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Da objetividade à objetivação
Expor alguns dos problemas epistemológicos atuais da pedagogia, como tentado neste
ensaio, requer o seguinte aviso: o campo da educação em que são elucidados os problemas
relacionados ao conhecimento, à prática e às relações entre um e outro com a cultura é a
pedagogia. .
Assim, enfrentamos o fato de que tanto a educação quanto a pedagogia têm diferentes
questões epistemológicas. Afirma-se assim que a epistemologia tem vários tópicos a
serem abordados, dependendo do contexto pedagógico: entendido como o espaço
educacional em que as relações de conhecimento com sua construção e prática são
esclarecidas; educação - apropriadamente - quando assumido como um campo do
conhecimento no qual se estabelecem as formas pelas quais a sociedade civil gera
condições de acesso à cultura entre os sujeitos em formação; didática, quando se aceita
que essa é uma fase pragmática do conhecimento pedagógico, na qual se tenta colocar
conhecimento específico no processo da sala de aula.
A tentativa que se desenvolve aqui supõe, em primeiro lugar, um olhar sobre a função e
a estrutura da pedagogia como conhecimento. O problema mais visível que pode ser
colocado é a relação entre atos de conhecimento e os modos de prática pedagógica.
Enquanto saber a pedagogia se caracteriza por ser uma compressão, mais que uma
"explicação" dos fatos da construção do conhecimento na escola.
Noto apenas um fato relevante: nas duas décadas e meia em que a pesquisa educacional
na América Latina se baseou - como um fato normal da cultura -, a abordagem positivista
foi privilegiada40. No estado de consolidação já alcançado pela educação neste meio, é
possível passar das análises fatoriais que tentam estabelecer os determinantes do
desempenho escolar41 para “entender” o tipo de experiências com as quais a disciplina
do aluno e a disciplina professor interagem. na vida da sala de aula e da escola.
O primeiro desses problemas é o que tentarei expandir na segunda parte deste ensaio.
Agora vou indicar apenas algumas observações em relação às duas últimas. Vamos ver:
- Escusado será dizer que o conhecimento pedagógico não é apenas um ato de construção
do conhecimento. É, fundamentalmente, um instrumento para contribuir para a
construção de uma sociedade racionalizada45. Isso implica que sua função nesse nível
levanta questões como estas: o propósito para o qual nossa prática é orientada se origina:
no consenso intersubjetivo, na idéia de realização da história proposta para a cultura do
Ocidente da Grécia , ou, nas interpretações dadas a ele? O que é a prática pedagógica
(projetada a partir do conhecimento pedagógico) como prática cultural e qual é o papel
do professor dentro dela? Aqui, demos apenas dois níveis de explicação às perguntas que
damos como exemplo ao afirmar esse terceiro problema. Vamos deixar aqui a
apresentação desses problemas para retornar ao primeiro e parar em sua análise.
Vamos considerar as razões pelas quais a 'descentralização' é uma questão que precisa ser
abordada no contexto da construção do conhecimento pedagógico:
Observe que o problema da "descentralização" pode ser visto como uma necessidade de
objetividade, entendendo que é alcançado o mais "distante" ou "não comprometido" é o
assunto que tenta realizar o "entendimento". Esse senso de objetividade (que é bem visto,
mantido e reconhecido por J. Piaget) na tradição científica em pedagogia exige uma
reinterpretação na qual nos movemos tentando alcançar tanto a validade quanto a
permanência do significado que damos a um evento de conhecimento pedagógico, tanto
na construção do conhecimento a ele relacionado quanto na sua implementação. Assim,
não mantemos a ideia de objetividade, porque não é uma condição necessária da
cientificidade, mas podemos nos referir à idéia que é proposta e demandada em sentido
fenomenológico, ou seja, a exigência de objetivação.
O teórico que "se distancia" de um objetivista, positivista ou cientista que afirma fazer
ciência pressupõe: que ele pode estar fora da experiência que realmente ocorre na escola;
e que os atores dos processos pedagógicos estão sujeitos a observação. Por outro lado, a
intenção de alcançar a objetivação em uma perspectiva fenomenológica é exercida a partir
do orçamento que somente elevando o nível de consciência48 experimenta e declarando
os sentidos que, diariamente, atualmente orientam nossas práticas, apenas em uma
racionalização - até onde apto a alcançá-lo em todos os momentos - estamos cientes do
propósito para o qual temos em nossa ação e podemos construir intersubjetivamente a
cultura escolar, tentando perceber seu conhecimento pedagógico.
Vamos propor algumas das condições que cada entendimento deve satisfazer para ser
aceito como dado com fundamento. Em primeiro lugar, temos que dizer que um
entendimento que não nos remete a uma (s) experiência (s) não é uma especulação vazia.
Em segundo lugar, quando a experiência a que nos referimos não pode explicar os fins
para os quais tende na ordem da cultura, não faz sentido. Terceiro, quando o final de uma
experiência que serve de base a um entendimento provavelmente não é fonte de novas
"ações" ou práticas comunitárias, ele cai ou leva ao solipsismo e, por esse motivo, fica
desprovido de perspectiva social. ; nesse caso, mesmo que um entendimento guie
caminhos para a “realização pessoal” - entendida como “realização solitária” 49 ---,
aceitamos que faça sentido, mas que não pode ser incorporado à prática pedagógica,
porque, neste, é sempre requer a comunidade entre os sujeitos comumente convocados
pela vontade de conhecer e, a partir disso, deve realizar o horizonte que escapa aos nossos
atos de conhecimento pedagógico50. Quarto, é necessário que o horizonte dado às nossas
práticas - a partir de um propósito - deixe caminhos para a interação com outros
entendimentos com outros horizontes, que apresentam fundamentos comparáveis, uma
vez que os fins esclarecidos fenomenologicamente devem necessariamente visar a
realização na confluência de vontades racionalmente estabelecidas. Quinto, a orientação
de nossa prática não pode estar enraizada apenas nas perspectivas vistas na história a
partir da realidade nacional, mas tende à realização da humanidade universal ”51.
Recapitulando o que foi proposto até agora, nesta segunda parte do ensaio, podemos
afirmar:
3. Algumas conclusões
Nesta seção, o seguinte esclarecimento pode ser feito: neste ensaio, o problema central
foi estabelecido a partir de uma indicação de J. Piaget52 e, no entanto, tanto a abordagem
quanto sua possível maneira de ser abordada foram baseadas na perspectiva
fenomenológica . Isso ocorre porque:
a) Piaget se caracteriza por fazer uma abordagem construtivista na qual ele tentou se
distanciar da fenomenologia53, mas na qual - talvez justamente por esse fato - é possível
criticar uma afirmação científica derivada do objetivismo positivista.
b) O construtivismo, que pressupõe alcançar a "descentralização" como condição de seus
entendimentos (mencionados ali como geração de estruturas) mantém sua objetividade
como modo de constituição e intenção.
e) Quanto ao resto, Husserl nos ensinou que “os filósofos se encontram; mas,
infelizmente, não as filosofias56 O mesmo poderia ser dito das ciências: a
interdisciplinaridade faz os cientistas se encontrarem agora, infelizmente não as ciências.
Esse é o esforço que resta ser feito na perspectiva construtivista que delineamos aqui,
para que, no momento, você possa ter um conhecimento pedagógico sólido e
fundamentado. Note-se, finalmente, que a busca pela constituição desta última nos levou
a manter isolada a possibilidade de um conhecimento ou ciência pedagógica, o que
fizemos para manter a presença do sujeito mantendo a aspiração da objetificação nas
disciplinas de natureza social e cultural. . Além disso, podemos dizer que é consistente
com o ensino de Kant - aquele que Husserl adotou mais uma vez: