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Leonel Tractenberg
1. Introdução 3
2. Tipos de tutoria 4
6. Webliografia 20
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1. Introdução
A expansão dos grandes programas de EAD nas instituições de ensino colocaram em evidência
a figura do gestor (ou coordenador) de tutoria. Quem é esse ator? Qual é o seu papel? Como
estruturar um processo de gestão de tutoria eficaz? Essas são algumas das questões que tra-
taremos de responder nesta unidade.
Por estar em contato mais direto e por mais tempo com os alunos, o tutor (ou tutora) é o
agente que pode, com maior rapidez, responder suas questões, identificar suas dificuldades e
trabalhar suas expectativas em relação aos conteúdos, materiais didáticos, às atividades, ao
ambiente de aprendizagem, à interação com os colegas, ao suporte técnico-administrativo, à
coordenação e às exigências próprias do processo de aprendizagem a distância. Além disso,
o tutor é quem “dá vida” aos conteúdos e atividades trabalhados, ainda que não tenha sido
ele o autor dos materiais e do plano de curso. É ele, também, quem representa a instituição
educacional e o serviço por ela prestado, ainda que ele seja apenas um dos atores desse ser-
viço. É, portanto, na linguagem de serviços, o principal ator da “linha-de-frente”, o principal
depositário das expectativas, alegrias e frustrações dos alunos. Assim, é de se esperar que o
desempenho da tutoria, além do seu papel pedagógico, tenha um grande impacto na percep-
ção da qualidade do serviço como um todo.
3
A consciência da importância do papel desempenhado pela tutoria, quando acompanhada do
necessário investimento dos gestores nesse aspecto, tem sido um dos grandes diferenciais que
pautaram alguns dos programas de EAD de excelência no Brasil nos últimos anos1.
Uma vez que os aspectos operacionais variam bastante conforme o programa de EAD e de EOL,
nos concentraremos, sobretudo, em princípios gerais e fundamentadores, de modo que estes
possam orientar uma ampla gama de ações. Aqui, focaremos na gestão da tutoria na Educação
On-line (EOL). Contudo, muitos dos princípios e procedimentos aqui mencionados também são
aplicáveis à gestão da tutoria em EAD tradicional.
2. Tipos de tutoria
Alguns tutores atuam meramente como animadores de chats e fóruns de discussão ou selecio-
nando e encaminhando dúvidas para os professores-autores do curso. Outros são, na verda-
de, monitores ou profissionais de helpdesk, responsáveis pela resolução e orientação quanto
a problemas técnicos. Outros, ainda, são especialistas em conteúdo, chamados a esclarecer
eventuais dúvidas dos aprendizes. Há também aqueles que são professores ou docentes com
distintos níveis de formação e conhecimento sobre as temáticas dos cursos que ministram.
É devido a essa diversidade e riqueza de possibilidades de atuação do tutor na EOL: tutor,
professor-tutor, mediador, facilitador, moderador, animador, monitor etc.
Saber identificar ou definir com clareza o papel e responsabilidades do tutor dentro de um pro-
grama de EOL determinado pode poupar o gestor de muitos conflitos e problemas em relação
aos contratos e expectativas de trabalho desses profissionais.
b aluno
b
comunidade de
aprendizagem
co-autoria de
¡
conteúdos
¡
¡ ¡c
conteúdo
b c
Curso sem Tutoria Tutoria
tutoria reativa proativa
1
Ver, por exemplo: Rego (2007).
4
Cursos auto-instrucionais
Muitos cursos on-line são tutoriais auto-instrucionais e, portanto, não requerem tutoria. Este
tipo de curso é mais adequado para ensino de fatos e/ou procedimentos específicos e padroni-
zados, tais como: aprender receitas de cozinha, aprender a criar uma mala-direta, editar fotos
ou resolver problemas de matemática financeira.
Além de esclarecer dúvidas, esse tutor pode corrigir as provas dos alunos e fornecer feedback
sobre o gabarito; estimular os alunos a consultar os materiais da disciplina e realizar as ati-
vidades nas datas previstas, através de mensagens de motivação e de orientação; e, ainda,
encaminhar dúvidas e problemas específicos ao professor-autor do curso, à equipe de suporte
técnico (helpdesk) ou à coordenação do curso.
Um exemplo de curso utilizando esse tipo de tutoria seria um curso de operação e customiza-
ção do Sistema SAP para funcionários de uma determinada empresa.
A tutoria proativa demanda muito mais dedicação e variedade de competências do que a tu-
toria reativa. Esse docente on-line não apenas esclarece dúvidas dos aprendizes, mas, princi-
palmente, estimula e modera debates, instiga os aprendizes à reflexão, incentiva e estrutura
a aprendizagem interativa e colaborativa.
5
Por vezes, o docente on-line é o próprio autor do planejamento e do conteúdo do curso. Porém,
é freqüente a atuação de tutores ministrando cursos previamente planejados e desenvolvidos
por terceiros (geralmente um autor / especialista no tema). Nestes casos, é preciso entender
que, na tutoria verdadeiramente proativa, o tutor é um co-autor do curso. Mesmo que ele não
possa modificar os conteúdos ou as atividades previamente estabelecidos, suas intervenções
dão vida e sentido ao diálogo dos aprendizes com os saberes.
Cabe ressaltar que nem todo o curso on-line necessita de uma tutoria proativa. Contudo, o
mais freqüente, sobretudo na educação corporativa, é a situação oposta: muitos cursos on-line
sendo oferecidos na modalidade auto-instrucional ou com tutoria reativa, quando para serem
mais efetivos necessitariam de uma tutoria proativa.
O gestor de EAD/EOL e a coordenação de tutoria devem estar atentos à adequação entre contex-
to, objetivos, conteúdos e métodos de aprendizagem e modalidade de tutoria mais apropriada.
De modo geral, quanto maior a complexidade do tema em termos de procedimentos, algoritmos,
princípios, conceitos e/ou visões/interpretações, maior o grau de reflexão e de interatividade
requeridos para a sua aprendizagem, e maior a necessidade de uma tutoria proativa.
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3. A importância da gestão da tutoria
Porém, quando a instituição educacional cria um programa regular, em que diversos cursos são
oferecidos regularmente, cresce a necessidade de um processo de coordenação / supervisão
da tutoria. Essa necessidade será tanto maior, quanto maior a complexidade e abrangência do
programa, menor a experiência da instituição com a EAD/EOL e/ou dos docentes em relação ao
processo de tutoria.
Nem todos os bons professores, acostumados com a sala de aula presencial, tornam-se bons
docentes on-line. Isto porque, o desafio de professorar on-line dentro de um novo paradigma
requer não só a mobilização de novos conhecimentos e habilidades em relação à tecnologia,
mas, principalmente, a revisão significativa sobre seu papel e sua prática enquanto docente.
Essa necessidade será tanto maior quanto mais o professor estiver acostumado aos esquemas
e procedimentos de trabalho do ensino presencial tradicional.
O gestor/coordenador de tutoria deve estar atento a essas dificuldades enfrentados pelos do-
centes. Neste sentido, recomenda-se que não seja um mero administrador de procedimentos
operacionais ou um supervisor acadêmico com a função de monitoramento, avaliação e controle
dos professores, mas, sim, uma verdadeira liderança com foco na aprendizagem organizacional
(Robbins, 2006). Isto é, um líder participativo com foco na solução de problemas, na facilitação
do trabalho dos professores e em sua orientação/formação continuada.
7
4. Competências e atribuições do gestor/coordenador de tutoria
Por outro lado, o gestor de tutoria é um Gestor Educacional. E há gestores que, por não terem
uma formação na área, possuem uma visão simplista das questões educacionais, tratando da
Educação como uma outra forma de serviço qualquer.
• de administração de RH;
• de gestão da aprendizagem;
• de gestão da mudança.
• criar um plano de tutoria dos cursos on-line em conjunto com a coordenação pedagógica e
com os professores-autores, em conformidade com o modelo pedagógico da instituição;
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• solucionar eventuais problemas e conflitos relativos à tutoria;
As atividades acima devem ser desempenhadas de modo articulado com as das demais coor-
denações. O nome e a estrutura dessas coordenações varia conforme a instituição, contudo
freqüentemente incluem:
7. Secretaria Acadêmica: responsável pelo atendimento aos alunos no que tange a pro-
cedimentos de inscrição nos cursos, envio de material didático, divulgação de notas,
impressão e envio de certificados etc.
Em linhas gerais, pode-se dizer que as coordenações 1 a 4 são as que mais interagem durante o
processo de identificação das demandas educacionais, definição das políticas e estratégias dos
programas de EAD/EOL. A partir daí, as coordenações 4 e 5, principalmente, passam a traba-
lhar na definição do planejamento e produção dos cursos. Para, então, as coordenações 5, 6 e
7 assumirem a implementação dos cursos. Obviamente, durante todo esse processo as coorde-
nações realizam suas atividades de rotina: divulgação de cursos, inscrições, gestão financeira,
suporte e desenvolvimento tecnológico, seleção, capacitação, orientação e acompanhamento de
professores etc.
A seguir, no último tópico desta unidade, trataremos especificamente dos processos e rotinas de
responsabilidade da gestão/coordenação de tutoria.
9
5. O ciclo de gestão da tutoria
A gestão da tutoria envolve, pelo menos, cinco rotinas interligadas, como mostra a figura
abaixo.
4. Avaliação de desempenho
da tutoria.
3. Desenvolvimento e formação
continuada dos tutores.
2. Seleção e formação
(capacitação) inicial dos
tutores.
É importante ressaltar que a seqüência de processos mostrada na Figura 2 segue uma ordem
lógica genérica, e que, na prática, alguns desses processos podem ocorrer simultaneamente,
como costuma ser o caso dos processos de formação continuada e de avaliação do desempenho
dos tutores. Vejamos esses processos e mais detalhes.
É fundamental que o gestor de tutoria conheça o que diz a literatura nacional e internacional
sobre o perfil e atribuições dos tutores na EOL. Destacamos aqui os livros de Gilly Salmon, “E-
Moderating” (2005), e de Rena Paloff e Keith Pratt, “Construindo Comunidades de Aprendiza-
gem no Ciberespaço” (2002).
Contudo, só isso não basta. O importante aqui é o reconhecimento pelo gestor das atribuições
e responsabilidades da tutoria dentro do contexto específico do seu programa. E, neste sentido,
as competências e atribuições específicas da tutoria devem ser estabelecidas em conformidade
com o projeto pedagógico e tipo de cursos oferecidos pelo seu programa. Para isso, é necessário
consultar a Coordenação Pedagógica (Acadêmica ou e os documentos produzidos pela mesma
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(currículos, planos de curso etc.). Recomenda-se que a definição do(s) perfi(s) de tutoria seja vali-
dada por essa coordenação e, se possível, também pelos tutores ou futuros tutores do programa2.
Uma vez definidas essas competências e atribuições é preciso classificar quais aquelas que se-
rão exigidas no recrutamento/seleção inicial dos tutores e aquelas que serão desenvolvidas pelo
processo de formação inicial e continuada.
2
Para um detalhamento sobre esse processo, sugere-se o artigo de Kenski (2007).
11
Competências/atribuições socio-afetivas/inter-
pessoais:
• estabelecer um “contrato psicológico” com os alunos,
trabalhando suas expectativas em relação ao curso e
9 9
ao processo de aprendizagem;
• estimular a participação, a integração, comunicação e
colaboração; 9
• manter-se afetivamente próximo e comunicacional-
mente presente no espaço virtual por meio de men-
sagens freqüentes, de preferência em tom informal,
9
pessoal e bem-humorado, utilizando emoticons e
recursos de formatação textual, e estabelecendo inte-
rações comunicacionais mais horizontais / simétricas
com os alunos;
• apoiar e estimular a aprendizagem, por meio de
mensagens de suporte que valorizem e encorajem
a participação individual e grupal e que elucidem os 9
desafios presentes na educação on-line;
• ....
Competências / atribuições administrativas:
• alertar alunos para os prazos das atividades; 9 9
• encaminhar problemas técnicos à equipe de suporte;
• elaborar relatório de notas e desempenho da turma;
9 9
• distribuir papéis e organizar/moderar as discussões; 9 9
• .... 9
Competências / atribuições tecnológicas
• Utilizar e-mail; 9 9
• Utilizar editores de texto e planilhas eletrônicas;
• Navegar e fazer pesquisas na Internet;
9 9
• Criar e configurar novas turmas no ambiente virtual 9 9
de aprendizagem; 9
• Criar fóruns de discussão;
• .... 9
Domínio de conteúdo (conhecimentos e habilidades ... ...
específicos de cada curso):
Nível de formação do tutor (Especialização, Mestrado ... ...
etc.):
Área(s) de formação: ... ...
Experiência profissional desejável (tipo e duração): ... ...
Experiência docente (tipo e duração): ... ...
Dedicação esperada do tutor (média semanal): 5 horas 10 horas
Remuneração: ... ...
Quadro 1 – Caracterização dos perfis de tutoria conforme os (tipos de) cursos de um programa de EOL
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Remuneração e contrato de trabalho
De qualquer modo, a questão da remuneração da tutoria costuma ser um tema bastante sensível.
Assim como outras fontes de custo, a remuneração da tutoria não deve inviabilizar a sustentabi-
lidade do programa. Por outro lado, tampouco deve ser tal que deprecie o valor dos profissionais
envolvidos, e assim contribua para a sua desmotivação, falta de comprometimento e, em última
instância, prejudique a qualidade do serviço. Infelizmente, é freqüente verificarmos a precariza-
ção do trabalho docente nos programas de EAD/EOL: tutores que, muitas vezes, têm atribuições
tão ou mais complexas que os professores do ensino presencial e recebem duas ou três vezes
menos pela sua hora de trabalho. Como conseqüência de políticas de remuneração de visão cur-
ta, inadequadas no médio e longo prazos, esses programas acabam retendo apenas profissionais
menos qualificados, motivados e/ou compromissados. Um verdadeiro “tiro no pé”.
A remuneração da tutoria on-line deve considerar o perfil dos tutores (ver Quadro 1 acima) e a
carga de trabalho que lhes é exigida. A carga horária de trabalho do docente on-line deve ser
estimada em termos do tempo que este dispenderá interagindo com os alunos em atividades
síncronas e assíncronas, revisando trabalhos, controlando freqüências, lançando notas, pesqui-
sando e preparando materiais adicionais etc. Sua carga será variável, conforme o tamanho da
turma e as atividades desenvolvidas.
Uma prática comum porém, ao nosso ver, incorreta é estimar a carga de trabalho do tu-
tor on-line de forma simplista com base na carga horária “nominal” do curso on-line. Por
exemplo: um curso dito de “30 horas” tem comumente dois meses de duração, podendo
demandar dos alunos cerca de quatro horas semanais de estudo. Contudo, esse mesmo curso,
envolvendo uma tutoria proativa pode, dependendo do tamanho da turma, demandar do tutor
mais de quinze horas semanais (= sessenta horas mensais)!!
Caso seja viável, dentro das regras institucionais, uma opção eficiente, que não inviabiliza fi-
nanceiramente os cursos/programas de EAD/EOL, nem precariza a remuneração do tutor, pode
ser a composição dessa remuneração partir de duas bases: uma parte fixa e uma parte variável
(conforme o tipo de tutoria e a quantidade de alunos de cada turma).
Por fim, é fundamental que essas sejam definidas e divulgadas de forma clara e transparente
antes de qualquer processo de seleção / contratação.
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2. Seleção e formação (capacitação) inicial dos tutores.
Pode haver instituições em que o quadro de tutores já esteja pré-definido ou em que os pró-
prios professores-autores sejam designados como tutores de seus cursos. Contudo, muitos
programas de EAD/EOL, por estarem em fase de estruturação, necessitam selecionar novos
tutores. Essa seleção pode ocorrer antes da implementação do programa ou ser feita conforme
a demanda. Isto é, na medida em que novos cursos e novas turmas são abertos, novos tutores
vão sendo selecionados e contratados. Além disso, uma vez que freqüentemente os candidatos
a tutores não possuem experiência e/ou competências para a docência on-line, será necessário
capacitá-los por meio de um processo de formação inicial.
1. Definição dos critérios de seleção. Aqui não podem faltar alguns critérios básicos
tais como: o domínio de informática (em nível de usuário intermediário); o domínio de
idiomas; habilidades de comunicação escrita (redação); a rapidez da digitação; o acesso às
tecnologias e o domínio dos conteúdos dos cursos que se pretende tutorar. Cada item deve
receber uma pontuação para facilitar a análise posterior dos currículos. Por exemplo: “Expe-
riência Docente: nenhuma (0 ponto), menos de 2 anos (1 ponto), de 2 a 5 anos (2 pontos),
mais de 5 anos (3 pontos)”.
2. Definição das etapas de seleção. Cada etapa da seleção deve ser bem definida, e suas
regras e processos especificados de forma transparente e dentro de um cronograma apro-
priado. Tudo isso deve ser validado junto às demais instâncias competentes da instituição
(ex.: Coordenação Geral do programa, Divisão de RH etc.).
3
Ver: www.prossiga.br
14
5. Análise dos currículos. Aplicação dos critérios estabelecidos na análise dos currículos e
seleção dos candidatos.
15
Vale ressaltar que todos os processos já mencionados podem ser terceirizados, caso isso seja
necessário ou interessante para a instituição de ensino, e desde que não prejudique a qualidade
dos resultados.
Assim, o gestor de tutoria precisa também conceber um processo de formação continuada. São
múltiplas as estratégias que podem ser utilizadas. Dentre elas, citamos:
Para que os processos de formação continuada sejam mais eficazes, devem estar bem articula-
dos com os processos de avaliação do desempenho, que examinaremos a seguir.
4
Para uma descrição sobre o que é o processo de mentoria e o exemplo de um programa de mentoria de tutores on-
line, ver: Tractenberg et al., 2005b.
5
Idem.
16
4. Avaliação de desempenho da tutoria.
Avaliar o desempenho significa realizar uma apreciação sistemática dos processos utilizados e dos re-
sultados alcançados por indivíduos (ou grupos) em relação aos objetivos de trabalho estabelecidos.
Primeiramente é preciso compreender que as pessoas, de modo geral, vêem a avaliação como
uma testagem externa ou julgamento que “vem de cima”, processos sobre os quais elas não
têm ingerência, e que podem resultar muitas vezes em algum tipo de recompensa ou punição. E
essa visão não é muito distante da realidade vivenciada pela maioria, seja na escola, na univer-
sidade ou nos ambientes de trabalho. Assim, é perfeitamente normal que as pessoas sintam-se
inseguras e ameaçadas quando submetidas a avaliações, mesmo que sejam professores acos-
tumados a avaliar freqüentemente seus alunos.
Se, por um lado, a gestão não pode “fechar os olhos” ou “fazer corpo mole” para o desempenho
deficiente das pessoas no trabalho, isso não quer dizer que essa constatação deva levar sempre
à punição dessas pessoas (ex. demissão). É preciso que a gestão considere os múltiplos fatores
que afetam esse desempenho, e que a avaliação não seja uma rotina burocrática vazia ou um
fim em si mesmo, mas um meio de se aprimorar o desempenho coletivo.
Tutor
Retroação (feedback)
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Não basta só os alunos avaliarem o tutor, pois eles:
• nem sempre têm idéia do que é uma tutoria de qualidade. Podem ter, por exemplo, ex-
pectativas muito altas ou muito baixas;
• podem sofrer um viés (efeito halo) em suas avaliaçõess devido à influência de outros fato-
res tais como: conteúdo e atividades do curso, acesso, ambiente de aprendizagem etc.
• nem sempre têm idéia do que é uma tutoria de qualidade. Sobretudo quando têm pouca
experiência de tutoria;
• podem sofrer um viés em suas avaliaçõess devido à influência de outros fatores tais
como: medo de serem punidos, medo de se superestimarem etc;
• não terão uma oportunidade de saber como os demais (alunos e gestor) avaliam seu
trabalho.
• não terá oportunidade de confrontar suas percepções com as percepções dos alunos e
dos próprios tutores.
É fundamental que as avaliações dêem suporte aos processos de formação inicial e continuada
dos tutores. Além disso, quanto maior a participação dos três atores no processo de avaliação,
maiores as chances desta aumentar a motivação e o comprometimento no trabalho; e se tornar
um instrumento de aprendizagem (formação continuada) e de melhoria contínua.
As avaliações costumam ser mais eficazes quando são utilizados diversos instrumentos e méto-
dos no processo avaliativo (triangulação). Dentre eles, podemos citar:
18
É importante, também, que os tutores tenham oportunidade de avaliar regularmente o desem-
penho da coordenação de tutoria, entre outros fatores, em relação à: rapidez/disponibilidade
no atendimento, clareza das orientações, qualidade da formação inicial e continuada, qualidade
da mentoria, qualidade dos materiais de suporte à tutoria, adequação das normas e procedi-
mentos, adequação dos critérios de avaliação e de remuneração da tutoria, satisfação com a
coordenação etc.
Para ver alguns casos de avaliação dos tutores pelos alunos e de auto-avaliação, incluindo des-
crições dos critérios, processos e instrumentos utilizados, sugerimos consultar os artigos de
Gonçalves (2007) e de Silveira (2005) listados na webliografia.
Além da avaliação da tutoria discutida na seção anterior, cabe ao gestor de tutoria a responsabi-
lidade de contribuir para a avaliação e melhoria dos cursos e do ambiente virtual de aprendiza-
gem. Isto porque é o gestor de tutoria quem acompanha os tutores em suas atividades, sendo
capaz de reunir e sintetizar informações que eles e, indiretamente, seus alunos fornecem sobre
os cursos.
E, naturalmente, além dos problemas, o gestor de tutoria também pode sintetizar para as de-
mais coordenações os feedbacks positivos dos tutores e alunos em relação aos cursos.
19
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Leonel Tractenberg
Minicurrículo do autor
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