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Instituto Superior Cristão

(HEFSIBA)

Necessidade de Existência de Escolas


Especiais na Província da Zambézia,
Estudo de Caso do Distrito de Mocuba,
2016 - 2018

Casimiro José Simão


Resumo
O direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos
os cidadãos à educação é um direito constitucional. A garantia de
uma educação de qualidade para todos implica, dentre outros
factores, um redimensionamento da escola no que consiste não
somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças. A
inclusão requer profissionalização e na dificuldade de tornar as
escolas inclusivas faz-se necessária a existência de escolas especiais.
Sobre esta problemática se vai debruçar neste trabalho cujo estudo
exploratório de cariz monográfico foi feito no distrito de Mocuba
envolvendo a Zip Mangulamelo como representante das demais
Zip’s, o SDEJT e o SDSMAS. O estudo permitiu perceber que as
NEE mais frequentes são do tipo DA seguidas da deficiência
auditiva, tornando-se urgente pensar numa escola especial com
profissionais específicos para essas áreas e tanto quanto possível
para alunos com outras deficiências.
Palavras-chaves: Escolas especiais, necessidade, existência
CAPÍTULO I : ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
1.1. Introdução
O Programa Quinquenal do Governo de Moçambique preconiza e
estabelece o direito de todas as crianças, jovens e adultos, a uma
educação básica, incluindo aqueles necessitam de uma atenção
educativa especial.
Contudo, o desafio de se transformar os planos em acção ainda faz com
que os distritos da Zambézia se ressintam da falta de escolas especiais,
como é o caso de Mocuba. Este estudo procurou avaliar até que ponto a
necessidade de escolas especiais é urgente nos distritos da Zambézia
tendo como estudo de caso o Distrito de Mocuba.
Este trabalho descritivo com abordagem qualitativa apresenta-se
organizado em 4 capítulos, a saber: Capítulo I com a problematização,
os objectivos, a justificativa; Capítulo II com a revisão da bibliografia;
Capítulo III da Metodologia; Capítulo IV da apresentação, analise e
interpretação dos dados; as considerações finais, recomendações,
bibliografia, apêndices e anexos.
1.2. Problema
O distrito de Mocuba, tal como os restantes, não tem nenhuma escola
especial mesmo tendo muitas crianças necessitadas de uma educação
especial. Os motivos para este défice podem ser vários mas a
pergunta que desponta é: Qual é a percepção dos sectores da
educação, saúde mulher e acção social sobre a existência de escolas
especiais na província da Zambézia, em particular no distrito de
Mocuba?

1.3. Objectivo geral:


• Reflectir sobre a necessidade da existência de escolas especiais no
distrito de Mocuba.
1.4. Objectivos específicos:
• Descrever as razões da necessidade de escolas especiais em
Mocuba;
• Explicar a importância da existência de escolas especiais em
Mocuba;
• Perceber a opinião dos dirigentes da educação acerca da
inexistência de escolas especiais em Mocuba.
1.5. Justificativa
Estudos do MINEDH demonstram o crescimento de alunos com NEE
de carácter auditivo, seguida de visual, mental e físico-motor
respectivamente. O facto de se notar a inexistência de escolas
especiais a nível do distrito de Mocuba impulsionou o autor a realizar
este estudo sabendo-se que nos últimos tempos registam-se entradas
de muitas crianças portadoras de NEE nas escolas. Outrossim é o
facto de o distrito não ter professores especificamente formados para
lidar com tais crianças o que possibilitaria pelo menos a existência de
turmas especiais.
1.6. Hipótese
A inexistência de escolas especiais na província da Zambézia, em
particular no distrito de Mocuba contribui negativamente no processo
de desenvolvimento escolar e pessoal das crianças com Necessidades
Educativas Especiais.
CAPÍTULO II: REVISÃO DA
BIBLIOGRAFIA
2.1. Definição de conceitos
2.1.1. Necessidades educativas especiais (NEE)
Todos aqueles que se encontrem em desvantagem, devido a
deficiência, problemas de saúde mental ou de aprendizagem,
sobrelotação, crianças de rua ou em situação de risco, pertençam
a minorias étnicas ou culturais, ou outras (CORREIA, 2003),
são abrangidos por este conceito que reforça a necessidade de se
criarem condições que permitam a inclusão destes indivíduos
num processo de aprendizagem acessível e universal.
2.1.2. Escolas especiais
Para MOURA (2016) as escolas especiais são as instituições
adaptadas exclusivamente para alunos portadores de deficiências
físicas, mentais e sensoriais. Elas são focadas às necessidades
desses alunos.
2.1.3. Pessoa portadora de necessidades especiais (PPNE) – “é a
pessoa que apresenta, em carácter permanente ou temporário, alguma
‘insuficiência’ ou distúrbio físico, sensorial, cognitivo ou psíquico,
múltiplo, ou que é portadora de condutas típicas ou ainda de altas
habilidades, necessitando de recursos especializados para superar ou
minimizar suas dificuldades” (ALENCAR, 1994).
2.1.4. Potencialidade – “Predisposição latente no indivíduo que, a
partir da estimulação interna ou externa, se desenvolve ou se aperfeiçoa,
transformando-se em capacidade de produzir” (ALENCAR, 1994).
2.1.5. Inclusão
A inclusão é vista como um processo que consiste na “colocação de
crianças com impedimentos nas escolas regulares onde estariam
matriculadas se elas assim não fossem, isto é, na escola mais próxima
da sua residência” (UNESCO, 1994).
2.1.6. Educação Especial
Educação Especial é o “ramo da educação que se ocupa do atendimento
e da educação de pessoas com algumas deficiências, mas em
instituições especializadas” (LEITÃO, 2006).
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DA
PESQUISA
3.1. Material - Técnica de Pesquisa
Foram usadas entrevistas e observação. Este estudo caracterizou-se
como uma pesquisa exploratória.
3.2. Método de Abordagem
Foi feita uma pesquisa qualitativa.
3.3. Procedimento
Usou-se o método monográfico ou estudo de caso.
3.4. Técnicas de recolha de dados
Foram usadas as seguintes técnicas de recolha de dados: entrevista
semiestruturada, pesquisa bibliográfica e análise documental.
3.5. Tipo de Amostragem
Para este trabalho foi usada a mostragem não probabilística.
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
4.1. Codificação
Tabela 1: Participantes do processo de colecta de dados

Participou Código
Director Distrital da Educação D1
Directora da Zip Mangulamelo D2
Representante do SDEJT S1
Representante do SDSMAS S2
4.2. Apresentação dos dados e sua análise
O primeiro local do estudo: Sede da ZIP 13 Mangulamelo
A Escola Primária Completa de Mangulamelo localiza-se na Cidade
de Mocuba, é sede da ZIP 13 Mangulamelo e encontra-se a 1 km da
EN1, próximo ao posto de trânsito e ao posto de abastecimento de
combustível denominado “êxito”.
Apresentação dos dados do membro de direcção da ZIP
Mangulamelo
Número de alunos com NEE a nível da Zip Mangulamelo
Ano Homens Mulheres HM
2016 132 99 231
2017 139 123 262
2018 180 164 344
D2 aponta que a deficiência que tem maior registo nos últimos três
anos é a DA (dificuldades especificas de aprendizagem), seguida da
deficiência da fala e deficiência auditiva.
Acrescentou ainda que o processo de ensino-aprendizagem das
crianças com NEE não é perfeito porque os professores não estão
capacitados para trabalhar com tais crianças. Se existisse uma
escola especial seria melhor, contudo temos incluído estes alunos
em salas normais mas o seu rendimento não chega a ser satisfatório
visto que estes alunos apenas ficam para manter.
D2 salientou que não tem nenhum professor formado para lidar
com essas crianças a nível da ZIP Mangulamelo.
Quanto a necessidade da existência de uma escola especial
argumentou que seria bom que existisse uma escola especial
porque criava condições para ajudar as crianças com NEE e
ajudava a desenvolver o PEA
Para minimizar a carência de escolas especiais a entrevistada
explicou que estão num meio que não os enquadra devido a sua
deficiência; neste sentido a Zip tem orientado as escolas a
construir rampas para ajudar na locomoção para além de que
orienta a enquadra-los em salas mais baixas e que tenham
professores dinâmicos para trabalhar com estes alunos.
Apresentação dos dados do Serviço Distrital de
Educação Juventude e Tecnologia de Mocuba

Segundo o responsável pelo sector de unidade de género e educação


especial o distrito tem 238 escolas. Para S1as escolas têm reportado
casos de NEE. Relativamente a questão da prevalência S1 afirmou
que todas as escolas têm reportado casos de NEE; os casos mais
frequentes tem sido a deficiência auditiva reduzida
Número de alunos com NEE a nível do distrito de Mocuba
Ano H M HM De acordo com S1 nos últimos três
anos teve maior registo a DA com
2016 1623 1457 3080 um total de 648 dos quais 372 são de
2017 1738 1394 3132 sexo feminino seguida da deficiência
auditiva reduzida com um total de
2018 1008 989 1997 571 sendo 275 Mulheres.
S1 aponta que a educação de crianças com NEE tem sido difícil visto
que os professores não estão capacitados e as Infra-estruturas não
oferecem condições para acolher essas crianças com NEE.
Para minimizar os efeitos deste défice o SDEJT de Mocuba tem
orientado os professores a darem maior atenção a estes alunos
colocando-os em frente neste processo de inclusão, orientamos
também a melhoria dos edifícios através de colocação de rampas para
alunos com deficiência físico-motora e deficiência visual que não
conseguem caminhar.
Quanto a existência de professores formados S1 negou
categoricamente tendo ressaltado que apenas os professores
adaptam-se, o que conduz a percepção de que os alunos com
NEE não recebem o acompanhamento devido nas referidas
escolas inclusivas.
Perguntado se a educação inclusiva era suficiente para atender
as necessidades de crianças especiais S1 negou tal
possibilidade porque neste processo de inclusão as escolas não
oferecem condições para estas crianças e os professores não
estão capacitados tornando-se difícil a sua aprendizagem. Se
existisse uma escola especial melhorava aprendizagem dessas
crianças porque ajudaria a dar um encaminhamento adequado
a esta crianças e melhorava o PEA para estas crianças, visto
que algumas crianças desistem da escola por falta de
condições, para além de que os seus pais não vêem os
resultados dos seus filhos estando em turmas inclusivas.
Apresentação dos dados da Direcção do SDEJT de Mocuba
Nas palavras do D1 a política de educação inclusiva começou a ser implementada
desde a existência do sistema Nacional de Educação mas o processo de integração
destas crianças não é muito bom visto que nalgumas escolas torna-se difícil por
que os gestores não aceitam trabalhar com estas crianças
Nas escolas onde há engajamento o resultado tende a ser positivo mas noutras é
peremptoriamente negativo.
D1 afirmou que o SDEJT de Mocuba tem técnicos que trabalham com conselho de
escolas que fazem o rastreio, controle dessas crianças, para além de que orientam
as escolas a integrar estas crianças.
Quanto a especialização dos professores D1explicou que os professores não têm
formação apenas se tem beneficiado, nalgumas vezes, de capacitações. Assim, a
educação inclusiva não é suficiente porque devia existir uma escola especial que
pudesse ajudar estas crianças no sentido de responder as suas expectativas e seria
necessário para ajudar e melhorar a aprendizagem destas crianças ou mesmo
deviam existir turmas mistas com condições adequadas para albergar alunos com
NEE e alunos normais para não se sentirem descriminados
Para reduzir os efeitos de tal défice o SDEJT, tal como afirmou D1, se esmera na
capacitação dos professores e faz algum acompanhamento das crianças
Entretanto D1 avança a ideia de que não existe um plano breve para a existência
de uma escola especial.
Apresentação de dados do SDSMAS de Mocuba
A S2 explicou que o SDSMAS não têm dados registados sobre o
número de crianças com deficiência nos últimos três anos mas aponta
que dentre várias deficiências têm sido frequentes as deficiências
físicas. S2 diz não ser suficiente a política de inclusão em escolas
inclusivas pois devia existir uma escola específica para estas crianças e
professores com essa formação por que os alunos que tem ganhado
bolsas de estudo através do Ministério de Saúde são encaminhados
para escola especial da Beira o que tem sido muito dispendioso.
Quanto a necessidade da existência de uma escola especial reafirmou
ser necessário para ajudar a estas crianças por que também evitaria
deslocações para outros lugares para a formação dos alunos e evitar
que estes não sejam descriminados nas escolas normais por exemplo:
Bowling.
4.2. Interpretação dos resultados
No tocante aos números apresentados há uma tendência desigual ao
comparar os dados fornecidos pela ZIP Mangulamelo em relação aos
dados do SDEJT de Mocuba pois segundo D2 nos três últimos anos
houve um aumento gradual de crianças com necessidades educativas
especiais a procura dos serviços da educação enquanto S1 mostra que
houve um decréscimo de tal procura. Pareceria que o decréscimo
significava algum descredito por parte dos encarregados em relação a
prestação da escola diante de seus filhos, mas o aumento verificado
na ZIP parece apontar que o número de crianças com NEE vem
crescendo ano após ano. Entretanto os dois dados numéricos referem
que a maior prevalência recai nos homens.
Quanto a NEE mais frequente o SDEJT corrobora com a ZIP
Mangulamelo ao apontar que a deficiência que tem maior registo nos
últimos três anos é a DA. Mas diverge das informações da ZIP
segundo as quais a segunda maior necessidade educativa é a
deficiência da fala. Contudo as duas entidades voltam a concordar
que deficiência auditiva faz parte das que se revela com maior relevo.
A única informação muito díspar foi a fornecida pelo SDSMAS que
aponta como tendo sido frequentes as deficiências físicas.
Houve uma unanimidade em todos os entrevistados em relação a
insuficiência da educação inclusiva nas escolas inclusivas porque
os professores não estão capacitados para trabalhar com crianças
necessitadas de educação especial. Quanto a necessidade da
existência de uma escola especial todos concordaram que seria de
dom alvitre que existisse uma escola especial porque criaria
condições para ajudar as crianças com NEE e ajudaria a
desenvolver o PEA.
Para minimizar os efeitos da carência de escolas especiais a Zip
tem orientado as escolas a construir rampas para ajudar na
locomoção, orienta a enquadra-los em salas mais baixas e que
tenham professores dinâmicos para trabalhar com estes alunos;
por sua vez o SDEJT apoia os professores e tais alunos fazendo
rastreios nas comunidades e incentivando sua inclusão nas
escolas (cabe ressaltar que se trata da mesma inclusão que o
mesmo SDEJT afirma ser insuficiente).
CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E
IMPACTOS DAS RECOMENDAÇÕES
Conclusão Recomendação Impacto da
recomendação
O distrito de Mocuba Que o SDEJT de Mocuba Garante a
depara-se com a faça uma proposta as aprendizagem de
necessidade da entidades superiores da qualidade as
existência de escolas educação no sentido de crianças com
especiais uma vez apoiarem na criação de NEE.
que os números de escolas para atender as
prevalência de crianças com NEE; Que
crianças com NEE busque parcerias com
apesar de tenderem a instituições de ensino
um gradual superior para a formação de
decréscimo ainda são quadros que possam intervir
altos. no ensino de crianças com
NEE;
O tipo de escola especial Que as ZIP’s comuniquem As crianças
que se presume ser urgente frequentemente os dados com NEE
deve estar apetrechada para de crianças com NEE ao passam a ser
atender sobretudo crianças SDEJT, bem como as orientados
com DA e deficiência inquietações dos nos estudos
auditiva. Presume-se que o encarregados de educação por
maior número de crianças e as dificuldades que os profissionais
necessitadas de educação professores enfrentam no formados ou
especial apresentam DA, trabalho com crianças capacitados
afirmamos que isto apenas necessitadas de educação para atender
conjectura-se porque os especial; suas
dados não são fruto de Que instruam seus necessidades
exames e analises clinicas profissionais-estudantes a educativas e
que poderiam provar que pesquisar sobre estratégias melhoria no
desses casos se trata de de intervenção em desenvolvime
Dificuldades Especificas e crianças com NEE, nto
quais se trata de sobretudo as que psicossocial
dificuldades gerais que apoquentam a escola na da criança
podem ser ultrapassadas qual cada profissional com NEE.
sem muita dificuldade. trabalha.
Grato pela
Atenção

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