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Rita Castro (10210313)

Beatriz Fernandes (10210482)

Tratamento
Após a deteção de escoliose pelo bending test, em fase precoce, a curva é radiografada e vigiada
periodicamente para se determinar a sua tendência evolutiva (ou capacidade de agravamento). As
curvas que se mantêm em valores próximos aos 20ᵒ não são sujeitas a qualquer outra medida.
Para as que tendem a ultrapassar esse valor, o tratamento consiste no uso de coletes especiais
(como o colete de Milwaukee e o de Lyon) destinados a impedir maior “colapso” escoliótico
durante o restante crescimento e estabilização cirúrgica da curva, por fusão óssea do segmento
vertebral afetado, o mais perto possível da fase terminal do crescimento. (Serra, 2001)

Figura - Colete Milwaukee (visão Figura - Colete Lyon (visão frontal (a)
frontal (a) e visão posterior (b)) e visão posterior (b))

Técnicas Cirúrgicas

Com a cirurgia, tenta-se manter uma coluna estável e equilibrada nos planos sagital e coronal,
preservar o máximo de segmentos móveis possíveis, melhorar os resultados a nível físico,
psicossocial, diminuir o risco de desenvolvimento de dor lombar no futuro. (Ferreira, 2015)

A decisão para realização do tratamento cirúrgico assenta:

→ Risco de progressão
→ Maturidade óssea
→ Tipo de curva
→ Magnitude da curva
→ Aparência estética
→ Insucesso do tratamento conservador

As curvas >50 graus progridem mesmo após a maturação óssea; as de maior magnitude causam
perda da função pulmonar, podendo mesmo causar insuficiência respiratória em curvas severas;
quanto maior for a progressão, mais difícil se torna o seu tratamento cirúrgico. (Ferreira, 2015)

O tratamento cirúrgico tem dois objetivos:

→ Impedir agravamentos futuros


→ Corrigir a deformidade

O primeiro objetivo, é obtido pela fusão óssea do segmento afetado, transformando as vértebras
envolvidas na deformidade num bloco ósseo indeformável. A fusão óssea é obtida por cruentagem
da superfície dorsal das vértebras e colocação de enxerto ósseo retirado dos ilíacos. Perante a
então relativa ineficácia dos métodos de correção da deformidade, baseados em gessos
complexos, o impedimento do agravamento da curva escoliótica era, nessa fase, quase o único
objetivo da cirurgia. Conforme as características e gravidade da deformidade, a cirurgia corretiva
das escolioses é hoje efetuada por via posterior ou por via anterior, por vezes associando as duas
abordagens. As correções que imprime são muito grandes, mas trata-se de um método cirúrgico
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muito complexo e com indubitáveis graves riscos, entre eles a paraplegia irreversível. (Serra,
2001)

❖ Correção da deformidade por via posterior

A abordagem e instrumentação posterior consiste na abordagem dorsal do segmento vertebral


afetado, na aplicação de implantes constituídos por varetas longitudinais (varetas de Harrington)
com capacidade de corrigir parcialmente o grau de curvatura final por distração. A partir de certo
ponto, o arco da deformidade exige uma tensão enorme para a correção longitudinal, mas não
para a correção transversal. Uma outra desvantagem da vareta isolada é a possibilidade de esta
rodar sobre o seu eixo, não podendo assim corrigir a rotação dos corpos vertebrais, o fenómeno
que origina a giba na escoliose. Assim, na instrumentação hoje em uso, encontram-se associadas
a compressão lateral (que obtém importante correção adicional sobre o valor da curva) e, nas
várias técnicas hoje em uso, derivadas ou não do método original de Harrington. (Serra, 2001)

Figura - A instrumentação cirúrgica de Harrington (vareta e


ganchos) para o tratamento das escolioses. Os ganchos são
colocados uma vértebra acima e abaixo do segmento estruturado.
Por intermédio do alicate, o gancho superior é deslocado para
cima corrigindo a curva por distração. O segmento vertebral é
preparado para fusão óssea por cruentagem e colocação do
enxerto. A fusão é definitiva entre os três e os seis meses.

Figura - A vareta de Harrington diminui uma curva de 70ᵒ (1) para


30ᵒ (2) mas para uma maior correção, até aos 15ᵒ (3), necessitará
de submeter o material e os apoios ósseos a forças excessivas (4).
Uma força transversal adicionada consegue-o sem esforço
excessivo.

Figura - Método atual de correção de escoliose por via


posterior, associando distensão longitudinal à compressão
transversal.
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❖ Correção da deformidade por via anterior

A partir dos anos 70, surgiram técnicas por via anterior baseadas na excisão dos discos
intervertebrais com osteossíntese e Artrodese intersomática (instrumentação de Dwyer e de
Zielke). Com elas, passou a obter-se correções até aí impossíveis em certas escolioses flexíveis
(paralíticas), lombares e toraco-lombares, e em escolioses torácicas graves, aí associada em dois
tempos à instrumentação posterior: primeiro, abordagem anterior com libertação dos discos
intervertebrais, depois instrumentação posterior. (Serra, 2001)

Figura - Método de correção por via anterior em escoliose lombar.

Figura - Escoliose dorsal grave, tratada em dois


tempos: primeiro, abordagem anterior para exérese
dos discos intervertebrais, depois, instrumentação
posterior.

Complicações Cirúrgicas

As complicações do tratamento cirúrgico podem ser imediatas ou tardias consoante o momento


de apresentação. Dentro das complicações imediatas podem ser neurológicas, pulmonares ou
vasculares, enquanto nas complicações consideradas tardias são as infeções (agente mais comum
- estafilococos) que podem provocar danos irreversíveis aos pacientes. (Ferreira, 2015)

Complicações imediatas: podem resultar de contusão direta ou de um problema isquémico,


resultando em lesão aos vasos que alimentam a medula. Pode existir lesão dos nervos periféricos
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ou compressão das raízes dos nervos pelo material implantado. Em mãos experientes, lesões da
medula espinal são raras. Para evitar esses riscos, deverá recorrer-se a neuromonitorização.

Complicações tardias: Processos inflamatórios e infeção. A infeção pode manifestar-se meses ou


mesmo anos após a cirurgia. Podemos dividir as infeções segundo as semanas de apresentação no
pós-operatório:

❖ Infeção recente (dentro de 12 semanas após a cirurgia). A ocorrência de infeção tem aqui
um maior risco devido à extensão da cirurgia e também ao recurso a transfusões
sanguíneas e uso de aloenxertos
❖ Infeções tardias (ocorrem ao fim de 20 semanas ou mais) geralmente são sintomáticas
após 2-3 anos, nesses casos, deve ser realizada nova intervenção cirúrgica com remoção
dos implantes. Caso a fusão esteja já sólida não é necessário aplicar mais medidas.
(Ferreira, 2015)

Tratamento conservador
No que concerna ao tratamento, uma das principais intervenloes conservadoras é o
método otótico. De acordo com Bradford, Lonsteins e Moe a órtese tem o objetivo inicial de
melhorar a deformidade, sendo capaz de evitar a progressão da curva por longos períodos de
tempo, geralmente até que o paciente atinja maturidade esquelética pu até que a fusão consolide.
(Petrini, 2015)

Schiller, Thakur e Eberson destacam que o colete de Milwaukee é prescrito para utilizar
tempo integral de atividades. No estudo desses autores, foram descritos outros tipos de coletes,
entre eles o de Charleston, Boston, Providence e Spinecor, e o estudo conclui é que quanto mais
novo for o paciente e, quanto mais inibida está a curva no colete, menor é a necessidade de
tratamento cirúrgico. (Petrini, 2015)

O mesmo autor afirma que, nas curvaturas maiores de 40º em jovens e curvaturas maiores
de 50º em adultos, é indicado o tratamento invasivo. Molina e Camargo salientam que o mesmo
tratamento fisioterapêutico é indicado para pacientes com curvaturas menores do que 35º e
esqueleticamente imaturos e que, para adolescentes com curvaturas entre 35º e 40º é indicado o
uso de órteses e coletes. (Petrini, 2015)

Segundo Beloube é ideal que o tratamento conservador da escoliose seja baseado em


cinesioterapia, abrangendo alongamentos, fortalecimento muscular e conscientização postural.
(Petrini, 2015)

No que diz respeito ao tratamento conservador da escoliose além do uso de coletes, a


fisioterapia dispõe de vários métodos para o tratamento da escoliose, que, em geral, abrangem
os alongamentos globais ou em cadeias, a fim de reduzir as alterações biomecânicas e atuar nos
sistema musculoesquelético e nervoso, responsável pelo armazenamento de informações,
modificando a consciência corporal. (Petrini, 2015)

A eficácia do tratamento do colete para a escoliose continua a ser controversa por razões
da falta de consistência tanto dos critérios de inclusão dos sujeitos quanto da definição de
efetividade do aparelho. Para fazer a comparação entre estudos mais válidos e confiáveis, a
Sociedade de Pesquisa em Escoliose (SPE) tem critérios padronizados para estudos de colete em
pacientes com escoliose. Os critérios do SPE consistem em; idade é 10 anos ou mais velho quando
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a cinta é prescrita, Risser 0-2, ângulos de curva primária 25-40°, sem tratamento prévio, e se
feminino, seja pré-menopausa ou menos de um ano pós-menopausa ou menos de um ano pós-
menopausa. Num estudo anteriormente realizado, 67,7% dos pacientes alcançaram progressão de
curva inferior a 6% na maturidade esquelética. Além disso, apenas 9,7% dos pacientes atingiram
o ângulo cobb de mais de 45%, o que significava indicação cirúrgica. (Kuroki, 2018)

Complicações
Existem potenciais complicações no tratamento com o colete. Eles consistem em dois
elementos principais, ou seja, alterações físicas pela compressão do corpo e distúrbios
psicológicos pelo aparecimento de um colete. O aparecimento de uma úlcera por pressão,
alteração de cor da pele e envolvimento do nervo cutâneo são efeitos colaterais comuns na maioria
dos pacientes durante o tratamento com colete. (Kuroki, 2018)

Vídeos

O TERRÍVEL COLETE DE MILWAUKEE - 1ª semana de adaptação

KEY POINTS:

• Principais objetivos do tratamento cirúrgico são impedir agravamentos futuros e corrigir


deformidades
• Podem haver complicações imediatas e tardias
• Uma das primeiras intervenções conservadoras é o método ortótico
• O uso do colete pode levar a alterações psicológicas e físicas
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• Tratamento conservador da escoliose é baseado em cinesioterapia, abrangendo


alongamentos, fortalecimento muscular e conscientização postural.

Bibliografia
Ferreira, D. G. (2015). Escoliose Idiopática do Adolescente. p.
https://ubibliorum.ubi.pt/bitstream/10400.6/4907/1/4034_7817.pdf.

Kuroki, H. (4 de junho de 2018). Brace Treatment for Adolescent Idiopathic Scoliosis.

Petrini, A. C. (2015). Fisioterapia como método de tratamento conservador na escoliose.


Revista Científica da Faculdade de Educação e Meio Ambiente.

Serra, L. M. (2001). Critérios fundamentais em fraturas e ortopedia. LIDEL - Edições Técnicas,


Lda. .

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