Você está na página 1de 12

O ATO DE FALAR EM PÚBLICO

Se o ato de falar em público é da profissão que o Acadêmico utilizará quando findar a sua graduação, a arte
quanto às técnicas deve ser desenvolvida com a maior brevidade possível. Por profissões que têm a oratória
como predominância ou qualidade mínima, pode-se lembrar da advocacia, do magistério e da política partidária.
O advogado precisa argumentar em todos os momentos. O professor vive de explicar aos seus pupilos o que
quer transmitir em termos de melhor ensinamento – inclusive, como espelho de comunicador. A vida do político
está estritamente dependente do seu poder de dialogar e convencer pelo seu diálogo.

Em todas as profissões, porém, a argumentatividade é da essência mínima. Saber argumentar para convencer é
essencial e claramente explicável para um vendedor balconista. Qualquer profissional de nível superior, porém,
deve saber argumentar sobre os seus projetos, seus trabalhos, suas propostas de trabalho. Não importa, portanto,
qual a profissão escolhida: sempre haverá necessidade de saber expor, para o público, algo relacionado ao que o
curso superior ensinou – ou tentou ensinar. O tamanho do público é, quase sempre, menos importante do que a
qualidade do público.

A QUALIDADE DO PÚBLICO
Quase sempre, o fator determinante para que uma pessoa se sinta mais ou menos à vontade na hora de expor
uma idéia, uma fala ou apresentar um trabalho, é o público a quem a fala é destinada. Se se trata de uma
apresentação de uma proposta de trabalho a um grupo supostamente importante, e se a contratação do trabalho é
de muita importância para o proponente, há técnicas especiais como se vestir bem e formalmente, apresentar um
porta-fólio contendo outros trabalhos anteriormente já desenvolvidos e, sobretudo, impressionar pela
comunicação que convence de que há qualidade a ser envolvida no desenvolvimento do trabalho proposto.
Há vezes, porém, que a platéia pode ser considerada não muito exigente. Mas, é grande. E assim, agradar a
todos, ou a média dos presentes, passa a ser a meta perseguida. Em aulas, por exemplo, a sala cheia é motivante.
Mas, uma aula com poucos alunos permite o enfoque de alguns temas transversais e até a oportunidade de
maior e mais demorada participação dos poucos presentes. No fim, o prazer para quem conduz uma
apresentação em sala de aula pode ser compensada pela qualidade do público em face da quantidade
inicialmente esperada.

Em qualquer hipótese, porém, não há dúvidas de que a pessoa que se dispõe a falar em público deve dominar
algumas técnicas de importância.

ORATÓRIA
A oratória é a arte de falar em público. É uma arte porque pode ser desenvolvida. Se fosse um dom, apenas
quem o tivesse como qualidade inata poderia exercê-lo. Sendo uma arte, pode ser desenvolvida. Fazer-se orador
é tarefa própria da observação de regras básicas e da repetição. Principalmente, a repetição, que pode ser
qualificada como a base do conhecimento. O exercício constante faz de qualquer pessoa um pregador, um
orador, uma pessoa que convence pelo modo de expor as idéias.

A arte pode ser manifestada, também, em simples conversa com amigos, em família e em sala de aulas. Há
perguntas em sala de aulas que são maneiras indiretas de afirmar, convencer, argumentar.

O desenvolvimento da oratória se dá a cada momento. A escolaridade ajuda, mas não é ponto essencial. Há
pessoas que convencem pelo falar sem ter grande graduação escolar. A graduação escolar é maneira de
aquisição de cultura, mas a cultura é mais imprescindível do que a escolaridade. Por outro lado, a escolaridade
sem cultura é inócua porque não prepara o aluno para a vida, para o mundo, para os desafios que as sinuosas
situações lhe apresentarão.
Em resumo essencial: a arte de falar em público é fruto do exercício, da repetição, do treino. Não há segredo ou
dica maior do que o exercício continuado.

Deve-se deixar claro que há cursos especiais de oratória que têm como função ensinar, normalmente com
prática, como falar bem em público. Nos cursos de oratória, a parte teórica se desdobra em como se portar no
palco ou palanque, como se vestir e como impostar a voz de forma a convencer. Na versão prática, a leitura de
textos, o treinamento de discursos e, sobretudo, a análise do professor a cada momento da exposição por parte
do aluno.

Em cursos de oratória, vários tópicos são estudados. Entre os quais, a postura do falante, como falar de forma a
segurar a atenção da platéia, como reanimar os membros da platéia em determinados momentos, e até a
indicação de correção da voz com a procura de uma pessoa especializada, como um fonoaudiólogo ou um
professor especial para ensinar a dominar a própria voz. Neste último ponto, os artistas de televisão quase
sempre foram freqüentadores de aulas especiais.

Além dos cursos presenciais especializados em oratória, há vasto material para ensino remoto que inclui livros,
DVD’s, fitas e outras técnicas. Todos esses meios são muitíssimos válidos porque sempre trazem uma inovação,
uma adaptação às novas situações e, sobretudo, a experiência dos expositores em setores diversos. A soma deste
conhecimento é de grande importância para quem quer se fazer bom aluno na arte da oratória.

Há técnicas simples, extremamente simples, porém, que não dependem de cursos de oratória para ser
observadas. Uma delas, a de que falar – ou cantar, quando é o caso – em pé faz com que a voz seja exposta de
forma mais qualificada.

A INICIAÇÃO DO FALAR EM PÚBLICO


Em tudo na vida, sempre há uma primeira oportunidade. Em se tratando de falar em público, o melhor início é
na sala de aula, em presença dos colegas. Há diversos motivos pelos quais os colegas são os ouvintes mais
importantes. Um dos motivos é a lembrança de que, em uma sala de aulas, todos são iguais porque todos são
alunos. Depois, deve-se lembrar que, quando se trata da apresentação de um trabalho escolar, a mesma situação
vivida por um colega foi vivida por outros ou ainda o será. E isso deixa os colegas menos críticos em relação a
quem está falando.

Grande participação pode ter o professor. Não basta incentivar as falas individuais dos alunos. É preciso e
extremamente necessário que exija que os colegas respeitem as opiniões das pessoas que estão falando.

Sem dúvidas, a sala de aula, na apresentação de trabalhos acadêmicos, é o ambiente mais apropriado para o
desenvolvimento das técnicas de falar em público. Sobretudo, com a lembrança de que falar em público é
questão de autodomínio, autoconfiança e conteúdo a ser exposto. Quem sabe o que faz, sabe o que fala. Falar
sobre o que está na experiência de vida traz a certeza de que não haverá tropeços.

Quando se pensa em ambientação, a sala de aulas é um pequeno público. Um conjunto de salas de uma mesma
escola já é um público mais avantajado, mas ainda conhecido. O melhor mesmo é iniciar em sala de aulas,
chegar a um auditório em que se reúnem diversos colegas e, depois, galgar o mundo. Após o domínio em frente
aos pequenos públicos, a mudança para um número maior de pessoas é tão natural quanto enfrentar os mesmos
e velhos ouvintes.

A PREPARAÇÃO GERAL PARA O FALAR


Antes de cada oportunidade do mergulho no ato de falar, ou seja, antes de cada manifestação em palco ou
mesmo perante colegas em sala de aula, deve-se tomar algumas providências. Além de trazerem a certeza de
que haverá sucesso na condução do tema a ser exposto, impregnam o orador de tranqüilidade e o centram
unicamente no ato de falar e o livram dos apegos às formas materiais.
Um conselho válido é o conhecimento, prévio, do tema a ser discutido. Falar sobre assunto sem a segurança de
quem o domina completamente é fator que contribui para a própria pessoa já se sentir a antecipada derrota. Ao
programar uma fala para determinado tempo, sempre é bom ter outros argumentos prontos, para o dobro do
tempo projetado inicialmente. Primeiramente porque o conhecimento adicional é capaz de abrilhantar uma
exposição oral. Em segunda oportunidade, pode ser que, por qualquer motivo, o tempo seja expandido de última
hora (por exemplo, faltou o outro orador da sessão) e o centro das atenções seja em único locutor.
As questões técnicas também merecem destaque neste item. Entre as sugestões, destacam-se:

•preparar o material e fazer teste sobre o seu funcionamento (tudo, previamente) e em suportes diversos como
pen drive, DVD e disquete (a multiplicidade de suportes físicos se deve a possível desconhecimento dos
equipamentos disponibilizados para fazê-los funcionar);

• preparar material substituto para o caso de o material ou o equipamento mais apropriado sofrer falha ou pane
(ter sempre folhas impressas para serem entregues, caso a projeção cause problemas);

• também faz parte do item “material” o ato de conferir, previamente, sobre o local, a luminosidade, a escolha
do melhor lugar no palco para se situar durante a fala e até mesmo a distância segura que venha evitar tropeços
físicos ou mesmo vir a cair do ou no palco;

• sendo discurso escrito, deve-se numerar as folhas de forma que, em havendo uma mistura, a ordem seja
facilmente será recuperada;

• tanto em discurso escrito quanto em anotações de tópicos a serem seguidos, para seqüência lógica da
exposição, as letras devem ser grandes e destacadas por bons espaços entre as linhas; também a impressão deve
ser forte até mesmo porque pode ser que, por motivos inesperados, o local em que se ficará para fazer a leitura
ou a fala não tenha boa iluminação;
• a colocação de microfones deve ser previamente testada e a regulagem destes e outros equipamentos deve ser
confiada a pessoas capazes e, não, como improviso por parte do palestrante (especialmente, se não é exímio no
setor);

• saber, previamente, qual o tempo disponível para a apresentação, e, com base nesse tempo, preparar o material
e treinar a apresentação perante pessoas da confiança ou com gravação para análise de correção de erros;

• treinar a fala, conferindo se o tempo da exposição confere com o destinado ao tema; corrigindo os erros
sanáveis e, de sobra, tendo total conhecimento da ordem sequencial da fala, além da certeza de que todo o
assunto está concretizado no conhecimento;

• vestir-se adequadamente para o ambiente, com a utilização de roupas que não exijam atenção do palestrante,
pois cabe a este o foco exclusivo na apresentação.

Sobre microfones, alguns detalhes. Quando o enunciado se der por meio de texto escrito, a melhor modalidade
de microfone é o de lapela, porque, ao deixar as mãos livres, há maior segurança do material. Um pacote de
folhas que cai pode trazer uma desordem descomunal e vexatória. O microfone de pedestal também oferece
segurança, ficando o microfone de mão com a última colocação em termos de praticidade. De outra face, este
último modelo é bastante aconselhável para a fala quando o locutor se movimenta no palco (certamente, sem
texto para leitura integral).

Normalmente, os microfones captam a voz com qualidade somente quando colocados com sua parte central
exatamente em frente à boca. Se a parte de onde sai o fio – nos que têm fios – ficar mais próximo do peito e a
voz chegar ao microfone em sua lateral, normalmente não há captação de voz. Os microfones são projetados
para ser colocados em linha que forme um ângulo de 90 graus com a cabeça e a boca, para não captar barulhos
extras como objetos que caem ou de pessoas próximas.

A exceção fica para os microfones de gravação em estúdios que, por natureza, devem captar todos os sons
próximos, como os diversos instrumentos, os vocais e a sonorização como um todo. Por último, ao iniciar o
contato com o microfone, não é de boa técnica que este receba pancadas iniciais para conferência se expande o
som em boa qualidade. O mais comum é que uma pessoa tenha feito a instalação correta do microfone. E,
dependendo do caso, caberia ao palestrante ter feito o teste antecipadamente e, não, na hora da apresentação.
Na volta aos tópicos sobre a preparação do ambiente e do que falar, o prévio treinamento da fala pode ser feito
em frente a um espelho, perante uma câmera ou outro método de gravação para posterior análise. Melhor ainda
é o treinamento perante um grupo de amigos (os amigos não criticam, e, por sobra, ainda indicam os
melhoramentos necessários).

Adicionalmente, deve-se evitar, nos dias que antecedem a apresentação em público, e sempre que possível,
bebidas e outros alimentos gelados. Especialmente por parte de quem tem por profissão fazer uso constante da
voz, como professores, oradores e prenunciadores de discursos. E, poucos minutos antes de entrar em ação,
deve-se comer uma maçã ou um pedaço de pão de sal com manteiga (em últimos casos, margarina).

Há observações que são aplicadas por analogia em outros segmentos. Os tenores, as sopranos e os cantores
líricos como um todo costumam estar sempre com um lenço especial ou uma espécie de toalha enrolada no
pescoço. Querem, com isso, apenas manter a garganta sempre aquecida. Nada mais. E a explicação e que as
cordas vocais têm que estar em temperatura apropriada para que a voz seja qualificada. Assim, quem utiliza
sempre dos recursos vocais para o exercício da profissão e as pessoas que vão falar em público devem se
preocupar em manter aquecido o pescoço. Uma camisa com gravata já é uma ajuda capaz. Para as mulheres, o
cachecol em épocas ou locais mais frios. Para todos, alguns exercícios ou práticas preparatórias, como as
citadas anteriormente.
Outra informação complementar é ligada à preparação em relação ao ambiente propriamente dito. Ao chegar
primeiramente ao ambiente, ganha-se com a familiaridade com o local e com as primeiras pessoas que
chegarem. Uma conversa particular com as primeiras pessoas que chegam pode trazer, além da segurança do
que os ouvintes buscam com a palestra, um conhecimento do nível cultural dos ouvintes, algumas posições
assumidas pela plateia e também algumas amostras da qualidade socioeconômica dos ouvintes. Também se
analisa, neste momento, se na plateia há crianças mescladas a adultos ou se é constituída de jovens.

Obviamente, se a fala é destinada a vestibulandos, haverá uma predominância de jovens, mas não significa que
pessoas adultas não estejam no local. Até mesmo porque a busca por cultura não contém limites de idade.

Se se tratar de um texto escrito, deve-se treinar a leitura ou o ato de passar as folhas com os tópicos, antes do
início da apresentação. Se a técnica a ser utilizada for a projeção de transparências diapositivas (eslaides, que
podem ser também pelo sistema powerpoint) com explicação a cada cena, deve-se evitar a leitura completa do
que está sendo projetado, e, sim, um comentário, com outras palavras que complementam o que já está escrito.
Preferencialmente, que haja complementação com dados importantes e que demonstrem e comprovem o
entrosamento do palestrante com o tema exposto. A técnica de projeção de diapositivos (eslaides, powerpoint
ou outros elementos da multimídia) é muitíssimo interessante quando há gráficos, estatísticas e percentuais que
são resultados de pesquisas. Nestes casos, as ilustrações completam o visual, agradam a todos, prendem a
atenção. E, em sendo técnicas inovadoras, servem, até mesmo, de bom exemplo para outros membros da platéia
utilizarem quando chegar a vez de também participarem de fala em público.

Deve-se ter em mente que quem se expõe em público poderá vir a servir de exemplo pelo lado bom – e, neste
caso, copiado – ou pela forma negativa. Nesta última forma, quem deve tirar proveito com os erros alheios é o
ouvinte, para evitar que também faça tropeços quando estiver como foco das atenções.

AS QUESTÕES PESSOAIS
Comumente, ouvem-se explicações desnecessárias por parte de oradores. Justificar um atraso, uma voz
embargada ou outra situação pode até chamar a atenção do público para uma qualidade ainda não percebida.
Dizer, por exemplo, que a garganta está inflamada pode passar a impressão de que não houve a preocupação
necessária para com o momento e que, portanto, os ouvintes são desimportantes. Pedir desculpas prévias por um
nervosismo que sequer foi demonstrado (ainda) somente mostrará que há nervosismo. Erro fatal é alguém
anunciar que se trata da primeira vez que está enfrentando o público (não de trata de a oportunidade número um
na localidade, e, sim, a primeira vez propriamente dita).

Não é incomum ouvir, em início de apresentações, o próprio orador avisar não se preparou o suficiente. Um
erro crasso. Dentre as impropriedades mais comuns, pessoas são previamente escolhidas para falar sobre um
livro e, em público, declaram que não o leram. Outras vezes, pessoas são chamadas de improviso à frente e,
como desculpas antecipadas pelo auto-anunciado fracasso, falam que desconhecem o assunto. Quando se trata
de distribuição anterior da função, o que se espera é a responsabilidade. Se o fato for de surpresa, o que se
espera é a manifestação do conhecimento geral e de mundo, além das rápidas análises que se pode fazer do
tema.
Se o convite é de última hora (no sentido de hora do evento), e há que se falar sobre um livro, basta ler algumas
partes, rapidamente. Se a surpresa ser quanto a um comentário de um filme projetado, como exemplo, que as
palavras se limitem ao que foi apresentado a todos – afinal, o restante da platéia também viu e ouviu somente o
que o analista acompanhou e não exigirá tanta manifestação técnica. Mesmo assim, um conhecimento de mundo
– uma comparação, um breve histórico ou uma adaptação a um momento – encaixar-se-á muitíssimo bem.

Também não deve o palestrante tentar justificar com questões pessoais como pequenos inconvenientes ou
incômodos. As explicações de cunho pessoal somente se mostram convenientes se são do tamanho de uma
perda irreparável ou uma doença forte. O ouvinte quer ouvir palavras, encanto, comunicação. Não, as
reclamações da parte do palestrante.

Há, pelo menos em termos de maioria, uma posição que pode ser assumida pelo palestrante. Colocar-se
contraparte da plateia é desaconselhável. Por isso, é altamente pernicioso anunciar-se grande torcedor de um
time de futebol porque sempre haverá opositores entre os ouvintes. A crítica a governantes deve circunscrever-
se a uma palestra em uma convenção político-eleitoral de um partido político de oposição declarada.
A auto apresentação exige qualidade especial ao ser exposta. Dizer bem de si próprio pode levar o ouvinte a
concluir que está em frente a um convencido. Se, por outro lado, o palestrante quer demonstrar muita modéstia
no início do falar, pode levar o ouvinte a concluir, prematuramente, que não terá nada a aprender com aquela
pessoa tão simples e banal.

A QUALIDADE DA FALA
Algumas informações sobre a fala devem ser observadas. A primeira delas é que, quando há o domínio do que
será dito, a confiança trará naturalidade na exposição e, assim, sobrará espaço para outras preocupações. Logo,
o primeiro ponto para que a enunciação possa fluir intensamente é o domínio do tema a ser tratado. Estudar o
tema, preparar-se para a exposição e conhecer além do que será falado. Com este trio, pode-se ter a certeza de
que praticamente nada dará errado. E a certeza de que tudo dará certo já consolida ponto dos mais importantes.

Ao desenvolver a palestra, as palavras devem ser bem pronunciadas e todo tipo de gíria e palavras de baixo
nível deve ser eliminado por completo. Palavrões não cabem em qualquer falar, ainda que informal. O linguajar
deve estar apropriado para todos os presentes. Se a fala é sobre um tema que já deve ser do conhecimento de
todos, deve-se lembrar que o palestrante estará, obrigatoriamente, trazendo inovações, sob pena de não ter valor
o que está falando. Portanto, ainda que o público seja selecionado, o uso de jargões – palavras ou frases
conhecidas praticamente por um segmento ou profissão – precisa ser muito bem medido e comedido.
Igualmente, não se deve optar por estrangeirismos. Há determinados segmentos que são mais propícios a
entender termos em outras línguas, como as áreas de tecnologia. Mas, buscar substituir uma palavra em bom
Português por outra em outro idioma é a utilização do estrangeirismo, sempre condenado. Quando não há o
substituto em língua pátria para uma expressão não integrante do léxico, o termo em outra língua deve ser
precedido ou sucedido de uma explicação plausível.
Na exposição, as palavras jamais devem ser de manifestações de preconceito ou que possam ferir os
sentimentos de pessoas – por suas famílias – ou integrantes de algumas corporações. Dizer, por exemplo, que
todo profissional de um determinado setor tem tal comportamento poderá até agradar a uns poucos, mas sempre
podem estar presentes os integrantes desses segmentos. E sempre há, em todos os lugares, parentes ou amigos
de todas as castas.
A pronúncia mais adequada é a de quem fala toda a palavra, sem emendar as sílabas finais de um termo com as
sílabas iniciais ou únicas das próximas palavras. É preferível pronunciar pausadamente expressões como “a
lagoa azul” do que, apressadamente, falar algo que tanto pode ser “alagoa” quanto “lagoazul”. A pronúncia,
porém, não deve ser artificial e descompassada com a própria pessoa que fala. Por exemplo, é normalíssimo, em
todo o Brasil, que se diga “di” quando se escreve “de”. Em um discurso solene, deve-se evitar a pronúncia “di”,
mas ao falar “dê” não pode haver ênfase tamanha que demonstre artificialidade ou fique com aparência de
leitura feita por crianças em séries iniciais.
É obrigação de quem se expõe em público preocupar-se com a pronúncia das palavras de forma correta. Não
apenas quanto à gramática, mas também pela pronúncia das palavras de forma inteira. Não é aconselhável
eliminar letras de certas palavras, o que, além de dar o tom coloquial ao que deve ser solene, mostra despreparo
lingüístico. Palavras como “estão”, “primeiro”, “pensando” e outras, não podem ser pronunciadas como “tão”,
“primêru” e “pensânu”. E os vícios de linguagem precisam ser completamente abolidos, pois em um discurso,
uma palestra ou em uma simples apresentação em sala de aulas, deve-se evitar as frases que não comunicam
nada. São exemplos negativos as perguntas inócuas como “né?” “ceintendeu?” e outras. O policiamento das
próprias expressões acontece quando se passa a prestar atenção na repercussão que a fala deve ter. Comumente,
na fala cotidiana, há palavras que são repetidas a todo instante. E, às vezes, fora do contexto. Quando se trata de
falar em público, deve-se cuidar com a máxima deferência para que não haja estes vícios.

Obviamente, o estoque de palavras que o locutor domina – e as encaixa bem e na hora exata – dará maior
qualidade ao texto exposto. No mundo globalizado da atualidade, dominar a Língua Portuguesa de maneira
mais ampla pode significar a diferença entre atingir o topo ou, quando muito, ficar na base. E pode representar o
divisor de caminhos que quedam para o submundo ou alçam para o auge. Conhecer a norma culta – o chamado
Português padrão ou escolar – e utilizá-la apropriadamente é o mínimo que o mercado atual exige de um
candidato a um posto. Fora deste contexto, as reservas de vagas são de empregos cada vez menos valorizados e,
pior ainda, que estão sendo extintos de forma incontornável.

Ainda quanto à fala, o seu tom, em princípio deve ser o mais apropriado para as condições locais. Por exemplo,
se há o uso de microfone, o normal é que a altura da voz seja a de uma conversa pessoal. Se o ambiente é
grande e não há microfone, ou este não expande o som com qualidade, há necessidade de altear um pouco a
voz. Há momentos, porém, que a fala exige empolgação, como nos discursos. Nestes momentos, a elevação do
tom é de boa técnica.

Se o palestrante notar que algum grupo da platéia está se dispersando, há técnicas como altear a voz ou manter o
olhar mais direcionado para o lado em que o grupo ocupa.

Considerando, por fim, que a fala é a exteriorização do conhecimento gramatical, deve-se levar em
consideração o conhecimento das palavras a serem escritas ou pronunciadas de improviso. Quase sempre, é
importante não utilizar de palavras muito fora da realidade, as chamadas palavras rebuscadas. Algumas
construções eruditas, porém, dão bom acabamento aos dizeres. As citações de autores clássicos sempre
fornecem qualidade ao texto escrito ou falado. A cautela, porém, deve imperar, pois se o palestrante tem dizeres
cotidianos não condizentes com o que está lendo – principalmente, em discursos lidos – pode levar os
conhecidos membros da platéia a concluir que o texto não é de autoria de quem o pronuncia.
Ao ler um texto escrito, deve-se ter a preocupação de sempre estar com os olhos também direcionados ao
público ouvinte, motivo, aliás, do discurso. Fixar-se no papel e deixar de olhar para o ouvinte é tida como
atitude de desprezo da parte mais importante e motivo da existência do falar em público.

E se o assunto é alegre, a face deve exprimir o contentamento como complemento do que está escrito. Em
momentos fúnebres, por seu turno, a emoção não deve estar entremeada de risos e, taxativamente proibidas,
piadas.
Como todo texto, ainda que não escrito, somente há coerência quando há uma seqüência lógica. A exposição é
lógica quando tem um início explicativo do porquê da fala, um desenvolvimento que possa acrescentar
conhecimento aos ouvintes e uma conclusão que convence. Inclusive, que convence que valeu a pena ter
ouvido.

POSTURA
Os três últimos parágrafos anteriores poderiam estar locados no presente tópico. É que misturam fala com
postura. Mas, se aqui estivessem, haveria necessidade de referência a eles também no segmento anterior. Logo,
uma parte mostra-se como complemento da outra.

Grande parte do ganho em uma apresentação em público vem do modo com que o ocupante do centro das
atenções se comporta naquele local de destaque. Este local pode ser uma tribuna, um tablado, um palco. Pode
ser também o fato de estar em pé na frente dos colegas de sala ou na frente das câmeras de televisão – um caso
típico de solidão imediata e presença de enorme público de forma mediata.

Para todos estes momentos, o corpo deve fazer parte da comunicação. Quando a fala é em pé, a atenção deve
centrar-se na forma firme de estar no palco, ainda que atrás de uma tribuna. Quando quem fala está sentado, não
se deve escorar na mesa ou mostrar-se muito à vontade (no sentido de desleixadamente) em cena. Deve haver
preocupação com as mãos – que não podem ficar em bolsos. Os braços não podem ficar cruzados ou como
escoras em paredes ou tribuna.
As pernas devem suportar o corpo de forma uniforme. Devem estar não muito separadas por questão estética e
não juntas para dar equilíbrio maior. Jamais se deve colocar o peso do corpo ora sobre uma das pernas e ora
sobre a outra.
Quanto aos ombros, há duas observações. Deixá-los caídos pode passar a idéia de extrema humildade – e quem
quer ouvir pensa que irá aprender algo com o palestrante e pensa também que este aprendizado não virá de
pessoa humilde ao extremo – mas a elevação demasiada dos ombros e da cabeça demonstra arrogância e
convencimento. Ingredientes suficientes para trazer o desinteresse por parte do público.

INÍCIO DO FALAR
Motivos de preocupações várias, o início de uma fala serve como uma primeira impressão. Para bem
impressionar, deve-se exercer os dons em quantidades próprias e específicas. O exagero na demonstração de
confiança pode ser interpretado como convencimento e menosprezo pelo ouvinte. Por outro lado, o excesso de
humildade pode ser interpretado como desconhecimento sobre o assunto a ser explicado. Na fase intermediária,
o ponto de equilíbrio é a sobriedade, a tranqüilidade autêntica.

A saudação aos ouvintes já deve ser uma forma de aproximação e cumplicidade do ouvinte para com o falante.
Para despertar e prender a atenção de quem ouve, algumas técnicas podem ser observadas. Variam de ocasião
para ocasião e entre estilos de pessoas, de público-alvo e de faixa etária dos ouvintes.

As condições planejadas para o início devem ser seguidas à risca. Somente cabem improvisos quando houver
um imprevisto não controlável (como a falha em equipamento) ou quando o orador já domina por completo as
técnicas de apresentação em público.

Dar início reconhecendo as qualidades do auditório pode ser uma boa recomendação quando há grande
quantidade de pessoas. Se o público é diminuto, tentar mostrar que a qualidade supera a quantidade pode
demonstrar que havia a expectativa de outro público e que, portanto, aquele povo presente foge do padrão
esperado.

Quando se está em uma localidade diferente do local onde vive, uma referência a algum fato ou família da
região pode trazer uma aproximação. Pode. Há vezes que a referência a uma família de políticos pode trazer
desagrado a outra família partidariamente adversária. E, em vez de aproximar, causa uma má impressão desde a
primeira vista.
Entre os ouvintes poderá estar grande parte dos que gostariam de ouvir referências a ilustres figuras regionais
ou cujos temas abordados guardam semelhança com o que será exposto. Muitas pessoas preferem mostrar que
estão adorando a cidade e sua gente, quando as veem pela primeira vez, ou que já as conhece e têm o privilégio
de uma nova presença, quando estão repetindo a visita. Neste último caso, é uma forma discreta de mostrar
competência: houve novo convite porque agradou da vez anterior.

Antes do início da palestra propriamente dita, há duas técnicas de demonstração de que o palestrante conhece o
tema a ser exposto. Uma delas consiste em ter um resumo do currículo lido por um anfitrião ou mesmo a auto
apresentação do palestrante. Outra forma é fazer um pequeno resumo, como introdução do que será abordado
com profundidade durante a fala, sem jamais colocar um ponto polêmico. As partes que podem trazer
contradições somente devem aparecer em momento de maior discussão ou profundidade da matéria. E, como
dito, o momento é de início e não do desenrolar do tema.

EXERCÍCIOS, AUTO-AJUDA E ORAÇÕES INICIAIS


Há cursos especiais, quase sempre ligados à área da neolinguística, que preparam os oradores para o
relaxamento, o pensamento positivo e a autoajuda nos momentos iniciais de uma oração em público. As
técnicas são variadas e, como quase tudo em autoajuda, tendem mais a levar a pessoa a se sentir dotada de uma
tranquilidade que vem de si própria. Há exercícios físicos, porém, que escapam destas falsas ajudas, como
movimentar braços, fazer simples alongamentos e o ato de balançar o pescoço por alguns minutos.

Outros movimentos, ainda na fase dos exercícios prévios, têm utilidade, como esfregar suavemente as mãos
(mas, jamais ficar esfregando mãos durante a fala, em demonstração de nervosismo) ou mesmo ocupar-se
conversando com alguém que não esteja com predisposição à feitura de críticas: se possível, com alguém que
traga positividade, confiança e segurança. Respirar profundamente é exercício excelente até para as cordas
vocais.

No setor da autoajuda propriamente dita – e sem qualquer influência física, mas meramente esotérica – não é
demais pensar positivamente, prevendo a certeza da vitória e o reconhecimento pelos integrantes da audição.
E, considerando que em naufrágios não há nem um ser humano que se diga ateu, sempre é recomendável um
pedido aos anjos e santos, buscando uma intercessão junto a Deus.

Ao caminhar para o palco, faça-o com segurança, com passos firmes e com cuidado para não tropeçar ou cair de
lugares mais elevados (as “pegadinhas” correm o mundo todo, sendo sucesso na televisão; e mostram pessoas
caindo de passarelas em momentos em que são destaques e centro das atenções). Ao tomar o lugar na mesa,
tribuna ou na frente dos colegas de sala, pense em manter a calma e a segurança nos primeiros momentos e, por
natureza, controlará o restante do tempo. Repete-se: somente nos primeiros momentos há uma atenção especial
quanto à firmeza e segurança necessárias. O tempo se encarrega do restante. E com qualidade. Especialmente,
quando se tem treino.

O DESENVOLVIMENTO DO FALAR
Feita a introdução, vem a parte que é o motivo da exposição. Hora de o palestrante mostrar por que está em
local de destaque em relação aos demais.

Em termos acadêmicos, há sempre um porquê de o palestrante estar ocupando a tribuna. Neste ponto, há o
desenvolvimento do tema proposto, com exibição de multimídia ou a fala de modo a causar impacto positivo.
Para conseguir esta positividade, além da grandeza do tema a ser abordado, deve-se também utilizar de recursos
de oratória, demonstração de segurança na exposição e completo conhecimento do tema em desenvolvimento.

Caso na introdução tenha sido feito um sumário do tema a ser abordado, vale pegar as últimas informações
expostas e começar daí o aprofundamento do falar. A retomada, que liga a introdução a este meio ou
desenvolvimento, pode ser feita com uma frase curta na qual se encerra o resumo do tema a ser tratado.
Dependendo de condições como público-alvo e grau de ineditismo do tema tratado, uma retrospectiva histórica
do tema é necessária para a situação da matéria. Mesmo não necessária no contexto, alguma referência à
história sempre causa uma boa ligação do aparecimento do assunto e a sua importância em permanecer aceso
até o presente. Sempre que possível, as informações devem ser desconhecidas ou pretensamente desconhecidas
da plateia, sob pena de não lhes ser acréscimo de saber.

Quando se trata de uma pesquisa, a partir do presente momento é que aparecem todos os detalhes revelados com
o estudo. Histórico, evolução, comparação, quantidade, importância e outros tópicos do estudo devem ser
expostos com exatidão e consciência. Sempre que possível, com gráficos, textos, ilustrações, fotografias e
outros meios de levar a todos as informações que – preferencialmente – só a pesquisa que está sendo exposta
conseguiu mostrar. A hora é a de mostrar depoimentos de pessoas pesquisadas, os números importantes que
foram descobertos e qual o melhor caminho que deve ser trilhado, por parte de quem quiser entre os presentes,
para a reconstrução da pesquisa.
Ainda em termos de pesquisa, a apresentação do problema exigirá a amostra de qual a solução a que se chegou.

DURANTE A APRESENTAÇÃO
Estando tudo previamente preparado e conferido, haverá tranquilidade da parte do palestrante. Não havendo
preocupações extraordinárias, o centro da atenção do palestrante será a sua arte de falar. E, de fato, será uma
arte bem executada.

Durante a exposição, deve-se tomar água, para hidratação das cordas vocais. Claro, água não gelada.

Quando a fala é improvisada, deve-se ter em mãos uma folha com anotações dos tópicos, para acompanhamento
do seu desenvolver. Os lembretes da ordem da articulação das ideias podem estar impressos ou na tela de um
computador portátil. É dispensável esta técnica apenas e tão-somente quando há projeção de eslaides, com as
técnicas da denominada multimídia, pois cada transparência projetada é um aviso do momento certo para a
explicação sequenciada da fala.

Deve-se frisar que se deve evitar fazer leitura do que está em mãos ou do conteúdo da projeção, exceto em se
tratando de números ou frases atribuídas a pessoas cujos pensamentos vêm completar a apresentação. Ou de
discurso escrito.

Se for um discurso escrito previamente, não é aconselhável completar a ordem escrita com falas improvisadas,
porque demonstra que a escrita não recebeu as preocupações prévias, necessárias e suficientes. Logo, o
entendimento pode ser no sentido de que houve desprezo para com os ouvintes e presentes. As lembranças de
última hora costumam ser entremeadas de omissões de nomes, fatos e histórias complementares. Se não foi
motivo de atenção inicial, não deve sê-lo de última hora.

Especialmente em textos escritos, a improvisação adicional correspondente a acréscimos fora do tema. Estas
mudanças não devem ocorrer mesmo em não sendo o texto escrito, e, para isto, é só manter a linha inicialmente
traçada.

Ainda em se tratando de discurso escrito, lembrar que a platéia não está com o texto em mãos. Logo, se houver
um erro corrigível, é quase sempre mais aconselhável tentar corrigir sem voltar e pronunciar o que está escrito
do que ultrapassar o momento apresentando solução de improviso (exemplo: se está escrito “está” porque a
frase complementar encontra-se no singular e, por erro, pronunciou-se “estão”, é mais fácil passar toda a frase
restante para o plural ou acrescentar uma outra situação a seguir e de forma a justificar o plural do que dizer
“desculpem-me, quero dizer ‘estão’”). Se, ainda no exemplo, o texto continha o verbo “está” porque a
referência é à Faculdade, e houve a pronúncia pluralizada “estão”, pode -se falar “a Faculdade e seus
acadêmicos” e continuar a frase como se a parte “e seus acadêmicos” estivesse previamente preparada e escrita
com antecedência.
Em caso de equívocos, tentar agir com naturalidade é a receita própria. Quase sempre, a correção traz maior
prejuízo do que a explicação que foi exposta de forma não correta. A correção tem o poder de chama a atenção
para quem não estava necessariamente entrosado com a exata seqüência. E se alguém estava prestando atenção,
pode ser que não domine o tema a ponto de notar o equívoco. Por último, se alguém percebeu o erro, ao notar
que o orador continua agindo com naturalidade, entenderá que ocorreu apenas um equívoco na pronúncia, um
fato inconsciente, e que, de fato, não é um erro e, sim, apenas uma troca de palavras na hora de expressar. Em
sala de aula, por estar de frente para alunos ou colegas com quem se convive por um semestre ou um ano, quase
sempre é válida a correção. O próprio tempo se encarregará de mostrar que houve uma simples falha ao expor e,
não, um erro.
No desenvolver da exposição, deve-se calcular bem o tempo da apresentação em comparação com o tempo que
foi disponibilizado. A principal função é não terminar antes e não extrapolar o tempo ou ter que resumir a parte
final para não ultrapassar o marco temporal. Mas, em caso de sobra de tempo, pode-se utilizar de técnicas como
fazer um pequeno resumo com a naturalidade de quem já previra esta feitura, além de colocar-se à disposição
para questionamentos.

Se a apresentação permitir, pode-se utilizar de recursos tecnológicos como forma de diversificação, mesclando
textos com cenas de filmes, apresentação de gráficos coloridos ou animação como demonstrativos do que está
sendo exposto. Sempre é necessário fazer os chamados créditos às frases, cenas e ilustrações alheias. Assim, se
o texto desenvolvido não é escrito mas há uma projeção de uma frase em um telão, até por cumprimento da lei,
deve aparecer o nome do autor da frase.

Legalmente, por sinal, a exposição de recursos como cena de cinema, demonstração de gráficos e outros
estudos, deve ter a prévia autorização do autor. Se for o caso, com o pagamento dos direitos autorais.

A fala deve manter o máximo respeito pelo público. A polidez e a educação devem imperar. O público merece
ser olhado de frente. E o assunto a ser exposto deve ser transmitido de forma a expor o máximo conhecimento
adicional possível. Afinal, repetir o óbvio e consabido não é motivo de estar em um palco, local de destaque.
Somente quem tem conteúdo deveria se expor para falar. E esta observação tanto vale para o palestrante quanto
para o professor em seu dia a dia e, em ocasiões de apresentação de trabalhos escolares, para os alunos que
estiverem fazendo técnicas de Seminário Acadêmico (apresentação de trabalhos escolares).

Se o microfone estiver fixo em um pedestal, as mãos do palestrante devem ficar livres. O mesmo quanto aos
modelos de fixação em lapela ou que se encaixam na cabeça.
Caso haja pane no microfone ou outro equipamento, por seu turno, e não haja operadores presentes para a
adequação, vale a criatividade do palestrante. E, neste momento, o domínio da platéia pode até ser feito com
bom humor (que pode até chegar a uma piadinha discreta e que se encaixa com a situação, o que tornará
diferente a situação de constrangimento inicial).

Há importância também quanto aos gestos – também por isso, a liberdade para as mãos. Mais do que
necessário, o casamento de gestos e palavras deve ser perfeito. A moderação deve imperar. Gesticular é arte que
se aprende em cursos de oratória. E chega-se a este ponto com duas técnicas especiais: a primeira, tendo
conhecimento do tema e dominando o assunto com profundidade, o que fará sobrar tranqüilidade ao palestrante
para ação com maior naturalidade. A segunda técnica é o treino da arte de discurso, sendo uma delas a
observação, por filmes, dos próprios pronunciamentos, para tentar corrigir as falhas que aconteceram.
O uso de equipamento tecnológico é ideal para ajudar na fixação, por parte do participante passivo, dos temas
desenvolvidos. Quando se trata de um trabalho em sala de aula, feito pelo professor ou pelos colegas em
Seminário, a entrega de uma folha ou a anotação dos tópicos ou esquemas no quadro já fazem as vezes de
equipamentos tecnológicos. É que os alunos já estão preparados para gravarem algumas explicações, copiarem
outras e completarem as demais por suas próprias conclusões.

Em uma palestra, com tema distinto, sempre cabe o uso da tecnologia. Há estudos que revelam que uma
exposição apenas verbal é esquecida no terceiro dia por 90% dos que estavam presentes, sendo que, destes
presentes, alguns sequer entenderão a exposição no exato momento em que está sendo mostrada. Se houver uso
de tecnologia como mostrar filmes, gráficos, ilustrações, músicas e outros recursos relacionados ao tema
exposto, supera em 65% o grau de percepção, aprendizado e fixação. E por muito maior tempo. Os objetivos
dos efeitos visuais se escoram em um tripé composto de destaque para as informações, fixação e lembrança
posterior e acompanhamento do desenrolar da apresentação.
Principalmente, o tamanho das letras deve ser de forma a permitir a visualização por todos da platéia. Mais um
motivo para conhecer, previamente, o local, com a lembrança de que mesmo que haja espaço sobrando em
lugares mais próximos do telão, sempre há os ouvintes que se posicionam em locais distantes. E também a eles
devem chegar a visão das letras. Por sinal, em cores variadas, porém discretas.

AS PERGUNTAS E A PARTICIPAÇÃO DA PLATÉIA


Há tipo de palestra que permite a discussão do tema. Normalmente, a melhor técnica é, ao iniciar a exposição,
explicar ao público que a apresentação será desenvolvida de forma corrida, sem interrupções e, ao fim, será
aberta a oportunidade para debates.

Preferencialmente, as perguntas devem ser dirigidas de forma escrita. Isto evita que pessoas tomem o microfone
para fazer longos discursos e, também, que em vez de perguntas, façam apenas manifestações. Também a forma
escrita fará com que o intermediário ou o próprio palestrante faça um filtro das formas das perguntas, una uma
pergunta a outra se há semelhança entre elas e, sobretudo, evite repetição de questionamentos.

Quem está fazendo uma apresentação de um trabalho acadêmico ou uma palestra deve, também, estar preparado
para quaisquer perguntas, por parte da platéia, dentro ou próximo do tema. E, nas respostas, é preferível dizer
que não domina completamente aquela parte do que tentar dizer que conhece o que, de fato, não sabe sobre o
tema. Deve-se lembrar que quem expõe uma questão complexa já detém conhecimento do assunto em grande
quantidade e somente sentirá satisfação na resposta se ela vier a lhe acrescentar algo. Assim, deve-se ter um
conhecimento adicional sobre o tema, e, de preferência, um conhecimento geral – que se obtém com constante e
ilimitada leitura – para buscar socorro em frases que se encaixam na explicação.
Quando há participação dos ouvintes, com perguntas, complementos e observação, aparece o melhor momento
para ajustar e segurar os ímpetos, controlar as respostas e dosar a fala a seguir. Principalmente se a resposta
comportar explicações fora da programação, o autocontrole, a paciência, a inteligência, o raciocínio rápido, a
memória e a capacidade de contornar situações desagradáveis se mostram.

O ENCERRAMENTO DO FALAR
A figura da comparação é a de um livro. Se as primeiras palavras ou os primeiros capítulos não trouxerem
elementos que prendam o leitor, haverá desistência. Se as palavras iniciais não forem bem expostas, o leitor se
dispersará. Se as idéias não forem bem expostas no início, não prenderá o leitor para chegar ao meio.

Também o fim de um livro deve ser motivo de lembrança por parte do leitor. Um fim classificado como insosso
pode comprometer todo o desenrolar do texto.

Na fala, o mesmo acontece. Há grande importância do início para que haja a atenção dos ouvintes. O
desenvolvimento deve trazer um conteúdo capaz de acrescentar ao ouvinte, sob pena de este entender que
perdeu tempo com a palestra.

Mas, sem dúvidas, o fim é o momento marcante e que determinará, inclusive, se o ouvinte recomendará a
outrem assistir as falas daquela pessoa que já foi ouvida.

Se há um texto escrito e um discurso é pronunciado, deve-se dar uma ênfase maior na entonação e impostação
da voz para que todos se voltem exclusivamente para o texto em lume. Se há comentário sobre eslaides, deve-se
reservar algum recurso de chamar a atenção – de forma natural, sem que a própria fala se encarregue de dizer
que pede a atenção de todos – que culminará no ato final a ponto de requerer aplausos de uma forma quase
natural. É hora de receber os aplausos não porque está livrando os ouvintes, mas porque aquela audição foi
lucrativa para estes ouvintes.
Alguns recursos próprios são a retrospectiva do que ficou exposto, em uma forma de um extrato do que de mais
relevante ficou tratado.

Entre as últimas palavras, um agradecimento pela oportunidade, com reconhecimento da boa qualidade do
auditório. E é o momento de deixar entre os ouvintes algum questionamento que deverá pautar o
comportamento de todos daquele momento em diante. O bom falante é o que consegue mudar a trajetória da
vida do ouvinte, conduzindo-o ou reconduzindo-o ao caminho que foi mostrado na palestra. Não significa,
obrigatoriamente, um desvio de rota. Pode ser uma nova maneira de ver e de se referir a um assunto ou,
simplesmente, pode ser um acréscimo de conhecimento entre o já detido pelos presentes na audição.

É desejável que não haja repetição de frases prontas e já tantas vezes ditas. Dizer, ao fim de um discurso “tenho
dito” ou algo como “era o assunto pelo qual eu vim falar” ou ainda “não sei se agradou, mas era somente o que
tinha a dizer” são, caracteristicamente, fora de propósito. O próprio agradecimento deve ser no meio de uma
frase de demonstração da satisfação e da felicidade pelo momento. Dizer “obrigado” ao fim é interpretado pelos
estudiosos como desaconselhável com a explicação de que se alguém foi convidado a dar uma palestra, quem se
sente “obrigado a retribuir” é o ouvinte. Em outras palavras, quem é convidado a falar deve ocupar um destaque
bem maior do que o ouvinte, tanto é que este ouvinte é que deve ter dito o prazer de ouvir. Não, o contrário.

CONCLUSÃO

O texto presente chega ao fim. Não, o seu estudo. Há práticas a serem insertas e há pesquisas a serem feitas.
Hora, porém, de lembrar uma frase que faz parte da música “Coração Tranqüilo”, de autoria de Walter Franco e
que diz: “Tudo é uma questão de manter/ a mente quieta/ a espinha ereta/ e o coração tranqüilo”.

Você também pode gostar