Você está na página 1de 30

Lógica e Informação

Frank Thomas Sautter


25/04/2019
Universidade Federal de Santa Maria
Exemplos mı́nimos

1
Se Deus existe, então nem tudo é permitido. Nem tudo é
permitido. Logo, Deus existe.

1
Exemplos mı́nimos

1
Se Deus existe, então nem tudo é permitido. Nem tudo é
permitido. Logo, Deus existe.

2
Se Deus não existe, então tudo é permitido. Nem tudo é
permitido. Logo, Deus existe.

1
Exemplos mı́nimos

1
Se Deus existe, então nem tudo é permitido. Nem tudo é
permitido. Logo, Deus existe.

2
Se Deus não existe, então tudo é permitido. Nem tudo é
permitido. Logo, Deus existe.

O argumento 1 é inválido, ele é uma instância de Falácia da


Afirmação do Consequente; o argumento 2 é válido, ele é uma
instância de Modus Tollens.

1
Validade dedutiva I

Formulação veritativa
Necessariamente, se as premissas são verdadeiras, a conclusão
também é verdadeira.
Necessariamente, se a conclusão é falsa, ao menos uma premissa
também é falsa.

2
Validade dedutiva I

Formulação veritativa
Necessariamente, se as premissas são verdadeiras, a conclusão
também é verdadeira.
Necessariamente, se a conclusão é falsa, ao menos uma premissa
também é falsa.

Formulação informacional
Toda informação veiculada pela conclusão também é veiculada por
ao menos uma premissa.
Toda informação não veiculada por nenhuma premissa também
não é veiculada pela conclusão.

2
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional

3
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional


• Destaque do caráter não-ampliativo da dedução válida.

3
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional


• Destaque do caráter não-ampliativo da dedução válida.
• Homogeneidade de tratamento entre proposições e
argumentos: proposições verdadeiras por lógica são analı́ticas,
argumentos dedutivamente válidos são, em certo sentido,
“analı́ticos”.

3
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional


• Destaque do caráter não-ampliativo da dedução válida.
• Homogeneidade de tratamento entre proposições e
argumentos: proposições verdadeiras por lógica são analı́ticas,
argumentos dedutivamente válidos são, em certo sentido,
“analı́ticos”.
• Informação tem granularidade mais fina do que verdade.

3
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional


• Destaque do caráter não-ampliativo da dedução válida.
• Homogeneidade de tratamento entre proposições e
argumentos: proposições verdadeiras por lógica são analı́ticas,
argumentos dedutivamente válidos são, em certo sentido,
“analı́ticos”.
• Informação tem granularidade mais fina do que verdade.
• Ocultamento das operações modais (Em rigor, elas
continuarão presentes, codificadas nos infons (unidades
mı́nimas de informação), mas invisı́veis no processo de
avaliação lógica).

3
Validade dedutiva II

Benefı́cios da formulação informacional


• Destaque do caráter não-ampliativo da dedução válida.
• Homogeneidade de tratamento entre proposições e
argumentos: proposições verdadeiras por lógica são analı́ticas,
argumentos dedutivamente válidos são, em certo sentido,
“analı́ticos”.
• Informação tem granularidade mais fina do que verdade.
• Ocultamento das operações modais (Em rigor, elas
continuarão presentes, codificadas nos infons (unidades
mı́nimas de informação), mas invisı́veis no processo de
avaliação lógica).
• As operações modais não podem desaparecer por completo,
porque a lógica é a provı́ncia das possibilidades.
3
Informação & infons I

Solução prática: não é requerido saber o que é informação;


pode-se operar com um sucedâneo (Ersatz).
Solução inaceitável? O que é, então, a verdade?

4
Informação & infons I

Solução prática: não é requerido saber o que é informação;


pode-se operar com um sucedâneo (Ersatz).
Solução inaceitável? O que é, então, a verdade?
Infons é a terminologia utilizada para descrever átomos
informacionais, unidades mı́nimas de informação.

4
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:

5
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:
1. Informação no sentido de Shanon, utilizada nas ciências da
comunicação, mede o nı́vel de entropia.

5
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:
1. Informação no sentido de Shanon, utilizada nas ciências da
comunicação, mede o nı́vel de entropia.
2. Informação no sentido de Kolmogorov, utilizada na ciência da
computação, mede a complexidade ou o nı́vel de compressão.

5
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:
1. Informação no sentido de Shanon, utilizada nas ciências da
comunicação, mede o nı́vel de entropia.
2. Informação no sentido de Kolmogorov, utilizada na ciência da
computação, mede a complexidade ou o nı́vel de compressão.
3. Informação semântica:

5
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:
1. Informação no sentido de Shanon, utilizada nas ciências da
comunicação, mede o nı́vel de entropia.
2. Informação no sentido de Kolmogorov, utilizada na ciência da
computação, mede a complexidade ou o nı́vel de compressão.
3. Informação semântica:
• Informação fortemente semântica(Floridi), utilizada na
epistemologia e ética, caracteriza-se como dado (dedomena,
falta de uniformidade) bem-formado (responde pelos aspectos
sintáticos) e significativo (responde pelos aspectos
propriamente semânticos) verdadeiro (legitima o qualificativo
“fortemente”).

5
Informação & infons II

Noções mais comuns de informação disponı́veis na literatura


contemporânea:
1. Informação no sentido de Shanon, utilizada nas ciências da
comunicação, mede o nı́vel de entropia.
2. Informação no sentido de Kolmogorov, utilizada na ciência da
computação, mede a complexidade ou o nı́vel de compressão.
3. Informação semântica:
• Informação fortemente semântica(Floridi), utilizada na
epistemologia e ética, caracteriza-se como dado (dedomena,
falta de uniformidade) bem-formado (responde pelos aspectos
sintáticos) e significativo (responde pelos aspectos
propriamente semânticos) verdadeiro (legitima o qualificativo
“fortemente”).
• Informação fracamente semântica(Carnap & Bar-Hillel),
utilizada na lógica, corresponde à informação fortemente
5
semântica da qual é retirada a cláusula de veracidade.
Infon, n-infon, p-infon

Infon e sentença atômica não podem ser, em geral, identificados.


Por exemplo, se p e q são sentenças atômicas, p ∨ q é menos
informativa do que p e do que q, porque {p} |= p ∨ q,
{q} |= p ∨ q, mas {p ∨ q} 6|= p e {p ∨ q} 6|= q.

No Cálculo Proposicional Clássico há, ao menos, duas maneiras


para produzir infons: uma delas produz uma semântica com infons
negativos (n-infons), a outra, dual da primeira, produz uma
semântica com infons positivos (p-infons).

6
A produção de infons por formas normais

Um literal é ums sentença atômica ou a negação de uma sentença


atômica.
Por Forma Normal Disjuntiva (FND) toda sentença
não-contraditória é equivalente a uma disjunção de conjunções de
literais não repetidos.
Por Forma Normal Conjuntiva (FNC) toda sentença
não-tautológica é equivalente a uma conjunção de disjunções de
literais não repetidos.
Infon (n-infon e p-infon) é uma noção relativa às sentenças
atômicas da linguagem.
Para fins de avaliação de um argumento, é suficiente relativizar os
infons às sentenças atômicas do argumento. Essa relativização se
dará mediante as formas normais disjuntiva completa (FNDC) e
conjuntiva completa (FNCC). 7
Exemplos mı́nimos formalizados I

Se Deus existe, então nem tudo é permitido. Nem tudo é


permitido. Logo, Deus existe.
p: Deus existe; q: Tudo é permitido.
p ⊃ ¬q ¬p ∨ ¬q (¬p ∧ q) ∨ (¬p ∧ ¬q) ∨ (p ∧ ¬q)
¬q ¬q (p ∧ ¬q) ∨ (¬p ∧ ¬q)

p p (p ∧ q) ∨ (p ∧ ¬q)

¬p ∨ ¬q
(p ∨ ¬q) ∧ (¬p ∨ ¬q)

(p ∨ q) ∧ (p ∨ ¬q)

8
Exemplos mı́nimos formalizados II

Teste de validade para n-infons: O argumento é n-válido se, e


somente se, os n-infons da interseção de n-infons das premissas são
n-infons da conclusão.

Teste de validade para p-infons: O argumento é p-válido se, e


somente se, os p-infons da conclusão são p-infons da união de
p-infons das premissas.

9
Exemplos mı́nimos formalizados III

Se Deus não existe, então tudo é permitido. Nem tudo é


permitido. Logo, Deus existe.
p: Deus existe; q: Tudo é permitido.
¬p ⊃ q p∨q (p ∧ q) ∨ (p ∧ ¬q) ∨ (¬p ∧ q)
¬q ¬q (p ∧ ¬q) ∨ (¬p ∧ ¬q)

p p (p ∧ q) ∨ (p ∧ ¬q)

p∨q
(p ∨ ¬q) ∧ (¬p ∨ ¬q)

(p ∨ q) ∧ (p ∨ ¬q)

10
Visualização de p-infons e de n-infons I

p∧q p ∧ ¬q p∨q p ∨ ¬q

¬p ∧ q ¬p ∧ ¬q ¬p ∨ q ¬p ∨ ¬q

n-infons p-infons

11
Visualização de p-infons e de n-infons II

p∧q p ∧ ¬q p∨q p ∨ ¬q

¬p ∧ q ¬p ∧ ¬q ¬p ∨ q ¬p ∨ ¬q

n-infons p-infons

12
As tarefas da lógica

Da invalidade à validade do argumento 1 mediante fortalecimento


mı́nimo de premissa:
¬p ∨ ¬q
(p ∨ ¬q) ∧ (¬p ∨ ¬q) =⇒ (p ∨ q) ∧(p ∨ ¬q) ∧ (¬p ∨ ¬q)
ou seja, ¬(p ⊃ q)
(p ∨ q) ∧ (p ∨ ¬q)

Da validade exuberante à validade austera do argumento 2


mediante enfraquecimento máximo das premissas:
p∨q
(p ∨ ¬q) ∧ (¬p ∨ ¬q) =⇒ (p ∨ ¬q)
ou seja, q ⊃ p
(p ∨ q) ∧ (p ∨ ¬q)

13

Você também pode gostar