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Calc eCcurvasCarateristicasdoMotor PDF
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CÁLCULOS E CURVAS
CARACTERÍSTICAS DO
MOTOR
COMUNIDADE EUROPEIA
Fundo Social Europeu
Referências
© Copyright, 2000
Todos os direitos reservados
IEFP
“Produção apoiada pelo Programa Operacional Formação Profissional e Emprego, cofinanciado pelo
Estado Português, e pela União Europeia, através do FSE”
“Ministério de Trabalho e da Solidariedade – Secretaria de Estado do Emprego e Formação”
ÍNDICE
DOCUMENTOS DE ENTRADA
CORPO DO MÓDULO
BIBLIOGRAFIA.............................................................................................C.1
DOCUMENTOS DE SAÍDA
OBJECTIVO GERAL
OBJECTIVOS ESPECÍFICOS
PRÉ-REQUISITOS
C i r c. I nt eg r ad o s,
Leit ur a e
M i cr o co nt r o lad o r C ar act er í st i cas e C ál culo s e C ur vas Si st emas d e
Int er p r et ação d e
es e F uncio nament o D i st r i b ui ção C ar act er í st i cas A d mi ssão e d e
Esq uemas
M icr o p r o cessad o d o s M o t o r es do M otor Escap e
Eléct r i co s A ut o
r es
Si st emas d e
Si st emas d e Lâmp ad as, F ar ó i s F o cag em d e Si st emas d e
So b r eal iment ação A vi so A cúst ico s e
I nf o r mação e F ar o li ns F ar ó i s C o municação
Lumino so s
U ni d ad es Emissõ es
D i ag nó st i co e
Si st emas El ect r ó ni cas d e Si st emas d e Po luent es e
R ep ar ação em Si st emas d e
Elect r ó ni co s C o mand o , Injecção D i sp o sit i vo s d e
Sist emas I nj ecção M ecânica
D i esel Senso r es e El ect r ó ni ca C o nt r o l o d e
M ecâni co s
A ct uad o r es Emissõ es
D i ag nó st i co e D i ag nó si co e
A nál ise d e G ases R ep ar ação em R ep ar ação em
M anut enção
d e Escap e e Si st emas co m Sist emas R o d as e Pneus T er mo d inâmica
Pr o g r amad a
O p acid ad e Gest ão El éct r ico s
Elect r ó nica C o nvenci o nais
N o çõ es d e C o nst it uição e
Gases Leg islação Pr o cesso s d e
M ecânica F uncio nament o d o Pr o cesso s d e
C ar b ur ant es e Esp ecí f ica so b r e T r açag em e
A ut o mó vel p ar a Eq uip ament o C o n- C o r t e e D esb ast e
C o mb ust ão G PL Punci o nament o
G PL ver so r p ar a G PL
R ed e d e A r
Pr o cesso s d e R ed e El éct r ica e
C o mp . e
F ur ação , N o çõ es B ásicas M anut enção d e F er r ament as
M et r o lo g i a M anut enção d e
M and r i lag em e d e So ld ad ur a F er r ament as M anuais
F er r ament as
R o scag em Eléct r i cas
Pneumát icas
LEG EN D A
Módulo em
Pré-Requisito
estudo
0 - INTRODUÇÃO
Binário e Potência. Duas palavras míticas, talvez as mais ouvidas no meio automobilísti-
co. São utilizadas como factores principais de comparação entre automóveis. Poucos
são aqueles que não sabem os valores da Potência máxima e Binário máximo desenvol-
vidos pelo motor do seu veículo e a que valores de rotação (rpm) do motor eles aconte-
cem. O mesmo em relação ao automóvel do vizinho, aos automóveis daqueles que lhe
são mais chegados e, aos automóveis dos seus sonhos (os tais que têm valores de
potência e binários fabulosos).
No entanto, apesar de muitos estarem convencidos de que será melhor e mais desejá-
vel o automóvel que apresentar valores mais elevados de Potência e Binário, também é
verdade que são poucos aqueles que têm a noção correcta do significado dos termos
Potência e Binário aplicados ao automóvel.
Ainda menos são aqueles, que sabem que num motor não interessa apenas os valores
máximos de Potência e Binário desenvolvidos, mas também o comportamento ou evolu-
ção da Potência e do Binário ao longo de todo o regime de rotações do motor. Esta evo-
lução é representada nas chamadas curvas características do motor, que são a imagem
de marca das performances do motor.
1 – POTÊNCIA
1.1 – FORÇA
Define-se por força uma causa que permite alterar o estado de movimento ou de repou-
so de um corpo, ou que pode provocar-lhe uma deformação.
Uma força pode colocar em movimento um corpo que se encontre parado, provocar
uma aceleração num corpo que se encontre em movimento uniforme (a velocidade
constante) ou, provocar a sua desaceleração.
A força é uma grandeza física vectorial (representada por um vector), definida por 4
(quatro) parâmetros:
Direcção da força.
Sentido da força.
Intensidade da força.
Trata-se de uma força com uma intensidade de 1500 N, com ponto de aplicação num
dos extremos da mola, de direcção horizontal e de sentido da esquerda para a direita.
NOTA:
Não confundir direcção da força com sentido da força. Direcção da força, diz res-
peito ao facto da força ser horizontal, vertical, ou em qualquer direcção na diagonal.
Sentido da força, diz respeito ao facto da força, após definida a sua direcção, ser da
esquerda para a direita, da direita para a esquerda, de cima para baixo, ou de baixo
para cima.
EXEMPLO 1:
Na figura 1.2, o operador aplicou uma força (F) à caixa e esta desloca-se sob a acção
dessa força (F) a uma velocidade (v) na mesma direcção e sentido da força aplicada.
Na figura 1.3, a caixa está a deslocar-se a uma velocidade (v) segundo uma direcção e
o operador está a aplicar-lhe uma força (F) na mesma direcção mas no sentido contrário
com o objectivo de a fazer parar.
Fig.1.2 – Força aplicada a uma caixa para a Fig.1.3 – Força aplicada a uma caixa para a
fazer andar
EXEMPLO 2:
1 kgf = 9,8 N
EXEMPLO:
4
4N= = 0,4081 K gf
9,8
1.2 - PRESSÃO
A uma força aplicada a uma determinada superfície dá-se o nome de pressão, ou seja, a
pressão é definida como sendo uma força por unidade de superfície:
Força
Pressão =
Superfície
O Pascal relaciona-se com o Newton (N) e o com o metro quadrado (m2) da seguinte for-
ma:
1 Pa = 1 N/m2 = 1 N.m-2
O Newton (N) é uma unidade de força e o metro quadrado (m2) é uma unidade de super-
fície.
Ou seja:
A pressão pode também ser expressa em outras unidades, como mostra a tabela 1.1:
No caso dos cilindros do motor, a pressão que é gerada sobre o êmbolo é resultado da
força dos gases aplicada à superfície da coroa do êmbolo, como mostra a figura 1.5.
Ou seja:
EXEMPLO:
Considere-se um motor a gasolina que funcione num ciclo a 4 tempos com êmbolos
cujos diâmetros têm de 84 mm de diâmetro.
Resolução:
π × D2 π × 852
S= = = 5672 mm 2 = 56,72 cm2
4 4
F
p=
S
F = 2836 kg
F 2836
p= = = 50 kg /cm2 = 50 bar
S 56,72
Num motor real, a pressão dos gases exercida sobre o êmbolo não é constante ao lon-
go do curso motor (tempo de expansão). De facto, essa pressão vai diminuindo ao longo
do curso motor.
A pressão média eficaz (pme) pode ser calculada em Kg / cm2 a partir da seguinte
expressão:
A pressão média eficaz (pme) permite comparar motores de potência e cilindradas dife-
rentes. É referida muitas vezes nas especificações e características dos diferentes moto-
res.
1.3 - TRABALHO
W=F×d
W – Trabalho.
F - Força aplicada.
d - Deslocamento.
Nota:
Uma força só produz trabalho sobre um corpo que se desloque segundo a direcção
dessa força.
No Sistema Internacional (S.I.), a unidade que define o trabalho é o Joule que se repre-
senta por J, ou o Newton-metro que se representa por N.m.
1J= 1N.m
Ou seja, o Joule resulta da multiplicação do valor da força aplicada (em Newton) pela
deslocamento percorrido pelo corpo (em metros).
Outra unidade utilizada para definir o trabalho, é o Quilograma metro que se represen-
ta por kg.m.
Exemplo:
1.4 - POTÊNCIA
A potência é definida como sendo o trabalho realizado por unidade de tempo. Quanto
maior for o trabalho realizado no menor intervalo de tempo, maior é a potência desenvol-
vida.
Funcionário A :
Funcionário B:
Conclusões:
Funcionário A:
30 caixas
Potência = = 5 caixas / min uto
6 minutos
Funcionário B:
30 caixas
Potência = = 6 caixas / min uto
5 minutos
Qualquer um dos funcionários, para aumentar a potência desenvolvida tem 3 (três) for-
mas possíveis:
Em termos automobilísticos, pode-se dizer que, para dois veículos iguais com potências
diferentes, o mais potente realiza o mesmo trajecto em menos tempo. No entanto, há
que ter em conta que isto só acontece com relações de caixa e diferenciais iguais, assim
como com pneus com as mesmas dimensões.
P – Potência.
W – Trabalho. W F×d
F - Força aplicada. P= =
t t
d - Deslocamento
t - Tempo
No Sistema Internacional (S.I.), a unidade que define a potência é o Watt que se repre-
senta por W. Normalmente utiliza-se um múltiplo do Watt, o kiloWatt que se representa
por kW (1 kW = 1000 W).
Sendo a potência definida como trabalho por unidade de tempo, a unidade Watt pode
ser relacionada com as unidades Joule e segundo da seguinte forma:
1 W= 1 J / s = 1 J.s-1
Outra unidade utilizada para definir a potência, é o Cavalo Vapor que se representa por
CV.
1 CV= 735,5 W
EXEMPLO:
1 metro em 1 segundo
EXEMPLO:
Considere-se que se aplica a um êmbolo de um cilindro, uma força constante que o faz
deslocar desde o PMS ao PMI.
Se a força aplicada ao êmbolo for uma força constante de 1100 kg e o curso do êmbolo
for de 70 mm, o trabalho mecânico desenvolvido será:
F = 1100 kg
d = 70 mm = 0,07 m W = F × d = 1100 0,07 = 77 kgm
W 77
t = 0,1 s P= = = 770 kgms −1
W = 77 kgm t 0,1
É a potência que o motor produziria se não houvessem perdas por atrito durante o seu
funcionamento.
A força que actua sobre o êmbolo, no interior do cilindro, é dada pelo produto entre a
pressão média indicada e a área da superfície do êmbolo onde a força actua (área da
coroa do êmbolo).
A pressão média indicada é a pressão que seria necessário actuar sobre o êmbolo
durante o seu percurso de trabalho (tempo de expansão), para que em condições ideais
a potência desenvolvida fosse igual à potência devida à combustão (potência indicada).
Esta pressão varia com a velocidade de rotação do motor e com a relação de compres-
são.
O trabalho realizado por esta força durante o percurso útil do êmbolo (tempo de expan-
são), é dado pelo produto entre a força e o deslocamento do êmbolo (curso do êmbolo).
Sabendo que a cilindrada unitária (cilindrada de um cilindro) é dada pelo produto entre
a área da coroa do êmbolo e o curso do êmbolo:
VC – Cilindrada unitária.
D – Diâmetro do êmbolo.
π × D2
C – Curso do êmbolo. Vc = ×C
4
π × D2 - Área da coroa do êmbolo.
4
Conclui-se que o trabalho desenvolvido num percurso útil do êmbolo, pode também ser
dado pelo produto entre a pressão média indicada e a cilindrada unitária.
A potência indicada é dada pelo produto entre o trabalho desenvolvido durante um per-
curso útil do êmbolo (tempo de expansão) e o número de percursos úteis realizados pelo
êmbolo por unidade de tempo.
W = pmi × Vc
Num motor de 4 (quatro) tempos, cada ciclo completo corresponde a duas rotações do
motor e, como tal:
PI – Potência Indicada
W n W × n pmi × Vc × n
W – Trabalho. Pi = × = =
2 60 120 120
VC– Cilindrada unitária.
n – Número de rotações do motor.
pmi- Pressão média indicada.
Se se considerar a cilindrada unitária (VC) dada em litros e a pressão média (Pmi) dada
em kg/, a potência indicada num motor a 4 (quatro) tempos é dada em CV a partir da
seguinte expressão:
PI – Potência Indicada
p mi × V c × n p mi × V × n
VC– Cilindrada unitária. c
Pi = =
n – Número de rotações do motor. 120 × 75 900
pmi- Pressão média indicada.
No caso de um motor a 2 (dois) tempos cada ciclo completo corresponde a uma rota-
ção do motor, sendo a potência indicada dada pela seguinte expressão:
PI – Potência Indicada
VC– Cilindrada unitária. p mi × V c × n
Pi =
n – Número de percursos úteis do êmbolo 450
pmi- Pressão média indicada.
O resultado da medição pode então ser convertido em grama por QuiloWatt-hora (gr /
kW.h).
O consumo específico pode ser utilizado como forma de comparar níveis de economia
de consumo de combustível.
A potência específica define-se como sendo a potência efectiva por unidade de cilindra-
da do motor.
EXEMPLO:
Existem vários factores que têm influência na potência específica, tais como:
Relação de compressão.
Etc.
Pe – Potência efectiva
Pi - Potência indicada.
Pe = Pi - Pd
Pd - Potência dissipada.
A potência efectiva também é conhecida por potência ao freio, pelo facto de para a sua
medição ser utilizado um dispositivo frenante.
Este dispositivo é aplicado ao veio motor, opondo-se ao binário motor permitindo assim a
medição do seu valor.
Quando o veio motor roda arrastando o tambor de raio r, o atrito entre este e as sapatas
(Z) tende a fazer rodar o braço (B), o qual é mantido em equilíbrio pelo peso (F) que pen-
de do extremo livre do braço (B).
O motor é montado sobre um suporte adequado e no seu veio motor é acoplado o freio
de Prony, como mostra a figura 1.9. No braço do freio de Prony é colocado um peso (F).
O ensaio com o freio de Prony é realizado com o motor a rodar a uma velocidade de rota-
ção uniforme.
Nestas condições, vai-se apertando regularmente as sapatas (Z) contra o tambor de raio
r, travando o motor até se conseguir o regime de rotação ao qual se deseja medir o biná-
rio motor.
Durante o ensaio, faz-se rodar o motor a diferentes regimes de rotação e faz-se variar o
peso (F) até se conseguir o equilíbrio de forças (forças de acção e reacção que se geram
no veio do motor e no suporte de fixação do motor.
O produto do peso (F) pelo comprimento do braço B do freio de Prony (distância R entre
o veio motor e a linha da acção do peso (F) dá o valor do binário motor em cada condi-
ção de equilíbrio do sistema, nos diferentes regimes de rotação do motor.
Pe – Potência efectiva
Pe = Pi - Pd
Pi.- Potência indicada.
Peso do veículo
Relação peso /potência (do veículo) =
Potência máxima do motor
Peso do motor
Relação peso /potência (do motor) =
Potência máxima do motor
2 – BINÁRIO MOTOR
Como mostra a figura 2.1, a aplicação de cada força a uma determinada distância do
fulcro (distância L) tende a fazer girar o sistema rígido em torno desse mesmo fulcro.
O conjunto das duas forças pode ser substituído por uma única força, com o dobro da
intensidade de cada uma das duas forças. Se cada uma das duas forças tiver uma
intensidade (F), a força única terá uma intensidade (2 × F) , ou seja (2F).
EXEMPLO:
A figura 2.2 mostra a aplicação de um binário para fazer rodar um volante em torno do
eixo A (fulcro). O mesmo binário pode ser aplicado de duas formas:
O binário pode então ser definido como sendo o esforço (através da aplicação de uma
força) que tende a movimentar um determinado corpo, ou sistema rígido, em torno de
um eixo de rotação.
T – Binário.
F – Força aplicada.
d - Distância entre a força aplicada
e o eixo de rotação ou fulcro T=F×d
(braço da força).
Para a mesma força (F) aplicada, quanto maior for a distância (d) entre o ponto de apli-
cação desta e o eixo de rotação maior será o binário resultante (T), ou seja, maior será a
facilidade de rodar o corpo (neste caso a chave de boca simples).
}
F1 = F2 = F
T2 = 2 × T1
d2 =2 × d1
BINÁRIO
T = F × d [N.m]
Força F Newton N
Um binário T =1 N.m pode ser representado por uma força F = 1N aplicada na extremi-
dade do braço de uma chave de boca simples com o comprimento d = 1m.
A figura 2.5.mostra por analogia, uma comparação entre o binário motor gerado através
do sistema biela - manivela e o binário gerado a partir de uma manivela manual.
A figura 2.6 mostra a decomposição das forças que dão origem a o binário motor.
Cilindro
Êmbolo
Cavilhão Biela
Moente de biela
Cambota Moente de apoio
Analisando com algum cuidado a decomposição das forças que mostra a figura 2.6, tem-
se:
No ponto (B), a força F0 provocada pela pressão (P) dos gases sobre a coroa do êmbo-
lo, decompõe-se nas forças F1 e F2.
É a força (F) aplicada no ponto (A), que dá origem ao binário motor da seguinte forma:
T – Binário motor.
Quanto maior for o binário motor desenvolvido por um motor, maior será a sua capacida-
de de gerar o movimento rotativo da cambota, beneficiando o seu poder de resposta às
várias solicitações de aceleração.
Como vimos atrás, o valor do binário motor é T = F × dOA. No entanto, este valor não
é constante, variando a cada momento. Isto porque, a força F e a posição da biela
variam ao longo do curso do êmbolo.
Num motor funcionando num ciclo a 4 (quatro) tempos, apenas o tempo de expansão
(tempo motor) produz um binário motor. Os restantes tempos do ciclo produzem um
binário resistente.
Devido a diferentes causas, o maior valor da pressão no interior do cilindro não aconte-
ce no regime máximo de rotação do motor, mas sim a um valor mais baixo.
Por esta razão, o binário motor máximo não se obtém no regime de rotação máximo do
motor, mas sim a um regime de rotação mais baixo.
Estas forças, aplicadas ao veio motor provocam o chamado binário resistente. Este
binário opõem-se ao binário motor.
Se por exemplo, o veículo começar a subir uma encosta (Fig.2.9.), o esforço aplicado
ao motor aumenta (aumenta o binário resistente) reduzindo a velocidade do veículo.
Se além do veículo subir a encosta, este for sujeito ao carregamento de uma carga
pesada (Fig.2.10.) o esforço aplicado ao motor aumenta mais (aumenta o binário resis-
tente) reduzindo mais a velocidade do veículo. Nesta situação, para aumentar a veloci-
dade a borboleta de aceleração teria que ser mais aberta.
Como se vê, existe um número infinito de combinações possíveis entre a posição da bor-
boleta de aceleração e o esforço a que está submetido o motor (binário resistente), para
se obter a velocidade de rotação do motor desejada para cada caso.
3 – RENDIMENTO
Todas as máquinas térmicas ou mecânicas, qualquer que seja a forma de energia que
utilizem, não podem transformar toda a energia que lhes é fornecida integralmente em
trabalho útil.
Isto porque, no funcionamento das máquinas existem perdas de energia que são
essencialmente de dois tipos:
Perdas térmicas
Perdas mecânicas
No caso dos motores térmicos (o caso dos motores de automóveis), as perdas térmicas
dão-se através do sistema de escape e do sistema de arrefecimento e as perdas mecâ-
nicas dão-se através dos vários atritos internos entre as superfícies dos componentes
do motor em funcionamento.
η < 100 %
O rendimento mecânico pode ser dado pela relação entre a potência efectiva produzida
pelo motor (potência medida no veio motor) e a potência indicada (potência realmente
produzida pela combustão e transmitida ao êmbolo).
Em que,
ηm – Rendimento mecânico
Pe – Potência efectiva
Pe
Pi – Potência indicada ηm =
Pi
Como se viu no sub-capítulo 1.3.3, a potência indicada é a potência que seria produzida
pelo motor se não houvessem perdas por atrito no seu funcionamento.
O rendimento mecânico nos motores actuais é da ordem dos 85%. Os restantes 15%
são perdidos devido aos vários factores acima citados.
O rendimento térmico pode ser dado pela relação entre a potência indicada (potência
realmente produzida pela combustão) e a potência teórica (potência que seria produzi-
da pelo motor se toda a energia calorífica do combustível se transformasse em energia
mecânica).
Em que,
ηt – Rendimento térmico
Pi
Pi – Potência indicada ηt =
PT – Potência teórica PT
Como já se viu atrás, parte da energia fornecida ao motor não é transformada em traba-
lho mecânico perdendo-se sob a forma de calor.
Para se obter um rendimento térmico elevado (num motor de ciclo a 4 (quatro) tempos),
deve-se ter em atenção o seguinte:
O rendimento total pode ser dado pela relação entre a potência efectiva (potência
medida no veio motor) e a potência teórica (potência que seria produzida pelo motor se
toda a energia calorífica do combustível se transformasse em energia mecânica).
Em que,
ηtotal – Rendimento total
Pe – Potência efectiva P
ηtotal = e
PT – Potência teórica PT
O rendimento total pode também ser dado pelo produto entre o rendimento térmico e o
rendimento mecânico.
Em que,
ηtotal – Rendimento total
ηt – Rendimento térmico
ηtotal = ηt × ηm
ηm – Rendimento mecânico
A tabela 3.1 mostra os valores obtidos em média para os rendimentos térmico, mecâni-
co e total:
O rendimento total pode também ser calculado a partir da medição do seu consumo
específico.
O rendimento volumétrico pode ser dado pela relação entre a massa de gases real-
mente introduzida no cilindro em cada ciclo de funcionamento do motor e o peso de
uma carga completa (massa de gases correspondente ao volume total do cilindro).
Em que,
ηv – Rendimento volumétrico
Me
Me – Massa de gases introduzida no cilindro ηv =
Mc
Mc – Massa de gases de uma carga completa
Nota: O valor 3600 que aparece na fórmula, é para efectuar a conversão de consumo
horário (por hora) em consumo por segundo. Notar que 1 hora tem 3600 segun-
dos.
EXEMPLO:
Resolução:
Ce = 0,22 kg / kW.h
PC = 42496 kJ / kg
3600 3600
ηe = = = 0,385 = 38,5 %
Ce × PC 0,22 × 42496
Como já foi dito atrás, só uma pequena parte da energia calorífica do combustível que é
queimado durante o funcionamento do motor, é transformada em energia mecânica. A
parte restante perde-se sob diversas formas.
A figura 3.1 mostra que dos 100% do poder calorífico do combustível, perdem-se 20%
no sistema de refrigeração, 35% no sistema de escape, 15% em atritos mecânicos inter-
nos. Apenas 30% podem ser aproveitados para a propulsão do veículo.
4 – CURVAS CARACTERÍSTICAS
[CV]
Curva de Potência
Curva de Binário
[r.p,m.]
NOTA:
O ponto de intersecção das duas curvas características (potência e binário motor) do
motor não tem qualquer significado. Ele surge apenas por acaso, devido ao facto das
duas curvas estarem representadas num mesmo gráfico.
Qualquer uma das curvas características (potência e binário motor) podem ser repre-
sentadas em gráficos independentes.
r.p.m.
Como se viu atrás, o consumo específico é referido à potência desenvolvida, pelo que o
seu valor é máximo quando o motor funciona no regime mínimo de rotação. Isto porque,
a este regime a potência desenvolvida é mínima.
Nota:
As curvas características obtidas nos bancos de ensaios não são tão regulares
como aquelas que são representadas ao longo deste módulo. Os diagramas
apresentados são representações idealizadas para facilitar a sua compreen-
são. Os processos químicos e físicos que acontecem durante o funcionamento
do motor decorrem com irregularidade e velocidades variáveis em função de
vários parâmetros.
Pontudos - Quando a potência desenvolvida tem valores perto do valor máximo, num
pequeno intervalo de rotações, como mostra a figura 4.4.
Potência[ CV ]
Motor Pontudo
Motor Elástico
Rotações [ r.p.m. ]
Fig.4.4
– Comparação de curvas de potência entre motores
A figura 4.5. mostra um exemplo das curvas características obtidas num banco de
ensaios de um motor pontudo. Notar a evolução da curva de potência.
Características do motor:
4600rpm
- Potência máxima: 223,21 CV
às 6750 rpm
Binário
- Potência específica: 95,57
CV / litro
Podemos ter dois motores com potências máximas iguais mas com curvas de potência
completamente diferentes.
A potência, que é função do binário motor e da rotação do motor, vai subindo à medida que a
rotação sobe, atingindo o seu pico (valor máximo) perto do regime máximo de rotação mas antes
de este ser atingido.
A potência não sobe indefinidamente, nem o seu valor máximo coincide com o valor máximo
de rotações do motor. Há uma diminuição da potência perto do regime de rotação máximo, antes
de se atingir esse mesmo regime de rotação máximo (a cerca de 90 % do regime máximo de
rotação).
Isto porque:
Nos regimes elevados de rotação do motor, a potência do motor pode ser aumentada devido
a:
Isto porque, qualquer um destes aumentos (da secção das condutas de admissão, do
tamanho das válvulas, do número de válvulas e do tempo de abertura das válvulas)
melhora o rendimento volumétrico, conseguindo-se um melhor enchimento do cilindro
nos regimes de rotação elevados.
Nos automóveis desportivos, nos quais se pretende obter a máxima potência possí-
vel, são utilizadas soluções tais como, grandes secções das condutas de admissão,
válvulas com grandes dimensões e com elevados tempos de abertura.
Entre dois motores com igual cilindrada, que tenham o mesmo rendimento volumétrico
que funcionem a um diferente regime de rotação, tem maior potência aquele que rodar
a uma maior velocidade de rotação.
Por este facto, quando os projectistas de motores pretendem obter motores com gran-
des potências mas com pequenas cilindradas, adoptam para esses motores regi-
mes de rotação elevados.
A curva de binário motor ideal, seria uma curva com um elevado valor de binário motor
máximo e praticamente horizontal.
Isso significaria que o motor teria valores de binário motor elevados ao longo de todos
os regimes de rotação do motor. O veículo que tivesse esse motor teria uma boa força
de tracção e poder de resposta em toda a gama de rotações.
No entanto, a curva de binário motor ideal não existe. De um modo geral, o binário motor
cresce desde um valor mínimo correspondente ao regime mínimo de rotação do motor,
tem o seu valor máximo nos regimes de rotação médios do motor (altura em que o enchi-
mento do cilindro se faz de forma mais eficaz), e decresce novamente até o motor atingir
o seu regime máximo de rotação.
A figura 4.6 mostra o exemplo da variação da curva de binário motor em 3 (três) tipos
diferentes de motores: motor de grande cilindrada, motor sobrealimentado e motor
multiválvulas.
Neste caso, a curva de binário motor é uma curva bastante plana. O binário motor é
praticamente constante e elevado ao longo de toda a gama de rotações do motor.
Isto acontece porque os motores de grande cilindrada produzem uma elevada força
resultante da combustão e também porque as dimensões dos êmbolos são elevadas,
produzindo assim um elevado efeito de força e consequente binário motor elevado.
A figura 4.7. mostra um exemplo das curvas características obtidas num banco de
ensaios de um motor deste tipo. Note-se que a curva do binário motor é uma curva bas-
tante plana.
Características do motor:
ia
Cilindrada total: 2599 cm3
nc
-
tê
Po
- Binário máximo: 22,64
kgm às 4600rpm
- Potência máxima: 160 CV
às 5800 rpm
- Potência específica: 61,56
Binário
CV / litro
- Combustível : Gasolina
O valor elevado de binário motor (que acontece apenas num pequeno intervalo de rota-
ções) é devido ao sobreenchimento dos cilindros por acção do turbocompressor.
No entanto a determinado regime de rotação, quando o turbo perde eficácia (não con-
segue encher muito mais os cilindros) o motor continua a aumentar a rotação mas o
binário motor cai rapidamente.
cia
tên
Po
Binário
Características do motor:
- 6 (seis) cilindros em V
- Cilindrada total: 2458 cm3
- Binário máximo: 29,98 kgm
às 3200rpm
- Potência máxima: 200,72 CV
às 5750 rpm
- Potência específica: 81,3
CV / litro
Neste caso, o binário motor máximo é atingido a um regime elevado de rotações. A bai-
xos regimes de rotação, o binário motor tem valores baixos.
Os motores multiválvulas (Fig.4.10) têm duas ou mais válvulas de admissão por cilin-
dro. Isto permite um bom enchimento dos cilindros a elevados regimes de rotação do
motor e consequente valor elevado de binário motor a esses regimes de rotação.
A figura 4.11 mostra um exemplo das curvas características obtidas num banco de
ensaios de um motor deste tipo (motor multiválvulas). Note-se o binário motor máxi-
mo é atingido a um regime elevado de rotações, tendo o binário motor valores baixos a
baixos regimes de rotação.
Características do motor:
ia
- Binário máximo: 18,41 kgm às
nc
tê
Po
5500rpm
- Potência máxima: 157,31 CV às
6500 rpm
- Potência específica: 83,98 CV /
litro
- Combustível : Gasolina Binário
NOTA:
Hoje em dia pretende-se que o binário motor se mantenha o mais constante possível ao
longo de todo o regime de rotação, de modo a originar um maior conforto de condução
e poder de resposta em todos os regime de rotação.
Para este fim, muitas vezes recorre-se à mistura destes três tipos de motores ou a
outras tecnologias tais como sistemas de admissão variável ou de distribuição variá-
vel.
Entre as curvas características (binário motor e potência) dos motores diesel e gasolina
existem em geral as seguintes diferenças:
BIBLIOGRAFIA
PÓS-TESTE
a) Newtons □
b) Newton-Metro [Nm].............................................................................. □
c) Quilogramas [kg]................................................................................... □
d) Watts [W].............................................................................................. □
Cálculos e Curvas Características do Motor S.1
Pós-Teste
a) Newtons [N].......................................................................................... □
b) Newton-Metro [N.m]............................................................................. □
c) Quilogramas [kg]................................................................................... □
d) Watts [W].............................................................................................. □
CORRIGENDA DO PÓS-TESTE
1 c)
2 b)
3 d)
4 a)
5 a)
6 c)
7 a)
8 d)
9 c)
10 b)