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Resumo
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 104 Maringá, v. 11, n. 3, p. 104-156, maio/jun. 2006
BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
anos antes de falecer, deixando assim uma de suas pelo do arco-cinta, por ter menor largura mésio-
maiores contribuições para a Ortodontia contem- distal. Segundo Begg, esse braquete podia usar for-
porânea. ças mais suaves e os dentes estavam se movendo
com maior facilidade. Para ajudar na paralelização
A ERA PÓS-ANGLE – TÉCNICA DE BEGG das raízes, Begg usou o recurso de outro apoio na
Percy Raymond Begg nasceu no oeste da Aus-
trália em 13 de outubro de 1868. Antes de com-
pletar 20 anos havia percebido que, na sua região,
havia muitas pessoas com má oclusão. Desejava
estudar Medicina, porém seu interesse voltou-se
para a Ortodontia. Formou-se em 1923 na Uni-
versidade de Adelaide e, em fevereiro de 1924,
começou o curso de Ortodontia com o Dr. Angle,
para terminá-lo em novembro de 1925.
Quando Begg começou a estudar com Angle,
a técnica ensinada era a do arco-cinta, porém ele
já estava preparando o lançamento do braquete
Edgewise. Begg e outro colega de turma, o japonês
Fred Ishii, destacaram-se no curso, de modo que
Angle permitiu que eles realizassem o tratamen-
to de alguns casos com o novo braquete que eles
mesmos ajudavam a serrilhar.
Em 1926, de volta à Austrália, Begg começou
FIGURA 8 - O aparelho de Begg.
sua vida clínica utilizando o arco de canto e seguia Fonte: Moura22 (1991).
a filosofia não extracionista de Angle. No decor-
rer de seus tratamentos, com a finalização de al-
guns casos, Begg não estava ficando satisfeito com banda, distante do braquete. Com isso ele notou
o perfil resultante de alguns pacientes, de modo que podia reduzir a largura do braquete do arco
que decidiu então fazer desgastes interproximais cinta. Por essa modificação esse braquete é chama-
nos dentes, como observou haver nos aborígines do de braquete de Begg (Fig. 8).
australianos, ou refazer os casos recorrendo a exo- O aparecimento do aço inoxidável trouxe
dontias. grandes vantagens à especialidade. Begg procurou
Begg estava retratando muitos casos que ha- o metalurgista Arthur J. Wilcot, da Universidade
viam sofrido recidiva, só que desta vez com ex- de Adelaide, escola onde ele lecionava, e o incenti-
trações e, nestas ocasiões, ele começou a notar que vou a pesquisar um tipo de aço que fosse bastante
o arco de canto não estava conseguindo fechar os elástico. Após alguns anos, ele conseguiu e então
espaços das extrações rapidamente e que havia di- Begg pôde abrir a sobremordida, controlando a
ficuldades para reduzir a sobremordida profunda. forma da arcada e proporcionando a estabilidade
Em 1929, começou a usar o fio redondo molar.
0,020”, em vez de usar o fio retangular, para di-
minuir o atrito e, por volta de 1932, passou a usar A EVOLUÇÃO
o fio 0,018”, construindo nele as alças verticais. O desenvolvimento do conceito Edgewise foi
Em 1933, substituiu o braquete do arco de canto uma revolução sem precedentes na maneira de se
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A PRESCRIÇÃO DE ANDREWS
Andrews determinou quais seriam as metas
terapêuticas a serem buscadas e alcançadas pela
Ortodontia a partir de seus estudos. Com base
FIGURA 10 - Plano de Andrews.
neste estudo, ele estabeleceu onde seriam as po- Fonte: Andrews6 (1989).
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0º
2º
A B
4º 6º
C D
FIGURA 13 - A) Braquete sem rotação incorporada. B, C, D) Braquetes com rotações incorporadas no seu desenho. Dependendo da direção da rotação e da direção
do deslocamento dentário, o efeito é de anti-rotação durante a translação.
Fonte: Andrews6 (1989).
M
6º 4º 2º Força
0º
CM
CM
11º 13º
14º
15º
Força
A B C
A B C D
FIGURA 14 - Diferentes magnitudes de anti-rotações incorporadas ao bra- FIGURA 15 - A) Diferentes magnitudes de anti-angulação incorporadas ao
quete. B, C) Efeito do momento da força e do contra-momento, resultante do braquete (B). C, D) Efeito do momento e contra-momento resultantes do bra-
braquete de anti-rotação quando se aplica a força com o braquete amarrado quete de anti-angulação quando se aplica a força juntamente com o braque-
ao arco. te amarrado ao arco.
Fonte: Andrews6 (1989). Fonte: Andrews6 (1989).
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
5º 5º 2º 2º 11º 9º 5º
inc. lateral -1º 2º 0º
canino -11º 5º 0º
1º pré-molar -17º 2º 0º
2º pré-molar -22º 2º 0º
1º molar -30º 2º 0º
2º molar -35º 2º 0º
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O primeiro pré-molar recebe uma prescrição torques e rotações destinadas a dentes que irão
diferenciada do segundo pré-molar em casos de sofrer uma grande quantidade de deslocamento.
translação média, pois quando se planeja exodon- Neste caso, não há prescrição diferenciada de bra-
tia de segundo pré-molar, geralmente está se pla- quetes de translação máxima para primeiros pré-
nejando também alguma quantidade de perda de molares, pois não há aplicação clínica para tal, vis-
ancoragem dos molares, e o primeiro pré-molar to que quando se planeja exodontia de segundos
que permanece na boca irá ser, pela lógica, trans- pré-molares está se planejando também alguma
ladado para a distal, assim como o canino, pois perda de ancoragem dos molares, o que não exige
ambos situam-se mesialmente ao espaço da exo- grande quantidade de movimento dos primeiros
dontia e, igualmente ao canino, ele também recebe pré-molares (Tab. 4).
uma angulação aumentada em seu braquete para
evitar que sua coroa sofra inclinação para a distal, • Tubos para molares Classe II (T4): Andrews
já que neste caso o movimento de translação já criou também acessórios específicos para situações
não é mínimo, ele é de magnitude média, porém onde se planeja terminar o caso com uma relação
com capacidade suficiente para inclinar a co- molar de Classe II, que são os braquetes para mo-
roa destes dentes para a distal quando ocorrer a lares superiores que se apresentam sem giro e sem
translação. angulação na sua construção, para que estes ele-
mentos se encontrem verticalizados no final do tra-
• Braquetes de translação máxima (T3): bra- tamento com o intuito de evitar a interferência da
quetes com modificações nas suas angulações, cúspide disto-lingual do primeiro molar superior
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
S S T2 T2 T2 T2
S S S S S S S
FIGURA 17 - Braquetes padrão em todos os elementos. FIGURA 18 - Braquetes com translação média (T2) em caninos, pré e molares,
e standard nos demais.
S S T2 T2 T2 T2
S S T3 T2 T2 T2
FIGURA 19 - Braquetes de translação média (T2) nos caninos, segundos pré FIGURA 20 - Braquetes de translação máxima (T3) nos caninos e de transla-
e molares. ção média nos posteriores.
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4) Em casos com falta de espaço da ordem de 6) Quando há falta de espaço de -14mm, a ser
-9 a -10mm, a ser tratada com extração de primei- tratada com extração de primeiros pré-molares e
ros pré-molares, nos quais se quer maior transla- se quer distalização total do canino e nada (ou o
ção do canino para a distal do que do segmento mínimo) de mesialização do segmento posterior,
posterior para a mesial, são usados braquetes de são usados braquetes de translação máxima para
translação máxima (T3) nos caninos e de transla- os caninos (T3), acessórios de translação mínima
ção média nos posteriores (Fig. 20). nos segundos pré-molares (T1) e tubos standard
nos molares (Fig. 22).
5) Com uma discrepância de modelo negati-
va de -11 a -13mm, onde se planeja a exodontia 7) Com falta de espaço de -14mm, como no caso
de primeiros pré-molares e se quer grande trans- anterior, mas quando se quer terminar com uma
lação do canino e quase nada de translação me- relação molar de Classe II e se quer distalizar total-
sial do segmento posterior, são usados braquetes mente os caninos com o mínimo ou nada de mesia-
de translação máxima (T3) para os caninos e lização do segmento posterior, são utilizados bra-
acessórios de translação mínima para os poste- quetes de translação máxima nos caninos (T3), de
riores (Fig. 21). translação mínima nos segundos pré-molares (T1)
S S T3 T1 S S
S S T3 T1 T1 T1
S S T3 T1 T4 T4 S S T1 T3 T3 T3
FIGURA 23 - Braquetes de translação máxima nos caninos (T3), de translação FIGURA 24 - Braquetes de translação máxima no 2º pré e molares (T3) e
mínima nos segundos pré-molares (T1) e tubos destinados a verticalizar os translação mínima nos caninos (T1).
molares (T4).
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e tubos destinados a verticalizar os molares (T4) 10) Para casos com excesso de espaço da or-
(Fig. 23). dem de +5 a +8mm, em que se quer uma trans-
lação mesial de magnitude média dos dentes pos-
8) Para casos tratados com exodontias de pri- teriores, são utilizados braquetes standard para os
meiros pré-molares, com translação mesial total dos anteriores até o primeiro pré-molar e acessórios
posteriores juntamente com o mínimo ou nenhum de translação média no segundo pré e molares
movimento distal dos caninos, são usados braque- (T2) (Fig. 26).
tes de translação máxima no 2º pré e molares (T3)
e translação mínima (T1) nos caninos (Fig. 24). 11) Para casos com excesso de espaço de +9
a +14mm, em que se quer grande translação dos
9) Esta prescrição é recomendada para casos dentes posteriores (de 4,5 a 7mm por lado) jun-
onde exista excesso de espaço de +1 a +4mm e to com a estabilização do segmento anterior, são
pouca translação mesial dos posteriores é neces- utilizados acessórios standard nos anteriores, ca-
sária (0,5 - 2mm). São usados braquetes standard ninos e primeiro pré-molar aliado com braque-
nos incisivos, caninos e primeiro pré-molar, junta- tes de translação máxima nos posteriores (T3)
mente com braquetes de translação mínima (T1) (Fig. 27).
no segundo pré e molares (Fig. 25).
Para efetuar o tratamento das desarmonias de
bases ósseas de Classe II e de Classe III com com-
pensações dentoalveolares (logicamente, aquelas
de magnitude tal que seja possível o tratamento
por meio de compensações), Andrews fez mo-
dificações nos torques dos incisivos superiores
e inferiores para compensar a desarmonia basal
óssea.
Deste modo teremos braquetes distintos de in-
S S S S T1 T1 T1 cisivos superiores e inferiores para o tratamento
de má oclusão de Classe II e Classe III (Tab. 6,
FIGURA 25 - Braquetes standard nos incisivos, caninos e primeiro pré-mo-
Fig. 28).
lar, juntamente com braquetes de translação mínima (T1) no segundo pré e
molares.
S S S S T2 T2 T2 S S S S T3 T3 T3
FIGURA 26 - Braquetes standard para os anteriores até o primeiro pré-molar, FIGURA 27 - Braquetes standard nos anteriores, caninos e primeiro pré-molar
e acessórios de translação média no segundo pré e molares (T2). aliado com braquetes de translação máxima nos posteriores (T3).
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Tabela 6 - Modificações nos torques dos incisivos superiores forças leves e pendulares de Begg, juntamente
e inferiores, para o tratamento de má oclusão de Classe II e com a capacidade do controle tridimensional do
Classe III.
aparelho de Andrews.
CENTRAL SUP. Torque Angulação Rotação
Kesling, um defensor da técnica que utiliza fios
standard +7º +5º 0º
redondos, após 25 anos de tratamentos de curta
Classe II +2º +5º 0º
duração, bem sucedidos, com forças leves, lamen-
Classe III +12º +5º 0º
tava que a técnica de Begg ocupasse um segundo
LATERAL SUP.
plano em relação às outras técnicas de aparelhos
standard +3º +9º 0º
pré-ajustados. Sob este panorama, idealizou um
Classe II +2º +9º 0º
acessório que permitisse a livre inclinação dos
Classe III +8º +9º 0º
dentes durante o fechamento dos espaços das ex-
INC. INFERIORES
trações, como na técnica de Begg. Kesling afirmou
standard -1º +2º 0º
que este tipo de movimento é mais fisiológico e
Classe II +4º +2º 0º
elimina a necessidade de ancoragem, indispensá-
Classe III -6º +2º 0º
vel em muitos casos quando se usa o arco de can-
to. O braquete por ele desenvolvido foi denomina-
do Tip Edge (Fig. 29). Seu desenho assemelha-se
ao de um braquete de arco de canto, com o slot
3º 7º -2º 2º 8º 12º
horizontal, porém com uma diferença: Kesling re-
moveu os cantos diagonais, superior e inferior do
slot (Fig. 30).
Com este desenho, o braquete Tip Edge pro-
porcionaria um fácil movimento de inclinação do
dente durante o fechamento de espaços (movi-
mentos pendulares da técnica de Begg), ao mesmo
tempo em que ofereceria o controle tridimensional
e posicionamento final adequado dos dentes, pois
características como o torque, angulação e rotação
-1º -1º 4º 4º -6º -6º
estão embutidos no acessório. Como a canaleta do
Braquetes standard Classe II Classe III acessório Tip Edge permite grande amplitude no
FIGURA 28 - Braquetes distintos de incisivos superiores e inferiores para o
movimento dentário, a adequada finalização não
tratamento de má oclusão de Classe II e Classe III. seria possível sem o uso de alguns acessórios que
promovem a correção da inclinação, angulação e
rotação do dente, após ele terminar o seu deslo-
PRESCRIÇÃO TIP EDGE camento intra-arco. Para este fim, o autor preco-
Em 1986, alguns anos após o desenvolvimento nizou o uso de molas para verticalização dentária
de braquetes totalmente programados (Andrews), que se inserem em ranhuras verticais presentes no
Kesling em parceria com a companhia de pro- braquete e atuam em todos os sentidos, para cor-
dutos ortodônticos TP® - EUA, desenvolveu um rigir o torque, a angulação ou a rotação (Fig. 31,
braquete que pretendia associar as características 32, 33).
positivas de dois tipos de acessórios - os de arco de Nesta técnica, é possível chegar precocemen-
canto e os acessórios da técnica de Begg. Kesling15 te aos arcos retangulares e fazer uso das molas
propôs um acessório que conseguiria produzir as de verticalização para o posicionamento final
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FIGURA 29 - Braquete Tip Edge. FIGURA 30 - Braquete após a remoção dos cantos diagonais.
Fonte: Graber9 (2000). Fonte: Graber9 (2000).
FIGURA 31 - Mola para correção de giroversão. FIGURA 32 - Mola para correção de angulação.
Fonte: Graber9 (2000). Fonte: Graber9 (2000).
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angulação dos incisivos superiores faz com que ção cefalométrica que possibilitassem resultados
eles ocupem mais espaço no arco, com o intuito mais previsíveis.
de compensar a rotação mesial de 0º dos primeiros Ricketts, após anos de estudo e pesquisa, deu
molares superiores, necessária para estes casos. origem a uma inovadora filosofia de tratamento or-
No arco inferior, os braquetes dos incisivos pos- todôntico denominada Terapia Bioprogressiva.
suem as mesmas características dos normais não O princípio da Bioprogressiva envolve um
ortodônticos, já os caninos inferiores diferem em conceito de tratamento integral e não apenas
sua angulação, que é de 7º, e em sua rotação de 2º uma seqüência de passos técnicos ou mecânicos.
(5º e 0º de Andrews). Todo o segmento posterior Ela usa processos biológicos (crescimento e fun-
tem 3º de angulação a menos (-1º) que os normais cionamento das estruturas faciais), direcionando-
não ortodônticos (2º) e apresenta 4º de rotação os com o objetivo de levar o paciente à normali-
distal ao contrário dos 0º de rotação dos póstero- dade. Todas as decisões do clínico a respeito do
inferiores de Andrews. Segundo Roth, estes dentes planejamento do tratamento devem sempre ser
situam-se mais mesialmente que os superiores e realizadas respeitando-se o tipo facial do indiví-
simultaneamente mais rotados mesialmente, deste duo, sua tendência de crescimento, o seu padrão
modo necessitando de rotação distal extra. O tor- muscular, e as suas necessidades individuais.
que no segmento posterior permanece o mesmo Ricketts pretendia realizar o tratamento or-
dos normais não ortodônticos porque a sobrecor- todôntico através de um sistema mecânico que
reção neste plano apenas conduz a problemas e fosse simples, com forças leves e, acima de tudo,
interferências oclusais. Os dois molares inferiores biologicamente confiável. Inspirado no secciona-
tem exatamente o mesmo grau de torque já que a mento dos arcos sugerido por Burstone, idealizou
sua aplicação promove o encaixe da cúspide mé- uma mecânica segmentada, com o arco base e suas
sio vestibular (o torque medido para os normais variações.
não ortodônticos foi obtido a partir deste encaixe A Bioprogressiva faz uso de sistemas biomecâ-
posterior). nicos que proporcionam a visualização direta dos
resultados, ações determinadas e previstas em se-
A PRESCRIÇÃO DE RICKETTS tores escolhidos no arco dentário, que permitem o
Robert Murray Ricketts, graduado em Odonto- uso de forças diferenciais e total controle da anco-
logia em 1945 pela Universidade de Indiana, sob ragem, tudo com alto requinte de individualização
a direção do Dr. Alan G. Brodie, fez seu curso de do problema ortodôntico do paciente.
pós-graduação ao nível de mestrado em Ortodon- Ele estabeleceu 10 princípios que são os alicer-
tia na Universidade de Ilinois, onde teve também ces da sua técnica e os publicou em 196134:
como mestre o professor Downs.
Ricketts não se conformava com as limitações 1) O emprego de um acesso sistemático para
e com os resultados da Ortodontia das décadas diagnóstico e tratamento pela aplicação do VTO
de 40 e 50. Dedicou-se intensamente ao estudo (visualização dos objetivos do tratamento) no pla-
do crescimento facial, aos distúrbios da ATM e nejamento do tratamento, avaliação da ancoragem
ao trabalho com portadores de fissuras palatinas. e informação de resultados.
Ele acreditava que, para melhorar os resultados da 2) Controle de torque do começo ao fim do
Ortodontia na sua época, era necessária a busca tratamento.
incansável da individualização das causas e das so- 3) Ancoragem muscular e no osso cortical.
luções do problema ortodôntico e, também, que 4) Movimento de qualquer dente em qualquer
seria essencial que se criassem métodos de avalia- direção, com a aplicação de forças adequadas.
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posterior, decidiu modificar o torque do tubo do Tabela 10 - Prescrição de Ricketts para casos sem exodontia.
molar inferior, que antes tinha 0º e foi mudado SUPERIORES Torque Angulação Rotação
para -22º. inc. central +22º 0º 0º
Ricketts percebeu também que precisava me- inc. lateral +14º +8º 0º
lhorar a ancoragem no segmento posterior, então canino +7º +5º 0º
resolveu incorporar nos tubos dos segundos mola- 1º pré-molar 0º 0º 0º
res inferiores um torque de 32º, uma angulação de 2º pré-molar 0º 0º 0º
5º (a mesial mais baixa) e uma rotação de 6º. 1º molar 0º 0º 0º
Com as pesquisas que se sucederam a partir
da Bioprogressiva padrão, o aparelho evoluiu em INFERIORES
sua fase seguinte para o “torque total” e posterior- inc. central 0º 0º 0º
mente para o que Ricketts chamou de “triplo con- inc. lateral 0º 0º 0º
trole”. canino +7º +5º 0º
Na década de 80 desenvolveu-se a quarta gera- 1º pré-molar 0º 0º 0º
ção da Bioprogressiva, com prescrições para casos 2º pré-molar -14º 0º 0º
com exodontia e para casos sem exodontia (Fig. 1º molar -22º -5º 0º
39, 40; Tab. 10, 11). Várias modificações foram in- 2º molar -32º -5º 0º
troduzidas no aparelho com o intuito de facilitar o
trabalho do ortodontista, permitindo que, no está-
gio de conclusão, o arco pudesse ser contínuo. 0º 0º 0º 7º 14º 22º
Entre as modificações realizadas foi aumenta-
da a distância da base até a superfície do encai-
xe do braquete do canino, que anteriormente era
de 0,7mm e passou a ser de 0,9mm. Da mesma
maneira, no primeiro pré-molar esta distância foi
diminuída de 0,7mm para 0,55mm e para o se-
gundo pré-molar houve um aumento de 0,7mm
para 1,2mm. Para os casos de exodontia, o braque-
-32º -22º -14º 0º 7º 0º 0º
te do segundo pré-molar inferior foi modificado
para incorporar um torque de -7º. O tubo do se-
0º 0º 0º 5º 8º 0º
gundo molar inferior apresenta um desvio de 6º e
um torque de -32º.
As variações seguintes referem-se ao sistema
“Trimorphic de Ricketts”, com modificações feitas
na sua prescrição clássica para a individualização
do caso de acordo com o padrão facial do paciente,
seja ele dólico, meso ou braquifacial (Fig. 41, 42,
43; Tab. 12, 13, 14). Foi acrescentado torque pro-
gressivo nos posteriores superiores e a principal
diferença entre as prescrições de cada padrão se
concentra na inclinação dos anteriores superiores. -5º -5º 0º 0º 5º 0º 0º
A prescrição para os perfis braquifaciais possui
torques nos anteriores similares aos da bioprogres- FIGURA 39 - Ilustração da proposta de Ricketts para casos sem exodontia.
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Tabela 11 - Prescrição de Ricketts para casos com exodontia. Tabela 12 - Prescrição de Ricketts para o padrão braquifacial.
SUPERIORES Torque Angulação Rotação SUPERIORES Torque Angulação Rotação
inc. central +22º 0º 0º inc. central +22º +3º 0º
inc. lateral +14º +8º 0º inc. lateral +14º +10º 0º
canino +7º +5º 0º canino +5º +8º 0º
2º pré-molar 0º 0º 0º 1º pré-molar -6º 0º 0º
1º molar 0º 0º 0º 2º pré-molar -6º 0º 0º
1º molar -10º 0º -15º
INFERIORES 2º molar -10º 0º -12º
inc. central 0º 0º 0º
inc. lateral 0º 0º 0º INFERIORES
canino +7º +5º 0º inc. central 0º 0º 0º
2º pré-molar -7º 0º 0º inc. lateral 0º 0º 0º
1º molar -22º -5º 0º canino +3º +5º -6º
2º molar -32º -5º 6º 1º pré-molar -15º 0º 0º
2º pré-molar -20º 0º 0º
1º molar -22º -5º -12º
0º 0º 5º 8º 0º
0º 0º 0º 0º 8º 10º 3º
-5º -5º 0º 5º 0º 0º
-5º -5º 0º 0º 5º 0º 0º
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
Tabela 13 - Prescrição de Ricketts para o padrão mesofacial. Tabela 14 - Prescrição de Ricketts para o padrão dolicofacial.
SUPERIORES Torque Angulação Rotação SUPERIORES Torque Angulação Rotação
inc. central +17º +3º 0º inc. central +12º +3º 0º
inc. lateral +11º +10º 0º inc. lateral +8º +10º 0º
canino 0º +8º 0º canino 0º +8º 0º
1º pré-molar -6º 0º 0º 1º pré-molar -6º 0º 0º
2º pré-molar -6º 0º 0º 2º pré-molar -6º 0º 0º
1º molar -10º 0º -15º 1º molar -10º 0º -14º
2º molar -10º 0º -12º 2º molar -10º 0º -14º
INFERIORES INFERIORES
inc. central 0º 0º 0º inc. central 0º 0º 0º
inc. lateral 0º 0º 0º inc. lateral 0º 0º 0º
canino 0º +5º -6º canino 0º +5º -6º
1º pré-molar -15º 0º 0º 1º pré-molar -15º 0º 0º
2º pré-molar -20º 0º 0º 2º pré-molar -20º 0º 0º
1º molar -22º -5º -12º 1º molar -27º -5º -6º
2º molar -27º -5º 6º 2º molar -34º -5º 6º
-10º -10º -6º -6º 0º 11º 17º -10º -10º -6º -6º 0º 8º 12º
0º 0º 0º 0º 8º 10º 3º 0º 0º 0º 0º 8º 10º 3º
FIGURA 42 - Ilustrações referentes às prescrições propostas por Ricketts FIGURA 43 - Ilustrações referentes às prescrições propostas por Ricketts
para casos mesofaciais. para casos dolicofaciais.
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BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
sos, acreditava ser mais fácil reduzir o torque por 1º molar -27º -5º 12º
nar a disparidade na altura dos braquetes entre o FIGURA 44 - Ilustrações referentes às prescrições propostas por Hilgers.
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0º 12º
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
Por ser um dos últimos dentes a iromper, o ticos, que tinha como objetivo estudar as caracte-
autor prefere que ele seja bandado para se ten- rísticas da morfologia dentária de vários pacientes,
tar minimizar problemas de altura de colagem na através de um potente scanner de superfície a la-
sua coroa. Segundo Hilgers o segundo pré-molar ser, para depois construir digitalmente uma oclu-
deveria ter torque vestibular de raiz para manter são ótima, a companhia Ormco lançou uma versão
a simetria com o primeiro e segundo molares e de prescrição com valores de torque, angulação e
porque também o principal suporte ósseo deste rotação, posicionamento da altura e formato dos
dente é a tábua cortical externa. Em casos de exo- braquetes condizentes com as conclusões que o
dontia o autor acredita ser útil acrescentar 5º de projeto havia obtido. Recomendaram o uso de ar-
angulação nestes dentes para se obter o paralelis- cos leves nos braquetes de torque elevado da me-
mo radicular. cânica bioprogessiva. A intenção do sistema Bios é
Segundo Hilgers, a angulação distal de coroa de a de que quanto mais torque os dentes necessita-
5º verticaliza os molares inferiores para permitir o rem, mais deve-se preencher a canaleta do acessó-
assentamento distal do primeiro molar superior e rio com fios espessos. Quanto menor a demanda
neutralizar as forças da mecânica de retração e do por torque no caso em questão, menor o diâmetro
uso de elásticos (Fig. 48). dos fios que o clínico deve trabalhar.
Para alcançar uma suficiente rotação distal O projeto Elan deu origem a uma prescrição
dos primeiros e segundos molares superiores, é chamada Orthos (descrita mais adiante neste tex-
necessário que o primeiro molar inferior esteja to), que além de seus valores distintos, tinha outras
rotacionado distalmente mais do que se esperaria modificações no formato dos braquetes. Algumas
(12º). Esta rotação coordenada com a rotação do dessas modificações foram incorporadas em uma
molar superior evitaria o contato prematuro de prescrição bioprogressiva para aumentar a preci-
cúspides e a criação de “planos inclinados” indu- são da ação dos acessórios:
zindo rotações adversas nestes molares. Hilgers • Foi feita uma compensação no corte do slot
acredita que o torque é suficiente para manter a dos braquetes dos caninos e laterais superiores e
ancoragem criada pela posição da raiz contra o na forma do arco. Foi reduzido também o perfil
osso cortical. dos acessórios dos dentes ântero-inferiores, dimi-
Como há uma tendência natural dos molares nuindo dessa maneira a necessidade de dobras de
inferiores irromperem com uma angulação me- primeira ordem para eventuais ajustes.
sial de coroa, esta é uma das primeiras áreas de • Angulação distal progressiva de raízes foi in-
interferência oclusal, freqüentemente causando corporada nos braquetes dos incisivos inferiores
desarticulação dos côndilos, se não corrigida or- para permitir um espaçamento uniforme das ra-
todonticamente com a angulação no tubo de -5º, ízes destes dentes.
além do que essa angulação da coroa do segundo • Angulação distal de raiz foi incorporada nos
molar proporcionará o assentamento mesial da pré-molares inferiores para se alcançar adequados
cúspide disto vestibular do primeiro molar supe- contatos proximais e um correto alinhamento ra-
rior na ameia entre o primeiro e segundo molares dicular
inferiores. • Os tubos dos molares foram projetados para
que esses dentes ocupassem a menor quantidade
A PRESCRIÇÃO BIOS de espaço possível e para otimizar a sua interdigi-
Concluídos os resultados do projeto Elan, de- tação com os oponentes.
senvolvido por Craig Andreiko e Mark A. Payne da • Angulação distal de raiz foi incorporada nos
companhia Ormco (EUA) de produtos ortodôn- segundos pré-molares e a base do braquete deste
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BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
INFERIORES
inc. central -5º +2º 0º
inc. lateral -5º +4º 0º
canino +7º +6º -4,5º
1º pré molar -7º +3º 0º
2º pré-molar -17º +3º 0º
1º molar -27º 0º 5º
0º 0º 3º 3º 6º 4º 2º
2º molar -27º 0º 5º
Para fins de comparação, os valores marcados em vermelho, são os que di- FIGURA 51 - Ilustração da prescrição BIOS - Ormco.
ferem da prescrição original de Hilgers.
dente ficou mais espessa para uma melhor transição de modelos normais não tratados ortodontica-
entre o primeiro pré-molar e o primeiro molar. mente (dos 120 modelos estudados por Andrews)
• Aumento moderado no torque vestibular de que possuíam bases ósseas adequadas, ou seja, elas
raiz no segmento posterior superior para prevenir eram arredondadas e largas, e eles observaram que
toques em cúspides palatinas durante o balanceio. muitos dos casos tratados em consultório tinham
• Os braquetes dos pré-molares são disponí- bases estreitas.
veis também em versões com uma base maior • Exatamente essa porcentagem de pacientes
para aumentar a área de retenção na superfície necessitava de dobras nos fios para finalização ou
do dente. braquetes adicionais com variações nas suas carac-
• As formas dos acessórios e dos arcos foram terísticas (movimento de translação).
projetadas, por computador, para trabalharem • As medidas do aparelho Straight Wire pa-
juntos. drão foram obtidas de posições estáticas e finais
dos dentes sendo necessários, para movimentos de
A PRESCRIÇÃO MBT translação, outros tipos de braquetes.
Após muitos anos de uso clínico do aparelho
Straight Wire, proposto por Andrews em 1972, Também observaram que era necessário acres-
John Bennett e Richard McLaughlin observaram centar torque aos fios retangulares em uma alta
que: porcentagem dos casos, buscando obter torque
• As características (torque, angulação, in-out) palatino de raiz para os incisivos superiores e tor-
do braquete Straight Wire padrão eram derivadas que vestibular de raiz para os incisivos inferiores.
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
Diante deste fato, optaram por algumas modifica- juntamente com Hugo Trevisi21 em 1998.
ções nos braquetes desses dentes. Após estudos e revisões de pesquisas recentes,
O torque nos incisivos foi aumentado em 10º os autores atribuíram angulações menores aos in-
(7º para 17º) no central superior e 7º (3º para cisivos superiores e inferiores (de 5º para 4º nos
10º) no lateral superior porque, durante o fecha- centrais superiores, de 9º para 8º nos laterais supe-
mento de espaços e redução do trespasse hori- riores e de 2º para 0º nos incisivos inferiores) por-
zontal, havia a tendência de se perder o torque que isso, segundo eles, diminuiria a necessidade de
nestes dentes. Nos incisivos inferiores, o torque ancoragem no início do tratamento.
foi alterado de -1º para -6º, pois estes dentes ter- Nos pré-molares superiores, reduziram as an-
minavam freqüentemente vestibularizados após gulações de 2º para 0º, pois achavam que assim,
a eliminação do apinhamento e nivelamento da verticalizados, eles iriam estar mais direcionados a
curva de Spee. uma relação de engrenamento oclusal. Já nos pré-
O torque nos molares superiores não foi modi- molares inferiores, achavam que a angulação origi-
ficado, porém mudaram a angulação de 5º para 0º, nal os direcionava para uma relação de Classe I.
pois não mais estavam posicionando as bandas nos O torque nos molares superiores foi alterado
molares com uma certa angulação, ou seja, com de -9º para -14º, pois na primeira situação, as cús-
sua porção mesial mais baixa que sua porção dis- pides palatinas se encontravam suspensas e cau-
tal, não sendo necessário este ajuste na angulação sando interferências oclusais em cêntrica.
incorporada no desenho do braquete. O torque lingual nos dentes inferiores foram
Nos segundos molares inferiores, nos quais os todos reduzidos.
valores normais eram de 35º, esse torque foi redu- - caninos (de -11ºpara -6º);
zido para 10º, pois há uma tendência consistente - 1os pré-molares (de -17º para -12º);
destes dentes se inclinarem para a lingual quando - 2os pré-molares (de -22º para -17º);
se usa a prescrição de torque negativo de 35º ou - 1os molares (-30º para -20º);
mesmo de 20º devido a: - 2os molares (-35º para -10º).
• Inadequações na altura do tubo entre os pri- Estes elementos sofreram essas reduções por
meiros e segundos molares. alguns motivos:
• Se o arco for mais estreito na distal dos pri- - durante a retração de caninos ou de pré-mo-
meiros molares inferiores. lares era melhor que estes estivessem mais vertica-
• Efeito extrusivo das cúspides dos segundos lizados ao invés de a sua raiz estar em contato com
molares superiores. a cortical óssea, criando assim certa resistência ao
Eles acreditavam que o uso da prescrição de movimento dentário.
10º de torque lingual e 2º de angulação é útil no - os casos de estreitamento do arco superior
controle do torque do segundo molar inferior. com compensação do arco inferior se beneficia-
Os resultados desse estudo, observações e riam da verticalização dos dentes póstero-inferio-
modificações geraram a prescrição de Bennett e res.
McLaughlin. - os segundos molares inferiores “deslizavam”
Após experimentarem o aparelho com a pres- lingualmente com os 35º propostos na técnica de
crição mencionada por oito anos e reverem pesqui- Andrews.
sas recentes de Sebata e Watanaba, determinaram Nem sempre os pré-molares superiores se
outras modificações para atingir uma otimização equivalem em tamanho no sentido vestíbulo-lin-
da eficiência do aparelho, o resultado disso foi o gual, sendo os segundos pré-molares muitas vezes
aparelho modificado e apresentado pelos autores, menores do que os primeiros. Os autores incor-
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-9º -9º -7º -7º -7º 10º 17º -14º -14º -7º -7º -7º 10º 17º
-10º -26º -22º -17º -11º -6º -6º -10º -20º -17º -12º -6º -6º -6º
0º 0º 2º 2º 11º 9º 5º
0º 0º 0º 0º 8º 8º 4º
2º 2º 2º 2º 5º 2º 2º 0º 0º 2º 2º 3º 0º 0º
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
poraram por isso 0,5mm na espessura da base dos dividualizadas para o posicionamento vertical em
braquetes dos segundos pré-molares superiores. casos específicos.
No caso de os tamanhos do primeiro e do segundo • Dentes com irrupção incompleta: nestes
pré-molares serem os mesmos, pode-se usar o bra- casos é difícil localizar o centro da coroa clínica.
quete do primeiro nos segundos pré-molares. Se for decidido colar mais para a oclusal, dobras
Os autores chamam a atenção para o fato de devem ser feitas para compensar essa situação até
que as aletas dos braquetes são simétricas para que que seja possível o posicionamento correto do su-
se possa observar o paralelismo com o longo eixo porte. Uma situação similar ocorre nos casos de
da coroa clínica, com isso, o posicionamento cor- hipertrofia de gengiva inflamada.
reto do acessório está sujeito a erros, que devem • Inclinação inicial do dente: quando o ele-
ser evitados. Eles recomendam que o clínico ob- mento encontra-se muito para a vestibular ou
serve o dente a ser colado de frente. Eles alertam muito para a lingual ocorre a tendência de se co-
para as seguintes possibilidades de erro. locar o braquete mais para incisal ou mais para
• Erro no sentido mésio-distal: tomar o cui- cervical.
dado de fazer coincidir a linha vertical do centro • Dentes fraturados: em elementos com o
do braquete com o eixo vertical da coroa clínica. bordo incisal fraturado é mais difícil se localizar
Os autores recomendam atenção ao posiciona- corretamente o centro da coroa clínica. Os autores
mento mésio-distal, dos caninos inferiores, pois recomendam a realização da dentística antes da
se estes forem colados mais para a distal, não se colagem.
alcança uma boa relação destes com os laterais su- • Coroas clínicas muito longas ou muito cur-
periores. tas: quando temos uma coroa clínica muito lon-
• Erro de angulação: para se evitar esse erro, ga como é o caso de caninos superiores corre-se
os autores recomendam que o clínico desconsi- o risco de posicionar o acessório muito para in-
dere a ranhura do braquete e posicione as aletas cisal. Deve-se verificar se não estão ocorrendo
paralelas ao longo eixo vestibular da coroa clínica, interferências oclusais e se os torques não estão
logicamente com o acessório centralizado. inadequados. Em casos de coroas clínicas curtas,
• Erro de rotação: o cuidado com o excesso geralmente incisivos laterais, o posicionamento do
de resina na base do braquete é lembrado neste braquete no centro da coroa pode deixar o dente
tópico. Deve-se pressionar o acessório de forma com a coroa clínica curta demais. Pode-se posicio-
que a sua base se assente uniformemente na su- nar o braquete mais para cervical e depois adequar
perfície vestibular do dente e o excesso de resina os torques.
escoe para fora. Em casos de incisivos com giro, é • Variações anatômicas: as superfícies vestibu-
recomendável permitir mais quantidade de resina lares dos dentes apresentam uma grande varieda-
em um dos lados da base para promover giro com de de formas e a inobservância deste detalhe pode
sobrecorreção. resultar em um torque indesejável em um dente
• Erro vertical: ocorre quando o acessório fica ou grupo de dentes.
posicionado mais para oclusal ou para cervical do Variações anatômicas nas bordas incisais, com
centro da coroa clínica, o que pode incorporar ao relação à altura, são comuns em incisivos inferio-
dente, intrusão, extrusão, torque ou in-out. Para res. Deve-se discutir com o paciente sobre a pos-
evitar esse tipo de erro, eles recomendam o uso sibilidade de desgastes para a regularização das
de instrumentos posicionadores adequados, como incisais destes dentes ou o posicionamento destes
a estrela de Boone, posicionadores de Daugherty. da melhor forma possível, resguardando os pontos
Recentemente os autores formularam tabelas in- de contato.
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Tabela 19 - Valores de “x” preconizados por McLaughlin e plina Vari Simplex (DVS), se diferencia das ou-
Bennett19. tras por ser a única que utiliza diferentes tipos de
Superiores
braquetes em um mesmo caso, segundo o autor,
17/27 16/26 15/25 14/24 13/23 12/22 11/21
para tornar mais eficaz a movimentação dentária
2,0 4,0 5,0 5,5 6,0 5,5 6,0 +1mm
de cada dente.
2,0 3,5 4,5 5,0 5,5 5,0 5,5 +0,5mm
Nos dentes ântero-superiores, ele utiliza bra-
2,0 3,0 4,0 4,5 5,0 4,5 5,0 Média
quetes geminados, semelhantes aos usados em ou-
2,0 2,5 3,5 4,0 4,5 4,0 4,5 -0,5mm
tras técnicas.
2,0 2,0 3,0 3,5 4,0 3,5 4,0 -1mm
Porém, nos dentes póstero-superiores – cani-
Inferiores
nos e pré-molares - e nos dentes inferiores, com
37/47 36/46 35/45 34/44 33/43 32/42 31/41
exceção dos molares, ele usava outro tipo de bra-
3,5 3,5 4,5 5,0 5,5 5,0 5,0 +1mm
quete que possui asas metálicas nas laterais. Este
3,0 3,0 4,0 4,5 5,0 4,5 4,5 +0,5mm
modelo de braquete foi idealizado e utilizado
2,5 2,5 3,5 4,0 4,5 4,0 4,0 Média
anteriormente por Lang, e foi incorporado por
2,0 2,0 3,0 3,5 4,0 3,5 3,5 -0,5mm
Alexander em sua técnica Vari Simplex. As asas
2,0 2,0 2,5 3,0 3,5 3,0 3,0 -1mm
laterais do braquete de Lang ajudavam a obter um
maior controle do giro.
Os autores sugerem alguns valores para o “x” de Outra característica da Vari Simplex é que, se-
acordo com o tamanho da coroa clínica, para um gundo Alexander, um número reduzido de arcos é
posicionamento mais adequado dos acessórios. utilizado no tratamento, freqüentemente cerca de
dois ou três tipos de arcos.
A PRESCRIÇÃO DE ALEXANDER Da técnica clássica de Tweed, Alexander man-
R.G. Wick Alexander especializou-se na Uni- teve o princípio de ancoragem, por meio da ver-
versidade do Texas, em 1964, e teve uma for- ticalização dos molares inferiores, através da sua
mação estritamente tweediana. Porém, um caso angulação de coroa para distal inclusa no braquete
tratado por ele, quando ainda era aluno da es- de 6˚ e do controle da posição axial dos incisivos
pecialização, o fez questionar seus conceitos em inferiores, mantendo o torque de -5˚ no acessório
relação ao que estava sendo a ele ensinado, em se para lingual. Uso corriqueiro da expansão maxi-
tratando de filosofia de tratamento. Foi o caso de lar, buscando a diminuição do corredor bucal, uso
uma jovem muito bonita que foi paciente dele na de AEB, máscaras faciais e placas lábio-ativas para
universidade e que, após dois anos de tratamento, o desenvolvimento apropriado do arco inferior, a
estava “horrível” segundo as palavras do próprio adoção de braquetes 0,018” x 0,025”, que exigem
Alexander, porque ele a havia retruído demais e, fios mais leves, e desgastes proximais são citados
segundo ele, hoje nenhum ortodontista encararia entre as suas modificações técnicas básicas.
o caso daquela paciente como um caso de extra- Há outra relação de angulações para casos em
ção, mesmo que ele fosse adepto da filosofia de que o ortodontista decida bandar todos os den-
Tweed. tes ao invés de colar. Os valores mudam por causa
Da técnica tradicional de Tweed, o autor con- da mudança do referencial de posicionamento do
testou basicamente a espessura e quantidade dos acessório, que no caso feito com colagem é o longo
arcos utilizados nos braquetes 0,022” x 0,028”, as eixo da coroa e no caso bandado é a borda incisal.
inúmeras dobras nos fios e a freqüência com que As angulações prescritas na técnica de Alexan-
eram indicadas as extrações de pré-molares. der apresentam algumas diferenças em relação às
A técnica utilizada por ele, denominada disci- de Andrews.
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
0º 0º 0º 0º 10º 8º 5º
0º -6º 0º 0º 6º 3º 2º
FIGURA 54 - Braquetes de Lang utilizados por Alexander.
Fonte: Alexander3 (1987). FIGURA 55 - Prescrição de Alexander.
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Tabela 21 - Angulações para dentes bandados. -10º -10º -8º -6º -3º 9º 15º
SUPERIORES INFERIORES
inc. central +3º 0º
inc. lateral +6º 0º
canino +6º 6º
1º pré-molar 0º 0º
2º pré-molar 0º 0º
1º molar 0º 6º
2º molar 0º 0º
0º -10º -9º -7º -7º -5º -5º
0º 0º 4º 0º 10º 9º 5º
Tabela 22 - Novos valores apresentados por Alexander.
SUPERIORES Torque Angulação Rotação
inc. central +15º +5º 0º
inc. lateral +9º +9º -4,5º
canino -3º +10º 0º
1º pré-molar -6º 0º 0º
2º pré-molar -8º +4º 0º
1º molar -10º 0º 15º
1º molar -10º 0º 0º
2º molar -10º 0º 0º
0º -6º 0º 0º 6º 6º 2º
INFERIORES
inc. central -5º +2º 0º FIGURA 56 - Ilustração da nova prescrição de Alexander.
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usados para tratar o caso, elimina a necessidade de pré-molares mais espessos para melhorar a sincro-
se dar diferentes torques no canino através de do- nia entre este e o molar.
bras no fio. • As rotações nos primeiros molares superiores
• Nos tubos dos segundos molares inferiores, minimizariam o espaço ocupado por estes no arco
quando se faz uso do ômega como stop e se do- e melhorariam a sua interdigitação com o primei-
bra estes para fora, no intuito de não machucar a ro molar inferior.
gengiva, já está aplicado o torque no segundo mo-
lar, neste caso, o autor recomenda o uso do tubo A PRESCRIÇÃO DE VIAZIS
com torque de 0º. Quando o ômega não é usado, Antony Viazis, graduado em Odontologia
o tubo deve ser torqueado (-27º). pela Universidade de Atenas e pela Faculdade de
• O torque negativo nos incisivos inferiores Odontologia de Baylor, obteve seu título de espe-
(-5º) tem como objetivo manter os incisivos infe- cialista e mestre em ciências pela Universidade de
riores em sua posição, para casos onde ele está bem Minessota.
posicionado e é requerido espaço no arco inferior. Além de ter criado uma prescrição de braque-
O autor acredita que a combinação da manuten- tes, desenvolveu também um novo desenho de
ção do incisivo na sua posição inicial, juntamente braquete, com formato triangular.
com a angulação dada no primeiro molar inferior Viazis afirmou que a forma do braquete de-
para conseguir espaço no arco, juntamente com a senvolvido por ele fornece mais espaço para a
instituição de desgaste interproximal de esmalte, ativação dos novos fios flexíveis de níquel-titânio
possibilita, em alguns casos, o tratamento orto- termoativados, promovendo também um movi-
dôntico sem a necessidade de exodontia. Esta ma- mento dentário mais rápido, pois segundo ele seus
nutenção dos incisivos, só é conseguida com o uso braquetes produzem menor atrito com o fio, den-
do arco multi-trançado D-Rect 0,017” x 0,025” tre inúmeras outras vantagens que o autor cita em
desde o início do tratamento. relação aos outros braquetes existentes no merca-
Recentemente, após o advento do projeto Elan, do, vantagens estas que justificariam a denomina-
Alexander, após vários anos de uso constante da ção da sua técnica de “bioeficiente”.
sua técnica na clínica e, após avaliar os resultados Nos incisivos superiores a angulação é a mes-
deste projeto, decidiu fazer algumas modificações ma proposta por Andrews (5º), sendo amplamen-
na sua prescrição original para chegar a alguns ob- te utilizada em outras prescrições, porém o torque
jetivos: é muito maior (20º) que dos normais não orto-
• Valores de torque reduzidos no segmento dônticos (7º). O autor justifica isso afirmando que:
mandibular posterior para se obter uma maior 1) haveria mecânica de deslizamento no tratamen-
verticalização dos molares. to e o torque acentuado reduziria a tendência de
• Angulação distal progressiva nos braquetes lingualização dos dentes anteriores, deixando estes
dos incisivos inferiores para prevenir a convergên- em uma posição ideal; 2) é mais fácil aliviar o efeito
cia das raízes destes dentes, o que poderia melho- da inclinação durante a retração de fios retangula-
rar a estabilidade pós-tratamento. res mais leves ou fios quadrados do que acrescentar
• Angulação distal incorporada nos braquetes torque no fio em uma fase posterior do tratamento.
dos segundos pré-molares superiores para minimi- De acordo com o autor, cada 0,001” de folga
zar as discrepâncias entre a crista marginal distal entre o fio e o braquete está relacionado com
dos segundo pré-molar superior e a crista marginal aproximadamente 4º de perda do torque, então
mesial do primeiro molar superior. um fio de 0,019” x 0,025” em uma canaleta de
• Tornou também os braquetes dos segundos 0,022” x 0,028” resultaria em uma folga de 0,03”,
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
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BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
1962 por Charles Burstone da Universidade de mecânicos, a filosofia segmentada faz uso de vários
Connecticut, EUA. Esta técnica consiste de uma acessórios, alguns comuns a várias técnicas orto-
seqüência de procedimentos ortodônticos ba- dônticas como o tubo triplo superior e o tubo du-
seados em princípios mecânicos suportados pelo plo inferior, ambos possuindo um tubo principal
ramo da Física chamado Mecânica. Os conheci- e outro tubo secundário (Fig. 59) que permite a
mentos básicos advindos das áreas da Estática, Di- utilização de um arco para estabilização e outro
nâmica e Resistência dos Materiais são utilizados arco para a realização de uma determinada mecâ-
de uma maneira rígida, com o propósito de se es- nica em outro setor.
tabelecer passos clínicos lógicos no planejamento Outro acessório muito usado na técnica
do tratamento ortodôntico. O conjunto de conhe- segmentada é o tubo lingual (Fig. 60) soldado na
cimentos científicos que dão embasamento à filo- região palatina da banda dos molares.
sofia do arco segmentado, advém, principalmente, Ele tem a função para apreender a presilha da
dos esforços do Dr. Burstone e de outros pesqui- barra transpalatina (Fig. 61) que pode ser usada
sadores e clínicos que foram professores ou alunos para ancoragem ou movimentações de molares.
da Universidade de Connecticut, como: Michael R.
Marcotte, B. Melsen e Norton.
O fundamento da técnica é a segmentação do
arco, que significa a aglomeração dos dentes em
unidades, permitindo a manipulação de cada blo-
co ou “segmento”, como um grande dente com
mais inserção radicular.
A partir desta segmentação, dividem-se os
blocos em segmentos de ancoragem ou unidades
reativas, que servirão de apoio para a movimen-
tação; e segmentos ativos, que são os dentes, ou
grupo de dentes que receberão a correção. Com
a segmentação, cada setor do arco pode ser trata-
do da maneira mais adequada. Fios ortodônticos
mais flexíveis podem ser usados nas secções onde
se deseja maior movimentação e fios mais rígidos
são empregados nas áreas onde o posicionamento
dos dentes já é adequado, buscando a estabilização
FIGURA 59 - Tubos triplo superior e duplo inferior.
destes elementos, o mais precocemente possível. Fonte: Sakima29 (2000).
Desta forma, tipos diferentes de fios serão usados
ao mesmo tempo em uma mesmo arco.
Como não é necessária a contigüidade de in-
serção do fio ortodôntico nos braquetes de ele-
mentos que são vizinhos, torna-se possível plane-
jar sistemas de forças mais coerentes, obtendo-se
uma maior distância entre os pontos de aplicação
de força e um maior controle da magnitude das
forças que incidem sobre os dentes.
FIGURA 60 - Tubo lingual.
Para possibilitar a aplicação de seus princípios Fonte: Sakima29 (2000).
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
INFERIORES
inc. central -1º 0º 0º
inc. lateral -1º 0º 0º
canino -11º +6º 0º
1º pré-molar -17º 0º 0º
2º pré-molar -22º 0º 0º
1º molar -27º 0º +5º FIGURA 62 - Tubo cruzado no arco retangular entre primeiro e segundo pré-
molares recebendo uma mola para verticalização de molar.
2º molar -27º 2º +6º
Fonte: Sakima29 (2000).
0º 5º 0º 0º 10º 8º 5º
-10º -10º -7º -7º -7º 3º 7º
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BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
determinado setor do arco, podendo este sistema apenas no segundo molar superior = 6˚ (Andrews
ser uma mola de retração ou uma alça de correção = 10˚).
radicular (Fig. 62).
Outro acessório com este mesmo fim é o PRESCRIÇÃO LEOPOLDINO CAPELOZZA
braquete do canino superior de Burstone que FILHO
apresenta um tubo vertical, além da aleta ho- Após muito tempo de uso clínico da prescrição
rizontal. do aparelho Straight Wire, inicialmente preconi-
A prescrição dos braquetes de Burstone apre- zado por Andrews4 em 1972, e posteriormente
senta valores muito similares aos da prescrição por outros autores, o Dr. Capelozza Filho e equi-
Straight Wire original de Andrews. Estes acessó- pe amadureceram o pensamento em concordância
rios apresentam-se disponíveis para comercializa- com a proposta de McLaughlin, Bennett e Trevisi,
ção através da companhia de produtos ortodônti- de que embora o movimento de translação den-
cos Ormco Corporation. tária, efetuado pelo ortodontista, provoque perda
A prescrição de Burstone é muito similar à de da angulação destes dentes (caninos ou pré-mola-
Andrews, com algumas variações. res), a permanência do arco retangular no slot do
Nos molares superiores, o torque lingual (-10˚) braquete acaba por reintroduzir o posicionamen-
é contínuo (igual no primeiro e no segundo molar to ideal perdido no ato do movimento, não sendo
superior) e um pouco maior que o preconizado necessária a individualização do braquete para a
na prescrição clássica de Andrews (9˚). Maior im- movimentação ou translação. No pensamento de
portância o autor atribui ao desenho do tubo do Capelozza Filho, ao se fazer individualização para
primeiro molar, que deve ser triplo com o tubo movimentação é preciso estar atento para o final
do extrabucal voltado para oclusal, o tubo prin- do movimento de translação, pois se neste mo-
cipal conversível e o tubo secundário sem torque mento os dentes já estiverem na sua posição ideal
e com dimensões 0,017” x 0,025”, voltado para e o arco retangular continuar em posição, o res-
a gengival. tante dos torques, angulações ou rotações presen-
Nos molares inferiores, o torque apresenta-se tes no braquete, para compensar o movimento de
também contínuo e diminuído. Tanto no primei- translação que já terminou, continuarão a ser lidos
ro quanto no segundo molar inferior o valor é de pelo fio retangular e expressos no dente, tirando
-27˚, em contrapartida com o torque progressivo este da posição ideal, com o passar do tempo, se
da prescrição de Andrews (-30˚ e -35˚). nada for feito no fio (desgastes nos cantos do fio)
Muitos braquetes da prescrição de Burstone ou no braquete (troca do braquete).
apresentam-se com as angulações diminuídas em De acordo com um estudo realizado por Mar-
relação aos de Andrews. Entre eles podemos citar: tins17, foram encontrados valores de IMPA varian-
• Incisivo lateral superior = 8˚ (Andrews = 9˚); do de 84º a 105º (uma variação de 21º) em pa-
• Canino superior = 10˚ (Andrews = 11˚); cientes com faces harmônicas e oclusão normal.
• Pré-molares superiores = 0˚ (Andrews = 2˚); O que quer dizer que em muitos pacientes com
• Segundo molar superior = 0˚ (Andrews = 2˚); bases apicais não tão idealmente relacionadas,
• Incisivos, pré-molares e primeiro molar infe- encontraremos uma grande quantidade de com-
rior = 0˚ (Andrews = 2˚). pensações dentárias, e o melhor, estáveis, visto que
O único dente que se encontra com a angula- eram normais não tratadas, o que na opinião de
ção aumentada em relação à de Andrews é o cani- Capelozza Filho justifica a utilização de individu-
no inferior = 6˚ (Andrews = 5˚). alização dos braquetes para finalização, visando-se
Diferenças nos valores das rotações são vistas alcançar as compensações dentárias necessárias e
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
INFERIORES
inc. central -1º +2º 0º INFERIORES
-10º -10º -7º -7º -5º 3º 7º -10º -10º -7º -7º -5º 3º 7º
-25º -25º -22º -17º -11º -1º -1º -25º -25º -22º -17º -11º 4º 4º
0º 0º 0º 0º 8º 9º 5º 0º 0º 0º 0º 5º 9º 5º
0º 0º 2º 2º 5º 2º 2º 0º 0º 2º 2º 5º 2º 2º
FIGURA 64 - Ilustração da prescrição Capelozza padrão I. FIGURA 65 - Ilustração prescrição Capelozza padrão II.
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O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas prescrições
Tabela 27 - Prescrição Capelozza para compensação de má posição do canino superior, possua uma angulação
oclusão de Classe III. tal que possa suprir a deficiência da massa dentá-
SUPERIORES Torque Angulação Rotação ria causada pela perda do lateral.
inc. central +14º +5º 0º O braquete usado pelo canino não pode ser o
inc. lateral +10º +9º 0º mesmo do lateral, pois este tem a base plana, in-
canino -2º +11º 0º compatível com a superfície vestibular do canino,
1º pré-molar -7º 0º 0º e ele também apresenta uma espessura na sua base
2º pré-molar -7º 0º 0º que introduziria no canino uma dobra para dentro.
1º molar -10º 0º 10º Então, o autor sugere a plastia nas superfícies me-
2º molar -10º 0º 10º sial, distal e incisal do canino e a colagem do bra-
quete do canino da prescrição padrão de maneira
INFERIORES invertida, pois ele fará com que o canino apresente
inc. central -6º 0º 0º uma angulação próxima à do lateral (8º), e o tor-
inc. lateral -6º 0º 0º que lingual do braquete (-5º), com a inversão da
canino -11º 0º 0º posição o braquete fica vestibular (+5º), bem pró-
1º pré-molar -17º +2º 0º ximo do torque preconizado para o lateral (+3º).
2º pré-molar -22º +2º 0º O autor lembra que os pacientes selecionados
1º molar -25º 0º 5º para o uso desta prescrição obviamente devem es-
2º molar -25º 0º 5º tar na faixa das pessoas portadoras de má oclusões
de severidade tal que possam ser tratadas com
-10º -10º -7º -7º -2º 10º 14º
compensações dentárias.
Para a correção compensatória da Classe III, o
autor faz modificações nos torques e nas angula-
ções dos elementos anteriores, ao passo que An-
drews limitou-se apenas a modificar os torques
destes dentes. Nos incisivos superiores, Capelozza
Filho faz uso de torque vestibular superior (An-
drews aplicou 5º de torque vestibular a mais que
-25º -25º -22º -17º -11º -6º -6º
os braquetes padrão e Capelozza Filho aplicou 7º
de torque vestibular), porém respeitando a dife-
0º 0º 0º 0º 11º 9º 5º
rença de 4º existente entre o central e o lateral
(central 7º e lateral 3º), diferença esta muito valo-
rizada por Andrews, visto que foi encontrada em
boa parte da amostra normal não ortodôntica.
Enquanto Andrews não alterou as angulações
dentárias para corrigir as discrepâncias sagitais
esqueléticas, o autor fez uso deste recurso e au-
mentou a angulação do canino de 8º para 11º.
O objetivo almejado pelo autor com o aumento
dos torques dos incisivos superiores e da angula-
ção dos caninos superiores é no mínimo manter e
0º 0º 2º 2º 0º 0º 0º no máximo aumentar o perímetro do arco supe-
FIGURA 66 - Ilustração prescrição Capelozza padrão III. rior, permitir a mesialização dos elementos póstero
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dos a cada situação clínica teria como resultado o +7° torque, +5° angulação e 0° rotação
encurtamento do tempo de tratamento, com um - Centrais que requerem muita verticalização.
maior controle do torque. - Casos necessitando extensivamente de elásti-
Como um dos exemplos de situação clínica cos de Classe III - previne a perda do controle de
que demandaria valores diferenciados de torque, torque resultante do uso do elástico.
Damon citou casos de extração de primeiros pré- - Incisivos muito vestibularizados por causa do
molares, em que os caninos superiores e infe- hábito de sucção do polegar ou de deglutição atí-
riores têm tendência a inclinarem lingualmente pica.
enquanto o espaço é fechado. Para impedir essa - Quando um extenso comprimento de arco
inclinação da coroa clínica, ele sugeriu a utiliza- precisa ser ganho e os incisivos possuem um tor-
ção do braquete que possui +7° de torque. Com que próximo do ideal.
os 7° de torque do braquete, a folga existente
entre um arco 0,019” x 0,025” e uma canaleta Incisivos laterais superiores (Tab. 30)
0,022” x 0,027” faria com que o posicionamento +8° torque, +9° angulação e 0° rotação
do canino fosse mantido nos 0° desejados, man- - Prescrição padrão de torque quando os incisi-
tendo a raiz no osso medular em uma posição vos centrais estão numa posição boa com exigên-
favorável, diminuindo muito a necessidade de cias mínimas para a mecânica.
imprimir dobras no arco.
+10° torque, +9° angulação e 0° rotação
Variações na prescrição de Damon Selecionado para dois casos:
- Casos necessitando extensivamente de elásti-
Incisivos centrais superiores (Tab. 29) cos de Classe II – previne a perda do controle do
+12° torque, +5° angulação e 0° rotação torque resultante do uso do elástico.
- Prescrição padrão selecionada quando os in- - Na maioria dos casos de extração para preve-
cisivos centrais estão numa boa posição, com mí- nir a perda do controle do torque durante a retra-
nimas exigências para a mecânica. ção anterior.
+17° torque, +5° angulação e 0° rotação +3° torque, +9° angulação e 0° rotação
Selecionado para 2 tipos de casos: - Incisivos que requerem grande verticalização.
- Casos que necessitem extensivamente de - Incisivos que se encontram bloqueados em
elásticos de Classe II - impede a perda do controle uma mordida cruzada lingual que terão muito tor-
do torque resultante do uso do elástico. que quando se moverem para a posição normal.
- Na maioria dos casos de extração para preve- - Casos que necessitam de muito elásticos de
nir a perda do controle do torque durante retra- Classe III – para prevenir a perda do controle do
ções anteriores. torque resultante do uso do elástico.
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- As cúspides vestibulares dos dentes inferiores bula, as imagens são digitalizadas, enviadas para
devem estar alinhadas inciso-gengivalmente para o computador, o perfil da secção transversal de
determinar um plano oclusal plano. cada dente é desenhado e medidas e pontos li-
- As cúspides vestibulares inferiores devem mítrofes de cada elemento são automaticamente
estar alinhadas vestíbulo-lingualmente com o determinados por um software de desenho.
centro da fossa oclusal central dos dentes supe- O próximo passo é a determinação da me-
riores, de modo a produzir a contenção cêntrica. lhor posição para os dentes na mandíbula. Após
- A fossa oclusal central dos dentes superio- a digitalização do modelo de gesso e do envio
res determina a localização vestíbulo-lingual da dessas imagens para o computador, cada dente
parada cêntrica para as cúspides vestibulares dos inferior é localizado espacialmente na sua posi-
dentes inferiores. ção atual e, em seguida, o software do CAE entra
- As cristas marginais maxilares são as conten- em ação, rotacionando, angulando e torqueando
ções cêntricas para as cúspides vestibulares dos virtualmente os dentes até o seu ponto ótimo
dentes mandibulares. dentro do arco mandibular. Os dentes, desta ma-
Após o scanner captar a imagem de todos os neira, estão posicionados de acordo com a dire-
dentes dos modelos de gesso da maxila e mandí- triz Mantroff.
FIGURA 69 - Imagem gerada por scanner a laser. FIGURA 70 - Posicionador de altura idealizado pelo projeto Elan.
BFBCE
Cusps on the
BFBCE Cuspid with
rise
Li
D
Mantroff
Z M
La
Y
X
FIGURA 71 - Dentes centralizados no arco mandibular (Mantroff) - imagem FIGURA 72 - Localização das cúspides vestibulares no Mantroff.
de scan da mandíbula.
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BRITO JÚNIOR, V. S.; URSI, W. J. S.
dentes superiores são dispostos em cima dos den- FIGURA 73 - Braquetes virtuais posicionados pelo software nos dentes em
tes mandibulares, idealmente posicionados pelo suas posições ideais.
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• Rotação dos primeiros molares superiores para ABENO, Dra. Mônica Salfatis, Dr. Gilberto Vilanova
facilitar o encaixe em Classe I, mantendo uma boa Queiroz e Dr. João Atta.
interdigitação com primeiros molares inferiores.
Abstract
This research intended to review all the available prescriptions of pre-adjusted orthodontic appliances in the market
and to discuss the justification of the authors as to the prescribed angulation, inclination and rotation suggested.
The review encompassed the rectangular wire application in Edgewise brackets, until the implementation of self
ligation, and many other kinds of brackets with distinct shapes according to the utilized technique. It was clear the
great variety of many orthodontic mechanotherapy and brackets prescriptions, demonstrating that Orthodontics is
a science with many possible alternatives.
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Endereço de correspondência
Weber José da Silva Ursi
Rua José Mattar 144, São José dos Campos/SP
CEP: 12.245-450
E-mail: weberurs@iconet.com.br
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