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Matematica

Aplicada

www.esab.edu.br
Matemática Aplicada

Vila Velha (ES)


2017
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral
Nildo Ferreira
HISTÓRICO A PARTIR DE SUA REGULAÇÃO:

Em 17/11/2004, inicialmente foi credenciada ‘EM CARÁTER ESPECIAL” para ofertar cursos de pós-
graduação Lato Sensu, por intermédio do Parecer CNE/CES nº 305/2004 e da Portaria MEC nº.
3.693/2004.

Portanto, desde 2004, mediante a oferta de diversos cursos lato sensu em várias áreas do saber, a
Instituição passou a promover a qualificação de profissionais que dispõem de tempo reduzido
para estudos e/ou que não podem se deslocar até os centros de formação. Essa oferta de cursos,
gradualmente, caracterizou-se como um processo dinâmico, empreendedor e compromissado
com a qualidade social da educação.

Em 2006, cumprindo o Marco de Regulação do MEC, a ESAB ingressou no Sapiens, atual e-MEC,
com a solicitação para oferta do curso de Pedagogia presencial.

Em 2009, a ESAB foi credenciada como Instituição de Ensino Superior (IES), por meio da
Portaria/MEC Nº 1.242, de 30 de dezembro de 2009 – Parecer CNE/CES nº 317/2009 para a oferta
do curso de pedagogia presencial.

Em 2010, e já regulada aos marcos do MEC, passou a ofertar Curso de Pedagogia na modalidade
presencial, sob o respaldo da Portaria 14/2010, de 08 de janeiro de 2010. Também em 2010,
ingressou com pedido via e-Mec para a oferta de 18.000 vagas distribuída em três cursos de
graduação na modalidade a distância: Administração, Sistemas de Informação e Pedagogia.

*Em Fevereiro de 2012, foi avaliada para credenciamento nestes três cursos em EAD, com not
máxima 5 (cinco), em todas as dimensões previstas e exigidas pelo MEC.

Em 23 de outubro de 2012, teve sua trajetória educacional coroada, ocasião em que recebeu da
Editora Segmento o PRÊMIO TOP EDUCAÇÃO/ 2012, sendo reconhecida pela sociedade brasileira
como a melhor instituição de formação docente de EaD do País.

Entre os anos 2011 e 2012 a ESAB, recebeu 19 comissões do MEC, para avaliações de seus polos de
apoio em 10 estados e foi credenciada em todos eles, sem que houvesse nenhuma diligência.

Em Agosto de 2013 a ESAB foi credenciada para a oferta de graduação em EAD através da Portaria
Nº 717 de 08 de agosto de 2013.

Em outubro de 2013, obteve autorização para ministrar os cursos de graduação na modalidade à


distância, através das portarias SERES/MEC nº 548, 547 e 549, de 24 de outubro de 2013, com
9.000 vagas iniciais.

Em dezembro de 2013, fazendo parte do Marco Regulatório do MEC, obteve o Reconhecimento


do Curso de Pedagogia Presencial através da PORTARIA nº 648, de 10 de dezembro de 2013.

Em maio de 2014, a ESAB foi recredenciada institucionalmente pelo MEC, tendo uma avaliação
unânime pela comissão composta por três doutores, no quesito “Tecnologia para EAD” com
índices “Muito Além do mínimo do referencial exigido”.

*Nos dias 15,16 e 17/12/2015 – A ESAB teve seu curso de Sistema de Informação RECONHECIDO
também
com grande destaque em sua plataforma SGEI® onde conquistou nota máxima 5.

Em Setembro de 2017 A ESAB foi autorizada através da portaria nº 964 para ofertar o curso em
nível de tecnólogo de Gestão de Recursos Humanos.

Enfim, a ESAB pensa à frente de seu tempo, produz conhecimento e inovação e contribui para a
formação de seres humanos éticos e antenados com os avanços tecnológicos dos tempos atuais.

Consequentemente, promove o crescimento, o desenvolvimento e a evolução da educação


superior no Brasil.

Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Av. Santa Leopoldina, nº 840
Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Apresentação
Caro estudante,

Disciplina de Matemática Aplicada. Vamos percorrer um longo caminho, que inicia


nos conceitos mais elementares da matemática, chegando até suas aplicações.
Alguns assuntos talvez você já tenha estudado, no entanto, aqui eles terão uma
nova abordagem para contribuir de forma significativa na sua vida profissional.

Na elaboração deste material didático foram utilizados os seguintes autores como


referência básica: Guidorizzi (2010), Murolo (2012), Silva e Abrão (2008), por isso
as maiores contribuições deste material são encontradas nessas três obras. Como
referências complementares contaremos com os autores: Demana et al. (2009),
Goldstein, Schneider e Lay (2012), Medeiros (2005), Silva, Silva e Silva (2011) e
Jacques (2010), que no geral trabalham com conceitos mais aprofundados sobre
a disciplina de Matemática.

Estudar matemática requer dedicação, concentração e exata compreensão dos


conceitos. Como trataremos dessas questões com foco nas aplicações em sua área
de interesse, pretendemos que este estudo seja bastante prazeroso e
interessante.

Convidamos você a iniciar esta disciplina com muita motivação para que, ao final
deste estudo, você possa ter um novo olhar sobre os problemas .

Bom estudo!
Objetivo
O nosso objetivo é desenvolver oportunidades de compreender aplicações da
matemática, estabelecendo relações entre conhecimentos específicos . Para isso, é
necessário identificar situações-problema, propor soluções frente a diferentes níveis
de dificuldade e desenvolver o raciocínio lógico e crítico.

Habilidades e competências
• Reconhecer a importância do conhecimento matemático em diferentes
situações-problema.
• Reconhecer os conceitos de funções, limites e derivadas e suas aplicações.

• Estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre


esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares.
• Reconhecer, no contexto social, diferentes significados e representações dos
números e operações – naturais, inteiros, racionais ou reais.
• Comparar e saber utilizar conhecimentos sobre funções, limites e derivadas,
analisando as informações para a construção de argumentos.

Ementa
Números reais (operações, representações e intervalos). Álgebra (uso de
equações e inequações na resolução de problemas). Funções (linear, quadrática,
inversa, composta, exponencial, logarítmica) e suas aplicações (problemas de
demanda e oferta de mercado, receita, custo e lucro). Cálculo diferencial no dia a
dia de um gestor (limites e derivadas) e suas aplicações.
Sumário
1. Conjuntos numéricos e números reais..............................................................................7
2. Uso de calculadora na resolução de operações matemáticas..........................................16
3. Equações do primeiro grau.............................................................................................21
4. Equações do segundo grau.............................................................................................26
5. Inequações do primeiro grau.........................................................................................31
6. Inequações do segundo grau.........................................................................................37
7. Introdução ao conceito de funções.................................................................................43
8. Função linear – parte I...................................................................................................49
9. Função linear – parte II..................................................................................................54
10. Aplicações de função linear............................................................................................60
11. Equação da reta.............................................................................................................69
12. Exercícios sobre função linear.........................................................................................75
13. Função quadrática .........................................................................................................84
14. Função quadrática – parte I...........................................................................................89
15. Função quadrática – parte II..........................................................................................95
16. Aplicações de função quadrática..................................................................................102
17. Exercícios sobre função quadrática...............................................................................106
18. Função inversa.............................................................................................................111
19. Função composta.........................................................................................................117
20. Função exponencial – parte I.......................................................................................123
21. Função exponencial – parte II......................................................................................129
22. Aplicações de função exponencial................................................................................135
23. Função logarítmica – parte I........................................................................................141
24. Função logarítmica – parte II.......................................................................................147
25. Aplicações de funções logarítmicas..............................................................................156
26. Exercícios sobre função inversa, composta, exponencial e logarítmicas......................161
27. O limite de uma função................................................................................................166
28. Cálculo de limites usando suas leis – parte I................................................................171
29. Cálculo de limites usando suas leis – parte II...............................................................176
30. Cálculo de limites usando suas leis – parte III..............................................................181
31. Continuidade e descontinuidade de funções................................................................186
32. Limites no infinito........................................................................................................195
33. Assíntotas horizontais..................................................................................................200
34. Derivadas.....................................................................................................................207
35. Derivadas: Taxa de Variação..........................................................................................213
36. Derivadas de Funções Polinominais e Exponenciais.....................................................220
37. Derivadas: regra do produto.........................................................................................228
38. Derivadas: regra do quociente......................................................................................233
39. Exercícios sobre derivadas............................................................................................238
40. Derivadas: regra da cadeia – parte I.............................................................................243
41. Regra da cadeia – parte II............................................................................................247
42. Derivada de ordem superior.........................................................................................253
43. Exercícios sobre derivadas............................................................................................258
44. Aplicações de derivadas no estudo das funções...........................................................263
45. Aplicações de derivadas no estudo das funções – parte I.............................................270
46. Aplicações de derivadas no estudo das funções – parte II............................................277
47. Aplicações das derivadas nas áreas econômica e administrativa..................................284
48. Exercícios de revisão.....................................................................................................289
Glossário.............................................................................................................................296
Referências.........................................................................................................................303
Conjuntos numéricos e números
1 reais
Objetivo
Representar e fazer operações com números reais, além de trabalhar
com notação de intervalo e potenciação com expoentes inteiros.

Você já observou que uma das atividades mais presentes do nosso dia a
dia é a contagem? Contamos o dinheiro, a quilometragem até chegar
ao trabalho, os habitantes de certa cidade, as páginas de um livro etc.

Houve um tempo em que o homem não sabia contar, pois não era
preciso. Com o passar do tempo, as pessoas passaram a se questionar:
Qual a quantidade de animais nesse rebanho? Quantas batatas foram
obtidas nesta colheita? Quantas pessoas vivem nesta comunidade? A
partir de então começaram a criar diferentes representações para essas
quantidades até chegarem à representação dos números utilizada
atualmente.

Esta primeira unidade trata dos conjuntos de números criados para


representar estas quantidades e sua formalização matemática. Veremos
conceitos que dão base a esta disciplina, do ponto de vista da
matemática e também vamos (re)conhecer tipos de conjuntos e fazer
operações com seus elementos de forma correta, o que nos dará mais
facilidade no momento em que formos resolver problemas.

1.1 Representação dos números reais


De acordo com Demana et al. (2009, p. 3), “[...] um número real é
qualquer número que pode ser escrito na forma decimal.” Esses números
são representados por símbolos já conhecidos por você, como:
7
0, - 5, - 1, 44, 105, - 3, π , e , 3, 3 5, , 1,3636 ... e 0,3.
3

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Todos esses números fazem parte do conjunto dos números reais,
denotado pelo símbolo R. Além disso, eles podem ser representados por
pontos em uma reta horizontal, chamada de reta real. O número 0 é
identificado como a origem. À sua direita marcam-se os valores positivos
e à sua esquerda os negativos, como no exemplo da Figura 1.

− 3 π
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5

Números Números
reais negativos reais positivos
Figura 1 – Reta real.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

2
{
Exemplo 1: Represente o conjunto 3, -5, , 5, -1,5, -π sobre uma
reta real. 3 }
2
−5 −π −1,5 5 3
3
l
–5 –4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4 5

Figura 2 – Reta real representando o conjunto do exemplo 1.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Existem outros conjuntos numéricos conhecidos, que são subconjuntos


dos números reais. São eles: conjunto dos números naturais, dos
inteiros, dos racionais e dos irracionais.

O conjunto dos números naturais, representado por N, tem os seguintes


elementos: N = { 1, 2, 3, 4, 5, ...}.

Os números inteiros, cujo conjunto é representado pelo símbolo Z é


composto pelos números naturais e seus opostos, ou seja, os negativos:
Z = { ..., –3, –2, –1, 0, 1, 2, 3, 4, ...}.

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O conjunto dos números racionais Q é composto por todos os números
a
que podem ser escritos na forma de fração , em que a e b são números
b
inteiros e b ≠ 0. Observe os seguintes exemplos:

7
= 1, 75
4
4
= 0,363636...
= 0,36
11
10
2=
5
-9
-3 =
3
Note que o conjunto dos números inteiros está contido no conjunto dos
números racionais.

Os números irracionais são todos os números que não


pertencem ao conjunto dos racionais, por exemplo:
π, e , 2, 3 9, 1,948563840... Note que nenhum destes pertence
ao conjunto dos números racionais, pois eles não podem ser escritos
como a razão entre dois números inteiros.

Ao unirmos todos os conjuntos mencionados, teremos o conjunto dos


números reais. A Figura 3 mostra como um conjunto está contido no
outro até formar o conjunto dos números reais, que iremos trabalhar ao
longo desta disciplina.

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Números Reais

Números Racionais Números Irracionais

Números Inteiros
Números
Naturais

Figura 3 – Conjuntos numéricos.


Fonte: <www.infoescola.com>.

1.2 Ordem e notação de intervalo


No conjunto dos números reais, é possível dizer que um número é
“maior que” ou “menor que” outro, pois ele é considerado um conjunto
ordenado. Essa característica pode ser identificada na reta de números
reais (Figura 1), e são usados símbolos de desigualdade para fazer as
representações. Os símbolos são: <, >, ≤, ≥.

Vejamos, por meio de alguns exemplos, a utilização desses símbolos.

Símbolo Leitura Significado Representação gráfica


x menor Representa todos os números reais
x <3 que 3 estritamente menores que 3. 3

x maior Representa todos os números reais


x >3 que 3 estritamente maiores que 3. 3

x menor
Representa todos os números reais
x ≤3 ou igual 3
menores ou iguais a 3.
a3
x maior
Representa todos os números reais
x ≥3 ou igual
maiores ou iguais a 3. 3
a3

x entre Representa todos os números reais


−2 ≤ x ≤ 4 –2 e 4 entre –2 e 4. –2 4

Quadro 1 – Ordem dos números reais.


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

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Ao tomarmos um “pedaço” do conjunto dos números reais, como
nos exemplos do Quadro 1, é possível utilizarmos outra notação para
representar esse intervalo de números: a notação de intervalos.

Os intervalos são muito importantes no estudo de funções. Fique atento, pois você irá
precisar desses conceitos daqui a pouco!

A desigualdade –2 ≤ x ≤ 4 é um intervalo limitado. Além disso, dizemos


que ele é fechado, pois inclui os extremos –2 e 4. Existem quatro tipos
de intervalos limitados. Vejamos sua notação em comparação com a
notação de desigualdade.

Notação de Notação de
Tipo de intervalo Representação gráfica
intervalo desigualdade

[2,3] Fechado 2 ≤ x ≤3 2 3

]2,3[ Aberto 2 < x <3 2 3

Fechado à esquerda e
[2,3[
aberto à direita
2 ≤ x <3 2 3

Aberto à esquerda e
]2,3]
fechado à direita
2 < x ≤3 2 3

Quadro 2 – Intervalos limitados de números reais.


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Note que os números 2 e 3 são os extremos do intervalo. Na


representação gráfica, quando um valor extremo pertence ao intervalo,
marca-se uma “bolinha” fechada sobre a reta. Já quando um valor
extremo não pertence ao intervalo, marca-se uma “bolinha” aberta sobre
a reta, isto é, consideram-se todos os valores muito próximos ao extremo,
menos ele.

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Agora conheceremos os quatro intervalos não limitados, mas para isso é
preciso lembrar que o símbolo –∞ é utilizado para representar o infinito
negativo e o símbolo +∞ para representar o infinito positivo.

Notação de Notação de
Tipos de intervalo Representação gráfica
intervalo desigualdade

[3, +∞[ Fechado x ≥3 3

]3, +∞[ Aberto x >3 3

Fechado x ≤3 3

Aberto x <3 3

Quadro 3 – Intervalos não limitados de números reais.


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

Observe que o intervalo aberto ]–∞, +∞ [ pode ser utilizado para


representar o conjunto dos números reais.

Exemplo 2: Converta a notação de intervalo para desigualdade ou vice-


versa. Encontre os extremos e verifique se o intervalo é limitado, seu tipo
e a representação gráfica.

a. ]‒3, 2]

Solução: A notação de desigualdade para esse intervalo corresponde a


–3 < x ≤ 2; o intervalo é limitado, do tipo aberto à direita e fechado à
esquerda, e seus extremos são ‒3 e 2.

b. 1 ≤ x ≤ 5

Solução: A notação de intervalo é [1, 5]; o intervalo é limitado e


fechado, com extremos 1 e 5.

c. ]–∞, 2[

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Solução: A notação de desigualdade é x < 2; o intervalo não é limitado, é
aberto e possui apenas o extremo 2.

1.3 Propriedades básicas da álgebra


Existem algumas operações possíveis de serem feitas com o conjunto dos
números reais. Elas são conhecidas como adição, subtração, divisão e
multiplicação. No entanto, existem propriedades da álgebra (regras) que
devemos conhecer para realizar as operações corretamente.

Propriedades
1. Comutativa
• Adição: 3 + 4 = 4 + 3
• Multiplicação: 3 ⋅ 4 = 4 ⋅ 3
2. Associativa
• Adição: (3 + 4) + 5 = 3 + (4 + 5)
• Multiplicação: (3 ⋅ 4) ⋅ 5 = 3 ⋅ (4 ⋅ 5)
3. Elemento neutro
• Adição: 3 + 0 = 3
• Multiplicação: 3 ⋅1 = 3

4. Oposto
• 3 + ( −3) = 0
• Dizemos que −3 é o oposto de 3 e vice-versa.

5. Inverso
1
• 3 ⋅ =1
3 1
• Dizemos que 3 é o inverso de 3, pois seu produto é igual a 1.

6. Distributiva
• a ⋅ (b + c ) = ab + ac
• ( a + b ) ⋅ c = ac + bc

Quadro 4 – Propriedades da álgebra.


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

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Essas propriedades serão utilizadas ao longo da disciplina como
ferramenta na realização dos cálculos, especialmente a propriedade
distributiva.

1.4 Potenciação com expoentes inteiros


A potenciação é uma notação (símbolo) criada para simplificar a
representação de produtos com o mesmo termo, isto é, podemos
representar 2 . 2 . 2 . 2 . 2 como 25. Dizemos “2 elevado a 5” e chamamos
o número 2 de base e o 5 de expoente.

A base de uma potência pode ser qualquer número real e, neste caso, o
expoente será um número inteiro. Nesse sentido, podemos fazer diferentes
operações com as potências, mas observando as seguintes propriedades.

Propriedades Exemplos

1. a m ⋅ a n = a m+n 32 ⋅ 35 = 32+5 = 37

am 35
n
= a m −n 2
= 35−2 = 33
2. a 3

3. a 0 = 1 0
( −7) = 1

1 1
a −n = 3−5 =
4. an 35

5. ( a ⋅ b )n = a n ⋅ b n (2 ⋅ 3)−4 = (2 −4 ) ⋅ (3−4 )

6. ( a n )m = a nm (35 )2 = 35⋅2 = 310

n 5
a an 2 2
5
7.   = n   = 5
b  b 3 3

Quadro 5 – Propriedades da potenciação.


Fonte: Elaborado pelos autores (2013).

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Exemplo 3: Usando as propriedades de potenciação, simplifique as
expressões a seguir supondo que os denominadores sejam diferentes de
zero.

x 4 y3
a. 2 5
x y
x 4 y3 4 -2 3-5
Solução: Pela propriedade 2, temos:= 2 5
x= y x 2 y -2 .
x y

(3 x 2 )2 y 4
b.
3 y2
(3 x 2 )2 y 4 32 x 4 y 4
Solução: Pelas propriedades 2 e 6, temos: = 2
= 2
3x 4 y 2 .
3y 3y
-3
2
c.  
 xy  -3 3
2  xy  x3 y3
Solução: Pelas propriedades 4, 5 e 7, temos:  =  =  .
 xy  2 8

Saiba mais
Note que em um dos exemplos anteriores, a
resposta nos fornece uma dízima periódica, ou
seja, uma repetição periódica e infinita de um
ou mais algarismos. Nesse caso, o período é 36 e
representamos a repetição com um traço sobre a
sequência que se repete. Para saber mais sobre o
assunto acesse a esta página ou assista ao vídeo
disponível aqui.

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Uso de calculadora na resolução de
2 operações matemáticas
Objetivo
Usar a calculadora na resolução de operações matemáticas.

A calculadora é um importante instrumento para realização de operações


matemáticas. Existem diferentes tipos de calculadoras, que variam
de acordo com o modelo e a capacidade de realizar operações. As
calculadoras mais simples são aquelas que realizam apenas as operações
básicas (adição, subtração, divisão, multiplicação e porcentagem). As que
oferecem funções como a logarítmica, a exponencial e as trigonométricas
usualmente são chamadas de calculadoras científicas. Além disso, temos
calculadoras específicas para a área financeira ou para a engenharia, com
funções mais avançadas e construção de gráficos.

Para o nosso curso, a calculadora científica é suficiente. A Figura 4


mostra um exemplo desse modelo de calculadora.

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Figura 4 – Calculadora científica.
Fonte: <www.casio-intl.com>.

Observe que nela, além das operações básicas, estão disponíveis as


funções trigonométrica, logarítmica, exponencial, raiz, entre outras.
Além disso, o uso de parênteses, muito comum na matemática, também
pode ser feito.

Para descobrir o valor de uma expressão matemática como


7 × (1,35 + 2, 43)
com o uso da calculadora científica, basta digitar a
4,5
expressão toda, utilizando as funções destacadas na Figura 5. Perceba que
na calculadora a operação de multiplicação é representada por um x.

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Figura 5 – Funções para resolver a expressão.
Fonte: <www.casio-intl.com>.

Inicialmente seleciona-se a função , que representa uma fração:

A função replay possui quatro flechas, e assim é possível posicionar a


digitação no numerador ou denominador da fração. Primeiramente
digitamos o numerador, por exemplo 7 × (1,35 + 2,43), nesse mesmo
formato, utilizando os parênteses. Em seguida é preciso posicionar a
digitação para que se possa inserir o denominador e finalmente apertar o
sinal de igualdade para obter a resposta.

7 × (1,35 + 2, 43)
= 5,88
4,5

Se necessário, é possível transformar os números decimais em


fracionários, e vice-versa, com a função: .

www.esab.edu.br 18
147
Nesse caso, basta pressionar a tecla e teremos 5,88 = .
25

Dica
Na página, disponivel aqui, você encontra uma
calculadora científica on-line. Não deixe de
conhecer e praticar!

Outras funções importantes são raiz e potência. Vejamos como utilizar


a calculadora para encontrar o valor da expressão 2 4 - 144 + 5 32.
Iremos utilizar as funções destacadas na Figura 6.

Figura 6 – Funções para resolver a expressão.


Fonte: <www.casio-intl.com>.

Para digitarmos a potência 24 utiliza-se a função destacada posicionada à


direita, em que aparece:

Com a função replay, posiciona-se para digitar a base 2 e o expoente 5


em seus respectivos lugares.

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A raiz quadrada 144 pode ser digitada com a função mostrada à
esquerda, na Figura 6, , bastando digitar o número 144.

Para raiz quinta, isto é, raiz com índice 5, é preciso pressionar a tecla

SHIFT (no canto esquerdo superior) e em seguida a tecla . Assim é

selecionada a função em amarelo (acima da tecla), aparecendo o seguinte:

. Então, basta digitar o índice 5 e o radicando 32.

Para resolver a expressão completa, usam-se todas as funções citadas em


cada parte até formar a expressão 2 4 - 144 + 5 32 e pressiona-se o sinal
de igualdade para obter a solução.

2 4 - 144 + 5 32 =
6

O uso da calculadora é bastante útil, pois facilita os cálculos com as


operações matemáticas. No entanto, para utilizá-la é preciso saber
resolver os cálculos de acordo com as propriedades da álgebra citadas na
unidade 1.

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3 Equações do primeiro grau

Objetivo
Apresentar equações do primeiro grau.

As equações são importantes na resolução dos problemas que iremos


abordar nas próximas unidades, principalmente quando falarmos sobre
funções. Assim como as funções estão presentes no dia a dia das pessoas,
as equações, como ferramenta de resolução de casos específicos nos
problemas de funções, também apresentam-se em problemas do nosso
cotidiano, como a função linear que nos dá uma relação entre o preço
em função da quantidade litros abastecido de determinado combustível.
Aproveite para conhecer as principais ferramentas para a resolução das
questões que serão abordadas nesta disciplina.

3.1 Equações
Segundo Demana et al. (2009, p. 37), “[...] uma equação é uma
afirmativa de igualdade entre duas expressões”, ou seja, em uma equação
ambos os lados (expressões) são iguais. Isso nos permite realizar qualquer
operação em ambos os lados da equação e a igualdade ainda se mantém.

De acordo com as definições de equação, vejamos alguns exemplos para


melhor compreensão:

1. 3 x − 7 = 2 x + 3
2. x 2 + 2 x + 1 = 0
3. 6 y − 1 = 0
4. x +2 = x −3
5. 5a − 2 = 2 + a
8 4

www.esab.edu.br 21
Note que a primeira equação é formada por duas expressões:

3x – 7 e 2x + 3.

Sendo assim, você pode observar as expressões que compõem todas as


equações dos exemplos citados.

Na equação 3x – 7 = 2x + 3, se substituirmos o valor 10 no lugar da


variável x, teremos o seguinte:

3 . 10 – 7 = 2 . 10 + 3
30 – 7 = 20 + 3
23 = 23

Isso quer dizer que o valor 10 é solução da equação 3x – 7 = 2x + 3, pois


torna a igualdade verdadeira. Nesse sentido, resolver uma equação é
encontrar todos os valores que satisfazem essa igualdade.

Para resolver uma equação são utilizadas operações que mudam a “cara”
da equação sem alterar sua solução. É o que chamamos de equações
equivalentes. Vejamos, por meio de um exemplo, as operações utilizadas
na resolução de uma equação.

Exemplo 1: Resolva a equação 4x – 7 = 2x + 3.

Subtraia 2x em ambos os lados para eliminar a


4x − 7 = 2x + 3 variável x do lado direito e isolar no lado esquerdo.
Adicione 7 de ambos os lados para eliminar os
2x − 7 = 3 números do lado esquerdo e isolar no lado direto.
Divida ambos os lados por 2 para obter o valor da
2 x = 10 variável x.
x =5 Assim, o conjunto solução será {5}.

De forma geral, é possível realizar as seguintes transformações nas


equações: adicionar o mesmo número ou a mesma expressão em ambos
os lados; subtrair o mesmo número ou a mesma expressão em ambos os
lados; multiplicar ambos os lados pelo mesmo número (ou expressão)
não nulo; dividir ambos os lados pelo mesmo número (ou expressão)
não nulo; simplificar expressões em um dos lados de uma equação.

www.esab.edu.br 22
3.2 Equações do primeiro grau
Uma equação do primeiro grau possui a forma ax + b = 0, em que a e b
são números reais e a ≠ 0. Além disso, ela apresenta uma única solução.

Vejamos algumas equações do primeiro grau e o processo para


determinar seu conjunto solução.

Exemplo 2: Resolva as equações.


5x - 2 x
a. = 2+
8 4

Solução: Veja que estamos trabalhando com frações cujos


denominadores são 8, 1 e 4. O mínimo múltiplo comum é 8.

5x − 2 x Multiplique ambos os lados por 8 para eliminar os


=2+ denominadores em todas as parcelas.
8 4
 5x − 2   x Segundo a propriedade distributiva vista na
8⋅  = 8⋅2 +  unidade 1.
 8   4
x
5x − 2 = 8 ⋅ 2 + 8 ⋅
4
Some 2 em ambos os membros para eliminar os
5 x − 2 = 16 + 2 x números do lado esquerdo e isolar no lado direto.
Subtraia 2x em ambos os membros para eliminar a
5 x = 18 + 2 x variável x do lado direito e isolar no lado esquerdo.
Divida ambos os membros por 3 para obter o valor
3 x = 18 da variável x.

x =6 Assim, o conjunto solução será {6}.

b. x - 3 x =2 - x
5 4 8

www.esab.edu.br 23
Solução: Neste caso, o mínimo múltiplo comum dos denominadores das
frações é 40.

x 3x x Multiplique ambos os lados por 40 para eliminar


− =2− os denominadores em todas as parcelas.
5 4 8

x 3x x Segundo a propriedade distributiva vista


40 ⋅ − 40 ⋅ = 40 ⋅ 2 − 40 ⋅ unidade 1.
5 4 8
8 x − 30 x = 80 − 5 x
Some 5x em ambos os membros para eliminar
−22 x = 80 − 5 x a variável x do lado direito e isolar no lado
esquerdo.
Divida ambos os lados por -17 para obter o valor
−17 x = 80 da variável x .

80
x=−
17 { }
Assim, o conjunto solução será −
80
17
.

c. 5x = 2x – (1 – 3x)
Solução:

5 x = 2 x − (1 − 3 x ) Remova os parênteses usando as regras da subtração.

5x = 2 x − 1 + 3 x Atenção para os sinais!

Subtraia 5x em ambos os membros para eliminar a variável x


5x = 5x − 1 do lado direito e isolar no lado esquerdo.
A igualdade não é verdadeira. Neste caso, dizemos que a
0 = −1 equação não admite solução.

x +5
d. =7
x -3
Solução: Os denominadores das frações são x – 3 e 1. Dessa forma, o
mínimo múltiplo comum entre eles é x – 3.

www.esab.edu.br 24
x +5 7 Multiplique ambos os membros por x-3 para eliminar os
=
x −3 1 denominadores em todas as parcelas.

 x +5
( x − 3)   = 7( x − 3) Segundo a propriedade distributiva vista na unidade 1.
 x −3
Subtraia x em ambos os membros para eliminar a variável
x + 5 = 7 x − 21 x do lado esquerdo e isolar no lado direito.
Some 21 em ambos os membros para eliminar os
5 = 6 x − 21 números do lado direito e isolar no lado esquerdo.
Divida ambos os membros por 6 para obter o valor da
26 = 6x variável x.

26 Simplifique a fração dividindo o numerador e o


=x denominador por 2.
6
13
3
=x Assim, o conjunto solução será {}
13
3
.

Note que o valor encontrado deve ser um número diferente de 3, pois


caso contrário o denominador da fração seria zero, e não é possível
dividir por zero.

Verifique se as soluções encontradas são verdadeiras utilizando uma calculadora.


Assim você já estará praticando!

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 25
4 Equações do segundo grau

Objetivo
Apresentar equações do segundo grau.

As equações do segundo grau podem ser aplicadas na resolução de


problemas relacionados a funções do segundo grau, mas também em
problemas específicos como o cálculo das dimensões de um campo de
futebol para a Copa do Mundo. Sabe-se que o comprimento de um
campo tem 40m a mais do que a largura e sua área total é 10.800m2.
A equação que encontra o tamanho dos lados do campo de futebol é a
equação do segundo grau x2 + 40x – 10.800 = 0. Esta unidade mostra o
que é uma equação do segundo grau e como resolvê-la.

As equações do segundo grau são da forma ax2 + bx + c = 0, em que a,


b, e c são números reais e a é diferente de zero. Note que, se a for igual a
zero, cairemos em uma equação do primeiro grau.

A seguir, são dados alguns exemplos de equações do segundo grau:

1. 3 x 2 + 5 x + 2 = 0
2. 4 x 2 − 20 x = −17
3. x (3 x + 11) = 20
4. x 2 − x − 20 = 0
5. ( x − 9)( x + 4) = 0

Nos exemplos (3) e (5), as equações estão escritas na forma fatorada. Veja
que ao aplicarmos a propriedade distributiva no exemplo (5), teremos a
seguinte equação equivalente:

www.esab.edu.br 26
(x – 9)(x + 4) = 0
x2 + 4x – 9x – 36 = 0
x2 – 5x – 36 = 0

Ao substituir o valor 9 na equação, verificamos que ele é solução desta


equação do segundo grau.

x2 – 5x – 36 = 0
92 – 5 . 9 – 36 = 0
81 – 45 – 36 = 0

O mesmo acontece com o valor –4, isto é, ele também é solução desta
equação.

Observe que, ao escrevermos a equação na forma fatorada ((x – 9)(x + 4)


= 0), esses números aparecem de forma evidente. Devemos apenas tomar
cuidado com o sinal, que é sempre o oposto (contrário) do que está
aparecendo. Portanto, uma forma de encontrar as raízes é, se possível,
escrever a equação na forma fatorada.

Outro caminho é utilizar a fórmula de Bhaskara. Para isso, considere


uma equação do tipo ax2 + bx + c = 0. As soluções dessa equação são
encontradas por meio da seguinte fórmula:

-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a

Exemplo 1: Encontre o conjunto solução da equação x2 – x – 6 = 0.

Solução: Para utilizarmos a fórmula de Bhaskara, destacamos os valores


dos coeficientes, ou seja, os valores de a, b e c. Observe neste exemplo
que a = 1, b = 1 e c = 6. Agora basta substituir.

www.esab.edu.br 27
-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a
-( -1) ± ( -1)2 - 4 ⋅ 1 ⋅ ( -6)
x=
2 ⋅1
1 ± 1 + 24
x=
2
1± 5
x=
2

Então, temos como soluções:

1+ 5 1-5
x1 = = 3 x2 = = -2
2 2
O conjunto solução desta equação é {‒2, 3}.

Observe que nos exemplos mostrados as equações apresentaram duas


soluções. Isso sugere que as equações do segundo grau possuem duas
soluções.

Vejamos alguns exemplos de como encontrar as soluções de uma equação


do segundo grau.

Exemplo 2: Encontre as soluções da equação:

a. 3x2 ‒ 6x = 5
Solução: Inicialmente devemos deixar a equação igualada a zero:

www.esab.edu.br 28
Assim, devemos subtrair 5 de ambos os membros
3x 2 − 6 x = 5 para eliminar os números do lado direito.
Aplicamos a fórmula de Bhaskara para
3x − 6 x − 5 = 0
2
a = 3, b = − 6 e c = − 5 para encontrarmos
as raízes da equação.

−( −6) ± ( −6)2 − 4 ⋅ 3 ⋅ ( −5)


x=
2⋅3

6 ± 36 + 60
x=
6
6 ± 96
x=
6

Dessa forma, as soluções são:

6 + 96 6 - 96
=x1 ≅ 2,63 =x2 ≅ -0,63
6 6

b. (x – 2)(x + 1) = 0
Solução: Esta equação do segundo grau está na forma fatorada e suas
soluções encontram-se visíveis na própria equação: x1 = 2 e x2 = –1.
Observe que sempre tomamos o valor com o sinal oposto.

Ao substituirmos o valor 2 na equação (x – 2)(x + 1) = 0, ele será uma


solução, pois (2 – 2)(2 + 1) = 0 . 3 = 0. O mesmo acontece para o valor
–1, isto é, (–1 – 2)(–1 + 1) = (–3) . 0 = 0.

c. (x + 5)2 (2x – 7)2 = 82


Solução: Inicialmente devemos desenvolver os quadrados utilizando a
propriedade distributiva:

(x + 5)2 = (x + 5)(x + 5) = x2 + 10x + 25 e


(2x – 7)2 = (2x – 7) (2x – 7) = 4x2 –28x + 49

www.esab.edu.br 29
Assim, temos a equação:

( x + 5)2 (2 x − 7)2 = 82

x 2 + 10 x + 25 + 4 x 2 − 28 x + 49 = 82 Combinamos os termos semelhantes.

Aplicamos a fórmula de Bhaskara com


5 x − 18 x − 8 = 0
2 a = 5, b = − 18 e c = − 8 e
encontramos as raízes da equação.

−( −18) ± ( −18)2 − 4 ⋅ 5 ⋅ ( −8)


x=
2 ⋅5

18 ± 324 + 160
x=
10
18 ± 22
x=
10

As soluções são as seguintes:

18 + 22 18 - 22 4 2
x1 = =
4 x2 = =
- = -
10 10 10 5

É interessante notar que sempre podemos resolver uma equação do


segundo grau pela fórmula de Bhaskara, mas é um caminho que exige ou
pouco mais de cálculos. A forma fatorada nos dá as soluções de maneira
mais imediata, mas se a equação não estiver inicialmente nesta forma,
nem sempre é evidente transformá-la em sua forma fatorada.

www.esab.edu.br 30
5 Inequações do primeiro grau

Objetivo
Apresentar inequações do primeiro grau.

Nesta unidade precisaremos de conceitos abordados na unidade 1,


principalmente sobre desigualdades e sua representação na reta de
números reais.

Uma inequação do primeiro grau com variável é uma desigualdade


do tipo ax + b < 0, ax + b ≤ 0, ax + b > 0 ou ax + b ≥ 0, sendo a e b
números reais e diferente de zero. Dessa forma, alguns exemplos de
inequações do primeiro grau são:

1. 5 x + 3 ≥ 0
2. x − 2 < 3
2 7
3. 3( x − 5) − 4( x + 6) ≤ 7

2 x − 3 5x + 4 3x
4. − ≤5−
3 6 8

Resolver uma inequação significa encontrar valores de x que satisfaçam


a desigualdade. A inequação do exemplo 1 apresenta um conjunto de
valores como solução. Por exemplo, o valor 1:

5x + 3 ≥ 0
5∙1 + 3 = 8 ≥ 0

Portanto, o número é solução da inequação. Ao substituirmos os


valores 2, 3, ... , eles também serão solução da inequação. Então, como
encontrar o conjunto solução? Devemos usar algumas propriedades,
semelhantes às utilizadas nas equações.

www.esab.edu.br 31
Considere u, v, w, z números reais, variáveis ou expressões algébricas e c
um número real (DEMANA et al., 2009, p. 49).

Propriedades das inequações

Transitiva Se u < v e v < w , então u < w .


Adição Se u < v então u + w < v + w .

Se u < v e c > 0, então uc < vc .


Multiplicação
Se u < v e c < 0, então uc > vc .

Quadro 6 – Propriedades das inequações.


Fonte: Demana et al. (2009).

A multiplicação de uma inequação por um número positivo preserva a


desigualdade, enquanto a multiplicação por um número negativo inverte
a desigualdade.

Vejamos alguns exemplos em que aplicamos as propriedades para


encontrar o conjunto solução das inequações.

Exemplo 1: Resolva:

a. 3( x - 1) + 2 ≤ 5 x + 6

www.esab.edu.br 32
Solução:

Segundo a propriedade distributiva que vimos na


3( x − 1) + 2 ≤ 5 x + 6 unidade 1.

3 x − 3 + 2 ≤ 5x + 6
Adicionamos l em ambos os membros para eliminar os
3 x − 1 ≤ 5x + 6 números do lado esquerdo e isolar a variável x.
Subtraímos 5x em ambos os membros para eliminar a
3 x ≤ 5x + 7 variável x do lado direito e isolar no lado esquerdo.

 1
Multiplicamos por  − 
−2 x ≤ 7  2
em ambos os membros para obter o valor da variável x.

 1  1 Atenção: a desigualdade é invertida pois multiplicamos


 −  ⋅ ( −2 x ) ≤  −  ⋅ 7 ambos os lados por um valor negativo.
 2  2
7
x≥−
2

Portanto, o conjunto solução dessa inequação são todos os números reais


7
maiores ou iguais a - . Em notação de intervalos, o conjunto solução
2
 7 
é  - , +∞  . A visualização do conjunto solução na reta dos números
 2 
reais é:

7

2
 7 
Figura 7 – Reta representando o conjunto solução  - , +∞  .
 2 
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

b. 3(x – 5) – 4(x + 6) ≤ 7

www.esab.edu.br 33
Solução:

3( x − 5) − 4( x + 6) ≤ 7 Propriedade distributiva (unidade 1).

3 x − 15 − 4 x − 24 ≤ 7 Simplificando.

− x − 39 ≤ 7 Somamos 39 em ambos os membros.

Multiplicamos por −1 em ambos os membros.


− x ≤ 46 Perceba novamente que o sentido da desigualdade
muda.

x ≥ −46

O conjunto solução desta inequação são todos os números maiores ou


iguais a –46. Em notação de intervalos, o conjunto solução é [–46, +∞[.
A visualização do conjunto solução na reta dos números reais é:

−46
Figura 8 – Reta representando o conjunto solução [−46,+∞[.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

2 x - 3 5x + 4 3x
c. - >5-
3 6 8

Solução:
Multiplicamos ambos os lados pelo
2 x − 3 5x + 4 3x mínimo múltiplo comum 24 para
− >5− eliminar os denominadores em
3 6 8
todas as parcelas.

(2 x − 3) (5 x + 4) 3x
24 ⋅ − 24 ⋅ > 120 − 24 ⋅ Simplificamos.
3 6 8
16 x − 24 − 20 x − 16 > 120 − 9 x
Somamos em ambos os membros
−4 x − 40 > 120 − 9 x para eliminar a variável x do lado
direito e isolar no lado esquerdo.
Multiplicamos ambos os membros
1
5 x > 160 por para obter o intervalo em
5
que a variável x está.

x > 32

www.esab.edu.br 34
O conjunto solução desta inequação são todos os números reais maiores
que 32. A representação em intervalos do conjunto solução é ]32, +∞[. A
visualização do conjunto solução na reta real é:

32
Figura 9 – Reta representando o conjunto solução ]32,+∞[.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

d.

Solução: Neste caso o conjunto solução estará entre dois valores.

2x + 5 Multiplicamos por 3 todos os termos para


−3 < ≤5 eliminar os denominadores em todas as
3 parcelas.
Subtraímos 5 em todos os termos para eliminar
−9 < 2 x + 5 ≤ 15 os números do lado direito e esquerdo.
1
Multiplicamos todos os termos por para
−14 < 2 x ≤ 10 2
obter o intervalo em que a variável x está.

−7 < x ≤ 5

O conjunto solução desta inequação são todos os números reais entre –7 e


5, incluindo o 5. Em notação de intervalos, o conjunto solução é ]–7, 5] e
sua representação na reta de números reais é:

−7 5

Figura 10 – Reta representando o conjunto solução ]‒7, 5].


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 35
e. 0 < 3 – 5x ≤ 10
Solução:

0 < 3 − 5 x ≤ 10 Subtraímos 3 em todos os membros.

1
−3 < −5 x ≤ 7 Multiplicamos todos os membros por − .
5

3 7
>x≥− Atenção: a desigualdade é invertida.
5 5
7 3
− ≤x<
5 5

O conjunto solução desta inequação são todos os números reais entre


7 3 7
- e , incluindo o - . A notação em intervalos do conjunto
5 5 5
 7 3
solução é  - ,  . A sua representação na reta real fica:
 5 5

7 3

5 5
7 3
Figura 11 – Reta representando o conjunto solução  - ,  .

 5 5 
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 36
6 Inequações do segundo grau

Objetivo
Apresentar inequações do segundo grau.

Uma inequação do segundo grau é do tipo ax2 + bx + c > 0 (ou para


qualquer outro símbolo de desigualdade), com a, b e c números reais e a
diferente de zero. Veja algumas inequações do segundo grau:

1. x − x − 12 ≥ 0
2

2. x − 8 x ≤ 20
2

3. 2 x + 3 x ≤ 20
2

4. x − 4 x < 1
2

Para encontrarmos o conjunto solução de uma inequação do segundo


grau, é preciso lembrar alguns conceitos de função do segundo grau.
Em nossa disciplina, teremos apenas uma unidade abordando conceitos
de função do segundo grau, mas algumas noções são necessárias neste
momento.

Procurar os números reais em que a inequação do segundo grau x2 + x ‒ 2 > 0


tem solução é o mesmo que procurar situações em que a função y = x2 + x ‒2
é positiva.

Como podemos encontrar os valores em que uma função é positiva?

Sabemos que o gráfico de uma função do segundo grau é uma


parábola. Além disso, é importante lembrar que, em uma função do
tipo y = ax2 + bx + c, quando a é positivo, a parábola tem concavidade
voltada para cima e quando a é negativo, a parábola tem concavidade
voltada para baixo.

www.esab.edu.br 37
O gráfico da função y = x2 + x ‒ 2 é:

y
4

1
x
–4 –3 –2 –1 0 1 2 3 4
–1

–2

–3

Figura 12 – Gráfico da função y = x2 + x – 2.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Os valores para os quais a função é positiva são os valores em que é


positivo. Isto é, segundo o gráfico, se tomarmos valores de x maiores que
1, teremos o valor y associado positivo. O mesmo acontece se tomarmos
valores menores que ‒2. No entanto, quando tomamos valores de x entre
‒2 e 1, o gráfico fica abaixo do eixo x, ou seja, a função é negativa.

A inequação x2 + x – 2 > 0 encontra todos os valores de x que tornam a


função positiva. Pelo gráfico, o conjunto solução é ]–∞, –2[ ∪ ]1, +∞[.

Como podemos encontrar os valores –2 e 1?

Observe que, quando resolvemos a equação x2 + x – 2 = 0, o conjunto


solução é {‒2, 1}. Então, basta resolver a equação para encontrarmos os
valores nos quais a função corta o eixo x.

Não é preciso construir o gráfico para resolvermos uma inequação do


segundo grau. Veja o processo completo nos exemplos a seguir.

www.esab.edu.br 38
Exemplo 1: Resolva as inequações.

a. x2 – x – 12 > 0
Solução: Inicialmente encontre o conjunto solução da equação x2 – x
– 12 = 0. Pela fórmula de Bhaskara, o conjunto solução é {–3, 4}. Esses
valores indicam onde a função y = x2 – x – 12 corta o eixo x.

Observe que nesta função a = 1 e a > 0, ou seja, a parábola tem


concavidade voltada para cima.

É importante fazer um esboço do gráfico (Figura 13) para a melhor


visualização do conjunto solução. Veja que este esboço não é o gráfico da
função.

+ +

–3 4

Figura 13 – Esboço da função y = x2 – x – 12.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Assim, fica mais fácil observar que o conjunto solução para a inequação
x2 – x –12 > 0 são os valores de maiores que 4 e menores que ‒3. Em
notação de intervalos temos o conjunto solução ]–∞, –3[ ∪ ]4, +∞[.

www.esab.edu.br 39
b. 2x2 + 3x ≥ 20

Solução: Pela fórmula de Bhaskara, o conjunto solução da equação

{ }
2x2 + 3x ‒ 20 = 0 é -4,
5
2
. Observa-se também que a parábola tem
concavidade voltada para cima, pois a = 2.

+ +

5
−4
2

Figura 14 – Esboço da função y = 2x2 + 3x – 20.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

O conjunto solução da inequação 2x2 + 3x – 20 ≤ 0 são todos os valores


5 5
de x maiores que e menores que ‒4, incluindo ‒4 e 2 , pois nesses
2
valores a inequação é igual a zero. Em notação de intervalos, o conjunto
5 
solução é ] - ∞, -4] ∪  , +∞  .
2 
c. x2 – 8x – 20 ≤ 0
Solução: Utilizando a fórmula de Bhaskara, o conjunto solução da
equação x2 – 8x – 20 = 0 é {–2, 10}. Fazendo um esboço do gráfico da
função y = x2 – 8x – 20 e observando que a parábola tem concavidade
voltada para cima, temos:

www.esab.edu.br 40
+ +

−2 10

Figura 15 – Esboço da função y = x2 – 8x – 20.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Gostaríamos de encontrar valores de x em que a função é negativa.


Observe que os valores que estamos buscando estão entre –2 e 10, ou
seja, o conjunto solução desta inequação é [–2, 10].

Estudo complementar
Caso você queira construir gráficos de funções,
especialmente as do segundo grau, conheça o
software gratuito Winplot, que você pode baixar
na internet clicando aqui, ou fazendo uma busca
no Google.

www.esab.edu.br 41
Resumo

Estas primeiras unidades servem de base para o estudo de todas as


seguintes. Os conteúdos que estudamos são ferramentas importantes para
a interpretação e resolução de problemas. Já que os números reais são
aqueles que iremos abordar ao longo da disciplina, as operações com eles,
seja por meio de calculadoras ou mentalmente, devem ser conhecidas por
você para que não haja problemas em obter os resultados corretos.

A notação de intervalos e as desigualdades são importantes no estudo de


funções, limites e derivadas. Dentre as funções (que são nosso próximo
tema), temos funções do primeiro e do segundo grau, e para desenvolvê-
las é necessário o conhecimento de equações e inequações do primeiro e
do segundo grau.

Destacamos também a importância da visualização geométrica dos


resultados encontrados, isto é, o conjunto solução das inequações do
primeiro grau representado na reta real e o esboço feito para observar o
conjunto solução das inequações do segundo grau.

Esperamos que a matemática vista nestas unidades, mesmo abordada


sem tanta aplicação, já tenha contribuído para sanar algumas
dificuldades nesta área.

www.esab.edu.br 42
7 Introdução ao conceito de funções
Objetivo
Introduzir o conceito de funções a partir de problemas de
Administração.

Agora que estudamos as equações e inequações do primeiro e do


segundo grau, temos suporte para continuar nossos estudos através do
conceito de funções e seu papel. As funções que abordaremos são
funções lineares, quadráticas, exponenciais e logarítmicas e teremos
como principal base os autores Murolo e Bonetto (2012).

Esta unidade apresenta alguns conceitos gerais de funções (definição,


domínio e imagem) e mostra de que forma elas podem nos auxiliar na
resolução de certos tipos de problemas.

Exemplo 1

Um determinado produto “A”, por exemplo, sofre alteração de preço, em


reais, ao longo do ano de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 – Preço médio do produto “A”.


Mês (t) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Preço (P) 6,70 6,75 6,80 6,88 6,95 7,01 7,08 7,14 7,20 7,28 7,36 7,45

Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Nessa tabela, os meses estão representados por números, sendo o número


1 correspondente ao mês de janeiro, o 2 ao mês de fevereiro, e assim
sucessivamente.

www.esab.edu.br 43
Você pode observar que cada mês (t) tem um único preço (P) associado,
o que caracteriza uma função matemática. Segundo Murolo e Bonetto
(2012, p. 2),

“A cada valor da grandeza t está associado um único valor da grandeza P,


caracterizando P como uma função de t, o que é indicado por p = f (t).”

Para sua reflexão


No exemplo, se um dos meses tivesse dois preços
associados, não poderíamos caracterizar essa
situação como uma função matemática, ou seja,
não tem sentido falar que o preço médio do mês
2 é 6,75 reais e 6,70 reais. Existe apenas um preço
médio em cada mês, você concorda?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

Na função que associa os meses (t) com o preço (p), chamamos a variável
p de dependente, pois seu valor depende do mês que é escolhido. E a
variável t é chamada de variável independente.

www.esab.edu.br 44
Uma representação dos valores da Tabela 1 pode ser feita por meio de um
gráfico, como na Figura 16.

p
7,5
7,4
7,3
7,2
7,1
7,0
6,9
6,8
6,7
6,6
6,5
6,4
t
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Figura 16 – Preço médio do produto “A”.


Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Você pode observar que os pontos do gráfico não formam uma linha
reta, mas estão próximos disso. Nesse sentido, não há uma função exata
que represente a situação do exemplo citado, mas é possível fazer uma
aproximação que resultará na função p (t).

Essa função é encontrada utilizando-se métodos numéricos adequados.


Existem diferentes formas de encontrar a função que melhor se ajusta
aos dados observados. Mas neste problema foi feita uma regressão
linear utilizando o Método de Mínimos Quadrados (MMQ). Como o
estudo desses métodos não é o objetivo deste curso, não entraremos em
maiores detalhes.

p (t) = 0,0676 t + 6,6104

Quando você tem a função que associa a variável independente “mês”


com a variável dependente “preço”, é possível fazer um novo gráfico,
traçando uma reta, em que se nota uma grande aproximação.

www.esab.edu.br 45
p
7,5
7,4
7,3
7,2
7,1
7,0
6,9
6,8
6,7
6,6
6,5
6,4
t
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Figura 17 – Função que aproxima o preço médio do produto “A”.
Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

De forma geral, o conjunto de valores para variável independente (t)


forma o domínio da função. Enquanto o conjunto de valores da variável
dependente (p) forma a imagem da função.

No gráfico da Figura 16, nota-se que o domínio da função era


o conjunto {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12}. Ao fazermos a
aproximação do problema pelo MMQ, encontramos a função
p (t) = 0,0676 t + 6,6104 e o domínio passa a ser o conjunto dos
números reais (Figura 17).

O raciocínio é análogo para a imagem da função (MUROLO;


BONETTO, 2012).

Existem muitos tipos de funções que representam situações de problemas


de administração. Veja agora outros exemplos.

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Exemplo 2

A análise estatística da venda (v) de um CD ao longo dos meses (t). Por


meio de técnicas matemáticas adequadas, encontrou-se a função:
250
7v ( t ) =
1 + 500 ⋅ 0,5t

Essa função é uma estimativa das vendas ao longo do tempo e foi


encontrada a partir dos dados disponíveis (pontos em azul). O método
para encontrar a função (v) não é objeto de estudo desta disciplina.

Considerando que a venda (v) é dada em milhares de exemplares e o


tempo (t) em meses, você pode observar o gráfico da função venda na
Figura 18.

v
300
250
200
150
100
50 t
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Figura 18 – Vendas de um CD.
Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

A função mostra que as vendas não ultrapassam o valor de 250.000


cópias. Neste caso, dizemos que a função é limitada superiormente, isto
é, se você aumentar a quantidade de meses, o valor máximo de cópias de
CDs que é possível vender é 250.000 (MUROLO; BONETTO, 2012).

Observe que a imagem dessa função é o intervalo [0, 250].

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Exemplo 3

O custo (c) por unidade de certo produto é modificado de acordo com


a quantidade (q) produzida. Por meio de dados estatísticos e utilizando
métodos matemáticos adequados, foi obtida a função que relaciona o
custo (em reais) com a quantidade (em unidades):

240
(q )
c= + 50
q

Essa função é uma estimativa do custo unitário de acordo com a


quantidade produzida. O método para encontrar a função não é objeto
de estudo desta disciplina.

O gráfico da função está representado na Figura 19.


c

100
75
50
25
q
0 10 20 40 60 80 100 150 200 250 300
Figura 19 – Custos unitários para a produção de um produto.
Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Pode-se observar que o custo (c) unitário desse produto nunca é inferior
240
(q )
a 50 reais. Quanto maior o valor de (q) na função c = + 50, mais
q
240
próximo de zero será o número da parcela . Dessa forma, a soma
q
240
+ 50 resulta em um número próximo de 50.
q
A função representada pela Figura 19 é limitada inferiormente.

Para dar continuidade ao estudo de funções, vamos à próxima unidade.


Bons estudos!

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8 Função linear – parte I
Objetivo
Compreender situações-problema envolvendo função linear e
conceituar função linear, coeficiente angular e coeficiente linear.

Agora que vimos uma introdução das funções podemos dar início a esta
unidade destacando características de funções lineares por meio de um
exemplo-problema.

Exemplo 1

Por meio de uma pesquisa, foram coletados os dados que constam na


Tabela 2, que mostra o custo, em reais, para a produção de pares de
calçados em função da quantidade produzida.

Tabela 2 – Custo da produção de pares de calçados.


+5 +5 +10 +30 +50

Quantidade (q) 0 5 10 20 50 100


Custo (C) 100 110 120 140 200 300
+10 +10 +20 +60 +100

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Observe que, quando há um aumento de 5 unidades produzidas, o custo


aumenta em 10 reais; quando o aumento é de 10 unidades produzidas,
o custo aumenta em 20 reais; para o aumento de 30 unidades, o custo
aumenta em 60 reais; e para o aumento de 50 unidades produzidas, o
custo aumenta em 100 reais.

www.esab.edu.br 49
Esses valores indicam que a variável dependente (C) e a independente (q)
variam proporcionalmente, ou seja,

DC C 2 - C1 10 20 60 100
= = = = = = 2
Dq q2 - q1 5 10 30 50

Em que DC significa a variação do custo, Dq a variação da quantidade,


C2 e C1 são dois custos quaisquer da Tabela 2 e q2 e q1 são as quantidades
correspondentes à C2 e C1 da Tabela 2 de modo que C2 > C1 e q2 > q1.

Segundo Murolo e Bonetto (2012), essa proporcionalidade caracteriza


uma função do primeiro grau. Ela significa que a cada unidade produzida
DC
temos um acréscimo de 2 reais no custo. Além disso, é chamada de
Dq
taxa de variação média do custo em relação à quantidade de calçados.
Essa medida indica o quanto a função custo está crescendo de acordo
com as unidades produzidas.

Observe ainda que quando não há produção de calçados (q = 0), tem-


se um custo fixo de 100 reais que se deve aos impostos, despesas com
funcionários, instalações, entre outros.

De forma geral, a função custo é uma soma do custo fixo (Cf ) e do custo
variável (Cv), C = Cv + Cf. Nesse exemplo, considerando que o Cf = 100
e Cv = 2q. Onde q representa a quantidade de calçados. Assim, a função
custo é:

C (q) = 2q + 100

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Essa função representa uma função linear, cujo gráfico é uma reta
(Figura 20).
C ( q ) = 2q + 100
C
200 


Variação em C = 60




140 





Variação em q = 30
100

q
20 50
Figura 20 – Função custo.
Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Caracterização geral de uma função linear


Segundo Murolo e Bonetto (2012), chama-se função linear toda função
do tipo y = f (x) = mx + b em que m e b são números reais e m ≠ 0.

Chamamos de coeficiente angular o valor m que representa o crescimento


ou decrescimento da função. O coeficiente angular é a razão entre a
variação da variável dependente com relação à variável independente.
Dy
m=
Dx
Se o valor de m for positivo, a função é crescente, e se for negativo,
a função é decrescente. No exemplo anterior, como m = 2 a função é
crescente, como observado na Figura 20.

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Temos ainda o coeficiente linear, representado na função por b. Esse
valor nos mostra onde o gráfico corta o eixo y, ou seja, o valor de y
quando x = 0.

y = f (0) = m . 0 + b
y=b

No exemplo anterior, em que a função foi dada por C (q) = 2q + 100, o


coeficiente linear é b = 100. Em seu gráfico (Figura 20), você observa que
ele intercepta o eixo y, representado pela variável C, em 100.

Exemplo 2:

Uma pesquisa de mercado revelou a variação do preço unitário (y) de


um martelo em relação à quantidade demandada. As informações estão
dispostas na Tabela 3.

Tabela 3 – Variação do preço unitário de martelos.


Unidades (x) 0 10 20 30 40 50
Preço unitário (y) 100 80 60 40 20 0

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Observa-se que ocorre uma queda no preço do martelo conforme


a demanda cresce. Além disso, a taxa de variação média do preço
unitário em relação à quantidade demandada é constante, uma vez
que se pegarmos qualquer intervalo Dy e o intervalo correspondente
Dx o resultado será o mesmo. Por exemplo, pegando y2 = 80 e y1 = 100
teremos x2 = 10 e x1 = 0.

Dy y2 - y1 80 - 100 -20
m= = = = = -2.
Dx x 2 - x1 10 - 0 10

Poderíamos pegar também outro intervalo: y2 = 20 e y1 = 80 o que


corresponde a x2 = 40 e x1 = 10. Desta forma teremos:

Dy y2 - y1 20 - 80 -60
m= = = = = -2.
Dx x 2 - x1 40 - 10 30

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Percebemos também que a taxa de variação obtida, chamada de
coeficiente angular, é negativa. Isso significa que a função é decrescente
e o coeficiente linear (b) é igual a 100, pois, segundo a Tabela 3, quando
não há demanda, o preço máximo do martelo é 100 reais.

Assim, obtemos a função linear do preço:

y = -2x + 100

O gráfico da função é representado na Figura 21.


y

110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10 x
0 10 20 30 40 50

Figura 21 – Preço unitário do martelo de acordo com a demanda.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

É possível observar que o domínio da função é dado pelo conjunto de


valores [0, 50] e que a imagem é o conjunto [0, 100].

Finalizamos mais uma unidade. Siga adiante!

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

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9 Função linear – parte II
Objetivo
Apresentar gráfico, domínio e imagem de função linear e interpretar
o gráfico a partir de problemas propostos.

Para dar seguimento aos estudos, vamos iniciar esta unidade trazendo
novas características das funções lineares.

Dada uma função linear f (x) = mx + b, seu gráfico será sempre uma
reta. Essa reta pode ser crescente (quando m > 0) ou decrescente
(quando m < 0) Nos exemplos da unidade 8, vimos esses dois casos.

Você sabe ainda que por dois pontos dados passa uma única reta.
Portanto, para construirmos o gráfico de uma função linear é preciso de,
pelo menos, dois pontos.

Exemplo 1

Construa o gráfico e apresente o domínio e a imagem das funções.

a. f (x) = 2x ‒ 1

Solução: Para construirmos o gráfico da função linear f (x) = 2x ‒ 1 é


interessante construir uma tabela de valores, em que sejam atribuídos
valores quaisquer para a variável x para calcularmos o valor da variável y
associada.

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Tabela 4 – Tabela de valores.

x y = f (x) (x, y)
0 y = 2⋅0 -1 = -1 (0, -1)
1 1 1 
y = 2⋅ -1 = 0  ,0 
2 2 2 

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

1 
Agora basta localizar os pontos ( 0, -1) e  ,0  no plano cartesiano e
traçar a reta. 2 

y
4
3
2
1
x
− 4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
−1
−2
−3

Figura 22 – Gráfico da função f (x) = 2x ‒ 1.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

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Para sua reflexão
Como vimos na unidade 8, o coeficiente angular
Dy
de uma função linear é dado por m = . Pelos
Dx
valores encontrados na tabela,
Dy 1
=
m = = 2.
Dx 1
2
Esse é exatamente o valor que podemos observar
na função f (x) = 2x ‒ 1 dada no problema?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

Observe que o coeficiente angular (m = 2) é positivo e, portanto, a reta


é crescente. Além disso, o coeficiente linear (b = ‒1) representa o ponto
onde a reta corta o eixo y, como você observa na Figura 22.

O domínio da função f (x) = 2x ‒ 1 são todos os valores que a variável


independente x pode assumir. Já a imagem da função são todos os valores
que a variável dependente y pode assumir. Neste caso, o domínio e a
imagem são o conjunto dos números reais.

b. f (x) = ‒ x + 3

Solução: Você deve construir uma tabela de valores para que seja possível
localizar pelo menos dois pontos no plano cartesiano e então traçar o
gráfico da função.

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Tabela 5 – Tabela de valores.

x y = f (x) (x, y)
0 y = ‒0 +3 = 3 (0, 3)
3 y = ‒3 + 3 = 0 (3, 0)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Basta localizar os pontos (0, 3) e (3, 0) no plano cartesiano e construir a


reta.
y
4
3
2
1
x
− 4 −3 −2 −1 0 1 2 3 4
−1
−2
−3

Figura 23 – Gráfico da função f (x) = ‒x + 3.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Observe que o coeficiente angular (m = ‒1) é negativo e isso faz com que
a reta seja decrescente. O coeficiente linear (b = 3) representa o ponto
onde a função corta o eixo y.

O domínio e a imagem da função f (x) = ‒x + 3 é o conjunto dos


números reais.

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Para sua reflexão
O domínio e a imagem de uma função linear
sempre será o conjunto dos números reais. A
exceção ocorre quando a função linear está
inserida no contexto de um problema, por
exemplo, quando a variável x representa os
meses do ano (não tem sentido falarmos de
meses negativos) ou quando uma das variáveis
representa uma quantidade que necessariamente
deve ser maior ou igual a zero. Neste caso,
restringimos o domínio e/ou a imagem de acordo
com a situação-problema, você concorda?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

Exemplo 2

Um operário tem seu salário dado por um valor fixo mais uma parte
variável que é diretamente proporcional ao número de horas extras
trabalhadas. A função que representa o salário em função das horas extras
é y = 20x + 600, em que a variável y representa o salário e a variável y
representa o número de horas extras. Faça o gráfico da função encontrada
e identifique o domínio e a imagem.

Solução: Neste caso é preciso fazer uma tabela de valores.

Tabela 6 – Tabela de valores.

x y (x, y)
0 y = 20 . 0 + 600 = 600 (0 , 600)
‒30 y = 20 . (‒30) + 600 = 0 (‒30, 0)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

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Como a variável x representa o número de horas extras trabalhadas, não
tem sentido termos valores de x negativo. Portanto, utilizamos uma linha
tracejada para representar o gráfico para esses valores ou simplesmente
não a fazemos, conforme a Figura 24.

1500
1000
500
0
− 60 − 40 − 20 20 40 60
− 500

Figura 24 – Gráfico da função y = 20x + 600.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Você pode observar que quanto mais horas extras o operário trabalhar,
maior será seu salário. Podemos comparar essa informação com o
coeficiente angular da função, m = 20, que é positivo e indica uma
função crescente.

Na tabela de valores observa-se que o valor mínimo que o operário pode


receber de salário, caso não faça nenhuma hora extra (x = 0), é 600
reais. Logo, o domínio da função é o conjunto [0, +∞[ e a imagem é o
conjunto [600, +∞[.

Agora que vimos como se comportam as funções lineares, vamos seguir para
a próxima unidade, na qual veremos diversas aplicações desse tipo de função.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 1 a 9. Para isso, dirija-se
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

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10 Aplicações de função linear
Objetivo
Apresentar situações-problema envolvendo funções lineares, ponto
de encontro entre duas retas.

Esta unidade apresenta problemas das áreas econômicas envolvendo


principalmente o conceito de função linear, mas também conteúdos
vistos nas unidades anteriores. Estas situações-problema servem como
base para o estudo de outras funções.

Além disso, é importante, a partir de agora, ter em mente alguns


conceitos específicos para resolver problemas sobre funções lineares.

Os exemplos a serem citados irão abordar os seguintes conceitos


específicos (SILVA; ABRÃO, 2008):

Receita ou Receita Total: é a soma total de suas vendas e recebimentos.


Pode-se dizer, a grosso modo, que a receita é o dinheiro que entra no caixa.

Custo fixo: são aqueles que dependem da quantidade vendida ou


produzida pela empresa. Como exemplo, o aluguel é um custo fixo.

Custo variável: são aqueles que variam de acordo com a quantidade


produzida ou vendida. A matéria-prima é um exemplo, pois, se não
houver produção ou venda, não haverá consumo de matéria-prima.

Custo total: é a soma dos custos fixos com os custos variáveis.

Lucro: é a diferença entre a receita e o custo total, isto é, L = R ‒ C.

www.esab.edu.br 60
Ponto de equilíbrio: ocorre quando o lucro é nulo, ou seja, a receita é
igual ao custo.

Margem de contribuição unitária (MCU): é o “lucro” que cada


unidade de produto nos proporciona. Por exemplo, se um produto é
vendido a R$ 8,00 e ele tem um custo unitário de fabricação de R$ 3,50,
a MCU desse produto é R$ 4,50.

Não confunda MCU com Lucro! Para obtermos lucro, ainda é preciso
descontar os custos fixos de produção.

Outro conceito muito utilizado por administradores é o ponto de


equilíbrio. Ele nos diz a quantidade necessária a serem vendidas para
começarmos a obter lucro. Em outras palavras, interessa-nos saber
quanto devemos vender, no mínimo, para não obtermos prejuízo.

Portanto, o ponto de equilíbrio ocorre quando o lucro é nulo (L = 0). No


entanto, se L = R ‒ C, podemos fazer:

0=R‒C
R=C

Existem duas maneiras de pensar no ponto de equilíbrio:

1. L = 0
2. R = C
Procuraremos relacionar esses conceitos presentes em situações-problema
de Administração na resolução de problemas de funções lineares.

Exemplo 1

A Suspiro Gelado é uma fábrica de picolés que usa um sistema de aluguel


de carrinhos para colocar seus produtos no mercado. Ela aluga cada
carrinho de picolé por R$ 21 por dia. A pessoa que aluga o carrinho
recebe-o abastecido com 80 picolés, pelos quais deverá pagar R$ 0,80 de

www.esab.edu.br 61
cada um que vender, devolvendo à sorveteria os que restarem. O preço de
venda do picolé é de R$ 1,50 (SILVA; ABRÃO, 2008). Pergunta-se:

a. Qual a receita total da pessoa se vender em um dia apenas 10


picolés?
Solução: A receita total (R) representa o dinheiro que entrou no caixa.
Como cada picolé custa R$ 1,50, a receita total após a venda de 10
picolés será:

R = 1,50 . 10 = 15 reais
b. Qual a receita total da pessoa se ela vender em um dia 100 picolés?
Solução: A receita total após a venda de 100 picolés, sendo que cada um
deles custa R$ 1,50, será:

R = 1,50 . 100 = 150 reais


c. Qual a função que pode representar a receita total da pessoa para um
número qualquer de picolés vendidos?
Solução: Considere que a variável x representa o número de picolés
vendidos e, ainda, que cada picolé custa R$ 1,50. Então, a função da
receita total torna-se:

R = 1,50 . x
d. Qual o custo fixo diário para a pessoa que aluga o carrinho?
Solução: Segundo o enunciado do problema, a pessoa que aluga o
carrinho de picolés deve pagar R$ 21 por dia.

e. Qual o custo variável (CV) para a pessoa que aluga o carrinho?


Solução: O custo variável é aquele que depende da quantidade vendida,
ou seja, ele só vai existir se os picolés forem vendidos. Para a pessoa que
aluga o carrinho o custo variável é de R$ 0,80 por picolé, pois é o valor
que ele terá que pagar para a fábrica.

f. Qual o custo variável para a pessoa se vender 10 picolés?

www.esab.edu.br 62
Solução: Como cada picolé tem um custo variável de R$ 0,80. Se a
pessoa vender 10 picolés, o custo variável será:

CV = valor de cada picolé × quantidade de picolés


CV = 0,80 . 10 = 8 reais

É interessante perceber que o custo variável de determinada mercadoria


será o produto do valor pela quantidade da mercadoria.

g. Qual o custo variável para a pessoa se vender 100 picolés?


Solução: Como cada picolé tem um custo variável de R$ 0,80, se a
pessoa vender 100 picolés, o custo variável será:

CV = 0,80 . 100 = 80 reais

h. Qual expressão pode representar o custo variável para um número


qualquer de picolés vendidos?
Solução: Considerando que o número de picolés vendidos é
representado pela variável x, o custo variável para qualquer número de
picolés vendidos é representado pela função:

CV = 0,80 . x

i. Qual expressão pode representar o custo total (CT) para a pessoa


para um número qualquer de picolés vendidos?
Solução: O custo total é a soma do custo variável com o custo fixo.
Considerando as respostas obtidas nas letras “d” e “h”, o custo total é
representado pela função CT = CV + CF , em que CV = 0,80x. Assim:

CT = 0,80 . x + 21

j. Qual a margem de contribuição unitária?


Solução: A margem de contribuição unitária (MCU) é a diferença
entre a receita e o custo variável. Ela representa o quanto sobra para o
vendedor de picolé a cada picolé vendido. Como a receita ao vender um

www.esab.edu.br 63
único picolé é de R$ 1,50 e o custo variável é R$ 0,80, a margem de
contribuição unitária será:

MCU = 1,50 ‒ 0,80 = 0,70

k. Qual a expressão que pode representar a margem de contribuição em


função do número de picolés vendidos?
Solução: Considerando que o número de picolés é representado pela
variável x, a margem de contribuição em função do número de picolés
vendidos será:

MC = 0,70 . x

Ou seja, o produto do valor do MCU unitário de cada picolé,


multiplicado pela quantidade de picolés, nos dará a margem de
contribuição total de determinada quantidade de picolés. Perceba que
aqui não calculamos a margem de contribuição unitária.

l. Qual o lucro (L) da pessoa se vender 100 picolés num dia?


Solução: O lucro é a margem de contribuição por unidade vendida
menos o custo fixo, ou seja,

L = 0,70 . x ‒ 21

Na venda de 100 picolés, o lucro será de R$ 49, veja:

L = 0,70 . 100 ‒ 21
L = 49

m. Qual o ponto de equilíbrio diário em número de picolés vendidos?


Solução: O ponto de equilíbrio ocorre quando a receita é igual ao custo
total.

www.esab.edu.br 64
R = CT
1.50 . x = 0,80 . x + 21
0,7 . x = 21
x = 30

O ponto de equilíbrio físico é x = 30.

n. Esboce num mesmo plano cartesiano os gráficos da receita, custo


total e lucro em função do número de picolés vendidos.
Solução: Para construir o gráfico das funções citadas, é preciso fazer uma
tabela de valores para cada uma delas.

Tabela 7 – Tabela de valores: receita.

x R = 1,50 . x (x, R)
0 R = 1,50 . 0 = 0 (0, 0)
30 R = 1,50 . 30 = 45 (30, 45)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Tabela 8 – Tabela de valores: custo total.

x CT = 0,80 ⋅ x + 21 (x, CT)


0 CT = 0,80 ⋅ 0 + 21 = 21 (0, 21)
30 CT = 0,80 ⋅ 30 + 21 = 45 (30, 45)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Tabela 9 – Tabela de valores: lucro bruto.

x LB = 0,70 . x ‒ 21 (x, LB)


0 LB = 0,70 . 0 ‒ 21 = ‒ 21 (0, ‒21)
30 LB = 0,70 . 30 ‒ 21 = 0 (30, 0)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 65
Observe que o ponto de equilíbrio físico é o ponto de encontro do
gráfico da função receita e da função custo fixo. Além disso, quando x =
30, o lucro (L) é zero.

y
40 CT
R
30

20
LB
10
x
− 40 − 30 − 20 − 10 0 10 20 30 40
− 10

− 20

− 30

Figura 25 – Gráfico das funções receita, custo total e lucro bruto.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

o. Quantos picolés a pessoa terá que vender para lucrar R$ 100 por
dia?
Solução: A função que representa o lucro é L = 0,70 . x ‒21. Para que
o lucro seja R$ 100 por dia, devemos substituir esse valor no lugar da
variável L para encontrar o número de picolés a serem vendidos.
L= 0, 70 ⋅ x - 21
100= 0, 70 ⋅ x - 21
= 0, 70 ⋅ x
121
121
= x = 172,85
0, 70

www.esab.edu.br 66
Será preciso vender 172,85 picolés, ou melhor, 173 picolés, pois não é
possível vender frações de picolés.

p. Se a pessoa fizer uma promoção por sua própria conta, do tipo pague
2 leve 3, imaginando que todas as vendas aconteçam na promoção,
qual o novo ponto de equilíbrio?
Solução: Se cada picolé custa R$ 1,50 e as pessoas pagariam 2 e
comprariam 3, a receita a cada venda seria de R$ 3,00. Dessa forma, seria
como se cada picolé custasse R$ 1,00. Como o ponto de equilíbrio é a
igualdade R = CT, em que R = 1,00 . x e CT = 0,8 . x + 21, temos:
R = CT
1,00 ⋅ x = 0,8 ⋅ x + 21
0, 20 ⋅ x =21
21
= x = 105
0, 2
Portanto, será preciso vender 105 picolés ou 35 promoções para ocorrer
o ponto de equilíbrio, isto é, para começar a ganhar lucro.

q. Na modalidade de venda do item anterior, quantas promoções terá


que vender para lucrar o mesmo valor obtido na situação da letra
“l”?
Solução: O lucro obtido na letra “l” foi de R$ 49. O lucro é a margem
de contribuição por unidade vendida menos o custo fixo. Como a
margem de contribuição por unidade vendida mudou para MCU = 1,00
‒ 0,8 = 0,2, o lucro será:

L = 0,2 . x ‒ 21

Como se espera obter um lucro de R$ 49, esse valor é substituído na


equação para encontrar a variável x, que representa o número de picolés.
49= 0, 2 ⋅ x - 21
= 0, 2 ⋅ x
70
70
=x = 350
0, 2

www.esab.edu.br 67
Será preciso vender 350 picolés ou 116,66 promoções para obter um
lucro de R$ 49.

r. Supondo que, em média, o vendedor vendesse 60 picolés por dia a


R$ 0,80 cada, o que aconteceria com seu resultado se fizesse uma
promoção baixando o preço para R$ 0,70 e a venda aumentasse para
70 picolés em média. Justifique.
Solução: Se fossem vendidos 60 picolés por R$ 0,80, a receita seria R
= 0,80 . 60 = 48 reais. Caso fossem vendidos 70 picolés por R$ 0,70, a
receita aumentaria para R = 0,70 . 70 = 49 reais. Neste caso, seria melhor
vender 70 picolés por R$ 0,70.

Com esse exemplo, encerramos mais uma unidade. Esperamos que essas
aplicações de funções possam ter lhe auxiliado a melhor compreendê-las.

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11 Equação da reta

Objetivo
Apresentar a equação da reta a partir de dois pontos conhecidos.

Com o estudo de funções feito até o momento, seguiremos estudando a


equação da reta. Em muitas situações, conhecemos alguns valores, mas
não temos a função que representa o problema. Como toda função linear
tem como gráfico uma reta, para encontrar a equação da reta bastam dois
pontos. Esses dois pontos, muitas vezes, são informações oferecidas pelo
problema.

Vamos ver um exemplo.

Exemplo 1

Uma casa de eventos promove festas com ingressos no valor de R$ 10,00


e atinge uma lotação de 200 pessoas. Quando o valor do ingresso passa
para R$ 15,00, a lotação é de 150 pessoas.

Veja que os valores R$ 10,00 e 200 (pessoas) estão associados, assim


como R$ 15,00 e 150 (pessoas). Podemos representar esses valores por
meio de pares ordenados (10, 200) e (15, 150), representando pontos do
plano cartesiano.

Para obter a equação da reta, utiliza-se a seguinte equação:

y - y0 x - x0
=
y1 - y0 x1 - x0

www.esab.edu.br 69
Em que:

x0 y0 x1 y1

10 200 15 150

Sabendo o valor das variáveis x0, y0, x1, y1, substituímos na equação:
y - 200 x - 10
=
150 - 200 15 - 10
5 ( y - 200 ) =-50 ( x - 10 )
5 y - 1000 =
-50 x + 500
5y =
-50 x + 1500
-50 x + 1500
y=
5
y=
-10 x + 300

Note que o coeficiente angular (m = ‒10) é negativo, portanto a reta é


decrescente. Esta reta associa a demanda em relação ao preço e mostra
que, à medida que o preço aumenta, a demanda cai.
y
300

200

100
x
− 400 − 300 − 200 − 100 0 100 200 300 400
− 100

− 200

− 300
Figura 26 – Gráfico da função y = ‒10x + 300.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 70
Exemplo 2

Considerando a mesma situação-problema anterior, encontre a equação


da demanda com os pontos:

a. (1, 122) e (10, 95)


Considere os pontos de acordo com as tabelas.

x0 y0 x1 y1
1 122 10 95

Substituindo os valores na equação da reta obtemos:


y - y0 x - x0
=
y1 - y0 x1 - x0
y - 122 x -1
=
95 - 122 10 - 1
9 ( y - 122 ) = -27 ( x - 1)
9 y - 1098 = -27 x + 27
9y = -27 x + 1125
-27 x + 1125
y=
9
y= -3 x + 125 é a equação da reta.

b. (9, 1075) e (40, 300)


Considere os pontos de acordo com as tabelas.

x0 y0 x1 y1
9 1075 40 300

Substituindo os valores na equação da reta obtemos:

www.esab.edu.br 71
y - y0 x - x0
=
y1 - y0 x1 - x0
y - 1075 x -9
=
300 - 1075 40 - 9
31 ( y - 1075 ) = -775 ( x - 9 )
31 y - 33325 =-775 x + 6975
31 y =
-775 x + 40300
-775 x + 40300
y=
31
y=
-25 x + 1300 é a equação da reta.

As funções lineares também se aplicam a problemas de juros simples,


ou seja, quando a taxa de juros incide apenas sobre o capital inicial.
Considere as seguintes variáveis:

• J: juros
• P: capital inicial
• i: taxa de juros
• n: período de aplicação
• M: montante (juros + capital inicial)
Os juros e o montante podem ser obtidos pelas equações:

Juros Montante
J=P⋅i⋅n M=J+P

Considerando uma quantia de R$ 2.000,00 aplicada a uma taxa de juros


simples de 5% ao mês durante certo período, a função que representa os
juros e o montante em função dos meses será:

Juros Montante
J=P⋅i⋅n
M=J+P
J = 2000 ⋅ 0,05 ⋅ n
M = 100n + 2000
J = 100n

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Para sua reflexão
A taxa de juros i pode ser representada em
porcentagem ou na forma decimal. Observe que
5
= = 0,05. Desta forma podemos
5%
100
dizer que calcular o juros e o montante é preciso
escrever a taxa de juros na forma decimal? Por que?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

Note que o coeficiente angular das duas funções é o mesmo e é positivo:


m = 100 e cresce na mesma proporção. O gráfico das funções juros e
montante estão representados na Figura 27.

M J

2000

Figura 27 – Gráfico das funções juros e montante.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 73
O gráfico do montante é obtido fazendo-se uma translação de 2000
unidades em relação ao gráfico dos juros. Esse valor representa o capital
inicial.

Dessa forma, encerramos a unidade 11 e podemos seguir para a próxima,


onde veremos diversos exercícios sobre função linear.

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12 Exercícios sobre função linear

Objetivo
Propor exercícios sobre função linear.

Esta unidade será composta apenas por exercícios resolvidos sobre função
linear.

Exercício 1

Em um posto de combustível, o preço do álcool é de R$ 2,30 por litro.

a. Determine uma expressão que relacione o valor pago (V) em


função da quantidade de litros (q) abastecidos por um consumidor.
Intuitivamente podemos pensar que o valor pago será o produto do
preço pela quantidade.
Solução: A função que relaciona o valor pago com a quantidade de litros
será:

V = 2,30 . q

b. Supondo que o tanque de combustível de um carro comporte 50


litros, esboce o gráfico da função obtida no item anterior.
Solução: Como o tanque do carro tem um limite de 50 litros, o valor
máximo que a variável q pode atingir é 50. Para construir o gráfico é
importante fazer a tabela de valores:

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Tabela 10 – Tabela de valores.

q V = 2,30 . q (q, V)
0 V = 2,30 . 0 = 0 (0, 0)
50 V = 2,30 . 50 = 115 (50, 115)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Essa tabela indica características relevantes sobre o problema:

• Se a quantidade de litros fosse zero (q = 0), não haveria valor a ser


pago;
• O máximo que o consumidor pode pagar para encher o tanque do
seu carro é R$ 115,00. Isso ocorre quando ele coloca a quantidade
máxima de litros que seu tanque comporta (q = 50).
Então, o gráfico da função V = 2,30.q será:

y
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10 x
0 10 20 30 40 50 60 70 80

Figura 28 – Gráfico da função V = 2,30 . q.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

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Exercício 2

Um produto, quando comercializado, apresenta as funções custo (C) e


receita (R) dadas, respectivamente, por C = 3q + 90 e R = 5q, onde q é a
quantidade comercializada que se supõe ser a mesma para custo e receita
(MUROLO; BONETTO, 2012).

a. Encontre o ponto de equilíbrio em quantidade vendida.


Solução: O ponto de equilíbrio ocorre quando C = R. Dessa forma:

C=R
3q + 90 = 5q
90 = 2q
q = 45 unidades

b. Em um mesmo plano cartesiano, esboce o gráfico do custo e da


receita e indique o ponto de equilíbrio.
Solução: Para a construção do gráfico, faz-se a tabela de valores para as
duas funções.

Tabela 11 – Tabela de valores.

q C = 3q + 90 (q, C) q R = 5q (q, R)
0 C = 3 . 0 + 90 (0, 90) 0 R=5.0=0 (0, 0)
45 C = 3 . 45 + 90 = 225 (45, 225) 45 R = 5 . 45 = 225 (45, 225)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Em seguida os gráficos são construídos, observando o ponto em comum


entre as duas retas, identificado com o ponto de equilíbrio.

www.esab.edu.br 77
230
220
210
200 Ponto de Equilíbrio
190
180
170
160
150
140 C R
130
120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
− 50 − 30 − 10 10 30 50 70 90

Figura 29 – Gráfico das funções custo e receita.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

c. Obtenha a função lucro (L), esboce o gráfico e determine as


quantidades necessárias para que o lucro seja positivo, negativo ou
nulo.
Solução: A função lucro também pode ser interpretada como a diferença
entre a receita e o custo total, ou seja,

L = 5q ‒ (3q + 90)
L = 2q ‒ 90

www.esab.edu.br 78
Observe alguns dados na tabela de valores:

Tabela 12 – Tabela de valores.

q L = 2q ‒ 90 (q, L)
0 L = 2 . 0 ‒ 90 = ‒90 (0, ‒90)
45 L = 2q ‒ 90 (45, 0)

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Na venda de 45 unidades do produto (ponto de equilíbrio) não ocorre


lucro algum. A partir de 45 unidades vendidas, o produto começa a dar
lucro. A venda de uma quantidade menor que 45 unidades traz prejuízos.
Veja o gráfico da Figura 30.

40
30
20
10

− 10 0
− 10 10 20 30 40 50 60 70
− 20
− 30
− 40
− 50
− 60
− 70
− 80
− 90

Figura 30 – Gráfico da função lucro.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

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Exercício 3

Um lava-jato de automóveis tem como único serviço uma lavagem


simples, pela qual cobra R$ 12,00. Cada lavagem gasta em média R$
3,00 de produtos de limpeza. As contas de água e luz têm média mensal
de R$ 350,00 somadas. A empresa tem 3 funcionários, recebendo
cada um deles R$ 260,00 fixos mais R$ 1,00 por cada carro lavado.
As obrigações sociais ficam em 40%. O prédio da empresa é alugado,
pelo qual o proprietário paga R$ 250,00 por mês. Não há mais custos
consideráveis (SILVA; ABRÃO, 2008).

a. Qual a receita total do lava-jato se lavar 250 carros no mês?


Solução: Como a lavagem custa R$ 12,00 por carro, a receita total será:

R = 12,00 . 250 = 3.000 reais

b. Qual a expressão que representa a receita total para um número


qualquer de carros lavados?
Solução: Considerando que a variável x representa o número de carros
lavados, a expressão será:

R = 12,00 . x

c. Qual o custo fixo mensal da empresa?


Solução: O problema apresenta que os custos fixos são:

• Água e luz: R$ 350,00.


• Aluguel: R$ 250,00.
• Funcionários (3): R$ 780,00.
• Obrigações sociais (40% sobre R$ 780,00): R$ 312,00.
O custo fixo total é a soma dos itens anteriores: R$ 1.692,00.

d. Qual o custo variável da empresa se lavar apenas 250 carros?

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Solução: O custo variável depende do número de carros lavados. Neste
caso, temos para cada carro um custo com matéria-prima de R$ 3,00, as
comissões de R$ 1,00 e obrigações sociais (40% sobre as comissões) de
R$ 0,40. Portanto, o custo variável para se lavar 250 carros será 4,40 .
250 = 1.100 reais.

e. Qual a expressão que pode representar o custo variável para um


número qualquer de carros lavados?
Solução:

CV = 4,40 . x

f. Qual expressão pode representar o custo total da empresa para um


número qualquer de carros lavados?
Solução: O custo total é a soma do custo fixo com o custo variável.
Portanto, a expressão será:

CT = 4,40 . x + 1692

g. Qual o ponto de equilíbrio em número de carros lavados?


Solução: O ponto de equilíbrio ocorre quanto o custo total e a receita se
igualam, ou seja:
12 ⋅ =
x 4, 40 ⋅ x + 1692
7, 6 ⋅ x =
1692
1692
= x = 222, 63
7, 6
Como a variável x representa o número de carros, o ponto de equilíbrio
ocorre quando x = 223 carros.

h. Qual o lucro da empresa se lavar 223 carros?


Solução: O lucro é a diferença entre a receita e o custo total:

L = 12 . x ‒ (4,40 . x + 1692)
L = 7,6 . x ‒ 1692

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O lucro da empresa ao lavar 223 carros será L = 7,6 . 223 ‒ 1692 = 2,80
reais. Esse valor significa que praticamente não haverá lucro, pois é um
valor próximo ao ponto de equilíbrio.

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Resumo

Os conteúdos abordados até agora mostram de que forma alguns


conceitos matemáticos podem ser úteis na resolução de problemas das
áreas econômicas.

Na unidade 7 estudamos o conceito de funções de forma generalizada.


Dessa forma, pudemos observar que uma das relações entre a Matemática
e a Administração pode ser feita por meio de resolução de problemas
utilizando as funções.

Seguindo, nas unidades 8 e 9, vimos que uma função importante para o


administrador é a função linear, pois ela caracteriza diferentes situações.
Com o auxílio da linguagem matemática, estudamos na unidade 10
generalizações, soluções e buscamos caminhos para compreender
características dos problemas não explicitados no enunciado. Na unidade
11 estudamos um pouco mais profundamente as funções lineares, com a
equação da reta. Também vimos como construir essa equação a partir de
alguns pontos.

No final, na unidade 12, foram propostos envolvendo função linear, e


você pôde observar sua importância para representar funções como custo,
receita e lucro, presentes diariamente na sua área. Além disso, até mesmo
os problemas sobre juros simples podem ser interpretados por meio de
funções lineares.

Nas próximas unidades estudaremos outros tipos de funções, sendo que a


próxima será a função quadrática. Os conhecimentos aprendidos até esta
unidade são fundamentais para seguirmos com o estudo.

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13 Função quadrática
Objetivo
Compreender situação-problema envolvendo função quadrática.
Conceituar função quadrática.

Agora que concluímos o estudo de funções lineares, vamos nos


aprofundar no conteúdo de funções com o estudo de funções quadráticas.

A função quadrática é mais um tipo de função que aparece em problemas


do seu curso. Veremos que com mais esta ferramenta conseguiremos
abordar situações com um pouco mais de complexidade, isto é, tornando
o problema mais completo e aproximando da realidade dos problemas de
Administração. Para isso, utilizaremos como suporte teórico os trabalhos
de Murolo e Bonetto (2012).

Em problemas de Administração, uma das situações em que aparecem


funções quadráticas é a obtenção da receita em função da quantidade
unitária. Como isso pode ser feito?

Segundo Murolo e Bonetto (2012), a função receita é dada pela relação


R = p ⋅ q, em que p representa o preço unitário e q a quantidade
comercializada do produto.

No exemplo 2 da unidade 8, vimos que o preço do produto em relação à


quantidade foi dado pela função:

p = –2q + 100
Substituindo a função do preço na receita, obtém-se:

R=p⋅q
R = (–2q + 100) ⋅ q
R = –2q2 + 100q

www.esab.edu.br 84
A função da receita é uma função quadrática que depende apenas da
variável q.

Caracterização geral de funções quadráticas


Segundo Silva e Abrão (2008, p. 30), “[...] chama-se função quadrática
ou do segundo grau toda a função do tipo:

y = ax2 + bx + c
em que a, b e c são números reais, x é a variável independente e y é a
variável dependente.”

Na função quadrática R = –2q2 + 200q, por exemplo, a = –2 (que


multiplica q2), b = 200 (que multiplica q) e c = 0 (termo independente).
A variável independente é a quantidade q e a variável dependente é a
receita R.

Se atribuirmos valores à quantidade q na função, poderemos obter a


receita correspondente àquele valor. Na Tabela 13 é possível observar os
dados obtidos por meio da expressão R = –2q2 + 200q.

Tabela 13 – Receita em função da quantidade.

Quantidade (q) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Receita (R) 0 1800 3200 4200 4800 5000 4800 4200 3200 1800 0

Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Quando plotamos os pontos no plano cartesiano (Figura 31), podemos


observar que se forma uma curva, e não uma reta, como tínhamos na
função linear. Essa curva é chamada de parábola. O gráfico de qualquer
função quadrática é uma parábola.

www.esab.edu.br 85
6000
5000
4000
Receita
3000
2000
1000

20 40 60 80 100 120
Quantidade
Figura 31 – Gráfico da função R =-2q 2 + 200q .
Fonte: Adaptada de Murolo e Bonetto (2012).

Veja no exemplo a seguir a aplicação de funções lineares e funções


quadráticas.

Exemplo 1

O proprietário de um lava-jato contratou uma empresa para fazer uma


pesquisa de mercado a fim de estudar o comportamento de seu público-
alvo diante das variações de preço da lavação (em reais). Os dados
obtidos na pesquisa estão na Tabela 14 (SILVA; ABRÃO, 2008).

Tabela 14 – Receita em função da quantidade.


Variável independente Variável dependente
Preço da lavação (x) Provável n° de carros lavados (y)
10 400
12 300
14 200
16 100

Fonte: Silva e Abrão (2008).

a. Qual expressão representa o número de carros (y) em função do


preço da lavação (x)?
Solução: Observamos que a variação é linear, ou seja:

www.esab.edu.br 86
∆y y2 − y1
=
∆x x2 − x1
Taxa de variação média
300 − 400 −100
= = −50
12 − 10 2

Portanto, esta função será do tipo linear. Para você encontrar a função
y = f (x), utilize a fórmula a seguir, vista na unidade 11.

y - y0 x - x0
=
y1 - y0 x1 - x0
Selecionando dois pontos (10,400) e (12,300) da Tabela 14, substituímos
na fórmula e isolamos a variável de interesse y para encontrar a função
y = f (x), conforme apresentado nos passos a seguir:

y - 400 x - 10 y - 400 x - 10
= → =
300 - 400 12 - 10 -100 2

Desenvolvendo a multiplicação cruzada ficamos com:

2(y –400) = –100(x –10) → 2y –800 = –100x + 1000


Isolando a variável y em um dos lados da expressão:

-100 x + 1800
2y =
-100 x + 1800 → y=
2

Fazendo a divisão por 2, ficamos com a função: y = –50x + 900.

Portanto, a função y = –50x + 900 relaciona o número de carros (y) em


função do preço da lavação (x).

b. Qual expressão pode representar a receita (R) cobrada em função do


preço da lavação?

www.esab.edu.br 87
Solução: A receita total é representada pelo produto entre o preço
cobrado na lavação (x) e o número de carros lavados (y), ou seja:

R=y⋅x
A função do preço de lavação é y = –50x + 900. Substituindo y na
função da receita, obtemos:

R=y⋅x
R = (–50x + 900)⋅x
R = –50x2 + 900x
A receita é uma função quadrática que depende do preço da lavação (x).

Caso você queira saber qual é a receita quando o preço da lavação é R$


7,00, basta substituir esse valor na função encontrada:

R = –50x2 + 900x e x = 7
R = –50.72 + 900.7
R = 3.850 reais

A receita quando o preço da lavação é R$ 7,00 atinge o valor de


R$ 3.850,00.

Finalizamos esta unidade que deu início ao conteúdo sobre as funções


quadráticas, que veremos com mais profundidade nas próximas unidades.

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14 Função quadrática – parte I

Objetivo
Apresentar gráfico, domínio e imagem de função quadrática.

Compreendendo algumas aplicações das funções quadráticas e seu


conceito, passaremos a analisar seu comportamento graficamente. Neste
momento, estudaremos a curva formada pelas funções quadráticas,
chamadas de parábola, e sua caracterização de acordo com as funções.

Como vimos na unidade 13, o gráfico das funções quadráticas tem o


formato de uma curva, que possui o nome de parábola. Esse gráfico
pode ter, em geral, os dois formatos apresentados a seguir:

A y B y
6 2
5 1 x
4
3 − 3 − 2 −−
11 1 2 3
2 −2
1 x −3
−4
−3 −2 −1 1 2 3
−1 −5
−2 −6

Figura 32 – Gráfico de funções quadráticas distintas.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Dizemos que na Figura 32 (a) a parábola tem concavidade voltada


para cima e na Figura 32 (b) a parábola tem concavidade voltada para
baixo.

www.esab.edu.br 89
Além disso, o domínio de toda função quadrática é o conjunto dos
números reais, e a imagem irá depender do valor que atinge a variável
y. Na Figura 32 (a), a imagem é o conjunto [0, +∞[ e na Figura 32 (b) a
imagem é [0, –∞[.

Estudo complementar
Na unidade 15 você irá estudar sobre o vértice
da função, que apresenta os valores máximo e
mínimo que ela atinge. Enquanto isso, você pode
ver um pouco mais sobre esse assunto lendo o
artigo “Máximo e mínimo absolutos da função
quadrática”, de Marcelo Rigonatto. Disponível
aqui.

Mas como é possível saber de que forma será o gráfico?

Já vimos que toda função quadrática tem o formato y = ax2 + bx + c.


Quando o coeficiente a for positivo, a parábola terá concavidade
voltada para cima. Quando o coeficiente a for negativo, a parábola terá
concavidade voltada para baixo:

• a > 0: concavidade voltada para cima – Figura 32 (a)


• a < 0: concavidade voltada para baixo – Figura 32 (b)

Exemplo 1

A função quadrática y = x2 + 2x + 1, cujos coeficientes são a = 1, b = 2 e


c = 1, têm como gráfico uma parábola com a concavidade voltada para
cima.

Exemplo 2

A função quadrática y = –x2 + 2x + 1, cujos coeficientes são a = – 1, b = 2


e c = 1, tem como gráfico uma parábola com a concavidade voltada para
baixo.

www.esab.edu.br 90
Além da concavidade, podemos relacionar outras características da
parábola com a função quadrática. Vejamos a seguir:

Pelo gráfico da função y = x2 –5x + 4 na Figura 33, observa-se que a > 0


(concavidade voltada para cima) e o gráfico corta o eixo y no valor y = 4.
y
5
4
3
2
1
x
−2 −1 1 2 3 4 5 6
−1
−2

Figura 33 – Gráfico da função y = x - 5 x + 4.


2

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Podemos dizer que o ponto onde o gráfico corta o eixo y tem


coordenadas (0,4), ou seja, quando substituímos x = 0 na função
y = x2 –5x + 4, obtemos o valor y = 4 associado:

y = x2 –5x + 4
y = 02 –5⋅0 + 4 = 4
De forma geral, para qualquer função quadrática y = ax2 + bx + c,
quando substituímos x = 0 na função obtemos y = c. Portanto, o
coeficiente c, chamado de termo independente, é sempre o valor em que
a parábola corta o eixo y.

www.esab.edu.br 91
Além disso, a parábola corta o eixo x em dois valores: x = 1 e x = 4.
Podemos dizer que os pontos em que o gráfico da função y = x2 –5x + 4
corta o eixo x têm coordenadas: (1,0) e (0,4). Isso quer dizer que nesses
pontos o valor de y é zero, ou seja:

x2 –5x + 4 = 0
Então, para encontrar os pontos onde o gráfico corta o eixo x basta
resolver uma equação do segundo grau através da fórmula de Bhaskara:

-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a

Sendo a = 1, b = –5 e c = 4, temos:

-( -5) ± 52 - 4.1.4
x=
2.1
+5 ± 25 - 16
x=
2
5± 9
x=
2
5±3
x=
2
5-3 2 5+3 8
x1= = = 1 e x 2= = = 4
2 2 2 2

Os valores obtidos na resolução, neste caso x1 = 1 e x2 = 4, são chamados


de raízes da função.

www.esab.edu.br 92
Exemplo 3

Encontre o ponto onde a função y = x2 –6x + 8 corta o eixo y e suas


raízes.

Solução: O ponto onde a função corta o eixo y é obtido substituindo-se


x = 0 na função:

y = 02 – 6 ⋅ 0 + 8 = 8
Portanto, o ponto será (0,8).

As raízes da função são obtidas quando y = 0:

x2 –6x + 8 = 0
Aplicando a fórmula de Bhaskara, obtém-se:

-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a

Sendo a = 1, b = –6 e c = 8, temos:

-( -6) ± ( -6 )2 - 4 ⋅ 1 ⋅ 8
x=
2 ⋅1
6 ± 36 - 32
x=
2
6± 4
x=
2
6±2
x=
2
=x1 2= e x2 4

Portanto, as raízes da função são x1 = 2 e x2 = 4, e os pontos onde a


função corta o eixo x são (2,0) e (4,0).

www.esab.edu.br 93
Observe no gráfico da função (Figura 34) os pontos obtidos na resolução
do exemplo 3.
y
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
−2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8
−1
−2

Figura 34 – Gráfico da função y = x 2 - 6 x + 8.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Agora que iniciamos o estudo de funções quadráticas, com o


detalhamento de gráfico, domínio e imagem, na próxima unidade vamos
dar continuidade ao assunto e veremos como determinar os valores
de máximos e mínimos, assim como os intervalos de crescimento ou
decrescimento desse tipo de função.

www.esab.edu.br 94
15 Função quadrática – parte II
Objetivo
Determinar valores máximos e mínimos e intervalos de crescimento
ou decrescimento da função.

Devido ao seu formato, as funções quadráticas apresentam valores de


máximo ou de mínimo, de acordo com a concavidade da parábola.
Neste caso, se a receita de uma empresa for representada por uma
função quadrática que depende da quantidade x, o valor máximo
pode representar a receita máxima que uma empresa pode ter naquelas
circunstâncias. Nesta unidade você aprenderá como encontrar esses
valores e o seu significado nos problemas abordados, e para isso vamos
utilizar as principais ideias de Murolo e Bonetto (2012) sobre o assunto.

Vimos na unidade 14 os pontos onde o gráfico da função corta o eixo


x (raízes) e o eixo y (através do termo independente). A partir deste
momento você irá observar que toda função quadrática tem um valor
máximo ou mínimo. Esse valor, além de nos ajudar a encontrar a
imagem da função, pode ter diferentes significados em um problema de
Administração, como mostraremos na unidade 16.

O ponto de mínimo é o ponto mais baixo que a curva pode atingir. Veja
que todas as parábolas com concavidade voltada para cima terão ponto
de mínimo, como na Figura 35. Por outro lado, o ponto de máximo é o
maior ponto que a curva atinge e somente as parábolas com concavidade
voltada para baixo terão esse ponto (MUROLO; BONETTO, 2012).
Iremos neste momento apresentar o ponto mínimo e mais adiante
apresentaremos o ponto máximo.

www.esab.edu.br 95
y
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
−2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8
−1
−2

Figura 35 – Ponto de mínimo da função y = x - 6 x + 8.


2

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Como encontrar as coordenadas do ponto de mínimo, também


chamado de vértice?

A fórmula utilizada é:
-b
xv =
2a
- (b 2 - 4 ⋅ a ⋅ c )
yv =
4⋅a
Sendo que o vértice (ou ponto de mínimo) é formado pelo ponto (xv, yv)
e a, b e c são os coeficientes da função quadrática y = ax2 + bx + c.

Neste exemplo, como a função é y = x2 –6x + 8, seus coeficientes são


a = 1, b = –6 e c = 8. Substituindo nas fórmulas para encontrar o vértice,
temos:

www.esab.edu.br 96
-b - ( -6 ) 6
xv= = = = 3
2a 2 ⋅1 2

yv =
- (b 2 - 4 ⋅ a ⋅ c )
=
(
- ( -6 ) - 4 ⋅ 1 ⋅ 8
2
)= -4
= -1
4⋅a 4 ⋅1 4
Portanto, o valor mínimo que a função atinge será y = –1 e o vértice será
(3, –1).

Nessas condições, observamos que o domínio dessa função é o conjunto


dos números reais e a imagem é o conjunto [–1, +∞[ (observe a Figura
35).

Observa-se, também, que para valores de x no intervalo ]–∞, 3] a


função é decrescente, e para valores de x no intervalo [3, +∞[ a função
é crescente. Portanto, as coordenadas do vértice são importantes para
determinar o intervalo de crescimento e decrescimento da função
quadrática.

Quando a parábola tem concavidade voltada para cima, a função


quadrática terá ponto de mínimo, mas quando a parábola tem
concavidade voltada para baixo, a função terá ponto de máximo
(MUROLO; BONETTO, 2012) (Figura 36).

A y B Ponto de máximo
6
y
5 2
4
1 x
3
2 − 3 − 2 −−
11 1 2 3
1 x −2
− 3 − 2 −−
11 1 2 3 −3
−4
−2 −5
Ponto de mínimo −6
Figura 36 – Ponto de máximo e de mínimo de funções quadráticas.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 97
Agora vamos demonstrar como encontrar as coordenadas do ponto de
máximo, também chamado de vértice. As fórmulas utilizadas são:

-b - (b 2 - 4 ⋅ a ⋅ c )
=xv = e yv
2a 4⋅a

Dessa forma, a função quadrática y = –3x2 + 6x –5, cujo gráfico é uma


parábola com a concavidade voltada para baixo, apresenta vértice com as
seguintes coordenadas:
-b -6 -6
=
xv = = = 1
2 a 2 ⋅ ( -3 ) -6
- (b 2 - 4 ⋅ a ⋅ c ) - ( 62 - 4 ⋅ ( -3 ) ⋅ ( -5 ) ) -(36 - 60) 24
yv = = = = = -2
4⋅a 4 ⋅ ( -3 ) -12 -12

Ou seja, (xv, yv) = (1, –2). Além disso, o valor máximo que a função
atinge é y = –2. Veja o gráfico da função na Figura 37.

y
2
1 x
− 3 − 2 −−
11 1 2 3 4
−2
−3
−4
−5
−6
−7
−8
−9

Figura 37 – Gráfico da função y = -3 x 2 + 6 x - 5.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 98
Dica
O gráfico da função y = -3 x 2 + 6 x - 5 não
corta o eixo x, ou seja, a função não tem raízes.
Na fórmula de Bhaskara, acontece a seguinte
situação:
-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a
-6 ± 6 2 - 4 ⋅ ( -3 ) ⋅ ( -5 )
x=
2 ⋅ ( -3 )
-6 ± -24
x=
-6
Como não existe raiz de números negativos, a
função quadrática não apresenta raízes reais.
Suas raízes pertencem ao conjunto dos números
complexos.

Construção do gráfico da função quadrática


Para construir o gráfico de funções quadráticas é preciso de, pelo menos,
três pontos. Esses pontos devem ser obtidos de tal forma que seja possível
visualizar o formato da parábola.

Sugerimos então, seguir os seguintes passos:

a. Encontrar as raízes (pela fórmula de Bhaskara).


b. Encontrar as coordenadas do vértice.
c. Identificar o termo independente.

www.esab.edu.br 99
Exemplo 1

Faça o gráfico da função y = x2 + x –12.

Solução: Vamos seguir os passos sugeridos:

a. Inicialmente encontraremos as raízes, pois assim saberemos onde a


parábola corta o eixo x.
x 2 + x - 12 =0
-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a
-1 ± 12 - 4 ⋅ 1 ⋅ ( -12 )
x=
2 ⋅1
-1 ± 49
x=
2
-1 ± 7
x=
2
x1 = 3 e x 2 = -4

Sabe-se, então, que a parábola passa pelos pontos (3,0) e (–4,0).

b. As coordenadas do vértice são as seguintes:

-b -1 1
= xv =
= -
2a 2 ⋅ 1 2
- (b - 4 ac ) - (12 - 4 ⋅ 1 ⋅ ( -12 ) ) -49
2

=yv = =
4a 4 ⋅1 4
 1 49  49
O vértice é  - , -  e o valor mínimo que a função atinge é y = - .
 2 4  4
c. O termo independente da função y = x2 + x –12 e c = –12. Portanto,
a parábola corta o eixo y no ponto (0, –12).
Marcamos os pontos encontrados nos itens a, b e c no plano cartesiano e
forma-se o gráfico da parábola.

www.esab.edu.br 100
y
2
1 x
− 8 − 7 − 6 − 5 − 4 − 3 − 2 −−
11 1 2 3 4 5 6 7 8
−2
−3
−4
−5
−6
−7
−8
−9
− 10
− 11
− 12
− 13

Figura 38 – Gráfico da função y = x 2 + x - 12.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Note que a função é decrescente para valores de x no intervalo


 1  1 
 -∞, -  e crescente no intervalo  - , +∞  .
2  2 
Já estudamos funções quadráticas nas unidades 13, 14 e 15. É
importante destacar as características principais desse tipo de função,
como o seu gráfico e qual o significado das raízes, do vértice e do termo
independente na parábola. Com essas informações, estamos prontos
para ver, na unidade a seguir, outras aplicações desse tipo de função.

www.esab.edu.br 101
16 Aplicações de função quadrática

Objetivo
Apresentar situações-problema envolvendo funções quadráticas.

Como já conhecemos as características das funções quadráticas, como


gráfico, pontos de máximo e mínimo, crescimento e decrescimento,
raízes, entre outros, passaremos a estudar aplicações desse tipo de
função em problemas de Administração, com o auxílio do trabalho
de Murolo e Bonetto (2012). Essas aplicações levam em conta todo o
conceito matemático abordado até o momento, e é muito importante
conseguirmos essa associação entre a teoria matemática e suas aplicações.

Veja que em diversos momentos precisaremos de conhecimentos


abordados nas primeiras unidades, e as aplicações são melhor
compreendidas se o conceito matemático tiver sido absorvido.

Nos exemplos que a seguir serão abordados, será preciso identificar


função linear e quadrática, conhecer o vértice de funções quadráticas,
intervalo de crescimento e decrescimento, conceito de lucro, receita
e custo. Observe que nessa contextualização os conhecimentos se
misturam, tornando-se mais interessantes.

Exemplo 1

Para certo produto comercializado, a receita e o custo são dados, em


função da quantidade, respectivamente por R = –2q2 + 1000q e
C = 200q + 35000, cujos gráficos são:

www.esab.edu.br 102
R,C

125.000 Custo

105.000

45.000 Receita
35.000

q
50 250 350 500
Figura 39 – Gráfico das funções receita e custo.
Fonte: Murolo e Bonetto (2012).

Então, a partir do gráfico, obtenha:

a. Os intervalos de crescimento e decrescimento da função receita, a


quantidade para que a receita seja máxima e a receita máxima.
Solução: Podemos observar no gráfico da receita da Figura 39 que
o vértice da parábola é o ponto (250, 125.000). Este é um ponto de
máximo, pois a parábola tem concavidade voltada para baixo.

A função receita é crescente para valores de q no intervalo [0, 250] e


decrescente para valores de q no intervalo[250, 500].

A quantidade necessária para que a receita seja máxima é encontrada


quando se calcula o qv = 250, e para uma quantidade q = 250 obtemos
uma receita máxima R = 125.000.

www.esab.edu.br 103
b. Quais são os pontos de equilíbrio e o que eles representam?
Solução: As funções receita e custo se interceptam em dois pontos
(Figura 39): (50, 45.000) e (350, 105.000). Esses pontos indicam onde
o lucro é nulo. Quando o gráfico da função receita está acima da função
custo, temos lucro positivo, e quando o gráfico da receita está abaixo do
custo, temos lucro negativo.

c. Quais os intervalos em que o lucro é positivo e em que o lucro é


negativo?
Solução: Pelo gráfico da função, os valores de q para que se tenha um
lucro positivo estão no intervalo [50, 350], e o intervalo em que o lucro
é negativo será [0,50] ∪ [350, 500]. Na Figura 40, veja que a região
amarela representa o lucro positivo e a região verde o lucro negativo.

R,C Lucro positivo


125.000 Custo

105.000

Receita

45.000
35.000 Lucro negativo

Lucro negativo

q
50 250 350 500

Figura 40 – Intervalo em que o lucro é positivo e negativo.


Fonte: Adaptada de Murolo e Bonetto (2012).

www.esab.edu.br 104
d. Qual a função lucro?
Solução: O lucro é a diferença entre a receita e o custo total. Portanto,
dadas as funções R = –2q2 + 1000q e C = 200q + 35000, a função lucro
será:

L=R–C
L = –2q + 1000q – (200q + 35000)
2

L = –2q2 + 1000q – 200q – 35000


L = –2q2 + 800q –35000

A função lucro L = –2q2 + 800q – 35000 é uma função quadrática com


concavidade voltada para baixo (a = –2).

e. Qual a quantidade para que o lucro seja máximo e qual o lucro


máximo?
Solução: Como a função lucro tem concavidade voltada para baixo, seu
vértice será um ponto de máximo. Os coeficientes da função
L = –2q2 + 800q –35000 são a = –2, b = 800 e c = – 35000.

-b -800 -800
=
qv = = = 200
2 a 2 ⋅ ( -2 ) -4
- (b 2 - 4 ac ) - ( 8002 - 4 ⋅ ( -2 ) ⋅ ( -35000 ) ) -360000
=Lv = = = 45000
4a 4 ⋅ ( -2 ) -8

O vértice da função é o ponto (200, 45000). A quantidade para que o


lucro seja máximo é q = 200, e o lucro máximo é L = 45000.

www.esab.edu.br 105
17 Exercícios sobre função quadrática

Objetivo
Propor exercícios sobre função quadrática.

Nesta unidade apresentaremos diferentes problemas sobre funções


quadráticas, com base em conceitos abordados nas unidades anteriores.
Os autores em que mais nos apoiaremos para esta unidade são Silva e
Abrão (2008) e Murolo e Bonetto (2012). Esperamos que estes exercícios
lhe auxiliem a melhor compreender esse assunto. Aproveite!

Exercício 1

Uma sorveteria descobriu que a função L = –100x2 + 400x –100


representa seu lucro diário em função do preço (em reais). Pergunta-se
(SILVA; ABRÃO, 2008):

a. Quais os intervalos de preços que fazem a empresa trabalhar no


prejuízo e qual o intervalo em que a empresa opera em lucro?
Solução: A função lucro é quadrática e com concavidade voltada para
baixo (a = –100). Graficamente, observa-se lucro nulo nos pontos onde a
parábola corta o eixo x.

300
200
100

1 2 3 4
–100

Figura 41 – Gráfico da função L = -100 x 2 + 400 x - 100.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 106
Esses valores são obtidos resolvendo-se a equação:

–100x2 + 400x –100 = 0


Os valores dos coeficientes são: a = –100, b = 400 e c = –100. Pela
fórmula de Bhaskara, obtemos:

-b ± b 2 - 4 ac
x=
2a
-400 ± 4002 - 4 ⋅ ( -100 ) ⋅ ( -100 )
x=
2 ⋅ ( -100 )
-400 ± 160.000 - 40.000
x=
-200
-400 ± 120.000
x=
-200
-400 ± 346, 41
x=
-200
-400 + 346, 41
=x1 = 0, 26
-200
-400 - 346, 41
=x2 = 3, 73
-200

Para preços entre 0,26 e 3,73 reais, a função é positiva, e portanto o lucro
é positivo. Para valores menores que 0,26 e maiores que 3,73 reais, a
função é negativa, e portanto o lucro é negativo.

b. Qual preço propicia o maior lucro? Qual é esse lucro?


Solução: Vimos no item anterior que a função lucro tem concavidade
voltada para baixo. Assim, ela terá um ponto de máximo que é obtido
calculando-se o vértice.

Os coeficientes da função L = –100x2 + 400x –100 são a = –100,


b = 400 e c = –100. Com esses valores, o vértice será:

www.esab.edu.br 107
-b -400 -400
=
xv = = = 2
2 a 2 ⋅ ( -100 ) -200
- (b 2 - 4 ac ) - ( 4002 - 4 ⋅ ( -100 ) ⋅ ( -100 ) ) -120000
=Lv = = = 300
4a 4 ⋅ ( -100 ) -400

O preço que propicia maior lucro será 2 reais, e o lucro máximo será 300
reais.

Exercício 2

Uma empresa investiu em papéis de duas empresas no mercado de


ações durante 12 meses. O valor das ações da primeira empresa variou
de acordo com a função A = t + 10, e o valor para a segunda empresa
obedeceu à função B = t2 –4t + 10. Considere t = 0 o momento em que
a empresa compra as ações; t = 1 após um mês; t = 2 após 2 meses etc.
(MUROLO; BONETTO, 2012).

a. Em que momentos as ações têm o mesmo valor? Quais são esses


valores?
Solução: Os momentos em que as ações têm o mesmo valor aparecem
nos pontos onde os gráficos se interceptam. Para encontrarmos esses
momentos, devemos igualar as funções B = t2 –4t + 10 e A = t + 10.

t2 –4t +10 = t + 10
t2 –5t = 0

Pela fórmula de Bhaskara, resolve-se a equação t2 –5t = 0.

5 ± 52 - 4 ⋅ 1 ⋅ 0
t=
2 ⋅1
5 ± 25
t=
2
5+5 5-5
=t1 = 5 e= t2 = 0
2 2

As ações apresentam o mesmo valor nos meses t = 0 e t = 5.

www.esab.edu.br 108
Os valores das ações são obtidos substituindo-se o valor dos meses em
qualquer uma das funções. Você deve escolher a função em que a conta
fica mais fácil.

Para o mês t = 0, o valor da ação será:

A = t + 10
A = 0 + 10 = 10

Dica
Substituindo t = 0 na função B = t 2 - 4t + 10 ,
obtém-se:
B = t 2 - 4t + 10
B = 02 - 4 ⋅ 0 + 10 = 10
O resultado é o mesmo nas duas funções, pois
obtemos a equação t 2 - 5t = 0 igualando as
funções A e B, e dessa equação tiramos as raízes
para substituir nas duas funções.

Para o mês t = 5, o valor da ação será:

A = t + 10
A = 5 + 10 = 15

b. Comente a evolução das ações no período de um ano.


Solução: O gráfico das funções está representado na Figura 42.

Observa-se que no momento da compra das ações (t = 0) os valores


das ações são iguais. Entre os meses t = 0 e t = 5, a melhor opção de
investimento é a primeira empresa (A), pois seu gráfico está acima do
gráfico da segunda empresa (B). A partir de t = 5, a melhor opção passa
a ser a segunda empresa (B), pois a partir desse momento seu gráfico fica
acima do gráfico da primeira empresa (A).

www.esab.edu.br 109
y B A
17
16
15 ( 5,15)
14
13
12
11
10 ( 0,10 )
9
8
7
6
5
4
3
2
1 x
−8 −6 −4 −2 2 4 6 8
−2

Figura 42 – Gráfico das funções B =t 2 - 4t + 10 e A =t + 10.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Finalizamos mais uma unidade. Com isso, você conheceu as principais


características das funções quadráticas e algumas situações-problema.
Na unidade 18 você verá o conceito de função inversa e seu significado
em nosso contexto.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 110
18 Função inversa

Objetivo
Conceituar função inversa na administração.

Com o estudo de funções quadráticas e alguns exercícios da última


unidade, vamos prosseguir agora estudando função inversa, com base em
Silva e Abrão (2008) e Murolo e Bonetto (2012).

A função inversa, segundo Silva e Abrão (2008, p. 37), é obtida


quando “[...] a variável dependente se torna independente e a variável
independente se torna dependente”. De acordo com essa afirmação,
observe como encontrar a função inversa nos problemas.

Em muitos problemas, obtemos a receita em função da quantidade


vendida, ou seja, se um produto custa 2 reais, a função receita será
R = 2q, sendo q a quantidade vendida. Por outro lado, é possível
encontrar a quantidade vendida em função da receita:

R
q=
2

Nesses casos, o conceito de função inversa é importante, pois ele nos mostra
outros caminhos na análise de problemas. Veja nos exemplos a seguir.

Exemplo 1

A função custo (C) da produção de certo produto está relacionada com a


quantidade produzida (q) de acordo com a função C = 3q + 90.

Se quisermos obter a quantidade q em função do custo, basta reescrever a


função isolando a variável q:

www.esab.edu.br 111
C= 3q + 90
3q= C - 90
C - 90
q=
3
C
q= - 30
3
C
A função q= - 30 é chamada de função inversa de C = 3q + 90.
3
Observe que na função C = 3q + 90 a variável dependente é C e a
C
independente é q. Na função inversa q= - 30, a variável dependente
é q e a independente é C. 3

Exemplo 2

Uma empresa de alimentos vende um pacote de biscoitos a um valor


de R$ 3,00. Considerando a variável x o número de pacotes de biscoito
vendidos, a função receita será R = 3x.

Se quiséssemos saber o número de pacotes vendidos em função da


receita, teríamos que encontrar a função inversa de R = 3x. Assim,
isolando a variável x, obtemos:
R = 3x
R
x=
3
R
A variável dependente da função inversa x = é x , e a independente é R.
3

Exemplo 3

Um operário recebe salário de R$ 700,00, mais R$ 9,00 por hora extra


trabalhada. A função salário do operário pode ser representada por
S = 700 + 9h. No entanto, podemos ter uma função que nos ofereça o
número de horas extras trabalhadas em função do salário, isto é:

www.esab.edu.br 112
=
S 700 + 9h
9h= S - 700
S - 700
h=
9
S - 700
A função h = é a função inversa de S = 700 + 9h. Essa função
9
S - 700
=
também pode ser chamada de h f= -1
(S ) .
9
Para uma função qualquer, é possível seguir alguns passos para
encontrarmos a função inversa. Inicialmente faremos um exemplo e em
seguida vamos explicitar os passos.

Exemplo 4

Encontrar a função inversa de y = 2x + 3.

Solução:

1. Isolar a variável independente (x).

=
y 2x + 3
2 x= y - 3
y -3
x=
2

2. Trocar x por y. x -3
y=
2

3. Chamar y de y –1.

x -3
y -1 = é a função inversa de y = 2x + 3.
2
Existem duas notações para função inversa:
x -3 x -3
= y -1 = e f -1 ( x ) .
2 2

www.esab.edu.br 113
Portanto, para encontrar a função inversa, sugere-se seguir os seguintes
passos:

1. Isolar a variável independente ( x );


2. Trocar x por y;
-1
3. Chamar y de y .

Exemplo 5
3
Encontrar a inversa da função f (=
x) x - 8.
2
3
Solução: Se a função está escrita como f (=
x) x - 8, inicialmente
2
troque f (x) por y.

1. Isolar a variável independente (x),

3
=
y x -8
2
3
x= y + 8
2
2 ( y + 8)
x=
3

2. Trocar x por y.
2 ( x + 8)
y=
3

3. Chamar y de y –1.
2 ( x + 8)
y -1 =
3
3 2 ( x + 8)
A função inversa de f ( x ) = x - 8 é y -1 = .
2 3

www.esab.edu.br 114
Gráfico de funções inversas
Vamos demonstrar como ficam os gráficos com a função original e a inversa.
x -3
São dadas duas funções: f (x) = 2x + 3 e sua inversa f . -1
(x) =
2
Essas funções são lineares e o gráfico será uma reta (Figura 43).
y
4 f ( x)

3
Eixo de simetria
2

1 f −1 ( x )
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4
−1

−2

−3

−4
x -3
Figura 43 – Gráfico das funções f ( x ) =
2 x + 3 e f -1 ( x ) = .
2
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Observe que a função e sua inversa são simétricas em relação ao eixo de


simetria.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 10 a 18. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 115
Resumo

Inicialmente apresentamos situações-problema das áreas econômicas para


conceituar funções quadráticas, associando-as com conceitos de funções
lineares que foram estudados nas unidades anteriores. Apresentamos o
formato de uma função quadrática, o domínio e a imagem da função.

Em seguida, observamos os pontos de máximo e mínimo de uma função


e o que esses valores representam em um contexto. A partir do ponto de
máximo ou de mínimo, pudemos identificar os intervalos de crescimento
e decrescimento da função quadrática. Também sugerimos um estudo
complementar que aborda a importância da análise de regressão na
previsão de vendas. Essa ferramenta é bastante utilizada em diferentes
áreas, como administração, economia, engenharia, física, entre outros
Além disso, apresentamos problemas que envolvem funções quadráticas
e abordamos as principais características dessa função, como o vértice, as
raízes, entre outros.

Por fim, vimos o significado da função inversa e como encontrá-la


seguindo alguns passos sugeridos.

www.esab.edu.br 116
19 Função composta

Objetivo
Conceituar função composta na Administração.

Caro aluno, estamos estudando funções desde a unidade 7, então você


já deve ter se deparado com alguma função composta, mas como ainda
não a definimos, você nem deve tê-la percebido. Nesta unidade, vamos
estudar esse tipo de função. Vamos lá?

Podemos definir uma função composta como aquela que provém da combinação de
duas outras funções. Nós a obtemos quando substituímos a variável independente x de
uma função por outra função (GOLDSTEIN; SCHNEIDER; LAY, 2012; SILVA; ABRÃO, 2008).

Vejamos a seguir alguns exemplos de funções compostas que podem ser


utilizadas na vida de um administrador, assim como fizemos na unidade 7.

Exemplo 1

Vamos rever o exemplo do lava-jato da unidade 7.

Caro aluno, caso você não esteja se lembrando desse exemplo, é


importante que você volte à unidade 7 e releia por completo, pois nesse
momento estamos interessados em estudar funções compostas.

Vamos agora rever alguns pontos importantes do exemplo do lava-jato da


unidade 7 e compreender sua relação com a função composta.

www.esab.edu.br 117
Um lava-jato de automóveis oferece apenas um serviço de lavagem,
pelo qual cobra R$ 12,00. Cada lavagem custa em média R$ 3,00 de
produtos de limpeza. As contas de água e luz têm média mensal de R$
350,00 somadas. A empresa possui 3 funcionários, e cada um deles
recebe R$ 260,00 fixos mais R$ 1,00 por cada carro lavado. Os encargos
sociais ficam em 40%, além disso, o prédio da empresa é alugado e custa
R$ 250,00 por mês. Outros custos podem ser desprezados. Exemplo
adaptado de Silva e Abrão (2008).

Já vimos na unidade 7 que:

• O custo fixo mensal do lava-jato é: R$ 1.692,00, que é a soma dos


gastos fixos:
• água e luz: R$ 350,00;
• funcionários (3): R$ 780,00;
• aluguel: R$ 250,00;
• encargos sociais (40% sobre R$ 780,00): R$ 312,00.

• O custo variável depende do número de carros lavados x e ele é


representado pela função: CV = 4,40x, na qual, 4,40 é a soma dos
seguintes custos:
• custo com matéria-prima de R$ 3,00 (para cada carro);
• custo com comissões de R$ 1,00 (para cada carro);
• obrigações sociais (40% sobre as comissões) de R$ 0,40 (para
cada carro).

• O custo total do lava-jato é dado pela função: CT = y + 1.692, na qual


y representa o custo variável e 1.692 representa o custo fixo mensal.
Se y, na função CT, representa o custo variável, e o custo variável é
representado pela função CV, então substituindo y por CV – na função
CT, temos:

CT = y + 1.692 função CT;


CT = CV + 1.692 substituindo y por CV;
CT = 4,40x + 1.692 substituindo CV por 4,40x.

www.esab.edu.br 118
Ou seja, a função que representa o custo total do lava-jato, dada por
CT = 4,40x + 1.692, é uma função composta expressa em relação ao
número de carros lavados.

Exemplo 2

Uma empresa produz um único produto com um custo fixo de


R$ 1.200,00 e um custo variável médio de R$ 20,00 por unidade
(GUIDORIZZI, 2010).

Vamos compreender agora qual a relação desse exemplo com o conceito


de função composta.

Seguindo o mesmo raciocínio do exemplo anterior, temos:

• O custo fixo mensal da empresa é: R$ 1.200,00.


• O custo variável depende da quantidade de produtos vendidos x
e ele é representado pela função: CV = 20x, na qual 20 é o custo
médio por unidade.
• O custo total da empresa é dado pela função: CT = y + 1.200, na qual
y representa o custo variável e 1.200 representa o custo fixo mensal.
Se y na função CT representa o custo variável, e o custo variável é
representado pela função CV, então substituindo y por CV em CT, temos:

CT = y + 1.200 função CT;


CT = CV + 1.200 substituindo y por CV;
CT = 20x + 1.200 substituindo CV por 20x.

Ou seja, a função que representa o custo total da empresa, dada por


CT = 20x + 1.200, é uma função composta.

www.esab.edu.br 119
Exemplo 3

Após t horas de operação, uma linha de montagem produziu A (t )


cortadores de grama, sendo que t está definido no intervalo 0 ≤ t ≤ 10, e
1
a produção em função do tempo é dada pela expressão A= (t ) 20t - t 2 .
2
Suponha que o custo para a fábrica ao produzir x unidades é C(x)
dólares, em que C(x) = 3000 + 80x (GOLDSTEIN; SCHNEIDER;
LAY, 2012).

a. A partir do enunciado anterior, expresse o custo da fábrica como


uma função (composta) do número de horas de operação da linha de
montagem.
Solução: O custo da fábrica é dado pela função C(x) = 3000 + 80x,
em que x representa a quantidade de cortadores de grama produzidos.
Porém, a quantidade produzida de cortadores de grama é dada em
função do número de horas t que a linha de montagem da fábrica
1
trabalhou e essa função é dada por A=
(t ) 20t - t 2 . Logo, o custo da
2
fábrica em função do número de horas de operação é dado pela função:

 1 
C ( A(t )) =3000 + 80  20t - t 2  , substituindo x por A(t );
 2 
80
C ( A(t )) =3000 + 1600t - t 2 , efetuando as devidas operações;
2
C ( A(t )) =3000 + 1600t - 40t 2

Resposta: a função procurada é: C(A(t)) = 3000 + 1600t ‒ 40t2.

b. Qual é o custo das primeiras 2 horas de operação?


Solução: Substituindo t = 2 horas, na função encontrada na solução do
item anterior, temos:

www.esab.edu.br 120
C ( A(t )) =3000 + 1600t - 40t 2 Substituindo t =2, teremos:
= 3000 + 1600 ⋅ 2 - 40 ⋅ (2)2 Efetuando as devidas operações:
C ( A(2))
C ( A(2))= 3000 + 3200 - 40 ⋅ 4
C ( A(2)) = 3000 + 3200 - 160 = 6040
Resposta: O custo das primeiras duas horas de operação é de 6.040 dólares.

Vamos ver agora alguns conceitos relacionados às funções compostas.

Conceitos adicionais
• Além da notação f (g(x)), usa-se também a notação f o g(x), que é
lida como “f bola g”.
Note que f o g(x) ≠ g o f (x). Por exemplo, dadas f (x) = 3x + 1 e g (x) = 2x
+ 3, escolhemos um ponto qualquer (x = 7) e calculamos f o g (7) ≠ g o f
(7) para verificarmos a desigualdade:

Primeiro, vamos encontrar a função f o g(x):


f  g ( x ) = f ( g ( x ))

Substituindo g ( x )
f  g ( x=
) 3.(2 x + 3) + 1
por 2 x + 3 em f ( x )

efetuando as devidas
f  g(x ) = 6x + 9 + 1
operações

f  g ( x=
) 6 x + 10

Agora, aplicando a f o g(x) em 7, temos:

f o g(7) = 6 . 7 + 10
f o g(7) = 42 + 10
f o g(7) = 52

www.esab.edu.br 121
Agora vamos encontrar a função g o f (x):
g  f ( x ) = g ( f ( x ))

substituindo f ( x )
g  f ( x ) = 2 ⋅ (3 x + 1) + 3
por 3 x + 1 em g ( x )
aplicando as devidas
g  f (x ) = 6x + 2 + 3
operações

g  f ( x=
) 6x + 5

Aplicando a g o f (x) em 7, temos:

g o f (7) = 6 . 7 + 5
g o f (7) = 42 + 5
g o f (7) = 47

Como f o g (7) = 52 e g o f (7) = 47 então mostramos que f o g(x) ≠ g o f


(x).

Nesta unidade, estudamos funções compostas utilizando algumas


aplicações no contexto de administração.

Você constatará que continuaremos estudando funções e suas aplicações


por muitas unidades ainda, e isso é necessário, pois funções são
importantes e aparecem em nosso dia a dia com muita facilidade. Na
próxima unidade, a função abordada será a exponencial.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 122
20 Função exponencial – parte I
Objetivo
Compreender situação-problema envolvendo função exponencial e
conceituar função exponencial.

Vamos dar continuidade aos nossos estudos sobre funções? A partir desta
unidade começaremos a estudar as funções exponenciais.

Nesta primeira parte, vamos compreender de forma prática, através de


exemplos, em qual tipo de problema essa função pode ser usada, e após
esse entendimento, vamos definir o que é função exponencial.

Comecemos pela seguinte situação-problema:

João foi morar no exterior, mas na mudança ele se esqueceu de encerrar sua conta
corrente no banco, como se não bastasse o seu saldo estava negativo em R$ 500,00. O
banco tentou entrar em contato, mas não obteve sucesso. João retorna ao Brasil após
dois anos e recebe uma carta na qual constava que sua dívida com o banco era de
R$1.520,00. A princípio, João não entendeu o valor, mas depois lembrou que a taxa
de juros cobrada era de 8,5% ao mês (SILVA; ABRÃO, 2008).

Qual é o nosso objetivo com o problema apresentado? Verifique se o


valor cobrado está correto. Perceba que não se menciona se os juros
cobrados eram simples ou compostos. Vamos ver os dois casos?

www.esab.edu.br 123
Se a taxa for de juros simples...
Na unidade 11, já estudamos juros simples e sabemos que a função usada
para calcular esse tipo de juros é uma função linear dada por: J = P . i . n, em
que P representa o capital inicial, i representa a taxa de juros e n o período.

Dessa forma, se a cobrança for por meio de juros simples, temos:


8,5
=
P 500; = =
i 8,5% = 0,085; = n 2 anos
100
Como a taxa é cobrada por mês, trabalharemos com a quantidade de 24
meses.

Logo,

J=P.i.n
J = 500 . 0,085 . 24

Ao substituirmos os valores e fazermos os cálculos, o resultado será:

J = 1.020,00

Portanto, sua dívida com o banco seria de R$ 1.520,00 (R$ 1.020,00


juros + R$ 500,00 valor que já estava devendo).

Perceba que o valor é o mesmo do enunciado do problema, portanto a


cobrança foi realmente feita por meio de juros simples.

E se a cobrança tivesse sido feita por meio de juros sobre juros (juros
compostos), quanto João estaria devendo? Vamos explorar esse caso agora.

Vamos usar uma tabela para nos auxiliar no entendimento do problema.


Acompanhe a seguir:

www.esab.edu.br 124
Tabela 15 – Tabela de juros compostos mês a mês.
Base de
Mês Taxa Valor dos juros compostos Saldo devedor atualizado
cálculo
1 500,00 8,5% 500,00 x 8,5% = 42,50 500,00 + 42,50 = 542,50
2 542,50 8,5% 542,50 x 8,5% = 46,11 542,50 + 46,11 = 588,61
3 588,61 8,5% 588,61 x 8,5% = 50,03 588,61 + 50,03 = 638,64
4 638,64 8,5% 638,64 x 8,5% = 54,28 638,64 + 54,28 = 692,93
5 692,93 8,5% 692,93 x 8,5% = 58,90 692,93 + 58,90 = 751,83
6 751,83 8,5% 751,83 x 8,5% = 63,91 751,83 + 63,91 = 815,73
7 815,73 8,5% 815,73 x 8,5% = 69,34 815,73 + 69,34 = 885,07
8 885,07 8,5% 885,07 x 8,5% = 75,23 885,07 + 75,23 = 960,30
9 960,30 8,5% 960,30 x 8,5% = 81,63 960,30 + 81,63 = 1.041,93
10 1.041,93 8,5% 1.041,93 x 8,5% = 88,56 1.041,93 + 88,56 = 1.130,49
11 1.130,49 8,5% 1.130,49 x 8,5% = 96,09 1.130,49 + 96,09 = 1.226,58
12 1.226,58 8,5% 1.226,58 x 8,5% = 104,26 1.226,58 + 104,26 = 1.330,84
13 1.330,84 8,5% 1.330,84 x 8,5% = 113,12 1.330,84 + 113,12 = 1.443,96
14 1.443,96 8,5% 1.443,96 x 8,5% = 122,74 1.443,96 + 122,74 = 1.566,70
15 1.566,70 8,5% 1.566,70 x 8,5% = 133,17 1.566,70 + 133,17 = 1.699,87
16 1.699,87 8,5% 1.699,87 x 8,5 = 144,49 1.699,87 + 144,49 = 1.844,36
17 1.844,36 8,5% 1.844,36 x 8,5% = 156,77 1.844,36 + 156,77 = 2.001,13
18 2.001,13 8,5% 2.001,13 x 8,5% = 170,10 2.001,13 + 170,10 = 2.171,23
19 2.171,23 8,5% 2.171,23 x 8,5% = 184,55 2.171,23 + 184,55 = 2.355,78
20 2.355,78 8,5% 2.355,78 x 8,5% = 200,24 2.355,78 + 200,24 = 2.556,02
21 2.556,02 8,5% 2.556,02 x 8,5% = 217,26 2.556,02 + 217,26 = 2.773,29
22 2.773,29 8,5% 2.773,29 x 8,5% = 235,73 2.773,29 + 235,73 = 3.009,91
23 3.009,91 8,5% 3.009,91 x 8,5% = 255,77 3.009,91 + 255,77 = 3.264,78
24 3.264,78 8,5% 3.264,78 x 8,5% = 277,51 3.264,78 + 277,51 = 3.542,29

Fonte: Adaptada de Silva e Abrão (2008).

Na primeira linha da tabela, podemos observar que no primeiro mês os


juros foram calculados sobre os 500 reais. Já na segunda linha, ou seja,
no segundo mês, os juros foram cobrados sobre 542,50 reais, valor que
representa a soma dos 500 reais com os 42,50 reais de juros do mês
anterior. E assim sucessivamente.

www.esab.edu.br 125
Portanto, considerando a última linha da tabela de juros compostos,
podemos ver que no 24º mês sua dívida com o banco seria de R$
3.542,00.

Ou seja, podemos perceber a diferença de valores quando a cobrança


é feita com juros simples e quando é feita com juros compostos. Por
isso, é muito importante estarmos atentos a como é feita a cobrança de
juros quando vamos fazer um investimento, um empréstimo ou quando
estivermos diante de qualquer decisão em relação a esse assunto.

Mais à frente, na unidade 22, veremos algumas outras aplicações de


juros compostos, mas por enquanto podemos adiantar que a função que
representa esse tipo de juros é uma função exponencial.

20.1 Conceituação da função exponencial


Após a situação-problema de João, envolvendo função exponencial,
vamos definir esse tipo de função.

Segundo Silva e Abrão (2008), funções exponenciais são as funções do tipo:

y = f (x) = ax

Em que a deverá ser sempre maior do que zero e diferente de 1.

Nas próximas unidades, como você verá, estudaremos conceitos


importantes relacionados às funções exponenciais, por isso compreender
a sua definição é de extrema importância.

www.esab.edu.br 126
20.2 Algumas propriedades
Vamos relembrar algumas propriedades de potências, vistas na unidade 1,
que também são válidas nesta unidade:

Tabela 16 – Propriedades da potenciação.

(i) am . an = am+n (ii) 1


a -n =
an
am
(iii) n
= a m -n (iv) (an)m = anm
a
n
a an
(a . b) = a . b   = n
(v) n n n (vi)
b  b

Fonte: Adaptada de Goldstein, Schneider e Lay (2012).

Vejamos exemplos em que podemos empregar algumas das propriedades


mencionadas:

• com a propriedade (iv), podemos mudar a aparência de uma função


exponencial. Por exemplo, considere a função exponencial f (x) = 16x.
Sabemos que o quadrado de quatro é dezesseis, pois 4 . 4 = 42 = 16,
logo, podemos substituir 16 por 42, ficando com f (x) = 16x = (42)x = 42x
Ou seja, a função f (x) = 16x pode ser escrita também como f (x) = 42x

• com a propriedade (ii) podemos, também, mudar a


aparência de uma função exponencial. Por exemplo,
x
1
considere a função exponencial g ( x ) =   . Sabemos que
3
x
1 1
= 3-1 , logo, = g ( x ) = (3=
-1 x
) 3- x , ou seja, a função
3 3
x
1
g ( x ) =   pode ser escrita também como g(x) = 3‒x.
3

www.esab.edu.br 127
Nesta unidade, iniciamos nosso estudo das funções exponenciais.
Compreendemos uma situação-problema, a conceituação dessas
funções e também vimos algumas propriedades. Na próxima unidade,
continuaremos estudando funções exponenciais.

www.esab.edu.br 128
21 Função exponencial – parte II
Objetivo
Apresentar gráfico, domínio e imagem de funções exponenciais e
função crescente e decrescente.

Nesta unidade, continuaremos explorando as funções exponenciais. Já vimos


na unidade anterior que uma função exponencial é dada por f (x) = ax, com
a > 0 e a ≠ 1. Vamos agora verificar quando essas funções serão crescentes
ou decrescentes, como é caracterizado o domínio e a imagem e como se dá o
gráfico dessas funções.

21.1 Crescimento ou decrescimento exponencial


Segundo Demana et al. (2009), seja a um número real, para qualquer
função exponencial f (x) = ax, com a > 0 e a ≠ 1, temos que:

• quando a > 1, a função será crescente (função de crescimento


exponencial), com a sendo o seu fator de crescimento. Exemplo:
f (x) = 2x ;

• quando 0 < a < 1, ela será decrescente (função de decrescimento


exponencial), com a sendo o seu fator de decrescimento. Exemplo:
x
1
f (x ) =   .
2

21.2 Domínio e imagem de uma função exponencial


Silva e Abrão (2008) explicam que uma função exponencial x pode
assumir qualquer valor real, assim o seu domínio (D) é o conjunto dos
números reais, D = R para determinar o conjunto imagem (Im).

www.esab.edu.br 129
Devemos nos aprofundar um pouco mais no estudo e, para isso, será
preciso que você leia com bastante cuidado e atenção a explicação
a seguir, para que compreenda o raciocínio. Na seção 21.3, com os
gráficos, ficará ainda mais claro.

Considere uma função exponencial do tipo f (x) = ax + c, na qual c é um


número real:

• Com a > 1, note que:


• Por um lado, conforme o valor de x assume valores maiores, ax
assumirá valores maiores e o valor de f (x) também aumentará. Por
exemplo, se considerarmos a função f (x) = 2x (nesse caso c = 0),
temos que f (3) = 23 = 8 < f (4) = 24 = 16 < f (5) = 25 = 32, e assim
por diante. Podemos observar que: se x tende a +∞, ax tende a +∞,
e consequentemente f (x) tende a +∞ (não importando o valor
de c).

• Por outro lado, conforme o valor de x tende a menos infinito,


ax também assumirá valores menores e f (x) também diminuirá,
mas note que ax nunca será negativo e nem zero. Por exemplo,
considerando a função f (x) = 2x + 1 (nesse caso c = 1), temos que:

f ( -4) = 2 -4 + 1 f ( -3) = 2 -3 + 1
1 1
f ( -4) = 4 + 1 f ( -3) = 3 + 1
2 2
1 1
f ( -4) = +1 f ( -3) = + 1
16 8
=f ( -4) 1,0625 = f ( -3) 1,125

Note que: ‒4 é menor do que ‒3 e f (‒4) é menor do que f (‒3). Isso


ocorrerá sucessivamente, ou seja, conforme x assumir valores menores, f (x)
também assumirá valores menores.

Perceba que 2x nunca será negativo e também nunca será zero, porém sua
tendência é se aproximar cada vez mais de zero e, consequentemente, f (x)
se aproximará de 1. Nesse caso, podemos observar que: se x tende a -∞,
então ax tende a 0, e dessa forma f (x) tenderá a c.

www.esab.edu.br 130
• Com 0 < a < 1 ocorrerá o mesmo raciocínio anterior (usado na
explicação para a>1), porém, você poderá perceber que os casos irão se
inverter. Ou seja, quando x tender a +∞, teremos que f (x) tenderá a c,
e quando x tender a -∞, teremos que f (x) tenderá a +∞.
Com essa análise, podemos concluir que, para a função exponencial f (x) = ax
+ c, com a > 0 e a ≠ 1, temos que sua imagem será o conjunto Im = ]c, +∞[
e a função constante y = c é denominada de assíntota da função.

Note ainda que: se c = 0, teremos a função exponencial f (x) = ax, com a >
0 e a ≠ 1, que possui como imagem o conjunto Im = ]0, +∞[, e nesse caso
y = 0 é a assíntota da função.

Agora vamos estudar o gráfico dessas funções. Você perceberá que com o
gráfico a explicação do domínio da imagem ficará mais clara.

21.3 Gráfico de uma função exponencial


Vamos agora estudar o gráfico da função exponencial f (x) = ax + c, para
facilitar a visualização e o entendimento do que acontece. Para isso,
analisaremos, separadamente, os casos crescente e decrescente.

Já vimos que, quando a > 1, a função será crescente. Vamos esboçar o


gráfico para o exemplo: f (x) = 2x (note que aqui c = 0).

Na tabela a seguir, apresentamos a aplicação da função para alguns


valores de x:

www.esab.edu.br 131
Tabela 17 – Alguns valores de x e y, para y = f (x) = 2x.
x y
-3 0,125
-2 0,25
-1 0,5
0 1
1 2
2 4
3 8

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Vamos agora marcar no plano xy os pontos encontrados na tabela e esboçar o


gráfico da função f (x) = 2x. Note que, quando x = ‒3, temos que y = 0,125,
ou seja, o ponto (‒3; 0,125) pertence ao gráfico da função.

Veja na Figura 44, a seguir, o referido gráfico:


y
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
Figura 44 – Gráfico da função exponencial y = f (x) = 2x.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 132
Com base no gráfico da função y = f (x) = 2x, podemos perceber o que
estávamos discutindo na seção anterior, que D = R e Im = ]0, +∞[.

Veja que nesse caso o eixo x será assíntota horizontal da função, ou seja, a
função se aproxima cada vez mais do eixo x, mas nunca irá cruzá-lo.

Vimos também que quando 0 < a < 1 a função será decrescente. Vamos
x
1
esboçar o gráfico para o exemplo: f ( x ) =
  + 1, em que c =1.
2
Vamos aplicar a função em alguns valores de x e encontrar alguns pontos
para o esboço do gráfico. Veja a tabela a seguir:
x
1
=
Tabela 18 – Alguns valores de x e y , para y f=
( x )   + 1.
2
x y
-3 9
-2 5
-1 3
0 2
1 1,5
2 1,25
3 1,125

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 133
Encontrados alguns pontos, podemos fazer a marcação destes no plano
xy e esboçar o gráfico. Veja a figura a seguir:
y
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
x
−4 −3 −2 −1 1 2 3 4 5
−1
x
1
=
Figura 45 – Gráfico da função exponencial y f=
( x )   + 1.
2
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).
x
1
Com base no gráfico da função =
f ( x )   + 1, podemos perceber que
Im = ]1, +∞[. 2

Veja que, nesse caso, a reta y = 1 será a assíntota horizontal da função,


ou seja, a função se aproxima cada vez mais da reta y = 1, mas nunca irá
interceptá-la.

Na presente unidade, demos continuidade ao nosso estudo das funções


exponenciais. Vimos os conceitos de domínio e imagem, quando elas
são crescentes ou decrescentes e aprendemos como traçar o gráfico dessas
funções. Na próxima, veremos algumas aplicações de funções exponenciais.

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22 Aplicações de função exponencial
Objetivo
Apresentar aplicações de funções exponenciais em Administração e
juros compostos.

Para consolidar o conceito de função exponencial, nesta unidade vamos


estudar alguns exemplos práticos dessa função, como o crescimento de
vendas de um produto e a relação entre oferta e demanda. E, por fim,
veremos um exemplo envolvendo juros compostos (que já mencionamos
na unidade 20), no qual iremos deduzir algumas fórmulas relacionadas a
esse conceito.

Exemplo 1

Considere que o departamento de marketing de uma empresa desenvolveu


uma campanha para lançar um novo produto, e para a venda deste foi
previsto um crescimento exponencial dado pela função f (t) = 2t ‒ 1, em
que t representa o tempo em meses (SILVA; ABRÃO, 2008). Com base
nesse enunciado, podemos responder às seguintes perguntas:

a. Considerando que o preço de cada produto é de R$ 100,00, quanto


em reais será arrecadado com as vendas no final do oitavo mês?
Solução: Nesse caso, basta substituir t por oito (t = 8) na função para
obtermos a quantidade de produtos vendidos, e depois multiplicamos a
quantidade encontrada pelo valor de cada produto.

Ao substituirmos t da função por 8, teremos f (8) = 28 ‒ 1. Em seguida:

f (8) = 256 ‒ 1 Fatorando 256, temos que 256 = 28


f (8) = 255 Efetuando a subtração.

www.esab.edu.br 135
Logo, ao final do oitavo mês serão vendidos 255 produtos, e dessa forma
serão arrecadados R$ 22.500,00, pois multiplicamos R$ 100,00 x 255
(valor do produto x a quantidade do produto).

b. Sabendo que o ponto de equilíbrio (já estudado na unidade 10)


ocorre quando são vendidos, por mês, 511 produtos, quantos meses
levará para se alcançar o ponto de equilíbrio?
Solução: Aqui, queremos encontrar o valor de t tal que f (t) = 2t ‒ 1 seja
igual 511.

2t - 1 =511 igualando a função a 511;


2t = 511 + 1 adicionando + 1 a ambos os
lados e efetuando cálculos;
2t = 512 efetiuando a soma;
2t = 2 9 fatorando 512, temos que 512=29 ;
t =9 eliminando as bases iguais.

Logo, ao final do nono mês, será alcançado o ponto de equilíbrio.

c. Se o mercado não atender ao esperado e a venda vier a obedecer à


função f (t) = 3t ‒ 218, quantos meses levará para se alcançar o ponto
de equilíbrio, ou seja, os mesmos 511 produtos vendidos?
Solução: Aqui, devemos encontrar o valor de t tal que sua imagem pela
função f (t) = 3t ‒ 218 seja 511.

3t - 218 =
511 igualando a função a 511;
adicionando + 218 a ambos
=
3t 511 + 218
os lados e efetuando cálculos;
3t = 729 efetuando a soma;
3t = 36 fatorando 729, temos que 729 = 36 ;
t =6 eliminando as bases iguais.
Logo, se a função a ser obedecida for f (t) = 3t ‒ 218, teremos que ao final
do sexto mês será alcançado o ponto de equilíbrio.

www.esab.edu.br 136
Para sua reflexão
Você percebeu que com a função f (t= ) 2t - 1
o ponto de equilíbrio é alcançado em nove meses,
e já com a função f (t= ) 3t - 218 ele é
alcançado em menos tempo? Você consegue
explicar por que isso acontece? (Dica: lembre-se
do fator de crescimento da função exponencial,
visto na unidade 21).
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

Exemplo 2

Considere que determinado produto obedece às seguintes funções de


oferta e demanda em função do preço (SILVA; ABRÃO, 2008):

• demanda: d(x) = 80 × 0,4x, em que x representa o preço;


• oferta: o(x) = 20 × 1,6x, em que x representa o preço.
Com base nesse enunciado podemos responder à seguinte pergunta:

a. Qual é o preço a que deve ser vendido o produto para que haja
equilíbrio entre a oferta e a demanda?
Solução: Para que ocorra o equilíbrio, devemos encontrar o valor de x tal
que sua imagem seja a mesma nas duas funções, ou seja:

www.esab.edu.br 137
d ( x ) = o( x ) igualando as funções;
80 × 0, 4 x =20 × 1,6 x
4 × 0, 4 x =
1,6 x dividindo ambos os lados por 20;
1,6 x
4= dividindo ambos os lados por 0,4 x ;
0, 4 x
x
 1,6 
4=  usando a propriedade (vi) da unidade 20;
 0, 4 
4 = 4x dividindo 1,6 por 0,4 temos 4;
41 4=
x
lembre-se de que 4 41 ;
1= x eliminando as bases iguais.

Logo, o preço a que será vendido o produto deve ser de R$ 1,00.

Até agora, vimos dois exemplos práticos envolvendo funções exponenciais.


Dando continuidade aos exemplos, veremos um que envolverá juros
compostos e aprenderemos como calculá-los utilizando algumas fórmulas.

22.1 Juros compostos


Você lembra que na unidade 20 já foi abordada uma situação-problema
envolvendo juros compostos? Esse modelo de rendimento é importante,
pois a rentabilidade que é oferecida por ele é maior que a do regime por
juros simples (já estudado na unidade 11).

Em nosso sistema financeiro atual, esse tipo de juros é o mais usado,


ou seja, muitas das modalidades de investimentos e financiamentos são
calculadas de acordo com esse modelo de investimento, pois como ele
oferece um maior rendimento, consequentemente oferece mais lucro.

É importante destacar que os cálculos envolvendo juros compostos


muitas vezes necessitam do manuseio de uma calculadora científica, pois
envolvem operações que quando efetuadas sem a calculadora podem
ser trabalhosas. Lembre-se de que na unidade 2 você já viu como usar
calculadora na resolução de operações matemáticas.

www.esab.edu.br 138
22.2 Fórmulas para o cálculo de juros compostos
Os juros compostos representam uma aplicação em que funções
exponenciais são utilizadas. Mas afinal, o que é juro composto?

Juros compostos são aqueles juros de um determinado período somados


ao capital para o cálculo de novos juros nos período seguintes.

As fórmulas usadas no cálculo dos juros compostos são as seguintes:

M = P(1 + i) e J = M ‒ P

Em que:

• P = principal;
• i = taxa de juros;
• n = tempo de aplicação dos juros;
• M = montante
Vamos agora ver um exemplo de como utilizar essas fórmulas:

Considere que o capital inicial (principal P) que você aplicou em um


investimento é de R$ 1.000,00, que a taxa mensal de juros compostos (i)
é de 10% ao mês e que o seu investimento durou 3 meses.

Vamos calcular o montante (M = principal + juros) e os juros compostos


(J = montante ‒ principal)utilizando as fórmulas acima:

Dados:

• P = R$ 1.000,00
10
• =i 10%= = 0,1 ao mês
100
• n = 3 meses

www.esab.edu.br 139
Para o cálculo do montante vamos usar a fórmula: M = P(1 + i)n.

=
M 1000(1 + 0,1)3 substituindo os dados da fórmula;
=
M 1000 × (1,1)3 dsomando 1 com 0,1;
=
M 1000 × 1,331 aplicando a potenciação.
M = 1331 aplicando a multiplicação.

Logo o montante será de: R$ 1.331,00, ou seja, esse é o valor do seu


investimento após 3 meses.

Para o cálculo dos juros vamos usar o valor do montante encontrado no


cálculo anterior e a fórmula: J = M ‒ P.

=J 1331 - 1000 substituindo os dados da fórmula;


J = 331 aplicando a subtração.
Logo os juros pagos resultarão no valor de: R$ 331,00, ou seja, esse é o
valor dos juros do seu investimento após 3 meses.

Na presente unidade, estudamos alguns exemplos práticos de funções


exponenciais, como o desejável crescimento de vendas de um
determinado produto, a relação entre oferta e demanda e, por fim, juros
compostos e suas fórmulas. Na próxima unidade, começaremos o estudo
de outro tipo de função, as funções logarítmicas.

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23 Função logarítmica – parte I
Objetivo
Compreender situação-problema envolvendo função logarítmica e
conceituar logaritmo e suas propriedades.

A partir desta unidade, começaremos o nosso estudo sobre as funções


logarítmicas. Assim como fizemos com as exponenciais, nesta primeira
parte estaremos interessados em compreender em qual tipo de problema
(usando uma situação-problema) uma função logarítmica pode ser usada,
e após esse entendimento vamos estudar os logaritmos, suas propriedades
e como fazer cálculos com eles. Somente na próxima unidade vamos
definir, de fato, o que é função logarítmica.

Considere a seguinte situação-problema:

Maria era uma empresária que se interessava pelas ideias de Taylor e Ford,
principalmente aquelas relacionadas com a criação de mecanismos de remuneração
para estimular a maior produtividade. Após alguns estudos, Maria constatou que
a melhor forma de conceder a comissão para seus vendedores seria a seguinte:
a comissão deveria iniciar em um percentual muito pequeno, mas que crescesse
rapidamente, oferecendo tranquilidade e garantia de ganhos para os vendedores,
de tal forma que depois de um tempo esse percentual continuasse crescendo,
porém de forma cada vez menos acelerada. A empresária queria que a função que
representasse o percentual de comissão fosse de acordo com o gráfico apresentado a
seguir (SILVA; ABRÃO, 2008).

www.esab.edu.br 141
4
% de comissão 2

2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000


Quantidade vendida em reais
Figura 46 – Gráfico da porcentagem de comissão em relação à quantidade vendida em reais.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

O gráfico relaciona a quantidade de produtos vendida em reais e a


porcentagem de comissão que um funcionário poderá receber. Esse
gráfico representa uma função logarítmica e você verá como construí-lo
na próxima unidade.

Vamos agora ver a conceituação de logaritmo e algumas propriedades.

23.1 Conceituando logaritmo


De acordo com Silva e Abrão (2008), o logaritmo de um número a em
uma base b (a > 0, b > 0 e b ≠ 1) é o número c, tal que se logb a = c, então
bc = a.

É fundamental conhecer algumas propriedades de logaritmo, pois elas


aparecem e ajudam nas resoluções de questões envolvendo logaritmos.

www.esab.edu.br 142
Vejamos algumas delas:

Tabela 19 – Propriedades de logaritmos.

Fonte: Adaptada de Silva e Abrão (2008).

23.2 Exemplos de cálculo de logaritmos e mais


propriedades
Vejamos alguns exemplos.

a. log 2 8 = x se e somente se 2 x =8;


2 x 2=
3
fatorando o 8 temos: 8 23 ;
x =3 eliminando as bases iguais.
Portanto, log 2 8 = 3.

b. log 3 3 = x se e somente se 3 x = 3;
1 1
=3 3= x
pois: 3 3 ; 2 2

1
x= eliminando as bases iguais.
2
1
Portanto, log 3 3 = .
2

www.esab.edu.br 143
Observação: quando a base do logaritmo é 10, não precisamos escrever a
base:

c. log100 = x se e somente se 10 x =100;


= =
10 x 10 2
pois: 100 102 ;
x =2 eliminando as bases iguais.
Portanto, log100 = 2.

1 1
d. log =x se e somente se 10 x = ;
1000 1000
1 1
10 x = 10-3 pois: = 3 =10-3 ;
1000 10
x = -3 eliminando as bases iguais.
1
Portanto, log = -3.
1000

Logaritmos com base “e” (número de Euler) são denotados por “ln” e são
chamados de logaritmos naturais ou neperianos:

=e. ln e 5 x=
temos que ln e 5 log e e 5 ;
=log e e 5 x=
se e somente se e x e 5 ;
e x = e5;
x =5 eliminando as bases iguais.
Portanto, ln e 5 = 5.

=f. ln e x=
temos que ln e log e e ;
=log e e x=
se e somente se e x e;
ex = e;
1 1
=e e= x
pois e e ; 2 2

1
x= eliminando as bases iguais.
2
1
Portanto, ln e = .
2

www.esab.edu.br 144
Dica
Em geral, as calculadoras possuem duas teclas
para os cálculos utilizando logaritmos, que são
“log” e “ln”, ou seja, os logaritmos de base “10”
e base “e”, respectivamente. Dessa forma, é
interessante saber como transformar (como visto
nesta unidade) qualquer outra base nessas duas.

Podemos usar mudança de base para logaritmos. Sejam a, b e x reais


log a x
positivos e b ≠ 1, temos que: logb x = .
log a b

ln16
g. log 3 16 = usando mudança de base;
ln 3
ln16 usando calculadora
≅ 2,52
ln 3 ( ≅ representa aproximadamente).
Portanto, log 3 16 ≅ 2,52.

log10
h. log 6 10 = usando mudança de base;
log 6
pois: log10 = 1,
log10 1
= já que log10 = log10 10
log 6 log 6
e 101 = 10;
1 usando calculadora
≅ 1,29
log 6 ( ≅ representa aproximadamente).
Portanto, log 6 10 ≅ 1,29.

Caro estudante, esta unidade é importante para que você se familiarize


com logaritmos e para que nas próximas unidades o conceito de função
logarítmica possa ser entendido.

www.esab.edu.br 145
Nesta unidade, começamos nosso estudo sobre funções logarítmicas,
vimos uma situação-problema, o conceito de logaritmo, suas
propriedades e como fazer cálculos com logaritmos. Na próxima
unidade, vamos definir as funções logarítmicas, pois isso ainda não foi
feito, e dar continuidade ao nosso estudo sobre elas.

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24 Função logarítmica – parte II

Objetivo
Conceituar função logarítmica, domínio, imagem e gráficos.

Nesta unidade, veremos a definição da função logarítmica, vamos estudar


alguns conceitos importantes, como seu domínio e sua imagem, e
também vamos entender como se dá o gráfico dessas funções.

24.1 Conceituação da função logarítmica


Após ver a situação-problema da empresária Maria, na unidade anterior,
que envolveu função logarítmica, vamos agora definir esse tipo de função.

Segundo Goldstein, Schneider e Lay (2012), a função logarítmica de


base b é denotada por:

y = f (x) = logb x

Em que b deverá ser sempre maior do que zero e diferente de 1.

Algo importante a ser considerado é que uma função logarítmica é a


inversa de uma função exponencial (o conceito de função inversa já foi
estudado na unidade 18 e o de função exponencial foi abordado a partir
da unidade 20). Saber desse fato nos ajudará com cálculos e também a
esboçar o gráfico das funções logarítmicas, como veremos ainda nesta
unidade. Para isso, veremos agora como fazer a transformação de uma
forma para a outra.

www.esab.edu.br 147
24.2 Transformação entre a forma logarítmica e a
forma exponencial
Como já visto na unidade anterior, o logaritmo de um número positivo a em
uma base b (b > 0 e b ≠ 1) é o número c, tal que se logb a = c então bc = a.

Dessa forma, se x > 0, b > 0 e b ≠ 1, temos que:

y = f (x) = logb x se e somente se b y = x

Com essa transformação, sabemos que um logaritmo está relacionado


com uma potência (isto é, o logaritmo é o expoente de uma potência)
e, dessa forma, podemos usar as propriedades de potenciação vistas na
unidade 20.

Vamos agora ver quais os valores que x e f (x) podem assumir, ou seja,
vamos identificar qual é o conjunto domínio e o conjunto imagem da
função logarítmica.

24.3 Domínio e imagem de uma função logarítmica


Silva e Abrão (2008) explicam que, em y = f (x) = logb x, x deve ser
maior que zero, portanto, o domínio (D) de uma função logarítmica é
o conjunto D = {x ∈ R / x > 0}. Já a imagem (Im) será o conjunto dos
reais, isto é Im = R.

Quando estudarmos o gráfico das funções logarítmicas, o que faremos a


partir de agora, ficará mais clara a visualização dos conjuntos imagem e
domínio dessas funções.

www.esab.edu.br 148
24.4 Gráfico de uma função logarítmica
Você se lembra do problema da empresária Maria (unidade 23), que
queria encontrar uma forma de dar comissões para seus funcionários?
Vamos imaginar que a função que resolve o problema da Maria é dada
por f (x) = 1n(x) ‒5,5, com x ≥ 250, na qual x representa a quantidade
em reais de produtos que foi vendida por um funcionário. Podemos
observar que o funcionário começará a receber comissão após a venda
mínima de R$ 250,00.

Dessa forma, vamos usar uma tabela para nos ajudar a esboçar o gráfico
da função f (x) = 1n(x) ‒5,5, com o valor inicial para x sendo 250 (para
os cálculos encontrados na tabela a seguir, utilizamos uma calculadora
científica).

Primeiro, aplicamos a função em alguns valores de x, e assim


encontramos os respectivos valores de y, conforme tabela a seguir:

Tabela 20 – Alguns valores de x e y , para f=


( x ) ln( x ) - 5,5 .
x (quantidade vendida em reais) y (comissão em %)
250 1n(250) ‒ 5,5 ≅ 0, 0
2.000 1n(2000) ‒ 5,5 ≅ 2, 1
4.000 1n(4000) ‒ 5,5 ≅ 2, 8
6.000 1n(6000) ‒ 5,5 ≅ 3, 2
8.000 1n(8000) ‒ 5,5 ≅ 3, 5
10.000 1n(10000) ‒ 5,5 ≅ 3, 7
12.000 1n(12000) ‒ 5,5 ≅ 3, 9

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Após feitos os cálculos, encontramos os pontos (x, y), marcamos estes no


plano xy e depois esboçamos o gráfico.

www.esab.edu.br 149
Veja na figura a seguir o gráfico da função f (x) = 1n(x) ‒5,5:
% de comissão 4
3
2
1
250 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Quantidade vendida em reais
=
Figura 47 – Gráfico da função logarítmica y f= ( x ) ln( x ) - 5,5.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Como as funções logarítmicas são inversas de funções exponenciais,


temos que o gráfico de uma função logarítmica é simétrico ao gráfico de
sua respectiva inversa exponencial, em relação à reta y = x.

Vamos estudar alguns gráficos como exemplo:

Gráfico da função f ( x ) = log 2 ( x )

Se x = 1, temos que log2(1) = y se e somente se 2y = 1, logo y = 0.

Se x = 4, temos que log2(4) = y se e somente se 2y = 4, logo y = 2.

Se x = 8, temos que log2(8) = y se e somente se 2y = 8, logo y = 3.

Ou seja, podemos perceber que a função logarítmica f (x) = log2 (x)


será inversa da função exponencial g(x) = 2x. Dessa forma, traçamos
primeiramente o gráfico da função g(x) = 2x (azul) e teremos que o
gráfico da função f (x) = log2 (x) (vermelho) será simétrico ao primeiro
em relação à reta y = x (verde).

Na tabela a seguir, encontramos um resumo dos cálculos efetuados


anteriormente.

www.esab.edu.br 150
Tabela 21 – Alguns valores de x e y para g ( x ) = 2 x .
x y

0 = 2=
g (0) x
1

2 = 2=
g (2) 2
4
3 = 2=
g (3) 3
8

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Dessa forma, temos que os pontos (0, 1), (2, 4) e (3, 8) são pontos
da função exponencial g(x). Vamos traçá-los no plano xy e então
traçar primeiramente o gráfico da função g(x). Sabemos que a função
logarítmica f (x) que queremos esboçar é inversa da função g(x). Dessa
forma, os pontos (0, 1), (2, 4) e (3, 8) farão parte do gráfico de f (x).
Logo, traçamos esses pontos no mesmo plano xy e conseguimos esboçar o
gráfico da função logarítmica f (x) conforme a figura a seguir:

y
9 2x
8
y=x
7
6
5
4
3 log 2 ( x )

2
1
x
−3 −2 −1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

y = 2 x , da logarítmica
Figura 48 – Gráfico da função exponencial
= =
y log 2 x e da reta y x.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 151
Veja outros gráficos e perceba que novamente a construção do gráfico
da função logarítmica pode ser feita a partir do gráfico da sua inversa
exponencial.

Gráfico da função f ( x) = log( x)

Os gráficos f (x) = log(x) (em cor vermelha) e f (x) = 10x (em cor azul) são
simétricos em relação à reta y = x (em cor verde).
y
4 y=x
y = 10 x
3

1 y = log x
x
−3 −2 −1 0 1 2 3 4
−1

−2

Figura 49 – Gráfico da função logarítmica y = log x , da função exponencial y = 10 x e da reta y = x .


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Observando o gráfico de f (x) = log(x) (em cor vermelha), podemos


perceber que D = {x ∈ R / x > 0} e Im = R.

Veja que nesse caso o eixo y será a assíntota vertical da função, ou seja, a
função se aproxima cada vez mais do eixo y, mas nunca irá interceptá-lo.

www.esab.edu.br 152
Gráfico da função f ( x ) = ln( x )

Os gráficos f (x) = ln(x) (em cor vermelha) e f (x) = ex(em cor azul)
também são simétricos em relação à reta y = x (em cor verde).

y
y = ex
4 y=x

2
y = ln x
1
x
−3 −2 −1 0 1 2 3 4
−1

−2

Figura 50 – Gráfico da função logarítmica y = ln x , da função exponencial y = e x e da reta y = x .


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Aqui também podemos perceber que para a função f (x) = ln(x) (em
cor vermelha) temos D = {x ∈ R / x > 0} e Im = R e que o eixo y será a
assíntota vertical.

Finalizamos esta unidade destacando a importância de compreendermos


as funções logarítmicas, que são funções inversas de funções
exponenciais. Ao serem apresentados os gráficos das funções logarítmicas,
você percebe mais claramente como se dá a visualização dos conjuntos
imagem e domínio dessas funções.

www.esab.edu.br 153
Estudo complementar
Caro aluno, clique aqui e acesse informações
importantes sobre a construção de gráficos
traçados a partir das transformações
sofridas pela função logarítmica. Por
exemplo, qual é a diferença do gráfico da
função f = ( x ) ln( x + 1) e da função
f=( x ) ln( x ) + 1 em relação à função
f ( x ) = ln( x )? Você verá a resposta no link
indicado.

www.esab.edu.br 154
Resumo

A cada unidade que estudamos você pôde perceber que, de alguma


forma, os conceitos matemáticos podem ser úteis na resolução de
problemas das áreas de Administração e Economia.

Nas unidades que você acabou de estudar, buscamos sempre apresentar


situações-problemas do dia a dia de um administrador. Inicialmente,
na unidade 19, começamos abordando o conceito de função composta,
e então vimos que uma função composta nada mais é do que a
combinação de duas outras funções.

Após isso, nas unidades 20, 21 e 22, estudamos as funções exponenciais


e percebemos que estas são importantes para o estudante de
Administração, pois caracterizam as situações em que se trabalha com
os juros compostos – que, como vimos, são mais rentáveis do que juros
simples. Aprendemos sua conceituação, domínio, imagem e vimos como
são traçados os gráficos dessas funções.

Por fim, nas unidades 23 e 24, estudamos as funções logarítmicas,


que são funções inversas de funções exponenciais. Também vimos sua
conceituação, domínio, imagem e gráfico.

www.esab.edu.br 155
25 Aplicações de funções logarítmicas
Objetivo
Apresentar situações-problema de Administração envolvendo
funções logarítmicas.

Como já conhecemos as características das funções logarítmicas como


domínio, imagem e gráficos, passaremos a estudar, com o auxílio do
trabalho de Murolo e Bonetto (2012), aplicações desse tipo de função
em problemas de Administração. Nesta unidade, vamos consolidar o
raciocínio envolvendo logaritmos através da resolução de exercícios.
Essas aplicações levam em conta o conceito matemático abordado como
função inversa, função composta e exponencial.

Atualmente dispomos de outras ferramentas para calcular o valor de


uma expressão que envolva várias operações (multiplicação, divisão,
potenciação e radiciação), como uma calculadora científica, um
programa de computador ou até mesmo um aplicativo.

Contudo, no passado, para encontrar o valor de x em uma expressão


(11,2)5 ⋅ 7 2,07
como esta x = , usávamos logaritmos.
(1,103)11
O cálculo era feito com o auxílio de tabelas de logaritmos e das
propriedades operatórias, em que as multiplicações transformavam-se em
adições, as divisões em subtrações e as potenciações em multiplicações.

Acompanhe o exemplo:
(11, 2)5 × 7 2, 07
x=
(1,103)11
Primeiro aplicamos o logaritmo nos dois lados da igualdade, conforme segue:
(11, 2)5 × 7 2, 07
log x = log
(1,103)11

www.esab.edu.br 156
Aplicando as propriedades dos logaritmos (propriedade da divisão), vistas
na Tabela 19 da unidade 23 temos:
x
propriedade ( iii ) → log   = log( x) - log( y ), assim:
 y
x log (11, 2)5 × 7 2, 07  - log(1,103)11
log=

Note que, após aplicarmos a propriedade (iii), ainda nos resta um


produto no argumento do logaritmo do lado direito. Logo:

propriedade ( i ) → log( x ⋅ y=
) log( x) + log( y ), então:
log x = log(11, 2)5 + log 7 2, 07 - log(1,103)11

Utilizando a propriedade (ii) do expoente (log(x y) = y ⋅ logx), chegamos


à expressão final:
1
log x =5 × log11, 2 + × log 2, 07 - 11 × log1,103
7
As antigas tabelas de logaritmos forneciam os valores log 11,2, log 2,01 e
log 1,103 com os quais se calculava o valor de logx e chegava-se ao valor
de x. Nos dias de hoje esse tipo de cálculo está ultrapassado, por isso não
apresentaremos as tabelas de logaritmos. A seguir, vamos verificar alguns
exemplos sobre aplicações de funções logarítmicas.

Os logaritmos mais usados nas aplicações são os naturais, que têm uma
base natural denotada pela letra e, adoção feita em homenagem ao
matemático suíço Leonard Euler, que, em um artigo, foi o primeiro a
sugerir sua aplicação.

As funções logarítmicas foram desenvolvidas para agilizar as contas de


multiplicação, divisão, potenciação e radiciação, entretanto elas também
são fundamentais em outras disciplinas, por exemplo, na Química para
o cálculo do PH (potencial de hidrogênio), na Física para o cálculo
de intensidade física sonora (decibel), e até mesmo para a solução de
problemas de Contabilidade e Administração, como podemos ver nos
exemplos a seguir.

Observe como as ciências estão intimamente ligadas à Matemática e,


nesses casos, com as funções logarítmicas.

www.esab.edu.br 157
Exemplo 1

Uma pessoa investiu R$ 5.000,00 em uma aplicação e deseja resgatar


o investimento quando o seu saldo for de R$ 8.000,00. Supondo que
a taxa de juros (i) dessa aplicação seja de 0,78% ao mês, determine o
tempo que esse investidor deverá deixar o recurso aplicado.

Solução: Na disciplina de Matemática Financeira, você verá com


mais detalhes a fórmula do montante (M) no regime de capitalização
composto. Agora, para fins didáticos, considere a fórmula do montante
M = C (1 + i)n, na qual M é o montante, C é o capital inicial, i é a taxa
de juros e n é o período correspondente, que pode ser em dias, meses,
anos, décadas etc. Logo, 8000 = 5000 ⋅ (1 + 0,0078)n.

Agora dividiremos os dois lados da expressão por 5000, conforme segue:

8000
= (1 + 0, 0078) n
5000

Aplicando a função logarítmica na base 10 nos dois lados da expressão,


8
temos: log(1, 0078)n = log  
5

Agora aplicaremos a propriedade (ii) da Tabela 19 da unidade 23


8  
(log(x y) = y ⋅ log(x)) do seguinte modo: n ⋅ log(1, 0078) =
log   .
5

Com o auxílio de uma calculadora, encontraremos o valor de log


(1,0078)= 0,00374 e log   ⇒ log1, 6 =
0, 204120. Assim, temos:
 

n x 00,003374= 0,204120

E isolando o período n, chegamos ao resultado:

0,204120
n=
0,003374
n = 60, 49

O tempo necessário para chegar aos R$ 8.000,00 oscila entre o mês 60 e


o mês 61, após a aplicação.

www.esab.edu.br 158
Exemplo 2

Suponha que a função V = 35000⋅0,875t origina o valor final (V) de um


carro em função do tempo t, cujo valor inicial é de R$ 35.000,00 e cuja
depreciação é de 12,5% ao ano. Determine após quanto tempo o valor
do carro chega à metade do valor inicial.

Solução: Como a aplicação do exemplo refere-se exclusivamente às


funções logarítmicas, consideremos o valor do carro V em função do
tempo t. Logo, teremos:

V = 35000⋅0,875t
Vamos substituir V=17500, que é a metade do valor inicial de R$
35.000,00, já que a questão pede o tempo necessário para que o valor
chegue à metade do valor inicial:

35000⋅0,875t = 17500
Agora isolaremos o termo 0,875t, conforme segue:

17500
0,875t =
35000
t
0,875 = 0,5

Para encontrarmos o valor de t, aplicamos o logaritmo nos dois lados da


igualdade, assim log0,875t = log0,5.

Aplicando a propriedade (ii) da Tabela 19 da unidade 23, ou seja, log(x y)


= y ⋅ log(x), temos:

t × log 0,875 =
log 0,5
log 0,5
t=
log 0,875

Usando a calculadora, obtemos o valor de t:

t ≅ 5,19089317
t ≅ 5,2 anos

www.esab.edu.br 159
Essa aplicação permite concluir que o valor do carro será a metade do
valor inicial entre o 5º e o 6º ano.

Nesta unidade, trabalhamos com as aplicações das funções logarítmicas


voltadas à Economia, aos negócios e a outros temas importantes ao
profissional de Administração. Na próxima unidade, resolveremos
exercícios que envolvem outros assuntos já estudados.

www.esab.edu.br 160
Exercícios sobre função inversa,
26 composta, exponencial e
logarítmicas
Objetivo
Propor exercícios sobre função inversa, composta, exponencial e
logarítmica.

Nesta unidade vamos verificar nosso aprendizado respondendo a uma


série de exercícios que também nos ajudarão a fixar melhor o que foi
aprendido nas unidades anteriores.

Exemplo 1

Suponhamos que a população de certa cidade seja estimada, para daqui a x


1
anos, por f ( x) =  20 - 
 ×1000. Qual a população referente ao terceiro ano?
 2x 

Solução: Sabemos que a população de determinada cidade aumenta em


1
função do ano e de acordo com a função f ( x) = 20 - ⋅1000.
2x

Para determinarmos a população, após três anos, basta substituirmos x = 3,


na função, e teremos a quantidade de pessoas referente aos três anos. Nossa
resolução fica assim:

www.esab.edu.br 161
 1 
f ( x) =  20 - x  ×1000
 2 
 1
f (3) =  20 - 3  ×1000
 2 
 1
f (3) =  20 -  ×1000
 8
 160 - 1 
f (3) 
=  ×1000
 8 
159 159000000
f (3) = ×1000 =
8 8
f (3) = 19875

Ou seja, após 3 anos a população da cidade será de 19.875 habitantes.

Exercício 2

O montante de uma dívida no decorrer de x meses é dado por


M (x) = 10000 ⋅ 1,05x. Determine após quanto tempo o montante será
de R$ 40.000,00.

Solução: Na expressão anterior, vamos substituir M (x) = 40.000. Assim,


teremos:

10000 ⋅ 1,05x = 40000.


Isolando o termo 1,05x, obtemos:

40000
1, 05 x =
10000
x
1, 05 = 4

Novamente, para determinarmos o valor de x, aplicamos o logaritmo na


base 10 nos dois lados da igualdade.

log1,05x = log4

www.esab.edu.br 162
Aplicando a propriedade (ii) log(x y) = y ⋅ log(x) da Tabela 19 da unidade
23, que se aplica também aos logaritmos naturais, temos:

x ⋅ log1,05 =
log 4
log 4
x=
log1,05
Usando a calculadora, obtemos o valor de x:

0,602060
x≅
0,021189
x ≅ 28, 41339817
x ≅ 28, 41
O que nos permite concluir que o montante da dívida será de R$
40.000,00 entre o 28º e o 29º mês.

Exercício 3

Dada a função f de R em R, definida por f (x) = x2, qual é a função


inversa de f (x)?

Solução: A função dada é f (x) = y = x2. Aplicando a regra prática,


indicada na unidade 18, permutando as variáveis, temos:

Para encontrar a função inversa, sugere-se os seguintes passos:


1) isolar a variável independente (x);
2) trocar x por y;
3) chamar y de y -1 .

www.esab.edu.br 163
Então:

x = y2
Expressando y em função de x:

x =y 2 ⇒ y = x ou y =- x

(ambas as respostas são possíveis)

Exercício 4

Encontre a função composta fog (x) para as funções f (x) = 2x+3 e g (x) =
2x ‒ 1.

Solução: Vimos, na unidade 19, que: fog (x) = f (g(x)), ou seja, colaremos
dentro da função f (x) a função g (x), então:

fog (x) = 2( g (x)) + 3

fog (x) = 2(2x ‒ 1) + 3

Aplicando a propriedade distributiva e somando os termos, temos:

fog (x) = 4x – 2+3

fog (x) = 4x + 1

Logo, a função composta será fog (x) = 4x + 1.

Exemplo 5

Uma pesquisa mostrou que a população de determinada região do país


cresce em relação ao tempo t , contado em anos, segundo a função
P (t) = 50.000 × 20,125t. Na função, o valor de 50.000 refere-se a
população atual da região, ou seja, na data da pesquisa. Estime a
populção dessa região, passadas 4 décadas.

www.esab.edu.br 164
Solução: Neste exemplo, temos uma função exponencial. Substituindo
o valor de 40 anos (4 décadas) em t, teremos a população da região nesse
período. Portanto:

P ( t ) 50.000 × 20,125t
=
( 40 ) 50.000 × 20,125×40
P=
( 40 ) 50.000 × 25
P=
( 40 ) 50.000 × 1.024
P=
P ( 40 ) = 1.600.000

Passdos 40 anos, a população da determinada região será de 1.600.000


habitantes.

Nesta unidade, resolvemos exercícios sobre as funções inversa, composta,


exponencial e logarítmica, que funcionam com uma espécie de pré-
requisito para o estudo da próxima unidade, em que falaremos sobre o
limite de uma função. O conceito matemático de limite é fundamental
para a compreensão do cálculo diferencial. Nas próximas unidades, você
terá a oportunidade de conhecer e trabalhar com as principais aplicações
do cálculo diferencial na administração de empresas. Preparado?

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 165
27 O limite de uma função
Objetivo
Introduzir o conceito de limites a partir de situações-problema e
cálculo do limite de funções.

Nesta unidade abordaremos o conceito de limite e como ele é utilizado


para descrever o comportamento de uma função de acordo com a
aproximação de seu argumento a um determinado valor. O conceito
de limite é fundamental para a construção de outras definições que
ainda estudaremos, como as definições de derivada e integral. A noção
de limite lhe fornecerá, neste momento, condições para distinguir o
comportamento de algumas funções que variam continuamente, ou não,
em relação às suas variáveis.

A ideia de limite não se aplica só à Matemática. Em nosso cotidiano a ideia


de limite aparece frequentemente para ilustrar a produtividade máxima de
uma fábrica, o rendimento ideal de um automóvel, entre outros exemplos
que expressam um limite, ou seja, um desempenho ideal que nunca pode
ser atingido, mas o qual podemos fazer uma aproximação. Introduziremos
o conceito matemático de limite de forma intuitiva.

Consideremos uma função f (x) em que sua variável independente x


assuma valores próximos de uma constante a. No caso, f (x) assume um
conjunto de valores e, com x muito próximo de a, os valores assumidos
por f (x) aproximam-se de uma outra constante, C. Considere ainda
que os valores assumidos por x são relativamente próximos de a, mas
é importante destacar que eles não chegam ao valor de a. Assim, o
conjunto de valores assumidos por f (x) chega muito próximo a C, mas
não atinge seu valor. Dissemos então que f (x) tende a C quando x tende
a a. Na Matemática, escreve-se assim: lim f ( x) = C
x →∞

O limite de uma função tem larga aplicação na análise do


comportamento de uma função nas proximidades de um ponto fora do

www.esab.edu.br 166
domínio, ou seja, quando o valor de x tende a valores muito grandes
ou muito pequenos. Aqui trataremos essas situações como x → +∞ (x
tendendo a mais infinito) e x → –∞ (x tendendo a menos infinito).

Considere a função f (x) = x2. Vamos calcular seus limites laterais, ou


seja, vamos aproximar o valor de x ao de 3 pelo lado direito (por valores
maiores do que 3) e pelo lado esquerdo (por valores menores do que 3).
Assim, quando x tende a 3, teremos:

Limite pela esquerda

Vamos considerar um conjunto de números que chegue o mais próximo


possível de 3, ou seja, que convirja para o 3. Logo:
f ( x ) = x2

=f ( 2,9 ) 2,9
= 2
f ( 2,99 ) 2,99
= 2
f ( 2,999 ) 2,9992
=f ( 2,9 ) 8,=
41 f ( 2,99 ) 8,9401
= f ( 2,999 ) 8,9940

=
Tabela 22 – Limite de uma função f ( x ) x 2 , com x → 3- (lê-se x tendendo a 3 pela esquerda).
x 2,9 2,99 2,999
y 8,41 8,9401 8,9940

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Note que quando x tende a 3 pela esquerda, f(x) tende a 9. Logo :


lim f ( x ) = 9.
x →3-

Limite pela direita

Consideraremos agora um conjunto de números que convirja para o 3


pela direita, segue:
f ( x ) = x2

=f ( 3,1) 3,1
= 2
f ( 3, 01) 3,=
012 f ( 3, 001) 3, 0012
=f ( 2,9 ) 9,=
61 f ( 2,99 ) 9, 0601
= f ( 2,999 ) 9, 0060

www.esab.edu.br 167
=
Tabela 23 – Limite de uma função f ( x ) x 2 , com x → 3+ (lê-se x tendendo a 3 pela direita).
x 3,1 3,01 3,001
y 9,61 9,0601 9,0060

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Quando x tende a 3 pela direita, f(x) tende a 9. Logo : lim f ( x ) = 9.


x →3+

Nesse caso, os limites laterais são iguais. Então, podemos dizer que
lim f ( x ) = 9, e f é continua no ponto 3.
x →3

x
Pela esquerda 3 Pela direita

=
Figura 51 – Representação gráfica da função f ( x ) x 2 com x → ±3.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

1
Vamos considerar agora outra função f ( x ) = 1 - , a fim de discutir e
x
aplicar o conceito de limite.

1
Sendo f ( x ) = 1 - e adotando valores para a variável x cada vez maiores,
x
podemos dizer que x tende ao infinito, ou seja, x → ∞. Assim:

www.esab.edu.br 168
1
Tabela 24 – Limite de uma função f ( x ) = 1 - com x → ±∞ .
x

x 1 2 3 4 5 ... 500 ... 1000 ... 2000 ... 10000


y 0 0,500 0,667 0,750 0,800 0,998 0,999 0,9995 0,9999

x -1 -2 -3 -4 -5 ... -500 ... -1000 ... -2000 ... -10000


y 2,000 1,500 1,333 1,250 1,200 1,002 1,0001 1,0005 1,00001

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Acompanhe o gráfico da função, e observe que quando x → ±∞, a


função aproxima-se de 1, contudo, nunca chega nesse valor.

1
Figura 52 – Representação gráfica da função f ( x ) = 1 - com x → ±∞.
x
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).
Note que quando os valores de x vão aumentando na tabela – ou seja,
1
tendem ao infinito –, os respectivos valores de f ( x ) = 1 - aproximam-
x
 1
se de 1. Assim, escreve-se: lim 1 Observe também que quando
1 -  =
x →∞
 x
o valor de x tende ao infinito – ou seja, a valores cada vez maiores –, o
1
termo tende a zero.
x

www.esab.edu.br 169
Em termos de simbologia, quando pretendemos demonstrar que uma
função tem sua variável independente assumindo valores cada vez
maiores, expressamos isso mostrando que x → +∞, ou seja, x tende a
mais infinito, ou simplesmente x → ∞ (x tende a infinito). Da mesma
forma, quando pretendemos demonstrar que uma função tem sua
variável independente assumindo valores cada vez menores, expressamos
isso dizendo que x → –∞, ou seja, x tende a menos infinito.

Igualmente, quando temos a função y(x) na notação de limites, temos


lim y = 0
x →∞

Nesse caso, queremos traduzir a ideia de que x assume valores


maiores do que se possa imaginar e que, ao escrevermos
lim y 0 ou y → 0+ quando x → +∞, queremos como consequência
=
x →∞
exprimir a ideia de que y assume valores positivos cada vez menores,
aproximando-se do zero.

Nesta unidade apresentamos a você a noção de limite. Através de


algumas aplicações práticas, introduzimos um conceito que é a base
no estudo do cálculo diferencial. Na próxima unidade, continuaremos
estudando o conceito de limite e trabalharemos com algumas de suas
propriedades, como sua aplicação e contextualização, para que você
adquira todas as ferramentas necessárias à sua utilização.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 19 a 27. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 170
Cálculo de limites usando suas leis
28 – parte I
Objetivo
Apresentar cálculo de limites usando suas leis.

Na unidade anterior apresentamos o conceito de limite e, através


de tabelas e gráficos, vimos o comportamento de algumas funções
quando sua variável independente tende a determinado valor, o que
nos possibilita determinar intuitivamente seu limite. Nesta unidade,
resolveremos alguns exercícios relacionados ao limite de uma função, a
fim de aplicar os teoremas que serão apresentados e explicados aqui.

Na aplicação do conceito de limite, para cada caso teremos uma


propriedade que nos ajudará a resolver da melhor forma possível
determinada situação. A seguir, são listadas as propriedades de limites
que veremos nesta unidade. Cabe a você interpretá-las e aplicá-las
quando necessário.

Propriedades de limites

As seguintes propriedades de limites o ajudarão a avaliar o limite de uma


função.

www.esab.edu.br 171
Considerando m, n e k números reais, segue:
(i) lim k = k ;
x→ a

(ii) lim x = a;
x→ a

(iii) lim(mx + n) = ma + n;
x→ a

Considerando também que:


f ( x) m e =
= g ( x) n e c ∈ 
Temos:
(iv) lim [ f ( x) + g ( x)=
] lim f ( x) + lim g ( x);
x→a x→a x→a

(v) lim cf ( x) = c lim f ( x)


x→ a x→ a

(vi) lim[ f ( x) ⋅ g ( x)] =


lim f ( x) ⋅ lim g ( x);
x→ a x→ a x→ a

f ( x) lim f ( x)
x→ a
=(vii) lim desde que lim g ( x) ≠ 0;
x→ a g ( x) lim g ( x) x→ a
x→ a

(viii) lim[ f ( x)] [lim f ( x)]n , para n ∈ N .


= n
x→ a x→ a

Vamos resolver os limites aplicando a propriedade que é mais adequada a


cada caso.

Exemplo 1:

Calcule o lim x 2 - 4.
1
x→
4

Solução: Para resolução deste exemplo iremos aplicar a propriedade (iii)


lim(mx + n) = ma + n, assim:
x→ a

2
2 1 1 1 - 16 15
lim x - 4 ⇒   - 4 ⇒ - 4 ⇒ ⇒-
x→
1
2
2 4 4 4
-15
Assim lim x 2 - 4 =
x→
1 4
2

www.esab.edu.br 172
Exemplo 2:
x-4
Calcule o lim .
x →6 2x - 2

Solução: Para resolução deste exemplo iremos aplicar a propriedade (vii)

lim f ( x )
f ( x ) x→ a
=lim desde que lim g ( x ) ≠ 0,
x→ a g ( x ) lim g ( x ) x→ a
x→ a

substituindo x = 6, temos:

x-4 lim x - 4
lim ⇒ x →6 .
x →6 2 x - 2 lim 2 x - 2
x →6

Substituindo x = 6, segue:

6-4 2 1 x-4 1
= = . Assim o lim = .
2 × 6 - 2 10 5 x → 6 2x - 2 5

Exemplo 3:
1
Calcule o lim
x →6
( 4 x + 3) 3 .

Solução: Para este exercício usaremos a propriedade


(viii) lim[ f ( x)]n = [lim f ( x)]n , para n ∈ N, assim:
x→ a x→ a

( )
1
lim ( 4 x + 3) 3 ⇒ lim 4 x + 3 3 . Substituindo x =
6, temos
x →6 x →6

1 1 n

( 4 × 6 + 3) 3 ⇒ ( 27 ) 3 , como sabemos
= que m x n x m =
, temos: 3 27 3.
1
Logo, o limite procurado é lim ( 4 x + 3) 3 =
3
x →6

www.esab.edu.br 173
Exemplo 4:

Calcule o lim ( 4 x + 3) × ( x + 2 ) 
x →1 
3

Solução: consideraremos para a resolução deste exemplo a propriedade (vi)

lim[ f ( x) ⋅ g ( x)]
= lim f ( x) ⋅ lim g ( x), assim teremos:
x→ a x→ a x→ a

lim ( 4 x + 3) × ( x + 2 )  ⇒ lim ( 4 x + 3) × lim ( x + 2 )


3 3

x →1   x →1 x →1

Substituindo x=1 nas duas funções, teremos:


( 4 ×1 + 3) × (1 + 2 )
( 4 + 3) × 3
12 × 3 =36
Desta forma, lim ( 4 x + 3) × ( x + 2 )  =
3
36.
x →1  

Exemplo 5:
x2 - 4 x
Calcule o lim .
x→2 2x - 2

Solução: Usaremos neste exemplo 2 propriedades, a propriedade

lim f ( x )
f ( x ) x→ a
(vii) lim =
x→ a g ( x ) lim g ( x )
x→ a

desde que lim g ( x) ≠ 0 e no numerador a propriedade (iv)


x→ a

(iv) lim [ f ( x) + g ( x)=


] lim f ( x) + lim g ( x), assim:
x→a x→a x→a
2
x2 - 4x lim x - lim 4 x
lim ⇒ x→2 x→2
x→2 2 x - 2 lim 2 x - 2
x→2

Substituindo x = 2 , segue:
lim x 2 - lim 4 x 22 - 4 × 2 4-8 -4
x→2 x→2
⇒ ⇒ ⇒ ⇒ -2
lim 2 x - 2 2× 2 - 2 4-2 2
x→2

x2 - 4 x
Assim o resultado será lim = -2.
x→2 2x - 2

www.esab.edu.br 174
Com esses exercícios, oportunizamos a você a aplicação de algumas
propriedades dos limites vistas nesta unidade. Através da resolução de
exercícios, estudaremos na unidade seguinte mais ferramentas para a
aplicação prática de limites de uma função, o que irá aumentar seu
conhecimento sobre o assunto.

Saiba mais
Para se inteirar, ainda mais, sobre a matéria
de limite de uma função, assista à videoaula
disponível clicando aqui. Nesse vídeo, é possível
conferir o que significa limite do ponto de vista
matemático, conceito que será essencial para as
próximas unidades sobre derivadas.

www.esab.edu.br 175
Cálculo de limites usando suas leis
29 – parte II
Objetivo
Apresentar o cálculo de limites usando suas leis.

Na unidade passada, tratamos da resolução de exercícios sobre limites


de uma função – parte I, mostramos alguns teoremas que serão de
suma importância na resolução de exercícios envolvendo limites. Nesta
unidade, apresentaremos mais exercícios de limites, resolveremos passo a
passo, mostrando qual o teorema apropriado para sua resolução.

Agora acompanhe a resolução destes exercícios:

Exemplo 1

A função de produção de certo bem em relação à quantidade de matéria-


x2 - 4
prima, em quilogramas, é dada por P( x) = . Determine a produção
x-2
quando se tem 2 quilogramas de matéria-prima.

Solução: Percebemos que P = P(x) não está definida para x = 2, já que esse
valor faz x ‒ 2 = 0, ou seja, quando x → 2, o numerador e o denominador
tendem a zero, o que não deixa claro o valor do limite, caracterizando
uma indeterminação na matemática. No entanto, essa dificuldade pode
ser contornada se fatorarmos o numerador da seguinte forma:

x2 - 4

( x + 2) × ( x - 2)
x-2 x-2

anulando x ‒ 2 no numerador e denominador sobra x + 2.

www.esab.edu.br 176
Agora, tomamos o limite quando x → 2 e avaliamos o que ocorre com a
produção, isto é, quando a produção x tende a esse valor.
lim P ( x)
x→2

x2 - 4
lim
x→2 x-2

Como mostramos no cálculo anterior, podemos simplificar a expressão


fazendo x → 2 (ou seja, substituindo x por 2) o que irá resultar:

( x + 2) × ( x - 2 )
lim
x→2 x-2
lim( x + 2) = 4
x→2

Assim, quando a produção tem apenas 2 quilogramas são produzidas 4


unidades.

Exemplo 2
x 2 - 7 x + 10
A função f ( x ) determina a produção de certo produto.
x2 - 4
Calcule o limite dessa função quando x → 2.

Solução: f (x) não está definida para x = 2, já que esse valor faz x2 –4 = 0,
22 - 7 × 2 + 10 0
ou seja, subtituindo 2 na função teremos:=
f ( x) 2

= f ( x)
2 -4 0
o que caracteriza uma indeterminação na matemática. A saída
encontrada para este impasse, é usarmos o recurso da fatoração, e
trabalharmos a função de modo que fujamos da indeterminação. Assim,
se fatorarmos o numerador e o denominador, obteremos:

x 2 - 7 x + 10 ( x - 2 ) .( x - 5)
lim ⇒ lim .
x→2 x2 - 4 x→2
( x - 2) .( x + 2)
Aqui aplicaremos a propriedade

f ( x) lim f ( x)
x→ a
(vii) lim
= , desde que lim g ( x) ≠ 0,
x→ a g ( x) lim g ( x) x→ a
x→ a

www.esab.edu.br 177
desde que lim g ( x) ≠ 0. Desse modo, aplicando o limite x → 2
x→ a
(substituindo x por 2 no numerador e no denominador), teremos:

lim
( x - 5) = -
3
x→2 ( x + 2 ) 4

Exemplo 3

Calcule xlim(
→-1
x 2 + x + 1).

Solução: Nesse caso, não há indeterminação, ou seja, a função está


definida para qualquer valor de x. Então, podemos resolver o limite
substituindo diretamente o valor de x (x = ‒ 1) no argumento do limite.

1) lim (( -1)2 + ( -1) +=


lim( x 2 + x += 1) 1
x →-1 x →-1

Nesse caso também poderíamos ter utilizado a propriedade


(iv) lim [ f ( x) + g ( x)=
] lix→ma f ( x) + lim g ( x), em que para cada parte da
x→a x→a
expressão o limite é calculado separadamente:

( )
2
lim( x 2 + x + 1) = lim x 2 + lim x + lim 1 = lim x + lim x + 1
x →-1 x →-1 x →-1 x →-1 x →-1 x →-1

Então, aplicando o valor do limite (x= –1), encontramos:

lim( x 2 + x + 1) = (-1) 2 - 1 + 1 = 1
x →-1

Perceba que as duas formas que utilizamos para calcular o limite chegam
ao mesmo resultado. Então, é preciso primeiramente avaliar qual é o
caminho mais fácil para resolver determinado limite.

Exemplo 4
x2 + 7 x - 2
Calcule lim
x →1 3x - 5

Solução: Nesse caso, não há indeterminação, ou seja, a função está


definida para qualquer valor de x. Pode-se dizer que sustituindo x=1

www.esab.edu.br 178
na expressão, temos 3x – 5 ≠ 0. Então, resolveremos o limite trocando
diretamente o valor de x (x = 1) no argumento do limite. Aplicando a
propriedade (iv) lim
x→a
[ f ( x) + g ( x)=] lix→ma f ( x) + lim
x→a
g ( x), em que para cada
parte da expressão o limite é calculado separadamente e a propriedade

f ( x) lim f ( x)
x→ a
=(vii) lim desde que lim g ( x) ≠ 0, temos:
x→ a g ( x) lim g ( x) x→ a
x→ a

x2 + 7 x - 2
lim
x →1 3x - 5
2
lim x + lim 7 x - lim 2
x →1 x →1 x →1
lim 3x - lim 5
x →1 x →1
2
1 +7-2 6
= = -3
3-5 -2

Logo, o valor do limite procurado é ‒3.

Exemplo 5
x -5
Calcule o lim .
x →1 x3 - 7

Solução: Note que neste caso ao substituirmos x por 1, não teremos


o problema da indeterminação, o que facilita a resolução. Assim
x -5
substituindo x = 1 na expressão, temos ≠ 0.
x3 - 7

Aplicando a propriedade

f ( x) lim f ( x)
x→ a
=(vii) lim , desde que lim g ( x) ≠ 0, temos:
x→ a g ( x) lim g ( x) x→ a
x→ a

x -5 lim x - 5 1- 5 -4 4
lim 3
⇒ x →1
⇒ ⇒ ⇒ .
x →1 x -7 lim x3 - 7 3
1 -7 -6 6
x →1

x -5 4
Assim, o limite lim será igual a .
x →1 x -7
3
6

www.esab.edu.br 179
Nesta unidade aplicamos algumas propriedades e resolvemos situações
envolvendo o conceito de limite de uma função através de exemplos
práticos e contextualizados. Na próxima unidade, resolveremos mais
exercícios sobre limite, a fim de revisar e reforçar os conceitos vistos até o
momento.

Saiba mais
Sugerimos que você assista à videoaula disponível
clicando aqui. Nessa reprodução, você terá acesso
à continuação do vídeo indicado na unidade
anterior para consolidar a teoria de limites.

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Cálculo de limites usando suas leis
30 – parte III
Objetivo
Apresentar o cálculo de limites usando suas leis.

Nesta unidade apresentaremos novas propriedades e, através de exercícios


resolvidos passo a passo, mostraremos suas aplicações.

Como na unidade 28, vamos considerar m, n e k como números reais.


Dessa forma, temos as seguintes propriedades:

=
(ix) lim n f ( x ) n lim f ( x ), desde que lim f ( x ) > 0, n ∈ N
x→ a x→ a x→ a

ou se lim f ( x ) ≤ 0 e n for inteiro positivo ímpar;


x→ a

(x) lim {ln[ f ( x )]} ln[lim f ( x )] se lim f ( x ) > 0;


=
x→ a x→ a x →a

(xi) lim {cos[ f ( x )]} = cos[lim f ( x )];


x→ a x→ a

(xii) lim {sen[ f ( x )]} = sen[lim f ( x )];


x→ a x→ a
lim f ( x )
(xiii) lim e f ( x ) = e x → a .
x→ a

Vamos agora resolver alguns limites aplicando a propriedade que mais se


adequa em cada caso:

Exercício 1

Calcular o lim
x→2
x3 - x 2 + 2 x - 1.

Solução: Para a resolução deste exercício usaremos a propriedade(ix)


lim n f ( x) = n lim f ( x), desde que lim f ( x) > 0, n ∈ N ou se lim f ( x) ≤ 0 e
x→ a x→ a x→ a x→ a
n for inteiro positivo ímpar, assim temos:

www.esab.edu.br 181
lim x3 - x 2 + 2 x - 1 ⇒ lim ( x3 - x 2 + 2 x - 1)
x→2 x→2

Substituindo x = 2 segue:
23 - 2 2 + 2 × 2 - 1 ⇒ 8 - 4 + 4 -1 = 7
Desse modo teremos que lim x 3 - x 2 + 2 x - 1 = 7.
x→2

Exercício 2

Calcular lim
x →3
(ex - 2x ).
Solução: Aplicando a propriedade (iv) lim
x→a
[ f ( x) + g ( x)=] lix→ma f ( x) + lim
x→a
g ( x),
em que para cada parte da expressão o limite é calculado separadamente,
e a propriedade
lim f ( x )
(xiii) lim e f ( x ) = e x→ a , temos:
x→ a

( )
lim x
lim e x - 2 x ⇒ lim e x - lim 2 x ⇒ e x→3 - lim 2 x.
x →3 x →3 x →3 x →3

Substituindo x=3, temos:

e3 - 2 × 3 = e3 - 6. Dessa forma, o limite fica: lim ( e x - 2 x ) = e3 - 6.


x →3

Exercício 3

Calcular lim(
x→2
x3 - 5 x + 2).

Solução: Aplicando a propriedade


(iv) lim [ f ( x ) + g ( x )=
] lim f ( x ) + lim g ( x ), na qual em cada parte da
x →a x →a x →a
expressão o seu limite é calculado separadamente, temos:

lim x3 = 8 
x→2  .

lim - 5 x =-10  ⇒ lim( x3 - 5 x + 2) =8 - 10 + 2 =0
x→2 x→2

lim(2) = 2 
x→2

Note que para cada parte da expressão fez-se x=2, obtendo o valor do
limite da expressão inteira, somando cada valor encontrado.

www.esab.edu.br 182
Exercício 4
x 2 + 10
Calcular o lim
x →5 x + 5
.

Solução: Aplicando a propriedade

lim f ( x )
f ( x ) x→ a
=(vii) lim , desde que lim g ( x ) ≠ 0,
x→ a g ( x ) lim g ( x ) x→ a
x→ a

vista na unidade 28, temos:

x 2 + 10 lim( x 2 + 10) 35 7 x 2 + 10 7
lim = x →5
= = . Assim, temos: lim = .
x →5 x + 5 lim( x + 5) 10 2 x →5 x + 5 2
x →5

Mais uma vez, depois de aplicada a função, fez-se x=5 no numerador e


no denominador.

Exercício 5
3x + 2
Calcule o lim .
x→2 x +1

Solução: Aplicando a propriedade

lim f ( x )
f ( x ) x→ a
=(vii) lim , desde que lim g ( x ) ≠ 0,
x→ a g ( x ) lim g ( x ) x→ a
x→ a

vista na unidade 28, temos:

3 x + 2 lim 3 x + 2 3 ⋅ 2 + 2 8
lim= x →2= = .
x→2 x + 1 lim x + 1 2 +1 3
x→2

Note que a resolução de um limite resume-se em aplicar a propriedade


e substituir o valor em que x tende na função. Logo, é importante que
você reveja, sempre que necessário, as propriedades apresentadas nas
unidades 28 e 29.

www.esab.edu.br 183
Exercício 6
x -9
Calcule o lim .
x →9 x -3

Solução: Como não podemos aplicar a propriedade do quociente, já


que lim
x →9
x -3 =0, ou seja, a função não está definida em x=9, teremos de
multiplicar a expressão pelo conjugado (esse procedimento foi visto por
você no Ensino Fundamental). Mas não fique preocupado, pois se você
não se recorda, o explicaremos aqui, passo a passo.

Uma forma de simplificar essa expressão e sair da situação de


indeterminação (lim
x →9
x -3 =0) é multiplicando a expressão no numerador
e no denominador pelo conjugado de x - 3, que é x + 3.
Acompanhe:

x -9 ( x - 9) × ( x + 3) ( x - 9) × ( x + 3)
=
lim = lim
lim
x →9 x - 3 x →9 ( x - 3) × ( x + 3) x →9 ( x - 9)

Cancelando (x ‒ 9) do numerador com (x ‒ 9) do denominador, temos:

x -9
lim = lim x= -3 6.
x →9 x - 3 x →9

Fazendo x = 9 temos o resultado final. Perceba que procedendo dessa


forma fugimos da indeterminação, e agora nosso limite possui um
resultado, que é 6.

Agora, você já conhece os limites de uma função e sabe resolver os


exercícios referentes a esses limites. Vá para a próxima unidade, na qual
estudaremos o tema Continuidade e Descontinuidade das Funções.

Estudo complementar
Caro aluno: no link aqui, você encontrará
informações sobre a matemática aplicada à
Administração, voltada ao dia a dia de uma
empresa. Poderá refletir sobre a importância que
um bom profissional pode ter dentro da instituição
em que trabalha.

www.esab.edu.br 184
Resumo

Nas últimas seis unidades, o primeiro tema abordado foi a aplicação de


funções logarítmicas, vistas na unidade 25, a fim de podermos solucionar
situações-problema. Descobrimos que essas funções são muito úteis
quando se pretende encontrar, por exemplo, o tempo necessário para
que determinada variável atinja certo valor. Na unidade 26, analisamos
exercícios sobre funções inversa, composta e exponencial e também as
equações logarítmicas em suas propriedades.

Depois, vimos nas unidades 27, 28 e 29 algumas propriedades de limites,


bem como métodos de resolução. Aprendemos ainda que o cálculo do
limite de uma função tem o objetivo de determinar o comportamento
de uma função à medida que ela se aproxima de alguns valores, não
importando por qual lado se aproxime.

Por fim, resolvemos exercícios para melhor fixar o tema de limite de


uma função.

www.esab.edu.br 185
Continuidade e descontinuidade
31 de funções
Objetivo
Verificar a continuidade e a descontinuidade de funções.

Na unidade anterior, fizemos uma série de exercícios para melhor fixar o


conteúdo da matéria dada. Nesta unidade, daremos sequência no estudo
de funções, abordando a continuidade e descontinuidade de funções.

Sobre esse tema, Silva e Abrão (2008) explicam que se uma função tem
limite em um determinado ponto e é possível calcular o valor dessa
função, coincidindo os dois valores, essa função é contínua nesse ponto.
Observe o exemplo:

Exemplo 1

Uma empresa tem como função de custo, para certo produto x, a função:

2 x se 0 < x ≤ 10
C(x ) = 
0,6 x + 14 se x > 10

a. Esboce o gráfico da função C(x).


Solução: Para construirmos o gráfico de uma função do tipo da C(x),
podemos observar que as duas equações representam equações do
primeiro grau, portanto graficamente são duas retas. Podemos construir
uma tabela de valores que facilitará a construção do gráfico.

www.esab.edu.br 186
Tabela 25 – Alguns valores de x para determinar y.
x y
0 2×0 =0
2 2×2 = 4
10 2 × 10 = 20
20 0,6 × 20 + 14 = 26
30 0,6 × 30 + 14 = 32

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

De acordo com a Tabela 25, podemos construir o gráfico da função C(x).

40
35
30
25
20
15
10
5

10 20 30 40
Figura 53 – Gráfico da função C (x).
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

b. Determine o lim- C ( x ) e lim+ C ( x ).


x →10 x →10

Solução: Como x tende a 10 pela esquerda, temos que:


lim- C=
( x ) lim= = 20 e como x pode tender a 10 pela direita,
2 x 2.10
x →10 x →10
temos:
lim C ( =
x ) lim+ 0,6 x + 14
= 0,6.10 + 14
= 20
x →10+ x →10

www.esab.edu.br 187
c. A função é contínua ou descontínua?
Solução: Como vimos no item anterior, a função C (x) é contínua pois
os limites tanto pela direita como pela esquerda são iguais a 20.

Assim, dizemos que uma função é contínua em um ponto a do


seu domínio se nesse ponto ela não dá saltos, ou seja, não apresenta
interrupções. Vejamos alguns exemplos gráficos.

Exemplo 2

A função f é contínua em x = a. Veja o gráfico apresentado na Figura 54 e


perceba que f (x) é contínua para qualquer ponto do domínio.

f(x)

x
a

Figura 54 – Gráfico da função f (x) indicando uma continuidade no ponto x = a.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 188
Segundo Guidorizzi (2010), para haver continuidade uma função deverá
ser contínua em todos os pontos do seu domínio e, além disso, é necessário
que exista o limite no ponto p e que os limites, tanto pela direita como pela
esquerda no ponto p sejam iguais, conforme vimos no exemplo 1.

Para que a função seja contínua no ponto p, é necessário que satisfaça às


seguintes condições:

• o ponto deve pertencer ao domínio da função, ou seja, ∃ f (a);


• o limite de f (x) no ponto deve existir, ou seja, ∃ lim f ( x ) ;
x →a

• o limite deve ser igual ao valor da função no ponto, ou seja,


lim f ( x ) = f ( a ) .
x →a

Lembre-se de que o símbolo ∃ significa “existe”.

No exemplo que segue, observe como estas condições podem ser


analisadas:

Exemplo 3

A administração de determinado laboratório quer implementar um


sistema que pretende otimizar seu atendimento. O seguinte modelo
matemático foi experimentalmente determinado para prever que em
t dias o percentual de cidadãos que podem ser atendidos sem ter de
aguardar por atendimento:

t 2 - 8t + 50 se 0 ≤ t ≤ 10

h(t ) =  38t - 100
 0, 4t se t > 10

De início percebemos que o único ponto problemático é t = 10 dias, pois
38t - 100
neste ponto a função h(t ) = não está definida, uma vez que o
0, 4t
denominador da fração não pode ser zero. Então devemos verificar se as
três condições são satisfeitas para sabermos se a função é contínua neste
ponto ou não:

www.esab.edu.br 189
a. o ponto deve pertencer ao domínio da função, ou seja, ∃ f (a);
De fato, o domínio da função são todos os números reais menos o zero.
Portanto, a primeira condição está satisfeita.

b. o limite de f (x) no ponto deve existir, ou seja, ∃ lim f ( x );


x →a

Determinando o limite dessa função, temos:

lim- h(=
t ) lim t 2 - 8t + 50
= 70
h →10 h →10

38t - 100
= = 70
lim+ h(t ) lim
h →10 h →10 0, 4t
Note que primeiro calculamos o limite quando h tende a 10 pela
esquerda, ou seja, quanto h tende a 10 por valores menores que 10.
Então lim- h(t ), pois na função h (t) = t2 –8t + 50, t só pode assumir
h →10
valores entre 0 e 10, inclusive.
38t - 100
Já na função h(t ) = , calculamos o limite quando h tende a 10
0, 4t
pela direita , ou seja, quando h tende a 10 por valores maiores que 10,
porque nesta função t só pode assumir valores maiores que 10. E como
os limites laterais têm o mesmo valor (pela direita e pela esquerda) temos
que h (10) = 70.

Portanto constatamos que não há problemas no décimo dia de


atendimento, uma vez que a função é contínua em t = 10. Sabemos
ainda que segundo o modelo que se quer implementar, o percentual de
cidadãos que podem ser atendidos sem terem de aguardar por outra data
é de 70% (h (10) = 70).

c. o limite deve ser igual ao valor da função no ponto, ou seja,


lim f ( x ) = f ( a ).
x →a

Se o limite pela direita e pela esquerda de 10 são iguais, então a função é


contínua no ponto t = 10.

www.esab.edu.br 190
Por outro lado, quando uma ou mais dessas condições não é satisfeita
para x = a, dizemos que a função é descontínua em a. Ou seja, em uma
função descontínua o gráfico apresenta interrupções. Veja como fica o
gráfico de uma função descontínua, através do exemplo 4.

Exemplo 4

Em uma cidade se observa que a despesa de uma família com TV a cabo


depende do tempo t, mensal, que os habitantes assistem à TV e essa
quantidade, em centenas de reais, é expressa pela função:

 0 se 0 ≤ t < 20

=P (t )  0,1t se 20 ≤ t ≤ 100
 40t - 1000
 se t > 100
 2t + 100
Estude a continuidade da função despesa P (t) e esboce o gráfico dessa
função:

Solução: Primeiramente devemos calcular o limite quando t tende a 20


pela direita e pela esquerda e quando t tende a 100 pela direita e pela
esquerda. Pois, se você observar, a função P (t) = 0 pode assumir valores
menores que 20, então dizemos que ela tende para a esquerda de 20 ou
t → 20–. Já a função P (t) = 0,1t tende a 20 por valores maiores que 20,
ou seja, tende a 20 pela direita ou t → 20+ .Assim:

= P=
lim =
(t ) lim 0 0
t →20- -
t →20

= P=
lim =
(t ) lim+ 0,1 = 2
t 0,1.20
t →20+ t →20

Logo, a função é descontínua no ponto t = 20, pois pela direita temos


um valor e pela esquerda temos outro, ou seja, os limtes laterais são
diferentes. Por outro lado, devemos verificar a continuidade para t = 100.
Perceba agora que quando a função tende a 100 pela esquerda, temos P
(t) = 0,1t e quando a função tende a 100 pela direita, temos

www.esab.edu.br 191
40t - 1000
P (t ) = , então:
2t + 100
40t - 1000 40.100 - 1000
=
lim P=
(t ) lim- = = 10
-
t →100 t →100 2t + 100 2.100 + 100
40t - 1000 40.100 - 1000
=
lim P=
(t ) lim+ = = 10
+
t →100 t →100 2t + 100 2.100 + 100

Portanto, a função é contínua no ponto t = 100. Note que não existem


mudanças de gasto quando o tempo que se assiste à TV é ligeiramente
superior ou inferior a 100 horas.

Assim, podemos representar graficamente esta função:

P (t)

14
12
10
8
6
4
2

10 20 50 100 t

Figura 55 – Gráfico de uma função descontínua para t = 20.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Portanto, ao analisar o gráfico, podemos perceber que há uma


interrupção no ponto t = 20 e nesse caso, dizemos que a função é
descontínua neste ponto. Também podemos observar que para t = 100
a função não sofre interrupções, então dizemos que a função é contínua
nesse ponto.

www.esab.edu.br 192
Então, seja f uma função real, de variável real, e a um ponto de
acumulação do domínio de f e pertencente a Df , diz-se que a função f é
contínua no ponto a se, e somente se, existir o limite de f quando x tende
para a e o valor desse limite coincide com o valor da função no ponto a.

Para falarmos em descontinuidade de uma função em um ponto,


devemos observar que é necessário que esse ponto permaneça no
domínio da função.

Da definição decorre que se f é descontínua em a ∈ I, então as duas


condições deverão estar satisfeitas:

• existe f (a);
• não existe lim f ( x ) ou lim f ( x ) ≠ f ( a ).
x →a x →a

E, essas condições, podemos observar no exemplo 4 quando calculamos o


limite pela direita e pela esquerda de t = 20.

Note que existe a P (t), mas os limites

= P=
lim =
(t ) lim 0 0
t →20- -
t →20
= P=
lim =
(t ) lim+ 0,1 = 2
t 0,1.20
t →20+ t →20

são diferentes o que satisfaz a segunda condição. Portanto, podemos


concluir que P (t) é uma função descontínua.

Estudo complementar
Assista ao vídeo “Cálculo I – Limites e
continuidade”, disponível clicando aqui, para
acompanhar alguns exemplos interessantes de
continuidade de função. Seria muito proveitoso
se você resolvesse alguns exercícios e depois
conferisse o resultado na explicação passo a passo.

www.esab.edu.br 193
Nesta unidade, você aprendeu como identificar uma função contínua e
uma função descontínua e suas propriedades. Aprendemos, também, a
identificar graficamente quando uma função é contínua e descontínua.
Na próxima unidade, iremos estudar limites no infinito, seus teoremas,
suas características e seus cálculos.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 194
32 Limites no infinito

Objetivo
Apresentar cálculos de limites no infinito.

Nesta unidade, estudaremos o comportamento dos valores de uma


função, com base no que dizem Silva e Abrão (2008) e Guidorizzi (2010)
sobre esse assunto, para identificarmos seu aumento ou diminuição
ilimitadamente, ou seja, estudaremos o comportamento dos limites
no infinito, e para isso utilizaremos exemplos que demonstrem tal
comportamento. Além disso, veremos também suas características e o
comportamento das funções quando x tender para o infinito.Vamos lá!

Para Guidorizzi (2010), intuitivamente, podemos tornar o valor de


f (x) tão próximo de p quanto desejamos, tomando para x valores
suficientemente elevados. Da mesma forma, fazendo x decrescer
ilimitadamente, vemos que f (x) se aproxima desse mesmo valor p. Veja
alguns exemplos.

Exemplo 1:
1000
Verifique o comportamento da função f ( x ) = 2 quando x tende ao
x
1000
infinito, ou seja, lim 2 .
x →+∞ x

1
Solução: Podemos escrever esse limite como: lim 1000 ⋅ ≤ 2
x →+∞ x
1 1
Como lim 2 = 0, resulta que: lim= 1000. 2 lim = 1000.0 0.
x →+∞ x x →+∞ x x →+∞

1000 1000
Assim, lim 2 = 0. Quando x vai se tornando cada vez maior, 2
x →+∞ x x
vai ficando cada vez mais próximo de zero. Você pode ver melhor
observando os valores da Tabela 26:

www.esab.edu.br 195
1
Tabela 26 – Alguns valores para a função quando x aumenta.
x2

x 10 100 1000 10 000 100 000 x → +∞

1 1
0, 01 0,001 0,0001 0,00001 0,000001
x2 x2 → 0

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Perceba que conforme os valores da variável x vão ficando maiores, a


1
tendência de f ( x ) = 2 é ser cada vez menor, até que quando tomamos
x
o limite no infinito seu valor então será zero. Perceba o comportamento
dessa função através do gráfico 56.
f(x)

0,01
0,0001
0,000001
0,00000001
10 100 1000 10000 x

1
Figura 56 – Gráfico de uma função mostrando que, quando x aumenta a função tende para o infinito.
x2
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 2

Estude o comportamento da função f (x) = x3, quando x tende ao


infinito, ou seja, encontre o lim x 3 .
x →+∞

www.esab.edu.br 196
Solução: Para x tendendo a mais infinito, x3 tenderá, também, para mais
infinito, ou seja, lim x 3 =[∞3 ] =∞. Assim, de acordo com Guidorizzi
x →+∞
(2010, p. 84), “[...] se um número positivo for muito grande, tão grande
quanto se possa imaginar, o seu cubo será, também, tão grande quanto se
possa imaginar”.

Observe a Tabela 27, a qual ilustra o que o autor quer dizer:

Tabela 27 – Alguns valores para a função x3 quando x aumenta.

x 10 100 1000 10 000 x → +∞


x3 1000 1000000 1000000000 1000000000000 x 3 → +∞

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Partindo desses dois exemplos, entendemos que limites do tipo


lim f ( x ) e lim f ( x ) são denominados limites no infinito. A notação
x →+∞ x →-∞

simbólica x → +∞, que se lê: x tendendo a mais infinito, é usada para


traduzir a ideia de que x vai se tornando cada vez maior e tão grande
quanto se possa imaginar. Por outro lado, a notação x → –∞, que se
lê: x tende a menos infinito, significa que x vai se tornando menor que
qualquer número negativo que se possa imaginar.

Segundo Guidorizzi (2010), um limite da forma


lim( f ) = +∞ (ou - ∞ ), onde x → p, pode ser substituído por x → p+,
x→ p

x → p–, x → +∞ ou por x → –∞. De forma intuitiva, a noção simbólica


lim f ( x ) = +∞ traduz a ideia de que para todo x tendendo a p, o valor
x→ p

da f (x) vai se tornando cada vez maior, ultrapassando o valor de qualquer


número positivo, por maior que seja tal número.

Agora que já vimos algumas definições formais para limites tendendo ao


infinito, vamos a um exemplo para entendermos melhor o que define o
autor.

www.esab.edu.br 197
Exemplo 3:
1
Estude o limite da função f ( x ) = quando x tender a ∞–. ∞+, 0–, 0+.
x
Solução: Para melhor entendimento, vamos montar quatro tabelas de
valores:

Tabela 28 - Quando x decresce indefinidamente, isto é, x → ∞–.


x ‒1 ‒10 ‒100 ‒1000

1
f (x ) = ‒1 ‒ 0,1 ‒ 0,01 ‒ 0,001
x

Tabela 29 - Quando x cresce indefinidamente, isto é, x → ∞+.


x 1 10 100 1000

1
f (x ) = 1 0,1 0,01 0,001
x

Tabela 30 - Quando x se aproxima de zero por valores menores que zero, isto é, x → 0–.
x ‒1 ‒ 0,1 ‒ 0,01 ‒ 0,001

1
f (x ) = ‒1 ‒ 10 ‒ 100 ‒ 1000
x

Tabela 31 - Quando x se aproxima de zero por valores maiores que zero, isto é, x → 0+.
x 1 0,1 0,01 0,001

1 10 100 1000

Fonte: Elaboradas pelos autores (2013).

Assim, de acordo com as tabelas, temos que:


1
• lim = 0, ou seja, à medida que x aumenta, y tende para zero e o
x →∞ x

limite é zero;

www.esab.edu.br 198
1
• lim = 0, ou seja, à medida que x diminui, x tende para zero e o
x →-∞ x

limite é zero;
1
• lim = ∞, ou seja, quando x se aproxima do zero pela direita
x →0+ x

de zero (x → 0+) ou por valores maiores que zero, x tende para o


infinito e o limite é infinito;
1
• lim = -∞, ou seja, quando x tende para zero pela esquerda ou por
x →0- x

valores menores que zero, x tende para menos infinito.


Graficamente, podemos representar essa função do seguinte modo:

y
1
y=
x

0 x

1
Figura 57 –Gráfico que representa a função f ( x ) = e assume valores positivos ou negativos conforme x
x
tende para o infinito positivo ou infinito negativo.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Como podemos acompanhar ao longo desta unidade, o cálculo de


limites nos permite estudar o comportamento de funções. Depois de
todo o conteúdo apresentado sobre limites no infinito, falaremos, na
unidade seguinte, sobre assíntotas horizontais e discorreremos sobre
como ela se expressa.

www.esab.edu.br 199
33 Assíntotas horizontais

Objetivo
Apresentar assíntotas horizontais.

Na unidade anterior, tivemos a oportunidade de aprender um pouco


mais sobre limites no infinito. Agora, vamos aprender a analisar as
assíntotas horizontais e verificar o seu comportamento graficamente
através de exemplos.

A existência de assíntota depende do comportamento de uma função


y = f (x) para valores que tendem para o +∞ e –∞. Por exemplo, considere
x +3
a função f ( x ) = .
x -2

x 3
+
x +3 x x lim 1+ 0
= lim
Calculando-se o lim = = 1
x →+∞ x - 2 x →+∞ x 2 x →+∞ 1 - 0
-
x x

-x 3
+
-x + 3 x x lim -1 + 0
= lim
e o lim = = 1,
x →-∞ - x - 2 x →+∞ - x 2 x →+∞ -1 - 0
-
x x
podemos observar que tanto o x tendendo a +∞ como x tendendo a –∞,
temos que o limite é igual a 1.

Então, se os limites quando x tende a +∞ ou x tende a –∞ forem iguais,


dizemos que a função tem uma assíntota horizontal y = 1 e o gráfico está
descrito na Figura 58.

www.esab.edu.br 200
y

2 x

Figura 58 – Gráfico da assíntota horizontal no ponto y = 1.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Assim, dizemos que uma reta y = 1 é assíntota da curva de uma função


f (x) se a distância de um ponto tende ao infinito.

Nesse sentido, notamos que a curva é assíntota ao eixo y quando x


assume valores positivos cada vez menores, se “aproximando” do zero e
que para x = 2 a função não está definida pois não pertence ao domínio
da função.

Agora, que você já analisou como se comporta uma função em relação a


assíntota hotizontal, acompanhe mais alguns exemplos:

Exemplo 1
3x + 4
Guidorizzi (2010, p. 89) questiona: “[...] a função y = admite
x
assíntota em +∞? E em –∞? Admite assíntota horizontal? Esboce o
gráfico.”
3x + 4 3x 4 4
Solução: =
y = + , daí segue que y= 3 + . Para x
x x x x
4
tendendo a +∞, a parcela tende a zero, o que significa que, quando x
x
cresce, o valor de y vai ficando cada vez mais próximo de 3.

www.esab.edu.br 201
A reta y = 3 é uma assíntota horizontal para a função em +∞. Do mesmo
modo y = 3 é uma assíntota horizontal em –∞ e o gráfico da função
3x + 4
y= tem o seguinte aspecto.
x

3 Assíntota horizontal y=3

Figura 59 – Gráfico da assíntota vertical no ponto y = 3.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 2
2x 2
Seja a função f (x) definida por f ( x ) = , descubra suas assíntotas.
1+ x2
Solução: Para verificar se f (x) possui assíntotas, calculamos os limites
2x 2
tendendo ao infinito positivo e negativo, ou seja, lim = 2, pois se
x →±∞ 1 + x 2

dividirmos o numerador e o denominador da fração por

2x 2
x2 2
x 2 , temos: lim = = 2,
lim
x →+∞ 1 + x 2 x →+∞ 1

x2
2x 2
ou ainda, de forma análoga, temos que: lim = 2.
x →-∞ 1 + x 2

www.esab.edu.br 202
Nesse caso, como ambos os limites deram iguais, concluímos que y = 2 é
a única assíntota horizontal de f.

Isso significa dizer que, à medida que x cresce ou decresce


indefinidamente, a curva f (x) se aproxima arbitrariamente da reta
assintótica y = 2, como podemos observar graficamente:
y

y=2

Figura 60 – Gráfico da assíntota horizontal no ponto y = 2.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 3

Determine a assíntota horizontal da função f real dada por


3x
=
f (x ) , x ≠ 1 e construa o gráfico dessa função.
x -1
Solução: Novamente, para descobrir as assíntotas, devemos calcular
os limites tendendo ao infinito positivo. Assim, podemos dividir o
numerador e o denominador pelo maior expoente, no caso x. Então:
3x
3x x 3
= lim
lim = = 3,
lim
x →+∞ x - 1 x →+∞ x 1 x →+∞ 1 - 0
-
x x

www.esab.edu.br 203
pois de forma análoga aos exemplos anteriores, vamos obter o limite
quando x tendo +∞ igual a 3 e

3x
3x x 3
= lim
lim = = 3.
lim
x →-∞ x - 1 x →-∞ x 1 x →-∞ 1 - 0
-
x x
Como ambos os limites (infinito positivo e infinito negativo) possuem o
mesmo valor, podemos concluir que y = 3 é a única assíntota horizontal
de f, como podemos perceber no gráfico mostrado a seguir.
y

y=3
3

3x
=
Figura 61 – Gráfico da assíntota horizontal da função f (x ) , x ≠ 1.
x -1
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 4
x 2 -1
A reta de equação y = 1 é assíntota horizontal da função y = .
1+ x2
Solução: Dado o limite

x2 -1
lim ,
x →+∞ 1 + x 2
ou
x →-∞

www.esab.edu.br 204
para resolvermos esse limite, devemos dividir o numerador e o
denominador pelo maior expoente. Assim:
x2 1 1
- 2 1- 2
x -1
2
x 2
x x .
=lim =
lim lim
x →+∞ 1 + x 2 x →+∞ 1 x 2 x →+∞ 1
ou ou + ou +1
x →-∞ x →-∞ 2 2 x →-∞ x 2
x x
1
Como vimos na unidade 32, lim = 0 podemos reescrever o limite
x →∞ x n

1
1-
lim x 2 , como: lim 1 - 0= 1= 1.
x →+∞ 1 x →+∞ 0 + 1 1
ou
2
+ 1 ou
x →-∞ x x →-∞

Podemos observar que a função tende para 1 quando x tende para o


infinito positivo ou negativo, ou seja, os limites tendendo para o infinito
positivo ou negativo são iguais.
x 2 -1
Observe a representação gráfica da função y = , mostrada na
Figura 62: 1 + x 2

y=1
1
x

x 2 -1
Figura 62 – Gráfico da assíntora horizontal da função y= .
1+ x2
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 205
Finalizando esta parte sobre limites, podemos iniciar a próxima unidade
com o assunto a respeito das derivadas, que nada mais é do que a taxa de
variação instantânea de uma função. Vamo lá?

Estudo complementar
Sugiro que você assista ao vídeo disponível
aqui, e acompanhe a videoaula sobre assíntotas
horizontais para melhor entendimento da matéria
estudada e resolva os exercícios propostos pelo
professor da aula. Essa aula é muito interessante,
vale a pena conferir!

www.esab.edu.br 206
34 Derivadas

Objetivo
Conceituar derivadas.

Depois de estudarmos as assíntotas horizontais, vamos dar continuidade


à matemática aplicada, agora discorrendo sobre derivadas. Vamos
trabalhar com derivadas nas próximas unidades e verificaremos o quanto
essa matéria está intimamente ligada ao cotidiano empresarial em todas
as suas formas. Estudaremos também aplicações de derivadas na análise
geral de uma função, além de modelos da economia, administração e
contabilidade. Antes de iniciarmos nossos estudos recomendamos o
vídeo do ícone a seguir.

Por ora, iniciaremos esses estudos com Silva e Abrão (2008) e Guidorizzi
(2010), que conceituam, exemplificam e abordam a origem histórica das
derivadas.

Diversas áreas de conhecimento se utilizam da derivada como ferramenta


para resolver problemas que envolvem variação. Na economia,
utilizamos a derivada para estudar a receita, calcular o custo e o lucro
marginal, e também para maximizar ou minimizar o lucro na venda
de um determinado produto, para citar alguns exemplos. Mas suas
aplicações são inúmeras e, em muitos casos, estão explicitamente ligadas
ao conceito de derivada, que é a medida de variação.

www.esab.edu.br 207
34.1 Como surgiu o estudo das derivadas
Historicamente, o estudo da derivada é o resultado de uma lenta
evolução, que se iniciou na Antiguidade, quando os matemáticos da
época utilizaram tabelas de quadrados e de raízes quadradas e cúbicas
ou quando os Pitagóricos tentaram relacionar a altura do som emitido
por cordas tensionadas. Naquela época, o conceito de limite não estava
claramente definido. As relações entre as variáveis surgiram de forma
implícita e eram descritas verbalmente ou por um gráfico.

Quando Descartes introduziu as coordenadas cartesianas, foi possível


transformar problemas geométricos e problemas algébricos e estudar
analiticamente as funções. A matemática recebeu ali um grande impulso,
passando a aplicá-las em outras ciências.

Fermat, enquanto estudava as funções, se deu conta das limitações


do conceito clássico. Ele achou importante reformular o conceito e
encontrou um processo de traçar uma tangente em determinado ponto
de um gráfico. Essa dificuldade ficou conhecida como “O Problema da
Tangente”. Além disso, ele resolveu esse problema de uma maneira muito
simples: para determinar uma tangente a uma curva em um ponto P,
considerou outro ponto Q sobre a curva; considerou a reta PQ secante à
reta. Depois fez deslizar Q ao longo da curva, em direção à P, obtendo
retas PQ1 que se aproximavam de uma reta t, a qual Fermat chamou de
reta tangente à curva no ponto P, como mostra o gráfico da Figura 63 a e
b. Note que na Figura a o ponto P tem coordenadas P (x0, f (x0)) e Q tem
coordenadas Q (x, f (x)) por onde passa a reta s . Na Figura b, podemos
observar que o ponto Q desliza ao longo da curva, em direção à P até o
ponto Q1 de coordenadas Q1 (x1, f (x1)) por onde passa a reta s1 e fazendo
com que a reta s1 tenha coeficiente angular diferente da reta s em relação
a reta t mesmo a reta t permanecendo tangente à curva.

www.esab.edu.br 208
A

y s
Q
f(x)

P
f(xo)

Xo X x

y s
Q
f(x) s1

f(x1)
Q1
t

P
f(xo)

Xo x1 X x

Figura 63 – Exemplo do gráfico de uma função derivada segundo Fermat.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Note que, na Figura 63, o ponto Q desliza sobre a curva no ponto Q1


formando o segmento PQ1 que se aproxima cada vez mais da reta t.

www.esab.edu.br 209
Essas ideias constituíram o embrião do conceito de derivada. A
derivada surgiu para resolver um problema muito interessante, que seria
determinar a inclinação de uma curva f (x) em um determinado
ponto x. Sabemos que existem infinitas inclinações em uma mesma
curva e elas variam com a curva, diferentemente de uma reta, na qual
existe apenas uma inclinação. A Figura 64 representa graficamente o
comportamento dessa função.

Note que quando os pontos Q1, Q2, Q3, ..., Qn deslizam sobre a curva,
se aproximando do ponto P, os pontos X1, X2, X3, ..., Xn se aproximam
de zero e também podemos observar que as retas r1, r2, r3, ..., rn têm
coeficiente angular diferente, em relação à reta tangente.
f(x)
rn r3
Qn Q3 Q2 r2
Q1 r1
f(x)
P

x
X0 Xn X3 X2 X1
Figura 64 – Gráfico que representa a variação de uma curva quando Q1 se aproxima de P .
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Vamos imaginar a seguinte situação: um automóvel desloca-se em uma


estrada que apresenta retas e curvas. Enquanto a estrada for constituída
por uma reta, o motorista não precisa mudar a direção do movimento, ou
seja, não precisa mudar a posição do volante. Ao entrar em uma curva,
o motorista irá girar o volante e o automóvel irá mudar de direção. Se
durante a curva o motorista tirar as mãos do volante, o automóvel mantém
a direção e se desloca em linha reta, abandonando o traçado da curva.

Em termos gráficos, a direção de uma curva em um ponto é dada pela


reta tangente à curva nesse ponto, assim, podemos observar no figura
65, que quando o motorista tirar as mãos do volante, o automóvel
continuará seguindo em linha reta e o coeficiente angular desta reta
tangente é chamada de derivada.

www.esab.edu.br 210
Reta tangente

f(x1)
f(xo)

xo x1

Figura 65 – Gráfico do trajeto que um automóvel faz em linha reta em uma estrada sinuosa.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013)

A direção de uma curva em cada ponto tem interpretação importante em


diversos problemas.

• Se uma curva descreve o espaço percorrido por um móvel em função do tempo,


S = f (t), a direção da curva em um ponto t representa a velocidade do móvel
naquele instante. Observe graficamente e note que o móvel faz o trajeto partindo
de A (x0, f (x0)) em direção a B (x1, f (x1)) sobre a reta r1. Agora, observe que
quanto mais o ponto B (x1, f (x1)) se aproxima do ponto A (x0, f (x0)), mais as
____
reta que passam pelo segmento AB se aproximam da reta tangente no ponto A.

www.esab.edu.br 211
C(x)

f(x1) B B B

f(xo)
A

x
xo x1

Figura 66 – Mostra que quanto mais o valor de x1 tender para x0, mais o ponto B se aproxima do ponto A e a
reta tende a ficar tangente no ponto A.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Assim, a derivada de uma função em um ponto A mede exatamente o


coeficiente angular da reta tangente, uma vez que o coeficiente angular
varia de acordo com a curva.

O processo do cálculo da derivada inclui duas etapas: o cálculo da taxa


média de variação da função entre o ponto A e um ponto próximo e,
em seguida, o limite da taxa de variação no ponto A, que veremos nas
próximas unidades.

www.esab.edu.br 212
35 Derivadas: Taxa de Variação

Objetivo
Interpretar a derivada como uma taxa de variação.

Iniciamos os estudos de derivadas conhecendo um pouco da sua história


e a conceituando. Agora, prosseguiremos abordando o conceito de taxa
de variação e seus gráficos, além de analisar a taxa de variação média
e a taxa de variação instantânea. Tais análises ajudarão a entender o
conceito de derivada, que tem grande aplicação nas mais variadas áreas
do conhecimento.

Todos os dias pensamos muitas vezes na variação de grandezas, como o


tempo gasto para se chegar à universidade ou a variação da temperatura
em um dia específico. Vamos estudar a aplicação dessas taxas de variações
em nosso dia a dia.

35.1 Taxa média de variação


Para medir a maior ou menor rapidez de variação de uma função f em
f (b ) - f ( a )
um intervalo [a,b], recorre-se ao seguinte quociente: ,
b-a
que se chama taxa média de variação (TMV) de f no intervalo [a,b]:
f (b ) - f ( a )
TMV [ a, b ] = .
b-a
Seja f uma função definida no intervalo I, e p1 e p2 dois pontos de I.
A taxa média de variação (TMV) da função f no intervalo [p1, p2] é o
quociente:
f ( p2 ) - f ( p1 )
TMV =
p2 - p1

www.esab.edu.br 213
Graficamente, a taxa média de variação mede o coeficiente angular da
reta secante ao gráfico da função nos pontos, como podemos observar na
Figura 67, na qual a reta s é secante à curva de f (x) e corta essa curva em
dois pontos: P e Q.

C(x)

f(y2 ) Q

f(y1 )
P
x
P1 P2

Figura 67 – Gráfico que representa a reta s secante à curva da função dada.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Podemos também dizer que a taxa média de variação (TMV) da função


f entre os pontos p1 e p2 fornece a variação média dos valores de f (x)
quando x passa do ponto p1 para o ponto p2.

Essa variação é traduzida por um crescimento, se TMV > 0, ou por um


decrescimento, se TMV < 0. Se TMV = 0, então a função mantém-se
constante em média entre os pontos p1 e p2.
f ( x 2 ) - f ( x1 )
Assim, dada uma função y = f ( x ), a razão pode ser
x 2 - x1
interpretada como a taxa de variação da variável y em relação à variável
x, isto é, essa taxa pode ser interpretada como uma forma de medir quão
rápido a variável y está mudando à medida que a variável x muda.

www.esab.edu.br 214
Exemplo 1

Calcule e interprete o valor da TMV (taxa média de variação) da função


x 2 + 10
f (x ) = , no intervalo [0, 6].
3x + 4
Solução: De acordo com os dados do problema, temos: x1 = 0, x2 = 6.

Também podemos escrever:

02 + 10 10
f ( x=
1) =
f (0) = = 2,50
3.0 + 4 4

6 2 + 10 46
f ( x=
2) =
f (6) = = 2,09.
3.6 + 4 22
f ( x 2 ) - f ( x1 )
Então, a taxa média de variação (TMV) é dada por: .
Substituindo os valores x 2 - x1

=
x1 0,=
x 2 6, f=
( x1 ) 2,50 e f =
( x 2 ) 2,09 vamos obter:

f ( x 2 ) - f ( x1 ) 2,09 - 2,50 -0, 41


TMV= = = = -0,07.
x 2 - x1 6-0 6
Dy
Também podemos determinar a TMV, usando a fórmula TMV =
que é equivalente a fórmula Dx

f ( x 2 ) - f ( x1 )
.
x 2 - x1

Em que:

Dy = f (x2) – f (x1) e Dx = x2 – x1.


Assim:

Dx = 6 – 0 = 6
Dy = 2,09 –2,50 = –0,41.

www.esab.edu.br 215
Portanto:

Dy -0, 41
TMV = = = -0,07
Dx 6

Logo, no intervalo [0,6] a função decresce 0,07 unidades em média. Veja


graficamente como se comporta esta função:

2,50
2,09
6

x 2 + 10
Figura 68 – Gráfico da função f ( x ) = , no intervalo [0, 6].
3x + 4
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 2

Considerando que, para determinada empresa, a quantidade P de


determinado produto produzido depende do número x de horas de
produção, e que tal produção é dada por P = k ⋅ x2 na qual k é uma
constante que pode variar. Tomando k = 1, temos P = x2, em que P é
dada em toneladas. Então, temos a produção como função do tempo x,
ou seja, P = f (x), e podemos escrever a produção como f (x) = x2.

Ainda escolhemos que o instante (tempo) do início da produção é


representado por x = 0, ou seja, 0 horas, determine a taxa de variação
média da produção para o intervalo de tempo das 3 horas até as 4 horas e
também para o intervalo das 4 horas até as 5 horas (ou seja, para 3 ≤ x ≤
4 e para 4 ≤ x ≤ 5).

www.esab.edu.br 216
Solução: Primeiramente precisamos calcular a taxa de variação média
no intervalo [3, 4] horas. Então: Taxa de variação média de f (x) para o
intervalo de 3 até 4:

x=
3 ⇒ f (3) ==
32 9
Para
x=
4 ⇒ f (4) ==
4 2 16

f (4) - f (3) 16 - 39
= = 16 - 9 = 7 ton/h
4-3 1
Em seguida calcula-se, de forma análoga, a taxa de variação para o
intervalo [4, 5] horas.

Taxa de variação média de f (x) para o intervalo de 4 até 5:

x=
4 ⇒ f (4) ==
4 2 16
x=
5 ⇒ f (5) ==
52 25

f (5) - f (4) 25 - 16
= = 25 - 16 = 9 ton/h
5-4 1

De acordo com a resolução do problema, podemos dizer que a taxa de


variação média da produção para o intervalo de tempo das 3 horas até as
4 horas será de 7 toneladas por hora e a também para o intervalo das 4
horas até as 5 horas é de 9 toneladas por hora o que nos deixa claro que
a taxa de variação média é obtida por meio da divisão de duas grandezas
que, na prática, têm unidades de medida, então a taxa de variação média
também tem unidade de medida que será dada pela divisão das duas
unidades de medida envolvidas.

35.2 Taxa de variação instantânea


Podemos calcular a taxa de variação da produção para um instante
específico e, ao calcularmos tal taxa, vamos denominá-la taxa de
variação instantânea.

www.esab.edu.br 217
Ao estudar a taxa de variação média, verifica-se que ela fica a desejar
quando estamos interessados em conhecer o comportamento de uma
função. Para conhecer tal intervalo, tem-se a taxa de variação instantânea.
Ela nos mostrará intervalos muito pequenos, mas como “muito pequeno”
é um valor relativo, o ideal é definir o que é taxa de variação em cada
ponto. Em outras palavras, a taxa de variação instantânea é dada pela
derivada da derivada da função dada. Observe como se pode calcular a
taxa de variação instantânea no exemplo anterior:

Exemplo 3

Considerando que, para um grupo de operários em uma indústria de


alimentos, a quantidade P de alimentos produzidos (ou industrializados)
depende do número x de horas trabalhadas a partir do início do
expediente, e que tal produção é dada por f (x) = x2, calcule a taxa de
variação instantânea.

Solução: Se f (x) = x2, então a derivada dessa função é dada por


f ′(x) = 2x e a derivada da função f ′(x) é igual a f ″(x) = 2. Isso significa
dizer que são produzidas 2 toneladas por hora de trabalho.

Leia agora as observações a seguir.

• A taxa de variação pontual de f no ponto x0 é denominada


simplesmente taxa de variação de f no ponto x0. No caso da
variável independente ser o tempo, a taxa de variação é denominada
instantânea.
• Quando se trata de taxa de variação média de uma função f em um
determinado intervalo, a palavra “média” é imprescindível.
• Dada y = f (x), para calcularmos a taxa de variação pontual de f
no ponto x0, se consideramos o acréscimo Dx > 0, fazemos Dx
se aproximar de 0 por valores positivos e escrevemos Dx → 0+.
Se consideramos Dx < 0, fazemos se aproximar de 0 por valores
negativos e escrevemos Dx → 0–. Quando escrevemos simplesmente
Dx → 0 ao calcularmos o limite, estamos fazendo Dx se aproximar
de 0 tanto por valores positivos como por negativos.

www.esab.edu.br 218
Agora que você já aprendeu a interpretar a derivada como uma taxa
de variação, podemos ir adiante e aprofundar nossos conhecimentos
estudando sobre as derivadas das funções polinomiais e exponenciais.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 219
Derivadas de Funções Polinominais
36 e Exponenciais
Objetivo
Encontrar a derivada de funções polinomiais e exponenciais.

De acordo com o que estudamos nas unidades anteriores e conforme


explica Guidorizzi (2010, p. 114), “[...] dizemos que uma função y = f
(x) é derivável em um conjunto se f ‘ (x) existir para todo x pertencente a
este conjunto. Por outro lado, dizer simplesmente que y = f (x) é derivável
significará que f ‘ (x) existe em todo x do domínio f (x)″. Nesta unidade,
vamos aprofundar nosso conhecimento sobre derivada de função
polinomial e exponencial que você já estudou na unidade 20.

A derivada da função polinomial, segundo Guidorizzi (2010) nos diz


que, de um modo geral , para todo n inteiro positivo, a derivada de xn é
n⋅x n–1. Observe a aplicabilidade da fórmula no exemplo que segue:

Exemplo 1

Calcule a derivada da função f (x) = 3x2.

Solução: Se f (x) = 3x2, então f ′(x) é dada por:

f (x) = 3x2
f ′(x) = 2⋅3x2–1
f ′(x) = 6x
Assim, se quisermos calcular a derivada da função f (x) = 3x2 em qualquer
ponto, basta calcular o valor numérico da função f ′(x) = 6x para esse
ponto dado.

Então: f ′(2) = 6 ⋅ 2 = 12 ou, ainda, f ′(–3) = 6⋅ –3 = –18.

www.esab.edu.br 220
Logo, os resultados obtidos asseguram que o ponto x = 2 pertence ao
intervalo em que a função f (x) = 3x2 é crescente pelo fato da derivada
desse ponto ter dado um resultado positivo. Da mesma forma, o ponto
x = ‒3 pertence ao intervalo em que a função é decrescente pelo fato da
derivada nesse ponto ter dado um valor negativo.

Para facilitar os cálculos da derivada das funções, aplicamos algumas


regras práticas que foram obtidas a partir da definição que mostramos
anteriormente.

Fórmulas de derivação de funções

• Derivada da função constante: a derivada de uma constante é sempre


igual a zero, ou seja, f (x) = a então f ′(a) = 0 com a uma constante
qualquer, por exemplo:
Se f (x) = 2, então f ′(x) = 0; ou ainda: se f (x) = ‒0,4, então
f ′(x) = 0 ⋅ –0,4 = 0.

• Derivada da potência: para Silva e Abrão (2008), se f (x) = xn, com


n ∈ R, então a sua derivada é f ′(x) = n⋅x n–1, por exemplo:
Se f (x) = x10, então f ′(x) = 10⋅x10–1 = 10x9.

• Derivada da função polinomial do primeiro grau: a derivada da


função polinomial do primeiro grau é igual ao coeficiente numérico
do termo ax. Por exemplo:
Se f (x) = 5x + 3, temos que f ′(x) = 1⋅5x1–1 + 0.3 = 1⋅5 + 0 = 5; ou ainda:
se f (x) = – 3x + 1, então f ‘ (x) = – 3.

• Derivada da função exponencial: se a é uma constante e u = f (x),


vale a relação y = au ⇒ y = au ln a⋅u′, observe o exemplo:
2
+2 x
Obter a derivada da função y = 5x . Note que: a = 5; u = x2 + 2x e
u ′= 2x + 2 vale a relação y ′= au ln a⋅u′,=
2
então: y ' 5x + 2 x.ln 5(2 x + 2)

• Derivada da soma ou diferença de funções: de acordo com Silva e


Abrão (2008, p. 141), “[...] se f e g são funções deriváveis e f (x) = f ±

www.esab.edu.br 221
g, então sua derivada é f ′(x) = (f ± g)′ = f ′± g″′.
Conforme mostra o exemplo.
Se f (x) = 4x3 + 5x, então
f ′(x) = (4x3)′ + (5x)′, logo:
f ′(x) = (4x3 + 5x)′ = 12x2 + 5.

As derivadas e o aspecto do modelo funcional

A derivada mede a tendência ao crescimento e ao decréscimo que uma


função y = f (x) apresenta em cada ponto x do seu domínio.

Pelo que mostramos nas taxas de variação, quando uma função for
crescente, sua derivada será positiva no intervalo; quando for decrescente,
será negativa.

O aspecto da curvatura do modelo também está relacionado com o


comportamento das derivadas. Se a tendência ao crescimento (medido
pelo valor da derivada) torna-se maior com o aumento do valor de x, a
curvatura tem concavidade voltada para cima. De forma análoga, se a
tendência ao crescimento (medido pelo valor da derivada) diminui com
o aumento do valor de x, a curva tem a concavidade voltada para baixo.

Exemplo 2

Diga para quais pontos a derivada da função f (x) = x3 –12x2 + 8 é


positiva e onde esta derivada é negativa. Faça um estudo da concavidade
dessa função.

Solução: Inicialmente, vamos determinar a derivada da função


f (x) = x3 –12x2 + 8. Assim,

f (x) = x3 –12x2 + 8
f ′(x) = 3x3–1 –2⋅12x1–1
f ′(x) = 3x2 –24x

Agora vamos analisar a função f ′(x).

www.esab.edu.br 222
Para sabermos onde a função cresce e onde decresce, precisamos igualar
a zero a função derivada pois quando f ‘ (x) = 0 podemos resolver a
equação e determinarmos os pontos onde o gráfico corta o eixo x e a
função é nula, assim resolvendo a equação, obtemos: 3x2 –24x = 0.
Aplicando o caso de resolução de equação quadrática incompleto, temos:

3x (x –8) = 0, então: 3x = 0 ⇒ x = 0
e x –8 = 0 ⇒ x = 8

de onde se tem x’ = 0 e x’’ = 8. Como 3x2 –24x = 0 representa uma


equação do 2º grau, podemos resolvê-la, também, usando a fórmula de
Bhaskara:

-b ± b 2 - 4.a.c
x= e vamos obter:
2.a

-( -24) ± ( -24)2 - 4.3.0 24 ± 576


=x = ⇒ x ,
2.3 6

24 + 24
= x' = 8
então 6
24 - 24
= x" = 0
6

Portanto, a derivada da função é uma parábola com curvatura para cima


que corta o eixo x nos pontos x = 0 e x = 8, conforme mostra o gráfico a
seguir.

+++++++ ------------- ++++++++++


0 8

Figura 69 – Parábola com a concavidade voltada para cima e cortando o eixo x nos pontos x ‘ = 0 e x ‘‘ = 8.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 223
Analisando o gráfico, temos que:

Como ax2 > 0, pois a função derivada é dada por f ′(x) = 3x2 –24x e 3x2
> 0, portanto a parábola tem a concavidade voltada para cima como
vimos na unidade 14.

A derivada é positiva para x < 0 e x > 8, o que significa que a função é


crescente para x ≤ 0 e x ≥ 8. Da mesma forma, podemos observar que a
derivada é negativa para 0 < x < 8, o que indica que a função f (x) = x3
–12x + 8 é decrescente. Você pode fazer uma releitura da unidade 15 e
verificar o comportamento das funções quadráticas.

Dica
Para você relembrar um pouco mais sobre função
do segundo grau, concavidade, gráfico e estudo do
sinal, assista ao vídeo “ Função do 2º Grau (Função
Quadrática) - Definição, coeficientes”, disponível
clicando aqui.

Exemplo 3

Diga para quais pontos a derivada f (x) = – x2 – 6x é crescente e faça um


esboço do gráfico.

Solução: Derivando a função f (x) = – x2 – 6x, vamos obter f ′(x) = – 2x


– 6. Igualando a função f ′(x) = 0, temos uma equação do primeiro grau,
onde o gráfico representa uma reta. Então, – 2x – 6 = 0, de onde se tem
que x = –3.

Como o termo ax é negativo, o gráfico representa uma função decrescente.

www.esab.edu.br 224
+++++++++++ -------------
-3

Figura 70 – Gráfico de uma reta decrescente e seus respectivos sinais.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Derivada da função exponencial

De acordo com o que vimos nas regras de derivação, nesta unidade


podemos entender que se a é uma constante, vale a relação:

f (u) = au, então f ′(u) = au ⋅ ln a⋅u′.

Exemplo 1
x
1
Obter a função derivada da função f ( x ) =   .
2
Solução: Como acabamos de estudar, nossa função é do tipo

1
= =
f (u ) a u , em que a =e u x . De nossa fórmula, precisamos
2
1 -21 1
calcular u ‘, que será u ' =( x )' = ⋅ x = . De acordo com
2 2 x

a fórmula da derivada da função exponencial (f ′(u) = au ⋅ ln a⋅u ′), a


x
1 1
derivada de f (x) será: f '( x ) =   ⋅ ln   ⋅ ( x )'. Como calculamos
2 2
1
acima, temos que: ( x )' = . Então, substituindo esse resultado
2 x

www.esab.edu.br 225
x
1 1 1
na função f ’ (x), temos que: f '( x ) =   ⋅ ln   ⋅ , que é o
2 2 2 x
resultado de nossa derivada.

Exemplo 2
2
+3 x -1
Determine a função derivada da função f ( x ) = 32 x .

Solução: Novamente, nossa função é do tipo, em que a = 3 e u = 2x2


+ 3x –1. Como vimos, precisamos calcular a derivada da função de u =
2x2 + 3x –1. Assim: u ′= (2x2 + 3x –1)′ = 2⋅2x2–1 + 1⋅3x1–1 –0⋅1. Logo:
u ′= (2x2 + 3x –1)′ = 4x + 3. De acordo com a definição f ′(u) = au ⋅ ln
2 2
a⋅u′, temos que: f= ′( x ) (32 x += 3 x -1
)′ (32 x +3 x -1 ) ⋅ ln 3 ⋅ (2 x 2 + 3 x - 1)′.
Substituindo2 R (x) = 30x – x2, por 4x + 3, temos:
'( x ) (32 x +3 x -1 ) ⋅ ln 3 ⋅ (4 x + 3), que é o resultado de nossa derivada.
f=

Assim, concluímos que as derivadas podem ser resolvidas por meio de


regras práticas de derivação, como vimos nos exemplos anteriores. Nas
próximas unidades, continuando o assunto sobre derivadas, vamos
aprofundar nossos conhecimentos com o estudo do cálculo da derivada
pela regra do produto. Vamos em frente!

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 28 a 36. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 226
Resumo

Nas últimas seis unidades, estudamos que o resultado para o limite pode
ser um número real finito ou infinito. Na unidade 31, aprendemos
como identificar uma função contínua e uma função descontínua, suas
propriedades, sua representação gráfica e sua aplicabilidade no ramo da
economia. Vimos também que para que uma função seja contínua em
um ponto, é necessário que o ponto permaneça no domínio, que exista
limite no ponto (laterais e iguais) e que o limite seja igual ao valor da
função no ponto.

Aos cálculos com limites no infinito, visto na unidade 32, em que o


domínio da função “x” tende ao infinito, temos casos de indeterminação
do tipo ∞ e –∞.

Quanto às assíntotas horizontais, que estudamos na unidade 33,


vimos que uma função real de variável real f pode ter no máximo duas
assíntotas horizontais, máximo esse apenas no caso em que os limites
lim f ( x ) e lim f ( x ) existam e sejam finitos e distintos.
x →-∞ x →+∞

Já na unidade 34, estudamos as derivadas e vimos que a derivada surgiu


para resolver um problema muito interessante, que seria determinar a
inclinação de uma curva f (x) em um determinado ponto x.

Além da definição de derivada, estudamos na unidade 35 os diferentes tipos


de taxas e de variação. Nesta unidade podemos observar que temos dois tipos
de taxas: a taxa de variação e a taxa de variação instantânea. O que diferencia
uma da outra é a própria derivada, ou seja, para determinar a taxa de variação
basta derivar a f (x) e encontrar a f ′(x) e para calcularmos a taxa de variação
instantânea devemos derivar a função f ′(x) e determinar a f ″(x), para
explorar melhor esta unidade mostramos alguns exemplos da aplicabilidade
deste conteúdo para a resolução de problemas. Finalizando, aprendemos um
pouco mais sobre a derivada das funções polinomiais e exponenciais que
exploramos na unidade 36 através de exemplos e gráficos.

www.esab.edu.br 227
37 Derivadas: regra do produto

Objetivo
Calcular a derivada pela regra do produto.

Nas unidades anteriores, vimos a definição de derivada, sua


aplicabilidade no conteúdo sobre taxa de variação e também a derivada
de funções polinomiais e exponenciais.

Nesta unidade, abordaremos a regra do produto para derivar funções e a


derivada do produto de uma constante por uma função.

Para entendermos melhor o assunto desta unidade, recorremos a


Guidorizzi (2010), que define a derivada do produto de duas funções
como sendo a derivada da primeira multiplicada pela segunda, mais a
primeira multiplicada pela derivada da segunda.

Em outras palavras, podemos dizer que, se as funções f (x) e g (x) e são


deriváveis, então seu produto f (x) ⋅ g (x) também é derivável, resultando
na regra do produto: (f (x) ⋅ g (x))′ = f ′(x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x).

Para entendermos melhor como chegamos a essa definição, acompanhe o


desenvolvimento da regra do produto por meio de alguns exemplos:

Exemplo 1

Calcule a derivada da função h (x) = x2 (x5 + 3x + 1).

Solução: Primeiro, identificamos f (x) e g (x). Após aplicarmos a regra


do produto, temos:

f (x) = x2
g (x) = x5 + 3x + 1

www.esab.edu.br 228
Então:

(f (x) ⋅ g (x))′ = (x2)′ ⋅ (x5 + 3x + 1) + x2 (x5 + 3x + 1)′ =


= 2x (x5 + 3x + 1) + x2 (x4 + 3)

Efetuando as multiplicações e reduzindo os termos semelhantes, vamos


obter h ′(x) = 2x6 + 6x2 + 2x + x6 + 3x2 = 5x6 + 9x2 + 2x, que é a derivada
de h (x).

Exemplo 2

Calcule a derivada do produto das funções f (x) = x2 + 2x + 1 e


g (x) = 2x + 1.

Solução: Aplicando o conceito da regra da derivada do produto, temos:


(f (x)⋅g (x))′ = f ′(x)⋅g (x) + f (x)⋅g ′(x) e substituindo os valores de f (x) e
g (x), temos:

(f (x)⋅g (x)) = (x2 + 2x + 1)′⋅(2x – 1) + (x2 + 2x + 1)⋅(2x – 1).


Assim, derivando os polinômios, vamos obter:

(f (x)⋅g (x))′ = (2x + 2)⋅(2x + 1) + (x2 + 2x + 1)⋅2 =


= 4x2 – 2x + 4x – 2 + 2x2 + 4x + 2

Portanto, reduzindo os termos semelhantes vamos obter a derivada da


função produto. Logo:

(f (x)⋅g (x))′ = 6x2 + 6x

Exemplo 3

Determine a derivada da função h (x) = x2⋅ ex.

www.esab.edu.br 229
Solução: Se f (x) = x2 e g (x) = ex. Ao aplicar a regra do produto, temos
que: (f (x)⋅g (x))′ = f ′(x)⋅g (x) + f (x)⋅g ′(x). Substituindo os valores da
f (x) e da g (x) na fórmula, temos:

(f (x) ⋅ g (x))′ = (x2)′⋅ (ex) + (x2) ⋅ (ex)′


(f (x) ⋅ g (x))′ = 2x ⋅ ex + x2 ⋅ ex,

pois a derivada da função

ex é igual a ex.
Colocando o termo x ⋅ ex em evidência, temos a derivada de
h (x) = x2 ⋅ ex:

h ′(x) = (f (x) ⋅ g (x))′ = x ⋅ ex (x + 2)

Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos em derivada,
assista ao vídeo “Curso básico de Derivada aula
1”, do professor José Fernando Grings, que está
disponível aqui, e entenda melhor a definição de
derivada através de alguns exemplos.

Derivada do produto de uma constante por uma função

Segundo Silva e Abrão (2008, p. 140), “[...] se f é uma função derivável e


y = k ⋅ (x), em que k é uma constante, então sua derivada é:
(k ⋅ f (x))′ = k ⋅ f ′(x), ou seja, a constante pode ser colocada fora do sinal
de derivação”. Observe alguns exemplos.

Exemplo 1

Calcule a derivada da função h (x) = 3x2.

www.esab.edu.br 230
Solução: Se f (x) = 3 e g (x) = x2, temos:

(f (x) ⋅ g (x))′ = f ′(x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x)


Substituindo na fórmula, vamos obter:

(f (x) ⋅ g (x))′ = (3)′ ⋅ (x2) + (3) ⋅ (x2)′


Resolvendo as derivadas, teremos a expressão que nos dá a derivada de
h (x) = 3x2:

(f (x) ⋅ g (x))′ = 0 ⋅ x2 + 3 ⋅ 2x, então: (f (x) ⋅ g (x))′ = 0 + 6x = 6x.

Exemplo 2

Encontre a derivada da função h (x) = –7x3.

Solução: Como f (x) = –7 e g (x) = x3, temos:

(f (x) ⋅ g (x))′ = f ′(x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x)


Substituindo os valores da f (x) e da g (x), na fórmula:

(f (x) ⋅ g (x))′ = (–7) ⋅ (x3) + (–7) ⋅ (x3)′


Desenvolvendo as derivadas, teremos a expressão que nos dá a derivada
de h (x) = –7x3:

(f (x) ⋅ g (x))′ = 0 ⋅ x3 + (–7) ⋅ 3x2


logo (f (x) ⋅ g (x))′ = 0 + (–21x2) = –21x2

Exemplo 3

Determine a derivada da função h( x ) = 5 x .

=
Solução: Para f ( x ) 5=
e g(x ) x , temos:

(f (x) ⋅ g (x))′ = f ′(x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x)

www.esab.edu.br 231
Substituindo os valores da f (x) e da g (x), na fórmula:

( f ( x=
). g ( x ))' (5)'.( x ) + (5).( x )'
1

Lembrando que podemos escrever =


a função g ( x ) =
x como g ( x ) x 2 e
1 1
podemos reescrever a expressão como: ( f ( x)=
. g ( x)) ' (5) ' . ( x ) + (5) . ( x ) '.
2 2

Desenvolvendo as derivadas, teremos a expressão:


1
1 - 12
( f ( x) . g=
( x)) ' 0 . x 2 + (5) . x
2

1 - 12 5 - 12
Logo: ( f ( x ). g ( x ))' =
0 + (5. x ) = x
2 2

5 - 12
Portanto: ( f ( x ). g ( x ))' = x pode ser escrita como:
2
5
( f ( x ). g ( x ))' = , que é a derivada de h( x ) = 5 x .
2 x
Nos exemplos citados, você pode observar que toda função do tipo
f (x) = k ⋅ f (x) pode ser simplificadamente derivada colocando a
constante fora do sinal da derivação. Agora, observe como ficaria o
Exemplo 1 na forma simplificada: f (x) = 3x2 = 3 ⋅ (x2)′ = 3 ⋅ 2x2–1 = 6x.

Assim, podemos observar que a regra do produto pode ser aplicada de


forma simplificada sempre que a função for do tipo f (x) = k ⋅ f (x).

Dando continuidade ao nosso tema sobre derivadas, vamos estudar, na


unidade seguinte, como calcular a derivada pela regra do quociente.
Vamos adiante!

www.esab.edu.br 232
38 Derivadas: regra do quociente

Objetivo
Calcular a derivada pela regra do quociente.

Dando continuidade ao assunto sobre derivadas, nesta unidade vamos


estudar sobre as regras de derivação do quociente.

Segundo Guidorizzi (2010, p. 156), “[...] a derivada de um quociente é


igual à derivada do numerador multiplicado pelo denominador menos
o numerador multiplicado pela derivada do denominador, sobre o
quadrado do denominador”.

Em outras palavras, podemos reescrever a definição de derivada do


quociente da seguinte forma: se f (x) e g (x) têm derivada finita e se
g (x) ≠ 0, então:
'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  =
 g(x )  ( g ( x ))2
Vamos fazer alguns exemplos sobre a definição para que você entenda
melhor como se aplica a fórmula da derivada do quociente.

Definição da regra do quociente: Se f (x) e g (x) são deriváveis, então:


'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  = , o que resulta na fórmula para a
 g(x )  ( g ( x ))2
derivada do quociente de duas funções.

www.esab.edu.br 233
Exemplo 1

Extraído de Guidorizzi (2010, p. 157). Calcule a derivada da função


h( x ) .

Solução: Identificando f (x) = x2 + 1 e g (x) = x + 1, e sabendo que


'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  = 2
, podemos substituir os valores da
 g ( x )  ( g ( x ))
f (x) e g (x).
'
 f ( x )  ( x + 1)' ( x + 1) - ( x + 1)( x + 1)'
2 2

Assim, temos que:   =


 g ( x )  ( x + 1)2

Resolvendo as derivadas dos polinômios, vamos obter:


2 x ( x + 1) - ( x 2 + 1).1
. Eliminando os parênteses do numerador através
( x + 1)2
2x 2 + 2x - x 2 -1
da propriedade distributiva, temos: .
( x + 1)2
Agora, reduzindo os termos semelhantes, vamos obter como resposta:
'
 f (x )  x 2 + 2x -1 x2 +1
  = , que é a derivada da função h ( x ) = .
 g ( x )  ( x + 1)2
x + 1

Exemplo 2:
2+x
Dada a função h( x ) = , determine sua derivada no ponto x = 1.
3-x
Solução: Identificando f (x) = 2 + x,
'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
g(x ) =
3-x e   = 2
e, podemos substituir
 g ( x )  ( g ( x ))
os valores da f (x) e g (x).

'
 f ( x )  (2 + x )'.(3 - x ) - (2 + x ).(3 - x )'
Assim,   = . Derivando as
 g ( x )  (3 - x )2

funções, temos:

www.esab.edu.br 234
'
 f ( x )  1(3 - x ) - (2 + x )( -1)
  = . Aplicando a propriedade distributiva,
 g ( x )  (3 - x )2

vamos obter:
'
 f (x )  3 - x + 2 + x
  =
 g ( x )  (3 - x )2
Reduzindo os termos semelhantes, chegaremos ao resultado:
'
 f (x )  5
  = , que é a derivada de h( x ) = 2 + x .
 g ( x )  (3 - x )
2
3-x
Agora, calculamos a derivada no ponto x = 1. Para isso basta
substituirmos o valor de x na função derivada. Assim, temos:
'
 f (1)  5 5
=  = . Então, 5 é o valor da derivada da função
 g (1)  (3 - 1)
2
4 4
h (x) no ponto x = 1.

Exemplo 3:

x+5
Seja f ( x) = , determine os itens a seguir.
x +1

• O domínio da função f (x), estudado na unidade 9.


• A derivada da função f (x), vista na unidade 34.
• A função admite assíntota? Quais? Estudamos esse tema na unidade 33.
• Esboce o gráfico dessa função.
Solução: a) Para determinarmos o domínio da função, precisamos
observar que uma fração só não existe quando o seu denominador for
igual a zero.

Logo, x + 1 ≠ 0. Então, resolvendo a inequação, teremos: x ≠ 1. Com


isso, podemos escrever o domínio da função como sendo todos os
números reais, exceto o número 1, ou seja, D (f ) = {x ∈ R / x ≠ 1}.

www.esab.edu.br 235
b) De acordo com a derivada do quociente, temos que:
se f (x) = x + 5 e g (x) = x + 1, temos que
'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  = . Podemos substituir os valores da
 g(x )  ( g ( x ))2
f (x) e da g (x), e teremos:

'
 f (x )  ( x + 5)'.( x + 1) - ( x + 1)'.( x + 5) 1( x + 1) - (1)( x + 5)
  = .
 g(x )  ( x + 1)2 ( x + 1)2

Portanto, resolvendo as multiplicações e reduzindo os termos


semelhantes, obteremos:
'
 f (x )  x +1 - x - 5 -4
=
  =
 g(x )  ( x + 1)2
( x + 1)2

x +5
c) Dada a função f ( x ) =
x +1
Vamos verificar se existe assíntotas de acordo com o que estudamos na
unidade 33.

1. Como o denominador da fração não pode ser zero, então a função


só existe se x + 1 ≠ 0 em que se tem que x ≠ –1, logo x = –1 é a
assíntota vertical, como mostra no gráfico a linha paralela ao eixo x.
2. Para calcular a assíntota horizontal, precisamos calcular o limite
quando x tende ao ∞ e este limite tem que ser igual a um número
x +5
real. Logo: lim pode ser calculado dividindo o numerador e
x →∞ x + 1

o denominador da fração pela variável de maior expoente. Assim:


x 5
+
x +5 x x lim 1+ 0
= lim=
lim = 1, portanto: y = 1 é uma
x →∞ x + 1 x →∞ x 1 x →∞ 1 + 0
+
x x
assíntota horizontal da função dada, como mostra a reta paralela ao
eixo y, no gráfico da Figura 71.

www.esab.edu.br 236
Então, podemos concluir que para y = 1, é uma assíntota horizontal e
para x = –1, é uma assíntota vertical.

d) De acordo com o que calculamos nos itens anteriores, podemos


x +5
construir um esboço do gráfico da função f ( x ) = .
x +1
y

1
-1 x

Figura 71 – Gráfico da função f ( x ) = x + 5 e suas assíntotas verticais e horizontais.


x +1
Fonte: Guidorizzi (2010, p. 329).

Estudo complementar
Para aprofundar um pouco mais o assunto sobre
regra de derivada do quociente, assista ao vídeo:
“Derivadas, exercícios resolvidos passo a passo”,
disponível aqui.

Como você pôde observar nesta unidade, a derivada do quociente entre


dois polinômios nada mais é do que a razão entre a derivada do produto
pelo quadrado da função do denominador e também observou que
não é necessário desenvolver o denominador da função (como veremos
mais tarde). Dando continuidade ao assunto sobre derivadas, vamos,
na unidade seguinte, fazer uma revisão através de exercícios sobre a
derivada das funções.

www.esab.edu.br 237
39 Exercícios sobre derivadas
Objetivo
Resolver problemas e exercícios sobre derivadas de funções
polinomiais, exponenciais e o uso da regra do produto e do quociente.

Depois de termos estudado (nas unidades 36, 37 e 38) alguns pontos


importantes sobre derivadas, vamos fazer, nesta unidade, uma revisão
sobre as unidades já abordadas através de exercícios. Para isso, tomaremos
como base os livros de Guidorizzi (2010), Silva e Abrão (2008) e Murolo
e Bonetto (2012).

Para darmos início aos exercícios, vamos fazer uma pequena revisão sobre
derivadas – você pode acompanhá-la no ícone a seguir.

Saiba mais
Como vimos nas unidades anteriores, a derivada
tem suas regras e definições. Para relembrá-las,
assista ao vídeo “Cálculo I – derivadas”, disponível
aqui. Nessa aula, o professor apresenta e
exemplifica a definição de função derivada.

Agora que você já relembrou o que estudou nas outras unidades,


passamos aos exercícios sobre derivadas e suas regras.

Exemplo 1

Calcule, aplicando a regra do produto, a derivada da função h (x) = –4x2


(x2 –3x) no ponto x = 1.

www.esab.edu.br 238
Solução: Como podemos observar na função dada, temos uma função
na qual os termos estão se multiplicando. Então, podemos escrever: h (x)
= f (x) ⋅ g (x) e f (x) = –4x2 e g (x) = (x2 –3x). Daí, podemos derivar pela
regra do produto: (f (x) ⋅ g (x))′ = f (x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x). Substituindo
os valores, temos: (f (x) ⋅ g (x))′ = (–4x2) ⋅ (x2 –3x) + (–4x2) ⋅ (x2 –3x)′.

Assim: (f (x) ⋅ g (x))′ = (–8x) ⋅ (x2 –3x) + (–4x2) ⋅ (2x –3). Portanto, h ′(x)
= –8x3 + 24x2 –8x3 + 12x2 ⇒ h ′(x) = –16x3 + 36x2.

Logo, para calcularmos o valor da derivada no ponto x = 1, basta


substituir este valor na função h ′(x) = –16x3 + 36x2 e vamos obter h ′(1)
= –16(1)3 + 36(1)2 ⇒ h ′(1) = –16 + 36 = 20.

Exemplo 2
-34567 ,8345
Explique por que a derivada da função f ( x ) = - (e  ) é igual a
zero?

Solução: Segundo Silva e Abrão (2008), se f (x) = k, sua derivada é f ′(x)


-34567 ,8345

= (k)′ = 0 e como e e  são números, a função f ( x ) = - (e



) não
-34567 ,8345

possui variável. Logo, - (e



) é igual a uma constante k, portanto: f
′(x) = (k)′ = 0.

Exemplo 3

Encontre a f ′(–1) da função polinomial f (x) = 10x4 –5x3 + 2x2.

Solução: Utilizando a regra prática para derivar polinômio segundo Silva


e Abrão (2008), temos:

f (x) = (10x4 –5x3 + 2x2)′ = (10x4)′ – (5x3)′ + (2x2)′

www.esab.edu.br 239
Como a regra prática de derivação de polinômios nos diz que para
derivarmos um polinômio basta multiplicar o expoente pelo coeficiente
numérico e o expoente da parte literal diminui 1 unidade, temos:

f ′(x) = 10⋅4x4–1 –5⋅3x3–1 + 2⋅2x2–1 = 40x3 –15x2 + 4x


Logo: f ′(–1) = 40(–1)3 –15(–1)2 + 4(–1) = –40 –15 –4 = –59
Então: f ′(–1) = –59

Exemplo 4
4+x
Se f ( x ) = , encontre a derivada de f (x) e determine o domínio da
5- x
f ′(x).
4+x
Solução: Se f ( x ) = , temos, por definição, que f (x) = 4 + x e g
5- x
(x) = 5 – x.

Assim, podemos aplicar a regra do quociente:


'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  = 2
Substituindo os valores da
 g ( x )  ( g ( x ))
'
 f ( x )  (4 + x )'.(5 - x ) - (4 + x ).(5 - x )'
f (x) e da g (x), temos:   =
 g ( x )  (5 - x )2
Resolvendo as derivadas e efetuando as multiplicações, temos:
'
 f ( x )  1.(5 - x ) - (4 + x ).( -1) 5 - x + 4 + x 9
=
  = =
 g(x )  (5 - x )2
(5 - x )2
(5 - x )2
Para determinarmos o domínio da função, devemos estudar o numerador
da função. Como ele não pode ser zero, fazemos: (5 – x)2 ≠ 0 → 5 – x ≠ 0
→ x ≠ 5, do qual concluímos que D (f ) = R – {5}, ou seja, a derivada de
f (x) não está definida em x = 5.

www.esab.edu.br 240
Exemplo 5

Calcule a derivada da função exponencial f (x) = e3x.

Solução: Sabemos que a função f (x) é uma função exponencial de grau


ou expoente 3x.

Assim, f ′(x) = (e3x)′. Para iniciarmos o cálculo da derivada, vamos utilizar


a regra de derivação da função exponencial que nos diz que a derivada
de uma exponencial é igual à própria exponencial multiplicado pela
derivada da potência. Então: f ′(x) = e3x ⋅ (3x)′ ⇒ f ′(x) = e3x ⋅ 3 = 3 . e3x.
Da qual se pode afirmar que a derivada da função f (x) = e3x é igual a f
′(x) = 3 ⋅ e3x.

Exemplo 6

Calcule a derivada da função pela regra do quociente e em

seguida determine a derivada no ponto x = 1.


x +2
Solução: Se f ( x ) = , temos, por definição, que f (x) = x + 2 e g (x)
x -2
= x –3.

Assim, podemos aplicar a regra do quociente:


'
 f (x )  f '( x ). g ( x ) - g '( x ). f ( x )
  = 2
Substituindo os valores da f (x) e da
 g ( x )  ( g ( x ))
'
 f ( x )  ( x + 2)'.( x - 3) - ( x + 2).( x - 3)'
g (x), temos:   = .
 g ( x )  ( x - 3) 2

Resolvendo as derivadas e efetuando as multiplicações, temos:


'
 f ( x )  1.( x - 3) - ( x + 2).(1) x - 3 - x - 2 -5
=
  = = .
 g ( x )  ( x - 3) 2
( x - 3)2
( x - 3)2

www.esab.edu.br 241
-5
Portanto: f '( x ) = , mas como queremos determinar a derivada
( x - 3)2
no ponto x = 1, temos que substituir o valor de x na função derivada por 1.
-5 -5 -5 -5
Logo: f=
'( x ) = f=
'( x ) = = .
( x - 3)2
(1 - 3) ( -2)
2 2
4
Da qual se pode concluir que a derivada da função no ponto x = 1é igual
-5
a .
4
Conforme os exemplos apresentados nesta unidade, tivemos a
oportunidade de revisar e fixar o estudo das derivadas das funções
polinomiais e exponenciais, bem como o uso da regra do produto e do
quociente para resolver problemas de derivação. Na próxima unidade,
aproveitando o estudo que já fizemos nesta, daremos continuação ao
estudo das derivadas com a parte I da regra da cadeia. Vamos em frente!

www.esab.edu.br 242
40 Derivadas: regra da cadeia – parte I

Objetivo
Calcular as derivadas pela regra da cadeia.

Para aprofundar nossos estudos sobre derivadas, vamos apresentar


nesta unidade, como calcular algumas derivadas aplicando a regra da
cadeia. Antes de mostrarmos na prática, veremos algumas definições e
demonstrações.

De acordo com Guidorizzi (2010, p. 159), “[...] sendo f (x) derivável,


é válida a seguinte regra para a derivada de y = (f (x))n onde n ≠ 0 onde
é um real qualquer”. Então, podemos representar matematicamente a
definição do autor como: y = (f (x))n ⇒ n (f (x))n–1 f ′(x).

Para você entender melhor a definição, note que: Se f (x) = (2x + 3)2,
podemos escrever essa função como f (x) = u2 em que u = (2x + 3).
Perceba nesta escrita que há uma composição de funções, ou seja, uma
dentro da outra. Assim, usando a regra da cadeia, podemos derivar a
função f (x) = (2x + 3)2 da seguinte forma: f ′(x) = (u2)′⋅u′. Substituindo
os valores, temos: f ′(x) = [(2x + 3)2]′⋅(2x + 3)′.

Então: f ′(x) = 2(2x + 3)⋅2 ⇒ f ′(x) = 4(2x + 3).

Agora, você poderia estar se perguntando qual o objetivo de usar a regra


da cadeia? Para responder a essa pergunta, pense de que forma você
derivaria a função f (x) = (2x + 1)5. Podemos fazê-la usando Binômio de
Newton e obter o polinômio f (x) = 35x5 + 80x4 + 80x3 + 40x2 + 10x + 1
e derivando essa função vamos obter a f ′(x) = 160x4 + 320x3 + 240x2 +
80x + 10.

www.esab.edu.br 243
Até aqui o exercício torna-se muito fácil. Porém, podemos agora
questionar como seria a derivada da função f (x) = (2x + 1)200. Poderia
também ser desenvolvida pelo Binômio de Newton, mas demoraria
muito tempo e a chance de erro seria muito grande.

Nesse caso, teríamos que recorrer à regra da cadeia, cujo objetivo é


encontrar uma fórmula que expresse a derivada de uma função composta
f0 g (x), em termos das derivadas de f (x) e g (x).

Assim, aplicar a regra da cadeia permite que funções complicadas sejam


derivadas como funções mais simples e, para simplificarmos o que
foi dito até agora, podemos reescrever a regra da cadeia definida por
Guidorizzi (2010) da forma y = (f (x))n ⇒ n(f (x))n–1 f ′(x), como: [f (g
(x))]′ = f ′(g (x)) ⋅ g ′(x) ou ainda podemos escrever a derivada da função
composta como f ′(x) = (u2)′⋅u′.

Com isso, podemos responder à pergunta sobre a derivada da função f


(x) = (2x + 1)200.

Sabendo que a função f (x) = (2x + 1)200, suponha que f (u) = u200 e que
u(x) = 2x + 1 é uma função composta, pois podemos escrever a função
f (x) = (2x + 1)200 como f (u) = (2x + 1)200 ou seja, escrevermos a função f
(u) = u200 e no lugar de u, trocamos por u(x).

Pela regra da cadeia f ′(x) = (u200)′⋅u′, em que (u200)′ = 200u199 = 200(2x


+ 1)199 e u′ = 2, lembrando que u(x) = 2x + 1. Então podemos substituir
os valores e obter a função f ′(x) = 200⋅(2x + 1)199⋅2 = 400(2x + 1)199.

Da qual se tem que a derivada da função f (x) = (2x + 1)200 é igual a f ′(x)
= 400(2x + 1)199.

Nosso objetivo a seguir é estabelecer uma regra, denominada regra da


dy
cadeia, para a derivada da função composta y = f (g (x)).
dx

www.esab.edu.br 244
Dica
Para entender melhor a regra da cadeia, assista
ao vídeo “Derivada de função composta, raiz,
polinomial aula 11” que está disponível neste link.
Neste vídeo, o professor José Fernando Grings
resolve alguns exemplos de função composta e
sua derivação. Vale a pena conferir!

Agora que você já aprendeu a definição da regra da cadeia, vamos analisar


alguns exemplos.

Exemplo 1

Extraído de Guidorizzi (2010). Calcule, pela regra da cadeia, a derivada


da função=y x2 + 5 .

Solução: Primeiramente é necessário observarmos que temos, na


função=y x 2 + 5, duas funções. A primeira vamos chamar de
y = u e a segunda u = x2 + 5. Então:=y x 2 + 5 é equivalente a
=
y u em que =
u x 2 + 5.
1 -21
1
1
Sabemos que:=
y ' (u=)' u e, portanto=
2
y' .
2 2 u
Por outro lado, u′ = (x2 + 5)′ e, portanto, u′ = 2x.

Pela regra da cadeia, temos que: f '( x ) = ( u )'.u '. Substituindo os


valores, temos:
1 2x x
=
y' =.2 x =
2 u 2 u u

x
Substituindo u por x2 + 5, temos como resultado: y ' = 2
, a derivada
x +5
que queríamos obter.

www.esab.edu.br 245
Exemplo 2

Extraído de Guidorizzi (2010). Considere as funções y = u5, u = x4 e x = t3.

a. Calcule a derivada das funções y, u e x.


b. Expresse y em função de t e determine a derivada da função
encontrada.
Solução: a) Para calcularmos a derivada de cada uma das funções temos
que:

y ′= (u5)′ = 5u4
u ′= (x4)′ = 4x3
x ′= (t3)′ = 3t2

b) De acordo com o enunciado, temos que: y = u5, u = x4, x = t3.

Assim podemos escreve a função y = u5 e substituir u por x4 e vamos


obter a expressão y = (x4)5 que é igual a, y = x20 pela propriedade das
potências: manter a base e multiplicar os expoentes. De forma análoga,
podemos substituir x por t3 e vamos encontrar a função y = (t3)20, que por
meio da mesma propriedade aplicada anteriormente temos y = t60 que foi
obtida por meio de uma composição de funções.

Logo, para determinarmos a derivada de y = t60, temos y ′= 60x60–1 ⇒


y ′= 60x59, que é o resultado que estávamos procurando.

Como podemos observar nesta unidade e através desses exemplos, a regra


da cadeia é aplicada a funções compostas, com o objetivo de tornar mais
simples algumas funções mais complexas. Na próxima unidade, você
terá a oportunidade aprender um pouco mais sobre essa regra através de
alguns exemplos. Mãos à obra!

www.esab.edu.br 246
41 Regra da cadeia – parte II

Objetivo
Calcular as derivadas pela regra da cadeia.

Na unidade anterior, aprendemos que a regra da cadeia é a derivada da


função composta. Para você relembrar o assunto sobre derivada, seria
interessante rever o vídeo que está disponível no estudo complementar
da unidade 38. Lá você verá passo a passo as formas de derivação que
serão muito úteis para este conteúdo, pois nesta unidade, iremos resolver
alguns exercícios para que você possa entender a aplicação dessa regra em
algumas funções.

Para Silva e Abrão (2008), a regra da cadeia pode ser calculada derivando
a função simples e depois derivando a função composta. Por meio
de alguns exemplos, entenda melhor o que diz o autor. Note que os
exemplos 1 e 2 correspondem a uma mesma função, mas que a solução
será por métodos diferentes.

Exemplo 1

Calcule a derivada da função=y x 2 + 1.

Solução: Suponha que =


y u e=
u x 2 + 1.
1 -21
=
Derivando a função simples y = u , temos: y ' u , que é o mesmo
2
1
que y ' = e derivando a função u = x2 + 1, temos: u ′= 2x.
2 u
Aplicando a regra da cadeia, temos: f '( x ) = ( u )'.u ', assim substituindo
os valores vamos

www.esab.edu.br 247
1 1 x
obter: f '( x ) = ( x 2 + 1)', então f '( x ) = .2 x = .
2 x +1
2
2 x +1
2
x +1
2

x
Portando : y ' =
x2 +1

Agora, observe no Exemplo 2 como Guidorizzi (2010) o desenvolve.

Exemplo 2

Calcule pela regra da cadeia a derivada de=y x 2 + 1.

Solução: Primeiro, é preciso desmembrar a função em funções


que saibamos derivar. Então:=y x 2 + 1 é equivalente a
=
y u e=
u x 2 + 1.
dy dy 1
1 -21
Sabemos que:= y ', então= (u= 2
)' u , e, portanto,
du du 2
dy 1 1
= de onde se tem que a derivada de y ′ é igual a .
du 2 u 2 u

du du
Por outro lado, ( x 2 + 1) ' e, portanto,
= 2 x. De onde se tem que a
=
dx dx
derivada de u é igual a 2x.
dy dy du
Pela regra da cadeia, temos que: = . . Substituindo os valores,
dx du dx
temos:
dy dy du 1 2x x
=. ⇒ .2 x = = . Substituindo u por
dx du dx 2 u 2 u u
dy x
x 2 + 1, resulta: = .
dx x +1
2

www.esab.edu.br 248
Estudo complementar
Para você entender melhor sobre a derivada da
função composta, assista à videoaula “Derivada
– Regra da Cadeia Aula 1”. Você pode acessá-la
clicando aqui e observar como podemos derivar
alguns polinômios. Também seria interessante que
você refizesse alguns dos exercícios para fixar o
conteúdo trabalhado.

Como você pôde observar nos Exemplos 1 e 2 e nos exercícios


apresentados no vídeo, podemos usar a regra da cadeia de uma forma mais
simplificada e prática, como podemos ver nos exemplos que seguem.

Exemplo 3

Calcule a derivada da função f (x) = (2x + 1)3.

Solução: Para calcular a derivada dessa função, precisamos identificar as


funções elementares y = u3 e u = (2x + 3) que formam a função composta
e aplicar a regra da cadeia. Assim:

f (x) = (2x + 1)3


y = u3 ⇒ y ′= 3u2
u = 2x + 1 ⇒ u ′= 2
Então, y ′(x) = y ′(u)⋅u ′(x) ⇒ y ′(x) = 3u2⋅2.

Agora, vamos voltar à derivada, para a variável original x. Então, u = 2x +


1. Logo: y ′(x) = 3(2x + 1)2⋅2 = 6(2x + 1)2.

Portanto, a derivada da função f (x) = (2x + 1)3 é f ′(x) = 6(2x + 1)2.

www.esab.edu.br 249
Exemplo 4

Calcule a derivada da função f (x) = (x + 1)2, usando a regra da cadeia e


em seguida calcule a derivada nos pontos: x1 = –1, x2 = 0 e x3 = 1. Logo
após, construa o gráfico da função f ′(x) nos pontos x1, x2, x3.

Solução: Separando as funções em funções elementares, temos:

f (x) = (x + 1)2
y = u2 ⇒ y ′= 2u
u = x + 1 ⇒ u ′= 1
Usando a fórmula da regra da cadeia (estudada na unidade 40), temos:
y ′(x) = y ′(u)⋅u(x) ⇒ y ′(x) = 2u⋅1. Voltando à derivada, para a variável
original x, teremos: u = x + 1. Logo: y ′(x) = 2(x + 1) ⋅1 = 2x + 2.
Portanto, a derivada de f (x) = (x + 1)2 é f ′(x) = 2x + 2.

Agora que já encontramos a derivada da função f (x) = (x + 1)2, podemos


determinar o valor dessa derivada nos pontos x1 = –1, x2 = 0 e x3 = 1.
Então:

Para x = –1, temos: f ′(–1) = 2(–1) + 2 = 0.

Para x = 0, temos: f ′(0) = 2(0) + 2 = 2.

Para x = 1, temos: f ′(1) = 2(1) + 2 = 4.

Como você pode observar, a função f ′(x) = 2x + 2 representa uma


reta, pois a função é do primeiro grau. Então, podemos representá-la
graficamente nos pontos x1 = –1, x2 = 0 e x3 = 1.

www.esab.edu.br 250
f (x)
4

-1 1 x

Figura 72 – Gráfico da função f '( x=) 2 x + 2.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 5
5
 x 
Encontre a derivada da função f ( x ) =   .
 1 + 3x 
Solução: Note que, primeiramente, devemos fragmentar a função em
duas funções elementares, observe:
5
 x 
f (x ) =  
 1 + 3x 
y = u5
x
u=
1 + 3x
Usando a fórmula da regra da cadeia estudada na unidade 40, temos:

 (1).(1 - 3 x) - ( x)(-3) 
y= '( x) 5u 4 . 
'( x) y '(u ) . u '( x) ⇒ y=
(1 - 3 x) 2  . Note que para
 
x
derivarmos u = , precisamos usar a regra do quociente (que vimos
1 - 3x
na unidade 38).

www.esab.edu.br 251
Então, continuando a derivar a função
 (1).(1 - 3 x ) - ( x )( -3) 
y '( x ) = 5u 4 .   , temos:
 (1 - 3 x )2

4
 x   (1)(1 - 3 x ) - ( x )( -3) 
y '( x ) = 5   .  . Resolvendo as
 1 - 3x  - 2
 (1 3 x ) 
multiplicações e reduzindo os termos semelhantes, chegamos ao seguinte
5x 4
resultado: f '( x ) = , que é a derivada procurada.
(1 - 3 x )6
De acordo com os exemplos que vimos nesta unidade e segundo
Guidorizzi (2010) e Silva e Abrão (2008), podemos entender que toda
função composta do tipo fog (x) (que estudamos na unidade 26) pode ser
derivada aplicando a regra da cadeia.

Assim, dando continuidade aos nossos estudos sobre derivadas vamos


estudar, na próxima unidade, a respeito das derivadas de ordem superior.
Vamos lá?

www.esab.edu.br 252
42 Derivada de ordem superior

Objetivo
Apresentar derivadas de ordem superior.

Nesta unidade, vamos estudar sobre a derivada de ordem superior que,


segundo Murolo e Bonetto (2012), nada mais é do que derivar a função
até seu último grau de derivação, ou seja, quantas vezes for possível.
Dentro desse contexto, vamos aprender a derivada de segunda ordem e
sua aplicabilidade dentro da Cinemática e da Economia.

Para Murolo e Bonetto (2012), podemos definir a derivada de ordem


superior como a função derivada da f ′(x), a partir da qual obtém-se a
f ″(x), que quando derivada resulta na f ″′(x), e assim sucessivamente.

A derivada segunda de f (x) é obtida a partir da derivação da derivada da


f ′(x), isto é, podemos dizer que a derivada segunda de f (x) é a “derivada
da derivada” da função f (x).

Assim, para representarmos a derivada segunda, temos:


d2y
f "( x ) = 2
dx
Então, quando derivamos a função pela primeira vez, temos f ′(x), que é
chamada de derivada de primeira ordem. Quando derivamos a derivada
f ′(x), temos a f ″(x), que é chamada de derivada de segunda ordem.

De modo parecido ao realizado para a segunda derivada, temos a


derivada terceira, ou a derivada de terceira ordem de f (x). Obtemos a
d3y
derivada terceira f "'( x ) = 3 , derivando a derivada segunda, ou seja,
dx
derivando “três vezes” a função f (x).

www.esab.edu.br 253
Portanto, segundo Murolo e Bonetto (2012, p. 214), “[...]
generalizando as derivadas sucessivas, teremos a derivada e – nézima ou
derivada de e – nézima ordem, ou ainda derivada de ordem n de f (x)”.
dny
Ainda segundo o autor, obtemos a derivada e – nézima f ( x ) = n
n

dx
derivando n vezes a função f (x).

Para entender melhor a definição da derivada de ordem superior, observe


os exemplos a seguir.

Exemplo 1
Extraído de Murolo e Bonetto (2012). Dada a função f (x) = x5, obtenha
a derivada terceira.

Solução: Devemos derivar a f (x) = x5 três vezes, ou seja, vamos obter, em


sequência, as derivadas primeira, segunda e terceira da f (x).
 f (x ) = x5

 f '( x ) = 5 x
4

assim: 
 f "( x ) = 20 x
3

 f "'( x ) = 60 x 2

Pode-se concluir que f "'( x ) = 60 x 2 .

Exemplo 2
Se f (x) = x8, calcule a derivada de ordem 3

Solução: Dado f (x) = x8, calculando as derivadas sucessivas, temos:

f ′(x) = 8x8–1 = 8x7


f ″(x) = 8⋅7x7–1 = 56x6
f ″′(x) = 56⋅6x6–1 = 336x5
De forma geral, temos que a derivada terceira da função f (x) = x8 é igual
a f ″′(x) = 336x5.

www.esab.edu.br 254
Outro exemplo em que podemos usar a derivada de segunda ordem é na
área de Economia, na qual a primeira derivada da função, f ′(t), fornece
a variação da taxa de inflação em qualquer instante de tempo t. Dessa
forma, quando um economista ou um político alega que “a inflação está
diminuindo”, o que ele quer dizer é que a taxa de inflação está decrescendo.

Matematicamente isto é equivalente a notar que a segunda derivada f ″(t) é


negativa no instante t, como podemos acompanhar no Exemplo 3.

Exemplo 3
Suponha que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de uma economia
é descrito pela função f (t) = –0,2t3 + 3t2 + 100, com (0 ≤ t ≤ 9). Em que
t = 0 corresponde ao início do tempo em anos. Calcule a f ′(6) e f ″(6).

Solução: De acordo com o enunciado, temos que:

f (t) = –0,2t3 + 3t2 + 100


f ′(t) = –0,6t2 + 6t
f ″(t) = –1,2t + 6
Portanto, para determinarmos a f ′(6) e f ″(6), basta substituir os valores
nas funções indicadas. Então:

f ′(6) = –0,6(6)2 + 6⋅6 = 14,4


f ″(6) = –1,2(6) + 6 = –1,2
Portanto, f ′(6) = 14,4 e f ″(6) = –1,2. Os cálculos revelam que ao final
do sexto ano a taxa de inflação está decrescendo.

Agora que você já sabe que para derivar a função em qualquer ordem,
basta derivar a derivada sucessivamente, observe o Exemplo 4.

Exemplo 4
Determine as derivadas de todas as ordens da função polinomial f (x) =
2x5 – 3x4 + 2x3 + 5x – 12.

www.esab.edu.br 255
Solução: Para encontrarmos todas as derivadas dessa função, devemos
derivá-la o máximo possível, até que se obtenha uma constante. Pois,
como vimos em unidades anteriores, a derivada de uma constante é igual
a zero. Assim:

f (x) = 2x5 –3x4 + 2x3 + 5x –12


f ′(x) = 10x4 –12x3 + 6x2 + 5
f ″(x) = 40x3 –36x2 + 12x
f ″′(x) = 120x2 –72x + 12
f 4 (x) = 240x –72
f 5 (x) = 240
f 6 (x) = 0

Assim, podemos observar que desse ponto em diante, a derivada será


sempre zero, isto é, f n (x) = 0, para n ≥ 6.

Saiba mais
Agora, é interessante que você assista ao vídeo
“Cálculo I – Derivada de ordem superior”
disponível aqui. Nessa videoaula, você terá a
oportunidade de aprender mais um pouco sobre a
derivada de ordem superior e também relembrar
sobre algumas propriedades que vimos nas
unidades anteriores.

Como vimos até aqui, as derivadas de ordem superior são muito


importantes em certos problemas teóricos de matemática e estatística.
As derivadas de segunda ordem podem ser usadas para a representação
gráfica das funções (como será discutido em unidades posteriores)
e também são úteis sempre que a taxa de variação da quantidade
representada pela primeira derivada seja de interesse. Por exemplo, a taxa
de variação da velocidade é a aceleração, e a taxa de variação da inflação
indica se ela está crescendo, decrescendo ou é constante.

www.esab.edu.br 256
Resumo

Durante o estudo sobre derivadas, vimos algumas regras de derivação


que nos permitem calcular a derivada de algumas funções como, por
exemplo, as funções polinomiais, exponenciais ou até mesmo as funções
em forma de fração. Para cada uma dessas funções, podemos observar
que existem regras que facilitam a sua derivação.

Na unidade 37, estudamos sobre a regra do produto aplicada à


multiplicação entre polinômios e a regra do quociente (vista na unidade
38) que, de forma análoga à regra do produto, nos permite calcular a
derivada da razão entre dois polinômios.

Ainda sobre as derivadas, na unidade 39, resolvemos alguns exercícios


que serviram como reforço e revisão do conteúdo sobre o tema abordado.

Finalizando esta parte do conteúdo, aprendemos a derivação pela regra da


cadeia, nas unidades 40 e 41, através de definições e exemplos práticos.
Encerrando, vimos (na unidade 42) que algumas funções podem ser
derivadas mais de uma vez, como as derivadas de ordem superior.

www.esab.edu.br 257
43 Exercícios sobre derivadas
Objetivo
Propor exercícios sobre a regra da cadeia e derivadas de ordem
superior.

Na unidade anterior trabalhamos com o conceito de derivadas de ordem


superior, que são derivações sucessivas de uma mesma função, podendo
aplicar todas as regras para a derivação de uma função. Nesta unidade,
resolveremos minuciosamente alguns exercícios sobre regra da cadeia e
derivada de segunda ordem, e você ainda terá a oportunidade de rever
outras regras importantes, como a regra do quociente e do produto.

Exemplo 1

Dada a função y = (x2 + 3x + 3)5, determine sua derivada, ou seja,


dy
determine .
dx
Solução: Vimos, nas unidades 40 e 41, que quando temos uma função
do tipo y = (f (x))n,podemos aplicar a regra da cadeia, que é dada por:
y ′= n (f (x))n–1 f ′(x).

Comparando a função y = (x2 + 3x + 3)5 apresentada no enunciado com


a fórmula da regra da cadeia identificamos que n = 5, f (x) = x2 + 3x + 3
e precisamos calcular f ′(x). Se f (x) = x2 + 3x + 3 então basta derivarmos
esse polinômio e ficaremos com f ′(x) = 2x + 3. Aplicando os resultados
na fórmula teremos:

y ′ = n(f (x))n–1 f ′(x) ⇒ y ′ = 5(x2 + 3x + 3)5–1 (2x + 3) =


= 5(x2 + 3x + 3)4 (2x +3).

Ou seja, a derivada de y = (x2 + 3x + 3)5 será y ′ = 5(x2 + 3x + 3)4 (2x + 3).

www.esab.edu.br 258
Exemplo 2
5
 3x + 3 
Dada a função y =   , encontre y ′.
 2x + 1 
Solução: Aqui aplicaremos novamente a regra da cadeia, vista nas
unidades 40 e 41, do seguinte modo:

dy dy du
= .
dx du dx
Como anteriormente, primeiro escreveremos
3x + 3
= y g= ( u ) u5= eu , ou seja, vamos considerar que toda a
2x + 1
expressão que está elevada na 5ª potência é uma variável u, e mostrar a
dy du
fórmula , que é u′ = 5u4. Depois, fazemos , que neste caso é uma
du dx
expressão mais complexa, pois teremos que aplicar a regra para derivação
de um quociente, conforme vimos na unidade 38.

3x + 3
Para derivar a expressão , aplicaremos a regra do quociente, dada
2x + 1
g ( x ). f '( x ) - f ( x ).g '( x )
por: y ' ( x ) = , considerando que
 g ( x ) 
2

f (x) = 3x + 3, f ′(x) = 3, g (x) = 2x + 1 e g ′(x) = 2. Substituindo esses


resultados na expressão, ficamos com:

( 2 x + 1) ⋅ 3 - ( 3 x + 3 ) ⋅ 2
y '( x ) =
( 2 x + 1)2
6x + 3 - 6x - 6
y '( x ) =
( 2 x + 1)2
-3
y '( x ) =
( 2 x + 1)2

www.esab.edu.br 259
Dessa forma, aplicando a regra da cadeia, e dada a função
5
 3x + 3  -3 3x + 3
y =  , temos: =y ' 5u 4 ⋅ . Substituindo u = ,
 2x + 1  ( 2 x + 1)2 2x + 1
teremos a expressão final para nossa derivada que será:
4
 3x + 3  -3
=y ' 5  ⋅
 2 x + 1  ( 2 x + 1)
2

Exemplo 3

Dada a função y = 3x2 + 6x + 5, encontre a derivada segunda.

Solução: Aplicaremos aqui as derivadas sucessivas, vistas na unidade 42.


Logo, para encontrar a segunda derivada da função y = 3x2 + 6x + 5,
faremos sua derivação duas vezes consecutivas, como segue:

Se y = 3x2 + 6x + 5, então y ′= 6x + 6 e y ″= 6. A derivada segunda da


função y = 3x2 + 6x + 5 é y ″= 6.

Exemplo 4

Dada a função=y x 2 + 1, encontre sua derivada segunda.

Solução: Novamente, aplicaremos as derivadas sucessivas, vistas na


unidade 42. Logo, para encontrar a segunda derivada da função
=y x 2 + 1, faremos sua derivação duas vezes consecutivas. Contudo, é
importante lembrar que essa função necessita de mais atenção antes de se
1
fazer sua derivação – vamos fazer y= x + 1=
2
(x 2
+ 1) . Desse modo,
2

poderemos aplicar a regra da cadeia, que diz: se temos uma função do

tipo y = (f (x))n, então sua derivada será y ′= n (f (x))n–1 ⋅ f ′(x), como


vimos nas unidades 40 e 41.

www.esab.edu.br 260
1
Comparando a função=
y (x 2
+ 1) com a regra da cadeia, podemos
2

1
identificar =
n e f ( x=
) x 2 + 1. Para aplicarmos a regra da cadeia,
2
precisamos calcular f ′(x) que será f ′(x) = 2x. Agora, basta substituirmos
esses resultados na fórmula da regra da cadeia:
1 1
n -1 1 2 -1 1 2 -
y =' n( f ( x )) ⋅ f '( x ) ⇒ y =' ( x + 1) ⋅ 2 x=
2
( x + 1) 2 ⋅ 2 x
2 2
1
-
Dessa forma, nossa primeira derivada será y ' =( x + 1) ⋅ x .
2 2

Para calcularmos a segunda derivada, precisamos derivar a expressão


1
-
y ' =( x + 1) ⋅ x . Porém, agora nós temos um produto de duas funções,
2 2

1
x ) ( x + 1) . Desse
-
as quais podemos identificar como f (= x ) x e g (= 2 2

modo, teremos que usar a regra da derivada do produto de duas funções,


dada por y ″= f ′(x) ⋅ g (x) + f (x) ⋅ g ′(x), conforme vimos na unidade 37.
Note que pela fórmula, além de f (x) e g (x) precisamos calcular também
suas derivadas, f ′(x) e g ′(x). A derivada f (x) = x pode ser calculada
diretamente, e será f ′(x) = 1.
1
x ) ( x + 1) , precisaremos usar
-
Já para calcularmos a derivada de g ( = 2 2

a regra da cadeia. Como fizemos no início deste exemplo, vamos


identificar os componentes da fórmula da regra da cadeia. Comparando
1

( x + 1) com y =
-
g (x) = 2 2( f ( x ))n , podemos identificar que
1
n= - e f (x) = x 2 + 1. Mas como a fórmula da derivada pela regra da
2
cadeia é y ′= n (f (x))n–1 ⋅ f ′(x), sabemos que ainda precisamos calcular
f ′(x). Calculando essa derivada, teremos f ′(x) = 2x. Agora substituímos
esses resultados na regra da cadeia para obtermos g ′(x). Assim, teremos:
1 3
1 2
- ( x + 1)
- -1 -
g '( x ) = 2 ⋅ 2x = ( x + 1) ⋅ x . Agora que já temos g ′(x),
2 2
2
podemos substituir os dados na fórmula da derivada da regra do produto,
que era o que nos faltava para aplicar essa fórmula.

www.esab.edu.br 261
Dos cálculos que havíamos feito inicialmente, sabemos que:
1
x , g ( x ) ( x + 1) , f ' ( x ) =
-
f ( x ) == 2
1 e também que
2

3
-
g ' ( x ) =( x + 1) ⋅ x (como acabamos de calcular). Substituindo estes na
2 2

regra do produto, teremos:


1 3
y ' = f ' ( x ) . g ( x ) + f ( x ) . g ' ( x ) ⇒ y '' =1 ⋅ ( x + 1)
- -
2 2 + x ⋅ ( x + 1)
2 2
⋅x

Reescrevendo nossa expressão, teremos nossa resposta final que será:


3
1
1 x2
y '' =( x + 1)
- -
2 2 + x ( x + 1)
2 2 2
= +
x2 +1 ( x 2 + 1)3
Note que para resolver esses exercícios tivemos que aplicar os conceitos
de derivadas sucessivas, regra do produto e regra da cadeia, o que resultou
em uma demonstração bastante longa. Contudo, revendo-a em detalhes
você compreenderá melhor.

Na próxima unidade, estudaremos o conceito de máximos e mínimos


de uma função. Com larga aplicação na área administrativa, teremos a
oportunidade de resolver exercícios aplicando o conceito de máximos e
mínimos de uma função nessa área.

www.esab.edu.br 262
Aplicações de derivadas no estudo
44 das funções
Objetivo
Estudar máximos e mínimos de uma função.

Na unidade anterior, trabalhamos com as derivadas de ordem superior


através de exemplos práticos, dando a você condições de acompanhar
as ideias que serão apresentadas nas próximas unidades. Nesta etapa,
apresentaremos o conceito de máximos e mínimos de uma função,
mostrando como encontrá-los e aplicá-los.

Um ponto de máximo ou mínimo de uma função é um ponto no qual


seu gráfico muda de crescente para decrescente, ou vice-versa. Medeiros
(2005) diz que sua determinação sinaliza o caminho que devemos seguir
para que um fenômeno estudado apresente resultados compatíveis com
aqueles previstos pelo modelo próximo a esses pontos.

Acompanhe o exemplo apresentado por Goldstein, Schneider e Lay


( 2012, p. 144), no qual uma droga é injetada em um músculo.
A concentração do entorpecente nas veias tem uma curva tempo-
concentração, como a que aparece na figura a seguir.

www.esab.edu.br 263
mg/L
0,05

0,04

0,03

0,02

0,01

1 2 3 4 5 6 7 8 9 t (h)

Figura 73 – Curva tempo-concentração de uma droga.


Fonte: Goldstein, Schneider e Lay (2012, p. 144).

Em t = 0, não há droga nas veias. Quando injetada no músculo, ela


começa a se espalhar na corrente sanguínea. A concentração nas veias
aumenta e atinge seu valor máximo em t=2 horas. Depois desse instante,
ela começa a diminuir, sendo removida do sangue pelos processos
metabólicos do corpo, tendendo a zero. Neste exemplo, podemos
considerar que em t = 2 horas, temos um ponto de máximo da função.

Medeiros (2005) diz que um ponto P é um ponto de máximo sempre


que existir um intervalo I, centrado em P, no qual: f (P ) ≥ f (x),
representado graficamente por P1 na Figura 74. Ressalta também que
um ponto P é um ponto de mínimo sempre que existir um intervalo
I, centrado em P, sendo: f (P ) ≤ f (x), representado graficamente por
P2 na Figura 74. Em outras palavras, entende-se que um ponto P é
um ponto de máximo quando a função no ponto P assume valor que
necessariamente é maior ou igual a qualquer outro valor assumido pela
função. Além disso, um ponto P é um ponto de mínimo quando a
função no ponto P assume valor que basicamente é menor ou igual a
qualquer outro valor assumido pela função.

www.esab.edu.br 264
y
P1 Ponto de máximo

P2
Ponto de mínimo

Figura 74 – Ponto de máximo e ponto de mínimo.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Dissemos que no ponto de máximo a função atinge seu maior valor e no


ponto mínimo, seu menor valor. É importante salientar que os conceitos
de ponto máximo e mínimo apresentados nesta unidade são conceitos
de ponto de máximo e ponto mínimo locais, ou seja, valem para as
proximidades do ponto.

Existe uma relação entre os pontos de máximo e mínimo e as


derivadas de uma função. Considere y = f (x) uma função derivável. Se
P é um ponto de máximo (Figura 75 (a)), a função deve ser crescente à
esquerda e decrescente à direita do ponto P. Assim, a primeira derivada
de f, ou seja, y ′, é positiva à esquerda de P, e y ′ é negativa à direita de
P. No ponto P, a primeira derivada de f, que é y ′, é nula. Com o ponto
P representando um ponto de mínimo (Figura 75 (b)), a função deve ser
decrescente à esquerda e crescente à direita do ponto P. Dessa forma, a
primeira derivada y ′ é negativa à esquerda de P e positiva à direita de P.

www.esab.edu.br 265
A B

y Crescente Decrescente y

Decrescente Crescente
P x P x

Figura 75 – Ponto de máximo (a) e ponto de mínimo (b).


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Veremos agora o primeiro critério para a localização de um ponto de


máximo ou mínimo: o critério da primeira derivada. Medeiros (2005)
sugere que devemos:

a. identificar os candidatos a ponto de máximo e mínimo e, para isso,


devemos:
• calcular a primeira derivada;
• calcular os pontos que anulam a primeira derivada (identificando
os candidatos).
b. classificar o candidato:
• se y ′ for negativa à esquerda de P e y ′ for positiva à direita de P,
então P é um ponto de mínimo.

Decrescente Crescente
---------- ++++++++++

Sinal de y
P

Figura 76 – Ponto de mínimo, critério da 1a derivada.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

• se y ′ for positiva à esquerda de P e y ′ for negativa à direita de P,


então P é um ponto de máximo. Observe a Figura 77:

www.esab.edu.br 266
Crescente Decrescente

++++++++++ ----------

Sinal de y
P

Figura 77 – Ponto de máximo, critério da 1a derivada.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Acompanhe o exemplo:

Identifique e classifique os candidatos a pontos de máximo e mínimo


para a função y = – x2 + 4x, x ∈ R.

Solução: Primeiro, calcularemos a primeira derivada. Segue:

y ′ = – 2x + 4
Agora, iremos analisar o sinal da função da seguinte maneira:
y ' > 0 ⇒ -2 x + 4 > 0 ⇒ x < 2
Quando , ou seja: à esquerda de 2, y ′ é
y ' < 0 ⇒ -2 x + 4 < 0 ⇒ x > 2
positivo, e à direita ele é negativo. Logo x = 2 é um ponto de máximo.
Acompanhe o esquema da Figura 78:

Crescente Decrescente

++++++++++ ----------

Ponto de máximo 2
Figura 78 – Ponto de máximo.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 267
Na maioria de nossas aplicações, usaremos o critério da segunda derivada
para identificar os pontos de máximo e mínimo, o qual será apresentado
na próxima unidade. Contudo, apresentaremos, como exemplo ilustrativo,
uma aplicação em que encontraremos o valor de máximo usando
exclusivamente o critério da primeira derivada. A partir de agora, usaremos
o critério da primeira derivada somente em situações inconcludentes ou
quando o cálculo da segunda derivada for muito trabalhoso.

Exemplo: Considere uma empresa que fabrica um produto com um


1 3
custo mensal (C), dado pela função C = q - 2q + 12q + 54, na qual
2

3
q é a quantidade do produto. Esse produto é vendido em unidades a um
preço de R$ 33,00. Qual a quantidade que deve ser produzida a fim de
se obter o máximo lucro mensal?

Solução: Como estamos calculando o lucro máximo possível, falamos de


um ponto de máximo. Para calcularmos o lucro máximo, consideraremos
que o lucro é a receita menos o custo, assim:

Lucro = Receita – Custo ⇒ L = R – C


Como a receita (R) é o produto da quantidade (q) pelo preço (P)
R = P x q, podemos escrever que R= 33q, pois o preço de R$33,00 foi
retirado do enunciado e a letra q representa a quantidade do produto.
Assim, podemos fazer a seguinte substituição na função lucro:
Lucro =Receita - Custo ⇒ L=R -C
1 
L = 33q -  q 3 - 2q 2 + 12q + 54 
3 
1
L= - q 3 + 2q 2 + 21q - 54
3
Agora aplicaremos o critério da primeira derivada. Assim, derivando L,
temos:

L′ = – x2 + 4x + 21
Essa equação tem raízes (‒3, 7). Logo:

www.esab.edu.br 268
‒ + ‒
Sinais de L’
‒3 7

Figura 79 – Análise do sinal da função.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Analisando o comportamento de L:

-3 7

Comentário da análise:
Não consideramos a quantidade –3, que se trata de uma
quantidade negativa. Observando a figura anterior, nota-se
que à esquerda de 7 L’ > 0 e à direita L’ < 0, o que caracteriza
um ponto de máximo.

Figura 80 – Análise de pontos máximos e mínimos.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Considerando a quantidade positiva, o ponto de máximo é q = 7. Logo,


para ter o máximo de lucro, a empresa deve vender 7 unidades por mês.

Nesta unidade, aplicamos o conceito de derivada para encontrar um


ponto de máximo ou de mínimo. Através de um exemplo prático,
aplicamos a ideia de máximos e mínimos na área da Administração.
Na próxima etapa, continuaremos o estudo dos máximos e mínimos
e aprenderemos como identificar se um ponto é de máximo ou de
mínimo através do critério da segunda derivada. A fim de mostrar sua
aplicação na área administrativa, apresentaremos exemplos práticos.

www.esab.edu.br 269
Aplicações de derivadas no estudo
45 das funções – parte I
Objetivo
Apresentar derivada segunda e concavidade de um gráfico.

Na unidade anterior, apresentamos a ideia de máximos e mínimos aplicada


à administração. Vimos como encontrar um ponto de máximo ou de
mínimo através do critério da primeira derivada. Empregando as ideias de
Medeiros (2005), mostraremos nesta unidade como encontrar um ponto
de máximo ou de mínimo utilizando o critério da segunda derivada.

Uma derivada mede o crescimento ou decrescimento de uma função.


Medeiros (2005) diz que o crescimento ou decrescimento da tendência
(derivada) pode ser medido por meio da sua segunda derivada, ou seja, a
derivada da função derivada.

Assim, se considerarmos y = f (x), a primeira derivada f ′(x) avaliará o


crescimento da função, e a segunda derivada f ″(x) avaliará o crescimento
ou decrescimento de f ′(x), que corresponde à concavidade de f (x).

Faremos agora a análise de alguns gráficos utilizando como argumentos a


primeira e segunda derivada.

Gráfico 1: função crescente


y Quando a função for crescente, a primeira
derivada será positiva. Note que a curvatura
– ou concavidade – está para cima. Dessa forma,
a segunda derivada também apresentará
um valor positivo.
x
Figura 81 – Função crescente I.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 270
Gráfico 2: função crescente
y Como no gráfico anterior, quando a função for
crescente, a primeira derivada será positiva.
Entretanto, a curvatura – ou concavidade –
está para baixo. Assim, a segunda derivada
apresentará um valor negativo.
x
Figura 82 – Função crescente II.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Gráfico 3: função decrescente


y Quando a função for decrescente, a primeira
derivada será negativa. Note que a curvatura
– ou concavidade – está para cima.
Dessa forma,a segunda derivada apresentará
um valor positivo.
x
Figura 83 – Função decrescente I.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Gráfico 4: função decrescente


y No caso, quando a função for decrescente,
a primeira derivada será negativa.
A curvatura – ou concavidade – está para
baixo. Assim, a segunda derivada também
apresentará um valor negativo.
x
Figura 84 – Função decrescente II.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 271
Gráfico 5: função crescente e decrescente
y
reta 1 - crescente

reta 2 - decrescente
x
Figura 85 – Função crescente (reta 1) e função decrescente (reta 2).
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

No Gráfico 5 temos duas funções lineares. Na reta 1, a função é linear


crescente. Logo, a primeira derivada é positiva e, como não apresenta
curvatura, a segunda derivada é nula. A reta 2 apresenta função
decrescente, sendo que a primeira derivada é negativa e a segunda é nula.

Na unidade anterior, mostramos como encontrar um candidato a


ponto de máximo ou de mínimo utilizando a primeira derivada. Agora
apresentaremos o critério da segunda derivada que servirá para de fato
sabermos se o ponto encontrado na primeira derivada é de máximo ou de
mínimo. Medeiros (2005) descreve o procedimento para determinar um
ponto de máximo ou de mínimo utilizando o critério da segunda derivada.

a. Identificação dos candidatos a pontos de máximo e a pontos de


mínimo:
• calcular a primeira derivada;
• calcular os pontos que anulam a primeira derivada, identificando
os candidatos a pontos de máximos e ou mínimos.
b. Classificação do candidato (saber se cada ponto é máximo ou
mínimo):
• calcular a segunda derivada;
• calcular o valor da segunda derivada no ponto candidato.

Se f ″(P ) < 0, a concavidade é para baixo e P é um ponto de máximo.

Se f ″(P ) > 0, a concavidade é para cima e P é um ponto de mínimo.

Se f ″(P ) = 0, não apresenta concavidade, dizemos que o teste é


inconcludente.

www.esab.edu.br 272
Exemplo 1

Considere a função y = x2 – 8x + 3 com x ∈ R. Diante disso, determine


o ponto de máximo ou de mínimo.

Solução: Primeiramente, vamos identificar os candidatos calculando a


primeira derivada e encontrando os pontos que anulam (zeram) a função
derivada, como vimos no passo a).

A derivada será y ′= 2x – 8. Agora, fazendo y ′= 0 para encontrar os


pontos que anulam a derivada da função, temos:

2x – 8 = 0
2x = 8
x=4

O candidato que anula a derivada da função é o 4. Calculando a segunda


derivada, obtemos: y ″= 2. Substituindo, temos: y ″(4) = 2 > 0. Como a
segunda derivada apresenta um valor positivo, a concavidade é para cima,
caracterizando um ponto de mínimo. Portanto, x = 4 é um ponto de
mínimo.

Exemplo 2

Uma grande revendedora de peças buscou analisar a variação nas vendas


dos últimos oito anos de um de seus principais produtos. Segundo seu
estudo, a variação das vendas do produto pode ser expressa com boa
proximidade por Q (t) = 91 – 15t + 9t 2 – t 3, em que P(t) é a quantidade
de produtos vendidos em função do tempo t, em anos. Então, quais
foram os períodos de maior e de menor venda do produto?

Solução: Se sabemos o comportamento das vendas do produto pela


função Q (t) = 91 – 15t + 9t 2 – t 3, então podemos determinar em que
períodos as vendas foram maiores ou menores encontrando os pontos
de máximo ou de mínimo da função. Como vimos, inicialmente
encontramos o ponto em que a primeira derivada se anula. Desse modo,
saberemos se a função tem pontos de máximos e ou mínimos.

www.esab.edu.br 273
Calculando a primeira derivada, teremos:

Q (t) = 91 – 15t + 9t 2 – t 3 ⇒ Q ′(t) = 0 – 15t1–1 + 2 ⋅ 9t 2–1 – 3 ⋅ t 3-1 =


= – 15 + 18t – 3t 2
Agora, calculamos os pontos em que a derivada primeira se anula,
fazendo:

Q ′(t) = – 15 + 18t – 3t 2 = 0
Como se trata de uma equação do segundo grau, podemos encontrar
os pontos que anulam a função utilizando a fórmula de Bhaskara, com
a qual em nosso caso identificamos como a = ‒3, b = 18 e c = ‒15.
Substituindo esses valores na fórmula de Bhaskara, temos:

-b ± b 2 - 4 ac -18 ± 182 - 4 ⋅ ( -3) ⋅ ( -15)


=t =
2a 2 ⋅ ( -3)
-18 ± 324 - 180 -18 ± 144
=t =
-6 -6
-18 + 12 -6 -18 - 12 -30
Teremos então:=
t1 = = 1 e=t2 = = 5
-6 -6 -6 -6
Logo, esses são candidatos a pontos de máximo ou mínimo.

Para sabermos de fato se os pontos são de máximo ou de mínimo,


utilizamos a segunda derivada da função e a aplicamos em cada ponto.
Se o resultado der positivo, o ponto será de mínimo; se der negativo, o
ponto será de máximo. Vamos calcular a segunda derivada.

Q ′(t) = – 15 + 18t – 3t 2 ⇒ Q ″(t) = 18 – 6t


Agora, aplicamos os pontos t=1 e t=5:

Q ″(1) = 18 – 6(1) = + 12 e Q ″(5) = 18 – 6(5) = – 12.


Como a derivada segunda aplicada ao ponto t = 1 deu positiva
(Q ″(1) > 0), este é um ponto de mínimo. Já a derivada segunda aplicada
ao ponto t = 5 deu negativa (Q ″(5) < 0), então este é um ponto de
máximo.

www.esab.edu.br 274
Sabendo disso, podemos fazer uma análise sobre o aumento e a queda
das vendas. Como t = 1 é um ponto de mínimo, sabemos que antes
desse período as vendas estavam caindo até atingir o mínimo de vendas
em t = 1 ano. Em seguida, sabemos que temos um ponto de máximo
em t = 5. Então após atingir o mínimo de vendas em 1 ano, as vendas
começaram a crescer até um máximo que foi atingido em t = 5 anos.
Se este é um ponto de máximo, então após esse tempo as vendas
começaram a cair novamente. Veja um resumo na tabela a seguir.

Tabela 32 – Comportamento da função Q(t).


Intervalos Q (t)
t<1 Decrescente
1<t<5 Crescente
t>5 Decrescente

Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Vamos acompanhar os pontos de máximo e de mínimo através do gráfico


da Figura 86.

125,00
t=5
100,00 Ponto de máximo

75,00 t=1
Ponto de mínimo
50,00

25,00

0,00 t
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
Figura 86 – Gráfico da função Q(t).
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 275
Perceba que antes do primeiro ano a função desce até t = 1, e depois
começa a crescer até atingir t = 5. Em seguida, volta a cair.

Nesta unidade, mostramos como interpretar a curvatura de uma função


utilizando a primeira e segunda derivadas. Apresentamos ainda como
encontrar um ponto de máximo e de mínimo e como classificá-los
empregando o critério da segunda derivada. A fim de analisar funções por
meio de derivadas, na próxima unidade apresentaremos mais exemplos.

www.esab.edu.br 276
Aplicações de derivadas no estudo
46 das funções – parte II
Objetivo
Analisar as funções por meio derivadas.

Na unidade anterior, interpretamos a curvatura de uma função


empregando a primeira e segunda derivada. Utilizando o critério da
segunda derivada, mostramos como encontrar um ponto de máximo e
mínimo e classificá-los. Nesta unidade, apresentaremos mais exemplos a
fim de analisar funções por meio de derivadas.

Vamos agora analisar as funções a seguir no que se refere a pontos de


máximo (P.M.) e de mínimo (P.m.).

Exemplo 1

Encontre (se houver) os pontos de máximo e/ou mínimo da função y =


x2, x ∈ R.

Solução: Em primeiro lugar, vamos identificar os candidatos, conforme


vimos na unidade 45, calculando a primeira derivada.

Então, a primeira derivada será y ′= 2x. Agora, para encontrar os pontos


que anulam a primeira derivada fazemos y ′= 0. Assim, temos: y ′= 2x =
0. Logo, x = 0.

O candidato a ponto de máximo ou mínimo é o 0. Calculando a


segunda derivada, obtemos o seguinte: y ″= 2.

www.esab.edu.br 277
Substituindo o valor de x na função, temos: y ″(0) = 2 > 0. Como a
segunda derivada apresenta um valor positivo, a concavidade é para cima,
caracterizando um ponto de mínimo (P.m.). Portanto, x = 0 é um ponto
de mínimo (P.m.).

Podemos conferir esse resultado através do gráfico apresentado na Figura 87.


y
100,00

87,50

75,00

62,50
x=0
ponto de 50,00
mínimo
37,50

25,00

12,50
0,00
-10,00 -7,50 -5,00 -2,50 2,50 5,00 7,50 10,00 x

Figura 87 – Gráfico da função y = x2.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 2

Encontre (se houver) pontos de máximo e/ou mínimo da função y = x2 –


6x + 15, x ∈ R.

Solução: Repetindo os procedimentos do Exemplo 1, primeiramente


vamos identificar os candidatos, encontrando a primeira derivada e
fazendo y ′= 0, conforme segue:

www.esab.edu.br 278
y ′= 2x – 6, fazendo y ′= 0, obtém-se:

y' = 0
2x - 6 =0
2x = 6
6
x=
2
x =3
O candidato é o 3. Calculando a segunda derivada, temos: y ″= 2.
Substituindo o valor de x na função, temos: y ″(3) = 2 > 0. Como a
segunda derivada apresenta um valor positivo, a concavidade é para cima,
caracterizando um ponto de mínimo (P.m.). Portanto, o x = 3 é um ponto
de mínimo (P.m.). Vamos conferir esse resultado através da Figura 88.

y
30,00

20,00
x=3
ponto de
10,00 mínimo

0,00 x
-2,00 -1,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00

Figura 88 – Gráfico da função y = x2 – 6x + 15.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 279
Exemplo 3

Encontre (se houver) pontos de máximo e/ou mínimo da função


y = –2x2 + 2x + 18, x ∈ R.

Solução: Primeiramente, vamos identificar os candidatos, conforme


vimos na unidade 45, encontrando a primeira derivada. Agora, para
descobrirmos os pontos que anulam a primeira derivada fazemos y ′= 0,
conforme segue: y ′= – 4x + 2. Fazendo y ′= 0, temos:

y' = 0
4x + 2 = 0
- 4x =-2
-2
x=
-4
1
x=
2
1
O candidato é o . Aplicando a segunda derivada, adquire-se o seguinte:
2
1
y ″= – 4. Substituindo, temos: y ''   =-4 < 0. Como a segunda
2
derivada apresenta um valor negativo, a concavidade é para baixo,
caracterizando um ponto de máximo (P.M.).
1
Portanto, o x = é um ponto de máximo (P.M.). Vamos conferir esse
2
resultado na Figura 89.

www.esab.edu.br 280
y
20,00

x = 1/2
15,00
ponto de
máximo
10,00

5,00

0,00 x
-1,00 1,00 2,00 3,00
Figura 89 – Gráfico da função y = –2x2 + 2x + 18.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Exemplo 4

Encontre (se houver) pontos de máximo e/ou mínimo da função


x3 9 2
y = - x + 18 x - 23, x ∈.
3 2
Solução: Primeiramente, vamos identificar os candidatos, conforme
vimos na unidade 45, encontrando a primeira derivada. Agora, para
encontrar os pontos que a anulam, aplicamos y ′= 0.

Como essa função é um pouco mais complexa que as apresentadas até o


momento, vamos mostrar passo a passo a derivação de cada componente
x3 9 2
da soma do polinômio. Assim para derivar, y = - x + 18 x - 23
3 2
derivaremos cada membro da expressão separadamente, assim

www.esab.edu.br 281
x 3 3/ x 3-1
⇒ = = x2
3 3/
9 2/ × 9 2-1
⇒ - x2 = - x = 9x
2 2/
⇒ 18 x =
18
⇒ -23 =0

Assim, a derivada será y ′= x2 – 9x +18. Fazendo y ′= 0, temos uma


equação de segundo grau. Logo:
y' = 0
-b ± D
x 2 - 9 x + 18= 0, usando ⇒ D= b 2 - 4 ac
2a
D = ( -9 ) - 4 × 1 × 18
2

D= 81 - 72
D =9
- ( -9 ) ± 9
x=
2
9±3
x=
2
9 + 3 12
x1= ⇒ ⇒6
2 2
9-3 6
x=
2 ⇒ ⇒3
2 2

x = 3
Assim, para y' = x - 9 x + 18 = 0  x = 6 , o que nos dá dois candidatos a
2


pontos de máximo e ou mínimo. Calculando a segunda derivada, temos:
y ″= 2x – 9. Substituindo o valor de x na função, obtém-se o seguinte:

y ″(3) = 2(3) – 9
y ″(3) = 6 – 9
y ″(3) = – 3 < 0

www.esab.edu.br 282
Neste caso, a segunda derivada apresenta um valor negativo. Logo, sua
concavidade é para baixo, caracterizando um ponto de máximo (P.M.).
Portanto, o x = 3 é um ponto de máximo (P.M.).

Agora vamos analisar o segundo candidato:

y ″(6) = 2(6) – 9
y ″(6) = 12 – 9
y ″(6) = 3 > 0

A segunda derivada apresenta um valor positivo. Logo, a concavidade é


para cima, caracterizando um ponto de mínimo (P.m.). Assim sendo, o
x = 6 é um ponto de mínimo (P.m.). Podemos conferir esses resultados
graficamente pela Figura 90.

y
10,00 x=3
ponto de máximo
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00
x

-10,00 x=6
ponto de mínimo

x3 9 2
Figura 90 – Gráfico da função y = - x + 18 x - 23.
3 2
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Nesta unidade, através de exemplos, analisamos algumas funções


utilizando-nos das derivadas. Aplicando o critério da primeira e segunda
derivada, mostramos a você como avaliar o comportamento de uma
função. Na próxima unidade, abordaremos exemplos aplicados à
Administração.

www.esab.edu.br 283
Aplicações das derivadas nas áreas
47 econômica e administrativa
Objetivo
Aplicar as derivadas nas áreas econômica e administrativa.

Na unidade anterior, por meio de exemplos, analisamos algumas funções


empregando as derivadas. Aplicando o critério da primeira e segunda
derivada, mostramos a você como examinar o comportamento de uma
função. Nesta unidade, abordaremos exemplos aplicados à Administração
(através do conceito de derivada) e daremos a você condições de
acompanhar detalhadamente a resolução de exemplos práticos, situações em
que o uso da derivada ajudará a resolver problemas comuns no cotidiano de
um administrador. Citaremos brevemente alguns conceitos relacionados à
Administração, bem como as funções relacionadas a essas definições.

Não pretendemos aqui tratar a fundo de conceitos que você verá em


disciplinas relacionadas à área da Administração; citaremos e faremos um
breve comentário. Dessa forma, a aplicação do conceito de derivada será
mais significativa e empregada ao seu curso.

Na atual conjuntura são cada vez mais comuns decisões administrativas


pautadas em análises matemáticas. A aplicação de métodos matemáticos
está presente em diversas situações, seja no mercado de capitais, em que
o comportamento de uma ação pode ser analisado através de gráficos;
seja no dia a dia de uma indústria, em que o acesso a diversos dados
estatísticos e a várias políticas alternativas fornece margem a uma
imensidão de possibilidades. Os administradores, tendo conhecimento
ou não do cálculo, utilizam várias funções, seja para acompanhar o custo
de produção de determinado produto, estabelecer a que preço certo
bem ou serviço terá demanda, ou analisar o lucro da empresa. A seguir
veremos alguns desses conceitos. Acompanhe os exemplos a seguir.

www.esab.edu.br 284
Função custo

É representada por C (x) (custo para produzir x unidades de um


produto). Segundo Goldstein, Schneider e Lay (2012), se admitirmos
que a função custo tenha um gráfico suave como o da Figura 91, pode-
se usar ferramentas do cálculo para analisá-la. Uma aplicação bastante
comum é a do custo marginal, que é a mudança (acréscimo ou redução)
do custo total devido às alterações na quantidade produzida em alguma
unidade. No custo marginal a primeira derivada C ′(x) representa a taxa
de variação instantânea do custo em relação à quantidade, ou seja, é o
acréscimo dos custos totais quando se aumenta a quantidade produzida
em uma unidade. A taxa de variação instantânea representa uma variação
muito pequena da variável dependente (custo) em função da variável
independente (quantidade ou nível de produção).

Custo

Nível de produção
Figura 91 – Representação gráfica da Função Custo.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Função receita

É dada por R (x) (receita gerada pela venda de x produtos). Goldstein,


Schneider e Lay (2012) comentam que um administrador não está
preocupado somente com os custos do seu negócio, mas também fica
atento ao faturamento. Se R (x) é o faturamento recebido com a venda
de x unidades de um bem ou serviço, a derivada R ′(x) é chamada
faturamento marginal, que mede o aumento do faturamento por unidade
na quantidade produzida.

Como exemplo, a função receita pode ser representada graficamente da


seguinte forma:

www.esab.edu.br 285
R (x)

0 X1 x

Figura 92 – Representação gráfica da Função Receita.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Por meio do gráfico, podemos analisar que: a receita é zero quando


a curva encontra o eixo x; e possui valor máximo nos valores
correspondentes ao ponto mais alto da curva.

Função lucro

Medeiros (2005) diz que, sendo C (x) o custo total associado à produção
de uma utilidade e R (x) a receita total referente à venda desta utilidade, a
função lucro associada à venda da utilidade é dada por L(x) = R (x) ‒ C(x)
(lucro gerado pela produção e venda de x unidades de um produto). A
derivada da Função Lucro nos dá o lucro marginal, que expressa a variação
dessa função. A função demanda é representada pelo gráfico da Figura 93.

L(x) Lucro
máximo

x1 x2 x

Pontos de
equilíbrio
Figura 93 – Representação gráfica da Função Lucro.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

www.esab.edu.br 286
Veja que quando a curva encontra os pontos x1 e x2, o lucro é nulo. Já o
lucro máximo acontece nos valores correspondentes ao ponto mais alto
da curva.

Função demanda

Para Medeiros (2005), seja x uma utilidade qualquer (bem ou serviço)


e D a demanda ou procura e mercado a um preço P, isto é, a soma das
quantidades que todos os compradores do mercado estão dispostos e aptos
a adquirir ao preço P, em determinado período de tempo, que pode ser
um dia, uma semana, um mês etc. A função que associa a demanda ou a
procura de mercado a um preço P é denominada função de demanda D (x)
(demanda gerada pela procura de x unidades de um produto).

Demanda

Preço
Figura 94 – Representação gráfica da função demanda.
Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

Na Figura 94 é representada a função demanda. Veja que conforme


o preço aumenta, a procura pelo produto diminui e quando o preço
diminui, a demanda aumenta. Note que essa relação é caracterizada por
uma função decrescente.

Função oferta

Consideremos uma utilidade como bem ou serviço. Para Medeiros


(2005), sendo S a oferta de mercado dessa utilidade a um preço P,
a oferta é a soma das quantidades que todos os produtores estão
dispostos e aptos a vender ao preço P durante certo tempo. A função
que associa a oferta de mercado a todo preço P no período considerado
é denominada função de oferta de mercado S(x). Geralmente, essas

www.esab.edu.br 287
funções são definidas para valores inteiros positivos. A razão disto está
no fato de não fazer sentido discutir o custo para produzir -1 sapato ou
o faturamento gerado pela venda de ‒2,45 automóveis. Se tivermos, por
2
exemplo, uma função de oferta dada por S =-4 + P , com 10 < P ≤ 20,
5
a representação gráfica permanece da seguinte forma:

Oferta

10 20 Preço ($)

‒4

Figura 95 – Representação gráfica da função oferta.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

No gráfico da Figura 95, é possível concluir que existe demanda quando


o preço for maior do que R$10,00. Note que temos um intervalo aberto
em 10 e fechado em 20, pois o intervalo em que o preço determinado
para que essa função seja válida é 10 < P ≤ 20.

Nesta unidade, abordamos brevemente alguns conceitos da área de


Administração que serão de grande valia na resolução de problemas
voltados à área administrativa. Na próxima unidade, resolveremos
exercícios utilizando esses conceitos, ou seja, faremos exercícios sobre
custos, receita, lucro, aplicando o conceito de derivada.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 288
48 Exercícios de revisão

Objetivo
Propor exercícios de revisão.

Na unidade anterior, discutimos alguns conceitos relacionados à


Administração. Além disso, falamos sobre receita, custo, lucro, demanda
e oferta. Com o objetivo de prevê-los e interpretá-los, esses elementos
adotam a matemática como ferramenta. Nesta unidade, com o intuito
de fazer uma revisão dos principais conceitos vistos até o momento,
abordaremos alguns exercícios práticos.

Exemplo 1

Uma indústria de cosméticos tem a receita mensal de um determinado


produto de sua linha dada pela função R (x) = 30x – x2 e um custo dado
por C (x) = 20 + 4x.

a. Obtenha a quantidade x que maximiza o lucro.


b. Mostre que, para o resultado obtido anteriormente, o custo marginal
é igual à receita marginal.
Solução:

a. Estamos procurando o valor de x que maximiza o lucro, ou seja,


procuramos a quantidade do determinado produto que representa
um ponto de máximo. Logo, precisamos encontrar um candidato
e definir se ele é um ponto de máximo ou de mínimo. Para isso,
utilizaremos o critério da primeira e segunda derivada, visto nas
unidades 44 e 45.

www.esab.edu.br 289
Mostramos, na unidade 47, que a função lucro é dada por L(x) = R(x) ‒
C(x). Assim, temos:

L (x) = R (x) – C (x)


L (x) = 30x – x2 – (20 – 4x)
L (x) = – x2 + 26x – 20

A função lucro é L (x) = – x2 + 26x – 20. Obtida essa função, vamos


identificar os candidatos a pontos de máximo e/ou mínimo, encontrando
a primeira derivada e fazendo L’ (x) = 0, conforme segue:

L' (x) = ‒ 2x + 26, fazendo L' (x) = 0, temos:

L'( x ) = 0
-2 x + 26 = 0
- 2x = -26
-26
x=
-2
x = 13
O candidato a ponto de máximo ou mínimo é o 13. Calculando a
segunda derivada, obtemos: L ″(x) = – 2. Substituindo o valor de x na
função, adquirimos: L ″(13) = – 2 < 0.

Como a segunda derivada apresenta um valor negativo, a concavidade


é para baixo, caracterizando um ponto de máximo (P.M.). Portanto, a
quantidade que maximiza o lucro é x = 13. Vamos verificar esse resultado
através do gráfico da Figura 96.

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L(x) ponto de máximo
200,00
x = 13

100,00

0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00


x

Figura 96 – Gráfico da função L (x) = – x2 + 26x – 20.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

b. Vimos, na unidade 47, que o custo marginal e a receita marginal


são dados pela primeira derivada das funções custo e receita. Logo,
fazendo R ′(x) e C ′(x), temos:
Sendo R (x) = 30x – x2, segue: R ′(x) = 30 – 2x. Substituindo o valor de
x=13 na função, tem-se o seguinte:

R ' (13=
) 30 - 2. (13 )
R ' (13=
) 30 - 26
R ' (13 ) = R $ 4,00
Considerando C ( x=
) 20 - 4 x , temos:
=C ' ( x ) 4.=
Assim, C ' (13 ) R $ 4,00.
' (13 ) C=
Logo, mostramos que R= ' (13 ) R $ 4,00.

Exemplo 2

Uma fábrica de brinquedos infantis tem a sua receita diária dada pela
função R (x) = – 2x2 + 100x. Diante disso:

a. obtenha o valor de x que maximiza a receita;


b. diga qual é a receita para uma produção de 30 e 25 unidades.

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Solução:

a. Procuramos o valor de x que maximiza a receita, ou seja, a


quantidade do determinado produto que representa um ponto de
máximo. Logo, precisamos encontrar um candidato e definir se ele é
um ponto de máximo ou de mínimo. Para isso, usaremos o critério
da primeira e segunda derivada, visto nas unidades 44 e 45.
Como no exemplo anterior, primeiramente identificaremos os candidatos
a pontos de máximo e/ou mínimo, encontrando a primeira derivada e
fazendo R' (x) = 0 do seguinte modo:

A derivada de R é R' (x) = – 4x + 100. Fazendo R' (x) = 0, temos:

R '( x ) = 0
-4 x + 100 = 0
- 4x = -100
-100
x=
-4
x = 25

O candidato a ponto de máximo ou mínimo é o 25. Calculando a segunda


derivada, temos: R ″(x) = – 4. Substituindo o valor de x = 25 na função,
temos: R ″(25) = – 4 < 0. Como a segunda derivada apresenta um valor
negativo, a concavidade é para baixo, caracterizando um ponto de máximo
(P.M.). Portanto, a quantidade que maximiza a receita é x = 25. Podemos
visualizar graficamente este resultado na Figura 97.

www.esab.edu.br 292
R(x)
1.250,00

1.000,00 x = 25
ponto de
máximo
750,00

500,00

250,00

0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00


x

Figura 97 – Gráfico da função R (x) = – 2x2 + 100x.


Fonte: Elaborada pelos autores (2013).

b. Para uma produção diária de 30 unidades, obtém-se:


R (x) = – 2x2 + 100x
R (30) = – 2 (30)2 + 100 ⋅ (30)
R (30) = – 1.800 + 3.000
R (30) = R$ 1.200,00

Produzindo 25 unidades, teremos:

R (25) = – 2 (25)2 + 100 ⋅ (25)


R (25) = – 1.250 + 2.500
R (25) = R$ 1.250,00

Note que para uma produção de 30 unidades obtemos uma receita


menor do que para a produção de 25 unidades, o que parece
contraditório. Contudo, um administrador deve ficar atento a outras
variáveis. A produção de 5 unidades diárias a mais, por exemplo, poderia
resultar em um custo maior de logística ou até mesmo de encargos
trabalhistas, o que justifica a resposta encontrada.

www.esab.edu.br 293
Nesta unidade, resolvemos em detalhes alguns exercícios aplicados à
Administração, que, com o auxílio das derivadas, proporcionaram uma
solução profícua para o problema proposto.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 37 a 48. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

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Resumo

Iniciamos a unidade 43 resolvendo passo a passo alguns exercícios sobre


regra da cadeia e derivada de segunda ordem. Revimos ainda outras
regras importantes, como a do quociente e do produto. Na unidade 44
e 45, apresentamos o conceito de máximos e mínimos de uma função.
Vimos que um ponto de máximo ou mínimo de uma função é um ponto
no qual seu gráfico muda de crescente para decrescente, ou vice-versa.

Na unidade 46, abordamos exemplos aplicados à Administração e,


através do conceito de derivada, mostramos detalhadamente a resolução
de exemplos práticos, situações em que o uso da derivada ajudará
a resolver problemas comuns no cotidiano de um administrador.
Citamos brevemente, na unidade 47, alguns conceitos relacionados à
Administração, bem como as funções relacionadas a eles. Na última
unidade (unidade 48), abordamos alguns exercícios práticos com o intuito
de fazer uma revisão dos principais conceitos vistos até o momento.

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Glossário

Álgebra
Segundo Demana (2009, p. 7), “a álgebra é o uso de letras ou símbolos
para representar números reais.” R

Análogo
Que faz analogia, semelhante, similar. R

Assíntota
Em matemática, uma assíntota de uma curva C é um ponto ou uma
curva de onde os pontos de C se aproximam à medida que se percorre C.
Quando C é o gráfico de uma função, em geral o termo assíntota refere-
se a uma reta. R

Assíntota horizontal
É a assíntota que intercepta o eixo. R

Assíntota vertical
É a assíntota que intercepta o eixo. R

Binômio de Newton
Definido pelo físico e matemático Isaac Newton permite que se calculem
potências do tipo. R

Coeficiente angular
O valor do coeficiente angular de uma reta é a tangente do seu ângulo de
inclinação. R

www.esab.edu.br 296
Conjuntura
Refere-se à determinada circunstância ou ocasião. R

Consolidar
Tornar firme; sólido; reunir. R

Constante
Em Matemática, chamamos de constante qualquer número real que
possa realizar operações com expressões algébricas. R

Contextualização
É a inserção de algum contexto para a melhor compreensão dos
conceitos. R

Custo fixo
Segundo Silva e Abrão (2008), é aquele que não depende da produção
ou das vendas. Alguns exemplos são: aluguel, salário dos funcionários,
impostos, contas de água e luz, entre outros. R

Custo total
É a soma do custo fixo e do custo variável. R

Custo variável
Segundo Silva e Abrão (2008), é aquele que varia de acordo com a
produção ou a venda. R

Demandada
É a quantidade de um produto que os consumidores desejam adquirir
por um preço fixado. R

Denotada
Mostrada através de determinados sinais. R

www.esab.edu.br 297
Depreciação
No contexto, reflete o valor desvalorizado do bem a cada período. R

Descartes
René Descartes, por vezes chamado de o fundador da filosofia moderna
e o pai da matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais
influentes da história humana. R

Domínio da função
Significa encontrar todos os valores de x para que a função f(x) exista.
R

Fermat
Pierre de Fermat foi um matemático francês que viveu no século
XVII. Trabalhou na Universidade de Toulouse antes de se mudar para
Bordeaux na segunda metade dos anos 1620. Em Bordeaux, começou
suas primeiras pesquisas matemáticas sérias e, em 1629, ele deu uma
cópia de sua restauração do trabalho de Apolônio – “Planos” – a um dos
matemáticos da instituição. R

Forma fatorada
Fatorar um polinômio, escrever esse polinômio como uma multiplicação
de dois ou mais polinômios. Ao fazer a fatoração, obtém-se a forma
fatorada. Por exemplo:
( x - 4)( x + 3)
x 2 - x - 12 =
forma fatorada R

Função constante
Toda função f: R → R na forma f(x) = k, com k ∈ R, é denominada
função constante, ou seja, não importa o valor de x , sua imagem por f
será sempre k. Aproxima-se de sua assíntota, mas nunca a ultrapassará.
R

www.esab.edu.br 298
Inconcludentes
Refere-se a uma situação que admite uma possível conclusão. R

Intensidade física sonora


Um humano pode captar sons com intensidade que vão do limiar
auditivo – cerca de 10–12 W/m² (W é a unidade de potência e m² é a
unidade de área e assim temos a potência por metro quadrado) – até o
limiar que causa dor, que é de 1W/m². R

Interceptar
Que se cruzam ou cortam. Neste caso, é o ponto no qual os gráficos se
cruzam. R

Investidor
É um agente ou instituição que realiza investimentos financeiros,
disponibilizando capital para a realização de um determinado projeto. R

Logística
É uma área da gestão responsável por prover recursos e equipamentos
para a execução das atividades de uma empresa. No contexto, refere-se ao
armazenamento de mercadorias. R

Lucro
Pode ser entendido como a diferença entre a receita e o custo total. R

Margem de contribuição unitária


É a diferença entre a receita e o custo variável. R

Mercado de ações
É um ambiente organizado para a negociação de títulos, ações; essas
transações podem ocorrer por intermédio das bolsas de valores. R

www.esab.edu.br 299
Mercado de capitais
Representa o mercado da Bolsa de Valores, cujas ações de determinada
empresa são comercializadas. R

Notações
Símbolos matemáticos usados para expressar os problemas. R

Número de Euler
O número vale aproximadamente 2,71826 e a letra é em homenagem a
Leonard Euler (1707-1783), que foi quem introduziu a notação. R

Papéis
Em Administração, é um título que representa dinheiro, uma ação, por
exemplo. R

Parábola
O formato de uma parábola é uma curva aberta e sempre será o gráfico
de uma função polinomial do segundo grau, também chamada de função
quadrática. R

Permutando
Trocando; dar reciprocamente. R

Pitagóricos
Os pitagóricos interessavam-se pelo estudo das propriedades dos
números. Para eles, o número, sinônimo de harmonia, constituído da
soma de pares e ímpares – os números pares e ímpares expressando as
relações que se encontram em permanente processo de mutação –, era
considerado como a essência das coisas, criando noções opostas (limitado
e ilimitado) e sendo a base da teoria da harmonia das esferas. R

www.esab.edu.br 300
Plano cartesiano
Sistema de coordenadas criado pelo matemático René Descartes com
o objetivo de localizar pontos. Ele é formado por dois eixos: eixo das
abscissas (horizontal), geralmente chamado de eixo , e eixo das ordenadas
(vertical), geralmente chamado de eixo . R

Polinômio
Expressão algébrica formada por números e letras. Quando possui um
só termo é chamado de monômio, dois termos, binômio e três termos,
trinômio. R

Ponto de acumulação
Em matemática, um ponto limite ou ponto de acumulação é um ponto
em um conjunto que pode ser aproximado tão bem quanto se queira
por infinitos outros pontos do conjunto. Por definição, todo ponto de
acumulação é um ponto de fecho. R

Ponto de equilíbrio
O ponto de equilíbrio ocorre quando a receita é igual ao custo total. R

Profícua
Significa algo bem feito, vantajoso. R

Quociente
É o termo usado para designar o resultado da operação de divisão. R

Radicando
O símbolo n x , chamado radical, indica a raiz enésima de x. Nele, x é
chamado radicando e n, índice. R

Receita
A receita de uma empresa é a soma total de suas vendas e recebimentos.
R

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Resgatar
Recuperar o valor cedido a outra pessoa mediante pagamento; libertar a
preço de dinheiro ou concessões. R

Secante
Reta que toca a circunferência ou a curva em dois de seus pontos
distintos. R

Simbologia
Estudo dos símbolos; conjunto dos símbolos. R

Subconjunto
Dados dois conjuntos A e B, dizemos que A é subconjunto de B quando
todo elemento de A é elemento de B. Por exemplo, se A = {1, 2, 3} e B =
{1, 2, 3, 4, 5}, todos os elementos de A são elementos de B, ou seja, A é
subconjunto de B. R

Translação
É um deslocamento paralelo que mantém a figura inalterada. R

Variável
Um símbolo, geralmente representado por uma letra, que representa
números. R

www.esab.edu.br 302
Referências

DEMANA, F. D.; WAITS, B. Pré-cálculo. São Paulo: Pearson Education, 2009.

GOLDSTEIN, J. L.; SCHNEIDER, D. I.; LAY, D. C. Matemática aplicada.


12. ed. São Paulo: Bookman, 2012.

GUIDORIZZI, H. L. Matemática para administração. Rio de Janeiro: LCT,


2010.

JACQUES, I. Matemática para economia e administração. São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2010.

MEDEIROS, V. Z. Pré-cálculo. São Paulo: Thomson, 2005.

MUROLO, A. C.; BONETTO, G. A. Matemática aplicada à administração,


economia e contabilidade. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

SILVA, F. C. M.; ABRÃO, M. Matemática básica para decisões


administrativas. São Paulo: Atlas, 2008.

SILVA, S. M. da; SILVA, E. M. da; SILVA, E. M. da. Matemática básica para


cursos superiores. São Paulo: Atlas, 2011.

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