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CORPOLATRIA

Culto exagerado do corpo


A corpolatria é uma cultura na qual o corpo é colocado como principal foco da vida do ser humano. É
considerada um transtorno ou “patologia da modernidade”, caracterizada pela preocupação excessiva com a
aparência física, nem sempre em busca de saúde, mas no sentido de embelezamento físico. 

A pessoa que sofre com esse transtorno é classificada como corpólatra. Para ela, a imagem refletida no
espelho nunca é o bastante, sendo incapaz de satisfazer-se com ela, acreditando sempre que pode e deve
melhorar mais. 

Na área profissional, algumas empresas usam a aparência como um requisito para a seleção dos candidatos e
passam a controlar isso por temer que o visual dos seus funcionários seja associado, de forma negativa, aos
produtos e serviços ofertados pela instituição. No entanto, a prática é criticada por uma parte da sociedade,
causando bastante polêmica.

A idolatria do corpo em civilizações antigas

Embora a definição da corpolatria seja algo revelado pela sociedade moderna, as ações de alguns povos
antigos revelam a aparição desse fenômeno em épocas mais remotas. Em Esparta, na Grécia Antiga, por
exemplo, algumas características já apontavam para a prática da corpolatria. 

Nessa época, o povo espartano tinha uma grande preocupação com seu exército, por isso a educação da
cidade era direcionada de uma maneira específica para que as crianças se tornassem bons soldados. 

Dessa forma, quando uma criança nascia, era feita uma análise minuciosa sobre ela, e se fosse encontrado
algum defeito, ela era descartada sem nenhuma piedade do alto de um monte chamado Taigeto. Essa cultura
era levada tão a sério, que o exército de “homens perfeitos” resultou nos Jogos olímpicos de Atenas. 

No Brasil, desde a colonização, a influência da beleza europeia já disseminava um padrão estético imposto
sobre a sociedade. Nessa época, o máximo de vaidade era o uso de espartilhos e contas para obter uma
cintura fina.

O consumo desenfreado por roupas e cosméticos fez surgir na década de 80 a criação de estereótipos que
foram se moldando na sociedade. Contudo, a busca exagerada pela perfeição pode causar uma série de
transtornos a saúde física e mental do ser humano.

Um exemplo disso são os transtornos, como o isolamento e descontrole emocional de pessoas que não
conseguem seguir os critérios dos estereótipos impostos pela mídia. A pessoa que sofre de corpolatria remete
a sua felicidade a idealização de um corpo perfeito.

Distúrbios físicos 
Nos dias atuais, a sociedade vive uma época onde a aparência tornou-se o principal foco da vida do ser
humano. O culto excessivo ao corpo ou a corpolatria faz com que as pessoas tenham obsessão por um corpo
idealizado pela mídia. Um corpo magro, torneado e sem gordura.

Os principais seguidores desse estereótipo desenvolvido pela mídia são as mulheres. Para os especialistas, um
dos efeitos mais preocupantes causados pelo excesso da corpolatria são as ocorrências de alguns transtornos
alimentares, a exemplo da anorexia e bulimia, que são os mais comuns.
Dentro do contexto epidemiológico, tais transtornos atingem 1% mulheres com idade entre 18 e 40 anos.
Porém, as adolescentes são um grupo mais vulnerável para o desenvolvimento destes transtornos, bem como
as pessoas obsessivas por dietas, com autoestima baixa e insegura.

Anorexia
A anorexia ou anorexia nervosa é um distúrbio alimentar causado pela preocupação excessiva com o excesso
de peso, provocando sérios problemas ao corpo da mulher. Uma mulher mesmo estando bastante magra se
enxerga acima do peso, tendo uma visão completamente distorcida da sua imagem. Ao se olhar no espelho e
ver essa imagem, o medo de engordar se torna ainda maior, o que faz a anoréxica exagerar na atividade física,
realizar jejum e ingerir diuréticos e laxantes. 

O anoréxico (a) sempre se enxerga acima do peso. (Foto: Pixabay)

Bulimia
A principal característica da bulimia é a ingestão exagerada de alimentos em um período curto de tempo.
Seguinte a ação, a mulher é tomada por sentimentos de culpa e vergonha, que levam a vômitos voluntários
para tentar controlar o peso. A pessoa que sofre de bulimia tem os dentes com formato de meia lua devido à
ação erosiva do vômito e o humor é bastante instável. 

Nos dias atuais é importante construir um corpo musculoso a qualquer custo, e sabendo que diversas
substâncias se encontram disponíveis para ganho de massa muscular faz com que, a cada dia, aumente não só
o uso pelos adolescentes e jovens masculinos, mas também pelo público feminino.
Muitas vezes, pela euforia do momento, os jovens iniciam o uso dos esteroides anabolizantes, substâncias que
podem ter efeitos colaterais graves, levando, inclusive, à morte.

Vigorexia
Se por um lado há pessoas que se enxergam acima do peso, por outro existem pessoas obcecadas por um
físico mais torneado. Para elas, a perfeição física está associada a uma estrutura baseada em músculos, com
pouca pele e baixa porcentagem de gordura. 
Diante disso, o objetivo de melhorar a performance física faz com que a maioria dos frequentadores de
academia usem anabolizantes na busca por resultados mais rápidos. A maioria não tem nenhuma pretensão
de participar de competições esportivas, somente ter o corpo “perfeito” ditado pela sociedade midiática.
Os especialistas em saúde afirmam que essa é uma prática muito perigosa, visto que os efeitos colaterais do
uso inadequado de anabolizantes pode causar desde deformidades no corpo até levar uma pessoa a morte.
Pessoas obcecadas pela perfeição física
No Brasil é possível destacar dois casos de corpolatria com grande repercussão na mídia. Um deles é o da
modelo Andressa Urach que quase morreu devido a complicações causada pelo uso inadequado de uma
substância. O outro caso é do modelo Celso Pereira Borges, que morreu em junho de 2015, vítima de
leucemia. 

A modelo e dançarina Andressa Urach de 27 anos teve uma grave infecção na perna devido ao uso irregular
do hidrogel, uma substância utilizada em procedimentos estéticos para aumentar o volume de algumas
regiões do corpo. As complicações de Andressa vieram após 5 ano de realização do procedimento. Na época,
o seu objetivo era aumentar o volume das coxas e bumbum. 

Diante disso, a modelo ficou internada em estado grave e precisou fazer várias drenagens para a retirada do
produto. Andressa quase morreu por conta das complicações e, após receber alta realizou vídeos e palestras
alertando as pessoas sobre os riscos do produto.

Já o modelo Celso Pereira Borges de 20 anos, conhecido como Ken humano, também foi uma vítima da
corporlatria. O ken morreu de leucemia, mas antes da doença ele havia passado por diversas complicações
causadas pelo uso irregular de hidrogel. Assim como Andressa ele teve problemas na perna e precisou retirar
o produto.

Apesar da substância ser regulamentada no Brasil, não há estudos que comprovem a segurança da técnica.
Esse produto, portanto, só deve ser aplicado por médicos e ainda assim oferece riscos se aplicado no local
errado, podendo provocar dores ou comprimir algum vaso sanguíneo.

A corpolatria é uma preocupação de todos. Para evitar que esse distúrbio faça novas vítimas é necessário o
apoio da mídia e de núcleos tecnológicos contra a padronização corporal, a fim de que todos os padrões
estéticos sejam respeitados.

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