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Enio Ribeiro Junior 1615287 PDF
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Resumo
O concreto é o material mais utilizado na construção civil, obtido da mistura de agregados e
pasta de cimento, forma um material com a estrutura heterogênea com propriedades físicas
determinadas pelos materiais utilizados em sua produção. Os agregados e aglomerantes possui
características e funções distintas no concreto estrutural, denotando a necessidade do estudo de
suas propriedades afim de garantir obtenção de economia, resistência e durabilidade. O objetivo
da pesquisa é difundir o conhecimento dos materiais empregados no concreto estrutural, criando
um vínculo entre as propriedades destes materiais e as propriedades do concreto fresco e
endurecido. Por meio de pesquisa bibliográfica, busca criar um vínculo entre os materiais e o
produto final para garantir maior qualidade na produção de concreto estrutural em canteiro e
usinas.
Palavras chaves: Cimento Portland. Agregados. Concreto Estrutural. Caracterização dos
Materiais.
1. Introdução
O concreto é um material com uma estrutura bastante heterogênea e complexa. Analisando sua
macroestrutura na Figura 1.1, identificamos dois constituintes principais: a pasta de cimento
endurecida e partículas de agregado.
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Propriedades dos materiais constituintes do concreto dezembro/2015
2. Cimento
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Propriedades dos materiais constituintes do concreto dezembro/2015
2.1.2. Clínquer
Segundo ABCP (2002:6) “o clínquer tem como matérias-primas o calcário e a argila, sendo a
produção do clínquer a etapa mais complexa, e de custo elevado no processo de fabricação do
cimento Portland. O clínquer é fonte de Silicato Tricálcico (CaO)3SiO2 e Silicato Dicálcico
(CaO)2SiO2, sendo estes compostos responsáveis pelas características de ligante hidráulico e
resistência do material após a hidratação do Cimento Portland”.
2.1.3. Gesso
“O gesso (CaSO4 + 2 H2O) é adicionado em quantidades geralmente inferiores a 3% da massa
de clínquer, tem função de regular o tempo de início de pega do cimento (tempo para início do
endurecimento)” (ABCP, 2002:6-7).
2.1.4. Calcário
O calcário é usado na produção do clínquer e também como material de adição do cimento.
Composto basicamente de carbonato de cálcio (CaCO3). Segundo ABCP (2002:8) “o calcário
como material de adição melhora a trabalhabilidade de argamassas e concreto, e funciona como
lubrificante, tornando o produto mais plástico e menos poroso”.
2.1.6. Pozolanas
As pozolanas são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na natureza,
certos tipos de argilas queimadas em elevadas temperaturas (550°C a 900°C) e derivados da
queima de carvão mineral nas usinas termelétricas, entre outros. “O clínquer no processo de
hidratação libera hidróxido de cálcio (cal virgem) que reage com a pozolana em meio aquoso
adquirindo propriedade ligante hidráulico. O cimento assim obtido oferece a vantagem de
conferir maior impermeabilidade” (ABCP, 2002:7).
porcentagem de anidro sulfúrico (SO3). Tem-se ainda, como constituintes menores, impurezas,
como o óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O), óxido de titânio (TiO2) e outras
substâncias de menor importância. Os óxidos de potássio e de sódio constituem os álcalis do
cimento.
baixas temperaturas, inferiores a 15 °C, ou com água de dosagem do concreto com temperaturas
abaixo de 20 °C geramos baixo nível de calor de hidratação que causa o retardamento das
resistências iniciais.
Se essas temperaturas chegarem a níveis inferiores a 10°C, além do retardamento, pode ocorrer
a paralisação do início de pega do cimento, ou seja, o concreto não reage e fica no estado fresco.
2.1.12. Finura
A finura do cimento influência a sua reação com a água. Quanto mais fino o cimento, mais
rápido ele reagirá. Para uma dada composição, a taxa de reatividade e, portanto, de
desenvolvimento da resistência, pode ser aumentada através de uma moagem mais fina do
cimento; porém, o custo da moagem e o calor liberado na hidratação estabelecem alguns limites
para a finura. “Considera-se geralmente que as partículas de cimento maiores do que 45μm são
difíceis de hidratar e aquelas maiores do que 75μm nunca se hidratam completamente”
(MEHTA e MONTEIRO, 1994:198).
Composição (% em massa)
Tipo de cimento Escória Norma
Sigla Material Material
Portland Clínquer + granulada de Brasileira
pozolânico carbonático
gesso alto-forno
(sigla Z) (sigla F)
(sigla E)
CP I 100 - - -
Comum NBR 5732
CP I-S 99-95 - 1-5 -
CP II-E 94-56 6-34 - 0-10
Composto CP II-Z 94-76 - 6-14 0-10 NBR 11578
CP II-F 94-90 - - 6-10
Tabela 2.3 - Composição dos cimentos Portland comuns e compostos (ABCP, 2002:10)
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Composição (% em massa)
Tipo de cimento Escória Norma
Sigla Material Material
Portland Clínquer + granulada de Brasileira
pozolânico carbonático
gesso alto-forno
(sigla Z) (sigla F)
(sigla E)
Alto-Forno CP III 65-25 35-70 - 0-5 NBR 5735
Pozolânico CP IV 85-45 - 15-50 0-5 NBR 5736
Tabela 2.4 - Composição dos cimentos Portland de alto-forno e pozolânicos (ABCP, 2002:11)
Segundo ABCP (2002:12) “o cimento Portland de alta resistência inicial (CP V-ARI) é um tipo
de cimento Portland comum. A diferença acontece devido à utilização de uma dosagem
diferente de calcário e argila na produção do clínquer, e na moagem mais fina do cimento que
permite reagir com a água com maior velocidade, adquirindo elevadas resistências iniciais”. A
Tabela 2.5 apresenta a composição desse cimento.
Composição (% em massa)
Alta Resistência
CP V-ARI 100-95 - - 0-5 NBR 5733
Inicial
Tabela 2.5 - Composição do cimento Portland de alta resistência inicial (ABCP, 2002:12)
Na figura 2.1 pode-se observar a evolução média da resistência à compressão de acordo com o
tipo de cimento Portland.
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Figura 2.1 - Evolução média de resistência à compressão dos distintos tipos de cimento Portland (ABCP, 1996
apud ABCP, 2002:13)
Na Tabela 2.6, verificamos a nomenclatura dos cimentos Portland atual no Brasil.
25 CP I-25
Cimento Portland comum CP I 32 CP I-32
Cimento
Portland 40 CP I-40
comum (NBR 25 CP I-S-25
5732)
Cimento Portland comum com adição CP I-S 32 CP I-S-32
40 CP I-S-40
25 CP II-E-25
Cimento Portland composto com
CP II-E 32 CP II-E-32
escória
40 CP II-E-40
Cimento 25 CP II-Z-25
Portland Cimento Portland composto com
CP II-Z 32 CP II-Z-32
composto pozolana
(NBR 11578) 40 CP II-Z-40
25 CP II-F-25
Cimento Portland composto com fíler CP II-F 32 CP II-F-32
40 CP II-F-40
25 CP III-25
Cimento Portland de alto-forno (NBR 5735) CP III 32 CP III-32
40 CP III-40
25 CP IV-25
Cimento Portland pozolânico (NBR 5736) CP IV
32 CP IV-32
Cimento Portland de alta resistência inicial (NBR 5733) CP V-ARI - CP V-ARI
25
Sigla e classe dos tipos
Cimento Portland resistente aos sulfatos originais acrescidos do sufixo
- 32
(NBR 5737) RS. Exemplo: CP I-32RS, CP
II-F-32RS, CP III-40RS, etc.
40
25
Sigla e classe dos tipos
Cimento Portland de baixo calor de hidratação originais acrescidos do sufixo
-
(NBR 13116) 32 BC. Exemplo: CPI-32BC, CP
II-F-32BC, CP III-40BC, etc.
40
Cimento 25 CPB-25
Portland branco Cimento Portland branco estrutural CPB
(NBR 12989) 32 CPB-32
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40 CPB-40
Cimento Portland branco não
CPB - CPB
estrutural
3. Água
A água é usada em quase todos os serviços de engenharia. Sendo que esta influencia diretamente
na qualidade e segurança da obra, por isso deve atender certas qualidades químicas, ser isenta
de impurezas e atender parâmetros recomendados.
3.1.1. Impurezas
As impurezas presentes na água podem prejudicar a pega do cimento ou a resistência do
concreto. A água potável é considerada adequada à produção do concreto, e o pH recomendado
para a água de amassamento deve ser entre 6 e 8.
Segundo Alves (2006:169) “a água em contato com o concreto tem ação constante, enquanto a
água do amassamento só tem ação durante a hidratação do cimento, sendo que os critérios de
avaliação de suas características são diferentes”. A água do amassamento existe várias
recomendações sobre os limites máximos de impurezas. Alves (2006:169) cita os limites
estabelecidos na BS3148:1980.
Açúcar 5 mg/l
Tabela 3.1 – Limites máximos de impurezas com base na BS3148:1980 (ALVES, 2006:169)
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Nos concretos aparentes deve-se ter um cuidado especial com a água de amassamento, evitando
impurezas nas águas que podem gerar uma mudança de cor do concreto, aparecendo manchas
e eflorescências nas superfícies.
4. Agregados
Segundo Bauer (2000:104), “os agregados constituem um componente importante no concreto,
contribuindo com cerca de 80% do peso e 20% do custo de concreto estrutural sem aditivos”.
Os agregados apresentam uma grande variação de suas características, sendo necessário na
tecnologia do concreto o estudo e controle de qualidade tanto antes como durante a execução
da obra.
A principal aplicação dos agregados é na produção de concretos e argamassas onde, em
conjunto com um aglomerante (pasta de cimento Portland / água), constituem uma rocha
artificial, com diversas utilidades na engenharia, cuja principal aplicação é compor os diversos
elementos estruturais de concreto armado. Os agregados possibilitam que algumas propriedades
da rocha artificial a ser formada apresentam melhor desempenho, tais como: redução da retração
da pasta de cimento, aumento da resistência ao desgaste, melhor trabalhabilidade e aumento da
resistência ao fogo.
As propriedades físicas e químicas dos agregados e das misturas ligantes são essenciais para a
vida das estruturas em que são usados. São inúmeros os exemplos de falência de estruturas
provocados por causa da seleção e o uso inadequado dos agregados.
4.1.2. Origem
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De acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2005:1-3), “os agregados são materiais pétreos, obtidos
por fragmentação artificial ou agregados naturais (areia e seixos rolados), já fragmentados
naturalmente, com propriedades adequadas, possuindo dimensões nominais máximas inferiores
a 152 mm e mínima superior ou igual a 0,075 mm”.
O agregado natural provém da degradação de rochas em consequência da ação de agentes
atmosféricos, e é retirada de depósitos naturais, chamadas minas, ou das margens ou fundos de
rios. O agregado artificial é obtido pela trituração mecânica das rochas denominada britagem.
Os agregados mais usados para produção de concreto e argamassa são as areias naturais
quartzosas, principalmente a areia lavada proveniente de leito de rios, e a pedra britada
proveniente de pedreiras. O seixo rolado, a argila expandida e a areia artificial apresentam
propriedades mecânicas que permitem sua utilização como agregados de concreto estrutural.
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4.1.5. Granulometria
Neville (1997:125) descreve que: “o tamanho do agregado usado no concreto se estende de
dezenas de milímetros até partículas com seção transversal menor do que o décimo de
milímetro. Em cada mistura são incorporadas partículas com diversos tamanhos, e a
distribuição desses tamanhos se denomina granulometria. O termo agregado graúdo é usado
para descrever partículas maiores que 4,8 mm (retidas na peneira n° 4), e o termo agregado
miúdo é aplicado para partículas menores do que 4,8 mm.”
Segundo Mehta e Monteiro (1994:261), “agregados que não tem uma grande deficiência ou
excesso de qualquer tamanho de partícula, em especial, produzem misturas de concreto mais
trabalháveis e econômicas”.
A NBR 7211 (ABNT, 2005:1) “fixa as características para produção de agregados, miúdos e
graúdos, de origem natural, encontrados fragmentados ou resultantes da britagem de rochas”.
Definindo areia ou agregado miúdo como areia de origem natural ou resultante do britamento
de rochas estáveis, ou a mistura de ambas, cujos grãos passam pela peneira ABNT de 4,8 mm
e ficam retidos na peneira ABNT de 0, 075 mm. E define agregado graúdo como pedregulho
ou brita proveniente de rochas estáveis, ou a mistura de ambos, cujos grãos passam por uma
peneira com abertura nominal de 152 mm e ficam retidos na peneira ABNT de 4,8 mm.
Segundo Mehta e Monteiro (1994:261), “a dimensão máxima do agregado é
convencionalmente, designada pela dimensão da abertura da peneira, na qual ficam retidos 15%
ou menos das partículas do agregado. Quanto maior a dimensão máxima do agregado menor a
área superficial por unidade de volume, o que gera uma economia substancial de cimento
devido à menor área a ser coberta pela pasta de cimento”.
O módulo de finura é um parâmetro empírico usado para determinar o índice de finura do
agregado, é calculado com base na análise granulométrica do agregado, onde a somatória dos
percentuais retidos acumulados nas peneiras da série padrão e divido por 100. As peneiras
determinadas pela norma são: n° 100, n° 50, n° 30, n° 16, n° 8, n° 4, 3/8”, 3/4" e 1 1/2”.
Segundo Mehta e Monteiro (1994:261), “a dimensão máxima do agregado não deve ser maior
que um quinto da dimensão mais estrita da forma na qual o concreto será colocado, também
não deve ser maior que três quartos da menor distancia livre entre as armaduras de reforço”.
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4.1.9. Sanidade
Mehta e Monteiro (1994:259-260) consideram que “o agregado é instável quando mudanças no
seu volume, induzidas pelo intemperismo, como ciclos alternados de umedecimento e secagem,
ou congelamento e descongelamento, resultam na deterioração do concreto”.
Geralmente, a instabilidade ocorre para rochas que têm certa estrutura porosa. A instabilidade
está mais relacionada à distribuição do tamanho dos poros do que à porosidade total do
agregado. Distribuições de tamanho dos poros que permitem as partículas dos agregados
ficarem saturadas por umedecimento (ou descongelamento no caso de ataque por gelo), mas
impedem a drenagem fácil na secagem (ou congelamento), são capazes de causarem altas
pressões hidráulicas dentro das partículas.
5. CONCLUSÃO
Portanto, a verificação da qualidade dos constituintes do concreto está relacionada diretamente
à qualidade do concreto estrutural. Os cimentos ofertados no Brasil possui diversas
composições que fornece propriedades químicas e físicas diferentes sendo que, a escolha
correta garante melhor adaptabilidade do seu concreto com as solicitações que ele receberá de
durabilidade, porosidade, trabalhabilidade, permeabilidade, calor de hidratação, resistência à
abrasão e resistência à compressão inicial. A água deverá ser portável, e diante da
impossibilidade do uso de água tratada deverá ser garantida sua qualidade através de ensaios
verificando os sólidos suspensos, contaminação por agentes químicos agressivos ao concreto.
Os agregados são responsáveis pelas principais propriedades físicas e compondo 80% do
concreto, esse deverá ser um material inerte a reações químicas com cimento e a água para
evitar patologias do concreto, a sua forma, textura e dimensões afetará diretamente a produção
de concreto, devendo este ser escolhido com critério e ensaios para garantir a resistência,
estabilidade dimensional e durabilidade do concreto.
O conhecimento dos materiais constituintes do concreto favorecerá o controle de qualidade do
concreto produzido em canteiros de obras, sendo ainda necessário difundir estes conhecimento
entre a equipe de produção para a filtragem dos materiais, separando os contaminantes visíveis.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5732: Cimento Portland
comum. Rio de Janeiro, 1991.
ALVES, JOSÉ DAFICO. Materiais de construção, VIII Edição, Ed. da UFG/Ed. da UCG,
Goiânia – Goiás, 2006.
PETRUCCI, ELADIO G. R., Materiais de construção, 9 Ed., São Paulo, Globo, 2007.
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