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INTRODUÇÃO
Até o presente, a mecânica com arcos contínuos ainda permanece como a forma
mais usada e popular de tratamento ortodôntico. Embora essa mecânica apresenta
diversas vantagens como fácil uso, conforto ao paciente, menor tempo de cadeira por
parte do ortodontista e possibilidade de delegação de função, ela apresenta algumas
desvantagens. Então, em algumas situações clínicas, a mecânica com arcos contínuos
pode ser inapropriada ou ineficiente para proporcionar o tipo de movimento dentário
desejado.
Em contraste, a segmentação de arco possibilita a implementação de adequado e
eficiente sistema de força designado em melhorar o resultado e a eficiência do tra-
tamento. A mecânica do arco segmentado não está livre de algumas desvantagens
como a dificuldade e desconforto ao paciente e a menor possibilidade de delegar
função à equipe de profissionais. O entendimento, pelo ortodontista, da biomecâ-
nica tem a possibilidade do profissional combinar as vantagens das duas técnicas,
arco contínuo e arco segmentado, oferecendo ao paciente melhores resultados com
eficiência.
Princípios físicos
Conceitos físicos
Relacionanda com as três leis de Newton, força é qualquer agente externo que mo-
difica o movimento ou causa deformação de um corpo livre. Possuindo magnitude e
direção, força pode ser matematicamente representada por um vetor e qualquer força
aplicada a um dente pode ser dividida em uma componente vertical e uma componen-
te horizontal. Duas ou mais forças (vetores) agindo em um dente podem ser somados
geometricamente resultando em uma força resultante. Embora forças sejam expressas
em Newton (N), em Ortodontia elas tem sido comumente medida em gramas (g), e 1 g
equivale a 1cN (0.0098N).
Para compreender como uma força produz determinado tipo de movimento em um
dente, precisamos entender alguns outros princípios básicos, como centro de resis-
tência (C_res) e centro de rotação (C_rot). C_res de um corpo, no nosso caso o dente,
é o ponto onde toda a massa do corpo está concentrada. Em Ortodontia, C_res é o
ponto no dente que a aplicação da força resulta em movimento de corpo ou trans-
lação, onde todas as partes movem-se na mesma direção e com a mesma distância.
Teoricamente, o C_res de um dente está localizado em sua raiz, mas varia de acordo
com o comprimento, morfologia e número de raízes, nível do suporte osso alveolar
e anatomia das fibras do ligamento periodontal1,4,8,18,19. C_rot é o ponto em volta ao
qual o dente rotaciona, podendo ou não coincidir com o C_res. A localização não é
constante e é determinada pelo tipo de movimento que o dente faz. Caso uma força
seja aplicada em um ponto que não seja passando através do C_res uma rotação irá
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ocorrer; a essa rotação damos o nome de momento (M) de uma força (Figura 1). O
momento é determinado multiplicando a magnitude da força (F) pela distância per-
pendicular (d) da força até o C_res (M=F.d) e a unidade de medida mais usada em
Ortodontia para momento é grama-milímetros (g-mm).
Figura 1 – A força (F) que não passa através do centro de resistência (C_res) produz Figura 2 – Um fio ortodôntico encaixado de for-
um movimento rotacional (M) tanto quanto um movimento linear (FL). ma ativa em um bráquete ou tubo produzirá um
momento através da interação da superfície do
fio com as paredes do acessório.
Capítulo 16
A B
Figura 4 (A-B) – Os arcos de intrusão de Burstone (A) e de três peças (B) são exemplos de sistema de força de um binário.
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A B
A B
Figura 7 (A-B) – A posição do ponto de aplicação da força determinará o tipo de movimento a ser obtido. A) Força de correção da linha
média aplicada oclusalmente ao C_res. B) Força de correção da linha média aplicada passando no nível do C_res.
A B
Figura 8 (A-B) – Mecânica ortodôntica para verticalização do molar mandibular com dois cantilevers. A) As setas de força e momentos na
cor amarela representam o cantilever inserido no tubo do molar; na cor verde representam o cantilever inserido no tubo auxiliar (criss-cross).
B) Resultado da mecânica utilizada.
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Barra palatina
Barra palatina e arcos linguais apresentam uma diversidade muito grande de uso na clínica
ortodôntica. O entendimento da biomecânica desses aparelhos ortodônticos é complexo
porque apresenta encaixes em cada extremidade, portanto dois binários. O sistema de dois
bráquetes onde o aparelho é encaixado (por exemplo, tubos linguais) apresenta um sistema
de força que é chamado de estatisticamente indeterminado2,5, e apresenta a característica
de não manter-se estável (forças e momentos) durante a desativação. Durante a desativa-
ção as mudanças que ocorrem podem ser alteradas ou ate mesmo revertidas.
A análise estática ainda fornece uma predição clínica da direção e magnitude das forças e
momentos ao início da ativação, sendo seu conhecimento fundamental para o ortodon-
tista prever como os dentes, ou segmentos dentários, podem se movimentar. Para facili-
tar o entendimento das forças e momentos na ativação de um sistema de dois bráquetes,
Burstone;Koenig2 desenvolveram uma terminologia descrevendo o sistema biomecânico
que ocorre, por exemplo, na ativação de uma barra palatina (sistema de dois bráquetes).
A relação entre a intensidade de uma dobra, a sua posição interbraquete e o ângulo
que o fio forma com a entrada dos bráquetes e/ou tubos, dão origem a seis geometrias
básicas (Figura 9)2,15. Dependendo da situação clínica, o ortodontista, baseado no plane-
jamento dos movimentos dentários intra-arco, usa a correta combinação de momentos
(rotações) e forças. Algumas vezes, a escolha da melhor geometria para a movimentação
dentária na unidade ativa pode provocar efeitos indesejáveis (colaterais) na unidade reati-
va. Para diminuir ou eliminar possíveis efeitos indesejáveis, o ortodontista deve aumentar
a ancoragem (usando, por exemplo, maior número de dentes, aparelhos extrabucais,
elásticos intrabucais, etc.) na unidade reativa.
A B
C D
Figura 10 (A-D) – Sequência de utilização da Geometria III para fechamento de espaço através de mesialização de um dos molares maxi-
lares.
A B
C D
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E F
Figura 11 (A-F) – Classe II subdivisão direita sendo corrigida com aparelho extrabucal assimétrico e barra transpalatina (BTP). Em verde
está representado o sistema de força do aparelho extrabucal e momentos (devido à distância do tubo ao C_res dos molares); em amarelo
o sistema de força (Geometria IV) representando a ativação da BTP.
A B
C D
Figura 12 (A-D) – Duas aplicações clínicas da Geometria VI. Correção do giro dos molares maxilares (A e B) e verticalização do segundo
molar mandibular (C e D) com alça de verticalização (.017”x.025 TMA).
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CONCLUSÃO
Princípios biomecânicos explicam o mecanismo dos aparelhos ortodônticos e
são de fundamental importância no tratamento ortodôntico. A correta aplicação dos
conceitos biomecânicos pode ser muito benéfico em atingir um tratamento eficiente e
efetivo, ou seja, em um período de tempo menor com pouco ou nenhum efeito cola-
teral indesejável. O sucesso de um bom tratamento ortodôntico depende de um bom
diagnóstico, plano de tratamento e aplicação coerente e eficaz da mecânica. A excelên-
cia da ortodontia encontra-se na habilidade em identificar e corrigir pequenos detalhes
necessários para um sorriso e oclusão perfeitos com a eficiência do movimeto dentário.
A C D
Figura 13 (A-D) – Fotografias da face e intrabucal iniciais. Linha média superior com 2 mm de desvio para a esquerda em relação a face
do paciente.
A B
Figura 14 (A-B) – Ativação do cantilever para correção da linha média.
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A C D
Figura 15 (A-D) – Fotografias da face e intrabucal finais.
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