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Democracia ateniense

Uma pintura de Philipp Foltz, do século XIX, representando um discurso do estadista grego Péricles.

A democracia ateniense (no grego: δεμοκρατιk) foi uma forma de governo que
surgiu na Grécia em meados do séc. V a.C. A experiência democrática
ateniense dava-se em todo território da Ática de forma direta, contudo, envolvia
pequena parcela da população. Tinham o direito de participar homens com
terras, maiores de 19 anos e filho de pai ateniense, e a partir de 451 a.C.,
aqueles que fossem filhos de pai e mãe atenienses. Escravos, mulheres e
estrangeiros não poderiam participar nas instituições democráticas. Em geral,
acredita-se que apenas 30% da população adulta de Atenas era elegível para
participar do processo eleitoral.[1] A liberdade e a igualdade constituíram a
essência dessa democracia expressa através de três princípios
básicos: isocracia, isonomia e isegoria.[2]
A isegoria, a isonomia e a isocracia eram traços fundamentais do regime
democrático ateniense. Todos tinham o direito à palavra, a igualdade perante a
lei, e a igual participação no exercício do poder.[3] Essa igualdade dava-se,
pois todos os membros do corpo político ateniense eram livres e, por isso,
considerados iguais. Como disse Aristóteles, no século IV a.C., “a liberdade é o
princípio da prática democrática”, ou seja, a liberdade é o preceito que
determina a igualdade.[4] Ser semelhante, isoi, tinha um duplo significado: era
um sentimento de semelhança, onde todos os que compunham a pólis, por
mais diferentes que pudessem ser sua origem, classe ou função, sentiam-se
semelhantes uns aos outros; e o sentimento de responsabilidade social, já que
cada cidadão era responsável por seu voto e suas atitudes.[5] Em suma, para
ser considerado um bom cidadão, o homem precisava ser virtuoso,
responsável, devia explicações à comunidade, falava livremente e respeitava
as leis vigentes.[6]
O sistema de funcionamento do governo democrático ateniense pode ser divido
em seis partes principais: Eclésia, Bulé, Arcontes, Estrategos e dois tribunais,
o Areópago e Helieia. O processo de escolha da maioria dessas magistraturas
ocorria através do sorteio, pois assim todos os cidadãos teriam chances iguais
de participar destas instituições. O sorteio acontecia para os bouleutas,
areopagitas, heliastas e arcontes. No caso dos estrategos, havia a eleição, pois
eram magistraturas militares e dependiam de certo conhecimento
técnico.[7] Para verificar a aptidão dos candidatos a uma magistratura, antes da
obtenção do cargo, era feito o exame de dokimasia diante da Boulé e da
Helieia.[8]
A democracia não foi produto de um só homem e algumas vezes foi
interrompida (especialmente nas revoluções oligárquicas), porém restaurada
logo em seguida graças à ação popular. Seus principais arquitetos foram, sem
dúvida, Sólon, Clístenes, Efialtes e Péricles.[9] Instaurada na Grécia Clássica, a
democracia ateniense ganhou forma durante o governo de Clístenes que, entre
508 a 507 a. C., empregou uma série de reformas político-administrativas
estabelecendo os pilares de uma forma de governo, que seria resgatada nos
séculos XVII, XVIII e XIX como substrato para as democracias modernas.[10]

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