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ANTROPOLOGIA CULTURAL E HOMOSSEXUALIDADE: VARIANTES DO

COMPORTAMENTO SEXUAL, CULTURALMENTE APROVADAS

O movimento gay se organizou nos últimos anos e assumiu uma militância que não
existia antes. Sempre existiram pessoas que se sentiram atraídas por outras do mesmo sexo, e
que mantinham relações sexuais com elas. Porquê que agora este assunto tem ganhado tanta
visibilidade e gerado muita polêmica nos nossos dias?
No mundo ocidental houve uma movimentação de pessoas que são participantes desse
movimento para fazer com que não somente esse tipo de relação seja considerado aceitável,
mas que seja visto como algo normal e até desejável. Infelizmente este movimento tem ganhado
mais adesão de políticos e até apoio dos meios de comunicação, mídia que pelo seu poder
influencia a aceitação na opinião pública e nas academias.
Até eles conseguiram rotular todo o pensamento contrário como sendo um discurso de
ódio. Se você disser: eu não concordo com o homossexualismo, já é rotulado de homofobia, já
não temos nenhum direito de dizer que na minha opinião a homossexualidade está errada, torna-
se um discurso de ódio. Eles ainda culpam o cristianismo de perseguir e condenar os
homossexuais ao longo da história.
Como vingança, eles se organizam e procuram através do estado criminalizar a opinião
pessoal quanto a este assunto. Por exemplo no Brasil, tentou-se proibir as Igrejas a pregar o que
elas acreditam quanto a isso.
Em Paulo, o homossexualismo é uma Prática antinatural, e pecaminosa, que desonra o
seu próprio corpo, que significa tratar alguém de uma maneira indigna, de forma imerecida e
imprópria. Deus nos criou, e nos deu um corpo com uma finalidade e com um propósito de nos
relacionar heterossexualmente dentro do matrimónio. O que está fora disso, desonra o corpo. É
ainda uma inflamação1 na sensualidade v.27 e uma torpeza2.
“A cultura é definida como “um conjunto fechado de maneiras de pensar, de sentir e de trabalhar
mais ou menos formalizadas, que aprendidas e compartilhadas por uma pluralidade de pessoas,
servem de um modo objetivo e simbólico à função de constituir essas pessoas em uma
coletividade particular e distinta” (LASSO, p.32).
A cultura determina como deve comportar-se em cada situação, os valores, o que é bom, o que
é mau, os mitos, as lendas. Ela é compartilhada por um certo grupo de pessoas, marca normas
de obrigatoriedade diversa, as quais todos esperam que se cumpram, e isto é transmissível de
pais a filhos.
Quando se trata de questões relacionamentos afetivos, todas a culturas estabeleceram normas
sobre a sexualidade para determinar se é ou não lícito desafogar a sexualidade com pessoas do
mesmo ou de diferente sexo. (p.33)
A Regulamentação da sexualidade é um dos pontos onde a criatividade humana foi mais pródiga
e as diferenças são maiores. O que em um grupo é incesto, em outro é matrimónio entre primos-
irmãos.
Sabemos a partir dos estudos realizados por Heródoto que no campo religioso, existiam
templos nos quais se acreditava que a relação religiosa do deus ou da deusa era experimentada
através da relação sexual do sacerdote ou da sacerdotisa de turno com o devoto ou devota

1
Em Grego esta palavra significa um sentimento tão forte que a pessoa se sente consumida por um fogo, ou seja,
um desejo que deixa a pessoa abrasada por desejar o outro. Portanto, esta paixão é errada, não pela sua intensidade,
mas porque está mal direcionada (é de homem para homem)! O homem deveria se inflamar e queimar de paixão
por uma mulher, não um homem.
2
Algo vergonhoso ou ato indecente.
correspondente. Normalmente uma divindade masculina era servida por sacerdotes...e uma
divindade feminina era servida por sacerdotisas que, da mesma forma, transmitiam a
experiencia religiosa aos devotos da deusa. (p.34)
Mas é preciso ter em conta que às vezes uma divindade feminina era servida por
mulheres quanto por homens. Nesses casos os sacerdotes se vestiam de mulheres e se
comportavam como sacerdotisas. De uma forma mais pormenorizada: Quando os devotos se
aproximavam do templo para cumprir a relação com a divindade e se encontravam com um
sacerdote varão ou o buscavam, então o contacto sexual era anal (p.34)
Este fato indica que as divindades sexuais se manifestavam através de qualquer tipo de
contacto sexual e que se legitimava a forma de contacto tipicamente homossexual e, portanto,
a homossexualidade existente. Segundo Heródoto, estes templos se encontravam em todo
mundo conhecido, com a excepção da Grécia e do Egito (p.35).
A homossexualidade na Grécia tomava geralmente forma de pederastia, apresentada
como a relação mais sublime. Sócrates declarou sua filosofia como de amor e
homossexualidade, o que era realmente significativo do ponto de vista social, pois ele
pessoalmente, se abstinha de ter relações sexuais de qualquer tipo. Também são conhecidas as
exaltações que Platão faz do amor na variante de homossexualidade, concretamente da
pederastia. Assinala como fato ideal da vida a combinação de filosofia com pederastia (p.35).
Essa afeição grega pela pederastia, une-se a um tipo peculiar de relação. Todo o homem capaz
tinha a seu cargo algum jovem ao qual ensinava como atuar na vida, algum ofício ou
especialidade e finalmente o ajudava a situar-se. Era normal que durante essa aprendizagem se
desenvolvessem fortes laços afetivos, coisa que se manifestava em abraços em público ou
inclusive compartilhando-se o leito. Tratava-se com isso de combinar a homossexualidade
pederasta com a heterossexualidade, dado que o adulto mantinha sua esposa e família.
Em Esparta a relação homossexual era prescrita pelo governo, ao ponto de se castigar
o jovem que não tivesse amante ou multa-lo se preferisse um rico a um pobre. A
homossexualidade espartana era um resultado lógico da supervalorização do mundo masculino,
da guerra, das relações entre homens etc. Como exemplo, da solidariedade e agressividade que
a homossexualidade é capaz de produzir no grupo militar que a praticava.
Evidentemente, cada um deles ao lutar contra o inimigo, defendia seu par, sua própria vida, a
do seu amado e seu prestígio pessoal ante os olhos daquele com quem, afetivamente,
compartilhava seus sentimentos.
Em culturas vivas na atualidade, há sociedades que aprovam alguma forma de
homossexualidade. Nessas sociedades as relações homossexuais são tipificadas e, portanto,
aceitas socialmente. Em algumas sociedades a homossexualidade é tão normal como pode ser
na cultura ocidental a eleição do cônjuge por parte contraente e não por seus pais.
Falando em geral da sexualidade destas culturas, convém distinguir a homossexualidade
masculina e feminina. É corrente, nas ditas culturas, encontrar o papel sexual do travestido, que
dizer, um homem que se veste de mulher, se comporta como uma mulher e casa e demais tarefas
sociais e, inclusive, se casa com um homem. É socialmente uma mulher, equiparada às demais
de sua sociedade. O caso contrário, de uma mulher, que se vista como homem, atue como
homem se casa com outra mulher é difícil de encontrar (p.36)
BIOLOGIA DA HOMOSSEXUALIDADE HUMANA: TRANSIÇÃO OU SALTO?

“São muitos os pontos obscuros e escabrosos que permanecem por elucidar em torno do
fato da homossexualidade: um dos mais apaixonantes é o de tentar explicar sua etiologia, as
causas ou fatores que levam a se poder afirmar existir em todas as culturas um percentual
reduzido de homens e mulheres -abaixo de 5% segundo diversas estatísticas-que se sentem
sexualmente atraídos unicamente por indivíduos pertencentes ao próprio sexo” (GAFO Javier,
17: Homossexualidade: Ciência e Consciência)
...a tendência homossexual depende de condicionamentos biológicos, presentes no
conjunto de fatores hereditários que o indivíduo leva em todas e em cada uma das suas células
e que recebeu no mesmo momento de sua constituição ou concepção? O pelo contrário, a
cristalização da tendência homossexual depende de fatores ambientais, das relações inter-
humanas nas quais se desenvolve a personalidade do novo ser? São os gens que marcam de
uma maneira decisiva a constituição de um indivíduo homossexual? 18

A aquisição da masculinidade ou da feminilidade depende de uma série sincronizada de


acontecimentos que, na maioria dos casos, desembocará na constituição de um indivíduo do
sexo masculino ou feminino, porém deixando sempre um pequeno número de situações
intermediárias, pelo que não se pode aplicar totalmente o conceito de masculino ou feminino
com o qual habitualmente pensamos ou nos relacionamos. 19.

2.1 O desenvolvimento da sexualidade no indivíduo humano

A mulher possui dois cromossomas idênticos entre si ‘XX’ e o homem possui junto a um
cromossoma ‘X’ um cromossoma menor ‘Y’ responsável pela inferioridade do homem perante
a mulher. Será, portanto, ‘XY’. “Sem dúvida, conhece-se medicamente uma série de situações
intermediárias. As mais conhecidas estão no homem: os tipos XYY (em que falando
simplificadamente, os caracteres masculinos se encontram acentuados) e os XXY, onde existe
uma atenuação em sentido contrário dos caracteres próprios do varão. Na mulher se conhecem
os tipos XO e XXX, de onde em geral se pode falar de uma intensificação dos aspectos
característicos do sexo feminino. 19.
Além do mais é preciso referir-se aos múltiplos casos de mosaicismo, quer dizer, a indivíduos
com duas linhas celulares distintas, por exemplo XX/XY; XY/XO; XXY/XXXY etc. Nestes
casos, a imprecisão entre a masculinidade e a feminilidade se acentua (GAFO, p.20).

2.2 As influencias hormonais dos primeiros meses do desenvolvimento embrionário

Ao estudar o desenvolvimento embrionário dos órgãos sexuais, é preciso afirmar que a


tendência natural da biologia humana está programada para a constituição de um indivíduo do
sexo feminino, como se o plano programado em todo novo ser concebido fosse primariamente
feminino [...] Para que se constitua um indivíduo do sexo masculino tem de acontecer ou
incorporar-se o hormônio sexual masculino, a testosterona, produzida pelo incipiente testículo
fetal (GAFO, p.20).
As desordens se registram quando ocorre no processo de gestação a síndrome de resistência aos
andrógenos, ou síndrome adrenogenital.
No primeiro caso, “os tecidos do embrião do sexo masculino não respondem à ação da
testosterona que começa a ser produzida pelo testículo fetal. Como consequência disso, nascerá
um ser cujos genitais externos são femininos, embora se trate de um indivíduo XY de ponto de
vista cromossômico e possua testículos em lugar de ovários. Normalmente lhe será designado
o sexo feminino, será educado como uma menina e desenvolverá uma psicologia feminina,
embora obviamente não possa ser mãe” (GAFO, p.20).
O segundo caso, é o inverso do primeiro. Aqui a mulher produz uma excessiva quantidade de
andrógenos que acabam masculinizando o embrião do sexo feminino que esteja desenvolvendo-
se nela. Neste caso, nasce um ser cujos os órgãos genitais externos são indiscutivelmente
masculinos e a quem se designará tal sexo, embora se trate de um indivíduo XX que possua
ovários. (GAFO, p.21).

“Entre os dois casos que acabamos de citar, há toda uma série de situações intermediárias, em
que a feminilização ou a masculinização não é completa. São casos qualificados de pseudo-
hermafroditismo, ou os estados interssexuados, em que os órgãos genitais externos são
ambíguos e que se pergunta, no momento do nascimento, qual seria o sexo conveniente de se
atribuir a um recém-nascido cujos órgãos genitais externos fossem ambíguos” (GAFO, p.21).

2.3 Influencias dos hormônios sexuais embrionários sobre o comportamento sexual


posterior do indivíduo.

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