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ESCOLA MUNICIPAL PRESIDENTE JOÃO GOULART

Max Montalvão de Mora

ANOREXIA E VIGOREXIA

MANAUS - AM
2019
MAX MONTALVÃO DE MORA

ANOREXIA E VIGOREXIA
Subtítulo de trabalho

Trabalho para obtenção de


nota do segundo semestre
matéria educação física, da
escola Municipal Presidente
João Goulart.

MANAUS-AM

2019
INTRODUÇÃO
Desde a mitologia grega, a beleza tem sido alvo de relevante importância na sociedade. A
beleza era disputada pelas deusas do Olimpo, de modo que, sempre a vencedora despertava a
ira das demais. E ainda hoje nossa sociedade aclama a beleza, impulsionados por uma mídia
de photoshopse inverdades, pelo que os indivíduos se vêem cada vez mais impelidos a
sucumbir à beleza seriada. Aparentemente, este fato tem desencadeado uma série de
transtornos psíquicos relacionados à aparência. Dentre esses transtornos mais usuais,
destacamos a vigorexia e a dependência de exercício. A vigorexia é um tipo de transtorno
dismórfico corporal, em que o indivíduo potencializa defeitos estéticos que possua, ou ainda
imagine que possua. Esse defeito chega a torturá-lo e ele passa a se sentir aparentemente
repugnante. Sua comorbidade é extensa e gera grande sofrimento psíquico, na medida em que
o suposto defeito não se concentra numa parte específica do corpo, mas sim no corpo todo,
podendo o indivíduo se percepcionar como pequeno, fraco e sem vigor. Atinge especialmente
homens e o objetivo obsessivo é a hipertrofia máxima com mínimo de gordura corporal. Os
processos de análise da imagem corporal são delirantes e a insatisfação com os resultados é
permanente. Nessa patologia, o indivíduo se exercita pensando apenas no resultado do
exercício sobre sua aparência. Relativamente à dependência de exercício, esta é qualificada
como um tipo de dependência não química, em que o indivíduo se exercita compulsivamente
pelo prazer que a atividade lhe proporciona. De acordo com alguns estudos (e.g., Hausenblas
e Downs9), as dependências não químicas têm adquirido mais vítimas do que a cocaína.
Dentre as características diagnósticas, encontra-se a abstinência e a perda de controle sobre a
intensidade, frequência e tempo despendido no exercício.
Em tempos atuais, em que encontramos muitas pessoas utilizando o “foco, força, fé” ou “o de
hoje está pago”, com inúmeras fotos em suas redes sociais para compartilhar seus treinos
diários na academia e comprovar o quanto estão empenhadas e centradas em suas conquistas,
é importante entender bem o que é vigorexia.É lógico que não podemos generalizar. É preciso
analisar diversas outras ações, para encaixar alguém em um diagnóstico. Todavia, de modo
geral, tal termo relaciona-se a uma disfunção da imagem corporal, na qual a pessoa se enxerga
mais fraca e magra do que é, na realidade.Com isso, ela desenvolve comportamentos a fim de
conseguir ganhar cada vez mais músculos. O assunto é importante e faz parte do contexto
atual. Continue a leitura e entenda melhor os sintomas, as causas e suas consequências!
1.VIGOREXIA

Transtorno Dismorfico corporal ou Síndrome de Adônis conhecido também com Vigorexia, é


uma psicopatologia decorrente da insatisfação com a autoimagem corporal. A maior
incidência da Vigorexia ocorre no sexo masculino, mas foram encontrados também alguns
casos em mulheres (FALCÃO, 2008). A vigorexia esta presente quando a pessoa tem desejo
absoluto de ter um corpo musculoso, não pensando nas consequências que isso pode trazer e
deixando de lado o bem estar e focando somente nos músculos. Assim, como apontado
anteriormente, causas subjacentes como cobranças sociais, exposições exageradas na mídia
em relação à aparência muscular, podem levar alguns indivíduos ao desejo incontrolado de
atingir um corpo escultural, extremamente musculoso (AGUIAR & MOTA, 2011). Além
disso, pessoas com esse transtorno costumam apresentar problemas de relacionamento social.
Nesse caso, quando se apresentam em público, podem tentar esconder o corpo, que em seu
julgamento está fraco e franzino. Muitas dessas pessoas passam a usar esteroides em
quantidades assustadoras para atingir o corpo almejado, ocasionando, muitas vezes, o
surgimento de tumores hepáticos, acne, disfunções no perfil lipídico, além de outros sintomas
como; euforia e pânico, sem contar com as dietas ricas em proteínas tudo para ganhar massa
magra e remover qualquer elemento gorduroso (SILVA, 2005). A Vigorexia esta totalmente
ligada a aspectos psicológicos, pois ela vem através da mente distorcendo a imagem da
própria pessoa, ou seja, fazendo com que a pessoa tenha uma visão totalmente negativa do seu
corpo, realizando assim exercícios extremamente excessivos para atingir o corpo dos sonhos.

2.0 Causas e sintomas

A causa é individual, assim, o que motiva uma pessoa a ter um transtorno pode ser diferente
do que motiva a outra. Porém, não podemos deixar de mencionar o papel das mídias e dos
influenciadores digitais nessa questão, que acabam sendo referências de corpos perfeitos,
muitas vezes, inatingíveis.

Pode estar relacionada, ainda, a um distúrbio genético ou desequilíbrio químico no cérebro.


Assim, como também, ao fato de a pessoa, por algum motivo, ao longo de sua história de
vida, ter aprendido que sua aparência física tinha grande importância para que ela fosse
valorizada. Já os sintomas podem ser:

Insatisfação com o próprio corpo;


Ansiedade;

baixa autoestima;

insônia;

depressão;

percepção irreal de si mesmo;

irritabilidade e cansaço;

lesão muscular.

2.1 Fatores determinantes da construção da imagem corporal A imagem corporal é um


constructo psicológico que se desenvolve por meio de pensamentos, sentimentos e também
percepções de uma pessoa em relação a sua aparência geral. Desta forma, a imagem corporal
é multifacetada e pode ser alterada por fatores intrínsecos ou extrínsecos e apresentar uma
construção positiva ou negativa (BARROS, 2005). A mídia é um forte contribuinte para o
crescimento da vigorexia em praticantes de Treinamento Resistido. Isso ocorre, na maioria
das vezes pela exposição de corpos esculturais em programas televisivos, que ditam padrões
de beleza, levando indivíduo a acreditar que para ser feliz é necessário ter o corpo perfeito e
que este garantirá trabalho, dinheiro e sucesso. Nesse contexto, o indivíduo passa a utilizar o
treinamento resistido de forma inadequada para alcançar a forma física almejada (CONTI;
FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005). Segundo Aguiar e Mota (2011), a percepção da
imagem corporal pode ser: a)Visual: Aquilo que a pessoa vê no momento que se olha. b)
Mental: O que a pessoa pensa em relação a si mesma. c) Emocional: Como a pessoa se sente
em relação ao que ela esta vendo. d) Cinestésico: Como a pessoa administra as partes do seu
corpo. As experiências responsáveis pela construção da imagem corporal podem ser positivas
negativas e incluem prazeres, cobranças sociais e criticas. A imagem corporal não é só uma
construção cognitiva, mas sim composta por vários outros fatores importantes como: reflexão
de desejos, atitudes emocionais e interação com os outros. Sendo assim a construção da
imagem vem também através de eventos diários Revista Educação Física UNIFAFIBE, Ano
II, n. 2, p. 91-97, dezembro/2013.

2.2. Prevalência da vigorexia em praticantes de treinamento resistido; Cada ano que passa
cresce o uso de substancias ergogênicas, (Ergon= trabalho, Gennan= produzir). Pesquisa
realizada com 80 sujeitos praticantes de treinamento resistido de ambos os sexos, para
descobrir qual o tipo de suplementação essas pessoas ingeriam demonstrou que não houve
diferença entre a dependência pela pratica de exercícios físicos entre homens e mulheres, o
índice de massa corporal também não apresentou correlação estatisticamente significativas
com os escores de dependência. No entanto, os homens dependentes apresentaram maior
prevalência de uso de recursos ergogênicos (63,63%, p = 0,01) que as mulheres. No mesmo
estudo, o IMC não apresentou uma relação estatisticamente significativa com a presença da
atividade física. Entretanto, mesmo com o IMC normal o uso de recursos ergogênicos foi alto
entre os praticantes de treinamento resistido (VIEIRA, ROCHA & FERRAREZZI, 2010)
Outro estudo realizado por Pope, Philips e Olivardia (2000) que envolveu 548 homens,
mostrou que 75% deles se sentem insatisfeitos com o próprio corpo, 52 % eram insatisfeitos
com o abdômen e o peso corporal, 55% não estavam satisfeitos com seu tônus muscular e 38
% infelizes com o tórax, sendo uma grande parte dos praticantes de treinamento resistido
infelizes com seu próprio corpo. A porcentagem de homens insatisfeitos com sua imagem
corporal cresce cada vez mais, sendo que mais de 70% dos praticantes de treinamento
resistido apresentam sintomas de vigorexia (POPE, PHILIPS & OLIVARDIA, 2000). Esse
fato exige que profissionais e academias de ginástica estejam atentos para prevenir e orientar
frente a possíveis sintomas.

3.0. Consequências e tratamento

Muitas vezes, a pessoa tem sua vida social prejudicada, pois a preocupação em atingir o corpo
perfeito a impede de aproveitar momentos de relaxamento com os amigos, nos quais é comum
ter um tipo de alimentação que prejudica seus objetivos.

Outra consequência possível é o indivíduo fazer ingestão de anabolizantes, que apesar de


colocarem em risco sua saúde, ajudam a conquistar os objetivos de forma mais rápida. Tal
conduta pode levar ao aumento da ansiedade e depressão, interferir na fertilidade masculina,
além de colocar em ameaça sua vida, com maiores chances de infarto, insuficiência renal,
trombose e câncer.

O tratamento acontece de acordo com o motivo que levou a pessoa a desenvolver o


transtorno. Geralmente, será preciso recuperar a autoestima, trabalhar a autoaceitação e
verificar a presença de outros sintomas, como ansiedade e depressão.

O acompanhamento psicológico é de extrema importância para ajudar o indivíduo a


reestabelecer sua qualidade de vida. Dessa forma, agora que você entendeu o que é vigorexia,
se conhecer alguém que se encaixe nesse perfil, não deixe de apoiar a pessoa.
Se restou alguma dúvida ou se você quiser acrescentar alguma experiência, coloque um
comentário aqui, que poderemos trocar uma ideia!

Muitas vezes, a pessoa tem sua vida social prejudicada, pois a preocupação em atingir o corpo
perfeito a impede de aproveitar momentos de relaxamento com os amigos, nos quais é comum
ter um tipo de alimentação que prejudica seus objetivos.

Outra consequência possível é o indivíduo fazer ingestão de anabolizantes, que apesar de


colocarem em risco sua saúde, ajudam a conquistar os objetivos de forma mais rápida. Tal
conduta pode levar ao aumento da ansiedade e depressão, interferir na fertilidade masculina,
além de colocar em ameaça sua vida, com maiores chances de infarto, insuficiência renal,
trombose e câncer.

O tratamento acontece de acordo com o motivo que levou a pessoa a desenvolver o


transtorno. Geralmente, será preciso recuperar a autoestima, trabalhar a autoaceitação e
verificar a presença de outros sintomas, como ansiedade e depressão.

O acompanhamento psicológico é de extrema importância para ajudar o indivíduo a


reestabelecer sua qualidade de vida. Dessa forma, agora que você entendeu o que é vigorexia,
se conhecer alguém que se encaixe nesse perfil, não deixe de apoiar a pessoa.

Se restou alguma dúvida ou se você quiser acrescentar alguma experiência, coloque um


comentário aqui, que poderemos trocar uma ideia!
CONCLUSÃO
No presente estudo, ao se comparar os níveis de vigorexia e de dependência de exercício entre
frequentadores de academias e fisiculturistas, averiguou-se não existir diferenças
significativas. Isso ocorre mesmo quando se compara as dimensões da dependência de
exercício e de vigorexia por modalidade sintomática.
A duração da sessão de treino se correlaciona positivamente com a maioria das dimensões da
dependência ao exercício. Enquanto que nenhuma das dimensões da vigorexia apresenta
valores que apresentem semelhante correlação.
O grupo classificado como dependente ou em risco quanto à dependência de exercício revela
níveis médios superiores de vigorexia. Com isso, verifica-se uma tendência para aumentar os
níveis de vigorexia consoante o aumento do risco de dependência de exercício.
Dentre as limitações deste estudo, pode-se apreciar a ausência de instrumento que trace uma
linha de corte para vigorexia no questionário de 21 itens aplicado neste estudo. E ainda o
tamanho e restrições da amostra, a inibição e constrangimento dos sujeitos, a sinceridade nas
respostas dos questionários e ainda a falta de incentivo monetário ou brindes para incentivar a
participação dos sujeitos.
Para isso, sugere-se que o estudo seja refeito com um questionário para vigorexia com linha
de corte para ilustrar melhor a relação entre a dependência de exercício e a vigorexia nas
referidas populações. Ou ainda que se investique os mesmos transtornos em populações
distintas das deste estudo.
REFERÊNCIAS
1. Gama-Filho L, editor. De mal com o espelho: Transtorno dismórfico corporal. Rio de
Janeiro: AC Farmacêutica; 2007.         [ Links ]
2. Novaes JS. A estética: O corpo na academia. Rio de Janeiro: Ed. Shape; 2001.
[ Links ]
3. Antunes HKM, Andersen ML, Tufik S, De Mello MT. O estresse físico e a dependência de
exercício físico. Rev Bras Med Esporte 2006;12:234-8.         [ Links ]
AGUIAR, E.F; MOTA,C.G. Dismorfia muscular: uma nova síndrome em praticantes de
treinamento resistido. Revista brasileira de ciência da saúde, ano 9, n. 27, 2011.
ANTUNES, H. K. M.; ANDERSEN, M. L.; TUFIK, S.; MELLO, M. T. O estresse físico e a
dependência de exercício físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 12, n. 5, p.
234-238, 2006.
ASSUNÇÃO, S.S.M. Dismorfia muscular. Revista Brasileira de Psiquiatria. n. 24 (supl III),
p. 80-84, 2002.
AYENSA, J.I.B. ¿Qué es la imagen corporal? 2002. Disponível em: . Acesso em: 03 de
outubro de 2012. 7h01min
BAMBER, D.; COCKERILL, I. M.; CARROL, D. The pathological status of exercise
dependence. British Journal of Sports Medicine, v. 34, n. 2, p. 125-132, 2000.
BARROS, D. D. Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. Hist Ciênc Saúde, v. 12, n. 2,
p. 574, 2005.
ESCOLA MUNICIPAL PRESIDENTE JOÃO GOULART

Max Montalvão de Mora

ANOREXIA E VIGOREXIA
Subtítulo do Trabalho
Introdução
A alimentação tem grande importância no desenvolvimento adequado das crianças e
adolescentes. A manutenção de um padrão alimentar adequado reflete-se na saúde física e
mental do jovem, proporcionando subsídios para o total aproveitamento de sua
potencialidade. O padrão alimentar adequado nem sempre é do conhecimento dos
adolescentes ou dos adultos com que eles convivem1. O grau e os tipos de comprometimento
do padrão alimentar normal variam muito. Alguns comportamentos inadequados, como
exclusão de determinados tipos de alimentos ou de refeições ao longo do dia e realização de
dietas não balanceadas, podem aparecer isoladamente ou fazendo parte de um transtorno
psiquiátrico2. O transtorno alimentar (TA) mais comum entre os adolescentes, a anorexia
nervosa (AN) é uma séria condição psiquiátrica, com conseqüências potencialmente fatais.
Dados Epidemiológicos
A anorexia nervosa tornou-se uma importante preocupação na área de saúde pública no
mundo ocidental. Há discussões sobre o aparente crescimento da incidência da AN e também
sobre o seu reconhecimento em outras culturas não ocidentais. Há diversos estudos
epidemiológicos sobre TA, em sua maioria realizados em países ocidentais, desenvolvidos
principalmente nos Estados Unidos e Europa. Os dados indicam um crescimento importante
da incidência e prevalência destes transtornos nas últimas quatro décadas. As taxas variavam
entre 0,08 na Suécia na década de 19404 e 8,2 na América do Norte entre 1935 e 19765 por
100.000 na população geral. Na Escócia, encontrou-se a taxa de 4,06 por 100.0006. As taxas
podem ser bem mais elevadas nas populações de risco (adolescentes, sexo feminino). Os
resultados variam entre 0,55 em Monroe -NY entre 1960 e 19767 e 56,7 em Rochester5 por
100.000. No estudo de Szmukler, 1986 havia um aumento da incidência de 4,06 para 30 por
100.000, quando considerava-se apenas a população de risco. Um abrangente estudo
epidemiológico feito na Suécia avaliou a população escolar com 15 anos de idade, em
Göteburg, e encontrou a prevalência de 0,84% para as meninas e 0,09% para os meninos8.
Taxas de prevalência particularmente altas foram encontradas entre estudantes de moda
(3,5%) e bailarinos profissionais (8,6%)9. Mais recentemente, os dados sobre a incidência da
AN são de 0,7% para adolescentes, 0,2% em meninos e 1,1% em meninas
Critérios Diagnósticos
Recusa em manter o peso mínimo para a idade e a altura, por exemplo, perda de peso e
manutenção desta em 15% ou mais do esperado, ou ausência de ganho de peso esperado para
aquele período de crescimento, levando a um peso menor do que 85% do esperado. b) Medo
intenso de ganhar peso ou tornar-se gorda, mesmo estando abaixo do peso. c) Distúrbio na
maneira de vivenciar sua forma ou peso corpóreo, influência indevida da forma ou peso
corpóreo na auto-avaliação, ou negação da seriedade do baixo peso atual. d) Nas mulheres
pós-menarca, amenorréia.
Complicações Clínicas
As conseqüências físicas são semelhantes às de um estado de desnutrição crônico. Quando
acomete crianças ou adolescentes, interfere na curva de crescimento, levando a estaturas
menores do que as esperadas, e atrasa ou até interrompe o desenvolvimento puberal. A Tabela
1 resume algumas das principais complicações clínicas da anorexia nervosa. A maioria delas
são mecanismos compensatórios que o organismo apresenta para tentar ajustar-se à
diminuição da ingestão alimentar. O corpo reage como se houvesse ausência de alimentos no
meio-ambiente e suprime ou diminui todas as funções essenciais, minimizando o gasto de
energia e eventualmente alterando até as funções vitais27. Os quadros mais graves de
anorexia nervosa são mais facilmente identificados. A perda de peso intensa, o tempo
prolongado de evolução da doença, a recusa alimentar não camuflada são indicativos mais
óbvios do quadro de AN27. A Tabela 2 ilustra sinais diagnósticos para os casos menos
severos, ou com menos tempo de evolução.
Transtornos Ansiosos Assim como com os transtornos depressivos, a relação entre AN e os
transtornos ansiosos tem sido bastante estudada. Um estudo identificou a incidência de 65%
de transtornos ansiosos, comparada a 21% nos controles; fobia social e transtorno obsessivo
compulsivo foram os mais prevalentes29. Também neste estudo, comparou-se a taxa de
diagnósticos de transtornos ansiosos entre pacientes com AN após 10 anos de seguimento e
identificou-se que 40% das pacientes sintomáticas para AN tinham diagnóstico de transtornos
ansiosos, comparadas a apenas 17,6% nas pacientes assintomáticas para AN. Transtornos de
Personalidade Traços de personalidade e transtornos podem ter um papel na psicopatologia,
no tratamento e no prognóstico da anorexia nervosa. Certos aspectos da personalidade podem
mudar ou surgir como conseqüência do quadro de anorexia nervosa, ou podem ser
considerados como fatores preditores do prognóstico. As taxas de comorbidade de transtornos
de personalidade e anorexia nervosa variam entre 20% a 80%. Transtorno de personalidade
tipo compulsivo e tipo evitador são os mais comuns entre as anoréxicas. Entretanto, o estado
de desnutrição pode repercutir nas características dos transtornos de personalidade do
indivíduo com AN. Os traços de personalidade mais encontrados nos pacientes com anorexia
nervosa são obsessividade, dependência, rigidez, controle sobre impulsos e perfeccionismo
Tratamento
A anorexia nervosa em crianças pode levar a graves complicações físicas e geralmente está
associada à morbidade crônica. Algumas crianças morrem de anorexia nervosa ou suas
complicações. Para um transtorno que tem repercussões tão graves, o tratamento deve ser
precocemente iniciado e deve conter um programa intensivo e abrangente (Tabela 3).
Aspectos Psicológicos e Terapia Familiar
A abordagem psicológica individual e familiar é parte essencial do tratamento de anorexia
nervosa de início na adolescência. As técnicas adotadas são variadas e devem ser escolhidas
de acordo com as condições apresentadas por cada adolescente. As técnicas psicológicas
cognitivocomportamentais, psicoterapia psicodinâmica individual, terapia familiar e
abordagem familiar psico-educacional têm seu papel no tratamento da AN na adolescência,
devendo ser adotadas em conjunto com as outras formas de tratamento já mencionados.
Particularmente na adolescência, a inclusão da família no tratamento da anorexia nervosa é
uma peça fundamental para a eficácia terapêutica33. Não por considerar a família como fonte
etiológica da doença, e sim pela possibilidade de acolher o sofrimento e a angústia vividos
pelo grupo familiar, que tem um dos seus membros sofrendo de anorexia nervosa. Como já
vimos, essa inclusão está baseada na consideração de que a gênese, o desenvolvimento e a
manutenção desses transtornos é determinada por múltiplos fatores: biológicos, psicológicos,
familiares e socio-culturais, sendo que o fator familiar é enfatizado como muito relevante,
especialmente nos pacientes adolescentes. A participação dos familiares é muito importante
no tratamento; entretanto, com freqüência os pais se mostram assustados e reticentes em
cooperar, sendo necessário motivá-los. Desde os primeiros encontros com a família, é
importante abrir um espaço para perguntas, dúvidas e questionamentos. A terapia familiar tem
a função de suporte e também de acolher os sentimentos de culpa, raiva, hostilidade e a
sensação de impotência, freqüentes na família das pacientes com transtornos alimentares. A
abordagem familiar é um importante instrumento para a equipe terapêutica, pois permite que a
família se torne uma aliada da equipe nos esforços pela recuperação do paciente.
Internação
O tratamento deve ser, a princípio, ambulatorial. A internação caberá à equipe de tratamento
decidir e será indicada em um dos casos abaixo: – peso menor do que 80% do peso esperado
para a altura e a idade; – condições físicas de risco como desidratação ou comorbidades (ex.:
diabetes); – sinais de falência circulatória como baixa pressão arterial, pulso lento, circulação
periférica pobre; – vômitos persistentes ou hematêmese; – condições psiquiátricas de risco
(ex.: auto-agressividade, depressão, sintomas obsessivos ou comportamentos purgativos
graves); – resposta insuficiente ao tratamento ambulatori
Conclusão
A anorexia nervosa de início na adolescência apresenta crescente incidência nas últimas
décadas e tem sido identificada em diferentes culturas e classes sociais. As adolescentes do
sexo feminino são as principais acometidas pelo transtorno alimentar anorexia nervosa,
eventualmente pelo fato da adolescência ser uma fase em que o indivíduo está desenvolvendo
a sua maturidade. Diante do exposto, pode-se justificar a alta prevalência da sintomatologia
anoréxica e da distorção da imagem corporal em adolescentes do sexo feminino na faixa
etária entre 10 e 19 anos, podendo manifestar-se, prematuramente (em meninas menores de 10
anos de idade), como tardiamente (após os 23 anos). É uma patologia de morbidade e
mortalidade potencialmente altas, que apresenta etiologia multifatorial. Portanto, o tratamento
idealmente deve ser feito por uma equipe multidisciplinar (psiquiatra, psicólogo, nutricionista,
terapeuta ocupacional, pediatra ou clínico geral e enfermeiro) e a internação deve ser
considerada em certos casos. As medicações são reservadas para o tratamento de
comorbidades. A comunicação entre os membros da equipe deve ser intensa para que as
abordagens sejam coerentes e consistentes, facilitando assim que o jovem e sua família
consigam beneficiar-se de todos os esforços a eles destinados. A pesquisa continua
desenvolvendo-se em todas as áreas abordadas neste artigo. As informações obtidas deverão
ser progressivamente congregadas para que os pacientes, familiares e profissionais envolvidos
possam otimizar os resultados almejados.
Referências bibliográficas
1. Cordás T. Negrão A. Anorexia nervosa. In: Assumpção FB, ed. Psiquiatria da infância e
adolescência. São Paulo: Ed. Santos; 1994. p.283-90. 2. Fleitlich BW. Transtornos
alimentares na adolescência: o papel dos pediatras. Pediatria Moderna 1997; 33:56-62. 3.
Patton G. Mortality in eating disorders. Psychological Medicine 1988;18:947-51. 4. Theander
S. A psychiatric investigation of 94 female patients. Acta Psychiatrica Scandinavica 1970;
suppl. 214. 5. Lucas AR, Beard CM, O’Fallon WM, Kurlan LT. Anorexia nervosa in
Rochester, Minnesota: a 45-year study. Mayo Clinics Proceedings 1988;63:433-442.

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