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UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DO MARANHÃO - UNIVIMA

CENTRO DE CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO - CETECMA

CURSO DE AUXILIAR DE LABORATÓRIO EM


ANÁLISES QUÍMICAS

São Luís
2009
Equipe de elaboração

Nome Vinculação Titulação


Licenciatura Plena em
Química, Especialização em
Ciências Químicas e
José Willame Nascimento Santos CETECMA - São Luís
Biológicas, Especialização
MBA Executivo em Gestão
Tecnológica e Inovação.

Licenciatura Plena em
Química e Especialização
Káthia Cristina Marques Carvalho CVT – São Luís
MBA Executivo em Gestão
Tecnológica e Inovação.

Licenciatura Plena em
Química, Mestrado em
Química Analítica e
Luciana Protázio Barbosa CETECMA - São Luís
Especialização MBA Executivo
em Gestão Tecnológica e
Inovação.

Licenciatura Plena em
Matemática com
Manoel Machado Amorim CETECMA - São Luís Especialização MBA Executivo
em Gestão Tecnológica e
Inovação.

Licenciatura Plena em
Química, Mestrado em
Romer Pessoa Fernandes CETECMA - São Luís
Química Analítica e
Doutorando em Química.

Bacharel em Direito e
Rubem Rodrigues Ferro UNIVIMA – São Luís Biblioteconomia, Mestre em
Biblioteconomia.

Médica Veterinária, Mestre em


Ciências Veterinárias,
Especializações em Saúde
Pública Animal, Inspeção e
Viramy Marques de Almeida CETECMA - São Luís
Tecnologia de Produtos de
Origem Animal e MBA
Executivo em Gestão
Tecnológica e Inovação.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – NORMALIZAÇÃO, INFORMÁTICA APLICADA E GESTÃO


DA QUALIDADE................................................................................................ 1
1.1 NORMALIZAÇÃO DO TRABALHO E APRESENTAÇÃO GRÁFICA ........... 2
1.2 COMO PESQUISAR NA INTERNET ......................................................... 25
1.3 POWER POINT.......................................................................................... 26
1.4 PLANILHAS ELETRÔNICAS - NOÇÕES BÁSICAS .................................. 36
1.5 GESTÃO DA QUALIDADE - TQM.............................................................. 41
1.6 FUNDAMENTOS DE DIFERENTES PROGRAMAS APLICADOS NA
INDÚSTRIA (5S, ISO 9000, ISO 14000) .......................................................... 42
1.7 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UM SGA ................................................... 45
1.8 PROGRAMA 5S ......................................................................................... 46
REFERÊNCIAS................................................................................................ 51
CAPÍTULO 2 – QUÍMICA GERAL ................................................................... 53
2.1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 54
2.2 VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS NO LABORATÓRIO.............................. 57
2.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS................................................................. 62
2.4 ESTEQUIOMETRIA ................................................................................... 64
2.5 LEIS DAS COMBINAÇÕES QUÍMICAS..................................................... 65
2.6 SOLUÇÕES ............................................................................................... 68
2.7 SOLUÇÃO TAMPÃO.................................................................................. 72
2.8 CINÉTICA QUÍMICA .................................................................................. 74
2.9 EQUILIBRIO QUÍMICO .............................................................................. 76
2.10 TERMOQUÍMICA ..................................................................................... 80
2.11 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS .............................................................. 84
REFERÊNCIAS................................................................................................ 94
CAPÍTULO 3 – SEGURANÇA DO TRABALHO EM LABORATÓRIOS
QUÍMICOS ....................................................................................................... 96
3.1 SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS....................................................... 97
3.2 DESCARTE DE RESÍDUOS .................................................................... 102
3.3 A CIPA...................................................................................................... 103
3.4 PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTES..................................... 104
3.5 INCOMPATIBILIDADE ENTRE PRODUTOS QUÍMICOS........................ 105
3.6 PPRA........................................................................................................ 109
3.7 EXEMPLOS DE RISCOS AMBIENTAIS .................................................. 110
3.8 TRABALHO INSALUBRE E PERIGOSO / ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE ...................................................... 111
3.9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS ..................................... 111
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 113
CAPÍTULO 4 - MATEMÁTICA....................................................................... 115
4.1 HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PROPORÇÕES MATEMÁTICAS ...... 116
4.2 PROPORÇÕES........................................................................................ 118
4.3 GRANDEZAS PROPORCIONAIS............................................................ 131
4.4 REGRA DE TRÊS .................................................................................... 133
4.5 LOGARITMOS ......................................................................................... 136
4.6 ERROS E TRATAMENTOS DE DADOS.................................................. 158
TÁBUA DE LOGARITMOS............................................................................. 172
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 176
CAPÍTULO 5 – QUÍMICA ORGÂNICA .......................................................... 178
5.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 179
5.2 QUÍMICA ORGÂNICA .............................................................................. 180
5.3 FUNÇÕES ORGÂNICAS ......................................................................... 189
5.6 PETRÓLEO.............................................................................................. 224
5.7 HULHA ..................................................................................................... 225
5.8 POLÍMEROS ............................................................................................ 226
5.9 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS .............................................................. 228
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 236
CAPÍTULO 6 – MICROBIOLOGIA BÁSICA.................................................. 237
6.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 238
6.2 CARACTERÍSTICAS DOS MICRORGANISMOS .................................... 238
6.3 MICROORGANISMOS DO SOLO ........................................................... 242
6.4 MICROORGANISMOS DA ÁGUA............................................................ 243
6.5 MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE DA ÁGUA ......... 243
6.6 MÉTODOS DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA........................ 245
6.7 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS .............................................................. 246
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 249
CAPÍTULO 7 – BIOQUIMICA BÁSICA ......................................................... 250
7.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 251
7.2 BIOQUÍMICA............................................................................................ 251
7.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR MÉDIA DA CÉLULA ................ 252
7.4 ÁGUA ....................................................................................................... 252
7.5 SAIS MINERAIS....................................................................................... 255
7.6 CARBOIDRATOS OU GLICÍDIOS OU GLUCÍDEOS OU AÇUCARES.... 257
7.7 OS LIPÍDIOS ............................................................................................ 258
7.8 OS ÁCIDOS NUCLÉICOS........................................................................ 262
7.9 AMINOÁCIDOS........................................................................................ 264
7.10 PROTEÍNAS........................................................................................... 266
7.11 VITAMINAS ............................................................................................ 268
7.12 COENZIMAS .......................................................................................... 271
7.13 CICLO DE KREBS ................................................................................. 272
7.14 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS ............................................................ 277
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 286
CAPÍTULO 8 – PRINCIPIOS DA ÉTICA PROFISSIONAL E COMUNICAÇÃO
INTERPESSOAL ........................................................................................... 287
8.1 ÉTICA PROFISSIONAL ........................................................................... 288
8.2 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL.......................................................... 295
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 300
CAPÍTULO 1 – NORMALIZAÇÃO, INFORMÁTICA
APLICADA E GESTÃO DA QUALIDADE

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

1
1.1 NORMALIZAÇÃO DO TRABALHO E APRESENTAÇÃO
GRÁFICA

1.1.1 Composição do Trabalho


Embora mais simples que um trabalho acadêmico, o trabalho escolar deve possuir uma
estrutura básica de modo a possibilitar que seu conteúdo seja apresentado de forma lógica e
coerente, garantindo qualidade ao texto.

Essa estrutura básica compreende três grandes divisões: elementos pré-textuais,


elementos textuais e elementos pós-textuais. Cada uma dessas divisões são constituídas de
várias partes, algumas delas obrigatórias, outras opcionais.

Tendo em vista que este estudo se direciona aos alunos dos cursos de capacitação e
técnicos de nível médio, excetuando-se apêndices e anexos, somente serão vistos os
elementos obrigatórios os quais são imprescindíveis para a elaboração de um trabalho.

1.1.1.1 Elementos pré-textuais


São aqueles que antecedem o texto, contendo informações essenciais para
identificação do trabalho. A seguir serão estudados três desses elementos: capa, folha de rosto
e sumário.

1.1.1.1.1 Capa

Elemento obrigatório é a proteção externa do trabalho. Deve ser constituída pelos


elementos a seguir especificados.

 Identificação da Instituição: deve ser localizada na primeira linha da folha, em caixa


alta, centralizado, sem destaque, fonte tamanho 12 (Modelo 1).
 Identificação da Unidade de Ensino: sua localização é na segunda linha da folha, em
caixa alta, centralizada, sem destaque, fonte tamanho 12 (Modelo 1).
 Autor (es): o nome completo do autor deve vir a aproximadamente 3 cm abaixo da
unidade de ensino, centralizado, em caixa alta, negrito, fonte tamanho 12. No caso de
vários autores estes devem ser relacionados em ordem alfabética, um abaixo do outro,
utilizando espaços simples (Modelo 1).
 Título do Trabalho: localizado no centro da página, ou um pouco abaixo, dependendo
do número de autores, deve vir centralizado, em caixa alta, negrito, fonte tamanho 14
(Modelo 1).
 Subtítulo (quando houver): localizado na linha imediatamente abaixo do título,
precedido de dois pontos (:), em minúsculas, fonte tamanho 12 (Modelo 1).
 Números de Volumes: caso haja mais de um, deve constar, em cada capa a
especificação do respectivo volume.
 Local: refere-se à cidade onde está localizada a instituição em que o trabalho será
apresentado. Deve ser colocado na penúltima linha da folha, somente com as iniciais
maiúsculas, centralizado, sem destaque, fonte tamanho 12 (Modelo 1).
 Data: deve ser especificado o ano de entrega do trabalho na instituição. Localiza-se na
última linha da folha, centralizado, sem destaque, fonte tamanho 12 (Modelo 1).

2
UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DO MARANHÃO
CENTRO DE CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA DO MARANHÃO

ANA PAULA PEREIRA AQUINO


DANTE PEREIRA SILVA
MARIANA JUNQUEIRA DE SÁ
SEBASTIÃO DUARTE SILVA

ESTUDO DOS MICRORGANISMOS:


bactérias e bolores

São Luís
2008
Modelo 1 – Capa

3
1.1.1.1.2 Folha de Rosto

É um elemento obrigatório que contém as informações essenciais à identificação do


trabalho. O anverso da folha de rosto, com exceções do nome da instituição, contém os demais
elementos da capa, com a mesma apresentação, acrescidos dos elementos a seguir descritos.

 Finalidade do Trabalho: inclui a natureza do trabalho (tese, dissertação, trabalho de


conclusão de curso e outros), nome da instituição a que é submetido e o objeto do
mesmo (aprovação em disciplina, obtenção da 2ª nota, grau pretendido, entre outras).
Deve ser apresentada abaixo do título, alinhada a esquerda, sem destaque, fonte
tamanho 10 e espaço simples entre as linhas (Modelos 2 e 3).
 Nome do Orientador, Co-orientador, Professor, Instrutor: deve vir abaixo da finalidade,
separado por espaço duplo, sem destaque, fonte tamanho 10 (Modelos 2 e 3).
 Ficha catalográfica: localizada no verso a folha de rosto, ao pé da página, é elaborada
por um bibliotecário, de acordo com o Código de Catalogação Anglo-Americana –
CCAA2.

1.1.1.1.3 Sumário

É o elemento obrigatório que consiste na enumeração das principais partes do


trabalho, na mesma ordem em que se sucedem no texto. Significa que caso no texto existam
até seções quinárias (3.2.1.2.1), o autor pode decidir incluir no sumário somente até o nível de
seções terciárias (3.2.1).

Deve apresentar a mesma fonte e tipo de letra indicativos das diferentes seções do
corpo do trabalho seguidos da página onde se inicia uma determinada seção (Modelos 4 e 5).

Os elementos que compõem o sumário, de acordo com a Associação Brasileira de


Normas Técnicas (2003b, p.2) são:

 Título: representado pela palavra SUMÁRIO, em caixa alta, centralizado, sem


pontuação, com a mesma tipologia de fonte utilizada para as seções primárias
(Modelos 4 e 5);
 Indicativos das seções: constituídos por grupos de algarismos arábicos, devem ser
alinhados a esquerda conforme a NBR 6204 – Numeração Progressiva (Modelos 4 e
5);
 Títulos das seções e subseções: sucedem o indicativo das seções; recomenda-se que
sejam alinhados pela margem do indicativo de subseção mais longo (Modelos 4 e 5);
 Paginação: deve ser registrado, em arábicos, o número da primeira pagina de cada
seção ou subseção (Modelos 4 e 5).

4
BERNARDO ALVES LIMA
JÚLIO SIMÕES OLIVEIRA
NAIR DINIZ CAMPOS
OTÁVIO RAMOS DE MELO

DETERMINAÇÃO EXPERIMENTAL DA VANTAGEM


MECÂNICA DA ROLDANA MÓVEL

Trabalho apresentado ao Curso de


Iniciação à Física, Turma D, do
Centro de Capacitação Tecnológica
do Maranhão, para obtenção da
segunda nota.

Instrutor: Francisco das Chagas


Santos

Caxias
2008
Modelo 2 – Folha de rosto sem subtítulo

5
ANA PAULA PEREIRA AQUINO
DANTE PEREIRA SILVA
MARIANA JUNQUEIRA DE SÁ
SEBASTIÃO DUARTE SILVA

ESTUDO DOS MICRORGANISMOS:


bactérias e bolores

Trabalho apresentado ao Curso


de Auxiliar de Laboratório em
Análises Químicas, do Centro
de Capacitação Tecnológica do
Maranhão, para obtenção da 2ª
nota no Módulo Microbiologia.

Instrutor: Viramy Almeida

São Luís
2008

Modelo 3 – Folha de rosto com subtítulo

6
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3

2 CARACTERÍSTICAS DAS BACTÉRIAS E DOS BOLORES.............................. 5

2.1 Bactérias............................................................................................................. 5

2.1.1 Habitat e Importância............................................................................................ 6

2.1.2 Formas e Arranjos................................................................................................. 6

2.1.3 Coloração de parede celular................................................................................ 7

2.1.4 Crescimento......................................................................................................... 7

2.1.5 Reprodução.......................................................................................................... 8

2.2 Bolores................................................................................................................ 10

2.2.1 Habitat e Importância............................................................................................ 11

2.2.2 Formas.................................................................................................................. 12

2.2.3 Crescimento......................................................................................................... 13

2.2.4 Reprodução.......................................................................................................... 14

3 SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS...................................................................... 16

4 CONCLUSÃO...................................................................................................... 19

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 21

ANEXOS............................................................................................................... 23

Modelo 4 – Sumário de trabalho não experimental

7
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................... 3

2 REVISÃO DA LITERATURA................................................................................................ 4

2.1 Aspectos psicológicos relacionados com a aparência final............................................. 4

2.2 Análise do perfil facial tegumentar...................................................................................... 5

2.2.1 Projeção nasal......................................................................................................................... 5

2.2.2 Proteção dos lábios................................................................................................................. 7

2.2.3 Altura dos componentes faciais............................................................................................... 9

2.3 Surto de crescimento na puberdade................................................................................... 12

2.4 Previsão do crescimento craniofacial.................................................................................. 17

3 PROPOSIÇÃO......................................................................................................................... 20

4 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................... 21

4.1 Material................................................................................................................................... 22

4.2 Métodos................................................................................................................................. 23

5 RESULTADOS...................................................................................................................... 26

5.1 Precisão das medidas cifolométricas................................................................................ 26

5.2 Alterações longetudinais no perfil facial tegumentar....................................................... 28

5.3 Comparação do crescimento entre as regiões do perfil facial tegumentar.................... 30

6 DISCUSSÃO.......................................................................................................................... 32

6.1 Considerações sobre a amostra......................................................................................... 32

6.2 Considerações sobre o método cefolométrico e a precisão das medidas...................... 35

7 CONCLUSÕES........................................................................................................................ 37

REFERÊNCIAS....................................................................................................................... 40

APÊNDICES............................................................................................................................... 43

ANEXOS..................................................................................................................................... 47

Modelo 5 – Sumário de trabalho experimental

8
1.1.1.2 Elementos Textuais
Estes elementos constituem o texto do trabalho propiamente dito. Compreendem os
diferentes tópicos contemplados no “desenvolvimento do tema abordado, de forma lógica, de
acordo com a metodologia adotada e com o bom senso do autor” (NAHUZ; FERREIRA, 2007,
p.72).

É a parte principal do trabalho e também a mais extensa, pois visa expor e explorar o
tema estudado. A estrutura do texto depende do estudo do autor e da profundidade da
abordagem. No entanto, qualquer trabalho monográfico, independente de sua extensão, deve
ser constituído de três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão, “os
quais, embora autônomos e com finalidades específicas estão intimamente relacionados, como
partes integrantes de uma estrutura lógica” (NAHUZ; FERREIRA, 2007, P.76).

1.1.1.2.1 Introdução

É a parte inicial do trabalho, ou seja, do texto. Objetiva dar ao leitor uma visão clara e
precisa do tema do trabalho. Em trabalhos escolares, a introdução deve, no mínimo, informar
sobre:

a) importância do tema;
b) justificativa da escolha do tema;
c) objetivos do estudo;
d) breve descrição das principais seções do trabalho.

A Introdução “como primeira seção do texto, receberá sempre o indicativo 1(um), de


acordo com as normas de Numeração Progressiva da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT...” (NAHUZ; FERREIRA, 2007, p.76).

1.1.1.2.2 Desenvolvimento

É a parte principal e mais extensa do texto. Objetiva desenvolver a idéia principal,


analisando-a e ressaltando os pormenores mais importantes.

Segundo Nahuz e Ferreira (2007, p.77):

É impossível estabelecer-se um padrão único para a estrutura do


texto do trabalho monográfico, o qual deverá dividir-se em seções e
subseções, variando conforme a natureza do estudo, a abordagem do
tema e o método utilizado.

Os títulos e o número dessas seções e subseções ficam, portanto,


a critério do autor, que deverá ter a preocupação de retratar o conteúdo
desenvolvido, destacando os pontos mais relevantes do trabalho [...]. Se
necessário pode-se incluir no texto tabelas e ilustrações, indicando-se
sempre as respectivas fontes, quando não elaboradas pelo autor do
trabalho.

Em se tratando de pesquisas experimentais ou de campo as seções comumente


incluídas no desenvolvimento do trabalho são: Revisão da Literatura, Material e Métodos,
Resultados, Discussão. Em trabalhos escolares a revisão da literatura poderá ser incluída na
Introdução, porém, independente de sua localização, “é necessário citar adequadamente as
fontes consultadas, de forma a permitir aos interessados a fácil e segura localização dessas
fontes” (NAHUZ; FERREIRA, 2007, p. 77).

Sobre Material e Métodos, de acordo com Nahuz e Ferreira (2007, p.78):

No item MATERIAL e MÉTODOS, também denominado


METODOLOGIA, o autor deve informar, detalhadamente, ‘com que’,
‘como’, ‘quando’ e ‘em que condições’ realizou a pesquisa [ou o

9
experimento]. Consiste, portanto, na discussão completa do material e
métodos utilizados.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
[...] descreve, em ordem cronológica, as etapas da pesquisa já
desenvolvidas, deve ser redigido com o verbo no tempo passado e poderá
conter divisões.

Quanto aos Resultados e Discussão estes podem ser apresentados em um único


tópico ou em tópicos distintos, utilizando o verbo no tempo passado.

Os RESULTADOS constituem a parte do texto em que o autor


apresenta de forma objetiva e exata os dados obtidos durante o
desenvolvimento da pesquisa [ou do experimento], não devendo, portanto,
mencionar a literatura utilizada.

Sempre que necessário a uma melhor visualização e compreensão


dos resultados, convém representá-los sob a forma de tabelas, gráficos,
quadros, entre outros recursos (FERREIRA; NAHUZ, 2007, p. 78-79).

No que se refere à Discussão segundo Nahuz e Ferreira (2007, p. 79):

Na DISCUSSÃO, o autor, além de estabelecer relações entre os


dados da pesquisa [ou do experimento], interpretando-os e justificando-os,
compara esses resultados com os alcançados por outros pesquisadores,
em estudos idênticos já indicados na REVISÃO DA LITERATURA.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
A exemplo da METODOLOGIA e dos RESULTADOS, a DISCUSSÃO
deve ser também redigida com o verbo no tempo passado.

1.1.1.2.3 Conclusão

A Conclusão, constitui-se na parte final do trabalho e tem por finalidade destacar


inferências ou deduções baseadas no que foi apresentado durante as várias etapas do
Desenvolvimento e relacionados com os objetivos e/ou proposições previamente
estabelecidos.

A conclusão, considerada como uma das partes mais importantes do


trabalho, deve ser uma decorrência natural do que foi exposto no
desenvolvimento. Assim, em qualquer tipo de trabalho, a conclusão deve
resultar de deduções lógicas, sempre fundamentadas no que foi
apresentado e discutido anteriormente. Quanto à redação, poderá ser ou
não enumerativa, apresentado-se de forma corrente ou sob a forma de
alíneas (FERREIRA; NAHUZ, 2007, p. 80).

1.1.1.3 Elementos Pós-textuais


Constituem-se elementos pós-textuais aqueles que têm por finalidade permitir o
conhecimento das fontes consultadas pelo autor, complementar informações fornecidas no
texto e facilitar a localização dos tópicos no corpo do trabalho. Cada um deles tem forma
própria e devem figurar no trabalho, quando necessário, na seguinte ordem: referências,
glossários, apêndice(s), anexo(s) e índice.

Devido ao escopo deste estudo serão abordados apenas referências, apêndice(s) e


anexo(s).

10
1.1.1.3.1 Referências

Denomina-se como Referências o elemento obrigatório, constituído de uma listagem


de todas as fontes utilizadas pelo autor para desenvolver o trabalho.

A lista de referências deve iniciar-se em folha independente, encimada pela palavra


REFERÊNCIAS, em caixa alta, organizada de acordo o sistema de chamada adotado, para o
que recomendamos o uso do sistema autor-data, no qual a lista deve ser ordenada
alfabeticamente (Modelo 6).

Para que uma referencia possa ser elaborada corretamente deve ser consultada a
NBR 6023/02 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em caso de dúvidas ou
dificuldades de acesso a essa norma o bibliotecário da instituição deverá ser consultado.

1.1.1.3.2 Apêndices

Elemento opcional foi incluído por ser freqüente sua utilização em trabalhos
monográficos. Trata-se de um “documento autônomo, elaborado pelo próprio autor, a fim de
completar sua argumentação, sem prejuízo da unidade do trabalho” (CURTY; CRUZ, 2001, p.
37, grifo nosso). São questionários, formulários, roteiros de entrevista, modelos, textos e outros
documentos elaborados pelo autor, com relação direta ao tema abordado, mas que não fazem
parte do texto (Modelo 7).

De acordo com Nahuz e Ferreira (2007, p. 87-88), “os apêndices devem figurar em
folha independente, com a palavra APÊNDICE em caixa alta, seguida da letra maiúscula
consecutiva que o identifica, de travessão e do respectivo título em caixa baixa", exceto a
primeira letra e quando da presença do nome próprio (Modelo 7).

Quando do trabalho constar mais de um apêndice estes devem ser precedidos por
uma folha contendo a palavra APÊNDICES, centralizada e em caixa alta (Modelo 8).

1.1.1.3.3 Anexos

É um outro elemento opcional, cuja inclusão deve-se também a sua freqüente


utilização em trabalhos monográficos. Trata-se de um “texto ou documento não elaborado pelo
autor” que serve de fundamentação, comprovação e ilustração (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE NORMAS TÉCNICAS, 2002c, p. 2, grifo nosso).

A forma de apresentação dos anexos é idêntica à dos apêndices (Modelo 9).

11
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e


documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 6024: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de


Janeiro, 2003a.

______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de


Janeiro, 2003b.

BASTOS, Lília R.; PAIXÃO, Lyra; FERNANDES, Lúcia M. Manual para


elaboração de projetos e relatórios de pesquisa, teses e documentários. 2.
ed. Rio de Janeiro: 2Zahar, 1979.

GOMES, S.P; ALOIA, M. Referências bibliográficas: algumas sugestões. Boletim


ABDF, Brasília, v. 6., n. 2, p. 21-31, abr. / jun. 1983.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Normas de


apresentação tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993. 1 CD-ROM.

MARANHÃO. Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e


Desenvolvimento Tecnológico. Transferência da gestão integral dos Centros
de Capacitação Tecnológica do Maranhão...: relatório final. São Luís, 2005.

MORETTI FILHO, Justo. Redação de dissertação e teses. Piracicaba: FEALQ,


1982.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E


CULTURA. Guia para a redação de artigos destinados à publicação. Belo
Horizonte: UFMG, 1989. Disponível em: ‹http//www.ufmg.br›. Acesso em: 20 abr.
2000.

SÁ, Eduardo S. et al. Manual de normalização de trabalhos técnicos... 2. ed.


Petrópolis: Vozes, 1996.

Modelo 6 – Lista de referências utilizando o sistema autor-data

12
APÊNDICE A: Minuta de regimento escolar do Centro de Capacitação
Tecnológica do Maranhão CETECMA

TÍTULO I
DA INSTITUIÇÃO

CAPÍTULO I
DENOMINAÇÃO, MANTENEDORA E SEDE

Art. 1º-O Centro de Capacitação Tecnológica do Maranhão –


CETECMA, de acordo com o Decreto nº 21859/06, é estabelecimento
educacional integrante da estrutura da Universidade Virtual do Estado do
Maranhão – UNIVIMA, sediado à Rua Portugal nº 199, Centro, na cidade de São
Luís.

CAPÍTULO II
DA MISSÃO E DA FINALIDADE

Art. 2º-O CETECMA tem como missão promover a qualificação e


requalificação profissional através de programas de capacitação, geradores de
oportunidades de trabalho, renda e empreendimentos, bem como a
disseminação de conhecimentos científicos e tecnológicos em benefício do
desenvolvimento econômico e social do Estado do Maranhão.

Art. 3º-O CETECMA tem por finalidade ministrar cursos, programas e


atividades de Educação Profissional nos níveis de Formação Inicial e Continuada
dos Trabalhadores e Técnico na forma prevista no Decreto 2.208 de 17 de abril
de 1997 e em Ciências da Natureza e Matemática.

Parágrafo Único – A Educação Profissional Técnica de Nível Médio será


oferecida de acordo com os Projetos de Curso, previamente aprovados pelo
Conselho Estadual de Educação – CEE/MA.

Art. 4º-A Educação Profissional será oferecida em módulos, nas formas


de ensino presencial e a distância, podendo ser desenvolvida em parceria com
instituições públicas ou privadas.

Parágrafo Único – No que se refere ao ensino a distância será observado


o disposto no § 1º do artigo 80 da Lei 9.394/96.

Modelo 7 - Apêndice

13
1.1.2 Apresentação Gráfica
A forma como se apresenta um trabalho monográfico é essencial para sua
compreensão e valorização. Portanto, durante o processo de sua elaboração, certas normas
devem ser observadas a fim de garantir essa correta apresentação. Convém ressaltar que o
autor é o responsável pelo projeto gráfico do trabalho devendo, portanto, fazer tantas revisões
e correções quantas forem necessárias para que o produto final tenha a qualidade desejada.

As regras gerais de apresentação, descritas a seguir, foram estabelecidas pela ABNT


(2002c, p. 5-7), acrescidas de outras informações obtidas na revisão da literatura e em
decorrência de nossa vivência no campo da normalização.

1.1.2.1 Formato e Margens


O trabalho deve ser digitado com tinta preta, em papel A4 branco, utilizando somente
uma face da folha, com exceção da folha de rosto que, no seu verso, trás a ficha catalográfica.

As fontes recomendadas para serem utilizadas no texto são Times New Roman ou
Arial, tamanho 12. No caso de citações longas (destacadas do texto), notas de rodapé,
paginação e legendas de ilustrações recomenda-se o uso da fonte Tamanho 10. As margens a
serem observadas deverão ter a seguinte configuração: margens superior e esquerda, 3 cm;
margens inferior e direita, 2 cm (Modelo 10).

1.1.2.2 Espacejamento, Paginação e Siglas


O texto do trabalho deverá ser digitado com espaço duplo, devendo ser observado o
mesmo para separar as referências constantes da lista, no final do trabalho. O espaço simples
somente será utilizado entre as linhas de citações longas, de notas de rodapé, de referências,
da legenda de ilustrações, da ficha catalográfica e das informações referentes a natureza,
objetivo e finalidade do trabalho constantes da folha de rosto.

Os títulos das seções e subseções devem ser separados do texto por dois espaços
duplos.

No tocante à paginação deve ser observado que todos os elementos pré-textuais, a


partir da folha de rosto, são contados, porém não numerados. A numeração só é colocada à
partir da primeira folha da parte textual, em algarismos arábicos, a 2cm da borda superior, de
modo que o último algarismo observe o limite da margem direita, a saber, 2cm (Modelo 10).

No caso do texto conter siglas, quando estas aparecem pela primeira vez devem vir
entre parênteses, precedidas do nome completo da instituição.

Exemplo

Centro de Capacitação Tecnológica do Maranhão (CETECMA)

1.1.2.3 Equações e Fórmulas


Devem aparecer destacadas no texto. Quando se apresentam na seqüência normal do
texto recomenda-se o uso de uma entrelinha maior para comportar todos os seus elementos
(índices, expoentes, etc). No caso de aparecerem fora do parágrafo devem ser centralizadas.
Caso seja necessário fragmentá-las em mais de uma linha, devem ser interrompidas antes do
sinal de igualdade ou depois dos sinais de soma, subtração, multiplicação e divisão.

Exemplo

CH3 - O - CH3
Log6216 = x

14
APÊNDICES

Modelo 8 – Folha de abertura dos apêndices

15
ANEXO A – Questionário de avaliação

1.Atende as suas necessidades de normalização?


[ ] TOTALMENTE [ ] PARCIALMENTE [ ] NÃO ATENDE
Por quê?

2. É de fácil manuseio?
[ ] SIM [ ] NÃO
Em caso negativo, por quê?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

3. Numere na lista abaixo, em ordem crescente, as partes do livro que você mais utiliza:
[ ] Elaboração do trabalho técnico, científico e cultural
[ ] Tipos de trabalho
[ ] Organização dos originais
[ ] Elaboração de resumos
[ ] Ilustrações
[ ] Citação
[ ] Notas de rodapé
[ ] Referências bibliográficas

4. Especifique o item e a página em que você faria alterações, exclusões ou acréscimos,


indicando-os (se necessário continue em folha à parte).
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
1. Nome e instituição (opcional):
_________________________________________________________________________

2. Profissão:
_________________________________________________________________________

3. Cargo atual:
[ ] Diretor
[ ] Chefe
[ ] Professor
[ ] Coordenador de curso de pós-graduação
[ ] Coordenador de curso de graduação
[ ] outro

4. Área de atuação:
[ ] Saúde [ ] Humana [ ] Tecnológica

5. Data: _____________________________________________________

6. Assinatura (opcional):

Modelo 9 - Anexo

16
3 cm

3 cm 2 cm

2 cm

Modelo 10 - margens

17
1.2.2.4 Ilustrações
Denominam-se ilustrações os “componentes destacados graficamente em um texto,
que têm por objetivo apresentar informação condensada que permita pronta inteligibilidade ao
leitor” (CURTY; CRUZ, 2001, p. 69).

Cada tipo de ilustração recebe numeração em seqüência própria, em números arábicos


e, no texto, devem vir o mais próximo possível do local onde foram mencionadas. Os títulos
das ilustrações devem ser breves e explicativos, devendo ser escritos em letras minúsculas,
exceto a inicial da frase e nomes próprios, após a palavra que identifica seu tipo (Figura,
Tabela, Quadro), separados por hífen.

Exemplos:

Figura 1 – Gráfico de distribuição das propostas apresentadas, por regiões

Tabela 1 – Propostas qualificadas por categorias

1.2.2.4.1 Figuras

São consideradas figuras: fotos, fluxogramas, organogramas, gráficos, mapas,


plantas e outras ilustrações inseridas em um trabalho monográfico. Qualquer que seja seu tipo,
sua identificação aparece na parte inferior, na forma apresentada no item 1.2.2.4 deste módulo.

120
96,1 96,71 93,18 94,15
100 92,72
87,25 85,88 86,06 87,36
82,35
80

60

40
17,65 12,75 14,12 13,94
20 12,64
3,90 3,29 6,82 5,85 7,28

0
ia

s
jo

is
ro

ês
da

s
iz
ia

od
nd

ra

Lu
re

ei
tr

In
or

ax

ei
B

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ilâ

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C

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pe

nt
ça


Pi
do

Pe

Sa
Im
A

ra

Aprovados (%)
ar
B

Não Aprovados (%)

Gráfico 1 – Índice de Rendimento dos CETECMAs – 2ª etapa 2008

1.2.2.4.2 Tabelas

Apresentam informações tratadas estatisticamente. Sua apresentação diverge dos


demais tipos de ilustração por ter seu título colocado na parte superior, na forma do item
1.2.2.4 deste módulo.

No caso de uma mesma tabela não caber em uma folha, “deve ser continuada na
folha seguinte e, nesse caso, não é delimitada por traço horizontal na parte inferior e o título,
bem como o cabeçalho devem ser repetidos na folha seguinte” (CURTY; CRUZ, 2001, p.70).

18
Tabela 1 – Quantitativo de Pessoal em Exercício nos CETECMAs – out - 2008
Técnico
Centro Total Coordenador Secretário Instrutor
Gestão Auxiliar
Açailândia 10 1 1 6 1 1
Barra do Corda 9 1 1 5 1 1
Brejo 10 1 1 6 1 1
Caxias 11 1 1 7 1 1
Codó 11 1 1 7 0 2
Imperatriz 11 1 1 7 1 1
Pedreiras 10 1 0 7 1 1
Pinheiro 10 1 1 6 1 1
Santa Inês 12 1 1 8 1 1
São Luís 11 1 1 7 1 1
TOTAL 104 10 9 66 9 11
Fonte: SECTEC – Coordenação de Integração do CETECMA

1.1.3 Citações, Notas de Rodapé e Sistemas de Chamadas


Constituem-se em elementos essenciais para identificação das fontes consultadas
em um trabalho monográfico. Considerando o escopo deste documento serão estudadas
apenas as citações localizadas no texto, a colocação de nota de rodapé e o sistema de
chamada autor-data, os quais preenchem os objetivos a que nos propomos.

1.1.3.1 Citações
Entende-se por citação a menção de uma informação extraída de outra fonte (ABNT,
2002b, p. 1). De acordo com sua natureza podem ser classificadas em: citações diretas,
citações indiretas e citação de citação.

1.1.3.1.1 Citação direta

É aquela transcrita literalmente da fonte consultada, respeitando-se suas


características originais em relação à redação, ortografia e pontuação. As citações diretas, por
sua vez, são classificadas em curtas e longas.

 Citações Curtas

São aquelas que ocupam até três linhas. Devem ser incorporadas ao texto,
entre aspas, sem destaque, com a indicação da fonte de onde foram transcritas.
Exemplos de citações curtas são encontrados, entre outros, nos itens 1.1.1.2 e
1.1.1.2.1 deste módulo;

 Citações Longas

São aquelas que ocupam mais de três linhas. São transcritas destacadas do
texto, em parágrafo isolado, com recuo de 4cm da margem esquerda, terminando
na margem direita da folha. Nesse tipo de citação não utilizam aspas e a fonte
deve ser menor do que a do texto do trabalho, recomendando-se o Tamanho 10.

A indicação da fonte consultada pode vir ou após a citação, entre parênteses.


Exemplos de citações longas são encontrados, entre outros, nos itens 1.1.1.2.2 e 1.1.1.2.3
deste módulo.

No caso do autor da monografia desejar dar um destaque (negrito, grifo ou itálico), a


uma palavra ou frase contida na citação, no final da indicação da fonte consultada deverá ser
colocada a expressão grifo nosso (ver item 1.1.1.3.2 deste módulo).

19
Por outro lado, se a citação contiver alguma palavra ou frase em destaque, ao final da
indicação da fonte consultada, deverá ser colocada a expressão grifo do autor.

Em citações longas pode-se fazer supreções tendo-se porém o cuidado de não lhes
alterar o sentido. As supreções são indicadas por reticências, entre colchetes (ver exemplos no
item 1.1.1.2.2 deste módulo).

Acréscimos também podem ser feitos devendo sua indicação ser feita entre colchetes
9ver exemplos no item 1.1.1.2.2 deste módulo).

Em citações diretas, tanto curtas quanto longas, quando existem aspas, na sua
transcrição, estas devem ser substituídas por aspas simples (ver exemplo no item 1.1.1.2.2).

1.1.1.3.2 Citação Indireta

Também chamada de citação livre, consiste na “reprodução de algumas idéias sem


que haja transcrição literal das palavras do autor consultado. Apesar de ser livre, deve ser fiel
ao sentido do texto original. Não necessita de aspas” (CURTY; CRUZ, 2001, p. 42). Nesse tipo
de citação a indicação de pagina é opcional.

Exemplo:

Porém, há relação de uma experiência bem sucedida com a geração de produção científica a
partir do ensino da metodologia da pesquisa, conforme descrito por Santos e Clos (1994).

1.1.3.1.3 Citação de Citação

É a citação direta ou indireta de um texto no qual não se teve acesso ao original


(ABNT, 2006b, p.1). Ocorre quando o autor do trabalho não teve acesso a uma determinada
obra, utilizando-se de uma citação feita pelo autor consultado. É um tipo de citação que deve
ser evitado pelo risco de conter má interpretação ou incorreções.

Para apresentação da citação de citação utiliza-se a expressão latina apud (citado por,
segundo, de acordo) seguida da indicação da obra efetivamente consultada.

Exemplo:

Uma relação de quebrar as máscaras, de quebrar a careta,


na violência do nascimento. Fez o público experimentar um
estado forte de teatro. Um teatro que era o prolongamento
do que se fazia nas ruas naquele momento. A força das
passeatas, a força de Roda Vida (CORREA apud ARABAL,
1979-80, p.2).

1.1.1.4 Notas de Rodapé


São notas utilizadas para complementar ou esclarecer informações contidas no texto e
são indicados ao pé das páginas. Considerando o público a que se destaca este documento,
recomenda-se sua utilização nos seguintes casos:

 Fazer observações e comentários adicionais;


 Indicar informações obtidas de modo informal.

A forma da apresentação das notas de rodapé de acordo com Nahuz e Ferreira (2007,
p.114) é a seguinte:

a) indicadas na mesma folha texto em que ocorrem as chamadas das notas;


b) digitadas dentro das margens com fonte tamanho 10, utilizando espaço simples;

20
c) separadas do texto por um espaço simples de entrelinhas e por um traço de 3cm, a
partir da margem esquerda;
d) precedidas de algarismos arábicos ao alto ou ao lado,[...] de acordo com a forma
utilizada no texto;
e) numeradas em seqüência única para cada capítulo ou parte, não se iniciando a
numeração a cada folha.

A título de ilustração o Modelo 11 apresenta parte de um texto onde são utilizadas


notas de rodapé.

Nossos espetáculos, até a década de 40, vinham-se mantendo no esquema


das montagens terem como suporte a figura deste ou daquele ator/atriz. Quaisquer
outros recursos cênicos eram colocados em segundo plano, uma vez que o carisma da
prima-dona era suficiente. Ressalte-se, portanto, que as encenações brasileiras
estavam, ainda, muito aquém das experimentações já praticadas além mar. Só mesmo
a partir da década de 40, ao analisarmos o teatro brasileiro, é que teremos, quase que
obrigatoriamente, como referência, três experiências: a estréia de Vestido de Noiva,
de Nelson Rodrigues, pelo grupo Os Comediantes, no Rio de Janeiro em 1943; o
1 2
Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) 1948-1960, em São Paulo e o grupo ARENA ,
ainda em São Paulo, 1958-1971. Esta escolha parece-nos significativa por
entendermos que estes três processos são representativos, cada um à sua maneira,
das diferentes tendências que surgiram no teatro brasileiro a partir de suas
experiências, a saber: a afirmação do autor brasileiro no programa do novo taetro
nacional, inaugurado pela montagem de Vestido de Noiva; a função estética do TBC,
e a questão política do teatro com a exepriência do ARENA.

___________________
1
Fundado em 1948 pelo empresário Franco Zampari, em São Paulo. Exerceu grande
influência no panorama do teatro brasileiro de sua época, não só elevando o nível
profissional do teatro nacional, como requintando a produção dos espetáculos, desde o
repertório até a concecpção cênica.
2
Grupo Teatral fundado em São Paulo, por José Renato, no início da década de 50.

Modelo 11 – Texto com notas de rodapé

1.1.1.5 Sistema de Chamada Autor-data


É o sistema em que o autor do trabalho utiliza a entrada da obra consultada (autor
pessoal; autor coletivo ou título – quando o trabalho não tiver autoria), seguido da data de sua
publicação. Em citações diretas “deve conter, ainda, a indicação da(s) página(s), volume(s) [...]
da fonte consultada. Em citações indiretas a indicação da página é opcional. (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002b, p.2 apud NAHUZ; FERREIRA, 2007, p.110).

Nesse sistema a entrada tanto pode vir incluída no texto do trabalho como ao final da
citação, tendo cada uma apresentação específica. Os exemplos a seguir, ilustram ambas as
formas.

 Entrada no corpo do trabalho:

De acordo com Nahuz e Ferreira (2007, p.87-88) “os apêndices devem figurar em
folha independente, com a palavra APÊNDICE, em caixa alta, seguida da letra
maiúscula que o identifica, de travessão e do respectivo título em caixa baixa”.

 Entrada ao final da citação:

Trata-se de um “documento autônomo, elaborado pelo próprio autor, a fim de


complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade do trabalho” (CURTY;
CRUZ, 2001, p.37, grifo nosso).

21
EXERCÍCIO 1

1) Responda as questões abaixo utilizando esta apostila

a. Quais as partes que compõem a estrutura de um trabalho monográfico?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

b. Cite e conceitue os elementos pré-textuais estruturados no texto.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

c. Em se tratando de pesquisas experimentais quais as seções comumente incluídas


no desenvolvimento do trabalho?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

d. Que informações devem constar no item Material e Métodos?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

e. Discorra sobre a Conclusão de um trabalho monográfico


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

f. Enumere e conceitue os elementos pós-textuais apresentados no texto


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2) Com base no Modelo 6 deste módulo, elaborar três referências (uma delas em meio
eletrônico), da seguinte forma:

a. uma com mais de três autores;


b. uma de autor coletivo;
c. uma do artigo de periódico.

____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

22
EXERCÍCIO 2

1) No que se refere a formatação e margens responda o seguinte:


a. Quais os tipos de fonte recomendados para digitação do trabalho?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

b. Qual o tamanho da fonte a ser utilizado no texto?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

c. Qual a configuração das margens?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

d. Qual o tipo de papel e a cor da tinta?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2) Em relação ao espacejamento, paginação e siglas responda o seguinte:


a. Na digitação do texto do trabalho, que situações devem ser utilizados o espaço
duplo e o espaço simples?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

b. Como devem aparecer no texto os títulos das diferentes seções e subseções de


um trabalho?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

c. Os elementos pré-textuais são contados para efeito de paginação? Quando deve


ser iniciada colocação de páginas em um trabalho monográfico?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

d. No caso de precisar usar siglas, qual o procedimento recomendado para sua


inserção no texto do trabalho?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

e. Como devem aparecer no texto de um trabalho as equações e fórmulas?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________

f. Quando devem ser colocados os títulos das ilustrações e das tabelas constantes
de um trabalho monográfico?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

23
EXERCÍCIO 3

1) Estabeleça a diferença entre citação direta e indireta


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2) No caso de citações diretas, como devem aparecer, no texto, as citações curtas e as


citações longas?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3) De que forma devem ser feitas as supressões ou acréscimos em uma citação constante do
texto do trabalho?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4) Quando é utilizado o apud na citação? Exemplifique.


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5) Como devem ser apresentadas as notas de rodapé em um trabalho monográfico?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6) No sistema autor-data exemplifique como devem ser apresentadas as chamadas e


citações nas seguintes situações:
a. no texto do trabalho;
b. ao final da citação.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

24
1.2 COMO PESQUISAR NA INTERNET
1.2.1 Introdução
A Internet se configura atualmente como o maior repositório de informação do mundo,
recebendo entre 10-20 milhões de novos documentos diariamente.

A expansão da rede e a difusão das tecnologias digitais facilitaram muito o trabalho de


indexação e de busca de documentos. Apesar das resistências culturais, a maior parte dos
documentos são hoje produzidos digitalmente, fazendo dos suportes digitais o padrão de
arquivamento de dados, sejam eles em forma de vídeo, áudio ou texto.

O que torna mais interessante o uso das tecnologias digitais é o acesso instantâneo a
grandes volumes de informação. A forma com que se pode chegar a uma palavra ou frase é
incomparável com as abas dos livros ou os índices remissivos. É possível captar idéias
específicas em meio a um oceano de informação, muito além daquilo que está incluído no
índice convencional dos livros e revistas. Os mecanismos de busca em documentos digitais
também permitem indexar e localizar informações que não foram consideradas relevantes no
momento da classificação ou arquivamento.

1.2.2 Conceitos básicos


Descrevemos abaixo como funciona o sistema de localização de documentos na web.
Se você já tem um conhecimento básico sobre isso, vá direto ao item seguinte.

O lugar onde está armazenada a informação que você acessa na web, chama-se URL
(Uniform Resource Locator). É o endereço que aparece no box do alto de seu navegador. As
letras "http://" significam documento hipertexto, que é como são designados os documentos
usados na Internet. WWW significa World Wide Web ou "rede de alcance mundial". Não é
necessário digitar "http://" se o endereço começar por "www". Vale dizer que, por questões
técnicas, em alguns servidores não é necessário digitar “www" depois do “http://”.

O nome que segue o "www." é chamado de domínio. Exemplo "unesco.org". Portanto,


"http://www.unesco.org" é exemplo de URL. A extensão do domínio significa, em geral, o tipo
ou fim da organização, empresa ou indivíduo que o utiliza, conforme abaixo:

• org: organização não-governamental


• gov: governamental
• mil: militar
• com: comercial
• edu: educação
• tur: turismo
• tv: televisão

A extensão pode também indicar a localização geográfica (país) da organização, ex:


"com.br" (Brasil), "org.ar" (Argentina), "uk" (United Kingdom), "de" (Deutschland /Alemanha),
etc.

1.2.3 Estratégias de pesquisa


Considerando que o usuário dispõe de conhecimentos básicos para navegar, para
realizar uma busca com bons resultados na rede é preciso:

a) ter em mente quais são as palavras-chaves e sua melhor combinação para encontrar
os resultados mais relevantes com respeito ao objeto pesquisado;

b) conhecer o funcionamento dos mecanismos de busca, suas ferramentas avançadas e


as opções que facilitam, otimizam e focalizam a busca nas bases de dados.

25
As pesquisas na web podem ser feitas principalmente de duas formas: através dos
próprios sites que hospedam os documentos procurados, ou através dos index dos sites de
busca.

1.2.4 Otimização das buscas em web sites


Um resultado satisfatório nas bases de dados depende da seleção criteriosa dos
descritores que serão utilizados. Descritores são palavras-chave que ajudam na indexação dos
dados na internet e identificam os textos.

Selecione os descritores cuidadosamente de acordo com o tema escolhido.

Estes não precisam estar necessariamente contidos no problema de pesquisa, ou seja,


na questão específica que pretende investigar, mas devem ser referentes ao tema geral do
trabalho. Por exemplo, para o problema de pesquisa "Há diferenças entre os motivos que
levam homens e mulheres à infidelidade?" Os descritores podem ser além das palavras-chaves
contidas no problema de pesquisa - neste caso "infidelidade" - também: "fidelidade",
"relacionamento amoroso", "relacionamento extraconjugal", "traição", "fiel", "infiel".

Os engenhos de busca Google, AltaVista, Infoseek, Excite e Yahoo! possibilitam a


especificação de frases e nomes próprios com o uso de aspas.

Use somente substantivos e adjetivos e, preferencialmente, use palavras no singular.


Não use preposições, conjunções ou artigos.

Se necessário, use sinônimos. Por exemplo, ao tratar da gravidez na adolescência, não


utilize apenas os descritores "gravidez" e "adolescência", mas também outros como "gestação"
e "jovem".
Para melhorar a qualidade do resultado da pesquisa, contribuindo para o
1
direcionamento da busca, devem ser usados os operadores boleanos , ou seja, as expressões
AND, OR, NOT, NOR (NOT+OR).

Uso de operadores boleanos

• AND - Para localizar mais de um termo na mesma referência. Ex: adolescência


AND emprego;
• NOT - Para excluir um termo comum de ser encontrado com a palavra-chave
usada; Ex: idoso NOT aposentadoria.
• NOR - Para excluir mais termos comuns de serem encontrados com a palavra-
chave usada; Ex: idoso AND emprego NOT aposentadoria NOR saúde.

1.3 POWER POINT


1.3.1 Introdução
O Power Point é um editor para criação e apresentação de slides, composto por uma
série de apresentações interativas, elementos como gráficos, figuras e animações de textos.

Antigamente, professores, gerentes, oradores ou qualquer pessoa que precisasse fazer


uma boa apresentação, utilizava o antigo retroprojetor.

O Power Point revolucionou estes tipos de apresentações, pois ele permite que
palavras e imagens ganhem movimentos e sons, deixando a apresentação muito mais
interessante. Para isto basta criar na tela a imagem que você deseja que seja mostrada,
colocar em movimento e som e então utilizar um datashom (ou canhão) que é ligado ao
computador, e a imagem que se vê na tela do computador também é vista no telão.

26
Com o Power Point é possível fazer:

a) Apresentações - Conjunto de slides, folhetos, anotações do apresentador e estruturas


de tópicos, agrupados em um arquivo

b) Slides - Páginas individuais da apresentação que podem ter títulos, textos, elementos
gráficos, clipart (desenhos) e muito mais

c) Folhetos - Utilizados para dar suporte à apresentação, são, normalmente, distribuídos


ao público. Os folhetos consistem em pequenas versões impressas dos slides

d) Anotações do apresentador - Destinado ao próprio apresentador para o momento da


apresentação. Consiste em folhas com slide em tamanho reduzido e anotações

e) Estruturas de Tópicos - Representam o sumário da apresentação. Na estrutura


aparecem apenas os títulos e os textos principais de cada slide

Obs - Antes de criar uma apresentação, é recomendado o planejamento da estrutura com os


tópicos e assuntos a serem apresentados, incluindo figuras e gráficos. Desta forma evitaremos
perda de tempo em uma recriação.

1.3.2 Conceitos básicos dos elementos do Power Point

1.3.2.1 Slide
É cada página em uma apresentação. Uma apresentação pode ter tantos slides quanto
sejam necessários.

1.3.2.2 Seletor de objetos

É identificado quando o cursor do mouse assume a forma e permite mover


determinado objeto.

1.3.2.3 Seleção exata


É identificado quando o cursor do mouse assume a forma  e permite a criação de
caixas de texto e auto-formas.

1.3.2.4 Cursor da caixa de texto

É identificado quando ao clicar dentro da caixa de texto uma barra vertical do tipo |
aparece esperando pela digitação do texto.

1.3.2.5 AutoLayout
São os responsáveis pelo alinhamento e posicionamento do texto e dos objetos no
slide.

1.3.2.6 Diferença entre Novo Slide e Nova Apresentação

Caso você queira inserir um novo slide, clique sobre o botão . Não

confunda com o botão que inicia uma nova apresentação.

27
1.3.3 Janela do Power Point

1) Barra de títulos
2) Barra de menus
3) Botões de controle
4) Barras de ferramentas de formatação
5) Painel de estrutura de tópicos e slides
6) Painel de slides
7) Painel de anotações
8) Botões de modos de exibição
9) Painel de tarefas
10) Barras de rolagem
11) Barra de status

28
1.3.4 Conhecendo a lista de Layout do Power Point
Dentro da caixa de diálogo Layout do Slide encontram-se 27 estilos diferentes de
Layouts. Para verificar as demais opções, utilize a barra de rolagem. E para saber o nome de
cada Layout, basta posicionar o ponteiro do mouse em cima do respectivo Layout e clicar na
opção desejada.

Os Layouts usados com mais freqüência são:

1.3.4.1 Slide de título


Tipo de slide para edição de título e subtítulo

1.3.4.2 Título e texto


Tipo de slide que além do título, apresenta um espaço reservado para adicionar textos
com marcadores que podem ser modificados.

1.3.4.3 Título e texto em duas colunas


Além do título, nesse tipo de slide existem dois espaços representando colunas.

1.3.4.4 Título e tabela


Nesse tipo de slide é possível inserir uma tabela que contenha, no máximo, 25 linhas e
colunas.

1.3.4.5 Título e diagrama ou organograma


Nesse tipo de slide é possível criar uma estrutura hierárquica qualquer.

1.3.4.6 Título e gráfico


Esse tipo de slide permite demonstrar representações gráficas de valores numéricos
contidos em uma planilha, dentro de um sistema de coordenadas.

29
1.3.4.7 Título, texto e clip-art
Nesse tipo de slide existem dois espaços reservados, um para texto e outro para figura
(clip-art).

1.3.4.8 Título, texto e mídia


Esse tipo de slide apresenta dois espaços reservados, um para texto e outro para o
clipe de mídia (animação).

1.3.4.9 Em branco
Esse tipo de slide permite a criação livre de caixas de texto, clip-art, entre outros
objetos.

Obs – Com exceção do slide “Em branco” e “Objeto grande”, todos os outros slides possuem
um espaço reservado para o título. Os espaços reservados também podem ser excluídos e
substituídos por outros objetos, tais como: autoforma, figura, texto, entre outros.

1.3.5 Modos de visualização


Os modos de visualização serão utilizados para a visualização e criação de
apresentações. Podemos acessá-los através dos botões de modo de visualização localizados
no canto inferior esquerdo da janela.

Os modos de visualização são os seguintes:

1.3.5.1 Modo de Estrutura de Tópico

Trabalha somente com os títulos dos slides e os textos que farão parte da
apresentação. Podemos digitar, excluir e corrigir os textos como estivéssemos em um
processador de texto.

1.3.5.2 Modo de Slides

Trabalha com um slide de cada vez, é o modo mais utilizado, pois nela podemos digitar
textos, adicionar gráficos, desenhos e figuras geométricas.

1.3.5.3 Modo de Classificação de Slides

Neste modo realizamos o acabamento de nossas apresentações, podermos alterar a


ordem dos slides, excluir ou inserir novos slides e aplicar efeitos de transição (modo como os
slides são apresentados na tela) e composição (modo como os textos são apresentados na
tela).

1.3.5.4 Modo de Anotações

Este modo permite que façamos as suas anotações que nos auxiliarão no momento da
apresentação. Estas anotações poderão ser impressas e estão divididas em duas partes: a
primeira contém o slide na área superior e a outra, logo abaixo, contém o texto explicativo.

30
1.3.5.5 Modo de Apresentação de Slide

Esta é a última fase do processo de montagem de uma apresentação. Ao dar um


clique neste botão, será iniciada a apresentação a partir do slide selecionado. Podemos utilizar
o mouse ou o teclado para dar seqüência à apresentação.

1.3.6 Usando o Mouse no Modo de Apresentação de Slide


Quando se está usando o mouse para apresentação dos slides, o ponteiro desaparece.
Caso se execute algum movimento ele volta aparecer e, no canto inferior esquerdo, é
apresentado um ícone que dará acesso ao menu de ferramentas de apresentação. Ao dar um
clique sobre este ícone, ou um clique com o botão direito sobre qualquer área da tela,
encontraremos todas as opções disponíveis através de teclas e muito mais.

Para usar a caneta, basta selecioná-la no menu ou pressionar Ctrl+3; em seguida,


arraste-a sobre a tela; se desejarmos, poderemos alterar a cor da caneta através da opção
Apresentações... Configurar Apresentação... Cor da caneta, no menu de ferramentas.

1.3.7 Aplicando design e plano de fundo do slide


1.3.7.1 Design do slide

As estruturas de slides são apresentações compostas de fundos, cores e outros


elementos já prontos.

Clique no menu formatar e depois em design do slide.

Abrirá ao lado da janela o painel de tarefas design do slide, onde o usuário poderá
escolher um modelo de design, esquemas de cores ou esquemas de animação.

1 – Modelo de design

2 – Esquemas de cores

3 – Esquemas de animação

31
1.3.7.2 Plano de fundo

O usuário pode alternar a aparência do plano de fundo do slide, alterando a cor, o


padrão, a textura ou, ainda, inserir uma figura, porém é possível utilizar um tipo de plano de
fundo por slide. Este conjunto de efeitos que modificam o fundo de um slide também é
chamado de preenchimento do plano de fundo. Para acessá-lo, clique no menu formatar e
depois plano de fundo.

1.3.8 Slide mestre


O Power Point é fornecido com um tipo especial de slide chamado slide mestre. Esse
slide controla certas características de texto – como o tipo, o tamanho e a cor da fonte –
chamadas “texto mestre”, a cor de plano de fundo e determinados efeitos especiais, como
sombreamento e o estilo de marcador.

O slide mestre contém espaços reservados de texto e espaços reservados para


rodapés, como a data, a hora e o número do slide. Quando se deseja fazer uma alteração
global na aparência dos slides, não é necessário alterar cada slide individualmente. Basta fazer
a alteração uma vez no slide mestre e o Power Point atualiza automaticamente os slides
existentes e aplica as alterações a qualquer um adicionado.

Para inserir um slide mestre, abra o menu exibir e depois clique em slide mestre.

32
1.3.9 Animação e transição de slide
1.3.9.1 Personalizar animação

Os recursos de animação do Power Point controlam a forma como um objeto aparece


em um slide. Pode aparecer imediatamente ou após o slide ser exibido, aparecendo de forma
especial. Se um slide tiver mais de um objeto animado, poderá ser adicionado mais de um
efeito para cada objeto, e para cada efeito surgirá automaticamente uma ordem de animação.

Estando no modo de slide, clique no menu apresentações e depois em personalizar


animação.

Ao lado direito da janela, será aberto no painel de tarefas o esquema personalizar


animação.

33
Aonde teremos os seguintes itens:

Adicionar efeito – permite adicionar efeitos ao slide

Remover – caso deseje remover algum dos efeitos, clique sobre o número do efeito, em
seguida no botão remover

Modificar efeitos selecionados:

O botão inicio define como será o inicio da apresentação de cada objeto. Pode-se
escolher iniciar a apresentação de um objeto junto ou após o anterior, ou se preferir, apresenta
apenas quando clicar com o mouse:

• O botão direção define que direção o objeto assumirá ao ser apresentado


• O botão velocidade define se a apresentação será lenta, média, rápida, etc.
• O botão executar permite visualizar como ficará a apresentação
• O botão apresentação de slides apresenta os slides

Autovisualização:

• Ativado – indica que a opção escolhida está ativa


• Desativado – indica que a opção está inativa

1.3.9.2 Transição de slides

A transição de slides é um efeito visual de passagen de um slide para outro durante a


apresentação. Para inserir esse efeito, a apresentação deve ter, no mínimo, dois slides
prontos.

• Clique sobre o botão (modo de classificação de slides) e selecione o primeiro slide


• Clique no menu apresentações e depois em transição de slides

Ao lado direito da janela será aberto o painel de tarefas transição de slides.

Aonde teremos os seguintes itens:

Aplicar aos slides selecionados – permite escolher que efeito será aplicado na passagem de
um slide para outro. Para isto, basta usar a barra de rolagem.

34
Modificar a transição:

• O botão velocidade define se a transição de um slide para outro será lenta, média ou
rápida
• O botão som define qual efeito de áudio irá acompanhar a transição

Avançar slides – define se a apresentação vai esperar que o usuário dê um clique antes de
exibir slide ou se simplesmente vai aguardar até um tempo definido em segundos ou minutos

Aplicar a todos os slides – tem a função de aplicar os efeitos em todos os slides da


apresentação

Executar – permite visualizar como ficará a transição de cada slide quando for apresentado

Apresentação de slides – apresenta os slides

EXERCÍCIO

1. Criar uma pasta em meus documentos com o nome “power”. Fazer uma apresentação com
3 slides, apenas com fundo:
a. Usando o esquema de cor que desejar. Salvar na pasta power com o nome “power
01”.
b. Usando o efeito de preenchimento que desejar. Salvar na pasta power com o nome
“power 02”.
c. Usando o modelo de design que desejar. Salvar na pasta power com o nome
“power 03”.

2. Usando qualquer texto, inclusive letra de música, poesia, formatar as frases escolhendo
fonte, tamanho e cor, conforme desejar.
a. No arquivo power 01, inserir uma frase em cada slide. Salve o arquivo.
b. No arquivo power 02, inserir duas frases diferentes em cada slide. Salve o arquivo.
c. No arquivo power 03, inserir outras duas frases também diferentes em cada slide.
Salve o arquivo.

3. Colocar um efeito de animação, a seu gosto, nas frases.


a. No arquivo power 01, insira uma animação para iniciar após o anterior e o intervalo
de tempo que desejar. Salve o arquivo.
b. No arquivo power 02, insira uma animação para iniciar ao clicar. Salve o arquivo.
c. No arquivo power 03, insira uma animação que desejar. Salve o arquivo.

4. Nos arquivos:
a. Power 01, inserir em cada slide um arquivo de imagem e animá-lo com efeitos
diferentes. Salve o arquivo.
b. Power 02, inserir em cada slide um clipart e animá-los com efeitos diferentes.
Salve o arquivo.
c. Power 03, inserir em cada slide um arquivo de imagem e um clipart, e animá-los
com efeitos diferentes. Salve o arquivo.

5. Em cada slide, inserir uma autoforma nos arquivos:


a. Power 01 e animá-los. Salve o arquivo.
b. Power 02 e animá-los com efeitos diferentes do anterior. Salve o arquivo.
c. Power 03 e animá-los com efeitos diferentes dos anteriores. Salve o arquivo.

6. Nos próximos três exercícios, deve-se escolher em avançar slide a opção automaticamente
após nos arquivos:
a. Power 01, aplicar um efeito de transição em todos os slides. Salve o arquivo.
b. Power 02, aplicar um efeito de transição diferente do anterior em todos os slides.
Salve o arquivo.
c. Power 03, aplicar um efeito de transição diferente dos anteriores em todos os
slides. Salve o arquivo.

35
1.4 PLANILHAS ELETRÔNICAS - NOÇÕES BÁSICAS
1.4.1 Introdução
Uma planilha é simplesmente um conjunto de linhas e colunas, e cada junção de uma
linha com uma coluna chama-se célula, que é a unidade básica da planilha, onde ficam
armazenados os dados. Cada célula possui um endereço próprio, formado pela letra da coluna
e pelo número de linha.

Exemplo: A1 identifica a célula da coluna A com a linha 1.

Uma planilha tem como função substituir o processo manual ou mecânico de registrar
contas comerciais e cálculos, sendo mais utilizadas para formulações de projeções tabelas,
folhas de pagamento, etc.

O Excel é uma poderosa planilha eletrônica que pode ser imaginada como uma grande
folha de papel dividida em 256 colunas e 65.536 linhas nas quais podemos armazenar textos e
números. Mas a grande vantagem do Excel está no fato de que os valores e textos
armazenados nele podem ser manipulados da forma que o usuário achar melhor para o seu
propósito, através de um grande número de fórmulas disponíveis para serem usadas a
qualquer momento que se fizer necessário.

1.4.2 Janela de trabalho do Excel

A tela do Excel é composta pela barra de título, que contém o nome do programa, o
nome dos arquivos e os botões que fecham, maximizam e minimizam a janela. Logo a seguir,
estão a barra de menus, a barra de ferramentas padrão e a barra de formatação.

Abaixo da barra de fórmulas está a janela da planilha na qual criamos nossas tabelas.
Ela é composta por barras de rolagem e horizontal, além da indicação do nome de cada uma
das colunas e o número de cada uma das linhas.

Um pouco mais abaixo está a barra de status que exibe informações sobre os estado
atual do programa. A parte esquerda desta barra apresenta mensagens indicando a atividade
em curso, ou o último comando selecionado na barra de menus do Excel. Já o lado direito da
barra de status contém uma série de quadros que abrigam indicadores de teclas, como por
exemplo, Num Lock, Caps Lock e Scroll Lock , sinalizando se estão ou não ativas.

36
1.4.3 A tela do Excel
A tela do Excel apresenta os seguintes componentes:

Toda pasta inicia com três planilhas, mas pode-se acrescentar excluir, mover.

Para isto, clique com o botão direito sobre uma planilha e escolha a opção desejada.
Para inserir nova pasta: Arquivo – Novo – Pasta de trabalho

1.4.4 Célula
A planilha eletrônica é um conjunto de colunas e linhas, cuja intersecção denominou-se
de células. Cada célula possui um endereço único ou referência.

Por exemplo, a referência da célula da coluna A com a linha 1 é A1.

Cada célula tem o seu endereço particular que é formado pela letra da coluna mais o
número da linha que a originou. Por exemplo, a célula que se forma com o cruzamento da
coluna “A” com a linha 10 é reconhecida pelo endereço “A10”.

Para a movimentação do ponteiro, há duas alternativas: ou usa-se o mouse, ou usa-se


o teclado.

• Com o mouse é possível rolar o texto horizontal ou verticalmente movendo-se os


ponteiros das barras de rolagem e clicando diretamente sobre a célula desejada.

• Com o teclado podemos usar as seguintes teclas:

37
Tecla Movimentação
Seta para baixo Uma célula abaixo
Seta para cima Uma célula acima
Seta para direita Uma célula à direita
Seta para esquerda Uma célula à esquerda
Home Célula na coluna A da linha atual
Ctrl + Home Primeira célula da planilha (A1)
PgUp Uma tela acima na mesma coluna
PgDn Uma tela abaixo na mesma coluna
Ctrl + PgUp Uma tela à esquerda na mesma linha
Ctrl + PgDn Uma tela à direta na mesma linha
Ctrl + → Primeira célula ocupada à direita na mesma linha
Ctrl + ← Primeira célula ocupada à esquerda na mesma linha
Ctrl + ↑ Primeira célula ocupara acima na mesma coluna
Ctrl + ↓ Primeira célula ocupada abaixo na mesma coluna

Para que uma célula se torne ativa, dê um clique com o botão esquerdo do mouse ou
use as teclas de direção, até que a borda da célula esteja destacada.

É muito simples inserir conteúdo em uma célula. Para isso você precisa torná-la ativa,
em seguida, basta digitar o conteúdo.

O Excel sempre classificará tudo que está sendo digitado dentro de uma célula em
quatro categorias: um número, um texto ou um título, uma fórmula, um comando.

O Excel consegue diferenciar um número de um texto, pelo primeiro caractere que está
sendo digitado. Como padrão, ele alinha um número à direita e um texto à esquerda da célula.

1.4.5 Formatação de célula


O Excel permite definir a aparência de acordo com a situação. (Menu Formatar/célula).

Para alterar a formatação das células, selecione as células, entre no menu Formatar /
célula, escolha e clique em uma das opções.

Número: Formatar/Célula/Número
Algumas formatações são reconhecidas automaticamente na digitação (datas, horários,
moedas), porém, permanecem mesmo se apagarmos seu conteúdo e digitarmos outro valor
qualquer.

Alinhamento: define a disposição do conteúdo da célula. Menu


Formatar/Célula/Alinhamento

Fonte: define a formatação da fonte na célula.

Borda: define como será aplicada a linha de contorno nas células selecionadas.

Padrões: define a cor de preenchimento das células selecionadas.

Proteção:

• travar - tem a função de evitar que a célula selecionada seja alterada, movida,
redimensionada ou excluída.

• ocultar - tem a função de ocultar uma fórmula em uma célula de maneira que
ela não apareça na barra de fórmulas quando a célula for selecionada.

38
1.4.6 Criando planilha
Os dados digitados numa planilha podem ficar mais elaborados. Para isso, basta saber
utilizar algumas ferramentas que são indispensáveis para esta transformação.

Digitar a planilha abaixo:

A seguir, formate como indicado a seguir: mesclar, centralizar, negrito, itálico, estilo
moeda, borda externa, todas as bordas.

Mesclar - Combina duas ou mais células adjacentes selecionadas para criar uma única
célula.

Estilo Moeda - Aplicam o estilo de porcentagem às células selecionadas. Para alterar


o estilo de porcentagem, use o comando Estilo do menu Formatar.

Borda - Adiciona uma borda à célula selecionada ou ao intervalo selecionado.

Classificação crescente - Classifica os itens selecionados a partir da primeira letra do


alfabeto, do menor número ou da data mais antiga usando a coluna que contém o ponto de
inserção.

Largura da Coluna e Altura da Linha - Posicione o ponteiro do mouse na moldura da


planilha (entre a linha e a coluna). Quando o ponteiro assumir o formato de uma seta de duas
pontas apontando para a direita e para a esquerda, clique e arraste. Faça o mesmo para as
colunas.

EXERCICIO

1. Considere a seguinte tabela de importação: Faça a conversão R$ = US$

Produto Valor (US$) Valor (R$)


Cranberry Sauce 1.74
Whisky Cardu 12 anos 18.89
Queijo Cheddar Maturado 5.89
Massa instantânea p/ panquecas 3.78
Custo total

39
2. Considere a fórmula de conversão de temperatura entre graus Celsius e Fahrenheit:
C/5 = (F - 32) / 9.
Construa uma tabela com as informações:

Temperatura Fahrenheit Temperatura em Celsius



10°
20°
30°
40°
50°
60°

3. Elabore a planilha com o formato especificado abaixo aplicando as funções SOMA, MÉDIA
e acrescente uma coluna com o cabeçalho RESULTADO FINAL onde você aplicará a
função SE; nessa coluna deverá aparecer o resultado APROVADO, se o aluno atingiu
média igual ou superior a 7,0 e REPROVADO caso não tenha atingido 7,0.

. HISTÓRICO DA DISCIPLINA INFORMÁTICA

ALUNO (A) PROVA 01 PROVA 02 TOTAL MÉDIA FINAL


ANTÔNIO 6,5 7,5
MARIA 7,0 8,0
CLÁUDIO 8,0 8,0
CARLOS 5,5 6,5
SABRINA 8,0 10,0

4. Resolva em Excel este exercício com a formatação abaixo:

Produto Vr. Unitário Imposto Vr. Imposto Vr. a pagar Quant. Total

Meia R$ 12,00 6,75% 2


Tênis R$ 68,00 6,75% 3
Calça R$ 48,00 6,75% 1
Sapato R$ 63,00 6,75% 3
Blusa R$ 25,00 6,75% 10
Total Geral

5. Digite a planilha abaixo, obedecendo ao endereçamento das células:

a. A fonte do título da planilha “PAUTA DE PREÇOS” deve ser Arial, tamanho 14 e


negrito.
b. A fonte das células A3, B3 e C3 devem estar em negrito e itálico.
c. Selecione o grupo de células A4: A10 e centralize o conteúdo das células.
d. Selecione o intervalo A3:C3 e centralize o conteúdo das células.
e. Certifique-se de que os valores do intervalo C4:C10 tenham duas casas decimais e
esteja alinhado a direita.
f. Centralize o título “PAUTA DE PREÇOS”.

40
1.5 GESTÃO DA QUALIDADE - TQM
A gestão da qualidade total consiste numa estratégia de administração orientada a criar
consciência de qualidade em todos os processos da empresa. O TQM (Total Quality
Management) tem sido amplamente utilizado em indústria, educação, governo e serviços.
Chama-se total porque o seu objetivo é a implicação não só da empresa inteira mais também a
organização estendida envolvendo fornecedores, distribuidores e demais parceiros de
negócios.

O TQM é composto de estágios tais como:

• planejamento
• organização
• controle
• liderança

Tanto qualidade quanto manutenção são qualificadas de total porque cada empregado
que participa é diretamente responsável pela realização dos objetivos da empresa. A fábrica
Toyota (Japão) foi a primeira a empregar o TQM. No fordismo, ao contrário do TQM, esta
responsabilidade é limitada à gerência. No TQM os funcionários possuem uma maior gama de
qualificações. Então a comunicação organizacional (em todos os níveis) torna-se uma peça
chave da estrutura da empresa.

Atualmente a gestão da qualidade está sendo uma das maiores preocupações das
empresas, sejam elas voltadas para a qualidade de produtos ou de serviços. A
conscienciatização para a qualidade e o reconhecimento de sua importância, tornou a
certificação de sistemas de gestão da qualidade indispensável para as micro e pequenas
empresas de todo o mundo.

A certificação da qualidade além de aumentar a satisfação e a confiança dos clientes,


reduzir custos internos, aumentar a produtividade, melhorar a imagem e os processos
continuamente, possibilita ainda fácil acesso a novos mercados. Esta certificação permite
avaliar as conformidades determinadas pela organização através de processos internos,
garantindo ao cliente um produto ou serviço concebido conforme padrões, procedimentos e
normas.

Entre modelos existentes de sistema da qualidade, destacam-se as normas da série


ISO 9000. Estas se aplicam a qualquer negócio, independentemente do seu tipo ou dimensão.
As normas desta série possuem requisitos fundamentais para a obtenção da qualidade dos
processos empresariais. A verificação dos mesmos através de auditorias externas garante a
continuidade e a melhoria do sistema de gestão da qualidade.

Os requisitos exigidos pela norma ISO 9000 auxiliam numa maior capacitação dos
colaboradores, melhoria dos processos internos, monitoramento do ambiente de trabalho,
verificação da satisfação dos clientes, colaboradores, fornecedores e entre outros pontos, que
proporcionam maior organização e produtividade que podem ser identificados facilmente pelos
clientes.

As pessoas e as empresas que buscam qualidade devem criar uma mentalidade


positiva de mudança. Qualquer melhoria, pequena ou grande é bem-vinda. Toda inovação
deve ser conhecida, testada e se possível aplicada.

Uma organização que se propõe a implementar uma política de gestão voltada para a
"qualidade" tem consciência de que a sua trajetória deve ser reavaliada. As mesmas precisam
pôr em prática atividades que visam estabelecer e manter um ambiente no qual as pessoas,
trabalhando em equipe, consigam um desempenho eficaz na busca das metas e missões da
organização.

41
1.6 FUNDAMENTOS DE DIFERENTES PROGRAMAS
APLICADOS NA INDÚSTRIA (5S, ISO 9000, ISO 14000)
1.6.1 Definição da ISO
A ISO, cuja sigla significa International Organization for Standardization, é uma
entidade não governamental criada em 1947 com sede em Genebra - Suíça. O seu objetivo é
promover, no mundo, o desenvolvimento da normalização e atividades relacionadas com a
intenção de facilitar o intercâmbio internacional de bens e de serviços e para desenvolver a
cooperação nas esferas intelectuais, científicas, tecnológicas e de atividade econômica.

O comitê técnico responsável pelas normas da série NBR-ISO 9000 é o CB 25, da


Associação Brasileira de Normas técnicas - (ABNT).

As normas ISO não são de caráter imutável. Elas devem ser revistas e revisadas ao
menos uma vez a cada cinco anos. No caso específico das normas da série 9000, inicialmente
publicadas em 1987, a última revisão ocorreu em 1994.

As normas ISO 9000 podem ser utilizadas por qualquer tipo de empresa, seja ela
grande ou pequena, de caráter industrial, prestadora de serviços ou mesmo uma entidade
governamental.

Deve ser enfatizado, entretanto, que as normas ISO série 9000 são normas que dizem
respeito apenas ao sistema de gestão da qualidade de uma empresa, e não às especificações
dos produtos fabricados por esta empresa. Ou seja, o fato de um produto ser fabricado por um
processo certificado segundo as normas ISO 9000 não significa que este produto terá maior ou
menor qualidade que um outro similar. Significa apenas que todos os produtos fabricados
segundo este processo apresentarão as mesmas características e o mesmo padrão de
qualidade.

As normas individuais da série ISO 9000 podem ser divididas em dois tipos:

• Diretrizes para seleção e uso das normas (ISO 9000) e para a implementação de um
sistema de gestão de qualidade (ISO 9004). Esta última usa frases do tipo: “O sistema
de qualidade deve...”.

• Normas contratuais (ISO 9001, ISO 9002, ISO 9003). Chamadas assim por se
tratarem de modelos para contratos entre fornecedor (que é a empresa em questão) e
cliente. Utilizam frases do tipo: “O fornecedor deve...”.

É importante salientar que as empresas só podem ser certificadas em relação às


normas contratuais, ou seja, ISO 9001, ISO 9002 e ISO 9003. Segue uma breve descrição de
cada uma das normas contratuais:

• ISO 9001: esta norma é um modelo de garantia da qualidade que engloba as áreas de
projeto/desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica.

• ISO 9002: esta norma é um modelo de garantia da qualidade que engloba a produção
e a instalação.

• ISO 9003: esta norma é um modelo de garantia da qualidade em inspeção e ensaios


finais.

Pode-se dizer que a ISO série 9000 é um modelo de três camadas em que a ISO 9001
engloba a ISO 9002 que, por sua vez, engloba a ISO 9003.

A decisão sobre qual das normas contratuais da série ISO 9000 utilizar depende da
finalidade das atividades da indústria em questão. A ISO 9002 é a mais apropriada para a
maioria das fábricas baseadas em processos de manufatura bem estabelecidos. A ISO 9001

42
por sua vez é mais apropriada para processos que envolvem atividades de pesquisa e
desenvolvimento. A ISO 9003 engloba somente a inspeção e ensaios finais e, por isso, tem um
valor limitado. Na prática esta norma não é mais utilizada.

1.6.2 Como se cadastrar?


A empresa tem que organizar e preparar uma série de documentos e procedimentos
escritos associados à implementação do seu sistema da qualidade, que integrarão um dossiê
final que se destina a ser apreciado por um dos organismos acreditados pelo IPQ para certificar
Sistemas de Garantia da Qualidade.

Deve conhecer as Normas ISO 9000, tomar a decisão, conseguir apoio de consultoria,
junto da respectiva associação empresarial, fazer formação de quadros e de todo o pessoal,
definir um cronograma, organizar o seu Manual da Qualidade e pedir auditoria a um organismo
de certificação credível. A certificação de empresas não é obrigatória - a decisão de certificar
uma empresa é facultativa, devendo ser tomada pelo seu responsável máximo.

1.6.3 Vantagens da certificação


Várias são as vantagens de se implementar um sistema da gestão de qualidade
baseado nas normas ISO 9000. Entre elas podemos destacar:

• aumento da credibilidade da empresa frente ao mercado consumidor


• aumentar a competitividade do produto ou serviço no mercado
• evitar e prevenir a ocorrência de deficiências
• evitar riscos comerciais, tais como reivindicações de garantia e responsabilidades pelo
produto

1.6.4 As auditorias
Os sistemas de gestão da qualidade propostos (baseados nas normas da ISO série
9000) são avaliados por auditorias. As características destas auditorias são:

• autorizadas pela administração superior


• avaliações de práticas reais, evidentes, comparadas com requisitos estabelecidos
• têm métodos e objetivos específicos
• são programadas com antecedência
• são realizadas com prévio conhecimento e na presença das pessoas cujo trabalho será
auditado
• realizadas por pessoal experiente, treinado e independente da área auditada
• resultados e recomendações são examinados e, em seguida, acompanhados para
verificar o cumprimento das ações corretivas
• não têm ação punitiva, mas corretiva e de aprimoramento

As auditorias podem ser classificadas quanto ao tipo, à finalidade e à empresa


auditada.

Quanto ao tipo temos:

• auditoria de adequação - é uma auditoria para avaliar a documentação do sistema


implantado, comparando-o com os padrões especificados pelas normas ISO.

• auditoria de conformidade - neste tipo de auditoria o auditor deve procurar a


evidência de que o auditado está trabalhando de acordo com as instruções
documentadas.

43
1.6.5 Os benefícios da ISO 9000
Alguns dos benefícios trazidos para uma empresa certificada com relação às normas
da série ISO 9000 são:

• abertura de novos mercados.


• maior conformidade e atendimento às exigências dos clientes.
• menores custos de avaliação e controle.
• melhor uso de recursos existentes.
• aumento da lucratividade.
• maior integração entre os setores da empresa.
• melhores condições para acompanhar e controlar os processos.
• diminuição dos custos de remanufatura.

1.6.6 ISO 14000

• 1991: A ISO deu origem ao Grupo Estratégico de Consultoria em Meio-Ambiente


(SAGE - Strategic Advisory Group on Enviroment) para discutir a necessidade do
estabelecimento de uma norma internacional
• A British Standard Internacional (BSI) sugeriu à ISO, que a norma existente BS7750-
1992 fosse adotada como norma internacional.
• Fins de 1992: SAGE recomendou que fosse criado o Comitê Técnico (Technical
Committee TC207) para discutir e estabelecer uma norma internacional
• Resultado: formação do "Technical Committee" TC 207 e o início do desenvolvimento
da série ISO 14.000. Membros: 61 países participantes, 15 países observadores e
42 “Liaison Organisations”.

1.6.7 As normas da série ISO 14000 (dois grandes grupos)

• Normas e diretrizes para Nível Organizacional (Implementação de SGA, auditoria


ambiental e avaliação da performance ambiental - ISO14001).
• Normas e diretrizes para Produtos e Serviços (rotulagem ambiental, análise de ciclo de
vida e aspectos ambientais de padrões de produto).

1.6.8 Séries 14000

• ISO 14001 - Sistema de Gestão Ambiental (Especificação e diretrizes para uso).


• ISO 14004 - Sistema de Gestão Ambiental (Diretrizes Gerais sobre Princípios,
Sistemas e Técnicas de Apoio).
• IS0 14010 - Diretrizes para Auditoria Ambiental (Princípios Gerais).
• ISO 14011 - Diretrizes para Auditoria Ambiental (Procedimentos de Auditoria: Auditoria
de Sistemas de Gestão Ambiental).
• ISO 14012 - Diretrizes para Auditoria Ambiental (Critérios de Qualificação para
Auditores Ambientais).

1.6.9 ISO 14001

• Norma que estabelece uma estrutura de gerenciamento ambiental a qual permite


qualquer organização controlar os impactos ambientais de seus produtos, atividades e
serviços.
• NÃO é uma norma de critérios de performance ambiental
• NÃO é limitada a certos tipos de empresa, ou seja, qualquer tipo de organização pode
desenvolver um SGA com base na ISO 14001.
• NÃO é limitada a um tamanho particular de organização

44
1.7 PRINCIPAIS ELEMENTOS DE UM SGA
1.7.1 Comprometimento e Política

• Comprometimento e liderança da alta administração


• Avaliação ambiental inicial
• Política Ambiental

1.7.2 Planejamento

• Aspectos ambientais e avaliação dos impactos


• Regulamentos e legislação pertinentes
• Critérios internos de desempenho
• Objetivos e metas ambientais
• Programas de gestão ambiental

1.7.3 Implementação

• Responsabilidades
• Capacitação / treinamento
• Ações de apoio
• Documentação e preparação para emergências

1.7.4 Medição e Avaliação

• Monitoramento
• Manutenção de registros
• Auditoria

1.7.5 Análise crítica e melhorias

• Análise crítica do SGA


• Melhoria contínua

ATIVIDADES

1. Pesquise sobre o Sistema de Gestão da Qualidade e faça a sua apresentação em


PowerPoint.

2. Responda os questionamentos abaixo, utilizando a pesquisa on line.

a) O que é um Sistema de Gestão da Qualidade?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

b) Para ter qualidade tem que ser certificado?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

c) O que é GQT?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

d) Qual o objetivo de implantar Gestão da Qualidade Total?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

45
e) Como se implanta Gestão da Qualidade Total?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

f) O que são as ferramentas da qualidade?


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

g) Comente sobre as ferramentas: PDCA, Brainstorming, 5W2H, Diagrama de Causa e efeito,


FMEA, Diagrama de Pareto, Fluxograma.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

1.8 PROGRAMA 5S
1.8.1 O que é 5S?
Pode-se criar um ambiente de qualidade em torno de si, usando as mãos para agir, a
cabeça para pensar e o coração para sentir, por meio do programa 5S. É só colocar em ação os
CINCO SENSOS que estão dentro de cada um de nós: Seiri, Seiton, Seisou, Seiktsu e
Shitsuke.

1.8.2 Vantagens do 5S

• Trabalha com segurança


• Mantém bons hábitos para a saúde
• Busca limpeza e organização
• Combate os desperdícios
• Tem espírito de equipe
• Aceita os desafios
• É responsável

1.8.3 Os 5 Sensos da Qualidade

• O 5S constitui-se em um conjunto de conceitos simples que, ao serem praticados, são


capazes de modificar o seu humor, o ambiente de trabalho, a maneira de conduzir suas
atividades e as suas atitudes.
• O termo 5S é derivado de cinco palavras japonesas iniciadas com a letra S.
• A melhor forma encontrada para expressar a abrangência e profundidade dessas
palavras foi acrescentar o termo "Senso de" antes de cada palavra em português.
Assim, o termo original 5S foi mantido, mesmo na língua portuguesa.
• O termo “Senso de” significa "exercitar a capacidade de apreciar, julgar e entender".
• Significa ainda a “aplicação correta da razão para julgar ou raciocinar em cada caso
particular”.

1.8.3.1 Seiri

• Utilização
• Arrumação
• Organização
• Seleção

46
“Guardar" é um instinto natural das pessoas. Portanto, o Senso de Utilização pressupõe
que além de identificar os excessos e/ou desperdícios, estejamos preocupados em identificar “o
porquê”, para que medidas preventivas possam ser adotadas para evitar que voltem a ocorrer.

Como Praticar o SEIRI

EMPRESA
É identificar materiais, equipamentos, ferramentas, utensílios, informações e
dados necessários e desnecessários, descartando ou dando a devida destinação
àquilo considerado desnecessário ao exercício das atividades.

Basta verificar aquele espaço da casa onde colocamos tudo que não serve: os

CASA
brinquedos quebrados que não usamos mais, a roupa velha que guardamos, as
revistas e jornais que jamais serão lidos novamente, dentre outros exemplos que você
já deve estar imaginando.

Utilização é preservar consigo apenas os sentimentos valiosos como amor,

NA VIDA
amizade, sinceridade, companheirismo, compreensão, descartando aqueles
sentimentos negativos e criando atitudes positivas para fortalecer e ampliar a
convivência, apenas com sentimentos valiosos.

1.8.3.2 Seiton

• Ordenação
• Sistematização
• Classificação

Significa "cada coisa no seu devido lugar". É definir locais apropriados e critérios para
estocar, guardar ou dispor TUDO de modo a facilitar o uso, manuseio, a procura, a localização e
a guarda de qualquer item.

Como Praticar o SEITON

EMPRESA
Na definição dos locais apropriados, adota-se como critério a facilidade para
estocagem, identificação, manuseio, reposição, retorno ao local de origem após uso,
consumo dos itens mais velhos primeiro.

Não é incomum para você as cenas de correria pela manhã à procura da


CASA

agenda, dos crachás, dos cadernos, das chaves, do uniforme. E na hora de declarar
o imposto de renda? E as idas e vindas ao mercado? Cada hora falta alguma coisa
para comprar.

É distribuir adequadamente o seu tempo dedicado ao trabalho, ao lazer, à


NA VIDA

família, aos amigos. É ainda não misturar suas preferências profissionais com as
pessoais, ter postura coerente, serenidade nas suas decisões, valorizar e elogiar os
atos bons, incentivar as pessoas e não somente criticá-las.

47
1.8.3.3 Seisou

• Limpeza
• Zelo

Ter Senso de Limpeza é eliminar a sujeira e sua fonte ou objetos estranhos para manter
limpo o ambiente.

O mais importante neste conceito não é o ato de limpar, mas o ato de “não sujar”. Isto
significa que além de limpar é preciso identificar a fonte de sujeira e as respectivas causas.

Como Praticar o SEISOU

EMPRESA
É eliminar a sujeira ou objetos estranhos para manter limpo o ambiente (parede,
armários, o teto, gaveta, estante, piso), bem como manter dados e informações
atualizados para garantir a correta tomada de decisões.

EM CASA
Também é eliminar a sujeira ou objetos estranhos para manter limpo o ambiente
(parede, armários, o teto, gaveta, estante, piso), usar roupas, lençóis, lingerie, limpos e
passados, manter lixeiras, quintal e banheiro sempre limpos.

NA VIDA
É procurar ser honesto ao se expressar, ser transparente, cordial, prestativo, sem
segundas intenções, com os amigos, com a família, com os subordinados, com os
vizinhos, etc.

1.8.3.4 Seiketsu

• Asseio • Saúde
• Higiene

Significa criar condições favoráveis à saúde física e mental, garantir ambiente não
agressivo e livre de agentes poluentes, manter boas condições sanitárias nas áreas comuns,
zelar pela higiene pessoal e cuidar para que as informações e comunicados sejam claros, de
fácil leitura e compreensão.

Como Praticar o SEIKETSU


EMPRESA

Manter boas condições sanitárias nas áreas comuns (lavatórios, banheiros,


cozinha, restaurante, etc.), zelar pela higiene pessoal usar EPI e cuidar para que as
informações e comunicados sejam claros, de fácil leitura e compreensão.
EM CASA

Cuidar do asseio de banheiro, cozinha, higienizar alimentos, vacinação em dias,


usar tapetes, cortinas, capas de proteção, escovar os dentes, manter limpos, cabelos,
barba, unhas, roupas e calçados.
NA VIDA

Ter comportamento ético, promover um ambiente saudável nas relações


interpessoais, sejam sociais, familiares ou profissionais, cultivando um clima de respeito
mútuo nas diversas relações.

48
1.8.3.5 Shitsuke

• Autodisciplina • Compromisso
• Educação

É desenvolver hábito de observar e seguir normas, regras, procedimentos, atender


especificações, sejam escritas ou informais. Este hábito é resultado do exercício da força
mental, moral e física. Não se trata de uma obediência cega, submissa, “Atitude de Cordeiro". É
a demonstração de respeito a si próprio e aos outros.

Como Praticar o SHITSUKE

EMPRESA EM CASA
Seguir os procedimentos, regras e normas da empresa, bem como a cultura,
buscando contribuir sempre para melhoria do ambiente de trabalho com sugestões e
instruindo os colegas com boas práticas.

Ensinar aos familiares o que aprenderem na empresa, praticar as técnicas que se


encaixarem em casa e se policiar para não voltar os velhos costumes.

NA VIDA
Desenvolver o autocontrole (contar sempre até dez), ter paciência, ser persistente
na busca de seus sonhos, anseios e aspirações, respeitar o espaço e a vontade alheia.

EXERCICIO

1) O que é a ISO e para que serve?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2) O que é a série ISO 9000?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3) Quando tempo vale a certificação da ISO 9000?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

4) Todas as empresas precisam ter ISO?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

5) Quem decide se a empresa pode ter o significado ISO?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

6) Quanto custa implantar a ISO e o tempo que leva?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

49
7) Quantos funcionários são envolvidos?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

8) Comente sobre três séries da ISO?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

9) O que é um sistema de gestão ambiental segundo a ISO 14000?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

10) Qual o objetivo da ISO 14000?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

11) Que vantagens oferece um sistema de gestão ambiental?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

12) Qual a diferença entre aspecto ambiental e impacto ambiental?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

13) Quais as diferenças e os benefícios entre as certificações ISO 14000 e ISO 14001?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

14) Qual a diferença entre a ISO 9000 e ISO 14000?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

15) Qual o procedimento para se obter um certificado ISO 9000 OU ISO 14000?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

16) Como surgiu o 5S?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

17) Como implantar o 5 S’s?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

18) Se o 5S é uma coisa natural, por que devemos insistir em aprender a praticá-lo?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

19) Dê o significado das 5 palavras japonesas: SEIRI, SEITON, SEISOH SEIKETSU e


SHITSUKE.
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

20) Como manter o 5S's funcionando na organização?


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

50
REFERÊNCIAS

______. NBR 6024: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro,


2003a.
______. NBR 6027: informação e documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro,
2003b.
ALGUMAS perguntas freqüentes sobre ISO 9000. Disponível em:
http://www.iso9000.com.br/basicas.htm. Acesso em: 12 de novembro de 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.
BASTOS, Lília R.; PAIXÃO, Lyra; FERNANDES, Lúcia M. Manual para elaboração de
projetos e relatórios de pesquisa, teses e documentários. 2. ed. Rio de Janeiro: 2Zahar,
1979.
GESTÃO da qualidade. Disponível em:
http://www.oficinadanet.com.br/artigo/858/gestaodaqualidade-tqm. Acesso em 23 de novembro
de 2008
GOMES, S.P; ALOIA, M. Referências bibliográficas: algumas sugestões. Boletim ABDF,
Brasília, v. 6., n. 2, p. 21-31, abr. / jun. 1983.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Normas de apresentação
tabular. 3. ed. Rio de Janeiro, 1993. 1 CD-ROM.
ISO 9000 – Conceitos. Publicado em: 12/09/2007. Disponível em:
http://www.oficinadanet.com.br/artigo/491/iso_9000_-_conceitos%20-%2055k%20-. Acesso em:
12 de novembro de 2008.
MARANHÃO. Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e
Desenvolvimento Tecnológico. Transferência da gestão integral dos Centros de
Capacitação Tecnológica do Maranhão...: relatório final. São Luís, 2005.
MORETTI FILHO, Justo. Redação de dissertação e teses. Piracicaba: FEALQ, 1982.
O MÉTODO 5S Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/reblas/procedimentos/metodo_5S.pdf.
Acesso em: 12 de novembro de 2008.
O MÉTODO 5S Disponível em: www.projetosintonia.com/textos/Slides/Os_5s.ppt. Acesso em:
12 de novembro de 2008.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA. Guia
para a redação de artigos destinados à publicação. Belo Horizonte: UFMG, 1989.
Disponível em: ‹http//www.ufmg.br›. Acesso em: 20 de abril de 2000.
SÁ, Eduardo S. et al. Manual de normalização de trabalhos técnicos... 2. ed. Petrópolis:
Vozes, 1996.
SCHIAR, Lazaro Ben Hur Pires; OLIVEIRA, João Helvio Righi de; FRANCESCHI, Alessandro
de. Integração dos sistemas de gestão da qualidade, meio ambiente, XXIV Encontro Nac.
de Eng. de Produção - Florianópolis, SC, Brasil, 03 a 05 de nov de 2004. Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep0103_1091.pdf. Acesso em: 12 de
novembro de 2008.
SISTEMAS DE GESTÃO. Disponível em: http://www.dnv.com.br/certificacao/sistemasdegestao/.
Acesso em: 12 de novembro de 2008.

51
52
CAPÍTULO 2 – QUÍMICA GERAL

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

53
2.1 INTRODUÇÃO

2.1.1 Ensinar ciência fazendo ciência


Ensinar Ciência não é uma tarefa difícil. Basta utilizar aquilo que já é natural nos
alunos: o desejo de conhecer, de agir, de dialogar, de interagir em grupo e de experimentar.
Isso significa trabalhar a metodologia científica em vez de se preocupar em repassar
conteúdos. Ensinar Ciência dessa forma passa a ser uma tarefa muito fácil e prazerosa! Os
estudantes, especialmente as crianças, são bons pesquisadores, curiosos, criativos e
trabalhadores. Ao se tornar consciente desse processo, o professor passa a desafiar os alunos
e começa também a ser estimulado pelas demandas e questionamentos propostos em aula. A
atividade científica na escola é empolgante, dinâmica, estimulante, e permite ao aluno explorar,
conhecer e transformar seu mundo. Devemos ter coragem para mudar e tomar iniciativas.

O rápido crescimento da Ciência ocorrido nos últimos 100 anos foi acompanhado por
uma educação formal focada cada vez mais na memorização de fatos. É necessário romper
com este método e familiarizar o estudante com a prática da Ciência, destacando o prazer e a
utilidade da descoberta, formando cidadãos capazes de responder às necessidades do mundo
atual. Para tanto, devem-se abandonar as aulas baseadas na simples memorização de nomes,
informações e conceitos, vinculando-as aos conhecimentos e conceitos do dia-a-dia dos
alunos. É dessa forma, interagindo com o mundo cotidiano, que os alunos encontram
motivação para o aprendizado – fator essencial para o sucesso escolar – e desenvolvem seus
primeiros conhecimentos científicos.

A metodologia de pesquisa se baseia na curiosidade e na exploração ativa. Construir e


oferecer respostas sim, mas, sobretudo gerar a indagação e o interesse pela Ciência, vista
como fonte de prazer, de transformação da qualidade de vida e das relações entre os homens.
Estimular a pesquisa científica na escola facilita a vida do professor e cria condições efetivas
para um bom aprendizado. Basta propiciar situações, tanto coletivas como individuais, para
observações, questionamentos, formulação de hipóteses, experimentação, análise e registro e
também estabelecer um processo de troca professor-classe que gera novas indagações. Deixe
que os alunos saiam com uma interrogação maior do que a de quando entraram. Não é a falta
de recursos, de um laboratório ou de qualquer outra infra-estrutura física que impede o
desenvolvimento de um programa de iniciação científica na escola.

A idéia de que para fazer Ciência é preciso ser gênio é um mito que só atrapalha o
ensino. Há muita mistificação da Ciência e do cientista, tanto na escola como na sociedade.
Temas e práticas descontextualizadas e muito distantes da realidade, do dia-a-dia dos alunos,
não contribuem para que eles tomem consciência da presença da Ciência e da tecnologia na
atualidade, de como elas são produzidas e afetam a nossa sociedade. Isso contribui, apenas,
para a reprodução de uma concepção totalmente equivocada da Ciência e do cientista.

A opção de ensinar Ciência fazendo Ciência torna-se uma solução para a


aprendizagem. É o desejo de mudar a prática pedagógica, é esse amadurecimento e esse
refletir constante que garantirão mudanças efetivas na prática pedagógica do ensino de Ciência
do país. Nessa perspectiva, devemos começar valorizando e identificando o conhecimento que
o aluno detém sobre o que se pretende ensinar. Assim se estabelece o debate sobre as
relações entre o conhecimento popular e o conhecimento científico, reforçando a interação da
escola com as famílias e a comunidade, enfatizando temas atuais, objetos de debate na
sociedade e estabelecendo relações entre conhecimento científico e exercício da cidadania.
Isso é reconhecer que a construção do conhecimento é um empreendimento laborioso e que
envolve diferentes pessoas e instituições, às quais se devem dar o devido crédito. Dessa
forma, é possível relacionar o conhecimento construído com aquele historicamente acumulado,
reconhecendo que a descoberta tem um ou mais autores e um contexto histórico, social e
cultural.

54
2.1.2 A ciência química
O termo Química sempre assusta a maioria das pessoas, não pela sua complexidade,
mas sim, pelo emprego errado da palavra Química e algumas vezes, pela falta de
conhecimento do assunto.

A palavra Química é, algumas vezes, empregada para fazer referências a coisas ruins,
mas não é bem assim. As pessoas acreditam que a Química está em produtos perigosos,
tóxicos, venenosos e em drogas. Isso é verdade, pois ela está nestes compostos também. No
entanto, não é somente aí que ela se encontra.

É possível encontrar química em produtos e objetos corriqueiros do nosso dia-a-dia:


uma folha de papel em branco; uma maçã; um pouco de água para consumo humano; uma
escova de dente; um creme dental; um bife bem frito; um copo suco artificial; uma blusa de
tecido sintético; o ar atmosférico; etc.

Muitas pessoas conhecem a Química como Ciência e sabem da sua importância para
a humanidade. É conhecido que a Química é a ciência que estuda diversos fenômenos e são
alguns desses fenômenos que possibilitaram a existência e sobrevivência de seres vivos em
nosso planeta. É também importante lembrar que a Química estuda desde uma pequena
molécula até um complexo organismo, tal como é o corpo humano.

Algumas pessoas dizem que detestam a Química, mas por que será? Será que é por
que conhece a ciência e realmente não gosta do que ela trata? Ou, será por que não conhece
o conteúdo e aí fica fácil falar que não gosta de alguma coisa que não conhece? Esta última
opção é uma boa justificativa para muitos, uma vez que a maioria das pessoas não consegue
aprender Química durante o Ensino Médio e tomam a disciplina como chata e difícil.

Os fenômenos e transformações que a Química estuda estão bastantes presentes em


nosso dia-a-dia. Um exemplo é quando o despertador toca e acordamos assustados, o que
ocorre? Acordamos, abrimos os olhos e desligamos o despertador. Mas, de onde surge a
energia para isso ocorrer? Geralmente, é necessário que pessoas ingiram uma determinada
quantidade de alimento, pois será este, que através de reações químicas, se transformará em
energia para possibilitar os movimentos, pensamentos e atitudes de uma pessoa. Outro
exemplo é, quando estamos na frente de um computador. Mas, onde a Química está? Bem, ela
está presente nos chips do computador, no plástico e no vidro do monitor, no metal dos
circuitos e gabinetes do CPU, etc. E quando não estamos fazendo nada, estamos
simplesmente sentados, de olhos fechados e pensando em nada? Como dito, seu organismo
estará trabalhando, transformando carboidratos e/ou gorduras em energia, pois sem alguns
ATP's você não consegue nem mesmo ficar sentado, ou melhor, ficar vivo. Além da tarefa de
respiração que é necessária a qualquer pessoa para se manter viva. (O gás inspirado é na
verdade, uma mistura de gases, gás oxigênio, gás carbônico, gás nitrogênio, etc).

Perceba que a Química está em quase tudo que se pense, e que ela não é um objeto
ou produto, mas sim, uma ciência que estuda transformações e fenômenos do nosso dia-a-dia,
ou que nunca pensamos existirem.

A Química como ciência tem grande responsabilidade sobre o mundo, como visto
anteriormente. E é a partir da sua utilização que poderão sair soluções para problemas
enfrentados por todos nós. A Química interligada com a Biologia, com a Geologia, ou com a
Física ganha cara nova e pode ser de grande ajuda para, por exemplo, o meio ambiente, que
cada vez é mais valorizado.

A partir disso, pode-se tirar uma conclusão errada sobre a Química, pois esta ciência
não pode ser tratada e vista como a mais importante, como a ciência que explica quase tudo
que vemos e não vemos. Mas, ela deve ser tratada como uma ferramenta para o entendimento
e melhoria do mundo em que vivemos, assim como deve ser feito com outras ciências.

55
2.1.3 O método científico
A ciência busca respostas e interpretações para o que ocorre na natureza, ou seja, os
fatos. A própria palavra ciência deriva do latim e significa conhecer, saber. Essa busca do
saber, do conhecer, entretanto, tem que ser feita com critério, e esse critério é o método
científico.

Comecemos pela primeira etapa: a observação. Todas as pessoas sabem fazê-la, mas,
na maioria das vezes, de forma ocasional. A observação cientifica ocorre com objetivos claros,
o que a faz dirigida, rigorosa e precisa. Ela pode ser feita simplesmente com o uso dos nossos
sentidos, mas há ocasiões em que é necessário o apoio de instrumentos, tais como
microscópio, telescópio, balança, termômetro, etc.

Precisamos ter algum conhecimento anterior para aprender a ver cientificamente.


Quase todo mundo que olha alguma coisa num microscópio, pela primeira vez, só por olhar,
apenas consegue distinguir cores e formas.

Porém, quando a pessoa sabe que tipo de material está olhando, a observação pode
ser feita com mais rigor.

Quando iniciamos uma observação, não fazemos uma simples coleta de fatos: é
necessário selecionar o que é relevante, tendo em vista o objetivo proposto. Também temos
que interpretar o que vemos, já que nem todos os dados são retirados de forma óbvia; nem
tudo é o que parece ser.

Depois que observamos um fenômeno, temos diante de nós várias indagações a


respeito dos fatos. A explicação antecipada para essas questões, na tentativa de solucioná-las,
é a hipótese. Esta é uma palavra de origem grega: hypó, que significa sob, e thésis, que
significa proposição. Ou seja, uma hipótese é uma afirmação, que pode ser verificada como
verdadeira ou falsa. É função da hipótese organizar e tentar explicar de forma provisória os
fatos estabelecidos, depois de feita a observação, mas não resulta de um procedimento
mecânico. Pode até ser fruto de uma inspiração, conhecida como insight, ou iluminação, mas
não é o mais comum quando se trata de ciência. Em geral a hipótese foi laboriosa e
racionalmente preparada.

Para formular uma hipótese, é preciso raciocinar. Há algumas maneiras de fazê-lo,


usando a indução, a dedução e a analogia.

Na indução há uma generalização de casos diferentes e particulares. Por exemplo:


uma solução ácida torna vermelho o papel de tornassol azul. Reproduzimos a observação para
várias soluções ácidas e o fato se repete. A generalização: “os ácidos tornam vermelho o papel
de tornassol azul”, feita a partir de sucessivas observações, é uma indução. Mas, atenção: o
número de observações deve ser suficientemente grande; elas precisam ser repetidas quando
há variações de condições, e as generalizações não podem entrar em conflito com leis já
estabelecidas.

Existem fatos em ciência que possuem leis universais, e a partir delas é possível prever
e explicar acontecimentos e também determinar suas conseqüências. Usar a lógica para isso é
fazer uma dedução.

Há alguns fenômenos que mantêm relações de semelhança entre si. Ao estudarmos


um fato e procedermos como se manipulássemos outro parecido, estamos desenvolvendo um
procedimento análogo.

Para controlarmos a hipótese, necessitamos da experimentação. Não mais sentir a


natureza, mas interrogá-la e forçá-la a revelar-se. Esse processo acontece em condições muito
privilegiadas: é possível repetir o experimento, mudar algumas condições, como, por exemplo,
as de tempo, aumentando-o ou diminuindo-o, sempre que necessário, manter algumas
variáveis, enquanto mudam outras, tais como alterar a temperatura sem fazer o mesmo com a
pressão.

56
Hipóteses comprovadas transformam-se em leis ou teorias. Em ambos os casos faz-se
necessária a confirmação experimental. As primeiras são tiradas de casos particulares e nem
sempre atingem rigor.

As teorias são mais abrangentes e agrupam leis especiais. Uma teoria pode partir de
um pressuposto diferente de outra sem necessariamente invalidá-la. É preciso verificar em que
condições uma teoria se estabelece.

Teorias podem ser ultrapassadas, completadas ou até limitadas por outras. Isso nos
mostra que não há o absolutamente correto e infalível na ciência. Entrar num laboratório de
posse desse conhecimento é contar com um valioso pré-requisito.

Podemos dizer que, em linhas gerais, o método científico segue as seguintes etapas:

• observação de um fato

• formulação de um problema, isto é, levantamento de alguma coisa ligada ao fato, que


precisa ser explicada

• formulação de hipóteses que expliquem o problema

• elaboração de experiências controladas que testem a hipótese

• análise dos resultados da experiência, seguida de conclusão

2.2 VIDRARIAS E EQUIPAMENTOS NO LABORATÓRIO

Imagem Nome e definição

Almofariz com pistilo - Usado na trituração e


pulverização de sólidos em pequena escala.

Balão de fundo chato - Utilizado como recipiente


para conter líquidos ou soluções, ou mesmo, fazer
reações com desprendimento de gases. Pode ser
aquecido sobre o tripé com tela de amianto.

Balão de fundo redondo - Utilizado principalmente


em sistemas de refluxo e evaporação a vácuo,
acoplado a um rota evaporador.

57
Imagem Nome e definição

Balão volumétrico - Possui volume definido e é


utilizado para o preparo de soluções com precisão
em laboratório

Becker - É de uso geral em laboratório. Serve para


fazer reações entre soluções, dissolver substâncias
sólidas, efetuar reações de precipitação e
aquecerem líquidos. Pode ser aquecido sobre a tela
de amianto.

Bureta com torneira de vidro ou teflon - Aparelho


utilizado em análises volumétricas não tão precisas.
Apresenta tubo de parede uniforme para assegurar a
tolerância estipulada com exatidão e gravação
permanente em linhas bem delineadas a fim de
facilitar a leitura de volume escoado.

Cadinho - Peça geralmente de porcelana cuja


utilidade é aquecer substâncias a seco, podendo
fundi-las, e com grande intensidade de calor (acima
de 500°C), por isto pode ser levado diretamente ao
bico de bunsen. Podem ser feitos de ferro, chumbo,
platina e porcelana.

Cápsula de porcelana - Peça de porcelana usada


para evaporar líquidos das soluções e na secagem
de substâncias. Podem ser utilizadas em estufas
desde que se respeite o limite de no máximo 500°C

58
Imagem Nome e definição

Condensador - Utilizado na destilação, tem como


finalidade condensar vapores gerados pelo
aquecimento de líquidos. Os mais comuns são os de
Liebig, como o da figura ao lado, mas há também o
de bolas e serpentina.

Dessecador - Usado para guardar substâncias em


atmosfera com baixo índice de umidade.

Erlenmeyer - Utilizado em titulações, aquecimento


de líquidos para dissolver substâncias e proceder
reações entre soluções. Seu diferencial em relação
ao béquer é que este permite agitação manual,
devido ao seu afunilamento, sem que haja risco de
perda do material agitado.

Funil de buchner - Utilizado em filtrações a vácuo.


Pode ser usado com a função de filtro em conjunto
com o Kitassato.

Funil de separação - Utilizado na separação de


líquidos não miscíveis e na extração líquido/líquido.

59
Imagem Nome e definição

Kitassato - Utilizado em conjunto com o funil de


Büchner em filtrações a vácuo.

Pipeta graduada - Utilizada para medir pequenos


volumes. Mede volumes variáveis. Não pode ser
aquecida e não apresenta precisão na medida.

Pipeta volumétrica - Usada para medir e transferir


volume de líquidos, não podendo ser aquecida, pois
possui grande precisão de medida. Mede um único
volume, o que caracteriza sua precisão.

Proveta - Serve para medir e transferir volumes


variáveis de líquidos em grandes quantidades, se
necessário. Pode ser encontrada em volumes de 25
até 1000mL. Não pode ser aquecida.

Tubo de ensaio - Empregado para fazer reações em


pequena escala, principalmente em testes de reação
em geral. Pode ser aquecido com movimentos
circulares e com cuidado, diretamente sob a chama
do bico de bunsen.

60
Imagem Nome e definição
Vidro de relógio - Peça de vidro de forma côncava,
é usada em análises e evaporações em pequena
escala, além de auxiliar na pesagem de substâncias
não voláteis e não higroscópicas. Não pode ser
aquecida diretamente.

Anel ou argola - Usado como suporte do funil na


filtração.

Balança digital - Usada para a medida de massa de


sólidos e líquidos não voláteis com precisão de até
quatro casas decimais.

Bico de bunsen - É a fonte de aquecimento mais


utilizada em laboratório. Mas contemporaneamente
tem sido substituído pelas mantas e chapas de
aquecimento. Deve-se evitar seu uso quando
utilizamos substâncias inflamáveis dentro do
recipiente que se quer aquecer.

Estante para tubo de ensaio - É usada para


suporte dos tubos de ensaio.

Garra de condensador - Usada para prender o


condensador à haste do suporte ou outras peças
como balões, erlenmeyers etc.

Pinça de madeira - Usada para prender o tubo de


ensaio durante o aquecimento.

Pinça metálica (tenaz) - Usada para manipular


objetos aquecidos.

61
Imagem Nome e definição

Pisseta ou frasco lavador - Usada para lavagens


de materiais ou recipientes através de jatos de água,
álcool ou outros solventes.

Suporte universal - Utilizado em operações como:


filtração, suporte para condensador, bureta, sistemas
de destilação, etc. Serve também para sustentar
peças em geral.

Tela de amianto - Suporte para as peças a serem


aquecidas. A função do amianto é distribuir
uniformemente o calor recebido pelo bico de bunsen.
Atualmente está sendo proibida sua comercialização,
por ser o amianto cancerígeno.

Tripé - Sustentáculo para efetuar aquecimentos de


soluções em vidrarias diversas de laboratório. É
utilizado em conjunto com a tela de amianto.

2.3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

2.3.1 Unidade de Massa Atômica (u):


É um valor relativo. Foi adotado em 1961, o isótopo do Carbono -12. Criou-se, então, o
12
padrão de unidade de massa atômica: o Carbono (6C ), dividido em 12 partes atribuindo-se a
cada parte a massa correspondente à unidade de massa atômica (u) ou (u.m.a), que foi assim
definida: Unidade de Massa Atômica1 (u) é a massa correspondente a 1/12 da massa do
12
isótopo do Carbono-12 (C ).

EXEMPLOS
1
Ex.1 - H = 1,00797 u
24
Ex.2 - Mg = 23, 9847 u
23
Ex.3 - Na = 22,9898 u.m.a.

Observa-se que os valores de massa atômica são muito próximos dos valores dos
23
respectivos números de massa. Pode-se, então, escrever: a massa de um átomo de Na = 23
u.m.a..

62
2.3.2 Massa Molecular
A massa molecular corresponde à soma das massas atômicas de todos os átomos que
formam a molécula.
EXEMPLO

A massa molecular da H2O:


M.A. (massa atômica): H = 1 u e O = 16 u
MM (massa molecular) = 2x1 + 1x16 = 18 u

2.3.3 Mol
É a unidade de quantidade de matéria existente em um sistema que corresponde a
23
6,02 x10 partículas.

EXEMPLO
23
Ex.1 - 1 mol de H20 = 6,02x10 moléculas
23
Ex.2 - 1 mol de Ag = 6,02x10 átomos
23 24
Ex.3 - 5 mol de elétrons = 5 x 6,02x10 elétrons = 3,010 x 10 elétrons

Denomina-se, também, quantidade de matéria ou número de moles ao número de


moles que há em determinada amostra de uma substância, ou seja, é o número de moles de
matéria (n).
m
n= 1
M
onde:
n = quantidade de matéria ou número de moles,
m1 = massa do soluto em gramas
M = massa molar, em g/mol.

2.3.4 Massa molar


É a massa, em gramas, de qualquer amostra de substância, cuja quantidade de
matéria seja igual a 1 mol.

Como 1 mol está relacionado ao número de Avogadro, podemos dizer então que a
23
massa molar de qualquer amostra é a massa que contém 6,02x10 partículas (átomos,
moléculas ou fórmula iônicas mínima).

Substância Fórmula Massa molecular Massa molar

Água H2O 18 u 18g

Cátion cálcio Ca 2 + 40 u 40g

Ânion carbonato CO 32− 60 u 60g

2.3.5 Volume molar do gás


O princípio de Avogadro diz que volumes iguais de quaisquer gases medidos nas
mesmas condições de pressão e temperatura contêm o mesmo número de moléculas. O
volume molar normal de um gás é de 22,4 l.

63
Relação entre massa de um gás e volume ocupado, segundo a constante de Avogadro:
23
6,02 x10 moléculas de gás, C.N.T.P.: 22,4 l

2.3.6 Mol e quantidade de matéria


É a proporção em número de moléculas com o qual as substâncias reagem formando
produtos. Os coeficientes de uma reação podem ser representados em número de moléculas
ou de mol.

EXEMPLO

Sabendo-se que a massa atômica do N = 14 e do H = 1, podemos interpretar a


formação da amônia das seguintes formas:

1N2(g) + 3H2(g) 2NH3(g)


1 molécula 3 moléculas 2 moléculas
Molecular 23 23 23
1x(6,02x10 ) 3x(6,02x10 ) 2x(6,02x10 )
Molar 1 mol 3 mol 2 mol
Massa 28 g 6g 34 g
Volume
22,4 l 3 x 22,4 l = 67,2 l 2 x 22,4 l = 44,8 l
(CNTP)

2.4 ESTEQUIOMETRIA
Está relacionada ao cálculo das quantidades de substâncias que envolvem uma reação
química. A palavra estequiometria deriva do grego STOICHEON, que significa a medida dos
elementos químicos, ou seja, as quantidades envolvidas de cada substância em uma reação
química. A estequiometria nada mais é do que a aplicação das leis ponderais e volumétricas,
uma vez que estas foram deduzidas daquelas. As substâncias participam de uma reação
química sempre em proporções definidas.

2.4.1 Tipos de fórmulas necessárias para efetuarmos os cálculos


estequiométricos
2.4.1.1 Fórmula percentual
Indica a porcentagem, em massa, de cada elemento que constitui a substância.

EXEMPLO

C = 12x1 = 12
CH 4 ⇒  ⇒ 12 + 4 = 16 → massa molecular (MM)
 H = 1x4 = 4
O carbono participa com 12 e o hidrogênio com 4, com isso, temos:

16........ .100% 16........ .100%


 
C ⇒  12........ ....X e H ⇒  4......... ...X
 X = 75%  X = 25%
 
Logo podemos representar como C75%H25%.

64
2.4.1.2 Fórmula mínima ou empírica
Indica a menor proporção, em números inteiros de mol, dos átomos dos elementos que
constituem uma substância.

• Inicialmente, deve-se calcular o número de mol de átomos de cada elemento.

• Dividir os resultados pelo menor valor encontrado.

EXEMPLO

Uma amostra de 2,4 g de carbono e 0,6 g de hidrogênio (massa atômica do C = 12 e


do H = 1)

m
Sabendo-se que: n =
M
2,4 g 0,6 g
Então temos que Carbono ⇒ n = ⇒ n = 0,2 mol e Hidrogênio ⇒ n = ⇒ n = 0,6 mol
12 g/mol 1 g/mol

Portanto, o menor valor encontrado foi 0,2 mol. Com isso os valores ficarão:

0,2 mol 0,6 mol


Carbono ⇒ ⇒ C = 1 e Hidrogênio ⇒ ⇒H=3
0,2 mol 0,2 mol

Portanto, a fórmula mínima é CH3.

1.4.1.3 Fórmula molecular

Indica o número real de átomos de cada tipo na molécula.

EXEMPLO

CH4 – A molécula do metano possui 1 átomo de carbono e 4 átomos de hidrogênio.

2.5 LEIS DAS COMBINAÇÕES QUÍMICAS


Podem ser divididas em ponderais e volumétricas.

2.5.1 Leis Ponderais


Estuda as relações que existem entre as massas dos reagentes e os produtos de uma
reação.
As três leis ponderais são a da Conservação da Massa (Lei de Lavoisier), Lei de Proust
e a Lei das Proporções Múltiplas (Lei de Dalton).

2.5.1.1 Lei de Lavoisier


Quando se tem um sistema fechado, em qualquer reação química, a massa total dos
reagentes é igual a massa total dos produtos.

A + B C + D
mA mB mC mD

mA + mB = mC + mD

65
onde:
mA = massa de A;
mB = massa de B;
mC = massa de C e,
mD = massa de D.

EXEMPLO
CaO + H2O Ca(OH)2
56 g 18 g 74 g

74 g 74 g

2.5.1.2 Lei de Proust


A quantidade de uma substância será sempre proporcional em massa na sua
composição e a proporção na qual as substâncias reagem e se formam é constante.

EXEMPLO

Ca + H2O Ca(OH)2
a
1 experiência 56 g + 18 g 74 g
a
2 experiência 280 g + 90 g 370 g

Proporção 28 : 9 : 37

2.5.1.3 Lei de Dalton


As diferentes massas de um elemento que reagem com uma massa fixa de outro
elemento estão, entre si, numa proporção de números inteiros e pequenos.

EXEMPLO

Brometo de Ferro Fe Br2 (II) e Fe Br3 (III)

56 g de Fe + 160 g de Br2 e 16 g de Brometo de Ferro (II)

56 g de Fe + 240 g de Br2 e 96 g de Brometo de Ferro (III)

Relação entre as massas de Bromo 160/240 = 2/3

2.5.1.4 Lei volumétrica de Gay-Lussac


Sob mesma pressão e temperatura, os volumes dos gases guardam entre si uma
relação de números inteiros e pequenos.

EXEMPLO

H(g) + Cl(g) HCl


a
1 experiência 3l 3l 6l
a 3 3 3
2 experiência 40 cm 40 cm 80 cm
a
3 experiência 7,5 mL 7,5 mL 15 mL

66
Pode-se observar que:

Na primeira experiência a relação é: 3:3:6 simplificando as três relações,


Na segunda experiência a relação é: 40:40:80 obteremos: 1:1:2
Na terceira experiência a relação é: 7,5:7,5:15

EXERCÍCIOS

1) Em 6,76g de piridoxina existe o seguinte número de mol de átomos: C = 0,32; H = 0,44; O


= 0,04 e N = 0,08. Determine a fórmula mínima da piridoxina.

2) Determine a fórmula mínima e molecular da vitamina C. Sabendo-se que:


C = 40,9% = 40,9 g
H = 4,55% = 4,55 g
O = 54,6% = 54,6 g
MM (massa molecular) da vitamina C = 176

3) Num certo experimento, mediram-se as massas dos reagentes e produtos, dos quais 20 g
de um reagente A reagiram com 8,5 g de um reagente B, produzindo 2,3 g de C e 26,2 g
de D. Verifique se esses resultados estão de acordo com a Lei de Lavoisier, justificando
sua resposta.

4) Sabemos que 1,2 g de carbono reagem totalmente na presença de 1,9 g de oxigênio,


produzindo 2,8 g de monóxido de carbono. O oxigênio, no entanto, está presente em
excesso.
a) Qual a massa de oxigênio que realmente reagiu?
b) Qual a massa de oxigênio em excesso?

5) Quantos gramas de hidrogênio e oxigênio existem em 405 g de água?

6) Verificamos experimentalmente que 3 volumes do gás hidrogênio reagem com 1 volume do


gás ozônio, produzindo 3 volumes de vapor de água. Em uma dada experiência, sob
temperatura e pressão constante, sabemos que a soma dos volumes dos gases reagentes
é igual a 20 l.
a) Qual o volume de cada reagente?
b) Qual o volume do produto obtido?
c) Qual é a diminuição do volume?

7) Calcular a massa de amônia produzida na reação de 140 g de gás nitrogênio com


quantidade suficiente de gás hidrogênio. (NH3 = 17 g/mol e N2 = 28 g/mol).

8) Determinar o volume de amônia, nas CNTP, produzido na reação de 140 g de gás


nitrogênio com quantidade suficiente de gás hidrogênio. (volume molar do NH3 nas CNTP =
-1
22,4 l.mol e massa molar do N2 = 28 g/mol).

67
2.6 SOLUÇÕES
A maioria das soluções preparadas em um laboratório é feita utilizando como solvente
a água, por isso devemos saber qual o comportamento das substâncias em meio aquoso.

A solução aquosa é a mistura homogênea de uma ou mais substâncias com a água e


se faz necessário, portanto, conhecer o comportamento das substâncias que estão dissolvidas
na água após a dissolução.

Ao acrescentar um composto (soluto) em uma espécie em maior proporção (solvente),


o composto será alterado de acordo com sua interação com o solvente. Desta forma, os
compostos podem ser classificados como eletrólitos e não-eletrólitos. Os eletrólitos são as
substâncias que sofrem alteração química quando dissolvidas no solvente, dissociando-se em
íons (cátions e ânions), ou seja, ionizando-se e, assim, conduzindo corrente elétrica. A maioria
dos compostos inorgânicos se enquadra nesta classificação.

EXEMPLO

NaCl(s) 2→ Na+ (aq) + Cl−(aq)


H O

Os não-eletrólitos são aqueles que não conduzem corrente elétrica após serem
solubilizados. Isto significa que eles não sofrem qualquer alteração química na dissolução. É o
caso da maioria dos compostos orgânicos, como a glicose, a manose e a glicerina, entre
outros.

EXEMPLO

C6H12O6(s) 2→ C6H12O6(aq)


H O

2.6.1 Eletrólitos fortes e fracos


Ao estudar os eletrólitos observa-se, no entanto, que a quantidade de moléculas que se
dissociam produzindo íons não é igual para todos os eletrólitos. Alguns compostos se
dissociam quase que completamente, sendo chamados de eletrólitos fortes, enquanto outros
sofrem uma dissociação parcial, sendo designados eletrólitos fracos.

EXEMPLOS DE ELETRÓLITOS FRACOS

• Ácidos: a maioria dos ácidos são eletrólitos fracos, com exceção do HCl, HBr, HI,
H2SO4, HClO4, HClO3, HBrO3 e HNO3.

• Bases: a maioria das bases são eletrólitos fracos, com exceção dos hidróxidos de
metais alcalinos e alcalinos terrosos.

EXEMPLOS DE ELETRÓLITOS FORTES

• Sais: os sais inorgânicos são, em geral, eletrólitos fortes, com exceção de haletos,
cianetos e tiocianatos de mercúrio (Hg), zinco (Zn) e cádmio (Cd).

A força dos eletrólitos em solução depende diretamente da proporção entre soluto e


solvente. Na prática observa-se que quanto maior a diluição, maior será a dissociação. A
variação de temperatura e a presença de outros íons também influenciam o grau de
dissociação do eletrólito.

68
Existem várias maneiras de expressar concentração.

a) Título ou porcentagem em massa: é a relação entre a massa de soluto e a massa de


solução.
m
T= 1
m
T = título
m1 = massa de soluto
m = massa da solução [massa do soluto (m1) + massa do solvente (m2)]

b) Densidade: é a relação entre a massa e o volume da solução

m
d=
v
d = densidade
m = massa da solução [massa do soluto (m1) + massa do solvente (m2)]
v = volume da solução
3
Obs - A densidade de uma solução é comumente expressa em g/mL ou g/cm .

c) Concentração comum (C): indica a massa de soluto presente em um determinado


volume de solução. Também é denominada concentração em gramas por litro.

m1
C=
v
C = concentração comum
m1 = massa de soluto
v = volume da solução

d) Concentração molar ou quantidade de matéria (M): é o quociente entre o número de


moles do soluto e o volume da solução (em l ).
n
M= 1
v
M = molaridade
n1 = número de mol do soluto
V = volume da solução (l )

e) Fração molar do soluto ( X1 ): é a razão entre a matéria do soluto e a quantidade de


matéria da solução.
n1
X1 =
n1 + n2
X1 = fração molar do soluto
n1 = número de mol do soluto
n2 = número de mol do solvente

f) Fração molar do solvente (X2): é a razão entre a matéria do solvente e a quantidade


de matéria da solução.
n2
X2 =
n1 + n2
X2 = fração molar do solvente
n1 = número de mol do soluto
n2 = número de mol do solvente

69
2.6.2 Preparo e padronização de soluções
Para que as análises efetuadas possam ter uma maior precisão, quando utilizamos as
soluções ácidas ou básicas preparadas, temos que padronizar essas soluções a fim de evitar
erros nas análises. A padronização tem que ser com uma solução padrão, cuja substância
deve ser quimicamente pura e com composição bem definida. Estas substâncias são
conhecidas, como PADRÃO PRIMÁRIO e devem possuir certas características:

• fácil obtenção, purificação, dessecação e conservação;


• caso possuir impurezas, estas devem ser de fácil identificação e eliminação;
• deve ser muito solúvel;
• não higroscópico;
• possuir peso molecular elevado; etc.

Existem poucos padrões primários disponíveis. Como exemplo, podemos citar: o ácido
benzóico hidrogenoftalato de potássio, carbonato de sódio, oxálato de sódio, biftalato de
potássio, entre outros. Deste modo, pode-se então usar determinadas soluções cujas
concentrações são rigorosamente conhecidas, na qual foram padronizadas a partir de um
padrão primário.

Como exemplo, pode-se padronizar o HCl e o NaOH, com concentrações conhecidas,


e estas quando padronizadas com padrão primário, serão chamadas de PADRÃO
SECUNDÁRIO.

O ácido clorídrico é padronizado com um padrão primário de Na2CO3 (carbonato de


sódio) e o hidróxido de sódio pelo C8H4O4HK (biftalato de potássio).

Para HCl:

Calcular a concentração do ácido clorídrico através da titulação por carbonato de


cálcio:

Na2CO3 = HCl

V x N = V’ x N’

valor da concentração encontrada


fc =
valor da concentração real

Então a nova fórmula é:

V x N x f = V’x N’x f’

Para NaOH:

Efetuar os mesmos cálculos feitos para o ácido clorídrico

Obs - Pode-se colocar no frasco o valor da concentração encontrada ou então corrigir a


solução através do fator de correção.

2.6.3 Fator de correção


I. Para correção do fator antes de tudo devemos identificar o tipo de erro (fc alto ou fc
baixo) para aplicação dos cálculos e procedimentos adequados.

fc alto: excesso de reagente, falta água


fc baixo: falta de reagente

70
II. Devemos conhecer todos os dados necessários para a correção:
- os valores reais dos fatores;
- os volumes restantes das soluções;
- as concentrações das soluções.

III. Exemplo de cálculos

1) Fator alto

EXEMPLO

1000 mL NaOH O,1 eg/l Vr=800 mL

a) cálculo da massa real usada no preparo da solução

fc 1 ------------ 4 g
fc 1,08----------x = 4,32 g

b) cálculo do volume ideal de solução para a quantidade de massa encontrada em (a)

m 4,32
= V.eg/l  = V.0,1  V = 1080 mL
eg 40

c) álculo da quantidade de água que deve ser adicionada ao volume restante de solução

V ideal = 1080 mL
V real = 1000 mL
V ret. = 800 mL
V ideal - V real = H2O para V real

1080 - 1000 = 80 mL de H2O para 1000 mL

1 000 mL ------------- 80 mL
8 00 mL --------------- V = 64 mL

Fórmula simples (direta) para a correção de fator alto:

VR x f alto - VR = H2O

800 x 1,08 - 800 = 64 mL

d) correção da solução

Adicionar 64 mL de água aos 800 mL de solução restante; depois titula-se novamente


com o biftalato, conforme procedimento já conhecido.

2) Fator baixo

EXEMPLO

1000 mL HCl 0,1 eg/l V rest.= 8 00 mL

a) cálculo da massa real usada no preparo da solução


fc 1 ------------ 3,65 g
fc 0,9 ------------x = 3,285 g

71
b) cálculo da massa de substância necessária para corrigir o fator.

m = 3,65 - 3,285 = 0,365 g

c) cálculo da massa necessária para o volume da solução.

1 000 mL -------------- 0,365 g


8 00 mL --------------- x = 0,292 g

d) transformando a massa em volume

1 mL HCl -------------0,4403 g HCl


V (mL) -------------- 0,292 g V = 0,66 V ≅ 0,7 mL HCl

e) correção da solução

Adiciona-se 0,66 mL de HCl concentrado aos 800 mL de solução restante; depois titula-
se novamente com o carbonato de sódio.

2.7 SOLUÇÃO TAMPÃO


Durante a análise química muitas vezes é importante para a seletividade do método
que o pH do meio não sofra alterações. Esse efeito pode ser obtido pelo uso de soluções de
base fraca e o seu sal ou de ácido fraco e seu sal, são as chamadas soluções tampão.

Nestas soluções a variação de pH é muito pequena, mesmo com a adição de ácido


forte ou base forte. Soluções de substâncias anfóteras, como os aminoácidos, também
tamponam o meio.

O pH do tampão não depende da concentração total de tampão, e sim da relação entre


a concentração de ácido e de sal (ou de base e sal). A concentração do tampão determina a
capacidade tamponante, ou seja, quanto de ácido ou base que se pode adicionar sem variar o
pH em uma unidade.

No caso de um ácido fraco HA e o sal, tem-se:

HA
+
H + A
-
Ka = [H+ ][A-]
+ - [HA]
Na Na + A

Kw [HA][OH-]
-
A + H2O HA + OH
- Kb = =
Ka [A-]
+ + - -
[H ] + [Na ] = [A ] + [OH ]
-
Cácido = [HA] + [A ]
-
Como: [HA] >> [A ]

Então:

Cácido ≈ [HA]
-
Csal = [A ] + [HA]

Então:
-
Csal ≈ [A ]

72
Considerando-se:

Cácido ≈ [HA]
-
Csal ≈ [A ]

[H+][A-]
Ka =
[HA]

[H+ ] = Ka [HA] , substituindo, tem-se:


[A-]
[H+] = Ka Cácido ( aplicando-se – log )
Csal
+
- log [H ] = - log Cácido
Ka
Csal
pH = - log Ka + ( - log Cácido )
Csal
pH = pKa – log Ca
Cs
No caso de uma base fraca BOH e o sal, tem-se:
+ -
BOH B + OH
Kb = [B+][OH-]
+ -
BCl B + Cl [BOH]

Kw [BOH][H+]
-
B + H2O BOH + H
+
Ka = =
Kb [B+]

Considerando-se:

[BOH] ≈ Cbase adicionado


+
[B ] ≈ Csal adicionado

Então teremos:

[B+ ][OH-] substituindo, tem-se:


Kb =
[BOH]
-
[OH ] = Kb Cbase / Csal ( aplicando-se – log )
-
- log [OH ] = - log Kb Cb / Cs

pOH = - log Kb - log Cb / Cs )

pOH = pKb – log Cb/Cs

73
2.8 CINÉTICA QUÍMICA
O conhecimento e o estudo da velocidade das reações se fazem necessários por
estarem relacionados ao nosso cotidiano. Quem nunca desejou que transformações, tais como,
o estrago de alimentos, a queima de velas, o descascamento de pinturas e a ferrugem da
lataria dos automóveis ocorressem um pouco mais lentamente? E quem já não desejou que a
cicatrização de feridas, o cozimento de batatas, o endurecimento do concreto, o crescimento de
plantas e a desintegração dos plásticos e outros objetos jogados no lixo ocorressem mais
rapidamente? As velocidades das reações químicas podem ser extremamente lentas ou
extremamente rápidas. Portanto, a velocidade de uma reação é a rapidez com que os
reagentes são consumidos ou a rapidez com que os produtos são formados. A velocidade de
uma reação depende não só da natureza das substâncias participantes, mas também das
condições em que elas ocorrem.

O exemplo mais simples de uma reação é quando um único reagente se transforma em


um único produto.

A B

Ao analisarmos o que ocorre durante uma reação temos:

Quantidade
A B
INICIO: t = 0 MÁXIMA ZERO
DURANTE DIMINUI AUMENTA
FINAL ZERO MÁXIMA

[ ] [ ]

GRAFICAMENTE
t t

Concluímos então que a velocidade de uma reação pode ser calculada pela diminuição
da quantidade dos reagentes ou pelo aumento da quantidade dos produtos, por unidade de
tempo.

∆[ _ ] [final] − [inicial]
Vm = ⇒ Vm = (mol / l)
∆t t final − tinivcial

Em uma reação é possível calcular sua velocidade média, bem como, para cada um
dos participantes. Temos uma reação genericamente representada, por:

aA + bB cC

Vma Vmb Vmc


Vm da reação = = =
a b c

Podemos deduzir que a velocidade média da reação é igual a velocidade média do


consumo de reagente e de formação dos produtos pelos respectivos coeficientes, em um
determinado intervalo de tempo.

A meia-vida de uma reação é definida como sendo o período de tempo necessário para
que a concentração do reagente diminua a metade do seu valor inicial. Para as reações de
primeira ordem, temos que levar em consideração a relação concentração-tempo; nestas
reações, a meia-vida é independente da concentração inicial do reagente. Mas para as reações
de segunda ordem, a meia-vida depende da concentração inicial do reagente.

74
A ordem de uma reação é a soma dos expoentes aos quais estão elevadas as
concentrações, na equação da velocidade. A ordem em relação a uma espécie é o expoente
da concentração dessa espécie na equação. Exemplificando, a reação cuja equação de
velocidade é:

d[X]
- = K[X].[Y]2
dt

Então, é dita de primeira ordem relativamente a X, de segunda ordem quanto a Y, e,


portanto, de terceira ordem global.

Alguns fatores podem influenciar numa reação química, fatores estes que podem
acelerar ou retardar a velocidade da reação.

A Superfície de contato – quanto maior a superfície de contato entre os reagentes,


maior a velocidade da reação.

Vgasoso > Vlíquido > Vsólido

Por isso recomenda-se que os alimentos sólidos devem ser mastigados várias vezes,
antes de serem ingeridos, os macrobióticos, recomendam que se mastigue um alimento cerca
de 70 à 100 vezes a cada “garfada”. Está recomendação não é por acaso, pois ao triturarmos
os alimentos na boca, aumentamos sua superfície de contato, o que torna a digestão mais
rápida.

2.8.1 Temperatura
Quem primeiro relacionou a temperatura com a velocidade das reações foi Van’t Hoff:
o
“um aumento de 10 C faz com que a velocidade de uma reação dobre”. Um alimento cozinha
mais rapidamente numa panela de pressão (a água ferve a uma temperatura maior). Para
conservarmos um alimento, colocamos em freezeres, pois diminuindo a temperatura,
estaremos diminuindo a velocidade das reações responsáveis pela decomposição. Uma
contusão de um atleta frequentemente é tratada com aplicação de gelo - o mais rápido possível
- sobre o local atingido, porque as reações que causam a inflamações ocorrem lentamente em
temperaturas menores, causando, portanto, menos danos aos tecidos. Após um ou mais dias,
costuma-se aplicar compressas quentes nas áreas afetadas, o que favorece a dispersão dos
fluídos acumulados no edema.

2.8.2 Eletricidade
Aumenta a energia de colisão entre as moléculas, portanto, aumenta a velocidade das
reações. A faísca elétrica fornece energia para que algumas moléculas possuam condições de
reagir (formação de complexo ativado).

O airbag é inflado pelo gás N2 produzido numa reação praticamente instantânea que
ocorre entre o nitreto de sódio e o óxido de ferro III.

faísca
6 NaN3 (L) + Fe2O3 3 Na2O (s) + 2 Fe (s) + 9 N2 (g)

onde a faísca é a energia de ativação

2.8.3 Catalisador
É a substância que aumenta a velocidade de uma reação,sem sofrer qualquer
transformação em sua estrutura, ou seja, sem serem consumidas. O aumento da velocidade é
conhecido como catálise.

75
A catálise pode ser:

• homogênea - quando catalisador e reagente estão no mesmo estado físico;


• heterogênea - quando catalisador e reagente estão em estados físicos diferentes.

Ainda existem, a autocatálise, quando o catalisador é um dos produtos da própria


reação; as reações iniciam-se lentamente e a medida que o catalisador vai se formando, a
velocidade da reação vai aumentando.

O nosso sistema digestivo converte os nutrientes em substâncias que podem ser


absorvidas e utilizadas pelas células. Essa transformação é feita por enzimas, que são
catalisadores biológicos. Um exemplo é a catalise, presente no sangue, que acelera a
decomposição da água oxigenada.

O catalisador acelera a reação, mas não altera o rendimento; ele produz a mesma
quantidade de produto, como também não altera o ∆H da reação.

O inibidor é uma substância, que diminui a velocidade de uma reação e é consumido


pela mesma.

2.9 EQUILIBRIO QUÍMICO


As reações químicas acontecem de forma que pelo menos um reagente seja
consumido. Um dos princípios mais importantes a respeito das reações químicas é que todas
elas são reversíveis. Isto é, existem sistemas em que as reações diretas e indiretas ocorrem
simultaneamente. Quando a velocidade da reação direta for igual a da inversa, dizemos que o
sistema atingiu o equilíbrio, ou seja, a velocidade direta é igual a velocidade indireta.

Considerando a reação:
Vd = velocidade direta
Vd
aA + bB cC + dD
Vi = velocidade indireta
Vi
A velocidade da reação entre A e B é proporcional as suas atividades:
a b
vd = K1 [A] [B]

onde k1 é a constante da velocidade da reação entre A e B.


c d
A velocidade da reação entre C e D é dada por Vi = K2 [C] [D] , onde k2 é a constante
da velocidade da reação entre C e D.

No início da reação, as concentrações efetivas de A e B são elevadas, com isso, a


velocidade direta será maior que a velocidade indireta (vd > vi). O consumo dos reagentes e a
formação dos produtos vai causando a diminuição de vd, enquanto as concentrações efetivas
de C e D aumentam, resultando no aumento gradativo de vi.

Em dado momento, vd se tornará igual a vi. Neste ponto dizemos que o sistema atingiu
o equilíbrio, e como vd = vi :
a b c d
K1 [A] [B] = K2 [C] [D]

K1 [C]c [D]d
=
K2 [A]a [B]b

76
K1
Como K1 e K2 são constantes, a relação também é constante. A nova constante é
K2
denominada de constante de equilíbrio (K ou Kc), com isso, temos:

[C]c [D]d
K =
[A]a [B]b

Vejamos um exemplo, para equilíbrios homogêneos:

[SO 2 ] 2 [O 2 ]
2SO3(g) 2SO2(g) + O2(g) K =
[SO 3 ] 2

Vejamos um exemplo, para equilíbrios heterogêneos onde um dos participantes seja


sólido: ele não é representado na expressão da constante, pois suas concentrações são
sempre constantes, como pode ser visto nas reações abaixo:

[CO 2 ]
C(s) + O2(g) CO2(g) K =
[O 2 ]

[1]
CaO(s) + CO2(g) CaCO3(s) K =
[CO 2 ]

Se após o equilíbrio ser atingido aumentarmos a concentração de um dos reagentes,


isto afetará vd de forma que a reação será deslocada no sentido de formar mais produtos e
restabelecer o equilíbrio da reação. Desta forma, se quisermos aumentar o rendimento de uma
reação poderemos fazê-lo pela adição de um dos reagentes ou pela retirada de um dos
produtos, ou vice-versa.

As reações consideradas irreversíveis são aquelas em que os reagentes não podem


ser regenerados após a obtenção dos produtos. Segundo o que estudamos aqui e, segundo a
Lei da Ação das Massas, isto só é possível se retirarmos o produto do meio reacional.

Temos como exemplo de reação irreversível a combustão:

C + O 2 → CO 2 ↑ + E

Neste exemplo se observa que os produtos são difíceis de serem mantidos: um é o gás
carbônico, que poderia ser confinado, e o outro é a grande quantidade de energia gerada na
forma de calor e luz, além de outras formas de energia. A dificuldade em manter os produtos
formados faz com que o equilíbrio não possa ser mantido, impedindo, assim, a reversão da
reação.

2.9.1 Fatores que influenciam o equilíbrio de uma reação


2.9.1.1 Concentração
Pelo princípio de Le Chatelier-Braun: “um sistema em equilíbrio ao ser perturbado,
reage de forma a contrabalançar parcialmente o efeito da variação”. Por exemplo, para a
reação:
N2O4(g) ↔ 2NO2(g)

Se for aumentada a concentração de NO2, o equilíbrio é deslocado para a esquerda,


aumentando a concentração de N2O4. Caso ocorra o oposto, e a concentração de N2O4 for
aumentada, o equilíbrio é deslocado para a direita aumentando a concentração de NO2.

77
2.9.1.2 Temperatura
Para reações endotérmicas, o aumento da temperatura favorece o equilíbrio no sentido
da formação dos produtos; para as reações exotérmicas, a diminuição da temperatura favorece
a formação de produtos. Observa-se, portanto, que variações de temperatura influenciam
diretamente na constante de equilíbrio das reações.

2.9.1.3 Pressão

Para sistemas gasosos o aumento da pressão fará o equilíbrio se deslocar no sentido


de formação de espécies que ocupem menor espaço. Isto é, se o produto da reação de duas
moléculas de gases gera uma única molécula de gás, com o aumento da pressão o equilíbrio
será deslocado para a formação do produto. Desta forma, também a diminuição da pressão
deslocará o equilíbrio para a formação do maior número de espécies.

2CO(g) + O2(g) ↔ 2CO2(g)


Aumento da pressão: → 2CO2(g)
Diminuição da pressão: 2CO(g) + O2(g) ←

Obs - Os catalisadores não interferem no equilíbrio, pois favorecem os dois sentidos da reação.
Eles funcionam no sentido de aumentar a velocidade da reação como um todo, isto é, alcança-
se o equilíbrio mais rapidamente.

2.9.2 Dissociação e produto iônico da água


A água pura sofre uma pequena dissociação. Na prática, isto pode ser visto pelo valor
de condutividade medido. Por mais que se utilize métodos de purificação da água, ainda assim
se registrará leituras de condutividade. Pode-se, então, concluir que a água também sofre
dissociação, embora em pequena quantidade.

A dissociação da água ocorre na seguinte forma:

[H+ ][OH− ]
H2O ↔ H+ + OH− ⇒ K =
[H2O]

A partir dos dados experimentais obtidos na determinação da condutância, obteve-se K


-16
= 1,82x10 a 25ºC. Considerando que 1l de água, nestas condições, tenha em massa 1000g,
e sabendo que a massa molar de H2O é 18 g/mol:

 1000 g 
 
 18 g/mol 
[H2O] =   = 55,6 mol/l
1l
Então,

1,8x10−16 x55,6 = [H+ ][OH− ]


1,01x10−14 = [H+ ][OH− ]
K w = [H+ ][OH− ]

Onde Kw é considerado o produto iônico da água. A partir deste conceito pode-se


determinar a concentração de íons hidrogênio e hidroxila em água pura.

78
+ -
Sabendo-se que, em água pura, [H ] = [OH ]:

K w = [H+ ]2

[H+ ] = 10 − 4 = 10 − 7
[H+ ] = [OH− ] = 10 −7

2.9.3 Expoente hidrogeniônico


Para evitar utilizar potências negativas de 10, uma vez que comumente se trabalha
+
com valores baixos de concentração para íons H , Sörensen (1909) introduziu o uso do
expoente hidrogeniônico, ou pH, definido na relação:

pH = −log[H+ ] ou [H+ ] = 10−pH

+ -7
Assim, para a água pura com concentração de H igual a 10 , tem-se pH igual a 7,0. A
mesma consideração pode ser feita para os íons hidroxila, de forma que temos:
pOH = −log[OH− ] ou [OH− ] = 10−pOH

Para qualquer solução aquosa pode-se considerar:

K w = [H+ ][OH− ] ≅ 10 −14


pK w = −logK w = 14
assim :
pK w = pH + pOH = 14

MEIO pH

Ácido de bateria 1,0

Suco gástrico 1,6 – 1,8

Suco de limão 2,2 – 2,4

Suco de laranja 2,6 – 4,4

Vinagre 3,0

Vinho 3,5

Água com gás 4,0

Tomate 4,3

Cerveja 4,0 – 5,0

Queijo 4,8 – 6,4

Café 5,0

Saliva humana 6,3 – 6,9

79
MEIO pH

Leite de vaca 6,6 – 6,9

Sangue humano 7,3 – 7,5

Lagrima 7,4

Clara de ovo 8,0

Água do mar 8,0

Sabonete 10

Leite de magnésia 10,5

Água de lavadeira 11

Limpador com amônia 12

Limpa forno 13 - 14

2.10 TERMOQUÍMICA
É a parte da química que estuda as quantidades de calor liberadas ou absorvidas
durante as reações químicas.

Uma das conseqüências do progresso da humanidade é o aumento no consumo de


energia, pois não imaginamos civilização moderna sem indústrias, automóveis, aviões, etc. As
grandes fontes de nossos recursos energéticos são sem duvida, as reações químicas, pois
durante sua ocorrência há perda ou ganho de energia e essas variações energéticas são
freqüentemente expressa na forma de calor. Os calores liberados ou absorvidos pelas reações
são expressos em joule(J) ou caloria (cal).

Joule(J) é o trabalho realizado pela força de 1 Newton, que ao ser aplicado a um corpo,
desloca-o na sua direção pela distância de 1m.

Caloria (cal), é a quantidade de calor necessária para elevarmos a temperatura de 1


grama de água, de 14,5 °C à 15,5 °C (1 grau).

A relação entre cal e joule é: 1J = 0,238 cal ou 1 cal = 4,18J

O calor de reação pode ser medido experimentalmente por intermédio dos


calorímetros.

A entalpia(H) é a energia global de um sistema. Mas em química, não nos


preocupamos em determinar a energia total de um corpo e sim a variação dessa energia em
uma transformação química, denominada Variação de Entalpia (∆H), que é dada da seguinte
forma:

∆H = Hf - Hi

Onde Hf, é a soma das entalpias dos produtos da e Hi, é a soma das entalpias dos
reagentes da reação.

80
Essa Variação de Entalpia (∆H), pode ser negativa ou positiva, conforme a reação se
realize respectivamente com liberação ou absorção de calor; podendo então ser: reações
exotérmicas e reações endotérmicas, respectivamente.

As reações exotérmicas, como o nome já diz, exo, significa “para fora”. Assim sendo,
podemos, então definir como aquelas reações que liberam energia na forma de calor.

A + B C + D + calor

Hi Hf

Com base na Lei da Conservação da Energia, podemos afirmar que: “a energia total
dos reagentes é igual a energia total dos produtos”. Com isso, podemos concluir que, como,
numa reação exotérmica, a entalpia dos produtos é menor que a entalpia dos reagentes, pois
uma parte da energia que estava “contida” nos reagentes foi liberada na forma de calor quando
eles se transformaram em produtos.

Como, Hf < Hi e sendo ∆H = Hf - Hi, concluímos que, ∆H < 0, portanto apresentam ∆H


negativo.

2.10.1.1 Representação gráfica de uma reação exotérmica em função do


caminho da reação:

H
Hi A+B

∆H < 0
C+D
Hf

Caminho da reação

As reações endotérmicas, como o nome já diz, endo, significa “para dentro”. Assim
sendo, são aquelas reações que absorvem energia na forma de calor. Podemos representá-las
da seguinte forma:

A + B + calor C + D

Hi Hf

Uma vez que a energia total se conserva do primeiro para o segundo membro de
qualquer reação química, podemos afirmar que, numa reação endotérmica, a entalpia dos
produtos é maior que a entalpia dos reagentes.

Como, Hf > Hi e sendo ∆H = Hf - Hi, concluímos que, ∆H > 0, portanto apresentam


∆H positivo.

81
2.10.1.2 Representação gráfica de uma reação endotérmica em função do
caminho da reação:

H
Hf C +D

∆H > 0
A+B
Hi

Caminho da reação

O valor da variação de entalpia (∆H), de uma reação química está sujeita a variações,
conforme mudem as condições em que a reação é realizada. Esses fatores são os seguintes:

2.10.2 Fase de agregação dos reagentes e produtos


Hvapor > Hlíquido > Hsólido

2.10.3 Estado alotrópico de reagentes e produtos


A forma alotrópica mais estável de um elemento é a menos energética, e a forma
menos estável é a mais energética; exemplificando, o diamante é mais reativo (menos estável)
que o grafite (mais estável);

2.10.4 A temperatura em que ocorre a reação


As determinações de ∆H são feitas em condições padrão, ou seja, temperatura de
o
25 C;

2.10.5 Quantidade de reagentes e produtos


Se dobrarmos a quantidade de reagentes e produtos, a quantidade de calor irá dobrar
igualmente;

2.10.6 A pressão em que ocorre a reação


Somente as substâncias gasosas sofrem alterações no valor do ∆H.
0
A entalpia padrão de uma substância é indicada por H ; Por convenção foi estabelecido
que toda substância simples, no estado padrão e na forma alotrópica mais estável (mais
comum), tem entalpia(H) igual a zero.

Temos vários tipos de entalpia de reações, entre elas:

• entalpia de formação;
• entalpia de combustão;
• entalpia de neutralização.

Energia de ligação, é a energia absorvida na ruptura de 1 mol de ligações no estado


o
gasoso, a 25 C e 1 atm. Com isso, podemos dizer que é um processo endotérmico ∆H > 0,
mas a medida que as ligações se formam, temos liberação de energia, ou seja, um processo
exotérmico.

82
A A A + A ∆H = + KJ

energia

A+A A A ∆H = - KJ

energia

A energia absorvida na quebra de uma ligação é numericamente igual a energia


liberada na sua formação. No entanto, a energia de ligação é definida para quebra de ligações.

A Lei de Hess, diz que , em qualquer reação química, o ∆H depende exclusivamente


dos estados inicial e final do sistema, não interessando as etapas intermediárias da
transformação.

Sendo que:

∆Hx = ∆H1 + ∆H2 + ∆H3

∆Hx = ∆H4 + ∆H5

∆H2
C D
∆H3
∆H1

∆Hx
A B

∆H4 ∆H5
E

83
2.11 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS

2.11.1 Recorrendo à Estequiometria


OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:


• utilizar a balança analítica
• identificar a reação ocorrida
• efetuar uma filtração
• usar a estufa
• efetuar os cálculos estequiométricos

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A estequiometria está relacionada ao cálculo das quantidades de substâncias que


envolve uma reação química. A palavra estequiometria deriva do grego STOICHEON, que
significa “a medida dos elementos químicos”, ou seja, as quantidades envolvidas de cada
substância em uma reação química. A estequiometria nada mais é do que a aplicação das leis
ponderais e volumétricas, uma vez que estas foram deduzidas daquelas. As substâncias
participam de uma reação química sempre em proporções definidas.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Pesar o papel de filtro e anotar a massa


• Colocar em torno de 2 mL de ácido sulfúrico ( H2SO4 ) em um tubo de ensaio
• Colocar com auxilio de um conta-gotas, certa quantidade de cloreto de cálcio
(CaCl2 ), afim de que todo o reagente seja consumido, formando um precipitado
• Filtrar bem a solução, se necessário lavar o tubo de ensaio com água destilada
para retirar resíduos que ficam aderidos ao tubo e filtrar
• Retirar o papel de filtro do funil e colocar para secar na estufa, à uma temperatura
suficiente para secar o precipitado
• Pesar o papel de filtro com o precipitado e anotar a massa
• Calcular a diferença entre a massa final do papel de filtro e a massa inicial
• Calcular a quantidade de reagentes que reagiu

Reação: ______ + ________ ______ + ______


Quantidade de matéria:
Massa molecular:
Massa obtida na reação:
Cálculo:

84
2.11.2 Preparo e padronização de soluções
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• preparar e padronizar soluções


• montar corretamente um sistema constituído de suporte, garras, bureta e erlenmeyer
• identificar o término da reação de neutralização através de mudança de cor, utilizando
indicador
• descrever as reações que ocorrem durante a prática
• saber calcular as quantidades de reagentes para o preparo das soluções
• saber calcular o fator de correção

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Para que as análises efetuadas possam ter uma maior precisão, quando utilizamos as
soluções ácidas ou básicas preparadas, temos que padronizar essas soluções a fim de evitar
erros nas análises. A padronização tem que ser com uma solução padrão, cuja substância
deve ser quimicamente pura e com composição bem definida. Estas substâncias são
conhecidas, como PADRÃO PRIMÁRIO e devem possuir certas características:

• fácil obtenção, purificação, dessecação e conservação


• caso possuir impurezas, estas devem ser de fácil identificação e eliminação
• deve ser muito solúvel
• não higroscópico
• possuir peso molecular elevado, etc

Pode-se padronizar o HCl e o NaOH com concentrações conhecida e estas, quando


padronizados com padrão primário, serão chamadas de PADRÃO SECUNDÁRIO.

O ácido clorídrico é padronizado com um padrão primário de Na2CO3 (carbonato de


sódio) e o hidróxido de sódio pelo C8H4O4HK (biftalato de potássio).

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1- PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE NaOH


• Calcular a quantidade de gramas de NaOH necessário para preparar 250 mL de
solução 0,1 mol/l
• Pesar em um becker de 50 mL a quantidade de massa calculada em uma balança
analítica, adicionando rápidamente uma pequena quantidade de água destilada ao
becker e dissolva-o
• Transferir para um balão volumétrico de 250 mL e completar até menisco com água
destilada
• Homogeinizar, colocar em um frasco ambar e etiquetar

2- PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE HCl


• Calcular o volume de HCl necessário para preparar 250 mL de solução 0,1 mol/l
• Pipetar com auxilio do pipetador ou da pera, o volume calculado para um becker de 50
mL, já contendo um pouco de água destilada
• Transferir para um balão de 250 mL e completar até o menisco
• Homogeinizar, colocar em um frasco e etiquetar

3- PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE Na2CO3


• Colocar em um vidro de relógio uma quantidade de Na2CO3, levar para à estufa por
o
uma hora, à temperatura de 105 a 110 C e, a seguir, resfriar por mais ou menos 25
minutos em um dessecador
• Calcular a quantidade de gramas de Na2CO3 necessário para preparar 250 mL de
solução 0,1 mol/l

85
• Pesar em um becker de 50 mL a quantidade de massa calculada, em uma balança
analítica, adicione uma certa quantidade de água destilada ao becker e dissolva-o
• Transferir para um balão volumétrico de 250 mL sempre lavando o becker várias
vezes, transportando sempre a água de lavagem para o balão e completar até menisco
com água destilada
• Homogeinizar, colocar em um frasco e etiquetar

4- PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO DE C8H4O4HK


• Calcular a quantidade de gramas de C8H4O4HK necessário para preparar 250 mL de
solução 0,1 mol/l
• Pesar em um becker de 50 mL a quantidade de massa calculada, em uma balança
analítica, adicione uma certa quantidade de água destilada ao becker e dissolva-o
• Transferir para um balão volumétrico de 250 mL e complentar até menisco com água
destilada
• Homogeinizar, colocar em um frasco e etiquetar

5- PADRONIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE NaOH


• Colocar na bureta, com auxilio de um funil, a solução de NaOH recentemente
preparada, até acima do zero da escala, abre-se a torneira e deixa-se escoar para que
a ponta da bureta fique cheia com a solução e, logo a seguir, acerta-se o zero da
bureta
• Pipetar 25 mL da solução padrão de biftalato de potássio recentemente preparada para
um erlenmeyer de 250 mL e adicionar 3 gotas do indicador fenolftaleina
• Adicionar lentamente a solução da bureta ao erlenmeyer, segurando-o com a mão
direita e agitando-o enquanto, com a mão esquerda, você controla a adição da solução
da bureta pela torneira
• Parar a titulação quando houver mudança na cor da solução contida no erlenmeyer.
Anotar o volume gasto da bureta
• Efetuar mais duas titulações e anotar volume gastos da bureta
• Transpor a solução de NaOH da bureta para o frasco
• Efetuar os cálculos

6- PADRONIZAÇÃO DA SOLUÇÃO DE HCl


• Colocar na bureta, com auxilio de um funil, a solução de HCl recentemente preparada,
até acima do zero da escala, abre-se a torneira e deixa-se escoar para que a ponta da
bureta fique cheia com a solução e, logo a seguir, acerta-se o zero da bureta
• Pipetar 25 mL da solução padrão de carbonato de sódio recentemente preparada para
um erlenmeyer de 250 mL e adicionar 3 gotas do indicador metil orange
• Adicionar lentamente a solução da bureta ao erlenmeyer, segurando-o com a mão
direita e agitando-o enquanto, com a mão esquerda, você controla a adição da solução
da bureta pela torneira
• Parar a titulação quando houver mudança na cor da solução contida no erlenmeyer.
Anotar o volume gasto da bureta
• Efetuar mais duas titulações e anotar volume gasto da bureta
• Transpor a solução de HCl da bureta para o frasco
• Efetuar os cálculos

Obs - Pode ser utilizado o indicador fenoftaleina para efetuar está padronização. Mas,
neste caso, se faz necessário multiplicar o volume gasto por 2, para se obter o volume de
HCl equivalente ao Na2CO3.

86
2.11.3 Determinação do ácido acético no vinagre
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• montar corretamente um sistema constituído de suporte, garras, bureta e erlenmeyer


• identificar o término da reação de neutralização, através de mudança de cor utilizando
indicador
• descrever as reações que ocorrem, durante a prática

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O vinagre é uma solução muito usada no nosso cotidiano, para temperarmos saladas,
carnes entre outros. É produzido pela fermentação de algumas bebidas alcoólicas,
particularmente do vinho. O teor de ácido acético no vinagre é determinado pela titulação com
uma solução padrão de hidróxido de sódio, utilizando o indicador fenoftaleina.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Montar um sistema constituído de suporte, garras, bureta e erlenmeyer


• Pipetar 1 mL de vinagre para um erlenmeyer de 125 mL
• Adicionar 15 mL de água destilada e 3 gotas de fenoftaleina
• Colocar na bureta a solução de hidróxido de sódio 0,1 M, já padronizado
• Adicionar lentamente a solução da bureta ao erlenmeyer, segurando-o com a mão
direita e agitando-o enquanto, com a mão esquerda, você controla a adição da solução
da bureta pela torneira
• Parar a titulação quando houver mudança na cor da solução contida no erlenmeyer.
Anotar o volume gasto da bureta
• Efetuar mais duas titulações e anotar volume gasto da bureta

Reação:

Cálculo:

87
2.11.4 Determinação do teor de ácido acetilsalisílico no comprimido
AAS
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• montar corretamente um sistema constituído de suporte, garras, bureta e erlenmeyer


• identificar o término da reação de neutralização, através de mudança de cor utilizando
indicador
• descrever as reações que ocorrem, durante a prática

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O medicamento é muito usado como analgésico antipirético e outros problemas


menores. Seu uso prolongado pode causar sangramento gastrointestinal e doses exageradas
podem provocar vômitos, diarréias, entre outros. A aspirina é produzida a partir de substâncias
orgânicas como ácido acético, ácido salicílico e amido.

A acetona e o álcool são solventes orgânicos e dissolvem com facilidade a aspirina, no


entanto na água (solvente inorgânico), a aspirina não se dissolve totalmente.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Pesar o comprimido do AAS, anotar a massa e tranferir para o erlenmeyer de 125 mL


• Colocar 20 mL de água destilada no erlenmeyer, agitar a mistura e se preciso quebre o
comprimido com auxilio de um bastão de vidro
• Adicionar 20 mL de etanol ao erlenmeyer e agitar até total dissolução do comprimido;
• Adicionar 3 gotas de fenolftaleína ao erlenmeyer
• Montar um sistema constituido de suporte, garras, bureta e erlenmeyer
• Colocar na bureta a solução de hidróxido de sódio 0,1 M, já padronizado
• Adicionar lentamente a solução da bureta ao erlenmeyer, segurando-o com a mão
direita e agitando-o enquanto, com a mão esquerda, você controla a adição da solução
da bureta pela torneira
• Parar a titulação quando houver mudança na cor da solução contida no erlenmeyer.
Anotar o volume gasto da bureta
• Efetuar mais duas titulações e anotar volume gasto da bureta

Reação:

Cálculo:

88
2.11.5 Fatores que influenciam na velocidade de uma reação
química
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• Identificar os fatores que influenciam na velocidade das reações

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A cinética química é a parte da ciência que estuda os fatores que influenciam na


velocidade de uma reação química.

São vários os fatores que podem modificar a velocidade de uma reação, tornando-a
mais lenta ou mais rápida.

Os fatores podem ser a superfície de contato, a temperatura, a concentração, o


catalisador, entre outros. O controle destes fatores ajuda a efetuar a reação no tempo
desejado.

Este procedimento é muito utilizado nos laboratórios, como também nas indústrias.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

PARTE A - SUPERFÍCIE DE CONTATO

• Colocar dois tubos de ensaio em uma estante para tubos e enumerar


• Acrescentar 20 gotas de ácido sulfúrico em cada tubo de ensaio e anotar o tempo real
na tabela
• Colocar no tubo 1, um pedaço de carbonato de cálcio, aproximadamente 1g
• Colocar no tudo 2, a mesma quantidade de carbonato de cálcio na forma de pó

PARTE B – TEMPERATURA

• Colocar dois tubos de ensaio em uma estante para tubos e enumerar


• Colocar no tubo 1,2 mL de suco de laranja à temperatura ambiente
• Colocar no tubo 2,2 mL de suco de laranja gelado
• Adicionar aos tubos 1 e 2, uma quantidade igual de comprimido antiácido
(aproximadamente ¼), e anotar o tempo de dissolução do comprimido em cada tubo na
tabela

Obs – Zerar o cronômetro somente quando cessar a reação

PARTE C – CONCENTRAÇÃO

• Colocar dois tubos de ensaio em uma estante para tubos e enumerar


• Adicionar 2 mL de água em cada tubo de ensaio
• Colocar 1 gota de ácido clorídrico no tubo 1 e 4 gotas no tubo 2, homogeinizando
• Colocar quantidades iguais de raspas de magnésio nos dois tubos de ensaio
simultaneamente
• Observar em qual tubo de ensaio há maior produção de gás e anotar na tabela

PARTE D – CATALISADOR

• Colocar dois tubos de ensaio em uma estante para tubos e enumerar


• Adicionar um pedaço pequeno de clara de ovo cozida em cada tubo de ensaio
• Colocar no tubo 1,2 mL de água e no tubo 2,2 mL de suco de abacaxi

89
• Aguardar 24 horas e verificar o aspecto da clara de ovo nos dois tubos e anotar na
tabela

FATORES TUBO 1 TUBO 2

Superfície de contato

Temperatura

Concentração

Catalisador

QUESTIONAMENTOS

• Escreva a reação entre o carbonato de cálcio e o ácido sulfúrico

• Faça a equação da reação que ocorreu entre o magnésio e o ácido clorídrico e diga
qual gás é liberado

• Qual a enzima presente no suco de abacaxi?

• Que tipo de reação ocorreu na parte D do experimento?

• Que substância é produzida nesta reação?

90
2.11.6 Titulação de ácidos e bases utilizando pHmetro e indicadores
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• montar corretamente um sistema constituído de pHmetro, becker, agitador magnético e


bureta
• identificar o término da reação de neutralização, através da mudança brusca,
identificada no pHmetro
• descrever as reações que ocorrem, durante a prática
• saber calcular o ph quando da solução
• saber construir gráfico

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

Pode-se verificar o ponto final de uma titulação ácido-base através de um


potenciômetro, o que aumenta a repetibilidade do método. As titulações clássicas são
baseadas na observação da mudança de coloração dos indicadores o que causa erros de
análise e diferença de resultados se considerarmos que cada analista observa as variações de
cores de modo pessoal.

O pHmetro mede o pH de uma solução usando um eletrodo de íon seletivo (EIS) que
+
responde para a concentração de íons hidrogênio, [H ], da solução. O eletrodo de pH produz
+
uma voltagem que é proporcional à [H ]. Portanto, as medidas de pH são uma forma de
POTENCIOMETRIA. O eletrodo de pH é conectado através de controle eletrônico do pHmetro
para converter a voltagem medida em leituras de pH, as quais podem ser lidas no visor do
pHmetro.
+
Um pHmetro consiste de uma membrana seletiva para H , um eletrodo de referência
interno, um eletrodo de referência externo e um medidor com controle e mostrador eletrônico.
Eletrodos de pH comerciais geralmente combinam todos os eletrodos em uma unidade
compactada, a qual é conectada ao pHmetro.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

TITULAÇÃO COM INDICADOR

• Colocar na bureta a solução de NaOH 0,1 mol/l, que foi preparada e padronizada nas
aulas anteriores
• Colocar 20 mL da solução de HCl 0,1 mol/l, que foi preparada e padronizada em aulas
anteriores, no erlenmeyer de 250 mL e adicionar 3 gotas do indicador fenolftaleina
• Titular até viragem e anotar o volume gasto da bureta
• Efetuar os cálculos

TITULAÇÃO COM pHmetro SEM INDICADOR

• Calibrar o pHmetro
• Colocar na bureta a solução de NaOH 0,1 mol/l, que foi preparada e padronizada nas
aulas anteriores
• Colocar no becker 20 mL do HCl 0,1 mol/l da solução que foi preparada e padronizada
nas aulas anteriores + 20 mL de H2O destilada
• Mudar para mV no pHmetro
• Adicionar volumes da bureta como: 5 mL, 10 mL, sucessivamente, sempre de acordo
com o professor e anotando os valores em função do volume adicionado
• Efetuar cálculos e gráfico, conforme anotações

91
TITULAÇÃO COM pHmetro COM INDICADOR

• Calibrar o pHmetro
• Colocar na bureta a solução de NaOH 0,1 mol/l, que foi preparada e padronizada nas
aulas anteriores
• Colocar no becker 20 mL do HCL 0,1 mol/l, da solução que foi preparada e
padronizada nas aulas anteriores + 20 mL de H2O destilada e 3 gotas de fenolftaleina
• Mudar para mV no pHmetro
• Adicionar volumes da bureta como: 5 mL, 10 mL, sucessivamente, sempre de acordo
com o professor e anotando os valores em função do volume adicionado
• Efetuar cálculos e gráfico, conforme anotações

TITULAÇÃO COM pHmetro SEM INDICADOR

• Calibrar o pHmetro
• Colocar na bureta a solução de NaOH 0,1 mol/l, que foi preparada e padronizada nas
aulas anteriores
• Colocar no becker 20 mL do HCL 0,1 mol/l, da soluçao que foi preparada e
padronizada nas aulas anteriores + 20 mL de H2O destilada
• Mudar para pH no pHmetro
• Adicionar volumes da bureta como: 5 mL, 10 mL, sucessivamente, sempre de acordo
com o professor e anotando os valores em função do volume adicionado
• Efetuar cálculos e gráfico, conforme anotações

QUESTIONAMENTOS

• Titular uma solução amostra (concentração desconhecida de ácido) empregando as


titulações visual e potenciométrica, para fins de comparação.

• Traçar as curvas de titulação para cada caso, determinando graficamente as


concentrações dos ácidos.

• Determinar a concentração do ácido presente na amostra desconhecida.

92
2.11.7 Identificação de reações exotérmicas e endotérmicas
OBJETIVOS

Ao final da prática o aluno deverá ser capaz de:

• Saber diferenciar uma reação exotérmica de uma reação endotérmica


• Saber utilizar uma das propriedades organolépticas

FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A termoquímica é a parte da ciência que estuda a quantidade de calor envolvido numa


reação química. Quanto às trocas de calor, as reações químicas podem ser exotérmicas e
endotérmicas. As exotérmicas são aquelas que liberam calor, já as endotérmicas absorvem
calor.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Colocar três tubos de ensaio na estante para tubos e numerá-los


• Colocar no tubo 1,2 mL de água e adicionar uma pequena quantidade de cloreto de
amônia, agitando para dissolver o sal
• Colocar no tubo 2,2 mL de água e adicionar, cuidadosamente, 20 gotas de ácido
sulfúrico
• Colocar no tubo 3, certa quantidade de raspa de magnésio e adicionar 2 mL de solução
de ácido clorídrico
• Colocar rapidamente na boca do tubo 3, um fósforo aceso
• Segurar os tubos de ensaio (cuidadosamente) e verificar se houve aquecimento
(liberação de calor-exotérmico) ou resfriamento (absorção de calor-endotérmico)
• Anotar e classificar os processos na tabela

SISTEMA OBSERVAÇÕES PROCESSO

TUBO 1

TUBO 2

TUBO 3

QUESTIONAMENTOS

Que tipo de reação ocorre nos tubos 1 e 2?

Escreva a equação da reação que ocorre no tubo 3

Como se pode perceber se o processo é exotérmico ou endotérmico?

93
REFERÊNCIAS

AMARANTE JUNIOR, Ozelito; CRISTINA, Tereza. Apostila de química analítica II. São Luís:
Edufma, 2004. 1 v.
AUTOLABOR-SOLUÇÕES INTELIGENTES (Santa Catarina). Manual de atividades práticas
de química para o laboratório didático móvel - LDM. São José: Autolabor, 2006. 3 v.
FELTRE, Ricardo. Química: química orgânica. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2006. 3 v. (3ª).

94
95
CAPÍTULO 3 – SEGURANÇA DO TRABALHO EM
LABORATÓRIOS QUÍMICOS

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

96
3.1 SEGURANÇA NOS LABORATÓRIOS

3.1.1 Recomendações Gerais


O trabalho em laboratório exige concentração. Não converse desnecessariamente,
nem distraia seus colegas.

3.1.2 Recomendações de Ordem Pessoal


⇒ Use sempre óculos de segurança quando estiver no laboratório
⇒ Use sempre avental quando estiver no laboratório
⇒ Os cabelos compridos devem sempre estar presos
⇒ Certifique-se da localização e funcionamento dos equipamentos de segurança
coletivos: extintores de incêndio, lava-olhos e chuveiros de emergência
⇒ Certifique-se da localização das saídas de emergência
⇒ Não pipete nenhum tipo de produto com a boca
⇒ Use calçados fechados de couro ou similar
⇒ Não misture material de laboratório com seus pertences pessoais
⇒ Não leve as mãos à boca ou aos olhos quando estiver manuseando produtos químicos
⇒ Lave cuidadosamente as mãos com bastante água e sabão, antes de sair do
laboratório
⇒ Nunca coloque nenhum alimento nas bancadas, armários, geladeiras e estufas dos
laboratórios
⇒ Nunca utilize vidraria de laboratório como utensílio doméstico
⇒ Nunca fumar, comer, beber ou aplicar cosméticos em laboratórios
⇒ Não use lentes de contato no laboratório, pois podem ser danificadas por vapores de
produtos químicos, causando lesões oculares graves
⇒ Não se exponha a radiação UV, IV ou de luminosidade muito intensa sem a proteção
adequada (óculos com lentes filtrantes)
⇒ Feche todas as gavetas e porta que abrir

3.1.3 Recomendações referentes ao laboratório


⇒ Mantenha as bancadas sempre limpas e livres de materiais estranhos ao trabalho
⇒ Faça uma limpeza prévia, com água, ao esvaziar um frasco de reagente, antes de
colocá-lo para lavagem
⇒ Rotule imediatamente qualquer reagente ou solução preparados e as amostras
coletadas
⇒ Retire da bancada os materiais, amostras e reagentes empregados em um
determinado experimento, logo após o seu término
⇒ Jogue papéis usados e materiais inservíveis na lata de lixo somente quando não
representar risco para as pessoas ou meio ambiente
⇒ Limpe imediatamente qualquer derramamento de produtos químicos. Proteja-se, se
necessário, para fazer esta limpeza e utilize os materiais e procedimentos adequados
⇒ Em caso de dúvida sobre a toxicidade ou cuidados especiais a serem tomados com o
produto, entre em contato com um dos membros da CIPA
⇒ Em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, produto tóxico ou corrosivo tome as
seguintes providências:
o interrompa o trabalho
o advirta as pessoas próximas sobre o ocorrido
o solicite ou efetue a limpeza imediata
o alerte o professor
o verifique e corrija a causa do problema

97
3.1.4 Uso de material de vidro
⇒ Não utilize material de vidro quando trincado
⇒ Coloque todo o material de vidro inservível no local identificado para este fim;
⇒ Não deposite cacos de vidro em recipiente de lixo
⇒ Proteja as mãos (com luvas de amianto, preferivelmente) quando for necessário
manipular peças de vidro que estejam quentes
⇒ Use luvas grossas (de raspa de couro) e óculos de proteção sempre que:
o atravessar ou remover tubos de vidro ou termômetros em rolhas de borracha
ou cortiça
o remover tampas de vidro emperradas
o remover cacos de vidro de superfícies, neste caso usar também pá de lixo e
vassoura
⇒ Não deixe frascos quentes sem proteção sobre as bancadas do laboratório, coloque-os
sobre placas de amianto
⇒ Tome cuidado ao aquecer recipiente de vidro com chama direta. Use, sempre que
possível, uma tela de amianto
⇒ Não pressurize recipientes de vidro sem conhecer a resistência dos mesmos

3.1.5 Uso de equipamentos


3.1.5.1 Em geral

⇒ Leia atentamente as instruções sobre a operação do equipamento antes de iniciar o


trabalho
⇒ Saiba de antemão o que fazer no caso de emergência como, por exemplo, a falta de
energia ou água

3.1.5.2 Equipamentos elétricos

⇒ Só opere o equipamento quando os fios, tomadas e plugs estiverem em perfeitas


condições, o fio terra estiver ligado e tiver certeza da voltagem correta entre
equipamento e circuitos
⇒ Não instale nem opere equipamentos elétricos sobre superfícies úmidas
⇒ Verifique periodicamente a temperatura do conjunto plug-tomada. Caso esteja quente,
desligue o equipamento e chama o serviço de manutenção
⇒ Não deixe equipamentos elétricos ligados no laboratório, fora do expediente (exceto
geladeiras e freezeres) sem comunicar ao setor de zeladoria
⇒ Remova frascos inflamáveis das proximidades do local onde será utilizado
equipamento elétrico
⇒ Enxugue qualquer líquido derramado no chão antes de operar o equipamento

3.1.5.3 Chapas ou mantas de aquecimento

⇒ Não deixe chapas/mantas aquecedoras ligadas sem o aviso “ligada”


⇒ Use sempre chapas ou mantas de aquecimento, para evaporação ou refluxo, dentro da
capela
⇒ Não ligue chapas ou mantas de aquecimento que tenham resíduos aderidos sobre a
sua superfície

3.1.5.4 Muflas

⇒ Não deixe a mufla em operação sem o aviso “ligada”


⇒ Desligue a mufla ou não a use se o termostato não indicar a temperatura ou se a
temperatura ultrapassar a programada
⇒ Não abra bruscamente a porta da mufla quando estiver aquecida
⇒ Não tente remover ou introduzir material na mufla sem utilizar pinças adequadas,
protetor facial e luvas de amianto

98
⇒ Não evapore líquidos na mufla
⇒ Empregue para calcinação somente cadinhos ou cápsulas de material resistente à
temperatura de trabalho

3.1.6 O uso de chama no laboratório


⇒ Preferentemente, use chama na capela e somente nos laboratórios onde for permitido
⇒ Não acenda o bico de Bunsen sem antes verificar e eliminar os seguintes problemas:
o vazamentos
o dobra no tubo de gás
o ajuste inadequado entre o tubo de gás e suas conexões
o existência de materiais ou produtos inflamáveis ao redor do bico
⇒ Nunca acenda o bico de Bunsen com a válvula de gás muito aberta

3.1.7 O uso de sistemas a vácuo


⇒ Somente opere sistemas de vácuo usando uma proteção frontal no rosto
⇒ Não faça vácuo rapidamente em equipamentos de vidro
⇒ Recubra com fita de amianto qualquer equipamento de vidro sobre o qual haja dúvida
quanto à resistência ao vácuo operacional
⇒ Use frascos de segurança em sistemas a vácuo e verifique-os periodicamente

3.1.8 O uso de capelas


⇒ A capela somente oferecerá proteção ao usuário se for adequadamente utilizada
⇒ Nunca inicie um trabalho sem verificar se:
o o sistema de exaustão está funcionando
o o piso e a janela da capela estejam limpos
o as janelas da capela estejam funcionando perfeitamente
⇒ Nunca inicie um trabalho que exige aquecimento sem antes remover os produtos
inflamáveis da capela
⇒ Deixe na capela apenas o material (equipamentos e reagentes) que serão efetivamente
utilizados, remova todo e qualquer material desnecessário, principalmente produtos
químicos. A capela não é local para armazenamento de produtos e equipamentos
⇒ Mantenha as janelas das capelas com o mínimo possível de abertura
⇒ Use, sempre que possível, um anteparo resistente entre você e o equipamento, para
maior segurança
⇒ Nunca coloque o rosto dentro da capela
⇒ Sempre instalar equipamentos ou frascos de reagentes a pelo menos 20 cm da janela
da capela
⇒ Em caso de paralisação do exaustor, tome as seguintes providências:
o interrompa o trabalho imediatamente
o feche ao máximo a janela da capela
o coloque máscara de proteção adequada, quando a toxidez for considerada alta
o avise ao pessoal do laboratório o que ocorreu
o coloque uma sinalização na janela da capela, tipo “capela com defeito, não
use”
o verifique a causa do problema, corrija-o ou procure o setor de manutenção
para que o façam
o somente reinicie o trabalho no mínimo 5 minutos depois da normalização do
sistema de exaustão

3.1.9 Manipulação de produtos químicos


3.1.9.1 Líquidos inflamáveis
o o
Ponto de fulgor < 70 C  Classe I : Ponto de fulgor < 37,7 C
o o
Classe II : 70 C > ponto de fulgor > 37,7 C

99
o
Combustíveis: ponto de fulgor > 70 C, quando aquecidos acima do ponto de fulgor,
comportam-se como inflamáveis

Tabela 1 - Ponto de fulgor de alguns líquidos inflamáveis de uso comum em laboratórios

o o
Substância Ponto de Fulgor ( C) Substância Ponto de Fulgor ( C)

Acetato de etila - 4.4 Ciclohexano -20

Acetato de metila - 9.0 1,2 dicloroetano 13

Acetona -38 Dissulfeto de carbono -30

Álcool etílico 12 Éter de petróleo -57

Álcool isopropílico 12 Éter etílico -45

Álcool metílico 23 Hexano 23

Benzeno 11 Trieltilamina -7.0

O ponto de fulgor para outros líquidos podem ser encontrados no Handbook of


Physical and Chemical Constants ou no Merck Index.

Obs 1 - Não manipule líquidos inflamáveis sem se certificar da inexistência de fontes de


ignição nas proximidades: aparelhos que geram calor, tomadas, interruptores, lâmpadas, etc

Obs 2 - Use a capela para trabalho com líquidos inflamáveis que exijam aquecimento

Obs 3 - Use protetor facial e luvas de couro quando for necessária a agitação de frascos
fechados contendo líquidos inflamáveis e/ou extremamente voláteis

Obs 4 - Nunca jogue líquidos inflamáveis na pia. Guarde-os em recipiente próprios para
resíduos de inflamáveis

3.1.9.2 Produtos tóxicos

⇒ Antes de iniciar qualquer tipo de operação, procure informações toxicológicas (toxidez


e via de ingresso no organismo) sobre todos os produtos que serão utilizados e/ou
formados no trabalho a ser executado
⇒ Trabalhe somente na capela
⇒ Não descarte na pia os resíduos de produtos tóxicos
⇒ Não descarte no lixo material contaminado com produtos tóxicos (papel de filtro, papel
toalha, etc.)
⇒ Use luvas
⇒ Interrompa o trabalho imediatamente, caso sinta algum sintoma, como dor de cabeça,
náuseas, etc

100
Tabela 2 - Produtos tóxicos comumente utilizados em laboratório

Grau de risco

Substância Inalação Ingestão Irritação cutânea Irritação ocular

Ácido cianídrico 4 4 2 4
Ácido fluorídrico 4 4 4 4
Ácido fórmico 4 3 4 4

Ácido oxálico 3 3 3 3
Acroleína 4 3 3 4
Anidrido ftálico 3 - 2 3
Anilina 3 3 2 2
Benzeno 3 2 2 2

Bromo 4 4 4 4
Cianeto de potássio - 4 3 4
Cloro 4 - 3 4
Cloronitrobenzeno 4 3 3 3
Etanolamina 3 2 2 3

Fenol 2 3 4 4
Flúor 4 - 4 4
Formaldeído 3 3 3 3
Hidrocarbonetos 4 3 2 3
Iodo 4 4 4 4
Iodometano 4 - - -
Isocianatos 4 - 3 3
Mercúrio 4 1 - 1
Nitrobenzeno - 4 3 4
Piridina 3 2 2 3
Toluidina 3 3 2 2
Vapores nitrosos 4 - 2 3

1. lesão mínima
2. lesão leve
3. lesão moderada
4. lesão grave

101
3.1.10 Produtos corrosivos
Os corrosivos podem ocasionar queimaduras de alto grau por ação química sobre os
tecidos vivos. Podem também ocasionar incêndios, quando colocados em contato com material
orgânico (madeira, por exemplo) ou outros produtos químicos.

São corrosivas as substâncias químicas com características ácido/base pronunciadas.

⇒ Manipule estes produtos com óculos de segurança e luvas


⇒ Nunca descarte diretamente na pia. Os resíduos devem ser neutralizados, diluídos e
descartados na pia, desde que não tenham propriedades tóxicas importantes
⇒ A diluição de soluções concentradas de produtos corrosivos deve ser feita sempre
acrescentando o produto concentrado sobre o diluente. Por exemplo: ácido sulfúrico
sobre a água

3.1.10.1 Manipulação de gelo seco e nitrogênio líquido

⇒ Use luvas para trabalhar com estes produtos, pois provocam queimaduras graves em
contato com a pele
⇒ Adicione lentamente o gelo seco ao líquido refrigerante, para evitar projeções
⇒ Não derrame nitrogênio líquido sobre mangueiras de borracha, elas ficarão
quebradiças e poderão ocasionar acidentes

3.1.10.2 Manipulação de cilindros de gases comprimidos

⇒ Não instalar cilindros de gases comprimidos no interior dos laboratórios


⇒ Manter os cilindros sempre presos com correntes e ao abrigo de calor
⇒ Jamais retirar o protetor da válvula do cilindro
⇒ Utilizar carrinhos apropriados para o transporte de cilindros
⇒ Quando fora de uso, conservar os cilindros com o capacete de proteção
⇒ Não abra a válvula principal sem antes ter certeza de que a válvula redutora está
fechada
⇒ Abra aos poucos e nunca totalmente a válvula principal do cilindro

3.2 Descarte de resíduos


Conforme a Resolução da Diretoria Colegial, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária/ANVISA – RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004, os resíduos serão divididos em
grupos:

3.2.1 Descarte de Resíduos do Grupo A


Do grupo A são resíduos que possuem a possível presença de agentes biológicos que,
por suas características, podem apresentar risco de infecção. Eles podem ser classificados em:

3.2.1.1 Resíduos do grupo A1

Culturas e estoques de microorganismos; resíduos de fabricação de produtos


biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microorganismos vivos ou
atenuados; meios de cultura e instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou
mistura de culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.

3.2.1.2 Resíduos do grupo A2

Carcaças, peças anatômicas, visceras e outros resíduos provenientes de animais


submetidos a processos de experimentação com inoculação de microorganismos, bem como
com suas forrações, e os cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de

102
microorganismos de relevância epidemiológica e com riso de disseminação, que foram
submetidos ou não a estudo anátomo-patológico ou confirmação diagnóstica.

3.2.1.3 Resíduos do grupo A3

Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação sem sinais vitais,
com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cm ou idade gestacional menor
que 20 semanas, que não tenham valor cientifíco ou legal e não tenha havido requisição pelo
paciente ou familiares.

3.2.1.4 Resíduos do grupo A4

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes, urina e


secreções, provenientes de pacientes que não contenham e nem sejam suspeitos de conter
agentes Classe de Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de
disseminação, ou microorganismo causador de doença emergente que se torne
epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de transmissão seja desconhecido ou
com suspeita de contaminação com príons.

3.2.1.5 Resíduos do grupo A5

Órgãos, tecidos, fluídos orgânicos, materiais perfurocortantes ou escarificantes e


demais materiais resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com suspeita ou
certeza de contaminação com príons. Devem sempre ser encaminhados a sistema de
incineração, de acordo com o definido na RDC ANVISA nº 305/2002.

3.2.2 Descarte de Resíduos do Grupo E


Os resíduos do grupo E são constituidos por materiais perfurocortantes como objetos e
instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rigídas e agudas capazes de
cortar ou perfurar.

3.2.3 Resíduos de metais tóxicos


⇒ Precipitar como hidróxidos usando soda cáustica
⇒ Descartar nos tambores de resíduos de metais, somente se a solução for aquosa, se a
solução for orgânica, descartar como solvente orgânico

3.2.4 Solventes
⇒ Separar em clorados e não clorados
⇒ Armazenar em local apropriado segundo as características de toxicidade,
inflamabilidade e outras do produto
⇒ Informar ao Diretor Administrativo que estes resíduos existem, para serem
encaminhados à incineração. Informar local onde estão armazenados, composição e
quantidade

3.3 A CIPA

3.3.1 Objetivo
A CIPA (Comissão Interna para Prevenção de Acidentes) tem por objetivo desenvolver
atividades voltadas não apenas para a prevenção de acidentes do trabalho, mas também à
proteção da saúde dos trabalhadores, diante dos riscos existentes nos locais de trabalho.

103
3.3.2 Algumas Atribuições
⇒ Discutir os acidentes ocorridos
⇒ Sugerir medidas de prevenção de acidentes e/ou proteção da saúde
⇒ Promover a divulgação e zelar pela observância das normas de segurança
⇒ Despertar o interesse de todos pela prevenção de acidentes e de doenças
ocupacionais
⇒ Investigar as causas, circunstâncias e conseqüências dos acidentes e doenças
ocupacionais, acompanhando a execução das medidas corretivas

3.3.3 Composição
A CIPA é composta por membros indicados pelo Diretor e membros eleitos pela
comunidade (votam somente os funcionários e docentes), em igual número.

Sistematicamente os alunos têm sido convidados a indicar representantes para


participarem da CIPA.

O número de integrantes da CIPA dependerá do número de trabalhadores e do grau de


risco do local de trabalho. A composição será pelos titulares suplentes e convidados.

3.3.4 Plano de trabalho de gestão


⇒ Elaborar e divulgar o Manual de Segurança do laboratório
⇒ Oferecer curso de Segurança em Laboratórios
⇒ Oferecer palestra sobre temas relacionados à Segurança e Saúde Ocupacionais

3.4 PROCEDIMENTOS EM CASO DE ACIDENTES

3.4.1 Derramamento de produto químico


⇒ Limpar o local o mais rapidamente possível
⇒ Ventilar o local: abrir portas e janelas
⇒ Se o produto for extremamente tóxico evacuar o local e usar máscara adequada na
operação de limpeza
⇒ Os resíduos da limpeza, papel ou materiais impregnados devem ser descartados como
resíduos químicos

3.4.2 Princípio de incêndio


⇒ Não tente ser herói. Chame ajuda imediatamente
⇒ Desligar o quadro de energia elétrica
⇒ Se souber usar o extintor, use-o. Se não souber, não arrisque
⇒ Evacue o local

3.4.3 Acidentes com vítimas


3.4.3.1 Respingo de produto químico na região dos olhos
o Lavar abundantemente no lava olhos, pelo menos por 15 minutos. Manter os
olhos da vítima abertos
o Encaminhar imediatamente ao médico
o Jamais tentar neutralizar o produto

104
3.4.3.2 Respingo em qualquer região do corpo

⇒ Retirar a roupa que recobre o local atingido


⇒ Lavar abundantemente com água, na pia ou no chuveiro de emergência, dependendo
da área atingida, por pelo menos por 15 minutos
⇒ Encaminhar ao médico, dependendo da gravidade
⇒ Jamais tentar neutralizar o produto

3.4.3.3 Queimaduras

⇒ Cobrir área afetada com vaselina estéril


⇒ Não utilizar nenhum outro tipo de produto; o picrato de butezin é carcinogênico

3.4.3.4 Cortes

⇒ Lavar o local com água, abundantemente


⇒ Cobrir o ferimento com gazes e atadura de crepe
⇒ Encaminhar imediatamente ao pronto-socorro

3.4.3.5 Outros acidentes

⇒ Encaminhar ao pronto-socorro
⇒ Ou, chamar o resgate

3.5 INCOMPATIBILIDADE ENTRE PRODUTOS QUÍMICOS


Define-se como “incompatibilidade de produtos químicos” as condições na qual
determinamos produtos se tornam perigosos quando manipulados ou armazenados próximos a
outros, com os quais pode reagir, criando situações perigosas.

Os agentes oxidantes são considerados os mais perigosos nesse sentido, pois, durante
uma reação química, fornecem oxigênio, um dos elementos necessários à uma formação de
fogo. Algumas vezes, esse suprimento de oxigênio pode ser muito elevado, com forte
desprendimento de calor, o que pode provocar uma explosão.

Quando um agente oxidante é guardado próximo a um produto combustível, e, por


razão qualquer (danificação de embalagens ou volatilização), entra em contato, existe
probabilidade bastante elevada de que ocorra um início de incêndio ou uma explosão.

Veja na Tabela 3, exemplos de produtos químicos bastantes oxidantes e na Tabela 4 a


incompatibilidade entre produtos químicos.

Tabela 3 - Produtos químicos altamente oxidantes

CLASSE DE PRODUTOS OXIDANTES MAIS PERIGOSOS

Bromatos
Nitratos
Bromo
Perbromatos
Cloratos e Percloratos
Periodatos
Cromatos
Permanganatos
Dicromatos
Peróxidos
Iodatos

Obs - para armazenar produtos químicos, deve-se observar a seguinte regra geral: “não
guardar substâncias oxidantes próximos a líquidos combustíveis”.

105
Tabela 4 - Incompatibilidade entre produtos químicos.

SUBSTÂNCIA INCOMPATIBILIDADE COM

Bromo
Cloro
Acetileno Flúor
Mercúrio
Prata

Ácido Crômico
Ácido Nítrico
Ácido Perclórico
Ácido Acético
Etileno Glicol
Permanganatos
Peróxidos

Ácido Clorídrico Amônia

Ácido Acético
Álcool
Glicerina
Ácido Crômico
Naftaleno
Benzina
Líquidos Combustíveis

Ácido Fluorídrico Amônia

Ácido Acético
Ácido Cianídrico
Ácido Crômico
Ácido Nítrico
Carvão
Materiais Inflamáveis
Anilina

Sais de Mercúrio
Ácido Oxálico
Sais de Prata

Álcool
Anídrico Acético
Ácido Perclórico Bismuto e suas ligas
Madeira
Material Orgânico

106
SUBSTÂNCIA INCOMPATIBILIDADE COM

Iodo
Prata
Mercúrio
Cloro
Amônia
Bromo
Ácido Fluorídrico
Ácido clorídrico
Hipoclorito de Cálcio

Metano
Acetileno
Amônia
Benzina
Benzeno
Bromo
Butadieno
Butano
Hidrogênio
Metais em pó
Propano

Agentes Oxidantes
Carvão Ativado
Hipoclorito de Cálcio

Cianetos Ácidos em Geral

Cloratos e Percloratos Ácidos (de modo geral)

Amoníaco
Acetileno
Butadieno
Metano
Cloro Propano
Hidrogênio
Benzina de Petróleo
Benzeno
Metais em pó

107
SUBSTÂNCIA INCOMPATIBILIDADE COM

Acetileno
Cobre
Peróxido de Hidrogênio

Flúor Evitar contato com qualquer reagente

Enxofre
Fósforo
Cloratos

Ácido Crômico
Bromo
Hidrocarbonetos Cloro
Peróxido de Sódio
Halogênios

Acetileno
Iodo
Amônia Aquosa ou Anidra

Ácido Crômico
Nitrato de Amônia
Ácido Nítrico
Líquidos Inflamáveis Peróxido de Sódio
Halogênios
Peróxido de Hidrogênio
Oxigênio

Amônia
Mercúrio Acetileno
Hidrogênio

Água
Dióxido de Carbono
Metais alcalinos (sódio, potássio), alumínio e
Halogênios
magnésio em pó.
Hidrocarbonetos
Tetracloreto de Carbono

Graxas
Hidrogênio
Oxigênio
Óleos
Materiais Inflamáveis

108
SUBSTÂNCIA INCOMPATIBILIDADE COM

Benzaldeído
Permanganato de Potássio Etileno Glicol
Glicerina

Anilina
Cobre
Cromo
Peróxido de Hidrogênio
Ferro
Materiais Combustíveis
Materiais Inflamáveis

Acetato de Etila
Ácido Acético Glacial
Álcool Melítico
Dissulfeto de Carbono
Etileno Glicol
Peróxido de Sódio
Furfural
Glicerina
Acetona de Metila
Benzaldeído
Hidrocarbonetos

Acetileno
Ácido Oxálico
Prata
Ácido Tartárico
Compostos de Amônia

Água
Sódio
Gás Carbônico

Ácido Nítrico
Sulfeto de Hidrogênio
Agentes Oxidantes

3.6 PPRA

3.6.1 DEFINIÇÃO
PPRA é a sigla de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Este programa é
regulamentado pela Norma Regulamentadora 9 (NR- 9) da Portaria 3.214/78. Seu objetivo é
estabelecer uma metodologia de ação que garanta a preservação da saúde e integridade dos
trabalhadores, frente aos riscos dos ambientes de trabalho. Dentre os riscos ambientais
citamos os agentes físicos, químicos e biológicos, variáveis quanto a natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição.

109
3.6.2 CONSIDERAÇÕES GERAIS
O PPRA é obrigatório em todas as empresas, inclusive instituições de ensino,
independente do número de empregados ou do grau de risco de suas atividades e deve estar
articulado com o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional pois, a partir daí, pode-se
relacionar a doença às condições de trabalho.

O PPRA objetiva preservar a saúde e integridade dos trabalhadores, através da


antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência de riscos ambientais no
ambiente de trabalho, como forma de proteção do meio ambiente, dos recursos naturais.

Doença do trabalho é aquela adquirida ou desencadeada em função das condições


especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente. Essas doenças
devem estar na relação elaborada pelo Ministério do trabalho e Emprego e da Previdência
Social.

Não são consideradas doenças do trabalho as doenças degenerativas, as doenças


inerentes à faixa etária, as doenças que não produzem incapacidade laborativa e as doenças
endêmicas adquiridas por habitantes da região onde ela se desenvolva, desde que seja
comprovada a relação da exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

3.6.3 ESTRUTURA MÍNIMA DE UM PPRA SEGUNDO A NR-9


⇒ Planejamento anual constando metas, prioridade e cronograma
⇒ Estratégia e metodologia de ação
⇒ Forma de registro, manutenção e divulgação dos dados
⇒ Periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA

Deve haver na instituição um documento-base contendo todos os aspectos da estrutura


mínima para um PPRA.

Este documento deve ser apresentado e discutido na CIPA (se houver), sendo anexado
cópia em livro ata. Este documento deve estar acessível às autoridades competentes para
fiscalização. O PPRA deve ser analisado globalmente, pelo menos uma vez ao ano para
avaliar seu desenvolvimento, para os ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e
prioridades.

3.7 EXEMPLOS DE RISCOS AMBIENTAIS


Os riscos ambientais incluem os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos
ambientes de trabalho e que podem causar danos à saúde do trabalhador na dependência de
sua natureza, intensidade, concentração, freqüência e tempo de exposição.

⇒ Agentes Físicos: ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (frio ou


calor), radiações ionizantes e não ionizantes, umidade

⇒ Agentes Químicos: poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores, substância sou
compostos ou produtos químicos em geral, absorvidos por via respiratória, pela pele ou
pelo trato gastrointestinal (ingestão) com ação nociva

⇒ Agentes Biológicos: bactérias, fungos, parasitas, protozoários, vírus e outros


microrganismos com ação patogênica

Podemos ainda exemplificar a presença de risco de acidentes no ambiente de trabalho por


ergonômicos: movimentos repetitivos, postura inadequada etc; máquinas e equipamentos sem
proteção; eletricidade; probabilidade de incêndio ou explosão; armazenamento de produtos de

110
forma inadequada, como agentes tóxicos ou resíduos químicos; presença de animais
peçonhentos.

3.8 TRABALHO INSALUBRE E PERIGOSO / ADICIONAL DE


INSALUBRIDADE E PERICULOSIDADE
O trabalho insalubre é aquele em que o trabalhador fica exposto a agentes nocivos á
saúde, acima dos limites de tolerância fixados, em razão da natureza e da intensidade do
agente e do tempo de exposição aos seus efeitos (CLT, art. 189 e NR-5). O exercício de
trabalho insalubre assegura ao trabalhador (servidores, professores efetivos, substitutos e
visitantes) a percepção de adicional, incidente sobre o vencimento básico do cargo efetivo,
equivalente a:

⇒ 20% quando a insalubridade é caracterizada como grau máximo


⇒ 10% quando a insalubridade é caracterizada como grau médio
⇒ 5% quando a insalubridade é caracterizada como grau mínimo

Quando o trabalhador fica exposto a radiação, explosivos ou eletricidade é


caracterizado um trabalho em condições de periculosidade e é assegurado ao trabalhador a
percepção de adicional de 10%, incidente sobre o vencimento básico do cargo efetivo, sem os
acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação nos lucros da empresa (NR-
16, subitem 16.2).

O direito à percepção de insalubridade cessa com a eliminação das condições ou dos


riscos que deram causa á sua concessão, de acordo com o laudo pericial.

Os adicionais de insalubridade e periculosidade não se incorporam aos proventos de


aposentadoria e o exercício do cargo em atividades insalubres ou perigosas também não reduz
o tempo de serviço para a aposentadoria.

3.9 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS


Um dos grandes problemas ecológicos no mundo de hoje é o lançamento ao meio
ambiente de produtos químicos perigosos, de forma inadequada.

No Brasil, a Constituição estabelece responsabilidades às três esferas de governo:


municipal, estadual e federal.

Um dos órgãos nacionais com competência para regular o assunto é o Conselho


Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, que em 1993, através da Resolução 05/93, atualizada
pela Resolução 283/01, definiu procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos
sólidos dos serviços de saúde, dividindo-os em quatro grandes grupos:

⇒ Grupo A – resíduos biológicos

⇒ Grupo B – resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio


ambiente devido às suas características químicas, aí se incluindo as drogas
quimioterápicas e os produtos por elas contaminados; os resíduos farmacêuticos
(medicamentos vencidos, contaminados, interditados ou não utilizados); e demais
produtos considerados perigosos de acordo com a NBR 10.004

⇒ Grupo C – rejeitos radioativos

⇒ Grupo D – resíduos comuns

A NBR 10.004 classifica como perigosos os resíduos químicos que pelas suas
características de inflamabilidade, reatividade, corrosividade ou toxicidade podem apresentar
risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou

111
incidência de doenças e/ou efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou
dispostos de forma perigosa.

Assim, toda instituição de saúde, deve estabelecer um sistema de gerenciamento de


resíduos para, entre outros, submeter os resíduos do tipo B da instrução do CONAMA a
tratamento e disposição final específicos, segundo exigências do órgão ambiental competente.

Um sistema de gerenciamento de resíduos deve abordar, no mínimo, os seguintes


itens:
⇒ identificação dos resíduos produzidos e seus efeitos na saúde e no ambiente
⇒ levantamento sobre o sistema e disposição final para os resíduos
⇒ estabelecimento de uma classificação dos resíduos segundo uma tipologia clara, que
seja conhecida por todos
⇒ estabelecimento de normas e responsabilidades na gestão e eliminação dos resíduos
⇒ estudo de formas de redução dos resíduos produzidos
⇒ utilização, de forma efetiva, dos meios de tratamento disponíveis

112
REFERÊNCIAS

____. NBR 10.004 – Resíduos sólidos. Rio de Janeiro, 1987.


ABNT. NBR 7500 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de
materiais.
IUPAC. Chemical Safety Matters .Cambridge University Press, 1992
J.A .YOUNG. Improving Safety in the Chemical Laboratory: a practical guide. John Wiley &
Sons, 1991
J.P.DUX, R.F.STALZER. Managing Safety in the Chemical Laboratory. Van Nostrand
Reinhold, 1988
nd
N.V.STEERE (ed.). Handbook of Laboratory Safety – CRC Press, 2 ed. , 1971
R.PURCHASE (ed.). The laboratory Environment – Royal Society of Chemistry, 1994
S.G. LUXON. Hazards in the Chemical Laboratory. Royal Society of Chemistry, 5th ed., 1992
World Health Organization/ International Programme on Chemical Safety. Health and Safety
Guides. World Health Organization, 1996

113
114
CAPÍTULO 4 - MATEMÁTICA

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): ______________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

115
4.1 HISTÓRICO DOS SISTEMAS DE PROPORÇÕES
MATEMÁTICAS
A matemática é uma das ferramentas mais importantes do homem, pois, através dela,
buscamos compreender o mundo e a nós mesmos. Todas as leis da Física só são possíveis
graças ao entendimento do universo pela matemática. Nossa estrutura psicológica requer um
conceito de ordenação e de harmonia: nós obtemos este conceito através da matemática, mais
especificamente através dos sistemas de proporções matemáticas. Logo, podemos ter na
matemática a linguagem humana mais abstrata e que utilizamos para entender a tudo que nos
cerca.

Os sistemas de proporções matemáticas são as principais ferramentas que o homem


utiliza para a compreensão de tudo que lhe cerca.

Na busca pela harmonia, nos deparamos com dois estados que, à primeira vista,
parecem antagônicos, porém, especialmente dentro do universo das artes, complementam-se.
O desejo pela beleza e ordem se misturam entre um instinto irracional tanto quanto um impulso
intelectual. E é no meio artístico que podemos ver como eles se relacionam: o artista, através
da sua habilidade (controlada pela razão) tenta exprimir seus sonhos no suporte de sua arte - a
consciência que guia o inconsciente, o lado humano controlando e trabalhando o lado
irracional.

É no universo das artes que podemos ver o ser humano em suas facetas racional e
irracional atuando juntas.

Outra questão que precisa ser explicitada já de início é a diferença entre razão e
proporção. Basicamente, razão é uma divisão, o quociente de dois números. Já um sistema
proporcional consiste em relacionar duas razões dentro de uma igualdade, criando assim um
elo entre elas.
a x a x
α ⇒ =
b y b y
À esquerda, dois exemplos de razões. À direita, as mesmas razões se ligam pela
igualdade, formando assim uma proporção.

4.1.1 A Proporção na Grécia Antiga


Até as civilizações clássicas (Grécia e Roma Antigas), a arquitetura, a arte e a filosofia
sempre se vincularam à religião e conceitos de vida e morte. Inclusive, era muito comum
nestes períodos haver o vínculo entre religião e política, ou seja, o conceito de civilização
teocrática. Foi na Grécia Antiga, com suas cidades-estados e seus respectivos cidadãos livres,
que o homem pode ter uma autonomia do pensamento, sem o compromisso prévio de acatar
uma verdade oficial. Assim, é na Grécia que surgem as origens dos pensamentos matemáticos
como ciência teórica, que discutiremos a seguir.

116
Podemos ver muitos valores religiosos dentro da cultura do Egito Antigo, assim como
em várias outras civilizações que antecederam a Grécia Antiga.

 Pitágoras de Samos (582 a.C. - 497 a.C.) é considerado o fundador da geometria teórica.
Em seus pensamentos sobre a estrutura do universo, razões e proporções, ele elaborou
uma teoria que vinculava a música, o espaço e os números. Em duas cordas, de mesmo
material, sob mesma tensão e sendo a primeira o dobro do comprimento da segunda,
quando tocadas, a corda mais curta irá emitir um tom uma oitava acima da corda mais
longa, devido a sua freqüência ter o dobro do valor. Ou seja, a relação de 1:2 compreende
a relação sonora de uma oitava. Se dividirmos a corda mais curta pela metade, obtendo a
relação de 2:4, o tom será de duas oitavas acima da corda inicial. Por outro lado, a relação
de 3:4 nos dá um tom uma quarta acima do tom inicial, e a relação de 2:3 apresenta um
tom uma quinta acima. Desta maneira, Pitágoras elaborou relações entre sons, o tamanho
das cordas e as razões de 1:2:3:4. Ainda sobre os pensamentos pitagóricos, podemos
obter três tipos de proporções:

• A proporção geométrica se estabelece entre oitavas de um tom, ou seja, 1:2:4 (o tom, uma
oitava acima e duas oitavas acima);
• A proporção aritmética, ao se apropriar da relação de 2:3:4, se estabelece ao trabalhar o
som de uma oitava em uma quinta e uma quarta;
• Por fim, a proporção harmônica envolve a diferença dos valores das frações medianas, isto
é, na relação de 6:8:12, 8 excede 6 em um terço da mesma maneira que 12 excede 8
também em um terço.

A proporção harmônica pode ser considerada uma subversão da proporção aritmética,


trabalhando o som de uma oitava em uma quarta e uma quinta.

Pitágoras estudou o vínculo entre o som, o espaço e a matemática.

 Platão (427 a.C. - 347 a.C.) elaborou o pensamento pitagórico, vinculando matemática e
misticismo na tentativa de compreensão humana do universo. Citando seus pensamentos,
"os números governam o mundo". Através de seu raciocínio, obteve os sólidos platônicos,
volumes espaciais compostos por apenas uma única figura geométrica regular.

• Através do triângulo eqüilátero, Platão obteve o tetraedro, o octaedro e o icosaedro, de


quatro, oito e vinte faces respectivamente;
• Com o quadrado, obteve o cubo (ou hexaedro) e suas seis faces idênticas;
• Finalmente, através de o pentágono regular, Platão conseguiu um dodecaedro, com doze
faces iguais.

Platão buscou nos sólidos regulares a explicação para a origem do universo. Abaixo e da
esquerda para a direita, modelos de um tetraedro, um octaedro, um icosaedro, um cubo (ou
hexaedro) e um dodecaedro.

 Euclides de Alexandria (365 a.C. - 300 a.C.) também teve grande importância para a
história da geometria. Ele elaborou a teoria da proporção áurea, onde dois números (X e Y,
por exemplo) estão em proporção áurea se a razão entre o menor deles sobre o maior for
igual ao maior sobre a soma dos dois (ou seja, X = X ). Esta proporção estabelece um
Y X+Y
coeficiente áureo, onde se pode analisar que, basicamente, tudo que se encontra na
natureza está inscrito nesta proporção, seja o corpo humano, uma colméia de abelhas,
uma estrela do mar, uma concha, etc.

117
4.1.2 A Matemática Durante o Processo de Continuidade Histórica
Após o período clássico, as bases matemáticas se mantiveram e foram endossadas ou
negadas, de acordo com os períodos históricos e suas respectivas conjunturas sociais,
políticas, culturais, religiosas e econômicas. Antes de iniciarmos este capítulo, devemos nos
atentar para mais um conceito que nos servirá de base para uma melhor compreensão destes
períodos: a continuidade histórica.

Durante a história da humanidade, as ideologias dominantes, em seus respectivos


momentos, ora afirmavam antigos conceitos, ora negavam idéias passadas. Isto não quer dizer
que, ao acatarem alguma antiga versão como verdade oficial, estava-se revivendo algum
momento histórico: um novo contexto sempre traz modificações na idéia original, o que faz
significativas mudanças de valores. O mesmo acontece quando temos a negação de certos
princípios: ao negar um modelo, acabamos por criar um contra - modelo, de maneira que, se
iniciarmos um processo investigativo, conseguiremos resgatar neste contra-modelo as bases
do que foi negado. Assim podemos ver que nem tudo que se afirma é realmente o objeto
afirmado, assim como nem tudo que se nega necessariamente é algo distante daquilo que foi
recusado.

A estética medieval (um período em que as idéias religiosas tinham grande peso) se
apoiou nas bases do pensamento platônico como a estrutura de sua ideologia. Quadrados e
triângulos eqüiláteros serviram de base para a construção de igrejas medievais, seja como
elementos simples, seja como trama reticulada. Outra figura geométrica de grande importância
neste período foi o triângulo pitagórico, o único triângulo retângulo que tem lados em
progressão aritmética (3, 4 e 5 ou múltiplos destes valores). Podemos ver também nas igrejas
góticas mais uma regra: a inscrição de quadrados menores nas diagonais de quadrados
maiores.

Durante o Renascimento, os cânones do pensamento neoclássico tentaram reconciliar


Pitágoras e Euclides a seu tempo: se o homem é uma criação divina, pode este mesmo
homem produzir obras que remetam à harmonia divina? Pode o homem fazer o trabalho de
Deus? Neste momento, houve muita importância para os conceitos de proporções harmônica
e, principalmente, áurea.

Na verdade, por mais que se neguem ou se afirmem os conceitos em diversos


momentos históricos, não podemos dizer que um sistema proporcional é correto e não os
outros. No período medieval acreditava-se que a regra estava dada e tanto o homem, a
natureza ou qualquer outro tema observado devia-se aplicar nesta regra. O Renascimento fez
o caminho inverso: foi da observação da natureza e do homem que se buscou retirar as regras
já existentes em sua constituição, buscando assim uma harmonia entre as partes e o todo.

Não existe um sistema correto em meio a tantos outros. Para cada momento histórico
uma situação gerou ideologias dominantes, mas como toda ideologia dominante, esta era
apenas a visão da maioria. O que muda são apenas os contextos, enquanto as filosofias
acabam por se complementar ao longo dos séculos, engrandecendo a história da humanidade.

4.2 PROPORÇÕES
4.2.1 Introdução
O conceito de proporção tem uma importância muito grande, não apenas em
Matemática, como também no cotidiano.

Freqüentemente empregamos proporções em nosso dia-a-dia, embora sem utilizar


símbolos matemáticos.

Quando fazemos uma justa critica de uma estátua, dizendo que “ela tem uma cabeça
muito grande”, não estamos nos referindo à medida absoluta da cabeça. Em uma estátua, a

118
cabeça pode ser “muito grande”, mesmo medindo a metade, um quarto ou um décimo da
cabeça verdadeira; é “muito grande” proporcionalmente ao conjunto da própria estátua.

4.2.2 Razões
4.2.2.1 Razões de dois números
Razão do número a para o número b (diferente de zero) é o quociente de a por b.
Representamos por a/b ou a:b.

A palavra razão vem do latim ratio, e significa "divisão".

Vamos considerar um carro de corrida com 4 m de comprimento e um kart com 2 m de


comprimento. Para compararmos as medidas dos carros, basta dividir o comprimento de um
deles pelo outro. Assim:
4
= 2 (o tamanho do carro de corrida é duas vezes o tamanho do kart).
2
1
Podemos afirmar também que o kart tem a metade ( ) do comprimento do carro de
2
corrida.
1
A razão ( ) pode também ser representada por 1:2 e significa que cada metro do kart
2
corresponde a 2 m do carro de corrida.

Como no exemplo anterior, são diversas as situações em que utilizamos o conceito de


razão.

EXEMPLO

a) Dos 1200 inscritos num concurso, passaram 240 candidatos.

Razão dos candidatos aprovados nesse concurso:

240 1
240:1200 = = (de cada 5 candidatos inscritos, 1 foi aprovado).
1200 5

b) Para cada 100 convidados, 75 eram mulheres.

Razão entre o número de mulheres e o número de convidados:


75 3
75:100 = = (de cada 4 convidados, 3 eram mulheres).
100 4
Obs - A razão entre dois números racionais pode ser apresentada de três formas.

EXEMPLO
1
Razão entre 1 e 4: 1:4 ou ou 0,25.
4
A razão entre dois números racionais pode ser expressa com sinal negativo, desde que
seus termos tenham sinais contrários.

EXEMPLO
1
a) A razão entre 1 e -8 é − .
8
1

1 1 4
b) A razão entre − e é 5 =− .
5 4 1 5
4

119
4.2.2.2 Termos de uma razão
Observe a razão:
a
a:b = (lê-se "a está para b" ou "a para b").
b
a
Na razão a:b ou , o número a é denominado antecedente e o número b é
b
denominado conseqüente. Veja o exemplo:
3
3:5 = (o antecedente é 3 e o conseqüente é 5)
5
Leitura da razão: 3 está para 5 ou 3 para 5

4.2.2.3 Razões inversas


4 5
Considere as razões e .
5 4
4 5
Observe que o produto dessas duas razões é igual a 1, ou seja, x = 1.
5 4
4 5
Nesse caso, podemos afirmar que e são razões inversas.
5 4
Duas razões são inversas entre si quando o produto delas é igual a 1.

EXEMPLO
3 7 3 7
e São razões inversas, pois x = 1 .
7 3 7 3
Verifique que nas razões inversas o antecedente de uma é o conseqüente da outra, e
vice-versa.

Obs 1 - Uma razão de antecedente zero não possui inversa.

Obs 2 - Para determinar a razão inversa de uma razão dada, devemos permutar (trocar) os
seus termos.

EXEMPLO
2 5
O inverso de é .
5 2

4.2.2.4 Razões equivalentes


Dada uma razão entre dois números, obtemos uma razão equivalente da seguinte
maneira:

Multiplicando-se ou dividindo-se os termos de uma razão por um mesmo número


racional (diferente de zero), obtemos uma razão equivalente.

EXEMPLO
5 10 5 10
a) = ⇒ e são razões equivalentes.
6 12 6 12
15 3 15 3
b) = ⇒ e são razões equivalentes.
35 7 35 7

120
EXERCICIOS

• Calcule a razão entre os números:


a) 256 e 960
b) 1,25 e 3,75
1
c) 5 e
3
1
d) e 0,2
2
1
e) (2 - ) e 3
5

4.2.3 Razões entre grandezas da mesma espécie


Denomina-se razão entre grandezas de mesma espécie o quociente entre os números
que expressam as medidas dessas grandezas numa mesma unidade.

EXEMPLO

a) Calcular a razão entre a altura de dois anões, sabendo que o primeiro possui uma altura
h1= 1,20 m e o segundo possui uma altura h2= 1,50 m.

b) Determinar a razão entre as áreas das superfícies das quadras de vôlei e basquete,
2
sabendo que a quadra de vôlei possui uma área de 162 m e a de basquete possui uma
2
área de 240 m . A razão entre as áreas da quadra de vôlei e basquete é:

4.2.4 Razões entre grandezas de espécies diferentes


Para determinar a razão entre duas grandezas de espécies diferentes, determina-se o
quociente entre as medidas dessas grandezas. Essa razão deve ser acompanhada da notação
que relaciona as grandezas envolvidas.

EXEMPLO

a) Consumo médio:

Beatriz foi de São Paulo a Campinas (92 km) no seu carro. Foram gastos nesse
percurso 8 litros de combustível. Qual a razão entre a distância e o combustível consumido? O
que significa essa razão?

b) Velocidade média:

Moacir fez o percurso Rio - São Paulo (450 km) em 5 horas. Qual a razão entre a
medida dessas grandezas? O que significa essa razão?

121
c) Densidade demográfica:

O estado do Ceará no último censo teve uma população avaliada em 6.701.924


2
habitantes. Sua área é de 145.694 km . Determine a razão entre o número de habitantes e a
área desse estado. O que significa essa razão?

d) Densidade absoluta ou massa específica:

Um cubo de ferro de 1 cm de aresta tem massa igual a 7,8 g. Determine a razão entre
a massa e o volume desse corpo. O que significa essa razão?

EXERCICIOS

• Calcule a razão entre as seguintes grandezas:


a) 27 km e 3 L de álcool
3
b) 40 g e 5 cm
c) 24 kg e 80 kg
d) 20 cm e 4 dm
e) 20 d e 2 m 15 d

4.2.5 Proporção
Dados, em certa ordem, quatro números (a, b, c e d) diferentes de zero, dizemos que
eles formam uma proporção quando a razão entre os dois primeiros (a e b) é igual à razão
entre os dois últimos (c e d).

EXEMPLO

Rogério e Claudinho passeiam com seus cachorros. Rogério pesa 120 kg, e seu cão,
40 kg. Claudinho, por sua vez, pesa 48 kg, e seu cão, 16 kg.

Observe a razão entre o peso dos dois rapazes: 120Kg = 5


48Kg 2

Observe, agora, a razão entre o peso dos cachorros: 40Kg = 5


16Kg 2
Verificamos que as duas razões são iguais. Nesse caso, podemos afirmar que a
120 40
igualdade = é uma proporção.
48 16

4.2.5.1 Elementos de uma proporção


Dados quatro números racionais a, b, c, d, não-nulos, nessa ordem, dizemos que eles
formam uma proporção quando a razão do 1º para o 2º for igual à razão do 3º para o 4º.

Representamos assim:
a c ou a:b=c:d
=
b d
(lê-se "a está para b assim como c está para d")

122
Os números a, b, c e d são os termos da proporção, sendo:

• b e c os meios da proporção.
• a e d os extremos da proporção.

EXEMPLO

3 27
Dada a proporção = , temos:
4 36
Leitura: 3 está para 4 assim como 27 está para 36.
Meios: 4 e 27
Extremos: 3 e 36

4.2.5.2 Propriedade fundamental das proporções


Observe as seguintes proporções:

3 30 Produto dos meios = 4.30 = 120


= ⇒
4 40 Produto dos extremos = 3.40 = 120

4 20 Produto dos meios = 9.20 = 180


= ⇒
9 45 Produto dos extremos = 4.45 = 180

5 45 Produto dos meios = 8.45 = 360


= ⇒
8 72 Produto dos extremos = 5.72 = 360

De modo geral, temos que:


a c
= ⇔ a.d = b.c
b d

Daí podemos enunciar a propriedade fundamental das proporções: Em toda proporção,


o produto dos meios é igual ao produto dos extremos.

4.2.5.3 Aplicações da propriedade fundamental - Determinação do termo


desconhecido de uma proporção
EXEMPLO

5 15
a) Determine o valor de x na proporção: =
8 x

x−3 4 1
b) Determine o valor de x na proporção: = , sendo x ≠ −
2x + 1 5 2

123
c) Os números 5, 8, 35 e x formam, nessa ordem, uma proporção. Determine o valor de x.

4.2.5.4 Resolução de problemas envolvendo proporções


EXEMPLO
3 3
Numa salina, de cada metro cúbico (m ) de água salgada, são retirados 40 dm de sal.
3
Para obtermos 2 m de sal, quantos metros cúbicos de água salgada são necessários?

4.2.5.5 Quarta proporcional


Dados três números racionais a, b e c, não-nulos, denomina-se quarta proporcional
desses números um número x tal que:
a c
=
b x
EXEMPLO

Determine a quarta proporcional dos números 8, 12 e 6.

4.2.5.6 Proporção contínua


9 12
=
Considere a seguinte proporção:
12 16
Observe que os seus meios são iguais, sendo, por isso, denominada proporção
contínua.

Assim, temos que proporção contínua é toda a proporção que apresenta os meios
iguais.

De um modo geral, uma proporção contínua pode ser representada por:

a b
=
b c
4.2.5.7 Terceira proporcional
Dados dois números naturais a e b, não-nulos, denomina-se terceira proporcional
desses números o número x tal que:

a b
=
b x
EXEMPLO

Determine a terceira proporcional dos números 20 e 10.

124
4.2.5.8 Média geométrica ou média proporcional

a b
Dada uma proporção contínua = , o número b é denominado média geométrica ou
b c
média proporcional entre a e c.

EXEMPLO

Determine a média geométrica positiva entre 5 e 20.

4.2.6 Propriedades das proporções


4.2.6.1 Propriedade I
Numa proporção, a soma dos dois primeiros termos está para o 2º (ou 1º) termo, assim
como a soma dos dois últimos está para o 4º (ou 3º).

Demonstração

a c b d
Considere as proporções = e = , adicionando 1 a cada membro obtemos:
b d a c
a c b d
+1= +1 e +1= +1 ⇒
b d a c
a+b c +d b+a d+c
⇒ = e = ⇒
b d a c
a+b c +d a+b c +d
⇒ = e =
b d a c

EXEMPLO
x 3
Determine x e y na proporção = , sabendo que x + y = 84.
y 4

4.2.6.2 Propriedade II
Numa proporção, a diferença dos dois primeiros termos está para o 2º (ou 1º) termo,
assim como a diferença dos dois últimos está para o 4º (ou 3º).

Demonstração
a c b d
Considere as proporções = e = , subtraindo 1 a cada membro obtemos:
b d a c
a c b d
−1= −1 e −1= −1 ⇒
b d a c
a −b c −d b−a d−c
⇒ = e = ⇒
b d a c

Multiplicando os dois membros da segunda igualdade por -1, obtemos:

125
a −b c −d a−b c−d
= e =
b d a c
EXEMPLO
x 5
Sabendo-se que x - y = 18, determine x e y na proporção = .
y 2

4.2.6.3 Propriedade III

Numa proporção, a soma dos antecedentes está para a soma dos conseqüentes,
assim como cada antecedente está para o seu conseqüente.

Demonstração

a c
Considere a proporção: =
b d
a b
Permutando os meios, temos: = .
c d
a+c b+d
Aplicando a 1ª propriedade, obtemos: = .
c d
a+c c a
Permutando os meios, finalmente obtemos: = = .
b+d d b

4.2.6.4 Propriedade IV

Numa proporção, a diferença dos antecedentes está para a diferença dos


conseqüentes, assim como cada antecedente está para o seu conseqüente.

Demonstração

a c
Considere a proporção: =
b d
a b
Permutando os meios, temos: = .
c d
a−c b−d
Aplicando a 2ª propriedade, obtemos: = .
c d
a−c c a
Permutando os meios, finalmente obtemos: = = .
b−d d b

EXEMPLO

a b
Sabendo que a - b = -24 determinem a e b na proporção = .
5 7

126
4.2.6.5 Propriedade V
Numa proporção, o produto dos antecedentes está para o produto dos conseqüentes,
assim como o quadrado de cada antecedente está para quadrado do seu conseqüente.

Demonstração

Considere a proporção:
a c
=
b d
a
Multiplicando os dois membros por , temos:
b

a a c a a 2 a.c
. = . ⇒ 2 =
b b d b b b.d
Assim:
a.c a 2 c 2
= =
b.d b 2 d 2
Obs - A 5ª propriedade pode ser estendida para qualquer número de razões.

EXEMPLO

a.c.e a 3 c 3 e 3
= = =
b.d.f b 3 d 3 f 3

4.2.7 Proporção múltipla


Denominamos proporção múltipla uma série de razões iguais.
2 4 6
Assim: = = é uma proporção múltipla.
5 10 15
a c e
Dada a série de razões iguais = = , de acordo com a 3ª e 4ª propriedade,
b d f
podemos escrever:
a+c+e a c e
= = =
b+d+f b d f
a+c−e a c e
= = =
b+d−f b d f
a−c +e a c e
= = =
b−d+ f b d f
a−c −e a c e
= = =
b−d−f b d f

127
EXERCICIOS

1. Verifique se são verdadeiras as seguintes proporções:


6 24 2 12
a) = b) =
7 28 3 15

2. Aplicando a propriedade fundamental, verifique se são ou não proporções as seguintes


expressões:
4 72 2 3 5 2
a) =
15 270 c) 5 = 5 d) 9 = 3
3 15 1 1 2 0,8
b) = 6 2 3
4 16

3. Calcule x nas proporções:


15 60 7
a) =
20 x b) 6 = 5
x 3
2

4. Calcule x, sabendo que:


0,06 0,18 2 11
a) = x
0,25 x 3= x c) = 4
b) 1 1
3 1 2+ 3+
3 4
4 5

x y z
5. Calcule o valor de x, y e z, sabendo que = = e x + y + z = 420.
9 11 15
6. Determine os antecedentes de uma proporção, sabendo que sua soma é 47 e que os
conseqüentes são 2 e 8.
2
7. Determine dois números, sabendo que sua soma é 60 e que a razão entre eles é .
3
a b c
8. Calcule a, b e c, sabendo que a + b + c = 180 e = = .
5 3 1
9. Determine os conseqüentes de uma proporção, sabendo que sua soma é 60 e que os
antecedentes são 108 e 72.
18
10. Determine dois números, sabendo que a razão entre eles é e que sua soma é 30.
90
11. Determine a razão entre os números:
a) 226 e 1.017 2 3 15 5
b) 1,25 e 0,75 d) ( + ) e ( - 2 )
5 4 4 8
12 9
c) e
30 12
12. Calcule a razão entre as seguintes grandezas:
3
a) 80 m e 48 dam c) 0,725 m e 5.000 L
2
b) 150 m e 45 ares d) 9 d 17 h 20 min e 8 d 12 h 10 min
3
13. Verifique se a razão de 6 m 20 d para 3 a 5 m 20 d é igual à razão de 640 L para 2 m .

14. Verifique se as seguintes expressões formam proporção:


3 5 0,01 20 1 1
b) = −2
a) 4 = 2 0,1 200 c) 3 = 2
5 25 1 1 1
− −
8 12 25 3 5

128
15. Escreva os produtos abaixo sob forma de proporção:
2 3 4 7
a) x = x
3 5 7 10
2 2
b) (1 + ) x (1 - ) = 0,5 x 2
3 5
16. Verifique se os quatro números formam uma proporção; em caso afirmativo, escreva a
proporção correspondente:
a) 8, 5, 16 e 10
2 5
b) , 2, e 0,5
3 2
c) 3, 5, 8 e 10

17. Calcule o valor de x na proporção:


2 7
a) 3 = 5
x 4
5
7
x
b) = 2
1 1
5 4
7 2
2
x
c) = 3
5 1

4 2
1
−1
0,1.(1 − 0,1) 4
d) =
0,1 − 1(0,4) x
1 1
+
e) 4 3 = x
2 2 1 1
− +
3 5 4 2
1
− 0,5
x
f) = 6
1 2
0,3 − (1 − ) 2
2 3
8
+x
3 7
g) =
x 3
3
−1
2 x
h) =
x 1
2( 2 + )
4
15 5
18. Escreva uma razão igual a , cujo antecedente seja .
4 3
1 1
19. Escreva uma razão igual a , cujo conseqüente seja 4 .
5 6
1
20. Escreva uma proporção cujas razões sejam iguais a e cujos conseqüentes sejam 28 e
4
36.

129
21. Calcule x e y, sabendo que:
x y
a) = e x + y = 187
5 12
1 1
1
b) 2 = 3 e x + y =
x y 6
x y
c) = e x – y = 85
8 3
4
22. Calcule dois números, sabendo que sua soma é 169 e que a razão é .
9
3
23. Dois números, cuja soma é 28, guardam entre si a relação . Quais são esses números?
4
8
24. Dois números, cuja diferença é 12, estão na relação . Quais são esses números?
5
5
25. A idade de um pai está para a de seu filho como 7 está para . Se a soma das idades é
3
52, qual a idade de cada um?
35 3
26. Decomponha o número em duas partes, tais que a razão entre elas seja .
6 2
27. Qual é o número que, aumentado de 2 unidades, está para 5 assim como 28 está para 20?

28. Qual é o número que, diminuído de 3 unidades, está para o seu consecutivo assim como 5
está para 6?

29. A soma de três algarismos é igual a 555. O primeiro está para o segundo como 8 está para
5. A diferença entre esses dois números é igual a 69. Quais são os três números?

30. A importância de R$ 588,00 foi dividida entre três pessoas. Sabendo que a parte da
primeira está para a da segunda como 5 para 7, e que a parte da segunda está para a da
terceira como 7 para 9, determine as três partes.

130
4.3 GRANDEZAS PROPORCIONAIS
4.3.1 Introdução
A maioria dos problemas que se apresentam em nosso dia-a-dia liga duas grandezas
relacionadas de tal forma que, quando uma delas varia, como conseqüência varia também a
outra.

Em nosso dia-a-dia quase tudo se associa a duas ou mais grandezas. Por exemplo:
quando falamos em: velocidade, tempo, peso, espaço, etc, estamos lidando diretamente com
grandezas que estão relacionadas entre si.

EXEMPLO

Uma moto percorre um determinado espaço físico em um tempo maior ou menor


dependendo da velocidade que ela poder chegar ou imprimir em seu percurso realizado.

Assim também a quantidade de trabalho a ser realizado em um determinado tempo


depende do número de operários empregados e trabalhando diretamente na obra a ser
concluída ou que se deseja concluir.

A relação de dependência entre duas grandezas, dependendo da condição


apresentada, pode ser classificada como Diretamente Proporcional ou Inversamente
Proporcional.

4.3.2 Grandezas Diretamente Proporcionais


Duas grandezas variáveis são diretamente proporcionais (ou, simplesmente,
proporcionais) se os valores correspondentes x e y são expressos por uma função do tipo:

Y = kx

onde k é um número real constante, diferente de zero.

Ou podemos dizer que Grandezas Diretamente Proporcionais, são as grandezas que


tem a variação de uma implicando na variação ou mudança da outra, na mesma proporção,
mesma direção e sentido.

EXEMPLO

a) 1 kg de carne custa “Y”, se a pessoa comprar 2 kg de carne então ela pagará “2.y”.

b) Se uma pessoa compra 10 borrachas ao custo de R$ 1,00, então se ela comprar 20


borrachas o custo total será de R$ 2,00, calculando o preço unitário de R$ 0,10.

4.3.3 Grandezas Inversamente Proporcionais


Duas grandezas são inversamente proporcionais quando a variação de uma implica
necessariamente na variação da outra, na mesma proporção, porém, em sentido e direção
contrários.

EXEMPLO

Velocidade e tempo: Um carro percorre a uma velocidade de 100 km/h, o total de 10


metros em 10 segundos. Se este mesmo carro aumentar para 200 km/h gastará apenas 5
segundos para percorrer os mesmos 10 metros.

131
EXERCICIOS

1. Uma fração é direta ou inversamente proporcional ao seu numerador? Por que?

2. Uma fração é direta ou inversamente proporcional ao seu denominador? Por que?

3. A soma de dois números é diretamente proporcional a cada uma das parcelas? Por que?

4. A diferença entre dois números é inversamente proporcional ao subtraendo? Por que?

5. O produto de dois números é direta ou inversamente proporcional a cada um de seus


fatores? Por que?

6. O quociente é direta ou inversamente proporcional ao divisor? Por que?

7. Verifique se são ou não proporcionais as seguintes sucessões de números; em caso


afirmativo, determine o coeficiente de proporcionalidade:
a) (120, 180, 375) e (48, 72, 150)
b) (0,24; 0,21; 0,15) e (0,8; 0,7; 0,05)

8. Verifique se são ou não inversamente proporcionais as seguintes sucessões de números;


em caso afirmativo, determine o coeficiente de proporcionalidade:
a) (90, 60, 45) e (28, 42, 56)
b) (0,45; 0,12; 0,035) e (10,5; 2,8; 36)

9. Determine os valores de x, y e z nos seguintes grupos de números diretamente


proporcionais:
a) (x; y; 0,7) e (2; 5; 2)
2 5 3
b) (x; 0,3; ; ) e (9; ; y; z)
3 7 5

10. Determine os valores de m, n e p nos seguintes grupos de números inversamente


proporcionais:
a) (5, n, p, 7) e (m, 4, 14, 8)
4
b) (8, 3 , p, 9) e (m, n, 9, 1)
5

132
4.4 REGRA DE TRÊS
4.4.1 Definição
Podemos definir como REGRA DE TRÊS ao cálculo ou processo matemático utilizado
para resolver problemas que envolvam duas ou mais grandezas diretas ou grandezas
inversamente proporcionais.

O problema que envolve somente duas grandezas diretamente proporcionais é mais


comumente chamado de regra de três simples.

EXEMPLOS

1. Um ingresso de show custa R$ 15,00, então, o custo de 6 bilhetes será ?

2. Um automóvel percorre um espaço de 480 km em 2 horas. Quantos km ele percorrerá em


6 horas?

4.4.2 Variantes da regra de três


4.4.2.1 Direta ou Inversa
È definido na regra de três os termos de “direta” ou “inversa”, dependendo do tipo de
relação que existem entre as duas grandezas envolvidas no processo do problema.

4.4.2.1.1 Regra de três simples e direta

Nesta modalidade de regra de três são envolvidas duas grandezas diretamente


proporcionais, ou seja, quando a variação de uma delas corresponde à mesma variação da
outra grandeza dada no problema a ser resolvido.

A montagem da solução deste tipo de problema é feita na mesma ordem de todas as


grandezas.

EXEMPLO

Certo alimento tem o custo de R$ 5,00 por 5 kg. Calcular o preço de 10 kg deste
alimento.

4.4.2.1.2 Regra de três simples e inversa

Nesta modalidade de regra de três são envolvidas duas grandezas inversamente


proporcionais, ou seja, quando existe a variação de uma das grandezas a outra varia, porém
de forma contrária, mais na mesma proporção.

A montagem da solução deste tipo de problema é feita invertendo as ordens das


grandezas.

133
EXEMPLO

Certo homem percorre uma via de determinada distância com uma bicicleta. Sabendo-
se que com a velocidade de 5 km/h, ele demora 06 horas, quanto tempo este homem gastará
com sua bicicleta para percorrer esta mesma distância com uma velocidade 3 km/h.

4.4.2.1.3 Regra de três composta

Este tipo de cálculo de regra de três envolve mais de duas grandezas proporcionais.

EXEMPLO

a) Se 20 homens trabalhando durante 15 dias constroem 500 metros de um muro, quantos


homens serão necessários para construir mais 1000 metros deste muro em 30 dias?

b) Se 10 carros consomem em 5 dias a quantidade de 1000 litros de gasolina, quantos carros


usaremos para consumir somente 500 litros de gasolina no espaço de 2 dias?

4.4.2.2 Método mais prático de solução da regra de três composta


Faça a comparação da grandeza que irá determinar com as demais grandezas. Se esta
grandeza for inversa, invertemos os dados dessa grandeza das demais grandezas.

A grandeza a se determinar não se altera, então, igualamos a razão das grandezas e


determinamos o valor que se procura.

EXEMPLO

a) Na alimentação de 2 bois, durante 8 dias, são consumidos 2420 kg de ração. Se mais 2


bois são comprados, quantos quilos de ração serão necessários para alimentá-los durante 12
dias.

b) Em 6 dias de trabalho, 12 confeiteiros fazem 960 tortas. Em quantos dias 4 confeiteiros


poderão fazer 320 tortas.

134
EXERCÍCIOS

1. Se 35 m de um tecido custam R$ 140, 00, quanto se pagará por 12 m?

2. Se 20 tratores levaram 6 dias para realizar um trabalho, quantos tratores o fariam em 4


dias?

3. Um trem percorreu 24,5 km em 28 min. Que distância percorreria, com a mesma


velocidade, em 54 min?

4. Um empreiteiro calculou terminar uma obra em 32 dias, empregando 15 operários. Tendo


conseguido apenas 12 operários, em quantos dias terminará o mesmo trabalho?

5. Um operário faz, em 12 dias, um trabalho cuja dificuldade é representada por 0,2. Em


quantos dias poderia fazer outro trabalho cujo coeficiente de dificuldade fosse 0,25?

6. Trabalhando 6 h por dia um operário pode fazer um trabalho em 24 dias. Em quantos dias,
nas mesmas condições, poderia fazê-lo, trabalhando 8 h por dia?

7. Em um acampamento militar com 300 soldados há víveres para 20 dias. Tendo chegado
mais 140 soldados, a quanto se deve reduzir a ração diária para que o alimento dure ainda
o mesmo tempo?

8. Um automóvel, correndo com a velocidade de 84 km/h, deve percorrer certa distância em 9


h. Depois de 3 h de viagem houve um desarranjo no motor e o automóvel teve de parar
durante 45 min. Com que velocidade deve continuar a viagem para chegar ao ponto final
na hora fixada?

4 5
9. Se de uma obra foram avaliados em R$ 268.400,00, qual é o valor de da mesma
5 11
obra?

10. As dificuldades de dois trabalhos estão na razão de 3 para 4. Um operário, que faz 20 m do
primeiro trabalho, quantos metros fará do segundo, no mesmo tempo?

11. Duas polias, de 16,8 cm e 11,2 cm de diâmetro, respectivamente, estão ligadas por uma
correia de transmissão. Enquanto a maior dá 540 voltas, quantas voltas dá a menor?

12. Para fazer um muro de 52 m de comprimento, 30 operários gastam 15 dias de 8 h.


Quantos dias de 9 h gastarão 25 operários para fazer 29 m de um muro igual?

13. Comparando-se os preços pelos quais são vendidas diversas frutas, verificamos que 15
peras valem 9 maçãs; 25 abacates valem 15 maçãs; e 16 laranjas valem 12 abacates.
Quantas laranjas poderão ser trocadas por 9 peras?

14. Um motoqueiro, numa velocidade de 80 km/h, percorreu certa distância em 6 dias, viajando
1 1
4 h por dia. Diminuindo a sua velocidade em e viajando 6 h por dia, quantos dias
2 10
levará para percorrer a mesma distância?

15. Certo trabalho é executado por 8 máquinas iguais, que trabalham 6 h diárias, em 15 dias.
Quantos dias levariam 10 máquinas do mesmo tipo para executar o triplo do trabalho
1
anterior, trabalhando 5 h diárias, com a velocidade que torna o rendimento maior?
8

135
4.5 LOGARITMOS
4.5.1 Um pouco da história dos logaritmos
Os logaritmos, como instrumento de cálculo, surgiram para realizar simplificações, uma
vez que transformam multiplicações e divisões nas operações mais simples de soma e
subtração.
1
Napier foi um dos que impulsionaram fortemente seu desenvolvimento, perto do início
do século XVII. Ele é considerado o inventor dos logaritmos, muito embora outros matemáticos
da época também tenham trabalhado com ele.

Já antes dos logaritmos, a simplificação das operações era realizada através das
conhecidas relações trigonométricas, que relacionam produtos com somas ou subtrações.
Esse processo de simplificação das operações envolvidas passou a ser conhecido como
2
prostaférese , sendo largamente utilizado numa época em que as questões relativas à
navegação e à astronomia estavam no centro das atenções. De fato, efetuar multiplicações ou
divisões entre números muito grandes era um processo bastante dispendioso em termos de
tempo. A simplificação, provocada pela prostaférese, era relativa e, sendo assim, o problema
ainda permanecia.

O método de Napier baseou-se no fato de que associando aos termos de uma


2 3 4 5 n
progressão geométrica b, b , b , b , b , … , b , … os termos da progressão aritmética 1, 2, 3, 4,
m p
5, ... , n, ..., então ao produto de dois termos da primeira progressão, b .b , está associada a
soma m+p dos termos correspondentes na segunda progressão.

Considerando, por exemplo:

PA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
PG 2 4 8 16 32 64 128 256 512 1024 2048 4096 8192 16394

Para efetuar, por exemplo, 256 x 32, basta observar que:

• 256 na segunda linha corresponde a 8 na primeira


• 32 na segunda linha corresponde a 5 na primeira
• como 8+5=13
• 13 na primeira linha corresponde a 8192 na segunda

Assim, 256x32=8192 resultado esse que foi encontrado através de uma simples
operação de adição.

A fim de que os números da progressão geométrica estivessem bem próximos, para


ser possível usar interpolação e preencher as lacunas entre os termos na correspondência
estabelecida, evitando erros muito grosseiros, Napier escolheu para razão o número b = 1 -
1 3
= 0,9999999, que é bem próximo de 1. Segundo Eves , para evitar decimais, ele
107
7 7 1 L
multiplicava cada potência por 10 . Então, se N = 10 .(1 - ) , ele chamava L de "logaritmo"
107
do número N.

1
John Napier (1550-1617) - Barão escocês, Napier foi teólogo e matemático. Em toda a sua obra, o conceito de função logarítmica
está implícito, embora isso não fosse o fato mais importante para Napier. Na verdade, seu intuito era apenas o de simplificar
computações, especialmente de produtos e quocientes.
2
Prostaférese - Adição e subtração em grego.
3
Howard Eves é o autor do livro “Introdução à História da Matemática”. A referência é da tradução de Hygino H. Domingues, 2ª
edição, editora da UNICAMP, Campinas, SP, 1997.

136
7 7 1 L
Assim, o logaritmo de Napier de 10 é 0 e o de 10 .(1 - 7
) é 1.
10
Enquanto Napier trabalhava com uma progressão geométrica onde o primeiro termo
7 4
era 10 .b e a razão b, ao que parece de forma independente, Bürgi também lidava com o
problema dos logaritmos.
-4
Bürgi empregou uma razão um pouco maior do que 1, qual seja 1,0001=1+10 . O
8
primeiro termo de sua PG era 10 e ele desenvolveu uma tabela com 23027 termos.

Como Napier, Bürgi considerou uma PG cuja razão era muito próxima de 1, a fim de
que os termos da seqüência fossem muito próximos e os cálculos pudessem ser realizados
com boas aproximações.
5
Posteriormente, Napier, juntamente com Briggs , elaboraram tábuas de logaritmos
mais úteis de modo que o logaritmo de 1 fosse 0 e o logaritmo de 10 fosse uma potência
conveniente de 10, nascendo assim os logaritmos briggsianos ou comuns, ou seja, os
logaritmos dos dias de hoje.

Ainda segundo Eves, durante anos ensinou-se a calcular com logaritmos na escola
média ou no início dos cursos superiores de matemática; também por muitos anos a régua de
cálculo logarítmica foi o símbolo do estudante de engenharia do campus universitário.

Hoje, porém, com o advento das espantosas e cada vez mais baratas e rápidas
calculadoras, ninguém mais em sã consciência usa uma tábua de logaritmos ou uma régua de
cálculo para fins computacionais.

O ensino dos logaritmos como um instrumento de cálculo, está desaparecendo das


escolas, os famosos construtores de réguas de cálculo de precisão estão desativando sua
produção e célebres manuais de tábuas matemáticas estudam a possibilidade de abandonar
as tábuas de logaritmos. Os produtos da grande invenção de Napier tornaram-se peças de
museu.

A função logarítmica, porém, nunca morrerá pela simples razão de que as variações
exponencial e logarítmica são partes vitais da natureza e da análise. Conseqüentemente, um
estudo das propriedades da função logarítmica e de sua inversa, a função exponencial,
permanecerá sempre uma parte importante do ensino da matemática.

Recentemente, no século XX, com o desenvolvimento da Teoria da Informação,


6
Shannon descobriu que a velocidade máxima Cmáx - em bits por segundo - com que sinais de
potência S watts podem passar por um canal de comunicação, que permite a passagem, sem
distorção, dos sinais de freqüência até B hertz, produzindo um ruído de potência máxima N
watts, é dada por:

4
Jost Bürgi (1552-1632) - O suíço Bürgi, foi matemático e fabricante de instrumentos astronômicos. Acredita-se que a idéia de
logaritmos tenha ocorrido a Bürgi seis anos antes de Napier começar a trabalhar na mesma direção. Porém, Bürgi publicou seus
resultados em 1620, apenas seis anos depois de Napier ter publicado sua obra sobre esse assunto. Por isso, Bürgi tem sido
considerado um descobridor independente, que não teve créditos devido à antecipação de Napier em publicar os resultados obtidos.
As principais diferenças entre Bürgi e Napier estão nas terminologias e nos valores numéricos adotados para o início do trabalho.

5
Briggs (1561 - 1631) - Briggs, juntamente com Napier, discutiram em 1615 sobre possíveis modificações no método dos
logaritmos. Concordaram em utilizar potências de dez e que logaritmo de 1 deveria ser zero e o logaritmo de dez deveria ser 1. Foi o
primeiro a construir uma tabela de logaritmos. Começou com log 10=1 e depois achou outros logaritmos. Em 1617, ano da morte de
Napier, ele publicou uma obra que continha os logaritmos de 1 a 1000, cada um com 14 casas decimais. Em 1624, publicou
Arithmetica logarithmica, que continha os logaritmos, também calculados com 14 casas decimais, de 1 a 20000 e de 90000 a
100000. A partir de então, todos os estudos envolvendo logaritmos, tais como se conhece hoje, puderam ser realizados com o
auxílio das tabelas de Briggs.

6
Claude Elwood Shannon (1916 - 2001) - Nascido nos Estados Unidos, formou-se em Matemática e Engenharia Elétrica em 1936
pela Universidade de Michigan. Em 1937 ele estabeleceu uma ligação entre os circuitos elétricos e o formalismo lógico. Ao longo
da Segunda Guerra Mundial, seus estudos deram origem a um ramo de estudos conhecido como Teoria da Informação.

137
S
Cmáx = B.log2 ( )
N

Dessa forma, os logaritmos claramente assumem um papel fundamental, pois


constituem uma ferramenta essencial no contexto da moderna tecnologia.

Muitos devem estar pensando... Mas que inutilidade? Afinal, para que servem os
logaritmos?

O logaritmo foi desenvolvido para agilizar as contas de multiplicação, divisão,


potenciação e radiciação. Ele é fundamental, também, em outras matérias como, por exemplo,
na Química para o cálculo do pH (potencial de hidrogênio).

Muitas reações químicas são processadas em meio líquido e dependem fortemente


das condições de acidez ou alcalinidade do meio.

Para expressar a acidez (ou alcalinidade) de uma solução, usa-se uma escala que
recebe o nome de escala de pH. Essa escala, baseada na concentração de íons de
hidrogênio, é definida por:
+
pH = - log [H ]

Todo meio ácido tem pH < 7, e todo meio alcalino, pH > 7. A escala de pH estende-se
de um mínimo de 0 a um máximo de 14. O termo de comparação é a água pura, cujo pH é 7.

pH = potencial hidrogeniônico

EXEMPLO
+ -8,2
A concentração de hidrogênio de uma solução é [H ] = 1,0x10 . Essa solução é ácida
ou básica?

Vamos calcular seu pH:


+ -8,2 -8,2
pH = - log[H ] ⇒ pH = - (log 1,0x10 ) ⇒ pH = - (log 1,0 + log 10 )

Como log 1,0 = 0, teremos que:

pH = - (-8,2xlog10)

Como log 10 = 1, teremos que pH = 8,2, que é maior que 7 (pH > 7), portanto a solução
é alcalina (ou básica).

Inseri este exemplo, só para terem uma noção de que as ciências são intimamente
ligadas. Conhecimentos de matemática são utilizados constantemente na física, na química, na
biologia e em demais matérias.

4.5.2 Introdução e Definição


O estudo de logaritmos vem após exponenciais, pois é usado como a "volta" da
exponencial. Veja só:

Sabemos que 5 elevado à potência 2, resulta 25, agora mudamos o contexto e vou
fazer uma pergunta:

- Qual o número (expoente) que devemos elevar o 5 para obtermos 25? Você deve estar
pensando:

-Mas isso eu resolvo com exponenciais!!!

138
Sim, porque essa é bem fácil, as difíceis não saem tão simples assim. Vamos começar
de baixo.

O logaritmo serve para isso!

Esta pergunta poderia ser interpretada matematicamente da seguinte forma:

log5 25 = x

Onde "x" é o expoente que devemos elevar a base 5 para obtermos 25.

Como sabemos que devemos elevar o 5 ao quadrado (ou seja, à potência 2) para
obtermos 25, chegamos à conclusão que o logaritmo de 25 na base 5 é 2:

log5 25 = 2

Cada elemento desta estrutura possui um nome. Vamos ver:

No exemplo anterior, log525 = 2, temos então que a base é 5, o logaritmando é 25 e o


logaritmo de 25 na base 5 é 2.

Note que, anteriormente, dissemos que "x" é o expoente de "b", e na figura acima está
escrito que "x" é o "logaritmo". Isso acontece, pois o LOGARITMO É UM EXPOENTE.

Agora, com esta breve introdução, podemos escrever uma primeira definição de
logaritmo ( ainda não é a oficial, mas é o que temos até agora):

“Logaritmo de um número N, na base b, é o número x ao qual devemos elevar a base b


para obtermos N”.

Esta é a apenas uma definição. Você deve ter entendido bem o que está escrito acima
dela para ir ao próximo capítulo de estudo.

Veremos quais as condições que a base, o logaritmando e o logaritmo devem


satisfazer para termos um logaritmo.

4.5.3 Condição de Existência


Não podemos sair escrevendo logaritmo de qualquer número em qualquer base.
Existem algumas regras para que o logaritmo exista, são as condições de existência dos
logaritmos.

139
Para mostrar quais são estas condições, vamos dar um EXEMPLO ERRADO para
cada restrição existente, para que você veja o absurdo que seria se elas não existissem.

EXEMPLO

a) Quanto vale log4(-16)?

Ou seja, queremos saber qual o expoente que devemos elevar o número 4 para
obtermos -16. Você viu no capítulo de potenciação que não há valor para este expoente.
Chegamos então a um absurdo.

Por causa deste tipo de absurdo, há uma restrição quanto ao sinal do logaritmando:

PRIMEIRA CONDIÇÃO DE EXISTÊNCIA (logaritmando): O logaritmando deve ser um número


positivo.

Veja que esta primeira restrição já inclui o fato de que o logaritmando deve ser
diferente de ZERO. Duvida? Experimente encontrar o logaritmo de ZERO na base 3 (log3 0).

Veja o próximo exemplo errado para ilustrar a próxima restrição:

b) Quanto vale log(-4) 4?

Ou seja, queremos saber qual o expoente que devemos elevar o número -4 para
obtermos 4. Novamente chegamos em um absurdo, não há expoente que faça isso.

Ainda olhando para a base:

c) Calcule log1 4.

Queremos saber qual o expoente que devemos elevar a base 1 para obtermos 4.
Como visto no capítulo de potenciação, a base 1 elevada a qualquer expoente resulta 1, ou
seja, não existe expoente para a base 1 que resulte 4. Absurdo!

d) Calcule log0 4.

Traduzindo, qual o expoente que devemos elevar a base 0 para obtermos 4. Absurdo!

Com estes três exemplos sobre a base do logaritmo, chegamos na segunda condição
de existência:

SEGUNDA CONDIÇÃO DE EXISTÊNCIA (base): A base deve ser um número positivo


diferente de 1.

Note que é dito que a base deve ser um número positivo, ou seja, não pode ser ZERO
também.

Portanto, resumindo as três condições em um quadro só:

CONDIÇÕES DE EXISTÊNCIA

logb N = x

1° N>0

2° b>0

3° b ≠1

140
Lembrando que domínio é o conjunto dos números para os quais a função existe,
devemos apenas aplicar as condições de existência no logaritmo para encontrar seu domínio.

EXEMPLO
2
Qual o domínio da função real definida por f(x) = log5(5x – x – 6)?

Vemos que a base já está definida, vale 5. Portanto, não devemos aplicar a condição
2 2
de existência na base, somente no logaritmando: 5x – x – 6 > 0, arrumando teremos: - x + 5x
– 6 > 0.

As raízes da função do segundo grau são 2 e 3 e o gráfico tem concavidade para


baixo.

Desenhando a parábola:

Portanto, os valores nos quais a parábola retorna valores positivos estão no intervalo
entre 2 e 3. Este será o domínio: Domínio = {x ∈ R / 2 < x < 3}.

4.5.4 Equivalência Fundamental


Com a idéia básica vista nos dois capítulos anteriores podemos dar mais um passo.
Agora sim em direção a uma matéria que já pode ser cobrada no vestibular (ah, mas mesmo a
matéria anterior não sendo cobrada diretamente, é necessário sabê-la para compreender esta
aqui e as posteriores).

Lembrando que o logaritmo é um expoente, podemos enunciar a equivalência


fundamental dos logaritmos:

EQUIVALÊNCIA FUNDAMENTAL: logb N = x ⇔ N = b


x

Note que temos nesta expressão exatamente as duas maneiras de mostrar a pergunta
feita no início do estudo de logaritmos: "Qual o expoente x que devemos elevar a base b para
resultar N".

Esta equivalência é muito importante, pois muitos exercícios sobre logaritmos


necessitam dela para sua resolução.

Veja que, a flecha indicada nessa propriedade está nos dois sentidos, ou seja, você
pode transformar logaritmo em exponencial e exponencial em logaritmos.

EXEMPLOS
a) Qual o logaritmo de 216 na base 6?
x
b) Qual o valor de "x" na equação 5 = 6?

c) (UFRGS) A forma exponencial da igualdade logab = c é:


c a b
(A) a = b (C) c = b (E) c = a
c a
(B) b = a (D) b = c

d) Calcule o valor do logaritmo: log5625

e) Calcule o valor do logaritmo: log3243.

f) Calcule o valor do logaritmo: log25(0,2).

141
EXERCÍCIOS

1) Calcule o valor dos seguintes logaritmos:

a) log1664 d) log49 3 7 g) log2( 8 64 )


b) log625 5 e) log (5 2 ) 128 h) log2(0,25)
c) log5(0,000064)
f) log9(3 3 )

2) Calcule o valor da incógnita "N" em cada exercício, aplicando a equivalência fundamental:

a) log5N = 3 c) log2N = -9 d) log N=2


3
b) log2N = 8

3) Calcule o valor da incógnita "a" em cada exercício, aplicando a equivalência fundamental:

a) loga81 = 4 c) loga10 = 2
b) loga1024 = 20 1
d) log9a 27 =
2
9 1
4) O número real x, tal que logx( )= ,é
4 2
81 1 81
a) c) e) −
16 2 16
3 3
b) − d)
2 2
log a -2
5) (PUCRS) Escrever b b = b equivale a escrever:

1
a) a =
b2
2
b) b=a
2
c) a=b
2
d) b =-a
1
e) b= 2
a

(x + 1) b
6) (PUCRS) A solução real para a equação a = , com a>0, a≠1 e b>0, é dada por:
a
a) loga b
b) loga (b + 1)
c) loga (b) + 1
d) loga (b) + 2
e) loga b) - 2

142
4.5.5 Conseqüências da Definição
Considerando a definição do logaritmo e todas as condições de existência, existem
algumas propriedades que os logaritmos sempre obedecem.

1ª Conseqüência: logb1 = 0

A pergunta feita por este logaritmo é: Qual o expoente que devemos elevar a base "b"
para obter 1? Como sabemos que qualquer número elevado à ZERO é um, então o logaritmo
de 1 em qualquer base é ZERO também. Esta propriedade está provada.

Utilizando a equivalência fundamental para provar que resulta ZERO. Então vamos
igualar a x:
logb1 = x
x
Aplicamos a equivalência fundamental 1 = b .

Agora devemos recordar que qualquer base elevada à ZERO resulta 1, logo x = 0.

2ª Conseqüência: logb b = 1

Qual o expoente que devemos elevar a base "b" para obtermos "b"? Se não houve
modificação no número, então o expoente é 1.

Novamente, com a equivalência fundamental (agora um pouco mais sucinto):

logbb = x → b = b → x = 1
x

m
3ª Conseqüência: loga (a ) = m
m
Qual o expoente devemos elevar a base a para obtermos a ? É uma pergunta quase
óbvia, o expoente é m.
m m x
Equivalência fundamental: loga (a ) = x ⇒ a = a ⇒ x = m

4ª Conseqüência: a
log ab
=b

Esta é a mais importante das propriedades, e sua demonstração não é tão trivial assim.
Vou tentar mostrar com uma questão:

EXEMPLO
log 3
- Qual o valor de x na expressão x = 5 5 .

Vamos substituir log53 por "y". Com isso teremos Y = log53 ↔ x = 5 .


y

Aplicando a volta da equivalência fundamental log5x = y.

Agora, substituindo o valor original de "y", teremos log5x = log53.

Com isso podemos cortar os logaritmos de base 5 dos dois lados da igualdade e
obtermos x = 3.

Assim, teremos a propriedade:

143
Ou seja, quando tivermos uma potência, em forma de logaritmo com a mesma base
desta potência, podemos cortar.

5ª Conseqüência: logab = logac ⇔ b = c

Trocando em miúdos, podemos dizer que, quando temos um logaritmo de cada lado da
igualdade, ambos a mesma base, podemos "cortar" os logaritmos e igualar os logaritmandos.

logab = logac ↔ b =c

A demonstração começa aplicando a equivalência fundamental. Chamamos logac


= y: logab = y.
y
Aplicamos a equivalência fundamental b = a .
log c
Agora voltamos a relizar a substituição logac = y, obtendo b = a a .

Podemos então aplicar a 4ª propriedade e obter b = c, como queríamos demonstrar.

4.5.6 Propriedades Operatórias


Historicamente, o logaritmo foi inventado para facilitar os cálculos na matemática
antiga, onde não existia calculadora.

Ele traz a facilidade de transformar uma multiplicação em uma soma.

Imagine você, sem calculadora, tendo que fazer a multiplicação de dois números
grandes! Não seria mais fácil somá-los? Ou ter a posse de dois números que, somados, dão o
mesmo resultado que o produto desejado?

Pois é, estas propriedades mostradas aqui servem pra isso.

Essa facilidade (de transformar produto em soma) é chamada de PROSTAFÉRESE.

Veja as propriedades abaixo:

1ª Propriedade: logb(A.B) = logbA + logbB

Aqui temos a Prostaférese. Veja que do lado esquerdo da igualdade temos log de uma
multiplicação, e na direita uma soma de logaritmos.

Para provar essa propriedade não é tão difícil. Tente acompanhar o raciocínio.

Faz de conta que temos um número x que é a soma de dois logaritmos que estão na
mesma base b:
X = logbA + logbB

Se temos esta igualdade, podemos colocar a mesma base b dos dois lados como
potenciação:
(logb A + logbB)
x
b =b
Agora podemos pode aplicar a propriedade de potenciação: b x = b(logb A ) .b(logb B ) .

E agora aplicar a 4° conseqüência, estudada no capí tulo anterior:

144
x
E ficamos com: b = A.B

Agora aplicamos a equivalência fundamental: x = logb (A.B) e chegamos no valor que


queríamos demonstrar.

A
2ª Propriedade: logb ( ) = logbA - logbB
B
Esta é quase a mesma coisa que a anterior, mas em vez de multiplicação temos a
divisão e no lugar da soma vira subtração. A demonstração é extremamente parecida com a 1°
propriedade. Tente demonstrar você, siga os passos da anterior.

n
3ª Propriedade: logb(A ) = n.logbA

Esta propriedade é uma "extensão" da primeira. Veja o exemplo abaixo com o


expoente 2:
2
x = logb(A )
Sabemos que:
A = A.A ↔ x = logb(A.A)
2

Agora aplicamos a primeira propriedade:

x = logbA + logbA ↔ x = 2.logbA

Poderíamos ter saído da primeira linha diretamente para a última, essa é a facilidade
de saber esta propriedade.

Uma maneira de visualizar esta propriedade, e tentar decorá-la mais facilmente, é


imaginando a figura abaixo:

145
EXEMPLOS
x
a) (UFRGS) A raiz da equação 2 = 12 é:

a) 6
b) 3,5
c) log 12
d) 2log23
e) 2 + log23

b) (UCS) Se log2 = a e log3 =b, então log 12 vale:

a) a+b
b) 2a + b
c) a + 2b
d) a.b
e) a/b

c) O pH da pele humana está no intervalo de 5,5 a 6.


-5
a) Uma pessoa, ao usar um produto cuja concentração molar hidrogeniônica é 1,48x10 ,
poderá ter problema dermatológico?

b) O produto em questão tem caráter básico ou ácido?

d) A tabela abaixo é parte de uma questão de vestibular.

+
Líquidos [H ]
-7
Água pura 1,0 x 10
-8
Água do mar 1,0 x 10
-3
Coca-cola 1,0 x 10
-12
Água sanitária 1,0 x 10
-5
Café preparado 1,0 x 10

Dos líquidos tabelados, quais apresentam caráter ácido? E básico?

146
EXERCÍCIOS

log 3
1) (UCS) O valor de ( 2) 2
é:

3 d) 2
a) 3
e) 2
b) 2
c) 6

2) (UFRGS) Se log2 = a e log3 = a + b, então log 3 54 é:

a) 4a + b 4a + 3b
b) 12a + 3b d)
3
a + 4b
c) 4a + b
3 e)
3

a3
3) (PUCRS) Se log a = 4 e log b = 1, então log 3 é igual a:
b
1 c) 3
a)
5 d) 3
11 e) 5
b)
3
log x log 4x
4) (PUCRS) A solução da equação 8 8 . 8 8 = 1 pertence ao intervalo:

a) [ -2, 0) 1 1
1 d) [ , ]
b) [ − , 0) 4 2
2 e) [2, 4]
1
c) [0, )
2
5) Dado log 5 = P, calcule o valor de log 200 em função de P:

a) 5P d) 3 – P
b) 200P e) 5 - P
c) P – 3

 x + y = 13
6) (CAJU) A solução para o sistema de equações:  é:
log x + log y = log 36
a) (7, 6) d) (1, 12)
b) (6, 7) e) (0, 36)
c) (9, 4)

147
4.5.7 Mudança de Base
Em algumas questões, pode ser apresentado um logaritmo que possui uma base não
muito boa para a resolução da questão.

Nestas situações é necessário que troquemos a base do logaritmo!

Neste tópico iremos aprender o que fazer para colocarmos qualquer base que
quisermos no logaritmo da questão.

A regra é a seguinte:
log c a
Mudança de base logb a =
log c b

Ou seja, se tivermos um logaritmo na base b, podemos transformar em uma fração de


logaritmos em uma outra base qualquer c.

A base nova "c" pode ser qualquer número que satisfaça a condição de existência da
base, ou seja, c > 0 e c ≠ 1.

Por exemplo, seja o logaritmo de 45 na base 3: log345. Mudando para a base 7,


log 7 45
teremos: .
log 7 3

Poderíamos ter colocado qualquer outra base c no lugar do 7.

Podemos provar essa propriedade partindo da fração. Vamos igualar a fração a x e


encontrar o valor de x.
log c a
= x  logca = x.logcb
log c b
log a (x.log b)
Vamos aplicar uma base c de potência nos dois lados da igualdade C c =C c .

Agora podemos aplicar a 4ª conseqüência da definição no lado esquerdo e reescrever


a potência do lado direito: a = C [ ]
(log c b) x

x
E aplicar novamente a 4ª conseqüência, agora no lado direito: a = [b] .

Com a equivalência fundamental: logb = x, que é exatamente o valor que queríamos


chegar.

EXEMPLO

- (UFRGS) Sabendo que log a = L e log b = M, então o logaritmo de a na base b é:

a) L + M M L
b) L – M d) e)
L M
c) L.M

148
4.5.8 Conseqüência da Mudança
A mudança de base nos dá mais algumas ferramentas para utilizar calculando
expressões que envolvam logaritmos.

1
1ª Conseqüência: loga b =
log b a

Essa conseqüência diz que, ao invertermos um logaritmo, devemos trocar a base e o


1
logaritmando de lugar. Por exemplo, o inverso de log4 56 é , e, por essa conseqüência,
log 4 56
1
podemos escrever = log56 4.
log 4 56

A demonstração desta propriedade é através da mudança de base. Partimos de loga b


e efetuamos a mudança de base para a nova base b.

log b b
logab =
log b a
1
Mas sabemos que logb b =1, portanto: . Como queríamos demonstrar.
log b a

Veja como pode cair no vestibular esta propriedade através do exemplo abaixo:

EXEMPLO

- Sendo log7 27 = a calcule o valor de log3 7.

2ª Conseqüência: loga b.logb c = loga c

Quando temos uma multiplicação de dois logaritmos em que um deles possui a base
igual ao logaritmando do outro, podemos cortar estes dois e transformar em um logaritmo só.

A demonstração também não é difícil e só utiliza a troca de base. Partimos da


multiplicação: logab.logbc.

E trocamos os dois logaritmos para uma base comum qualquer. Pode ser qualquer
uma. Vou escolher a base a, ou seja, trocamos as bases dos dois logaritmos para a base a (no
caso, o primeiro logaritmo já está na base a, portanto, não precisamos mexer nele):

149
log a c
logba.
log a b

Agora os dois termos logb a podem ser cortados, e sobra: logac, Como queríamos
demonstrar.

EXEMPLO

- Calcule o valor da expressão log5 8.log6 7.log8 36.log7 5.

4.5.9 Equações Logarítmicas


Agora que já estudamos todas as propriedades dos logaritmos, podemos ver como
aplicá-las na resolução de equações logarítmicas.

Equações logarítmicas são quaisquer equações que tenham a incógnita (normalmente


é x) dentro de um símbolo log.

Para resolver este tipo de equação não existe um mecanismo geral, algo que dê pra
dizer, aplique isso e você acertará.

Uma regra que deve sempre ser seguida ao terminar a resolução de uma equação
logarítmica, é a seguinte:

• todas as soluções encontradas devem ser TESTADAS na equação ORIGINAL, a fim


de verificar as condições de existência

• as soluções que não satisfizerem as condições de existência devem ser


DESCARTADAS

EXEMPLOS
2 1
1) O conjunto solução da equação logarítmica log4(x + x ) = é:
2
a) {-1; 2} c) {-2} e) { }
b) {-2; 1} d) {1}
x
2) O número real x que satisfaz a equação log2 (12 – 2 ) = 2x é:
a) log2 5 c) 2 e) log2 3
b) log2 3 d) log2 5

3) A equação log3 x = 1 + logx 9 tem duas raízes reais. O produto dessas raízes é:
a) 0 d) 6
1 e) 3
b)
3
c) 9

4) (UFRGS) A solução da equação log2(4 – x) = log2(x + 1) + 1 está no intervalo:


a) [-2; -1]
b) (-1; 0]
c) (0; 1]
d) (1; 2]
e) (2; 3]

150
4.5.10 Gráfico da Função logarítmica
A representação gráfica de um logaritmo pode ser de duas formas. Veja os gráficos
abaixo mostrando as duas formas para a função y = logb x:

CRESCENTE DECRESCENTE

Base b > 1 Base 0 < b < 1

Nestes gráficos devemos observar, principalmente, duas propriedades. Note que os


cortes no eixo x, em ambos os gráficos, ocorre no ponto 1. Isso está de acordo com a 1°
Conseqüência da Definição de Logaritmos, que diz que logaritmo de 1 em qualquer base é
ZERO.

E o eixo y é uma assíntota vertical, ou seja, a curva não toca o eixo y nunca, apenas
vai chegando cada vez mais perto, sem tocar.

EXEMPLO

a) (UFRGS) A representação geométrica que melhor representa o gráfico da função real de


variável real x, dada por f(x) = log 1 x , é:
( )
2

(A) (C) (E)

(B) (D)

151
Obs - Devemos saber também que, quanto maior a base de um logaritmo, mais próximo de
ambos os eixos estará seu gráfico. Veja a figura abaixo:

b) (UFRGS) Na figura, a curva S representa o conjunto solução da equação y = logax e a curva


T, o conjunto solução da equação y = logbx. Tem-se

(A) a < b < 1


(B) 1 < b < a
(C) 1 < a < b
(D) b < a < 1
(E) b < 1 < a

4.5.11 Inequações Logarítmicas


Se, ao invés de termos uma igualdade entre dois logaritmos, tivermos um sinal de
desigualdade (<, >, ≥, ≤) devemos atentar a algumas propriedades.

Podemos efetuar todas as operações que fazemos com igualdades.

Em qualquer inequação, quando multiplicamos ou dividimos ambos os lados por um


número negativo, devemos inverter a desigualdade.

Por exemplo, a inequação:

1 - x < 0  -x < -1  x > 1

E com isso, chegamos ao intervalo da resposta. Essa regra é para todas inequações.

Para inequações envolvendo logaritmos seguimos alguns passos:

1º Passo: Aplicamos as condições de existência em todos os logaritmos que possuírem a


incógnita em alguma de suas partes. Guardamos a intersecção destes intervalos encontrados.

2° Passo: Aplicamos as propriedades dos logaritmos a fim de tentar deixar apenas um


logaritmo de cada lado da desigualdade. Ambos com a mesma base.
3° Passo: "Cortamos" os logs dos dois lados, atentando-se para o fato de que se:

• base > 1, Mantém-se a desigualdade.

• 0 < base < 1, Inverte-se a desigualdade e guardamos também o intervalo encontrado.

4° Passo: Computar a intersecção dos intervalos encontrados nos passos 1 e 3. Veja o


exemplo abaixo:

152
EXEMPLO

- Qual o intervalo solução da inequação: log (x + 1) + log (x – 3) ≤ log (x) – log (2)

153
EXERCÍCIOS

1) Usando a definição de logaritmo, determine x em cada caso:


a) log2 128 = x
b) log128 2 = x
c) log5 625 = x
d) log3 x = 4
e) logx 81 = 3

2) Calcule o valor de N em cada caso:


log 3
a) N = 10
4 + log 2
b) N = 10
3 – log 3
c) N = 2 2
2.log 4
d) N = 5 5

3) Determine o valor de x nas equações a seguir:


a) log3 x = log3 25
b) log5 (2x – 10) = log5 6
c) log 4 = log(22-3x)
d) log12 (5x – 20) – log12 10 = 0

4) Usando a propriedade do logaritmo de um produto, expresse as somas como logaritmos de


um só número:
a) log2 5 + log2 7
b) log5 15 + log5 20

5) Usando a propriedade do logaritmo de um quociente, expresse as diferenças na forma de


um único logaritmo:
a) log3 7 – log3 8
b) log 4 – log 5

6) Aplique a propriedade de logaritmo de uma potência para encontrar o valor de cada


logaritmo:
9
a) log5 5
-3
b) log4 8

7) Usando mudança de base, transforme em logaritmos de base 5:


a) log3 2
b) log7 2

154
4.5.12 Cálculo com logaritmos decimais
Em todos os problemas resolvidos até aqui, tanto em equação quanto em inequação
logarítmica, foi possível a obtenção de bases iguais nos dois membros. Entretanto, a operação
ou cálculo de logaritmos requer atenção a dois problemas básicos:

a) dado x positivo, achar o logaritmo de x em qualquer base

b) dado o logaritmo de x em qualquer base, achar x

Para resolver tais problemas iremos utilizar uma tabela também chamada de tábua de
7
logaritmos. Podemos ainda utilizar uma calculadora cientifica .

Como o nosso sistema de numeração é decimal, existem grandes vantagens


operacionais em adotarmos logaritmos de base 10 (logaritmos decimais) e aprender as
técnicas nessa base.

Calculemos, então, o logaritmo decimal de um número real positivo n. Vejamos como


calcular log n.

4.5.12.1 Quando n é potência de expoente inteiro de 10

Seja n = 10 , onde c ∈ Z.
c

c
Então: log n = log 10 = c.log 10 = c. 1 = c ⇒ log n = c
O resultado é um número inteiro.

EXEMPLO

- Determine o logaritmo decimal de n nos casos abaixo:

a) n = 10.000
1
b) n =
1.000
c) n = 0,001
-4
d) n = 10

4.5.12.2 Quando n não é potência de expoente inteiro de 10


c c + 1
Neste caso temos que 10 < n < 10 , onde c e c + 1 são números inteiros
consecutivos, ou seja, n está entre duas potências daquele tipo.
c c+1
Então: log 10 < log n < log 10 ⇒ c < log n < c + 1.

Desta forma concluímos que: log n = c + 0,m, onde c ∈ Z e 0 < m < 1.

Ao número inteiro c chamamos de característica do logaritmo decimal de n.

Ao número 0,m, tal que 0 < m < 1, chamamos de mantissa do logaritmo decimal de
n (a palavra mantissa significa excedente, sobra).

No caso particular de n = 10 , com c ∈ Z, temos log n = c e dizemos que a mantissa é


c

zero.

7
Normalmente, toda calculadora científica possui a função que permite calcular o valor do logaritmo decimal ou de
base 10 de um número.

155
4.5.12.3 Propriedades da característica

1º. Se x > 1, então a característica do log x é igual ao número de algarismos da parte inteira
de x, menos 1.

EXEMPLO

1) A característica de log 4,57 é 0, pois 4,57 tem 1 algarismo na parte inteira.


2) A característica de log 39,6 é 1, pois 39,6 tem 2 algarismos na parte inteira.
3) A característica de log 480 é 2, pois 480 tem 3 algarismos na parte inteira.

2º. Se 0 < x < 1, então a característica do log x é o oposto da quantidade de zeros que
precedem o primeiro algarismo significativo de x.

EXEMPLO

1) A característica de log 0,895 é -1, pois só há 1 zero antes do 1º algarismo


significativo.
2) A característica de log 0,023 é -2, pois há 2 zeros antes do 1º algarismo
significativo.
3) A característica de log 0,0057 é -3, pois há 3 zeros antes do 1º algarismo.

4.5.12.4 Propriedade da mantissa

A mantissa do log x é encontrada nas tabelas (ou tábuas) de logaritmos. No anexo


deste módulo temos uma tabela com as mantissas dos logaritmos dos números inteiros de 1
até 1000.

Quando estamos procurando a mantissa de log x, devemos ter em mente a seguinte


propriedade:

• a mantissa do logaritmo decimal de x não se altera se multiplicarmos x por uma


potência de 10 com expoente inteiro

Isso implica dizer que os logaritmos de dois números cujas representações decimais
diferem apenas pela posição da vírgula têm mantissas iguais.

EXEMPLO

- Calcule, utilizando a tabela de logaritmos, os valores abaixo:

a) log 3 =
b) log 30 =
c) log 300 =
d) log 3000 =
e) log 0,3 =
f) log 0,03 =

156
EXERCÍCIOS

1) Calcule os seguintes logaritmos decimais:


a) log 639
b) log 76,9
c) log 1,3
d) log 2000

2) Calcule os seguintes logaritmos decimais:


a) log 0,265
b) log 0,0981
c) log 0,00825
d) log 0,002

3) Calcule x, sabendo que:


a) log x = 0,1614
b) log x = 2,8075
c) log x = 3,0334
d) log x = 1,9619

100
4) Qual o número de algarismos do número 2 ?

157
4.6 ERROS E TRATAMENTOS DE DADOS
4.6.1 Introdução
A palavra incerteza significa dúvida. Expressa a dúvida na validade do resultado de
uma medição. Em geral, a incerteza consiste de vários componentes que podem ser
agrupados em duas categorias gerais:

a) os que podem ser avaliados com auxílio de métodos estatísticos

b) os que necessitam de outros meios

Esse texto tratará basicamente dos componentes que podem ser estimados por
métodos estatísticos.

O valor de uma grandeza submetida a medição costuma ser adquirido através de um


procedimento que, em geral, envolve algum(s) instrumento(s) de medição. O próprio processo
de medição, assim como o instrumento utilizado, tem limites de precisão (Apesar de
formalmente antônimos, incerteza e precisão costumam ser tratados como sinônimos.
Representam a componente estatística da dispersão dos resultados de uma medição.) e
exatidão (Exatidão é o grau de concordância entre o resultado da medição e o valor verdadeiro
do mensurando), ou seja, toda medição realizada tem uma incerteza associada que procura
expressar a nossa ignorância (no bom sentido) do valor medido. A seleção do processo de
medição, do instrumento usado e a reprodutibilidade (Reprodutibilidade é o grau de
concordância entre medidas efetuadas sob as mesmas condições) da grandeza medida têm
que ser expressas de alguma forma.

Em alguns aparelhos, por exemplo, a incerteza do instrumento já vem marcada no


painel ou no manual, caso contrário, a metade da menor divisão da escala é um bom começo.
Note que nada sabemos ainda sobre a reprodutibilidade do processo de medição.

Incerteza é importante na hora de comparar resultados. Na tabela abaixo temos os


resultados de duas medições de uma mesma grandeza com diferentes aparelhos e o valor do
padrão (nesse caso sem incerteza).

-1 -1
Medida Viscosidade (g.cm .s )
A 9,8 ± 0,2
B 12,3 ± 4,0
Padrão 9,3

No caso acima, apesar da medida A estar aparentemente mais próxima do padrão, sua
incerteza e respectivo intervalo de confiança, indica um provável erro de medida (Erro de
medida é a discordância de uma medição relativamente ao seu valor verdadeiro), enquanto
que o valor da medida B, apesar de ter uma incerteza maior, concorda com o valor do padrão.

4.6.2 Algarismos significativos


Em medições físicas é fácil encontrar uma extensão de valores muito grande. O raio de
um átomo comparado ao raio do universo é só um exemplo entre tantos. Para expressar esses
8
valores adequadamente é conveniente o uso da notação científica .

Na notação científica, o valor da medição é expresso com auxílio de potências de dez.


Escreve-se o valor da medição em forma decimal com apenas um dígito diferente de zero
antes da vírgula, completando com algarismos decimais necessários (eventualmente truncando

8
É uma notação amplamente utilizada no mundo da Ciência. Torna-se uma arma bastante eficaz quando queremos
expressar números muito grandes ou muito pequenos, esta notação faz uso de potências de 10. Qualquer número
pode ser expresso em notação científica, ou seja, em um número compreendido entre 1 e 10 multiplicado por uma
potência de 10, como descrito a seguir: X · 10n (onde 1 ≤ X < 10).

158
e arredondando o valor em alguma casa decimal) e multiplicando tudo pela potência de dez
adequada.

Por exemplo, o comprimento de uma estrada vale 14.269.513 mm ou, usando notação
7
científica e mantendo apenas os algarismos significativos 1,427x10 mm.

Note que foram usados apenas três algarismos após a vírgula sendo que o último foi
arredondado para “cima” uma vez que 1,4269 está mais próximo de 1,427. Note que ao truncar
e arredondar as casas decimais, perdemos algo da informação inicial, mas isso pode ser
remediado usando quantos algarismos forem necessários depois da vírgula, como por
7
exemplo, 1,4269513 x 10 mm que reproduz o valor com toda a precisão inicial (se é que a
estrada foi de fato medida com precisão milimétrica)

Denomina-se algarismo significativo o número de algarismos que compõem o valor de


uma grandeza, excluindo os eventuais zeros à esquerda usados para acerto de unidades. Mas
atenção: zeros à direita são significativos.

EXEMPLO
-5
a) O número 1,57 x 10 contém 3 algarismos significativos que são os números 1, 5 e 7
sendo o número 7 o algarismo duvidoso.

b) Um outro exemplo é ilustrado a seguir: Suponha que se deseje medir o tamanho do


besouro na Figura abaixo:
Uma vez decidido o que caracteriza o tamanho do
besouro, qual das alternativas abaixo melhor caracteriza
a medida do tamanho do besouro?

a) Entre 0 e 1 cm
b) Entre 1 e 2 cm
c) Entre 1,5 e 1,6 cm
d) Entre 1,54 e 1,56 cm
e) Entre 1,546 e 1,547 cm

Você acertou se optou pela alternativa (d). Isso porque, na leitura de uma escala, o
algarismo significativo mais à direita de um número deve sempre ser o duvidoso (não esqueça:
o algarismo duvidoso também é significativo!). Resumindo: Qualquer medida por comparação
entre um objeto e uma escala deve incluir além dos dígitos exatos (1,5 nesse caso) uma
estimativa do algarismo duvidoso. Uma vez que a régua foi marcada em milímetros você deve
estimar o comprimento fracionário (em décimos de mm) que melhor expressa sua medição.
Você pode não precisar se o valor é 1,54, 1,55 ou mesmo 1,56.

c) Qual o diâmetro da moeda na Figura abaixo:

a) Entre 0 e 2 cm
b) Entre 1 e 2 cm
c) Entre 1,9 e 2,0 cm
d) Entre 1,92 e 1,94 cm
e) Entre 1,935 e 1,945 cm

No exemplo acima podemos afirmar que a metade da menor divisão é uma estimativa
da nossa incerteza: portanto o diâmetro da moeda pode ser expresso como:

1,92 ± 0,005 cm

1,915 < Vmais provável < 1,925 cm

159
d) A medida 2, 35 cm apresenta três algarismos significativos (2, 3 e 5), sendo dois
algarismos corretos (2 e 3) e um algarismo duvidoso (5).
e) A medida 0,00057 mm apresenta somente dois algarismos significativos (5 e 7), sendo um
correto (5) e um duvidoso (7). Observe que os zeros à esquerda não são algarismos
significativos, pois servem apenas para posicionar a vírgula no número. Nesse caso, é
-4
aconselhável escrever a medida em notação científica: 5,7X10 mm.
f) A medida 150,00 km apresenta cinco algarismos significativos, sendo os quatro primeiros
corretos, e o último zero é o algarismo duvidoso. Em notação científica escrevemos:
2
1,5000X10 km. Note que ao escrevermos um número usando as potências de 10
mantemos a quantidade de algarismos significativos deste número, ou seja, mantemos sua
precisão.

Considerações a respeito dos algarismos significativos:

• todo algarismo diferente de zero será considerado algarismo significativo de uma medida

• todo zero à direita de um algarismo significativo será considerado algarismo significativo

• todos os zeros localizados à extrema esquerda de uma medida não serão considerados
algarismos significativos

• as potências de base dez não são consideradas como algarismos significativos

4.6.3 Operações com algarismos significativos


Realizamos, nessa seção, uma breve descrição das operações com algarismos
significativos.

4.6.2.1 Adição e Subtração

Suponha que se deseje adicionar as seguintes quantidades: 2807,5 + 0,0648 + 83,645


+ 525,35. Para que o resultado da adição contenha apenas algarismos significativos, você
deverá, inicialmente, observar qual (ou quais) das parcelas possui o menor número de casas
decimais. Em nosso caso, essa parcela é 2807,5, que possui apenas uma casa decimal. Esta
parcela será mantida como está. As demais parcelas deverão ser modificadas, de modo a ficar
com o mesmo número de casas decimais que a primeira escolhida, abandonando-se nelas
tantos algarismos quantos forem necessários. Levando em conta a regra de arredondamento:
número superior a cinco (inclusive) arredonda-se para cima e abaixo de 5 o último algarismo
permanece invariável.

Assim ficaremos com:

2807,5 permanece inalterada.................................... 2807,5


0,0648 passa a ser escrita ........................................ 0,1
83,645 passa a ser escrita ........................................ 83,7
525,35 passa a ser escrita ........................................ 525,4
O resultado correto é ................................................. 3416,7

Na subtração, deve-se seguir o mesmo procedimento.

EXEMPLOS

a) Um corpo pesou 2,2 g numa balança analítica cuja sensibilidade é de ±0,1 g e outro 0,1145
g ao ser pesado em uma balança analítica. Calcular a massa total dos dois corpos, nestas
condições.

160
b) Um pedaço de polietileno pesou 6,8 g numa balança cuja incerteza é de ±0,1 g. Um
pedaço deste corpo foi retirado e pesado em uma balança analítica cuja massa medida foi
de 2,6367 g. Calcular a massa do pedaço de polietileno restante.

4.6.3.2 Multiplicação e Divisão

Suponha que desejemos, por exemplo, multiplicar 3,67 por 2,3. Realizando
normalmente a operação encontramos: 3,67 x 2,3 = 8,441.

Entretanto, procedendo desta maneira, aparecem, no produto, algarismos que não são
significativos. Para evitar isto, devemos observar a seguinte regra: verificar qual o fator que
possui o menor número de algarismos significativos e, no resultado, manter apenas um número
de algarismos igual ao deste fator. No nosso caso, o fator que possui o menor número de
algarismos significativos é 2,3, tal que devemos manter, no resultado, apenas dois algarismos,
ou seja: 3,67 x 2,3 = 8,4.

Na aplicação desta regra, devemos ao abandonar algarismos no produto e usar o


critério de arredondamento, que diz: número acima de 5 inclusive arredonda-se para cima e
número abaixo de cinco permanece invariável. Para a divisão o procedimento é análogo.

EXEMPLOS

a) Na titulação de 24,98 mL de uma solução de HCl foram gastos 25,11 mL de solução de


NaOH 0,1041 mol/l. Calcular a concentração da solução de HCl.

b) Na titulação de 24,98 mL de HCl foram gastos 25,50 mL de solução de NaOH 0,0990 mol/l.
Calcular a concentração da solução de HCl.

161
EXERCÍCIOS

1) Estabeleça qual é o número de algarismos significativos para cada um dos seguintes


valores numéricos:
a) 0,01000 d) 0,2054 g) 809.738.000
b) 2.500 e) 75.400 h) 0,005550
c) 0,0000305 f) 0,007

2) Faça o arredondamento dos seguintes números para que contenham quatro, três e dois
algarismos significativos:
a) 12,9994 d) 4.702.801
b) 3,00828 e) 0,0030452
c) 38.655

3) Sabendo que a densidade do clorofórmio é de 1,4832 g m/l a 20ºC, qual seria o volume
necessário para ser usado num procedimento extrativo que requer 59,69 g deste solvente?

4) Expresse cada um dos seguintes números em notação científica, e mostre qual será o
número de algarismos significativos em cada um deles:
a) 0,0002009 c) 0,020580
b) 40.883.000 d) 8.040

5) Faça as seguintes operações, dando a resposta com o número correto de algarismos


significativos:
a) 4,002 + 15,9 + 0,823 = e) 1,00797 + 126,90 =
b) 213 – 11,579 = f) 40,08 + 15,9994 =
4
c) 137,33 + 32,064 + 63,9976 = g) 6,3x10 + 1,28 =
-2 -3
d) 9,80x10 + 4,6x10 = h) 764,7 – 22,683 =

3
6) Um aluno pretendia medir 5 cm de uma dada solução com a maior precisão possível.
Sabendo que tinha à sua disposição uma proveta de capacidade 20 mL (± 0,15 mL ),
pipetas graduadas de 10 mL (± 0,05 mL ) e pipetas graduadas de 20 mL (± 0,08 mL ), qual
o instrumento que deveria escolher? Por quê?
3
7) O João mediu 15 cm de água usando uma proveta graduada de 20 mL (± 0,15 mL ) e o
3
Tiago mediu 10 cm de água usando uma pipeta de transferência de 10 mL (± 0,05 mL ).
a) Qual dos dois procedeu a uma medição com maior rigor? Justifique, com base na
incerteza relativa em cada caso.

b) Exprima o resultado de cada uma das medições efetuadas com o número correto de
algarismos significativos.

8) Foi realizada uma medida do comprimento de uma mesa, e observado na régua o valor de
2,30 m. O instrumento usado era graduado em centímetros. Escreva o valor do
comprimento da mesa.

9) A medida x = 0,3002 cm, escrita com apenas dois algarismos significativos e em notação
cientifica, é melhor expressa pela alternativa:
-1
a) 0,30 cm c) 0,3 cm e) 3,2X10 cm
-1 1
b) 3,0X10 cm d) 3,0X10 cm

10) A alternativa que melhor representa o resultado da operação: x = 5,482 cm + 12,74 cm –


0,068 m é:
a) 11, 422 cm c) 11, 4 cm e) 0, 114 cm
b) 11, 42 cm d) 1, 14 cm

162
4.6.4 Como expressar a incerteza no resultado de uma medição
Quantos algarismos significativos devem ter a incerteza de uma medida?

Usaremos a seguinte convenção:

• se o primeiro dígito significativo da incerteza for menor que 3, usaremos DOIS


significativos

• caso o primeiro dígito significativo da incerteza for maior ou igual a 3, podemos usar
UM ou DOIS algarismos significativos para a incerteza

Qualquer que seja o caso sempre podemos usar dois significativos para expressar a
incerteza.

Mas atenção, quando a incerteza for resultado de uma estimativa ou apenas indicativa,
tal como a metade da menor divisão de um instrumento, sugerimos usar apenas UM dígito
significativo.

Não tem sentido, por exemplo, expressar a incerteza de uma régua milimetrada com
DOIS significativos (0,50 mm), basta escrever 0,5 mm.

4.6.4.1 Expressão do valor de uma grandeza

• O resultado de uma medição pode ser expresso como um valor, seguido de sua
incerteza, ambos multiplicados por uma potência de dez e a unidade de medida física
2
correspondente: por exemplo, X = (1,34 ± 0,04)x10 km

• Usar a mesma potência de dez tanto para o valor da grandeza como para sua
incerteza

• O número de algarismos significativos da incerteza é dado pela regra acima

• O número de dígitos decimais no resultado de uma medição tem que ser o mesmo que
na incerteza

• A notação científica pode ser usada para melhor legibilidade

Uma medida terá sentido somente quando se puder determinar, de uma forma ou de
outra, o erro de que está afetada.

Quando efetuamos uma medida ou várias medidas (nas mesmas condições, de uma
mesma grandeza), o valor dessa grandeza deve ser expresso pela relação:

X = ( X ± σ X ) unidade

No caso de uma única medida X é a própria medida e para várias medidas é a média
dos valores medidos, e σ X , chamada de incerteza para uma única medida, e de desvio para
várias medidas. Como obter tais quantidades é o que veremos a seguir. E para isso
primeiramente vamos falar a respeito da classificação das medidas e de estatísticas de erros.

4.6.4.2 Definições

O texto a seguir foi adaptado do Guia para Expressão da Incerteza de Medição


publicado pelo INMETRO (1998).

Infelizmente, definições e normas metrológicas são um assunto um tanto burocrático,


mas fazem parte da linguagem técnico-científica que precisamos dominar. Não houve de modo
algum a pretensão de exaurir o assunto.

163
Ao leitor interessado em aprofundar seus conhecimentos ou ansioso por outros
exemplos, recomendamos fortemente consultar a referência citada.

4.6.4.2.1 Medição

Medição é uma ação, um procedimento. O objetivo de uma medição é determinar o


valor do mensurando, isto é, o valor da grandeza específica a ser medida. Uma medição
começa, portanto, com uma especificação apropriada do mensurando, do método de medição
e do procedimento de medição.

O resultado de uma medição é a medida.

• Medição: conjunto de ações que têm por objetivo determinar um valor de uma
grandeza.

• Valor (de uma grandeza): expressão quantitativa de uma grandeza específica,


geralmente sob a forma de uma unidade multiplicada por um número. Exemplo:
comprimento de uma barra: 5,34 m

• Mensurando: grandeza específica submetida à medição. Exemplo: temperatura de


fusão da glicerina.

• Grandeza (mensurável): atributo de um fenômeno, corpo ou substância que pode ser


qualitativamente distinguido e quantitativamente determinado. O termo “grandeza”
pode se referir a uma grandeza em sentido geral (comprimento, tempo, massa.) ou
grandeza específica (comprimento de uma barra, resistência elétrica de um fio). Os
símbolos das grandezas estão definidos na norma ISO 31.

• Método de medição: seqüência lógica de operações, descritas genericamente,


usadas na execução das medições. Exemplos: método de substituição, método
diferencial, método de “zero”...

• Procedimento de medição: conjunto de operações, descritas especificamente,


usadas na execução de medições particulares de acordo com um dado método. Um
procedimento (de medição) deve ser um documento com detalhes suficientes para
permitir que um observador execute a medição sem informações adicionais.

4.6.4.2.2 Resultado de uma medição

Em geral, o resultado de uma medição é somente uma aproximação ou estimativa


do valor do mensurando e, assim, só é completa quando acompanhada pela declaração de
incerteza dessa estimativa. Em muitos casos, o resultado de uma medição é determinado com
base em séries ou conjunto de observações obtidas sob condições de repetitividade.

• Medida ou resultado de uma medição: valor atribuído a um mensurando obtido por


medição. Deve-se indicar claramente se o resultado se refere à indicação, se é um
resultado corrigido ou não corrigido e se corresponde ao valor médio de várias
medições. A expressão completa do resultado de uma medição inclui informações
sobre a incerteza da medição.

• Estimativa: valor de uma estatística (uma conta) utilizada para estimar um parâmetro
(uma média, por exemplo) da totalidade de itens (em geral finito), obtido como
resultado de uma operação sobre uma amostra (em geral um conjunto limitado de
dados) supondo um determinado modelo estatístico de distribuição (distribuição normal
ou Gaussiana, por exemplo).

• Repetitividade (de resultados de medições): grau de concordância entre os


resultados de medições sucessivas de um mesmo mensurando, efetuadas sob as
mesmas condições de medição.

164
• Condições de repetitividade incluem:
⇒ mesmo procedimento de medição
⇒ mesmo observador
⇒ mesmo instrumento de medição sob as mesmas condições
⇒ mesmo local
⇒ repetição em curto período de tempo

4.6.4.2.3 Erros e incertezas

Deve-se atentar e distinguir com cuidado os termos “erro” e “incerteza”. Esses termos
não são sinônimos, ao contrário, representam conceitos completamente diferentes. Não devem
ser confundidos nem mal empregados.

4.6.4.2.3.1 Erro

Uma medição tem imperfeições que dão origem a um erro no resultado da medição. O
erro de uma medição é sua diferença para o valor verdadeiro (que em geral não é acessível). O
erro de uma medição costuma ser classificado em dois componentes: erro aleatório e erro
sistemático. O erro aleatório tem origem em variações imprevisíveis também chamados efeitos
aleatórios.

Esses efeitos são a causa de variações em observações repetidas do mensurando. O


erro aleatório não pode ser compensado, mas pode ser reduzido aumentando o número de
observações.

Apesar de freqüentemente citado, o desvio padrão da média não é o erro aleatório da


média.

O desvio padrão da média representa, sim, uma medida da incerteza da média devido
aos efeitos aleatórios. O erro sistemático, em geral, não pode ser eliminado, mas pode
eventualmente ser reduzido modificando o processo de medição ou, caso seja identificado,
deve ser corrigido.

4.6.4.2.3.2 Incerteza (da medida)

Parâmetro associado ao resultado de uma medição que caracteriza a dispersão dos


valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando.

O parâmetro pode ser um desvio padrão (ou um múltiplo dele) ou a metade do intervalo
de uma escala.

Uma dada incerteza corresponde em geral a um dado nível de confiança (probabilidade


de encontrar o valor num dado intervalo).

Entende-se que o resultado de uma medição (uma medida) é a melhor estimativa do


valor de um mensurando e que todos os componentes da incerteza, incluindo aqueles
resultantes dos efeitos sistemáticos, contribuem para a dispersão.

Em geral a incerteza de uma medição consiste de vários componentes que podem ser
agrupados em duas categorias gerais: os que podem ser avaliados com auxílio de métodos
estatísticos e os que necessitam de outros meios.

4.6.5 Classificação das medidas


As medidas podem ser de dois tipos: diretas e indiretas.

165
4.6.5.1 Medida Direta

É a medida (leitura) obtida diretamente do instrumento de medida. Ex. altura (a leitura é


feita diretamente na trena); tempo (leitura feita diretamente no cronômetro). Nesta categoria
temos:

4.6.5.1.1 Medida direta de uma única medida

Quando somente uma leitura é suficiente. Ex. Medida da largura de uma mesa. Basta
medirmos uma única vez.

4.6.5.1.2 Medida direta de várias medidas

Quando é necessário medirmos várias vezes a mesma grandeza para minimizar a


imprecisão na medida. Ex. tempo de queda de um corpo. Medimos várias vezes e tiramos a
média.

4.6.5.2 Medida Indireta

É quando uma medida é obtida com o auxílio de uma equação. Por exemplo: a
determinação da velocidade final de um corpo preso por um fio, em translação na direção
2h
vertical (aceleração constante). A velocidade final é expressa por V = . Para determinar a
t
velocidade, utilizamos as medidas da altura e do tempo médio de queda.

4.6.6 Noções sobre teoria estatística de erros


Se tentarmos efetuar uma série de medidas de uma mesma grandeza (tal como tempo
de queda de uma dada massa de uma altura fixa) empregando os mesmos métodos, os
mesmos instrumentos de medida e as mesmas condições experimentais verão que os
resultados serão diferentes. Sendo assim, que número deverá ser assumido como medida da
grandeza? Qual o valor que melhor a representará? Qual a confiabilidade que uma série de
medições pode inspirar? Como comparar entre si duas ou mais séries de medidas? A resposta
a essas perguntas constitui o objeto da Teoria de Erros.

4.6.6.1 Tipos de erros de medida

Estudaremos ambos os casos anteriormente citados, pois ambos acontecem com


freqüência em laboratórios didáticos, onde se realizam práticas experimentais. Para isso
precisamos saber quais são os tipos de erros e a origem dos mesmos.

4.6.6.1.1 Erros Grosseiros

Exclusivo da falta de prática do experimentador; erros de leitura.

4.6.6.1.2 Erros Sistemáticos

Ocorrem sempre num mesmo sentido. Podem ser devido ao experimentador, como
atraso (ou antecipação) ao acionar um cronômetro; a um erro de paralaxe ou erro de
calibração.

4.6.6.1.3 Erros de Flutuação

Decorrem de fatores imprevisíveis.

Os erros grosseiros e sistemáticos podem ser eliminados; os de flutuação serão


estudados pela teoria dos erros.

166
4.6.7 Variáveis estatísticas
4.6.7.1 Uma única medida (incerteza)

O critério é o seguinte: Quando efetuamos uma única medida, tomamos como incerteza da
medida a metade da menor subdivisão.

EXEMPLO

Efetuando uma medida de um comprimento (largura de uma mesa, por exemplo, 62


cm) utilizando uma trena com precisão de 1 mm. A incerteza na medida será de: 0,5 mm, 0 que
corresponde a metade da menor divisão da trena. Tal que a representação ficará então l =
(620,0 ± 0,5) mm. O que significa que o valor medido está entre 619,5 mm e 620,5 mm, ou
seja, possui uma incerteza de 0,5 mm, para mais ou para menos.

4.6.7.2 Para Várias Medidas

Necessitamos primeiramente tirar a média das medidas (que será o valor mais provável da
medida) e calcular o desvio, assim vejamos como se calculam essas quantidades.

4.6.7.2.1 Média

Vamos representar uma medida da grandeza x por x1, uma segunda medida realizada
nas mesmas condições de x1 da mesma grandeza x será representada por x2 e
sucessivamente para as demais medidas. Dessa forma, x1, x2, x3, x4, x5, ..........., xn
representam um conjunto de medidas realizadas, da mesma forma e com as mesmas
condições, de uma dada grandeza x. Se tivermos diferentes medidas para uma mesma
grandeza, como expressamos o valor dessa grandeza? Para isso, utilizamos o valor médio.
Uma vez que todas as medidas foram obtidas da mesma forma (com as mesmas condições), o
peso atribuído a cada medida será o mesmo. Portanto, a média que utilizaremos será uma
média aritmética simples:

X 1 + X 2 + X 3 + ... + X n 1 n
X=
n ∑
= . xi
n i =1

Onde n corresponde ao número total de medidas realizadas.

Obs - A barra horizontal sobre a grandeza X indica valor médio e o símbolo ∑ significa
somatório.

4.6.7.2.2 Desvio absoluto

O desvio da primeira medida, x1, em relação à média é dado pela diferença x1 - x . O


desvio da segunda medida, x2, em relação à média é dado pela diferença x2 - x . E de forma
similar para o cálculo do desvio das demais medidas. Esse desvio nos dirá o quanto a
respectiva medida estará distante do valor médio; se o desvio for negativo significa que a
medida está abaixo da média; se o desvio for positivo significa que o valor da medida está
acima da média. De uma forma geral, podemos escrever os desvios como: ∆xi = xi − x , onde i
representa a i-ésima medida ou ∆x1 = x1 − x para o desvio da primeira medida (i = 1);
∆x2 = x2 − x para o desvio da segunda medida (i = 2); ∆x3 = x3 − x para o desvio da terceira
medida (i = 3); E assim por diante. Tal que ∆x = x − x será o desvio absoluto da medida. O
desvio absoluto médio é fazer a média destes desvios absolutos:

n
∆x = ∑ ∆x
i =1
i

167
4.6.7.2.3 Desvio Relativo

É o quociente entre o desvio absoluto e o valor da medida:

Desvio Absoluto
δr =
Valor (médio) da medida

Para obter o desvio relativo percentual, basta multiplicar o valor do desvio relativo por
100%.

4.6.7.2.4 Desvios quadráticos

Corresponde ao quadrado do desvio. Em simbologia matemática, d12 = ( x1 − x ) 2 para o


desvio quadrático da primeira medida, d 22 = ( x2 − x ) 2 para o desvio quadrático da segunda
medida e assim sucessivamente. Os desvios quadráticos são sempre positivos. A expressão
n

∑ (x
i =1
i − x) 2 corresponde à somatória de todos os desvios quadráticos. Essa expressão será
utilizada na definição de desvio padrão que trataremos a seguir.

4.6.7.2.5 Desvio Padrão

O desvio padrão atribuído à medida de uma dada grandeza é dado por:

∑ (x − x)
i =1
i
2

(1) σ = , onde i corresponde à i-ésima medida e n à última medida realizada.


(n − 1)

Obs - Utilizaremos o símbolo σ para o desvio padrão embora seja também representado
pelos símbolos σ , s e σ n-1. São todos equivalentes e expressos pela relação (1). Utilizamos
esta equação quando temos menos de 100 medidas, ou seja, poucas medidas, sendo a
equação que utilizaremos neste curso.

4.6.7.2.6 Incerteza ou Desvio padrão da medida ou erro da média (∆X, ∆x , ε x , σ n )

Quando temos mais de 100 medidas, a incerteza ou desvio padrão da medida é expressa
por:
n

σ
∑ (x − x)
i =1
i
2

σx = =
n n.(n − 1)

4.6.7.2.7 Resultado Final

Quando efetuamos várias medidas, nas mesmas condições, de uma mesma grandeza, o
valor dessa grandeza deve ser expresso pela relação:

x = ( x ± σ x ) unidade
4.6.7.2.7.1 Quantas casas depois da vírgula se devem utilizar quando efetuamos uma
medida?

Isso será de acordo com a precisão do instrumento de medida, muitas vezes anotadas
no próprio instrumento ou no manual do instrumento.

168
Por exemplo, o paquímetro possui um desvio de 0,05 mm, assim a medida deve ser
expressa também com duas casas após a vírgula.

Quando este valor não está anotado, observe quantas casas de precisão o instrumento
fornece.

Por exemplo, o cronômetro possui duas casas de precisão. Assim, devemos


representar o resultado com duas casas de precisão.

No caso da trena, seria a metade da menor divisão, então 0,5 mm, tal que o resultado
da medida deve ser expresso com uma casa após a vírgula.

É sempre bom lembrar que os arredondamentos de quaisquer resultados devem


obedecer à regra dos algarismos significativos.

4.6.7.2.7.2 Como calcular o erro percentual, quando se compara uma medida


experimental com um valor teórico?

Utiliza-se a seguinte expressão:

Valor Teórico − Valor Experimental


D= x100%
Valor Teórico

169
EXERCÍCIOS

1) Um grupo de alunos realizou experiência para determinar o valor da aceleração da


2 2 2 2
gravidade local, e obtiveram os valores a seguir: 9,75 m/s ; 9,78 m/s ; 9,80 m/s ; 9,76 m/s ;
2
9,75 m/s . Calcular:

a) O valor mais provável da aceleração da gravidade;


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

b) Indicar corretamente o resultado final;


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

c) O desvio relativo ( dr );
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

d) O desvio relativo percentual ( dr% )


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

2) Dadas as medidas e seus respectivos desvios, escrever os resultados corretamente, em


termos de algarismos significativos.

(a) (b) (c) (d) (e)


m 32,75 g 72,19 cm 4,189 g 12314 m 82372 h
∆m 0,25 g 2,3 cm 0,0219 g 276 m 28 h
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

170
3) Numa experiência, a medida do comprimento de uma barra, repetida 5 vezes ( N = 5 ),
forneceu a tabela:

n 1 2 3 4 5
Ln (m) 2,21 2,26 2,24 2,22 2,27

a) Encontrar o valor médio:


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

b) Encontrar o desvio médio:


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

c) Escrever o resultado final em termos de algarismos significativos:


_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

4) Suponhamos que uma série de medidas de um tecido fosse: 3,02 m; 2,98 m; 2,99 m; 3,01
m; 3,05 m. Determine o valor médio, o desvio da medida e o desvio relativo.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

5) Ao medir a altura de um armário alto foram obtidos os seguintes valores com uma trena:
2,055 m; 2,100 m; 2,035 m; 2,120 m; 2,105 m. Determine a altura média, o desvio da
medida e o desvio relativo.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

171
TÁBUA DE LOGARITMOS
n log n log n log n log n log
0 50 698970 100 000000 150 176091 200 301030
1 000000 51 707570 101 004321 151 178977 201 303196
2 301030 52 716003 102 008600 152 181844 202 305351
3 477121 53 724276 103 012837 153 184691 203 307496
4 602060 54 732394 104 017033 154 187521 204 309630
5 698970 55 740363 105 021189 155 190332 205 311754
6 778151 56 748188 106 025306 156 193125 206 313867
7 845098 57 755875 107 029384 157 195900 207 315970
8 903090 58 763428 108 033424 158 198657 208 318063
9 954243 59 770852 109 037426 159 201397 209 320146
10 000000 60 778151 110 041393 160 204120 210 322219
11 041393 61 785330 111 045323 161 206826 211 342482
12 079181 62 792392 112 049218 162 209515 212 326336
13 113943 63 799341 113 053078 163 212188 213 328380
14 146128 64 806180 114 056905 164 214844 214 330414
15 176091 65 812913 115 060698 165 217484 215 332438
16 204120 66 819544 116 064458 166 220108 216 334454
17 230449 67 826075 117 068186 167 222716 217 336460
18 255273 68 822509 118 071882 168 225309 218 338456
19 278754 69 838849 119 075547 169 227887 219 340444
20 301030 70 845098 120 079181 170 230449 220 342423
21 322219 71 851258 121 082785 171 232996 221 344392
22 342423 72 857332 122 086360 172 235528 222 346353
23 361728 73 863323 123 089905 173 238046 223 348305
24 380211 74 869232 124 093422 174 240549 224 350248
25 397940 75 875061 125 096910 175 243038 225 352183
26 414973 76 880814 126 100371 176 245513 226 354108
27 431364 77 886491 127 103804 177 247973 227 356026
28 447158 78 892095 128 107210 178 250420 228 357935
29 462398 79 897627 129 110590 179 252853 229 359835
30 477121 80 903090 130 113943 180 255273 230 361728
31 491362 81 908485 131 117271 181 257679 231 363612
32 505150 82 913814 132 120574 182 260071 232 365488
33 518514 83 919078 133 123852 183 262451 233 367356
34 531479 84 924279 134 127105 184 264818 234 369216
35 544068 85 929419 135 130334 185 267172 235 371068
36 556303 86 934498 136 133539 186 269513 236 372912
37 568202 87 939519 137 136721 187 271842 237 374748
38 579784 88 944483 138 139879 188 274158 238 376577
39 591065 89 949390 139 143015 189 276462 239 378398
40 602060 90 954243 140 146128 190 278754 240 380211
41 612784 91 959041 141 149219 191 281033 241 382017
42 623249 92 963788 142 152288 192 283301 242 383815
43 633468 93 968483 143 155336 193 285557 243 385606
44 643453 94 973128 144 158362 194 287802 244 387390
45 653213 95 977724 145 161368 195 290035 245 389166
46 662758 96 982271 146 164353 196 292256 246 390935
47 672098 97 986772 147 167317 197 294466 247 392697
48 681241 98 991226 148 170262 198 296665 248 394452
49 690196 99 995635 149 173186 199 298853 249 396199
50 698970 100 000000 150 176091 200 301030 250 397940

172
n log n log n log n log n log
250 397940 300 477121 350 544068 400 602060 450 653213
251 399674 301 478566 351 545307 401 603144 451 654177
252 401401 302 480007 352 546543 402 604226 452 655138
253 403121 303 381443 353 547775 403 605305 453 656098
254 404834 304 482874 354 549003 404 606381 454 657056
255 406540 305 484300 355 550228 405 607455 455 658011
256 408240 306 485721 356 551450 406 608526 456 658965
257 409933 307 487138 357 552668 407 609594 457 659916
258 411620 308 488551 358 553883 408 610660 458 660865
259 413300 309 489958 359 555094 409 611723 459 661813
260 414973 310 491362 360 556303 410 612784 460 662758
261 416641 311 492760 361 557507 411 613842 461 663701
262 418301 312 494155 362 558709 412 614897 462 664642
263 419956 313 495544 363 559907 413 615950 463 665581
264 421604 314 496930 364 561101 414 617000 464 666518
265 423246 315 498311 365 562293 415 618048 465 667453
266 424882 316 499687 366 563481 416 619093 466 668386
267 426511 317 501059 367 564666 417 620136 467 669317
268 428135 318 502427 368 565848 418 621176 468 670246
269 429752 319 503791 369 567026 419 622214 469 671173
270 431364 320 505150 370 568202 420 623249 470 672098
271 432969 321 506505 371 569374 421 624282 471 673021
272 434569 322 507856 372 570543 422 625312 472 673942
273 436163 323 509203 373 571709 423 626340 473 674861
274 437751 324 510545 374 572872 424 627366 474 675778
275 439333 325 511883 375 574031 425 628389 475 676694
276 440909 326 513218 376 577188 426 629410 476 677607
277 442480 327 514548 377 576341 427 630428 477 678518
278 444045 328 515874 378 577492 428 631444 478 679428
279 445604 329 517196 379 578639 429 632457 479 680336
280 447158 330 518514 380 579784 430 633468 480 681241
281 448706 331 519828 381 580925 431 634477 481 682145
282 450249 332 521138 382 582063 432 635484 482 683047
283 451786 333 522444 383 583199 433 636488 483 683947
284 453318 334 523746 384 584331 434 637490 484 684845
285 454845 335 525045 385 585461 435 638489 485 685742
286 456366 336 526339 386 586587 436 639486 486 686636
287 457882 337 527630 387 587711 437 640481 487 687529
288 459392 338 528917 388 588832 438 641474 488 688420
289 460898 339 530200 389 589950 439 642465 489 689309
290 462398 340 531479 390 591065 440 643453 490 690196
291 463893 341 532754 391 592177 441 644439 491 691081
292 465383 342 534026 392 593286 442 645422 492 691965
293 466868 343 535294 393 594393 443 646404 493 692847
294 468347 344 536558 394 595496 444 647383 494 693727
295 469822 345 537819 395 596597 445 648360 495 694605
296 471292 346 539076 396 597695 446 649335 496 695482
297 472756 347 540329 397 598791 447 650308 497 696356
298 474216 348 541579 398 599883 448 651278 498 697229
299 475671 349 542825 399 600973 449 652246 499 698101
300 477121 350 544068 400 602060 450 653213 500 698970

173
n log n log n log n log n log
500 698970 550 740363 600 778151 650 812913 700 845098
501 699838 551 741152 601 778874 651 813581 701 845718
502 700704 552 741939 602 779596 652 814248 702 846337
503 701568 553 742725 603 780317 653 814913 703 846955
504 702431 554 743510 604 781037 654 815578 704 847573
505 703291 555 744293 605 781755 655 816241 705 848189
506 704151 556 745075 606 782473 656 816904 706 848805
507 705008 557 745855 607 783189 657 817565 707 849419
508 705864 558 746634 608 783904 658 818226 708 850033
509 706718 559 747412 609 784617 659 818885 709 850646
510 706718 560 748188 610 785330 660 819544 710 851258
511 708421 561 748963 611 786041 661 820201 711 851870
512 709270 562 749736 612 786751 662 820858 712 852480
513 710117 563 750508 613 787460 663 821514 713 853090
514 710963 564 751279 614 788168 664 822168 714 853698
515 711807 565 752048 615 788875 665 822822 715 854306
516 712650 566 752816 616 789581 666 823474 716 854913
517 713491 567 753583 617 790285 667 824126 717 855519
518 714330 568 754348 618 790988 668 824776 718 856124
519 715167 569 755112 619 791691 669 825426 719 856729
520 716003 570 755875 620 792392 670 826075 720 857332
521 716838 571 756636 621 793092 671 826723 721 857935
522 717671 572 757396 622 793790 672 827369 722 858537
523 718502 573 758155 623 794488 673 828015 723 859138
524 719331 574 758912 624 795185 674 828660 724 859739
525 720159 575 759668 625 795880 675 829304 725 860338
526 720986 576 760422 626 796574 676 829947 726 860937
527 721811 577 761176 627 797268 677 830589 727 861534
528 722634 578 761928 628 797960 678 831230 728 862131
529 723456 579 762679 629 798651 679 831870 729 862728
530 724276 580 763428 630 799341 680 832509 730 863323
531 725095 581 764176 631 800029 681 833147 731 863917
532 725912 582 764923 632 800717 682 833784 732 864511
533 726727 583 765669 633 801404 683 834421 733 865104
534 727541 584 766413 634 802089 684 835056 734 865686
535 728354 585 767156 635 802774 685 835691 735 866287
536 729165 586 767898 636 803457 686 836324 736 866878
537 729974 587 768638 637 804139 687 836957 737 867467
538 730782 588 769377 638 804821 688 837588 738 868056
539 731589 589 770115 639 805501 689 838219 739 868644
540 732394 590 770852 640 806180 690 838349 740 869232
541 733197 591 771587 641 806858 691 839478 741 869818
542 733999 592 772322 642 807535 692 840106 742 870404
543 734800 593 773055 643 808211 693 840733 743 870989
544 735599 594 773786 644 808886 694 841359 744 871573
545 736397 595 774517 645 809560 695 841985 745 872156
546 737193 596 775246 646 810233 696 842609 746 872739
547 737987 597 775974 647 810904 697 843233 747 873321
548 738781 598 776701 648 811575 698 843855 748 873902
549 738781 599 777427 649 812245 699 844477 749 874482
550 740363 600 778151 650 812913 700 845098 750 875061

174
n log n log n log n log n log
750 875061 800 903090 850 929419 900 954243 950 977724
751 875640 801 903633 851 929930 901 954725 951 978181
752 876218 802 904174 852 930440 902 955207 952 978637
753 876795 803 904716 853 930949 903 955688 953 979093
754 877371 804 905256 854 931458 904 956168 954 979548
755 877947 805 905796 855 931966 905 956649 955 980003
756 878522 806 906335 856 932474 906 957128 956 980458
757 879096 807 906874 857 932981 907 957607 957 980912
758 879669 808 907411 858 933487 908 958086 958 981366
759 880242 809 907949 859 933993 909 958564 959 981819
760 880814 810 908485 860 934498 910 959041 960 982271
761 881385 811 909021 861 935003 911 959518 961 982723
762 881955 812 909556 862 935507 912 959995 962 983175
763 882525 813 910091 863 936011 913 960471 963 983626
764 883093 814 910624 864 936514 914 960946 964 984077
765 883661 815 911158 865 937016 915 961421 965 984527
766 884229 816 911690 866 937518 916 961895 966 984977
767 884795 817 912222 867 938019 917 962369 967 985426
768 885361 818 912753 868 938520 918 962843 968 985875
769 885926 819 913284 869 939020 919 963316 969 986324
770 886491 820 913814 870 939519 920 963788 970 986772
771 887054 821 914343 871 940018 921 964260 971 987219
772 887617 822 914872 872 940516 922 964731 972 987666
773 888179 823 915400 873 941014 923 965202 973 988113
774 888741 824 915927 874 941511 924 965672 974 988559
775 889302 825 916454 875 942008 925 966142 975 989005
776 889862 826 916980 876 942504 926 966611 976 989450
777 890421 827 917506 877 943000 927 967080 977 989895
778 890980 828 918030 878 943495 928 967548 978 990339
779 891537 829 918555 879 943989 929 968016 979 990783
780 892095 830 919078 880 944483 930 968483 980 991226
781 892651 831 919601 881 944976 931 968950 981 991669
782 893207 832 920123 882 945469 932 969416 982 992111
783 893762 833 920645 883 945961 933 969882 983 992554
784 894316 834 921166 884 946452 934 970347 984 992695
785 894870 835 921686 885 946943 935 970812 985 993436
786 895423 836 922206 886 947434 936 971276 986 993877
787 895975 837 922725 887 947924 937 971740 987 994317
788 896526 838 923244 888 948413 938 972203 988 994757
789 897077 839 923762 889 948902 939 972666 989 995196
790 897627 840 924279 890 949390 940 973128 990 995635
791 898176 841 924796 891 949878 941 973590 991 996074
792 898725 842 925312 892 950365 942 974051 992 996512
793 899273 843 925828 893 950851 943 974512 993 996949
794 899821 844 926342 894 951338 944 974972 994 997386
795 900367 845 926857 895 951823 945 975432 995 997823
796 900913 846 927370 896 952308 946 975891 996 998259
797 901458 847 927883 897 952792 947 976350 997 998695
798 902003 848 928396 898 953276 948 976808 998 999131
799 902547 849 928908 899 953760 949 977266 999 999565
800 903090 850 929419 900 954243 950 977724 1000 000000

175
REFERÊNCIAS
COLÉGIO SÃO FRANCISCO (São Paulo). ALGARISMOS significativos e Notação
científica: Operações e representação. Disponível em:
<www.csasp.g12.br/servicos/eol/multiplaEscolha/questao.asp?multiplaEscolhaID=30>. Acesso
em: 11 jan. 2009.

PEREIRA, Alda; CAMÕES, Filomena. Exercicios sobre algarismos significativos e Notação


científica: Arredondamento. Disponível em:
<www.educacao.te.pt/jovem/index.jsp?p=115&idArtigo=5231>. Acesso em: 11 jan. 2009.

BIANCHINI, Edwaldo; PACCOLA, Herval. Matemática. São Paulo: Moderna, 1995. 1 v.

CRESPO, Antônio Arnot. Matemática Comercial e Financeira: Fácil. 13ª ed. São Paulo:
Saraiva 1999. 238 p.

GUERRINI, Iria Müller. ERROS e medidas: algarismos significativos. Disponível em:


<http://educar.sc.usp.br/fisica/erro.html>. Acesso em: 11 jan. 2009.

FERRAZ, Henrique. Sistemas de proporções matemáticas. Disponível em:


<http://cdcc.sc.usp.br/ciencia/artigos/art_26/proporcao.htmL> . Acesso em: 19 mar. 2008.

FRANÇA, Michele Viana Debus de. A calculadora e os logaritmos. Disponível em:


<http://educacao.uol.com.br/planos-aula/calculadora-logaritmos.jhtm>. Acesso em: 13 nov.
2008.

GOULART, Márcio Cintra. Arte-ciência-matemática. São Paulo: CG Editora, 1995. 1 v.

LOGARITMOS. Disponível em: <http://www.exatas.mat.br/log.htm> . Acesso em: 19 mar.


2008.

MEDIÇÕES em Física: algarismos significativos e desvios. Disponível em:


<http://efisica.if.usp.br/mecanica/basico/algarismos/exercicios/> . Acesso em: 09 nov 2008.

UM POUCO da história dos logaritmos. Disponível em: <http://www.cepa.if.usp.br/e-


calculo/funcoes/logaritmica/historia/hist_log.htm> . Acesso em: 19 mar. 2008.

176
177
CAPÍTULO 5 – QUÍMICA ORGÂNICA

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): ______________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

178
5.1 INTRODUÇÃO
O cientista Torben Olof Bergman no ano de 1777 foi quem empregou o termo Química
Orgânica. Era considerada à química dos produtos de origem dos organismos vivos, animal ou
vegetal.
A Teoria da Força Vital surgiu através de John Jacob Berzelius ( 1779-1848 ), que
acreditava que os organismos vivos (plantas e animais) continham uma “força vital” que
caracterizava todos os compostos produzidos por eles. Deste modo, não se admitia a
possibilidade de compostos orgânicos virem a ser sintetizados em laboratório.

TEORIA DO VITALISMO → Produtos orgânicos, como o álcool etílico (fermentação do vinho) e


sabão (gorduras animais).

Friedrich Wöhler, discípulo de Berzelius, químico alemão, em 1828, obteve um


composto em laboratório, ao aquecer cianato de amônio, chamado uréia, um composto
considerado na época tipicamente orgânico (existe na urina), não havendo a necessidade de
um organismo vivo que lhe transferisse a “força vital”.


o
1 composto orgânico sintetizado artificialmente
NH2
+ - ∆ O=C
NH4 CNO
NH2
Cianeto de amônio uréia

Com está descoberta foi quebrado a teoria da força vital, deixando claro que os
compostos orgânicos não precisam necessariamente ser obtidos só a partir de organismos
vivos.
A partir desta descoberta procurou-se um novo conceito para a Química Orgânica. Foi,
em 1848, que Leopold Gmelin estudando os compostos orgânicos já descobertos, notou que
todos continham carbono, por isso, em 1859, AUGUST KEKULÉ definiu a Química Orgânica,
como sendo, à parte da química que estuda os compostos do elemento carbono.

A Química Orgânica tem grande importância para o universo, pois está envolvida em
todas as áreas de estudos, como: corantes, produtos farmacêuticos, papel, vestuários,
borrachas, gasolina, etc.
Sendo o carbono, elemento presente nos compostos orgânicos, faz-se necessário um
estudo mais detalhado desse elemento, para que possamos entender a Química Orgânica.

Kekulé
Kekulé foi aclamado, na sua época, como um dos melhores professores de Química do
mundo. Porém, atualmente, ele é mais reconhecido por suas explicações sobre como os
átomos se ligam, pela noção de valência (1858) e, principalmente, por ter resolvido um dos
problemas teóricos que mais desafiaram os cientistas, em meados do século passado: a
estrutura do benzeno.

Em 1865, ele propôs uma fórmula estrutural satisfatória para o benzeno, o que foi
conseguido através de um sonho, depois de muito tempo estudando o assunto.
O texto a seguir foi extraído de um discurso feito por Kekulé na prefeitura de Berlim, em
1890, em comemoração ao 25º aniversário do anúncio da fórmula do benzeno:

Vocês estão celebrando o jubileu da teoria do benzeno. Eu devo, antes de tudo,


falar-lhes que, para mim, a teoria do benzeno foi somente uma conseqüência, e uma
conseqüência muito óbvia das idéias que eu formava sobre as valências dos átomos e
da natureza de suas ligações; as idéias, portanto, as quais nós hoje chamamos de

179
teoria da valência e estrutural. O que mais eu poderia ter feito com as valências não
utilizadas? Durante minha estada em Londres, eu residi em Clapham Road...
Freqüentemente, no entanto, passava as noites com meu amigo Hugo Mueller... Nós
conversávamos sobre muitas coisas, mas, com mais freqüência, de nossa amada
química. Em um agradável anoitecer de verão, estava retornando no último ônibus,
sentado do lado de fora, como de costume, trafegando pelas ruas desertas da cidade...
Eu caí em devaneio, e vejam só, os átomos estavam saltando diante dos meus olhos!
Até agora, sempre que esses seres diminutos haviam aparecido para mim, estavam
sempre em movimento; mas até aquele momento eu não fora capaz de perceber a
natureza de seus movimentos. Agora, entretanto, eu via como, freqüentemente, dois
átomos menores uniam-se para formar um par; como um maior abraçava os outros dois
menores; como outros ainda maiores retinham três ou mesmo quatro dos menores;
enquanto o conjunto mantinha-se girando em uma dança vertiginosa. Vi como os
maiores formavam uma cadeia, arrastando os menores atrás de si, mas somente nos
finais da cadeia... O grito do motorista: “Clapham Road” acordou-me do sonho; mas
passei uma parte da noite colocando no papel pelo menos o esboço dessas formas de
sonho. Essa foi a origem da “teoria estrutural”.

Algo semelhante aconteceu com a teoria do benzeno. Durante minha estada


em Ghent, morava em elegantes aposentos de solteiro na via principal. Meu escritório,
no entanto, tinha frente para um beco estreito e nenhuma luz do dia penetrava nele...
Estava sentado escrevendo meu livro didático, mas o trabalho não progredia; meus
pensamentos estavam em outro lugar. Virei minha cadeira para o fogo e cochilei.
Novamente os átomos estavam saltando diante dos meus olhos. Nessa hora, os grupos
menores mantinham-se modestamente no fundo. Meu olho mental, que se tornara mais
aguçado pelas visões repetidas do mesmo tipo, podia agora distinguir estruturas
maiores de conformações múltiplas: fileiras longas, às vezes mais apertadas, todas
juntas, emparelhadas e entrelaçadas em movimento como o de uma cobra. Mas veja! O
que era aquilo? Uma das cobras havia agarrado sua própria cauda, e essa forma girava
zombeteiramente diante dos meus olhos. Acordei como se por um raio de luz; e então,
também passei o resto da noite desenvolvendo as conseqüências da hipótese. (Benfey,
journal of Chemical Education, vol.35, 1958, p.21).

5.2 QUÍMICA ORGÂNICA


É a parte da química que estuda os compostos do elemento carbono.

5.2.1 Elemento carbono


Os estudos sobre as estrutura dos compostos orgânicos, bem como do comportamento
químico do carbono deu-se no meado do século XIX com as idéias de Couper e de Kekulé.
Estes estudos são conhecidos atualmente como postulados de Kekulé.

• PRIMEIRO POSTULADO: o carbono é tetravalente


o
Na tabela periódica, o carbono está localizado na família 14 (IV A) e no 2 período.
Possuí 4 elétrons de valência.

2 → camada k
o
N atômico → 6 4 → camada L
Nº de massa → 12,011 C → Símbolo
Carbono → nome do elemento

180
Distribuição eletrônica nos subníveis

Estado fundamental
2 2 2
1s 2s 2p

camada K camada L

Obs - Para provar o primeiro postulado de Kekulé é preciso fazer a hibridização, ou seja,
excitar os elétrons para que passe de um subnível para outro para que fique na forma
hibridizada.

Estado hibrido

• SEGUNDO POSTULADO: as quatro valências do carbono são iguais entre si

C faz quatros ligações iguais

• TERCEIRO POSTULADO: carbono é capaz de formar cadeias

C C C

5.2.2 Tipos de ligações entre carbonos


Carbono sempre faz quatro ligações (é tetravalente), podendo ter três tipos de ligações
entre seus átomos.

• ligação simples, representada por um traço

C C

• ligação dupla, representada por dois traços

C C

• ligação tripla, representada por três traços

C C

181
5.2.3 Tipos de ligações do carbono
O carbono pode fazer 4 ligações simples, 4 δ ( sigma ).

δ
δ C δ

δ

3
Hibridação: sp
• Ângulo entre ligações: 109°28’
• Geometria: tetraédrica

O carbono pode fazer duas ligações simples e uma dupla, 3 δ ( sigma ) e 1 π ( Pi )

δ
δ
C
δ π


2
Hibridação: sp
• Ângulo entre ligações: 120°
• Geometria: trigonal plana

O carbono pode fazer duas ligações duplas ou uma simples e uma tripla, 2δ ( sigma ) e 2
π ( Pi )
δ δ π
δ
C ou C δ
π π π
• Hibridação: sp
• Ângulo entre ligações: 180°
• Geometria: linear

5.2.4 Classificação dos carbonos

• Carbono primário: está ligado a um único carbono

C C

• Carbono secundário: está ligado a dois outros carbonos

C C C

• Carbono terciário: está ligado a três outros carbonos

C C C

182
• Carbono quaternário: está ligado a quatro outros carbonos

C C C

5.2.5 Representação habitual dos compostos orgânicos


As ligações entre um carbono e outros elementos costumam ser indicadas de maneira
simplificada, sem os traços.

H3C – CH = CH2 ou CH3 – CH = CH2 ou C3H6

5.2.6 Elementos organógenos

É um conjunto de 4 elementos que formam praticamente todos os compostos da


química orgânica.

Além do carbono que é tetravalente, temos:


1
Hidrogênio: 1H = 1s → monovalente H


2 2 4
Oxigênio: 8O: 1s 2s 2p → bivalente O


2 2 3
Nitrogênio: 7N: 1s 2s 2p → trivalente N

Outros elementos que também formam compostos orgânicos, mas em menor número.

• Enxofre: S → bivalente
• Fósforo: P → trivalente
• Cloro: Cl → monovalente
• Bromo: Br → monovalente
• Iodo: I → monovalente

EXEMPLO

N NH2
O C ou O C
N NH2

Uréia
Obs - Nem todo composto que apresenta o carbono é necessariamente orgânico, embora
maior parte dos compostos de carbono seja assim considerado.

EXEMPLO

O Carbonato de Cálcio ( CaCO3 ) - componente do mármore


O Dióxido de Carbono ( CO2 ) – efeito estufa

183
5.2.7 Principais características dos compostos orgânicos

• Ligações exclusivamente covalentes


• Pontos de fusão relativamente baixos
• À temperatura e pressão ambiente são encontrados compostos orgânicos sólidos,
líquidos e gasosos
• Maior parte não conduz corrente elétrica quando fundidas ou em soluções aquosas
• Geralmente são insolúveis em água, mas solúveis em outros compostos orgânicos

EXEMPLO

A parafina tem ponto de fusão baixo, é insolúvel em água e solúvel em querosene.

5.2.8 Heteroátomo
É um átomo diferente do carbono, mas localizado entre eles (está dentro da cadeia
carbônica).

CH3 – O - CH3 Este oxigênio é considerado um heteroátomo

CH3-CH2-OH Este oxigênio não é considerado um heteroátomo

EXERCÍCIOS

a) (FUFPI) Quantos carbonos secundários há na estrutura deste álcool?

OH

CH3 C CH2 CH CH3

CH3 CH3

Resposta:

b) (UFPA) No composto abaixo as quantidades totais de átomos de carbonos primários,


secundários e terciários são respectivamente:

CH3 CH CH CH2 CH CH3

CH3 CH3 CH3

Resposta: ______________ , ______________ e ______________

c) (FGV-SP) O composto de fórmula estrutural abaixo, apresenta carbonos primários,


secundários, terciários e quaternários, respectivamente, em números de:

CH3 OH H H

CH3 C CH C CH C N CH CH3

CH3 CH3 CH3 CH3

Resposta: _________, __________, __________ e ___________

184
d) (UFCE) Na estrutura abaixo as ligações representadas pelos algarismos 1,2 e 3 são,
respectivamente:
1 2 3
CH2 C CH CH2
NH2
a) simples, dupla, simples
b) dupla, simples, dupla
c) simples tripla, dupla
d) dupla, tripla, simples

5) Indique o número de ligações sigma (δ) e pi (π) das moléculas esquematizadas abaixo:

H
H
H C C C H δ ________________

H π ________________
O
C H
HO
H

δ ________________
CH3 – CH2 – CH(CH3) – CH2 – CO – CH2 – C(CH3)2 – CH3
π ________________

H O H δ ________________

C C O C C C N π ________________
H H H

5.2.9 Classificação das cadeias carbônicas


As cadeias carbônicas podem ser classificadas em abertas, quando não formam um
anel (ou ciclo), ou em fechadas, quando formam um anel (ou ciclo).

5.2.9.1 Cadeia aberta ( ou acíclica )

Quanto à natureza dos átomos, podem ser de dois tipos:

• Homogênea - é a cadeia que não possui heteroátomo

O
CH3 – CH2 –C
OH

185
• Heterogênea - é a cadeia que possui heteroátomo

CH3 – CH2 – C – O – CH3

Quanto à disposição dos átomos, podem ser de dois tipos:

• Normal ( ou reta ) - é a cadeia homogênea que possuí somente átomos de carbono


primário e/ou secundário

CH3 – CH2 – CH2 – CH3

• Ramificada - é a cadeia homogênea que possuí átomos de carbono terciário e/ou


quaternário.

CH3 – CH2 – CH2 – CH3


CH3

Quanto a ligação entre os carbonos, podem ser de dois tipos:

• Saturada - é a cadeia que possuí apenas ligações simples entre os átomos de


carbono.

EXEMPLOS

a) CH3 – CH2 – CH2 – CH3

O
b) CH3 – CH2 – C
OH

• Insaturada - é a cadeia que possuí dupla e/ou tripla ligação entre os carbonos.

EXEMPLO

a) H3C – CH = CH2

b) H3C - CH2 - C ≡ C - C H3

5.2.9.2 Cadeia fechada ( ou cíclica )

As cadeias fechadas podem ser classificadas em duas categorias:

• Cadeias Aromáticas - são aquelas que possuem pelo menos um núcleo aromático.

186
Obs – O Núcleo aromático é formado por 6 átomos de carbono ligados entre si ciclicamente.

H H

H C H H C H
C C C C

C C C C
H C H H C H

H H

As cadeias aromáticas são classificadas em mononucleares e polinucleares.

EXEMPLO

a) Cadeia aromática mononuclear

H C H
C C

C C
H C H

b) Cadeia aromática polinuclear

H H

H C C H
C C C

C C C
H C C H
H H

5.2.9.3 Cadeias Alicíclicas

São aquelas que não possuem núcleo aromático.

Quanto a ligação entre os carbonos, podem ser de dois tipos:

• Saturada - se possuí apenas ligações simples entre os carbonos.

H C H
C C

H H

187
• Insaturada - se possuir pelo menos uma ligação dupla ou tripla.

H C C H

H C C H
H H

Quanto ao tipo de carbono:

• Normal - se possuir apenas carbonos primários e secundários.

H C H
C C

H H

• Ramificada - se possuir pelo menos um carbono terciário ou quaternário.

H H H
H C C H
C C H
H
H H
C C
H C H
H H

Quanto à presença de heteroátomo:

• Homocíclica ( homogênea ) - se não possuir heteroátomo.

H H
H
H C C N
H
H C C H
H H

• Heterocíclica ( heterogênea ) - se possuir heteroátomo.

H
H
H C N C H
H
H C C H
H H

188
EXERCÍCIOS

1) Classifique a cadeia carbônica:


a) aberta ou fechada O
b) homogênea ou heterogênea CH3 – CH2 – CH2 – CH2 - C
c) normal ou ramificada OH
d) saturada ou insaturada

2) Classifique a cadeia carbônica abaixo:

CH3 – C = CH – O – CH3
CH3

______________ , ____________ , ____________ , _____________

3) Escreva a fórmula estrutural do composto orgânico que possuí a fórmula molecular e a


características fornecidas

a) C5H10O - acíclica, insaturada, ramificada e heterogênea

b) C4H8O - acíclica , insaturada , normal e homogênea

c) C7H8 - aromática , mononuclear e ramificada

5.3 FUNÇÕES ORGÂNICAS


Uma função orgânica é um conjunto de compostos que possuem propriedades químicas
semelhantes. A nomenclatura dos compostos segue uma regra aceita internacionalmente e
definidas pela IUPAC ( UNIÃO INTERNACIONAL DE QUÍMICA PURA E APLICADA).

NOMENCLATURA DOS COMPOSTOS ORGÂNICOS DE CADEIA NORMAL

Os nomes dessas substâncias são formadas de três partes principais:

• Prefixo - Indica o número de carbonos


• Infixo - Indica o tipo de ligação entre carbono
• Sufixo - Indica a função a que pertence o composto

189
o o
n de átomos n de átomos
Prefixo Prefixo
de carbono de carbono
Met 1 Tridec 13
Et 2 Tetradec 14
Prop 3 Pentadec 15
But 4 Eicos 20
Pent 5 Heneicos 21
Hex 6 Doeicos 22
Hept 7 Tricont 30
Oct 8 Tetracont 40
Non 9 Pentacont 50
Dec 10 Hexacont 60
Undec 11 Nonacont 90
Dodec 12 Hect 100

INFIXO TIPOS DE LIGAÇÃO EXEMPLOS

an Apenas ligações simples

en Uma ligação dupla

dien Duas ligações duplas

trien Três ligações duplas

in Uma ligação tripla

diin Duas ligações triplas

triin Três ligações triplas

Uma ligação dupla e uma


enin
tripla

SUFIXO FUNÇÃO ORGÂNICA

O hidrocarbonetos

Ol álcoois

Ona cetonas

Al aldeídos

Óico Ácidos carboxílicos

190
EXERCÍCIOS
a a
Associe a 1 coluna de acordo com a 2 coluna.

(1) en ( ) apenas ligações simples


(2) but ( ) duas ligações duplas e um tripla
(3) in ( ) uma ligação dupla
(4) pent ( ) uma ligação tripla
(5) met ( ) um carbono
(6) dienin ( ) sete carbonos
(7) prop ( ) três carbonos
(8) an ( ) quatro carbonos
(9) hept ( ) cinco carbonos

5.3.2 Função hidrocarboneto


Hidrocarbonetos são compostos orgânicos formados apenas por carbono e hidrogênio.

São substâncias apolares e suas moléculas se mantêm unidas por forças de Van der
Waals. Possuem, portanto, baixo ponto de fusão e ebulição em comparação a compostos
polares.

Quanto à fase de agregação, podemos fazer a seguinte generalização à temperatura e


pressão ambientes: os hidrocarbonetos que possuem de 1 a 4 carbonos são gasosos, de 5 a
17 carbonos são líquidos e acima de 17 carbonos são sólidos. Dissolvem-se apenas em
substâncias apolares (semelhante dissolve semelhante), sendo insolúveis em água.

São menos densos que a água, por dois motivos principais:

a) os átomos que os formam possuem massas atômicas baixas (C =12)(H = 1)


b) suas moléculas, sendo apolares, tendem a ficar mais distantes entre si, o que implica
menos moléculas por unidade de volume.

São representados pela fórmula genérica CxHy.

De acordo com a IUPAC, apresenta o sufixo O

EXEMPLOS

a) CH3 – CH2 – CH2 - CH3

Prefixo: but –
Infixo: - an – butano
Sufixo: - o

b) CH2 = CH – CH3

Prefixo: prop -
Infixo: - en - propeno
Sufixo: - o

191
5.3.2.1 Classificação dos hidrocarbonetos

De acordo com a cadeia e a ligação entre os carbonos, os hidrocarbonetos podem ser


classificados em:

5.3.2.1.1 Alcanos

São hidrocarbonetos de cadeia aberta que apresentam ligações simples ( infixo - an - ).


São representados pela fórmula CnH2n+2 onde n é o número de carbono.

EXEMPLO

a) CH4  metano (gás do pantâno)

b) CH3 – CH2 – CH3  propano

5.3.2.1.2 Alcenos

São hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem uma ligação dupla ( infixo – en - ),
apresentam fórmula geral CnH2n.
EXEMPLO

a) CH2 = CH – CH3  propeno ou propileno

b) CH2 = CH2  eteno também conhecido com etileno (usado para amadurecimento
artificial de frutas)

Obs - vejamos estes dois alcenos:

CH2 = CH – CH2 – CH3 e CH3 – CH = CH – CH3

Tem os mesmos nomes, ou seja, BUTENO, mas são substâncias distintas, como fazer
então para diferenciá-las?

Devemos indicar em qual carbono está a dupla ligação. Para isso, precisamos
enumerar a cadeia.

A cadeia é enumerada a partir da extremidade mais próxima da ligação dupla.

Vejamos então o primeiro composto:

1 2 4
3
CH2 = CH – CH2 – CH3 but-1-eno (o número representado é sempre o menor)

1 2 4
3
CH3 – CH = CH – CH3 but-2-eno (tanto faz enumerar da esquerda para direita ou vice-versa)
4 3 2 1

Outros exemplos:

5 4 3 2 1
CH3 - CH2 – CH = CH - CH3 Pent-2-eno

6 5 4 3 2 1
CH3 - CH2 – CH2 – CH2 – CH = CH2 Hex-1-eno

192
5.3.2.1.3 Alcinos (Alquinos)

São hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem uma ligação tripla ( infixo in ),
apresentam fórmula geral CnH2n-2.

EXEMPLO

a) HC ≡ CH  etino (conhecido como acetileno)

b) HC ≡ C – CH3  propino

4 3 2 1
c) CH3 – CH2 – C ≡ CH  but-1-ino

5.3.2.1.4 Alcadienos

São hidrocarbonetos de cadeia aberta que possuem duas ligações duplas infixo (- dien
-) apresentam fórmula geral CnH2n-2.

EXEMPLO

a) CH2 = C = CH2  propadieno (conhecido também como aleno)

1 2 3 4
b) CH2 = CH – CH = CH2  but-1,3-dieno

1 2 3 4
c) CH2 = C – CH = CH3  but-1,2-dieno

OUTRA REGRA PARA ENUMERAR CADEIAS COM DUAS LIGAÇÕES DUPLAS

1. Numera - se a cadeia da esquerda para a direita e vice-versa


2. Somar os números dos carbonos em que estão as ligações duplas
3. A menor soma dará o nome do composto.

1 2 3 4 5 6 → soma: 2 + 5 = 7
CH3 – CH = CH – CH2 – CH = CH2
6 5 4 3 2 1 ← soma: 1 + 4 = 5

A menor soma foi da esquerda para a direita, então o nome do composto é: hex-1,4-
dieno.

Outro exemplo:
CH3 – CH2 - CH = CH – CH2 – CH = CH – CH2 – CH3

soma: ___ + ____ = _____


soma: ___ + ____ = _____

Nome do composto: ______________________

193
EXERCÍCIOS

1- De o nome dos compostos abaixo:

a) CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH3

b) CH3 – CH = CH – CH2 – CH3

c) CH3 – CH2 – C ≡ C – CH2 - CH3

2- Qual a fórmula estrutural do composto hex-2-eno?

3- De a fórmula estrutural dos compostos abaixos:

a) Hept-3-eno

b) Pent-2-eno

c) hept-3-ino

d) but-1,2-dieno

5.3.2.1.5 Ciclanos (ou cicloalcanos)

São hidrocarbonetos de cadeia fechada que possuem apenas ligações simples ( infixo -
an - ), tem fórmula geral CnH2n.

EXEMPLO

H H Cadeia fechada: ciclo


Prefixo: prop – ciclopropano
H C H
OU Infixo: - an -
C C Sufixo: - o

H H

194
5.3.2.1.6 Ciclenos (cicloalcenos)

São hidrocarbonetos de cadeia fechada, que possuem uma ligação dupla (infixo–en-),
sua fórmula geral CnH2n - 2.

EXEMPLO

H H Cadeia fechada: ciclo


Prefixo: prop – ciclopropeno
C
Infixo: - en -
OU
C C Sufixo: - o

H H

5.3.2.1.7 Hidrocarbonetos aromáticos

São hidrocarbonetos que apresentam um ou mais anéis benzênicos em sua estrutura.


Possuem nomenclatura particular.

EXEMPLOS

Benzeno naftaleno ( naftalina ) antraceno

EXERCÍCIOS

1- De o nome dos compostos abaixo:

a)

b)

c)

2- Indique a fórmula estrutural dos compostos abaixo:

a) ciclopentano

b) ciclobutano

195
c) ciclobuteno

d) ciclohexeno

e) benzeno

f) ciclopent-1,3-dieno

g) ciclopent-1,2-adieno

5.3.2.1.8 Radicais

É um átomo ou agrupamento de átomos que possuí pelo menos um elétron


desemparelhado (valência livre). Os radicais são bastante reativos.

EXEMPLOS

a) CH3 − metil ou metila

Radical livre

b) CH3 – CH2 – etil ou etila

c) CH3 – CH2 – CH2 – propil ou propila

Obs - Os nomes dos radicais são formados por um prefixo (que indica o número de carbonos)
seguido da terminação: - il ou - ila.

5.3.2.1.9 Nomenclatura de compostos com cadeia ramificada

A cadeia ramificada é vista como uma cadeia principal, acrescida de radicais.

EXEMPLO

CH3 – CH – CH – CH2 – CH3 Cadeia principal

CH3 CH2

CH3

Radicais
Nome do composto:
• inicia-se com os radicais;
• cadeia principal que contém o maior número de carbonos.

196
PROCEDIMENTO

I - Identificar a cadeia principal: a cadeia principal é a que possuí o maior número de


carbonos

Cadeia principal
C C C C
C C

Se houver insaturações (ligações duplas ou triplas), essas ligações deverão fazer parte
da cadeia principal.

C C C C C C Cadeia principal

Quando houver um ou mais radicais, a cadeia principal será a que tiver acompanhada
do maior número de radicais.

a) radical
C

C C C C C cadeia de 5 carbonos com 2 radicais

C C
radical
C

radical
C
b)
C C C C C radical

C C radical

C
cadeia de 5 carbonos e 3 radicais

Portanto a cadeia principal é a b, porque tem o maior número de radicais.

II - Nomear a cadeia principal: utilizar a mesma regra da cadeia normal.

III - Nomear o radical: Use a terminação - il. Havendo mais de dois radicais iguais coloque os
prefixos di-, tri-, etc.

EXEMPLO

a) dimetil ( dois radicais metil )

b) trimetil ( três radicais metil )

IV - Indicar a localização do radical na cadeia: colocar o número do carbono ao qual o


radical está ligado, utilizar a regra dos menores números.

197
V - Formar o nome do composto: Se houver mais de um radical, listar em ordem alfabética.

EXEMPLO

1) CH3 – CH – CH3 Cadeia principal: propano


metilpropano
CH3 Radical: metil

2)
CH3 – CH – CH – CH3

CH3 CH3

Para localizar a cadeia principal:

C-C–C C–C C-C–C


C–C–C–C C–C

C C C C
C
(a) (b) (c) (d) (e)

Só a b não serve, pois possuí o menor número de carbonos. As demais possuem o


mesmo número de carbonos, portanto escolhemos uma:

CH3 CH CH CH3 Cadeia principal: butano

CH3 CH3 Radical: metil Dimetil-2,3-butano

Radical: metil

CH3
3)
CH3 CH CH CH CH3

CH2 CH3

CH3

Localizar a cadeia principal:

(a ) (b) (c) (d) (e )

(f) (g)

A cadeia principal será aquela que possuir o maior número de radicais:

(a ) (b) (c) (d) (e )

(f) (g)

198
Pode-se escolher então: ________________, _______________, _____________ e
__________________.

radicais: ______________________, ________________________ e ___________________.

localizar os radicais: efetuando a soma

← soma: _____+ _____ + ______ = ______

← soma: _____ + _____ + ______ = ______

Nome do composto: ____________________________ .

4) CH3 CH CH CH CH3

CH3 CH3

Nome do composto: ______________________________

EXERCÍCIOS

1- De o nome dos compostos abaixo:

a) CH3 CH CH CH2 CH2

CH3 CH3

R __________________________________

b) CH3 CH CH CH CH3

CH3 CH3 CH3

R ___________________________________

c) CH2 C CH CH CH2 CH2

CH2

R ____________________________________

d) CH2 CH CH2 C CH2

CH2 CH2

CH2

R ________________________________________

199
2- De a fórmula estrutural do composto 2,2- dimetilbutano

3- De o nome do composto abaixo:

CH3
R ________________________.

4.3.2.1.10 Outros radicais

● Radicais Alquilas: são radicais derivados dos alcanos.

CH2 CH2 CH2 propil (normalpropil ou n-propil)

CH3 CH isopropil (ou i-propil)

CH3

CH2 CH2 CH2 CH2 butil (normalbutil ou n-butil)

CH2 CH2 CH2 isobutil (ou i-butil)

CH2

CH2 CH2 CH CH2 secbutil (ou s-butil)

Valência livre no carbono secundário


CH2

CH2 CH2 CH2 terciobutil (tercbutil ou t-butil)

Valência livre no carbono terciário

● Radicais Alquenilas: são radicais derivados dos alcenos.

CH2 CH vinil ou etenil

CH2 CH CH2 propenil ou alil

200
● Radicais Arilas: são radicais derivados dos hidrocarbonetos aromáticos.

fenil benzil

CH2

α-naftil β-naftil

CH3
CH3 CH3

metatoluil (m-toluil) paratoluil (p-toluil)


ortoluil (o-toluil)

4.3.2.1.11 Nomenclatura dos hidrocarbonetos aromáticos ramificados

CH3 CH3
1
dimetil-1,2-benzeno ou ortodimetilxileno
CH3 ou ortoxileno ou o-xileno (orto- indica as
2
posições 1,2)

metilbenzeno ou tolueno
CH3
1
dimetil-1,4-benzeno ou
CH3 paraxileno ou p-xileno
1 dimetil-1,3-benzeno ou (para- indica as
metadimetilbenzeno ou posições 1,4)
metaxileno ou m-xileno
(meta- indica as
3 posições 1,3) 4
CH3
CH3

Obs - Os prefixos orto -, meta – e para -, só devem ser utilizados no benzeno, desde que ele
possua apenas dois radicais.

201
EXERCÍCIOS

1- De o nome do composto:

CH2 CH CH C CH2

CH2 CH2 CH2

CH2 CH2

CH2

R. _______________________________

2- Faça a fórmula estrutural e molecular dos compostos:

a) 3 - etil – 4 – fenil – pent - 1,3 - dieno

b) 1,3,5 - trietil – 2,4 – dimetilbenzeno

c) ortodietilbenzeno

3- Qual a fórmula molecular do composto isopropilbenzeno?

5.3.2 Álcoois

São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional - OH chamado de hidroxila


ou oxidrila, ligado diretamente a um carbono saturado.

Fórmula geral: R – OH

Nomenclatura oficial: Segue as mesmas etapas dos hidrocarbonetos, acrescentando a


terminação - ol.

Os álcoois também possuem nomes tradicionais:

Álcool + radical + terminação – ico

202
EXEMPLO

a)

b)

c)

d)

e)

_______________________________

f)

____________________________

203
EXERCÍCIOS

1- De o nome dos compostos abaixo:

a) CH2 CH CH CH2 CH2

OH CH2

R _____________________________

b) CH2 CH CH CH CH2

CH2 CH2 OH

CH2

R. ___________________________

c) CH2

CH2 CH C CH2 CH2

OH CH2

R. ___________________________

d) OH

R. ___________________________

e)
OH

CH3

R. __________________________

204
4.3.3.1 Classificação dos álcoois

Os álcoois podem ser classificados de três formas:

4.3.3.1.1 Quanto ao número de grupos – OH que contenham

a) Monoálcoois: possuem apenas um grupo funcional – OH

CH3 - OH CH3 – CH2 – OH

b) Diálcoois: possuem dois grupos funcionais – OH

CH2 – CH2 CH2 - CH2 – CH2

OH OH OH OH

c) Triálcoois: possuem três grupos funcionais –OH

CH2 - CH – CH2

OH OH OH

4.3.3.1.2 Quanto ao carbono que está ligado ao grupo funcional – OH

a) Álcoois primários: possuem um grupo funcional –OH ligado à um carbono primário

CH3 – CH2 – OH

b) Álcoois secundários: possuem um grupo funcional –OH ligado à um carbono secundário

CH3 - CH – CH3

OH

c) Álcoois terciários: possuem um grupo funcional –OH ligado à um carbono terciário

CH3

CH3 - CH – CH3

OH

4.3.3.1.3 Quanto a cadeia carbônica

a) Alifáticos: são álcoois de cadeia aberta.


CH3 – CH2 – OH

b) Cíclicos: são álcoois de cadeia fechada.


CH2 CH2

CH2 CH2 OH

205
OH

OH

CH3

c) Aromáticos: são álcoois de cadeia aromática.

CH2 OH

d) Insaturados: são álcoois que possuem dupla ligação entre os carbonos. Essa dupla
ligação, não poderá estar no mesmo carbono que possuí o grupo –OH.

CH2 = CH – CH2 – OH

CH3 – CH = CH – CH – CH3

OH
4.3.3.2 Outras nomenclaturas dos álcoois: a de KOLBE

Na nomenclatura de Kolbe, identifica-se inicialmente o grupo – OH, que recebe o nome


de CARBINOL.
CH3
CH3 - OH CH3 – CH – CH3
CH3 – C – CH3
carbinol
OH
OH
dimetilcarbinol
trimetilcarbinol

CH3 – CH – CH2 – CH3 CH2 - OH


OH
etilmetilcarbinol
fenilcarbinol

206
4.3.4 Fenóis
São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional – OH ligado diretamente a
um carbono aromático.

Nomenclatura: hidroxi + nome do hidrocarboneto aromático

OH

hidroxibenzeno ou fenol ou benzenol

OH

CH3
1-hidroxi-2-metilbenzeno ou 2-metilfenol ou o-metilfenol ou o-cresol

OH

1-hidroxi-3-metilbenzeno ou 3-metilfenol ou m-metilfenol ou m-cresol

CH3

OH

1-hidroxi-4-metilbenzeno ou 4-metilfenol ou p-metilfenol ou p-cresol

CH3

207
OH

3-etil-1-hidroxi-4-metilbenzeno ou 3-etil-4-metilfenol
CH2 CH3

CH3

Para dar nome a fenóis formados a partir do naftaleno, as posições são numeradas
assim:
1 α

2 β
ou

2 β

1 α

EXEMPLOS

OH

1-hidroxinaftaleno ou α-naftol

OH

2-hidroxinaftaleno ou β-naftol

OH
2-hidroxi-2-metilnaftaleno ou β-metil-β-naftol

CH3

208
EXERCÍCIOS

1- De o nome dos compostos abaixo:

a) OH b)
CH2 CH3

CH3
OH

________________________ _______________________________
C2H5
c)

C2H5 CH2 CH3

OH
_____________________________

2) ( FUVEST ) Dentre as formulas abaixo, aquela que representa uma substância utilizada
como combustível e componente de bebidas é:
O
a) b) CH3 CH2 OH c) CH3 C d) CH3 CH
b) OH
O

OH

3) (FUVEST) O composto orgânico com a formula molecular C3H7OH deve ser classificado
como:

a) ácido b) álcool c) aldeído d) base e) fenol

4) Dentre as fórmulas abaixo, a alternativa que apresenta um álcool terciário é:

a) CH3 – CH2 – CHO b) (CH3)3C – CH2OH c) (CH3)3COH


d) CH3 – CH2 – CH2OH

209
4.3.5 Ácidos carboxílicos
São compostos orgânicos que apresentam grupo funcional denominado carboxila.

O
C
OH

A fórmula genérica desses compostos é:

O
R C ou R - COOH
OH

Onde R representa os radicais.

Nomenclatura oficial:

ácido + radical + prefixo + infixo + sufixo – oíco

Nomenclatura Tradicional:

ácido + termo de origem + sufixo – ico

EXEMPLOS

ácido metanóico ou ácido O ácido etanóico ou


O fórmico (picada de formiga, ácido acético (ácido
CH3 C
H C provém do latim fórmica do vinagre, acetus
que significa formiga) OH significa azedo)
OH

O ácido butanóico ou ácido butírico (vem


CH3 do butyrum que significa manteiga ou
CH2 CH2 C
queijo, é responsável pelo cheiro
OH desagradável da manteiga rançosa)

O O ácido etanodióico ou ácido


C C oxálico
OH OH

Mostra que o composto orgânico pode apresentar mais de um grupamento funcional


carboxila, neste caso (dois).

A numeração da cadeia principal tem inicio no carbono do grupo carboxila.

Na nomenclatura tradicional, os carbonos 2,3,4,etc, são designados por letras gregas α


, β , γ , etc respectivamente.

210
EXEMPLOS
O
2 1 O
4 3 Ácido-3-metilbutanóico ou
CH3 CH CH2 C ou
ácido-β-metilbutanóico
OH
CH3 OH

2 1 O
4 3
CH3 CH CH C ácido-2-butenóico
OH

O
ácido-4-metilbenzóico ou
CH3 C
ácido parametilbenzóico
OH

O
ácido benzóico (utilizado
C
para conservar alimentos)
OH

OH
1 O
3 2
C ácido-2-hidroxipropanóico
CH3 CH
ou ácido láctico
OH

EXERCÍCIOS

1) Indique as fórmulas estruturais destes compostos:

a) ácido propanoíco

b) ácido pentanoíco

c) 2,3,3-trimetilpentanoíco

2) De o nome dos compostos abaixo:

O O
a) CH3 CH CH C b) CH3 C C CH C
OH OH
CH3 CH3 CH2 CH3 CH2
CH3 CH3

_______________________________ _____________________________

211
c) O
C
OH

CH3

______________________________

4.3.6 Sais de ácidos carboxílicos


São compostos derivados dos ácidos carboxílicos pela substituição do hidrogênio do
grupo – OH por um cátion.

O O
cátion
R C R C
- +
OH O cátion

sai H

Para dar nome ao sal assim formado: substitui-se o sufixo – ico por - ato,
acrescentando-se o nome do cátion

EXEMPLOS
5 4 3 2 1 O
O O CH3 – CH = C – CH - C
- +
CH3 C CH3 C O Na
CH2 CH3
- + - +
O Na OK
CH3
Etanoato de sódio Etanoato de potássio 3-etil-2-metil-3-
(acetato de sódio) (acetato de potássio) pentenoato de sódio

O
C
- +
O Na
benzoato de sódio
(é utilizado como conservante em catchup)

212
4.3.7 Aldeídos
São compostos que apresentam o grupo funcional aldoxila.

O
R C ou R − CHO
H

Onde R representa os radicais.

Nomenclatura oficial

Radical + prefixo + infixo + sufixo - al


Nomenclatura tradicional:
Aldeído + nome do ácido de origem

EXEMPLOS

A cadeia principal deve ser a mais longa possível que apresentar o grupo funcional.
Para cadeias ramificadas, devemos numerar pela extremidade que contenha o grupo funcional.

Pent - 2,4 - dienal


3-metil-butanal

213
4.3.8 Cetona
São compostos que apresentam o grupo funcional carbonila.

R−C−R
Onde R são radicais

Nomenclatura oficial:
radical + prefixo + infixo + sufixo - ona

Nomenclatura tradicional:
radical menor + radical maior + cetona

EXEMPLOS
O
O O 6
1 3 4 5
CH3 – C – CH2 – CH2 – CH – CH3
CH3 − C − 2
CH3 − C − CH3
CH3
propoanona ou fenilmetilcetona
dimetilcetona ou cetona 5-metal-hexan-2-ona

EXERCÍCIOS

1) Faça a fórmula estrutural dos compostos abaixo:

a) pentanal

b) pentan -2-ol

c) pentan-2-ona

d) ácido pentanóico

e) 2,3- dimetilpentanal

f) 3,4,4-trimetil-pentan-2-ona

2) Dê o nome dos compostos abaixo:

a) CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – CH2 – COOH

214
b) CH3 – CH2 – CH2 – CH – CH – COOH
CH3 CH3

c) CH3 – CH – CH – CO – CH3
CH3 CH2

CH3

d) CH3 – CH = CH – CH – CH – CHO
CH3 CH3

O
e) CH3 – CH – CH – CH2 – C
H
CH2 CH2

CH3 CH3

O O
f) C - CH2 – CH2 - C
H H

g) CH3 – CH2 – C – CH – CH3

O CH3

3) (FUVEST) O ácido acético do vinagre é constituído pelos elementos químicos:

a) C , H , O b) C , O , S c) C , H , N d) C , H , S e) H , N , O

4) ( PUCC ) Na manteiga rançosa encontramos: CH3 – CH2 – CH2 – COOH, o nome desse
composto é:

a) butanol b) butanona c) ácido butanoíco d) butanoato de etila e) butanal

5) ( PUC-SP ) O ácido monocarboxílico de massa molecular igual a 88 que apresenta cadeia


ramificada é:

a) metil-propanoíco b) butanoíco c) benzóico d) pentanoíco e) 2-metilbutanoíco

6) ( FGV-SP ) Quantos átomos de carbono há na molécula de tricloroetanol:

a) 1 b) 2 c) 3 d) 3 e) 5

7) ( UFPA ) O nome correto do composto abaixo é:

a) 3-propil-hexan-2-ona
CH3 – CH2 - CH – CH2 – CH2 – CH3
b) 3-etil-hexanal
c) 3-etil-hexan-2-ona C=O
d) 4-etil-hexan-5-ona
e) n.d.a CH3

215
4.3.9 Éteres
São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional – O – . Apresentam fórmula
genérica R – O – R, onde R são os radicais.

Nomenclatura oficial:

prefixo com menor número de carbonos + oxi + prefixo com maior número de carbonos + infixo
+ sufixo – O

Nomenclatura tradicional

éter + radical menor + radical maior + sufixo – ico

EXEMPLOS

CH3 − O − CH3 ________________________ ou _____________________

CH3 − CH2 − O − CH2 − CH3 ________________ ou ___________________

CH3 − CH2 − O − CH3 _____________________ ou ____________________

CH3 − CH − CH2 − CH2 − CH2 − O − CH3 _______________________________

CH3

– O – CH3

___________________ ou ___________________

4.3.10 Éster
São compostos derivados dos ácidos carboxílicos que possuem o grupo funcional
carboxilato. Apresentam fórmula geral:

em que R e R’ são radicais , iguais ou diferentes.

São utilizados com essências de frutas, possuem aroma bastante agradável.

Nomenclatura oficial: radical + prefixo + infixo + sufixo – oato + de + prefixo + sufixo – ila

EXEMPLOS

Metanoato de metila Etanoato de metila ou


ou formiato de metila acetato de metila Propanoato de fenila

216
EXERCÍCIOS

1) ( OSEC-SP ) O nome do composto: CH3 – CH2 – COO – CH2 – CH3 é:

a) propanoato de etila
b) etanoato de propila
c) propanoato de metila
d) propanoato oxietano
e) metilpentanona

2) ( FEI-SP ) De o nome dos compostos abaixo:

a) CH3 – COO – CH2 – CH3 __________________________________

b) CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3 _________________________________

3) ( OSEC-SP ) O nome do composto CH3 – CH2 – C – O – CH – CH3 é:


O CH3
a) metilacetato de propila
b) propanoato de isopropila
c) etilisopropil cetona
d) oxipropanooxilisopropano
e) metilpentanona

4) (ESAN) O composto CH3 – CH2 – COO – CH2 – CH3 é:

a) álcool b) éter c) cetona d) éster e) ácido

4.3.11 Aminas
São compostos orgânicos nitrogenados que possuem os grupos funcionais
- NH2 (chamado amino) , NH e N .

Nomenclatura oficial: radical + sufixo - amina

Classificação das aminas

EXEMPLOS
NH2 CH3
H3C − NH2 H3C − NH − CH3 H2C − CH2 − NH2 H2C − NH − CH3
metilamina dimetilamina etilenociamina etilmetilamina

As aminas aromáticas nas quais o nitrogênio se liga diretamente ao anel benzênico Ar–
NH2 são, geralmente, nomeadas como se fossem derivadas da amina aromática mais simples:
a Anilina (fenilamina).

217
Para aminas mais complexas, consideramos o grupo NH2 como sendo uma
ramificação, chamada de amino.

4.3.12 Amidas
São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional amida:

O O
C ou C
NH2 N

Nomenclatura oficial: radical + prefixo + infixo + sufixo - amida

Classificação das amidas

EXEMPLOS

Etanamida N-metil-etanamida Propenamida 2-metil-propanamida


Acetamida N-metil-acetamida Acrilamida

Butanodiamida-1,4 Dietanamida
Succinamida Succinimida Ftalimida
Diacetamida

4.3.13 Nitrilas
São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional C ≡ N −

Nomenclatura oficial: radical + prefixo + infixo + sufixo – nitrila

Nomenclatura tradicional: cianeto de + prefixo + sufixo - ila

218
EXEMPLOS
4 3 2 1
CH3 − C ≡ N CH3 − CH − CH2 − C ≡ N

Etanonitrila ou cianeto CH3


de etila 3-metilbutanonitrila ou
cianeto de isobutila

EXERCÍCIOS

1) De o nome dos compostos abaixo:

a) CH2 – CH2 – C ≡ N ____________________________________

b) N _____________________________________

O
c) CH3 − CH = CH − C
OH
O
d) CH3 − CH = CH − C
- +
O Na
O
e) CH3 − C = C − C
OH
CH3 CH3

CH3

2) O composto representado CH3 − C − N − CH3 é:

a) uma amina primária CH3 H


b) uma amina secundária
c) uma amina terciária
d) um sal de amônio
e) uma amida alifática

4.3.14 Haletos de alquilas


São compostos orgânicos que possuem halogênios ligados a um alcano.

Fórmula genérica: R – X , onde R é um radical e X pode ser F, Cl, Br ou I.

Nomenclatura oficial: nome do halogênio + nome do alcano

Nomenclatura tradicional: haleto de radical

219
EXEMPLOS

Cl
Cl Cl
CH3 − CH2 − Cl
C =C F−C−F
CH3 − CH2 − Cl Br Cl Cl
Cloroetano ou cloreto 2-bromopropano ou tetracloroeteno Cl
de etila brometo de isopropila Diclorodifluormetano (freon,
o gás do aparelho de ar
condicionado e geladeira)

4.3.15 Compostos de Grignard


São compostos organometálicos que possuem o elemento magnésio.

Fórmula geral: R – MgX , onde R é um radical e X pode ser Cl, Br ou I.

Nomenclatura oficial: haleto de radical + magnésio

EXEMPLOS

CH3 − MgBr CH3 − CH2 − CH2 − MgCl


CH3 − CH2 − MgCl
Brometo de Iodeto de
Cloreto de etilmagnésio metilmagnésio propilmagnésio

Os Compostos de Grignard são sintéticos, ou seja, não existem na natureza.

4.3.16 Nitrocompostos
São compostos orgânicos que possuem o grupo funcional: NO2

Nomenclatura oficial: nitro + nome do composto

EXEMPLOS
CH3 − CH − CH2

O O O

NO2 NO2 NO2 NO2


CH3 − NO2
nitrometano Trinitoglicerina ou TNG ou nitroglicerina ( é
nitrobenzeno
usada na fabricação de dinamite e também
em medicamentos para tratamento de
angina, uma doença cardíaca)
4.3.17 Anidridos de ácidos
São compostos orgânicos derivados de ácidos carboxílicos, que possuem fórmula
genérica: O
R C
O
R C
O
Nomenclatura oficial: anidrido + nome do ácido ( ou ácidos ) de origem

Nomenclatura tradicional: anidrido + nome tradicional do ácido ( ou ácidos )

220
EXEMPLOS

O O
CH3 C CH3 C
O O
CH3 C CH3 − CH2 C

O O

Anidrido etanóico Anidrido


ou anidrido acético etanóicopropanoíco

4.3.18 Séries orgânicas


Existem vários compostos orgânicos que apresentam apenas uma pequena diferença
entre suas fórmulas. As séries orgânicas podem ser de três tipos:

1 Tipo - Série homologa → São aqueles compostos que pertencem à mesma função
o

química, diferem-se entre si por um grupo CH2.

EXEMPLOS

a) Série homologa dos alcanos

CH4 CH3 – CH3 CH3 – CH2 – CH3


Metano (CH4) Etano (C2H6) Propano (C3H8)

1 carbono e 2 1 carbono e 2
hidrogênios de hidrogênios de
diferença diferença

b) Série homologa dos alcenos

CH2 = CH2 CH2 = CH – CH3 CH2 = CH – CH2 – CH3


Eteno (C2H4) Propeno (C3H6) 1 - buteno (C4H8)

1 carbono e 2 1 carbono e 2
hidrogênios de hidrogênios de
diferença diferença

221
c) Série homologa dos álcoois

CH3 - OH CH3 – CH2 – OH CH3 – CH2 – CH2 – OH


Metanol (CH4O) Etanol (C2H6O) Propanol (C3H8O)

1 carbono e 2 1 carbono e 2
hidrogênios de hidrogênios de
diferença diferença

2 Tipo - Série isóloga → São aqueles compostos que pertencem à mesma função química,
o

diferem-se entre si por 2 hidrogênios.

Exemplo

CH3 – CH3 CH2 = CH2 CH ≡ CH


Etano (C2H6) Eteno (C2H4) Etino (C2H2)

2 hidrogênios 2 hidrogênios
de diferença de diferença

3 Tipo - Série heteróloga → São aqueles compostos que pertencem à diferentes funções e
0

possuem o mesmo número de carbonos.

Exemplos
CH3 − CH − CH3 CH3 − CH − CH3 CH3 − CH − CH3

Cl OH NH2
Álcool isopropilico Isopropilamina
Cloreto de isopropila
(álcool) (amina)
(haleto orgânico)

EXERCÍCIOS

1) De o nome dos compostos abaixo:

a) CH3 − CH − CH − CH2 − CH3 b) CH3 − CH − CH2 − CH2 − NO2

CH3 Cl CH2

CH2

CH3

222
c) CH3 – CH2 – CH = CH – CH2 – Br d) CH3 – CH – CH2 – CH2

NO2 CH2

CH3

2) O propelente de aerossóis, conhecido como freon-11, é triclorofluormetano. Quantos


átomos de hidrogênio estão presentes em cada molécula dessa substância?

R: _______________________________________

3) De o nome oficial do composto abaixo:

CH3 Cl
CH3 – CH2 – C – C = C – CH3

CH3 CH2

CH2
CH3

4.3.19 Função mista


São compostos que apresentam grupos funcionais de duas ou mais funções diferentes.

Nomenclatura oficial: radical + prefixo + infixo + sufixo

A IUPAC estabeleceu a seguinte ordem de preferência na escolha do grupo funcional


que deva prevalecer para ser o sufixo, assim, dando o nome do composto de função mista.

ácido – amida – éster – nitrilo – aldeído – cetona – amina – álcool – haleto orgânico

O
4 3 2 1
CH3 − CH − CH2 − C
CH3 − CH2 − C − CH2 − OH
Cl OH
O
Ácido-3-clorobutanóico 1-hidroxi-2-butanona
ou
ácido-β-clorobutanóico

EXEMPLOS

A partir do nome do composto, construir a fórmula estrutural do mesmo Ácido-amino-


2,3-dimetil-3-nitropentanóico
0
1 passo - Identificar a cadeia principal ( nome )

pentanoíco

O
5 4 3 2 1
C − C − C − C −C
OH

223
0
2 passo - Localizar os radicais e decifrá-los

2 - amino – significa que o grupo – NH2 está ligado ao carbono 2


2,3 - dimetil – significa que há dois radicais metil ligado aos carbonos 2 e 3
3 - nitro – significa que o grupo – NO2 está ligado ao carbono 3

Agora basta formar a estrutura do composto:


CH3 CH3
3 2 O
5 4 1
CH3 − CH2 − C − C − C
OH
NO2 NH2

Faça o mesmo para o ácido-3-amino-3-nitropentanoíco

EXERCÍCIOS

1) Faça a formula estrutural dos compostos abaixo:

a) ácido-3-bromo-2-cloro-4-fenilpentanóico

b) pentaclorofenol

c) 2,4,6-trinitrotolueno

2) Dê o nome dos compostos abaixo:


NO2 NO2
O O
a) CH3 − CH − CH − CH − C b) CH3 − CH − CH − CH − C
OH OH
NH2 NO2 Br NH2

5.6 PETRÓLEO
O petróleo é uma substância oleosa menos densa que a água, constituída
essencialmente pela mistura de milhares de compostos orgânicos formados pela combinação
de moléculas de carbono e hidrogênio ( os hidrocarbonetos ). Sua cor varia de acordo com a
origem, oscilando do negro ao âmbar. Apresenta-se sob a forma fluída ou semi-sólida, de
consistência semelhante ás das graxas, podendo ser encontrado em depósitos no subsolo, em
profundidade variáveis. As condições necessárias à formação e acumulação do petróleo ou
gás estão intimamente vinculados as rochas sedimentares. Por isso o petróleo só pode ser
encontrado em regiões cujo subsolo seja constituído de apreciável pacote ( 2 ou 3 mil metros )
dessas rochas, isto é, nas bacias sedimentares.

224
O petróleo só poderá ser encontrado nas áreas em que, no decorrer das diferentes
eras geológicas, houve deposição de rochas sedimentares e acúmulo de restos orgânicos.

O petróleo é retirado das jazidas por meio de perfurações na crosta terrestre, através
das quais se atinge o poço petrolífero. Inicialmente, o petróleo jorra espontaneamente, em
razão da grande pressão de seus gases; depois de certo tempo, a pressão interna torna-se
insuficiente para levar o petróleo à superfície da crosta terrestre, e a extração é feita por meio
de bombas. Obtém-se, assim, o petróleo bruto.

A seguir, o petróleo bruto é submetido a processos mecânicos de purificação: por


decantação, é separada a água salgada bem como a matéria em suspensão (particularmente
areia e argila) etc. Após o tratamento mecânico, o petróleo é submetido a um processo de
fracionamento.

Principais Aplicações das Diversas Frações do Petróleo

Os gases do petróleo têm grande emprego como combustível (gás engarrafado). A


gasolina é a fração de maior consumo pela sua aplicação como combustível nos motores de
explosão. O éter de petróleo, a benzina especial e a ligroína têm grande aplicação como
dissolventes orgânicos. O querosene é empregado na iluminação; porém, hoje em dia, este
emprego é bem restrito. O gas oil ou óleo diesel tem grande aplicação como combustível dos
motores a diesel. Os óleos lubrificantes, como indica o nome, têm grande aplicação como
lubrificantes em geral. A parafina tem grande aplicação na fabricação de velas, graxas para
sapatos, ceras para assoalho etc... O asfalto e o piche de petróleo são muito utilizados na
pavimentação de vias públicas.

A fração de maior consumo obtida no fracionamento do petróleo é a fração gasolina. A


porcentagem de gasolina no petróleo varia com a procedência do mesmo, mas em média é de
10 %.

Pode-se, porém, obter maior rendimento em gasolina no petróleo. Isto é feito pelo
processo de cracking do petróleo, que consiste no aquecimento entre 450 °C a 700 °C das
frações menos voláteis que a gasolina. Estas frações contêm hidrocarbonetos com maior
cadeia carbônica e durante o processo dá-se a pirólise dos mesmos, formando-se
hidrocarbonetos com menores cadeias carbônicas, constituintes da gasolina. No cracking
empregam-se catalisadores especiais que aumentam o rendimento da gasolina.
Simultaneamente com o cracking faz-se a hidrogenação catalítica para transformar os alcenos
em alcanos.

O processo de cracking é bastante complexo, podendo originar uma mistura de


produtos.
C4H10 + C4H8
C6H14 + C2H4
C8H18
Pirólise C4H10 + CH4 + C2H4 + C
C8H10 + 4H2

5.7 HULHA
O carvão mineral é formado por materiais ricos em carbono que ocorrem na crosta
terrestre em forma de depósitos e que resultam da fossilização da madeira. Observe o teor de
carbono encontrado em diferentes fontes:

• madeira – 40% de carbono


• turfa – 60% de carbono
• linhito – 70% de carbono
• hulha – 80% de carbono
• antracito – 90% de carbono

225
Na química orgânica, a fração mais importante obtida da destilação seca da hulha é o
alcatrão, que representa a fonte natural mais importante para a obtenção dos compostos
aromáticos.

As principais frações obtidas pela destilação fracionada do alcatrão da hulha são as


seguintes:

a) óleos Leves - até 150 °C: Benzeno, Tolueno, Xileno

b) óleos Médios - de 150 °C a 220 °C: Fenol, Naftaleno

c) óleos Pesados - de 220 °C a 270 °C: Cresóis, Anilina

d) óleos Verdes - de 270 °C a 400 °C: Antraceno, Fenantreno

e) resíduos ou Piche

5.8 POLÍMEROS
São macromoléculas (moléculas grandes) obtidas pela combinação de um número
muito grande de moléculas menores denominadas monômeros. O processo em que isso é feito
chama-se polimerização.

Esse processo é conhecido em laboratório desde 1860, mas foi em 1864 que se
desenvolveu o primeiro polímero com aplicações práticas: o celulóide.

5.8.1 Polietileno
Os polímeros do etileno chamam-se polietilenos. Os polímeros de massa molecular
relativamente baixa são ótimos óleos lubrificantes. Os de massa molecular média assemelham-
se às ceras. Os de cadeia maior são duros e resistentes à temperatura. Empregando-se
catalisadores especiais, consegue-se a polimerização em uma pressão próxima a da
atmosfera.
Pressão
n(CH2 = CH2) (- CH2 - CH2)n
Catalisador Polietileno
Etileno ∆

O polietileno é insolúvel, isolante elétrico e inatacável por ácido ou base. É usado no


recobrimento de cabos para velas de ignição, em fios telefônicos, na fabricação de tubos
plásticos, recipientes domésticos etc...

5.8.2 Teflon (Politetrafluor etileno)


A polimerização do tetrafluoretileno a 50 atmosferas de pressão, em presença de
catalisadores à base de peróxido, resulta em um produto conhecido como teflon (massa
molecular de 500.000 a 2.000.000).
Catalisador
n(CF2 = CF2) Pressão
(- CF2 - CF2)n
Teflon

A característica do teflon é a sua extrema inércia química, resistindo ao ataque de


todos os reativos com exceção dos materiais alcalinos fundidos. Como apresenta a superfície
extremamente lisa e resiste à alta temperatura sem fundir, o teflon é usado no revestimento de
panelas, frigideiras etc...

226
H H
H H
n Catalisador
C=C -C–C-
H Cl H Cl
n

5.8.3 PVC
O cloreto de vinila é um gás que polimeriza rapidamente em presença de peróxido,
resultando em uma resina chamada cloreto de polivinila (PVC).

É usado em toalhas de mesa, garrafas d’água, cortina para banheiros, tubos, couro
artificial para estofamento etc.

5.8.4 Náilon (Poliamida)


É um polímero obtido por condensação do ácido adípico HOOC – (CH2)4 – COOH e
hexametilenodiamina.
H2N – (CH2)6 – NH2.

Por estiramento, os fios de náilon adquirem grande resistência à tração. Queima com
dificuldade, tem boa resistência aos agentes químicos, à água quente e aos óleos.

H H O O O
O
n N – (CH2)4 – N + n C – (CH2)4 - C - N – (CH2)4 – N – C – (CH2)4 – C + nH2O
H H HO HO H H
n

O
Como o grupo −C−N− é uma ligação amídica, diz-se que o náilon é uma
poliamida.

5.8.5 Silicones
São polímeros com silício e são obtidos pela condensação do dimetilsiloxana.

CH3 CH3 CH3 CH3

n HO – Si – O – Si - OH n H2O + - O – Si – O - Si -

CH3 CH3 CH3 CH3 n

São usados em lubrificações de moldes, borrachas, laminados, resinas, agentes


antiespumantes, cirurgias plásticas.

227
5.9 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
5.9.1 Diferença entre compostos orgânicos e inorgânicos
INTRODUÇÃO

Como nem todo composto que apresenta o carbono é necessáriamente orgânico,


podemos então diferenciá-lo de um composto inorgânico através de suas características
peculiares tais como:

• ponto de fusão relativamente baixo


• a maior parte não conduz corrente elétrica quando fundidas ou em soluções aquosas
• geralmente são insolúveis em água, mas solúveis em outros compostos orgânicos

Podemos citar a parafina como exemplo pois tem ponto de fusão baixo, é insolúvel em
água e solúvel em querosene.

OBJETIVO

• Identificar uma substância desconhecida através de testes, classificando-a em


orgânica ou inorgânica.

MATERIAIS E REAGENTES

• Tubo de ensaio • Oxido de zinco


• Giz • Pinça de madeira
• Ácido sulfúrico • Parafina
• Açúcar • Etanol
• Sulfato de cobre • Tampas metálicas
• Cal • Placa de petri
• Benzina • Pipeta
• Amido

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

I - AÇÃO DO CALOR

1- Colocar pequenas quantidades de amido, parafina, açúcar, giz, sulfato de cobre e óxido de
zinco em seis tubos de ensaio respectivamente.
2- Fixar um dos tubos de ensaio na pinça de madeira, submetendo-o à chama do bico de gás.
3- Anotar as alterações observadas no quadro abaixo.
4- Repetir os itens 2, 3 e 4 com os demais tubos, observando e depois anotando no quadro
abaixo.

Substância ensaiada Alterações observadas


Amido
Parafina
Açúcar
Giz
Sulfato de Cobre II
Óxido de Zinco

II – COMBUSTIBILIDADE

1- Colocar em 4 tampinhas metálicas, dez gotas de etanol, benzina e água; na última tampa
colocar um pedaço de giz.

2- Tentar a ignição destas substâncias.

228
3- Observar e colocar no Quadro abaixo

Substância ensaiada Alterações observadas


Etanol
Benzina
Água
Giz

III – AÇÃO DO ÁCIDO SULFÚRICO

1- Colocar em seis placas de petri diferentes, pequenas quantidades de açúcar, amido, papel,
cal de construção, giz e sulfato de cobre pentahidratado, respectivamente.

2- Pingar algumas gotas de ácido sulfúrico concentrado sobre cada umas das substâncias.

3- Observar e depois anotar os efeitos no quadro abaixo.

Substância ensaiada Alterações observadas


Açúcar
Amido
Papel
Cal (construção)
Giz
Sulfato de cobre II

229
5.9.2 Bafômetro
INTRODUÇÃO

O teste do bafômetro descartável, usado para identificar motoristas que dirigem depois
de ingerir bebidas alcoólicas, é baseado na mudança de cor que ocorre na reação de oxidação
do etanol com dicromato de potássio em meio ácido produzindo etanal.

K2Cr2O7 + 4 H2SO4 + 3 CH3CH2OH Cr2(SO4)3 + 7 H2O + 3 CH3CHO(g) + K2SO4

OBJETIVOS

• Identificar a presença de álcool no organismo humano

MATERIAIS E REAGENTES

• Erlenmeyer de 125 mL
• Conjunto de rolha e mangueira
• Canudo de refrigerante
• Tubo de ensaio
• Potinho dosador
• Suporte para um tubo de ensaio
• Solução de dicromato de potássio (K2Cr2O4)
acidificada*
• Álcool de cereais

* Cuidado no manuseio da solução de dicromato de potássio acidificada!

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1) Colocar solução de dicromato de potássio no tubo de ensaio até 1/8 do seu volume. No
potinho dosador colocar álcool de cereais até a marca e transferi-lo para o erlenmeyer.
Montar o sistema de acordo com a figura ao lado.

2) Com o auxílio do canudo de refrigerante, assoprar no interior do erlenmeyer até ocorrer


mudança na solução de dicromato de potássio. Cuidado para que o líquido não passe
para o tubo de ensaio.

3) Anotar suas observações.

230
5.9.3 Teor de álcool na gasolina
INTRODUÇÃO:

A gasolina é um produto combustível derivado intermediário do petróleo, na faixa de


hidrocarbonetos de 5 a 20 átomos de carbono.

Uma das propriedades mais importantes da gasolina é a octanagem. A octanagem


mede a capacidade da gasolina de resistir à detonação, ou sua capacidade de resistir ás
exigências do motor sem entrar em auto-ignição antes do momento programado. A detonação
(conhecida como "batida de pino") leva à perda de potência e pode causar sérios danos ao
motor. Existe um índice mínimo permitido de octanagem para a gasolina comercializada no
Brasil, que varia conforme seu tipo.

O álcool etílico, umas das substâncias adicionadas à gasolina tem vital papel na sua
combustão, pois sua função é aumentar a octanagem em virtude do seu baixo poder calorífico.
Além disso, o fato propicia uma redução na taxa de produção de CO. A porcentagem de álcool
é regulamentada por Lei, e recentemente foi estabelecido um novo padrão que é de 18 a 24%.
Se por um lado existem vantagens, existem as desvantagens também, como maior propensão
à corrosão, maior regularidade nas manutenções do carro, aumento do consumo e aumento de
produção de óxidos de nitrogênio.

Disso tudo, nota-se a importância para a frota automotiva brasileira e para o meio
ambiente, o rigoroso controle dessa porcentagem.

OBJETIVO

• Identificar e medir o teor de álcool na gasolina

MATERIAL UTILIZADO:

• proveta de 100 mL com tampa • luvas e óculos de proteção


• água
• amostra de Gasolina

PROCEDIMENTO

1) colocar 25 mL de gasolina comum em


uma proveta de 100 mL com tampa
2) completar o volume até 100 mL com
água
3) fechar a proveta, misturar os líquidos
invertendo-a 5 vezes
4) manter em repouso até a separação das
duas fases
5) ler o volume de ambas as fases
6) denominar o volume da fase aquosa de
V'
7) subtrair de V', 25 mL e denominar este
FIGURA 1 - Montagem do experimento.
novo volume de V'', conforme a seguinte
equação:
V'' = V' - 25 mL

V'' corresponderá à quantidade de etanol presente em 25 mL da amostra de gasolina.

231
5.9.4 Carbonização da madeira
INTRODUÇÃO

O carvão vegetal é produzido pela queima da madeira, possuindo um alto teor de


pureza e tem baixa densidade. É muito utilizado nas siderúrgicas por apresentar alto grau de
pureza. Na produção de ferro-gusa o consumo de carvão é de aproximadamente 25 milhões
de toneladas de madeira por ano. O rendimento quando a madeira está seca é de
aproximadamente 20%.

OBJETIVO

• Produzir carvão vegetal e recolher os gases liberados durante o aquecimento da


madeira

MATERIAIS E REAGENTES

• Bico de Bunsen • Tubos de ensaio grande (15 cm x


• Fósforo 1,5 cm)
• Béquer • Garra de madeira
• Balança digital • 2 pedaços de madeira com
• Papel alumínio (10 cm x 15 cm) aproximadamente 10cm de
• Papel tornassol vermelho e azul comprimento e 1,5 cm de largura

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

1- PRODUZINDO CARVÃO VEGETAL

• Pesar um pedaço de papel alumínio e anotar o valor


• Pesar os dois pedaços de madeira e anotar o valor
• Embrulhar os pedaços de madeira (com 10 cm), no papel alumínio, fechar uma das
extremidades e deixar a outra parcialmente fechada, deixando um pequeno orifício, para a
saída dos gases liberados durante o aquecimento.
• Segurar o conjunto com a garra de madeira a uns 3 cm da extremidade parcialmente
fechada e aquecer a região próxima à extremidade totalmente fechada.
• Quando começar a aparecer a fumaça branca, pegar um palito de fósforo acesso e
cuidadosamente tentar incendiar os gases liberados.
• Quando cessar a liberação de gases, interromper o aquecimento.
• Deixar esfriar
• Abrir o embrulho, retirar o carvão vegetal e pesar separadamente o alumínio e o carvão
produzido, anotando os respectivos valores.

massa de carvão
Rendimento percentual = x 100
massa de madeira

2- RECOLHIMENTO DAS SUBSTÂNCIAS VOLÁTEIS

1) Colocar os pedaços de madeira menores (5 cm x 1,5 cm), no fundo do tubo de ensaio,


segurar com a garra de madeira, aquecer a região do tubo onde se encontra a madeira,
mantendo uma inclinação de aproximadamente 30º e recolher o líquido condensado no
béquer.
2) Se houver saída de fumaça pela boca do tubo de ensaio, diminuir o aquecimento.
3) Quando cessar a liberação visível de vapores, interromper o aquecimento.
4) Observar o resíduo que restou no tubo – é o carvão vegetal.
5) Analisar o líquido condensado e recolhido no béquer e anotar as conclusões.
6) Colocar 3 mL de água em um tubo de ensaio e despejar uma pequena quantidade do
líquido recolhido no béquer.
7) Usar o papel de tornassol para testar o caráter da mistura do tubo.

232
5.9.5 ESPELHO DE PRATA
INTRODUÇÃO

Antigamente utilizavam-se placas de metal polido como espelho, mais tarde passaram-
se a usar o vidro coberto com uma camada de mercúrio e estanho, sendo este método de
custo elevado. Atualmente utiliza-se um processo que usa uma solução amoniacal de nitrato de
prata, pois nesta solução há uma substância essencial ao processo de espelhação.

OBJETIVO

• Reconhecer as substâncias utilizadas na preparação de espelho

MATERIAL UTILIZADO

• Placa de vidro (limpa) e seca


• Açúcar
• Solução de H2SO4 0,1 M
• Nitrato de prata (AgNO3)
• Hidróxido de amônio (amoníaco-NH4OH)
• Hidróxido de sódio
• 1 Proveta de 250 mL
• 1 Béquer de 250 mL
• 1 Proveta de 20 mL ou 50 mL

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Solução 01:

• Colocar em um béquer de 250 mL, as soluções e substância abaixo, na respectiva


ordem:
a) 1g de AgNO3 dissolvido em 25 mL de H2O destilada
b) 0,8 g de NaOH dissolvido em 25 mL de H2O destilada
c) 3 mL de NH4OH concentrado
d) complete com água até 250 mL

Obs - A solução deverá ficar incolor após vigorosa agitação com bastão de vidro.

Solução 02:

• Preparar em um béquer de 50 mL, a seguinte solução:


a) 25 mL de H2O destilada
b) 3 g de açúcar
c) 1 mL de ácido sulfúrico 0,1 M

• Aquecer a solução II até a ebulição, retire 10 mL com uma proveta e misture à solução
I.

• Agitar e, imediatamente derrame sobre a placa de vidro.

233
5.9.6 Produzindo plástico
INTRODUÇÃO

A caseína é uma das proteínas presentes no leite, é um polímero formado pela união
de aminoácidos. As moléculas de caseína encontram-se no leite bem separadas uma das
outras, com a adição do ácido acético as moléculas se aglutinam formando grumos
(coagulação da proteína) que após lavada com água morna remove os componentes do leite
que são solúveis em água e exposta ao ar endurece. Por isso ainda hoje é muito utilizada na
fabricação de adesivos, gomas, vernizes, etc.

OBJETIVO

• Produzir plástico a partir da caseína do leite e do formol

MATERIAIS E REAGENTES

• Béquer 100 mL
• Pipeta de 10 mL
• Bastão de vidro
• Conta gotas
• Bico de bunsen
• Tela de amianto
• Pano
• Vidro de relógio
• Ácido acético
• Formaldeído
• Vidro com tampa

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Colocar 100 mL de leite num béquer e aquecer sobre a tela de amianto


• Retirar do fogo, acrescentar 30 gotas de ácido acético e agitar com bastão de vidro por
aproximadamente 2 minutos
• Colocar o pano na boca de um béquer e filtrar o líquido
• Espremer bem o pano até que saia a maior parte do soro e sem tirar o pano, lavar o
resíduo com água morna
• Dividir o resíduo em duas partes e fazer duas bolinhas
• Colocar uma bolinha sobre o vidro de relógio e deixar exposta ao ar, secando
• Colocar a outra bolinha no vidro, cobrir com formol e tampar
• Deixar durante alguns dias de repouso, lavar a bolinha que ficou com o formol e deixar
exposta ao ar até que fique bem dura
• Comparar as duas bolinhas e anotar as observações

234
5.9.7 A nicotina – substância nociva do cigarro
INTRODUÇÃO

Ao fumar um cigarro, acredita-se que ele traz relaxamento, quando na verdade a


nicotina (que é um dos principais componentes do cigarro) torna o movimento dos músculos
mais lentos, deixando essa falsa impressão nos fumantes.

A nicotina, entre outros danos à saúde, diminui a atividade do sistema nervoso


autônomo (que controla funções como a respiração, circulação do sangue, controle de
temperatura, digestão e o equilíbrio das funções de todo o corpo).

OBJETIVOS

• Reconhecer ação da nicotina no pulmão.

MATERIAIS E REAGENTES UTILIZADOS

• 1 Chave de fenda
• Fósforos
• 2 Frascos com tampas plásticas, desses de maionese.
• 4 Canudos largos com dobra sanfonada
• Algodão
• Suco fresco e coado de repolho roxo
• Cigarros, com ou sem filtro.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

• Com a chave de fenda aquecida, faça dois orifícios nas tampas dos dois frascos. Os
orifícios devem ser um pouco menores que o diâmetro dos canudos;
• Forre o fundo de um dos frascos com algodão e no outro, coloque o suco de repolho roxo;
• Encaixe canudos nos orifícios das tampas e faça a ligação entre eles;
• Sugar a ponta livre de um dos canudos do frasco onde está o suco até que se forme um
fluxo constante de fumaça como mostra a ilustração;
• Observe o que acontecerá nos dois frascos;
• Repita o experimento com várias marcas de cigarro, inclusive com aqueles que se dizem
de baixos teores de alcatrão e de nicotina.

235
REFERÊNCIAS

Hartwig, Dácio Rodney. Química: Química orgânica, 3 / Hartwig, Souza, Mota – São Paulo:
Scipione, 99.
AUTOLABOR-SOLUÇÕES INTELIGENTES (Santa Catarina). Manual de atividades práticas
de química para o laboratório didático móvel - LDM. São José: Autolabor, 2006. 3 v.
BRINK MOBIL - TECNOLOGIA EDUCACIONAL (Paraná). Roteiros experimentais com uso
de microscópio para química, biologia e física: MOBILAB - Laboratório Interdisciplinar.
Curitiba: Brink Mobil, 2006. 1 v.
Usberco, João. Química Essencial/João Usberco, Edgard Salvador – 1. ed. – São Paulo:
Saraiva, 2001.

236
CAPÍTULO 6 – MICROBIOLOGIA BÁSICA

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

237
6.1 INTRODUÇÃO
Os microrganismos são minúsculos seres vivos, individualmente muito pequenos para
serem vistos a olho nu. Apesar de uma estrutura simples e pequena, estes seres vivos fazem
parte de inúmeros fenômenos ao nosso redor, fornecendo contribuições cruciais para o bem-
estar dos habitantes do mundo e manutenção do equilíbrio entre os organismos vivos e o meio
ambiente.

No nosso cotidiano, os microrganismos possuem inúmeras contribuições diretas e


indiretas. As bactérias e fungos do solo degradam matéria orgânica e absorvem nitrogênio do
ar para algumas plantas, que são fonte de alimentação para os animais. Vários microrganismos
fermentadores são responsáveis pela transformação da planta forrageira em silagem, um
produto alimentar rico em energia para os animais ruminantes. Bactérias, fungos e protozoários
realizam uma relação simbiótica no rúmen e intestino dos animais domésticos, participando da
digestão dos alimentos e produzindo vitaminas para o organismo animal. Por outro lado, alguns
microrganismos podem ser maléficos, provocando várias enfermidades nos seres humanos,
sendo veiculados principalmente através da água.

O grupo dos microrganismos inclui as bactérias, fungos, protozoários, algas


microscópicas. Também inclui os vírus, os quais são entidades acelulares, muitas vezes sendo
considerados como sendo o limite entre seres vivos e não-vivos.

Cada grupo possui características particulares que devem ser entendidas com o objetivo
de entender como esses pequenos seres vivos são atuantes para manutenção da vida na terra.

6.2 CARACTERÍSTICAS DOS MICRORGANISMOS


6.2.1 Bactérias

• Habitat e Importância - São microrganismos amplamente distribuídos na natureza,


sendo encontradas em todos os ambientes. Têm importância muito grande, pois são
responsáveis pelo processo de decomposição da matéria orgânica, pela reciclagem de
compostos químicos no solo (nitrogênio, carbono e enxofre) e ainda podem provocar
inúmeras doenças (no homem, animais e plantas).

• Formas e Arranjos - As bactérias são representantes do mundo procariótico


unicelulares, ou seja, são organismos formados apenas por uma célula, desprovidos de
membrana nuclear. A estrutura das bactérias é muito simples, composta por parede
celular, membrana plasmática, DNA e ribossomos. Elas ainda podem conter estruturas
responsáveis pela locomoção e aderência, os flagelos e fímbrias, respectivamente.
Possuem diferentes formas e arranjo (ligamento entre as células bacterianas) que
podem ser visualizadas por meio de vários tipos de microscópicos e com diferentes
métodos de coloração. (Figura 1).

o Formas:
 cocos: bactérias esféricas
 bacilos: forma de bastonete
 espirilos: forma espiralada
 vibriões: em forma de vírgula.

o Arranjo:
 cadeia: estreptococos
 dupla: diplococos
 tétrade
 sarcina

238
Figura 1: Forma das bactérias.

• Coloração da parede celular (anexo 1):

o Gram positiva: bactérias que possuem parede celular espessa e se coram em


roxo;
o Gram negativa: bactérias que possuem parede celular revestida de uma
membrana e se coram em rosa.

• Crescimento - As bactérias são muito versáteis, podendo crescer em diferentes


faixas de temperatura. Elas podem ser termófilas (crescem entre altas temperaturas),
mesófilas (crescem em temperaturas moderadas) e psicrófilas (crescem em baixas
temperaturas). A maioria das bactérias prefere ambientes com pH próximo da
neutralidade, entre pH 6,5 e 7,5. Quanto ao uso de oxigênio molecular, as bactérias
podem produzir energia através deste (aeróbias) ou ainda não o utilizam
(anaeróbicos), como é o caso de bactérias decompositoras do solo. Alguns tipos de
bactérias que utilizam o oxigênio têm capacidade de continuar crescendo mesmo
ambientes com baixa quantidade ou ausência de oxigênio, através de outras rotas de
energia como a fermentação. Elas são denominadas anaeróbias facultativas como é o
caso das bactérias do intestino de homens e animais.

• Reprodução - A reprodução assexuada das bactérias ocorre por bipartição ou


cissiparidade. Desta forma, uma célula dá origem a duas, estas duas dão origem a
quatro, e assim por diante, como podemos observar na Figura 2. O tempo de geração
(em que uma dá origem a duas), em condições ótimas de crescimento (multiplicação),
é geralmente, de 15 a 20 minutos, sendo chamado de exponencial.

Figura 2: Reprodução das bactérias.

239
6.2.2 Fungos
Os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo, como as leveduras, ou
multinucleados, como se observa entre os fungos filamentosos ou bolores. Seu citoplasma
contém mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso. São heterotróficos e nutrem-se de
matéria orgânica morta (fungos saprofíticos), ou viva (fungos parasitários).

6.2.3 Bolores

• Habitat - São denominados bolores, os fungos filamentosos. São amplamente


distribuídas na natureza, sendo encontrados no solo, em superfícies de vegetais, nos
animais, no ar e na água. Estão em maiores quantidades geralmente nos vegetais,
onde provocam doenças, especialmente em frutos.

• Importância - Nos alimentos são muitos conhecidos por provocarem deteriorações


(emboloramento) e por produzirem micotoxinas. Podem ser utilizados, também, na
produção de certos alimentos (queijos, alimentos orientais), bem como na produção
de medicamentos (penicilina, por exemplo).

• Forma - Possuem células cilíndricas e estão ligadas nas extremidades para formar
um filamento microscópico denominado hifa. Um conjunto de hifas reunidas é visível a
olho nu, denominado de micélio. As colônias de bolores crescem de forma
espalhadas e aveludadas semelhantes a algodão.

• Crescimento - Os bolores são aeróbios e crescem em uma ampla faixa de pH,


adaptam-se muito bem em ambientes ácidos; À temperatura, preferem ambientes na
faixa de 20 a 30 ºC, mas um grande número de bolores cresce em temperatura de
refrigeração e não se adaptam às temperaturas mais elevadas; São capazes de
crescer em ambientes com baixa disponibilidade de água, ou seja, ambientes secos.

• Reprodução - Ocorre por desenvolvimento do micélio, evoluindo para a produção dos


esporos não-sexuados. Os bolores se multiplicam mais lentamente que as bactérias
(mais de três horas para dobrar a massa de células).

6.2.4 Leveduras

• Habitat - São denominadas leveduras, os fungos unicelulares, também conhecidos


como fermentos. São também amplamente distribuídas na natureza, na água, solo,
plantas, ar e animais. De modo geral, são encontradas em maiores números nas
frutas e nos vegetais.

• Importância - As leveduras são utilizadas para a fabricação de bebidas, pães e


outros produtos fermentados, já que, na ausência do ar, fazem a fermentação
alcoólica. Podem provocar, também, deterioração de alimentos e bebidas. Algumas
espécies são patogênicas, causando doenças ao homem.

• Forma - Esses fungos têm a forma esférica a ovóide. Quando crescem em meios de
cultura laboratoriais, as colônias de leveduras assemelham-se às bactérias, são lisas
e brilhantes. Elas não são móveis, pois não possuem flagelos e nem outro tipo de
locomoção.

• Crescimento - As leveduras podem ser aeróbias ou facultativas (chamadas de


fermentativas). As facultativas fazem a fermentação alcoólica, produzindo etanol e
gás (CO2). Adaptam-se muito bem (e são muito encontradas) em ambientes ácidos,
embora, como os bolores, possam crescer em diversos tipos de ambientes com
relação à acidez. Preferem temperatura na faixa de 20º a 30ºC e são raras as que se
desenvolvem em temperatura acima de 45ºC. Necessitam de menos água disponível
que as bactérias e mais do que os bolores.

240
• Reprodução - As leveduras se multiplicam assexuadamente, através da formação de
brotos ou gemas, como podemos observar na Figura 3. A célula mãe pode dar
origem até 20-25 células-filhas.

Figura 3 - Reprodução das leveduras – formação de brotos.

As leveduras também produzem esporos de origens assexuadas (artrósporos,


balistosporos e outros) e de origem sexuada (ascósporos e basidiósporos). São mais lentas
que as bactérias e mais rápidas que os bolores para se reproduzirem. Assim, para dobrarem a
massa celular através da formação de brotos, levam geralmente de 30 minutos a três horas. Na
Figura 4, podemos observar a reprodução das leveduras por pseudomicélio.

Figura 4 - Reprodução das leveduras - formação de pseudomicélio.

6.2.5 Protozoários

• Habitat e Importância - Os protozoários são microrganismos unicelulares e


eucarióticos, sem parede celular, que vivem em diferentes ambientes tais como o solo
e principalmente todos os tipos de água. Vivem de forma livre ou como parasitas tais
como a Giárdia instestinalis, Cryptosporidium parvum e Entamoeba histolytica que
são transmitidos pela água e via alimentar para o homem, causando doenças.

• Forma - Alguns protozoários são ovais ou esféricos, outros, alongados, ou ainda tem
forma distinta dependendo do seu ciclo de vida. Os protozoários móveis, locomovem-
se na água por meio de apêndices curtos e finos chamados cílios ou apêndices longos,
os flagelos.

• Crescimento - Assim como os animais, os protozoários ingerem partículas


alimentares. Assim, eles são heterotróficos aeróbios. Ocorre onde a umidade está
presente (mar, todos os tipos de água e solo) e crescem em uma faixa de pH que varia
de 6 a 8.

• Reprodução - Os protozoários reproduzem-se assexuadamente e sexuadamente.


Muitos protozoários produzem formas de proteção ou de reprodução denominadas de
cistos, que são resistentes a dessecamento, ausência de alimento e de oxigênio ou
acidez.

6.2.6 Algas

• Habitat e Importância - As algas são seres vivos que podem ser unicelulares e
microscópicas (cianofícias ou algas azuis) ou multicelulares. As algas crescem em
muitos ambientes diferentes (solo, água doce e salgada, ambientes quentes e frios),
mas a maioria é aquática e constitui-se em fonte de alimentação para os animais.
Esses seres vivos causam problemas quando crescem em excesso, pois muitas
espécies liberam substâncias químicas tóxicas em leitos de água e podem causar a
morte de muitos peixes e outros seres vivos.

241
• Forma e reprodução - As algas são seres vivos que contém clorofila, pigmento verde
que participa do processo de fotossíntese, e apresenta uma parede celular rígida que
confere uma variedade de tamanhos e formas. Reproduzem-se de forma sexuada e
assexuada.

• Crescimento - Como são fotossintéticas, as algas necessitam apenas de luz e ar para


a produção de alimentos e para seu crescimento. Portanto, elas vivem em ambientes
superficiais do solo e da água para obter a luz solar e dióxido de carbono. As algas
liberam oxigênio durante sua respiração celular, ajudando na oxigenação dos
ambientes que vivem e ajudando na sobrevivência de seres vivos aeróbios da terra e
da água.

6.2.7 Vírus
Os vírus não possuem célula como os outros microorganismos. São constituídos por
ácido nucléico (DNA ou RNA) envolvidos por uma capa de proteínas. São considerados os
menores seres vivos existentes. Utilizam células de animais, vegetais e mesmo de
microrganismos para se multiplicarem. Portanto, são considerados parasitas intracelulares
obrigatórios, pois precisam de uma célula viva para se desenvolver.

Os vírus estão presentes em diferentes ambientes como solo, como parasitas de


bactérias (bacteriófagos), e na água (principalmente os vírus patogênicos). Os vírus
patogênicos ao homem podem ser veiculados pela água contaminada por esgotos domésticos,
tal como o vírus da hepatite A, ou através de insetos tal como o vírus da dengue.

6.3 MICROORGANISMOS DO SOLO


O solo é constituído por uma grande diversidade de seres vivos microscópicos que
ajudam, direta ou indiretamente, na decomposição de matéria orgânica (restos de plantas e de
animais mortos) e na reciclagem de elementos químicos essenciais (nitrogênio, carbono e
enxofre).

Todas as formas de vida microbiana ocorrem no solo. As bactérias são os


microrganismos encontrados em maior quantidade no solo, chegando a bilhões de bactérias
por grama. O número de fungos, algas e protozoários presentes no solo chegam a dezenas de
milhares a centenas de milhares por grama.

A camada mais superficial do solo é a parte que contém a maior diversidade e


quantidade de microrganismos porca causa da presença da matéria orgânica, oxigênio e luz.
O húmus é a massa de microrganismos envolvidos na decomposição de resíduos de plantas
e de animais. Ele é muito importante para fertilidade e resistência do solo. As práticas de
queimadas feitas por agricultores afetam o húmus, destruindo em grande quantidade os
microrganismos.

Os microrganismos do solo fazem interações importantes. Os liquens são


associações entre microalgas e fungos, em que as microalgas produzem alimentos para o
fungo e este protege a alga de agressões do ambiente. As micorrizas também são exemplos
de associação benéfica em que os fungos interagem com raízes de plantas, ajudando no
processo de absorção de água e minerais do meio, e as plantas liberam nutrientes para o
fungo.

A manutenção da vida na Terra é completamente dependente da reutilização contínua


de compostos e elementos químicos que são realizadas por microrganismos. Como exemplo é
o ciclo do nitrogênio. Ele envolve a fixação do nitrogênio do ar por bactérias do solo
(Azobacter e Rhizobium), decompondo em amônia. As bactérias nitrificadoras (Nitrosomonas
e Nitrobacter) realizam processos de transformação em nitrato e este é desnitrificado em gás
nitrogênio para o ar. Processos bioquímicos similares ocorrem com o carbono e enxofre.

242
O uso em larga escala de herbicidas e pesticidas na agricultura tem resultado na
poluição do solo e da água. Alguns microrganismos do solo podem decompor essas
substâncias e ainda podem ser utilizados no controle de insetos que prejudicam a lavoura.

6.4 MICROORGANISMOS DA ÁGUA


A água possui microrganismos de muitas espécies que podem alterar muitas vezes
compostos químicos e, ainda, fornecer nutrientes para outros organismos aquáticos. Os
microrganismos em águas naturais estão distribuídos em larga “zona”. Aqueles encontrados
na região superficial ou zona fótica são principalmente cianobactérias e algas (fitoplâncton), e
ainda protozoários (zooplâncton); em conjunto, são denominados plâncton. A região mais
profunda das águas (região bêntica), com ausência de luz e oxigênio, é colonizada
principalmente por bactérias anaeróbias ou facultativas.

Os microrganismos participam para o equilibro da rede alimentar aquática. As algas e


cianobactérias servem para oxigenação da água e fonte de alimentos para peixes,
protozoários e outros organismos. Quando há um crescimento excessivo dos fitoplânctons a
cadeia alimentar é desequilibrada. É o que ocorre em um processo de eutrofização da água
de rios e lagos por causa da poluição por esgotos domésticos e industriais ricos em
nutrientes para as algas. Estas passam a crescer de forma excessiva, diminuindo a
penetração de luz na água. A grande quantidade de nutrientes faz com que outros organismos
heterótrofos e decompositores crescem excessivamente diminuindo o oxigênio disponível na
água. A falta de oxigênio leva a morte de animais como os peixes e de plantas, que causam o
aspecto de mau cheiro e turbidez de águas eutrofizadas.

A água utilizada pelo homem vem de fontes naturais de água doce, tais como poços,
lagos e rios. Por segurança, essa água deve ser tratada com cloro para eliminar
microrganismos potencialmente patogênicos. A potabilidade da água consiste em determinar a
presença ou ausência de microrganismos indicadores de poluição de origem fecal. São
necessárias análises microbiológicas para classificar se a água está ou não apta para o
consumo humano. O mesmo procedimento é feito para as águas utilizadas para recreação e
atividades esportivas (balneabilidade), tais como praias, rios e lagos. Corpos d'água
contaminados por esgoto doméstico ao atingirem as águas das praias podem expor os
banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Crianças e idosos, ou pessoas com baixa
resistência, são as mais suscetíveis a desenvolver doenças ou infecções após terem nadado
em águas contaminadas.

A água residual ou esgoto contém dejetos domésticos, detritos industriais e


escoamentos de ruas. O tratamento desse tipo de água visa eliminar microrganismos
patogênicos e reduzir a quantidade de sólidos e material oxidável no efluente final, como
forma de evitar a poluição ambiental e afetar a saúde das pessoas. Todo o tratamento de
esgoto depende da atividade bioquímica dos microrganismos, particularmente bactérias que
degradam substâncias orgânicas complexas (lodo).

6.5 MICRORGANISMOS INDICADORES DA QUALIDADE DA


ÁGUA
Alguns grupos ou espécies de microrganismos fornecem informações sobre qualidade
da água. Microrganismos indicadores refere-se a um tipo de microrganismo cuja presença na
água é evidenciada de que ela está poluída com material fecal de origem humana ou de outros
animais de sangue quente.

As características dos microrganismos indicadores são:

• estão presentes em águas poluídas e ausentes em águas não-poluídas (potável);


• estão presentes na água quando os microrganismos patogênicos estão presentes;
• o número de microrganismos indicadores está correlacionado com o índice de
poluição;

243
• são facilmente evidenciados por técnicas laboratoriais padronizadas.

6.5.1 Coliformes totais


 Características - Bactérias da família Enterobacteriaceae, bastonetes, Gram
negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos.
 Metabolismo - Fermentam a lactose com produção de gás a 35-37°C em 24 a 48
horas.
 Habitat - Incluem bactérias do trato intestinal humano e de animais de sangue quente,
assim como outras bactérias presentes no ambiente.
 Principais gêneros - Escherichia, Enterobacter, Citrobacte, Klebsiella, Serratia,
Aeromonas.

6.5.2 Coliformes fecais ou termotolerantes


 Características - Bactérias do grupo dos coliformes totais, bastonetes, gram
negativos, não esporogênicos, aeróbios ou anaeróbios facultativos.
 Metabolismo - Fermentam a lactose com produção de gás 45,5°C e m 24 horas.
 Habitat - A maioria das bactérias é de origem do trato intestinal humano e de animais
de sangue quente.
 Principais gêneros - Escherichia, Enterobacter e Klebsiella.
 Interpretação - indicam os coliformes de origem fecal.

6.5.3 Pesquisa de Escherichia coli


 Características - Bactéria do grupo dos coliformes fecais, bastonetes, Gram negativos,
não esporogênicos, anaeróbios facultativa.
 Metabolismo - Fermentam a lactose com produção de gás 45,5°C e m 24 horas.
 Habitat - Exclusiva do trato intestinal humano e de animais de sangue quente.
 Interpretação - Indicação de contaminação fecal

6.5.4 Contagem total de microrganismos aeróbios mesófilos

• Características - Incluem grandes grupos microbianos que podem ser contados


quando fixados em um meio de cultura sólido.
 Crescimento microbiano - Capacidade de crescer a temperatura de 35°C por 4 horas
 Interpretação - Indicação do nível de contaminação bacteriana ou fúngica, sugerindo
maior ou menor poluição.

6.5.5 Microrganismos patogênicos veiculados pela água ou solo poluídos


A degradação ambiental como o desmatamento de florestas e a poluição da água e do
solo com esgotos podem causar a veiculação de vários microrganismos patogênicos para o
homem. As bactérias, os vírus e protozoários são os principais grupos associados. Destacam-
se:

• bactérias: Salmonella typhi, Salmonella spp, Shigella spp, Escherichia coli


enteropatogênicas (EPEC = enteropatógena; ETEC = enterotoxigênica; EIEC
=enteroinvasiva; EHEC = enterohemorrágica e EAEC = enteroaderente), Vibrio
cholerae O1 e O139, Vibrio parahaemolyticus, Vibrio vulnificus, Vibrio fluvialis,
Aeromonas hydrophila.
• vírus: Hepatite, Vírus Norwalk e Vírus da Dengue.
• protozoários: Leishmania spp, Tripanossoma cruzi,

244
6.6 MÉTODOS DE ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DA ÁGUA
Entende-se por meio de cultura, a associação equilibrada de agentes químicos
(nutrientes, pH, etc.) e físicos (temperatura, viscosidade, atmosfera, etc.) que permitem o
cultivo de microorganismos fora de seu habitat natural.

As principais funções dos meios de cultura são:

 fornecer condições para o crescimento do microorganismo desejado


 fornecer condições para a formação do produto desejado (vinho, cerveja, etc.).
 isolar e identificar espécies de microorganismos

Os meios de cultura podem ser classificados de acordo com o estado físico,


composição química e objetivos funcionais:

 estado físico: líquido, sólido e semi-sólido.


 composição química: quimicamente definidos e complexos
 objetivos funcionais: de isolamento, seletivos, eletivos, diferenciais, de
conservação e de enriquecimento.

Os meios de cultura são preparados de acordo com o número de amostras a serem


analisadas utilizando – se geralmente regras de três simples, de acordo com as especificações
do fabricante.

6.6.1 Contagem por Plaqueamento


O método convencional de contagem de microrganismos consiste no plaqueamento de
alíquotas do alimento homogeneizadas e de suas diluições em meios de cultura sólidos
adequadamente selecionados em função do(s) microrganismo (s) a ser (em) enumerado(s) O
plaqueamento pode ser feito por:

 semeadura na superfície do meio de cultura previamente distribuído em placa


de petri estéril (semeadura de superfície)
 pela transferência das alíquotas para placas de petri vazias com adição de
meio de cultura (semeadura em profundidade)

As placas são incubadas a uma combinação de tempo e temperatura adequada para a


determinação a ser feita.

6.6.2 Determinação do Número Mais Provável


Também chamada Técnica de Tubos Múltiplos é utilizada para estimar a contagem de
alguns tipos de microrganismos, como coliformes totais, coliformes fecais ou termotolerantes,
E.coli e S. aureus. E normalmente emprega - se dois caldos de cultura. Essas determinações
são feitas em quatro etapas:

1) semeadura em caldo laurilsulfato triptose;


2) semeadura dos tubos positivos em caldo laurilsulfato triptose para caldo bile lactose
verde brilhante (determinação de coliformes totais) ou para caldo ec (determinação de
coliformes fecais e e.coli);
3) plaqueamento das culturas positivas em meio sólido para isolamento de colônias de
e. coli;
4) identificação das colônias através de testes específicos.

245
6.7 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
6.7.1 Método de coloração de bactérias e fungos
Método Gram

Procedimento:

1. Preparar a lâmina vidro (acondicionada em álcool 70%)


2. Colocar gotas de solução salina na lâmina de vidro
3. Semear alíquotas da cultura bacteriana ou fúngica na solução salina
4. Secar o esfregaço sob o calor da chama do Bico de Bunsen
5. Cobrir o esfregaço da cultura com uma solução de Cristal Violeta. Deixar atuar durante
1 minuto. Escorrer o corante e lavar com água;
6. Cobrir a preparação com reagente lugol. Deixar atuar durante 1 minuto. Escorrer o
corante e lavar com água;
7. Aplicar álcool a 90°, deixando cair a solução gota a gota sobre a preparação até que
não saia mais corante. Lavar com água e escorrer;
8. Tornar a corar a preparação, durante 1 minuto, com uma solução de fucsina. Escorrer o
corante e lavar com água e deixar secar.
9. Após secagem, observar a coloração e morfologia das células bacterianas através do
microscópio.

246
6.7.2 Esquema de análise microbiológica da água – contagem bacteriana
em placas e coliformes

247
248
REFERÊNCIAS

PELCZAR JR, M.J.; CHAN, E.C.S.; KRIENG, N. R. Microbiologia. Conceitos e Aplicações.


2. ed. São Paulo: Makron, 1996, v.1.

TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 8. ed. São Paulo: Artmed, 2006,
894p.

JAWTEZ, E et al. Microbiologia Médica. 18 ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1991.

249
CAPÍTULO 7 – BIOQUIMICA BÁSICA

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

250
7.1 INTRODUÇÃO
A BIOQUIMICA é uma ciência que estuda principalmente a química dos processos
biológicos que ocorrem em todos os seres vivos.

Os bioquímicos utilizam ferramentas e conceitos da química, particularmente da


química orgânica e físico-química, para a elucidação do sistema vivo.

A bioquímica é voltada principalmente para o estudo da estrutura e função de


componentes celulares como proteínas, carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos e outras
biomoléculas.

Recentemente a bioquímica tem se focalizado mais especificamente na química das


reações enzimáticas e nas propriedades das proteínas.

Algumas de suas pesquisas são exames de sangue, células tronco e DNA. A


bioquímica é a única ciência por si só que nasceu no século XX.

7.2 BIOQUÍMICA
À primeira vista tem -se a noção que seres vivos são “máquinas químicas” constituídas
por moléculas. Essas “máquinas” recebem outras moléculas do ambiente, transformando-as
constantemente, e despejam no ambiente os resíduos.

Enfim organismos vivos funcionam como verdadeiras usinas químicas, sendo essa
atividade chamada de metabolismo.

Na natureza dos seres viventes, a água é o componente químico que entra em maior
quantidade, mas as substâncias orgânicas predominam em variedade, pois é grande o número
de proteínas, ácidos nucléicos, lipídios e carboidratos diferentes que formam a estrutura
das células e dos organismos.

Sais minerais e vitaminas participam em doses pequenas, mas também


desempenham papéis importantes.

A água e os sais minerais formam os componentes inorgânicos da célula. Os


componentes orgânicos abrangem as demais substâncias.

O estudo da composição química dos organismos tem a sua maior parte fundamentada
na bioquímica da célula ou Citoquímica. Afinal, os seres viventes têm a sua estrutura
basicamente organizada e estabelecida na célula.

Os elementos químicos que participam da composição da matéria viva estão presentes


também na matéria bruta. Entretanto, nesta última, os átomos se dispõem de forma mais
simples, compondo substâncias cujas fórmulas são pequenas e de pequeno peso molecular,
que muitas vezes não chegam a formar moléculas.

É o que acontece nos compostos iônicos como o cloreto de sódio (NaCl – sal de
cozinha).

Embora a matéria vivente também apresente muitas substâncias da Química


Inorgânica, o seu grande predomínio qualitativo se prende aos compostos da Química
Orgânica, cujas moléculas revelam cadeias de carbono que vão de uma discreta simplicidade
(monossacarídeos) a mais extraordinária complexidade (proteínas).

251
7.3 COMPOSIÇÃO QUÍMICA ELEMENTAR MÉDIA DA CÉLULA

PRINCIPAIS ELEMENTOS: PRINCIPAIS SUBSTÂNCIAS:

Oxigênio...........................................65,00%
Carbono...........................................18,00%
Hidrogênio.......................................10,00%
Água............................................65%
Nitrogênio..........................................3,05%

Subtotal.......................................... 96,05% Proteínas.....................................15%


Cálcio (Ca).........................................1,80%
Fósforo (P).........................................1,20% Lipídios..........................................8%

Potássio (K)........................................0,35%
Enxofre (S).........................................0,25% Carboidratos..................................6%

Sódio (Na)..........................................0,15%
Cloro (Cl)............................................0,15% Sais Minerais.................................5%

Magnésio (Mg)...................................0,05%
Flúor (F)...........................................0,007% Outros............................................1%

Ferro (Fe).........................................0,005%

Subtotal......................................... 3,962%

Outros (Zn, Br, Mn, Cu, I, Co)….. 0,038%

TOTAL................................................100% TOTAL.......................................100%

7.4 ÁGUA
"Hidróxido de Hidrogênio" ou "Monóxido de Hidrogênio" ou ainda "Protóxido de
Hidrogênio" é uma substância líquida que parece incolor a olho nu em pequenas quantidades,
inodora e insípida, essencial a todas as formas de vida, composta por Hidrogênio e Oxigênio.

252
7.4.1 Solvente universal
A água dissolve vários tipos de substâncias polares e iônicas (hidrofílicas), como vários
sais e açúcares, e facilita sua interação química, que ajuda metabolismos complexos.

7.4.2 Propriedades da água


7.4.2.1 Alto calor específico

Calor específico é definido como a quantidade de calor que um grama de uma


substância precisa absorver para aumentar sua temperatura em 1°C sem que haja mudança de
estado físico. Devido ao alto calor específico da água, seres vivos não sofrem variações
bruscas de temperatura.

7.4.2.2 Calor de vaporização

É a quantidade de calor necessária para que uma substância passe de estado líquido
para o estado de vapor. Devido ao elevado calor de vaporização da água, uma superfície se
resfria quando perde água na forma de vapor.

7.4.2.3 Capilaridade

Quando a extremidade de um tubo fino de paredes hidrófilas é mergulhada na água, as


moléculas dessa substância literalmente “sobem pelas paredes” internas do tubo, graças à
coesão e a adesão entre as moléculas de água.

7.4.2.4 Funções da água

7.4.2.4.1 Transporte de substâncias

⇒ A presença de água permite a difusão nos seres mais primitivos.


⇒ Organismos mais evoluídos apresentam sistemas circulatórios (hemolinfa, sangue
e seiva vegetal).
⇒ A urina é uma maneira de eliminar toxinas.
⇒ As células apresentam-se em estado coloidal (rico em água) o que facilita
transporte de substâncias.

7.4.2.4.2 Facilita reações químicas

⇒ Reações químicas ocorrem mais facilmente com os reagentes em estado de


solução.
⇒ Em algumas reações químicas a união entre moléculas ocorre com formação de
água como produto (síntese por desidratação).
⇒ Reações de quebra de moléculas em que a água participa como reagentes são
denominadas reações de hidrólise.

7.4.2.4.3 Termoregulação

⇒ Seres vivos só podem existir em uma estreita faixa de temperatura.


⇒ A água evita variações bruscas de temperatura dos organismos.
⇒ A transpiração diminui a temperatura corporal de mamíferos.

7.4.2.4.4 Lubrificante

⇒ Nas articulações e entre os órgãos a água exerce um papel lubrificante para


diminuir o atrito entre essas regiões.
⇒ A lágrima diminui o atrito das pálpebras sobre o globo ocular.
⇒ A saliva facilita a deglutição dos alimentos.

253
7.4.2.4.5 Variações na taxa de água

ESPÉCIE

Água-viva 98% de água

Sementes 10% de água

Espécie humana 70% de água

IDADE

Feto humano 94% de água

Recém-nascido 69% de água

Adulto 60% de água

7.4.2.4.6 Metabolismo

⇒ É o conjunto de processos físicos e de reações que ocorrem em um sistema vivo e


resulta na montagem ou quebra de moléculas complexas. É constituído por
reações anabólicas e catabólicas.

• Anabolismo = Reações de síntese, absorvem energia. Exemplo:


fotossíntese.

• Catabolismo = Reações de degradação, liberam energia. Exemplo:


respiração

⇒ A quantidade de água é diretamente proporcional à atividade metabólica da célula.

Neurônio – 80% de água


Célula óssea – 50% de água

A quantidade de água e sais minerais na célula e nos organismos deve ser


perfeitamente balanceada, qualificando o chamado equilíbrio hidrossalino. Esse equilíbrio é
fator decisivo para a manutenção da homeostase. Além disso, eles desempenham numerosos
papéis de relevante importância para a vida da célula.

A queda do teor de água, nas células e no organismo, abaixo de certo limite, gera uma
situação de desequilíbrio hidrossalino, com repercussões nos mecanismos osmóticos e na
estabilidade físico-química (homeostase). Isso caracteriza a desidratação e põe em risco a vida
da célula e do organismo.

A água é obtida através da ingestão de alimentos sólidos ou pastosos, de líquidos e da


própria água. Alguns animais nunca bebem água, eles a obtêm exclusivamente através dos
alimentos.

Ao fim das reações de síntese protéica, glicídica e lipídica, bem como ao final do
processo respiratório e da fotossíntese, ocorre a formação de moléculas de água. Por isso o
teor de água no citoplasma é proporcional à atividade celular. Nos tecidos muscular e nervosos
sua proporção é de 70 a 80%, enquanto que no tecido ósseo é de cerca de 25%.

Além da atividade da célula ou tecido, o teor de água em um organismo depende


também da espécie considerada. Nos cnidários (águas-vivas) sua proporção pode chegar a
98%, nos moluscos é um pouco maior do que 80%, na espécie humana variam entre 60 e 70%.

254
A proporção varia também com a idade do indivíduo. Nos embriões, a quantidade de água é
maior do que nos adultos.

7.4.2.5 Importância da água

⇒ Ela representa o solvente universal dos líquidos orgânicos. É o solvente do sangue, da


linfa, dos líquidos intersticiais nos tecidos e das secreções como a lágrima, o leite e o
suor.

⇒ É a fase dispersante de todo material citoplasmático. O citoplasma nada mais é do


que uma solução coloidal de moléculas protéicas, glicídicas e lipídicas, imersas em
água.

⇒ Atua no transporte de substâncias entre o interior da célula e o meio extracelular.

⇒ Grande número de reações químicas que se passam dentro dos organismos


compreende reações de hidrólise, processos em que moléculas grandes de
proteínas, lipídios e carboidratos se fragmentam em moléculas menores. Essas
reações exigem a participação da água.

⇒ Pelo seu elevado calor específico, a água contribui para a manutenção da


temperatura nos animais homotermos (aves e mamíferos).

7.5 SAIS MINERAIS


Encontram-se imobilizados em estruturas com função esquelética e de proteção, como
exemplo, podemos ver:

⇒ Sais de silício – encontrado em carapaças de Diatomáceas e espículas de Poríferos.

⇒ Carbonato de Cálcio – forma exoesqueleto de moluscos, cascas de ovos e espículas


de Poríferos.

⇒ Fosfato de Cálcio – encontrado no endoesqueleto de vertebrados.

⇒ Dissolvidos em água formam íons.

Na+/K+

⇒ Equilíbrio osmótico
⇒ Bomba de Na+ e K+
⇒ Na+ = mais freqüente em animais
⇒ K+ = mais freqüente em vegetais

Mg++

⇒ Componente da clorofila
⇒ Interação das subunidades dos ribossomos

Ca++

⇒ Coagulação sangüínea
⇒ Contração Muscular
⇒ Componente de ossos e dentes

255
Fe++

⇒ Componente de hemoglobina e dos citocromos.


⇒ A carência causa anemia ferropriva.

F-

⇒ Anticariogênico
⇒ O excesso causa anomalias dentais (fluorose)

I-
⇒ Componente de hormônios da tireóide
⇒ A carência leva a bócio carêncial

PO4-3

⇒ Constituinte de nucleotídeos e do ATP


⇒ Evita variações bruscas de pH da célula
⇒ Em vegetais os minerais podem ser classificados como:
• Macronutrientes: C, H, O, N, P, K, S, Ca, Mg.

• Micronutrientes: Fe, B, Mn, Cu, Mb, Cl, Zn

⇒ Eles representam substâncias reguladoras do metabolismo celular.

⇒ São obtidos pela ingestão de água e junto com alimentos como frutos, cereais, leite,
peixes, etc.

⇒ Os sais minerais têm participação nos mecanismos de osmose, estimulando, em


função de suas concentrações, a entrada ou a saída de água na célula.

⇒ A concentração dos sais na célula determina o grau de densidade do material


intracelular em relação ao meio extracelular.

⇒ Em função dessa diferença ou igualdade de concentração é que a célula vai se mostrar


hipotônica, isotônica ou hipertônica em relação ao seu ambiente externo,
justificando as correntes osmóticas ou de difusão através da sua membrana
plasmática.

Portanto, a água e os sais minerais são altamente importantes para a manutenção do


equilíbrio hidrossalino, da pressão osmótica e da homeostase na célula.

7.5.1 Importância dos sais minerais


⇒ Os sais podem atuar nos organismos na sua forma cristalina ou dissociada em íons.

⇒ Os sais de ferro são importantes para a formação da hemoglobina. A deficiência de


ferro no organismo causa um dos tipos de anemia.

⇒ Os sais de iodo têm papel relevante na ativação da glândula tireóide, cujos hormônios
possuem iodo na sua fórmula. A falta de sais de iodo na alimentação ocasiona o bócio.

⇒ Os fosfatos e carbonatos de cálcio participam na sua forma cristalina da composição


da substância intercelular do tecido ósseo e do tecido conjuntivo da dentina. A carência
desses sais na alimentação implica no desenvolvimento anormal de ossos e dentes,
256
determinando o raquitismo. Como íons isolados, os fosfatos e carbonatos atuam no
equilíbrio do pH celular.

⇒ Os íons de sódio e potássio têm ativa participação na transmissão dos impulsos


nervosos através dos neurônios.

⇒ Os íons cálcio atuam na contração das fibras musculares e no mecanismo de


coagulação sangüínea.

⇒ Os íons magnésio participam da formação da molécula de clorofila, essencial para a


realização da fotossíntese.

⇒ Os íons fósforo fazem parte da molécula do ATP (composto que armazena energia) e
integra as moléculas de ácidos nucléicos (DNA e RNA).

Os sais mais comuns na composição da matéria viva são os cloretos, os carbonatos,


os fosfatos, os nitratos e os sulfatos (de sódio, de potássio, de cálcio, de magnésio e
outros).

7.6 CARBOIDRATOS OU GLICÍDIOS OU GLUCÍDEOS OU


AÇUCARES
São compostos formados por cadeias de carbono, ricos em hidrogênio e oxigênio,
importante no armazenamento de energia do organismo. São substâncias que possuem dois
grupos funcionais, podendo ser: poliálcoois-aldeidos ou poliálcoois-cetonas.
Poliálcool - aldeído
H O Poliálcool - cetona

C H2C - OH

HC - OH C=O

HC - OH HC - OH

HC - OH HC - OH

H2C - OH H2C - OH
Observe que este composto Observe que este composto
possui vários grupos CH (álcool) possui vários grupos CH (álcool)
e um grupo C = O (aldeído). e um grupo C = O (cetona).

Sob o aspecto biológico, os carboidratos podem ser classificados em:


monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos.

7.6.1 Monossacarídeos ou oses


São carboidratos que não sofrem hidrólise. Suas moléculas possuem de 3 a 7 átomos
de carbono e podem ser chamadas de trioses, tetroses, pentoses, hexoses e heptoses.
Apresentam valor biológico as hexoses [(C6H12O6) – glicose, frutose e galactose} e as pentoses
{ribose (C5H10O5) e desoxirribose (C5H10O4)].

• A glicose é encontrada em todos os carboidratos. No sangue humano deve estar


na proporção de 70 a 110 mg por 100 mL. É a principal fonte de energia dos seres
vivos.

• A frutose é encontrada no mel e nas frutas. A galactose é componente do açúcar


do leite.

• A ribose é componente das moléculas de RNA e a desoxirribose do DNA.

257
H-C=O CH2OH

H - C - OH C=O

HO - C - H HO - C - H

H - C - OH H - C - OH

H - C - OH H - C - OH

CH2OH CH2OH

glicose frutose

H-C=O CH2OH

H - C - OH C=O

H - C - OH CH2OH H-C=O
H - C - OH

H - C - OH C=O H - C - OH
H - C - OH

CH2OH CH2OH CH2OH CH2OH


aldopentose cetopentose cetotriose aldotriose

7.6.2 Dissacarídeos

São carboidratos que, por hidrólise, fornecem duas moléculas de monossacarídeos. Os


principais são a maltose, a sacarose e a lactose.

A maltose (glicose + glicose) é um produto da hidrólise do amido.

A sacarose (glicose + frutose) é o açúcar da cana e da beterraba.

A lactose (glicose + galactose) é o açúcar do leite.

C12H22O11 + H2O C6H12O6 + C6H12O6


Sacarose glicose frutose

7.6.3 Polissacarídeos

São carboidratos constituídos de grande número de moléculas de monossacarídeos.


Os principais são o amido, o glicogênio e a celulose.

O amido forma-se como produto de reserva dos vegetais. É encontrado na mandioca,


batatas, trigo, arroz, milho, etc.

(C6H10O5)n + H2O n.C6H12O6


Amido e celulose glicose

7.7 OS LIPÍDIOS
Os lipídios ou lípides são compostos orgânicos que têm a natureza de ésteres, pois
são formados pela combinação de ácidos (graxos) com álcoois. Ácidos graxos são ácidos
orgânicos que revelam longas cadeias, variando entre 14 e 22 carbonos.

Alguns ácidos graxos são saturados e outros são insaturados.

258
7.7.1 Ácidos graxos saturados
São os que não possuem qualquer ligação dupla entre os átomos de carbono, o que
significa que não têm disponibilidade para receber mais átomos de hidrogênio.

Ácido láurico (ácido dodecanóico): C11H23COOH

Faça a fórmula estrutural e simplificada do composto:


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

Ácido palmítico: C15H31COOH

Faça a fórmula estrutural e simplificada do composto:


____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

7.7.2 Ácidos graxos insaturados


São os que possuem uma ou mais ligações duplas entre os átomos de carbono, o que
lhes permite receber átomos de hidrogênio na molécula.

Ácido oléico: C17H35COOH

Ácido linoléico: C17H31COOH

O álcool mais comumente encontrado na composição dos lipídios é o glicerol, que


possui apenas 3 átomos de carbono.

CH2 (OH) – CH(OH) – CH2 (OH)

Fórmula estrutural:
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

O glicerol pode se combinar com 1, 2 ou 3 moléculas de ácidos graxos iguais ou


diferentes entre si, formando os monoglicerídeos, diglicerídeos e triglicérides, estes últimos
muito comentados por suas implicações com as doenças do sistema cardiocirculatório, como a
arteriosclerose.

259
O O

R-C–OH H O – CH2 R - C – O – CH2

O O

R-C–OH + H O – CH2 R - C – O - CH + 3H2O

O O

R-C–OH H O – CH2 R - C – O – CH2

Ácido graxo glicerina glicerídeos

Os lipídios são também compostos energéticos, pois, na falta de glicose, a célula os


oxida para liberação de energia. Uma molécula lipídica fornece o dobro da quantidade de
calorias em relação ao que oferece uma molécula glicídica. Entretanto, por ser mais fácil a
oxidação de uma molécula de glicose, os lipídios só são metabolizados na falta desta.

Na célula eles têm também um papel estrutural. Participam da formação da estrutura


da membrana plasmática e de diversas outras.

Nos animais homotermos, existe uma camada adiposa sob a pele que tem a função de
isolante térmico, evitando a perda excessiva de calor.

Os lipídios atuam como solventes de algumas vitaminas (A, D, E, K) e outras


substâncias ditas lipossolúveis, de grande importância para os organismos.

Uma característica importante de todos os lipídios é a circunstância de não se


dissolverem na água, sendo solúveis apenas nos chamados líquidos orgânicos como o álcool,
o éter, o clorofórmio e o benzeno.

7.7.3 Classificação dos Lipídios

7.7.3.1 Glicerídeos
Compreendem as gorduras e os óleos. As gorduras são derivadas de ácidos graxos
saturados e os óleos de ácidos graxos insaturados. As gorduras se mostram sólidas à
temperatura ambiente, enquanto os óleos se apresentam líquidos. Existem gorduras animais
(banha de porco) e gorduras vegetais (gordura de coco), bem como óleos animais (óleo de
fígado de bacalhau) e óleos vegetais (de oliva, soja, milho, etc.).

  óleo de algodão
  
  vegetais óleo de amendoim
  
comestível  óleo de soja
 
animais 
óleo de baleia
Óleos 
  óleo de fígado de bacalhau

  óleo de linhaça
 
 secativos  óleo de cânhamo
 
  óleo de tungue

260
  gordura de coco
 vegetais 
 manteiga de cacau
 banha de porco
Gorduras 
animais manteiga do leite
 
 
  sebo de boi

A transformação de óleo em gordura se dá através da hidrogenação catalítica do óleo,


utilizando como catalisador o níquel.

Para transformar óleo em gordura, efetuamos a hidrogenação catalítica do óleo:

cataliador
Óleo + H2 gordura

O catalisador é o níquel.

Exemplo:

7.7.3.2 Cerídeos ou Ceras


Abrangem produtos de origem animal (cerúmen do ouvido e cera de abelha) e de
origem vegetal (cera de carnaúba, cutina).

Exemplos

7.7.3.3 Fosfolipídios
Possuem um radical fosforado, integrando uma cadeia nitrogenada. Constituem
exemplos: a lecitina, integrante da membrana plasmática de todas as células animais e
vegetais; a cefalina e a esfingomielinas, encontradas na estrutura do encéfalo e da medula
espinhal.

261
7.7.4 Reação de saponificação de um glicerídeo
É a reação que ocorre entre um glicerídeo e uma base forte, geralmente o hidróxido de
sódio (NaOH) ou o hidróxido de potássio (KOH):

Exemplo

7.8 OS ÁCIDOS NUCLÉICOS


Existem dois tipos básicos de ácidos nucléicos: O ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLÉICO
(DNA) e o ÁCIDO RIBONUCLÉICO (RNA).

Os ácidos nucléicos estão sempre associados a proteínas, constituindo uma


nucleoproteína.

São encontrados em todos os seres vivos, entretanto, os vírus possuem apenas um


tipo de ácido nucléico, DNA ou RNA. Eles constituem a base química da hereditariedade.

Nas células, o DNA é encontrado quase exclusivamente no núcleo, embora exista


também nos cloroplastos e nas mitocôndrias. Tem a função de sintetizar as moléculas de RNA
e de transmitir as características genéticas. O DNA se encontra no núcleo celular, compondo o
retículo nuclear e os cromossomos; é encontrado também no interior dos plastos e das
mitocôndrias. Eles formam os genes, pois no longo código genético de cada DNA, registrado
na seqüência de suas bases nitrogenadas, está implícita a programação de um ou mais caráter
hereditário. Se o DNA encerra no seu código a programação para um certo caráter, é preciso
que ele forme um RNA que transcreva o seu código.

O RNA é encontrado tanto no núcleo como no citoplasma, embora sua função de


controle da síntese de proteínas seja exercida exclusivamente no citoplasma. São encontrados
no núcleo, formando os nucléolos e no citoplasma, formando os ribossomos. Os RNA são
formados modelando-se em moléculas de DNA (transcrição). O RNA, formado no molde do
DNA, passa ao citoplasma, levando consigo a mensagem do DNA. No citoplasma ele vai
cumprir o seu papel, determinando a síntese de uma proteína (tradução). Essa proteína terá
um papel na manifestação do caráter hereditário condicionado pela presença daquele DNA nas
células do indivíduo.

262
Logo, o DNA tem uma função eminentemente genética, mas que só é exercida pela
atividade dos RNA, que são sintetizadores de proteínas.
As unidades estruturais de um ácido nucléico são as mesmas, tanto numa bactéria
como em um mamífero. Todos os ácidos nucléicos são constituídos de filamentos longos nos
quais se sucedem, por polimerização, unidades chamadas nucleotídeos.

Cada nucleotídeo é constituído por um fosfato (P), uma pentose (ribose ou


desoxirribose) e uma base nitrogenada (adenina, guanina, citosina, timina ou uracila).

⇒ O radical fosfato (HPO4) é proveniente do ácido fosfórico.

⇒ A ose (uma pentose, monossacarídeo com 5 átomos de carbono) é a ribose no RNA, e


a desoxirribose no DNA.

As bases são de dois tipos: bases púricas e bases pirimídicas.

⇒ As bases púricas são a adenina (A) e a guanina (G), ambas encontradas tanto no DNA
como no RNA.

⇒ As bases pirimídicas são a citosina, encontrada no DNA e no RNA; a timina (T),


encontrada no DNA; e a uracila (U), encontrada no RNA.

No DNA, encontramos sempre duas cadeias paralelas de nucleotídeos. No RNA, só há


uma cadeia de nucleotídeos. As cadeias de ácidos nucléicos são longas e encerram muitas
centenas de nucleotídeos. Elas se mostram como filamentos enrolados em trajetória helicoidal.
No caso do DNA, especificamente, as bases nitrogenadas se comportam como os degraus de
uma escada de corda.

Verificou-se que no DNA a quantidade de adenina é sempre igual à de timina, e a


quantidade de guanina é sempre igual à de citosina. Isso porque a adenina está ligada à timina
e a guanina se liga à citosina. Essas ligações são feitas por meio de pontes de hidrogênio,
duas pontes nas ligações A-T e três pontes nas ligações C-G.

A molécula de DNA tem a forma de uma espiral dupla, assemelhando-se a uma


escada retorcida, onde os corrimões seriam formados pelos fosfatos e pentoses e cada degrau
seria uma dupla de bases ligadas às pentoses. A seqüência das bases nitrogenadas ao longo
da cadeia de polinucleotídeos pode variar, mas a outra cadeia terá de ser complementar.

Se numa das cadeias tivermos: ATCGCTGTACAT

Na cadeia complementar teremos: T A G C G A C A T G T A

As moléculas de DNA são capazes de se autoduplicar (replicação), originando duas


novas moléculas com a mesma seqüência de bases nitrogenadas, onde cada uma delas
conserva a metade da cadeia da molécula original.

Pela ação da enzima DNA-polimerase, as pontes de hidrogênio são rompidas e as


cadeias de DNA separam-se. Posteriormente, por meio da ação de outra enzima, a DNA,
ligam-se, novas moléculas de nucleotídeos vão-se ligando às moléculas complementares já
existentes na cadeia original, seguindo as ligações A-T e C-G.

Dessa forma surgem duas moléculas de DNA, cada uma das quais com uma nova
espiral proveniente de uma molécula-mãe desse ácido. Cada uma das duas novas moléculas
formadas contém metade do material original. Por esse motivo, o processo recebe o nome de
síntese semiconservativa.

A autoduplicação do DNA ocorre sempre que uma célula vai iniciar os processos de
divisão celular (mitose ou meiose).

263
7.9 AMINOÁCIDOS
São ácidos orgânicos formados por átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e
nitrogênio. Alguns tipos de aminoácidos contêm também átomos de enxofre e fósforo que
aparecem, portanto na composição das proteínas. São moléculas pequenas com PM de
aproximadamente 130.

Exemplo

7.9.1 Classificação dos aminoácidos


7.9.1.1 Essenciais

São aqueles que não podem ser sintetizados pelos animais.

7.9.1.2 Não essenciais

São aqueles que podem ser sintetizados pelos animais. São de 10 a 12 AAs
encontrados em suas proteínas.

Não Essenciais Essenciais

Ácido aspártico Fenilanina

Ácido glutâmico Isolucina

Alanina Leucina

Arginina Lisina

Asparagina Metionina

Cisteína Treonina

Glicina Triptofano

Glutamina Valina

Histidina

Prolina

Serina

Tirosina

264
7.9.2 Classificação com relação à cadeia
7.9.2.1 Aminoácidos alifáticos

Possuem cadeia carbônica aberta.

EXEMPLO

7.9.2.2 Aminoácidos aromáticos

Possuem cadeia aromática.

EXEMPLO

7.9.2.3 Aminoácidos alicíclicos

Apresentam cadeia fechada.

EXEMPLO

7.9.3 Propriedades químicas

• Característica ácida (presença do grupo carboxila).


• Característica básica (presença do grupo amino).
• Interação intramolecular, originando um "sal interno".

265
• Solúveis em água.
• Insolúveis em solventes orgânicos.
• PF e PE altos (características dos sais).

7.9.4 Caráter ácido e básico


Possuem caráter anfótero, pois podem reagir tanto com ácidos, como também com
bases, devido a presença do grupo funcional (–NH2), que reage com ácidos e do grupo (–
COOH), que reage com bases.

7.10 PROTEÍNAS
Constituem o componente orgânico mais abundante na célula e isso se explica porque
são as principais substâncias sólidas que formam, praticamente, todas as estruturas celulares.

Ainda que possam fornecer energia, quando oxidadas, as proteínas são muito mais
compostos plásticos ou estruturais e que têm relevantes funções na organização, no
funcionamento, no crescimento, na conservação, na reconstrução e na reprodução dos
organismos.

São sempre compostos quaternários, pois possuem carbono, hidrogênio, oxigênio e


nitrogênio na sua composição.

Apresentam sempre elevado peso molecular, já que são formadas pela polimerização
de centenas de aminoácidos, constituindo moléculas enormes de estrutura complexa.

A hidrólise completa de uma molécula protéica determina a liberação de um grande


número de aminoácidos.

Os aminoácidos se combinam encadeando-se uns aos outros por meio de ligações


peptídicas que são ligações entre o grupo COOH de um aminoácido e o radical NH2 de outro,
com a saída de uma molécula de água.

266
O O O
H H H H H H
n.R C C + n.R C C N C C N C +
OH OH CH3 CH3
NH2 H NH
aminoácido aminoácido Polímero (proteína) n

A ligação abaixo, que caracteriza as proteínas, é denominada ligação peptídica ou


ligação amídica (função amida).

C N

O H

As cadeias assim constituídas chamam-se polipeptídicas e, ao atingirem certa


dimensão, recebem o nome de proteínas. É comum considerar proteínas os polipeptídeos com
massa molar a partir de 6000 g/mol.

Nos animais, um aminoácido é considerado essencial quando não pode ser sintetizado
pelas células, tendo que ser absorvido através da alimentação, e natural quando pode ser
sintetizado pelas células. Nos seres humanos, o fígado é o responsável pelas reações de
transaminação ou síntese de aminoácidos.

7.10.1 Enzimas
Enzimas são proteínas especiais que têm ação catalisadora (biocatalizadores
orgânicos), estimulando ou desencadeando reações químicas importantíssimas para a vida,
que dificilmente se realizariam sem elas. São sempre produzidas pelas células, mas podem
evidenciar sua atividade intra ou extracelularmente. Realizada a sua ação, a enzima
permanece intacta. Ela acelera a reação, mas não participa dela. Assim, uma mesma molécula
de enzima pode atuar inúmeras vezes.

Características das enzimas:

• Atividade específica na relação enzima-substrato - São considerados substratos as


substâncias sobre as quais agem as enzimas. Cada enzima atua exclusivamente sobre
determinado ou determinados substratos, não tendo qualquer efeito sobre outros.

• Atividade reversível - A atividade enzimática pode ocorrer nos dois sentidos da reação
(a+b=c ou c=a+b).

• Intensidade de ação proporcional à temperatura - Dentro de certos limites, a


intensidade de ação da enzima aumenta ou diminui quando a temperatura se eleva ou
abaixa. O ponto ótimo de ação das enzimas varia de um organismo para outro.
Variações muito grandes de temperatura levam à inativação ou desnaturação da
enzima.

• Intensidade de ação relacionada com o pH - Algumas enzimas só agem em meio


ácido, outras somente em meio alcalino. Mudanças no pH podem inativar ou
desnaturar a enzima.

267
7.10.2 Anticorpos
Outro grupo importante de proteínas são os anticorpos.

Quando uma proteína estranha (antígeno) penetra em um organismo animal, ocorre a


produção de uma proteína de defesa chamada anticorpo. Eles são produzidos por células do
sistema imunológico (linfócitos).

Os anticorpos são específicos; determinado anticorpo age somente contra aquele


antígeno particular que induziu a sua formação.

Desde que um certo antígeno tenha penetrado uma primeira vez no organismo,
provocando a fabricação de anticorpos, o organismo guarda uma ‘lembrança’ da proteína
invasora. Ocorrendo novas invasões, o organismo se defende com os anticorpos formados.
Diz-se que o organismo ficou imunizado.

Se a ação do antígeno for muito rápida, perigosa ou letal, a ciência recorre a vacinas e
soros.

As vacinas vão induzir o organismo a produzir anticorpos contra determinado antígeno


(imunização ativa) enquanto os soros já contêm o anticorpo específico (imunização passiva).

7.11 VITAMINAS
São substâncias orgânicas especiais que atuam a nível celular como desencadeadores
da atividade de enzimas (coenzimas).

Elas são atuantes em quantidades mínimas na química da célula, com função


exclusivamente reguladora.

São produzidas habitualmente nas estruturas das plantas e por alguns organismos
unicelulares.

Os seres mais desenvolvidos necessitam obtê-las através da alimentação.

Algumas vitaminas são obtidas pelos animais na forma de provitamina, substância não
ativa, precursora das vitaminas propriamente ditas. Assim acontece com a vitamina A, que é
encontrada como provitamina A ou caroteno; e a vitamina D2 (calciferol), obtida de certos óleos
vegetais na forma de ergosterol ou provitamina D2. A falta de determinada vitamina no
organismo humano causa distúrbios que caracterizam uma avitaminose ou doença carêncial. A
melhor forma de se evitar as avitaminoses é consumir uma dieta rica em frutos, verduras,
cereais, leite e derivados, ovos e carnes.

As vitaminas se classificam em hidrossolúveis e lipossolúveis, conforme sejam


solúveis em água ou lipídios (óleos e gorduras).

São lipossolúveis as vitaminas A, D, E e K; as demais são hidrossolúveis.

As vitaminas hidrossolúveis dissolvem-se na água durante o processo de cozimento de


verduras e legumes, por isso, recomenda-se o aproveitamento do caldo resultante.

7.11.1 Vitamina A (axeroftol ou retinol)

• Pode ser encontrada no leite, na manteiga, na gema de ovos, nos óleos de


fígado de bacalhau e baleia, na cenoura, nas pimentas e outros vegetais
amarelos, alaranjados e vermelhos.


0
É termoestável, pois suporta temperaturas de até 100 C.

268
• É importante nos processos de cicatrização e entra na composição da
rodopsina ou púrpura visual, substância formada na retina e necessária para o
bom funcionamento da visão.

• A sua carência provoca dificuldade de adaptação da visão em locais pouco


iluminados, o que é conhecido como hemeralopia ou cegueira noturna.
Também provoca a xeroftalmia, que é um processo de ressecamento e
ulceração da córnea transparente do olho, podendo levar à cegueira parcial ou
total.

7.11.2 Vitamina B1 (tiamina ou aneurina)

• Encontrada no arroz e trigo integrais, na levedura de cerveja e em vegetais


verdes folhosos (couve, repolho, alface), fígado, ovos, soja, nozes, feijões, leite
e derivados, frutas frescas, carne e peixes.

• Atua nos processos de oxidação da glicose e outros carboidratos.

• Sua carência provoca o beribéri, caracterizado por fraqueza e atrofia muscular,


inflamação de nervos periféricos (polineurite), absorção defeituosa de
alimentos no intestino, falta de apetite (anorexia), crescimento retardado,
inchaços (edemas) e insuficiência cardíaca.

7.11.3 Vitamina B2 (riboflavina)

• Também é obtida de vegetais folhosos, de cereais, do leite e de frutos.

• Previne contra neurites.

• Sua carência provoca lesões na mucosa bucal (glossite) e rachaduras nos


cantos dos lábios (queilose).

7.11.4 Vitamina B12 (cianocobalamina e hidroxicobalamina)

• É encontrada na carne fresca, no fígado, nos rins e é produzida no intestino


por alguns microorganismos (leveduras do gênero Streptomyces).

• É essencial para o processo de maturação dos glóbulos vermelhos na medula


óssea. Tem ação antineurítica e antianêmica.

• Sua carência provoca a formação de hemácias imaturas, ocasionando a


chamada anemia perniciosa ou megaloblástica.

7.11.5 Vitamina PP (niacina ou nicotinamida)

• Pertence ao complexo B, sendo obtida das mesmas fontes das anteriores.

• Sua carência ocasiona a pelagra, distúrbio que provoca diarréia, dermatite


(inflamação da pele) e lesões nervosas que afetam o sistema nervoso central,
levando à demência. É chamada doença dos três D: dermatite, diarréia,
demência.

Além dessas, fazem parte do Complexo B as vitaminas B6 (piridoxina), H


(biotina) e P (rutina), assim como o ácido fólico, o ácido pantotênico, a colina e o
inositol.

269
7.11.6 Vitamina C (ácido ascórbico)

• Encontrada nos frutos cítricos (laranja, limão, tangerina), na acerola, no caju,


no pimentão, na goiaba e nas hortaliças em geral.

• Decompõe-se facilmente quando exposta às condições normais do meio


ambiente.

• É essencial para a produção adequada de colágeno, participa do


desenvolvimento do tecido conjuntivo e é estimulante da produção de
anticorpos pelo organismo. É por isso chamada de vitamina antinfecciosa,
sendo largamente usada no tratamento e prevenção dos estados gripais.

• Sua carência provoca o escorbuto, caracterizado por lesões da mucosa


intestinal com hemorragias digestivas, vermelhidão das gengivas que sangram
facilmente e enfraquecimento dos dentes.

7.11.7 Vitamina E (tocoferol)

• Encontrada nas verduras, cereais (aveia, cevada, milho, trigo, arroz),


leguminosas (feijão, ervilha, soja), leite e seus derivados, ovos, etc.

• Age como estimulante da gametogênese, retarda o envelhecimento e


regulariza a taxa de colesterol.

7.11.8 Vitamina K (filoquinona)

• É encontrada em vegetais folhosos e no alho. Também é sintetizada


naturalmente pela flora bacteriana do nosso intestino delgado.

• É conhecida como anti-hemorrágica porque atua no mecanismo de formação


da protrombina, substância que entra no processo de coagulação sangüínea.

• Sua carência ocasiona um tempo maior para a coagulação do sangue, o que


pode ser fatal em alguns casos.

7.11.9 Vitamina D [calciferol (D2 – vegetal) e 7-deidrocolesterol ativado


(D3 - animal)]

• Na forma de provitamina D2 (ergosterol), é encontrada nos óleos vegetais e de


fígado de bacalhau e baleia, leite e seus derivados, gema de ovos, fígado
bovino, etc. Só se forma pela transformação das provitaminas na pele, quando
o indivíduo se expõe às radiações ultravioletas dos raios solares.

• Ela atua estimulando a absorção dos sais de cálcio nos intestinos, regulando a
sua fixação nos ossos e nos dentes.

• A carência de vitamina D implica no raquitismo, doença que se caracteriza pela


formação defeituosa dos ossos e dentes. Os ossos ficam moles e deformáveis,
comprometendo o crescimento. Os ossos da cabeça se alargam e os do tórax
se deformam, originando o chamado ‘peito de pombo’ (curvatura óssea do
tórax para fora), os ossos da perna se curvam para fora, a coluna vertebral se
apresenta com saliências anormais (rosário raquítico).

270
7.12 COENZIMAS

Coenzima é uma substância orgânica, não protéica necessária ao funcionamento de


certas enzimas. Muitas vitaminas são coezimas de processos vitais, daí sua importância. A
coenzima A, por exemplo, é importante na respiração celular.

Muitas enzimas são proteínas conjugadas e na sua constituição tem um cofator, esse
cofator quando é de origem orgânica denomina-se coenzima.

Esse cofator vai-se ligar à parte protéica, a apoenzima, formando a holoenzima. O


efeito da coenzima será de proporcionar um maior número de grupos químicos em que a
enzima pode catalizar.

7.12.1 Relação entre vitaminas e coenzimas


Muitas vitaminas (principalmente as hidrossolúveis que pertencem ao grupo B) atuam
como coenzimas, pois estas se fundem com as enzimas dando-lhes uma função específica.

É de salientar que estas vitaminas são coenzimas para todos os seres vivos, mas
apenas vitaminas para alguns, pois a carência em longo prazo de uma vitamina (avitaminose)
causa um conjunto de anomalias no organismo por este precisar dessa mesma vitamina para
catalizar certas reações.

Sem enzimas e coenzimas as reações seriam muito lentas comprometendo assim uma
boa saúde (Olhar quadros 1, 2 e 3)

Vitamina (hidrossolúveis)
Coenzimas das
Principais funções ou fator de crescimento
oxidorredutases
relacionado

Nicotinamida-adenina-
Vitamina PP (ácido nicotínico)
dinucleótido (NAD)

Nicotinamida-adenina-
Vitamina PP (ácido nicotínico)
dinucleótido-fosfato (NADP)
Oxirredução (desidrogenases,
Flavina-mononucleótido
cadeia respiratória) Riboflavina (vitamina B2)
(FMN)

Flavina-adenina-dinucleótido
Riboflavina (vitamina B2)
(FAD)

Coenzimas quinônicas -

Ácido lipóico Descarbolização oxidante Ácido lipóico

Quadro 1 – Síntese das relações entre coenzimas oxirredutases e vitaminas hidrossolúveis.

271
Vitamina (hidrossolúveis)
Coenzimas das
Principais funções ou fator de crescimento
transferases
relacionado

Descarboxilação,
Pirofosfato de tiamina (TPP) Vitamina B1 (tiamina)
transcetolização

Coenzima A (fosfopanteteína) Transferência de acilo (R-CO-) Ácido pantoténico

Ácido tetra-hidrofólico e Transferência de grupos


Ácido fólico
derivados monocarbonados

A-adenosilmetionina Transmetilação Metionina

Biotina B-Oxidação dos ácidos gordos Biotina

Fosfato de piridoxal Metabolismo dos aminoácidos Vitamina B6

Coenzimas de cobamida Transferência de metilo Vitamina B12

Quadro 2 – Síntese das relações entre coenzimas transferases e vitaminas hidrossolúveis

Vitamina (lipossolúveis) ou
Coenzimas Principais funções fator de crescimento
relacionado

Visão, crescimento e
Retinal Vitamina A
reprodução, antioxidante.

Metabolismo do cálcio e do
1, 2, 5-dihidroxilcolecalciferol Vitamina D
fosfato

- Antioxidação de lipídios Vitamina E

- Coagulação sanguínea Vitamina K

Quadro 3 – Síntese das relações entre coenzimas e vitaminas lipossolúveis

7.13 CICLO DE KREBS

O ciclo de Krebs, tricarboxílico ou do ácido cítrico, corresponde à uma série de


reações químicas que ocorrem na vida da célula e seu metabolismo.

Descoberto por Sir Hans Adolf Krebs (1900-1981). O ciclo é executado na mitocôndria
dos eucariotes e no citoplasma dos procariotes.

Trata-se de uma parte do metabolismo dos organismos aeróbicos (utilizando oxigênio


da respiração celular); (organismos anaeróbicos utilizam outro mecanismo, como a glicólise =
outro processo de fermentação independente do oxigênio.)

272
O ciclo de Krebs é uma rota anfibólica, catabólica e anabólica, com a finalidade de
oxidar a acetil-CoA (acetil coenzima A), que se obtém da degradação de carboidratos, ácidos
graxos e aminoácidos a duas moléculas de CO2.

Este ciclo inicia-se quando o piruvato que é sintetizado durante a glicólise é


transformado em acetil CoA (coenzima A) por ação da enzima piruvato desidrogenase.

Este composto vai reagir com o oxaloacetato que é um produto do ciclo anterior
formando-se citrato.

O citrato vai dar origem a um composto de cinco carbonos, o alfa-cetoglutarato com


libertação de NADH, e de CO2. O alfa-cetoglutarato vai dar origem a outros compostos de
quatro carbonos com formação de GTP, FADH2 e NADH e oxaloacetato.

Após o ciclo de krebs ocorre outro processo denominado fosforilação oxidativa.

7.13.1 Via metabólica do ciclo de Krebs


Dois carbonos são oxidados, tornando-se CO2, e a energia dessas reações são
armazenadas em GTP, NADH e FADH2. NADH e FADH2 são coenzimas (moléculas que ativam
ou intensificam enzimas) que armazenam energia e são utilizadas na fosforilação oxidativa.

Reagentes/ Produtos/
Passo Substrato Enzima Tipo da reação
Coenzimas Coenzimas

Acetil CoA
1 Oxaloacetato Citrato sintase Condensação + CoA-SH
H2O

2 Citrato Aconitase Desidratação/Hidratação H2O H2O

Isocitrato + +
3 Isocitrato Oxidação NAD NADH + H
desidrogenase

Isocitrato +
4 Oxalosuccinato Descarboxilação H CO2
desidrogenase

+ +
α- α-Cetoglutarato Descarboxilação NAD + NADH + H
5
Cetoglutarato desidrogenase oxidativa CoA-SH + CO2

Succinil-CoA Fosforilação ao nível do GTP +


6 Succinil-CoA GDP + Pi
sintetase substrato CoA-SH

Succinato
7 Succinato Oxidação FAD FADH2
desidrogenase

8 Fumarato Fumarase Adição (H2O) H2O

Malato + +
9 L-Malato Oxidação NAD NADH + H
desidrogenase

273
7.13.2 Esquema Gráfico9

Adição de acetil com


liberação de CoA
4ª Oxidação

Preparação e
isomerização
Preparação

1ª Oxidação
3ª Oxidação

Descarboxilação

Descarboxilação,
adição de coenzima A
Liberação de coenzima A 2ª oxidação
Transformação de GDP em GTP
Transformação de ADP em ATP

7.13.3 As principais etapas do ciclo de Krebs

• Oxalacetato(4 carbonos) → Citrato(6 carbonos)

O ácido acético proveniente das vias de oxidação de glicídios, lipídios e proteínas,


combinam-se com a coenzima a formando o Acetil – CoA.

A entrada deste composto no ciclo de Krebs ocorre pela combinação do ácido acético
com o oxalacetato presente na matriz mitocondrial. Esta etapa resulta na formação do primeiro
produto do ciclo de Krebs, o citrato. A coenzima A, sai da reação como CoASH.

• Citrato (6 carbonos) → Isocitrato(6 carbonos)

O citrato sofre uma desidratação originando o isocitrato.

Esta etapa acontece para que a molécula de citrato seja preparada para as reações de
oxidação seguintes.

• Isocitrato → αcetoglutarato (5 carbonos)

Nesta reação há participação de NAD, o isocitrato sofre uma descaborxilação e uma


desidrogenação transformando o NAD em NADH, liberando um CO2 e origina como produto o
alfa-cetoglutarato.
• αcetoglutarato → Succinato (4 carbonos)

9
Esquema modificado
274
O αcetoglutarato sofre uma descarboxilação, liberando um CO2. Também ocorre uma
desidrogenação com um NAD originando um NADH, e o produto da reação acaba sendo o
Succinato.

• Succinato → Succinil – CoA

O succinato combina-se imediatamente com a coenzima A, originando um composto de


potencial energético mais alto, o succionil-Coa.

• Succinil-Coa → Succinato

Nesta reação houve entrada de GDP+Pi, e liberação de CoA-SH. O succinil-CoA libera


grande quantidade de energia quando perde a CoA, originando succinato.

A energia liberada é aproveitada para fazer a ligação do GDP com o Pi (fosfato


inorgânico), formando o GTP, como o GTP não é utilizado para realizar trabalho deve ser
convertido em ATP, assim esta é a única etapa do Ck que forma ATP.

• Succinato → Fumarato

Nesta etapa entra FAD. O succinato sofre oxidação através de uma desidrogenação
originando fumarato e FADH2. O FADH2 é formado a partir da redução do FAD.

• Fumarato → Malato

O fumarato é hidratado formando malato.

• Malato → Oxalacetato

Nesta etapa entra NAD. O malato sofre uma desidrogenacão originando NADH, a partir
do NAD, e regenerando o oxalacetato.

7.13.4 Função anabólica do ciclo de Krebs


Os compostos intermediários do ciclo de Otilia podem ser utilizados como precursores
em vias biossintéticas: oxaloacetato e a-cetoglutarato vão formar respectivamente aspartato e
glutamato.

A eventual retirada desses intermediários pode ser compensada por reações que
permitem restabelecer o seu nível.

Entre essas reações, que são chamadas de anapleróticas por serem reações de
preenchimento, as mais importantes é a que leva à formação de oxaloacetato a partir do
piruvato e que é catalisada pela piruvato carboxilase.

O oxaloacetato além de ser um intermediário do ciclo de Krebs, participa também da


neoglicogênese.

A degradação de vários aminoácidos também produz intermediários do ciclo de Krebs,


funcionando como reações anapleróticas adicionais.

275
7.13.5 O ciclo de Krebs e a respiração
A influência do ciclo de Krebs no processo da respiração celular começa com a
glicólise, processo ocorrido no citoplasma de uma célula, onde a glicose, obtida através dos
alimentos ingeridos, passa por uma série de dez reações químicas que culminam na formação
de duas moléculas de ácido pirúvico.

É a partir desse ponto que começa a participação do ciclo de Krebs na respiração


propriamente dita. O ciclo de Krebs ocorre dentro da mitocôndria, logo as moléculas de ácido
pirúvico têm que entrar nela.

Esse processo só ocorre quando há moléculas de oxigênio suficientes para cada


molécula de glicose, se há, na entrada do ácido pirúvico na mitocôndria faz com que o oxigênio
reaja com o ácido formando gás carbônico e libera os elétrons dos átomos de hidrogênio
presentes na fórmula da glicose.

Esses elétrons são transportados pelo NADH e o FADH, duas moléculas


transportadoras.

Os elétrons então se responsabilizam pela união de mais um átomo de fósforo, com


uma molécula de adenosina difosfato(ADP) formando a adenosina trifosfato o famoso ATP.

Esta molécula de ATP então é que fornecerá a energia para a vida da célula e o
transporte ativo de substâncias pelo corpo.

276
7.14 ATIVIDADES EXPERIMENTAIS
7.14.1 PORCENTAGEM DE ÁGUA

INTRODUÇÃO

A água, também chamada de monóxido de hidrogênio é uma substância líquida que


parece incolor ao olho nu, inodora e insípida, essencial a todas as formas de vida, sendo
considerada como solvente universal, tendo alto calor especifico, entre outros. Tendo múltiplas
funções como, transporte de substâncias, lubrificante, facilita as reações químicas, etc.

O percentual de água na batata é em torno de 79%.

OBJETIVO

• Determinar a porcentagem de água numa batata.

MATERIAL

• Tubos de ensaio
• Suporte para tubos de ensaio
• Vidro de relógio
• Fonte de aquecimento
• Pinça de madeira
• Rolha
• Balança

PROCEDIMENTOS

• Limpe e seque um tubo de ensaio


• Pese o tubo e anote a massa
• Coloque no tubo um pedacinho de batata, pese o conjunto e anote a massa
• Prenda verticalmente o tubo, contendo a batata, na garra de um suporte
• Aqueça o tubo, segurando um vidro relógio a 5 mm da boca do tubo
• Continue aquecendo até eliminar do tubo todo o vapor de água produzido
• Feche o tubo com uma rolha e deixe esfriar
• Tire a rolha, pese e anote a massa
• Repita com outras duas amostras e anote

QUESTÕES
1 - Complete com os fatos observados:

• Massa do tubo vazio (m1) = _______ g


• Massa do tubo com batata (m2) = ______ g
• Massa da batata (m3 = m2 – m1) = _______ g
• Massa do tubo com resíduo após aquecimento (m4) = _______ g
• Massa de H2O na batata (m5 = m2- m4) = ________ g
m5
• % de H2O na batata ( x100 ) = ________ %
m3
2 – Faça o mesmo com os resultados dos testes com as outras duas amostras.

277
7.14.2 IDENTIFICAÇÃO DE AÇÚCARES I

INTRODUÇÃO

O açucar é um dissacarídeo (C12) que em solução em meio ácido quente decompõe-se


em glicose (C6) e frutose (C6) que são monossacarídeos. A glicose (açúcar comum hidrolisado)
apresenta em sua estrutura o grupo aldeído e hidroxila sendo considerado um
polihidroxialdeído, já a frutose apresenta em sua estrutura o grupo cetona e hidroxila chamado
de polihidroxicetona.

OBJETIVO

Identificar a presença de açúcares nos alimentos.

MATERIAL

• Açúcar de cana
• Tubo de ensaio
• Água
• Reagente de Benedict
• Álcool
• Pinça de madeira
• Amido
• Bico de bunsen
• Conta-gotas
• Glicose
• Estante para tubos de ensaio
• Sacarose

PROCEDIMENTOS

• Etiquetar os tubos de ensaio e numerá-los de 1 a 4


• Colocar 4 mL de água nos tubos 1,2,3 e 4
• Acrescentar ao tubo 1: ½ colher de sacarose
• Acrescentar ao tubo 2: ½ colher de amido
• Acrescentar ao tubo 3: ½ colher de caldo de cana
• Acrescentar no tubo 4:2 mL de suco de fruta filtrado
• Pingar em cada um dos tubos 10 gotas de reagente de Benedict. Observar a cor das
soluções e anotar em uma tabela
• Ferver separadamente cada um dos tubos durante 1 minuto. Observar a cor das
soluções e anotar na tabela.

RESULTADO

TUBO SOLUÇÃO DE COR + REAGENTE DE BENEDICT COR + AQUECIMENTO


01 SACAROSE
02 AMIDO

03 CALDO DE CANA

04 SUCO DE FRUTA

278
7.14.3 IDENTIFICAÇÃO DE AÇÚCARES II

INTRODUÇÃO

O açucar é um dissacarídeo (C12) que em solução em meio ácido quente decompõe-se


em glicose (C6) e frutose (C6) que são monossacarídeos. A glicose (açúcar comum hidrolisado)
apresenta em sua estrutura o grupo aldeído e hidroxila sendo considerado um
polihidroxialdeído, já a frutose apresenta em sua estrutura o grupo cetona e hidroxila chamado
de polihidroxicetona.

OBJETIVO

• Identificar a presença de amido nos alimentos.

MATERIAL

• Pipetas
• Tubos de ensaio
• Suporte para tubos de ensaio
• Conta-gotas
• Bico de bunsen
• Solução saturada de iodo ou tintura de iodo
• Leite puro
• Leite puro + amido

PROCEDIMENTOS

• Adicione 10 mL de leite puro em um tubo de ensaio


• Aqueça até a ebulição
• Resfrie
• Adicione 5 gotas de solução de iodo
• Homogeneíze
• Repetir com a amostra de leite puro + amido

INTERPRETAÇÃO DO RESULTADO

Reação positiva: aparecimento de uma coloração azulada.

279
7.14.4 LIPÍDEOS

INTRODUÇÃO

Os lipídios ou lípides são compostos orgânicos que têm a natureza de ésteres, pois
são formados pela combinação de ácidos (graxos) com álcoois. Ácidos graxos são ácidos
orgânicos que revelam longas cadeias, variando entre 14 e 22 carbonos. Alguns ácidos graxos
são saturados e outros são insaturados.

OBJETIVO

• Saponificação dos óleos (lipídeos).

MATERIAL

• Tubos de ensaio
• Suporte para tubos de ensaio
• Béquer
• Bico de bunsen
• Pinça de madeira
• Proveta
• Pipeta
• Hidróxido de sódio – NaOH – 49%
• Amostras (óleo de oliva e óleo de coco)

PROCEDIMENTOS

• Ferva em um béquer 80 mL de água


• Misture em um tubo de ensaio 2 mL da amostra e 2 mL de NaOH
• Mergulhe o tubo na água do béquer durante 15 minutos
• Retire o tubo, esfrie-o e observe as camadas formadas de baixo para cima:
1ª camada (líquida): contém glicerina e NaOH
2ª camada (semi-sólida): contém sabão
3ª camada (líquida): contém óleo de oliva
• Você saponificou o óleo de oliva, isto é fê-lo reagir com NaOH, formando sabão e
glicerina
• Repita utilizando a outra amostra.

280
7.14.5 IDENTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS

INTRODUÇÃO

As proteínas são polímeros naturais de condensação de aminoácidos. Os aminoácidos


são compostos de função mista, ácido carboxílico e amina. Encontramos proteínas em todas
as células vivas, exercendo importantes papéis tais como construção do organismo, catálise e
defesa do organismo.

OBJETIVO

• Identificar a presença de proteínas nos alimentos.

MATERIAL

• Estante para tubos de ensaio


• Balança
• Bastão de vidro
• Sacarose
• Clara de ovo crua
• Hidróxido de sódio – 10%
• Colher de chá
• Proveta
• Conta-gotas
• Sulfato de cobre – 0,5%
• Tubo de ensaio
• Balão volumétrico de 100 mL

PROCEDIMENTOS

• Etiquetar os tubos de ensaio e numerá-los de 1 a 3


• Colocar 2 mL da solução de hidróxido de sódio a 10% em cada tubo de ensaio
• Acrescentar 5 gotas de sulfato de cobre a 0,5% a cada tubo
• Acrescentar 2 mL de clara de ovo ao tubo 1
• Acrescentar 1 colher de sacarose ao tubo 2
• Acrescentar 2 mL de água aos tubos 2 e 3
• Agitar os tubos até homogeneizar as misturas e comparar suas colorações

RESULTADOS
TUBO AMOSTRA COR + REAGENTE
01 Clara de ovo
02 Sacarose
03 Água

281
7.14.6 DETERMINAÇÃO DA PUREZA DO MEL PELA REAÇÃO DE LUND

INTRODUÇÃO

O mel é um dos mais antigos produtos naturais e dos melhores que o homem tem
conhecido como edulcorante. Lamentavelmente, durante o transcorrer dos tempos, esse
excepcional alimento vem sofrendo adulterações mediante a mistura com açúcar de cana ou
glicose, por falsificadores que, a procura de lucros fáceis, comprometem, no entanto, a saúde
dos consumidores.

Na reação de Lund, que é baseado na formação do precipitado pela reação do ácido


tânico com as proteínas do mel, quando o precipitado for de 0,6 – 0,3 mL o mel é puro, inferior
a 0,6 o mel é adulterado e não havendo formação de precipitado teremos solução de açucares.

OBJETIVO

 analisar a qualidade do mel produzido através da reação de Lund.

MATERIAL

• balão volumétrico de 100 mL


• bastão de vidro
• proveta graduada de 50 mL com rolha esmerilhada
• balança analítica
• ácido tânico 0,5 %

PROCEDIMENTOS

• pesar 2 g de mel e adicionar 20 mL de água destilada


• homogeneizar a mistura
• colocar na proveta de 50 mL
• adicionar 5 mL da solução de ácido tânico 0,5 % já preparada
• completar o volume até 40 mL
• colocar a tampa esmerilhada e agitar a mistura
• deixar em repouso por 24 horas

282
7.14.7 DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DO MEL ATRAVÉS DO pHmetro

INTRODUÇÃO

O mel pode ser definido como uma mistura complexa de açúcares altamente
concentrada, produzido a partir do néctar e outras exsudações naturais das plantas que são
coletadas, processadas e armazenadas pelas abelhas. Além de sua finalidade alimentar,
possuindo potencial calórico superior ao açúcar cristalizado, propriedades medicinais do mel
estão sendo descobertas e estudos com esta finalidade têm dado grande ênfase ao mel de
meliponíneos.

OBJETIVO
• determinar a acidez do mel

MATERIAL
• béquer de 250 mL
• bastão de vidro
• bureta de 10 mL
• proveta graduada de 100 mL
• balança analítica
• pHmetro
• solução de NaOH 0,1 M
• agitador magnético

PROCEDIMENTOS

• pesar 10 g do mel em um béquer de 250 mL e adicionar 75 mL de água destilada


• aferir o pHmetro com solução tampão pH 4,0 e pH 7,0
• montar o sistema
• colocar a solução de NaOH na bureta
• efetuar a primeira medição de pH
• titular até pH 8,5

283
7.14.8 DETERMINAÇÃO DA VITAMINA C

INTRODUÇÃO

A vitamina C é encontrada nos frutos cítricos (laranja, limão, tangerina), na acerola, no


caju, no pimentão, na goiaba e nas hortaliças em geral. Decompõe-se facilmente quando
exposta às condições normais do meio ambiente. É essencial para a produção adequada de
colágeno, participa do desenvolvimento do tecido conjuntivo e é estimulante da produção de
anticorpos pelo organismo. É por isso chamada de vitamina antinfecciosa, sendo largamente
usada no tratamento e prevenção dos estados gripais.

Sua carência provoca o escorbuto, caracterizado por lesões da mucosa intestinal com
hemorragias digestivas, vermelhidão das gengivas que sangram facilmente e enfraquecimento
dos dentes.

OBJETIVO

• Determinar o teor de vitamina C

MATERIAL

• tripé com tela de amianto • Tintura de iodo


• Termômetro • Amido de milho
• Béqueres • Água destilada ou filtrada
• Espremedor de frutas • Matrizes a serem analisadas (laranja,
• Coador pequeno limão, kiwi, caju ou acerola) ou os
• Comprimido efervescente de vitamina respectivos sucos ou concentrados.
C de 1g

PROCEDIMENTOS

• Em um béquer coloque 500 mL de água destilada ou filtrada, adicione ½ comprimido


efervescente de vitamina C de 1 g e deixe dissolver

• Em outro béquer colocar 100 mL de água destilada, aquecer até aproximadamente 70-
80°C, retirar do aquecimento e então adicionar ½ co lher de chá de amido de milho.
Homogeneizar de deixe esfriar

• Em 4 béqueres, numerados de 1 a 4, coloque 20 mL da suspensão de amido de milho


em cada um

• Processe a matriz do fruto escolhido para a análise da seguinte forma:


⇒ Se a matriz for polpa (kiwi, caju, acerola), bata 50 g (ou 50 mL) da matriz com 200
g (ou 200 mL) de água filtrada no liquidificador por 1 minuto, depois passe pelo
papel de filtro e utilize o filtrado;
⇒ Se o suco for industrializado ou concentrado, após a homogeneização, retire 50 g
(ou 50 mL) da embalagem e prepare como recomendado pelo fabricante;
⇒ Se for matriz que fornece suco (laranja ou limão), use o espremedor e depois a
peneira para coar o suco.

• Ao béquer 1 adicione 5 mL de água destilada

• Ao béquer 2 adicione 5 mL de vitamina C (padrão)

• Aos béqueres 3 e 4 adicione 5 mL do suco ou filtrado da matriz escolhida (experimento


em duplicata)

284
• Utilizando o conta-gotas, adicione uma gota de iodo comercial (2%) no béquer 1 e
agite. Se a coloração azul/roxa desaparecer adicione mais uma gota e agite

• Repita o procedimento para os béqueres de 2 a 4, interrompendo a adição quando a


coloração azul não desaparecer com agitação (agite mais ou menos 30 segundos).
Anote o número de gotas de solução de iodo gastas em cada béquer

• Complete transformando os valores para mg de vitamina C por 100 g de suco

5 mg de vitamina C N° de gotas gastas no béquer 2

X mg de vitamina C N° de gotas gastas no béquer 3


(em 5 mL) (ou 4)

5 mg x no de gotas gastas no béquer 3 (ou 4 )


X mg de vitamina C (em 5 ml ) =
no de gotas gastas no béquer 2

285
REFERÊNCIAS

AMINOÁCIDO. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Amino%C3%A1cido. Acesso em: 27


de outubro de 2008.
AMINOÁCIDOS. Disponível em: http://www.brasilescola.com/biologia/aminoacidos.htm. Acesso
em 27 de outubro de 2008.
CICLO DE KREBS. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ciclo_de_krebs. Acesso em: 27
de outubro de 2008.
CICLO DE KREBS. Disponível em:
http://www.babylon.com/definition/ciclo_de_Krebs/Portuguese. Acesso em: 27 de outubro de
2008.
Hartwig, Dácio Rodney. Química: Química orgânica, 3 / Hartwig, Souza, Mota – São Paulo:
Scipione, 99.
PROTEÍNAS. Disponível em:
http://www.universitario.com.br/celo/topicos/subtopicos/citologia/bioquimica/proteinas.htmL.
Acesso em: 27 de outubro de 2008.

DETERMINAÇÃO DA PUREZA DO MEL. Disponível em:


http://www.conhecer.org.br/enciclop/2005/20057a.pdf. Acesso em: 23 de dezembro de 2008.

286
CAPÍTULO 8 – PRINCIPIOS DA ÉTICA PROFISSIONAL E
COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

Horário de Aula

Horário 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

1º horário 13:30 às 14:25

2º horário 14:25 às 15:20

Intervalo 15:20 às 15:30

3º horário 15:30 às 16:25

4º horário 16:25 às 17:20

Professor (a): _________________________________________________________________

Aluno (a): ____________________________________________________________________

287
8.1 ÉTICA PROFISSIONAL
A ação diária de um indivíduo, dentro do contexto social em que se acha inserido,
enfrenta, além de outros desafios, uma série de mudanças. Esta realidade, aliada a falta de
conhecimentos deontológicos (princípios, fundamentos e sistemas de moral) e dos deveres
éticos gera, com certeza, dificuldades no exercício profissional, o que exige um esforço enorme
e que só será vitorioso se alicerçado na busca de conhecimentos. Este desafio a ser vencido e
que deve ter o seu início na formação profissional, deve ser preconizado através da busca
pelos aperfeiçoamentos morais, éticos e democráticos.

O exercício profissional é uma fonte inesgotável de desafios, em um mundo permeado


de constantes e novos conceitos, de entendimentos e conhecimentos, e que forçam a adoção
de posicionamentos, bem como de convencimentos contrários àqueles que até então estavam
postos ou aceitos como verdades consolidadas.

Focar o estudo na ética profissional exige um seccionamento de alguns conceitos, e a


constatação que verdades colocadas como únicas apresentam outras vertentes, mas que são
convergentes. Ao lidar com esse tipo de liberdade, a conduta ética, não apenas a profissional,
mas também a ética geral, em razão de sua complexidade, empurram o entendimento para
bem além do sabido e pretendido. O foco inicial, por isso, foi além, abrangendo também a
responsabilidade social dos profissionais, a sua participação na sociedade atual, no sentido de
dar respostas concretas e objetivas a um novo tempo e a uma nova sociedade, que está
exigindo posições claras e uma consciência ética profissional mais efetiva e menos hipócrita.

A compreensão do papel do profissional passa necessariamente, em razão dos


desafios de novos tempos sociais e profissionais, pelo conhecimento e compreensão dos
fundamentos éticos. A velocidade das informações no atual patamar da sociedade, que cada
vez mais rapidamente se integra, trás consigo, neste movimento global, incertezas,
diversidades de convicções e até interpretações equivocadas e confusas de conceitos e
condutas. Quando vemos grandes escândalos coorporativos na economia mundial, quando
profissionais egressos dos mais tradicionais centros de formação superior sendo seus
protagonistas centrais, fica visível que a obsessão pela idéia do sucesso e ganhos pessoais,
sufocou a consciência ética.

Apesar de persistir o entendimento de que ética não se ensina nas escolas, a


preocupação com a formação ética e moral, principalmente a de ordem profissional, não pode e
não deve ser negligenciada.

Conceituar ética vai colidir com idéias de muitos autores,


passados pelos conceitos históricos até os mais recentes
entendimentos. Aristóteles, considerado um dos maiores alicerces do
pensamento ocidental, em Ética a Nicômaco (2002, p.52), diz que
"ética é tudo aquilo que todos desejam". Este tudo pode ser lido como
felicidade ou como diz o pensador acima citado, "é viver de acordo
com tudo que é bom para o espírito racional". A razão deve dirigir as
ações do homem para que a ética vista por Aristóteles, seja
plenamente atingida.

288
Palavra de origem grega e tem duas origens possíveis, segundo Moore (apud GOLDIN,
2000, p.2), "ETHOS" com E curto pode ser lido como costume. "ETHOS" com E longo é
entendido como propriedade de caráter. Esta segunda é que orienta o atual entendimento de
ética, no dizer do professor José Roberto Goldin(2000, p.2).

Etimologicamente define-se a palavra ética como local de morada ou habitação e a


advogada Gisele Gondin Ramos (2001, p.7) diz que "ética determina o que se deve fazer e o
que se deve evitar", ao discorrer sobre a ética profissional do advogado na obra citada. Na
visão de Moore (apus GOLDIN, 2000, p.1), "a ética é a investigação geral sobre aquilo que é
bom". Apenas ater-se ao termo grego, sob a interpretação do latim, não é, porém o que hoje
10
entende-se por ética, uma vez que para a tradução no latim, passou a ser moralis , ou seja,
usos e costumes.

Já como ética profissional, o conceito de Gilvando(apud ANDRADE FILHO, 2000, p.48)


que diz ser "a parte da ética que ensina o homem a agir em sua profissão, tendo em vista os
princípios da moral fundamental". A compreensão da ética profissional, por outro lado, não
pode ser observada e aceita sem o devido estudo da deontologia jurídica, ou seja, no dizer de
Langaro(1996, p.62), "conhecer a ciência dos deveres, no âmbito de cada profissão". Este
estudo, quando mais aprofundado, não pode, simultaneamente, afastar-se dos direitos do
homem, frente a sua profissão e se assim o fizer, não haverá um crescimento harmônico junto
ao caminho escolhido uma vez que o coletivo será abandonado em detrimento às limitações
pessoais. Daí afirmar que a conduta ética profissional é, em parte, castradora da liberdade
individual, não é dizer nenhuma heresia, pois a liberdade absoluta não se verga às normas e
condutas de ordem ética.

Ao mesmo tempo, estas limitações, ou esta aparente falta de liberdade, sob o olhar da
ética, colocam o profissional diante de inúmeras oportunidades para exercitar a moral plena,
não só a pessoal ou a de seu cliente. Mas, também lhe oportunizada a aprimorar e aperfeiçoar
a liberdade social em busca de uma justiça íntegra que no final, é a felicidade social almejada.

8.1.1 Definição
A ÉTICA PROFISSIONAL é um conjunto de normas de conduta que deverão ser
postas em prática no exercício de qualquer profissão; ação "reguladora" da ética agindo no
desempenho das profissões, fazendo com que o profissional respeite seu semelhante quando
no exercício da sua profissão.

A ética profissional estuda e regula o relacionamento do profissional com sua clientela,


visando a dignidade humana e a construção do bem-estar no contexto sócio-cultural onde
exerce sua profissão.

Ela atinge todas as profissões e quando falamos de ética profissional estamos nos
referindo ao caráter normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir
de estatutos e códigos específicos.

10
Moralis – Tradução do grego éthicos para o latim mores. usos e costumes

289
Sendo a ética inerente à vida humana, sua importância é bastante evidenciada na vida
profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades
sociais, pois envolvem pessoas que dela se beneficiam.

8.1.2 Virtudes profissionais

Para ser uma pessoa ética, devemos seguir um conjunto de valores. Ser ético é
proceder sem prejudicar os outros. Algumas das características básicas de como ser um
profissional ético é ser bom, correto, justo e adequado.

Algumas qualidades são consideradas importantes no exercício de uma profissão, as


principais veremos a seguir:

Honestidade

Está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a responsabilidade


perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos;

Sigilo

O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser
desenvolvido na formação de futuros profissionais, pois se trata de algo muito importante. Uma
informação sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória.

Competência

A competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de forma


adequada e persistente a um trabalho ou profissão.

É de extrema importância a busca da competência profissional em qualquer área de


atuação. Recursos humanos devem ser incentivados a buscar sua competência e maestria
através do aprimoramento contínuo de suas habilidades e conhecimentos.

O conhecimento da ciência, da tecnologia, das técnicas e práticas profissionais é pré-


requisito para a prestação de serviços de boa qualidade.

Prudência

Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência faz com que o
profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma mais
profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança, principalmente das decisões a serem
tomadas. A prudência é indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os
julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis.

290
Coragem

Todo profissional precisa ter coragem, pois o homem que evita e teme a tudo, não
enfrenta coisa alguma, torna-se um covarde. A coragem nos ajuda a reagir às críticas, quando
injustas, e a nos defender dignamente quando estamos cônscios de nosso dever. Nos ajuda a
não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente quando estas forem de real
interesse para outrem ou para o bem comum. Temos que ter coragem para tomar decisões,
indispensáveis e importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar em conta possíveis
atitudes ou atos de desagrado dos chefes ou colegas.

Perseverança

Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está sujeito a
incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o
profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas. É louvável a
perseverança dos profissionais que precisam enfrentar os problemas do subdesenvolvimento.

Compreensão

Qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos que dele
dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no
relacionamento profissional.

É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que o profissional não
se deixe levar por opiniões ou atitudes, nem sempre, válidas para eficiência do seu trabalho,
para que não se percam os verdadeiros objetivos a serem alcançados pela profissão.

Vê-se que a compreensão precisa ser condicionada, muitas vezes, pela prudência. A
compreensão que se traduz, principalmente em calor humano pode realizar muito em benefício
de uma atividade profissional, dependendo de ser convenientemente dosada.

Humildade

O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o dono da
verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedades de um grande número de
pessoas.

Representa a auto-análise que todo profissional deve praticar em função de sua


atividade profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando a colaboração de
outros profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a aprender coisas
novas.

Imparcialidade

É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se


destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época dinheiro,
técnica, sexo...), a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente
uma posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial,
logo a justiça depende muito da imparcialidade.

Otimismo

Face às perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser


otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do
desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom-humor.

291
8.1.3 Código de Ética Profissional

Cabe sempre, quando se fala em virtudes profissionais, mencionarmos a existência dos


códigos de ética profissional. As relações de valor que existem entre o ideal moral traçado e os
diversos campos da conduta humana podem ser reunidos em um instrumento regulador.

É uma espécie de contrato de classe e os órgãos de fiscalização do exercício da


profissão passam a controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois, de critérios de
condutas de um indivíduo perante seu grupo e o todo social.

O código de Ética Profissional é aplicado na determinação da conduta de pessoas


físicas e jurídicas que atuam na área específica.

A emissão de parecer escrito sobre qualquer questão relacionada a ética é redigida


pela Comissão de Ética. Os pareceres devem ter apenas caráter opinativo. Instaurado o
Processo Ético, caberá a ela orientar a sua instrução.

8.1.3.1 Infrações

Qualquer transgressão ao Código de Ética constitui infração ética.Essas transgressões


dizem respeito aos:

• Deveres do profissional.
• Deveres em relação aos colegas.
• Deveres em relação à classe.
• Deveres em relação aos usuários e clientes.
• Deveres em relação aos honorários profissionais.
• Obrigações profissionais.
• Respeito aos direitos do profissional.
• Proibições ao profissional.

8.1.3.1.1 Deveres do Profissional

• O exercício profissional.
• Práticar atos que dignifiquem a profissão e a classe moral, ética e profissionalmente.
• Observar os ditames da ciência e da técnica.
• Respeitar as leis e normas estabelecidas para o exercício das profissões.
• Respeitar as atividades dos seus colegas e de outros profissionais.
• Contribuir para o desenvolvimento da sociedade e dos princípios legais do País.

8.1.3.1.2 Deveres em Relação aos Colegas

• Ser leal, solidario e respeitoso.


• Seguir a ética e as normas do exercício profissional.
• Usar elementos comprobatórios ao formular críticas ou denúncias.
• Respeitar as idéias, trabalhos e soluções, dos colegas jamais os usando como de sua
própria autoria.
• Evitar comentários desabonadores sobre a atuação profissional.
• Evitar encargo profissional em substituição a colega que tenha desistido dele por
dignidade ou interesses da profissão ou da classe, caso permaneçam as mesmas
condições.
• Colaborar com a formação profissional.
• Tratar com urbanidade e respeito os representantes dos órgãos de classe fornecendo
informações e facilitando o seu desempenho.
• Não denegrir a imagem de profissionais subordinados e de outros colegas.

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8.1.3.1.3 Deveres em Relação à Classe

• Prestigiar (e participar quando convidado) das entidades de classe e apoiar os


movimentos em defesa da profissão.
• Zelar pelo prestígio da classe, pela dignidade profissional e aperfeiçoamento de suas
instituições.
• Apoiar o trabalho dos órgãos de fiscalização profissional.
• Acatar a legislação profissional vigente.
• Zelar pelo cumprimento do Código de Ética, comunicando as infrações de que tenha
ciência.

8.1.3.1.4 Deveres em Relação aos Usuários e Clientes

• Prestar excelente atendimento ao público, não se recusando a prestar assistência


profissional, tratando-o com respeito e consideração.
• No desempenho de cargo, função ou emprego dignificá-lo moral e profissionalmente.
• Ao atuar como consultor, prestar seu trabalho com qualidade e, a qualquer tempo,
assegurar a excelência dos serviços.
• Orientação à pesquisa e normalização do trabalho intelectual.
• Interessar-se pelo bem público, para melhor servir à coletividade.

8.1.3.1.5 Deveres em Relação aos Honorários Profissionais

Exigir justa remuneração por seu trabalho e firmar previamente acordos (por escrito)
sobre os honorários e salários, considerando:

• A relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade de execução.


• O tempo para a realização do trabalho.
• A necessidade de dedicação exclusiva ao trabalho.
• As vantagens do serviço para o contratante.
• A peculiaridade de tratar-se de cliente eventual ou permanente.
• O local em que o serviço será prestado.

8.1.3.1.6 Obrigações Profissionais

• Exercer a profissão com zelo, capacidade e honestidade.


• Preservar o cunho liberal e humanista de sua profissão.
• Cooperar intelectual e moralmente para o progresso da profissão realizando
intercâmbio de informações com associações de classe, escolas e órgãos de
divulgação técnica e científica.
• Guardar sigilo no desempenho de suas atividades, quando o assunto exigir.
• Dar publicidade, de maneira digna, a sua instituição ou atividade profissional, evitando
manifestações que comprometam o conceito de sua profissão ou de colegas.
• Considerar que o comportamento profissional repercutirá nos juízos sobre a classe.
• Conhecer a legislação que rege a profissão e suas alterações, cumprindo-a
corretamente e colaborando para o seu aperfeiçoamento.
• Combater o exercício ilegal da profissão.

8.1.3.1.7 Direitos do Profissional

• Exercer a profissão independe de religião, raça, sexo, cor e idade.


• Denunciar ao Conselho Regional falhas e irregularidades nas normas e regulamentos
das instituições em que trabalha, quando as julgar indignas do exercício profissional.
• Votar e ser votado para qualquer cargo de órgãos ou entidades de classe.
• Defender e ser defendido pelo órgão de classe.
• Preservar o direito ao sigilo profissional ao atuar com informações confidenciais.
• Avaliar as vantagens da ciência e da técnica modernas.
• Servir com eficiência ao usuário, à classe e ao País.

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• Formular avaliações críticas e/ou propostas às autoridades competentes para
assegurar a qualidade do desempenho profissional e a preservação do bom
atendimento.
• Apresentar defesa quando acusado de falta prevista no Código de Ética, pautando-se
pelo princípio do contraditório.

8.1.3.1.8 Proibições ao Profissional

• Práticar atos comprometedores da dignidade e renome da profissão.


• Nomear ou contribuir para a indicação ou nomeação de pessoas sem habilitação e
registro profissional para cargos privativos de profissionais.
• Expedir, subscrever ou conferir diplomas, certificados ou atestados de capacitação
profissional a quem não preencha os requisitos profissionais.
• Assinar documentos que comprometam a dignidade da classe.
• Violar o sigilo profissional.
• Usar influência política em benefício próprio.
• Não comunicar infrações legais e éticas que forem de seu conhecimento.
• Iludir a boa fé, através da deturpação dos conteúdos de obras doutrinárias,
documentos legais, instrumentos e técnicas da área.
• Fazer comentários desabonadores sobre a profissão e entidades afins.
• Permitir a utilização indevida do seu nome e registro profissional por instituição pública
ou privada, onde não exerça a profissão.
• Assinar documentos ou trabalhos de terceiros ou de leigos, sem ter orientado,
supervisionado e fiscalizado sua realização.
• Exercer a profissão quando impedido por decisão administrativa transitada em julgado.
• Descumprir, sem justificativa, as normas dos Conselhos, bem como o não atendimento
de suas requisições, intimações ou notificações, no prazo determinado.
• Usar a posição hierárquica para obtenção de vantagens pessoais, discriminação e
abuso de poder.
• Aceitar discriminação no tocante a salários e critérios de admissão por sexo, idade, cor,
credo e estado civil.

8.1.3.2 Conclusão

A evolução da sociedade no mundo atual, decorrente de


avanços quase que instantâneos nas áreas de ciências, tecnologias e
comunicações tem forçado as instituições em geral a rever posições e
conceitos.

O profissional também não pode ficar a margem destas


mudanças e, necessariamente, está forçado à tomada de novas
posições e, com isso, vê-se na obrigatoriedade de ultrapassar
tradicionais concepções tidas até então como óbvias e quase dogmáticas.

A busca do sucesso, muitas vezes condicionada à realização financeira a qualquer


custo tem produzido equívocos de condutas. Estas por sua vez têm influenciado
negativamente, tanto na formação como no desempenho profissional que, muitas das vezes,
passa a ter uma imagem desacreditada junto à sociedade.

Cabe, portanto, rever alguns conceitos, tanto de ordem moral como éticas na formação
dos novos profissionais. É sabido, por outro lado que comportamento ético não se adquire só
nos bancos escolares e sem dúvida é algo, muito além disso, que, porém, não pode servir de
escape e deixar que a formação profissional seja ignorada.

Necessária também uma reflexão sobre a formação deste profissional, que dentro da
sociedade tem a obrigação de ser bem sucedido para ser reconhecido, decorrente da formação
tradicional e dado à influência do sistema. É grande o desafio, tanto dos estudantes como dos
profissionais, para atentar ao desafio dos novos tempos, quando, principalmente em nosso

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mundo ocidental, valores tradicionais, em nome do progresso e da modernidade estão sendo
esquecidos e desvirtuados. Cabe a todos, a fundamental participação, para as mudanças
exigidas nos atuais quadros para alcançar em futuro próximo, equilíbrio necessário e
indispensável que dê ao ser humano o seu lugar destacado na cadeia da evolução social.

8.2 COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL

A relação profissional é, antes de tudo, a relação entre pessoas. O


que talvez nos faça pensar, em princípio, em certa complexidade e,
portanto, em algumas dificuldades.

No entanto, muitos relacionamentos são simples e muito bem


desenvolvidos. Ao longo de algumas décadas de experiências vividas,
pudemos constatar que o principal fator que determina o sucesso ou a
maioria dos problemas na convivência em grupo é a comunicação.

Nosso objetivo é refletir sobre o processo básico da comunicação,


a fim de que haja maior exatidão naquilo que queremos expressar e na compreensão do
significado daquilo que se quer transmitir.

8.2.1 Conceitos
COMUNICAÇÃO - Do lat. communicatio de communis =
comum significa a ação de tornar algo comum a muitos. É o
estabelecimento de uma corrente de pensamento ou mensagem,
dirigida de um indivíduo a outro, com o fim de informar, persuadir ou
divertir. Significa, também, a troca de informações entre um
transmissor e um receptor, e a inferência (percepção) do significado
entre os indivíduos envolvidos.

COMUNICAÇÃO INTERPESSOAL é essencialmente um processo interativo e didático


(de pessoa a pessoa) em que o emissor constrói significados e desenvolve expectativas na
mente do receptor.

Além das palavras, existe um mundo infinito de nuances e prismas diferentes que
geram energias ou estímulos que são percebidos e recebidos pelo outro, através dos quais a
comunicação se processa.

Entre a mensagem enviada e a recebida, diversos ruídos podem aparecer, afetando a


mensagem.

Assim, a comunicação não estará completa enquanto o receptor não tiver interpretado
(percebido) a mensagem.

8.2.2 Barreiras à comunicação eficaz (Ruídos)

• Sobrecarga de informações: quando temos mais informações do que somos capazes


de ordenar e utilizar;

• Tipos de informações: as informações que se encaixarem com o nosso autoconceito


tendem a ser recebidas e aceitas muito mais prontamente do que dados que venham a
contradizer o que já sabemos. Em muitos casos negamos aquelas que contrariam
nossas crenças e valores;

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• Fonte de informações: como algumas pessoas contam com mais credibilidade do que
outras (status), temos tendência a acreditar nessas pessoas e descontar de
informações recebidas de outras.

• Localização física: a localização física e a proximidade entre transmissor e receptor


também influenciam a eficácia da comunicação. Resultados de pesquisas têm sugerido
que a probabilidade de duas pessoas se comunicarem decresce proporcionalmente ao
quadrado da distância entre elas.

• Defensidade: uma das principais causas de muitas falhas de comunicação ocorre


quando um ou mais dos participantes assume a defensiva. Indivíduos que se sintam
ameaçados ou sob ataque tenderão a reagir de maneira a diminuir a probabilidade de
entendimento mútuo.

Os recursos usados para anular ruídos são:

a) Redundância

É todo o elemento da mensagem que não traz nenhuma informação nova. É um


recurso utilizado para chamar a atenção e eliminar possíveis ruídos. Nesse sentido, devem-se
repetir frases e informações julgadas essenciais à compreensão do receptor;

b) Feedback (Retroalimentação)

Conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado


da mensagem; é o processo de se dizer a uma pessoa como você se sente
em função do que ela fez ou disse. Para isso, deve-se fazer perguntas e
obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou não.

8.2.3 Fatores considerados

• Quem está comunicando a quem, em termos de papéis que essas pessoas


desempenham (por exemplo, administração e operariado, gerente e subordinado);

• A linguagem ou os símbolos usados para a comunicação e a respectiva capacidade


de levar a informação e esta ser entendida por ambas as partes;

• O canal de comunicação ou o meio empregado e como as informações são recebidas


através dos diversos canais;

• A conteúdo da comunicação (boas ou más notícias, relevantes ou irrelevantes,


familiares ou estranhas);

• As características interpessoais do transmissor e as relações interpessoais entre


transmissor e o receptor;

• O contexto no qual a comunicação ocorre, em termos de estrutura organizacional (por


exemplo, dentre de ou entre departamentos, níveis e assim por diante).

8.2.4 Como melhorar a comunicação interpessoal


8.2.4.1 Habilidades de transmissão

• Usar linguagem apropriada e direta (evitando o uso de jargão


e termos eruditos quando palavras simples forem suficientes);

• Fornecer informações tão claras e completas quanto for


possível;

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• Usar canais múltiplos para estimular vários sentidos do receptor (audição, visão etc.);

• Usar comunicação face a face sempre que for possível.

8.2.4.2 Habilidades auditivas

• Escuta ativa

A chave para essa escuta ativa ou eficaz é a vontade e a capacidade de escutar a


mensagem inteira (verbal, simbólica e não-verbal), e responder apropriadamente ao conteúdo e
à intenção (sentimentos, emoções etc.) da mensagem. Como administrador, é importante criar
situações que ajudem as pessoas a falarem o que realmente querem dizer.

• Empatia

A escuta ativa exige certa sensibilidade às pessoas com quem


estamos tentando nos comunicar. Em sua essência, empatia significa
colocar-se na posição ou situação da outra pessoa, num esforço para
entendê-la.

• Reflexão

Uma das formas de se aplicar à escuta ativa é reformular sempre a mensagem que
tenha recebido. A chave é refletir sobre o que foi dito sem incluir um julgamento, apenas para
testar o seu entendimento da mensagem.

• Feedback (Retroalimentação)

Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de feedback é


mais uma maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções.

Habilidades de Feedback (Retroalimentação)

 Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior).

 No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto; começar uma discussão com


questões periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las.

 Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor.

 Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de


informações ou críticas).

 Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode estar
contribuindo para o comportamento do receptor.

 Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que tanto você
quanto os receptores estejam deixando a reunião com o mesmo entendimento sobre o
que foi decidido.

8.2.5 Principais Desafios No Processo de Comunicação

• Timidez

Caracteriza-se pela demasiada preocupação com as atitudes,


reações e pensamentos dos outros. A inibição em situações de interação
pessoal causam desconforto e faz com que o indivíduo pouco exprima seus

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pensamentos e sentimentos e não interaja ativamente;

• Saber ouvir

É a capacidade de reconhecer a mensagem emitida pelo outro,


tanto pelas palavras quanto pelos sinais. É dar ao outro a oportunidade
de também se expressar. É calar-se quando for necessário,
imprescindível para uma boa comunicação.

• Voz

Característica humana intimamente relacionada com a necessidade do homem de se


agrupar e se comunicar. Ela é produto da nossa evolução. Pode variar quanto à intensidade,
altura, inflexão, ressonância, articulação e muitas outras características.

Nunca devemos esquecer-nos de que falamos para o outro. A comunicação, a


linguagem verbal, o uso da voz, isso só tem sentido quando temos o outro e quando nos
fazemos entender para este outro. A voz é um recurso importante para esse entendimento. Ela
pode dizer quando estamos interessados em alguém, quando estamos cansados, quando
estamos tristes, alegres, nervosos, quando acabamos de acordar, quando estamos em um
ambiente ruidoso, quando estamos calmos ou quando estamos exercendo uma atividade em
que a voz é o diferencial.

• Corpo

A linguagem corporal é o conjunto de movimentos gestuais e de postura que tornam a


comunicação mais efetiva. Foi a primeira forma de comunicação. Com o aparecimento da
palavra falada os gestos foram tornando-se secundários, contudo eles constituem o
complemento da expressão, devendo ser coerentes com sua mensagem.

Deve-se tomar cuidado, pois muitas vezes a boca diz uma coisa, mas o corpo fala
outra completamente diferente.

• Vícios

São palavras ou construções que deturpam, desvirtuam ou dificultam a manifestação


do pensamento, seja pelo desconhecimento das normas cultas, seja pelo descuido do emissor.

• Prolixidade

É a utilização inútil ou abundante de palavras ou argumentos.


É o excesso de palavras para exprimir poucas idéias. Ao texto prolixo
falta objetividade que, quase sempre, compromete a clareza e cansa
o leitor.

Se há o exagero expressivo, comete-se o erro chamado


prolixidade. Se há muita economia de idéias, caímos no erro do hermetismo. Entre esses dois
extremos, há os textos mais fluentes e cheios de palavras ou os mais densos e contidos.
Assim, começamos a falar em concisão e precisão da linguagem.
Concisão é a qualidade de dizer o máximo possível com o mínimo de palavras.
Precisão é a qualidade de utilizar a palavra certa para dizer exatamente o que se quer.

• Controle Emocional

É a habilidade de lidar com seus próprios sentimentos,


adequando-os a cada situação vivida. Pessoas pobres nesta habilidade,
usualmente precipitam-se em suas atitudes e, constantemente,
enfrentam dificuldades para o trabalho em equipe ou mesmo, na vida
pessoal.

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• Motivação e Auto-estima

A auto-estima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como
sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau, o que encontra expressão no
comportamento.

A motivação é a força propulsora por trás de todas as ações de um organismo. É


baseada em emoção e é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos
esforços de uma pessoa para o alcance de uma determinada meta.

A relação é intrínseca entre este dois fatores e, sendo o indivíduo um ser social que
exerce e sofre influência dos demais, a falta destes implicará em desafios para a boa
comunicação interpessoal.

8.2.6 Conclusão
Uma boa comunicação interpessoal e as várias técnicas para diminuir o ruído
(interferência no significado do que se quer transmitir), capacitam-nos a transmitir e receber as
idéias, sentimentos e emoções, com mais clareza e determinação, imprescindíveis para a
vivência em grupo.

A arte do relacionamento é, em grande parte, a habilidade de gerenciar sentimentos


em si e em outros. Esta habilidade é a base de sustentação de popularidade, liderança e
eficiência interpessoal. Pessoas com esta habilidade são mais eficazes em tudo que é baseado
na interação entre pessoas.

Por esse motivo, as empresas têm, cada vez mais, valorizado os profissionais que,
além da competência técnica, apresentem domínio sobre suas emoções e as habilidades aqui
apresentadas.

Ao indivíduo, cabe buscar o exercício da inteligência emocional e colher os frutos tanto


no campo profissional quanto no campo pessoal.

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