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Belo Horizonte
2019
Igor Henrique Martins Campos
Belo Horizonte
2019
Igor Henrique Martins Campos
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Prof. MSc. Antônio Carlos Inácio Moreira – PUC Minas (Orientador)
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Aos meus pais, Marcos e Cláudia, irmãos e toda minha família, pela educação, exemplo e amor
incondicional que sempre me deram força para continuar focado nos estudos. À Lívia, minha
esposa, companheira de estrada e de finais de semana confinados em casa me dedicando a este
trabalho.
Aos colegas, Ezequiel, Luiz, Ronan, Welisson e Willians, da Companhia Brasileira de Trens
Urbanos, pela troca de conhecimentos e pela auxilio na fabricação de peças e dispositivos que
tornaram possível a realização desse estudo. Ao engenheiro Edmur, da Carbomec, especialista
em escovas elétricas, pela disponibilidade e prazer em ensinar.
Reconheço a valia das escolas públicas que estudei, E. M. Profª. Maria Modesta Cravo, E. M.
Gov. Carlos Lacerda e CEFET MG. Sou grato ao Programa Universidade para Todos, que me
possibilitou estudar numa universidade de qualidade, da qual jamais teria condições de custear
enquanto buscava me inserir no mercado de trabalho.
RESUMO
Grooving is the formation of numerous random radial fissure across the perimeter of the
commutator raceway; this type of abnormal wear attacks copper as a machining tool on a lathe,
creating protrusions and depressions that resemble a thread.
This work presents an old problem involving the Belo Horizonte Metro rotary
electromechanical converters: the grooving of commutators caused by low load operation and
excess spring pressure. This problem does not affect machine operation directly, but reduces
switches life, causes disruption during maintenance and favor surge emergence.
CC - Corrente continua
CA - Corrente Alternada
CBTU – Companhia Brasileira de Trens Urbanos
CEFET MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
E.M. – Escola Municipal
TCO - Traction Cem-Oerlikon
MCVR - Motor conversor rotativo
TUE - Trem-unidade elétrico (EMU - electric multiple unit)
RA e RB - Carros reboque
Δ - Ligação trifásica em delta
Y - Ligação trifásica em estrela
η - Rendimento
V - Unidade de tensão (Volt)
A - Unidade de corrente (Ampere)
Ω - Unidade de resistência elétrica (ohm)
A/cm2 - Unidade de densidade de corrente
W - Unidade de potência elétrica ativa (Watt)
Wb - Unidade de fluxo magnético (Weber)
s - Unidade de tempo (segundo)
m - Unidade de comprimento (metro)
rpm - Unidade de rotações por minuto
N - Unidade de força (Newton)
Nm - Unidade de torque (Newton metro)
°C - Unidade de temperatura (grau Celsius)
VA - Unidade de potência elétrica aparente (Volt Ampere)
Shore C2 - Escala de dureza mecânica
g/cm3 - Unidade de densidade (grama por centímetro cúbico)
m/s - Unidade de velocidade linear (metro por segundo)
µΩ.cm - Unidade de resistividade elétrica (micro ohm centímetro)
Kgf/cm2 - Unidade de pressão (quilograma força por centímetro quadrado)
Ra - Escala de rugosidade média de valores absolutos dentro do comprimento de amostragem
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 61
1 INTRODUÇÃO
1.1 Objetivos
1.2 Justificativa
1.3 Metodologia
meio de sensor inserido no corpo das escovas. Assim, foram traçadas as curvas de força de
atrito e temperatura no tempo para cada possível configuração a ser testada na operação.
Com base nos ensaios e medições realizados na oficina, foram implementadas propostas
para o teste em operação com segurança, como, por exemplo: a mudança do tipo de escova, a
variação da pressão de mola e a possibilidade da retirada de escovas para aumentar a densidade
de corrente. Calculou-se os valores de desgaste médio das escovas em teste, explicitando
qualquer anomalia que pudesse ocorrer.
Utilizando o ensaio de aquecimento da escova com maçarico e imersão em álcool
proposto por Bruni (1984), foi possível inspecionar a existência de cobre incrustado nos poros
da face de algumas das escovas em teste, demonstrando possível iniciação do ranhuramento.
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Conforme Fitzgerald (1975, p.265) “as vantagens de motores de corrente contínua são
tais que eles retêm uma posição competitiva forte em aplicações industriais”. Alguns processos,
podem exigir a variação contínua e controle apurado da velocidade, implementação de um
grande conjugado de partida e/ou apresentar limitações de alimentação. Esses e outros
parâmetros influenciaram por muitas décadas a escolha máquina CC para tais processos.
Com o advento dos inversores de frequência, o mercado percebeu vantagens
significativas relacionadas ao custo de manutenção e incorporou as máquinas assíncronas de
rotor em gaiola acionadas por esses equipamentos eletrônicos. Assim, as máquinas de corrente
contínua perderam uma fração considerável das operações industriais.
2.1 A conversão CC – CA
Nos últimos tempos, a eletrônica de potência tem dominado o mercado graças a difusão
de novas tecnologias que tornaram os equipamentos cada vez mais acessíveis e confiáveis. Os
conversores estáticos, semicondutores, executam com muita eficiência a modificação da forma
de onda contínua de alimentação para suprir a carga alternada.
Por exemplo, os novos TUE’s (Trem Unidade Elétrico), da série 1000 do metrô de Belo
Horizonte, utilizam-se de inversores de frequência alimentados pela catenária (3000 Vcc) para
suprir as cargas embarcadas e a tração, executada por motores CA.
Contudo, antes do advento dos inversores de frequência, a conversão CC – CA era
restrita a um método inteligente, mas rudimentar: a conversão eletromecânica de energia. A
tecnologia empregada na época apresenta em geral menor rendimento e maior custo de
manutenção que sua sucessora, mas sua robustez e confiabilidade são observadas ainda hoje
nas máquinas em operação.
MOTOR CC:
a) Tipo: 2 EUM 3333
b) Marca: TCO (Traction Cem-Oerlikon)
c) Data de fabricação: 1982
d) Excitação: composta aditiva
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e) Potência nominal: 50 kW
f) Tensão nominal contínua: 3000 V
g) Corrente nominal: 19 A (induzido) e 0,6 A (indutor)
h) Número de polos: 02
i) Velocidade nominal: 1800 rpm
j) Classe de isolação: F (155°C)
ALTERNADOR 3Φ:
a) Tipo: 4 EUS 2534
b) Marca: TCO
c) Data de fabricação: 1982
d) Potência aparente nominal: 60 kVA
e) Tensão nominal: 127 / 220 V
f) Corrente nominal: 157 A
g) Número de polos: 04
h) Ligação: Y (estrela)
i) Velocidade nominal:1800 rpm
j) Fator de potência: 0,75
k) Classe de isolação: F (155°C)
EXCITATRIZ:
a) Tipo: 160 SP
b) Marca: TCO (Traction Cem-Oerlikon)
c) Data de fabricação: 1983
d) Potência nominal: 1960 W
e) Tensão nominal contínua: 35 V
f) Corrente nominal: 56 A
g) Excitação principal: 32 V / 2,6 A
h)Excitação subtrativa: 5 V / 2 A
i) Número de polos: 08
j) Ligação: Δ (delta)
k) Velocidade nominal: 1800 rpm
l) Classe de isolação: F (155°C)
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mas quase constante, conforme a carga é aumentada, sendo o conjugado quase proporcional à
corrente de armadura”.
Sendo o motor do conversor uma máquina CC composta, alimenta-se à tensão plena o
campo shunt por meio dos terminais D+ e DD-, em seguida, a armadura e o campo série partem
de maneira controlada, com alívio de tensão até que se atinja o valor máximo através dos
terminais A+ e FF-, a máquina estabiliza em uma velocidade ligeiramente inferior à nominal;
o circuito eletroeletrônico PLATINA (RG-FQ) lê a frequência abaixo do padrão e injeta
corrente nos terminais c+ e d-, chamado campo separado, que por possuir polaridade subtrativa
em relação ao shunt, enfraquece o fluxo polar e acelera o conjunto rotórico até que a velocidade
atinja 1800 rpm, fazendo a máquina síncrona de 4 polos acoplada ao motor gerar em 60 Hz.
Inserções e retiradas de carga no barramento trifásico são frequentes e intermitentes, isso
leva a variação das correntes solicitadas à armadura da máquina síncrona que por sua vez influi
no fluxo de reação de armadura e desestabiliza a velocidade do conversor. O circuito
eletroeletrônico que comanda o enrolamento separado, percebe as variações de frequência e se
encarrega de incrementar ou subtrair corrente para reestabelecer a condição de geração em 60
Hz.
Na partida, ocorre a injeção de corrente no enrolamento principal da excitatriz pelos
terminais 3 e 6, essa corrente provém da retificação de amostras de tensão do barramento
trifásico. Graças ao imã permanente da excitatriz, a máquina estando em rotação e regulada,
apresenta tensão residual no alternador que propicia o chamado escorvamento: esse processo
de realimentação acontece até que a tensão se estabilize ligeiramente acima da nominal. O
ajuste da tensão do barramento é feito pelos terminais 1 e 2 da excitatriz, o enrolamento inverso
é alimentado pelo circuito eletroeletrônico na PLACA (RG2-U) ALT.
O enrolamento inverso apresenta polaridade subtrativa em relação ao enrolamento
principal, sendo assim, injeções de corrente fazem com que o fluxo do campo da excitatriz seja
reduzido, minimizando a corrente de campo rotórico e diminuindo as tensões induzidas na
máquina síncrona.
As variações de carga já citadas, também influem na regulação da tensão do barramento;
o aumento das correntes de armadura do alternador, provocam elevação de queda de tensão nos
enrolamentos e consequente redução das tensões terminais; o circuito eletroeletrônico percebe
a subtensão e diminui a corrente do campo inverso, elevando o potencial do barramento.
Naturalmente, ambos os controles (tensão e frequência) devem ser realizados de forma
simultânea, pois o sistema é bastante complexo e a variação de qualquer parâmetro influi
diretamente nos outros.
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“De fato, o comportamento particular dos contatos deslizantes entre as escovas e o comutador
pode influenciar fortemente as características do motor CC, como a potência mecânica de
saída, a vida útil das escovas, a temperatura do comutador e a durabilidade das máquinas…”
Naturalmente, o comutador da máquina CC deve ser coberto por uma fina película de
grafite, segundo Ariza (1977). Essa película tem a espessura de aproximadamente 0,02 mícron,
sendo 1000 vezes mais fino que o fio de cabelo humano. É composta de óxido de cobre, película
de grafite ancorado, vapor d’água e partículas livres de grafite conforme é exibido na Figura 3.
A lubrificação sólida propiciada pelo filme já consolidado reduz substancialmente o
coeficiente de atrito e, portanto, o desgaste das escovas e comutador. Outra função importante
é o filme ser eletricamente mais resistente do que o cobre, propiciando a mitigação das cargas
circulantes. Essas correntes são implementadas de maneira circular no contato escova-
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Segundo Ariza (1977, p.94), “três são as causas mais frequentes e danosas: grandes
sobrecargas, vibração e condições atmosféricas adversas”. A primeira, bastante intuitiva, deixa
claro que o valor da queda de tensão escova-comutador cresce em sobrecargas e de maneira
descontrolada, assim que o faiscamento começa, visto que a queima da pista aumenta a queda
no contato e realimenta o surto. A segunda pode ser causada por deformidades na pista
(ovalização), folga nos mancais, desbalanceamento do rotor, podendo ser agravada por pressão
de molas incorreta. Esses fatores levam a falha momentânea de condução que dá início ao surto.
A terceira, diz respeito à contaminação da atmosfera de comutação por poeiras, graxas, óleos,
detergentes e outros que causam degradação do filme piorando o contato escova-comutador.
Nos relatórios de manutenção é usual definir o nível de centelhamento em operação para
que seja observada a progressão do problema durante o rastreio da máquina. Dependendo do
projeto magnético da máquina, da densidade de corrente, dos fatores mecânicos de operação e
da contaminação da atmosfera de comutação, algum faiscamento é tolerável e pode ser
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“A obtenção de uma boa comutação é mais uma arte empírica do que uma ciência
quantitativa. O principal obstáculo à análise quantitativa baseia-se no comportamento elétrico
do filme de contato grafite-cobre. Sua resistência é não-linear, e é uma função da densidade
de corrente, da direção da corrente, da temperatura, do material da escova, e da umidade e
pressão atmosférica. Seu comportamento em alguns aspectos é semelhante ao de um gás
ionizado”
A inspeção qualitativa da aparência do filme surge, portanto, como ferramenta principal para
análise de desempenho da comutação.
De acordo com Bruni (1984, p.1), “a cor do filme é um assunto que frequentemente
causa polêmica. A tonalidade de um filme, mais escura ou mais clara, pode ter origem no
material das escovas bem como na contaminação ambiental”. Portanto, a verificação visual da
patina pode fornecer um poderoso diagnóstico da comutação, contudo sua validade está restrita
ao julgamento da uniformidade não cabendo outras interpretações.
A formação de um filme uniforme e consistente está atrelada a densidade de corrente,
não demasiadamente alta para gerar faiscamento nem baixa impedindo a eletrodeposição, a
rugosidade do comutador, 0,9 a 1,8 µm conforme Brançan (1987), e a manutenção das pressões
de mola que podem interferir diretamente na condução de corrente de cada escova.
A mistura de grades diferentes impede a formação e consolidação do filme uniforme,
podendo em alguns casos causar sérios danos ao comutador. Segundo Brançan (1987, p.29),
“um grande cuidado deve ser tomado para evitar a mistura de granulações numa máquina.
Várias granulações, sejam ou não de um mesmo fabricante, não tem as mesmas características”.
O contato das escovas com o coletor deve se dar de maneira constante e ininterrupta,
portanto, caracterizando um dos fatores básicos para uma boa comutação. Segundo Ariza (1977,
p.94), “Um trabalho silencioso é um bom indício de contato correto”.
Defeitos mecânicos na pista do coletor como excentricidade, elevação de lâminas e mica
saliente são grandes causadores de barulho. A trepidação das escovas pode ser gerada também
pelo excesso de filme, ângulo e pressão de molas inadequada. De maneira sintética, o aumento
do ruído representa a elevação do coeficiente de atrito, que leva ao acréscimo de desgaste nas
escovas e danos ao comutador.
Por outro lado, excessos de pressão levam a ampliação das forças de atrito e consequente
aumento, praticamente linear (desgaste mecânico), do consumo das escovas.
A vida longa das escovas é significativa para determinar um bom desempenho na coleta
de corrente, porém, é o fator menos importante dentre os demais. Os prejuízos que podem ser
causados à máquina para a redução inconsequente no consumo não se justificam em hipótese
alguma. A redução deve acontecer como consequência de uma série de ações que beneficiem a
comutação como um todo.
A Figura 6 mostra as duas formas possíveis de desgaste dada a variação da pressão de
molas: à direita o consumo mecânico, que expressa o crescimento linear com o aumento da
força de molas, e a esquerda o consumo elétrico, que cresce exponencialmente dado o aumento
do centelhamento com a perda de contato das escovas com o coletor.
As mecânicas são a somatória das perdas por arrasto (Pa), turbulência do ar devido ao
movimento do rotor e ventilação, e perdas por atrito, nos mancais (Pm) e contato das escovas
com o coletor (Pme).
𝐏𝐦𝐞𝐜 𝛚𝐱𝐂
𝛈= 𝐏𝐦𝐞𝐜 (𝐏𝐞 𝐏𝐦)
= 𝐏𝐦𝐞𝐜 (𝐏𝐜 𝐏𝐯 𝐏𝐞𝐞) (𝐏𝐚 𝐏𝐦 𝐏𝐦𝐞)
(1)
O contato das escovas com o comutador gera estresse mecânico, elétrico e térmico para
ambas as peças, levando ao desgaste natural com o tempo de operação, entretanto, qualquer
anormalidade no desgaste traz redução de vida útil ao coletor, acréscimo no consumo de
escovas e aumento na probabilidade de a máquina falhar em operação devido a surtos de
comutação.
Conforme Bruni (1984) o desgaste anormal do coletor pode acontecer de diversas
maneiras: queima de barras por ranhura, queimas de barras no passo polar, arrastamento de
cobre, filmes não condutivos, seletividade, decapagem e sulcamento, filamento e ranhuramento.
Esse último, observado na Figura 7 é o objeto de estudo desse trabalho.
4 RANHURAMENTO DE COMUTADORES
Apesar de reduzir a vida útil do comutador, o ranhuramento não causa de forma direta
problemas para a operação da máquina, portanto, o desgaste anormal se manteve nesses 33 anos
de operação sem ser interpelado.
Com o intuito de eliminar esse problema, investigou-se nos desenhos técnicos e no
manual de manutenção da máquina quaisquer pistas de anormalidades que pudessem estar
causando aquele tipo de desgaste.
A princípio não se encontrou nenhuma recomendação referente ao problema, constatou-
se, porém, que o tipo da escova em operação (grade 02) não era o proposto pelo fabricante do
conversor; apresentava portanto, características físicas distintas da original (grade 01) como
pode ser visto na Tabela 2.
Após buscar sem êxito explicações para o desgaste anormal do comutador no manual
do fabricante da máquina, investigou-se na literatura clássica de manutenção de máquinas de
corrente contínua, nos manuais e catálogos dos fabricantes de escovas, dos quais se baseiam
também nestas fontes teóricas. Algumas considerações relevantes dessa pesquisa podem ser
abordadas:
𝐓 = 𝐍 × 𝚽𝐩 × 𝐈𝐚 (3)
onde:
Τ = Torque ou conjugado mecânico (Nm)
N = Constante construtiva da máquina
Φp = Fluxo polar estatórico resultante dos enrolamentos série, shunt e separado (Wb)
Ia = Corrente de armadura (A)
“Na maioria das vezes em que se calcula uma escova para uma determinada máquina,
o cálculo da densidade de corrente é feito somente para os valores nominais da
corrente e, não raro, o desempenho da qualidade de carvão escolhido não é
satisfatório, riscando o coletor e não formando uma boa película lubrificante”.
A relação da baixa carga de comutação com o fato pode ser explicada pela presença de
partículas de cobre provenientes do comutador encrustadas na face das escovas, tal qual Bruni
(1984, p.4):
As máquinas conversoras, foco desse trabalho, não apresentam centelhamento a não ser
que haja alguma falha mecânica nos porta escovas ou alguma deformidade relevante no
comutador, o excesso de densidade de corrente pode ser descartado.
30
Por outro lado, o ranhuramento ataca todas as máquinas, sugerindo que estas estejam
operando sob baixa carga de comutação.
(P) no contato, a força (F) pretende colocar a massa (m) em movimento enquanto a força de
atrito (Fa) ancora o corpo à superfície, tentando impedir que isso aconteça.
A força de atrito surge porque todo contato entre superfícies é irregular, conforme pode
ser observado na Figura 8, por mais polidas que estas sejam, sempre haverá rugosidades
mínimas que se relacionam reagindo a força de deslizamento.
𝐅𝐚
µ= 𝐍
(3)
No instante anterior a movimentação do corpo, tem-se a força de atrito (Fae) maior que
a força aplicada (F), permitindo o cálculo do atrito estático (µe) conforme a Equação 4:
𝐅𝐚𝐞
µ𝐞 = 𝐍
(4)
Quando a força aplicada (F) supera a força de atrito estático (Fae) o corpo acelera; agora
uma reação de menor intensidade, chamada força de atrito cinético (Fac) permite o cálculo do
atrito cinético (µc) conforme a Equação 5:
𝐅𝐚𝐜
µ𝐜 = 𝐍
(5)
32
expressas como o somatório das perdas na condução pelo corpo da escova e no contato com o
coletor.
De acordo com Braçan (1987), a experiência mostra que é possível calcular de maneira
empírica as perdas por atrito nas escovas eletrografíticas (Pa) utilizando a Equação 6:
𝐏𝐚 = 𝟎. 𝟐𝟓 × 𝐕 × 𝐀 (6)
onde:
Pa = Perdas por atrito nas escovas eletrografíticas (W)
V = velocidade periférica do comutador (m/s)
A = área de contato das escovas (cm2)
O valor de potência dissipada na condução pelo corpo de uma escova do conversor (Pc)
é função do quadrado da metade da corrente de armadura da máquina (Ia), da resistividade do
material que a compõe (ρ), da sua área de seção transversal (A) e do comprimento respectivo
(l), sendo descrito pela Equação 7:
𝑰𝒂 𝟐
×𝝆×𝒍
𝐏𝐜 = 𝟐
𝐀
(7)
A potência dissipada pela queda no contato de uma escova do conversor (Pq), é dada
pelo produto entre a metade da corrente de armadura (Ia), pela queda no contato da escova
respectiva (U), sendo descrito pela Equação 8:
𝐈𝐚
𝐏𝐪 = 𝟐
× 𝐔 (8)
“Acontece que, muitas vezes, a máquina trabalha com valores de carga abaixo da
nominal, ou mesmo sem carga, fazendo com que a escova trabalhe “fria”. Nesse caso,
vamos ter valores do coeficiente de fricção altíssimos e, em decorrência, a escova
riscará o coletor, retirando sua película lubrificante”.
𝐂𝐨𝐧𝐬𝐭𝐚𝐧𝐭𝐞 𝐝𝐚 𝐦𝐨𝐥𝐚 × 𝚫𝐗
𝚫𝐏𝐦 = Á𝐫𝐞𝐚 𝐝𝐞 𝐬𝐞çã𝐨 𝐝𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐨𝐯𝐚
(9)
5 DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL
No que diz respeito à comutação, a abordagem teórica dos manuais, livros e catálogos
busca contemplar uma grande quantidade de máquinas e formas de operação. Frequentemente
a explanação é realizada de maneira qualitativa tendo como recomendação final o teste das
escovas na máquina.
Segundo Bruni(1984), algumas medidas corretivas podem ser testadas para a eliminação
do problema: remoção de algumas escovas, que buscam aumentar a densidade de corrente para
níveis adequados; utilização de escovas eletrografíticas impregnadas e tratadas, menos porosas,
portanto, menos vulneráveis ao ancoramento de cobre na face; por fim, recomenda-se o ajuste
das pressões de mola para valores recomendados lembrando-se, porém, que pressões inferiores
a 200gf/cm2 tornam mais prováveis o ranhuramento.
Portanto, o estudo contempla medições em operação para realizar o levantamento da
densidade de corrente média do conversor, em seguida, sabendo os níveis de carregamento da
máquina, mede-se na oficina os valores de temperatura e amplitudes das forças de atrito
relacionadas, sugerindo configurações a serem testadas com segurança na operação. Executa-
se as medições de desgaste natural das escovas em operação observando a progressão da
ovalização, por fim, revela-se a existência de cobre ancorado nas escovas retiradas com o
tamanho mínimo com o intuito de prever a possibilidade de futuro ranhuramento.
Via de regra, assim que assumem a cabine, os maquinistas ligam o conversor e todas as
cargas, com exceção do compressor, que entra todas as vezes que o sistema pneumático
apresenta baixa de pressão e a frenagem reostática, acionada nas entradas de plataforma até que
o trem atinja velocidade baixa o suficiente para ação da frenagem mecânica das sapatas no aro
da roda.
Corrente 7,20
dos 10,0
conjuntos 12,1
(A) 15,3
Fonte: AUTOR - (TUE 18 em 24 de outubro de 2019)
Apesar do carbono ser um ótimo condutor térmico e se manter uma distância pequena
entre face de contato e o sensor, desconfia-se de qual a real temperatura no toque da escova
com o comutador, sendo impraticável medi-la e de extrema complexidade calcula-la com
precisão através de sistemas térmicos. Contudo, tendo como base a curva de coeficiente de
atrito em função da temperatura, mostrada na Figura 10, admite-se estar seguindo os critérios
recomendados por Ariza (1977), pretendendo, portanto, uma comparação de resultados.
O tamanho dos termopares disponíveis dificultou a compatibilização com as dimensões
das escovas, além disso, o isolamento eletromagnético dos condutores do sensor seria bastante
complicado e a presença desses ruídos poderiam comprometer as medições.
Utilizou-se então o circuito integrado LM35: sensor de temperatura de precisão em
centígrados com a saída analógica de tensão (10mV/°C), faixa de medição de 2°C a +150°C
para a alimentação em 5V, com precisão de 0,5 graus para mais ou para menos.
Sua simplicidade de ligação, mostrada na Figura 12, e tamanho reduzido foram cruciais
para a inserção, acompanhada de pasta térmica, no interior das escovas, sendo possível executar
inclusive uma pequena blindagem no corpo do CI e nos condutores de alimentação e sinal,
utilizando papel alumínio, protegendo o conjunto mecanicamente com espaguete termo retrátil.
Para a medição do coeficiente de atrito cinético, conforme descrito no item 4.2.3 desse
trabalho, é necessário conhecer a força normal e a variação da força de atrito em função da
temperatura.
No caso da comutação, como é possível observar na Figura 13, a força normal (N) é
igual, porém com sentido inverso à força da mola, responsável pela pressão no contato escova
coletor; já a força de atrito (Fa), perpendicular à normal, surge nas escovas assim que há
44
A amplitude da fricção pode ser medida através da força de reação do porta escovas à
força de atrito, que impede que o mesmo entre em movimento junto com o comutador.
Admitindo que não há aceleração no porta escovas, conclui-se que o somatório de forças é nulo,
sendo assim, as forças de atrito e de reação do porta escovas são iguais em módulo, porém, com
sentidos contrários.
Nos conversores o porta escovas é fixado na ponta de um isolador, constituído de um
composto polimérico e revestido com uma capa de teflon para proteção mecânica, o conjunto é
fixado na tampa traseira presa ao estator da máquina.
O princípio de funcionamento do dispositivo que realiza a medição da fricção, utiliza-
se do momento gerado pela força de atrito no sentido de rotacionar o porta escovas; extraindo
esse torque para fora da máquina e medindo-o com o braço de alavancas adequado, por meio
de um dinamômetro digital, tem-se a função da força de atrito no tempo.
De início, utilizando rolamentos, eixos e buchas, criou-se a possibilidade de rotacionar
todo o porta escovas em torno da fixação do isolador, porém, a adaptação não proporcionou
medições consistentes, já que a própria força de molas imprima ao sistema um torque no sentido
contrário àquele criado pela força de atrito, resultando em medições subtrativas e que nunca
retornavam a zero após a parada do comutador.
Para anular a influência direta da normal na medida, se propôs outra solução um pouco
mais complexa: deslocar o eixo de rotação para o centro de massa das escovas, fazendo com
que qualquer momento gerado fosse devido a ação da força de atrito.
45
A Figura 15 mostra o porta escovas fabricado sem isolação para a massa à esquerda e
o porta escovas original com o isolador preservado à direita.
46
Tendo calibrado os medidores optou-se pela máquina N° 026 para realizar os ensaios;
esse conversor passou por todas as etapas de manutenção, incluindo a troca de rolamentos e o
reperfilamento do comutador, descrito no item 4.2.3.1desse trabalho.
49
0,8000 0,7376
0,7000
0,5730
0,6000
0,5000
0,3570
0,4000
0,3000 0,2110 0,2232
0,2000
0,1000
0,0000
046 020 019 009 039 008
Número dos conversores
Os valores de desgaste médio das máquinas 008 e 039 apresentaram apenas 5,5% de
variação, sendo esse um patamar de consumo bastante confiável; as máquinas 009 e 046
apresentaram 11,4% de variação sendo essa faixa também considerável no valor de consumo;
por fim, as máquinas 019 e 020 apresentaram uma discrepância de 37,7% nos valores de
consumo, naturalmente, dado o problema nos rolamentos dos mancais, que elevam a vibração
e pioram a comutação, o conversor 020 tenha apresentado um consumo tão diferente da outra
máquina que operava nas mesmas condições, portanto, é valido desconsiderar os valores
elevados de desgaste nesse caso.
A troca do grade 01 pelo grade 03, mantendo as pressões de mola originais, representa
uma redução média de no consumo das escovas em 54,5%. Se houver ainda a redução da
pressão de molas para valores seguros, a redução é de 72,4%.
É importante lembrar que a redução do desgaste está intimamente ligada com a redução
das forças de atrito e do próprio coeficiente de fricção, sendo benéfica à manutenção do filme
e para a operação da máquina sem danos ao coletor.
58
A redução significativa do consumo das escovas, gera economia não só na compra desse
consumível, mas também na mão de obra para a realização das trocas, além disso, a diminuição
das trocas reduz as chances de falha da máquina por centelhamento, melhorando os índices de
disponibilidade de trens.
Conforme se observa na Figura 22, a avaliação visual qualitativa da face de contato das
escovas é bastante complicada, podendo levar a interpretações precipitadas; tomando como
referência um guia de manutenções da GE, descobriu-se ser possível revelar as partículas de
cobre encrustadas na face de contato de uma escova; a olho nu, a face se mostra extremamente
polida, com um caráter vítreo e escuro, isso impossibilita a visualização. Conforme Bruni
(1984), o cobre pode ser revelado seguindo o procedimento:
O procedimento descrito, ilustrado na Figura 24, foi executado por meio de um conjunto
oxi acetileno (maçarico), elevando a temperatura das escovas para valores próximos a 1000°C.
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DEL TORO, V. Fundamentos de máquinas. Ed: Prentice-Hall. Rio de Janeiro. Brasil. 1994.
Norma JIS C 2802, Dimensions of brushes for electric machines. 2008. Japão.