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INSTITUTO POLITÉCNICO DE SETÚBAL

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DO BARREIRO


Licenciatura em Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia de Conservação e Reabilitação

ANÁLISE DE ESTRUTURAS ISOSTÁTICAS


ANÁLISE DA ESTATIA DE UMA ESTRUTURA

Pedro Neto
Fevereiro de 2007
ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas
Nota Prévia

O presente documento tem como principal objectivo contribuir para uma melhor
compreensão de algumas matérias leccionadas na disciplina de Mecânica I da Escola
Superior de Tecnologia do Barreiro, do Instituto Politécnico de Setúbal. Deste modo os
alunos têm acesso a um conjunto de conceitos teóricos, ilustrados com vários exemplos
práticos devidamente comentados.

Dada a pertinência em disponibilizar este documento com a maior brevidade, admite-se


a necessidade de melhorar alguns aspectos, apelando-se aos alunos que apresentem
críticas e sugestões com vista a melhorar o presente texto.

Barreiro, Junho de 2005

Pedro Neto.
Análise da Estatia de uma Estrutura

Índice

Índice............................................................................................................................ 1
1. Introdução ............................................................................................................. 3
2. Estatia Exterior...................................................................................................... 3
2.1 Condições de apoio........................................................................................ 4
2.2 Análise da estatia ........................................................................................... 7
2.3 Ligações ao exterior mal distribuídas ............................................................. 8
3. Estatia Interior....................................................................................................... 9
3.1 Tipos de ligações ........................................................................................... 9
3.2 Abordagem estática ..................................................................................... 10
3.3 Abordagem cinemática ................................................................................ 16
3.4 Ligações interiores mal distribuídas ............................................................. 21
4. Estatia global....................................................................................................... 21
4.1 Ligações mal distribuídas ............................................................................ 22
5. Análise de Estruturas Trianguladas...................................................................... 22
6. Método das Estruturas Arborescentes .................................................................. 24
7. Exercícios Propostos ........................................................................................... 26
Agradecimentos .......................................................................................................... 28
Bibliografia ................................................................................................................. 28

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

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Análise da Estatia de uma Estrutura

1. Introdução

Uma estrutura corresponde a um conjunto de vários corpos ligados entre si e ao exterior,


através de forças interiores e exteriores, respectivamente. A avaliação da forma como as
ligações têm influência no equilíbrio permite classificar uma dada estrutura quanto à
estatia. Esta análise está relacionada com a possibilidade de garantia do equilíbrio para
um carregamento genérico.

Do ponto de vista estático, a diferença entre o número de incógnitas estáticas e o


número de equações de equilíbrio possibilita a classificação de uma estrutura em termos
de estatia. As grandezas estáticas envolvidas são as forças e os momentos que resultam
da ligação da estrutura ao exterior ou entre partes da mesma. A estatia pode também ser
encarada numa perspectiva cinemática, cujas grandezas são agora os deslocamentos
independentes, através de uma relação entre os deslocamentos impedidos pela ligação e
o número de graus de liberdade do corpo.

A relação entre a abordagem estática e cinemática da estatia pode ser estabelecida


atendendo a que a força pode ser encarada como uma medida da tendência para deslocar
um corpo da sua posição de equilíbrio. Por outro lado, o número de equações de
equilíbrio corresponde ao número de graus de liberdade de um corpo, podendo ser de
três ou seis, consoante seja um problema definido no plano ou no espaço,
respectivamente. Assim, é possível estabelecer associação entre reacções de apoio e
deslocamentos impedidos (restrições) e entre equações de equilíbrio e graus de
liberdade.

2. Estatia Exterior

A estatia exterior de uma estrutura está relacionada com a forma como esta se encontra
ligada ao exterior de acordo com as respectivas condições de apoio. Esta análise, ao
envolver apenas forças exteriores, nomeadamente as designadas reacções de apoio,
corresponde a considerar a estrutura como um corpo rígido, ou seja, que esta é
indeformável, pois admitem-se como inalteráveis as distâncias entre cada parte
constituinte da estrutura.

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

2.1 Condições de apoio

A definição das condições de apoio de uma determinada estrutura é fundamental para


proceder à análise da estatia da mesma, assim, na Tabela 1 são apresentados alguns dos
tipos de apoios mais comuns, fazendo referência às forças de ligação (reacções) que lhes
estão associadas. De referir que podem existir mais casos de apoio, bastando para isso
combinar de forma diferente as respectivas reacções.

Designação Representação esquemática e Reacções Número de reacções

Apoio móvel 1

Apoio fixo 2

Encastramento 3

Tabela 1

Em termos cinemáticos um apoio móvel impede apenas uma translação, enquanto um


apoio fixo apenas permite a rotação por meio de uma articulação ou rótula. O
encastramento restringe todos os graus de liberdade.

Os tipos de apoio referidos podem ser observados nas diversas estruturas com
aparências distintas. Considere-se a ponte metálica representada na Figura 1, em relação
à qual é possível observar a forma como se processa a ligação do tabuleiro aos
encontros e pilares, por meio de aparelhos de apoio, os quais se destacam na Figura 2. A
Figura 2 (a) mostra um apoio móvel, pois é permitida a rotação e uma translação, neste
caso na horizontal, por meio de uma articulação e de rolamentos, respectivamente. O
apoio ilustrado na Figura 2 (b) difere do anterior na medida em que os deslocamentos
horizontais estão impedidos, resultando então num apoio fixo. Outros exemplos de
aparelhos de apoio podem ser observados na Figura 3 (a) e (b), sendo que a primeira
figura se refere a um apoio móvel e a segunda a um apoio fixo.

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Análise da Estatia de uma Estrutura

Figura 1

(a) (b)
Figura 2

(a) (b)
Figura 3

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

Apesar dos exemplos anteriores apresentarem apoios cuja geometria é similar à


representação esquemática patente na Tabela 1, existem casos onde essa semelhança
não é tão evidente, como se pode observar em estruturas de betão armado, sendo usual
recorrer a aparelhos de apoio do tipo ilustrado na Figura 4, referente à ligação viga-pilar
de uma ponte.

Figura 4

No caso da estrutura obrigar a uma análise tridimensional, esse aspecto deve ser
considerado na análise das condições de apoio. O número de disposições possíveis das
reacções de apoio é naturalmente maior do que no caso plano, atendendo a que o
número de reacções passa de três (plano) para seis (espaço). No Tabela 2, representam-
-se alguns dos principais apoios que podem ser definidos no espaço tridimensional.

Designação Representação esquemática e Reacções Número de reacções

Apoio móvel 1

Apoio fixo 3

Encastramento 6

Tabela 2

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Análise da Estatia de uma Estrutura

2.2 Análise da estatia

Das forças exteriores aplicadas numa estrutura, são as reacções de apoio que são em
geral desconhecidas à partida, sendo que, o grau de estatia pode ser determinado através
da diferença entre o número de incógnitas estáticas e o número de equações de
equilíbrio (abordagem estática). No caso da referida diferença ser nula, a estrutura
classifica-se, numa primeira análise, de exteriormente isoestática, significando que o
número de ligações ao exterior é o necessário e suficiente para garantir o equilíbrio.
Este sistema é então possível e determinado, significando que o equilíbrio é sempre
possível, existindo apenas uma distribuição das cargas actuantes pelos apoios.

Se o número de reacções for superior ao número de equações tem-se que as reacções


são mais que as estritamente necessárias para assegurar o equilíbrio, designando-se a
estrutura como exteriormente hiperestática de grau n, em que n é a diferença entre o
número de incógnitas e o número de equações de equilíbrio. Neste caso, o sistema é
possível e indeterminado, em que o equilíbrio é pois, em geral possível, contudo, são
várias as possibilidades de distribuição de carga pelos apoios. A determinação de uma
solução nestes casos obriga à consideração da rigidez das várias componentes da
estrutura, cujas matérias são parte integrante da Mecânica dos Corpos Deformáveis.

Outra situação que pode ocorrer é resultado do número de reacções de apoio apresentar-
-se inferior ao número de equações de equilíbrio. Neste caso, as ligações são menos que
as estritamente necessárias para assegurar o equilíbrio, sendo o sistema impossível. De
salientar que para casos particulares de carregamento o equilíbrio pode ser possível,
porém a classificação da estatia não é alterada, uma vez que é referente a um caso
genérico de carga, como já mencionado. A estrutura é neste caso exteriormente
hipoestática de grau n.

Em termos cinemáticos, a avaliação da estatia da estrutura pode ser efectuada atendendo


à diferença entre o número de restrições conferidas pelos apoios e o número de
deslocamentos independentes de corpo rígido (graus de liberdade). Esta diferença
corresponde ao grau de hipoestatia ou hiperestatia da estrutura. Assim, atendendo à
classificação anterior, tem-se:
• se o número de restrições é igual ao número de graus de liberdade, a
estrutura é exteriormente isoestática;
• se o número de restrições é superior ao número de graus de liberdade, a
estrutura é exteriormente hiperestática de grau n;

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

• se o número de restrições é inferior ao número de graus de liberdade, a


estrutura é exteriormente hipoestática de grau n, sendo permitidos
movimentos de corpo rígido.

2.3 Ligações ao exterior mal distribuídas

Uma excepção ao observado anteriormente, ocorre nos casos em que o número de


reacções é igual ou superior ao número de equações de equilíbrio, mas o sistema é
impossível. Neste caso não faz sentido classificar a estrutura quanto à estatia, referindo-
-se apenas que as ligações ao exterior se encontram mal distribuídas. Um
reposicionamento adequado das forças de ligação exteriores possibilitará o equilíbrio.

Nas condições referidas, quando no plano todas as reacções concorrem num mesmo
r r
ponto O qualquer, como M oR = ∑ M o ≠ 0 , é permitida a rotação do corpo em torno
desse ponto O (Figura 5 (a)). Outra situação de ligações ao exterior mal distribuídas
surge quando todas as reacções são paralelas, pois na direcção perpendicular, a soma
das forças é sempre diferente de zero, havendo a possibilidade do corpo apresentar
movimento de translação segundo a direcção ortogonal à linha de acção das reacções
(Figura 5 (b)).

(a) (b)
Figura 5

Generalizando para o caso espacial, obtém-se uma situação de ligações mal distribuídas
quando todas as reacções intersectam um eixo, pelo que o corpo pode rodar em torno
desse eixo, como ilustra a Figura 6 (a). Por outro lado, se não há reacções segundo uma
ou mais direcções, o corpo pode ter movimento de translação segundo essa ou essas
direcções (Figura 6 (b)).

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Análise da Estatia de uma Estrutura

(a) (b)
Figura 6

3. Estatia Interior

A análise da estatia interior de uma estrutura está relacionada com a forma como as
várias partes componentes da estrutura se encontram ligadas entre si e com o seu
contributo para o equilíbrio da estrutura. Atendendo às grandezas envolvidas na análise
da estatia serão apresentadas duas abordagens: estática e cinemática. De salientar que a
classificação da estrutura quanto à estatia é independente da abordagem adoptada.

3.1 Tipos de ligações

No que respeita à análise da estatia interior importa conhecer a forma como cada parte
da estrutura se encontra ligada entre si, o que passa por conhecer as respectivas ligações
interiores. Em geral as ligações podem ser rotuladas ou de continuidade, sendo as
primeiras muito comuns em estruturas metálicas, servindo de exemplo a ligação
representada na Figura 7, relativa à ponte da Figura 1.

(a) (b)
Figura 7

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

As ligações de continuidade, embora se possam observar em qualquer tipo de estrutura,


são correntes em estruturas de betão armado, como é o caso da ligação viga-pilar
indicada na Figura 8.

Figura 8

Uma ligação rotulada não permite a transmissão de momentos entre os elementos,


estando possibilitada a rotação entre elas, enquanto que numa ligação de continuidade
todos os graus de liberdade estão restringidos, havendo transferência de forças e
momentos entre as partes ligadas.

3.2 Abordagem estática

Os diferentes elementos que constituem uma estrutura encontram-se ligados entre si por
meios das forças internas. À semelhança do que sucede com a estatia exterior, o grau de
estatia pode ser determinado através da diferença entre o número de incógnitas estáticas
e de equações de equilíbrio. Porém, neste caso, as reacções não são as incógnitas a
considerar, mas sim a forças interiores, responsáveis pela ligação dos vários elementos
da estrutura. Assim, nesta análise são ignoradas as condições de apoio da estrutura,
sendo as reacções encaradas como quaisquer forças exteriores.

Se o número de forças de ligação e de equações de equilíbrio for igual, a estrutura


classifica-se como interiormente isoestática, significando que o número de ligações
interiores é o necessário e suficiente para garantir o equilíbrio. Este sistema é então
possível e determinado, significando que o equilíbrio é sempre possível, existindo
apenas uma distribuição das cargas actuantes pela estrutura.

De forma exemplificativa, considere-se a estrutura triangulada representada na Figura 9.

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Análise da Estatia de uma Estrutura

B C

Figura 9

Como apenas se pretende analisar a estatia interior, as condições de apoio são para o
efeito ignoradas. A Figura 10 mostra cada uma das barras da estrutura separadamente,
bem como as forças interiores responsáveis pela sua união. De salientar que apenas
estas forças estão representadas, não tendo havido preocupação na sua definição, uma
vez que o carregamento não foi especificado, pois pretende-se que esta análise seja
geral. Começando aleatoriamente pela barra AB, são quatro, as forças exercidas pelas
restantes barras da estrutura, em A e B, correspondendo naturalmente ao número de
incógnitas. O número de equações de equilíbrio nesta barra é de três, dado tratar-se de
um corpo rígido definido no plano. Seguindo para a barra BC, tem-se que as forças de
ligação em B resultam da aplicação da Terceira Lei de Newton e não por equilíbrio da
barra, não constituindo novas incógnitas. Porém, no ponto C surgem mais duas novas
forças de ligação, que terão de ser consideradas, bem como mais três equações de
equilíbrio relativas à barra BC. Por fim, na barra AC todas as forças de ligação podem
ser determinadas por aplicação da Terceira Lei de Newton, não sendo por isso novas
incógnitas. Não se consideram então as equações de equilíbrio associadas a este
elemento, pois seriam linearmente dependentes em relação às restantes, o que falsearia a
conclusão quanto à estatia interior da estrutura. Contabilizando o número de incógnitas
e de equações, αi = (4 + 2) – (3 + 3) = 0, tem-se que esta estrutura é interiormente
isestática, em que αi representa o grau de estatia interior de uma estrutura.

+ 2 incógnitas
B 3 equações C

C
B
4 incógnitas
3 equações A A

Figura 10

Se o número de forças internas for superior ao número de equações de equilíbrio, tem-se


que as ligações são mais que as estritamente necessárias para assegurar o equilíbrio,
designando-se a estrutura como interiormente hiperestática de grau n. Neste caso, o

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

sistema é possível e indeterminado, em que o equilíbrio é pois, em geral, possível,


existindo contudo várias possibilidades de distribuição dos esforços. Como já referido a
determinação de uma solução nestes casos obriga à consideração da rigidez das várias
componentes da estrutura.

No exemplo da Figura 9, onde todas a ligações eram rotuladas, considere-se, agora, que
passam a ser ligações de continuidade, como ilustra a Figura 11. Note-se que não foi
feita referência às condições de apoio da estrutura dada a sua irrelevância na análise da
estatia interior.

B C

Figura 11

A Figura 12 mostra as forças interiores actuantes em cada barra. Começando pela barra
AB, tem-se que o número de forças exercidas em A e B pelas restantes barras da
estrutura, é de seis, sendo o número de equações de equilíbrio de três. Seguindo para a
barra BC, tem-se que as forças de ligação em B resultam da aplicação da Terceira Lei
de Newton e não por equilíbrio da barra, não constituindo novas incógnitas. Porém, no
ponto C surgem duas novas incógnitas, que serão consideradas, tal como as três
equações de equilíbrio relativas à barra BC. Finalmente, na barra AC todas as forças de
ligação podem ser determinadas por aplicação da Terceira Lei de Newton, não sendo
consideradas, bem como as equações de equilíbrio associadas a este elemento. Então,
contabilizando o número de incógnitas e de equações, αi = (6 + 3) – (3 + 3) = 3, tem-se
que a estrutura é interiormente hiperestática do 3º grau.

+ 3 incógnitas
B 3 equações C

C
B
6 incógnitas
3 equações A A

Figura 12

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Análise da Estatia de uma Estrutura

Admitindo que a estrutura da Figura 11 não apresenta qualquer ligação em A,


facilmente se constata que passaria a tratar-se de uma estrutura isoestática, como se
mostra na Figura 13. Sem perda de generalidade pode-se então concluir que, uma
estrutura nestas condições, formando uma malha aberta, é sempre isoestática, aspecto
base na aplicação do método das estruturas arborescentes, abordado no Parágrafo 6
deste documento.

+ 3 incógnitas
B 3 equações C

C
B
3 incógnitas
3 equações A A

Figura 13

Considere-se a estrutura representada na Figura 14, em que a parte constituída pelas


barras AB e BC é isoestática pois forma uma malha aberta, como se observou no
exemplo anterior. Tendo em conta a parte da estrutura composta pelas barras AB e BC,
cuja estatia é conhecida, ao contabilizar o número de equações de equilíbrio e o número
de forças de ligação resultantes da adição da barra AC, como se indica na Figura 14 (b),
obteve-se αi = (2 + 2) – 3 = 1, trata-se então de uma estrutura interiormente
hiperestática do 1º grau. Sem perda de generalidade, no plano, resulta então que, a
adição de uma barra bi-articulada corresponde a aumentar o grau de estatia em uma
unidade.

Isoestática
B (αi = 0) C C
B C

A 4 incógnitas
A A 3 equações

(a) (b)
Figura 14

Em situações em que o número de forças interiores é inferior ao número de equações de


equilíbrio, tem-se um sistema de equações impossível, com menos ligações que as
estritamente necessárias para assegurar o equilíbrio. Tal como sucede na análise da
estatia exterior, para certos casos particulares de carregamento o equilíbrio pode ser

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

possível, porém a classificação da estatia não é alterada, uma vez que é referente a um
caso genérico de carga, como já mencionado. A estrutura é neste caso exteriormente
hipoestática de grau n, servindo a Figura 15 para ilustrar uma situação nessas condições.

B C

Figura 15

Como mostra a Figura 16, são duas as forças interiores actuantes na barra AB, sendo
três as equações de equilíbrio. Na barra BC, as forças de ligação em B resultam da
aplicação da Terceira Lei de Newton e não por equilíbrio da barra, pelo que não são
consideradas, bem como as equações de equilíbrio associadas a este elemento. Ao
contabilizar o número de incógnitas e de equações, αi = 2 – 3 = -1, tem-se que a
estrutura é interiormente hipoestática do 1º grau.

B C

B
2 incógnitas
3 equações A

Figura 16

Nos exemplos anteriores procedeu-se à análise de cada uma das barras da estrutura de
forma a classificá-la quanto à estatia. Contudo, em situações onde se conheça em
antemão a estatia de parte da estrutura, é possível abreviar a análise com base nesses
dados. A fim de ilustrar o referido considere-se a estrutura representada na Figura 9,
tendo-se adicionado duas barras, BD e CD, dispostas como indicado na Figura 17.

B C

Figura 17

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Análise da Estatia de uma Estrutura

A Figura 18 mostra as forças internas nas barras BD e CD. Ao iniciar-se a análise pela
barra BD, as forças de ligação no ponto D pertencente à barra CD são determinadas por
aplicação da Terceira Lei de Newton e não por equilíbrio da barra, logo não constituem
novas incógnitas. Atendendo à parte da estrutura cuja estatia já é conhecida tem-se
αi = 0 + (4 – 3) + (2 – 3) = 0, classificando-se a estrutura de interiormente isoestática.
Assim, é possível concluir que ao adicionar a uma estrutura duas barras bi-articuladas
concorrentes entre si numa rótula, a estatia da estrutura não é alterada. Esta conclusão
tem particular interesse na análise da estatia de estruturas trianguladas, como se verá
adiante no Parágrafo 5. No exemplo, a estrutura manteve-se isoestática após a
consideração destas duas barras.

D D
4 incógnitas
3 equações
+2 incógnitas
3 equações C
B

Isoestática
B (αi = 0) C

Figura 18

Os exemplos que aqui foram mostrados referem-se ao caso plano, no entanto a


metodologia aplica-se também a estruturas tridimensionais, havendo que efectuar
ajustes no que respeita ao número de forças internas e de equações de equilíbrio.
Relativamente às forças de ligação refira-se que a uma rótula esférica estão associadas
três incógnitas, enquanto que numa ligação de continuidade o número de forças internas
é igual a seis, tantas quantas as equações de equilíbrio. A título de exemplo considere-se
a estrutura representada na Figura 6, cuja análise da estatia interior, ilustrada na
Figura 19, permite classificar de isoestática.

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

C
B
D

B
6 incógnitas
6 equações
A

Figura 19

3.3 Abordagem cinemática

Outra forma de avaliar a estatia de uma estrutura é através da consideração de grandezas


cinemáticas. Nesta abordagem importa avaliar a possibilidade de ocorrerem
deslocamentos relativos entre as partes que compõem a estrutura. A análise da estatia
pode ser efectuada atendendo à diferença entre o número de restrições conferidas pelos
nós e o número de deslocamentos independentes de corpo rígido apresentado pelas
barras da estrutura (graus de liberdade). Então:
• se o número de restrições é igual ao número de graus de liberdade, a
estrutura é interiormente isoestática;
• se o número de restrições é superior ao número de graus de liberdade, a
estrutura é interiormente hiperestática de grau n;
• se o número de restrições é inferior ao número de graus de liberdade, a
estrutura é interiormente hipoestática de grau n, havendo possibilidade de
ocorrerem deslocamentos relativos.

Analise-se novamente a estrutura representada na Figura 9, agora adoptando a


abordagem cinemática. Dado que nesta abordagem interessa avaliar a forma como
podem ocorrer deslocamentos relativos, comece-se por fixar uma parte da estrutura cuja
estatia é previamente conhecida, neste caso escolheu-se a barra AB (Figura 20). As
restantes barras apresentam no plano três graus de liberdade (g. l.), e cada rótula impõe
duas restrições, como ilustra a Figura 12. Tem-se então, αi = 3 × 2 rest. – 3 × 3 g.l. = 0,
chegando-se naturalmente ao mesmo resultado, obtido por meio da abordagem estática.

16
Análise da Estatia de uma Estrutura

2 rest. 2 rest.
3 g.l.
B C
3 g.l.
A
2 rest.

Figura 20

Considere-se agora a estrutura representada na Figura 21 (a), sobre a qual se sabe que a
substrutura formada pelo triângulo ABC é isostática, servindo por isso de referência na
presente análise (Figura 21 (b)). As barras BD e CD apresentam cada uma 3 g.l.
relativamente à parte da estrutura que serve de referência, de modo a avaliar os
deslocamentos relativos. Estas duas barras encontram-se ligadas entre si por meio de
uma ligação de continuidade, a qual impõe 3 restrições, impedindo as duas translações e
a rotação. A barra BD encontra-se também ligada à restante estrutura por uma rótula em
B, sucedendo algo de semelhante com a barra CD. Deste modo e sabendo que cada
ligação rotulada corresponde a 2 restrições, tem-se αi = 2 × 2 rest. + 3 rest. –
2 × 3 g.l. = 1, tratando-se assim de um estrutura interiormente hiperstática do 1º grau.
De salientar que a forma mais eficaz de chegar a este resultado, consiste em notar que à
estrutura triangulada ABC foi adicionada uma barra bi-articulada (barra BDC).

D 3 rest.
D
3 g.l. 3 g.l.
B C 2 rest. 2 rest.

B C
A A

(a) (b)
Figura 21

A estrutura representada na Figura 22, classifica-se quanto à estatia interior de


hiperstática do 2º grau, pois difere da estrutura representa na Figura 15 pela introdução
de uma barra bi-articulada (barra DE). No entanto, proceder-se-á à análise da estatia
interior desta estrutura barra a barra (Figura 23), com o pretexto de melhor elucidar esta
forma de análise. Chama-se no entanto à atenção de que na análise da estatia, tal como
na procura da solução de um qualquer problema, dever-se-á escolher um método
resolutivo, que de forma correcta, permita mais facilmente encontrar o resultado.

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

D
B E C

Figura 22

Considerando por exemplo a barra AB como sendo de referência, cada uma das
restantes barras, antes de se procederem às ligações, apresenta 3 g.l. em relação à barra
AB, o que perfaz um total de (7 barras – 1 barra referência) × 3 g.l. = 18 g.l. Analise-se
agora o que se passa em relação ao número de restrições introduzidas por cada uma das
ligações. O nó A permite a ligação da barra AC à barra de referência, impondo 2
restrições. As barras BD e BE encontram-se ambas ligadas à barra AB por meio de uma
rótula, resultando em 2 × 2 restrições. Em C é efectuada a ligação das barras CD e CE à
restante estrutura de forma similar ao que acontece no nó B, devendo-se então
considerar mais 2 × 2 restrições. A ligação entre as barras BD e CD é de continuidade,
de modo que são introduzidas na estrutura 3 restrições. Quanto à ligação em D, da barra
DE, é do tipo rotulado conduzindo a mais 2 restrições. Falta apenas considerar a ligação
em E, cujas condições são idênticas à do caso anterior e como tal tem-se
3 + 2 restrições. Atendendo ao referido, obtém-se um número total de
2 + 2 × 2 + 2 × 2 + 3 + 2 + 3 + 2 = 20 restrições. Assim, contabilizando a diferença
entre o número de restrições e de graus de liberdade resulta αi = 20 rest. – 18 g.l. = 2,
chegando-se ao resultado esperado, embora por uma via mais sinuosa.

D (3+2) rest.
3 g.l. 3 g.l.
3 g.l.
(2+2) rest. E (2+2) rest.
B (3+2) rest. C
3 g.l.
A 2 rest.

Figura 23

Com base na metodologia apresentada, é possível adoptar um processo similar para a


classificação da estatia interior, servindo a estrutura representada na Figura 9 para
ilustrar a sua aplicação a partir do esquema representado na Figura 24. Tendo como
referência a barra AB tem-se que a barra BC apresenta relativamente à primeira 3 g.l.,
conferindo a rótula 2 restrições. Contabilizando o número de deslocamento livres e
impedidos resulta que a estrutura composta apenas por estas duas barras apresenta 1 g.l.,
sendo naturalmente hipoestática do 1º grau. Adicionando a barra AC à restante parte já

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Análise da Estatia de uma Estrutura

analisada, obtém-se mais 1 g.l. por razões análogas às anteriores. Por fim, para
completar a estrutura resta introduzir a ligação rotulada em A, conferindo 2 restrições,
pelo que αi = 2 rest. – 2 × 1 g.l = 0, confirmando-se que a estrutura é interiormente
isoestática.

B -1 C B -1 -1 C B -1 -1 C
+2
A A A

Figura 24

Os princípios anteriormente referidos no caso plano aplicam-se também no espaço


tridimensional, tendo em conta que podem ser definidos seis de graus de liberdade.
Analise-se a estrutura representada na Figura 25 (a), começando por fixar a barra AB as
restantes barras apresentam seis graus de liberdade e cada rótula impõe três restrições
(três translações), como ilustra a Figura 25 (b). Tem-se então, αi = 4 × (3 + 3) rest. –
5 × 6 g.l. = -6, indicando tratar-se de uma estrutura interiormente hipoestática do
6ºgrau. No entanto, os seis graus de liberdade referem-se à rotação de cada uma das
barras em torno do próprio eixo, o que só ocorrerá neste caso se existirem momentos
torsores, situação essa que não se observa na prática. Assim, os seis graus de liberdade
anteriores não se devem, à partida, considerar, uma vez que na realidade nunca são
mobilizados, não colocando em causa o equilíbrio da estrutura, classificando-se a
estrutura de interiormente isoestática, pois αi = -6 + 6 barras× 1 g.l./barra = 0.

D (3+3) rest.
D 6 g.l.
C
6 g.l. 6 g.l. (3+3) rest.
C
6 g.l. 6 g.l.
(3+3) rest. (3+3) rest.
A B B
A

(a) (b)
Figura 25

De salientar que no caso de uma barra não ser bi-articulada e/ou nela convergir uma ou
mais barras, já não se tem as condições anteriores, como se mostra no exemplo da
Figura 26, tratando-se agora de uma estrutura interiormente hipoestática do 1º grau, pois
há possibilidade da barra AD rodar em torno do seu eixo.

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

D
F
C
E
A B

Figura 26

Considere-se agora que à estrutura da Figura 25 (a) se adicionaram as barras BE, CE e


DE, como indicado na Figura 27 (a). Tomando como referência a parte da estrutura cuja
estatia é conhecida da análise anterior e atendendo a que as novas barras só apresentam
na prática 5 g.l., tem-se αi = 0 + 5 × 3 rest. – 3 × 5 g.l. = 0 (Figura (27 (b)), continuando
a estrutura a ser interiormente isoestática. Assim, é possível concluir, sem perda de
generalidade, que ao adicionar a uma estrutura três barras bi-articuladas concorrentes
entre si numa rótula, a estatia da estrutura não é alterada. À semelhança do que sucedera
no plano, este resultado tem particular interesse na análise da estatia de estruturas
trianguladas, como se verá no Parágrafo 5.

D 3 rest. 5 g.l. E (3+3) rest.


D E
5 g.l.
C C
3 rest. 5 g.l.
A B
A B 3 rest.

(a) (b)
Figura 27

Outro resultado importante é o que se apresenta por meio do exemplo da Figura 28 (a),
neste caso a parte da estrutura formada pela barras AC, CD e BD, formam uma malha
aberta, pelo que logo se conclui ser isoestática interiormente, analogamente ao
observado no caso plano. Ao introduzir-se a barra EF, tem-se uma estrutura
interiormente hiperestática do 1º grau, pois αi = 2 × 3 rest. – 5 g.l. = +1, como se pode
observar na resolução esquematizada na Figura 28 (b). Tal como já acontecera no plano,
conclui-se que no espaço tridimensional, adicionar uma barra bi-articulada corresponde
a elevar o grau de estatia em uma unidade.

20
Análise da Estatia de uma Estrutura

C C

E D 3 rest.
E D
5 g.l.
F F
A A 3 rest.

B B

(a) (b)
Figura 28

3.4 Ligações interiores mal distribuídas

À semelhança do que foi observado na análise da estatia exterior, é possível encontrar


situações em que as ligações se encontram interiormente mal distribuídas, caso da
Figura 29 (a). Adoptando a abordagem cinemática para explicar estes casos, tem-se
então que o número de restrições apesar de igual ou superior ao número de graus de
liberdade, o equilíbrio é impossível, não fazendo sentido classificar a estrutura quanto à
estatia, referindo-se apenas que as ligações interiores se encontram mal distribuídas. Um
reposicionamento adequado das forças de ligação interiores permitirá efectuar uma
análise de corpo rígido como ilustra a Figura 29 (b).

(a) (b)
Figura 29

4. Estatia global

O grau de estatia global de uma estrutura, αg, pode ser determinada, simplesmente, a
partir da soma algébrica dos graus de estatia exterior, αe, e interior, αi,: αg = αe + αi.
Com o objectivo de melhor elucidar, apresenta-se na Tabela 3 alguns resultados
referentes à estatia global, aproveitando para o efeito as análises efectuadas
anteriormente em relação à estatia exterior e interior.

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

Figura αe αi αg
9 0 0 0 Estrutura globalmente isoestática
17 0 0 0 Estrutura globalmente isoestática
21 0 1 1 Estrutura globalmente hiperestática do 1º grau
22 0 2 2 Estrutura globalmente hiperestática do 2º grau
25 3 0 3 Estrutura globalmente hiperestática do 3º grau
26 3 -1 2 Ligações mal distribuídas
27 3 0 3 Estrutura globalmente hiperestática do 3º grau
28 6 1 7 Estrutura globalmente hiperestática do 7º grau
Tabela 3

4.1 Ligações mal distribuídas

Considere-se a Figura 30 (a), que apesar de αg = αe + αi = +1 – 1 = 0, se observa que o


equilíbrio não é possível, correspondendo então a uma situação de ligações mal
distribuídas. Ao alterar a disposição de um dos apoios como mostra a Figura 30 (b),
obtém-se uma estrutura globalmente isoestática.

(a) (b)
Figura 30

Importa ainda referir que caso se classifique a estrutura de interiormente hipoestática de


um dado grau ou de ligações interiores mal distribuídas, em algumas situações é
possível que a estatia exterior possibilite o equilíbrio da estrutura em termos globais,
porém, o contrário nunca é verdade.

5. Análise de Estruturas Trianguladas

Considere-se a estrutura representada na Figura 31, em que se verifica facilmente que


toda a estrutura pode resultar da adição de duas barras bi-articuladas concorrentes numa

22
Análise da Estatia de uma Estrutura

rótula. Tendo em conta o que foi referido no Parágrafo 3, pode-se concluir


imediatamente tratar-se de uma estrutura interiormente isostática, evitando processos
resolutivos mais morosos.

Figura 31

Esta metodologia é por ventura a forma mais eficaz de avaliar a estatia interior de uma
estrutura triangulada plana. De salientar, no entanto, que o facto de uma estrutura ser
constituída por barras bi-articuladas formando triângulos, não significa que seja
isoestática interiormente, como é o caso que se apresenta na Figura 32.
D E

A B

Figura 32

Começando pelo triângulo ABC, definido na Figura 33, ao adicionar as barras AD e CD


a estrutura permanece isoestática, o mesmo sucedendo quando se acrescentam as barras
BE e CE. Porém, ficou a faltar a barra bi-articulada DE, cuja consideração na estrutura
corresponde a aumentar o grau de estatia em uma unidade, como anteriormente referido.
Deste modo a estrutura em causa classifica-se de interiormente hiperestática do 1º grau.

4 incógnitas
D 3 equações E

D Isoestática E
(αi = 0)

A B

Figura 33

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

6. Método das Estruturas Arborescentes

O método das estruturas arborescentes é particularmente vantajoso em situações em que


as ligações da estrutura apresentam restringidos todos (ou quase todos) os graus de
liberdade. A aplicação desta metodologia é então propícia na avaliação da estatia de
estrutura hiperestáticas de grau elevado, evitando-se processos mais fastidiosos,
podendo ser aplicado na análise da estatia interior e global. Relativamente à estatia
interior relembre-se que no caso das ligações entre as barras serem de continuidade,
formando uma malha aberta, a estrutura classifica-se de interiormente isoestática. No
caso de tal não se verificar, contabilizam-se o número de libertações necessárias para
que a malha fique nessas condições, correspondendo ao número de restrições em
excesso para assegurar o equilíbrio. Para o efeito consideram-se o número de cortes
estritamente necessários para se obter uma malha aberta. A cada corte estão associadas
três restrições no plano e seis restrições no espaço tridimensional. A contabilização final
do número de restrições permite determinar o grau de estatia.

Considere-se a estrutura representada na Figura 34 (a), em que são necessários dois


cortes para formar uma malha aberta como ilustra a Figura 34 (b), logo
αi = +3 + 3 = +6, tratando-se então de uma estrutura interiormente hiperestática do
6ºgrau.

G H I G H I

D E F D E F
+3 +3

A B C A B C

(a) (b)
Figura 34

O método das estruturas arborescentes pode também ser aplicado na avaliação da estatia
global. Atendendo a que a existência de um único encastramento permite classificar a
estrutura de exteriormente isoestática, então para que o seja globalmente é necessário
que o mesmo aconteça interiormente. Assim, se o apoio de uma estrutura que se
apresenta como uma malha aberta for um único encastramento, esta é globalmente
isoestática, sendo esta a base de aplicação do método em relação à estatia global.
Considere-se novamente a Figura 34 (a), sendo necessário proceder aos cortes indicados
na Figura 35 para que a estrutura fique nas condições anteriores, em que

24
Análise da Estatia de uma Estrutura

αg = 4 × (+ 3) = 12, pelo que a estrutura é globalmente hiperestática do 12º grau. Este


resultado pode ser facilmente confirmado pois como αe = 3 × 3 reacções -
- 3 equações = 6 e αi = +3 + 3 = +6, então αg = 6 + 6 = 12.

+3 H +3 I
G

D E F
+3 +3

A B C

Figura 35

A aplicação deste método no espaço tridimensional segue os mesmos princípios,


correspondendo agora a cada corte efectuado seis restrições. No caso da análise da
estatia da estrutura representada na Figura 36 (a) tem-se que esta é globalmente
hiperestática do 24º grau, pois αg = 4 × (+ 6) = 24, como mostra o esquema de resolução
indicado na Figura 36 (b).

+6
+6

+6
+6

(a) (b)
Figura 36

As condições anteriores, respeitantes ao tipo de ligação, são as ideais à aplicação do


método das estruturas arborescentes, porém é possível aplicá-lo a casos em que tal não
se verifique, perdendo pertinência à medida que o número de ligações da estrutura que
não apresentam todos os graus de liberdade restringidos aumenta. Nestas situações
deve-se começar por transformar todas as ligações entre barras em ligações de
continuidade e todos os apoios em encastramentos (caso se pretenda avaliar a estatia
global). Têm-se assim condições idênticas às ideais, aplicando-se posteriormente o
método da forma atrás apresentada. De forma a exemplificar o referido considere-se a
Figura 37, neste caso torna-se necessário impedir a rotação da barra BE em relação a
DE e o mesmo para as barras EF e EH. Quanto aos apoios, há que restringir a rotação
em A e B, bem como a translação neste último. Por fim, efectuam-se os cortes na

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

estrutura já indicados na Figura 35, concluindo-se tratar-se de uma estrutura


globalmente hiperestática do 6º grau, pois αg = 4 × (-1) + (-2) + 4 × 3 = 6.

Para finalizar, refira-se que a designação deste método se deve ao aspecto das estruturas
após a sua aplicação, dada a sua semelhança com árvores, principalmente na análise da
estatia global.

G I +3 H +3 I
G G

D E F D E -1 F
+3 -1 -1 +3

A B C A -1 B -2 C

(a) (b)
Figura 37

7. Exercícios Propostos

Proceda à análise da estatia exterior, interior e global, de cada uma das estruturas
representadas nas alíneas seguintes.

(a) (b)

(c) (d)

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Análise da Estatia de uma Estrutura

(e) (f)

(g) (h)

(i) (j)

(k) (l)

(m) (n)

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ESTBarreiro/IPS Análise de Estruturas Isostáticas

(o) (p)

(q) (r)

(s) (t)

Agradecimentos

Aos alunos António José Henriques de Jesus Simões e Sérgio Paulo Pereira Pós de
Mina agradece-se a cedência da maioria das fotografias presentes no texto.

Bibliografia

Freitas, J. T., Análise Estruturas I. Análise Elástica de Estruturas, Instituto Superior


Técnico, pp. 28-44, 1987.

Neves, I. C., Estatia e Equilíbrio, Instituto Superior Técnico, Agosto, Abril, 2002.

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