em Nova York, já é proibido
fumar em lugares fechados, desde 2003. No estado ameri-
Está correto o que se afirma em
cano da Califórnia, a lei é ainda mais dura. Há mais de um
a. somente I.
ano é vetado fumar dentro dos carros se um dos passagei-
b. somente II.
ros tiver menos de 18 anos. Na cidade de Belmont, também
c. I e II.
na Califórnia, a restrição chega aos lares. Não se podem
d. nenhuma.
acender cigarros em apartamentos que dividam chão, teto
ou parede com outros. Os fumantes americanos têm outro
problema com que se preocupar: eles pagam, em média, GABARITO: d.
25% a mais pelo plano de saúde, já que o cigarro está asso-
ciado a um sem número de doenças. O caso mais radical 5. (CESPE)
é o do Butão, pequeno país espremido entre a Índia e a
China, que simplesmente baniu a venda de tabaco em 2004. Quando as caravelas atracaram nas límpidas águas e
A brasa do tabagismo está-se apagando mundo afora. E a areias do litoral brasileiro, que em pequena distância pare-
maioria não fumante não quer deixar que ela seja reavivada. cia infinito, algo impressionou ainda mais aqueles inegáveis
exploradores: uma enorme muralha verde parecia proteger
BRASIL, Sandra. Revista Veja, 15 abr. 2009. (Adaptado) aquelas terras. Densas árvores, rica fauna... Algo jamais

54
visto, algo jamais imaginado. Aos poucos, os portugueses O uso adequado de uma rede hidroviária exige a constru-
perceberam que ali estava a verdadeira riqueza daquela ção de uma infraestrutura de vulto, que envolve, entre outras
terra recém-conquistada. Naquela época, a Mata Atlântica, medidas, a abertura de canais para ligação das vias fluviais
que leva esse nome por (nos tempos hoje ditos remotos) naturais, a adaptação dos leitos dos rios para a profundidade
se estender por quase toda a costa litorânea, atingia 1,3 necessária ao calado das embarcações, a correção do curso
milhões de quilômetros quadrados, cerca de 12% do terri- fluvial, a construção de vias de conexão com outras redes,
tório brasileiro. Nela ocorrem sete das nove maiores bacias como a ferroviária ou rodoviária, e a implementação de um
hidrográficas brasileiras. Suas florestas são fundamentais complexo sistema de conservação de todo o conjunto. Os
para a manutenção dos processos hidrológicos dessas regi- custos dos investimentos e da manutenção da infraestru-
ões, assegurando a quantidade da água potável para mais tura, no entanto, são rapidamente recuperados pela ampla
de 150 milhões de brasileiros. Mais do que pura militân- rentabilidade desse modo de transporte, existente em todos
cia, preservar esse ecossistema significa preservar a vida os países de economia avançada.
humana, já que sabemos que sem água potável não há vida. Internet: <www.cepa.if.usp.br> (com adaptações).
Gabrielle Dainezi. Mata Atlântica: a biodiversidade em
perigo. In: Revista Mãe Terra. Minuano, p. 23-25 (com Julgue os seguintes itens com relação à organização
adaptações). das ideias no texto.
1) As vírgulas depois de “naturais”, “embarcações” e
A partir do texto acima, julgue os itens subsequentes. “fluvial” separam termos de uma enumeração.
1) No último período do texto, a flexão de singular 2) Considerando-se a coerência entre os argumentos
na forma verbal “significa” justifica-se pelo fato de apresentados no texto, verifica-se que o adjetivo
“ecossistema” estar no singular. “existente” faz referência a “rentabilidade”.
2) No último período, preservam-se as relações signi- 3) Na argumentação do texto, defende-se a ideia de
ficativas do texto, bem como sua correção gramati- que a construção e a manutenção de um sistema
cal, ao se substituir “há” por existe. de “transporte hidroviário” eficiente envolvem cus-
3) No primeiro período, depreende-se das ideias do tos que só países de economia avançada podem
texto que os “exploradores” nunca tinham visto ou suportar.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
imaginado “águas e areias” tão límpidas ou costa 4) A ideia de continuidade no uso do transporte hidro-
tão extensa como as que encontraram no litoral viário é marcada, no texto, tanto pelo emprego da
brasileiro. preposição “desde” quanto pelo emprego da ex-
4) No desenvolvimento do texto, “algo” corresponde a pressão verbal “tem sido usado”.
“uma enorme muralha verde” que parecia proteger 5) Mantêm-se a correção gramatical e a coerência do
as terras brasileiras. texto ao se inserir um sinal indicativo de crase em
5) O advérbio “ali” situa na “muralha verde”, constituí- “a grandes distâncias”, escrevendo-se: à grandes
da de “Densas árvores” e de “rica fauna”, a “verda- distâncias.
deira riqueza daquela terra”. 6) Depreende-se do texto que “minérios” são trans-
6) A preposição “por” introduz uma noção de causa portados em grandes quantidades e têm baixo va-
ou justificativa para a denominação “Mata Atlânti- lor relativamente ao peso.
ca” atribuída à área descrita no texto. 7) Preservam-se a coerência e a correção gramatical
7) A coerência textual e a correção gramatical admi- do texto ao se substituir “ao calado das embarca-
tem que os parênteses que demarcam a informa- ções” por às dimensões das embarcações.
ção “nos tempos hoje ditos remotos” possam ser
substituídos por travessões. GABARITO: C, E, E, C, E, C, C.
8) Preservam-se a coerência e a correção gramatical
do texto ao se substituir “ocorrem”, em “Nela ocor- (CESPE) Leia o texto para responder às questões.
rem sete das nove maiores bacias hidrográficas
brasileiras.”, por situam ou localizam.
9) A oração iniciada por “assegurando” pode ser inter-
pretada como fornecendo uma causa para a impor-
tância da Mata Atlântica; por isso, seriam mantidas
sua correção e sua coerência ao substituir o gerún-
dio por porque asseguram.

GABARITO: E, C, E, C, C, C, C, E, C.

6. (CESPE)

O transporte hidroviário tem sido usado desde a anti-


guidade. De custo operacional muito baixo, é utilizado no
transporte, a grandes distâncias, de massas volumosas de
produtos de baixo valor em relação ao peso, como minérios.

55
O administrador interino 4) O termo “Demais” (1º par.) tem o mesmo valor que
a expressão Além disso.
Pádua era empregado em repartição dependente do 5) Durante o período em que substituiu o administra-
Ministério da Guerra. Não ganhava muito, mas a mulher dor da repartição, Pádua foi remunerado pelo exer-
gastava pouco, e a vida era barata. Demais, a casa em que cício dessa função.
morava, assobradada como a nossa, posto que menor, era 6) Entre os trechos que justificam o título do texto,
propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe inclui-se o seguinte: “Pádua, ou por ordem regu-
saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. lamentar, ou por especial designação, ficou substi-
A primeira ideia do Pádua, quando lhe saiu o prêmio, foi tuindo o administrador” (3º par.).
comprar um cavalo do Cabo, um adereço de brilhantes para 7) A palavra “fortuna”, em “Esta mudança de fortuna”
a mulher, uma sepultura perpétua de família, mandar vir da (3º par.), foi empregada no sentido de grande quanti-
Europa alguns pássaros etc.; mas a mulher, esta D. Fortu- dade de dinheiro.
nata que ali está à porta dos fundos da casa, em pé, falando
à filha, alta, forte, cheia, como a filha, a mesma cabeça, os GABARITO: E, C, E, C, C, C, E.
mesmos olhos claros, a mulher é que lhe disse que o melhor
era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para acudir 8. (CESPE) Julgue os itens com relação a aspectos gra-
às moléstias grandes. Pádua hesitou muito; afinal, teve de maticais e ortográficos do texto.
ceder aos conselhos de minha mãe, a quem D. Fortunata 1) A expressão “salvar a vida ao Pádua” (2º par.) pode
pediu auxílio. Nem foi só nessa ocasião que minha mãe lhes ser adequadamente interpretada como salvar a vida
valeu; um dia chegou a salvar a vida ao Pádua. Escutai; a do Pádua, literalmente.
anedota é curta. 2) A forma verbal “Escutai” (2º par.) está flexionada
O administrador da repartição em que Pádua tra- no modo subjuntivo e indica a incerteza do falante
balhava teve de ir ao Norte, em comissão. Pádua, ou por a respeito do que está dizendo.
ordem regulamentar, ou por especial designação, ficou subs-
3) A palavra “repartição” (3º par.) diz respeito a uma
tituindo o administrador com os respectivos honorários. Esta
área administrativa específica do “Ministério da
mudança de fortuna trouxe-lhe certa vertigem; era antes dos
Guerra”. Com esse mesmo sentido, o autor poderia
dez contos. Não se contentou de reformar a roupa e a copa,
ter empregado a palavra cessão.
atirou-se às despesas supérfluas, deu joias à mulher, nos
4) A substituição da preposição “em” por de na ex-
VIVIANE FARIA

dias de festa matava um leitão, era visto em teatros, chegou


pressão “era empregado em repartição” (1º par.)
aos sapatos de verniz. Viveu assim vinte e dois meses na
implica que a repartição onde Pádua trabalhava
suposição de uma eterna interinidade. Uma tarde entrou em
era necessariamente o órgão empregador.
nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque
5) A vírgula empregada imediatamente antes da ex-
chegara o efetivo naquela manhã. Pediu a minha mãe que
pressão “dez contos de réis” (1º par.) pode ser
velasse pelas infelizes que deixava; não podia sofrer des-
substituída por dois-pontos ou por travessão, sem
graça, matava-se. Minha mãe falou-lhe com bondade, mas
prejuízo para a coerência e a correção do texto.
ele não atendia a coisa nenhuma. Pádua enxugou os olhos
6) Em “mandar vir da Europa alguns pássaros” (2º
e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo,
fechado na alcova, — ou então no quintal, ao pé do poço, par.), a forma verbal “vir” poderia concordar com a
como se a ideia da morte teimasse nele. D. Fortunata expressão nominal “alguns pássaros”, que é o su-
ralhava: jeito desse verbo.
— Joãozinho, você é criança? 7) No trecho “a mulher é que lhe disse” (2º par.), a
Mas, tanto lhe ouviu falar em morte que teve medo, e expressão “é que” confere ênfase ao elemento que
um dia correu a pedir a minha mãe que lhe fizesse o favor exerce a função de sujeito da oração.
de ver se lhe salvava o marido que se queria matar. Minha 8) A expressão nominal “D. Fortunata” é emprega-
mãe foi achá-lo à beira do poço, intimou-lhe que vivesse. da, no texto, sem artigo. Por essa razão, caso a
Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgra- palavra frisada em “deu joias à mulher” (3º par.)
çado, por causa de uma gratificação a menos, e perder um fosse substituída por “D. Fortunata”, o acento gra-
emprego interino? ve sobre o a que sucede “joias” não deveria ser
Machado de Assis. Dom Casmurro, cap. XVI (com empregado.
adaptações). 9) No trecho “foi para casa, onde viveu prostrado al-
guns dias” (3º par.), o pronome relativo tem valor
7. (CESPE) Com relação à interpretação do texto e à possessivo, indicando que a casa a que o autor se
significação das palavras nele empregadas, julgue os refere pertence a Pádua.
seguintes itens. 10) O último período do texto poderia ter sido introdu-
1) No trecho “como se a ideia da morte teimasse zido por um travessão, uma vez que corresponde
nele”, o verbo teimar é sinônimo de embirrar e está a uma transcrição literal de fala, denominada dis-
empregado em sentido conotativo. curso direto.
2) Depreende-se, a partir do texto, que João era pre- 11) Os pronomes empregados em “quando lhe saiu o
nome de Pádua. prêmio” (2º par.) e “atirou-se às despesas supér-
3) Depreende-se do texto que a vida de Pádua era fluas” (3º par.) devem ser interpretados como re-
financeiramente difícil. flexivos.

56
12) O verbo empregado em “chegara o efetivo” pode nabara, não era a altura da Paulo Afonso, não era o estro
ser substituído pela locução verbal tinha chegado, de Gonçalves Dias ou o ímpeto de Andrade Neves – era
sem prejuízo para a interpretação do texto. tudo isso junto, fundido, reunido, sob a bandeira estrelada
13) Em “chegara o efetivo” (3º par.) e “velasse pelas do Cruzeiro.
infelizes” (3º par.), “efetivo” remete ao administra- Logo aos dezoito anos quis fazer – se militar; mas a
dor da repartição e “infelizes”, à mulher e à filha junta de saúde julgou-o incapaz. Desgostou-se, sofreu,
de Pádua. mas não maldisse a Pátria. O ministério era liberal, ele se
fez conservador e continuou mais do que nunca a amar a
GABARITO: C, E, E, C, C, C, C, C, E, E, E, C, C. “terra que o viu nascer”. Impossibilitado de evoluir-se sob os
dourados do Exército, procurou a administração e dos seus
9. (CESPE) O sentido original do texto seria mantido com ramos escolheu o militar.
a substituição. Era onde estava bem. No meio de soldados, de
1) do conector “afinal” por portanto, em “Pádua hesitou canhões, de veteranos, de papelada inçada de quilos de
muito; afinal, teve de ceder aos conselhos de mi- pólvora, de nomes de fuzis e termos técnicos de artilharia,
nha mãe” (2º par.). aspirava diariamente aquele hálito de guerra, de bravura, de
vitória, de triunfo, que é bem o hálito da Pátria.
2) dos conectivos “ou (...) ou (...)” por tanto (...) quanto
Durante os lazeres burocráticos, estudou, mas estu-
(...), em “Pádua, ou por ordem regulamentar, ou por
dou a Pátria, nas suas riquezas naturais, na sua história,
especial designação, ficou substituindo o adminis-
na sua geografia, na sua literatura e na sua política. Qua-
trador” (3º par.).
resma sabia as espécies de minerais, vegetais e animais,
3) do conector “e” pela conjunção porque, em “mas que o Brasil continha; sabia o valor do ouro, dos diamantes
a mulher gastava pouco, e a vida era barata” (1º exportados de Minas, as guerras holandesas, as batalhas do
par.). Paraguai, as nascentes e o curso de todos os rios. Defendia
4) do conector “posto que” por embora, em “a casa em com azedume e paixão a proeminência do Amazonas sobre
que morava (...), posto que menor, era propriedade todos os demais rios do mundo. Para isso ia até o crime de
dele” (1º par.). amputar alguns quilômetros ao Nilo e era com este rival do

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
5) do conector “para” por a fim de, em “e guardar o que “seu” rio que ele mais implicava. Ai de quem o citasse na sua
sobrasse para acudir às moléstias grandes” (2º frente! Em geral, calmo e delicado, o major ficava agitado e
par.). malcriado, quando se discutia a extensão do Amazonas em
face da do Nilo.
GABARITO: E, E, E, C, C. Havia um ano a esta parte que se dedicava ao tupi-
-guarani. Todas as manhãs, antes que a “Aurora, com seus
(CESPE) Leia o trecho abaixo para responder às ques- dedos rosados abrisse caminho ao louro Febo”, ele se atra-
tões seguintes. cava até ao almoço com o Montoya, Arte y diccionario de la
lengua guarani ó más bien tupi, e estudava o jargão caboclo com
afinco e paixão . Na repartição, os pequenos empregados,
amanuenses e escreventes, tendo notícia desse estudo do
idioma tupiniquim, deram não se sabe por que em chamá-
-lo – Ubirajara. Certa vez, o escrevente Azevedo, ao assinar
o ponto, distraído, sem reparar quem lhe estava às costas,
disse em tom chocarreiro: “Você já viu que hoje o Ubirajara
está tardando?”.
Quaresma era considerado no Arsenal: a sua idade, a
sua ilustração, a modéstia e honestidade de seu viver impu-
nham-no ao respeito de todos. Sentindo que a alcunha lhe
era dirigida, não perdeu a dignidade, não prorrompeu em
insultos. Endireitou-se, concentrou o pince-nez, levantou o
dedo indicador no ar e respondeu:
– Senhor Azevedo, não seja leviano. Não queira levar
ao ridículo aqueles que trabalham em silêncio, para a gran-
deza e a emancipação da Pátria.
(Lima Barreto. Triste Fim de Policarpo Quaresma. Rio
Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto de Janeiro: Record. 2ª ed. 1998.).
em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará.
Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: 10. (CESPE) Em Triste Fim de Policarpo Quaresma, romance
Quaresma era antes de tudo brasileiro. Não tinha predileção publicado originalmente em 1915, Lima Barreto narra
por esta ou aquela parte de seu país, tanto assim que aquilo uma história ocorrida durante os primeiros anos da Re-
que o fazia vibrar de paixão não eram só os pampas do Sul pública brasileira. Com base no conteúdo do fragmen-
com o seu gado, não era o café de São Paulo, não eram o to dessa obra apresentado acima, assinale a opção
ouro e os diamantes de Minas, não era a beleza da Gua- correta.

57
a. Quaresma era, na verdade, carioca, pois vivia na 14. (CESPE) No texto, por uma questão de elegância de
cidade do Rio de Janeiro. estilo, alguns pronomes foram usados em substituição
b. Quaresma gostava de comer carne do Sul e de to- a seus referentes. Assinale a opção que apresenta
mar café em São Paulo. associação incorreta entre o pronome negritado e o
c. Quaresma era muito religioso, por isso imaginava referente:
o Brasil unificado “sob a bandeira estrelada do Cru- a. “terra que o viu nascer” / Quaresma;
zeiro”. b. “Ai de quem o citasse” / o rio Nilo;
d. Ao se ver recusado pela junta de saúde do Exérci- c. “deram não se sabe por que em chamá-lo” / Qua-
to, Quaresma tornou-se conservador, em oposição resma;
ao governo que era então liberal. d. “impunham-no ao respeito de todos” / Quaresma;
e. Quaresma queria ser militar por causa dos exce- e. “Sentindo que a alcunha lhe era dirigida” / escre-
lentes salários pagos pelo Exército. vente Azevedo.

GABARITO: d. GABARITO: e.

11. (CESPE) Tendo como referência às ideias contidas no 15. (CESPE)


texto, assinale a opção incorreta.
a. Não obstante o seu modo pacato de viver, Qua- Agosto 1964
resma perdia a calma quando se discutiam certos
assuntos de seu interesse. Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
b. Quaresma passou a estudar o tupi-guarani para mercados, butiques
poder trabalhar junto aos índios, incutindo-lhes o viajo
sentimento patriótico que o dominava. num ônibus Estrada de Ferro – Leblon
c. Infere-se do texto que os estudos feitos por Qua- Volto do trabalho, a noite em meio,
resma sobre o Brasil poderiam tê-lo influenciado na fatigado de mentiras.
assimilação de um sentimento ufanista. O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
d. No 4º parágrafo, o narrador usou aspas para enfa- relógio de lilases, concretismo,
VIVIANE FARIA

tizar o sentimento de posse e de nacionalismo da neoconcretismo, ficções de juventude, adeus,


personagem em relação ao rio Amazonas. que a vida
e. Quaresma antipatizava com o rio Nilo por ser este eu a compro à vista aos donos do mundo.
mais extenso que o rio Amazonas. Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
GABARITO: b. Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
12. (CESPE) Ainda com base no texto, assinale a opção meu reduto e meu reino.
correta. Do salário injusto,
a. Todas as manhãs, Quaresma discutia com Mon- da punição injusta,
toya, um colega de trabalho que vivia zombando da humilhação, da tortura,
do interesse do herói pelo tudo do tupi-guarani. do terror,
b. Infere-se do texto que o antropônimo “Ubirajara” é retiramos algo e com ele construímos um artefato
de origem indígena. um poema
c. Quaresma não gostava da língua espanhola, por uma bandeira.
isso a classificava de “jargão caboclo”. Ferreira Gullar. Dentro da noite veloz. In: Toda poesia.
Rio de Janeiro: José Olympio, 2000.
d. Foi o escrevente Azevedo que deu a Quaresma a
alcunha de “Ubirajara”.
Considerando o poema e o texto acima como referên-
e. Por causa de suas excentricidades, Quaresma não
cias iniciais e os aspectos marcantes da história da política
gozava do respeito de seus colegas de trabalho.
brasileira da segunda metade do século XX, julgue os itens.
GABARITO: b.
1) Os elementos em que se baseia a força lírica do
13. (CESPE) No texto, não constitui qualidade caracterís- poema podem ser, corretamente, esquematizados
tica de Quaresma a: da seguinte forma:
a. modéstia;
b. cultura; dominante elementos de elementos de
c. honestidade; poética esperança desilusão
d. jocosidade; subjetividade/ “poema”/ “bandeira” “ficções da
lirismo juventude”
e. respeitabilidade.
objetividade/ “mercados”/ “butiques” “humilhação”/
realismo “tortura”/ “terror”
GABARITO: d.

58
2) Nos versos “que a vida/eu a compro à vista aos do- 3) Embora reconheçam a ligação entre direito e lite-
nos do mundo” (v.10-11), o emprego de pleonasmo ratura, os autores do texto compartilham uma vi-
confere maior vigor ao que neles é expresso. são do direito como ciência ligada a paradigmas
3) Ao propor, nos dois últimos versos, relação de positivistas, como demonstrado no trecho “tradição
equivalência entre “poema” e “bandeira”, o poeta positivista do direito” (l. 3-4).
nega a possibilidade de a poesia apresentar-se 4) Depreende-se das informações veiculadas no se-
como veículo de protesto contra as ignomínias re- gundo parágrafo que, para os autores, a obra lite-
feridas no poema. rária de qualidade deve permitir ao leitor compre-
4) Diante dos fatos que relata, o eu lírico do poema ender a sequência da narrativa.
manifesta otimismo, que não o deixa abandonar os 5) Conclui-se da leitura do texto que, dado o impor-
sonhos e a poesia.
tante papel da escrita na ligação entre direito e
literatura, interpretações de casos jurídicos como
GABARITO: E, C, E, E.
narrativas literárias são inconcebíveis em socieda-
des ágrafas.
16. (CESPE)

O direito e seu conjunto de atos e procedimentos podem GABARITO: E, C, E, C, E.


ser observados como atos literários, e um dos fatores que
pode explicar essa visão do direito como literatura é o fato de 17. (CESPE)
que, devido à tradição positivista do direito, os atos jurídicos
são, via de regra, reduzidos a termo, isto é, transformam-se Eu resolvera passar o dia com os trabalhadores da
em textos narrativos acerca de um fato. Sob a ótica da lite- estiva e via-os vir chegando a balançar o corpo, com a
ratura, esses atos escritos do sistema jurídico são formas de comida debaixo do braço, muito modestos. Em pouco, a
contar e de repassar uma história. Assim, é perfeitamente beira do cais ficou coalhada. Durante a última greve, um
possível conceber, por exemplo, uma sentença como uma delegado de polícia dissera-me:
peça com personagens, início, enredo e fim. Nessa esteira — São criaturas ferozes! (...)

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
de raciocínio, a citação de jurisprudência e precedentes em Logo que o saveiro atracou, eles treparam pelas esca-
uma petição seria um relato inserido em outro, adaptado à das, rápidos; oito homens desapareceram na face aberta do
necessidade de um suporte jurídico. Dessa forma, o literário porão, despiram-se, enquanto os outros rodeavam o guincho
é intrínseco ao jurídico, que encerra traços da literatura pela e as correntes de ferro começavam a ir e vir do porão para
construção de personagens, personalidades, sensibilidades, o saveiro, do saveiro para o porão, carregadas de sacas de
mitos e tradições que compõem o mundo social. café. Era regular, matemático, a oscilação de um lento e for-
O direito é, por conseguinte, um contar de histórias. midável relógio.
Assim como os antigos transmitiam o conhecimento por Aqueles seres ligavam-se aos guinchos; eram parte da
intermédio da oralidade, um processo judicial é, além de
máquina; agiam inconscientemente. Quinze minutos depois
processo de conhecimento, um conjunto de histórias con-
de iniciado o trabalho, suavam arrancando as camisas.
trapostas uma à outra. Sua lógica sequenciada permite ao
Não falavam, não tinham palavras inúteis. Quando a pilha
juiz a compreensão do acontecimento dos fatos da mesma
de sacas estava feita, erguiam a cabeça e esperavam nova
forma que uma boa obra literária reporta o leitor ao enten-
carga. Que fazer? Aquilo tinha que ser até às 5 da tarde. (...)
dimento linear de sua narração. A correta narrativa judicial
Esses homens têm uma força de vontade incrível. Fize-
é, portanto, um meio de se assegurar uma decisão que res-
ponda às expectativas lançadas pela parte em um procedi- ram com o próprio esforço uma classe, impuseram-na. Hoje,
mento judiciário. estão todos ligados, exercendo uma mútua polícia para a
Germano Schwartz e Elaine Macedo. Pode o direito ser moralização da classe. A União dos Operários Estivadores
arte? Respostas a partir do direito e literatura. Internet: consegue, com uns estatutos que a defendem habilmente,
<www.conpedi.org.br> (com adaptações). o seu nobre fim. (...)
Que querem eles? Apenas ser considerados homens
Com referência às ideias desenvolvidas no texto acima dignificados pelo esforço e a diminuição das horas de traba-
e às estruturas linguísticas nele empregadas, julgue os lho, para descansar e para viver.
itens a seguir. João do Rio. Os trabalhadores de estiva. In: A alma
1) O emprego da forma verbal “seria” (l. 10), na tercei- encantadora das ruas. Paris: Garnier, 1908. Internet:
ra pessoa do singular, deve-se à concordância com <www.dominiopublico.gov.br> (com adaptações).
a expressão “a citação de jurisprudência” (l. 9-10),
que exerce a função de núcleo do sujeito dessa for- Julgue os itens que se seguem, relativos às ideias do
ma verbal. texto acima e às estruturas linguísticas nele utilizadas.
2) No primeiro parágrafo, as expressões “conjunto de 1) O emprego da forma verbal “resolvera” (l. 1), no
atos e procedimentos” (l.1), “os atos jurídicos” (l.4) pretérito mais-que-perfeito, indica que o narrador
e “esses atos escritos do sistema jurídico” (l. 6) são tomou a decisão de “passar o dia com os trabalha-
parte de rede semântica construída no texto que in- dores da estiva” (l. 1) antes da ocorrência do even-
clui, por exemplo, “sentença” (l. 8) e “petição” (l. 10).
to narrativo principal do texto.

59
2) Com o período “Era regular (...) formidável relógio” A respeito do texto acima, julgue os próximos itens.
(l. 10-11), o autor descreve a ida e vinda dos tra- 1) Constrói-se no texto uma dicotomia que opõe fra-
balhadores entre o porão e o saveiro, em termos queza, racionalidade e inteligência, de um lado, a
que aproximam o ritmo da atividade humana ao da força física, primitivismo e agressividade animales-
atividade das máquinas. ca, de outro, sendo a formação da sociedade en-
3) A correção gramatical e o sentido original do texto tendida como o resultado do embate entre esses
seriam preservados caso o trecho “Esses homens dois opostos das qualidades humanas.
têm (...) impuseram-na” (l. 18-19) fosse reescrito do 2) Nos trechos “que a provocara” (l. 5-6) e “que daí
seguinte modo: Esses trabalhadores eram de uma em diante regeria” (l. 18), o pronome “que” exerce,
força de vontade extraordinária, porquanto esta- em ambas as ocorrências, a função de sujeito.
beleceram uma associação independente que se 3) A correção gramatical do texto seria prejudicada
tornou de afiliação obrigatória. caso, na linha 18, a expressão “daí em diante”
4) Seriam mantidas a correção gramatical e a coerên- fosse isolada por vírgulas: (...) que, daí em diante,
cia do texto caso o último parágrafo fosse reescrito regeria (...).
da seguinte forma: O que quer essa união a não 4) Os elementos “Igualados” (l. 22) e “afrouxados” (l.
ser sua dignidade como trabalhadores e a redução 23), assim como “fizeram” (l. 24), estão ligados por
das horas reconhecidas, para que possam descan- relação que os associa à ideia de homem, descrito
sar e viver? em linhas gerais, no texto, como “o mais forte e
5) O texto revela realidades jurídicas associadas, por musculoso” (l. 21) e “menos poderoso pelo próprio
exemplo, a relações de trabalho e a direitos sindi- nascimento e natureza” (l. 22).
cais. 5) Sem prejuízo para o sentido original do texto e para
sua correção gramatical, o segundo período pode
GABARITO: C, E, E, E, C. ser reescrito da seguinte forma: Assim que pôde
se vingar da ofensa sofrida e perceber que essa
18. (CESPE) vingança lhe era agradável e útil para repelir novos
ofensores, o ser humano nunca deixou de impor
De início, não existiam direitos, mas poderes. Desde sua força as pessoas mais fracas.
que o homem pôde vingar a ofensa a ele dirigida e verificou 6) O princípio da explicação dada pela autora para a
VIVIANE FARIA

que tal vingança o satisfazia e atemorizava a reincidência, criação dos direitos é comparado àquele que moti-
só deixou de exercer sua força perante uma força maior. va a criação de remédios e pode ser expresso pelo
No entanto, como acontece muitas vezes no domínio bioló- seguinte dito popular: A necessidade e a fome agu-
gico, a reação começou a ultrapassar de muito a ação que çam o engenho.
a provocara. Os fracos uniram-se; e foi então que começou 7) O texto tem caráter predominantemente dissertati-
propriamente a incursão do consciente e do raciocínio no vo e argumentativo, embora nele possam ser iden-
mecanismo social, ou melhor, foi aí que começou a socie- tificados trechos que remetam ao tipo narrativo.
dade propriamente dita. Fracos unidos não deixam de cons-
tituir uma força. E os fracos, os primeiros ladinos e sofistas, GABARITO: C, C, E, C, E, C, C.
os primeiros inteligentes da história da humanidade, procu-
raram submeter aquelas relações até então naturais, bio- 19. (CESPE)
lógicas e necessárias, ao domínio do pensamento. Surgiu,
como defesa, a ideia de que, apesar de não terem força, O direito à privacidade já desapareceu faz tempo no
tinham direitos. Novas noções de Justiça, Caridade, Igual- mundo em que vivemos. Esse direito foi desmantelado,
dade e Dever foram se insinuando naquele grupo primitivo, antes mesmo que pelos espiões, pela imprensa marrom e
instiladas pelos que delas necessitavam, tão certo como o pelas revistas cor-de-rosa, pela ferocidade dos debatedores
é o fato de os primeiros remédios terem sido inventados políticos — que, em sua ânsia de aniquilar o adversário, não
pelos doentes. No espírito do homem, foi se formando a cor- hesitam em expor à luz suas intimidades mais secretas — e
respondente daquela revolta: um superego mais ou menos por um público ávido por invadir o âmbito do privado a fim
forte, que daí em diante regeria e fiscalizaria as relações de saciar sua curiosidade com segredos de alcova, escân-
do novo homem com os seus semelhantes, impedindo-lhe a dalos de família, relações perigosas, intrigas, vícios, tudo
perpetração de atos considerados por todos como proibidos. aquilo que antigamente parecia vedado à exposição pública.
(...) Na resolução de seus litígios, não mais aparecia o mais Hoje, a fronteira entre o privado e o público se eclipsou e,
forte e musculoso diante do menos poderoso pelo próprio embora existam leis que na aparência protegem a privaci-
nascimento e natureza. Igualados pelas mesmas condições, dade, poucas pessoas apelam para os tribunais a fim de
afrouxados na sua agressividade de animal pelo nascimento reclamá-la, porque sabem que as possibilidades de que os
do superego, fizeram uma espécie de tratado de paz, as leis, juízes lhes deem razão são escassas. Desse modo, embora
pelas quais os interesses e os “proibidos” não seriam vio- por inércia continuemos utilizando a palavra escândalo, a
lados reciprocamente, sob a garantia de uma punição por realidade a esvaziou do seu conteúdo tradicional e da cen-
parte da coletividade. sura moral que implicava e passou a ser sinônimo de entre-
Clarice Lispector. Observações sobre o fundamento do tenimento legítimo.
direito de punir. In: Aparecida Maria Nunes (Org.). Cla- Mário Vargas Llosa. Aposentem os espiões. Internet:
rice na cabeceira. Rio de Janeiro: Rocco, 2012, p. 67-8 <www.observatoriodaimprensa.com.br> (com adapta-
(com adaptações). ções).

60
Acerca da organização das ideias e da estruturação
linguística do texto acima, julgue os itens seguintes.
1) O texto está dividido em três partes – apresentação
de tese, apresentação de argumentos e conclusão
–, demarcadas, respectivamente, assim: “O direito
à privacidade já desapareceu faz tempo no mundo
em que vivemos” (l. 1-2), “Esse direito (...) são es-
cassas” (l. 2-13) e “Desse modo (...) entretenimen-
to legítimo” (l. 13-16).
2) As relações semânticas textuais seriam mantidas
caso, na linha 1, o vocábulo “já” fosse deslocado
para imediatamente antes da expressão “faz tem-
po”.
3) A substituição de “continuemos” (l. 14) por “conti-
nuamos” não prejudicaria a coesão e a correção
textual.
4) Na linha 1, o emprego do sinal indicativo de crase
em “à privacidade” deve-se à presença do subs-
tantivo “direito”, cujo complemento deve ser intro-
duzido pela preposição “a” e, como o núcleo desse
complemento é um substantivo feminino determi-
nado pelo artigo feminino a, este deve receber o
acento grave.
5) O pronome “a” em “a esvaziou” (l. 14-15) retoma a
expressão “a palavra escândalo” (l. 14) e exerce a
função sintática de objeto.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
6) Das ideias apresentadas no texto, depreende-se
que, nas sociedades atuais, é tácito o rompimen-
to da fronteira da privacidade, não mais havendo,
portanto, o direito à impetração de ações na justiça
sob a alegação de invasão de privacidade.

GABARITO: C, E, E, C, C, E.

61

Você também pode gostar