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A AÇÃO EM MEMORIAL DO CONVENTO

PLANO DA NARRATIVA ACONTECIMENTOS SIMBOLOGIA

Sofrimento e, até mesmo a


Construção do Convento de morte, dos seres humanos que
Mafra e do povo que o trabalham arduamente na
construiu – resultado de uma construção do convento. É
PLANO DA NARRATIVA DA
promessa do rei (D. João V) para denunciado o sistema social e
HISTÓRIA
que a rainha (D. Maria Ana de politico, com destaque para a
Áustria) concebesse o herdeiro exploração das classes
que tardava (farsa palaciana). desfavorecidas; oposição entre
opressores e oprimidos.

Espaço de sonho criado para


Construção de uma máquina
PLANO NARRATIVO DA alcançar a liberdade em tempos
capaz de subir ao céu apenas
CONSTRUÇÃO DA PASSAROLA de Inquisição; elogio do sonho de
com vontade humana.
voar.

PLANO NARRATIVO DA HISTÓRIA O amor verdadeiro, bem


Juntos pelo amor, tornarão a
DE BALTASAR SETE – SOIS E diferente do amor contratual do
terra habitável.
BLIMUNDA SETE- LUAS rei e da rainha.

PERSONAGENS HISTÓRICAS

Rei de Portugal entre 1707 e 1750. Durante o seu reinado, tentou imitar o esplendor da
corte de Luís XIV, o Rei Sol. Mandou construir o Convento de Mafra, uma obra de
grande imponência suportada pelas remessas de ouro o Brasil. Em Memorial do
Convento, Saramago faz sobressair os aspectos negativos desde monarca. D. João V é
D. JOÃO V
apresentado como um rei vaidoso, excêntrico, superficial e adultero. As suas relações
com a Rainha surgem apenas como cumprimento de dever.
O Rei simboliza o poder e a ordem, mas também a indiferença perante o povo, que
parece existir apenas para satisfazer as suas ambições.
Filha do Imperador da Áustria, casou com D. João, a quem deu dois filhos.
D. MARIA ANA DE Ao longo da narrativa D. Maria Ana de Áustria é apresentada com uma mulher devota,
AUSTRIA submissa e medrosa, que reza novenas e se culpabiliza pela falta de um herdeiro.
Trata-se uma personagem sem grande densidade psicológica.
Padre católico nascido no Brasil, veio para Portugal com o objetivo de aprofundar os
seus estudos. Inventou a passarola, projecto que apresentou a D. João V e que
PADRE
despertou o interesse do Rei.
BARTOLOMEU
No Memorial do Convento, o Padre Bartolomeu de Gusmão representa a sabedoria, o
LOURENÇO DE
conhecimento científico e o sonho de voar. O padre conta com ajuda de Blimunda e
GUSMÃO
Baltasar na realização do seu sonho. Vive com medo da Inquisição – à qual consegue
fugir graças à sua amizade com o Rei -, mas acaba por morrer louco.
Compositor italiano que viveu em Portugal durante algum tempo e foi professor da
infanta D. Maria Bárbara. Distinguiu-se principalmente como organista e cravista.
DOMENICO
No Memorial do Convento, o musico Scarlatti (que representa o conhecimento
SCARLATTI
artístico) associa-se ao projeto da passarola e ajuda à elevação da máquina voadora. A
sua música tem ainda poderes curativos que, mais tarde, salvam Blimunda.
PERSONAGENS FICTÍCIAS

Blimunda possui um dom da clarividência. Em jejum, consegue “ver por dentro” as


vontades dos outros. Partilha com Baltasar um amor verdadeiro e sem complexos
que vai contra os códigos estabelecidos. Quando a passarola leva Baltasar, procura-
BLIMUNDA SETE-LUAS o durante nove anos, até o encontrar num auto de fé, em Lisboa.
Ajuda na construção da passarola com os seus poderes sobrenaturais, reunindo as
vontades necessárias para fazer erguer a máquina voadora. Blimunda representa a
liberdade de amar e de acreditar para além das evidências.

Baltasar é uma das personagens de maior densidade psicológica da obra.


Representa a miséria e a luta pela sobrevivência, numa época em que o rei e os
clérigos subjugam o povo e as suas vontades.
Foi soldado na Guerra da Sucessão Espanhola, onde perdeu a mão esquerda.
BALTASAR SETE- SOIS
Encontra mais tarde, trabalho na construção do Convento e conhece Blimunda
num auto de fé. Com ela partilha a história de amor que serve de eixo à narrativa.
No projeto da passarola, Baltasar representa o saber artesanal, pois vai ser ele
quem vai realizar o trabalho de construção da máquina voadora.

O TEMPO DA HISTÓRIA

D. João V promete construir o Convento de Mafra, se a rainha lhe der um herdeiro. (nesta
1711 altura a rainha já estava grávida da Infanta Maria Bárbara).
Nasce o infante D. José, futuro rei, filho de D. João V e de D. Maria Ana
1714
Inicio da construção do Convento de Mafra , que acabará em 1730.
1717
Casamento do príncipe herdeiro D. José com D. Mariana Vitória de Bourbon (filha de Felipe V
1729 de Espanha).
Casamento de D. Maria Barbara (filha de D. João V )com o futuro rei de Espanha, Fernando VI
Sagração da Basílica do Convento de Mafra (com a presença do rei e do príncipe herdeiro).
1730
Desaparecimento de Baltasar.
Durante 9 anos Blimunda procurou Baltasar, para encontra-lo no auto de fé. Baltasar Morre
1739
BALTASAR- BLIMUNDA REI- RAINHA
 Casamento/”união de facto”  Casamento pela Igreja
(sem a bênção da igreja) UNIÃO  União por contrato
 União de livre vontade (casamento de conveniência)
 Amor autêntico e total  Ausência de amor
AMOR E
 Amor livre  Cumprimento do dever conjugal
TERNURA
 Com gestos de ternura  Sem gestos de ternura
 Iniciação de uma relação desleal:
 Iniciação de uma relação
AMOR E traição do rei e sonhos da rainha
espiritual
ESPIRITUALIDADE com o cunhado
 Respeito mútuo
 Relação de aparência
 Amor fantástico  Contrato de casamento
INICIO DAS
(surgindo fortuitamente no 1º (entre as casas régias da Áustria e de
encontro)
RELAÇÕES Portugal)
 Relações sexuais por amor e  Relações sexuais por obrigação
paixão (para ter herdeiros para a Coroa)
 Relações com prazer RELAÇÕES  Encontros frios e programados
 Despidos nos atos sexuais SEXUAIS  Vestidos nos atos sexuais
 Relações em espaços diversos  Relações no quarto da rainha
 Satisfação dos desejos  Desejos insatisfeitos
 Palácio que é espaço de farsa
 Casa que é espaço de
onde os afetos se perdem
privacidade e convivência
 Com luxo e riqueza que não
 Casa humilde que é espaço da
oferecem a felicidade, apenas a
comunhão familiar CASA disfarçam
 Vivência da intimidade
 Ausência de intimidade
 Aconchego (dormem sempre
 Afastamento (dormem m
juntos e unidos)
quartos separados)
 Acomodamento à vida luxuosa
 Partilha de uma vida humilde
cortesã
 Blimunda e Baltasar vivem, de
 A rainha vive triste, descontente
uma forma simples, uma VIDA
e insatisfeita
relação verdadeira, mas
 O rei surge como devasso,
apaixonada
libertino e ignorante
 A rainha é a mais frágil, que se
 Blimunda é a mulher forte que VALOR DA
sente culpada pelos seus desejos
impõe as regras MULHER insaciados.
CRITICA SOCIAL

O materialismo e a hipocrisia do clero


A sumptuosidade da corte  Riqueza e esplendor
 Luxo e riqueza  Corrupção, intriga e jogos de interesse de
 Frivolidade e intrigas alguns membros
 Aparência  Falta de respeito e devoção
 Moral duvidosa  Situações de imoralidade
 Ostentação  Encontros amorosos das freiras com o rei
 Dessacralização
A prepotência e a devassidão de D. João V
 Megalomania
 Utilização do povo, do dinheiro e da posição Os poderosos
social para satisfazer os seus caprichos  Com todos os privilégios
 Devasso, libertino e ignorante  Exploradores
 Atitudes indecorosas  Opressores
 Adultero (filhos bastardos)  Insultam a dignidade do ser humano
 Relações sexuais com freiras e outras  Autoritários
mulheres  Repressores
 Relação conjugal coo obrigação régia (para
ter herdeiros)

Os autos de fé e o regime de terror da


Inquisição
 A intolerância, perseguições e suplícios: A exploração dos operários na edificação
- a cristãos- novos do convento de Mafra
- aos que cometem delitos de superstição,  Sem privilégios (vida simples e humilde)
feitiçaria, magia, crença sebastianista,  Com trabalho duro (sofrimento e sacrifício)
heterodoxia  Oprimidos
- aos intelectuais  Com a sua dignidade negada
-….  Aniquilados
 Promoção da alienação e do conceito de  Reprimidos e com medo dos poderosos e da
culpa inquisição
 Perseguições e injustiças  Miseráveis física e moralmente
 Terror e obscurantismo
SIMBOLOGIA

Significa grandiosidade e tragedia; surge


TITULO “MEMORIAL” memórias de um passado (construção do
Convento de Mafra)
Uma promessa feita por D. João V esteve na
origem da construção do Convento de Mafra.
Este projeto megalómano reflete um período
de prosperidade económica para Portugal, e
simboliza a ambição desmedida desde
CONVENTO DE MAFRA
monarca.
Paralelamente, o Convento de Mafra
enaltece a miséria e o grande sacrifício dos
homens que trabalharam na sua construção
para satisfazer um capricho do Rei.
O Padre Bartolomeu de Gusmão inventou a
passarola. D. João V forneceu-lhe os meios
económicos para a construção da máquina
voadora – ainda que através de
conhecimentos científicos – oponha-se à
PASSAROLA intolerância religiosa da época. Padre
Bartolomeu de Gusmão, por medo da
Inquisição, acabou por fugir e enlouquecer. A
construção da passarola e da realização do
sonho de voar simbolizam a elevação do
Homem e uma dimensão divina.
Representam a totalidade e perfeição (Sol e
BALTASAR SETE-SOIS E BLIMUNDA SETE-
Lua); o amor e a complementaridade
LUAS
(masculino/feminino)
- três – representa a trindade terrestre
(Blimunda, Baltasar e Bartolomeu) – o trio
representa amizade e a unidade, o saber, o
NUMEROS trabalho e a magia.
- sete – totalidade e perfeição
- nove – gestação, renovação (nove anos
andou Blimunda à procura de Baltasar)
Poder magico (eleva o homem e revela
MUSICA
poderes curativos)
As vontades unidas na mesma causa podem
vencer a ignorância, o fanatismo e a
VONTADES
intolerância e elevar o homem a uma nova
dimensão.

COBERTOR Marca o casamento real por conveniência


Memorial do Convento, de José Saramago

José Saramago, romancista, cronista, dramaturgo, poeta, tradutor, diretor literário e


de jornais, foi galardoado, em 1998, com o prémio Nobel da Literatura.

Contexto Histórico

Memorial do Convento evoca a História portuguesa do reinado de D. João V, no século


XVIII. Descreve essa época de luxos e grandeza da corte de Portugal, que procura
imitar o esplendor da corte francesa do Rei-Sol, Luís XIV. O poder absoluto e o
iluminismo na época.

Casa a 9 de Julho de 1708 com D. Maria Ana de Áustria, irmã do imperador austríaco
Carlos III.

O aparecimento no Brasil de grandes jazidas de ouro de aluvião permite a resolução de


alguns problemas financeiro e leva o rei a investir no luxo dos palácio e das igrejas, e
em ação de graças pelo nascimento do seu filho, D. João V manda construir o
Convento de Mafra, com inclusão de um grandioso palácio e uma extraordinária
basílica.

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