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ELTON, G.R. A Europa Durante a Reforma: 1517-1559. Portugal: Editorial Presença.

Capítulo VII – A Renovação Católica

A Reforma Católica

- “No meio do tumulto revolucionário provocado por Lutero, é fácil esquecer que o
êxito do protestantismo nunca foi mais do que parcial” (141)

- “Por mais abalado que estivesse, o papado mostrava-se surpreendentemente resiste”


(141)

- “A Reforma dividiu a Igreja mas obrigou Roma a organizar-se para a guerra e essa
organização naturalmente implicava dar novos poderes ao comandante chefe” (141)

- “No entanto, entre os fenômenos mais espantosos deste meio século suficientemente
assombroso contam-se a renovação e a revivificação do passado” (141)

- “A Reforma trouxe a muitos umas mensagem de esperança e alegria espiritual mas


também privou muitos outros, talvez os mais ligados as coisas do mundo, de certos
instrumentos de acesso a graça – peregrinações, culto dos santos, o desempenho desses
pequenos atos concretos que são bem mais fáceis que os esforços da regeneração interna
– instrumentos que, não se pode deixar de pensar, são essenciais para o mobile vulgus e
que tornam suportável qualquer religião que acentue a perspectiva do inferno tão
gratificantemente como fez o cristianismo medieval. O hábito, a necessidade, a
convicção garantiriam que costumes com mais de 1500 anos não seriam varridos do dia
para noite” (141-2)

- “Com efeito, a história da Reforma prova duma maneira insistente que a Igreja
universal não pode ser separada da reivindicação papel à supremacia universal” (142)

- “O ataque de Lutero desencadeou uma vigorosa guerra escrita. Se, no total, os escritos
dos protestantes são mais conhecidos e mais importantes, isso reflete não só a sua
qualidade literária e o fato de que todos esses escritores, muitos dos quais cultos e
talentosos, o próprio Lutero era o único propagandista de gênio, mas também a verdade
de que a novidade tem geralmente mais êxito do que a mera defesa duma ordem
existente” (142)
- “João Eck (1486-1543) foi o primeiro e o mais persistente dos adversários de Lutero”
(142)

- “Mais prolifero ainda do que Eck foi João Cochlaeus (1479-1552), um humanista que
se voltou contra a Reforma já em 1520; o mais distinto jornalista da controvérsia não
demonstrou originalidade teológica mas sim grande assiduidade na repetição dos
argumentos estabelecidos e em seguir as evoluções do jogo” (142-3)

- “Fora da Alemanha, a erupção de Lutero também provocara respostas que iam desde
as condenações oficiais de Lovaina e Paris até ao livro com que Henrique VIII obteve
de Clemente VII o titulo de Defensor da Fé [...]” (143)

- “À partida, uma mera defesa da tradição – uma mera repetição do dogma – nunca é
uma maneira muito satisfatória de convencer os que têm dúvidas, e durante muito tempo
os escritores contentaram-se com essa abordagem negativa ou seja, com a negação das
afirmações de Lutero” (143)

- “Um crescente número de catecismos e livros edificados mostrava bem que os


católicos haviam aprendido a lição de Lutero, que sempre colocara o ensinamento
positivo acima da mera controvérsia” (144)

- “No final de contas, Lutero não atacara uma sociedade bem ordenada mas uma
sociedade que se debatia com a decadência moral e a duvida espiritual; e não era só ele
a reconhecer essas fraquezas” (144)

- “Na verdade, o ataque aos abusos – o desejo de reforma – estava presente na Igreja
muito antes de Lutero. Se o renascer da Igreja devia ser chamado Contra-Reforma ou o
movimento para a Reforma Católica tornou-se assunto de disputa entre os historiadores
[...]” (144)

- “A reforma da Igreja fora exigida de muitos lados pelo menos 150 anos antes de
Lutero surgir: o movimento conciliar, o misticismo dos fins da Idade Média, as
exigências éticas dos humanistas platônicos, surtos revivalistas como o de Savonarola
em Florença [...]” (144)

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