Você está na página 1de 23

BALANCEAMENTO DE INÉRCIA DE MOTORES E

VIBRAÇÃO DA ESTRUTURA DE NAVIOS

OBJETIVO E CONTEÚDO
APRESENTAR UMA DESCRIÇÃO DO PROBLEMA DE ESFORÇOS DE INÉRCIA
EM MOTORES ALTERNATIVOS E SEUS EFEITOS SOBRE A VIBRAÇÃO DA
ESTRUTURA DE NAVIOS
É APRESENTADO UM EXEMPLO ILUSTRATIVO
FAZ-SE UMA REVISÃO DE CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÃO DE
SISTEMAS MECÂNICOS
APRESENTA-SE UM MODELO PARA REPRESENTAÇÃO DOS ESFORÇOS DE
INÉRCIA EM MOTORES
DEFINE-SE UM PROCEDIMENTO PARA VERIFICAÇÃO DO BALANCEAMENTO
DOS ESFORÇOS DE INÉRCIA
BALANCEAMENTO DE INÉRCIA DE MOTORES E
VIBRAÇÃO DA ESTRUTURA DE NAVIOS

EXEMPLO ILUSTRATIVO
1969: Prof. J. P. Den Hartog ministra curso de pós-graduação na EPUSP
Era renomado estudioso de vibrações em sistemas mecânicos e professor
emérito do Massachussets Institute of Technology (M.I.T.)
Prof Den Hartog foi consultado sobre um problema de vibração em uma
embarcação da Marinha, o navio-tanque Marajó, construído pela Ishibras e
recém entregue à Marinha
Embora não tivesse sido observada fenômeno de vibração do casco
durante as provas de mar do navio, depois de poucos meses em serviço
surgiu o problema de vibração.
BALANCEAMENTO DE INÉRCIA DE MOTORES E
VIBRAÇÃO DA ESTRUTURA DE NAVIOS

EXEMPLO ILUSTRATIVO
O Prof. Den Hartog fez uma inspeção com o navio em movimento
Constatou movimento vibratório severo ao longo de todo o navio quando o
se aproximava da velocidade de serviço (Veja figura 1)
A vibração era máxima, com frequência 240 ciclos por minuto, quando o
motor operava a 120 rpm
Com pequena variação da rotação do motor ocorria uma significativa
redução das amplitudes de vibração
A vibração se reduzia à medida que a velocidade diminuía, desaparecendo
completamente quando a velocidade caia a menos de 70% da velocidade
de serviço.
FIGURA 1
Modos de
vibração da
viga-navio
ESTIMATIVA
DA PRIMEIRA
FREQUÊNCIA
NATURAL
BALANCEAMENTO DE INÉRCIA DE MOTORES E
VIBRAÇÃO DA ESTRUTURA DE NAVIOS

EXEMPLO ILUSTRATIVO
O Prof Den Hartog concluiu que a vibração do casco era excitada pelo
sistema propulsor, podendo ter como fonte o hélice ou o motor
Solicitou informações sobre características do motor principal e do hélice
para completar os estudos
As informações fornecidas pelo estaleiro indicavam que o motor principal era
de 2 tempos, 6 cilindros e o hélice era de 4 pás
Após análise complementar do problema concluiu que a vibração era
causada pelo motor principal, que tinha esforços de inércia desbalanceados
Aparentemente, quando da seleção do motor, não foi levado em
consideração o aspecto vibração
BALANCEAMENTO DE INÉRCIA DE MOTORES E
VIBRAÇÃO DA ESTRUTURA DE NAVIOS
EXEMPLO ILUSTRATIVO
As seguintes questões se colocam:
1) As informações disponíveis sobre o motor são suficientes para saber se
ele transmite esforços oscilatórios ao navio?
2) Existiria uma alternativa melhor de motor quanto ao aspecto de
balanceamento de inércia?
3) Os fabricantes de motores marítimos oferecem soluções para o problema
de balanceamento dos esforços de inércia?
4) Sempre que se instalar em um navio um motor com esforços de inércia
desbalanceados ocorrerá um problema sério de vibração?
5) E, no caso específico do navio Marajó, por que o problema de vibração
não foi constatado na prova de mar?
EXEMPLO ILUSTRATIVO
ESTUDO DO PROF DEN HARTOG

ANÁLISE DO PROBLEMA: EXCITAÇÃO PRODUZIDA PELO MOTOR


Trata-se de um motor de 6 cilindros, 2 tempos
Normalmente eles são construídos com defasagem de 60 graus entre
manivelas, de modo que a ignição nos diversos cilindros ocorra com
intervalos de tempo iguais
Com esse arranjo de eixo de manivelas o motor está “balanceado para
forças primárias e secundárias”
Há 60 possíveis arranjos de manivelas (ou 60 diferentes ordens de ignição)
A maioria delas está “desbalanceada para momentos primários”
EXEMPLO ILUSTRATIVO
ESTUDO DO PROF DEN HARTOG

Espera-se que entre as 60 alternativas o projetista


escolha uma que seja balanceada para momentos
primários
Mas há só uma que está balanceada; o arranjo de
manivelas está apresentado na figura 2
A ordem de ignição é 1 6 2 4 3 5 para operação
avante e 1 5 3 4 2 6 para operação a ré
Com esse arranjo, porém o motor tem momentos
secundários desbalanceados

FIGURA 2
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

Sistemas com 1 grau de liberdade


(equação 1)
Caso particular: sistema livre sem amortecimento
m + kx = 0
Solução: x = x0 sen (ωnt +α)
ωn = ( k/ m)1/2
Sistema livre com amortecimento
m + c + kx = 0 (equação 2)
Solução: x = x0 e- ζ ωnt sen (ωdt +α)
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

x = x0 e- ζ ωnt sen (ωdt +α)


ζ é a razão de amortecimento do sistema;
ωd é a frequência amortecida do sistema: ωd = ωn ( 1 - ζ)1/2

A solução geral da equação1 é a soma da solução da equação 2 com uma


solução particular da equação 1

Resposta particular para o sistema forçado (equação 1)


x = ( F0 /mωn2 ) (F.M.) sen (ωt + Φ)
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

x = ( F0 /mωn2 ) (F.M.) sen (ωt + Φ)


( F0 /m ωn2 ) - resposta do sistema quando se aplica uma força constante F0
Φ é a defasagem entre a resposta do sistema e a excitação;
F. M. é o fator de magnificação da resposta:
F.M. = 1/ [ ( 1 – (ω/ ωn)2 )2 –( 2 ζ ωn)2 ]1/2 (Veja Figura 3)

Então a resposta total do sistema é dada por:


x = x0 e- ζ ωnt sen (ωdt +α) + ( F0 /mωn2 ) (F.M.) sen (ωt + Φ)

Sabe-se que em regime permanente prevalece a resposta forçada


FIGURA 3
Diagrama de
ressonância
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

Energia introduzida no processo de vibração em um ciclo de vibração


Sistema com um grau de liberdade
E. I. = π F0 x0 sen Φ (equação 3)
Em condições de ressonância a energia introduzida é máxima:
sen Φ =1 (Φ = 90 graus)
Energia dissipada no processo de vibração em um ciclo de vibração
E. D. = π c ω x02 sen Φ
Amplitude da resposta em ressonância: Igualando E.I. e E.D.
x0 = F0 / ω c
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

GENERALIZAÇÃO DE RESULTADOS PARA SISTEMAS COM MÚLTIPLOS


GRAUS DE LIBERDADE
M (equação 4)
X é o vetor de dimensão n dos deslocamentos do sistema
M, C e K são matrizes quadradas de dimensão n
é o vetor dos esforços aplicados nos graus de liberdade
As frequências dos esforços podem ser diferentes em cada grau de liberdade

A solução da equação 4 é obtida através de uma decomposição modal


A resposta é expressa como uma combinação dos modos naturais do sistema
Determina-se previamente as frequências e modos naturais do sistema
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

GENERALIZAÇÃO DE RESULTADOS PARA SISTEMAS COM MÚLTIPLOS


GRAUS DE LIBERDADE
O enfoque para o tratamento do problema de vibração será o de energia
introduzida
Admite-se que: (E.I.)T = Σ (E.I.)j
(E.I.)T é a energia total introduzida pelos esforços aplicados em todos os graus
do sistema;
(E.I.)j é a energia introduzida pelo esforço aplicado no grau de liberdade j.
Com base na equação 3 obtém-se
(E.I.)T = Σ (π (F0)j (x0)j sen Φj (equação 5)
CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÕES

CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A OCORRÊNCIA DE VIBRAÇÃO EM


SISTEMAS DISCRETOS COM MÚLTIPLOS GRAUS DE LIBERDADE OU
CONTÍNUOS
Há (pelo menos) um esforço oscilatório aplicado ao sistema
A frequência de excitação é próxima de uma frequência natural do sistema;
A energia introduzida no sistema pelo(s) esforço(s) é significativa
BALANCEAMENTO DE ESFORÇOS DE INÉRCIA EM
MOTORES ALTERNATIVOS

CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA
O problema de balanceamento é causado pela combinação das
acelerações periódicas das partes móveis (pistões, hastes de pistões,
cruzetas, bielas e manivelas) (Veja figuras 4 e 5)
Seja um motor de um único cilindro vertical. O pistão executa um
movimento alternativo, isto é, sofre acelerações verticais alternadas.
Enquanto o pistão estiver sendo acelerado para baixo, deve haver
uma força dirigida, também para baixo, atuando sobre ele, e tal força vai ter
uma reação que atua no sentido de empurrar para cima as partes
estacionárias do motor.
Assim, uma aceleração alternada do pistão (haste e cruzeta) está
relacionada a uma força alternada na carcaça do cilindro
BALANCEAMENTO DE ESFORÇOS DE INÉRCIA EM
MOTORES ALTERNATIVOS

CONCEITUAÇÃO DO PROBLEMA

A relação matemática que descreve tais efeitos nada mais é do que a Lei de
Newton, que afirma que em um sistema mecânico, a razão de variação da
quantidade de movimento e igual à resultante F das forças externas:

d(Σ m V )/ dt = F (equação 6)

Esta é uma equação vetorial, que é equivalente a três equações escalares


BALANCEAMENTO DE ESFORÇOS DE INÉRCIA EM
MOTORES ALTERNATIVOS

CONCEITUAÇÃO
Considere-se o sistema mecânico como formado apenas pelas partes
moveis do motor, ou seja, pistão, haste, cruzeta, biela e eixo de manivelas
Ao longo de uma rotação essas partes possuem uma aceleração (d V/ dt)
nas direções vertical e horizontal.
Pode-se calcular o valor da força F atuando sobre essas partes, e o valor da
reação ( - F ) sobre as partes estacionárias
Reescrevendo a equação 4: Σ(m dV/dt) = F
A expressão (- m dV /dt ) é chamada "força de inércia"
As diferentes forças de inércia podem dar origem a momentos.
FIGURA 4
Esquema das
forças atuantes em
um motor Diesel
FIGURA 5
Componentes
móveis do motor
BALANCEAMENTO DE ESFORÇOS DE INÉRCIA EM
MOTORES ALTERNATIVOS

DETERMINAÇÃO DOS ESFORÇOS DE INÉRCIA EM MOTORES

1. MODELO PARA REPRESENTAÇÃO DAS MASSAS MÓVEIS

2. DINÂMICA DO MOVIMENTO

Você também pode gostar