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04/08/2020 Início

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Anderson Ribeiro · 6 de abril
Desconhecidos
Residência: Marília Siga um espaço
Português de
Quais são alguns antigos provérbios portugueses? Siga outros 19
Portugal (idioma)
Esses são os 34 provérbios antigos portugueses: tópicos
História de Portugal
001. "Tais somos nós, tais sereis vós" Dê votos positivos
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Conhecimento Adicione 3
O mesmo homem, por vezes decifrado em provérbios geniais. Por mais diversas que
sejam as épocas, as latitudes ou as tribos, sempre encontraremos, essencialmente, credenciais
Curiosidades
pesadas críticas e ironias contra o egoísmo, a avareza, a inveja, a pequenez etc. e -
Responder a uma
Português do Brasil invariavelmente também - o louvor da generosidade, da sinceridade, da grandeza, da pergunta
lealdade etc. São fatos constantes em todas as culturas.
Guerra
Precisamente a consciência dessas permanências, de que nós (apesar de nossa ilusão
História da Europa de progresso linear) não somos tão diferentes e "evoluídos" quanto pensávamos,
talvez seja uma das principais contribuições que o leitor de hoje pode receber da
Jair Bolsonaro obra de Delicado.
(Presidente do
Brasil) Provérbios e educação moral

História militar e de Essa contribuição afeta diversas ordens. Antes de tratar do tema da permanência da
guerras linguagem, importa destacar, no contexto deste livro, a educação moral. Quando se
tem em conta que a educação - mais do que no âmbito oficial da escola - exerce-se
Descobrir espaços na interação social informal e que a moral pressupõe, antes e acima de tudo,
conhecimento sobre o ser do homem, torna-se imediatamente evidente que a
tradição viva de provérbios populares é poderosa instância de educação moral (que,
naturalmente, valerá o que valerem os conteúdos veiculados...).
Sobre · Carreiras ·
Termos · Privacidade · No caso, essa educação se faz, antes de mais nada, pela possibilidade de
Uso aceitável · Empresas circunscrever, de configurar uma atitude que passaria despercebida, se os provérbios
não chamassem a atenção para ela: especialmente para a educação moral vale a
intuição contida na acumulação semântica da palavra castelhana enseñar: ensinar e
mostrar! Há, portanto, parece-nos, uma co-relação entre a desorientação moral
contemporânea ocidental e o desenraizamento das tradições proverbiais. E Delicado
tem razão, quando indica o alcance educativo dos provérbios: "pera boa doutrina
moral, que a todos pertence". Uma observação particularmente pertinente para o
Bra-sil de hoje, carente de referenciais comuns: no campo da realidade e no da
linguagem.

Nesse sentido, o Oriente, mais arraigado na tradição oral, recebe mais amplamente
seus benefícios. Como dissemos alhures: "Precisamente um dos mais graves
problemas culturais do Ocidente, hoje, é a ausência de referencial comum, duradouro
e universal. Já não há, para nós, clássicos: nem Homero, nem a Bíblia, nem
provérbios... (...). Já o oriental acha-se respaldado, em segurança, sob a proteção da
verdade de um passado milenar que ele aceita, que lhe é próprio, que o norteia, que
o ampara e não o deixa entregue à perplexidade de quem está num mundo, onde
tudo é vivido por primeira vez, sem raízes; que lhe é impertinente"

[8]

. Para um antigo, era evidente que o comum, o social e o próprio Estado dizia-lhe
respeito:

002. "Por teu Rey pelejaste (lutaste), tua casa guardaste".

Hoje, o que pode motivar um brasileiro a abdicar de seu individualismo? A educação


moral é tarefa tão difícil quanto urgente numa época - sob a égide da "lei do
oportunismo" - em que a linguagem viva já não dispõe sequer de nomes para as
virtudes (nem para os vícios...)em que, quase se pode aplicar a toda uma sociedade o
diagnóstico que os contemporâneos de Delicado aplicavam a um ou outro indivíduo:

003. "Onde nam ha honra, nam ha desonra"

[9]

https://pt.quora.com 1/5
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Permanência/diversidade: a linguagem comum nos provérbios
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Muito mais do que à primeira vista poderia parecer, até a linguagem comum de hoje
continua marcada por modos de falar e expressões muito antigas. Naturalmente, em
alguns casos, seu significado pode ter-se tornado, para nós, um tanto opaco; seu
emprego, formal e mecânico: precisamente pela desvinculação do contexto
proverbial que lhes dava plenitude de sentido

[10]

Daí que um dos mais interessantes efeitos do contato com essas sentenças do
Portugal de há séculos, seja o resgate da formulação original de modos de dizer que
ainda hoje continuam na boca do povo, mas sem a transparência e a viveza com que
surgiram. E encontramos dezenas de expressões - Apêndice I (provérbios 266 a 315) -
que continuamos usando, por vezes sem a força da formulação completa - o
contexto dado por antigos provérbios - com que surgiram. É o caso de: "dor de
cotovelo", "morrer na praia", "a torto e a direito", "dar no pé", "casa da sogra" e
"outros baratos"...

Noutros casos - destacados no Apêndice II, provérbios 316 a 399 - chegou a nós o
provérbio completo. Como por exemplo: "Gatto escaldado, da agua fria ha medo" e
"Gram e gram enche a galinha o papo".

A apreciação da linguagem e da cultura popular da época pode se ampliar no


Apêndice III, onde apresentamos uma amostra de outros Adágios portuguezes
(provérbios 400 a 504), seguindo os "lugares communs" estabelecidos pelo próprio
Delicado.

Influências de outras culturas

A maior parte dos provérbios colhidos por Delicado são genuinamente portugueses
(alguns de séculos anteriores). E isto se evidencia pelo tom, pelo léxico, pela rima -
"Com latim, rocim e florim, andarás mandarim" (cultura, cavalo e dinheiro é que dão
status); veja-se também, p. ex., 225 e 226 - ou por conterem observações,
necessariamente regionais, sobre o clima e a agricultura (época de plantio ou da
colheita, associadas a datas de festas de santos etc.), como:

004. "Por Sam Clemente (dia 23 de novembro) alça a mam da semente".

Outros provérbios são importados, tradução/adaptação de provérbios latinos, árabes,


franceses etc. Da tradição literária latina, procedem, entre outros:

005. "Affeiçam, cega a razam" - Paralelo ao Amantes amentes de Terêncio

[11]

006. "Amor, dinheiro e cuidado nam está dissimulado" ou

007. "Amor, fogo e tosse a seu dono descobre". Ajunta "fogo", "dinheiro" e
"preocupações" à clássica enumeração das realidades que não é possível esconder:
Amor tussique non caelatur (Ovídio).

008. "Cada cabello faz sua sombra na terra" - Etiam capillus unus habet umbram suam
(P. Siro).

009. "Huma mam lava a outra e ambas o rosto" - Retoma o clássico: Manus manum
lavat (Petrônio).

010. "Qual cabeça, tal sizo" - Tot capita, tot sententiae.

011. "Quem dá logo, dá duas vezes" - Bis dat qui dat celeriter (Sêneca).

012. "Quem do escorpiam está picado, a sombra o espanta" - Este provérbio e os


semelhantes ("Gatto escaldado..." ou "Gatto a quem morde a cobra...") retomam
Ovídio: Tranquillas etiam naufragus horret aquas, "O náufrago tem medo até de
águas calmas".

013. "Voz do povo, voz de Deos" - Vox Populi, vox Dei. Etc.

Particularmente importante é a influência de Espanha

[12]

. Muitos provérbios denunciam sua origem espanhola quando, retraduzindo-se para


o castelhano, se recupera a rima, inexistente na versão portuguesa. Muitas vezes,
perde-se a rima (e, com ela, parte da graça do provérbio), mas não se fazem
concessões a estrangeirices

https://pt.quora.com 2/5
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[13]
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. Assim Delicado registra:

014. "Medicos de Valença, grandes fraldas, pouca Sciencia"

[14]

015. "Amizade de genro, sol de inverno (não aquece...)" (cast.: yerno/invierno).

016. "Avicena e Galeno

[15]

trazem a minha casa o bem alheo" (cast.: Galeno/ajeno).

017. "Minha filha Tareja, hum diabo a toma, outro a deixa" (cast.: Tareja/deja)

[16]

018. "Quem tem ovelhas, tem pelejas" (cast.: ovejas/pelejas).

019. "Ao homem mayor (maduro, idoso), da-lhe honra" (cast.:mayor/ honor).

020. "Quem bem está e mal escolhe, por mal que lhe venha nam se anoje (aborreça,
reclame)" (cast.: escoge/enoje).

A influência árabe

A influência árabe (com sua multi-secular presença na Península) é visível em muitos


planos, para além da mera tradução de diversos enunciados procedentes do
patrimônio sapiencial oriental.

Não percamos de vista o fato de que o sistema língua/pensamento árabe encontra


sua adequada tradução, precisamente no provérbio. A propósito, recolhemos aqui,
sinteticamente, algumas teses que desenvolvemos alhures

[17]

- O provérbio (tal como a língua árabe) tende à associação imediata de imagens

[18]

, tal como em:

021. "Desejo de doente, vista de barbeiro, serviço de molher". Ou, no há pouco


mencionado,

022. "Amizade de genro, sol de inverno" (vide 216, 428 etc.).

- A expressão, tão típica dos provérbios, por frase nominal - uma opção para o
Ocidente - é uma imposição das línguas semíticas.

- Provérbios remetem à experiência, ao passado. Nesse sentido, destaquemos um


fato mental e gramatical, à primeira vista surpreendente: em certos contextos (e,
notadamente, no dos provérbios), o árabe vale-se do passado até para expressar o
2 1
futuro! De fato, como diz Jamil A. Haddad, a visão árabe de mundo está envolta num
multifacético infinito que "remete à noção de tempo: o árabe vê o passado como um
bloco homogêneo. E vê o futuro como um bloco homogêneo"

[19]

. E o futuro é, para o árabe, determinado pelo passado. E, assim, pode ser expresso
em sentenças proverbiais.

Não é por acaso, portanto, que encontramos em Delicado:

023. "Queres ver o por vir, olha o passado" ou

024. "Pello fio tirarás o novello e pello passado o que está por vir".

E o português acaba imitando formulações árabes em que o futuro (incluído no


supra-temporal, fixado pela experiência) é expresso em tempo passado:

025. "Quem sofreo, vençeo" (sentença que o ocidental expressaria, normalmente, em


presente ou futuro: "Quem sofre, vence" ou "Quem sofrer, vencerá").

https://pt.quora.com 3/5
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Antigos preconceitos
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Provérbios não condensam só sabedorias, neles há também disfunções: preconceitos
(e, portanto, contribuem para a deseducação moral). O mesmo árabe é alvo deles.
Assim, o nome do tipo de certas atitudes ridículas é Axa ('Aisha):

026. "Axa foy ao banho, teve que contar anno"

[20]

(cast.: año/baño).

027. "Axa nam tem que comer, convida hóspedes". E do "mouro", se diz:

028. "Em casa do Mouro, nam fales algaravia

[21]

".

O judeu, o cigano, o mestiço, a mulher

[22]

, o negro etc. também não escapam ao desprezo de alguns provérbios:

029. "Da laranja e da molher, o que ella der".

030. "Inda que somos Negros, gente somos e alma temos".

031. "Boa fazenda (riqueza) é

[23]

negros, se nam custassem dinheiro".

032. "Ao bom cavallo espora e ao bom escravo açoute".

033. "A judeo, nem a porco nam mettas no teu horto" (por causa do estrago que
farão).

034. "Do sangue misturado... me livre Deos" etc.


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Vaz

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