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Inclusão: a universidade e a pessoa com deficiência

Rede SACI
19/10/2006

Romeu Sassaki fala sobre como vem sendo feita a inclusão das pessoas com
deficiência nas universidades dentro e fora do Brasil, e aponta as medidas
a serem adotadas para atender às necessidades especiais

Comentário SACI: Olá meus caros colegas: Para os interessados na educação


superior, o artigo a seguir é indispensável para qualquer biblioteca. Neles vocês lerão
que "Uma vez vencido o obstáculo do vestibular, o próximo problema a ser enfrentado
por alunos com deficiência é o de permanecer na faculdade. Mas a preocupação da
universidade em adaptar seus ambientes físicos tem sido tão tímida quanto a
preocupação em adaptar o acesso ao currículo e em preparar os professores dos
cursos superiores. Na verdade, pouco se discute sobre a idéia de que todos os
professores de qualquer curso universitário devem estar preparados para receber
alunos com deficiência. A própria Lei n° 9.394, de 20-12-96 (Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) é omissa nesta importante questão. Tem prevalecido a idéia de
que os cursos de pedagogia devem preparar os futuros professores para estarem
capacitados a dar aulas na educação básica, onde a tendência atual é que todas as
classes comuns terão alguns alunos com necessidades especiais (Portaria 1.793/94,
do MEC, e PROESP - Programa de Apoio à Educação Especial, da SEES/CAPES), o
que por sua vez constitui um importante passo dentro do processo de mudança
gradativa do sistema educacional". Confiram mais, logo abaixo. Cordialmente,
Francisco Lima

Romeu Kazumi Sassaki

Aos poucos, vai se delineando no atual contexto universitário brasileiro a convergência


de duas tendências que antes ocorriam paralelamente, a saber: o aumento do número
de pessoas com deficiência freqüentando cursos superiores e a adoção de medidas
para atender às necessidades especiais destes universitários. Os tipos de deficiência
são bastante variados: motora, auditiva, visual e múltipla, além das deficiências
orgânicas e psiquiátricas. As medidas são aquelas de acesso (provas vestibulares) e
de permanência nos cursos escolhidos.

A essa convergência junta-se o paradigma da inclusão social, procurando substituir o


velho modelo médico da deficiência (adaptar a pessoa deficiente ao sistema
educacional) pelo modelo social da deficiência (adaptar o sistema educacional às
necessidades especiais de qualquer aluno), para garantir que as medidas de acesso e
permanência na universidade sejam implementadas de acordo com a nova visão de
sociedade, de educação e de cidadania em relação à diversidade humana e às
diferenças individuais ¾ todas as pessoas devem ser aceitas e valorizadas pelo que
cada uma é como ser humano único e com os atributos que cada uma possui para
construir o bem comum, aprender e ensinar, estudar e trabalhar, cumprir deveres,
usufruir direitos e ser feliz o tempo todo.

Aumento do número de pessoas com deficiência na universidade


Até o início da década de 80, poucas pessoas com deficiência chegavam à
universidade por motivos hoje superados em grande parte: não-acesso à educação
básica, não-acesso a serviços de reabilitação, não-acesso a equipamentos e
aparelhos especiais, não-acesso a transporte coletivo, dificuldades financeiras,
desconhecimento dos direitos pertinentes à deficiência e atitudes superprotetoras da
família, entre outros. Com a implementação do Ano Internacional das Pessoas
Deficientes (1981) e da Década das Nações Unidas para Pessoas com Deficiência
(1983-1992), esses motivos foram sendo alvo de intensos debates e de conseqüentes
medidas reparadoras, o que permitiu que um número cada vez maior de pessoas com
deficiência finalmente tivesse acesso à educação superior nos últimos 20 anos.

Contudo, tem sido regra o fato de precisarem essas pessoas enfrentar individualmente
situações constrangedoras, primeiro nas provas vestibulares e depois nas aulas. Só
conseguia ser bem-sucedido no vestibular quem tivesse necessidades especiais que
não o atrapalhassem diante dos mesmos materiais de prova, dos mesmos recintos de
prova e do mesmo tempo de realização das provas, pré-determinados para o perfil
supostamente homogêneo da maioria dos candidatos, ou seja, das pessoas sem
deficiência.

E só permanecia no curso escolhido e nele formar-se quem conseguisse, de alguma


forma, conviver com as barreiras atitudinais de colegas e professores, as barreiras
arquitetônicas da faculdade (no caso de alunos com impedimentos motores), as
barreiras de comunicação oral dos e/ou com professores (no caso de alunos cegos,
surdos ou com paralisia cerebral) e as barreiras técnicas destes alunos (na hora de
tomar notas, apresentar deveres de casa etc.). Eu tinha, por exemplo, clientes cegos
que "se viravam" levando um gravador de áudio para registrar as aulas, quando
permitidos pelos professores, e mais tarde em casa ouvindo as fitas para poderem
fazer seus deveres ou transcrições em braile. Raramente havia material em braile
vindo do professor ou da faculdade e, mais raramente, conseguiam que alguém
transcrevesse as fitas para o braile. A situação era completamente desfavorável para
pessoas surdas, a começar pela desinformação da sociedade em geral sobre os
intérpretes da língua de sinais. Alunos que se locomoviam em cadeira de rodas
submetiam-se ao constrangimento de serem carregados para cima e para baixo no
prédio da faculdade, quando havia solidariedade de alguns colegas (já imaginaram isto
acontecendo de segunda-feira a sexta-feira durante quatro ou cinco anos?).
Acrescente-se a este contingente os alunos que ficaram deficientes após seu ingresso
na faculdade.

Adoção de medidas para atender às necessidades especiais

Quanto ao acesso à universidade


Pressões, isoladas ou conjuntas, de pessoas com deficiência fizeram surgir, em
algumas faculdades e universidades, medidas especiais para a realização das provas
vestibulares no tocante àqueles três parâmetros: recinto, material e tempo de
realização.

Tais medidas foram tomadas em boa parte do País, mas não em todas as escolas
superiores. Por exemplo, em 1996, foi estabelecido um núcleo de pesquisa com o
nome de Desenvolvimento Técnico-Científico de Apoio às Pessoas Portadoras de
Necessidades Especiais, junto à Vice-Reitoria para Assuntos Acadêmicos da
Universidade Católica de Goiás. Dentro desse núcleo, a Comissão de Vestibular,
visando o atendimento às pessoas com necessidades especiais, resolveu: "a) incluir
na ficha de inscrição um quadro para se saber, desde o início, quantos e quais casos
de candidatos existem para serem atendidos; b) para os casos de portadores de
deficiência locomotora, continuar separando salas de fácil acesso; c) para os
portadores de deficiência visual, fornecer, quando preciso, uma lupa e, em todos os
casos, colocar à disposição um monitor para leitura e anotação; d) para os portadores
de deficiência auditiva, colocar um intérprete em LIBRAS para eventuais
esclarecimentos; e) em todos os casos, deixar aberta a possibilidade de dilatação do
tempo para a realização da prova; f) incluir no Edital de Vestibular um esclarecimento
sobre as medidas estabelecidas" (Annete Scotti Rabelo, UCG-VA/SG, out. 1998).

Em 1997, a Secretaria de Educação Especial (SEESP), do Ministério da Educação,


"encaminhou, às Instituições de Ensino Superior, sugestões para facilitar o ingresso e
permanência de alunos portadores de deficiência nos cursos do 3° grau, cujos
resultados positivos começam a aparecer. No vestibular do meio do ano da
Universidade de Brasília (UnB), candidatos portadores de deficiência auditiva, visual e
físico-motora poderão requerer até uma hora a mais no tempo das provas, desde que
o pedido venha
acompanhado de parecer médico" (Murilo Milhomem, Toque a Toque, ano VII, n° 22,
maio 1997, p. 15).

Quanto à permanência nos cursos superiores


Uma vez vencido o obstáculo do vestibular, o próximo problema a ser enfrentado por
alunos com deficiência é o de permanecer na faculdade. Mas, a preocupação da
universidade em adaptar seus ambientes físicos tem sido tão tímida quanto a
preocupação em adaptar o acesso ao currículo e em preparar os professores dos
cursos superiores. Na verdade, pouco se discute sobre a idéia de que todos os
professores de qualquer curso universitário devem estar preparados para receber
alunos com deficiência. A própria Lei n° 9.394, de 20-12-96 (Diretrizes e Bases da
Educação Nacional) é omissa nesta importante questão. Tem prevalecido a idéia de
que os cursos de pedagogia devem preparar os futuros professores para estarem
capacitados a dar aulas na educação básica, onde a tendência atual é que todas as
classes comuns terão alguns alunos com necessidades especiais (Portaria 1.793/94,
do MEC, e PROESP - Programa de Apoio à Educação Especial, da SEES/CAPES), o
que por sua vez constitui um importante passo dentro do processo de mudança
gradativa do sistema educacional.

O ponto culminante desse processo se deu por conta da Portaria n° 1.679, de 2 de


dezembro de 1999 (Gabinete do Ministro da Educação), que dispõe sobre requisitos
de acessibilidade e permanência de pessoas com deficiência nas instituições de
ensino superior (Diário Oficial da União, 3-12-99).

Outros exemplos de experiência brasileira, principalmente no tocante à preparação de


recursos humanos para a educação básica e parcialmente no que se refere à
capacitação de todos os professores de qualquer curso superior, são dados por um
crescente número de universidades, algumas sob a influência do Fórum de Educação
Especial das Instituições de Ensino Superior, com sede na Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul. Este Fórum realizou o I Encontro Nacional em novembro de
1997, em Porto Alegre (RS), quando ficou registrado na análise do painel Acesso e
Permanência da Pessoa Portadora de Necessidades Especiais nas Instituições de
Ensino Superior (IES) o seguinte: "concluiu-se pela realização de levantamentos para
situar as reais necessidades do segmento, junto com as próprias pessoas portadoras
de deficiência, divulgação das condições oferecidas pelas IES que favorecem o
ingresso e a permanência das pessoas com necessidades especiais no ensino
superior, (...) a participação, em seus fóruns, das pessoas da comunidade, de
associações de e para portadores de deficiência, de profissionais da área etc., como
forma de garantir a capacitação continuada aos docentes e técnicos administrativos
em sua atuação na área das necessidades especiais" (SuperAção, ano VIII, n° 22,
jul./ago. 1998, p. 3)

Vários encontros regionais deste Fórum já foram realizados. O III Encontro Nacional
aconteceu em dezembro de 1998, em Belém (PA). Em 1999, a Coordenação Nacional
do Fórum de Educação Especial das Instituições de Ensino Superior comunicou que
"as atividades programadas para a realização dos fóruns regionais foram canceladas
por falta de recursos (...), recolhidos às suas origens por razões orçamentárias do
Governo Federal". Diante de tal situação, um grupo de professores se reuniu com a
Secretária Nacional de Educação Especial do MEC e chegou à decisão de criar
grupos de trabalho locais a fim de manterem vivo o Fórum Nacional (Antônio Lino
Rodrigues de Sá, Of. Circ. n° 05/99, de 5-7-99).

Em 1998, proferi a palestra "Educação Superior e Alunos com Deficiência: Aspectos da


Acessibilidade Programática", no I Fórum sobre Inclusão de Pessoas com Deficiência
na Universidade, realizado pelo Centro Acadêmico da Física da Universidade de São
Paulo, com o Centro Acadêmico da Medicina da USP e o Centro de Vida Independente
Araci Nallin. Este evento colocou frente a frente o prefeito do campus da USP, o
representante da Reitoria da USP, professores, alunos com e sem deficiência da
própria USP, ativistas do movimento de vida independente e demais interessados
(Grácia Anacleto, "Uma universidade acessível", in Gente Especial, ano I, n° 4, agosto
2000, p. 30-32).

Um outro evento do qual participei como palestrante foi o I Fórum de Educação


Especial das Instituições de Ensino Superior do Distrito Federal, em Brasília (DF),
também em 1998, numa realização conjunta entre a Federação Brasileira das
Associações de Síndrome de Down, a Fundação Educacional do Distrito Federal e a
Universidade de Brasília, sob o patrocínio do MEC/SEESP/FNDE. Este evento
registrou muito bem o estado da arte em vigor no Brasil, ou seja, temos ainda um
longo caminho a percorrer. Mas, o importante é que já começamos.

O tema 'pessoa com deficiência na universidade' ensejou o pronunciamento de várias


palestras no III Congresso Ibero-Americano de Educação Especial, realizado pelo
Ministério da Educação do Brasil com o do Paraguai, em Foz do Iguaçu (PR), em 4 a 7
de novembro de 1998, a saber: "Aprendendo a Ser Professor de um Aluno
Universitário Portador de Paralisia Cerebral", de Alberto Angel Mazzoni (Anais do
Congresso, vol. 3, p.162-166); "A Universidade de Brasília e o Vestibular para
Candidatos com Necessidades Especiais", de Marlene da Silva Soares (Idem, p. 231-
234); "Universidade e Deficiência", de Cristiane da Silva Santos (Idem, p. 303-306);
"Projeto de Acessibilidade aos Alunos Deficientes Visuais da PUC Campinas", de
Maria Cristina Luz Fraga Aranha et al (Idem, p. 332-336); "A Inclusão dos Portadores
de Necessidades Educativas Especiais no Ensino Superior", de Lísia Ferreira Michels
et al (Idem, vol. 2, p. 66-68).

Uma das áreas que mais polêmica levantam em debates sobre a educação inclusiva,
especificamente no contexto do ensino superior, é a que envolve alunos surdos. Pouca
literatura pertinente está disponível em língua portuguesa. Um estudo, "Atuação do
Instrutor Surdo no Ensino da Língua de Sinais na Educação Superior", realizado na
Universidade de Ribeirão Preto (SP) por Cristina Cinto Araújo Pedroso e Tárcia Regina
da Silveira Dias, mostrou a importância da contratação de instrutor surdo, que auxiliou
nos atendimentos fonoaudiológicos, pedagógicos e psicológicos, capacitou alunos
para se comunicarem com colegas surdos, propiciou amizades entre alunos surdos e
ouvintes e motivou os alunos não-surdos a se aprofundarem no estudo teórico e
prático da língua de sinais (in Temas sobre Desenvolvimento, vol. 9, n° 51, jul./ago.
2000, p. 18-20).

Registre-se também a realização do II Seminário "A Universidade e a Pessoa com


Deficiência", em novembro de 2000, no Recife (PE), promovido pela Superintendência
Estadual de Apoio à Pessoa com Deficiência, do Governo de Pernambuco, com a
Universidade Federal de Pernambuco, tendo como tema central "Inclusão Social:
Conceitos e Preconceitos", ocasião em que tive a oportunidade de conhecer a enorme
luta de professores universitários e pessoas com deficiência do Nordeste para
deslanchar esta questão.

Em maio de 2001, foi realizado o Debate "Considerações sobre o Estabelecimento de


Políticas Institucionais para Ingresso e Permanência de Deficientes Físicos, Visuais e
Surdos em Instituições de Ensino Superior", em Campinas (SP), por iniciativa da
Faculdade de Educação da UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas, que me
incluiu para palestrar sobre "Condições de Acessibilidade e Universidade". O público
ficou sabendo que a idéia de se realizar este evento evoluiu do fato de que, tendo
entrado no Curso de Pedagogia a primeira aluna cega, o corpo docente sentiu a
necessidade de conhecer e adotar medidas e posturas compatíveis com as
necessidades especiais dela, em consonância com o estabelecido na Portaria n° 1.679
do MEC. A própria aluna estava também participando do evento.

Experiência pessoal no contexto da inclusão na educação superior


Tendo estudado na Southern Illinois University (SIU), em Carbondale, Illinois, EUA, em
1972 e 1973, tive a oportunidade de conviver com diversos alunos que tinham
deficiências. Eles freqüentavam os diversos cursos daquela universidade estadual,
inclusive aquele que eu estudava, ou seja, o Curso de Aconselhamento e
Administração em Reabilitação.

Os meus contatos com eles ocorriam em duas situações distintas. Uma delas,
obviamente, foi a de salas de aula. Nós nos encontrávamos em diversos prédios e
salas, pois lá os alunos é que vão à sala de aula de cada professor e não como no
Brasil onde são os professores que comparecem às salas onde estão os alunos. A
segunda situação foi a de estagiário do curso, prestando serviço de aconselhamento a
alunos com deficiência física, visual, auditiva e múltipla da própria universidade. A SIU,
fundada em 1869 e hoje com 40.000 alunos, foi uma das pioneiras em receber
pessoas com deficiência a partir do longínquo ano de 1956, inicialmente oferecendo
transporte acessível e executando adaptações arquitetônicas em todos os recintos do
campus e posteriormente provendo serviços especializados para alunos com as mais
diversas deficiências.

No dia 28 de dezembro de 1981, realizei em São Paulo (SP) uma reunião técnica
sobre o tema "O Estudante Universitário com Deficiência Física ou Sensorial:
Situações Norte-Americana e Brasileira", com a participação de Ronald Blosser,
coordenador dos Serviços Especializados, e Mara Todtmann, especialista do Centro
de Avaliação e Desenvolvimento, ambos da Southern Illinois University. Acredito que
essa reunião tenha sido a primeira do gênero no Brasil. Discutimos os seguintes
assuntos, sempre comparando a situação americana com a situação brasileira ¾
barreiras atitudinais, barreiras arquitetônicas, quantidade de universitários com
deficiência, programas e serviços especializados, a filosofia e os objetivos dos
serviços especializados e a força do movimento dos alunos com deficiência dentro da
universidade. Posteriormente, fizemos uma ampla divulgação do relatório da reunião
(Boas & Novas, n° 5, jan. 1982, p. 1-4).
Exerci o magistério superior de 1965 a 1968 e de 1980 a 1990, com quatro disciplinas
em três faculdades de serviço social, aplicando na minha metodologia didática
princípios que, apenas em 1989, vim a saber que eram compatíveis com os de
educação inclusiva (Sassaki, Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos, pp. 18
e 111-127).

O que é feito fora do Brasil?


Um dos países que mais têm desenvolvido a inclusão no ensino superior é os EUA.
Começando sob o paradigma da integração, há várias décadas (por ex., Howard Rusk,
The New York Times, 24-9-61), as universidades americanas implementaram o
conceito de eliminação de barreiras arquitetônicas e produziram sucessivas
publicações para divulgar normas técnicas (por ex., Architectural Accessibility for
College Campuses, out. 1976). A partir de 1972, ano do surgimento do movimento de
vida independente, as universidades introduziram serviços especializados, cuja
finalidade era e é a de intermediar entre a Administração e os alunos com deficiência a
fim de que estes tenham suas necessidades educacionais especiais devidamente
atendidas, não só para estudarem com os outros alunos mas também para
conviverem nos demais momentos da vida acadêmica ¾ alimentação, esportes, lazer,
recreação, cultura, religião etc. Na década de 90, já sob o paradigma da inclusão,
desenvolveu-se o conceito de acessibilidade universal, programática, comunicacional
e eletrônica, o que ajudou a ampliar o leque de serviços de vida independente nas
universidades.

Dentre estes serviços, podemos citar: aconselhamento de pares, aconselhamento


financeiro, defesa de direitos, colocação no mercado de trabalho, arranjo de transporte
no campus, indicação de ledores (e intérpretes da língua de sinais, atendentes
pessoais, grupos de apoio, equipamentos especiais), orientação sobre moradia
acessível e recursos do campus, emissão de credencial para vagas especiais no
estacionamento, anotação em braile, arranjos com serviços de saúde do campus,
entre outros.

Ao longo dos últimos 25 anos, essas universidades junto com entidades de e para
pessoas com deficiência vêm participando de seminários nacionais com duração de
quatro dias para se atualizarem sobre o tema "A Universidade e as Pessoas com
Deficiência". Assim, a cada ano, publicam-se anais com mais de 300 páginas em letra
miúda, tal é a quantidade de palestras e discussões registradas. Dois universitários,
Lex Frieden e Justin Dart, ambos com tetraplegia e ativistas do movimento de vida
independente, participaram desses seminários nacionais. Mais tarde, eles se tornaram
figuras-chave na mudança radical das políticas públicas e leis pertinentes a pessoas
com deficiência. Eles ajudaram a escrever a hoje famosa Lei dos Americanos com
Deficiência, de 1990 (conhecida nos EUA como ADA ou Americans with Disabilities
Act). Justin Dart foi consultor especial de dois Presidentes dos EUA. Lex Frieden dirige
um centro de pesquisa na área de deficiências no Texas e já esteve no Brasil fazendo
palestras.

Romeu Kazumi Sassaki, maio de 2001.Consultor de inclusão social, autor do livro


Inclusão: Construindo uma Sociedade para Todos (3.ed., Rio de Janeiro: Editora
WVA ,1999) e co-autor do livro Inclusão dá Trabalho (Belo Horizonte: Armazém de
Idéias, 2000)

http://saci.org.br/index.php?modulo=akemi&parametro=18675

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