Você está na página 1de 229

Carlos Manuel Serra

(Organizador)

Fa c u l d a d e
d e Direito

CO L EC TÂNEA DE
L E G IS LAÇÃO DO

Map u to, 202 0


1
FIC H A T ÉC N IC A
Titulo: Colectânea de Legislação sobre o Ambiente
Organizador: Carlos Manuel Serra
Edição: Centro de Direito do Ambiente, da
Biodiversidade e da Qualidade de Vida, Faculdade de
Direito da Universidade Eduardo Mondlane
Produção gráfica: Miguel Junior
N.º de Registo: 10311/RLINICC/2020
Local de edição: Maputo
Data de edição: Julho de 2020
As Colectâneas de Legislação constituem um ponto de partida dentro do
novo desafio da Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane
(FDUEM) na sua transformação para uma Faculdade de Investigação.
Esta iniciativa é louvável em todas vertentes porque, por um lado, a
divulgação de instrumentos legislativos agrupados numa colectânea do saber
jurídico específico vão permitir e facilitar o conhecimento e o estudo do Direito
pelos vários intervenientes no sistema jurídico, económico e social. Por outro
lado, vai permitir a divulgação da legislação das áreas vitais do cidadão e com
este conhecimento elevar a cultura jurídica e o fortalecimento do Estado de
Direito Democrático.
A divulgação das normas e do conhecimento jurídico é um corolário
plasmado na visão e missão da Faculdade de Direito da UEM, uma instituição
vocacionada para o ensino, investigação e extensão. Com esta Colectânea
alargam-se os horizontes, ou seja, as fontes do Direito moçambicano,
permitindo aos destinatários destes instrumentos um melhor conhecimento e
análise sobre os pressupostos e a racionalidade de cada uma destas normas e
saber jurídico.
Constata-se que entre a produção legislativa e o conhecimento desta
pelo cidadão existe um vazio comunicativo, num país em que as normas tem
escassa difusão e onde a informação não chega aos seus destinatários, quer por
falta de instrumentos e meios de comunicação, quer pelo crónico problema de
iliteracia. Daí, a sua vasta e conveniente divulgação impõe-se como uma
necessidade absoluta.
Uma boa norma não funciona se, porventura, não for conhecida. A norma
desconhecida é ineficaz. O desenvolvimento do Direito numa sociedade não
depende só da boa norma e nem de boas instituições, mas sobretudo do
conhecimento destas pelos cidadãos. Uma norma não conhecida, não só seria
ineficaz, mas tornar-se-ia uma fonte de injustiça.
A Coletânea de Legislação que agora se dá à estampa foi elaborada com
base na escolha criteriosa de materiais que seriam de grande importância e
utilidade, como material de apoio e instrumentos operativos de trabalho, para
os estudantes de Direito, os operadores judiciais, ou seja, os profissionais de
Direito e os cidadãos interessados nestas matérias.
A presentes Colectânea responde a uma das exigências dos Centros de
Investigação e Extensão da Faculdade de Direito quanto à disponibilização de
instrumentos jurídicos ao serviço da comunidade académica e da sociedade em
geral. Dentro deste espirito académico, a Faculdade de Direito da UEM, no
âmbito da sua missão e visão vai através destas plataformas, electrónica e
imprensa, colocar com mais frequência os resultados das suas pesquisas
científicas, assim como o desenvolvimento de actividades conducentes à
sensibilização e desenvolvimento da cultura jurídica moçambicana.
Em nome da Comunidade Académica da Faculdade de Direito da UEM e
em meu nome próprio aqui fica o nosso agradecimento e reconhecimento ao
organizador desta colectânea que contou com o apoio técnico da estudante
Wilda Ngovene, pelo esforço abnegado e merecido e por colocar à disposição
do público estas fontes de conhecimento jurídico que certamente contribuirão
para o desenvolvimento do Direito em Moçambique.
Henriques José Henriques
Director da Faculdade de Direito da UEM
Lei n.º 20/97,de 1 de Outubro (Lei do Ambiente) .............................................................. 2
Decreto n.º 8/2003,de 18 de Fevereiro (aprova o Regulamento sobre a Gestão
de Resíduos Biomédicos); ............................................................................................. 12
Decreto n.º 18/2004,de 2 de Junho, alterado pelo Decreto n.º 67/2010 de 31 de
Dezembro (aprova o Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de
Emissão de Efluentes); .................................................................................................. 24
Decreto n.º 45/2006,de 30 de Novembro (aprova o Regulamento para a
Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e Costeiro); .............. 33
Decreto n.º 19/2007,de 9 de Agosto (aprova o Regulamento sobre Acesso e
Partilha de Benefícios Provenientes de Recursos Genéticos); ...............................67
Decreto n.º 24/2008,de 1 de Julho (aprova o Regulamento sobre a Gestão das
Substâncias que Destroem a Camada de Ozono); ................................................... 80
Decreto n.º 25/2008,de 1 de Julho (aprova o Regulamento para o Controlo de
Espécies Exóticas Invasivas);........................................................................................89
Decreto n.º 55/2010,de 22 de Novembro (aprova o Regulamento sobre o
Banimento do Amianto e seus Derivados,..................................................................97
Decreto n.º 25/2011, de 15 de Junho (aprova o Regulamento relativo ao processo de
Auditoria Ambiental); .......................................................................................................101
Decreto n.º 71/2014, de 28 de Novembro (aprova o Regulamento de
Biossegurança Relativa à Gestão de Organismos Geneticamente Modificados);
......................................................................................................................................... 108
Decreto n.º 83/2014,de 31 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre Gestão
de Resíduos Perigosos); .............................................................................................. 137
Decreto n.º 94/2014,de 31 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre a Gestão
de Resíduos Sólidos Urbanos); ................................................................................... 150
Decreto n.º 16/2015,de 5 de Agosto (aprova o Regulamento sobre a Gestão e
Controlo do Saco de Plástico); .................................................................................... 161
Decreto n.º 54/2015,de 31 de Dezembro (Regulamento sobre o Processo de
Avaliação do Impacto Ambiental (AIA); ................................................................... 166
Decreto n.º 79/2017, de 28 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre a
Responsabilidade Alargada dos Produtores e Importadores de Embalagens); 196
Decreto n.º 23/2018,de 3 de Maio (aprova o Regulamento para a Implementação
de Projectos Inerentes à Redução de Emissões por Desmatamento e
Degradação Florestal, Conservação e Aumento de Reservas de Carbono); .... 207
de 1 de Outubro (Lei do Ambiente)
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA
__________
Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro

A Constituição do nosso país confere a todos os cidadãos o direito de viver num


ambiente equilibrado, assim como o dever de o defender. A materialização desse
direito passa necessariamente por uma gestão correcta do ambiente e dos seus
componentes e pela criação de condições propícias à saúde e ao bem-estar das
pessoas, ao desenvolvimento socioeconómico e cultural das comunidades e à
preservação dos recursos naturais que as sustentam.

Nestes termos e ao abrigo do disposto do n.º 1 do artigo 135.º da Consti tuição, a


Assembleia da República determina.

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos da presente Lei:

1. Actividade: é qualquer acção de iniciativa pública ou privada, relacionada


com a utilização ou a exploração de componentes ambientais, a aplicação
de tecnologias ou processos produtivos, planos, programas, actos
legislativos ou regulamentares, que afecta ou pode afectar o ambiente.
2. Ambiente: é o meio em que o Homem e os outros seres vivem e interagem
entre si e com o próprio meio e inclui:
a) o ar, a luz, a terra e a água;
b) os ecossistemas, a biodiversidade e as relações ecológicas;
c) toda a matéria orgânica e inorgânica;
d) todas as condições socioculturais e económicas que afectam a vida
das comunidades.
3. Associações de Defesa do Ambiente: são pessoas colectivas que tem como
objecto a protecção a conservação e a valorização dos componentes
ambientais Estas associações podem ter âmbito internacional nacional
regional ou local.
4. Auditoria Ambiental: é um instrumento de gestão e de avaliação
sistemática documentada e objectiva do funcionamento e organização de
sistema de gestão e dos processos de controlo e protecção do ambiente.
5. Avaliação do Impacto Ambiental: é um instrumento de gestão ambiental
preventiva e consiste na identificação e análise previa qualitativa e
quantitativa dos efeitos ambientais benéficos e perniciosos de uma
actividade proposta.
6. Biodiversidade: é a variedade e variabilidade entre os organismos vivos de
todas as origens incluindo entre outros os ecossistemas terrestres
marinhos e outros ecossistemas aquáticos assim como os complexos
ecológicos dos quais fazem parte compreende a diversidade dentro de
cada espécie entre as espécies e de ecossistemas.
7. Componentes Ambientais: são os diversos elementos que integram o
ambiente e cuja interacção permite o seu equilíbrio, incluindo o ar, a água,
o solo, o subsolo, a flora, a fauna e todas as condições socioeconómicas e
de saúde que afectam as comunidades, são também designados
correntemente por recursos naturais.
8. Degradação do Ambiente: é a alteração adversa das características do
ambiente e inclui, entre outras, a poluição, a desertificação, a erosão e o
deflorestamento.
9. Deflorestamento: é a destruição ou abate indiscriminado de matas e
florestas sem a reposição devida.
10. Desenvolvimento Sustentável: é o desenvolvimento baseado numa gestão
ambiental que satisfaz as necessidades da geração presente sem
comprometer o equilíbrio do ambiente e a possibilidade de as gerações
futuras satisfazerem também as suas necessidades.
11. Desertificação: é um processo de degradação do solo, natural ou
provocado pela remoção da cobertura vegetal ou utilização predatória
que, devido a condições climáticas, acaba por transformá-lo num deserto.
12. Ecossistema: é um complexo dinâmico de comunidades vegetais animais e
de microrganismos e o seu ambiente não vivo, que interagem como uma
unidade funcional.
13. Erosão: é o desprendimento da superfície do solo pela acção natural dos
ventos ou das águas, que muitas vezes é intensificado por práticas
humanas de retirada de vegetação.
14. Estudo de Impacto Ambiental: é a componente do processo de avaliação
do impacto ambiental que analisa técnica e cientificamente as
consequências da implantação de actividades de desenvolvimento sobre
o ambiente.
15. Gestão Ambiental: é o maneio e a utilização racionai e sustentável dos
componentes ambientais, incluindo o seu reuso, reciclagem, protecção e
conservação.
16. Impacto Ambiental: é qualquer mudança do ambiente, para melhor ou para
pior, especialmente com efeitos no ar na terra, na água e na saúde das
pessoas, resultante de actividades humanas.
17. Legislação Ambiental: abrange todo e qualquer diploma legal que rege a
gestão do ambiente.
18. Legislação Sectorial: são os diplomas legais que regem um componente
ambiental específico.
19. Padrões de Qualidade Ambiental: são os níveis admissíveis de
concentração de poluentes presentes por lei para os componentes
ambientais com vista a adequá-los a determinado fim.
20. Peritagem Ambiental: é a investigação realizada por um grupo
integrando especialistas de idoneidade e reputação reconhecidas, com
vista a avaliar a gravidade e custos dos danos causados ao ambiente.
21. Poluição: é a deposição, no ambiente de substâncias ou resíduos,
independentemente da sua forma, bem como a emissão de luz, som e
outras formas de energia, de tal modo e em quantidade tal que o afecta
negativamente.
22. Qualidade do Ambiente: é equilíbrio e a sanidade do ambiente, incluindo
a adequação dos seus componentes às necessidades do homem e de
outros seres vivos.
23. Lixos ou Resíduos Perigosos: são substâncias ou, objectos que se eliminam,
que se tem a intenção de eliminar que se é obrigado por lei a eliminar e
que contêm características de risco por serem inflamáveis explosivos,
corrosivos, tóxicos, infecciosos ou radioactivos, ou por apresentarem
qualquer outra característica que constitua perigo para a vida ou saúde do
homem e de outros seres vivos e para a qualidade do ambiente.
24. Zonas Húmidas: são áreas de pântano brejo turfeira ou água, natural ou
artificial, permanente ou temporária parada ou corrente, doce, salobra ou
salgada, incluindo as águas do mar cuja profundidade na maré baixa não
excede seis metros, que sustentam a vida vegetal ou animal que requeira
condições de saturação aquática do solo.
ARTIGO 2
(Objecto)

A presente Lei tem como objecto a definição das bases legais para uma
utilização e gestão correctas do ambiente e seus componentes, com vista à
materialização de um sistema de desenvolvimento sustentável no país.

ARTIGO 3
(Âmbito)

A presente Lei aplica-se a todas as actividades públicas ou privadas que directa


ou indirectamente possam influir nos componentes ambientais.

ARTIGO 4
(Princípios fundamentais)

A gestão ambiental baseia-se em princípios fundamentais decorrentes do direito


de todos os cidadãos a um ambiente ecologicamente equilibrado, propício à sua
saúde e ao seu bem-estar físico e mental nomeadamente
a) da utilização e gestão racionais dos componentes ambientais, com vista à
promoção da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e à manutenção
da biodiversidade e dos ecossistemas;
b) do reconhecimento e valorização das tradições e do saber das
comunidades locais que contribuam para a conservação e preservação dos
recursos naturais e do ambiente;
c) da precaução, com base na qual a gestão do ambiente deve priorizar o
estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente
de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos
significativos ou irreversíveis, independentemente da existência de
certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos;
d) da visão global e integrada do ambiente, como um conjunto de
ecossistemas interdependentes, naturais e construídos, que devem ser
geridos de maneira a manter o seu equilíbrio funcional sem exceder os seus
limites intrínsecos;
e) da ampla participação dos cidadãos, como aspecto crucial da execução do
Programa Nacional de Gestão Ambiental;
f) da igualdade, que garante oportunidades iguais de acesso e uso de
recursos naturais a homens e mulheres;
g) da responsabilização, com base na qual quem polui ou de qualquer outra
forma degrada o ambiente, tem sempre a obrigação de reparar ou
compensar os danos daí decorrentes;
h) da cooperação internacional, para a obtenção de soluções harmoniosas
dos problemas ambientais, reconhecidas que são as suas dimensões
transfronteiriças e globais.

CAPÍTULO II
ÓRGÃOS DE GESTÃO AMBIENTAL

ARTIGOS 5
(Programa Nacional de Gestão Ambiental)

Cabe ao Governo elaborar e executar o Programa Nacional de Gestão


Ambiental.
ARTIGO 6
(Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável)

1. Com vista a garantir-se uma efectiva e correcta coordenação e integração dos


princípios e das actividades de gestão ambiental no processo de
desenvolvimento do país, é criado o Conselho Nacional de Desenvolvimento
Sustentável.
2. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável é um órgão consultivo
do Conselho de Ministros e serve também como fórum de auscultação da
opinião pública sobre questões ambientais.
3. Compete ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Sustentável:
a) pronunciar-se sobre as políticas sectoriais relacionadas com a gestão de
recursos naturais;
b) emitir parecer sobre propostas de legislação complementar à presente Lei,
incluindo as propostas criadoras ou de revisão de legislação sectorial
relacionada com a gestão de recursos naturais do país;
c) pronunciar-se sobre as propostas de ratificação de convenções
internacionais relativas ao ambiente;
d) elaborar propostas de criação de incentivos financeiros ou de outra
natureza para estimular os agentes económicos para a adopção de
procedimentos ambientalmente sãos na utilização quotidiana dos recursos
do país;
e) propor mecanismos de simplificação e agilização do processo de
licenciamento de actividades relacionadas com o uso de recursos naturais;
f) formular recomendações aos ministros das diversas áreas de gestão de
recursos naturais sobre aspectos relevantes das respectivas áreas;
g) servir como foro de resolução de diferendos institucionais relacionados
com a utilização e gestão de recursos naturais;
h) exercer as demais funções que lhe forem cometidas pela presente Lei e
pela demais legislação ambiental.
4. A composição e o funcionamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Sustentável são regulados por decreto do Conselho de Ministros.

ARTIGO 7
(Órgãos locais)

A nível local são criados serviços responsáveis pela implementação da presente


Lei, os quais garantem a coordenação da acção ambiental a esse nível e a
descentralização na sua execução, de modo a permitir um aproveitamento
adequado das iniciativas e conhecimentos locais.

ARTIGO 8
(Participação pública na gestão do ambiente)

É obrigação do Governo criar mecanismos adequados para envolver os diversos


sectores da sociedade civil, comunidades locais, em particular as associações de
defesa do ambiente, na elaboração de políticas e legislação relativa à gestão dos
recursos naturais do país, assim como no desenvolvimento das actividades de
implementação do Programa Nacional de Gestão Ambiental.
CAPÍTULO III
POLUIÇÃO DO AMBIENTE

ARTIGO 9
(Proibição de poluir)

1. Não é permitida, no território nacional, a produção, o depósito no solo e no


subsolo, o lançamento para a água ou para a atmosfera, de quaisquer
substâncias tóxicas e poluidoras, assim como a prática de actividades que
acelerem a erosão, a desertificação, o deflorestamento ou qualquer outra
forma de degradação do ambiente, fora dos limites legalmente estabelecidos.
2. É expressamente proibida a importação para o território nacional de resíduos
ou lixos perigosos, salvo o que vier estabelecido em legislação específica.

ARTIGO 10
(Padrões de qualidade ambiental)

1. O Governo deve estabelecer padrões de qualidade, ambiental, de modo a


assegurar uma utilização sustentável dos recursos do país.
2. Na definição dos padrões de qualidade ambiental, são, igualmente,
estabelecidas normas e prazos para a adequação dos processos agrícolas e
industriais, às máquinas e aos meios de transporte e criados dispositivos ou
processos adequados para reter ou neutralizar substâncias poluidoras.

CAPÍTULO IV
MEDIDAS ESPECIAIS DE PROTECÇÃO DO AMBIENTE

ARTIGO 11
(Protecção do património ambiental)

O Governo deve assegurar que o património ambiental, especialmente o histórico


e cultural, seja objecto de medidas permanentes de defesa e valorização com o
envolvimento adequado das comunidades, em particular as associações de
defesa do ambiente.

ARTIGO 12
(Protecção da biodiversidade)

1. São proibidas todas as actividades que atentem contra a conservação,


reprodução, qualidade e quantidade dos recursos biológicos, especialmente
os ameaçados de extinção.
2. O Governo deve assegurar que sejam tomadas medidas adequadas com vista
à:
a) manutenção e regeneração de espécies animais, recuperação de habitais
danificados e criação de novos habitais, controlando-se especialmente as
actividades ou o uso de substâncias susceptíveis de prejudicar as espécies
faunísticas e os seus habitats;
b) protecção especial das espécies vegetais ameaçadas de extinção ou dos
exemplares botânicos, isolados ou em grupo que, pelo seu potencial
genético, porte, idade, raridade, valor científico e cultural, o exijam.

ARTIGO 13
(Áreas de protecção ambiental)
Derrogado pela Lei n.º 16/2014 de 20 de Junho
ARTIGO 14
(Implantação de infra-estruturas)

1. É proibida a implantação de infraestruturas habitacionais ou para outro fim


que, pela sua dimensão, natureza ou localização, provoquem um impacto
negativo significativo sobre o ambiente, o mesmo se aplicando à deposição
de lixos ou materiais usados.
2. A proibição inserida no número anterior aplica-se especialmente à zona
costeira, às zonas ameaçadas de erosão ou desertificação, às zonas húmidas,
às áreas de protecção ambiental e a outras zonas ecologicamente sensíveis.
3. São estabelecidas por regulamento as normas para a implantação de infra-
estruturas nas áreas referidas no número anterior. É igualmente
regulamentada a implantação de infra-estruturas nas áreas que circundam as
rodovias, as ferrovias, as barragens, os portos e aeroportos, entre outros, de
modo a que se não prejudique o seu funcionamento, a sua possibilidade de
expansão, assim como a harmonia da paisagem.

CAPÍTULO V
PREVENÇÃO DE DANOS AMBJENTAIS

ARTIGO 15
(Licenciamento ambiental)

1. O licenciamento e o registo das actividades que, pela sua natureza,


localização ou dimensão, sejam susceptíveis de provocar impactos
significativos sobre o ambiente, são feitos de acordo com o regime a
estabelecer pelo governo, por regulamento específico.
2. A emissão da licença ambiental é baseada numa avaliação do impacto
ambiental da proposta de actividade e precede a emissão de quaisquer outras
licenças legalmente exigidas para cada caso.

ARTIGO 16
(Avaliação do impacto ambiental)

1. A avaliação do impacto ambiental tem como base um estudo de impacto


ambiental a ser realizado por entidades credenciadas pelo Governo.
2. Os moldes da avaliação do impacto ambiental para cada caso, assim como as
demais formalidades, são indicados em legislação específica.

ARTIGO 17
(Conteúdo mínimo do estudo do impacto ambiental)

O estudo do impacto ambiental compreende, no mínimo, a informação seguinte;


a) resumo não técnico do projecto;
b) descrição da actividade a desenvolver;
c) situação ambiental do local de implantação da actividade;
d) modificações que a actividade provoca nos diferentes componentes
ambientais existentes no local;
e) medidas previstas para suprimir ou reduzir os efeitos negativos da
actividade sobre a qualidade do ambiente;
f) sistemas previstos pata o controlo e monitorização da actividade.

ARTIGO 18
(Auditorias ambientais)

1. Todas as actividades que à data da entrada em vigor desta Lei se encontrem


em funcionamento sem a aplicação de tecnologias ou processos apropriados
e, por consequência disso, resultem ou possam resultar em danos para o
ambiente, são objecto de auditorias ambientais.
2. Os custos decorrentes da reparação dos danos ambientais eventualmente
constatados pela auditoria são da responsabilidade dos empreendedores.

CAPÍTULO VI
DIREITOS E DEVERES DOS CIDADÃOS

ARTIGO 19
(Direito à informação)

Todas as pessoas têm o direito de acesso à informação relacionada com a gestão


do ambiente do país, sem prejuízo dos direitos de terceiros legalmente
protegidos.

ARTIGO 20
(Direito à educação)

Com vista a assegurar uma correcta gestão do ambiente e a necessária


participação das comunidades, o Governo deve criar, em colaboração com os
órgãos de comunicação social, mecanismos e programas para a educação
ambiental formal e informal.

ARTIGO 21
(Direito de acesso à justiça)

1. Qualquer cidadão que considere terem sido violados os direitos que lhe são
conferidos por esta Lei, ou que considere que existe ameaça de violação dos
mesmos, pode recorrer às instâncias jurisdicionais para obter a reposição dos
seus direitos ou a prevenção da sua violação.
2. Qualquer pessoa que, em consequência da violação das disposições da
legislação ambiental, sofra ofensas pessoais ou danos patrimoniais, incluindo
a perda de colheitas ou de lucros, pode processar judicialmente o autor dos
danos ou da ofensa e exigir a respectiva reparação ou indemnização.
3. As acções legais referidas nos n°s 1 e 2 deste artigo seguem os termos
processuais adequados.
4. Compete ao Ministério Público a defesa dos valores ambientais protegidos
por esta Lei, sem prejuízo da legitimidade dos lesados para propor as acções
nela referidas.

ARTIGO 22
(Embargos)

Aqueles que se julguem ofendidos nos seus direitos a um ambiente


ecologicamente equilibrado podem requerer a suspensão imediata da actividade
causadora da ofensa seguindo-se, para tal efeito, o processo do embargo
administrativo ou outros meios processuais adequados.

ARTIGO 23
(Obrigação de participação de infracções)

Qualquer pessoa que verifique infracções às disposições desta Lei ou de


qualquer outra legislação ambiental, ou que razoavelmente presuma que tais
infracções estejam na iminência de ocorrer, tem a obrigação de informar as
autoridades policiais ou outros agentes administrativos mais próximos sobre o
facto.
ARTIGO 24
(Obrigação de utilização responsável dos recursos)

Todas as pessoas têm a obrigação de utilizar os recursos naturais de forma


responsável e sustentável, onde quer que se encontrem e independentemente
do fim, assim como o dever de encorajar as outras pessoas a proceder do
mesmo modo.

CAPÍTULO VII
RESPONSABILIDADES, INFRACÇÕES E SANÇÕES

ARTIGO 25
(Seguro de responsabilidade civil)

Todas as pessoas que exerçam actividades que envolvam elevado risco de


degradação do ambiente e assim classificadas pela legislação sobre a avaliação
do impacto ambiental, devem segurar a sua responsabilidade civil.

ARTIGO 26
(Responsabilidade objectiva)
1. Constituem-se na obrigação de pagar uma indemnização aos lesados todos
aqueles que, independentemente de culpa e da observância dos preceitos
legais, causem danos significativos ao ambiente ou provoquem a paralisação
temporária ou definitiva de actividades económicas, como resultado da
prática de actividades especialmente perigosas.
2. Compete ao Governo supervisar a avaliação da gravidade dos danos e a
fixação do seu valor, que são efectuadas por via de uma peritagem ambiental.
3. Sempre que as circunstâncias o exijam, o Estado toma as medidas necessárias
para prevenir, conter ou eliminar qualquer dano grave ao ambiente, gozando,
contudo, do direito de regresso pelos custos suportados.

ARTIGO 27
(Crimes e contravenções ambientais)

As infracções de carácter criminal, bem como as contravenções relativas ao


ambiente, são objecto de previsão em legislação específica.

CAPÍTULO VIII
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL

ARTIGO 28
(Agentes de fiscalização ambiental)

Compete ao Governo criar, em termos a regulamentar, um corpo de agentes de


fiscalização ambiental competentes para velar pela implementação da legi slação
ambiental e para a tomada das providências necessárias para prevenir a violação
das suas disposições.

ARTIGO 29
(Dever de colaboração)

Todas as pessoas encarregues de uma actividade ou lugar sujeito à fiscalização


devem colaborar com os agentes de fiscalização na realização das suas
actividades.
ARTIGO 30
(Participação das comunidades)

Com vista a garantir a necessária participação das comunidades locais e a utilizar


adequadamente os seus conhecimentos e recursos humanos, o Governo, em
coordenação com as autoridades locais, promove a criação de agentes de
fiscalização comunitários.

CAPÍTULO IX
DISPOSIÇÕES FINAIS

ARTIGO 31
(Incentivos)

Compete ao Governo criar incentivos económicos ou de outra natureza com vista


a encorajar a utilização de tecnologias e processos produtivos ambientalmente
sãos.

ARTIGO 32
(Legislação sectorial)
1. A legislação existente que rege a gestão dos componentes ambientais deve
ser ajustada às disposições da presente Lei.
2. A regulamentação da presente Lei compete ao Governo fixar os prazos para
que os projectos já autorizados e os empreendimentos em curso que
contrariem os seus dispositivos sejam a esta ajustados.

ARTIGO 33
(Legislação complementar)

Cabe ao Governo adoptar as medidas regulamentares necessárias à efectivação


da presente Lei.

ARTIGO 34
(Vigência)

A presente Lei entra em vigor sessenta dias após a sua publicação no Boletim
da República.
Aprovada pela Assembleia da República, aos 31 de Julho de 1997.
O Presidente da Assembleia da República, em exercício, Abdul Carimo
Mahomed Issá.
Promulgada, a 1 de Outubro de 1997.
Publique-se.
O Presidente da República, JOAQUIM ALBERTO CHISSANO.
de 18 de Fevereiro (aprova o Regulamento sobre a
Gestão de Resíduos Biomédicos);
CONSELHO DE MINISTROS
__________

Decreto n.º 8/2003, de 18 de Fevereiro

O artigo 9 da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, proíbe o depósito no solo ou no


subsolo nacionais, bem como o lançamento para a água ou para a atmosfera, de
substâncias tóxicas ou poluidoras foi a dos limites legalmente estabelecidos, dai
que se torna necessário definir o quadro legal em que se deverá processar a
gestão de substâncias poluidoras resultantes do funcionamento de unidades
sanitárias.
Nestes termos ao abrigo do artigo 33 da referida lei, o Conselho de Ministros
decreta:

Artigo 1.
É aprovado o Regulamento sobre a Gestão de Lixos Biomédicos, em anexo, que
é parte integrante deste Decreto.

Art. 2.
O presente Decreto entra em vigor no prazo de noventa dias após a sua
publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Pascoal Manuel Mocumbi.

Regulamento sobre a Gestão de Lixos Biomédicos

CAPÍTULO l
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente regulamento define-se:


a) Monitor de Higiene e Segurança Ocupacional (técnico de higiene
segurança ocupacional e ambiental): é a pessoa designada em cada
unidade sanitária para coordenar a gestão de lixos biomédicos desde o
local da sua geração até ao local da sua deposição final no interior ou não
da unidade sanitária, assim como para providenciar treinamento e
informação aos trabalhadores sobre questões de saúde ocupacional,
segurança pública e ambiental associadas aos lixos biomédicos e outros
riscos de saúde e segurança.
b) Gestão de Risco: significa a identificação sistemática de perigos, avaliação
dos riscos associados com os perigos identificados e posteriormente o
desenvolvimento de medidas de controlo para gerir os riscos associados
com cada um dos perigos identificados.
c) Lixo: são substâncias ou objectos sem utilidade para a unidade sanitária,
que se eliminam, que se tem à intenção de eliminar ou que se é obrigado
por lei a eliminar.
d) Lixo Biomédico: é o lixo resultante das actividades de diagnóstico,
tratamento e investigação humana e veterinária.
e) Lixo Infeccioso: é qualquer tipo de lixo que tenha entrado em contacto
com tecidos humanos, sangue ou fluidos do corpo humano e animal. O lixo
infeccioso pode também ser designado como lixo contaminado, lixo
patológico, lixo bio prejudicial ou qualquer outra terminologia usada para
descrever lixo infeccioso.
f) Lixo Anatómico: é todo o lixo constituído por fluidos, despojos de tecidos,
órgãos, membros, partes de órgãos ou membros de seres humanos e
animais de qualquer espécie, que são removidos ou libertados durante
cirurgias, partos, biopsias e autópsias.
g) Lixo comum: é todo o lixo que não tenha estado em contacto ou sido
contaminado por tecido humano, sangue ou outros fluidos corporais, e que
não esteja incluso em qualquer das categorias precedentes.
h) Lixo de medicamentos: é todo o lixo constituído por produtos
farmacêuticos fora de prazo, que não tenham outra utilidade para os
pacientes ou unidades sanitárias, ou por materiais ou substâncias
produzidas durante o fabrico e administração de produtos farmacêuticos,
excluindo os cito tóxicos.
i) Lixo Radioactivo: é qualquer material contaminado por radioisótopos.
j) Lixo de Medicamentos Cito tóxico: é o lixo constituído por medicamentos
cito tóxicos usados no tratamento de doenças cancerígenas fora de prazo
ou que não tenham outra utilidade para os pacientes ou unidades
sanitárias.
k) Lixo Cortante e/ou perfurante: é o lixo constituído por objectos ou
dispositivos usados ou descartados possuindo extremidades, gumes,
pontas ou protuberâncias rígidas e agudas que podem cortar, picar ou
perfurar a pele humana.
l) Outro Tipo de Lixo: é todo o lixo constituído por pequenas quantidades de
lixo específico que tem o potencial de criar riscos especiais e que pode ser
produzido em algumas unidades sanitárias com serviços altamente
especializados.
m) Perigo: é o potencial para degradar a qualidade do ambiente, prejudicar a
saúde e a vida das pessoas ou danificar propriedades.
n) Risco: significa a probabilidade de ocorrência de um perigo e as
consequências resultantes desta ocorrência.
o) Substâncias Perigosas: são os produtos químicos usados em laboratórios,
radiografias e agentes químicos de esterilização e de limpeza.
p) Trabalhador Auxiliar: significa pessoa sem vínculo laboral com a unidade
sanitária, mas que lida com o lixo nela produzido.
q) Unidades Sanitárias: significa hospitais, clínicas médicas, dentárias e
veterinárias, laboratórios de pesquisas médicas, morgues e todos os outros
serviços que podem produzir ou manusear o lixo biomédico, ou ter
capacidade de produzir lixo bio- médico, que possam colocar em risco o
ambiente assim como a saúde e a segurança dos trabalhadores e do
público em geral.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente regulamento tem como objecto o estabelecimento das regras para a


gestão dos lixos biomédicos, com vista a salvaguardar a saúde e segurança dos
trabalhadores das unidades sanitárias, dos trabalhadores auxiliares e do público
em geral e minimizar os impactos de tais lixos sobre o ambiente.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

O presente Regulamento aplica-se às unidades sanitárias, instituições de


investigação, empresas ou pessoas que:
a) Produzem ou manuseiam lixo biomédico;
b) Transportam lixo biomédico;
c) Eliminam lixo biomédico;
d) Estão empregues numa unidade sanitária que produz, manuseia ou elimina
lixo biomédico;
e) Sejam doentes, trabalhadores ou visitantes duma unidade sanitária que
produz, manuseia, transporta ou elimina lixo biomédico.

ARTIGO 4
(Competências em matéria de gestão de lixos biomédicos)

Em matéria de gestão de lixos biomédicos compete ao:


1. Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental:
a) Emitir e divulgar directivas de cumprimento obrigatório para as unidades
sanitárias e empresas relativas aos processos de gestão de lixos
biomédicos, incluindo transporte, armazenagem e deposição;
b) Licenciar, ouvido o Ministério da Saúde e o Conselho Municipal, as viaturas,
instalações e locais para o transporte, armazenagem e deposição de lixo
biomédico;
c) Fiscalizar o cumprimento das normas do presente Regulamento assim
como das directivas sobre gestão de lixos biomédicos.
2. Ministério da Saúde:
a) Desenvolver e manter actualizado, em coordenação com a instituição
governamental responsável pela protecção do ambiente e com os
conselhos municipais, um sistema de gestão de lixos biomédicos;
b) Garantir que se faça o tratamento do lixo infeccioso antes da sua
destruição;
c) Aprovar, após consulta à instituição governamental responsável pela
protecção do ambiente, os planos de gestão de lixos biomédicos de
unidades sanitárias e empresas que lidem com lixos biomédicos;
c) Fiscalizar os processos de segregação do lixo biomédico e realizar, em
coordenação com outras entidades, auditorias sobre os processos e
instalações para a armazenagem e destruição do lixo biomédico;
d) Garantir que a deposição final do lixo biomédico dentro das unidades
sanitárias não tenha impacto negativo sobre o ambiente ou sobre a saúde
e segurança públicas;
e) Realizar acções de formação e capacitação em matéria de gestão de lixos
bio- médicos;
f) Supervisar, em coordenação com o Ministério do Trabalho, a actividade
dos monitores e técnicos de higiene segurança ocupacional e ambiental
nas unidades sanitárias.

CAPÍTULO II
Gestão do lixo biomédico

ARTIGO 5
(Plano de gestão de lixo biomédico)

1. Todas as unidades sanitárias, institutos de investigação e empresas abrangidas


por este Regulamento, deverão desenvolver um Plano de Gestão do lixo
biomédico por elas produzido, contendo informação sobre:
a) Os processos de gestão de risco:
• Identificação dos perigos que cada tipo de lixo representa;
• Determinação dos riscos associados com os perigos;
• Determinação de medidas apropriadas para o controlo dos riscos;
• Início da implementação das medidas de controlo e análise da sua eficácia.
b) Os processos de hierarquia na gestão de lixo:
• Prevenção e minimização do lixo;
• Reciclagem do lixo;
• Recuperação de recursos;
• Tratamento do lixo;
• Deposição do lixo.
c) Deverá conter ainda, informações sobre:
• Os procedimentos para o armazenamento e transporte no local do lixo
biomédico desde o ponto da sua geração até ao local da sua deposição final,
quando a deposição final for no local;
• Ou do ponto da geração até o lixo biomédico deixar o recinto da unidade
sanitária quando o ponto da deposição final for fora da unidade sanitária.
2. Os planos aludidos no número anterior deverão ser apresentados ao Ministério
da Saúde.

ARTIGO 6
(Obrigações específicas das unidades sanitárias, institutos de investigação e
empresas que manuseiam lixo biomédico)

Para além das obrigações constantes do artigo anterior, são obrigações


específicas das unidades sanitárias, institutos de investigação e empresas
geradoras ou manuseadoras de lixo biomédico:
a) Minimizar a produção de lixo de qualquer espécie;
b) Garantir a segregação dos diferentes tipos de lixo;
c) Garantir o tratamento do lixo infeccioso antes da sua deposição;
d) Assegurar a protecção de todos os trabalhadores contra incidentes
envolvendo lixos e doenças resultantes da exposição ao lixo biomédico;
e) Garantir a protecção do público, dentro e fora dos limites das unidades
sanitárias e empresas, contra incidentes e doenças envolvendo lixo
biomédico;
f) Garantir que todo o lixo biomédico que sai dos limites do perímetro da
unidade sanitária tenha um risco potencial de contaminação mínimo para
os trabalhadores que se encontram fora do perímetro da unidade sanitária
e para o público em geral;
g) Capacitar os seus trabalhadores em matéria de saúde, segurança
ocupacional e ambiente;
h) Garantir que a deposição final do lixo biomédico dentro e fora das
unidades sanitárias não tenha impacto negativo sobre o ambiente ou sobre
a saúde e segurança públicas;
i) Afectar um técnico especializado em matéria de higiene e segurança
ocupacional e ambiental para a coordenação e supervisão do processo de
gestão do lixo biomédico.

CAPÍTULO III
Armazenagem e identificação de lixo biomédico

ARTIGO 7
(Normas para a armazenagem e identificação de lixo biomédico)

O processo de recolha e armazenamento do lixo biomédico deverá ser efectuado


de acordo com as disposições do presente capítulo para garantir a sua
conformidade e harmonia com princípios e normas internacionais assumidas pelo
país em Convenções internacionais sobre gestão de lixos.

ARTIGO 8
(Segregação do lixo biomédico)

O lixo biomédico deverá ser segregado de acordo com a sua periculosidade,


devendo cada unidade sanitária e empresa manuseadora de lixos dispor, no
mínimo, de condições de acondicionamento para as seguintes categorias de lixo:
a) Lixo infeccioso;
b) Lixo cortante e/ou perfurante;
c) Lixo anatómico;
d) Lixo comum;
e) Outro tipo de lixo.

ARTIGO 9
(Identificação e armazenamento de lixo infeccioso)

1. Os contentores de lixo infeccioso deverão ser identificados pela cor amarela,


bem como quaisquer etiquetas de identificação com ele relacionados.
2. O lixo infeccioso deverá ser segregado em sacos plásticos amarelos ou,
quando tal não seja possível, por quaisquer outros tipos de saco plástico ou
contentor impermeável timbrado com uma etiqueta amarela com a i nscrição
"Lixo Infeccioso".
3. Os contentores de lixo infeccioso deverão estar claramente identificados
através do rótulo "Lixo Infeccioso" e deverão ser timbrados com o símbolo
internacional para o Lixo Infeccioso abaixo indicado.

ARTIGO 10
(Identificação e armazenagem de lixo cortante e/ou perfurante)

1. O lixo cortante e/ou perfurante deverá ser guardado em contentores com


paredes fortemente rígidas e devem ser pintados em amarelo a inscrição "Lixo
cortante e/ou perfurante" imprensa numa das partes proeminentes do
contentor ou, quando tal não seja possível, timbrados com um rótulo amarelo
com as palavras "Lixo Infeccioso". O contentor deverá apresentar ainda o
símbolo internacional para lixo infeccioso indicado no artigo anterior.
2. Os contentores para lixo cortante e/ou perfurante poderão ser feitos a partir
de contentores farmacêuticos plásticos reciclados ou outros contentores fixos
rígidos pintados de amarelo ou ostentando uma etiqueta amarela com as
palavras "Lixo cortante e/ou perfurante".

ARTIGO 11
(Identificação e armazenagem de lixo anatómico)

1. O lixo anatómico é considerado lixo infeccioso e deverá ser devidamente


guardado em contentores, pelo mais curto período de tempo possível antes
da sua deposição final, de acordo com as seguintes instruções:
1. Pequenas quantidades do tecido humano e amostras biópsias deverão
ser guardadas em plásticos amarelos, como os que são aqui indicados
para o lixo infeccioso;
2. Grandes quantidades de lixo anatómico deverão ser guardadas em
contentores com paredes rígidas e impermeáveis com a inscrição "Lixo
Infeccioso" em amarelo e contendo o símbolo de lixo infeccioso.
2. Sempre que possível dever-se-ão respeitar as práticas culturais da região
onde se localiza a unidade sanitária, desde que tais práticas respeitem os
interesses de protecção da saúde pública e do ambiente.

ARTIGO 12
(Identificação e armazenagem do lixo comum)

1. O lixo comum deverá ser colocado em sacos plásticos claros e transparentes


que podem ser colocados em qualquer contentor ou recipiente adequado para
o efeito.
2. Onde não for possível usar sacos plásticos transparentes para o
acondicionamento desta categoria de lixo biomédico, os contentores
descritos no número anterior poderão ser usados, mas deverá ser em
condições de que o seu conteúdo possa ser inspeccionado sem que haja
necessidade de se manusear fisicamente o seu conteúdo.

ARTIGO 13
(Lixo de medicamentos)

A armazenagem de lixo de medicamentos deverá ser efectuado num contentor


timbrado "lixo de medicamentos" a ser depositado em local seguro.

ARTIGO 14
(Substâncias perigosas)

Todas as substâncias perigosas deverão ser depositadas por forma a que estejam
em conformidade com as indicações para o efeito emitidas pelo seu fabricante e
completamente rotuladas e informação sobre a sua toxicidade e tratamento a
exposição acidental deve estar disponível para os seus manuseadores.

ARTIGO 15
(Lixo radioactivo)

1. O Ministério da Saúde deverá dispor de um registo de todo equipamento


hospitalar que utilize fontes de materiais radioactivos no acto da importação.
2. O lixo radioactivo deverá ser seguramente armazenado e eficientemente
protegido em contentores apropriados. As áreas de armazenamento deverão
ser completamente seladas, de modo que não haja nenhuma possibilidade de
os trabalha- dores ou o público em geral terem contacto com os isótopos.

ARTIGO 16
(Lixo de medicamento citotóxico)

Deverão ser completamente armazenados em contentores, rotulados e


guardados numa área segura.

CAPÍTULO IV
Deposição do lixo biomédico

ARTIGO 17
(Métodos de deposição do lixo biomédico)

1. As unidades sanitárias e empresas que manuseiam lixo biomédico deverão


demonstrar, através de um processo de avaliação de riscos realizado durante
o desenvolvimento do Plano de Gestão de Lixo Biomédico, que a opção mais
alta de deposição do lixo, conforme os métodos apropriados para cada tipo
de lixos, foi seleccionada como a opção mais alta, tendo sido excluídas outras
com recurso a um processo objectivo direccionado a protecção da saúde,
segurança pública e do ambiente.
2. Qualquer unidade sanitária que não usar a opção mais alta para o tratamento
dos seus lixos, deverá rever o seu plano de gestão de lixos de 2 em 2 anos,
com a intenção de alcançar a opção mais alta para deposição do seu lixo.

ARTIGO 18
(Deposição do lixo infeccioso)

O lixo infeccioso deverá ser eliminado por recurso às formas de destruição final,
abaixo indicadas por ordem de preferência, nomeadamente:
a) Esterilização por auto clave, retalhação seguida de aterro do material
inerte;
b) Incineração sob alta temperatura;
c) Esterilização química seguida de aterro;
d) Incineração a baixa temperatura seguida de aterro dos resíduos;
e) Deposição em aterro sanitário sob supervisão técnica.

ARTIGO 19
(Deposição de lixo cortante e/ou perfurante)

Os lixos cortantes e/ou perfurantes deverão ser eliminados por recurso às formas
de destruição final, abaixo indicadas por ordem de preferência, nomeadamente:
a) Esterilização por auto-clave, retalhação seguida de aterro do material
inerte;
b) Incineração a alta temperatura;
c) Esterilização química seguida de aterro;
d) Prevenir a acessibilidade do lixo cortante e/ou perfurante através da
encapsulação em cimento seguida de aterro;
e) Incineração a baixa temperatura seguida de aterro dos resíduos.

ARTIGO 20
(Deposição do lixo anatómico e de fontes de materiais radioactivos)

1. Para a eliminação do lixo anatómico, o método a observar dependerá da


quantidade e tipo do lixo, devendo-se para a escolha do método a usar, dar-se
preferência àquele que garanta que qualquer risco de infecção seja mínimo.
2. O lixo anatómico deverá ser agrupado e eliminado de acordo com as categorias
abaixo indicadas, nomeadamente:
a) Pequenas quantidades de lixo anatómico incluindo, dentes, tecidos e amostras
de biópsia que tenham sido colocadas em plásticos amarelos de lixo infeccioso
ou outros recipientes aprovados devem ser destruídos usando-se os métodos
prescritos para o lixo infeccioso, no artigo 18, conforme as prescrições abaixo
detalhadas, por ordem de preferência:
• Esterilização por autoclave, retalhação seguida de aterro do material inerte;
• Incineração a alta temperatura;
• Esterilização química seguida de aterro;
• Incineração a baixa temperatura seguida de aterro dos resíduos;
• Deposição em aterro sem tratamento sob supervisão técnica;
b) Grandes quantidades de sangue e grandes quantidades de fluidos do corpo
contaminados com sangue, deverão ser destruídos através de lançamento:
• Num sistema de represa ou esgoto;
• Numa cova segura dentro dos limites do estabelecimento;
c) Grandes quantidades, incluindo grandes quantidades do tecido humano,
órgãos, partes dos órgãos, membros, partes dos membros e fetos deverão ser
destruídos através de:
• Cremação;
• Enterro;
• Entrega aos familiares para eliminação de acordo com os ritos
culturais/religiosos, desde que tais práticas respeitem os interesses de protecção
da saúde pública e do ambiente;
d) Placentas poderão ser destruídas através da:
• Entrega aos familiares para eliminação de acordo com os ritos
culturais/religiosos, desde que tais práticas respeitem os interesses de protecção
da saúde pública e do ambiente;
• Lançamento numa cova segura dentro dos limites do estabelecimento.
3. Todo o equipamento obsoleto contendo fontes radioactivas com avarias
irreparáveis, bem como todo o lixo radioactivo deve ser removido para depósitos
construídos de acordo com as normas estabelecidas pela Agência Internacional
de Energia Atómica (AIEA).

ARTIGO 21
(Deposição do lixo comum e de outros lixos com riscos específicos)

Estas categorias de lixos deverão ser tratadas por recurso ao método que se
julgar mais conveniente, tendo cm conta o disposto no artigo 17, uma vez que
estes podem por vezes requerer práticas especiais de manuseamento ou de
gestão.
ARTIGO 22
(Deposição do lixo de medicamentos)

Os lixos de medicamentos deverão ser eliminados por recurso às formas de


destruição final, abaixo indicadas, nomeadamente:
a) Lançamento para o sistema de esgotos;
b) Lançamento para uma cova segura dentro dos limites da unidade sanitária;
c) Antibióticos não usados poderão ser enterrados numa cova ou
preferencialmente incinerados.

ARTIGO 23
(Deposição do lixo de substâncias perigosas)

1. Quaisquer químicos não utilizados nas unidades sanitárias poderão ser


diluídos em água e despejados no sistema de esgotos ou deitados numa
cova segura dentro dos limites das unidades sanitárias.
2. Todos os químicos devem ser completamente rotulados e a informação
sobre a sua toxicidade e o tratamento à exposição acidental deve estar
disponível aos trabalhadores da saúde. Se o fornecedor der conselhos
específicos sobre a sua deposição, estes deverão ser observados para a
deposição do lixo ou dos químicos em excesso.

ARTIGO 24
(Deposição do lixo radioactivo)

Para a deposição de lixo radioactivo, as unidades sanitárias com isótopos


armazenados deverão iniciar contactos com os fornecedores iniciais dos
isótopos ou com o país de origem dos isótopos, de modo a que estes possam
ser seguramente reexportados de volta para o país de origem para deposição.

ARTIGO 25
(Deposição do lixo de medicamento citotóxico)

1. Se qualquer unidade sanitária tiver em seu poder lixo de medicamento cito


tóxico, este deverá ser completamente armazenado em contentores, rotulado
e guardado numa área segura.
2. Deverá de seguida notificar o Ministério da Saúde, da presença desta
categoria de lixos, para que este possa providenciar as orientações
necessárias sobre a forma mais segura para a deposição deste lixo.
CAPÍTULO V
Transporte do lixo biomédico

ARTIGO 26
(Armazenagem nas unidades sanitárias de lixos biomédicos)

Todo o lixo biomédico deverá ser armazenado num local seguro onde o acesso
para o pessoal da unidade sanitária é restrito e o acesso para os doentes e demais
público em geral é proibido.

ARTIGO 27
(Transporte de lixos biomédicos dentro das unidades sanitárias)

1. O transporte de lixos biomédicos no interior das unidades sanitárias, desde o


ponto da sua geração até aos locais de armazenamento, tratamento e
deposição deverá ser feito através de carroças ou carrinhas que tenham uma
base e paredes sólidas e que sejam capazes de conter fluímos. Quaisquer
derramamentos de lixo infeccioso, deverão ser contidos dentro da carroça ou
carrinha e o equipamento de transporte deverá ser desenhado e fabricado de
modo a permitir uma lavagem e desinfecção fácil.
2. Nas unidades sanitárias, onde o lixo biomédico não tenha qualquer tratamento
para reduzir os riscos que este representa para a saúde, segurança pública e
para o ambiente, até ao nível pelo menos equivalente do lixo municipal, a
unidade sanitária deverá garantir que a segregação do lixo seja mantida
durante o armazenamento, transporte e deposição final deste.

ARTIGO 28
(Transporte de lixos biomédicos fora das unidades sanitárias)

Os lixos biomédicos só poderão ser transportados para fora das unidades


sanitárias em viaturas previamente licenciadas para o efeito, pelo Ministério para
a Coordenação da Acção Ambiental, para recolher e transportar estes tipos de
lixos.

ARTIGO 29
(Critérios para o licenciamento das viaturas de transporte de lixos biomédicos)

1. Para a aprovação do modelo e condições para o licenciamento de uma viatura


para o transporte de lixo biomédico, de acordo com os requisitos prescritos
neste Regulamento, o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental,
deverá enviar o pedido para o Ministério da Saúde, que poderá tomar uma das
seguintes decisões:
a) Recomendar a aprovação do pedido;
b) Recomendar a aprovação do pedido mediante observância de algumas
condições;
c) Recomendar a rejeição do pedido de licenciamento para salvaguarda da
saúde pública.
2. Para a tomada de decisão, o Ministério da Saúde, observará dentre outros os
seguintes critérios:
a) Qualquer tratamento do lixo biomédico para reduzir o risco para a saúde,
segurança pública e para o ambiente antes da deposição final;
b) O risco potencial para a saúde, segurança pública e para o ambiente que o
lixo médico representa durante o seu transporte;
c) A capacidade da viatura de recolha do lixo conter o lixo biomédico, mantê-
lo seguro e sem acesso
d) para pessoas não autorizadas;
e) A capacidade da viatura de recolha do lixo conter quaisquer fluidos que
possam escapar ou ser libertados pelo lixo biomédico;
f) As práticas de manuseamento necessárias para carregar as viaturas de
recolha de lixo biomédico e quaisquer riscos que isso possa causar aos
trabalhadores associados das unidades sanitárias, às viaturas da recolha de
lixo, bem como ao público em geral;
g) A capacidade de se limpar e desinfectar a viatura depois da recolha e
destruição de um carregamento de lixo biomédico;
h) e
g) Os procedimentos operacionais da organização que providencia o
serviço de recolha do lixo e operação da viatura de recolha do lixo.

CAPÍTULO VI
Disposições finais

ARTIGO 30
(Infracções)

1. Constituem infracções administrativas e puníveis com pena de multa entre 50


000 000,00 MT a 100 000 000,00 MT, para além de imposição de outras
sanções previstas na lei o embaraço ou obstrução, sem justa causa, à
realização das atribuições cometidas às entidades referidas neste
Regulamento.
2. Constituem infracções puníveis com pena de multa entre 100.000.000,00 MT
a 200.000.000,00 MT, os seguintes factos:
a) A não observância das disposições estipuladas nos capítulos III, IV e V do
presente Regulamento;
b) Não cumprimento das recomendações exaradas no âmbito de um processo
de auditoria ambiental;
c) Reincidência.
3. A aplicação da multa prevista no n.º 2 do presente artigo, pode resultar como
pena acessória, à ordem de encerramento da actividade até a sua
conformação com as disposições legais, dependendo da gravidade dos danos
causados à saúde pública, trabalhadores e ao ambiente.

ARTIGO 31
(Graduação das multas)

1. As multas dispostas no número 1 do artigo anterior são graduadas do seguinte


modo:
a) É aplicado o valor mais baixo para os casos primários ou em que se verifiquem
embaraços à realização da actividade inspectiva nos termos deste Regulamento.
b) É aplicado o valor mais alto nos casos em que a realização da actividade
inspectiva não ocorre por razões imputáveis ao infractor e este tenha agido com
dolo.
2. As multas dispostas no número 2 do artigo anterior são graduadas do seguinte
modo:
a) É aplicado o valor de 100.000.000, 00 MT para os casos dispostos na alínea
a) do n.º 2 do artigo 30 do presente Regulamento;
b) É aplicado o valor de 150.000.000, 00 MT para os casos dispostos na alínea
b) do n.º 2 do artigo 30 do presente Regulamento;
c) É aplicado o valor de 200.000.000, 00 MT para os casos dispostos na alínea
c) do n ° 2 do artigo 30 do presente Regulamento.
ARTIGO 32
(Cobrança de multas)

1. O infractor dispõe de quinze dias para pagar a multa aplicada, contados a partir
da data de recepção da notificação.
2. Decorrido o prazo supra estipulado sem que o infractor tenha procedido ao
respectivo pagamento, o auto será remetido ao Juízo Privativo de Execução
Fiscal, para execução.

ARTIGO 33
(Destino dos valores das multas)

1. Os valores das multas estabelecidos no presente Regulamento serão


actualizados sempre que se mostre necessário por diploma ministerial conjunto
dos Ministros do Plano e Finanças, para a Coordenação da Acção Ambiental e da
Saúde.
2. Os valores das multas estabelecidos no presente diploma terão o seguinte
destino:
a) 30% para o Fundo do Ambiente (FUNAB);
b) 40% para o Orçamento do Estado;
c) 30% para o reforço dos serviços de fiscalização.

Notas explicatórias
Lixo infeccioso

O Lixo Infeccioso pode incluir os artigos listados na tabela abaixo indicada mas
outros artigos podem também ser considerados como lixo infeccioso se eles
satisfazerem a definição acima indicada:

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


de 2 de Junho, alterado pelo Decreto n.º 67/2010 de 31 de
Dezembro (aprova o Regulamento sobre Padrões de
Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho
(alterado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro)

Tornando-se necessário estabelecer os padrões de qualidade ambiental e de


emissão de efluentes de modo a assegurar um controlo e fiscalização efectivos
sobre a qualidade do ambiente e dos recursos naturais do país, nos termos do
disposto no artigo 10 da Lei nº 20/97, de 1 de Outubro, e ao abrigo do artigo 33
da mesma lei, o Conselho de Ministros decreta:

Único. É aprovado o Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de


Emissão de Efluentes, anexo ao presente Decreto e que dele é parte integrante.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 31 de Maio de 2004.


Publique-se A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.

Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente Regulamento e legislação complementar, entende-se


por:
1. Receptor ou meio receptor - um rio, lago, estuário, águas subterrâneas, oceano
ou outro curso de água, solo e ar, no qual os poluentes são descarregados.
2. Chaminé - conduta de direcção ou controlo da exaustão de fumos ou aerossóis
de estabelecimentos industriais.
3. Demanda bioquímica de oxigénio (DBO) - medida da quantidade de oxigénio
consumida nos processos biológicos de quebra de material orgânico em água.
4. Demanda química de oxigénio (DQO) - medida de capacidade de consumo de
oxigénio pela matéria orgânica presente na água ou água residual. É também
expressa como a quantidade de oxigénio consumido pela oxidação química.
5. Efluentes - águas residuais, águas ou outros líquidos tratados ou não que vão
para um reservatório, bacia, planta de tratamento ou outro lugar qualquer.
6. Emissão - introdução de poluentes no ambiente através de chaminés de
fumaça, outras aberturas de áreas, superficiais de instalações comerciais e
industriais, de chaminés residenciais, de automóveis, locomotivas, navios ou
aeronaves.
7. Estabelecimento industrial - fábrica, oficina, estaleiro, laboratório, armazém ou
qualquer outra instalação, ainda que móvel, independentemente da sua
dimensão, número de trabalhadores, equipamento ou de outros factores de
produção, e nos quais seja exercida principal ou acessoriamente, por conta
própria ou de outrem qualquer actividade industrial.
8. Fonte de emissão - ponto de origem, fixo ou móvel, de poluentes ambientais.
9. Limites de emissão - quantidade máxima de poluentes que são permitidos
descarregar por uma fonte de poluição.
10. Nova instalação - qualquer instalação industrial ou de combustão cujo pedido
de autorização de construção ou de exploração tenha sido recebido pelos
serviços competentes depois da data de entrada em vigor do presente diploma.
11. Padrões de emissão - padrões que estabelecem os valores máximos de
emissão de poluentes ambientais provenientes de fontes de emissão fixas ou
móveis.
12. Padrões de qualidade do ar - são os meios que estabelecem os valores limites
e valores guias das concentrações de poluentes atmosféricos.
13. Padrões de qualidade da água -são meios pelos quais se pode proceder à
gestão de qualidade da água de modo a satisfazer qualitativamente os requisitos
do utente.
14. Padrões primários - fixam valores limites para proteger a saúde pública,
inclusive a saúde de populações sensíveis, como asmáticos, crianças e idosos.
15. Padrões secundários - fixam limites para proteger o bem-estar público,
incluindo diminuição da visibilidade, danos em animais, colheitas, vegetação e
edifícios.
16. Partículas suspensas - inclui uma série de substâncias de origem natural ou
antropogénica cuja velocidade de sedimentação é inferior a 10 m/s.
17. Poluentes atmosféricos - substâncias ou energia que exerçam uma acção
nociva susceptível de pôr em risco a saúde humana, de causar danos aos recursos
biológicos e aos ecossistemas, de deteriorar os bens materiais e de ameaçar ou
prejudicar o valor recreativo ou outras utilizações legítimas dos componentes
ambientais.
18. Poluição atmosférica - introdução pelo homem na atmosfera, directa ou
indirectamente, de poluentes atmosféricos.
19. Resíduos - substâncias, produtos ou matérias, qualquer que seja o estado em
que se apresentem, cujo detentor pretenda ou seja legalmente obrigado a
eliminar.
20. Valor limite de emissão - concentração ou massa de poluentes contidos nas
emissões provenientes de instalações, que não deve durante um período
determinado ser ultrapassada.
21. Valor limite de qualidade do ar - concentração máxima no meio receptor para
um determinado poluente atmosférico, cujo valor não pode ser excedido durante
períodos previamente determinados, e nas condições que são especifi cadas no
presente diploma, com vista à protecção da saúde humana e preservação do
ambiente.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem como objecto, o estabelecimento dos padrões de


qualidade ambiental e de emissão de efluentes, visando o controlo e
manutenção dos níveis admissíveis de concentração de poluentes nos
componentes ambientais.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

As disposições do presente Regulamento aplicam-se a todas as actividades


públicas ou privadas que directa ou indirectamente possam influir nos
componentes ambientais.

ARTIGO 4
(Competências em matéria de controle da qualidade ambiental)

1. Compete ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, fiscalizar o


cumprimento das disposições constantes do presente Regulamento.
2. Os poderes de fiscalização atribuídos nos termos do número anterior incluem
a realização, onde se
mostre necessário, de exames, vistorias e avaliações técnico- científicas
considerados pertinentes para apurar a qualidade do ambiente.
ARTIGO 5
(Apoio técnico)

No exercício da competência referida no artigo anterior, poderá o Ministério para


a Coordenação da Acção Ambiental, recorrer ao apoio técnico de quaisquer
organismos do Estado ou particulares de reconhecida competência técnica na
área do ambiente nos seus diferentes domínios.

ARTIGO 6
(Revisão e actualização dos padrões de qualidade ambiental)

Sempre que outra obrigação não derive de convenções ou acordos internacionais


a que o país tenha aderido ou, a menos que razões ponderosas determinem a sua
revisão antecipada, os padrões ambientais constantes do presente Decreto serão
revistos numa periodicidade nunca inferior a cinco anos.

CAPÍTULO II
Qualidade do ar

ARTIGO 7
(Parâmetros para a manutenção da qualidade do ar)

Os parâmetros fundamentais que devem caracterizar a qualidade do ar para que


este mantenha a sua capacidade de auto--depuração e não tenha impacto
negativo significativo para a saúde pública e no equilíbrio ecológico são o s
estabelecidos no Anexo I.

ARTIGO 8
(Emissão de poluentes atmosféricos por estabelecimentos Industriais)

A emissão de poluentes atmosféricos por estabelecimentos industriais, deverão


obedecer aos padrões de emissão estabelecidos no Anexo II do presente
Regulamento.

ARTIGO 9
(Valores limite de emissão para fontes móveis)

1. A emissão de poluentes atmosféricos por fontes móveis ou veículos a motor,


deverão conformar-se aos limites máximos de emissão admissíveis, no Anexo II.
2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, as autarquias locais poderão
adoptar medidas regulamentares complementares, tendo em vista a melhoria da
qualidade do ar no seu tecido urbano.

ARTIGO 10
(Descarga de poluentes atmosféricos)

1. A descarga de poluentes atmosféricos por estabelecimentos industriais será


efectuada através de chaminés apropriadas cuja altura será determinada, para
cada caso, nos termos do licenciamento ambiental.
2. Se dois ou mais novos estabelecimentos industriais ou de combustão
independentes forem construídos de modo que, tendo em conta factores
técnicos e económicos, os respectivos fumos possam ser emitidos por uma
chaminé comum, o complexo formado por essas instalações, para efeito de
controlo de qualidade ambiental, deve ser considerado uma só unidade.
CAPÍTULO III
Qualidade da água

ARTIGO 11
(Categorias de qualidade da água)

1. Os parâmetros para definir a qualidade das águas de domínio público, serão


aferidos em função da sua categoria, tendo em consideração o objectivo último
do seu uso, quer este seja, comum ou privativo.
2. São estabelecidas as seguintes categorias de qualidade das águas:
a) Água para fins de consumo humano;
b) Água para fins agropecuários;
c) Água para fins de piscicultura;
d) Água para fins recreativos (natação, esqui aquático e mergulho);
e) Água para fins de processamento de alimentos, bebidas alcoólicas e não
alcoólicas.

ARTIGO 12
(Parâmetros de qualidade da água)

Os parâmetros essenciais que devem caracterizar a qualidade da água, em função


da sua categoria, para averiguar a conformidade das águas com os padrões de
qualidade e para permitir a determinação de esquemas de tratamento
adequados, as águas serão classificadas qualitativamente observando-se os
parâmetros fixados abaixo:
a) Água para fins de consumo humano: aplicar-se-ão como parâmetros de
qualidade da água para consumo humano, os parâmetros fixados na
regulamentação específica sobre a matéria;
b) Água para fins agropecuários, para além dos parâmetros abaixo, dever-se-ão
observar os intervalos recomendados e classificação da água para fins de rega
constantes do Anexo VI do presente Regulamento:
• Pecuária: Bactérias <40/,100 ml;
Baixas concentrações de substâncias tóxicas;
• Irrigação:
- Total de Sólidos dissolvidos <500 mg/l;
Total de bactérias < ou = 100000/100 ml;
- Salinidade: medida através da condutividade eléctrica da água (CE água, mS/
/Cm);
- Níveis de absorção de sódio (SAR) da água de rega.
c) Água para fins de piscicultura:
• PH: 6.5 - 8.5;
• DBO < ou = 1-2 mg/l;
• Oxigénio dissolvido 6-7 mg/l (15°C);
4-5 mg/l (20°C).
d) Água para fins recreativos (natação, esqui aquático e mergulho):
• Nulo de cloro, cheiro, gosto e turvação;
• Bactérias totais < 1000/100 ml;
• Coliformes < 100/100 ml.
e) Água para fins de processamento de alimentos, bebidas alcoólicas e não
alcoólicas:
• Água para fins de consumo humano;
• Anião fluoreto (F - < 1 ppm).
ARTIGO 13
(Controlo de qualidade)

1. As entidades competentes farão análises periódicas e regulares das águas de


modo a adequar regularmente os processos de tratamento com vista a que as
águas estejam conforme os parâmetros estabelecidos no presente Regulamento
e sejam adequadas para os diversos usos permitidos por lei.
2. O Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental indicará por despacho
ministerial os laboratórios nacionais de referência para o apuramento dos
parâmetros de controlo estabelecidos neste Regulamento.

ARTIGO 14
(Vigilância sanitária)

Compete ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, sem prejuízo do


disposto no artigo 56, da Lei n.º 16/91, de 3 de Agosto, coordenar as acções de
vigilância sanitária que consistem nomeadamente em:
a) Avaliar as condições de instalações e funcionamento dos sistemas de captação
e de abastecimento de água;
b) Monitorar as condições de segurança e funcionamento das instalações
envolventes das zonas recreacionais;
c) Avaliar o risco para a saúde pública da qualidade das águas para os diversos
fins;
d) Realizar análises e estudos orientados para avaliação de factores de risco
quando justificados pelos dados ambientais ou epidemiológicos;
e) Comunicar às entidades gestoras dos sistemas de captação e abastecimento
de água e outras envolvidas das medidas a tomar para diminuir ou eliminar os
riscos para a saúde pública.

ARTIGO 15
(Promoção da qualidade da água para o consumo humano)

As entidades envolvidas na captação, tratamento e distribuição da água para os


diversos fins, tomarão as medidas necessárias para assegurar a melhoria contínua
da qualidade da água, nomeadamente através de planos de acção que integrem
programas de manutenção, de recuperação e de ampliação dos sistemas de
produção e distribuição de água existentes.

ARTIGO 16
(Descarga de poluentes ou efluentes líquidos industriais)

1. O destino final das descargas de efluentes líquidos industriais no meio receptor,


deverá ser feita através de emissário apropriado para o efeito, devendo no
entanto, o efluente final descarregado, obedecer aos padrões de emissão ou
descarga estabelecidos no Anexo III do presente Regulamento.
2. A localização do ponto de emissão ou descarga dos efluentes deverá ser
determinada no âmbito do licenciamento ambiental, de forma a que não haja
alteração da qualidade das águas do meio receptor, impossibilitando a utilização
das suas águas para outros fins.
3. Sem prejuízo de legislação específica, & descarga de efluentes domésticos no
meio receptor deverá obedecer aos padrões fixados no Anexo IV do presente
Regulamento, e se o meio receptor for o oceano, há que garantir que os efluentes
emitidos obedeçam aos padrões estabelecidos no Anexo V do presente
Regulamento.
4. Os valores referidos nos números anteriores poderão ser ajustados a valores
mais baixos em função da sensibilidade e uso do meio receptor, particularmente
quando este seja constituído por lagos, albufeiras ou baías com fraca renovação
de água ou seus afluentes.

ARTIGO 17
(Águas para fins recreativos)

1. Consideram-se aptas a serem utilizadas para fins recreativos as águas


superficiais e do litoral que estejam em conformidade com os padrões
estabelecidos no artigo 11 do presente Regulamento e que não representem
qualquer situação de risco para a saúde dos seus utilizadores.
2. A descarga de poluentes ou efluentes líquidos que atinja ou possa afectar
zonas balneares deve ser controlada com base na monitorização da qualidade
sanitária das respectivas águas e praias e deve ser interdita sempre que constitua
uma fonte de risco para a saúde dos banhistas e utentes.

CAPÍTULO IV
Qualidade do solo

ARTIGO 18
(Parâmetros para a manutenção de qualidade dos solos)

1. Para além das normas técnicas específicas de utilização do solo, as actividades


agropecuárias deverão observar as seguintes práticas para a conservação do
solo:
d) Rotação das culturas e das parcelas de produção agrícola;
b) Adubação do solo;
c) Observação das épocas/datas adequadas à queima dos resíduos dos cultivos
e da vegetação removida das parcelas de produção (limpeza das machambas);
d) Só serão permitidas culturas anuais em terrenos com declividade inferior a 12%
(doze por cento) ou 7º (sete graus);
e) A fruticultura e pastagens só serão permitidas em terrenos com declividade
entre 25% (vinte e cinco por cento), ou 14° (catorze graus).
f) Nos terrenos com declividade entre 25% (vinte e cinco por cento), ou 14°
(catorze
graus), 46,6% (quarenta e seis e seis décimos por cento), ou 25° (vinte e cinco
graus), será permitida a extracção vegetal com reposição imediata dos
espécimes cortados.
2. Os plantios seja qual for a declividade do terreno, deverão ser executados em
curva de nível e acompanhados de armação do solo em camalhão de nível:
a) Nos solos de declive inferior a 2%:
- sempre que na lavoura do solo se utilize tracção mecânica (alfaias
agrícolas/tractor);
- ou estabelecimento de uma faixa de gramíneas em nível, de largura não inferior
a 2 metros, a meio da parcela cultivada, desde que esta não exceda os 100 metros
de cumprimento segundo o seu maior declive.
b) Nos solos de declive igual ou superior a 2%:
- armação de terra em camalhões de nível;
- ou estabelecimento de uma faixa de gramíneas, em nível, de largura não inferior
a 2 metros, distanciados de 25 em 25 metros.
c) Os camalhões deverão ter uma altura não inferior a 30 centímetros e os
intervalos entre dois camalhões não deve ser superior a 3,5 metros em:
- terrenos com declive superior a 3% e sempre que necessário deverá construir-
se uma vala de crista;
- alternadamente e para casos de declives inferiores a 3% as medidas
recomendadas podem ser substituídas por culturas em faixa de nível, de largura
conveniente.
d) Em solos declivosos podem ser usados quaisquer outros meios de defesa
contra a erosão dos solos, com especial preferência para os terraços.

ARTIGO 19
(Substâncias e actividades com impacto no solo)

1. É proibido o depósito no solo, fora dos limites legalmente estabelecidos de


substâncias nocivas, que possam determinar ou contribuir para a sua
degradação.
2. Fica proibido o exercício de actividades, que impliquem a movimentação de
solos, sem que sejam tomadas as medidas adequadas para a conservação dos
solos, que possam resultar ou contribuir para a degradação dos solos.

CAPÍTULO V
Emissão de ruídos

ARTIGO 20
(Limites de emissão de ruídos)
1. Os níveis de ruídos admissíveis para a salvaguarda da saúde e sossego público
serão estabelecidos tendo em conta a fonte emissora do ruído.
2. Sem prejuízo do disposto em legislação especial, o Ministro para a
Coordenação da Acção Ambiental estabelecerá, ouvidos os sectores de tutela da
actividade, por diploma ministerial, os padrões de emissão de ruído.

CAPÍTULO VI
Disposições finais e transitórias

ARTIGO 22
(Emissão extraordinária de poluentes para o ambiente)

1. Considera-se emissão extraordinária de poluentes para o ambiente, aquela


que ocorre por motivos de avaria ou por outras circunstâncias, não previstas no
exercício duma determinada actividade.
2. A emissão extraordinária de poluentes atmosféricos para o ambiente carece
de uma autorização especial a ser emitida pelo Ministério para a Coordenação
da Acção Ambiental e ao pagamento de uma taxa para o efeito.

ARTIGO 23
(Taxa de emissão de autorização especial)

1. Para a emissão da autorização prevista no n.º 2, do artigo 22 do Regulamento


sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes, é devida uma
taxa a ser paga pelo poluidor, num valor compreendido entre 50 000,00 MT e
500 000,00 MT. Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro.
2. Para a determinação do valor exacto a ser pago pelo poluidor, ter-se-á em
conta, a qualidade e quantidade de poluentes emitidos, bem como a sua
periculosidade para a saúde e para o ambiente.
3. O produto das taxas cobradas ao abrigo do disposto no presente Regulamento
tem o seguinte destino: Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de
Dezembro.
a) 60% para o Orçamento do Estado; Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010,
de 31 de Dezembro.
b) 40% para o Fundo do Ambiente. Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010,
de 31 de Dezembro.
ARTIGO 24
(Transgressões e multas)

1. Sem prejuízo de aplicação de outras sanções previstas na legislação em vigor,


constituem transgressões puníveis ao abrigo do presente Regulamento, com
pena de multa entre 1 000 000,00 MT e 10 000 000,00 MT, os seguintes
factos: Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro .
a) Não observância dos valores de emissão de efluentes ao abrigo do presente
Regulamento;
b) Não comunicação imediata de ocorrência de emissão extraordinária ao
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental;
c) Ocorrência da emissão extraordinária sem autorização especial;
d) Derrogado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro.
2. As multas previstas no n.º 1 deste artigo são graduadas do seguinte modo: Na
redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro .
a) É aplicada a pena de multa entre 1 000 000,00MT e 2 000 000,00MT para as
actividades de categoria C, definidas no Regulamento sobre o Processo de
Avaliação de Impacto Ambiental; Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de
31 de Dezembro.
b) É aplicada a pena de multa entre 2 000 000,00MT e 5 000 000 MT para as
actividades de categoria B, definidas no Regulamento sobre o Processo de
Avaliação de Impacto Ambiental; Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de
31 de Dezembro.
c) É aplicada a pena de multa entre 5 000 000,00 MT e 10 000 000 MT para as
actividades de categoria A, definidas no Regulamento sobre o Processo de
Avaliação de Impacto Ambiental. Na redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de
31 de Dezembro.
3. Derrogado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro.

ARTIGO 25
(Destino dos valores cobrados)

Os valores das multas cobradas ao abrigo do disposto neste Regulamento terão


o seguinte destino:
a) 40% para o orçamento do Estado;
b) 60% para o Fundo do Ambiente (FUNAB).

ARTIGO 26
(Adaptação aos padrões)

Os valores limites constantes no presente Decreto e seus anexos aplicam-se a


todas as novas instalações, devendo as instalações já existentes adaptarem os
seus equipamentos para o seu cumprimento num período máximo de cinco anos
após a publicação do presente Regulamento.

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


Os Anexos I e V, referidos no artigo 7 e n.º 3 do artigo 16, foram alterados em
consonância com a redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de
Dezembro
Os Anexos IA e IB, foram aditados de acordo com o Decreto n.º 67/2010, de 31
de Dezembro
de 30 de Novembro (aprova o Regulamento para a
Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e
Costeiro);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 45/2006,
de 30 de Novembro

A Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, Lei do Ambiente, estabelece as bases gerais do


regime de protecção do ambiente, atribuindo ao Governo, a responsabilidade de
assegurar que sejam tomadas medidas para a protecção da biodiversidade,
decretando, por outro lado, a proibição de implantação de infraestruturas em
determinados locais, designadamente nas zonas costeiras, zonas ameaçadas de
erosão, terras húmidas, áreas de protecção ambiental e outras zonas
ecologicamente sensíveis.
Por outro lado, uma considerável parte das águas marítimas sobre as quais a
República de Moçambique exerce os seus poderes de jurisdição, nos termos do
direito interno é internacional, é sulcada por navios de diferentes tipos, incluindo
navios tanques, os quais realizam descargas ilícitas de hidrocarbonetos e de
outras substâncias nocivas para o ambiente marinho e costeiro.
Esta prática acarreta sérios riscos para a sanidade do ambiente marinho e
costeiro do país bem como para a saúde humana, daí que urge a adopção de um
instrumento legal pelo qual se possa prevenir, controlar e combater a poluição
marinha por navios dentro das águas jurisdicionais e ao largo da costa
moçambicana ou por fontes de origem telúrica.

Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 33, conjugado com o n.º 1 do


artigo 9 e artigos 12, 13 e 14 da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, o Conselho de
Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento para a Prevenção da Poluição e Protecção


do Ambiente Marinho e Costeiro, anexo ao presente decreto e que dele faz
parte integrante.

Art. 2. É revogado o Decreto n.º 495/73, de 6 de Outubro.

Art. 3. O presente Regulamento entra em vigor sessenta dias após a sua


publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 10 de Outubro de 2006.


Publique-se.
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.

Regulamento para Prevenção da Poluição e Protecção do Ambiente Marinho e


Costeiro

TÍTULO I
Generalidades

CAPÍTULOI
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos deste Regulamento, entende-se por:


1. Águas interiores - as águas situadas no interior da linha de base a partir da qual
se mede a largura do mar territorial, incluindo as águas que se encontram fora da
acção das marés, nomeadamente os rios, os lagos e lagoas sem ligação com o
mar, com comunicação somente nas marés vivas, os canais e outras massas
aquíferas.
2. Águas marítimas - o mar territorial, a zona económica exclusiva e as águas
marítimas interiores para aquém das linhas de base e sujeitas à influência das
marés.
3. Alijamento - o despejo deliberado de resíduos e outras substâncias efectuado
por embarcações, aeronaves, plataformas ou outras construções, incluindo o seu
afundamento em águas sob jurisdição nacional.
4. Áreas ecologicamente sensíveis - as regiões das águas marítimas ou interiores,
definidas por acto do poder público, onde a prevenção, o controlo da poluição e
a manutenção do equilíbrio ecológico exigem medidas especiais para a
protecção do ambiente em relação ã passagem de navios ou outro tipo de
actividades.
5. Autoridade marítima - a entidade ou agente público com competência para
superintender, supervisionar ou controlar qualquer actividade marítima, de
acordo com a legislação em vigor.
6. Autoridade portuária - a autoridade responsável pela administração de porto
organizado, competindo-lhe fiscalizar operações portuárias e zelar para que nele
se realizem serviços com regularidade, eficiência, segurança e respeito ao
ambiente.
7. Autoridade ambiental - é o órgão central ou local que tutela a área do
ambiente.
8. Comandante - qualquer pessoa (que não seja o piloto) responsável pelo
governo e ou operação do navio ou instalação ao largo da costa.
9. Comunidade de organismos - é o conjunto de organismos de diferentes
espécies que habitam numa determinada área ou região.
10. Consumo próprio - é a exploração de recursos naturais exercida pelas
comunidades locais sem fins lucrativos para a satisfação das suas necessidades
de consumo e artesanato, com base nas respectivas práticas costumeiras.
11. Costa - é a área do território nacional formada pelo ambiente terrestre
directamente influenciado pela acção do mar, incluindo a praia, as dunas, os
mangais e pelo ambiente marinho localizado junto à terra.
12. Corais - são pequenos animais de corpo em forma de pólipos, que vivem nos
mares quentes, em colónias, produzindo à volta de cada indivíduo uma parede
de calcário, formando verdadeiras cidades submersas, de cores diversas, que
atraem inúmeras formas de vida animal e vegetal.
13. Descarga - é qualquer despejo, escape, derrame, vazamento, esvaziamento,
lançamento para fora ou bombeamento de substâncias nocivas ou perigosas, em
qualquer quantidade, a partir de uma embarcação, porto organizado, instalação
portuária, dueto, plataforma ou suas instalações de apoio.
14. Descargas ilegais - são as descargas efectuadas em violação das normas
vigentes, bem como as descargas resultantes de avaria no navio ou no seu
equipamento.
15. Despejos sanitários - são as descargas de matéria fecal e águas sanitárias a
partir de navios, instalações ou de zonas urbanizadas.
16. Domínio público marítimo - compreende as águas interiores, o mar territorial,
a zona e a faixa de terra que orla as águas marítimas até 100 metros medidos a
partir da linha de preia-mar.
17. Domínio público lacustre e fluvial - compreende o leito e as águas lacustres e
fluviais navegáveis, bem como as respectivas faixas de terra até 50 metros
medidos a partir da linha, máxima de tais águas.
18. Duetos - são instalações associadas ou não à plataforma ou instalação
portuária, destinadas à movimentação de óleos e outras substâncias nocivas ou
perigosas.
19. Dunas - são colinas de areia amontoada pelo vento à beira-mar.
20. Ecossistema - é a comunidade de organismos (vegetais, animais e micro-
organismos) constituída por produtores, compositores e decompositores,
funcionalmente relacionados entre si e com o ambiente e considerados como
uma entidade única.
21. Ecossistemas frágeis - são todos aqueles que, pelas suas características
naturais e localização geográfica, são susceptíveis de rápida degradação de seus
atributos e de difícil recomposição, designadamente as terras húmidas, os
mangais, as dunas, tapetes de ervas marinhas, tapetes de macroalgas e praias e
os recifes de coral.
22. Embarcação - é toda a espécie de construção flutuante empregada ou capaz
de ser usada como meio de transporte sobre águas ou por via submarina, sujeita
a registo nos termos da legislação vigente.
23. INAMAR - é a designação abreviada do Instituto Nacional da Marinha.
24. Incidente - é qualquer descarga de substância nociva ou perigosa decorrente
de facto ou acção intencional ou acidental que ocasione risco potencial de dano
ou dano ao ambiente ou a saúde humana.
25. Instalações de apoio - são quaisquer instalações ou equipamentos de apoio à
execução das actividades das plataformas ou instalações portuárias de
movimentação de cargas a granel, tais como duetos, monobóias, quadro de boias
para amarração de navios e outras.
26. Lastro limpo - é a água de lastro contida em tanque, submetido a limpeza a
um nível tal que, se esse lastro for descarregado pelo navio parado em águas
limpas e tranquilas, em dia claro não produziria traços visíveis de óleo na
superfície da água ou no litoral adjacente nem produziria borra ou emulsão sobre
a superfície da água ou sobre o litoral adjacente.
27. Resíduos - são os despejos sanitários e toda a espécie de desperdício de
vitualhas doméstica e operacional, excluindo peixe fresco ou partes do mesmo,
gerado durante a operação normal do navio e susceptível de ser lançado contínua
ou periodicamente ao mar, lago ou rios navegáveis.
28. Mangais - são componentes importantes de ecossistemas tropicais e
subtropicais dominadas por uma variedade de árvores e arbustos com
adaptações específicas para sobreviver em condições de submersão em águas
salobras, tendo como principais adaptações a viviparia e os pneumatóforos,
tolerantes a salinidade, forte acção das correntes de marés, fortes ventos, altas
temperaturas, solos lodosos e anaeróbicos e colonizam com sucesso a zona entre
marés ao longo das linhas costeiras abrigadas, lagoas, margem dos rios e
estuários, incluindo os deltas dos rios.
29. Mar territorial - é a faixa do mar adjacente, numa largura de 12 milhas náuticas,
além do território e das águas interiores moçambicanas, limitada pela linha de
base e pelo limite exterior definido nos termos dos números 2, 3, 4 da Lei n.º
4/96, de 4 de Janeiro ou pelas fronteiras marítimas bilaterais, conforme os casos.
30. Meios portuários de recepção - são as estruturas fixas, flutuantes ou móveis
destinadas a receber resíduos gerados em navios ou resíduos de carga.
31. Mistura oleosa - é a mistura de água e óleo, em qualquer proporção.
32. Nadador-salvador - é o profissional qualificado para a vigilância, prevenção,
socorro e salvamento de vidas nas praias reservadas para banhistas, cujas
aptidões são devidamente credenciadas após a frequência de um curso
específico, sendo contratados pelos proprietários de unidades hoteleiras ou
similares localizadas nas mesmas praias.
33. Navio - é uma embarcação de qualquer tipo que opere no ambiente aquático,
inclusive hidrofólios, veículos de sustentação por ar, incluindo embarcações de
sustentação dinâmica, submersíveis e outros engenhos e estruturas flutuantes.
34. Óleo - é qualquer forma de hidrocarboneto (petróleo e seus derivados),
incluindo óleo cru, óleo combustível, borra, resíduos de petróleo e produtos
refinados.
35. Praia - é a área coberta e descoberta periodicamente pelas águas, acrescida
pela faixa subsequente de areia, cascalho e pedregulhos, até ao limite onde se
inicia a vegetação natural, ou, na sua ausência, onde comece um outro
ecossistema.
36. Praias reservadas para banhistas - é toda a orla de terra coberta de areia
confinante com o litoral integrando zonas das águas do mar, de lagos, lagoas e
rios, com vocação e utilização balnear, que tenha para o efeito sido declarada
como tal pela entidade competente.
37. Pesca - é uma actividade que inclui todas as actividades de captura ou de
apanha de espécies aquáticas, a procura, a tentativa de captura ou de apanha de
espécies aquáticas e qualquer operação em relação com ou de preparação para
a captura ou apanha de espécies aquáticas compreendendo nomeadamente a
instalação ou a recolha de dispositivos para as atrair ou para a sua procura. Inclui
a pesca submarina, a caça de mamíferos aquáticos e a apanha de corais e de
conchas ornamentais ou de colecção.
38. Plataforma - é uma instalação ou estrutura fixa ou móvel, localizada em águas
sob jurisdição nacional, destinada a actividade directa ou indirectamente
relacionada com a pesquisa, prospecção de recursos minerais oriundos do leito
das águas interiores, do subsolo do mar, da plataforma continental ou do seu
subsolo.
39. Poluição por fontes baseadas em terra - é a poluição da zona marítima por
cursos de água a partir da costa, incluindo a introdução através de canalizações
submarinas ou de outro tipo, ou ainda de estruturas artificiais localizadas sob
jurisdição nacional.
40. Porto - qualquer lugar ou área geográfica em que tenham sido efectuados
trabalhos de beneficiação ou instalados equipamentos que permitam,
principalmente, a recepção de navios, incluindo embarcação de pesca e
embarcações de recreio.
41. Proprietário - qualquer pessoa, incluindo pessoas jurídicas, registradas como
proprietárias de um navio, instalação, armador ou ainda, na falta de registro,
pessoa ou pessoas a quem esse navio pertence de facto ou que estejam na posse
do navio ou instalação.
42. Recifes de coral - é o ecossistema marinho tropical de águas rasas formado
por rochas, grupos de rochas ou por corais cujos esqueletos externos agrupam-
se em formações de elevado valor em termos de biodiversidade.
43. Resíduos gerados em navios - são todos os resíduos, incluindo despejos
sanitários, que não sejam da carga, produzidos no serviço de um navio, bem como
os resíduos associados à carga.
44. Resíduos da carga - são os restos das matérias transportadas como carga em
porões ou tanques de carga e das operações de limpeza, incluindo excedentes
de carga/descarga e derrames.
45. Substância nociva ou perigosa - é qualquer substância ou objecto que,
quando descarregado ou lançado ao mar, no lago ou num rio possa gerar riscos
ou causar danos à saúde humana, ao ecossistema aquático ou prejudicar o uso da
água e do seu entorno em especial as constantes nos Anexos I e II do presente
Regulamento.
46. Tanque de resíduos — é qualquer contentor destinado especificamente a
depósito provisório de líquidos de drenagem e lavagem e outras misturas e
resíduos.
47. Terras húmidas - são áreas de pântano, brejo, turfeira ou água, natural ou
artificial, permanente ou temporária, parada, ou corrente, doce, salobra ou
salgada, incluindo as águas do mar cuja profundidade na maré baixa não excede
seis metros, que sustentam a vida vegetal ou animal que requeira condições de
saturação aquática do solo.
48. Zonas costeiras - são as áreas compreendidas entre o limite interior, terrestre
ou continental de todos os distritos costeiros, incluindo os distritos limítrofes do
lago Niassa e albufeira de Cahora Bassa, até 12 milhas náuticas do mar a dentro.
ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem por objecto prevenir e limitar a poluição derivada


das descargas ilegais efectuadas por navios, plataformas ou por fontes baseadas
em terra, ao largo da costa moçambicana bem como o estabelecimento de bases
legais para a protecção e conservação das áreas que constituem domínio público
marítimo, lacustre e fluvial, das praias e dos ecossistemas frágeis.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

1. As disposições do presente Regulamento aplicam-se a todas as pessoas


singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, que exerçam actividades
susceptíveis de causar impactos negativos no ambiente, nas áreas que
constituem domínio público, marítimo, lacustre e fluvial, incluindo todos os
ecossistemas frágeis localizados junto à costa e águas interiores.
2. Constitui ainda âmbito de aplicação das disposições do presente Regulamento
a descarga de substâncias nocivas ou perigosas por navios, em portos,
instalações portuárias, instalações emissoras ao longo da costa, plataformas ou
por outras fontes baseadas em terra, nomeadamente:
a) Nas águas interiores, incluindo portos e terras húmidas;
b) No mar territorial do Estado moçambicano;
c) No Canal de Moçambique, quando utilizado para a navegação internacional
subordinado ao regime de passagem em trânsito, estabelecido na Parte III,
Secção 2, da Convenção do Direito do Mar, ratificada pela Resolução n.º 21/96,
de 26 de Novembro, na medida em que o Estado moçambicano exerça jurisdição
sobre o canal;
d) Na zona económica exclusiva, estabelecida em conformidade com o direito
internacional;
e
e) No alto mar.
3. As disposições do presente Regulamento aplicam-se ainda a todos os navios
nacionais e estrangeiros quando estejam a navegar nas águas jurisdicionais da
República de Moçambique bem coroo em instalações localizadas ao largo da
costa moçambicana, no que se refere a qualquer descarga ou lançamento
ocorrido nos seus termos.
4. Para efeitos do presente Regulamento, as substâncias nocivas ou perigosas
classificam-se de acordo com as categorias estabelecidas na regulamentação em
vigor sobre gestão de resíduos perigosos, tendo em conta o risco produzido
quando descarregadas na água.

ARTIGO 4
(Excepção)

As disposições do presente Regulamento não se aplicam a navios de guerra,


embarcações de investigação pesqueira, unidades auxiliares da marinha e a
navios pertencentes ou operados por um Estado e utilizados no momento
considerado, unicamente para fins de serviço público não comercial, aplicando-
se-lhes o regime especial estabelecido por normas internacionais ou no acordo
bilateral celebrado para a sua utilização em território nacional.
TÍTULO II
Navios e plataformas

CAPÍTULO I
Sistemas de prevenção e controlo da poluição

ARTIGO 5
(Meios de recolha e tratamento de resíduos)

1. Todo o porto, instalação portuária, plataforma, instalações emissoras ao


longo da costa bem como suas instalações de apoio, deverão dispor
obrigatoriamente de instalações ou meios adequados para a recolha e
tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o combate da poluição.
2. A definição das características das instalações e meios destinados à recepção
e tratamento de resíduos e ao combate da poluição será efectuada mediante
estudo de impacto ambiental o qual deverá estabelecer no mínimo:
a) As dimensões das instalações;
b) A localização apropriada das instalações;
c) A capacidade das instalações de recepção e tratamento dos diversos tipos de
resíduos, padrões de qualidade e locais de descarga de seus efluentes;
d) Os parâmetros e a metodologia de controlo operacional;
e) A quantidade e o tipo de equipamentos, materiais e meios de transporte
destinados a atender situações de emergência resultantes da poluição;
f) A quantidade e a qualificação do pessoal a ser empregado;
g) O cronograma de implantação e o início de operação das instalações.
3. O estudo técnico a que se refere o número anterior deverá tomar em atenção
o porte, tipo de carga manuseada ou movimentada e outras características do
porto, instalação portuária ou plataforma, instalações emissoras ao longo da
costa e suas instalações de apoio.

ARTIGO 6
(Manual de procedimentos)

As entidades exploradoras de portos e instalações portuárias e os proprietários


ou operadores de instalações emissoras ao longo da costa ou de plataformas,
deverão elaborar um manual de procedimento interno para a gestão dos riscos
de poluição bem como para a gestão dos diversos resíduos gerados ou
provenientes das actividades de movimentação e armazenamento de óleos e
substâncias nocivas ou perigosas, o qual deverá ser aprovado pela entidade que
tutela a área do ambiente.

ARTIGO 7
(Planos de contingência)

1. Os portos, instalações portuárias, instalações emissoras ao longo da costa e as


plataformas bem como as suas instalações de apoio, deverão dispor de planos de
contingência individuais para o combate a poluição por óleo e substâncias
nocivas, ou perigosas a ser actualizado em cada cinco anos, os quais deverão ser
submetidos antes da sua aprovação pelo INAMAR, ao Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental para pronunciamento.
2. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental deverá realizar
auditorias ambientais em coordenação com o INAMAR, com o objectivo de
avaliar os sistemas de gestão e controlo ambiental nessas unidades.
ARTIGO 8
(Depósito de resíduos gerados em navios)

1. O comandante de um navio que escale um porto sob jurisdição nacional deverá


depositar todos os resíduos gerados no seu navio num meio portuário de
recepção, antes de deixar o porto.
2. Não obstante o disposto no n.º 1 do presente artigo, um navio pode continuar
para o porto de escala seguinte sem depositar os resíduos nele gerados se
concluir, com base na informação prestada nos termos do artigo 9 e do Anexo II,
do presente regulamento, que há capacidade de armazenamento suficiente para
todos os resíduos gerados no navio que se acumularam e acumularão durante a
projectada viagem do navio até ao porto de entrega.
3. Se houver motivos suficientes para se crer que o porto de entrega previsto
não-dispõe de meios adequados ou se esse porto for desconhecido e, por
conseguinte, existir o risco de os resíduos virem a ser descarregados em águas
nacionais, a autoridade portuária deve tomar todas as medidas necessárias para
evitar a poluição marinha, se necessário obrigando o navio a entregar os seus
resíduos antes de deixar o porto.
4. O n.º 2 do presente artigo é aplicável sem prejuízo da imposição aos navios de
condições de entrega mais rigorosas em conformidade com as normas
internacionais.

ARTIGO 9
(Fornecimento de dados)

À excepção dos navios de pesca e embarcações de recreio com autorização para


um máximo de doze passageiros, o comandante do navio deve, à chegada do
porto sob jurisdição nacional, preencher com veracidade e exactidão um
formulário que será disponibilizado no porto, onde fornecerá os dados sobre o
tipo e quantidade de resíduos gerados pelo seu navio e que entregará à
autoridade do porto, para os efeitos do disposto no artigo 8 do presente
Regulamento.

ARTIGO 10
(Taxa sobre os resíduos gerados em navios)
1. A utilização dos meios portuários de recepção dos resíduos gerados em navios,
incluindo os custos de tratamento e eliminação desses resíduos, estão sujeitos à
cobrança de uma taxa aos navios, a fixar pela autoridade marítima.
2. Os sistemas de recuperação dos custos de utilização dos meios portuários de
recepção não devem constituir um incentivo à descarga dos resíduos no mar.
Para esse efeito, aos navios que não sejam de pesca e embarcações de recreio
com autorização para um máximo de doze passageiros são aplicáveis os
seguintes princípios:
a) Os navios que escalem um porto sob jurisdição nacional devem contribuir de
modo significativo para os custos referidos no n.º 1 do presente artigo,
independentemente da utilização efectiva dos meios existentes. As disposições
a tomar para este efeito podem incluir a incorporação da taxa nos direitos
portuários ou a criação de uma taxa distinta sobre os resíduos. As taxas podem
ser diferenciadas, segundo a categoria, tipo e dimensão do navio;
b) A parte dos custos que eventualmente não seja coberta pela taxa referida na
alínea anterior, deve ser calculada com base nos tipos e nas quantidades de
resíduos gerados no navio e efectivamente entregues ao porto;
c) As taxas poderão ser reduzidas se a gestão ambiental, o projecto, o
equipamento e a operação de um navio forem de molde a que o seu comandante
possa demonstrar que o navio produz quantidades reduzidas em relação à
quantidade de resíduos gerados normalmente em navios do mesmo tipo.
CAPÍTULO II
Transporte de óleos, hidrocarbonetos e substâncias nocivas ou perigosas

ARTIGO 11
(Livros de registo)

1. As plataformas e os navios com mais de 50 toneladas brutas que transportem


óleo, ou o utilizem para sua movimentação ou operação, levarão a bordo,
obrigatoriamente, um livro de registo de óleo, aprovado nos termos das normas
internacionais, que poderá ser requisitado pela autoridade marítima, pelo
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental e pelo órgão regulador da
indústria do petróleo, no qual serão feitas anotações relativas a todas as
movimentações de óleo, lastro e misturas oleosas, inclusive as entregas
efectuadas nas instalações de recebimento e tratamento de resíduos.
2. Todo o navio que transportar substâncias nocivas ou perigosas a granel deverá
ter a bordo um livro de registo de carga, nos termos das normas internacionais,
que poderá ser requisitado pela autoridade marítima, pelo Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental e pelo órgão regulador da indústria do
petróleo, no qual serão feitas anotações relativas às seguintes operações:
a) Carregamento;
b) Descarregamento;
c) Transferências de carga, resíduos ou mistura para tanques de resíduos;
d) Limpeza de tanques de carga;
e) Transferências provenientes de tanques de resíduos;
f) Lastramento de tanques de carga;
g) Transferências de águas de lastro sujo para o meio aquático;
h) Descargas nas águas em geral.

ARTIGO 12
(Localização no navio)

Todo o navio que transportar substâncias nocivas ou perigosas de forma


fraccionada, conforme estabelecido nas normas internacionais, deverá possuir e
manter a bordo documentos que as especifiquem e forneçam a sua localização
no navio, devendo o responsável por este, conservar copiados documentos até
que as substâncias sejam desembarcadas.
ARTIGO 13
(Embalagens de substâncias nocivas)

1. As embalagens das substâncias nocivas ou perigosas devem conter a respectiva


identificação e advertência quanto aos riscos que comportam, utilizando a
simbologia prevista nas normas nacionais e internacionais em vigor.
2. As embalagens contendo substâncias nocivas ou perigosas devem ser
devidamente estivadas e amarradas, além de posicionadas de acordo com os
critérios de compatibilidade com outras cargas existentes a bordo, observando-
se os requisitos de segurança do navio e dos seus tripulantes, de forma a se evitar
acidentes.

ARTIGO 14
(Certificados e garantia)

1. Para que possam navegar ou permanecer em águas sob jurisdição nacional, é


obrigatório para todos os navios que transportem mais de 2000 toneladas de
hidrocarbonetos como carga, sejam detentores de certificado comprovativo de
seguro, nos termos do artigo VII da Convenção Internacional sobre a
Responsabilidade Civil por Danos Resultantes de Poluição por Hidrocarbonetos
(CLC/69/92).
2. No caso de petroleiros com arqueação bruta igual ou superior a 150 tone ladas
ou qualquer outro navio com arqueação, bruta igual ou superior a 400 toneladas
utilizados em viagens para portos ou terminais no mar sob jurisdição nacional, é
obrigatória a posse de certificado internacional para a prevenção da poluição por
hidrocarbonetos, nos termos da Regra 4 e 5 da MARPOL 1973-1978.

CAPÍTULO III
Descargas de óleo, substâncias nocivas ou perigosas

ARTIGO 15
(Proibição de descarga de substâncias nocivas ou perigosas)

Ė proibida a descarga, em águas sob jurisdição nacional, de substâncias nocivas


ou perigosas que nos termos das normas internacionais e da regulamentação
vigente sobre gestão de resíduos, representem alto risco tanto para a saúde
humana como para os ecossistemas aquáticos, inclusive as provisoriamente
classificadas como tal, além da água de lastro, resíduos de lavagem de tanques
ou outras misturas que contenham tais substâncias.

ARTIGO 16
(Descargas de água de tanque lavado)

A água subsequentemente adicionada ao tanque lavado em quantidade superior


a cinco por cento do seu volume total só poderá ser descarregada se atendidas
cumulativamente as seguintes condições:
a) Quando a situação em que ocorrer o lançamento se enquadre nos casos
permitidos pelas normas internacionais;
b) Quando o navio não se encontre dentro- dos limites de área ecologicamente
sensível, devidamente identificada;
c) Desde que os procedimentos para a descarga sejam devidamente aprovados
pela autoridade marítima, ouvido o órgão ambiental competente.

ARTIGO 17
(Proibição de descargas de outro tipo de resíduos)

É proibida a descarga, em águas sob jurisdição nacional, de substâncias


consideradas como não perigosas nos termos da regulamentação em vigor sobre
gestão de resíduos,- além de água de lastro, resíduos de lavagem de tanques e
outras misturas que as contenham, excepto se observadas cumulativamente as
seguintes condições:
a) Desde que a situação em que ocorrer o lançamento enquadre-se nos casos
permitidos pelas normas internacionais;
b) Quando o navio não se encontre dentro dos limites de área ecologicamente
sensível;
c) Sempre que os procedimentos para descarga sejam devidamente aprovados
pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental.

ARTIGO 18
(Proibição de descarga de óleo, misturas oleosas e resíduos em águas)

1. É proibida a descarga de óleos, misturas oleosas e resíduos em águas sob


jurisdição nacional, excepto nas situações permitidas pelas normas internacionais
e não estando o navio, plataforma ou similar, dentro dos limites de área
ecologicamente sensível e os procedimentos para a descarga sejam devidamente
aprovados pelo Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental.
2. Não será permitida a descarga de qualquer tipo de resíduos, inclusive cabos
sintéticos, redes sintéticas de pesca e sacos plásticos, nas águas jurisdicionais
nacionais, fora de instalações portuárias.

ARTIGO 19
(Excepções)

1. A descarga de óleos, misturas oleosas, substâncias ou resíduos nocivos ou


perigosos de qualquer categoria em águas sob jurisdição nacional, poderá ser
excepcionalmente tolerada em casos de força maior devidamente
comprovadas, para salvaguarda de vidas humanas, pesquisa ou segurança de
navio ou instalação, nos termos do presente regulamento.
2. As causas de força maior referidas no número anterior só serão consideradas
quando os agentes poluidores demonstrarem ter adoptado todas as medidas ao
seu alcance para evitar a ocorrência, reduzir ou eliminar as suas consequências.
3. As causas de força maior referidas no número anterior não isentam os agentes
poluidores de reparar os danos causados ao ambiente e de indemnizar as
actividades económicas e o património público ou privado pelos prejuízos
decorrentes dessa descarga.
4. Para fins de pesquisa, deverão ser atendidas as seguintes exigências, no
mínimo:
a) A descarga seja autorizada pelo órgão ambiental competente, após análise e
aprovação do programa de pesquisa;
b) Esteja presente, no loca! e hora da descarga, pelo menos um representante do
órgão ambiental que a houver autorizado;
c) O responsável pela descarga coloque à disposição, no local e hora em que
ocorrer, pessoal especializado, equipamento e materiais de eficiência
comprovada na contenção e eliminação dos efeitos esperados.

ARTIGO 20
(Perfuração de poços)

A descarga de resíduos sólidos das operações de perfuração de poços de


petróleo será objecto de regulamentação específica pelo Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental, em coordenação com o INAMAR e Ministério
dos Recursos Minerais.

ARTIGO 21
(Obrigação de comunicação de incidente)
1. Qualquer incidente ocorrido em portos organizados, instalações portuárias,
duetos, navios, plataformas e suas instalações de apoio, que possa provocar a
poluição das águas sob jurisdição nacional, deverá ser imediatamente
comunicado— ao INAMAR, ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
e ao órgão regulador da indústria do petróleo, se envolver hidrocarbonetos,
independentemente das medidas que tiverem sido tomadas para o seu controlo.
2. Em qualquer dos casos de que trata o presente artigo, na comunicação, o
comandante deverá dar as seguintes referências:
a) A localização ou posição do navio ou da instalação;
b) A natureza do dano ou do sinistro;
c) O local onde o dano ou sinistro se deu ou se constatou;
d) O nome do navio ou instalação, seu porto de registo e número oficial;
e) A posição da instalação, do navio e sua rota, bem como o seu destina;
f) A quantidade e o tipo de hidrocarbonetos derramados ou substâncias lançadas
ao mar;
g) A carga transportada pelo navio;
h) Outras particularidades ou informações que possam interessar às auto ridades
marítimas e ambiental para o caso.
ARTIGO 22
(Responsabilização do comandante pela falta de comunicação)

1. Se o comandante do navio ou da instalação não cumprir com o disposto no


artigo anterior, será responsabilizado nos termos do presente regulamento sem
prejuízo de outra legislação que lhe seja aplicável.
2. Pelas emissões imputáveis ao comandante de um navio ou instalação
responde solidariamente o respectivo proprietário, se o comandante não for o
proprietário, ou armador.

ARTIGO 23
(Direito de reposição)

A entidade exploradora do porto organizado ou da instalação portuária, o


proprietário ou operador de plataforma ou de navio e o concessionário ou
empresa autorizada a exercer actividade pertinente à indústria do petróleo,
responsáveis pela descarga de material poluente em águas sob jurisdição
nacional, são obrigados a ressarcir os órgãos competentes pelas despesas por
estes efectuadas para o controle ou minimização da poluição causada,
independentemente da prévia autorização e do pagamento de multa.

ARTIGO 24
(Apreensão)

1. No caso da descarga por um navio não possuidor do certificado exigido nos


termos do n.º 1 do artigo 14, a embarcação será retida e só será liberta após o
depósito de caução como garantia para o pagamento das despesas decorrentes
da poluição.
2. A contratação, por um órgão ou empresa pública ou privada, de navio para
realização de transporte de óleo ou de substância constante das categorias
definidas no presente Regulamento só poderá efectuasse após a certificação de
que a empresa transportadora está devidamente habilitada para operar de
acordo com as normas emanadas pela autoridade marítima.

ARTIGO 25
(Eventuais medidas em caso de suspeita ou probabilidade de perigo)

Nos casos em que haja motivo ou causa para suspeitar que determinado navio a
navegar nas águas jurisdicionais moçambicanas representa um perigo para o
ambiente marinho e costeiro do país, será interpelado e mandado dirigir-se a
determinado porto, seguir uma rota específica, descarregado, ou tomar-se-á
sobre ele ou sobre a carga qualquer medida que se mostre razoável e/ou
praticável para evitar a poluição, conforme estabelecido no presente
Regulamento.

CAPITULO IV
Competências da autoridade marítima para evitar poluição

ARTIGO 26
(Medidas a tomar pela autoridade marítima)

1. Quando algum hidrocarboneto ou substância nociva para o ambiente estiver a


ser descarregado ou na iminência de descarga no meio marítimo ou se a
autoridade marítima detectar sinais de descarga ou iminência de descarga a
partir de um navio, esta deverá, com vista a impedir ou reler a poluição ou evitar
a ocorrência ou continuação da descarga do hidrocarboneto, exigir que o
comandante e/ou o proprietário desse navio cumpra rigorosamente o seguinte:
a) Faça o transbordo para outro navio disponível ou descarregamento para uma
parte específica do mesmo navio ou para um depósito no porto, dentro de
determinado período;
b) Faça deslocar o navio sob o seu governo para um lugar especificado;
c) Não realize qualquer deslocação do navio de determinado lugar, até ordem em
contrário a ser dada em função das condições particulares do navio e do lugar
onde este se encontre;
d) Não faça qualquer descarregamento ou transbordo do hidrocarboneto ou
parte dele até ordem em contrário da autoridade marítima;
e) Realize operações para o afundamento ou destruição do navio ou da sua carga
ou parte desta, conforme for decidido pelo Governo;
f) Tome uma determinada rota, nos casos em que o navio esteja a navegar no mar
territorial ou na zona contígua;
g) Procure obter serviços de uma ou mais embarcações adequadas para apoiar a
autoridade marítima nas diligências que se mostrem necessárias;
h) Empreenda outras diligências em relação ao navio ou sua carga para impedir
a descarga do hidrocarboneto ou continuação dessa descarga.
2. Ao comandante de uma instalação a autoridade marítima poderá exigir:
a) Que suspenda a operação da instalação sob o seu governo;
b) Que diligencie nos termos prescritos nas alíneas g) e h) do número anterior,
com as necessárias adaptações.

ARTIGO 27
(Inspecção a bordo do navio ou de instalação)

1. Qualquer oficial da autoridade marítima autorizado poderá ir a bordo de um


navio ou instalação que esteja em qualquer parte de uma zona ecologicamente
sensível, a fim de verificar a validade dos certificados e livros de registo de
hidrocarbonetos e outros livros ou documentos que interessem à prevenção e ao
controlo da poluição objecto do presente Regulamento.
2. Havendo razões para o oficial da autoridade marítima suspeitar que alguma
disposição do regulamento esteja a ser violada por esse navio ou instalação,
poderá iniciar, a bordo desse navio ou dessa instalação, a inspecção material,
examinando o estado dos cascos, dos espaços de carga, casa de máquinas,
equipamentos bem como a carga a bordo do navio ou da instalação.
3. Ao. efectuar a inspecção do navio ou da instalação nas zonas ecologicamente
sensíveis, o oficial da autoridade marítima poderá tomar amostras de
hidrocarbonetos ou substâncias misturadas com hidrocarbonetos a bordo desse
navio ou dessa instalação, bem como testar qualquer equipamento a bordo, se
entender que tal seja útil para a prevenção das descargas a partir desse navio ou
dessa instalação.
4. Das anomalias verificadas durante ou no culminar da inspecção, o funcionário
da autoridade marítima dará imediatamente parte ao seu superior hierárquico
com competência de decisão ou tomará, ele mesmo as medidas necessárias se
tiver competência para agir em nome da autoridade marítima.

ARTIGO 28
(Transmissão das medidas ao salvador)

Se alguma pessoa realizar uma operação de salvamento em conexão com um


navio ou instalação, dar-se-lhe-á a conhecer qualquer exigência ou determinação
da autoridade marítima, relativamente ao navio ou à sua carga, ficando desde
esse momento o salvador vinculado a essas exigências ou determinações, sob
pena de responder solidariamente pelos danos com o comandante ou
proprietário do navio ou instalação.
ARTIGO 29
(Medidas estritamente necessárias)

As medidas a tomar pela autoridade marítima devem ser as estritamente


necessárias para evitar danos provenientes das formas de poluição, objecto de
prevenção e controlo pelo presente Regulamento.

ARTIGO 30
(Reclamações e recurso)

1. O comandante ou proprietário do navio ou instalação de quem se exija o


cumprimento de determinadas instruções ou medidas oriundas da autoridade
marítima, poderá, quando as ache injustas ou irrazoáveis, apresentar reclamação
à mesma autoridade ou delas recorrer para o Ministério dos Transportes e
Comunicações.
2. Das reclamações feitas ou recursos interpostos ao Ministro dos Transportes e
Comunicações, deverá ser emitido competente despacho dentro das quarenta e
oito horas subsequentes à apresentação da reclamação ou interposição do
recurso, ouvidos os Ministérios para a Coordenação da Acção Ambi ental e dos
Recursos Minerais.

ARTIGO 31
(Poderes de Governo)

1. O Ministro dos Transportes e Comunicações, ouvido o Ministério para a


Coordenação da Acção Ambientai, poderá determinar medidas mais exigentes se
entender que aquelas tomadas pela autoridade marítima não são suficientes para
garantir a protecção do ambiente.
2. Poderá também suspender a execução de qualquer das medidas determinadas
pela autoridade marítima, se entender que a exigência imposta não é razoável ou
que é impraticável.
3. Das decisões do Ministro dos Transportes e Comunicações não cabe recurso
administrativo.

ARTIGO 32
(Direito de reembolso)

1. Se o comandante ou proprietário de um navio ou instalação tiver suportado


despesas que se venham a concluir, mediante peritagem, que eram
desnecessárias ou supérfluas, em virtude do cumprimento das exigências ou
determinações feitas pela autoridade marítima ou pelo Ministro dos Transportes
e Comunicações, terão direito a reembolso da quantia despendida
desnecessariamente.
2. O reembolso a que se refere o artigo anterior só terá lugar nos casos em que o
comandante ou proprietário do navio ou da instalação ao largo da costa tiver
apresentado reclamação ou interposto recurso, sendo tal reclamação ou recurso,
atendidos pela autoridade marítima ou pelo Ministro dos Transportes e
Comunicações.
CAPÍTULO V
Investigação de incidentes, sanções e compensação de prejuízos

ARTIGO 33
(Infractores)

Para efeito do Título II do presente Regulamento, respondem solidariamente


pelas infracções, na medida da sua acção ou omissão:
a) O proprietário do navio ou da instalação, pessoa física ou jurídica, ou quem
legalmente o represente;
b) O armador, operador do navio ou da instalação, nos casos em que não esteja
armado ou operado pelo proprietário, o comandante ou tripulante do navio;
c) O concessionário ou a empresa autorizada a exercer actividades pertinentes à
indústria do petróleo;
d) A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, que legalmente
represente o porto, a instalação portuária, a plataforma e suas instalações de
apoio, o estaleiro, a marina, o clube náutico ou instalação similar;
e
e) O proprietário da carga.

ARTIGO 34
(Investigação das violações)

1. Nos casos em que haja motivo evidente para suspeitar da vi olação das
disposições do Título II do presente Regulamento ou de outra regulamentação
aplicável a autoridade marítima pode mandar parar o navio ou mandá-lo acostar
ou suspender a actividade da instalação para averiguações.
2. Durante as averiguações, pode a autoridade marítima tomar do navio ou da
instalação amostras das substâncias tóxicas ou perigosas, entre outros, da carga,
do lastro, combustível bem como do conteúdo dos fundos do navio, dos tanques
de recolha de desperdícios ou de resíduos de hidrocarbonetos.

ARTIGO 35
(Restrições nas investigações)

A autoridade marítima não pode deter o navio ou suspender a actividade da


instalação por um tempo superior ao que tiver sido definido como o necessário
para a realização das investigações e estas poderão consistir no exame dos
documentos e inspecção material do próprio navio, se tal se mostrar conveniente
nos termos do artigo 29 do presente Regulamento.

ARTIGO 36
(Propositura de providência ou acção judicial)

1. Findas as investigações ou reunidos os elementos suficientes para a tomada de


alguma providência ou acção judicial, a autoridade competente encaminhará o
auto da infracção e o relatório circunstanciado sobre os incidentes causadores
do dano ambiental, ao Ministério Público que proporá tal providência ou acção
num prazo de 48 horas.
2. Se o termo do prazo no número anterior terminar num sábado, domingo,
feriado ou dia equivalente a feriado, esse prazo será estendido até ao primeiro
dia útil que se seguir a este.
3. São autoridades competentes para lavrar auto de infracção os agentes da
autoridade marítima, os órgãos ambientais e municipais e o órgão regulador da
indústria do petróleo, no âmbito das suas respectivas competências.
4. Qualquer pessoa que constate a ocorrência de facto que possa se caracterizar
como possível infracção de que trata este regulamento poderá comunicá-lo às
autoridades mencionadas no n.° 3 do presente artigo, para que se possa realizar
a devida averiguação.
5. Constatada a infracção, será lavrado o respectivo auto de infracção pela
autoridade competente com o enquadramento legal da infracção cometida,
entregando-se uma cópia ao autuado.

ARTIGO 37
(Sanções pecuniárias e critérios de graduação)

As infracções ao Título II do presente regulamento estão sujeitas, às sanções


pecuniárias abaixo, que serão graduadas em função de dolo, culpa ou negligência
e gravidade dos danos causados, sem prejuízo do que estiver disposto na
legislação ambiental e demais legislação aplicável.

ARTIGO 38
(Molduras das sanções)

1. A violação das disposições deste Título II, serão sancionadas nos seguintes
termos:
a) Multa de 50 000,00 Mtn a 500 000,00 Mtn descargas feitas com dolo;
b) Multa de 25 000,00 Mtn a250000,00Mtn nas descargas feitas por culpa ou
negligência;
c) Multa de 10 000,00 Mtn a 50 000,00 Mtn nas descargas acidentais,
probabilidade ou ameaça de incidentes não comunicados ou não devidamente
comunicados.
2. A violação das disposições relativas à prevenção do lançamento de lixos
tóxicos ou perigosos será punida com multa de 1 000 000,00 Mtn a 10 000
000,00 Mtn se pena mais grave não couber no âmbito da legislação penal
especial.
3. A violação das disposições relativas à prevenção e controlo da poluição por
descarga ou lançamento de lixo será sancionada com:
a) Multa de 20 000,00 Mtn a 75 000,00 Mtn no caso de descarga feita com dolo;
b) Multa de 10 000,00 Mtn a 45 000,00 Mtn no caso de descarga ou lançamento
feito por culpa ou negligência;
c) Multa de 5 000,00 Mtn a 15 000,00 Mtn nos casos em que a infracção tenha
consistido na omissão do dever de comunicação.
4. Os valores de multa acima estabelecidos serão actualizados, por despacho
conjunto dos Ministros das Finanças e dos Transportes e Comunicações e ouvido
o Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental.

ARTIGO 39
(Sanções subsidiárias)

1. As sanções previstas no artigo anterior podem ser aplicadas subsidiariamente


as penas de:
a) apreensão do navio;
b) destruição ou inutilização do produto;
c) embargo da actividade;
d) suspensão parcial ou total das actividades;
e
e) restritiva de direitos.
2. Tratando-se de apreensão de substâncias ou produtos tóxicos, perigosos ou
nocivos à saúde humana ou ao ambiente, as medidas a serem adoptadas, para a
sua destinação final ou destruição, serão determinadas pelo órgão competente
que tiver procedido à apreensão e correrão as expensas do infractor.
3. As embarcações utilizadas na prática das infracções, apreendidas pela
autoridade competente, somente serão libertas mediante o pagamento da multa,
apresentação de defesa ou impugnação, podendo ser os bens confiados a fiel
depositário, até a reparação do dano, termo de apreensão e termo de destruição
ou inutilização, conforme for decidido pela autoridade competente.
4. Fica proibida a transferência a terceiros das embarcações ou instalações de
que trata este artigo, salvo se tal transferência for autorizada por autoridade
competente.
5. A autoridade competente encaminhará cópia dos termos de que trata este
artigo ao Ministério Público, para conhecimento.
6. Aplica-se a sanção indicada na alínea c) do n.º 1 deste artigo, quando a
actividade é desenvolvida com violação das disposições legais ou
regulamentares em vigor na República de Moçambique.
7. As sanções restritivas de direito aplicáveis às pessoas físicas ou jurídicas são:
a) Suspensão de registo, licença, permissão ou autorização;
b) Cancelamento de registo, licença, permissão ou autorização;
c) Perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais;
d) Perda ou suspensão da participação em linhas de financiamento em
estabelecimentos oficiais de crédito;
e
e) Proibição de contratar com a Administração Pública, pelo período de até três
anos.

ARTIGO 40
(Compensação de prejuízos)

1. Sem prejuízo das disposições sancionatórias de que dispõem os artigos 38 e 39


do presente Regulamento, o proprietário do navio ou da instalação de que
resultou a poluição será responsável:
a) Pela compensação dos prejuízos causados ao ambiente marinho, aos lagos e
rios, incluindo os respectivos leitos, margens e áreas ribeirinhas;
b) Pelos custos e todas as despesas efectuadas para remoção, retenção ou
redução da poluição;
c) Pela compensação dos danos resultantes da poluição, sofridos por terceiros;
d) Pelo ressarcimento das despesas efectuadas pelos órgãos competentes para
o controle ou minimização da poluição causada.
2. Só não será devida pelo proprietário, qualquer compensação nos casos em que
a poluição:
a) Resulte de actos de guerra, hostilidades, insurreição ou de um fenómeno
natural excepcional, inevitável e irresistível;
b) Causada exclusivamente por uma pessoa que não seja o proprietário, o
comandante, qualquer membro da tripulação do navio ou pessoal empregado na
instalação;
c) Resulte totalmente da negligência ou acto ilícito cometido por funcionário
público, da autoridade marítima ou entidade responsável pela manutenção de
faróis, boias e outras ajudas de navegação que não sejam as do próprio navio.
3. Nos casos em que a evento resulte da abalroação entre navios, a
responsabilidade pela compensação caberá ao proprietário do navio causador da
abalroação ou, sendo mais de um navio culpado, os respectivos proprietários, na
proporção das respectivas culpas.

ARTIGO 41
(Competência para aplicação de sanções e para a fixação da compensação)

Compete ao Tribunal Marítimo, salvo o disposto no artigo 32, a aplicação das


sanções previstas no artigo 38 e a fixação do montante das compensações de
que trata o artigo 39 do presente Regulamento.
ARTIGO 42
(Procedimentos para aplicação das sanções)
1. As sanções serão aplicadas mediante procedimento administrativo próprio de
cada autoridade competente, que se inicia com o auto de infracção, assegurados
o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo da aplicação pela autoridade
sanitária competente do disposto na legislação específica.
2. É obrigatória, para efeito de aplicação de multa, a elaboração de relatório
técnico ambiental do incidente, pelo órgão ambiental competente, identificando
a dimensão do dano envolvido e os danos resultantes da infracção.
3. Os custos despendidos pelo órgão ambiental competente com a contratação
de serviços de terceiros, quando houver, para a elaboração do respectivo
relatório técnico, serão ressarcidos pelo órgão que solicitou o relatório, no acto
da sua entrega, devendo esse relatório incluir a discriminação dos gastos
realizados com a contratação desses serviços.
4. A autoridade autuante poderá solicitar a emissão de laudo técnico ambiental
directamente ao órgão ambiental competente ou às entidades oficialmente
credenciadas para a emissão do referido relatório.
5. Para a graduação das penas a que se referem os artigos anteriores, atender-
se-á à gravidade da infracção cometida, ao grau de culpabilidade do agente bem
como à gravidade das consequências que dela tenham advindo para o ambiente.

TÍTULO III
Prevenção da poluição marinha e costeira por fontes baseadas em terra

CAPÍTULO I
Actividades proibidas ou condicionadas

ARTIGO 43
(Prevenção e controlo)

1. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental tomará medidas


adequadas para prevenir e controlar a descarga ou o derramamento no mar de
substâncias nocivas e perigosas, lixos ou águas residuais ou de esgotos, directa
ou indirectamente, de estabelecimentos litorais ou emissários ou emanadas de
qualquer outra fonte terrestre localizada no território nacional, sem observância
dos condicionalismos impostos pelo Decreto n.º 30/2003, de 1 de Julho
(Regulamento dos sistemas públicos de distribuição de água e de drenagem de
águas residuais) e pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho (Regulamento sobre
os padrões de qualidade ambiental e de emissão de efluentes).
2. Compete ainda ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental tomar
as medidas adequadas para eliminar a poluição das águas mencionadas no
número anterior, por substâncias perigosas incluídas nas famílias e grupos de
substâncias constantes no Anexo IV assim como para reduzir a poluição das
referidas águas pelas substâncias perigosas incluídas nas famílias e grupos de
substâncias constantes do Anexo V, nos termos do presente Regulamento e da
regulamentação vigente sobre a gestão de resíduos.

ARTIGO 44
(Fontes de Poluição)

A poluição por fontes baseadas em terra, compreende, dentre outras, as


seguintes:
a) As descargas poluentes provenientes de fontes terrestres ao longo da costa
Moçambicana;
b) Descargas através de rios, canais e outros cursos de agua, incluindo águas
subterrâneas;
c) Em geral, qualquer outra fonte terrestre situada no território nacional através
da água, da atmosfera ou directamente da costa.

ARTIGO 45
(Valores - limite para substâncias perigosas constantes do Anexo IV)
O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental fixará, para as diversas
substâncias perigosas incluídas nas famílias e grupos de substâncias constantes
do Anexo IV, não cobertas pelas disposições do Decreto n.º 30/2003, de 1 de
Julho (Regulamento dos sistemas públicos de distribuição de água e de
drenagem de águas residuais) e pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho
(Regulamento sobre os padrões de qualidade ambiental e de emissão de
efluentes), os valores — limite que as normas de emissão não devem ultrapassar.

ARTIGO 46
(Emissão zero)

1. É aplicado um regime de emissão zero às descargas das substâncias constantes


do Anexo IV, não cobertas pelas disposições, do Decreto n.º 30/2003, de 1 de
Julho (Regulamento dos sistemas públicos de distribuição de água e de
drenagem de águas residuais) e pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho
(Regulamento sobre os padrões de qualidade ambiental e de emissão de
efluentes), efectuadas nas águas subterrâneas.
2. São aplicáveis as águas subterrâneas as disposições do presente Regulamento
relativas às substâncias pertencentes às famílias e grupos de substâncias
constantes do Anexo V.
3. Os números 1 e 2 não se aplicam aos efluentes domésticos nem às injecções
efectuadas nas camadas profundas, salgadas e inutilizáveis.

ARTIGO 47
(Autorizações)

1. Cabe aos órgãos ambientais competentes, autorizar a descarga nas águas de


substâncias constantes dos Anexos IV e V.
2. A referida autorização fixará normas de emissão para as descargas dessas
substâncias nas águas mencionadas no artigo 2 do presente Regulamento, para
as descargas nos esgotos.
3. No que se refere às descargas actuais dessas substâncias nas águas
mencionadas no artigo 2 do presente Regulamento, o Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental fixará um prazo, em autorização própria, que
será respeitado pelos autores das descargas.
4. A autorização é concedida por um período limitado, podendo ser renovada,
tendo em conta eventuais modificações dos valores - limite.

ARTIGO 48
(Normas de emissão)

1. As normas de emissão estabelecidas pelas autorizações concedidas nos termos


do Regulamento, fixarão:
a) A concentração máxima de uma substância admissível nas descargas;
b) A quantidade máxima de uma substância admissível nas descargas durante um
ou vários períodos determinados.
2. Para cada autorização, a entidade ambiental competente poderá fixar, se
necessário, normas de emissão mais severas do que as resultantes da aplicação
dos valores - limite fixados pelo Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental nos termos do presente Regulamento, designadamente tendo em
conta a toxicidade, a persistência e a bio-acumulação da substância em questão
no meio no qual a descarga é efectuada.
3. A autorização será denegada se o autor da descarga declarar e demonstrar que
não lhe é possível respeitar as normas de emissão impostas ou se o órgão
ambiental competente em causa verificar essa impossibilidade.
4. Se as normas de emissão não forem respeitadas, o órgão ambiental
competente em causa tomará as medidas necessárias para que as condições da
autorização sejam cumpridas e se necessário para que a descarga seja proibida.

ARTIGO 49
(Normas e critérios)

1. Compete ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, ouvido o


INAMAR, aprovar as normas ou critérios relativos ao controlo da poluição por
fontes baseadas em terra nomeadamente:
a) A largura, profundidade e posição das condutas utilizadas para os emissários
litorais, tendo em conta, nomeadamente, os métodos utilizados para o
tratamento prévio dos efluentes;
b) As exigências específicas relativas aos efluentes que necessitam de um
tratamento separado;
c) A qualidade das águas do mar utilizadas para fins específicos, necessária para
a protecção da saúde humana, dos recursos biológicos e dos ecossistemas;
d) O controlo e substituição progressiva dos produtos, das instalações, dos
processos industriais e outros que provoquem uma poluição sensível do
ambiente marinho;
e) As exigências específicas relativas às quantidades rejeitadas, concentração
nos efluentes e métodos de descarga das substâncias enumeradas nos Anexos IV
e V.
2. As normas ou critérios referidos no presente artigo serão adoptados tendo em
conta, para a sua aplicação progressiva, a capacidade de adaptação e de
reconversão das instalações existentes, da capacidade económica das partes e
da sua necessidade de desenvolvimento.

ARTIGO 50
(Programa de acção)

Com vista à redução da poluição das águas referidas no artigo 43 do presente


regulamento, por substâncias constantes do Anexo V, o Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental, ouvido o INAMAR, estabelecerá programas de
acção que incluam:
a) Objectivos de qualidade para as águas, estabelecidos segundo os níveis
internacionais, quando existam;
b) Disposições especificas relativas à composição e à utilização de substâncias
assim como de produtos, tendo em conta os últimos progressos técnicos
economicamente viáveis;
c) Os programas fixarão os prazos da sua própria execução.

ARTIGO 51
(Águas residuais e substâncias de natureza tóxica)

1. É proibido o lançamento ou o despejo ao longo da costa, em especial nos


ecossistemas frágeis, no mar territorial, bem como nos portos, docas, leitos e
braços dos rios, navegáveis ou não navegáveis, lagos, lagoas, praias, margens e
demais áreas sobre administração marítima, de quaisquer águas residuais de
natureza tóxica ou nociva bem como de quaisquer outras substâncias ou
resíduos, especialmente de carácter não biodegradável, que de algum modo
possam poluir as águas, praias ou margens, sem observância das disposições
legais para o efeito.
2. É igualmente proibida às embarcações nacionais e estrangeiras a descarga de
óleos persistentes ou misturas que as contenham e ainda de quaisquer
substâncias tóxicas ou prejudiciais para o ambiente marinho, costeiro, lacustre e
fluvial, sem observância das disposições legais para o efeito.

ARTIGO 52
(Deposição de resíduos)

1. É proibida a deposição de resíduos ou materiais usados fora dos receptáculos


próprios para a contenção de resíduos, ao longo da costa e demais áreas que
constituem objecto do presente Regulamento, em especial nos ecossistemas
frágeis.
2. É manifestamente proibida a prática de fecalismo a céu aberto nas áreas que
constituem objecto do presente Regulamento.
3. Na ausência de receptáculos próprios para a contenção de resíduos, incorrerá
o utente da praia na obrigação de recolher todos os resíduos por si produzidos e
transportar consigo devidamente acondicionados até ao contentor mais próximo.
4. É igualmente proibida a instalação de sucatas, lixeiras e nitre iras, aterros
sanitários, materiais de construção e de produtos tóxicos ou perigosos ao longo
da costa, em especial nos ecossistemas frágeis.

CAPÍTULO II
Gestão de praias

ARTIGO 53
(Praias reservadas para banhistas)

1. Compete ao Ministro do Turismo, ouvido o Ministério para a Coordenação da


Acção Ambiental, das Pescas, o INAMAR, os Conselhos Municipais nas áreas sob
sua jurisdição, as comunidades locais, o sector privado e a sociedade em geral, a
identificação e proclamação das praias reservadas para banhistas, através de
diploma ministerial, com observância dos seguintes critérios:
a) Existência de infraestruturas mínimas no local;
b) Qualidade da água;
c) Segurança dos banhistas e demais utentes;
d) Existência de vias de acesso;
e) Potenciai turístico;
f) Valor do património cultural;
g) Beleza paisagística;
h) A presença de banhistas não deve prejudicar a existência de ecossistemas
frágeis.
2. As praias reservadas para banhistas deverão estar devidamente identificadas
através da colocação de sinalização para o efeito em local visível, cuja cor e
caracteres deverão ser definidos pelo Ministro do Turismo através de diploma
ministerial, até noventa dias após a entrada em vigor do presente Regulamento.
3. Todas as praias referidas no presente artigo deverão possuir um sistema de
segurança, prevenção, socorro e salvamento, coordenado por um corpo de
nadadores - salvadores com competência profissional devidamente comprovada,
cuja contratação caberá aos proprietários das unidades turísticas existentes na
zona.
4. Cabe ainda ao Ministro do Turismo ouvida a autoridade maríti ma, aprovar,
através de diploma ministerial, o regulamento de utilização das praias reservadas
para banhistas, o qual definirá ainda os qualificadores e funções do nadador-
salvador, no período de seis meses após a entrada em Vigor do presente
Regulamento.
ARTIGO 54
(Condução de veículos terrestres motorizados)

1. Não é permitida, nas áreas que constituem objecto do presente Regulamento,


a circulação de veículos terrestres motorizados, designadamente automóveis,
motociclos e outros de natureza similar, fora das vias de acesso estabelecidas e
definidas para o efeito, pelas Administrações Marítimas, ou, no caso das áreas
sob jurisdição dos municípios, pelos Conselhos Municipais.
2. Exceptuam-se do regime estabelecido no número anterior os seguintes
veículos:
a) Veículos utilizados no transporte de e para o mar, através de rampas de
lançamento ou demais percursos autorizados, de embarcações, motorizadas ou
não motorizadas ou outros meios flutuantes;
b) Veículos ligados a operações de fiscalização, prevenção, socorro e
salvamento;
c) Veículos utilizados por indivíduos portadores de deficiência motora;
d) Veículos destinados à produção e realização de filmes, publicidade, programas
de televisão e sessões de fotografia;
e) Veículos utilizados para efeitos de investigação científica.
3. Para a prática das actividades referidas no número anterior é obrigatória a
obtenção de uma autorização junto da entidade competente e que será emitida
somente quando não haja quaisquer riscos sérios de poluição, degradação ou
outros danos ao ambiente.
4. No caso de viaturas afectas à construção ou manutenção das infraestruturas
autorizadas ao abrigo de licenças especiais, estas serão apenas utilizadas no
tempo estritamente necessário à realização dos trabalhos, com respeito pelo
ambiente do local, após a emissão da necessária autorização junto da autoridade
competente.

ARTIGO 55
(Desportos náuticos motorizados)

1. Não é permitida, nas áreas que constituem objecto do presente Regulamento,


a prática de desportos náuticos envolvendo meios motorizados, designadamente
ski, motonáutica e outras de natureza similar fora dos locais expressamente
demarcados para o efeito pelas Administrações Marítimas, ou, no caso das áreas
sob jurisdição dos municípios, pelos Conselhos Municipais.
2. É expressamente proibida a prática das actividades referidas no número
anterior nas praias reservadas para banhistas, no espaço de 100 metros a contar
da linha de baixa-mar.
3. Para a prática das actividades referidas no número 1 é obrigatória a obtenção
de tuna autorização junto da entidade competente, que será emitida somente
quando não haja risco grave de poluição e de outros danos sérios ao ambiente e
de riscos para a vida e saúde dos utentes das praias.

ARTIGO 56
(Outras actividades desportivas e culturais)

1. A prática de eventos desportivos, de natureza competitiva ou não e de eventos


culturais, como espectáculos, comemorações, saraus, entre outros, que se
pretenda levar a cabo nas áreas que constituem objecto do presente
Regulamento, deverá ter lugar nas áreas expressamente demarcadas para o
efeito pelas Administrações Marítimas, ou, no caso das áreas sob jurisdição dos
municípios, pelos Conselhos Municipais.
2. Nas zonas de protecção parcial e nos ecossistemas frágeis é expressamente
proibida a prática de actividades desportivas que provoquem poluição ou
deteriorem os valores naturais, envolvendo meios motores, designadamente
motocross, karting, rally e outras de natureza similar.
3. Para a prática de-eventos desportivos de carácter competitivo e ainda de
qualquer evento cultural nestas áreas, é obrigatória a obtenção de uma
autorização junto da entidade competente.

ARTIGO 57
(Embarcações)

1. Para além das demais limitações previstas na lei, é expressamente proibida a


atracação, lançamento, circulação e permanência de embarcações motorizadas e
não motorizadas e outros meios náuticos de recreio e desportivos nas praias
reservadas para banhistas, fora dos canais definidos e das áreas demarcadas
pelas Administrações Marítimas ou outra entidade competente.
2. Para além de outras licenças previstas por lei, a atracação, lançamento,
circulação e permanência de embarcações nas praias reservadas para banhistas
está condicionada à obtenção de autorização prévia da entidade competente.
3. Exceptuam-se do regime estabelecido nos números anteriores as embarcações
utilizadas nas actividades de fiscalização e de prevenção, socorro e salvamento.

ARTIGO 58
(Animais domésticos)

1. São proibidas as actividades de passeio e permanência de cavalos e outros


animais domésticos de grande porte nas praias reservadas para banhistas.
2. E permitido o passeio e a permanência de animais domésticos de médio e
pequeno porte, tais como cães, nas zonas reservadas aos banhistas, desde que
não perturbem ou constituam perigo para os utentes, devendo os respectivos
proprietários ou possuidores tomar obrigatoriamente todas as precauções
necessárias, designadamente, em relação aos cães, recorrendo ao uso de trelas e
mantendo a respectiva situação de vacinas regularizada.
3. Exceptuam-se do regime estabelecido no número 1, os animais utilizados nas
operações de fiscalização, prevenção, socorro e salvamento.
4. Fora das praias reservadas para banhistas, é sempre obrigatória a obtenção de
uma autorização junto da entidade competente para permanência e passeio dos
animais referidos no número I, quando tal vise qualquer das demais zonas que
constituem-objecto do presente Regulamento, o qual deverá ser efectuado em
locais demarcados pelas Administrações Marítimas, ou, no caso das áreas sob
jurisdição dos municípios, pelos respectivos Conselhos Municipais.

CAPÍTULO III
Proibições

ARTIGO 59
(Pesca)

1. Nas praias reservadas para banhistas é proibida a prática das seguintes


actividades até uma distância de 100 metros em direcção ao mar a contar da linha
de baixa-mar e medidos a partir de um ponto equidistante das duas margens da
respectiva praia reservada para banhistas.
a) Pesca artesanal;
b) Pesca desportiva e recreativa;
c) Captura de peixes ornamentais;
d) A apanha de corais e de conchas ornamentais ou de colecção com fins
económicos.
2. Exceptua-se do disposto no número anterior, se a actividade for efectuada para
fins de investigação cientifica e para os casos previstos na alínea a) e c) se forem
exercidas pelas comunidades locais.

ARTIGO 60
(Conchas e peixes ornamentais)

1. É proibida a apanha de conchas ornamentais ou de colecção, bem como captura


de peixes ornamentais com fins económicos, fora dos locais, períodos sazonais,
espécies e quantidades fixadas na legislação em vigor para o efeito.
2. Os Ministros das Pescas, para a Coordenação da Acção Ambiental e do Turismo
deverão fixar, no prazo de seis meses a contar da data de publicação do presente
diploma, por diploma ministerial, os termos e condições em que as actividades
estabelecidas no número anterior deverão ser exercidas.

3. O Ministro das Pescas» estabelecerá por despacho, no prazo de seis meses a


contar da data de publicação do presente diploma, a lista de espécies cuja
apanha ou captura é permitida.

ARTIGO 61
(Corais)

1. É proibida a apanha de corais nas águas jurisdicionais nacionais bem como a


realização de quaisquer actividades que danifiquem ou possam danificar corais
ou recifes de coral, existentes ou que venham a formar-se e a biodiversidade que
lhes é característica.
2. São em especial proibidas as seguintes actividades:
a) Pesca, colecta, aquisição, transporte, manipulação, destruição,
processamento, armazenamento, comercialização e exportação do coral;
b) Implantação de quaisquer infra-estruturas, terrestre ou marinha, que directa
ou indirectamente, venha a prejudicar ou danificar os corais ou recifes de coral;
c) A prática de desportos moto-náuticos sobre corais e recifes de coral;
d) A travessia sobre corais ou recifes de coral a uma profundidade inferior a 23
m através de embarcações com ou sem motor;
e) Ancoramento de embarcações sobre corais ou recifes de coral;
f) A prática de quaisquer actividades de pesca num raio inferior a 100 m em
relação a corais e recifes de corais.
3. A colecta de corais só será excepcionalmente permitida quando se destine à
investigação científica, mediante autorização emitida pelo Ministério das Pescas.
4. Os Ministros das Pescas, para a Coordenação da Acção Ambiental e do
Turismo, estabelecerão no prazo de 6 meses a contar da data de publicação deste
diploma, as zonas de corais a proteger.

ARTIGO 62
(Flora nativa litoral)

1. É proibida a exploração florestal dentro das áreas que constituem objecto do


presente regulamento.
2. Exceptua-se do disposto no número anterior se a exploração florestal tem por
objectivo fins de investigação científica, devendo esta realizar-se mediante
autorização do Ministro da Agricultura.
3. As comunidades locais têm o direito de explorar as espécies de flora nativa
existentes nas áreas que constituem objecto do presente Regulamento, desde
que esta seja realizada nos termos permitidos pelo Decreto n.º 12/2002 de 6 de
Junho (Regulamento da lei de florestas e fauna bravia) e desde que tais áreas não
se encontrem degradadas.
ARTIGO 63
(introdução de espécies novas ou exóticas)

Sem prejuízo do disposto no artigo 82 do Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho e


no artigo 9 do Decreto n.º 35/2001, de 13 de Novembro, é proibida a introdução
de espécies novas ou exóticas de animais ou plantas não indígenas, que possam
danificar ou perturbar significativamente o ambiente das áreas que constituem
objecto do presente Regulamento.

ARTIGO 64
(Tartarugas marinhas)

1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 44 do Decreto nº 12/2002, de 6 de


Junho, é proibida a caça de tartarugas marinhas, de qualquer espécie e ainda a
apanha ou destruição dos respectivos ovos, no território nacional.
2. É ainda proibida qualquer actividade que possa perturbar os ecossistemas e
habitats e de um modo geral, um desenvolvimento normal das tartarugas
marinhas.

ARTIGO 65
(Terras húmidas)

Sem prejuízo das actividades que venham a ser autorizadas nos termos do
Decreto n.º 35/2001, de 13 de Novembro, e tendo presente a enorme importância
que as terras húmidas desempenham para a gestão das cheias, manutenção da
qualidade da água, o seu excepcional valor em termos de biodiversidade e as
inúmeras pressões que têm vindo a ser exercidas sobre as mesmas, são
expressamente interditas as seguintes actividades:
a) Qualquer tipo de descargas de poluentes no rio ou em terras húmidas sem que
as águas residuais tenham sido previamente tratadas e sem observância dos
padrões de qualidade ambiental legalmente estabelecidos;
b) A introdução de espécies novas ou exóticas;
c) Realização de queimadas não controladas;
d) Exploração florestal e actividades agropecuárias que impliquem a perca da
sua qualidade em mais de 15% da área explorada;
e) Desenvolvimento de qualquer actividade que envolva a alteração substancial
do regime hidrológico e o funcionamento destas.

CAPÍTULO IV
Zonas de protecção, infraestruturas e vias de acesso

ARTIGO 66
(Zonas de protecção parcial)

1. Constituem zonas de protecção parcial à luz do presente Regulamento as


seguintes:
a) O leito das águas interiores, do mar territorial e da zona económica exclusiva;
b) A plataforma continental;
c) A faixa da orla marítima e no contorno de ilhas, baías e estuários, medida da
linha das máximas preia-mares até 100 metros para o interior do território;
d) A faixa de terreno até 100 metros confinante com as nascentes de água;
e) A faixa de terreno no contorno de barragens e albufeiras até 250 metros;
f) A faixa de terreno que orla as águas fluviais e lacustres navegáveis até 50
metros medidos a partir da linha máxima de tais águas
2. Nas zonas acima referidas no artigo anterior e no n.º 1 do presente artigo não
podem ser adquiridos direitos de uso e aproveitamento da terra, podendo,
unicamente, ser emitidas licenças especiais para o exercício de actividades
determinadas.
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo seguinte, as licenças especiais
referidas no número anterior só poderão ser emitidas, com respeito pela
legislação ambiental em vigor, para a construção de obras e infraestruturas
básicas, designadamente, abastecimento de água, energia eléctrica, linhas
telefónicas, drenagem de esgotos, serviços de gestão de resíduos sólidos,
pequenas construções em material precário e removível e outras de natureza
similar.

Artigo 67
(Construção de Infraestruturas)

1. A construção de infraestruturas nas áreas identificadas no artigo anterior, só


deverá ser efectuada mediante observância de normas e padrões de qualidade
ambiental e paisagística em vigor.
2. A construção de infraestruturas ao longo da costa deverá ser efectuada de
modo a permitir que, em cada de 100 metros, existam acessos livres à praia para
qualquer cidadão e, em especial, para as comunidades locais.
3. Nas zonas de protecção parcial e nos ecossistemas frágeis, designadamente
nas dunas e mangais, é apenas permitida, mediante a necessária obtenção de
licença especial e respeito pela legislação ambiental em vigor, a construção de
infra estruturas básicas, designadamente, para o abastecimento de água, energia
eléctrica, linhas de fornecimento de telefone, drenagem de esgotos, serviços de
resíduos sólidos, pequenas construções em material removível e outras de
natureza similar.
4. Para além dos casos referidos no número anterior, é ainda permitida a
construção, desenvolvimento ou ampliação de obras públicas de reconhecido
interesse para o desenvolvimento da economia nacional, com observância da
regulamentação sobre avaliação do impacto ambiental, designadamente portos,
estradas, linhas férreas, oleodutos, gasodutos, minerodutos.

Artigo 68
(Vias de acesso às praias)

1. As praias constituem bens do domínio público de uso comum de todos os


cidadãos, sendo assegurado, sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em
qualquer direcção e sentido, ressalvadas as áreas consideradas de segurança
nacional ou incluídas em áreas protegidas por legislação específica.
2. Sem prejuízo do disposto na regulamentação sobre avaliação do impacto
ambiental, cabe aos Conselhos Municipais ou Governos Distritais, consoante os
casos, a construção ou abertura de vias de acesso às praias marítimas, lacustres
e fluviais, no âmbito das respectivas competências legalmente estabelecidas.
3. Tais obras poderão ser efectuadas por particulares, sob supervisão directa das
entidades mencionadas no número anterior.
4. Em caso algum deverão tais vias pôr em risco, as dunas e biodiversidade nelas
existentes, potenciar o fenómeno da erosão, e, no caso de caminhos pedestres
ou passadeiras, estas deverão ser construídas com materiais de carácter
definitivo.
CAPÍTULO V
Autorizações e licenciamentos

ARTIGO 69
(Competência)

1. Compete às Administrações Marítimas, sob tutela do Instituto Nacional da


Marinha (INAMAR), a emissão das autorizações previstas no presente
Regulamento.
2. Para o exercício da competência referida no artigo anterior, deverão as
Administrações Marítimas trabalhar em estreita articulação com as Direcções
Provinciais para a Coordenação para a Acção Ambiental, gozando estas últimas,
sempre que se revelar necessário, da competência de emissão de pareceres.
3. A competência no domínio da construção de infraestruturas, uma vez
observado o disposto na regulamentação sobre avaliação do impacto ambientai,
reger-se-á nos termos do Regime de Licenciamento de Obras Particulares,
aprovado pelo Decreto n.º 2/2004, de 31 de Março.
4. Nas zonas de protecção parcial compete aos Governadores Provinciais, ouvida
a Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental e a Administração
Marítima, a emissão de licenças especiais para a prática de actividades
determinadas.

ARTIGO 70
(Pedido de licenciamento)

1. O licenciamento das actividades previstas nos artigos 54, 55, 56 e 58, do


presente diploma, depende da apresentação de pedido preenchido em
formulário próprio a definir pelo Ministro dos Transportes e Comunicações,
através de diploma ministerial no prazo de três meses após a entrada em vigor
do presente Regulamento.
2. O pedido de licença para a prática das actividades referidas no número anterior
deverá obrigatoriamente conter os seguintes elementos:
a) Identificação completa do requerente;
b) Identificação completa da viatura ou embarcação a utilizar;
c) Indicação da área onde se pretende realizar a actividade;
d) Indicação do período para o qual se pretende a autorização;
e) Comprovativo dê pagamento da taxa legalmente estabelecida.
3. As taxas para a realização das actividades referidas no número 1 serão fixadas
por diploma ministerial conjunto dos Ministros das Finanças, do Turismo, dos
Transportes e Comunicações e para a Coordenação da Acção Ambiental, no
prazo de Ires meses a contar da entrada em vigor do presente Regulamento.

ARTIGO 71
(Prazo e renovação da licença)

1. O prazo da licença será fixado em função da duração da actividade para a qual


se requer o respectivo uso, não devendo, em caso algum, ser emitida por período
superior a um ano.
2. A licença poderá ser renovada por períodos sucessivos de um ano, mediante
avaliação pela entidade competente relativamente ao grau de cumprimento da
legislação vigente por parte do requerente e dos impactos da actividade
pretendida sobre o ambiente.
ARTIGO 72
(Procedimento de licenciamento e autorização das demais actividades)

O procedimento de licenciamento e autorização das demais actividades previstas


no presente regulamento rege-se segundo as normas aprovadas pelas entidades
competentes.

ARTIGO 73
(Revogação e caducidade das autorizações)

1. As autorizações emitidas ao abrigo do presente Regulamento serão revogadas


sempre que:
a) O titular não cumpra com as obrigações ou deveres em relação às quais se
encontra vinculado;
b) Sempre que as necessidades de protecção do ambiente e dos utentes das
áreas que constituem objecto de protecção deste diploma o justifiquem;
c) Sempre que o titular não corrija, dentro do prazo fixado pelas entidades
competentes, as irregularidades eventualmente detectadas.
2. As autorizações para a prática das actividades previstas no presente
Regulamento caducam no termo do prazo de validade respectivo, não tendo a
sua renovação sido devidamente requerida.

CAPÍTULO VI
Fiscalização

ARTIGO 74
(Competência)

1. Compete ao Ministério para a Coordenação para Acção Ambiental, ao INAMAR,


bem como aos Conselhos Municipais nas áreas sob sua jurisdição, fiscalizar o
cumprimento do disposto no presente Regulamento, visando monitorar,
disciplinar e orientar as actividades de protecção, gestão e desenvolvimento da
costa, constatar as infracções e procederem ao respectivo levantamento do auto
de notícia, sem prejuízo das competências e atribuições específicas dos outros
órgãos do Estado.
2. No exercício das suas funções, os fiscalizadores das entidades acima referidas
deverão apresentar-se devidamente identificados.
3. Sempre que necessário, poderão estes requisitar o auxílio da autoridade mais
próxima e reforço policial para garantir o exercício das suas funções.

ARTIGO 75
(Outros intervenientes no processo de fiscalização)

1. Poderão intervir no processo de fiscalização, para além das entidades referidas


no artigo anterior, as Forças de Defesa e Segurança, os agentes de segurança
pública, as autoridades comunitárias, os funcionários dos Ministérios do Turismo,
da Energia, da Agricultura, das Pescas, das Obras Públicas e Habitação, os fiscais
ajuramentados, os operadores turísticos, com especial destaque para os
nadadores - salvadores por estes contratados e os funcionários públicos, em
geral.
2. Compete aos intervenientes acima referidos a participação de todas as
infracções de que tomarem conhecimento, junto das entidades referidas no
artigo anterior, para que estas procedam ao levantamento do respectivo auto de
notícia, sem prejuízo da tomada de medidas que assegurem a detenção do
presumível infractor.
ARTIGO 76
(Dever geral)

Todo o cidadão e, em especial, os Conselhos Locais de Gestão de Recursos


Naturais, devem colaborar no exercício da vigilância necessária à protecção dos
recursos naturais da costa de Moçambique e demais áreas que constituem o
âmbito de protecção do presente Regulamento, participando as infracções de
que tiverem conhecimento à autoridade mais próxima.

ARTIGO 77
(Auto de noticia)

1. Ao constatarem ou tomarem conhecimento da prática de uma infracção, os


fiscais levantarão de imediato ou o mais rapidamente possível após a sua prática,
um auto de notícia, que deverá ser lavrado em triplicado, que incluirá entre outros
aspectos:
a) A identificação dos factos que constituem a infracção e respectivas provas,
caso existam;
b) A identificação dos infractores e outros agentes da infracção;
c) A identificação de testemunhas, se as houver;
d) Os preceitos legais infringidos:
e) A discriminação das circunstâncias agravantes ou atenuantes;
f) A descrição e identificação dos bens, instrumentos ou objectos apreendidos;
g) O nome, assinatura e qualidade do autuante.
2. O autuante, no momento do levantamento do auto de notícia, notificará do
facto o infractor, com indicação da norma infringida, sua penalidade e outras
consequências, caso existam e ainda a indicação de que a mesma poderá ser
cumprida com a prestação de trabalho a favor da comunidade, mediante
requerimento dirigido à entidade competente.
3. A notificação ao infractor para pagamento voluntário da multa deverá ser
efectuada, se possível, quando for verificada a infracção, mencionando-se esse
facto no auto de notícia.
4. Poderá ser levantado um único auto de notícia por diferentes infracções
cometidas na mesma ocasião ou relacionadas umas com as outras, embora sejam
diversos os agentes.

5. Os autos de notícia levantados nos termos do número anterior farão fé, em


qualquer fase do processo, até prova em contrário, quanto aos factos
presenciados pela autoridade ou agente de fiscalização que os mandou levantar
ou levantou.

ARTIGO 78
(Apreensões)

É obrigatória a apreensão pelos agentes de fiscalização mencionados nos artigos


74 e 75, de todos os meios e instrumentos utilizado na prática da infracção.

ARTIGO 79
(Pagamento voluntário da multa)

1. O auto de notícia passado pela infracção a qualquer das normas constantes no


presente Regulamento deverá ser remetido, no prazo de quarenta e oito horas,
ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, às Administrações
Marítimas e ao Conselho Municipal, conforme o estatuto do fiscal responsável
pela autuação, para efeitos de pagamento voluntário da multa.
2. Sem prejuízo do disposto no artigo 84, o prazo para efeito de pagamento
voluntário da multa é de 15 dias, contados a partir do momento da notificação.
ARTIGO 80
(Não pagamento voluntário da multa)

Não tendo sido efectuado qualquer pagamento voluntário da multa no prazo


fixado neste regulamento, as entidades referidas no artigo anterior deverão
enviar os autos de notícia, no prazo de dez dias, às autoridades judiciais, para sua
execução, nos termos da legislação processual penal.

ARTIGO 81
(Registo das infracções)

1. As autoridades administrativas referidas no artigo 74, deverão possuir um


registo actualizado das penalidades que tenham aplicado nas respectivas áreas
de competência.
2. Cabe a tais entidades providenciar esforços para a criação de uma base de
dados comum contendo o registo actualizado das infracções cometidas, das
penalidades aplicadas, dos infractores envolvidos e todos os demais elementos
que se julgar necessários para alcançar o objecto do presente Regulamento.

CAPITULO VII
Infracções e sanções

ARTIGO 82
(Normas gerais)

1. As infracções previstas no Título III do presente Regulamento serão punidas


com multa, nos termos do Anexo VII ao presente Regulamento ou com sanções
alternativas, sem prejuízo de outras sanções a que houver lugar nos termos da
legislação em vigor.
2. A responsabilidade administrativa prevista no presente Regulamento não
obsta a que haja lugar à responsabilização penal e civil dos infractores.
3. Compete aos Ministros das Finanças, para a Coordenação da Acção Ambiental
e dos Transportes e Comunicações, através de diploma ministerial, conjunto,
proceder à actualização dos valores das multas previstas no presente
Regulamento.

ARTIGO 83
(Fraccionamento da multa e sanções alternativas)

1. Se o infractor não possuir meios ou condições económicas que lhe permitam


proceder ao pagamento da multa, poderá requerer, por escrito, junto da
autoridade que aplicou a multa, o seu pagamento em prestações, ou, em sua
substituição, a realização de trabalhos a favor da comunidade, designadamente:
a) Na restauração ou compensação ecológica dos danos causados ao ambiente;
b) Na realização de trabalhos de limpeza da costa e margens dos lagos, lagoas e
rios;
c) Na realização de actividades para conter a erosão costeira, lacustre e fluvial;
d) No auxílio às actividades de prevenção e fiscalização;
e) e outras que vierem a revelar-se adequadas ao caso concreto.
2. Cabe ao director provincial para a coordenação da acção ambiental,
administradores marítimos ou presidente do conselho municipal, conforme os
casos, proferir, através de despacho, decisão que fixe o tipo, tempo e condições
de trabalho a favor da comunidade, em função de critérios de justiça e equidade.
3. A decisão referida no número anterior deverá ser confirmada pelo tribunal
judicial do local onde se registou a prática da infracção.
4. No caso de ilegalidade ou desproporcionalidade da decisão proferida pelas
entidades referidas no n.º 2 do presente artigo, deverá o tribunal decidir as
alterações ou correcções que julgar convenientes.
5. O trabalho comunitário será directamente supervisionado por funcionários
designados pelas entidades previstas no n.º 2 do presente artigo.

ARTIGO 84
(Sanções acessórias)

1. Da aplicação das penas de multa prevista no presente Regulamento resultam


as seguintes penas acessórias:
a) Reversão a favor do Estado, especialmente instituições académicas e de
investigação, de todos os produtos ilicitamente explorados;
b) Reversão a favor do Estado dos instrumentos utilizados na prática da
infracção, quando não haja lugar ao pagamento da multa, ou cumprimento da
sanção alternativa e/ou outras obrigações legais.
c) Apreensão e cancelamento das autorizações emitidas em nome do infractor;
d) Destruição das obras ou infraestruturas;
e) Suspensão parcial ou total das actividades causadoras da infracção;
f) Interdição de novas autorizações por período de um ano.
2. As viaturas ou embarcações motoras revertidas para o Estado ao abrigo do
número anterior serão necessariamente canalizadas para o reforço dos serviços
de fiscalização da Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental,
Administração Marítima ou Conselho Municipal, consoante os casos.
3. No caso de os infractores não possuírem residência em Moçambique todos os
meios utilizados para a prática da infracção, designadamente as viaturas
envolvidas, artes de caça ou pesca, entre outros, serão imediatamente
apreendidos até ao pleno pagamento da multa.

ARTIGO 85
(Destino dos valores das multas)

Os valores das multas por infracções ao presente Regulamento terão o seguinte


destino:
a) 60% para o INAMAR;
b) 10 % para o orçamento do Estado;
c) 30 % para o Fundo do Ambiente (FUNAB).

CAPÍTULO VIII
Disposições finais

ARTIGO 86
(Medidas complementares)

1. Cabe ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental adoptar as


medidas regulamentares necessárias à implementação do presente Regulamento,
excepto as que forem expressamente cometidas a outras entidades.
2. Para além do ministério referido no número anterior, cabe ainda aos Ministérios
das Obras Públicas e Habitação, da Agricultura, do Turismo e das Pescas realizar
as acções julgadas necessárias para garantir uma ampla divulgação dos principais
aspectos contidos no presente Regulamento.
3. Os proprietários de empreendimentos turísticos localizados em áreas que
constituem objecto do presente Regulamento ou junto às mesmas, são obrigados
a afixar, em locais visíveis, nos respectivos empreendimentos, uma cópia do
Anexo VII ao presente Regulamento, referente às infracções e respectivas
sanções, para além de incorrerem na obrigação de realizarem todos os esforços
de consciencialização, quanto ao respectivo conteúdo, junto dos respectivos
clientes.
4. No caso de não observância do preceituado no número anterior, incorrerão em
pena de multa prevista e sancionada no anexo referido no número anterior,
podendo o auto ser levantado, para além dos fiscais do Ministério do Turismo,
por qualquer dos fiscais referidos nos artigos 74 e 75 do presente Regulamento.

CONSULTAR ANEXOS I a VI NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM

ANEXO VII
INFRACÇÕES AO TÍTULO III DO PRESENTE REGULAMENTO

Artigo Infracção Sanção


Artigo 54 Circulação de veículos terrestres 20, 000, 00 Mtn
motorizados sem licença ou
contra as condições da licença
Parqueamento de viaturas fora 2, 000, 00 Mtn
dos locais indicados pelas
entidades competentes
Artigo 55 Prática de desportos náuticos 20, 000, 00 Mtn
sem licença ou contra as contra
as condições da licença
Artigo 56 Prática de eventos desportivos 10, 000, 00 Mtn
de natureza competitiva ou de
eventos culturais sem licença ou
contra as condições da licença
Prática de eventos desportivos 5, 000, 00 Mtn
de natureza não competitiva fora
dos locais definidos pelas
entidades competentes
Artigo 57 Atracação, lançamento, 10, 000,00 Mtn
circulação e permanência de
embarcações nas praias
reservadas para banhistas sem
licença ou contra as condições da
licença
Artigo 58 Passeio e permanência de 10, 000,00 Mtn
animais domésticos de grande
porte nas praias reservadas para
banhistas ou, fora destas, sem a
necessária licença ou ainda
contra as condições da mesma
licença
Passeio e a permanência de 1, 000,00 Mtn
animais domésticos de médio e
pequeno portem nas praias
reservadas para banhistas sem se
tomar as precauções necessárias
Artigo 59 Pesca desportiva e recreativa nas 5, 000, 00 Mtn
praias reservadas para banhistas
Pesca de peixes ornamentais 10, 000, 00 Mtn
Artigo 60 Recolha de conchas ornamentais 10, 000, 00 Mtn
ou de colecção com fins
económicos sem licença ou
contra o estipulado na licença
Artigo 61 Prática de quaisquer actividades 10, 000, 00 Mtn
que danifiquem ou possam
danificar corais ou recifes de
coral
Pesca, colecta, aquisição, 20, 000, 00 Mtn
transporte, manipulação,
processamento, armazenamento,
comercialização e exportação do
coral
Artigo 62 Colecta, abate, exploração, 20, 000, 00 Mtn
transporte, armazenamento,
comercialização, exportação de
espécies de flora nativas fora dos
casos permitidos por Lei
Artigo 63 Introdução de espécies novas nas 20, 000, 00 Mtn
áreas que constituem objecto do
presente regulamento
Artigo 64 Caça, prática de qualquer 50, 000, 00 Mtn
actividade que possa perturbar o
normal desenvolvimento das
tartarugas marinhas, incluindo a
destruição de ecossistemas e
habitats, e apanha ou destruição
dos respectivos ovos
Artigo 65 Prática de qualquer actividade 20, 000, 00 Mtn
nas terras húmidas contra o
disposto no presente
regulamento
Artigo 67 Construção de obras e outras 50, 000, 00 Mtn
infraestruturas contra o disposto
no presente regulamento
Implantação de obras e outras 50, 000, 00 Mtn
infraestruturas que, pela sua
dimensão, volume, arquitectura,
estética, características, cor ou
localização provoquem um
impacto na paisagem pré -
existente
Artigo 68 Vedar a qualquer cidadão o livre 20, 000, 00 Mtn
acesso às praias
Construção de vias de acesso 20, 000, 00 Mtn
contra o disposto no presente
Regulamento
Artigo 52 Deposição de resíduos ou 2, 000, 00 Mt
materiais usados fora dos
receptáculos próprios
Prática de fecalismo a céu aberto 200, 00 Mt
nas áreas que constituem objecto
do presente regulamento
Instalação de sucatas, lixeiras e 50, 000, 00 Mt
nitreiras, aterros sanitários,
materiais de construção e de
produtos tóxicos
Artigo 85 Não afixação em local visível, por 20, 000, 00 Mtn
parte dos proprietários dos
empreendimentos turísticos, de
cópia da presente tabela
de 9 de Agosto (aprova o Regulamento sobre Acesso e
Partilha de Benefícios Provenientes de Recursos
Genéticos);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 19/2007,
de 9 de Agosto

A Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, Lei do Ambiente, estabelece as bases gerais do


regime de protecção do ambiente, atribuindo ao Governo, a responsabilidade de
assegurar que sejam tomadas medidas para a protecção da biodiversidade.
Tendo Moçambique ratificado a Convenção das Nações Unidas sobre a
Diversidade Biológica, através da Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, que
estabelece que o acesso e utilização de recursos genéticos e conhecimento
tradicional associado a estes, deve ser efectuado por forma a salvaguardar uma
partilha justa dos benefícios derivados deste processo.

Nestes termos, ao abrigo do disposto nos artigos 11 e 12 da Lei n.º 20/97, de 1 de


Outubro, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre Acesso e Partilha de Benefícios


Provenientes de Recursos Genéticos e Conhecimento Tradicional Associado, em
anexo, que é parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. O presente Decreto entra em vigor no prazo de seis meses a contar da data
da sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 29 de Maio de 2007.


Publique-se.
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.

Regulamento sobre Acesso e Partilha de Benefícios Provenientes de Recursos


Genéticos e Conhecimento Tradicional Associado

CAPÍTULO I
Das disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente Regulamento entende-se por:


a) Acesso ao recurso genético: a actividade realizada sobre o recurso genético
com o objectivo de isolar, identificar ou de utilizar a informação de origem
genética ou moléculas e substâncias provenientes do metabolismo dos seres
vivos e de extractos obtidos destes organismos, para fins de pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico ou bio-prospecção, visando a sua aplicação
industrial ou de outra natureza;
b) Acesso ao conhecimento tradicional associado: a actividade realizada para a
obtenção de informação sobre conhecimento ou prática individual ou colectiva,
associada ao recurso genético, de comunidade local, para fins de pesquisa
científica, desenvolvimento tecnológico ou bio-prospecção, visando sua
aplicação industrial ou de outra natureza;
c) Acesso à tecnologia e transferência de tecnologia: qualquer acção que tenha
por objectivo o acesso, o desenvolvimento e a transferência de tecnologia para
a conservação e a utilização da diversidade biológica ou tecnologia desenvolvida
a partir de amostra de componente do recurso genético ou do conhecimento
tradicional associado;
d) Autorização de acesso e de remessa: o documento que permite, sob condições
específicas, o acesso à amostra de componente do recurso genético e sua
remessa à instituição destinatária e o acesso ao conhecimento tradi cional
associado;
e) Autorização especial de acesso e de remessa: o documento que permite, sob
condições específicas, o acesso à amostra de componente do recurso genético e
sua remessa à instituição destinatária e o acesso a conhecimento tradicional
associado, com prazo de duração até dois anos, renovável por iguais períodos;
f) Bio prospecção: a actividade exploratória que visa identificar componente do
recurso genético e informação sobre conhecimento tradicional associado, com
potencial de uso comercial;
g) Conhecimento tradicional associado: a informação ou prática individual ou
colectiva de comunidade local, com valor real ou potencial, associada ao recurso
genético;
h) Comunidade local: o agrupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa
circunscrição territorial de nível de localidade ou inferior, que visa a salvaguardar
de interesses comuns através da protecção de áreas habitacionais, áreas de pesca
e aquacultura, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio, florestas, sítios de
importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas de expansão;
i) Conservação ex-situ: a conservação de componentes da diversidade biológica
fora dos seus habitats naturais;
j) Conservação in-situ: a conservação dos ecossistemas e dos habitates naturais
e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies no seu meio
natural e, no caso das espécies domesticadas ou cultivadas, em meios onde
tenham desenvolvido as suas propriedades específicas;
k) Contrato de utilização do recurso genético e de repartição de benefícios: o
instrumento jurídico multilateral, que qualifica as partes, o objecto e as condições
de acesso e de remessa de componente do recurso genético e de conhecimento
tradicional associado, bem como as condições para reparação de benefícios;
l) Condição ex-situ: a manutenção de amostra de componente do recurso
genético fora de seu habitat natural, em colecções vivas ou mortas;
m) Desenvolvimento tecnológico: o trabalho sistemático, decorrente do
conhecimento existente, que visa à produção de invocações específicas, à
elaboração de produtos ou processos existentes, com aplicação económica;
n) Espécie ameaçada de extinção: qualquer espécie com alto risco de
desaparecimento na natureza num futuro próximo, assim reconhecida pela
autoridade competente;
o) Espécie domesticada: aquela em cujo processo de evolução influiu o ser
humano para atender às suas necessidades;
p) Recurso biológico: inclui recursos genéticos, organismos ou parte deles,
populações, ou qualquer outro tipo de componente biótico dos ecossistemas de
valor ou utilidade actual ou potencial para a humanidade;
q) Recurso genético: a informação de origem genética, contida em amostras do
todo ou de parte de espécime vegetal, fúngico, microbiano ou animal, na forma
de moléculas ou substâncias provenientes do metabolismo destes seres vivos e
de extractos obtidos destes organismos vivos ou mortos, encontrados em
condições in-situ, inclusive domesticados, ou mantidos em colecções ex-situ,
desde que colectados em condições in-situ no território nacional, na plataforma
continental ou na zona económica exclusiva;
r) Royalties: os pagamentos recebidos pela utilização ou peio direito de utilizar
propriedade intelectual, incluindo, mas não se limitando a direitos de
propriedade industrial, know-how e pagamentos recebidos pelo uso de
informação relacionada com conhecimentos tradicionais, com valor industrial,
comercial ou científico ou com concessão de exploração de recursos genéticos;
s) Termo de transferência de material: instrumento de adesão a ser rubricado pela
instituição destinatária antes da remessa de qualquer amostra de componente de
recurso genético, indicando, quando for o caso, se houver acesso a conhecimento
tradicional associado.

ARTIGO 2
(Objecto)

1. O presente Regulamento tem como objecto o estabelecimento das regras para


o acesso a componente dos recursos genéticos, sua protecção, bem como ao
conhecimento tradicional a ele associado e relevante à conservação da
diversidade biológica, à utilização sustentável, incluindo a repartição justa e
equitativa dos benefícios derivados da sua utilização e exploração.
2. As regras estabelecidas pelo presente Regulamento aplicam-se ainda para
regular:
a) O acesso à componente de recursos genéticos existentes no território
nacional, na plataforma continental e na zona económica exclusiva para fins de
pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico ou bio-prospecção;
b) O acesso ao conhecimento tradicional associado a recursos genéticos,
relevante para a conservação da diversidade biológica, à integridade dos
recursos naturais e à utilização dos seus componentes;
c) A repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da exploração de
componentes dos recursos genéticos e do conhecimento tradicional associado;
d) Ao acesso à tecnologia e transferência de tecnologia para a conservação e
utilização da diversidade biológica.
3. O acesso a componente dos recursos genéticos para fins de pesquisa científica,
desenvolvimento tecnológico ou bio-prospecção far-se-á de acordo com as
regras definidas neste Regulamento, sem prejuízo dos direitos de propriedade
material ou imaterial que incidam sobre a componente do recurso genético em
questão ou sobre o local da sua ocorrência.
4. O acesso a componente dos recursos genéticos existentes na plataforma
continental observará o disposto na Convenção sobre o Direito do Mar e demais
legislação aplicável para a exploração de recursos existentes na plataforma
continental.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

As disposições do presente Regulamento aplicam-se a todas as pessoas


singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, envolvidas na bio -
prospecção.

CAPÍTULO II
Atribuições institucionais

ARTIGO 4
(Autoridade Nacional)

1. O Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental, é a Autoridade Nacional


em matéria de Acesso e Partilha de Benefícios Provenientes de Recursos
Genéticos.
2. Na sua qualidade de Autoridade Nacional, o Ministro para a Coordenação da
Acção Ambiente que preside o Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos
Genéticos.
3. O Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos, é composto por
representantes das seguintes instituições:
a) Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental;
b) Ministério da Ciência e Tecnologia;
c) Ministério da Agricultura;
d) Ministério das Pescas;
e) Ministério da Saúde;
f) Ministério da Educação e Cultura;
g) Ministério do Turismo;
h) Ministério dos Recursos Minerais;
i) Ministério da Indústria e Comércio.
4. Podem ser convidados a participar nas reuniões de Grupo Interinstitucional de
Gestão de Recursos Genéticos representantes de entidades públicas ou privadas
e especialistas nas matérias reguladas pelo presente Regulamento.
5. O funcionamento do Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos
será regido pelo seu regulamento interno, a ser aprovado pela Autoridade
Nacional.
6. Os membros do Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos
serão remunerados me diante senha de presença.

ARTIGO 5
(Competências da Autoridade Nacional)

1. Compete à Autoridade Nacional, ouvido o Grupo Interinstitucional de Gestão


de Recursos Genéticos:
a) Conceder autorização de acesso a amostra de componente de recursos
genéticos existentes em condições in-situ, no território nacional, na plataforma
continental, no mar territorial ou na zona económica exclusiva, e ao
conhecimento tradicional associado;
b) Conceder autorização para remessa de amostras de componente de recursos
genéticos e de conhecimento tradicional associado para instituição nacional,
pública ou privada, ou para instituição sedeada no exterior;
c) Fiscalizar qualquer remessa de amostra de componente de recursos genéticos
e de conhecimento tradicional associado;
d) Divulgar listas de espécies de intercâmbio facilitado (troca de informação)
constantes de acordos internacionais dos quais o país é signatário;
e) Conceder a instituição pública ou privada nacional, que exerça actividades de
pesquisa e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, autorização especial de
acesso;
f) Autorizar a remessa de amostra de componente dos recursos genéticos para
instituição sedeada no exterior;
g) Credenciar instituição pública ou privada nacional para ser fiel depositária de
amostra representativa de componente de recursos genéticos a ser remetida
para instituição nacional, pública ou privada, ou sedeada no exterior;
h) Autorizar o acesso a componentes dos recursos genéticos e a conhecimento
tradicional associado, que contribua para o avanço do conhecimento e que não
esteja associada à bio-prospecção, quando envolver a participação de pessoa
jurídica estrangeira;
i) Celebrar ou homologar os contratos de utilização dos recursos genéticos e de
repartição de benefícios, bem como dos termos de transferência de material;
j) Produzir e divulgar, periodicamente, a listagem das autorizações de acesso e
de remessa, termos de transferência de material e dos contratos de utilização dos
recursos genéticos e de repartição de benefícios;
k) Aprovar todas as normas complementares necessárias à implementação do
presente Regulamento;
2. Compete ainda à Autoridade Nacional criar, manter e divulgar uma base de
dados:
a) Para registo de informações obtidas no campo durante a colecta de amostra
de componente de recursos genéticos;
b) Para registo de informações sobre o conhecimento tradicional associado;
c) Para registo de informações sobre todas as autorizações de acesso e remessa
de amostra de componente de recursos genéticos e do conhecimento tradicional
associado;
d) Sobre as colecções ex-situ, existentes nos termos do presente Regulamento;
e) Relativos às autorizações de acesso e de remessa, termos de transferência de
material e aos contratos de utilização dos recursos genéticos e de repartição de
benefícios.

ARTIGO 6
(Competências do Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos)

1. Como órgão técnico-científico multissectorial de assessoria à Autoridade


Nacional, nas matérias tratadas pelo presente Regulamento no país, compete-lhe:
a) Assessorar a Autoridade Nacional na tomada de decisões nos termos do
presente Regulamento;
b) Acompanhar a implementação dos termos de transferência de material e dos
contratos de utilização dos recursos genéticos e de repartição de benefícios
celebrados ou homologados pela Autoridade Nacional;
c) Coordenar a actualização das normas sobre acesso e partilha de benefícios
sabre recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados a nível
nacional;
d) Zelar, em coordenação com outros organismos competentes pela
implementação das normas sobre acesso e partilha de benefícios sobre recursos
genéticos e conhecimentos tradicionais associados;
e) Elaborar relatórios técnicos anuais sobre o estágio do acesso e partilha de
benefícios sobre recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados em
Moçambique;
f) Servir de veículo para troca de informação sobre acesso e partilha de
benefícios sobre recursos genéticos e conhecimentos tradicionais associados a
nível nacional, regional e internacional;
g) Promover programas de divulgação e consciencialização pública sobre as
questões relacionadas com o acesso e partilha de benefícios sobre recursos
genéticos e conhecimentos tradicionais associados a nível nacional;
h) Propor normas técnicas, critérios para as autorizações de acesso e de remessa,
bem como sobre as directrizes para elaboração do contrato de utilização dos
recursos genéticos e de repartição de benefícios e dos termos de transferência
de material;
i) Promover programas de formação de curto, médio e longo prazo sobre acesso
e partilha de benefícios sobre recursos e conhecimentos tradicionais associados.

CAPÍTULO II
Acesso e remessa

ARTIGO 7
(Acesso in-situ)

O acesso à componente dos recursos genéticos existente em condições in-situ


no território nacional, na plataforma continental e na zona económica exclusiva,
e ao conhecimento tradicional associado far-se-á mediante pedido para a colecta
de amostra e/ou de informação, respectivamente, e somente será autorizado a
instituições nacionais, públicas ou privadas, que exerçam actividades de pesquisa
e desenvolvimento nas áreas biológicas e afins, mediante prévia autorização dos
seus proprietários, nas formas prevista neste Regulamento.
ARTIGO 8
(Expedição para colecta de recursos genéticos)

1. O responsável pela expedição para colecta de recursos genéticos, efectuada


nos termos do presente Regulamento, deverá, no término das suas actividades
em cada área a cessada, fornecer à Autoridade Nacional, uma declaração
contendo a listagem do material acessado.
2. A participação de pessoa jurídica estrangeira em expedição para colecta de
amostra de componente dos recursos genéticos in-situ e/ou para acesso de
conhecimento tradicional associado somente será autorizada quando realizada
em conjunto com instituição pública nacional, ficando a coordenação das
actividades obrigatoriamente a cargo desta última e desde que todas as
instituições, envolvidas exerçam actividades de pesquisa e desenvolvimento nas
áreas biológicos e afins.
3. Nas operações de colecta, realizadas ao abrigo deste Regulamento, deve ser
sempre depositada em condição ex-situ, nos termos da alínea g) do n.º 1 do artigo
do presente Regulamento, sub amostra representativa de cada população
componente dos recursos genéticos a cessados.
4. A pesquisa sobre componentes dos recursos genéticos deve ser realizada
preferencialmente no território nacional.

ARTIGO 9
(Acesso por interesse público)

1. Em caso de relevante interesse público, assim determinado pela Autoridade


Nacional ouvido o Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos, a
entrada em área pública, comunitária ou sobre a qual há um direito de uso e
aproveitamento de terra, para acesso a amostra de componente dos recursos
genéticos dispensará autorização prévia dos seus titulares, sendo porém
garantido a estes o disposto no presente Regulamento sobre repartição de
benefícios.
2. No caso previsto no número anterior, a comunidade local ou o titular do direito
de uso e aproveitamento de terra deverá ser previamente informado.

ARTIGO 10
(Conservação ex-situ de amostra)

1. A conservação ex-situ de amostra de componente dos recursos genéticos deve


ser realizada no território nacional, podendo, suplementarmente, a critério da
autoridade nacional ouvido o Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos
Genéticos, ser realizada no exterior.
2. As colecções ex-situ de amostra de componente de recursos genéticos
deverão ser registadas junto da Autoridade Nacional.
3. A Autoridade Nacional poderá delegar o registo de que trata o número anterior
a uma ou mais instituições nos termos deste Regulamento.

ARTIGO 11
(Remessa)

1. A remessa de amostra de componente de recursos genéticos de instituição


nacional, pública ou privada, para outra instituição nacional, pública ou privada,
só poderá ser efectuada a partir de material em condições ex-situ, detida nos
termos do presente Regulamento, mediante informação do uso pretendido e
prévia assinatura de termo de transferência de material.
2. Sempre que houver perspectiva de uso comercial do produto ou processo
resultante da utilização de componente dos recursos genéticos será necessária a
prévia assinatura do contrato de utilização de recursos genéticos e de repartição
de benefícios.
3. A remessa de amostra de componente dos recursos genéticos de espécies
consideradas de intercâmbio facilitado em acordos internacionais, dos quais o
país seja signatário, deverá ser efectuada em conformidade com as condições
neles definidas, mantidas as exigências deles constantes.
4. A remessa de qualquer amostra de componente de recursos genéticos de
instituição nacional, pública ou privada, para instituição sedeada no exterior, será
efectuada a partir de material em condições ex-situ, mediante a informação do
uso pretendido e a prévia autorização da Autoridade Nacional, observadas as
condições estabelecidas neste artigo.

ARTIGO 12
(Autoridade de acesso e de remessa)

1. A autorização de acesso e de remessa dar-se-á após o consentimento prévio:


a) Da comunidade local envolvida, ouvida autoridade legal;
b) Do órgão competente, quando o acesso ocorrer em área protegida;
c) Do titular do direito de uso e aproveitamento da terra, quando o acesso ocorrer
sobre área onde este exista;
d) Da autoridade pesqueira ou marítima competente, quando o acesso se der em
águas jurisdicionais moçambicanas, na plataforma continental e na zona
económica exclusiva.
2. O detentor de autoridade de acesso e de remessa de que tratam as alíneas do
número anterior, deste artigo fica responsável por ressarcir os titulares da área
por eventuais danos ou prejuízos, desde que devidamente comprovados.
3. A autorização de acesso e de remessa de amostra de componente dos recursos
genéticos de espécie de endemismo restrito ou ameaçada de extinção dependerá
de autorização prévia do órgão competente.
4. A instituição detentora de autorização especial de acesso e de remessa
encaminhará ao Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos as
autorizações prévias de que tratam os números 1 e 3 deste artigo antes ou por
ocasião das expedições de colecta a serem efectuadas durante o período de
vigência da autorização, cuja não observância implicará o seu cancelamento.

ARTIGO 13
(Termo de transferência do material)

O termo de transferência de material terá o seu modelo aprovado pela


Autoridade Nacional, ouvido o Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos
Genéticos.

CAPÍTULO IV
Protecção do conhecimento tradicional associado

ARTIGO 14
(Armas de competição de grosso calibre)

1. É proibido a utilização ou exploração ilícita e outras acções lesivas ou não


autorizadas pela autoridade nacional, do conhecimento tradicional das
comunidades locais, associado aos recursos genéticos.
2. O Estado reconhece o direito das comunidades locais de decidir sobre o uso
dos seus conhecimentos tradicionais associados aos recursos genéticos do país,
nos termos deste Regulamento.
3. O conhecimento tradicional associado aos recursos genéticos de que trata este
Regulamento integra o património histórico-cultural moçambicano e poderá ser
objecto de cadastro.
4. A protecção outorgada por este Regulamento não poderá ser interpretada de
modo a obstar a preservação, a utilização e o desenvolvimento de conhecimento
tradicional da comunidade local.
5. A protecção, ora instituída, não deve afectar, prejudicar ou limitar direitos
relativos à propriedade intelectual.

ARTIGO 15
(Direitos das comunidades locais)

1. Para efeitos do presente Regulamento, qualquer conhecimento tradicional


associado aos recursos genéticos poderá ser de titularidade da comunidade,
ainda que apenas um indivíduo, membro dessa comunidade, detenha esse
conhecimento.
2. Às comunidades locais que criam, desenvolvem, detêm ou conservam
conhecimento tradicional associado aos recursos genéticos, é garantido o direito
de:
a) Ter indicada a origem do acesso ao conhecimento tradicional em todas as
publicações, utilizações, explorações e divulgações;
b) Impedir terceiros não autorizados de utilizar, realizar testes, pesquisas ou
exploração, relacionados ao conhecimento tradicional associado ou divulgar,
transmitir ou retransmitir dados ou informações que integram ou constituem
conhecimento tradicional associado;
c) Receber benefícios pela exploração económica por terceiros, directa ou
indirectamente, de conhecimento tradicional associado, cujos direitos são da sua
titularidade, nos termos da alínea c) do n.º 2 do artigo 23 do presente
Regulamento.

CAPÍTULO V
Acesso à tecnologia e transferência de tecnologia

ARTIGO 16
(Facilitação de acesso à tecnologia)

A instituição que receber amostra de componente de recursos genéticos ou de


conhecimento tradicional associado facilitará o acesso à tecnologia e
transferência de tecnologia para a conservação e utilização desse recurso ou
desse conhecimento à instituição nacional responsável pelo acesso e remessa da
amostra e da informação sobre o conhecimento, ou instituição por ela indicada.

ARTIGO 17
(Facilitação de acesso à tecnologia por instituição externa)

O acesso à tecnologia e transferência de tecnologia entre instituição nacional de


pesquisa e desenvolvimento, pública ou privada, e instituição sedeada no
exterior, poderá realizar-se, dentre outras actividades, mediante:
a) Pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico;
b) Formação e capacitação de recursos humanos;
c) Intercâmbio de informações;
d) Consolidação de infraestrutura de pesquisa científica e de desenvolvimento
tecnológico;
e) Exploração económica, em parceria, de processo e produto derivado do uso
de componente de recurso genético;
f) Estabelecimento de empreendimento conjunto de base tecnológica.
ARTIGO 18
(Benefícios fiscais)

A empresa ou instituição que, no processo de garantir o acesso à tecnologia e


transferência de tecnologia à instituição nacional, pública ou privada,
responsável pelo acesso e remessa de amostra de componente de recurso
genético e pelo acesso à informação sobre conhecimento tradicional associado,
investir em actividade de pesquisa e desenvolvimento no país, beneficiará de
incentivo fiscal para a capacitação tecnológica da indústria, e a outros
instrumentos de estímulo, de acordo com a legislação vigente.

CAPÍTULO VI
Repartição de benefícios

ARTIGO 19
(Potencial económico)

1. Caso seja identificado potencial de uso económico, do produto ou processo,


passível ou não de protecção intelectual, originado de amostra de componente
dos recursos genéticos e de informação oriunda de conhecimento tradicional
associado, a cessado com base em autorização que não estabeleceu esta
hipótese, a instituição beneficiaria obriga-se a comunicar à autoridade nacional
ou a instituição onde se originou o processo de acesso e de remessa, para a
formalização de contrato de utilização dos recursos genéticos e de repartição de
benefícios.
2. Quando houver perspectiva de uso comercial, o acesso a amostra de
componente dos recursos genéticos, em condições in-situ, e ao conhecimento
tradicional associado só poderá ocorrer após assinatura de contrato de utilização
dos recursos genéticos e de repartição de benefícios.

ARTIGO 20
(Benefícios decorrentes de exploração económica)

Os benefícios resultantes da exploração económica de produto ou processo


desenvolvido a partir de amostra de componente de recurso genético e de
conhecimento tradicional associado, obtidos por instituição nacional ou
instituição sedeada no exterior, serão repartidos, de forma justa e equitativa,
entre as partes contratantes, conforme o disposto no presente Regulamento e
demais legislação vigente.

ARTIGO 21
(Tipos de benefícios)

Os benefícios decorrentes da exploração económica de produto ou processo,


desenvolvido a partir de amostra de recurso genético ou de conhecimento
tradicional associado, deve constituir-se dentre outros, de:
a) Divisão de lucros;
b) Pagamento de royalties;
c) Acesso e transferência de tecnologias;
d) Licenciamento, livre de ónus, de produtos e processos;
e) Capacitação de recursos humanos.

ARTIGO 22
(Elaboração económica sem autorização do titular)

A exploração económica de produto ou processo desenvolvido a partir de


amostra de componente de recurso genético ou de conhecimento tradicional
associado, a cessada sem observância das disposições do presente Regulamento,
sujeitará o infractor ao pagamento:
a) De indemnização correspondente a, no mínimo, 60% do facturamento bruto
obtido na comercialização do produto;
ou
b) De royalties obtidos de terceiros pelo infractor, no decurso do licenciamento
do produto ou processo ou do uso da tecnologia, protegidos ou não por
propriedade intelectual, sem prejuízo das sanções administrativas e penais
aplicáveis.

ARTIGO 23
(Contrato de utilização de recursos genéticos e de repartição de benefícios)

1. O contrato de utilização de recursos genéticos e de repartição de benefícios


deverá indicar e qualificar com clareza as partes contratantes, sendo, de um lado,
o titular do recurso, ou o representante da comunidade local e, de outro, a
instituição nacional autorizada a efectuar o acesso e a instituição destinatária.
2. São cláusulas essenciais do contrato de utilização de recursos genéticos e de
repartição de benefícios, na forma do regulamento, sem prejuízo de outras, as
que disponham sobre:
a) Objecto, seus elementos, qualificação da amostra e uso pretendido;
b) Prazo de duração;
c) Forma de repartição justa e equitativa de benefícios e, quando for o caso,
acesso à tecnologia e transferência de tecnologia;
d) Direitos e responsabilidades das Partes;
e) Direito de propriedade intelectual;
f) Rescisão;
g) Penalidades;
h) Foro em Moçambique.

ARTIGO 24
(Eficácia dos contratos)

1. Os contratos de utilização de recursos genéticos e de repartição de benefícios


serão submetidos para registo à Autoridade Nacional e só produzirão efeitos
após a sua homologação por esta.
2. Serão considerados nulos, não produzindo qualquer efeito jurídico, os
contratos de utilização de recurso genético e de repartição de benefícios
celebrados sem observância dos dispositivos deste Regulamento.

CAPÍTULO VII
Sanções administrativas

ARTIGO 25
(Infracções administrativas)

1. Considera-se infracção administrativa contra os recursos genéticos ou ao


conhecimento tradicional associado toda acção ou omissão que viole as normas
deste Regulamento e demais legislação em vigor.
2. As infracções administrativas serão punidas na forma estabelecida no presente
Regulamento, com as seguintes sanções:
a) Advertência;
b) Multa;
c) Apreensão das amostras de componentes de recursos genéticos e dos
instrumentos utilizados na colecta ou no processamento ou dos produtos obtidos
a partir de informação sobre conhecimento tradicional associado;
d) Apreensão dos produtos derivados de amostra de componente de recursos
genéticos ou do conhecimento tradicional associado;
e) Suspensão da venda do produto derivado de amostra de componente de
recursos genéticos ou do conhecimento tradicional associado e sua apreensão;
f) Embargo da actividade;
g) Interdição parcial ou total do estabelecimento, actividade ou
empreendimento;
h) Suspensão de registo, patente, licença ou autorização;
i) Cancelamento de registo, patente, licença ou autorização;
j) Perda ou restrição de incentivo e benefício fiscal concedido pelo governo;
k) Perda ou suspensão da participação em linha de financiamento em
estabelecimento oficial de crédito;
l) Intervenção no estabelecimento;
m) Proibição de contratar com a Administração Pública, por período de tempo
até cinco anos.
3. O destino das amostras, dos produtos e dos instrumentos de que tratam as
alíneas c), d) e e) do n.º 2 deste artigo, será definido pela Autoridade Nacional
ouvido o Grupo Interinstitucional de Gestão de Recursos Genéticos.
4. As sanções estabelecidas neste artigo serão aplicadas na forma processual
estabelecida pelo Regulamento sobre Inspecção Ambiental, sem prejuízo de
outras sanções civis ou penais aplicáveis.
5. A multa de que trata a alínea b) do n.º 2 deste artigo será aplicada pela
autoridade competente, de acordo com a gravidade da infracção e na forma do
Regulamento sobre Inspecção Ambiental, nos seguintes termos:
a) De 100.000,00MT à 1.000.000,00MT, quando se tratar de pessoa jurídica;
b) De 50.000,00MT à 500.000,00MT, quando se tratar de pessoa física.
6. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.

CAPÍTULO VIII
Disposições finais

ARTIGO 26
(Direito de propriedade)

A concessão de direito de propriedade intelectual ou industrial pelos órgãos


competentes, sobre processo ou produto obtido a partir de amostra de
componente de recurso genético, fica condicionada à observância deste
Regulamento, devendo o requerente informar a origem do material genético e
do conhecimento tradicional associado, quando for o caso.

ARTIGO 27
(Fiscalização)

Os órgãos competentes exercerão a fiscalização e a apreensão de amostra de


componente de recursos genéticos ou de produto obtido a partir de informação
sobre conhecimento tradicional associado, a cessados sem observância das
disposições deste Regulamento, podendo, ainda, tais actividades serem
descentralizadas, mediante acordo, nos termos do regulamento.

ARTIGO 28
(Destino dos royalties)

1. A parcela dos lucros e dos royalties devidos ao Estado, resultantes da


exploração económica de processo ou produto desenvolvido a partir de amostra
de componente de recursos genéticos, bem como o valor das multas e
indemnizações de que trata este Regulamento serão encaminhados ao Fundo do
Ambiente.
2. Os recursos de que trata este artigo serão utilizados exclusivamente para a
conservação da diversidade biológica, incluindo a recuperação, criação e
manutenção de bancos depositários, no fomento à pesquisa científica, no
desenvolvimento tecnológico associado aos recursos genéticos e na capacitação
de recursos humanos associados ao desenvolvimento das actividades
relacionadas ao uso e à conservação dos recursos genéticos, bem como para
suportar as despesas de funcionamento do Grupo Interinstitucional de Gestão de
Recursos Genéticos.

ARTIGO 29
(Adequação de actividades)

Qualquer pessoa que utiliza ou explora economicamente componentes de


recursos genéticos e conhecimento tradicional associado deverá adequar as suas
actividades às normas deste Regulamento.
de 1 de Julho (aprova o Regulamento sobre a Gestão das
Substâncias que Destroem a Camada de Ozono);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 24/2008, de 1 de Julho

A Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, Lei do Ambiente, estabelece as bases gerais do


regime de protecção do ambiente, proibindo, nomeadamente, o lançamento para
atmosfera, de quaisquer substâncias tóxicas ou poluidoras, a produção e o
depósito no solo, e atribuindo ao Governo a responsabilidade de assegurar que
sejam tomadas medidas para a protecção da camada de ozono.
Moçambique ratificou a Convenção de Viena sobre a Protecção da Camada do
Ozono e o Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que destroem a Camada
do Ozono, através da Resolução n.º 8/93, de 8 de Dezembro, no quadro da
necessidade de adopção de medidas legislativas e administrativas apropriadas
de controlo, limitação, redução ou prevenção das actividades humanas, sempre
que se verifique que essas actividades têm ou poderão vir a ter efeitos nocivos
resultantes de modificações efectivas ou possíveis da camada do ozono.
Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 33 da Lei n.º 20/97, de 1 de
Outubro, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre a Gestão das Substâncias que


Destroem a Camada de Ozono e respectivos anexos, com os quais é parte
integrante do presente Decreto.

Art. 2. Compete ao Ministro para a Coordenação da Acção ambiental aprovar as


normas que se mostrem necessárias para assegurar a aplicação do Regulamento.

Art. 3. O presente Decreto entra em vigor noventa dias, após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 13 de Maio de 2008.


Publique-se.
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.

Regulamento sobre a Gestão das Substâncias que Destroem a Camada de


Ozono.

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente Regulamento, entende-se por:


a) Bagagem – os bens pessoais que o viajante transporta consigo nas suas
deslocações;
b) Camada de ozono - a concentração de moléculas de ozono atmosférico que se
localiza acima da camada limite planetária;
c) Centro de reciclagem - a unidade que executa a regeneração e ou purificação
ou deposição final das substâncias controladas recolhidas de acordo com as suas
características;
d) Efeitos negativos - as alterações verificadas no ambiente físico ou biota,
incluindo alterações climáticas, com efeitos nocivos significativos na saúde ou na
composição, recuperação e produtividade dos ecossistemas naturais ou
construídos nas matérias úteis ao homem;
e) Equipamentos de climatização e refrigeração – os aparelhos de ar
condicionado, arrefecedores de água, congeladores, desumificadores,
frigoríficos domésticos e industriais, máquinas de gelo e sistemas de frio;
f) Estado não parte no Protocolo no que se refere a determinada substância
controlada - qualquer Estado ou organização económica regional que tenha
decidido não se vincular às medidas de regulamentação vigentes para tal
substância;
g) Exportador - a pessoa que exporta, regular ou eventualmente, substâncias
controladas ou substâncias alternativas;
h) Importação e exportação – as operações de comércio externo tal como se
encontram definidas na legislação moçambicana;
i) Importador - a pessoa que importa, regular ou eventualmente, para consumo
próprio ou para comercialização, substâncias controladas ou substâncias
alternativas;
j) Parte - qualquer país que tenha ratificado o Protocolo de Montreal sobre as
substâncias que Destroem a Camada de Ozono, de 16 de Setembro de 1987;
k) Protocolo - o Protocolo de Montreal sobre as substâncias que Destroem a
Camada de Ozono, de 16 de Setembro de 1987, e respectivos anexos, ratificado
pela Assembleia da República por via da Resolução n.º 8/ 93, de 8 de Dezembro;
l) Reciclagem - a reutilização de uma substância controlada na sequência de uma
operação de limpeza básica, como filtração ou secagem. Com relação aos fluidos
refrigerantes refere-se a recarga dos equipamentos que se realiza
frequentemente no local;
m) Recuperação – a recolha e armazenamento de substâncias controladas
provenientes, nomeadamente, de máquinas, equipamentos, contentores, durante
a revisão ou antes da eliminação;
n) Substâncias controladas – as substâncias que destroem a camada de ozono e
que se encontram listadas no Anexo 1 do presente Regulamento.

ARTIGO 2
(Objecto)

1. O presente Regulamento tem, por objecto, o estabelecimento de regras


relativas à importação, exportação, trânsito e destruição de substâncias que
destroem a camada de ozono e dos equipamentos que as contêm, com vista a
prevenir ou minimizar os seus impactos negativos sobre o ambiente.
2. Ficam ainda abrangidas pelo presente Regulamento:
a) As substâncias constantes do Anexo 1 do presente Regulamento, designadas
por substâncias controladas, quer as mesmas se apresentem isoladas quer em
mistura;
b) As embalagens de aerossóis, os equipamentos de climatização, refrigeração
que contenham qualquer das substâncias referidas na alínea anterior.
3. O presente Regulamento não se aplica à importação ou exportação:
a) De substâncias controladas que se destinem a fins terapêuticos ou científicos;
b) De produtos ou equipamentos de uso pessoal que façam parte da bagagem de
indivíduo que tenha fixado residência em Moçambique ou se encontre em
trânsito.
4. São regidas por regulamentação específica a instalação, manutenção e recolha
de extintores portáteis de incêndios, nos edifícios, instalações, estabelecimentos
ou meios de transporte.

ARTIGO 3
(Âmbito)

As disposições deste Regulamento aplicam-se a todas as pessoas singulares ou


colectivas, nacionais ou estrangeiras, envolvidas na importação, exportação,
comercialização, uso e destruição de substâncias que destroem a camada de
ozono e dos equipamentos que as contêm.

CAPÍTULO II
Competências em matéria de gestão de substâncias que destroem a Camada do
Ozono

ARTIGO 4
(Autoridade Nacional)

1. O Ministro que superintende a área do ambiente é a Autoridade Nacional para


Implementação do Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Destroem a
Camada do Ozono.
2. Na realização das suas actividades a Autoridade Nacional é assessorada pelo
Grupo Interinstitucional para Implementação do Protocolo de Montreal sobre as
Substâncias que Destroem a Camada do Ozono, abreviadamente designado por
G-OZONO.
3. O G-OZONO é dirigido pelo Ministro que superintende a área ambiental na sua
qualidade de Autoridade Nacional na matéria respeitante à Implementação do
Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que Destroem a Camada do Ozono.

ARTIGO 5
(Competências da Autoridade Nacional)

Compete à Autoridade Nacional, ouvido o G-OZONO:


a) Conceder autorização de importação, exportação e trânsito de substâncias
que destroem a camada do ozono;
b) Actualizar e publicar a lista das substâncias que venham a ser consideradas
como substâncias controladas pelos painéis de avaliação técnico-científica do
Protocolo de Montreal, bem como lista dos Estados que são partes no Protocolo,
bem como os territórios aos quais este se aplica;
c) Ordenar o confisco e destruição ou reexpedição de substâncias controladas ou
dos equipamentos que as contém, que não cumpram com o estabelecido no
presente Regulamento ou com outras normas aplicáveis.

ARTIGO 6
(Funções do G-OZONO)

Como órgão técnico-científico multissectorial de assessoria e apoio à Autoridade


Nacional, o G-OZONO tem as seguintes funções:
a) Assessorar a Autoridade Nacional na tomada de decisões nos termos do
presente regulamento;
b) Coordenar a elaboração e actualização de normas adequadas à realidade
nacional, baseadas no Protocolo de Montreal sobre as substâncias que destroem
a camada do ozono;
c) Manter um inventário anual, contendo os dados quantitativos e qualitativos
relativos às substâncias controladas e alternativas importadas, exportadas e
comercializadas no país e proceder o seu envio ao Comité Directivo do Protocolo
de Montreal;
d) Elaborar relatórios técnicos anuais sobre o estágio de implementação do
Protocolo;
e) Assegurar e servir de veículo para a troca de informação sobre as substâncias
que destroem a camada do ozono a nível nacional, regional e internacional;
f) Promover programas de divulgação e consciencialização públicas, a nível
nacional, sobre substâncias que destroem a camada do ozono;
g) Assegurar a inspecção e controlo dos pontos de entrada no País e dos locais
de, importação, exportação, armazenamento de substâncias controladas ou dos
equipamentos, a fim de verificar o cumprimento das disposições do presente
Regulamento.

ARTIGO 7
(Composição e Funcionamento do G-OZONO)

1. O Grupo Interinstitucional para Implementação do Protocolo de Montreal sobre


as Substâncias que Destroem a Camada do Ozono (G-OZONO) é composto por
representantes das instituições que superintendem as seguintes áreas:
a) Ambiente;
b) Indústria e Comércio;
c) Ciência e Tecnologia;
d) Agricultura;
e) Finanças;
f) Saúde;
g) Interior.
2. Podem ser convidados a participar nas reuniões do G-OZONO. Representantes
de entidades públicas ou privadas e especialistas consoante as matérias
agendadas.
3. O funcionamento do G-OZONO é regido pelo seu regulamento interno, a ser
aprovado pela Autoridade Nacional.
4. Os membros do G-OZONO para Implementação do Protocolo de Montreal são
remunerados mediante senha de presença.

ARTIGO 8
(Cadastro)

1. Todas as pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras,


envolvidas na importação, exportação e comercialização de substâncias
controladas previstas no Anexo 1 do presente Regulamento ou dos equipamentos
que as contêm, devem estar registadas no Cadastro Técnico de Substâncias
Controladas, sob responsabilidade da Autoridade Nacional.
2. O registo no cadastro visa possibilitar a Autoridade Nacional, a implementação
de procedimentos sistematizados para o controlo e monitoria da importação,
exportação, venda e uso de substâncias que destroem a camada do ozono.
3. Para os efeitos do disposto neste artigo, as pessoas visadas devem preencher
e fazer a entrega imediata do formulário constante no Anexo 2.

CAPÍTULO III
Importação, exportação e trânsito de substâncias
controladas

ARTIGO 9
(Importação ou exportação)

A importação e a exportação de substâncias controladas, previstas no Anexo 1,


bem como de equipamentos de climatização, refrigeração, bombas de calor ou
de extintores de incêndio que contenham qualquer dessas substâncias, só podem
ser autorizadas, nos termos previstos neste Regulamento, quando provenham de
países ou se destinem a países que sejam partes do Protocolo de Montreal ou aos
quais o mesmo se aplique.

ARTIGO 10
(Autorização de importação e exportação)

1. A importação e a exportação de mercadorias referidas no artigo anterior, bem


como de embalagens de aerossóis, estão sujeitas à obtenção prévia de uma
autorização de importação ou exportação, a ser emitida pela Autoridade
Nacional.
2. Em vista da autorização referida no número anterior, deverá o proponente
preencher as fichas que figuram como Anexos 3 e 4, delas devendo constar:
a) O nome e o endereço do importador e do exportador;
b) O NUIT;
c) O país de importação ou de exportação;
d) Uma declaração relativa aos fins a que se destina a importação solicitada
(matéria-prima, ou outra utilização da substância controlada);
e) O local e data previstos para a importação;
f) Os potenciais destinatários, bem como as respectivas quantidades.
3. A Autoridade Nacional pode, adicionalmente, solicitar ao interessado ou a
quaisquer outras entidades as informações que julgar pertinentes para decisão
do pedido de autorização.
4. O pedido de autorização para a importação ou exportação de embalagens de
aerossóis, equipamentos de climatização, refrigeração, bombas de calor e
extintores de incêndio deve indicar a substância que neles é utilizada como
propulsor ou como fluido refrigerante.
5. Após exame e aprovação da documentação, incluindo as informações
adicionais, quando necessárias, a Autoridade Nacional decidirá sobre o pedido,
no prazo máximo de 15 dias.

ARTIGO 11
(Quota de importação de substâncias controladas)

1. A importação de substâncias previstas no Anexo 1 está sujeita a uma quota a


ser estabelecida por diploma ministerial conjunto dos Ministros para a
Coordenação da Acção Ambiental e da Indústria e Comércio, mediante proposta
do G-OZONO.
2. As regras a adoptar na distribuição da quota pelos operadores interessados
são fixadas no instrumento jurídico referido no número anterior, o qual deve ser
publicado dentro do prazo de seis meses, contado a partir da data de publicação
do presente Regulamento.

ARTIGO 12
(Trânsito)

1. As operações de trânsito de substâncias controladas através do território


nacional só podem ser autorizadas quando provenham e se destinem a países que
sejam partes do Protocolo de Montreal ou aos quais o mesmo se aplique,
observando ainda os seguintes requisitos:
a) Pedido de autorização de trânsito dirigido à Autoridade Nacional, nos termos
do Anexo 5;
b) Apresentação da autorização de importação emitida pelo país destinatário,
com as datas previstas para o movimento na fronteira;
c) Apresentação do termo de responsabilidade de recepção, emitido pelo país
destinatário ou pelo país através do qual transitarão os produtos.
2. Os documentos referidos no número anterior devem ser submetidos ao G-
OZONO até trinta dias antes da partida da mercadoria do país exportador.
3. Após a avaliação e aprovação dos documentos referidos no número um deste
artigo, a Autoridade Nacional tomará a decisão sobre a emissão do certificado
de trânsito pelo território nacional, num prazo máximo de cinco dias úteis.
4. O proponente deve exibir o certificado de trânsito aduaneiro prestado e
registado na entidade aduaneira do país exportador e o certificado de seguro de
risco sempre que solicitado pelas entidades aduaneiras em território nacional.
ARTIGO 13
(Rejeição de entrada)

1. A omissão de qualquer documento ou informação exigidos nos termos dos


artigos anteriores do presente Regulamento, para a entrada ou trânsito de
substâncias controladas, constitui motivo para a rejeição da sua entrada ou
trânsito no país.

2. Se, como consequência da inspecção, se verificar que a mercadoria não reúne


os requisitos estipulados nos termos do presente Regulamento, o inspector
poderá ordenar a sua apreensão, ou outra medida que julgue apropriada,
correndo as despesas por conta do proponente e sem direito a indemnização.

ARTIGO 14
(Actualização da lista dos Estados membros do protocolo)

O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental procede à publicação da


lista actualizada dos Estados que são partes no Protocolo, bem como dos
territórios aos quais o mesmo se aplica.

CAPÍTULO IV
Recuperação, envio, armazenamento e transporte de substâncias controladas

ARTIGO 15
(Recuperação de substâncias controladas usadas)

1. As substâncias controladas contidas em equipamentos comerciais, industriais


de refrigeração e equipamentos de ar condicionado ou equipamentos que
utilizem solventes e sistemas de protecção contra incêndios são recuperadas,
caso seja viável, para destruição, mediante tecnologias aprovadas no âmbito do
Protocolo ou outras tecnologias de destruição que não prejudiquem o ambiente.
2. Não é permitida a abertura de compressores ou de sistemas de circulação de
gás fora dos centros de reciclagem.
3. A recuperação para reciclagem é feita durante as operações de revisão e
manutenção de equipamento, bem como antes de este ser desmantelado ou
destruído.
4. As operações de reciclagem das substâncias controladas são realizadas nos
centros de reciclagem de substâncias controladas.
5. Compete ao Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental aprovar as
normas de funcionamento dos centros referidos no número anterior.

ARTIGO 16
(Transporte)

1. A movimentação de equipamentos ou substâncias controladas, usadas ou não,


pelas vias públicas, efectua-se, com as necessárias adaptações, obedecendo às
disposições constantes do Código da Estrada, sobre o trânsito de veículos que
efectuem transportes especiais e nos termos previstos no Regulamento sobre a
Gestão de Resíduos.
2. O equipamento contendo substâncias controladas deve ser transportado na
posição vertical, sem ser invertido e sem exercer pressão sobre os anéis de
refrigeração, evitando a sobreposição excessiva, para além da observância das
recomendações do produtor.
3. O transporte de equipamentos que contenham substâncias controladas, usadas
ou não, realizado pelas forças armadas obedecerá à legislação específica sobre a
matéria.
ARTIGO 17
(Envio e armazenamento)

1. O envio de substâncias controladas para os centros de reciclagem é da


responsabilidade das entidades que as detêm.
2. Os equipamentos devem ser armazenados completos e na vertical e o seu
empilhamento equivalente a uma altura de dois equipamentos, cerca de 3,5
metros, de forma a prevenir situações de fugas de substâncias perigosas.

CAPÍTULO V
Fiscalização, infracções e penalidades

ARTIGO 18
(Competência)

1. Todas as actividades que envolvam a importação, exportação, trânsito e


comercialização de substâncias controladas e dos equipamentos que as contém,
estão sujeitas à fiscalização exercida pelas entidades referidas no presente
Regulamento, sem prejuízo do disposto no Regulamento sobre a Inspecção
Ambiental.
2. O disposto no n.º 1 do presente artigo não exclui a fiscalização pelas
autoridades com competência definida em legislação específica.
3. Os proprietários, administradores, gerentes ou mandatários das empresas que
exerçam a actividade do comércio de mercadorias abrangidas pelo presente
regulamento, devem facultar o acesso dos agentes de fiscalização às respectivas
instalações e registos documentais, sempre que tal se mostre necessário ao
adequado exercício da acção fiscalizadora.
4. Sempre que o agente de fiscalização, no exercício das suas funções, verificar
qualquer infracção às normas do presente regulamento, deve lavrar um auto de
notícia e remetê-lo à Autoridade Nacional para a aplicação de sanções.

ARTIGO 19
(Infracções)

1. Ocorrem infracções administrativas puníveis com pena de multa entre


15000,00 MT a 50 000,00 MT, para além de imposição de outras sanções
previstas na legislação específica:
a) Quando se verifiquem embaraços à realização da actividade inspectiva nos
termos deste Regulamento;
b) Quando a realização da actividade inspectiva não ocorre por razões
imputáveis ao infractor, ou pelo não cumprimento das recomendações exaradas
no âmbito de um processo de auditoria ambiental pública, de acordo com a
regulamentação em vigor sobre a matéria;
c) Quando o infractor tenha agido com dolo ou ainda nos casos de reincidência.
2. Constituem infracções puníveis com pena de multa entre 100 000,00 MT à 400
000,00 MT, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral, a não
observância das disposições estipuladas nos Capítulos III e IV do presente
Regulamento.
3. Da aplicação da multa prevista no número anterior e dependendo da gravidade
dos danos causados à saúde pública e ao ambiente, pode resultar, como pena
acessória, a ordem de encerramento da actividade até à sua conformação com as
disposições legais.
4. As multas são graduadas em função da situação económico-financeira do
infractor e do valor das mercadorias que estão na origem da infracção.
ARTIGO 20
(Cobrança de taxas e multas)

1. É devido o pagamento de taxas para o processamento dos pedidos nos termos


do Anexo 6 do presente Regulamento.
2. O pagamento dos valores de taxas e multas devidos é efectuado na
Recebedoria de Fazenda da respectiva área fiscal mediante a apresentação de
guia modelo apropriada.

3. O infractor dispõe de vinte dias para pagar a multa aplicada, contados a partir
da data de recepção da notificação, sob pena de o auto deve ser remetido à
entidade competente para efeitos de cobrança coerciva.

ARTIGO 21
(Actualização e destino dos valores das taxas e multas)

1. Os valores das taxas e multas estabelecidas no presente Regulamento são


actualizados, sempre que se mostre necessário, por diploma ministerial conjunto
dos Ministros das Finanças e para a Coordenação da Acção Ambiental.
2. Os valores resultantes da cobrança das taxas têm o seguinte destino:
a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 20% para o G-OZONO;
c) 20% para o FUNAB.
3. Os valores resultantes do pagamento de multas têm o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o G-OZONO;
c) 20% para o FUNAB.
4. O Ministro para a Coordenação da Acção Ambiental estabelecerá por
despacho, o montante dos valores resultantes do pagamento de multas, a
consignar ao G-OZONO, que deve ser disponibilizado para o reforço dos serviços
de inspecção ambiental.

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


de 1 de Julho (aprova o Regulamento para o Controlo de
Espécies Exóticas Invasivas);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 25/2008,
de 1 de Julho

A Lei n.º ·20/97, de 1 de Outubro, Lei do Ambiente, estabelece, no seu artigo 12,
as bases do protocolo da biodiversidade, proibindo as actividades adversas e
atribuindo ao Governo a responsabilidade de assegurar que sejam tomadas
medidas com vista à sua manutenção e conservação.
Moçambique ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade
Biológica, através da Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, no quadro da
necessidade de adopção de medidas legislativas que impeçam a introdução de
espécies exóticas invasivas que ameaçam os ecossistemas, habitats ou espécies
do seu território, medidas que compreendem o controlo e a eliminação de tais
espécies.
Nestes termos, ao abrigo do disposto no artigo 33 da Lei n.º 20/97, de 1 de
Outubro, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento para o Controlo de Espécies Exóticas


Invasivas, em anexo, que é parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. O Ministro que superintende a área ambiental é a autoridade nacional em


matéria de controlo das espécies exóticas invasivas, competindo-lhe, nessa
qualidade, aprovar as normas que se mostrem necessárias para assegurar a
aplicação do presente Decreto.

Art. 3. A Autoridade Nacional deve no prazo de sessenta dias, contados a partir


da data da entrada em vigor do presente Decreto proceder à publicação, em
Boletim da Republica, da lista nacional de espécies exóticas invasivas, a ser
actualizada nos termos do Regulamento.

Art. 4. O presente Decreto entra em vigor cento e oitenta dias após a sua
publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 13 de Maio de 2008.


Publique-se.
A Primeira-Ministra, Luísa Dias Diogo.

Regulamento para o Controlo de Espécies Exóticas Invasivas.

CAPÍTULO I
Disposições gerais

Artigo 1
(Definições)

I. Autorização - O documento emitido pela Autoridade Nacional, concordando


com a realização de determinada actividade nos termos do presente
Regulamento.
2. Actividades restringidas são as seguintes:
a) Importar para o país, incluindo introduzir a partir do mar, terra e ar qualquer,
espécimen de espécie exótica invasiva;
b) Ter na sua posse ou exercer controlo físico sobre qualquer espécimen de
espécie exótica invasiva;
c) Desenvolver, criar ou de qualquer outro modo deslocar qualquer espécimen
de espécie exótica invasiva, ou provocar a sua multiplicação;
d) Transportar, movimentar ou de outro modo deslocar qualquer espécimen de
espécie exótica invasiva;
e) Vender ou de outro modo comprar, receber, oferecer, doar ou aceitar como
oferta, ou de qualquer outra forma adquirir ou dispor de qualquer espécimen para
fins de reprodução determinada espécie exótica invasiva;
f) Qualquer outra actividade prescrita que envolve um espécimen de espécie
exótica invasiva.
3. Controlo - em relação a espécies exóticas invasivas, significa combater ou
erradicar uma espécie exótica invasiva ou onde tal erradicação não seja possível,
prevenir, tanto quanto possível, o reaparecimento, restabelecimento,
repovoamento, multiplicação, disseminação, regeneração ou propagação de uma
espécie exótica invasiva.
4. Espécie exótica - qualquer espécie que tenha sido intencional ou
acidentalmente introduzida para um local onde ela não ocorre naturalmente.
5. Espécie exótica invasiva – qualquer espécie que foi intencional ou
acidentalmente introduzida num local diferente do seu habitat natural, que se
propaga, causando danos ao ambiente, economia e à saúde humana.
6. Espécimen – amostra de:
a) Qualquer animal vivo ou morto, planta ou outro organismo;
b) Semente, ovo, gâmeta ou propágulo, parte de animal, planta ou outro
organismo capaz de propagação, reprodução ou de qualquer outra forma
transferir características genéticas;
c) Qualquer derivativo de animal, plantas ou outros organismos;
ou
d) Quaisquer produtos que:
i. contenham derivativos de animal ou planta ou outro organismo;
ou ii. a partir da documentação acompanhante, da embalagem, marca, etiqueta,
ou a partir de qualquer outra indicação, parecer ter ou conter derivativo de
animal, planta ou outro organismo.
7. Exportar – levar para fora do país, transferir, tentativa de levar para fora ou de
transferir de um lugar dentro do país, para outro país ou ainda para águas
internacionais.
8. Habitat – o lugar onde a espécie ou comunidade ecológica ocorre
naturalmente;
9. Importar – trazer para ou, introduzir no país, tentativa de trazer para, ou
introduzir no país, incluindo trazer para o país para reexportar.
10. Introdução – em relação a espécies, significa a introdução feita pelo Homem,
deliberada ou acidentalmente, de espécies, num lugar fora do habitat natural ou
potencial natural de dispersão da espécie.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem como objecto:


a) A protecção das espécies e ecossistemas vulneráveis e ameaçados para
garantir a sua sobrevivência;
b) A prevenção da introdução não autorizada e difusão de espécies exóticas e
espécies exóticas invasivas em ecossistemas e habitats onde estas não ocorrem
naturalmente;
c) A gestão e controlo das espécies exóticas invasivas, para prevenir ou
minimizar os danos ao ambiente e à biodiversidade em particular;
d) A erradicação das espécies exóticas e espécies exóticas invasivas de
ecossistemas e habitats onde elas podem danificar tais ecossistemas ou habitats;
e
e) A realização de estudos de impacto ambiental nos termos do Decreto n.°
45/2004, de 29 de Setembro, antes da introdução de espécies exóticas.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

As disposições do presente Regulamento aplicam-se em todo o território


nacional.

CAPÍTULO II
Competências em matéria de controlo de espécies exóticas invasivas

ARTIGO 4
(Autoridade Nacional)

1. O Ministro que superintende a área ambiental é a autoridade nacional em


matéria de controlo de espécies exóticas invasivas.
2. Na realização das suas actividades a Autoridade Nacional é assessorada pelo
Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas Invasivas.
3. O Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas Invasivas é
dirigido pelo Ministro que superintende a área ambiental na sua qualidade de
autoridade nacional em matéria de controlo de espécies exóticas invasivas.

ARTIGO 5
(Competências da Autoridade Nacional)

Compete à Autoridade Nacional, ouvido o Grupo Interinstitucional de Controlo


de Espécies Exóticas Invasivas:
a) Aprovar normas técnicas para a identificação, controlo e erradicação de
Espécies Exóticas Invasivas no país;
b) Publicar a lista de espécies exóticas invasivas;
c) Ordenar a destruição de Espécies Exóticas Invasivas;
d) Proibir a realização de qualquer actividade que possa propagar as espécies
exóticas invasivas;
e) Providenciar a protecção de ecossistemas que se encontrem ameaçados por
espécies exóticas invasivas ou que precisam de ser protegidos para garantir a
manutenção da sua integridade ecológica;
f) Providenciar a protecção de espécies que estejam ameaçadas por espécies
exóticas invasivas ou que precisam de ser protegidas para garantir a sua
sobrevivência na natureza;
g) Tornar efectivas no país, as obrigações provenientes de acordos internacionais
que regulam o comércio internacional de espécimes de espécies exóticas
invasivas;
h) Garantir que a utilização da biodiversidade é efectuada de forma
ecologicamente sustentável;
i) Estabelecer um sistema para o registo de operações de criação de animais,
viveiros, plantio, reprodução em cativeiro, de instituições e outras instalações
envolvendo espécies exóticas invasivas;
j) Emitir todas as autorizações e licenciamentos previstos nos termos do presente
Regulamento;
k) Fiscalizar a introdução de espécies exóticas no país;
l) Assegurar a coordenação da implementação de programas para a prevenção,
controlo e erradicação de Espécies Exóticas Invasivas.
m) Propor directivas contendo providências para a minimização dos danos a
biodiversidade.
ARTIGO 6
(Funções do Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas
Invasivas)

O Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas Invasivas, órgão


técnico-científico multi-sectorial de assessoria à Autoridade Nacional, tem as
seguintes funções:
a) Propor a lista de espécies exóticas invasivas;
b) Propor as medidas mais eficazes para a destruição de espécies exóticas
invasivas;
c) Elaborar relatórios técnicos bianuais sobre a situação das espécies exóticas
invasivas;
d) Identificar os ecossistemas em perigo, criticamente ameaçados por espécies
exóticas invasivas no país;
e) Providenciar assistência técnica à Autoridade Nacional na tomada de decisões
sobre as matérias regulamentadas no presente diploma;
f) Servir de veículo para troca de informação sobre as matérias reguladas pelo
presente diploma a nível nacional, regional e internacional;
g) Coordenar e implementar programas para a prevenção, controlo ou
erradicação de espécies exóticas invasivas;
h) Propor normas técnicas, critérios para a identificação, controlo e erradicação
de espécies exóticas invasivas no país.

ARTIGO 7
(Composição do Grupo Intersectorial de Controlo de Espécies Exóticas
Invasivas)

1. Para além de representantes de instituições de investigação e sociedade civil,


o Grupo Intersectorial de Controlo de Espécies Exóticas Invasivas é composto
por representantes de instituições que superintendem as seguintes áreas:
a) Coordenação da acção ambiental;
b) Agricultura;
c) Pescas;
d) Obras públicas e habitação;
e) Saúde;
f) Indústria e comércio;
g) Finanças;
h) Planificação e desenvolvimento.
2. Podem ser convidados a participar nas reuniões do Grupo Intersectorial de
Controlo de Espécies Exóticas Invasivas, representantes de entidades públicas
ou privadas e especialistas consoante as matérias agendadas.

CAPÍTULO III
Actividades restringidas

ARTIGO 8
(Actividades restringidas envolvendo espécies ameaçadas ou protegidas
listadas)

1. É proibida a realização de actividades restringidas envolvendo espécies


exóticas invasivas, sem prévia autorização, a emitir nos termos do presente
Regulamento.
2. Ouvido o Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas Invasivas,
a Autoridade Nacional pode proibir a realização de qualquer actividade que pela
sua natureza possa influenciar a propagação de espécies exóticas invasivas.
CAPÍTULO IV
Espécies Exóticas Invasivas e Organismos Constituindo Potencial Ameaça para
a Biodiversidade

ARTIGO 9
(Lista de Espécies Exóticas Invasivas)

A Autoridade Nacional assegura que a lista nacional de espécies exóticas


invasivas se mantém permanentemente actualizada e publicada em Boletim da
República.

ARTIGO 10
(Dever de cuidado em relação a Espécies Exóticas Invasivas alistadas)

1. A pessoa autorizada por licença, nos termos do presente Regulamento, a


realizar actividades restringidas envolvendo espécimes de Espécies Exóticas
Invasivas alistadas deve tomar todas as providências requeridas para prevenir ou
minimizar danos sobre a biodiversidade.
2. Qualquer titular de direitos de uso e aproveitamento sobre a terra ou de outro
recurso natural sobre o qual uma espécie exótica invasiva alistada ocorrer ou que
tenha sido autorizado a introduzir deliberadamente deve:
a) Notificar a Autoridade Nacional da ocorrência de Espécies Exóticas Invasivas
alistadas na área ou recurso sobre o qual incidem os seus direitos;
b) Tomar as providências necessárias para controlar e erradicar a espécie exótica
invasiva alistada e prevenir a sua dispersão.
3. A Autoridade Nacional pode ordenar a qualquer pessoa singular ou colectiva
que não cumprir com o disposto no presente artigo ou que transgrediu as
disposições do Regulamento a efectivação imediata de medidas concretas
tendentes a remediar quaisquer danos à biodiversidade.
4. A não observância do disposto no número anterior acarreta sanções nos
termos deste Regulamento.

ARTIGO 11
(Controlo e erradicação de Espécies Exóticas Invasivas alistadas)

1. O controlo e erradicação de Espécies Exóticas Invasivas alistadas deve ser feito


usando os métodos mais apropriados para as espécies em questão e para o
ambiente em que elas ocorrem.
2. Qualquer acção desenvolvida para controlar e erradicar Espécies Exóticas
Invasivas alistadas deve ser executada com precaução e de modo a que cause o
mínimo de dano possível para a biodiversidade e para o ambiente.
3. O método a ser empregue para controlar e erradicar Espécies Exóticas
Invasivas alistadas deve ser direccionado à génese, material de propagação e
reprodução de tais Espécies Exóticas Invasivas de modo a prevenir que estas
espécies produzam descendência, formem sementes, regenerem ou que, de
qualquer modo, se restabeleçam.

ARTIGO 12
(Organismos geneticamente modificados)

1. Se a Autoridade Nacional tiver razões para admitir que a libertação de


organismos geneticamente modificados para o ambiente, sob licença adquirida
nos termos da legislação em vigor para estes, pode causar uma ameaça para
qualquer espécie nativa ou ambiente, pode mandar suspender tal libertação e
exigir a realização de uma avaliação do impacto ambiental.
2. A Autoridade Nacional deve comunicar a medida tomada ao abrigo do disposto
no número anterior à autoridade que emite as licenças nos termos da legislação
sobre organismos geneticamente modificados, antes da decisão sobre o pedido
para a emissão da licença.

CAPÍTULO V
Autorizações e penalidades

ARTIGO 13
(Autorizações e taxas)

1. As autorizações previstas no presente Regulamento devem observar os


seguintes procedimentos:
a) Pedido de autorização, por escrito e dirigido à Autoridade Nacional;
b) Apresentação das razões que fundamentam o pedido.
2. Após a avaliação dos fundamentos do pedido, o Grupo Interinstitucional de
Controlo de Espécies Exóticas Invasivas emite um parecer sobre a causa e
objectivo do pedido, num prazo máximo de sessenta dias, a contar da data de
submissão do pedido.
3. A Autoridade Nacional comunicará a sua decisão no prazo de quarenta e cinco
dias, a contar da data de submissão do pedido.
4. Pela tramitação do pedido será cobrada uma taxa no valor de 500,00 MT,
actualizável.

ARTIGO 14
(Infracções administrativas)

1. Considera-se infracção administrativa toda a acção ou omissão que viole as


normas deste Regulamento e demais disposições pertinentes.
2. As infracções administrativas são punidas, na forma estabelecida no presente
Regulamento, com as seguintes sanções:
a) Advertência;
b) Multa;
c) Apreensão e/ou destruição das espécies exóticas introduzidas.
3. As sanções estabelecidas neste artigo são aplicadas na forma processual
estabelecida pelo Regulamento sobre a Inspecção Ambiental, sem prejuízo de
outras sanções civis ou penais ao caso aplicáveis.
4. A multa será aplicada pela Autoridade Nacional, de acordo com a gravidade
da infracção e na forma do regulamento sobre inspecção ambiental, podendo
variar de 5000,00 MT a 10 000,00 MT, quando se tratar de pessoa singular. Se a
infracção for cometida por pessoa colectiva, ou com seu concurso, a multa será
de 20 000,00 MT a 40 000,00 MT, de acordo com a gravidade da infracção.
5. Em caso de reincidência, a multa será aplicada em dobro.
6. Os valores das taxas e multas estabelecidas no presente regulamento são
actualizados, sempre que se mostre necessário, por diploma ministerial conjunto
dos Ministros das Finanças e para a Coordenação da Acção Ambiental.

ARTIGO 15
(Destino dos valores das taxas e multas)

1. Os valores resultantes da cobrança das taxas têm o seguinte destino:


a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 20% para o Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas
Invasivas;
c) 20% para o FUNAB.
2. Os valores resultantes do pagamento de multas têm o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o Grupo Interinstitucional de Controlo de Espécies Exóticas
Invasivas;
c) 20% para o FUNAB.

CAPÍTULO VI
Disposição final

ARTIGO 16
(Fiscalização)

1. Todas as actividades que envolvam o controlo das espécies exóticas invasivas


estão sujeitas à fiscalização exercida pelas entidades referidas no presente
Regulamento, sem prejuízo do disposto no Regulamento sobre a Inspecção
Ambiental.
2. O disposto no n.º 1 neste artigo não exclui a fiscalização pelas autoridades com
competência definida em legislação específica.
de 22 de Novembro (aprova o Regulamento sobre o
Banimento do Amianto e seus Derivados,
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 55/2010,
de 22 de Novembro

Havendo necessidade de assegurar a efectiva implementação da Convenção de


Basileia, ratificada pela Resolução n.º 18/96, de 26 de Novembro, através do
estabelecimento de medidas legais de protecção do ambiente, ao abrigo do
disposto no artigo 33 da Lei do Ambiente, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre o Banimento do Amianto e seus


Derivados, anexo ao presente Decreto e que dele faz parte integrante.

Art. 2. Compete ao Ministro que superintende a área do Ambiente aprovar as


normas de implementação do presente Decreto.

Art. 3. O presente Decreto entra em vigor sessenta dias após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 24 de Agosto de 2010.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Aires Bonifácio Baptista Ali.

Regulamento sobre o Banimento do Amianto e seus Derivados

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente Regulamento entende-se por:


a) Amianto - também designado por asbestos, são minerais principais ou
acessórios encontrados nas rochas magmáticas, com estrutura fibrosa contendo
amosite, crisotile (amianto branco), crocidolite (amianto azul), actinolite fibroso;
antofilite fibroso, trenolite fibroso;
b) Derivados de Amianto - são produtos compostos, formados com quantidades
variáveis de amianto, ou resultantes de fibras de amianto;
c) Gestão - é a recolha, transporte e eliminação do amianto e seus derivados,
incluindo posterior protecção dos locais de eliminação.

ARTIGO 2
(Objecto)

1. O presente Regulamento proíbe a produção, o uso, a importação, a exportação


e a comercialização do amianto e seus derivados, com vista à protecção da saúde
pública e do ambiente.
2. Exceptuam-se do disposto no número anterior, os casos de pesquisa ou de
ordem científica, e outros expressamente previstos em legislação específica.

ARTIGO 3
(Âmbito de aplicação)

O presente Regulamento aplica-se a actividades públicas ou privadas que directa


ou indirectamente influem na saúde pública e no ambiente pelo uso do amianto
e seus derivados.

ARTIGO 4
(Competências em matéria de gestão do amianto e seus derivados)

Em matéria de gestão do amianto, compete ao Ministério que superintende a área


do ambiente:
a) Gerir e coordenar o processo de banimento do uso do amianto e seus
derivados;
b) Emitir e divulgar directivas sobre o processo de banimento do uso do amianto
e seus derivados;
c) Emitir e divulgar directivas sobre o uso excepcional do amianto e seus
derivados;
d) Fiscalizar o cumprimento das normas do presente Regulamento, assim como
das directivas;
e) Embargar ou mandar destruir as obras ou cancelar o exercício de actividades
ilegais de uso, produção, importação e exportação do amianto e seus derivados;
f) Banir o trânsito do amianto e dos seus derivados.

ARTIGO 5
(Infracções administrativas)

1. Constituem infracções puníveis com pena de multa entre 120 (cento e vinte) a
250 (duzentos e cinquenta) salários mínimos, sem prejuízo de outras sanções
previstas na lei:
a) A produção do amianto e seus derivados;
b) A importação do amianto e seus derivados;
c) A exportação do amianto e seus derivados;
d) A comercialização do amianto e seus derivados;
e) O uso do amianto e de seus derivados fora dos prazos previstos para o seu
banimento.
2. Para a determinação do valor exacto a ser pago pelo infractor, ter-se-ão em
conta, as seguintes multas:
a) Em caso de produção a pena aplicada será no valor correspondente a 120
salários mínimos se for a primeira infracção, e em casos de reincidência o
correspondente a 250 salários mínimos;
b) Em casos de importação a pena aplicada será no valor correspondente a 250
salários mínimos;
c) Em caso de exportação a pena aplicada será no valor correspondente a 180
salários mínimos se for a primeira infracção, e em casos de reincidência o
correspondente a 250 salários mínimos;
d) Em casos de comercialização a pena a aplicar será a correspondente a 250
salários mínimos;
e) Aquele que for encontrado a usar o amianto, fora dos parâmetros previstos no
n.° 2 do artigo n.° 2 será sancionado com a pena máxima correspondente a 250
salários mínimos.
3. As sanções estabelecidas no número anterior do presente artigo são aplicadas
em conformidade com o estatuído no regime jurídico aplicável à Inspecção
Ambiental, conjugado com a política do salário mínimo.

ARTIGO 6
(Actualização e destino dos valores das multas)

1. Os valores das multas estabelecidas no presente Regulamento são


actualizados, sempre que se mostre necessário, por Diploma Ministerial Conjunto
dos Ministros para a Coordenação da Acção Ambiental e das Finanças.
2. Os valores resultantes do pagamento de multas têm o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o Fundo do Ambiente (FUNAB).
ARTIGO 7
(Norma transitória)

As actividades que à data da entrada em vigor deste Regulamento se


encontravam em funcionamento, tem um prazo de 6 meses contados a partir da
vigência do mesmo para regularizar a situação, findo o qual sujeitam-se a
aplicação das sanções previstas no Regulamento.
de 15 de Junho (aprova o Regulamento relativo ao
processo de Auditoria Ambiental);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 25/2011,
de 15 de Junho

A aplicação do Regulamento relativo ao processo de Auditoria Ambiental,


aprovado pelo Decreto n.º 32/2003, de 12 de Agosto, tem demonstrado que a
auditoria ambiental, como um dos instrumentos de gestão e de avaliação
sistemática, documentada e objectiva dos processos de controlo e protecção do
ambiente, revela-se como um mecanismo preponderante no país no contexto de
fiscalização das acções de monitorização e gestão das actividades susceptíveis
de provocar danos ao ambiente, exigindo sua adequação à actual conjuntura
jurídico-económica vigente.

Assim, ao abrigo do disposto no artigo 18 conjugado com o artigo 33, ambos da


Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, que aprova a Lei do Ambiente, o Conselho de
Ministros decreta:

Art. 1. É aprovado o Regulamento Sobre o Processo de Auditoria Ambiental, em


anexo, que é parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. Compete ao Ministro que superintende o sector do Ambiente aprovar as


directivas gerais e específicas sobre a auditoria ambiental e demais normas de
implementação do presente Regulamento.

Art. 3. É revogado o Decreto n.º 32/2003, de 12 de Agosto.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 29 de Abril de 2011.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Aires Bonifácio Baptista Ali.

Regulamento sobre o Processo de Auditoria Ambiental

ARTIGO 1
(Âmbito de Aplicação)

O presente Regulamento aplica-se às actividades públicas e privadas, que


durante a fase da sua implementação, desactivação e restauração, directa ou
indirectamente, possam influir nas componentes ambientais.

ARTIGO 2
(Conceito de Auditoria Ambiental)

A auditoria ambiental é um instrumento de gestão de avaliação sistemática,


documentada e objectiva do funcionamento e organização do sistema de gestão
e dos processos de controlo e protecção do ambiente.

ARTIGO 3
(Tipos de auditoria ambiental)

A auditoria ambiental pode ser pública ou privada:


a) É pública, quando é realizada pelo Ministério que superintende o sector do
Ambiente;
b) É privada, quando é realizada e determinada pelas próprias entidades cuja
actividade seja potencialmente causadora da degradação do ambi ente.
ARTIGO 4
(Objecto de auditoria ambiental)

Constitui objecto de auditoria ambiental, a avaliar:


a) Os impactos das actividades de rotina sobre o ambiente e na saúde pública;
b) Os riscos de acidentes e os planos de contingência para a evacuação e
protecção dos trabalhadores e das populações situadas na área de influência da
actividade;
c) O grau de conformação do exercício das actividades de desenvolvimento de
acordo com as normas e parâmetros definidos e aplicáveis para a sua
implementação, desactivação e restauração;
d) Os níveis efectivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental
resultantes da implementação de actividades de desenvolvimento e de outras
fases de actividade;
e) As condições de operação e de manutenção dos equipamentos e sistemas de
controlo e prevenção da poluição;
f) As medidas a serem tomadas para restaurar o ambiente e proteger a saúde
humana;
g) A capacitação dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas,
rotinas, instalações e equipamentos de protecção do ambiente e da saúde
humana;
h) A gestão e conservação das fontes de energia, da água, da matéria-prima e de
outros recursos;
i) A reutilização, reciclagem, redução, tratamento, transporte, eliminação e
deposição segura de resíduos;
j) Os ruídos e vibrações dentro e fora das instalações;
k) A selecção de novos métodos de produção e alteração dos métodos
existentes, inclusive de processo industrial e sistemas de monitoramento
contínuo para a redução dos níveis de poluentes;
l) As medidas de prevenção, redução, controlo, contingência e emergência dos
acidentes;
m) A pesquisa e desenvolvimento, uso, armazenagem, manuseio e transporte de
produtos controlados.

ARTIGO 5
(Atribuições)

Em matéria de auditoria ambiental, constituem atribuições do Ministério que


superintende o sector do Ambiente:
a) Realizar auditorias públicas e promover auditorias privadas;
b) Emitir directivas gerais e específicas sobre a auditoria ambiental;
c) Registar os auditores ambientais;
d) Emitir certificado de bom desempenho ambiental, nos termos da legislação
específica;
e) Fazer revisão dos relatórios de monitorização;
f) Banir, ou suspender, o exercício da auditoria ambiental privada, através da
confiscação do respectivo certificado, por incumprimento das obrigações
decorrentes do presente Regulamento.

ARTIGO 6
(Auditoria ambiental pública)

A auditoria ambiental pública é realizada pelo Ministério que superintende o


sector do Ambiente em relação às actividades em curso e classificadas nos
termos dos Anexos i, ii e iii ao Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, que
aprova o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do impacto Ambiental.
ARTIGO 7
(Auditoria ambiental privada)

1. A auditoria ambiental privada às actividades de categoria A e B, é realizada


pelo menos uma vez por ano visando conformar os processos laborais e
funcionais do seu empreendimento com as imposições legais ambientais em
vigor.
2. A auditoria ambiental privada é realizada por pessoa singular ou colectiva que
não tenha participado como consultor ambiental, no processo de Avaliação do
impacto Ambiental da respectiva actividade e é contratada pelo empreendedor
da actividade.

ARTIGO 8
(Relatórios de auditoria ambiental)

1. Os auditores devem elaborar em triplicado um relatório completo do nível de


conformidade à legislação ambiental contendo:
a) A introdução e antecedentes da actividade auditada;
b) A metodologia usada para a criação de consenso entre os vários intervenientes
no processo;
c) O sumário executivo com constatações, conclusões e recomendações da
auditoria;
d) A apreciação dos resultados das acções recomendadas nas auditorias
anteriores;
e) O relato das conformidades e desconformidades identificadas e constatações
da auditoria.
2. Os exemplares do relatório de auditoria ambiental devem ser entregues ao
Ministério que superintende o sector do Ambiente, ao sector de tutela e à
entidade auditada.
3. A entidade auditada pode publicar o sumário executivo ou relatório se tal for
do seu interesse.
4. O Ministério que superintende o sector do Ambiente pode publicar o sumário
executivo sobre os aspectos relevantes que contribuam pela positiva ou pela
negativa para o ambiente, devendo, no entanto, respeitar as informações
classificadas como segredo industrial.
5. As recomendações da auditoria ambiental são de cumprimento obrigatório
para a entidade auditada e a sua inobservância é sancionada nos termos do
presente Regulamento.
6. A entidade auditada deve preparar um Plano de Acção baseado nas
recomendações da auditoria ambiental a ser apresentado ao Ministério para a
Coordenação da Acção Ambiental sobre os mecanismos, recursos e prazos para
a implementação das constatações e recomendações do relatório de auditoria
ambiental num prazo de 30 dias úteis após a recepção do respectivo relatório.
7. Os relatórios completos devem ser preservados, quer pelas entidades públicas,
quer pelas entidades privadas, por um período mínimo de 10 anos, e colocados
sempre que necessário à disposição da Inspecção-Geral ou do Ministério Público.

ARTIGO 9
(Custos da auditoria ambiental)
Os custos pela realização da auditoria ambiental pública são da
responsabilidade do Ministério que superintende o sector do Ambiente e os da
auditoria ambiental privada, pelo respectivo empreendedor.
ARTIGO 10
(Requisitos para auditor ambiental privado)

1. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental deve criar um sistema de


registo de auditores para o sector do Ambiente.
2. As auditorias ambientais privadas são realizadas por pessoas singulares ou
colectivas registadas nos termos do presente artigo.
3. A emissão do certificado de registo é feita mediante requerimento do
interessado dirigido ao Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental
contendo os seguintes dados:
a) Nome, nacionalidade, profissão, local de trabalho, residência habitual;
b) Certificado de qualificação académica em ciências naturais, ou em áreas afins;
c) Curriculum vitae demonstrativo da sua experiência no domínio ambiental;
d) Número Único de identificação Tributária (NUIT);
e) Prova de seguro profissional, individual ou colectivo.
4. Recebido o requerimento, o Ministério para a Coordenação da Acção
Ambiental emite o respectivo certificado de registo, num prazo não superior a
dez dias, contados a partir da data da sua recepção.
5. O Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental pode exigir, a qualquer
momento, a comprovação das informações prestadas pelo requerente.
6. Exceptua-se do disposto na alínea b) do n.º 3 do presente artigo, pessoa
singular ou colectiva que tenha 5 anos de experiência em processo de avaliação
do impacto Ambiental ou, no mesmo período, tenha participado em equipas de
auditoria ambiental.
7. No caso de sociedade, sem prejuízo das informações relativas aos seus
consultores nos termos do n.º 3, a mesma deve submeter ainda, o número de
matrícula no registo comercial e o NUIT.

ARTIGO 11
(Certificado de auditor ambiental privado)

1. O certificado de auditor ambiental privado é valido por um período de 3 anos


renováveis, mediante apresentação do Curriculum Vitae actualizado e boas
informações de serviço.
2. Pela renovação do certificado, o auditor ambiental privado sujeita-se ao
pagamento de uma taxa nos termos estabelecidos no presente Regulamento.

ARTIGO 12
(Dever de colaboração)

1. O dever de colaboração imputável aos empreendedores significa:


a) Facilitar o acesso às instalações e locais objecto de auditoria;
b) Facilitar o processo de recolha de evidências, de imagens ou de provas do
local a auditar;
c) Disponibilizar documentação e informações solicitadas, incluindo relatórios de
monitorização e de auditorias privadas.
2. Os relatórios de monitorização e de auditorias privadas devem ser enviados ao
Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental, no prazo máximo de quinze
dias após a realização da auditoria.
3. A falta de colaboração por parte do empreendedor, ou seu mandatário,
significa obstrução ou embaraço e é sancionada nos termos do presente
Regulamento.
Artigo 13
(Taxas)

1. Para efeitos de emissão do certificado de registo de auditor ambiental privado,


nos termos do n.º 4 do artigo 10, são cobradas as seguintes taxas:
a) Auditor ambiental individual ................. 10 000,00MT;
b) Auditores ambientais associados ou sociedade de consultoria em auditorias
ambientais ................. 50 000,00MT.
2. Para efeitos de actualização do certificado de registo de auditor ambiental
privado, nos termos do n.º 2 do artigo 11, são cobradas as seguintes taxas:
a) Actualização de registo de auditor ambiental individual ................. 7
500,00MT;
b) Actualização de registo da sociedade de consultoria em auditorias ambientais
35 000, 00 MT.
3. Para efeitos de emissão do certificado de registo de auditor ambiental, a título
individual ou colectivo, pela segunda via................. 12 500, 00MT.

ARTIGO 14
(Infracções e sanções)

1. A obstrução ou embaraço à realização das atribuições cometidas às entidades


referidas no presente regulamento constitui infracção administrativa e é punida
com pena de multa nos seguintes termos:
a) Para actividades de categoria A ........... 500 000,00MT;
b) Para actividades de categoria B ..... ..... 300 000,00MT;
c) Para actividades de categoria C ........... 100 000,00MT.
2. Sem prejuízo de outras sanções previstas na Lei geral, o exercício ilícito da
actividade de auditor ambiental privado, sem observância do disposto no artigo
10 do presente Regulamento, é punido com a pena de multa nos seguintes
termos:
a) Auditor ambiental individual.................. 50 000,00MT;
b) Auditores ambientais associados ou sociedade de consultoria em auditorias
ambientais 500 000,00MT.
3. É nula a auditoria ambiental realizada por um auditor ambiental não certificado
pelo Ministério que superintende o sector do Ambiente.

ARTIGO 15
(Incumprimento das recomendações de Auditorias Ambientais)

O incumprimento do disposto no n.º 5 do artigo 8 do presente Regulamento, é


punido com pena de multa nos termos que se seguem:
a) Para actividades de categoria A ............... 500 000, 00MT a 1 000 000, 00MT;
b) Para actividades de categoria B ............... 100 000, 00MT a 500 000, 00MT;
c) Para actividades de categoria C .................. 50 000, 00MT a 100 000, 00MT.

ARTIGO 16
(Graduação das multas)

1. Na aplicação das sanções administrativas concorrem as circunstâncias


agravantes e atenuantes da infracção.
2. Constituem circunstâncias agravantes da infracção:
a) A reincidência na prática da infracção;
b) O exercício pelo agente da infracção de cargo de direcção ou chefia na
entidade a auditar;
c) Quando a auditoria não é realizada por culpa exclusiva do infractor.
3. Constituem circunstâncias atenuantes da infracção:
a) O facto do agente ser infractor primário;
b) A pronta colaboração com os agentes da autoridade.
4. Caso concorra alguma das circunstâncias acima indicadas, a pena aplicável à
infracção é agravada ao dobro, ou atenuada à sua metade.

Artigo 17
(Destino dos valores cobrados)

1. Os valores das taxas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte


destino:
a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o Fundo do Ambiente (FUNAB).
2. Os valores das multas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte
destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o FUNAB.

ARTIGO 18
(Pagamento de taxas e multas)

As receitas cobradas no âmbito do presente Regulamento são entregues na


Direcção da Área Fiscal competente, por meio da guia de modelo apropriado.

ARTIGO 19
(Actualização das taxas e multas)

Compete aos Ministros que superintendem os sectores do Ambiente e das


Finanças actualizar os valores das taxas e das multas previstas no presente
Regulamento.
de 28 de Novembro (aprova o Regulamento de
Biossegurança Relativa à Gestão de Organismos
Geneticamente Modificados);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 71/2014,
de 28 de Novembro

Havendo necessidade de adequar o Regulamento de Biossegurança Relativa à


Gestão de Organismos Geneticamente Modificados, aprovado pelo Decreto no
6/2007 de 25 de Abril, ao estágio actual da biotecnologia moderna e a
biossegurança, ao abrigo da linha f) do n.º 1 do artigo 204 da Constituição da
República, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1.
É aprovado o Regulamento de Biossegurança Relativa à Gestão de Organismos
Geneticamente Modificados, em anexo, que é parte integrante do presente
Decreto.

Art. 2.
O presente Decreto estabelece normas de Biossegurança e mecanismos de
fiscalização para autorização de importação, exportação, trânsito, investigação,
libertação para o ambiente, manuseamento e uso de organismos geneticamente
modificados (OGM) e seus produtos, resultantes da biotecnologia moderna,
contribuindo para a garantia da protecção da saúde humana, ambiente e,
particularmente, a conservação da diversidade biológica.

Art. 3.
1. As normas estabelecidas pelo presente Decreto aplicam-se a todas entidades
públicas e privadas envolvidas na importação, exportação, trânsito, investigação,
libertação para o ambiente, manuseamento e uso de OGM e seus produtos em
todo território nacional.
2. O presente decreto não se aplica aos movimentos transfronteiriços de
fármacos, para seres humanos, que sejam OGM e seus produtos, e que estejam
sujeitos a legislação específica emanada de tratados e acordos internacionais.

Art. 4.
1. O Ministro que superintende o sector da Ciência e Tecnologia é a Autoridade
Nacional para Biossegurança.
2. Compete a Autoridade Nacional para Biossegurança:
a) Autorizar a importação, exportação, trânsito, investigação, libertação para o
ambiente, manuseamento e uso de organismos geneticamente modificados
(OGM) e seus produtos;
b) Aprovar as normas, regulamentos e demais instrumentos propostos pelo
Grupo Interinstitucional de biossegurança (GIIBS);
c) Emitir pareceres sobre projectos a serem submetidos ao Conselho de Ministros
que envolvam organismos geneticamente modificados;
d) Enviar ao Conselho de Ministros o relatório anual sobre o estágio da
biossegurança no país;
e) Propor ao Ministro que superintende o sector das Finanças a actualização das
taxas e multas;
f) Aprovar o orçamento para o funcionamento do Grupo Interinstitucional de
biossegurança (GIIBS);
g) Aprovar o regulamento interno do GIIBS;
h) Aprovar a criação de Comissões sectoriais específicas para apoiar
tecnicamente os órgãos fiscalizadores dos Ministérios da Agricultura, Saúde,
Ciência e Tecnologia, Acção para Coordenação Ambiental, Indústria e Comércio,
Finanças e outros em relação a matérias da sua competência.
Art. 5.
1. O Grupo Interinstitucional de biossegurança, adiante designado GIIBS é um
órgão multissectorial, multidisciplinar e de carácter consultivo para prestar
assessoria técnico-científica ao Governo e à Autoridade Nacional para
biossegurança, à qual se subordina.
2. O GIIBS é coordenado por um Secretário Executivo nomeado pela Autoridade
Nacional de biossegurança, ouvidos os Ministros que superintendem o sector da
Agricultura, Coordenação da Acção Ambiental e Saúde.
3. O GIIBS é composto por um representante com notório saber científico e
técnico de cada uma das instituições a seguir indicadas, designadas pelos
respectivos dirigentes:
a) Ministério da Agricultura;
b) Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental;
c) Ministério da Saúde;
d) Ministério da Ciência e Tecnologia;
e) Ministério da Indústria e Comércio;
f) Ministério das Pescas;
g) Ministério da Educação;
h) Ministério da Planificação e Desenvolvimento;
i) Ministério das Finanças;
j) Autoridade Tributaria de Moçambique;
k) Representante de Instituições de Ensino Superior;
l) Instituições de Investigação Científica;
m) Sector Empresarial;
n) Associação de Camponeses;
o) Associação dos Micro-importadores;
p) Associação de defesa do Consumidor.

Art. 6.
Compete à Autoridade Nacional biossegurança aprovar as normas
complementares necessárias a implementação efectiva do presente Decreto sob
proposta do Grupo Interinstitucional de Biossegurança.

Art. 7.
É revogado o Decreto n.º 6/2007, de 25 de Abril e demais legislação que
contrariam o presente Decreto.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 30 de Setembro de 2014.


Publique-se.
O Primeiro- Ministro, Alberto Clementino António Vaquina.

Regulamento sobre Biossegurança Relativa à Gestão de Organismos


Geneticamente Modificados

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Os termos usados no presente Regulamento constam do glossário, em anexo, que


dele faz parte integrante.
ARTIGO 2
(Objecto)

O presente regulamento estabelece normas de biossegurança e mecanismos de


fiscalização para autorização de importação, exportação, trânsito, investigação,
libertação para o ambiente, manuseamento e uso de organismos geneticamente
modificados (OGM) e seus produtos, resultantes da biotecnologia moderna,
contribuindo para a garantia da protecção da saúde humana, ambiente,
particularmente a conservação da diversidade biológica.

ARTIGO 3
(Âmbito)

1. As normas estabelecidas pelo presente Regulamento aplicam-se a todas


entidades públicas e privadas envolvidas na importação, exportação, trânsito,
investigação, libertação para o ambiente, manuseamento e uso de OGM e seus
produtos em todo território nacional.
2. O presente regulamento não se aplica aos movimentos transfronteiriços de
fármacos, para seres humanos, que sejam OGM e seus produtos, e que estejam
sujeitos a legislação específica emanada de tratados e acordos internacionais.

ARTIGO 4
(Autoridade Nacional de Biossegurança)

1. O Ministro que superintende o sector de Ciência e Tecnologia é a Autoridade


Nacional de Bio-Seguranca adiante designada ANB.
2. Compete à Autoridade Nacional de Bio-Seguranca:
a) Autorizar a importação, exportação, trânsito, investigação, libertação para o
ambiente, manuseamento e uso de organismos geneticamente modificados
(OGM) e seus produtos;
b) Aprovar as normas, regulamentos e demais instrumentos propostos pelo
grupo interinstitucional de Bio -Segurança (GIIBS);
c) Emitir pareceres sobre projectos a serem submetidos ao Conselho de Ministros
que envolvam organismos geneticamente modificados;
d) Enviar ao Conselho de Ministros o relatório anual sobre o estágio da Bio-
Segurança no país;
e) Propor ao Ministro que superintende o sector das Finanças a actualização das
taxas e multas;
f) Aprovar o orçamento para o funcionamento do grupo interinstitucional de Bio-
Segurança (GIIBS);
g) Aprovar o Regulamento Interno do GIIBS;
h) Aprovar a criação de Comissões sectoriais específicas para apoiar
tecnicamente os órgãos fiscalizadores dos Ministérios da Agricultura, Saúde,
Ciência e Tecnologia, Acção para Coordenação ambiental, Indústria e Comércio,
Finanças e outros em relação a matérias da sua competência.

ARTIGO 5
(Grupo Interinstitucional de Biossegurança)

1. O Grupo interinstitucional de Bio-Segurança, adiante designado por GIIBS é um


órgão multissectorial, multidisciplinar e de carácter consultivo para prestar
assessoria técnico-científica ao Governo e a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança a qual subordina-se.
2. O GIIBS é composto por um representante com notório saber científico e
técnico de cada uma das instituições a seguir indicadas, designadas pelos
respectivos dirigentes:
a) Ministério da Agricultura;
b) Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental;
c) Ministério da Saúde;
d) Ministério da Ciência e Tecnologia;
e) Ministério da Indústria e Comércio;
f) Ministério das Pescas;
g) Ministério da Educação;
h) Ministério da Planificação e Desenvolvimento;
i) Autoridade Tributária de Moçambique;
j) Instituições de Ensino Superior;
k) Instituições de Investigação Científica;
l) Sector empresarial;
m) Associação de Camponeses;
n) Associação dos Micro-importadores;
o) Associação de defesa do Consumidor.
3. O GIIBS é dirigido por um Secretário Executivo nomeado pela Autoridade
Nacional de Biossegurança ouvido os Ministros que superintendem o sector da
Agricultura, Coordenação da Acção Ambiental e Saúde.
4. As designações para GIIBS das entidades referidas no n.º 2 do presente artigo
são feitas para períodos de 4 anos, renováveis.
5. O GIIBS pode convidar em função da matéria para sessões de trabalho,
membros de outros sectores, sociedade civil, especialistas ou técnicos cuja
idoneidade científica e técnica justifique que sejam consultados.
6. O funcionamento do GIIBS é regido por um Regulamento Interno a ser
aprovado pela ANB.

ARTIGO 6
(Competências do GIIBS)

Compete ao GIIBS nos termos do presente Regulamento:


a) Assessorar ao Governo e a Autoridade Nacional de Bio-Segurança sobre
matérias referentes a Bio-Segurança envolvendo organismos geneticamente
modificados;
b) Elaborar normas que abordem os objectivos de desenvolvimento sustentável
do país e consistentes com os acordos internacionais relativos a Bio-Segurança e
submetê-las à aprovação da Autoridade Nacional de Bio-Segurança;
c) Emitir pareceres técnicos sobre os pedidos de autorização sobre OGM e seus
produtos em coordenação com outras entidades relevantes, e submeter a decisão
da Autoridade Nacional de Bio-Segurança;
d) Analisar, tramitar e registar os processos referentes aos pedidos sobre OGM e
seus produtos;
e) Coordenar o processo de avaliação e gestão de riscos de OGM e seus produtos
com os demais sectores;
f) Coordenar o processo de consulta pública para sensibilização e participação
pública nos processos de decisão sobre OGM e seus produtos;
g) Elaborar e propor à aprovação do ANB o orçamento para o seu funcionamento;
h) Fixar os requisitos técnico-científicos para o uso em condições de contenção
e ensaios com OGM e seus produtos e submetê-los à aprovação da Autoridade
Nacional de Bio-Segurança;
i) Fixar os requisitos relativos a Bio-Segurança para autorização de
funcionamento de laboratórios, instituições ou empresas que desenvolvem
actividades relacionadas com OGM e seus produtos e submetê-los à aprovação
da Autoridade Nacional de Bio-Segurança;
j) Elaborar normas relativas a responsabilidade e indemnizações pelos danos
causados nas actividades envolvendo OGM e submetê-las à aprovação da
Autoridade Nacional de Bio-Segurança;
k) Propor a criação de Comissões sectoriais específicas à ANB;
l) Promover a formação e disseminação de informação sobre Bio-Segurança;
m) Elaborar e submeter à Autoridade Nacional de Bio--Segurança relatórios
técnicos periódicos sobre o estágio da Biossegurança no País;
n) Assessorar a Autoridade Nacional de Biossegurança na monitoria e avaliação
da implementação do presente Regulamento.

CAPÍTULO II
Processo de tramitação e obtenção de autorização

ARTIGO 7
(Tramitação e autorização do pedido)

1. A realização de actividades com OGM está sujeita a autorização da Autoridade


Nacional de Bio-Segurança.
2. O pedido deve ser submetido no Ministério da Ciência e Tecnologia dirigido a
Autoridade Nacional de Bio-Segurança, devidamente preenchido em função do
pedido em conformidade com os formulários constantes no anexo IV.
3. Sem prejuízo do disposto no n.º 4 do presente artigo, a renovação de
autorização com OGM poder ser considerada desde que se trate do mesmo tipo
de organismo, construção genética e actividade como previamente autorizado.
4. Recebido o pedido o GIIBS deve:
a) Verificar se o pedido foi devidamente preenchido;
b) Acusar a recepção do pedido;
c) Caso o processo do pedido se ache incompleto ou deficiente, devolvê-lo ao
proponente com a lista de informação requerida para correção;
d) Caso o processo do pedido se ache completo, inicia-se o processo de avaliação
oficial incluindo a submissão do pedido ao processo de revisão pelos grupos de
revisão do GIIBS bem como à consulta pública.
5. O GIIBS após avaliação do pedido submete o seu parecer à decisão da
Autoridade Nacional de Bio-Segurança.
6. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança emite a decisão, consoante a
natureza do pedido, no prazo fixado no presente regulamento contados a partir
da data de recepção do pedido.

ARTIGO 8
(Publicidade das decisões)

As autorizações da Autoridade Nacional de Bio-Segurança devem ser


publicadas na página oficial da Autoridade Nacional de Bio-Segurança sem
prejuízo da confidencialidade nos termos do artigo 66 do Regulamento sobre
Bio-Segurança e outra legislação aplicável sobre a matéria.

ARTIGO 9
(Despacho de autorização)

1. O Despacho de autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve


conter:
a) Nome e endereço da entidade autorizada;
b) Breve descrição da actividade autorizada;
c) Validade de autorização da actividade com OGM;
d) O código de referência para ser usado em todas correspondências
subsequentes relativas à autorização desta actividade com OGM;
e) Os termos e condições sob os quais a autorização é concedida;
f) A fundamentação legal.
2. O processo de renovação é o mesmo que o descrito para um novo pedido no
artigo 7 do presente Regulamento.
Artigo 10
(Prova de idoneidade técnica e financeira)

1. O proponente deve ter instalações e recursos materiais, financeiros e humanos


adequados para exercício de actividade com OGM no estrito cumprimento dos
Termos e Condições de Autorização.
2. A entidade autorizada deve garantir que todo pessoal envolvido no
manuseamento do material OGM, incluindo o transporte, recepção
armazenamento e realização e conclusão da actividade principal, tenha
educação, formação, experiência e conhecimento sobre todos os requisitos
relevantes necessários ao manuseamento seguro dos OGM.
3. As instalações propostas ou em uso para o exercício de actividades com OGM
estarão sujeitas à inspecção com vista à verificação da adequação à realização
da actividade em questão.
4. A falta de prova de capacidade em termos de instalações e recursos materiais,
financeiros e humanos adequados para exercício de actividade com OGM em
plena observância dos termos e condições de autorização, constitui um
fundamento suficiente para rejeição do pedido ou suspensão da actividade.

ARTIGO 11
(Responsabilidades do proponente)

1. Todos os custos decorrentes da tramitação processual do pedido,


implementação dos termos e condições de autorização, adopção de medidas de
controlo e gestão de riscos, reparação dos danos resultante de OGM bem como
a fiscalização das actividades com OGM correm por conta do proponente.
2. Constitui responsabilidade da entidade autorizada, realizar escrupulosamente
a actividade especificada na autorização e em obediência plena aos Termos e
Condições de Autorização neles estipulados.
3. Esta responsabilidade é extensiva aos actos dos seus trabalhadores,
subcontratados e agentes contratados para o propósito da realização da
actividade com OGM.
4. A entidade autorizada deve garantir que as actividades com OGM e seus
efeitos sejam circunscritos ao ambiente autorizado.

ARTIGO 12
(Restrição do número e área de abrangência)

1. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança pode restringir o número de


aprovações concedidas e/ou dimensão da área de abrangência da actividade
com OGM como uma medida de precaução.
2. Estas restrições devem ser determinadas por circunstâncias específicas e
podem ser aplicadas com respeito aos proponentes, construções genéticas,
características fenotípicas, ou outro critério à discrição da Autoridade Nacional
de Bio-Segurança.

CAPÍTULO III
Importação, exportação e trânsito

Secção I
Importação

ARTIGO 13
(Consumo humano e animal ou processamento)

1. Sem prejuízo da legislação aplicável, a importação de OGM e seus produtos


para o consumo humano e animal, bem como para o processamento de alimentos,
carece de autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança, devendo o
operador, para além dos requisitos gerais, observar os seguintes:
a) Submeter o relatório de avaliação e gestão de riscos para a saúde pública e o
ambiente, incluindo as medidas de monitoria, previstas no artigo 44 do presente
Regulamento;
b) Apresentar a informação exigível à luz do presente Regulamento.
2. O operador pode ser solicitado a submeter amostras para efeitos de testagem.
3. Após a avaliação da documentação exigida, a Autoridade Naci onal de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de importação para o
consumo humano, animal ou processamento e comunicá-la ao operador no prazo
de noventa dias.
4. A entrada de OGM e seus produtos deverá ser efectuada nas condições
descritas na autorização, nas datas e pontos de entrada nela indicados, podendo
contemplar vários lotes da mesma mercadoria.
5. A validade da autorização é de um ano, findo o qual o operador deverá solicitar
nova autorização.

ARTIGO 14
(Emergência)

1. A importação de OGM ou seus produtos para fins de emergência, oficialmente


decretada pelo órgão competente para o efeito só poderá ser efectuada
mediante autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança e apenas nos
casos de extrema necessidade, desde que não haja soluções alternativas para
responder em tempo útil à emergência, e só será permitida para produtos
destinados ao consumo humano.
2. Os alimentos geneticamente modificados em grão, importados ao abrigo do
presente Regulamento, deverão ser previamente processados antes da sua
disponibilização aos destinatários finais, visando evitar a sua utilização como
semente.
3. O pedido de importação para emergência é feito sob proposta do Instituto
Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), acompanhada de um documento
oficial que decreta a emergência.
4. A autorização de importação obtida só é válida enquanto vigorar a situação
de emergência.
5. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve tomar uma decisão sobre o
pedido de importação para emergência num período máximo de quinze dias
úteis.
6. Em caso de necessidade de informação adicional, o período referido no
número anterior poderá ser prolongado por mais quinze dias.
7. Para os efeitos do n.º 1 do presente artigo, o operador deverá descrever as
medidas de monitoria que a entidade importadora deve adoptar no processo de
importação e transporte dos alimentos contendo OGM.
8. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança poderá solicitar a submissão de
amostras para efeitos de testagem.
9. As entidades que pretendam realizar pela segunda vez a mesma operação,
deverão submeter cópia da documentação usada a quando da primeira
solicitação, referente ao mesmo produto.

ARTIGO 15
(Importação para uso em condições de contenção)

1. Sem prejuízo da legislação aplicável, a importação de OGM e seus produtos por


qualquer pessoa ou entidade, pública ou privada para uso em condições de
contenção, carece de autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança,
devendo o operador, para além dos requisitos gerais, observar o seguinte:
a) Assegurar que o desenvolvimento de OGM e seus produtos seja realizado em
condições de contenção;
b) Comprovar que o laboratório e as estufas cumprem com as normas de
segurança e estão devidamente credenciados para o exercício de actividades
com OGM em condições de contenção no território nacional.
2. Após exame da documentação exigida, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de importação para uso em
condições de contenção e comunicá-la ao operador no prazo máximo de noventa
dias.
3. A autorização será válida para a importação num único lote, que deverá ser
efectuada num período de seis meses.

ARTIGO 16
(Importação para ensaios confinados)

1. Sem prejuízo da legislação aplicável, a importação de OGM e seus produtos por


qualquer pessoa ou entidade, pública ou privada, para fins de ensaios confinados,
carece de autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança, devendo o
operador, para além dos requisitos gerais, observar o seguinte:
a) Apresentar os resultados dos estudos realizados sob condições de contenção
dentro ou fora do país incluindo a descrição do OGM, as espécies visadas,
ambiente receptor e informações sobre avaliação de riscos efectuada;
b) Apresentar a proposta de projecto de investigação;
c) Apresentar um pedido de registo de OGM e seus produtos;
d) Fornecer informações sobre as medidas a adoptar para o confinamento de
OGM e seus produtos dentro do local do ensaio, bem como para monitoria,
controlo e gestão dos riscos da actividade, a fim de garantir a segurança para a
saúde humana e meio ambiente.
2. Após exame da documentação exigida, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de importação para ensaio
confinado e comunicá-la ao operador no prazo máximo de noventa dias;
3. A autorização deve ser válida para a importação num único lote, que deverá
ser efectuada num período de seis meses.

ARTIGO 17
(Importação e comercialização de OGM para fins de consumo humano e animal)

1. Para além dos requisitos previstos no artigo 13 a actividade de importação e


comercialização de OGM e seus produtos, o proponente deve:
a) Submeter o pedido juntamente com formulário de registo OGM e Relatório de
Avaliação e Gestão Riscos em conformidade com o estipulado no Anexo 4;
b) Provar a idoneidade legal nomeadamente, através de Estatuto publicado no
Boletim da República, a Certidão Definitiva actualizada emitida pela entidade do
registo legal, as licenças e alvará para exercício de importação e comercialização
em geral e em especial de OGM e Certidão de Quitação e Registo Fiscal;
c) Comprovar que possui instalações adequadas e pessoal com formação e
experiência que garantam manuseamento seguro dos OGM nos termos do
presente regulamento.
2. O processo de autorização será efectuado à luz do presente Regulamento
devendo a Autoridade Nacional de Bio-Segurança emitir a decisão sobre o
pedido de actividade no prazo de 90 dias após exame e aprovação da
documentação.
3. A autorização será valida por um ano devendo o proponente efectuar a
operação em estrito cumprimento dos termos e condições de autorização.
SECÇÃO II
Exportação

ARTIGO 18
(Requisitos exportação)

1. A exportação de OGM e seus produtos está condicionada às exigências dos


países destinatários.
2. Não é permitida a re-exportação de OGM a partir do território nacional.

ARTIGO 19
(Inspecção para exportação)

1. O exportador ou seu representante deve:


a) Apresentar o pedido de inspecção, quarenta e cindo dias antes da exportação
da mercadoria, e comprovar o cumprimento dos requisitos do país destinatário;
b) Facultar os meios necessários para a correcta realização da inspecção,
suportando as respectivas despesas.
2. Caso se verifique alguma anomalia no acto de inspecção, não deve ser
autorizada a exportação da mercadoria.

SECÇÃO III
Trânsito de OGM e seus produtos

ARTIGO 20
(Procedimentos para trânsito)

1. As operações de trânsito de OGM e seus produtos através do território nacional,


com destino a outros países da região, deverão observar os seguintes requisitos:
a) Pedido de autorização de trânsito dirigido à Autoridade Nacional de Bio -
Segurança;
b) Apresentação da autorização de importação emitida pelo País destinatário,
com as datas previstas para o movimento na fronteira;
c) Apresentação do termo de responsabilidade de recepção, emitido pelo país
destinatário ou pelo país através do qual transitarão os produtos imediatamente
depois de passar do território nacional.
2. Após o exame da documentação exigida, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de trânsito de OGM e seus
produtos e comunicá-la ao operador.
3. Em caso de aprovação do pedido de trânsito, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve emitir um certificado de trânsito, antes da partida da carga do
país de origem, num prazo máximo de quarenta e cinco dias a partir da data de
submissão do pedido.
4. Toda a carga contendo OGM e seus produtos deverá estar devidamente selada
e acondicionada.
5. O operador deverá exibir o certificado de trânsito e o certificado de seguro
sempre que solicitado.

ARTIGO 21
(Trânsito de alimentos destinados a países da região em situação de
emergência)

1. Qualquer entidade estrangeira que pretenda importar alimentos contendo


OGM, destinados aos países da região em situação de emergência, efectuando o
trânsito através do território nacional, deverá apresentar a proposta à Autoridade
Nacional de Bio-Segurança, devendo observar os seguintes requisitos:
a) Autorização da importação pelo país destinatário ou país através do qual
transitarão os produtos imediatamente depois de passar do território nacional;
b) Plano de contingência em caso de acidente;
c) Certificados de trânsito;
d) Apresentação de seguro de risco ou depósito antecipado de uma caução;
e) Apresentação do termo de responsabilidade de recepção, emitido pelo país
destinatário ou país através do qual transitarão os produtos imediatamente
depois de passar do território nacional;
f) Datas previstas do movimento na fronteira e respectivos pontos de entrada e
saída.
2. Os documentos referidos no número anterior devem ser submetidos à
Autoridade Nacional de Bio-Segurança quinze dias úteis antes da partida da
carga do país exportador.
3. Toda a mercadoria em trânsito deverá ser transportada em contentores
devidamente selados e rotulados.

CAPÍTULO IV
Investigação

ARTIGO 22
(Uso em condições de contenção)

1. O desenvolvimento de OGM no País, por entidades públicas ou privadas, para


fins de investigação científica carece de autorização da Autoridade Nacional de
Bio-Segurança.
2. O desenvolvimento de OGM deve ser apenas permitida em condições de
contenção, devendo o operador:
a) Submeter o projecto de investigação e as medidas a serem adoptadas para
monitoria, controle e gestão de riscos da actividade;
b) Comprovar que o laboratório e as estufas cumprem com as normas de
segurança e estão devidamente credenciados para o exercício de actividades
com OGM em condições de contenção no território nacional.
3. Após exame da documentação exigida, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de desenvolvimento de OGM
e seus produtos e comunica--la ao operador no prazo máximo de noventa dias.

ARTIGO 23
(Requisitos para uso em condições de contenção)

Com vista ao uso de OGM em condições de contenção o operador deve:


a) Submeter o projecto de investigação;
b) Submeter prova de idoneidade técnica e financeira;
c) Comprovar que as instalações satisfazem as normas de segurança e estão
devidamente credenciadas para o uso de OGM em condições de contenção no
território nacional;
d) Submeter o plano detalhando as medidas a ser adoptadas para a monitoria,
controlo e gestão de riscos da actividade incluindo o acondicionamento e gestão
de resíduos da actividade de acordo com o Anexo X das Normas de Avaliação e
Gestão de Riscos.

ARTIGO 24
(Monitoria e fiscalização)

1. A entidade autorizada irá manter os registos sobre actividade com OGM e


prestar relatórios dentro dos prazos regulamentares estipulados nos termos e
condições de autorização ao abrigo do previsto no presente Regulamento.
2. O uso de OGM em condições de contenção será sujeito a fiscalização pela
Autoridade Nacional de Bio-Segurança e a não observância das normas de
segurança será sancionada nos termos previstos no presente regulamento.

ARTIGO 25
(Ensaios confinados)

1. A realização de ensaios confinados por qualquer pessoa ou entidade, pública


ou privada carece de prévia autorização da Autoridade Nacional de Bio-
Segurança, devendo o operador, para além de requisitos gerais, observar o
seguinte:
a) A realização de ensaios confinados deve estar sujeito à apresentação pelo
operador dos resultados dos estudos realizados sob condições de contenção
dentro do país e outros locais, incluindo a descrição do OGM, as espécies visadas,
ambiente receptor e informações sobre avaliação de riscos efectuada;
b) Apresentar a proposta de projecto de investigação;
c) Fornecer informações sobre as medidas a adoptar para o confinamento de
OGM e seus produtos dentro do local do ensaio, bem como para monitoria,
controlo e gestão dos riscos da actividade, a fim de garantir a segurança para a
saúde humana e meio ambiente.
2. Após exame da documentação exigida, a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança deve tomar uma decisão sobre o pedido de realização do ensaio e
comunicá-la ao operador no prazo máximo de noventa dias.
ARTIGO 26
(Estabelecimento dos ensaios envolvendo plantas OGM)

1. A realização de ensaios, para além dos demais requisitos estipulados ao abrigo


do presente, está sujeita aos seguintes aspectos:
a) O plantio do material OGM deve ser feito nas datas previstas de acordo com
autorização emitida pela Autoridade Nacional de Bio-Segurança;
b) As áreas de plantas não-OGM usadas para bordaduras ou tampões podem ser
plantadas antes da data de autorização se for desejável;
c) Para evitar o escape dos genes do local do ensaio, as plantas OGM em teste,
devem ser reprodutivamente isoladas das plantas sexualmente compatíveis
existentes proximidades do local do ensaio;
d) Podem ser usados métodos alternativos do isolamento reprodutivo em
substituição ou em acréscimo à faixa de isolamento dependendo da cultura e
circunstâncias do ensaio específico;
e) A parte Autorizada deve garantir a monitoria da faixa de isolamento espacial
e destruir ou remover as plantas proibidas antes da floração, para garantir o
isolamento reprodutivo.
2. Exige-se que o proponente submeta os detalhes e a fundamentação que
sustente sua utilização nos casos em que estas técnicas são usadas como meio
primário de isolamento reprodutivo para um ensaio.
3. A violação do isolamento reprodutivo deve ser reportada à Autoridade
Nacional de Bio-Segurança, reservando-se esta última, o direito de exigir que a
entidade autorizada tome medidas correctivas ou preventivas apropriadas na
sequência da violação do isolamento reprodutivo incluindo a destruição imediata
do ensaio.
4. A Parte Autorizada será responsabilizada por quaisquer consequências legais
e financeiras resultantes da violação de isolamento reprodutivo.

ARTIGO 27
(Identificação do local do ensaio e parcelas)

1. O local do ensaio deve ser identificado com um sinal indicando o número da


autorização, a natureza das plantas OGM envolvidas e os fins da investigação em
conformidade com a autorização emitida pela Autoridade Nacional de Bio -
Segurança.
2. Todos os cantos do local do ensaio devem ser marcados por postes com sinais
adequados para identificação do local durante o estudo e o período de restrição
pós-colheita.
3. Devem ser indicadas as coordenadas do GPS do local do ensaio e a distância
ao ponto de referência permanente como uma árvore, casa, poço ou vedação
para futura referência.
4. Cada parcela individual de plantas OGM dentro do ensaio deve ter uma
etiqueta estabelecendo a identidade específica de plantas OGM.
5. Exige-se que se forneça um mapa do local que mostra a localização do sítio de
acordo com o previsto no anexo 4.

ARTIGO 28
(Monitoria do ensaio e prestação do relatório)

1. Todos os locais de ensaios devem ser monitorados de conformidade com o


previsto no Anexo IV, ao caso aplicável, para garantir o isolamento reprodutivo
e confinamento do material bem como para recolher os dados sobre as
características das plantas OGM sendo testados devendo observar-se o seguinte:
a) Verificar a presença de plantas proibidas, pelo menos mensalmente, desde o
plantio até à colheita do ensaio;
b) Documentar o processo de verificação, identificação e destruição das plantas
proibidas;
c) Monitorar o crescimento e desenvolvimento das plantas OGM pelo menos
semanalmente desde o plantio até à colheita do ensaio;
d) Reportar à Autoridade Nacional de Bio-Segurança quaisquer efeitos
imprevistos no crescimento e desenvolvimento das plantas comparados com o
controle de plantas não-modificadas;
e) Reportar quaisquer efeitos imprevistos das plantas geneticamente
modificadas nas espécies não-alvo em comparação com o controle de plantas
não-modificadas.
2. A entidade autorizada deve notificar a Autoridade Nacional de Bio-Segurança,
por escrito, dentro de cinco (5) dias úteis caso as plantas OGM exibam,
substancialmente, características inesperadas substanciais, ou caso ocorra um
evento que pode perigar o confinamento do material.
3. A Entidade autorizada deve submeter um Relatório Experimental dentro de
seis (6) meses após a conclusão do ensaio resumindo as observações, métodos
de observação, dados e análise dos resultados experimentais relativos ao ensaio,
observações necessárias e efeitos inesperados.
4. A parte Autorizada deve submeter um Relatório de Pós-Colheita dentro de 6
meses após a conclusão do período de pós-colheita devendo o referido incluir
um sumário das observações sobre plantas voluntárias e sua destruição, qualquer
dado e análise não anteriormente submetidos e quaisquer medidas de respostas
tomadas pela entidade autorizada exigidas pela Autoridade Nacional de Bio-
Segurança.

ARTIGO 29
(Colheita e acondicionamento do material da planta OGM)

1. Nenhum material vegetal do local do ensaio de campo pode ser usado na


alimentação humana e/ou animal.
2. O material de plantas OGM deve ser acondicionado no local do ensaio de
campo a menos que o seu movimento para fora do local seja autorizado pela
Autoridade Nacional de Bio-Segurança.
3. O material vegetal colhido do ensaio confinado que é retido para futura
pesquisa deve ser acondicionado de maneira a evitar que este entre na
alimentação humana ou animal.
4. A entidade autorizada deve notificar a Autoridade Nacional de Bio -Segurança
com pelo menos cinco (5) dias úteis de antecedência à data prevista para a
colheita de forma que um inspector possa estar presente durante a colheita.
5. Onde a semente ou outro material de propagação está sendo colhido, será
realizado um processo de inspecção e verificação para garantir que nenhum
material retido na indumentária ou corpos dos trabalhadores seja removido do
local.

ARTIGO 30
(Pós-collheita)

1. A parte autorizada exige-se que tome medida para prevenir que a progénie
proveniente das plantas OGM existentes no local do ensaio se estabeleçam e
floresçam após a conclusão do ensaio.
2. Será fixado, pela Autoridade Nacional de Bio-Segurança ouvido o GIIBS um
período de restrição de pós-colheita e monitoria dependendo da natureza do
material de propagação que permanece no local do ensaio e a biologia
reprodutiva da espécie.

CAPÍTULO V
Libertação para o ambiente e produção

ARTIGO 31
(Requisitos para libertação para o ambiente)

1. A libertação de OGM para o ambiente será permitida mediante autorização da


Autoridade Nacional de Bio-Segurança.
2. Para os efeitos do n.º 1 do presente artigo, o operador deverá observar os
seguintes requisitos:
a) Comprovar que foram feitos estudos de campo com o OGM em causa ou seus
produtos, no País e noutros locais, e indicar os resultados obtidos;
b) Submeter o relatório de avaliação e gestão de riscos para a saúde pública e o
ambiente e as medidas de monitoria bem como o relatório da avaliação do
impacto socioeconómico da actividade;
c) Apresentar a informação estipulada no parágrafo 1 do artigo 13 do presente
Regulamento;
d) Declarar detalhadamente a fonte de origem, condições de armazenamento e
transporte dos OGM e seus produtos;
e) Apresentar o plano de monitoria de toda a actividade, incluindo as medidas a
tomar para o relacionamento com os produtores vizinhos e a monitoria pós-
libertação.
3. Após a apreciação das acções de monitoria e controle contidas no relatório de
avaliação e gestão de riscos, bem como no relatório de avaliação do impacto
socioeconómico da actividade, a Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve
tomar decisão sobre o pedido de libertação de OGM e seus produtos para o
ambiente e comunicá-la ao operador no prazo máximo de cento e oitenta dias.

ARTIGO 32
(Estabelecimento de locais de produção)

O estabelecimento dos locais de produção de OGM está sujeita aos requisitos


estipulados no presente Regulamento sobre Bio-Segurança.
CAPÍTULO VI
Transporte, identificação, rotulagem e embalagens

ARTIGO 33
(Transporte e armazenamento)

1. Os OGM ou seus produtos devem ser transportados e armazenados de maneira


que sejam claramente identificados como material OGM e se previna que estes
sejam inadvertidamente misturados com material não-OGM devendo-se observar
o seguinte:
a) As mercadorias contendo OGM devem ser transportados e armazenados em
contentores separados;
b) Em caso de cargas transportadas ou armazenadas em contentores múltiplos,
todos os contentores com OGM e seus produtos devem ser enumerados
sequencialmente e o número total de contentores indicado na ficha do transporte
e do armazenamento;
c) Documentar toda a comunicação com o proponente /ou destinatário da carga
num ficheiro apropriado.
2. Todo material de OGM ou seu produto deve ser armazenado e mantido de tal
forma que se preserve a sua identidade, segurança e integridade e se garanta o
seu confinamento observando-se os seguintes requisitos:
a) O acesso ao local de armazenamento será restrito ao pessoal autorizado;
b) A instalação ou local de armazenamento será devidamente sinalizada;
c) O material OGM será mantido separado dos materiais não-OGM caso seja
guardado ou mantidos na mesma instalação ou área;
d) O material OGM é claramente rotulado para evitar que seja erradamente
identificado com materiais não-OGM.

ARTIGO 34
(Identificação da mercadoria a transportar)

1. Para efeitos de embarque, transporte ou armazenamento todo material OGM


deve ser embalado para garantir que se reconheça a sua identidade.
2. O material OGM a ser transportado ou armazenado para uso em condições de
contenção e ensaios confinados dever ser contido em embalagens, pelo menos,
de camadas duplas.
3. Para efeitos do n.º 2 anterior, cada camada de embalagem deve ser de fabrico
e robustez tais que de forma independente se previna libertação do material sob
condições normais sendo que cada camada deve permitir que se feche e se sele
independentemente.
4. As embalagens e/ou contentores contendo OGM devem ser selada(o)s e
lacrada(o)s no ponto de origem sendo que a re-embalagem no país carece de
autorização da Autoridade Nacional de Bio-Segurança e inspecção da autoridade
competente segundo o caso.
5. Cada camada da embalagem deve ser rotulada com informação suficiente para
estabelecer facilmente a identidade e reconhecimento do conteúdo e dados de
contacto da pessoa de contacto incluindo:
a) Declaração: “Contem organismos geneticamente modificados”;
b) Nomes comum e científico e, onde existam, os nomes comerciais do OGM;
c) Código do evento de transformação e/ou, onde exista, o código de
identificador único registado no Mecanismo de Troca de Informação (BCH) bem
como e site da internet do BCH;
d) Dados de contacto do exportador, importador ou outra autoridade indicada
pelo governo para efeito de prestação de informação adicional;
e) Fim a que se destina a carga/mercadoria;
6. A informação requerida nas alíneas a), b, c) e d) do n.º 5 do presente artigo
deve ser de fácil reconhecimento e ter o mesmo destaque da informação de
promoção do produto.
7. As cargas/mercadorias contendo OGM devem ser acompanhadas dum folheto
informativo que, para além de informação requerida em a), b), c) e d) do n.º 5,
deve incluir informação sobre as medidas para manuseamento seguro do material
em questão.
8. Todos os contentores devem ser retidos durante a vigência do período de
autorização ou até que um agente designado pela Autoridade Nacional de Bio-
Segurança autorize o seu descarte ou libertação.
9. Caso o descarte ou libertação for autorizado, os contentores primários que
estão em contacto com o material OGM e seus produtos devem ser limpos de
qualquer material com capacidade de reprodução.
10. Depois de embalagem ter sido verificada pela inspecção vi sual e
documentada estar isenta do material de propagação, pode ser descartada por
enterro, incineração ou meios semelhantes.
11. As camadas exteriores que não estão em contacto com material OGM e seus
produtos podem ser devolvidas para uso geral sem restrição a menos que tenha
ocorrido uma rotura do contentor primário, sendo que neste caso, a embalagem
que tenha entrado em contacto com o material OGM é tratada como embalagem
primária.

ARTIGO 35
(Documentação do transporte e armazenamento)

1. Todas as cargas de material OGM devem ser acompanhadas por um Formulário


de Transporte que estabelece a sua identidade e a identidade das partes
remetentes e destinatária sem conformidade com o Anexo 4.11
2. O Formulário de Transporte serve como registo oficial do transporte e da
documentação da cadeia de custódia da carga.
3. Pode-se juntar listas de inventário adicionais para listar todos itens contidos
na carga.
4. O destinatário da carga deve reter uma cópia do Formulário de Transporte
preenchido e toda documentação relativa à carga.
5. Uma cópia do Formulário de Transporte deve ser enviado ao Remetente para
confirmar a recepção da carga.
6. Cópias de toda documentação associada à carga contendo material OGM
devem ser enviadas à Autoridade Nacional de Bio-Segurança.
7. As originais devem ser retidas pela parte autorizada ou seu agente.
8. A parte destinatária irá verificar cuidadosamente a carga devendo observar os
seguintes requisitos:
a) Preencher a informação relativa ao destinatário no Formulário de Transporte;
b) Verificar se a embalagem está intacta ou que não houve ocorreu nenhuma fuga
do material de OGM;
c) Anotar qualquer danificação dos contentores no devido lugar do Formul ário
do Transporte;
d) Notificar imediatamente a Autoridade Nacional de Bio-Segurança caso se
suspeite ou tenha ocorrido qualquer fuga de material OGM seguindo os
procedimentos definidos no formulário de registo de ocorrências constantes no
anexo 4 das presentes Normas Complementares;
e) Verificar se todos os itens constantes no Formulário de Transporte e quaisquer
listas de inventários foram recebidos;
f) Notificar o remetente imediatamente e/ou transportador para localizar
qualquer embalagem ou itens em falta;
g) Notificar imediatamente a Autoridade Nacional de Bio-Segurança se, por
ventura, não se puder localizar uma embalagem de acordo com os procedimentos
definidos no Formulário do registo de ocorrências constante no anexo 4 das
presentes Normas Complementares;
h) Registar os itens da carga no inventário num armazém seguro;
i) Preparar as cópias da documentação preenchida para serem mantidas no
ficheiro nas instalações onde ocorre a actividade com OGM;
9. A parte autorizada deve manter um inventário actualizado de todo material
OGM em armazenamento ou manutenção na instalação ou área de
armazenamento devendo este estar disponível para inspecção por agentes da
Autoridade Nacional de Bio-Segurança.

ARTIGO 36
(Manutenção de Registos)

1. A parte Autorizada deve manter registos claros, autênticos e prontamente


acessíveis documentando as actividades críticas com OGM.
2. São exigidos os registos relativos a:
a) Transporte, incluindo a descrição do material transportado, método do
transporte, custódia autorizada;
b) Armazenamento, incluindo o local e segurança;
c) Confinamento do material no local da actividade, incluindo a segurança do
local e limpeza do equipamento para garantir que nenhum material reprodutivo
escape do local de actividade;
d) Acondicionamento do material de qualquer material OGM, incluindo os
métodos usados;
e) Monitoria e aplicação do isolamento reprodutivo incluindo a descrição das
actividades realizadas dentro do local de actividade e implementação da faixa de
isolamento espacial e os métodos usados;
f) Fases críticas do progresso das actividades, incluindo transporte,
armazenamento, condução e conclusão da actividade e acondicionamento de
desperdícios;
g) Monitoria dos efeitos inesperados e outras observações exigidas estipuladas
nos termos e condições de autorização;
h) Monitoria pós-colheita;
i) Registos de qualquer libertação não autorizada ou acidental de OGM incluindo
as medidas correctivas tomadas ou planeadas;
j) Outros registos adicionais prescritos nos termos e condições de autorização.
k) Manter o registo de ocorrências.
3. Cada registo deve incluir o código de autorização da actividade, identidade da
pessoa responsável pela actividade, identidade da pessoa que faz o registo e a
data do registo.
ARTIGO 37
(Prestação de relatórios)

1. A Parte Autorizada irá prestar à Autoridade Nacional de Bio-Segurança


relatório sobre o progresso e resultados actividade incluindo os efeitos e
ocorrências invulgares ou inesperados devendo-se observar o seguinte:
a) O relatório sobre o estabelecimento da actividade incluindo esquema
definitivo do local da actividade dentro de 10 dias úteis após estabelecimento da
actividade;
b) Relatório de progresso do actividade cuja periodicidade será estipulado nos
termos e Condições de Autorização dependendo da natureza OGM e dados a ser
recolhidos;
c) Relatório sobre os dados do local da actividade 10 dias úteis após a conclusão
da actividade;
d) A entidade autorizada deve notificar, imediatamente, a Autoridade Nacional
de Bio-Segurança sobre qualquer incidente envolvendo OGM de imediato e, por
escrito, dentro de 5 dias;
e) A notificação referida na alínea d) deste artigo deve incluir quaisquer medidas
correctivas tomadas ou planeadas para confinar o material OGM e atenuar o
incidente.
2. Os locais propostos para actividades serão sujeitos à inspecção pela
Autoridade Nacional de Bio-Segurança para a verificação do cumprimento deste
dispositivo como condição para a autorização da actividade com OGM.
3. Todos os relatórios devem fazer referência ao código de autorização atribuído
à actividade e devem ser submetidos à Autoridade Nacional de Bio-Segurança.
4. Os relatórios devem ser endereçados e avaliados pela Autoridade Nacional de
Bio-Segurança podendo serem remetidos ao GIIBS para revisão e emissão de
parecer.

ARTIGO 38
(Acondicionamento do excesso e resíduos do material OGM)

1. Qualquer desperdício de material propagativo OGM deve ser registado e


desvitalizado pelo método apropriado incluindo o calor, incineração, enterro à
profundidade, tratamento químico, esmagamento ou trituração.
2. Caso seja retido o excesso do material reprodutivo, este deve ser embalado,
transportado e armazenado em conformidade com os requisitos nos termos do
artigo n.º 8 do artigo 35 do presente Regulamento.

ARTIGO 39
(Equipamento)

1. Todo o equipamento usado para o exercício de actividades com OGM deve ser
livre de qualquer material reprodutivo antes de ser movido do local da
actividade, utilizando-se, métodos apropriados de limpeza incluindo a remoção
manual, escovadela, ar comprimido, vácuo ou água.
2. Todo o equipamento será inspeccionado depois da limpeza e verificado se está
isento do material reprodutivo.

ARTIGO 40
(Segurança do local de actividade)

1. Exige-se que todos os locais usados para actividade com OGM tenham
segurança adequada para garantir o confinamento do material.
2. Todos os locais devem possuir dispositivos para limitar o acesso apenas ao
pessoal autorizado e restringir a incursão de animais de grande porte.

ARTIGO 41
(Plano de contingência)

A Parte Autorizada irá estabelecer um plano de contingência para acções que


devem ser tomadas, em caso de emergência, ou libertação não autorizada ou
acidental do material OGM.

ARTIGO 42
(Identificação e rotulagem)

1. Qualquer operador que pretenda exercer qualquer actividade com OGM e seus
produtos deve submeter a Autoridade Nacional de Bio-Segurança a
documentação que os acompanha e que permita a sua fácil identificação e
reconhecimento, devendo ainda incluir o seguinte:
a) Declaração de que a mercadoria contém OGM, nos casos em que a identidade
do OGM é conhecida por meio dos sistemas de preservação da identidade;
b) Nomes comum e científico e, onde existam, os nomes comerciais dos OGM;
c) Código do evento de transformação e/ou, onde exista e como chave para
aceder ao Mecanismo de Troca de Informação, o seu código de identificador
único nele registado, acompanhado do endereço electrónico;
d) Dados de contacto, nomeadamente do exportador, importador ou outra
autoridade, quando indicada pelo Governo para prestação de informações
adicionais;
e) Os fins a que se destina a mercadoria.
2. Todas as embalagens e/ou contentores contendo OGM e seus produtos devem
ter um rótulo e um folheto informativo, obedecendo às normas vigentes sobre
rotulagem, mencionando, em letras bem visíveis, "Contém Organismos
Geneticamente Modificados".
3. À excepção de OGM e seus produtos em trânsito através do território nacional,
destinados a países da região, todos os outros destinados ao consumo humano,
animal, processamento, investigação ou libertação, devem apresentar as
informações contidas nos rótulos redigidas em língua portuguesa e/ou inglesa e
facilmente legíveis.
4. Qualquer alteração das informações constantes no rótulo deve ser
previamente submetida à Autoridade Nacional de Bio--Segurança para a sua
aprovação.
5. As normas de rotulagem deverão ser definidas pelo GIIBS e submetidas à
aprovação da Autoridade Nacional de Bio-Segurança.

ARTIGO 43
(Embalagens)

1. As embalagens e/ou contentores contendo OGM e seus produtos devem


apresentar-se lacradas e seladas a partir do ponto de origem.
2. A re-embalagem de OGM e seus produtos no País carece de uma autorização
da Autoridade Nacional de Bio-Segurança e de inspecção pela entidade
inspectiva sectorial, segundo o caso, e deverá garantir a segurança do
manuseador e do ambiente.
3. As embalagens vazias e os desperdícios de OGM e seus produtos devem ser
devidamente tratados, segundo os procedimentos sobre gestão de riscos.

CAPÍTULO VII
Avaliação e gestão de riscos, fidelidade da informação e responsabilização

ARTIGO 44
(Avaliação e gestão de riscos)

1. A avaliação de risco de OGM e seus produtos, resultante dos pedidos de


importação, exportação, trânsito, investigação, libertação para o ambiente,
manuseamento e uso de OGM e seus produtos, deve ser realizada segundo as
exigências técnico-científicas definidas pelo GIIBS e aprovadas pela Autoridade
Nacional de Bio-Segurança.
2. A avaliação de riscos deve ser coordenada pelo GIIBS, com base nas
informações providenciadas pelo operador e pelo público, e outras provas
científicas disponíveis, de forma a identificar e avaliar os possíveis efeitos
adversos no ambiente, em particular na diversidade biológica e na saúde humana.
3. O operador deve indicar no seu pedido os mecanismos, medidas e estratégias
apropriados a serem seguidos para a gestão e controle dos riscos identificados
nos n.ºs 1 e 2 do presente artigo.
ARTIGO 45
(Fidelidade da informação e custos de tramitação de pedidos)

1. O operador é legalmente responsável por toda a informação contida nos


documentos submetidos para análise e avaliação.
2. São da responsabilidade do operador os custos decorrentes da tramitação
processual e análises a realizar.

ARTIGO 46
(Notificação e responsabilidade pelos acidentes)

1. Em caso de ocorrência de qualquer acidente envolvendo OGM e seus produtos,


o operador deve assegurar que a Autoridade Nacional de Bio-Segurança seja
informada de imediato sobre:
a) As circunstâncias em que ocorreu o acidente;
b) A identidade e quantidade de produto liberto;
c) As medidas de emergência tomadas para mitigar qualquer efeito adverso;
d) Os impactos causados e possíveis para a saúde humana, anima, e o ambiente.
2. O operador deve ser responsável pela tomada de medidas para mitigar
qualquer efeito adverso resultante de acidentes envolvendo os OGM e seus
produtos.

ARTIGO 47
(Responsabilidade pelos danos)

1. O operador deve ser responsável pelo dano resultante de actividade com


OGM e seus produtos, bem como pelos custos decorrentes da sua avaliação e
reparação do dano.
2. O GIIBS deve elaborar as regras relativas à responsabilidade e reparação de
dano no contexto da implementação do presente Regulamento e submeter a
aprovação da Autoridade Nacional de Bio-Segurança.

CAPÍTULO VIII
Taxas, infracções e sanções

ARTIGO 48
(Taxas e Cauções)

1. É devido o pagamento de taxas para o processamento dos pedidos e prestação


de serviços referentes às actividades com OGM e seus produtos, realizadas ao
abrigo do presente Regulamento, cujos valores constam da Tabela constante do
anexo II a ser pago pelo proponente no Ministério da Ciência e Tecnologia no
momento da submissão do pedido.
2. Para os casos de importação e libertação para o ambiente de OGM e seus
produtos, o operador deve estar sujeito ao pagamento de caução, no valor de 5%
do valor total da mercadoria.
3. Não serão reembolsados os valores das taxas pagas pelo operador,
independentemente da decisão que for tomada sobre a actividade.
4. Compete a Autoridade Nacional de Bio-Segurança actualizar periodicamente
o valor das taxas e da caução e submeter a aprovação do Ministro que
superintende o sector das finanças.
ARTIGO 49
(Infracções)

1. Constituem infracções, sem prejuízo do estabelecido em legislação específica,


os seguintes actos que não cumpram os requisitos fixados pelo presente
Regulamento:
a) A importação e colocação no mercado de OGM e seus produtos, destinados ao
consumo humano, animal ou processamento;
b) Exportação de OGM e seus produtos;
c) Trânsito de OGM e seus produtos;
d) Uso de OGM e seus produtos em condições de contenção;
e) Realização de ensaios confinados com OGM e seus produtos;
f) Libertação para o ambiente;
g) Posse de OGM e seus produtos;
h) Qualquer outro uso de OGM e seus produtos;
i) A prestação de falsas declarações ou informações tendenciosas;
j) A obstrução à actuação dos inspectores;
k) A falta de rotulagem e identificação correcta dos produtos contendo OGM;
l) A falta de informação à Autoridade Nacional de Bio-Segurança sobre qualquer
acidente que tenha ocorrido com OGM e seus produtos;
m) A utilização de OGM para fins diferentes dos indicados na autorização;
n) A introdução no País de OGM e seus produtos, por ponto de entrada diferente
do estabelecido na autorização.
2. Quando a infracção constituir crime ou contravenção a Autoridade
fiscalizadora remeterá o processo ao órgão competente para os devidos efeitos
legais.

ARTIGO 50
(Sanções)

1. Sem prejuízo de pena mais grave que couber no âmbito da legislação penal o
operador que praticar qualquer das infracções previstas no artigo 28 sujeita-se
às seguintes sanções:
a) Advertência;
b) Multas;
c) Apreensão de OGM e seus produtos;
d) Suspensão da actividade;
e) Interdição parcial ou total das actividades.
2. Todos os encargos financeiros resultantes das medidas tomadas para corrigir
a infracção são suportados pelo infractor.
3. A aplicação das medidas sancionatórias previstas nas alíneas b) à e) do n. º 1 do
presente artigo deve ser precedida da instauração do competente processo de
contravenções cuja competência para tramitação e decisão compete ao ANB em
conformidade com o princípio de contraditório e demais legislação aplicável.
4. Da decisão cabe recursos nos termos gerais previstos na administração
pública.

ARTIGO 51
(Multas)

1. As multas previstas na alínea b) do artigo 50 são aplicadas pela Autoridade


Nacional de Bio-Segurança em coordenação com os órgãos competentes dos
sectores relevantes e podem ser aplicadas cumulativamente com as demais
sanções previstas no artigo 50 do presente regulamento.
2. Os valores das multas a serem cobradas pelas infracções ao abrigo da alínea
b) do artigo 50 constam da tabela III anexa ao presente regulamento.
3. O prazo para o pagamento das multas é de quinze dias, contados a partir da
data de notificação do infractor.
4. Compete a Autoridade Nacional de Bio-Segurança sob proposta do GIIBS
actualizar periodicamente o valor das multas por transgressões ao presente
Regulamento e submeter a aprovação do Ministro que superintende o sector das
Finanças.

Artigo 52
(Pagamento e destino das taxas e multas)

1. Os valores das taxas e multas, cobradas ao abrigo do presente Regulamento,


serão entregues na Repartição das Finanças da respectiva área.
2. Os valores resultantes da cobrança de taxas terão o seguinte destino:
a) 60 % para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o Grupo Interinstitucional de Bio-Segurança.
3. Os valores resultantes do pagamento de multas terão o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o Grupo Interinstitucional de Bio-Segurança.

CAPÍTULO IX
Inspecção

Artigo 53
(Competência)

1. Todas as actividades que envolvam OGM estão sujeitas à fiscalização nos


termos previstos no presente regulamento.
2. Caberá as entidades inspectivas sectoriais, em coordenação com o GIIBS,
realizar actividades de fiscalização na área das suas competências observando as
recomendações do GIIBS e os mecanismos estabelecidos no presente
regulamento.

ARTIGO 54
(Inspecção)

1. Todas as actividades com OGM incluindo a importação, exportação, trânsito,


investigação, libertação para o ambiente, manuseamento, e uso de OGM e seus
produtos estão sujeitas à inspecção pela entidade inspectiva sectorial, a ser
efectuada nos locais de inspecção referidos no artigo 32 do presente
Regulamento.
2. Para o caso de actividade de importação de OGM, o importador ou seu
representante é obrigado a apresentar o pedido de inspecção, quinze dias antes
da chegada dos OGM e seus produtos, apresentando os documentos exigidos
segundo a finalidade da importação, e suportar as respectivas despesas.
3. A inspecção poderá incidir sobre toda a actividade ou parte desta, podendo o
inspector retirar amostras representativas para análise laboratorial.
4. Os inspectores comprovarão se as actividades propostas ou implementação
cumprem com os requisitos regulamentares estabelecidos para a actividade,
propondo, em caso contrário, medidas correctivas necessárias incluindo
advertência, multas, suspensão temporária ou definitiva da actividade ao abrigo
do n.º 1 do artigo 52 do presente Regulamento sem direito à indemnização,
confisco e destruição, ou reexpedição da mercadoria.
ARTIGO 55
(Acesso)

Os inspectores, devidamente identificados, tem acesso aos recintos aduaneiros e


demais pontos de entrada, malas postais, locais de experimentação, lugares de
armazenamento de OGM e seus produtos, e outros locais de operações.

ARTIGO 56
(Rejeição de entrada)

1. A omissão de qualquer documento ou informação exigidos nos termos do


disposto no presente Regulamento para a entrada de OGM ou seus produtos,
constitui motivo para a rejeição da sua entrada
no País.
2. Se, como consequência da inspecção, se verificar que a mercadoria não reúne
os requisitos estipulados nos termos do presente Regulamento, o inspector
poderá ordenar a sua apreensão, ou outra medida que julgue apropriada,
correndo as despesas por conta do operador, sem direito a indemnização.
3. O destino dar ao produto apreendido será a sua reversão a favor do Estado,
destruição, ou reexpedição.

ARTIGO 57
(Competência dos inspectores)

Compete aos inspectores:


a) Controlar o cumprimento das disposições prevista no Regulamento sobre Bio-
Segurança relativa a gestão de organismos geneticamente modificados e demais
legislação complementar;
b) Verificar o cumprimento dos despachos de autorização da Autoridade
Nacional de Bio-Segurança concedidos a entidade autorizada;
c) Inspencionar e examinar as actividade com OGM visando verificar o
cumprimento dos termos e condições de autorização e outros requisitos;
d) Monitorar se instalações propostas ou usadas para actividades com OGM e a
respectiva documentação incluindo a qualidade e integridade dos dados
cumprem com os requisitos relevantes.

ARTIGO 58
(Princípio de autonomia)

O pessoal da inspecção gozam de autonomia técnica, administrativa e funcional


no exercício das acções de inspecção.

ARTIGO 59
(Princípio do contraditório)

1. Os serviços de inspecção devem conduzir as suas intervenções com


observância do princípio do contraditório, ressalvado o previsto na lei.
2. Os serviços de inspecção devem fornecer às entidades objecto da sua
intervenção, as informações e outros esclarecimentos de interesse justificado que
lhes sejam solicitados, sem prejuízo das regras aplicáveis aos deveres de sigilo
profissional.

ARTIGO 60
(Poderes do Inspector)

No exercício da sua actividade, o pessoal de inspecção encontra-se investido dos


poderes de:
a) Visitar e inspeccionar qualquer local onde desenvolvem actividades
envolvendo OGM, sem necessidade de aviso prévio, a qualquer hora do dia ou da
noite;
b) Fazer-se acompanhar de peritos, técnicos de outros serviços públicos e do
GIIBS.

ARTIGO 61
(Procedimentos de inspecção)

1. A calendarização das inspecções é tipicamente baseada no estágio da


actividade ou mediante solicitação da Autoridade Nacional de Bio-Segurança. Os
estágios críticos que podem ser alvos duma inspecção são as fases de concepção
do projecto, estabelecimento, desenvolvimento, conclusão e monitoria pós-
término da actividade.
2. O inspector deve preparar-se com antecedência a qualquer inspecção tanto
mentalmente como
através de obtenção de documentos e equipamentos apropriados necessários
para a realização de inspecção. Antes duma inspecção ou visita ao local, o
inspector deve reunir e dominar os seguintes documentos:
a) Uma cópia do documento de autorização incluindo os termos e condições
específicos para actividade com OGM em questão;
b) Mapa de localização do sítio;
c) Dados de contacto do operador da actividade com OGM;
d) Cópias dos manuais de procedimentos operacionais relevantes em uso no local
ou instalação;
e) Uma cópia deste manual e listagens de inspecção, pasta Bantex, bloco de notas
e canetas;
f) Uma cópia do projecto da actividade a ser inspeccionado;
g) Qualquer informação técnica adicional segundo o caso.
h) Relatórios de inspecção anteriores sobre o local a ser inspeccionado, quando
disponíveis.

ARTIGO 62
(Visitas)

1. O pessoal de inspecção deve informar da sua presença à entidade autorizada,


salvo nos casos em que tal aviso possa prejudicar a eficácia da intervenção.
2. O Inspector marca, antecipadamente, com a entidade autorizada, a data e hora
mutuamente acordas para a visita, excepto se for para realizar uma inspecção
não anunciada. Caso as inspecções tenha sido calendarizadas com antecedência,
deve-se também notificar o operador da actividade sobre a visita em perspectiva.
3. As inspecções não anunciadas, podem ser realizadas a qualquer momento à
discrição da Autoridade Nacional de Bio-Segurança, sem prévio aviso ao
operador da actividade com OGM. As inspecções podem ser realizadas a
qualquer altura durante as horas normais de trabalho. O operador da actividade
com OGM deve permitir o acesso do agente de inspecção às instalações de
actividade com OGM e disponibilizar os registos disponíveis para efeitos de
inspecção pelos inspectores e outros agentes designados pela Autoridade
Nacional de Bio-Segurança. Os locais de actividade incluem, recintos aduaneiros,
e demais pontos de entrada, locais de experimentação, lugares de
armazenamentos e outros locais de operações.
4. Em acréscimo aos documentos necessários para qualquer visita ao local, certos
equipamentos podem ser também úteis dependendo das circunstâncias:
a) Um aparelho GPS;
b) Equipamento de registo imagem e som (ex. máquina fotográfica);
c) Relógio;
d) Fita métrica ou uma corda adequadamente marcada para verificar as
dimensões;
e) Credenciais do inspector;
f) Transporte de/para o local;
g) Outro equipamento ou recursos à discrição do inspector.

ARTIGO 63
(Etapas de inspecção)

Uma inspecção típica da actividade é realizada em etapas seguintes:


a) O inspector prepara-se para inspecção por se familiarizar com requisitos de
bio-segurança e aspectos técnicos da actividade com OGM e marcar a visita com
o operador da actividade com OGM. Se o inspector tiver quaisquer questões
sobre o manual de procedimentos operacionais, termos e condições específi cos
da actividade com OGM, ou quaisquer aspectos técnicos sobre natureza e
características do organismo em questão, estas questões devem ser esclarecidas
antes da visita de inspecção.
b) Aquando da chegada às instalações, o inspector realiza uma breve entrevista
ao operador actividade com OGM para que seja actualizado sobre o progresso
da actividade com OGM e quaisquer áreas em questão ou de interesse.
c) O inspector realiza um exame visual do local, instalação ou processos sendo
inspeccionados e toma cuidadosamente notas sobre o cumprimento dos
requisitos usando as listagens ou notas.
d) O inspector faz um exame de documentos e ficheiros anotando a observância
dos requisitos das actividades com OGM e normas de qualidade e integridade
dos dados.
e) O inspector entrevista operador de actividade com OGM ou outro pessoal
envolvido na actividade, se for necessário, para abordar quaisquer questões ou
pontos de esclarecimento.
f) O inspector preenche o esboço de listagens anotando quaisquer preocupações
ou questões.
g) O inspector realiza uma entrevista de saída com o operador actividade com
OGM, apontando quaisquer constatações ou áreas de interesse, respondendo a
quaisquer questões e aconselhando ao operador de actividade com OGM sobre
os passos subsequentes e quaisquer requisitos de cumprimento em perspectiva.
A entrevista de saída com operador da actividade é importante crítica para
educação, entendimento e comunicação permanentes. O inspector deve rever
com operador da actividade quaisquer resultados e constatações significativos
da inspecção e tomar notas de quaisquer assuntos, preocupações ou questões
levantados pelo operador da actividade com OGM. Deve-se anotar também as
acções de seguimento e responsabilidades acordadas.

ARTIGO 64
(Auto de Notícia)

1. Em caso de constatações significativas de falta de cumprimento, o inspector


deve elaborar um auto de notícia e entregar ao infractor e os respectivos talões
de depósito correspondentes a multa, imediatamente, preferivelmente enquanto
estiver ainda no local, sem prejuízo do direito ao contraditório do infractor.
2. O inspector preenche um relatório de inspecção e o envia à Autoridade
Nacional de Bio-Segurança dentro de 3 dias úteis depois do seu regresso ao local
de trabalho. Os relatórios devem ser submetidos à Autoridade Nacional de Bio-
Segurança.
3. Todas as notas, listagens e relatórios submetidos devem ser mantidos pelo
inspector num arquivo seguro.
ARTIGO 65
(Relatório de inspecção)

1. O inspector deve elaborar o relatório de inspecção fazendo uma breve narração


da inspecção, anotando quaisquer constatações significativas ou áreas
preocupantes pela parte do inspector e o operador de actividade com OGM e
também as acções de seguimento acordadas incluindo qualquer necessidade de
re-inspecção. Juntar cópias de registos de inspecção aplicáveis ao relatório de
inspecção.
2. O Relatório de inspecção deve ser submetido à Autoridade Nacional de Bio -
Segurança dentro de 3 dias úteis após o regresso do inspector ao local do
trabalho.

CAPÍTULO X
Confidencialidade

ARTIGO 66
(Confidencialidade)

1. Toda a informação e os dados relativos à autorização de importação,


exportação, trânsito, investigação, libertação para o ambiente, manuseamento e
uso de OGM e seus produtos são de domínio público, excepto aqueles que
mereçam protecção nos termos da propriedade intelectual.
2. Nenhuma terceira parte poderá usar a informação ou documentos contidos no
processo de autorização, salvo prévia autorização por escrito, concedida pelo
operador ou seu representante legal, em conformidade com a legislação
aplicável sobre a matéria.

ARTIGO 67
(Revelação de informação Confidencial)

1. Em situações onde a realização do processo de autorização envolver a


revelação de Informação Confidencial ou segredos comerciais, o proponente
deve justificar, por escrito, a informação reclamada como Informação
Confidencial.
2. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança irá, sob parecer do GIIBS, analisar a
fundamentação da reivindicação de Informação Confidencial apresentada pelo
proponente, determinar o seu mérito e comunicar ao proponente a sua decisão
sobre o pedido atribuição de estatuto de Informação Confidencial à informação
e dados contidos do seu processo de autorização.
3. As informações a seguir não estão abrangidas pelo estatuto de Informação
Confidencial:
a) Nome e endereço do proponente;
b) Descrição geral do OGM;
c) Uso pretendido;
d) Local da actividade;
e) Plano de monitoria e de gestão da actividade com OGM;
e
f) Relatório de avaliação de risco.
4. Caso o pedido de concessão do estatuto de Informação Confidencial for
rejeitado, antes da divulgação de informação identificada pelo proponente como
confidencial, a Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve informar ao
proponente sobre a sua rejeição do pedido de confidencialidade, apresentando
as razões da rejeição do pedido e dar a oportunidade de consulta e revisão da
decisão antes da sua divulgação.
5. Caso o proponente retire ou tenha retirado um pedido, a Autoridade Nacional
de Bio-Segurança deve respeitar a confidencialidade reivindicada pelo
proponente, incluindo a informação em que a Autoridade Nacional de Bio-
Segurança e proponente discordem quanto à sua confidencialidade.
6. A informação e dados contidos no processo não poderão ser usados por
terceira parte a menos que haja autorização prévia por escrito concedida pelo
proponente ou seu “Informação Confidencial representante legal.
7. Nos casos de pedidos contendo informação e dados em que for concedido o
estatuto de Informação Confidencial serão observados os seguintes
procedimentos:
a) O proponente deve submeter duas cópias do pedido nomeadamente um
pedido contendo Informação Confidencial e outro sem Informação Confidencial
apagada cada dos quais devidamente assinalado:
b) A cópia com Informação Confidencial retirada será um fac-simile do pedido
com Informação Confidencial excepto onde o texto tiver sido retirado;
c) O ponto de cada eliminação da informação será claramente assinalado e o
termo apagado” dever ser colocada no canto superior direito de todas as páginas
afectadas;
d) Apenas a versão com ‘Informação Confidencial apagada’ será disponibilizada
no website oficial da Autoridade Nacional de Bio-Segurança.

ARTIGO 68
(Propriedade Intelectual)

No âmbito da implementação das actividades objecto do presente Regulamento


compete as entidades sectoriais competentes promover e proteger os direitos de
propriedade intelectual nos termos da legislação aplicável.

CAPÍTULO XI
Participação pública e acesso à informação

ARTIGO 69
(Sensibilização e Participação Pública)

A ANB através do seu órgão de assessoria GIIBS promove e coordena as


actividades de sensibilização e participação públicas nos processos de decisão
sobre OGM e garante o acesso à informação relativa às decisões tomadas, sem
prejuízo da confidencialidade nos termos previsto no presente regulamento.

ARTIGO 70
(Acesso à informação)

1. O público interessado deve ser informado colectivamente ou individualmente,


segundo o caso, logo no início do processo de tomada de decisão, de formas
adequada, atempada e efectiva sobre todos os aspectos relacionados com os
pedidos exigidos especificados no artigo 7 do presente Regulamento.
2. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve estabelecer um calendário das
diferentes fases do processo, segundo o caso, dando se tempo suficiente para a
informação do público e para o público se preparar e participar efectivamente
durante o processo de tomada de decisões sobre actividades específicas com
OGM tomando em conta os prazos legais estipulados no presente Regulamento.
3. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve disponibilizar um sítio para o
público submeter por escrito ou, conforme o caso, durante à consulta pública
quaisquer comentários, informações, análises ou opiniões em relação à
actividade com OGM proposta.
4. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança irá garantir que, no seu processo de
tomada de decisão, se tome em conta os resultados da participação pública
devendo-se, onde for apropriado, ou praticável, incluir a análise dos comentários
e descrição das razões para se tomar ou não em conta na proposta de decisão.
5. A Comissão Interministerial de Bio-Segurança irá, publicar o texto acessível da
decisão, as razões e pareceres na base nos quais a decisão foi feita, juntamente,
onde for apropriado, com uma descrição indicando como os resultados da
participação pública foram tidos em conta.
6. O texto de decisão referido no n.º 5 do presente artigo deve ser acessível a
nível nacional, regional e, onde for aplicável, órgãos de administração estatal ou
instalações públicas tais como bibliotecas, secretarias das administrações dos
distritais, postos administrativos ou centros comunitários nas proximidades da
instalação ou local onde actividade com OGM irá decorrer.
7. Excepcionalmente, tratando de ensaios confinados, desenvolvido por
instituições de investigação científicas públicas, o ANB pode autorizar sem
aplicação do disposto no presente artigo.

ARTIGO 71
(Meios de notificação pública e de acesso do público à informação)

1. Para garantir o acesso do público à informação e participação pública plena e


efectiva, a Autoridade Nacional de Bio-Segurança deverá utilizar meios de
comunicação apropriados incluindo:
a) Imprensa escrita, rádio, televisão, de âmbito local, nacional ou regional;
b) Notificação aos órgãos de administração estatal e do poder local nas
proximidades da instalação ou local onde se propõe que seja realizada a
actividade e outras formas tradicionais de comunicação;
c) No website e /ou;
d) Em qualquer mecanismo de troca de informação sobre Bi o-Segurança
existente a nível nacional.
2. Com excepção de circunstâncias bem fundamentadas, a Autoridade Nacional
de Bio-Segurança garante o acesso gratuito do público da informação relevante
para análise e assegura, sempre que possível o fornecimento gratuitamente de
cópias da informação em resposta às solicitações do público.
3. Autoridade Nacional de Bio-Segurança fixa as taxas que podem ser cobradas,
indicando as circunstâncias em que podem ser cobradas.

ARTIGO 72
(Informação requerida no âmbito do processo de participação pública)

1. A notificação do público interessado no contexto dos procedimentos para a


tomada de decisão deverá conter a seguinte informação:
a) A actividade proposta e o pedido sobre o qual será tomada a decisão;
b) Tipo de decisão que está sendo tomada;
c) A autoridade responsável pela tomada de decisão;
d) O processo previsto incluindo:
i. O início do processo;
ii. As oportunidades do público participar no processo de consulta
iii. Horário e local de realização de qualquer consulta pública planeada;
iv. A Autoridade ou qualquer órgão oficial donde se pode obter informação
relevante e onde a informação relevante foi depositada para análise pelo público;
v. A autoridade ou qualquer órgão oficial para onde os comentários e perguntas
podem ser dirigidos e o calendário para submissão de comentários e perguntas;
vi. Uma indicação do local onde o dossier está disponível para consulta pública;
vii. Qualquer outra informação que a Autoridade considerar apropriada.
2. Em acréscimo à informação requerida para notificação do público estipulada
no número um anterior, a seguinte informação deve ser tornada disponível para
o público no contexto dos procedimentos de tomada de decisão:
a) Descrição geral do OGM incluindo os nomes comuns, científico e comercial,
código único de identificação e evento de transformação;
b) O nome e endereço do proponente;
c) Propósito de actividade com OGM proposta;
d) Relatório de avaliação e gestão de risco;
e) A localização do sítio onde se propõem que seja feita a actividade com OGM,
quando aplicável.
3.Sem prejuízo ao direito de recusa de publicar a informação confidencial
conforme o disposto no artigo 19 do Regulamento sobre Bio-Segurança, a
informação requerida nos parágrafos 1 e 2 deste artigo deve ser pública.

ARTIGO 73
(Recolha e disseminação de informação)

1. Em complemento aos requisitos de informação para notificação do público no


contexto da participação pública nos processos de tomada de decisão, a ANB,
assistida pelo GIIBS irá recolher e disseminar informação adicional sobre as
actividades com OGM será tornada acessível ao público devendo:
a) Manter e actualizar a informação sobre as actividades com OGM, incluindo por
via de listas, registos e base de dados do Mecanismo de Troca de Informação
sobre bio-segurança;
b) Estabelecer sistemas obrigatórios que facilitam o fluxo adequado de
informação sobre as actividades com OGM existentes e as propostas;
c) Em caso de qualquer iminente ameaça para o ambiente e saúde pública
resultante da actividade com OGM, disseminar imediatamente, sem demoras, ao
público que pode ser afectado, toda informação disponível que possa permitir o
público tomar medidas para mitigar o dano resultante da ameaça.
2. A Autoridade Nacional de Bio-Segurança deve estabelecer e manter uma lista
actualizada dos websites que são considerados exemplos de boas práticas no
domínio de Bio-Segurança.
3. Em intervalos regulares de tempo não excedendo, em princípio, três anos, a
Autoridade Nacional de Bio-Segurança, assistida pelo GIIBS irá publicar e
disseminar os relatórios sobre experiências acumuladas com actividades com
OGM incluindo quaisquer resultados de monitoria de efeitos sobre o ambiente e
saúde pública;
4. Com vista a protecção dos direitos dos consumidores a Autoridade Nacional
de Bio-Segurança assistida pelo GIIBS deve desenvolver mecanismos de modo a
garantir que os consumidores tenham acesso a informação objectiva e isenta em
produtos contendo OGM de forma a permitir que os consumidores façam
escolhas de consumo conscientes.

ARTIGO 74
(Aspectos socioeconómicos)

A Autoridade Nacional de Bio-Segurança toma em conta os aspectos


socioeconómicos em todas as etapas da tomada de decisões sobre as actividades
relacionadas com OGM é seus produtos excepto o uso em condições de
contenção e ensaios confinados.

CONSULTAR ANEXOS NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


de 31 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre Gestão
de Resíduos Perigosos);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 83/2014,
de 31 de Dezembro

Havendo necessidade de estabelecer normas e procedimentos para garantir a


gestão correcta de resíduos perigosos que resultam da implementação de
actividades humanas e de processos industriais cujo impacto se reflecte na saúde
pública e no meio ambiente, ao abrigo do disposto no artigo 33, da Lei n.º 20/97,
de 1 de Outubro, Lei do Ambiente, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre Gestão de Resíduos Perigosos e


respectivos anexos que são parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. É proibida a importação e comercialização de todo tipo de pneus novos


fora de prazo.

Art. 3. É proibida a importação de pneus usados com dimensões iguais ou


inferiores a 750R/16.

Art. 4. Compete ao Ministro que superintende o Sector do Ambiente aprovar as


directivas gerais e específicas sobre a gestão ambientalmente segura dos
resíduos perigosos e outras normas de implementação do presente Regulamento.

Art. 5. Serão objecto de regulamentação específica as matérias relativas a


resíduos resultantes da exploração de hidrocarbonetos e da operação dos navios
e plataformas, bem como de óleos, lubrificantes e filtros usados, de resíduos
eléctricos e electrónicos, agro-químicos e resíduos radioactivos, entre outros.

Art. 6. O presente Decreto entra em vigor noventa dias após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 11 de Novembro de 2014.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Alberto Clementino António Vaquina.

Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Perigosos

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente regulamento define-se como:


a) Acondicionamento – colocação de resíduos em recipientes com condições de
estanquicidade e higiene por forma a evitar a sua dispersão;
b) Agrotóxicos – produtos e agentes de processos físicos, químicos ou
biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e
beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas,
nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos
e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim
de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como
as substâncias e produtos empregues como desfolhantes, dessecantes,
estimuladores e inibidores de crescimento; incluem todos os pesticidas e
fertilizantes;
c) Aproveitamento ou Valorização – a utilização de resíduos ou componentes
destes por meio de processos de refinação, recuperação, regeneração, ou
qualquer outra acção que conste da lista do Anexo V;
d) Armazenagem – a deposição controlada, por prazo determinado, de resíduos
antes do seu tratamento, valorização ou eliminação;
e) Armazenagem preliminar – a deposição controlada de resíduos, no próprio
local de produção, por período não superior a um ano, antes da recolha, em
instalações onde os resíduos são produzidos ou descarregados a fim de serem
preparados para posterior transporte para outro local para efeitos de tratamento;
f) Aterro industrial – infraestrutura cuja finalidade é a deposição de resíduos
perigosos no solo, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente,
utilizando--se os princípios de engenharia de modo a confinar os resíduos num
menor volume possível, cobrindo-o com uma camada de terra ao fim do trabalho
de cada dia ou conforme o necessário;
g) Deposição ambientalmente adequada dos resíduos perigosos – destino de
resíduos que inclui a recuperação para o aproveitamento energético ou a
deposição final;
h) Deposição final ambientalmente adequada dos resíduos perigosos – destino
final após o tratamento de resíduos perigosos em aterros industriais, observando
normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública
e à segurança, minimizando os impactos ambientais adversos.
i) Detentor de resíduos perigosos – pessoa ou entidade que controla ou detém
resíduo perigoso na sua posse;
j) Eliminação – o recurso a quaisquer das operações especificadas no Anexo V do
presente regulamento;
k) Estação de transferência – instalações construídas com o objectivo de
consolidar e preparar os resíduos perigosos para o transporte para locais de
tratamento, acondicionamento ou deposição final;
l) Gestão de resíduos – todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar
uma gestão ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo
em conta a necessidade da sua redução, reutilização energética, incluindo a
segregação, recolha, manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação
de resíduos, bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, por forma
a proteger a saúde humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam
advir dos mesmos.
m) Gestão de risco – a identificação sistemática de perigos, avaliação dos riscos
associados com os perigos identificados e posterior desenvolvimento de
medidas de controlo para gerir os riscos associados a cada um dos perigos
identificados;
n) Operador de resíduos perigosos – entidade, pessoa singular ou colectiva,
pública ou privada, que realiza actividades relacionadas com a gestão de
resíduos perigosos;
o) Óleos usados – quaisquer lubrificantes, minerais ou sintéticos, ou óleos
industriais que se tenham tornados impróprios para o uso a que estavam
inicialmente destinados, tais como os óleos usados dos motores de combustão e
dos sistemas de transmissão, os óleos lubrificantes usados e os óleos usados para
turbinas e sistemas hidráulicos;
p) Perigo – o potencial para degradar a qualidade do ambiente, prejudicar a
saúde e a vida das pessoas e animais ou de danificar propriedades;
q) Pneus usados – quaisquer pneus de que o respectivo detentor se desfaça ou
tenha a intenção ou a obrigação de se desfazer e que constituam resíduos, ainda
que não possam ser reutilizados (recauchutados).
r) Plano de Gestão de Resíduos Perigosos – documento que contém informação
técnica sistematizada sobre as operações de recolha, transporte,
armazenamento, tratamento, ou eliminação de resíduos perigosos, incluindo a
monitorização dos locais de descarga durante e após o encerramento das
respectivas instalações, bem como o planeamento dessas operações;
s) Poluentes Orgânicos Persistentes (POP) – compostos altamente estáveis e que
persistem no ambiente, resistentes à degradação química, fotolítica e biológica,
tendo a capacidade de se acumular em organismos vivos, sendo tóxicos para
estes incluindo o homem;
t) Produtor de resíduos perigosos – qualquer pessoa, singular ou colectiva, cuja
actividade produza resíduos (produtor inicial de resíduos) ou que efectue
operações de pré-processamento, de mistura ou outras que alterem a natureza
ou a composição desses resíduos;
u) Reciclagem – operação de valorização, incluindo o reprocessamento de
materiais orgânicos, através da qual os materiais constituintes dos resíduos são
novamente transformados em produtos, materiais ou substâncias para o seu fim
original ou para outros fins, mas que não inclui a valorização energética nem o
reprocessamento em materiais que devam ser utilizados como combustível ou
em operações de enchimento;
processos de transformação de resíduos sólidos que envolve alteração das suas
propriedades físicas,
físico-químico ou biológicas, com vista à transformação em insumos ou novos
produtos;
v) Recolha – operação de colecta, incluindo triagem e armazenamento
preliminares de resíduos, com vista ao seu transporte;
w) Regeneração – Processos através do qual ocorre a substituição ou
reaproveitamento de algo destruído ou perdido por outro novo, exactamente
igual a primeira;
x) Resíduos – as substâncias ou objectos que se eliminam, que se tem a intenção
de eliminar ou que se é obrigado por lei a eliminar, também designados por lixos;
y) Resíduos bio-médicos – os resíduos resultantes das actividades de diagnóstico,
tratamento e investigação humana e veterinária;
z) Resíduos eléctricos e electrónicos – todos os resíduos e materiais produzidos
pelo descarte de equipamentos eléctricos e electrónicos;
aa) Resíduos perigosos – os resíduos listados no Anexo IX, os quais apresentam
uma ou mais características de perigosidade constantes no Anexo III (inflamáveis,
explosivos, corrosivos, tóxicos, infecciosos ou radioactivos ou outras
características que constituam perigo para a vida ou saúde do homem e de outros
seres vivos e para a qualidade do ambiente);
bb) Resíduos radioactivos – os resíduos que contêm qualquer material ou
substâncias contaminadas por radioisótopos;
cc) Risco – a probabilidade de ocorrência de um perigo que pode acarretar
consequências nefastas;
dd) Segregação – processos de separação de resíduos perigosos com base nos
materiais constituintes para posterior reciclagem, incineração e outras formas de
tratamento incluindo a deposição final;
ee) Sucata – ferro ou qualquer outro objecto de metal, sem valor, que é
posteriormente aproveitado e usado na fundição ou processo metalo-mecânico;
ff) Transportador de resíduos perigosos – entidade, pessoa singular ou colectiva,
pública ou privada, que realiza operações de transferência física dos resíduos de
um local para outro;
gg) Tratamento – qualquer operação de valorização ou de eliminação de
resíduos, incluindo a preparação prévia à valorização ou eliminação,
compreendendo processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou biológicos
que alteram as características dos resíduos de forma a reduzir o seu volume ou
perigosidade;
hh) Triagem – acto de separação de resíduos mediante processos manuais ou
mecânicos sem alteração das suas características com vista ao seu tratamento;
ii) 750R/16 – medida radial de pneus e dimensão da jante.
ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem como objecto o estabelecimento de regras para a


produção e gestão dos resíduos perigosos no território nacional.

ARTIGO 3
(Âmbito de Aplicação)

1. O presente regulamento aplica-se a todas as pessoas singulares e colectivas,


públicas e privadas envolvidas na gestão de resíduos perigosos.
2. O presente Regulamento aplica-se ainda a todas as pessoas singulares e
colectivas, públicas e privadas, envolvidas na importação, distribuição e
comercialização de pneus usados e pneus novos fora do prazo.
3. As regras estabelecidas pelo presente regulamento não se aplicam à gestão
de:
a) Resíduos biomédicos;
b) Resíduos radioactivos;
c) Emissões e descargas de efluentes, com excepção das que contenham
características de perigosidade descritas no anexo III do presente regulamento;
d) Águas residuais, com excepção das que contenham características de risco
descrita no Anexo III do presente regulamento;
e) Outros resíduos perigosos sujeitos a regulamentação específica.

ARTIGO 4
Princípios gerais da gestão de resíduos perigosos

a) Princípio da autossuficiência – As operações de gestão de resíduos devem


decorrer preferencialmente em território nacional, reduzindo ao mínimo possível
os movimentos transfronteiriços de resíduos;
b) Princípio da responsabilidade pela gestão – A gestão do resíduo perigoso é da
responsabilidade do respectivo produtor e ou detentor;
c) Princípio da prevenção e redução – Constitui objectivo prioritário da gestão
de resíduos, evitar e reduzir a sua produção bem como o seu carácter nocivo,
devendo a gestão de resíduos evitar também ou, pelo menos, reduzir o risco para
a saúde humana e para o ambiente causado pelos resíduos sem utilizar processos
ou métodos susceptíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente;
d) Princípio da hierarquia das operações de gestão de resíduos – a gestão de
resíduos perigosos deve respeitar a seguinte ordem de prioridades no que se
refere às operações de gestão – prevenção e redução, de acordo com o princípio
enunciado na alínea anterior; reutilização; reciclagem; outras formas de
valorização; eliminação e deposição final – devendo sempre recorrer às melhores
tecnologias disponíveis com custos economicamente sustentáveis, a fim de
permitir o prolongamento do ciclo de vida dos materiais;
e) Princípio da protecção da saúde humana e do ambiente – Constitui objectivo
prioritário de gestão de resíduos perigosos evitar e reduzir os riscos para a saúde
humana e para o ambiente, garantindo que a produção, a recolha e transporte e
o tratamento de resíduos sejam realizados recorrendo a processos ou métodos
que não sejam susceptíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente,
nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, afectação da fauna ou da flora,
ruído ou odores ou danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem;
f) Princípio do poluidor pagador – É uma norma de direito ambiental que consiste
em obrigar o poluidor a arcar com os custos de reparação de um dano por ele
causado ao meio ambiente;
g) Princípio de responsabilidade alargada do produtor – É dever do produtor do
bem/produto contribuir para a prossecução dos princípios e objectivos referidos
no presente Regulamento, conferindo-lhe a responsabilidade por uma parte
significativa dos impactos ambientais dos seus produtos ao longo do seu ciclo de
vida (fases de produção, comércio, consumo e pós-consumo) e incentivando-o a
prolongar o ciclo de vida dos materiais, alterando a concepção do seu produto
no sentido de uma maior eco-eficiência dos produtos (incluindo a utilização de
menores quantidades de matéria-prima ou utilização de materiais
recicláveis/reciclados), bem como do seu "eco-design" (maior facilidade de
desmantelamento ou reciclagem, menor conteúdo em substâncias perigosas,
etc.);
h) Princípio da responsabilidade do cidadão – É dever do cidadão contribuir para
a prossecução dos princípios e objectivos referidos no presente Regulamento,
adoptando comportamentos de carácter preventivo em matéria de produção de
resíduos, bem como práticas que facilitem o tratamento e eliminação dos
resíduos.

ARTIGO 5
(Competências em Matéria de Gestão de Resíduos Perigosos)

Em matéria de gestão de resíduos perigosos, compete ao Ministério que


superintende o Sector do Ambiente:
a) Emitir e divulgar as regras de cumprimento obrigatório sobre procedimentos
a observar no âmbito da gestão de resíduos perigosos;
b) Realizar o licenciamento ambiental das instalações ou locais de armazenagem
e/ou eliminação de resíduos perigosos;
c) Credenciar, em coordenação com as entidades de tutela, ouvidas as
instituições interessadas, os operadores e os transportadores de resíduos
perigosos, incluindo os respectivos veículos usados no transporte dos mesmos;
d) Cadastrar as entidades públicas ou privadas que manuseiam resíduos
perigosos;
e) Adoptar, em coordenação com as entidades de tutela, as medi das necessárias
para suspender a armazenagem, eliminação ou transporte de resíduos perigosos
efectuado ilegalmente e/ou em condições que constituam perigo para a saúde
pública ou para o ambiente;
f) Fiscalizar e monitorar o cumprimento das disposições do presente
regulamento;
g) Garantir a aplicação de todos os princípios gerais de gestão de resíduos
perigosos constantes no artigo 4 do presente regulamento.

ARTIGO 6
(Classificação dos Resíduos Perigosos)

1. Para os efeitos do presente Regulamento, os resíduos perigosos são


classificados de acordo com os diferentes tipos de actividade, segundo a
classificação apresentada no Anexo IX.
2. Para efeitos de exportação, nos termos do presente Regulamento, os resíduos
perigosos são classificados de acordo com o disposto na Convenção de Basileia
Anexo X.

ARTIGO 7
(Proibições)

1. Nos termos do presente Regulamento é proibido:


a) A reciclagem e uso de embalagens e materiais plásticos contaminados por
produtos agrotóxicos e produtos químicos obsoletos, exceptuando embalagens
cuja concentração do ingrediente activo esteja abaixo dos limites definidos no
n.º 3 do Anexo IX.
b) A reciclagem e uso de embalagens e materiais plásticos contaminados por
produtos agrotóxicos e produtos químicos obsoletos para o fabrico de utensílios
domésticos e tubos de canalização de água destinada ao consumo;
c) A importação de embalagens vazias contaminadas por produtos agrotóxicos
e produtos químicos obsoletos;
d) A importação, distribuição e comercialização de todo o tipo de pneus usados
e pneus novos fora do prazo no mercado nacional.
2. A proibição referida na alínea d) do número anterior não abrange a
comercialização de pneus usados para recauchutagem com dimensões iguais ou
superiores a 750R/16.

ARTIGO 8
(Obrigações dos Produtores, Transportadores e Operadores de Resíduos
Perigosos)

São obrigações dos Produtores, Transportadores e Operadores de Resíduos


Perigosos as seguintes:
a) Garantir a observância dos princípios gerais de gestão de resíduos perigosos,
conforme disposto no artigo 4;
c) Garantir a segregação e acondicionamento adequado das diferentes
categorias de resíduos;
d) Garantir que todos os resíduos a transportar comportem um risco potencial de
contaminação mínimo para os trabalhadores envolvidos neste processo, para o
público em geral e para o ambiente;
e) Garantir o tratamento adequado dos resíduos antes da sua deposição,
utilizando as boas práticas e opções tecnológicas recomendadas;
f) Garantir que o armazenamento temporário e a eliminação dos resíduos, dentro
e fora do local de produção, não tenha impacto negativo sobre o ambiente ou
sobre a saúde e segurança públicas;
g) Garantir a protecção de todos os trabalhadores envolvidos no manuseamento
dos resíduos perigosos contra acidentes e doenças resultantes da sua exposição
aos riscos de contaminação;
h) Capacitar os seus trabalhadores em matéria de saúde, segurança ocupacional
e ambiente.
i) Informar, no prazo de 24 horas, o Ministério que superintende o Sector do
Ambiente, em caso de ocorrência de derrames acidentais de resíduos perigosos;
j) Disponibilizar ao público informações acessíveis sobre as opções de
reutilização e reciclagem do produto.

CAPÍTULO II
Licenciamento e Certificação

ARTIGO 9
(Licenciamento Ambiental)

1. As instalações e equipamentos destinados ao armazenamento preliminar,


transporte, deposição, tratamento, aproveitamento, ou eliminação de resíduos
perigosos estão sujeitas a prévio licenciamento ambiental, nos termos do
Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental e demais
legislação em vigor sobre a matéria, sem prejuízo do disposto no presente
regulamento.
2. O requerimento para pedido de licenciamento deverá ser entregue aos órgãos
competentes, nos termos do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do
Impacto Ambiental, obedecendo à tramitação processual nela descrita e devendo
ser acompanhado do Plano de Gestão de Resíduos, de acordo com o disposto no
artigo 11.
3. O processo de apreciação do pedido de licenciamento será efectuado ao
abrigo do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

ARTIGO 10
(Certificação de Operadores e Transportadores de Resíduos Perigosos)

1. Os operadores e transportadores de resíduos perigosos, para além de outras


licenças legalmente exigíveis, devem submeter o respectivo pedido de
certificação para o exercício da sua actividade junto do Ministério que
superintende o Sector do Ambiente, do qual devem constar as informações
descriminadas na secção A do Anexo I.
2. O Ministério que superintende o Sector do Ambiente deve despachar os
pedidos de certificação descritos no número anterior no prazo de 15 dias,
contados a partir da recepção do pedido de certificação, ouvidos o parecer dos
Ministérios que superintendem os Sectores da Saúde, Trabalho e Transportes, de
acordo com os critérios enunciados na secção B do Anexo I.
3. A comunicação ao Ministério que superintende o Sector do Ambiente sobre
qualquer alteração e/ou actualização das informações fornecidas no acto da
submissão dos pedidos de certificação referidos no n.º 1 do presente artigo deve
ocorrer no prazo de 10 dias e deve ser acompanhada da respectiva
documentação.
4. As certificações referidas no n.º 1 do presente artigo devem ser renovadas cada
cinco anos, mediante submissão do pedido de renovação ao Ministério que
superintende o Sector do Ambiente, num prazo de 45 dias antes da data de sua
expiração, acompanhada de um relatório demonstrando o cumprimento das
obrigações estipuladas no artigo 8.
5. O Ministério que superintende o Sector do Ambiente, deverá despachar o
pedido de renovação referido no número anterior no prazo de 15 dias, contados
a partir da recepção do pedido, de acordo com o disposto no n.º 2 do presente
artigo.
6. O Ministério que superintende o Sector do Ambiente pode, enquanto entidade
certificadora, anular a certificação emitida em caso de incumprimento do
disposto no presente artigo.
7. Se da efectivação do processo referenciado nos números anteriores resultar
despacho favorável, será passado o respectivo certificado mediante o
pagamento de uma taxa, de acordo com o estipulado no artigo 19.

CAPÍTULO III
Gestão de Resíduos Perigosos

ARTIGO 11
(Plano de Gestão de Resíduos Perigosos)

1. Todas as entidades públicas e/ou privadas que desenvolvem actividades


relacionadas com a gestão de resíduos perigosos devem elaborar, antes do início
da sua actividade, um plano de gestão de resíduos perigosos, baseado nos
princípios gerais de gestão de resíduos enunciados no artigo 4 e, em particular,
nas suas alíneas d) e h), contendo, no mínimo, a informação constante do Anexo
II.
2. O plano referido no artigo anterior deverá ser submetido à entidade que
superintende o Sector de Ambiente para apreciação, o qual deverá ser apreciado
no prazo máximo de 30 dias a partir da data de recepção do expediente.
3. Uma vez aprovado, o plano de gestão de resíduos perigosos é válido por um
período de cinco (5) anos, contado a partir da sua aprovação pela entidade de
superintende o Sector do Ambiente, devendo neste período ser comunicada a
essa entidade qualquer alteração aos elementos fornecidos anteriormente para
apreciação.
4. O plano de gestão de resíduos perigosos referidos no n.º 3 deve ser actualizado
e submetido ao Ministério que superintende o Sector do Ambiente, até 90 dias
antes da data do seu termo de validade, devendo esta instituição proceder à
renovação da respectiva licença ambiental, nos termos do disposto no artigo 9
do presente regulamento.
5. Ao pedido de renovação deverá anexar-se o plano de gestão de resíduos
perigosos actualizado, tendo em conta as constatações das auditorias ambientais
públicas ou privadas decorridas durante o período a que se refere o plano.
6. A entidade que tenha a intenção de reciclar embalagens plásticas de pesticidas
deve apresentar, durante o processo de licenciamento, autorização específica
dos ministérios que superintendem os Sectores da Agricultura e do Ambiente.

ARTIGO 12
(Segregação dos Resíduos Perigosos)

Os resíduos perigosos deverão ser segregados de acordo com a cl assificação


constante do Anexo III e IX do presente regulamento, devendo cada entidade
produtora ou manuseadora dos mesmos dispor, no mínimo, de condições
técnicas para o acondicionamento dos resíduos na sua posse.

ARTIGO 13
(Identificação e Acondicionamento de Resíduos Perigosos)

1. O processo de identificação e acondicionamento de resíduos perigosos deverá


ser efectuado de acordo com as disposições do presente capítulo para garantir a
sua conformidade e harmonia com os princípios e normas internacionais
assumidas pelo país em convenções internacionais sobre gestão de resíduos
perigosos, bem como sobre o transporte de substâncias ou produtos perigosos.
2. A identificação de resíduos perigosos, salvo disposição legal em contrário,
deve ser feita de acordo com o estabelecido nos Anexos III e IV do presente
regulamento.
3. Os resíduos perigosos devem ser empacotados ou acondicionados de acordo
com as normas técnicas a estabelecer por instruções específicas sobre
acondicionamento de resíduos perigosos, devendo no mínimo serem contidos em
recipiente com capacidade para:
a) Resistir às operações normais de armazenagem e de transporte;
b) Manterem-se hermeticamente selados por forma a que o seu conteúdo não
possa sair do seu interior sem que intencionalmente para tal se proceda;
c) Não serem danificados pelo seu conteúdo;
d) Não formarem substâncias prejudiciais ou perigosas quando em contacto com
o seu conteúdo;
e) Serem devidamente identificados com os símbolos previstos no Anexo IV do
presente regulamento.
4. Para além das condicionantes descritas no n.º 3 do presente artigo devem ser
ainda observados os seguintes cuidados especiais para as seguintes categorias
de resíduos:
a) As substâncias autoinflamáveis deverão ser acondicionadas em recipientes
hermeticamente fechados;
b) As substâncias que libertam gazes inflamáveis quando em contacto com água,
deverão ser acondicionadas em locais livres de humidade;
c) O armazenamento temporário dos resíduos perigosos deve sempre levar em
consideração as características de incompatibilidades destes mesmos resíduos;
d) As substâncias radioactivas deverão ser acondicionadas em conformidade
com o regulamento específico a ser estabelecido pela Agência Nacional de
Energia Atómica e pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atómica).
ARTIGO 14
(Recolha de Resíduos Perigosos)

1. A recolha de resíduos perigosos é da exclusiva responsabilidade das entidades


produtoras.
2. Qualquer produtor e detentor de resíduos perigosos que não realize a título
pessoal as operações referidas no Anexo V do presente regulamento, confiará
obrigatoriamente, a sua realização a um serviço de recolha privado ou público
que efectue as operações, desde que esteja devidamente licenciado para o
exercício das actividades nele referido.
3. No acto da recolha dos resíduos perigosos, deverá ser preenchido um
manifesto, nos termos do modelo constante do Anexo VI em quadruplicado,
mencionando as quantidades, qualidade e destino dos resíduos recolhidos, dos
quais uma cópia deverá ser mantida pela entidade geradora dos resíduos, outra
cópia pela entidade transportadora dos resíduos, terceira cópia a ser mantida
pelo destinatário do produto e a quarta enviada ao Ministério que superintende
o Sector do Ambiente semestralmente.

ARTIGO 15
(Movimentação de Resíduos Perigosos no Interior das Instalações da Entidade
Produtora)

1. A movimentação de resíduos perigosos no interior das instalações das


entidades produtoras, desde o ponto da sua geração até aos locais de
acondicionamento, armazenamento e tratamento deve ser efectuada com
recurso a equipamentos ou veículos apropriados com uma base e paredes sólidas
e que sejam capazes de os conter.
2. Os equipamentos ou veículos usados para as operações acima descritas devem
ser apropriados de modo a permitir uma lavagem e descontaminação adequada.
3. As águas resultantes da lavagem dos equipamentos ou veículos usados no
transporte devem merecer tratamento de acordo com legislação em vigor.

ARTIGO 16
(Movimentação de Resíduos Perigosos para o Exterior das Instalações da
Entidade Produtora)

1. A movimentação de resíduos perigosos por vias públicas, será efectuada com


as necessárias adaptações, obedecendo às disposições constantes do Código da
Estrada, sobre o trânsito de veículos que efectuem transportes especiais.
2. Os resíduos perigosos, só podem ser movimentados para fora das instalações
das entidades produtoras por transportadores devidamente certificados pelo
Ministério que superintende o Sector do Ambiente, de acordo com o disposto no
artigo 10 do presente regulamento.
3. O transporte de resíduos perigosos realizado pelas forças armadas obedecerá
à legislação específica sobre a matéria.
4. A movimentação transfronteiriça de resíduos perigosos pelo território
nacional, é feita de acordo com os condicionalismos impostos pela Resolução n.º
18/96, 28 de Novembro, que ratificou a Convenção de Basileia, sobre
movimentação transfronteiriça de resíduos perigosos e sua eliminação e nas
instruções sobre a matéria a aprovar pelo Ministério que superintende o Sector
do Ambiente.

ARTIGO 17
(Métodos de Tratamento, Eliminação e Deposição de Resíduos Perigosos)

1. As entidades envolvidas no tratamento, eliminação, deposição e/ou


aproveitamento energético de resíduos perigosos devem demonstrar, através de
um processo de avaliação de riscos realizado durante o desenvolvimento ou
revisão do plano de gestão de resíduos, a viabilidade ambiental da operação de
tratamento, deposição e/ou aproveitamento a ser adoptada para o caso
específico, de acordo com as opções constantes do Anexo V ao presente
regulamento, com prioridade para a opção de deposição mais aconselhável do
ponto de vista técnico-científico.
2. Sempre que a opção de deposição dos resíduos perigosos mais aconselhável
determine a sua deposição em aterro, esta deve ser feita em aterros industriais,
de acordo com as opções constantes do anexo V do presente regulamento.
3. O co-processamento de resíduos perigosos em fornos de cimenteiras deve
somente acontecer tendo como objectivo o aproveitamento de materiais
alternativos e recuperação energética, sendo proibido o uso dos fornos como
incineradores de resíduos sem valores energéticos ou como matéria-prima
substituta.
4. Quaisquer entidades envolvidas no processo de deposição de resíduos
perigosos devem rever o seu plano de gestão de resíduos perigosos cada cinco
(5) anos com o objectivo de alcançar o método de deposição aconselhável do
ponto de vista técnico científico.

ARTIGO 18
(Obrigações Específicas das Entidades que Manuseiam Resíduos Perigosos)

1. Para além das obrigações genéricas constantes do artigo 8 do presente


regulamento, bem como as que advêm do cumprimento dos procedimentos
estabelecidos no Capítulo II do mesmo regulamento, constitui obrigação
específica das entidades geradoras ou manuseadoras de resíduos perigosos, a
indicação de um coordenador responsável pela área de gestão de resíduos
perigosos.
2. As entidades referidas no número anterior são responsáveis por seguir os
seguintes requisitos de registo e reporte:
a) Efectuar e manter um registo minucioso, com carácter anual, das
proveniências, quantidades e tipos de resíduos produzidos, transportados,
tratados, valorizados, eliminados ou exportados, e da ocorrência de acidentes;
b) O registo anual referido na alínea anterior deve ser submetido ao Ministério
que superintende o Sector do Ambiente até ao final do primeiro trimestre do ano
seguinte, devendo ser conservado durante cinco anos.
3. As entidades referidas no n.º 1 do presente artigo devem comunicar ao
Ministério que superintende o Sector do Ambiente qualquer alteração aos
elementos constantes dos pedidos de certificação referidos no artigo 10.
4. Todas as entidades que importam ou comercializem produtos, cujas
embalagens, uma vez usadas, são consideradas resíduos perigosos, são
obrigadas a garantir um sistema de recepção e recolha das mesmas.
5. Em concordância com o número anterior, é da responsabilidade destas
entidades o tratamento e deposição adequada dos recipientes por si colocados
no mercado.

CAPÍTULO IV
Taxas, Infracções e Penalidades

ARTIGO 19
(Taxas)

1. Pela certificação de Operadores de Resíduos Perigosos é cobrada uma taxa no


valor de 100.000,00 Mts (cem mil meticais).
2. Pela certificação de Transportador de Resíduos Perigosos é cobrada uma taxa
no valor de 80.000,00 Mts (oitenta mil meticais).
3. Constitui excepção ao n.º 2 deste artigo a certificação dos produtores de
resíduos de embalagens vazias que façam transporte dos seus próprios resíduos
para pontos de recolha ou reciclagem e cujo peso dos mesmos não exceda 250
Kg. Neste caso, é cobrada uma taxa no valor de 10.000,00 Mts (dez mil meticais).

ARTIGO 20
(Infracções e penalidades)

1. Constituem infracções administrativas e puníveis com penas de multa de


200.000,00 Mts (duzentos mil meticais), para além de imposição de outras
sanções previstas na lei geral, o embaraço ou obstrução, sem justa causa, à
realização das actividades de fiscalização às entidades competentes para o
efeito, nos termos deste regulamento.
2. Constituem infracções puníveis com penas de multa de 400.000,00 Mts
(quatrocentos mil meticais), sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral,
a não observância do disposto nas alíneas a), b), c), d), e), h) do artigo 8, no n.º
4 do artigo 11, nos artigos 12 e 13, no n.º 3 do artigo 14 e nos n.ºs 3, 4 e 5 do artigo
18 do presente regulamento;
3. Constituem infracções puníveis com pena de multa de 600.000,00 Mts
(seiscentos mil meticais), sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral, a
não observância do disposto nas alíneas nos artigos 7 e 8, no n.º 1 do artigo 11,
nos n.ºs 2 e 4 do artigo 16 e no n.º 2 do artigo 18 do presente regulamento.
4. As penas de multa referidas nos n.ºs 1 e 2 deste artigo são agravadas em 30%,
cumulativamente, em caso de reincidência.
5. Da aplicação das multas previstas nos n.ºs 2 e 3 do presente artigo pode
resultar, como pena acessória, a ordem de encerramento da actividade até a sua
conformação com as disposições legais, dependendo da gravidade dos danos
causados aos trabalhadores, à saúde pública e ao ambiente.

ARTIGO 21
(Cobrança de Multas e Taxas)

1. Os valores de taxas e multas devido ao abrigo deste regulamento, deverão ser


pagos na Recebedoria de Fazenda do respectivo Sector fiscal mediante a
apresentação de modelo apropriado.
2. O infractor dispõe de 20 dias de calendário para pagar a multa aplicada,
contados a partir da data de recepção da notificação.
3. Decorrido o prazo estipulado no número anterior sem que o infractor tenha
procedido ao respectivo pagamento, o auto será remetido ao Juízo de Execução
Fiscal competente.

ARTIGO 22
(Destino dos Valores das taxas e Multas)

1. Os valores das taxas estabelecidas no presente regulamento terão a seguinte


afectação:
a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o FUNAB (Fundo do Ambiente).
2. Os valores das multas estabelecidas no presente regulamento terão a
seguinte afectação:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o FUNAB (Fundo do Ambiente).
ARTIGO 23
(Actualização dos Valores das Taxas e Multas)

Os valores de multas e taxas estabelecidas no presente regulamento serão


actualizados sempre que se mostre necessário por diploma ministerial conjunto
dos Ministros que superintendem os Sectores de Finanças e do Ambiente.

CAPÍTULO V
Disposições Finais e Transitórias

ARTIGO 24
(Emissão de instruções)

Compete ao Ministérios que superintende o Sector do Ambiente a emissão de


instruções com vista à implementação efectiva e uniforme do presente
Regulamento.

ARTIGO 25
(Normas Transitórias)

A proibição da comercialização de todo o tipo de pneus usados e de pneus


novos fora do prazo no mercado nacional entra em vigor 365 dias após a
publicação do presente regulamento. CONSULTAR ANEXO NO TEXTO
INTEGRAL – IMAGEM
de 31 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre a Gestão
de Resíduos Sólidos Urbanos);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 94/2014,
de 31 de Dezembro

Havendo necessidade de rever as normas e procedimentos relativas a gestão


correcta de resíduos sólidos urbanos resultantes das actividades humanas, dadas
as consequências nefastas que a sua má gestão acarreta para a saúde pública e o
meio ambiente, ao abrigo do disposto no artigo 33 da Lei do Ambiente, o
Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos


e respectivos anexos que são parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. Compete ao Ministro que superintende o Sector do Ambiente aprovar as


directivas gerais e específicas e outras normas para a implementação do presente
Regulamento.

Art. 3. É revogado o Decreto n.º 13/2006, de 15 de Junho, que aprova o


Regulamento sobre a Gestão de Resíduos.

Art. 4. O presente decreto entra em vigor noventa dias após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 11 de Novembro de 2014.


Publique-se.
O Primeiro – Ministro, Alberto Clementino António Vaquina.

Regulamento Sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente regulamento define-se como:


Acondicionamento – colocação de resíduos em recipientes com condições de
estanquicidade e higiene, por forma a evitar a sua dispersão.
Aproveitamento ou Valorização – utilização de resíduos ou componentes destes
por meio de processos de reciclagem, reutilização tendente à obtenção de
matérias-primas secundárias com o objectivo da reintrodução dos resíduos nos
circuitos de produção e ou consumo em utilização análoga, sem alteração dos
mesmos.
Aquacultura – produção de organismos aquáticos, como criação de peixes
crustáceos, anfíbios, répteis e o cultivo de plantas aquáticas para o uso do
Homem.
Armazenagem – a deposição temporária e controlada de resíduos previamente
ao seu tratamento, aproveitamento ou eliminação.
Aterro sanitário – infraestrutura cuja finalidade é a deposição segura de resíduos
sólidos urbanos no solo, utilizando-se os princípios de engenharia de modo a
eliminar os impactos destes sobre o ambiente e confiná-los num menor volume
possível.
Aterro controlado – infraestrutura cuja finalidade é a deposição de resíduos em
solo segundo planos de gestão e que não possui sistemas de controlo de
lixiviamento, impermeabilização e gestão de gases.
Compostagem – método para decomposição do material orgânico existente nos
resíduos, sob condições adequadas, de forma a se obter um composto orgânico.
Composto – a matéria fertilizante resultante de decomposição controlada de
resíduos orgânicos, obtida pelo processo de compostagem ou por digestão
anaeróbia seguido de compostagem.
Deposição final ambientalmente adequada – colocação de resíduos em aterros
sanitários, observando normas operacionais especificas de modo a evitar danos
ou riscos à saúde pública e à segurança e à minimizar os impactos ambientais
adversos.
Detentor de resíduos – pessoa ou entidade que controla ou detém resíduo na sua
posse.
Estações de triagem – Infraestruturas onde os resíduos são separados, mediante
processos manuais ou mecânicos em materiais destinados a valorização.
Estações de transferência – instalações transitórias com o objectivo de
consolidar, prepararem e transportar os resíduos para os locais de tratamento,
valorização ou deposição final.
Gestão de Resíduos – todos os procedimentos viáveis com vista a assegurar uma
gestão ambientalmente segura, sustentável e racional dos resíduos, tendo em
conta a necessidade da sua redução, reciclagem e reutilização, incluindo a
separação, recolha, manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação
de resíduos bem como a posterior protecção dos locais de eliminação, por forma
a proteger a saúde humana e o ambiente contra os efeitos nocivos que possam
advir dos mesmos.
Gestão de Risco – a identificação sistemática de perigos e desenvolvimento de
medidas de controlo para gerir os riscos associados a cada um dos perigos
identificados.
Incineração – consiste na queima controlada de resíduos sólidos em fornos
projectados para transformar totalmente os resíduos em material inerte,
propiciando também uma redução de volume e de peso.
Operador de resíduos – entidade que realiza actividades relacionadas com a
gestão de resíduos.
Perigo – potencial para degradar a qualidade do ambiente, prejudicar a saúde e
a vida das pessoas ou danificar propriedades.
Plano de Gestão integrada de Resíduos Sólidos Urbanos – documento que
contém informação técnica sistematizada sobre as operações de recolha,
transporte, manuseamento, armazenamento, tratamento, valorização ou
eliminação de resíduos, incluindo a monitorização dos locais de descarga durante
e após o encerramento das respectivas instalações, bem como o planeamento
dessas operações.
Produtor de resíduos – pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado
que geram resíduos em resultado das suas actividades.
Reciclagem – processo de transformação de resíduos sólidos que envolve
alteração das suas propriedades físicas, físico-químico ou biológicas, com vista a
transformação em insumos ou novos produtos.
Recolha – operação de colecta incluindo a triagem de resíduos, com vista ao seu
transporte.
Recolha selectiva – sistema de recolha diferenciado, a partir da fonte geradora
dos resíduos segregados nas suas diversas componentes.
Resíduos – substâncias ou objectos que se eliminam, que se tem a intenção de
eliminar ou que se é obrigado por lei a eliminarmos, também designados por
lixos.
Resíduos especiais – resíduos com características perigosas produzidas nas
habitações em pequenas quantidades tais como equipamentos eléctricos e
electrónicos, óleos usados, plásticos contaminados e outros.
Bioresíduos – os resíduos biodegradáveis de espaços verdes, nomeadamente os
de jardins, parques, campos desportivos, bem como os resíduos biodegradáveis
alimentares, tais como os provenientes de habitações, de unidades de
fornecimento das refeições ou resíduos similares das unidades de transformação
de alimentos.
Resíduos domésticos volumosos – os provenientes das habitações cuja remoção
não se torne possível por meios normais, atendendo ao volume, forma ou
dimensões que apresentam, ou cuja deposição nos contentores existentes seja
considerada inconveniente pelo Município.
Resíduos sólidos comerciais – os de proveniência comercial que tem
características dos resíduos sólidos domésticos, tais como os de
estabelecimentos comerciais, escritórios, restaurantes e outros similares.
Resíduos sólidos industriais equiparados aos urbanos – os de proveniência
industrial que tem características de resíduos sólidos urbanos domésticos tais
como os de refeitórios, cantinas e escritórios.
Resíduos sólidos hospitalares equiparados aos urbanos – os provenientes de
unidades hospitalares que tem características de resíduos sólidos urbanos
domésticos tais como os de refeitórios, cantinas e escritórios.
Resíduos sólidos urbanos – os resíduos originários das actividades domésticas e
comerciais de aglomerados populacionais.
Risco – a probabilidade de ocorrência de um acidente e as consequências
resultantes dessa ocorrência.
Segregação – Processos de separação de resíduos sólidos urbanos com base nos
materiais constituintes para posterior reciclagem, compostagem, incineração e
deposição final.
Transporte de resíduos – qualquer operação de transferência física de resíduos
com uso de meios rodoviários, ferroviários, aéreos ou marítimos.
Tratamento de resíduos – qualquer operação de valorização ou eliminação de
resíduos, incluindo a preparação prévia a valorização ou eliminação,
compreendendo os processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou
biológicos, que alteram as características dos resíduos de forma a reduzir o seu
volume ou periculosidade.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem como objecto o estabelecimento de regras de


gestão dos resíduos sólidos urbanos no território nacional.

ARTIGO 3
(Âmbito de Aplicação)

1. O presente regulamento aplica-se a todas as pessoas singulares e colectivas,


públicas e privadas envolvidas:
a) Na produção e gestão de resíduos sólidos urbanos;
b) Na produção e gestão de resíduos industriais e hospitalares equiparados aos
urbanos.
2. As regras estabelecidas pelo presente regulamento não se aplicam à gestão
de:
a) Resíduos industriais perigosos;
b) Resíduos biomédicos;
c) Resíduos radioactivos;
d) Emissões e descargas de efluentes;
e) Águas residuais;
f) Outros resíduos sujeitos à regulamentação específica.

ARTIGO 4
(Princípios gerais da gestão de resíduos)
Ao abrigo do presente regulamento os princípios gerais da gestão de resíduos
são os seguintes:
a) Princípios da auto-suficiência – as operações de gestão de resíduos sólidos
urbanos devem decorrer preferencialmente em território nacional, reduzindo ao
mínimo possível os movimentos transfronteiriços de resíduos;
b) Princípio da responsabilidade pela gestão – a gestão dos resíduos sólidos
urbanos constitui parte integrante do ciclo de vida dos materiais, sendo da
responsabilidade do respectivo produtor e/ou detentor;
c) Princípio da prevenção e redução – constitui objectivo prioritário da gestão de
resíduos sólidos urbanos, evitar e reduzir a sua produção, bem como o seu
carácter nocivo, devendo a gestão de resíduos evitar também, ou pelo menos
reduzir, o risco para a saúde humana e para o ambiente causado pelos resíduos
sem utilizar processos ou métodos susceptíveis de gerar efeitos adversos sobre
o ambiente;
d) Princípio da hierarquia da gestão de resíduos – a gestão de resíduos sólidos
urbanos deve respeitar a seguinte ordem de prioridades no que se refere às
opções de gestão – prevenção e redução, reutilização, reciclagem, outras formas
de valorização e eliminação – devendo sempre recorrer às melhores tecnologias
disponíveis com custos economicamente sustentáveis, a fim de permitir o
prolongamento do ciclo de vida dos materiais;
e) Princípio da responsabilidade do cidadão – é dever do cidadão contribuir para
a prossecução dos princípios e objectivos referidos no presente Regulamento,
adoptando comportamentos de carácter preventivo em matéria de produção de
resíduos, bem como práticas que facilitem a respectiva reutilização e valorização;
f) Princípio da protecção da saúde humana e do ambiente – Constitui objectivo
prioritário de gestão de resíduos sólidos urbanos evitar e reduzir os riscos para a
saúde humana e para o ambiente, garantindo que a produção, recolha, transporte
e tratamento de resíduos sejam realizados recorrendo a processos ou métodos
que não sejam susceptíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente,
nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, impactos sobre a fauna e flora,
ruído, odores ou danos na paisagem;
g) Princípio poluidor-pagador – é dever do poluidor arcar com os custos de
reparação do dano por ele causado ao meio ambiente; princípio que faz parte do
direito ambiental.

ARTIGO 5
(Competências em Matéria de Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos)

1. Em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos, compete ao Ministério que


superintende o Sector do Ambiente:
a) Emitir e divulgar regras sobre procedimentos a observar no âmbito da gestão
de resíduos sólidos urbanos;
b) Realizar vistorias as instalações ou locais de armazenagem e/ou eliminação de
resíduos sólidos urbanos;
c) Garantir o envolvimento de outras instituições na realização de vistorias
previstas na alínea b) do presente número;
d) Garantir o acesso à informação relevante sobre a gestão de resíduos sólidos
urbanos;
e) Promover as boas práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos a nível do
País, tais como reciclagem, compostagem, recolha selectiva e aterros sani tários;
f) Elaborar e manter actualizado o Cadastro Nacional de todas as entidades
públicas e privadas que manuseiam resíduos sólidos urbanos;
g) Adoptar, em coordenação com os Municípios ou Governos Distritais medidas
necessárias para suspender a armazenagem, eliminação ou transporte de
resíduos sólidos urbanos, efectuados ilegalmente e/ /ou em condições que
constituem perigo para a saúde pública ou para o ambiente;
h) Penalizar os gestores dos Conselhos Municipais ou Governos Distritais sempre
que sejam detectadas situações de gestão inadequada de resíduos sólidos
urbanos, nos termos do presente Regulamento;
i) Monitorar e fiscalizar o cumprimento das disposições do presente
Regulamento.
2. Em matéria de gestão de resíduos sólidos urbanos, compete aos Conselhos
Municipais e Governos Distritais, dentro da respectiva área de jurisdição:
a) Garantir a adequada gestão dos resíduos sólidos urbanos;
b) Elaborar e aprovar as Posturas Municipais e Regulamentos de Resíduos Sólidos
Urbanos e de Limpeza Urbana, bem como outras normas específicas sobre gestão
de resíduos sólidos urbanos;
c) Definir os procedimentos para a recolha, transporte, tratamento e destino final
dos resíduos sólidos urbanos;
d) Promover as boas práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos (reci clagem,
compostagem, recolha selectiva, aterros sanitários), em coordenação com outras
instituições públicas, organizações da sociedade civil e sector privado;
e) Fixar as taxas para os serviços de recolha, transporte, tratamento e deposição
de resíduos sólidos urbanos;
f) Cadastrar as entidades públicas ou privadas que manuseiam resíduos sólidos
urbanos dentro da sua área de jurisdição;
g) Adoptar, em coordenação com os Sectores de Tutela, as medidas necessárias
para suspender a armazenagem, eliminação ou transporte de resíduos sólidos
urbanos, efectuado ilegalmente e/ou em condições que constituam perigo para
a saúde pública ou para o ambiente;
h) Assegurar o cumprimento das disposições do presente Regulamento;
i) Penalizar os infractores, de acordo com as posturas e regulamentos
estabelecidos.

ARTIGO 6
(Obrigações dos Conselhos Municipais e Governos Distritais)

Nos termos do presente Regulamento é da responsabilidade dos Conselhos


Municipais e Governos Distritais, nas respectivas áreas de jurisdição:
a) Garantir que os resíduos sólidos urbanos não sejam lançados em praias, no
mar, cursos e corpos de água, ou noutros locais que possam constituir perigo
para a saúde pública e para o meio ambiente;
b) Assegurar que os resíduos sólidos não sejam depositados ou queimados a céu
aberto ou em instalações e equipamentos não licenciados para o efeito.
c) Garantir o cumprimento das obrigações referentes aos produtores,
transportadores e operadores de resíduos sólidos urbanos, conforme disposto no
artigo 11 do presente Regulamento;
d) Manter um registo anual das proveniências, quantidades e tipos de resíduos
manuseados, transportados, tratados, valorizados ou eliminados, de acordo com
os requisitos mínimos constantes no Anexo II.
e) Assegurar o cumprimento das demais disposições do presente Regulamento.

ARTIGO 7
(Classificação dos Resíduos Sólidos Urbanos)

Os resíduos sólidos urbanos, nos termos do presente Regulamento, são


classificados de acordo com a Norma Moçambicana NM339 - Resíduos Sólidos -
Classificação.

CAPÍTULO II
Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos

ARTIGO 8
(Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos)

1. Todas as entidades públicas e/ou privadas que desenvolvem actividades


relacionadas com a gestão de resíduos sólidos urbanos devem elaborar e
implementar um plano de gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos por elas
geridos, baseado no princípio da hierarquia da gestão de resíduos, de acordo
com a alínea d) do artigo 4, e contendo, no mínimo, a informação constante do
Anexo I.
2. Os planos de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos são válidos por um
período de cinco (5) anos, contados a partir da sua aprovação pelas Assembleias
Municipais ou Governos Distritais, podendo ser actualizados sempre que se
justifique.

ARTIGO 9
(Licenciamento Ambiental de instalações destinadas a tratamento e deposição
final de resíduos sólidos urbanos)

1. As instalações destinadas a tratamento e deposição final de resíduos sólidos


urbanos estão sujeitas a prévio licenciamento ambiental, nos termos do
Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.
2. O requerimento para o pedido de licenciamento deverá ser entregue aos
órgãos competentes, nos termos do Regulamento sobre o Processo de Avaliação
do Impacto Ambiental, obedecendo à tramitação processual nela descrita.
3. O processo de apreciação do pedido de licenciamento será efectuado ao
abrigo do Regulamento sobre Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

ARTIGO 10
(Dever de Informação)

1. Os Conselhos Municipais e Governos Distritais devem submeter ao Ministério


que superintende o Sector do Ambiente, até ao final do primeiro trimestre de
cada ano, o Registo Anual sobre a gestão de resíduos do ano anterior, em
conformidade com o Anexo II do presente Regulamento.
2. Os Conselhos Municipais e Governos Distritais devem fornecer anualmente ao
Ministério que superintende o sector do ambiente o cadastro das entidades que
manuseiam resíduos sólidos nas áreas de sua jurisdição.
3. Todas as entidades privadas ou públicas com responsabilidade na gestão de
resíduos sólidos urbanos devem informar o Conselho Municipal ou Governo
Distrital no caso da ocorrência de derrames acidentais de resíduos sólidos
urbanos, no período de 24 horas após o incidente, devendo igualmente manter
informadas as respectivas entidades sobre as medidas tomadas.
4. Os Conselhos Municipais e Governos Distritais devem informar o Ministério que
superintende o Sector do Ambiente sobre a ocorrência de derrames acidentais
de resíduos sólidos urbanos, no período de 24 horas após terem recebido
informação da ocorrência.

ARTIGO 11
(Obrigações dos produtores, transportadores e operadores de resíduos sólidos
urbanos)

São obrigações dos produtores, transportadores e operadores de resíduos


sólidos urbanos:
a) Minimizar a produção de resíduos sólidos urbanos;
b) Capacitar os trabalhadores envolvidos no manuseamento de resíduos sem
matéria de saúde, segurança ocupacional e ambiente;
c) Garantir a segregação e acondicionamento dos resíduos em diferentes
categorias de acordo com o disposto no artigo 14 do presente Regulamento;
d) Garantir o tratamento dos resíduos sólidos urbanos antes da sua deposição
final adequada;
e) Garantir a protecção de todos os trabalhadores envolvidos na gestão de
resíduos sólidos urbanos contra acidentes e doenças resultantes da sua
exposição ao risco de contaminação;
f) Garantir que o transporte de resíduos seja efectuado de modo adequado,
assegurando que não haja dispersão dos resíduos sólidos urbanos ao longo do
percurso até ao local de tratamento ou destino final;
g) Garantir que a eliminação dos resíduos, dentro e fora do local de produção,
não tenha impacto negativo sobre o ambiente ou sobre a saúde e segurança
públicas;
h) Manter um registo anual minucioso das proveniências, quantidades e tipos de
resíduos manuseados, transportados, tratados, valorizados ou eliminados.

ARTIGO 12
(Recolha e Transporte de Resíduos Sólidos Urbanos)

1. Os métodos ou processos específicos de recolha e transporte de resíduos


sólidos urbanos serão estabelecidos pelos Conselhos Municipais ou Governos
Distritais nos termos da legislação em vigor.
2. As entidades competentes poderão adoptar o sistema de recolha e transporte
que acharem tecnicamente apropriados a cada situação e ao tipo de resíduos a
recolher, desde que sejam garantidas condições de higiene, salvaguardando a
saúde pública e o ambiente.
3. O transporte de resíduos deve ser feito em veículos apropriados, de modo a
minimizar os riscos para os trabalhadores envolvidos, para o público em geral e
para o meio ambiente.
4. A recolha e transporte de resíduos sólidos urbanos serão efectuados segundo
percursos, frequência e horários definidos, aprovados pelos Conselhos
Municipais ou Governos Distritais.
5. Os Conselhos Municipais ou Governos Distritais deverão informar os seus
munícipes ou população da sua área de jurisdição sobre os locais e horários de
colocação e recolha de resíduos.

ARTIGO 13
(Recolha selectiva)

1. O sistema de recolha selectiva deve ser aprovado pelos Conselhos Municipais


ou Governos Distritais, devendo estabelecer a separação de resíduos de acordo
com as categorias previstas no n.º 1 do artigo 14 do presente regulamento.
2. O sistema de recolha selectiva referido no número anterior deve promover a
participação de cooperativas ou de outras formas de associação de colectores
de materiais reutilizáveis e recicláveis.
3. A implementação do sistema de recolha selectiva deve ser executada pelos
Conselhos Municipais ou Governos Distritais, pelo sector privado, ou por
associações ou cooperativas de materiais reutilizáveis e reci cláveis.

ARTIGO 14
(Segregação e acondicionamento de Resíduos Sólidos Urbanos)

1. Nos termos deste Regulamento, os resíduos sólidos urbanos são segregados de


acordo com as seguintes categorias:
a) Matéria orgânica;
b) Papel ou cartão;
c) Entulho;
d) Plástico;
e) Vidro;
f) Metal;
g) Têxteis;
h) Borracha;
i) Resíduos domésticos volumosos;
j) Resíduos especiais.
2. As entidades produtoras ou manuseadoras de resíduos sólidos urbanos devem
dispor de condições adequadas de acondicionamento, de modo a que a sua
deposição nos recipientes ou contentores destinados ao efeito seja feita de modo
a evitar a sua dispersão para a via pública.
3. As formas de acondicionamento a adoptar nos termos do n.º 2 do presente
artigo, deverão permitir uma identificação clara dos recipientes ou contentores
e dos locais onde de resíduos estão acondicionados, de acordo com as categorias
indicadas no n.º 1 do presente artigo.

ARTIGO 15
(Tratamento e Valorização dos Resíduos Sólidos Urbanos)

1. O sistema de tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos são


estabelecidos e aprovados pelos Conselhos Municipais ou Governos Distritais.
2. O sistema de tratamento e valorização de resíduos referidos no número
anterior deve indicar claramente:
a) Os processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou biológicos a utilizar no
tratamento;
b) As formas de reutilização, reciclagem, recuperação de materiais ou co-
processamento para a produção de energia a adoptar na valori zação.

ARTIGO 16
(Deposição final dos Resíduos Sólidos Urbanos)

1. A deposição final dos resíduos sólidos urbanos deve obedecer às normas


operacionais específicas estabelecidas pelo Ministério que superintende o Sector
do Ambiente, de modo a evitar danos à saúde pública, segurança e ambiente.
2. A deposição final de resíduos sólidos urbanos deve ser efectuada em aterros
sanitários ou controlados.

ARTIGO 17
(Encerramento de antigas lixeiras e aterros sanitários)

1. A responsabilidade pela manutenção e pela monitoria ambiental após o


encerramento de lixeiras e aterros de resíduos sólidos urbanos cabe aos
Conselhos Municipais e Governos Distritais.
2. A manutenção e a monitoria ambiental referidas no número anterior são
efectuadas de acordo com um plano de encerramento aprovado pelo Ministério
que superintende o Sector do Ambiente.

ARTIGO 18
(Educação ambiental)

Os Conselhos Municipais e Governos Distritais devem:


a) Promover programas educativos de consciencialização pública sobre a
importância de uma gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos, com ênfase
na redução da produção de resíduos, na prevenção e controle da poluição, nos
benefícios do reaproveitamento e reciclagem;
b) Proceder a divulgação de boas práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos,
envolvendo as comunidades, líderes locais, escolas, universidades, órgãos de
comunicação social, sector privado e organizações da sociedade civil;
c) Divulgar o calendário das actividades de limpeza urbana.
CAPÍTULO III
Taxas, Infracções e Penalidades

ARTIGO 19
(Taxas)

1. As taxas de limpeza urbana são estabelecidas e cobradas pelos Conselhos


Municipais ou Governos Distritais, de acordo com os valores definidos e
aprovados no Código de Postura ou Regulamento de Resíduos Sólidos Urbanos
e Limpeza Urbana, e pagas nas respectivas Tesourarias.
2. O destino dos valores das taxas cobradas pelos Conselhos Municipais ou
Governos Distritais são determinados pelos códigos de posturas ou regulamentos
sobre gestão de resíduos sólidos aprovados pelas Assembleias Municipais ou
Governos Distritais.

ARTIGO 20
(Infracções e penalidades)

1. Constituem infracções administrativas e puníveis com pena de multa


correspondente a 150.000.00 MT, sem prejuízo de outras sanções previstas na
lei geral, o embaraço ou obstrução, sem justa causa, à realização das actividades
de fiscalização das entidades competentes, nos termos deste regulamento.
2. Constituem infracções puníveis com pena de multa correspondente a
240.000,00 MT, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral, a não
observância do disposto nos artigos 4, 6 e 11 as alíneas d), e), f), g) e h) 16 e 17
do presente Regulamento.
3. As penas de multa referidas nos n.ºs 1 e 2 deste artigo são agravadas em 30%,
cumulativamente, em casos de reincidência.

ARTIGO 21
(Cobrança de Multas)

1. Os valores das multas estabelecidas pelo Ministério que superintende o Sector


do Ambiente ao abrigo deste regulamento são pagos na Recebedoria de
Fazenda, mediante a apresentação de modelo apropriado.
2. O infractor dispõe de 20 dias de calendário para pagar a multa aplicada,
contados a partir da data de recepção da notificação.
3. Decorrido o prazo estipulado, sem que o infractor tenha procedido ao
respectivo pagamento, o auto é remetido ao Juízo de Execução Fiscal
competente.
4. As multas cobradas pelos Conselhos Municipais ou Governos Distritais serão
determinados pelas Assembleias Municipais ou Governos Distritais.

ARTIGO 22
(Destino dos Valores das Multas)

1. Os valores das multas estabelecidas no n.º 1 do artigo 20 do presente


regulamento têm o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o FUNAB (Fundo do Ambiente).
2. 60% dos valores recebidos pelo FUNAB devem ser aplicados em actividades
de promoção de boas práticas de gestão de resíduos sólidos urbanos e de
melhoria das actividades de monitoria e fiscalização do cumprimento do
presente regulamento.
3. O destino das multas cobradas no âmbito do n.º 4 do artigo 21 serão
determinadas pelas Assembleias Municipais ou Governos distritais.
ARTIGO 23
(Actualização dos Valores das Multas)

1. Os valores de multas e taxas estabelecidas no presente regulamento são


actualizados sempre que se mostre necessário por diploma ministerial conjunto
dos Ministros que superintendem os Sectores de Finanças e do Ambiente.
2. Os valores das multas e taxas estabelecidas pelas Assembleias Municipais ou
Governos Distritais são actualizados por estes órgãos sempre que se mostre
necessário.

CAPÍTULO IV
Disposições Finais

ARTIGO 24
(Isenções temporárias)

São isentos de penas de multa, por deposição final de RSU em lixeiras, os


Conselhos Municipais ou Governos Distritais que demonstrem ao Ministério que
superintende o Sector do Ambiente a necessária diligência e progresso nos
processos de encerramento das lixeiras e de construção de aterros sanitários.

ARTIGO 25
(Norma transitória)

Os Conselhos Municipais ou vilas não municipalizadas devem encerrar as lixeiras


a céu aberto nas suas áreas de jurisdição e garantir a construção de aterros
sanitários ou controlados no prazo de três anos após a publicação do presente
regulamento.

Anexo I Requisitos Mínimos de um Plano de Gestão Integrada de Resíduos


Sólidos Urbanos

Os planos de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos devem descrever a


análise da situação actual da gestão de resíduos, a definição das medidas a
adoptar para melhorar, de modo ambientalmente correcto, o tratamento e
deposição de resíduos sólidos urbanos.
Os planos de gestão integrada de resíduos sólidos urbanos devem conter, pelo
menos, os seguintes elementos:
a) Caracterização do Município/Distrito;
b) Objectivos e metas do Plano durante os cincos anos de vigência do mesmo;
c) Aspectos organizacionais relacionados com a gestão de resíduos,
designadamente uma descrição da partilha de responsabilidades entre os
intervenientes que efectuam a gestão de resíduos, indicando as despesas do
sector e propostas de sustentabilidade/opções para aumento das receitas;
d) Situação actual da Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos do Município/Distrito;
e) Análise dos pontos, fortes, fracos, ameaças e oportunidades;
f) Propostas para uma gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos;
g) Propostas de acções para a realização de campanhas de sensibilização e de
informação dirigidas ao público em geral ou a grupos específicos de
consumidores;
h) Anexos;
i) Bibliografia.

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


de 5 de Agosto (aprova o Regulamento sobre a Gestão
e Controlo do Saco de Plástico);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 16/2015,
de 5 de Agosto

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre a Gestão e Controlo do Saco de


Plástico, anexo ao presente Decreto e que dele faz parte integrante.

Art. 2. Compete ao Ministro que superintende a área do Ambiente, ouvido o


Ministro que superintende a área da Indústria e Comércio, aprovar normas
complementares para a implementação do presente Regulamento.

Art. 3. 1. O presente Decreto entra em vigor na data da sua publicação.


2. Entram em vigor 180 dias após a publicação do presente Decreto, as normas
relativas à:
a) Proibição de importação de sacos plásticos, cujos processos estejam em curso;
b) Proibição da produção do saco de plástico com as características descritas nos
n.ºs 1 e 2 do artigo 4 do Regulamento, anexo ao presente Decreto;
c) Proibição de revenda.

Publique-se.
Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 30 de Junho de 2015. – O Primeiro-
Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

Regulamento Sobre a Gestão e Controlo do Saco de Plástico

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

Para efeitos do presente Regulamento define-se como:


a) Biodegradável - substância que se decompõe pela acção de um agente
biológico.
b) Gestão do saco de plástico – refere-se ao ciclo do controlo da produção,
importação, comercialização, distribuição, uso e deposição final do saco de
plástico.
c) Matéria-prima virgem – material usado para a produção de saco de plástico
que não tenha sido obtido a partir de processos de reciclagem;
d) Material reciclado -matéria-prima ou material obtido após processos físico-
químico de reciclagem de resíduos.
e) Micrómetro – é a unidade de medida igual a 10-6 metro que corresponde a
0,000001 metro ou seja a milésima parte do milímetro, a qual é usada para medir
espessuras muito finas de diversos materiais.
f) Norma Moçambicana (NM) – documento estabelecido por consenso e aprovado
pelo Instituto Nacional de Normalização e Qualidade (INNOQ), que fornece para
utilização comum e repetida, regras, directrizes ou características para
actividades ou seus resultados, garantindo um nível de organização óptimo, num
dado contexto.
g) Plástico – polímeros orgânicos sólidos de alta massa molecular, sintéticos ou
semi-sintéticos moldáveis, produzidos principalmente a partir de petroquímicos
ou parcialmente de produtos naturais.
h) Saco de plástico – espécie de bolsa de plástico usado para transportar ou
conservar qualquer produto;
i) Saco de plástico para pesagem de produtos alimentares – saco sem pega com
espessura variável entre 5 e 12 micrómetros usado para acondicionar produtos
para fins específicos de pesagem.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem por objecto estabelecer normas e procedimentos


referentes à gestão e controlo do saco de plástico, no que respeita a sua
produção, importação, comercialização e uso, com vista a reduzir os impactos
negativos na saúde humana e no ambiente em geral.

ARTIGO 3
(Âmbito)

O presente Regulamento aplica-se a todas entidades públicas e privadas, pessoas


singulares e colectivas, envolvidas na produção, importação, comercialização e
uso do saco de plástico no território nacional.

ARTIGO 4
(Proibições)

1. Nos termos do presente Regulamento é proibida:


a) A produção, importação, comercialização a retalho ou a grosso de saco de
plástico cuja espessura seja inferior a 30 micrómetros;
b) A distribuição gratuita de saco de plástico em todos os locais onde se exerça
a actividade comercial;
c) A comercialização ou distribuição de saco de plástico que contenham acima
de 40% de material reciclado em estabelecimentos que comercializem produtos
alimentares.
2. Constitui excepção ao disposto na alínea a) do número anterior, o saco de
plástico usado para a pesagem de produtos alimentares e o especificamente
usado para acondicionamento de resíduos sólidos urbanos.
3. Constitui ainda excepção ao disposto na alínea a) do n.o 1 do presente artigo
o saco de plástico produzido na zona franca para exportação.

ARTIGO 5
(Produção, uso e comercialização do saco de plástico)

1. A produção e importação do saco de plástico deve estar em conformidade com


a Norma Moçambicana NM 596.
2. Os estabelecimentos ou locais que se dediquem à comercialização dos
produtos alimentares devem respeitar a espessura prevista no n.º 1 do artigo 4
do presente Regulamento e garantir que o saco de plástico comercializado não
exceda na sua composição 40% de material reciclado.
3. É autorizada a distribuição e uso do saco de plástico com materi al reciclado
aos estabelecimentos que não envolvam o comércio de produtos alimentares,
devendo respeitar a espessura prevista no n.º 1 do artigo 4 do presente
Regulamento.
4. Sem prejuízo do estabelecido na Norma Moçambicana supracitada, o produtor
deve rotular o saco de plástico produzido obedecendo a seguinte indicação:
a) Nome da empresa e/ou logótipo;
b) Endereço físico;
c) Características do produto incluindo, o volume, material usado, símbolo do
plástico, espessura e, caso contenha material reciclado, indicar a sua
percentagem.
4. É de carácter obrigatório a indicação, em separado, o preço do saco de plástico
relativamente ao preço dos produtos em todos os estabelecimentos que praticam
a actividade comercial.

ARTIGO 6
(Competências)

1. Compete ao Ministério que superintende a área do Ambiente:


a) Divulgar as regras de cumprimento obrigatório sobre procedimentos a
observar no âmbito da gestão do saco de plástico;
b) Monitorar o cumprimento das disposições do presente regulamento;
c) Adoptar em coordenação com os outros sectores, medidas necessárias para a
redução do uso de saco de plástico e identificar alternativas sustentáveis;
d) Velar pelo cumprimento de normas e procedimentos ambientais no processo
da produção do saco de plástico.
2. Compete ao Ministério que Superintende a área das Finanças, fiscalizar através
de órgãos competentes o processo de importação do saco de plástico.
3. Compete ao Ministério que superintende a área da Indústria e Comércio:
a) Licenciar e as actividades de produção e comercialização do saco plástico.
b) Cadastrar entidades que produzem, comercializam e importam sacos
plásticos.
4. Compete a Inspecção Nacional de Actividades Económicas fiscalizar a
produção, comercialização e uso do saco plástico.
5. Compete aos Órgãos Locais do Estado e Conselhos Municipais no âmbito das
suas atribuições velar pelo cumprimento do presente Regulamento.

CAPÍTULO II
Infracções e Penalidades

ARTIGO 7
(Infracções e Penalidades)

1. As transgressões às disposições deste Regulamento ficam sujeitas às seguintes


multas:
a) Produção do saco de plástico cuja espessura seja inferior a 30 micrómetros -
Multa no valor correspondente a 40 salários mínimos;
b) Importação do saco de plástico cuja espessura seja inferior a 30 micrómetros
– Multa no valor correspondente 80 salários mínimos;
c) Comercialização a retalho ou a grosso do saco de plástico com menos de 30
micrómetros – Multa no valor de 50 salários mínimos;
d) Distribuição gratuita do saco de plástico – Multa no valor correspondente a 25
salários mínimos;
e) Não indicação, em separado, do preço do saco de plástico relativamente ao
preço dos produtos – Multa no valor correspondente a 30 salários mínimos;
f) Distribuição do saco de plástico que contenha acima de 40% de material
reciclado em estabelecimentos que comercializem produtos alimentares – Multa
no valor correspondente 60 salários mínimos.
2. As multas previstas no presente Regulamento devem ser pagas na Recebedoria
da Fazenda da área de jurisdição do estabelecimento num prazo máximo de 20
dias, contados a partir da data da sua notificação, findo do qual o infractor fica
sujeito a uma cobrança coerciva.

3. A prática de actos previstos nos números anteriores de forma repetida é sujeita


ao pagamento do triplo do valor da respectiva multa.
ARTIGO 8
(Destino das multas)

1. As multas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte destino:


a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 30 % para o Fundo do Ambiente;
c) 30% para a Entidade Fiscalizadora.
2. Compete ao Ministro que superintende a área do Ambiente, aprovar a
percentagem dos valores consignados ao Fundo de Ambiente que devem ser
canalizados para o melhoramento dos serviços de fiscalização.
de 31 de Dezembro (Regulamento sobre o Processo de
Avaliação do Impacto Ambiental (AIA);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 54/2015,
de 31 de Dezembro

Havendo necessidade de rever o Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, que


aprova o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental no
país, ao abrigo do disposto no artigo 33 da Lei do Ambiente, aprovada pela Lei
n.º 20/97, de 1 de Outubro, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto


Ambiental, que é parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. Compete ao Ministro que superintende a área do Ambiente aprovar as


normas complementares para a operacionalização do presente Decreto.

Art. 3. São revogados os Decretos n.ºs 45/2004, de 29 de Setembro e 42/2008,


de 4 de Novembro, que regulam o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

Art. 4. O presente Decreto entra em vigor noventa dias após a sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 15 de Dezembro de 2015.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

Regulamento Sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

O significado dos termos e expressões utilizados no presente Decreto constam


do glossário em anexo, de que faz parte integrante.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento estabelece as normas sobre o processo de avaliação


de impacto ambiental.

ARTIGO 3
(Âmbito de Aplicação)

1. As disposições previstas neste Regulamento, aplicam- -se a todas as


actividades públicas ou privadas que directa ou indirectamente possam influir
nas componentes ambientais.
2. A Avaliação de Impacto Ambiental para as actividades petrolíferas e mineiras
é regida por regulamentação específica.

ARTIGO 4
(Categorização)
Para efeitos de definição do tipo de AIA a ser realizada, as actividades são
categorizadas da seguinte forma:
a) Categoria A+ - as actividades descritas no Anexo I e as avaliadas como sendo
de categoria A+, que estão sujeitas a realização de um EIA e supervisão por
Revisores Especialistas independentes com experiência comprovada;
b) Categoria A - as actividades descritas no Anexo II e as avaliadas como sendo
de categoria A, que estão sujeitas a realização de um EIA;
c) Categoria B - as actividades descritas no Anexo III e as avaliadas como sendo
de categoria B, que estão sujeitas a realização de um EAS;
d) Categoria C - as actividades descritas no Anexo IV e as avaliadas como sendo
de categoria C, que estão sujeitas à apresentação de Procedimentos de Boas
Práticas de Gestão Ambiental a serem elaborados pelo proponente do projecto
e aprovados pela entidade que superintende a área de AIA.

ARTIGO 5
(Isenções)

1. Ficam isentas da realização do EIA ou do EAS, as acções imediatas que visem


fazer face a situações de emergência derivadas de desastres ou calamidades
naturais assim como, situações de emergências resultantes de actividades de
desenvolvimento.
2. Para as situações descritas no número anterior o Ministério que superintende a
Área do Ambiente deve emitir orientações pertinentes e posteriormente realizar
auditorias nos termos da legislação em vigor.
3. Ficam igualmente isentas as actividades destinadas à defesa e segurança
nacional que constituam segredo do Estado nos termos da lei, devendo-se
considerar o respectivo Impacto Ambiental.

CAPÍTULO II
Avaliação do Impacto Ambiental

ARTIGO 6
(Competências)

1. Compete à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental Central e Provincial:


a) Gerir e coordenar o processo de AIA;
b) Emitir e divulgar directivas sobre o processo de AIA;
c) Realizar a pré-avaliação de cada actividade submetida à sua apreciação;
d) Designar e presidir a Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental
estabelecida para cada projecto que lhe é submetido para apreciação.
e) Solicitar a participação de técnicos especialistas do sector público ou proceder
a contratação de consultores do sector privado sempre que necessário ao
processo de AIA;
f) Realizar audiências públicas e assegurar que a participação pública seja
observada nos termos deste Regulamento;
g) Re-categorizar actividades quando as condições e/ou os resultados da AIA o
exijam;
h) Notificar o proponente para o pagamento da taxa de licenciamento ambiental
nos termos do presente Regulamento;
i) Notificar o proponente e as entidades públicas, directamente interessadas da
concessão da licença ambiental;
j) Garantir que a informação relativa ao licenciamento ambiental esteja di sponível
ao público;
k) Propor a actualização de critérios e padrões ambientais;
l) Accionar os mecanismos legais para, em coordenação com as instituições de
direito, embargar ou mandar destruir obras que pela sua natureza atentem contra
a qualidade do ambiente, bem como, ordenar a suspensão ou cancelamento do
exercício de quaisquer actividades, incluindo o cancelamento
de certificado de consultoria ambiental.
2. Compete ainda à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental Central:
a) Proceder, orientar, rever e decidir sobre os relatórios de EPDA & TdR e EIA
para projectos de categoria A+ e A;
b) Emitir licenças ambientais de projectos aprovados a nível central;
c) Registar, manter e divulgar o registo dos profissionais e empresas de
consultoria habilitados para a AIA e Revisores Especialistas.
3. Compete ainda à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental Provincial:
a) Proceder, orientar, rever e decidir sobre os relatórios dos TdR específicos para
os EAS e sobre os procedimentos de boas práticas de gestão ambiental;
b) Emitir licenças ambientais para as actividades de categorias B e C;
c) Aprovar o PGA para todos os projectos mineiros classificados como de
categoria B, nos termos do Regulamento Ambiental para Actividade Mineira.

ARTIGO 7
(Instrução do Processo)

1. Para dar início ao processo de AIA, os proponentes devem apresentar à


Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental, a nível central ou provincial, a
seguinte documentação/ /informação:
a) Memória descritiva da actividade e o Anti-Projecto;
b) Justificativa da actividade;
c) Enquadramento legal da actividade;
d) Breve informação biofísica e socioeconómica da área do projecto e de
influência da actividade;
e) Uso actual da terra na área da actividade;
f) Ficha de Informação Ambiental Preliminar disponível, constante do Anexo VI
do presente Regulamento, devidamente preenchida;
g) Apresentação do DUAT provisório da área disponível para o desenvolvimento
do projecto;
h) Plano de exploração.
2. Todas as Instruções de Processo de actividades relativas ao processo de
licenciamento ambiental, devem ser submetidas à entidade ambiental do
respectivo local de implementação.
3. As Instruções de Processo de Projectos localizados em mais de uma província
devem ser submetidas à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental Central,
com conhecimento de todas as províncias abrangidas.
4. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental, pode, em momento
oportuno, solicitar visita aos locais de implementação do projecto, para avaliar
as condições socio ambientais de referência.
5. Toda a informação do processo de AIA deve ser redigida na língua portuguesa.

ARTIGO 8
(Pré-avaliação)

1. Todas as actividades susceptíveis de causar impactos sobre o ambiente, devem


ser objecto de pré-avaliação a ser efectuada pela entidade que superintende a
área de AIA.
2. Da realização da pré-avaliação pode resultar:
a) A categorização da actividade e consequentemente a determinação do tipo
de AIA a ser efectuada, nomeadamente EIA para actividades de categoria A+ e A
ou EAS para as actividades de categoria B;
b) A isenção de EIA ou EAS para as actividades de categoria C;
c) A reprovação da implementação da actividade no local proposto caso sejam
determinadas questões fatais.
3. A pré-avaliação é efectuada com base no seguinte:
a) Análise da informação constante no artigo 6 do presente Regulamento;
b) Critérios de avaliação constantes no artigo 9 deste Regulamento;
c) Conhecimento prévio do local de implementação da actividade;
d) Conformidade da actividade pretendida com os Planos de Desenvolvimento
Distrital e de Ordenamento do Território;
e) Consulta aos Anexos I, II, III e IV sobre a categorização das actividades.
4. Os termos e condições para a avaliação e identificação das necessidades de
contrabalanço da biodiversidade afectada serão regidos por regulamentação
específica.
5. Para as actividades isentas da realização do EIA ou EAS, a entidade que
superintende a Área de AIA emitirá a respectiva Licença Ambiental no prazo de
dez dias úteis após a aprovação das Boas Práticas de Gestão Ambiental e
apresentação do comprovativo de pagamento da taxa de licenciamento
ambiental.

ARTIGO 9
(Critérios de Avaliação)

1. Os resultados da avaliação da actividade proposta serão determinados com


base nos seguintes factores:
a) Número de pessoas e comunidades abrangidas;
b) Ecossistemas, plantas e animais afectados, e a sua importância para a
biodiversidade e os serviços de ecossistema;
c) Localização e extensão da área afectada;
d) Reversibilidade do impacto.
e) Identificação de potenciais impactos;
f) Elementos do Projecto.
2. No processo de identificação, avaliação dos impactos ambientai s e desenho
das medidas de mitigação deverão ser observados os padrões de qualidade
ambiental adoptados em Moçambique, de modo a garantir uma adequada
hierarquia de mitigação.

ARTIGO 10
(Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito e Termos de
Referência)

1. O EPDA é obrigatório para todas as actividades de categoria A+ e A,


constituindo uma obrigação da inteira responsabilidade do proponente da
actividade e tem como objectivo:
a) Determinar a possível existência de questões fatais relativas à implementação
da actividade;
b) Determinar o âmbito do EIA e, consequentemente, o desenho dos TdR, nos
casos em que não haja questões fatais que tornem inviável a actividade.
2. Do EPDA, deve resultar um relatório contendo, no mínimo, a seguinte
informação:
a) O resumo não técnico com as principais questões abordadas, conclusões e
propostas;
b) Identificação e endereço do proponente bem como da equipa interdisciplinar
responsável pela elaboração do EIA;
c) Os limites e os padrões do uso da terra nas áreas de influência directa e
indirecta da actividade;
d) A descrição da actividade e das diferentes acções nela previstas, bem como
as respectivas alternativas, nas etapas de planificação, construção, exploração e
quando for o caso de actividade temporária a sua desactivação;
e) Descrição biofísica e socioeconómica do local, incluindo a identificação
preliminar dos serviços de ecossistemas e a vulnerabilidade às mudanças
climáticas;
f) Identificação e avaliação das questões fatais da actividade, caso existam;
g) Identificação de potenciais impactos de carácter relevante para a actividade,
incluindo os relacionados com as mudanças climáticas se aplicável;
h) Identificação e descrição dos aspectos a investigar em detalhe durante o EIA.
i) O relatório de participação pública de acordo com o estipulado no n.º 9 do
artigo 15.
3. O EPDA deve ser apresentado à Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental, acompanhado dos respectivos TdR para o EIA, sob forma de relatório,
redigido em língua portuguesa, devendo proceder-se à entrega do número de
exemplares a cores, determinado a quando da pré-avaliação, efectuada por esta
entidade, em suporte de papel, e o respectivo suporte informático.
4. O relatório dos Revisores Especialistas do EPDA é parte integrante do
processo de AIA e deve ser submetido à Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental antes da aprovação do EDPA, para o caso de actividades de categoria
A+.
5. Os TdR constituem um guião que preside a elaboração do EIA e deve conter
no mínimo:
a) Descrição dos estudos especializados identificados como necessários durante
o EPDA e a efectivar durante o EIA, para o caso de actividades de categoria A+
e A;
b) Metodologia de avaliação de serviços de ecossistema actualmente
providenciados;
c) Descrição das alternativas viáveis identificadas e que devem ser investigadas
no EIA;
d) Metodologia de identificação e avaliação dos impactos ambientais
nomeadamente os impactos nas mudanças climáticas e na vulnerabilidade às
mudanças climáticas e na biodiversidade, incluindo impactos residuais e sociais
nas fases de construção, operação e desactivação;
e) Requisitos de informação adicional necessária.

ARTIGO 11
(Estudo de Impacto Ambiental)

1. A realização do EIA é da inteira responsabilidade do proponente da actividade.


2. O EIA rege-se pelos TdR aprovados pela Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental e pelas Directivas Gerais e Específicas para a sua elaboração, emitidas
pela entidade que superintende a área do Ambiente e pelos sectores de tutela da
actividade, devendo o relatório resultante deste estudo conter, no mínimo:
a) O resumo não técnico com as principais questões abordadas, conclusões e
propostas;
b) Identificação e endereço do proponente;
c) A identificação da equipa interdisciplinar que elaborou o EIA;
d) O enquadramento legal da actividade, incluindo reassentamento e/ou o
contrabalanço, se forem necessários e as suas inserções nos Planos de
Ordenamento Territorial existentes para a área de influência directa e indirecta
da actividade;
e) A descrição da actividade e das diferentes acções nela previstas nas etapas de
planificação, construção, exploração e desactivação;
f) A descrição e comparação detalhadas das diferentes alternativas;
g) A delimitação e representação geográfica da área de influência da actividade;
h) A caracterização da situação ambiental e social de referência, incluindo a
avaliação qualitativa dos serviços de ecossistema actualmente providenciados e
a identificação da vulnerabilidade aos efeitos das mudanças climáticas;
i) A previsão da situação ambiental futura com ou sem medidas de mitigação;
j) Resumo dos impactos e viabilidade ambiental, e sócio-económica das
alternativas propostas;
k) Identificação e análise do impacto do projecto sobre a saúde, género e grupos
vulneráveis das comunidades afectadas e as medidas de mitigação propostas;
l) Identificação e avaliação dos impactos directos, indirectos, residuais e
cumulativos, e das respectivas medidas de mitigação, potenciação e/ou
compensação;
m) Apresentação do DUAT provisório ou definitivo da área disponível para o
desenvolvimento do projecto;
n) O PGA da actividade, que inclui a monitorização dos impactos, programas de
educação ambiental, de comunicação, de emergência e contingência de
acidentes;
o) Plano de Gestão de Contrabalanços da Biodiversidade como anexo, quando
for necessário;
p) Relatório do Levantamento Físico e Sócio-económico (RLFSE), como anexo
separado, quando for necessário e a ser submetido à Unidade Orgânica que
superintende o reassentamento, devendo ser elaborado de acordo com a
Directiva Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de
Reassentamento, devendo o mesmo incluir o relatório de participação pública
contendo no mínimo duas consultas públicas a saber:
(i) Uma, para informar os interessados sobre os objectivos, pertinência e
impactos do processo de reassentamento;
e (ii) Outra, para apresentação e discussão das alternativas de áreas para o
reassentamento.
q) O relatório de participação pública de acordo com o estipulado no n.º 9 do
artigo 15;
r) Apresentação de comprovativo de pagamento do Imposto sobre o Rendimento
dos consultores não domiciliados em Moçambique, registados em regime de
subcontratação.
3. Os relatórios dos estudos dos especialistas constituem parte integrante do
Relatório de EIA sob forma de anexos.
4. O EIA deve ser apresentado à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental,
sob forma de relatório, redigido em língua portuguesa, devendo proceder-se à
entrega do número de exemplares a cores determinado aquando da aprovação
dos TdR, em suporte de papel e o respectivo suporte informático incluindo mapas
georeferenciados (formato shapefile ou similar) de habitats.
5. O relatório dos Revisores Especialistas do EIA é parte integrante do processo
de AIA e deve ser submetido à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental
antes da aprovação do EIA, para o caso de actividades de categoria A+.

ARTIGO 12
(Estudo Ambiental Simplificado)

1. A realização do EAS é da inteira responsabilidade do proponente da actividade.


2. Antes da elaboração do EAS, o proponente deve submeter os respectivos TdR
à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental para apreciação, os quais
deverão conter os seguintes elementos:
a) Identificação e endereço do proponente;
b) Localização da actividade num mapa a uma escala apropriada à dimensão do
projecto que garanta a visualização, análise e a correcta legenda do mapa,
indicando os limites da área de influência directa e indirecta da actividade, bem
como os padrões de uso da terra em curso;
c) Enquadramento da actividade nos Planos de Ordenamento do Território
existentes;
d) A descrição da actividade e das diferentes acções nela previstas, bem como
as respectivas alternativas, nas etapas de planificação, construção, exploração e
desactivação;
e) A identificação das componentes ambientais sobre as quais incidirá o estudo;
f) A identificação de potenciais impactos de carácter relevante para a actividade;
g) A descrição da metodologia de identificação, classificação e Avaliação dos
Potenciais Impactos Ambientais da actividade;
h) Metodologia de desenho da estratégia e das medidas de mitigação, baseada
na hierarquia de mitigação;
i) Definição e identificação da equipa que efectuará o EAS.
3. Após a aprovação dos TdR pela Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental, deve-se realizar o EAS, do qual deve resultar um relatório a ser
elaborado nos termos das Directivas Gerais e Específicas, contendo no mínimo:
a) O Resumo Não Técnico com as principais questões abordadas, conclusões e
propostas;
b) A localização e descrição da actividade;
c) O enquadramento legal da actividade e a sua inserção nos Planos de
Ordenamento Territorial existentes para a área de influência directa e indirecta
da actividade;
d) Diagnóstico ambiental contendo uma descrição da situação ambiental de
referência, incluindo potencial vulnerabilidade às mudanças climáticas;
e) Identificação e avaliação dos impactos incluindo eventuais impactos nas
mudanças climáticas e nos serviços dos ecossistemas e das respectivas medidas
de mitigação e/ou potenciação, seguindo a hierarquia de mitigação;
f) O PGA da actividade, que inclui a monitorização dos impactos, programa de
educação ambiental e planos de comunicação, de emergência e contingência de
acidentes;
g) O relatório de participação pública, de acordo com o estipulado no n.º 9 do
artigo 15.
h) A identificação da equipa interdisciplinar que elaborou o EAS.
4. O EAS deve ser apresentado à respectiva Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental, sob forma de relatório, redigido em língua portuguesa, devendo
proceder-se à entrega do número de exemplares a cores, determinado pela
Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental, aquando da aprovação dos TdR,
em suporte de papel e o respectivo suporte informático.

ARTIGO 13
(Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental)

1. As Comissões Técnicas de Avaliação do Impacto Ambiental constituídas nos


termos deste Regulamento têm como objectivo:
a) Proceder a revisão dos EPDA e TdR para as actividades de categoria A+ e A,
em conformidade com as directivas emitidas para o efeito, e elaborar o
respectivo parecer;
b) Proceder a revisão dos TdR para as actividades de categoria B, e elaborar o
respectivo parecer;
c) Proceder a revisão dos relatórios de EIA, para as actividades de categoria A+
e A, em conformidade com as directivas emitidas para o efeito e elaborar o
respectivo parecer;
d) Proceder a revisão dos relatórios de EAS, para as actividades de categoria B e
elaborar o respectivo parecer;
e) Emitir a declaração final de avaliação dos relatórios que lhes são submetidos,
e submetê-los à entidade que superintende a área de AIA, através do órgão
competente para decisão.
2. Aos membros das Comissões Técnicas de Avaliação do Impacto Ambiental é
devida uma remuneração a ser determinada por Despacho Conjunto dos Ministros
que superintendem as Áreas do Ambiente e das Finanças.
ARTIGO 14
(Obrigações e Direitos dos Revisores Especialistas)

1. São obrigações dos Revisores Especialistas:


a) Rever os documentos submetidos à Avaliação de Impacto Ambiental;
b) Elaborar os relatórios de revisão.
2. Aos revisores especialistas é devida uma remuneração cujos custos associados
são da responsabilidade da Autoridade que superintende a Área do Ambiente.

ARTIGO 15
(Processo de Participação Pública)

1. A participação pública compreende a consulta e audiência pública, para efeitos


de:
a) Fornecimento de informação e auscultação a todas as partes interessadas e
afectadas directa ou indirectamente por uma actividade;
b) Pedido de esclarecimentos;
c) Formulação de sugestões e recomendações.
2. A participação pública deve realizar-se em conformidade com a respectiva
directiva.
3. A participação pública desde a fase de concepção da actividade até ao
licenciamento ambiental é da responsabilidade do proponente.
4. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental deve garantir que o
proponente realize a consulta pública e que os respectivos resultados sejam
considerados no processo de tomada de decisão.
5. No processo EIA, devem ser realizadas pelo menos duas séries de reuniões de
consultas públicas em cada local, sendo a primeira para apresentação do esboço
do Estudo e recolha de comentários e sugestões e a segunda para apresentação
da versão a ser submetida ao Governo.
6. A participação pública é obrigatória para actividades de categoria A+, A e B.
7. A convocatória para a consulta ou audiência pública, deve ser tornada pública
até quinze dias antes da data da sua realização, utilizando-se os meios que se
mostrem adequados para a sua publicitação.
8. Têm direito a tomar parte no processo de participação pública ou de se
fazerem representar, todas as partes interessadas ou afectadas directa ou
indirectamente pela actividade proposta.
9. Do processo de participação pública deve resultar um relatório final.
10. A audiência pública pode ter lugar ainda, por solicitação de cidadãos,
organizações ambientais legalmente constituídas, ou de entidades públicas ou
privadas, directa ou indirectamente afectadas pela actividade em análise, sempre
que a natureza da actividade, suas características e os seus feitos previsíveis o
justifiquem e deve ser feita por um mínimo de 50 cidadãos.
11. O processo de participação pública deve ser realizado na presença da
Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental e o sector de tutela da
actividade.
12. Os relatórios técnicos produzidos no âmbito da AIA devem estar disponíveis
para consulta pública, por forma a garantir a ampla divulgação e participação de
todas as partes interessadas.
13. Os comentários de revisão de EIA preliminares de actividades de categoria
A+, devem ser submetidos ao consultor responsável pelo estudo, dentro de 45
dias após a realização da reunião de consulta pública.
14. Os comentários de revisão de EIA preliminares das restantes classes de
projectos, devem ser submetidos ao consultor responsável pelo estudo, dentro
de 15 dias após a realização da reunião de consulta pública.
15. Os relatórios finais, incluindo o EIA, PGA, Planos de Reassentamento e de
Compensação e de Gestão de Contrabalanços da Biodiversidade, após
aprovação, são documentos de natureza pública.
16. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental tem a responsabilidade de
disponibilizar os referidos documentos, para a sua consulta a nível central e
provincial.

ARTIGO 16
(Revisão do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito)

1. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental deve designar a Comissão


Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental para proceder a revisão do relatório
do EPDA, constituído por um número impar de elementos, designadamente:
a) Um representante da Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental a nível
central, que preside a comissão;
b) Um representante do sector de tutela da actividade proposta;
c) Um representante da autarquia local da área de inserção da actividade, se o
local proposto para a implementação da actividade for um território autarcizado;
d) Outro(s) representante(s) de entidades governamentais, instituições de ensino
ou de centros de investigação na área do ambiente;
e) Técnico (s) especializado (s) na área de saúde e questões de género;
f) Técnico(s) especializado(s) na área da respectiva actividade, e solicitados ou
contratados pela Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental, sempre que se
mostre necessário.
2. A Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental procede à revisão do
relatório do EPDA, elaborando os respectivos comentários de que o proponente
deverá tomar conhecimento, podendo ser-lhe solicitado, informações
complementares, aditamentos, dentro dos prazos previstos nos termos do
presente Regulamento.
3. O grupo de Revisores Especialistas efectua a revisão do relatório do EPDA e
prepara um anexo que faz parte integrante do processo de AIA, no caso de
actividades de categoria A+ e o mesmo é de carácter público.
4. Todas as manifestações e exposições por escrito ou orais feitas no âmbito do
processo de participação pública, apresentadas aos órgãos locais e/ou ao
proponente, até dez dias antes do encerramento do período de revisão do EPDA,
devem ser registadas e são consideradas na decisão da Comissão Técnica de
Avaliação do Impacto Ambiental, desde que relacionadas com os impactos
ambientais da actividade.
5. Feita a apreciação final do relatório de EPDA, incluindo o relatório do Revisores
Especialistas, no caso de actividades de categoria A+, a Comissão Técnica de
Avaliação do Impacto Ambiental elabora o relatório técnico de revisão e
respectivo parecer técnico devidamente fundamentado, e emite uma declaração
final de avaliação, lavrando-se uma acta assinada por todos os membros da
comissão, a ser submetida à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental para
decisão final.

ARTIGO 17
(Revisão do Estudo de Impacto Ambiental)

1. Concluído o EIA, o mesmo deve ser apresentado à Autoridade de Avaliação do


Impacto Ambiental sob forma de relatório, acompanhado de toda a
documentação relevante para o processo de AIA, conforme o disposto no n.º 3
do artigo 11 do presente Regulamento que orienta todo o processo da sua revisão
técnica.
2. O mesmo grupo de Revisores Especialistas que avaliou o EPDA, procede a
revisão do relatório do EIA e prepara um parecer, em forma de um anexo, que faz
parte integrante do EIA, no caso de actividades de categoria A+ e o mesmo é de
carácter público.
3. A mesma Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental que avaliou o
EPDA, procede à revisão do relatório do EIA, elaborando o respectivo relatório
técnico.
4. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental deve comunicar ao
proponente os resultados da revisão referida nos números anteriores, podendo
ao longo do período de revisão, solicitar informações complementares ao EIA,
caso seja necessário.
5. Com a solicitação de informação complementar ao EIA, o prazo suspende-se,
devendo-se observar o disposto no n.º 5 do artigo 19 do presente Regulamento.
6. Todas as manifestações e exposições por escrito ou orais feitas no âmbito do
processo de participação pública, apresentadas aos órgãos locais e/ou ao
proponente até dez dias antes do encerramento do período de revisão do EI A,
devem ser registadas e consideradas na decisão da Comissão Técnica de
Avaliação do Impacto Ambiental, desde que estejam relacionadas com os
impactos ambientais da actividade.
7. Feita a apreciação final do relatório do EIA, incluindo o relatório do grupo de
Revisores Especialistas no caso de actividades de categoria A+, a Comissão
Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental elabora o relatório técnico de
revisão e o respectivo parecer técnico devidamente fundamentado e emite uma
declaração final de avaliação, lavrando-se uma acta assinada por todos membros
da comissão, a ser submetida à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental
para decisão final.
8. A acta lavrada pela Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental
constitui a fundamentação da decisão sobre o processo de licenciamento
ambiental da actividade proposta e deve fazer parte integrante do processo de
licenciamento ambiental.

ARTIGO 18
(Revisão do Estudo Ambiental Simplificado)

1. Concluído o EAS, o mesmo deve ser apresentado sob a forma de relatório,


acompanhado de toda documentação relevante, à respectiva Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental, nos termos do n.º 4 do artigo 12, que orienta
todo o processo da sua revisão técnica.
2. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental designa a Comissão Técnica
de Avaliação do Impacto Ambiental com a finalidade de proceder a revisão do
EAS.
3. A Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental deve apresentar a
seguinte composição:
a) Um representante da Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental que
preside a comissão;
b) Um representante do sector de tutela da actividade proposta;
c) Um representante da autarquia local da área de inserção da actividade, se o
local proposto para a implementação da actividade for um território autarcizado;
d) Outro (s) representante (s) de entidades governamentais, instituições de
ensino ou de centros de investigação na área do ambiente;
e) Técnico (s) especializado (s) na área de saúde e questões de género;
f) Técnico (s) especializado (s) na área da respectiva actividade, solicitados ou
contratados pela Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental.
4. A Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental deve ser constituída
por um número impar de elementos.
5. Todas as manifestações e exposições por escrito ou orais feitas no âmbito do
processo de participação pública, apresentadas aos órgãos locais e/ou ao
proponente até dez dias antes do encerramento do período de revisão do EAS,
devem ser registadas e consideradas na decisão da Comissão Técnica de
Avaliação do Impacto Ambiental, desde que estejam relacionadas com os
impactos ambientais da actividade.
6. Durante o período de revisão, a Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental pode solicitar informações complementares ao EAS, sobre os aspectos
dos TdR aprovados e que não tenham sido plenamente atendidos.
7. Feita a apreciação final do relatório do EAS, a Comissão Técnica de Avaliação
do Impacto Ambiental elabora o relatório técnico de revisão e o respectivo
parecer devidamente fundamentado, e emite uma declaração final de avaliação,
lavrando-se uma acta assinada por todos membros da comissão.
8. A acta lavrada pela Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental
constitui a fundamentação da decisão sobre o licenciamento ambiental da
actividade proposta e faz parte integrante do processo de licenciamento
ambiental.
9. Após a revisão do EAS, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental toma
uma decisão sobre a viabilidade ambiental da actividade proposta.

ARTIGO 19
(Prazo para a Submissão dos Relatórios e Comunicação das Decisões)

1. O proponente deve observar os seguintes prazos para os processos de AIA:


Para categoria B:
a) Submissão dos TdR após a aprovação da IP – até noventa dias;
b) Submissão do REAS após a aprovação dos TdR – até cento e oitenta dias;
Para categoria A
c) Submissão do EPDA e TdR após a aprovação da IP – até cento e oitenta dias;
d) Submissão do REIA após a aprovação do EPDA e TdR – até duzentos e setenta
dias;
Para categoria A+
e) Submissão do EPDA e TdR após a aprovação da IP – até duzentos e setenta
dias;
f) Submissão do REIA após a aprovação do EPDA e TdR – até trezentos e sessenta
dias;
Para todas as categorias Submissão da Adenda após a sua solicitação pela
Autoridade de AIA – até noventa dias.
2. A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental deve observar os seguintes
prazos para a comunicação das decisões:
a) Pré-avaliação – até oito dias úteis;
b) Termos de Referência – até quinze dias úteis;
c) EPDA e TdR – até trinta dias úteis para actividades de categoria A e quarenta
e cinco dias úteis para actividades de categoria A+;
d) Plano de Gestão Ambiental – até trinta dias úteis;
e) Adenda – até trinta dias úteis;
f) Estudo Ambiental Simplificado – até trinta dias úteis;
g) Estudo do Impacto Ambiental - até quarenta e cinco dias úteis para actividades
de categoria A e sessenta dias úteis para actividades de categoria A+.
3. O proponente pode solicitar a prorrogação dos prazos estabelecidos no n.º 1
do presente artigo, mediante fundamentação.
4. Em casos excepcionais, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental,
pode prorrogar os prazos estabelecidos no n.º 2 do presente artigo, por um
período a determinar de acordo com a especificidade e complexidade dos casos,
procedendo-se de imediato à notificação do proponente.
5. Os prazos indicados no n.º 2 deste artigo são contados a partir da data do
registo de entrada da documentação no respectivo órgão competente, sendo
interrompidos sempre que forem solicitadas informações complementares e
retomadas até que estas sejam devidamente apresentadas pelo proponente à
Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental.
CAPÍTULO III
Licenciamento Ambiental

ARTIGO 20
(Etapas de Licenciamento)

1. O processo de licenciamento ambiental é composto por três etapas,


nomeadamente:
a) Emissão da Licença Ambiental Provisória - licença emitida após a aprovação
do EPDA para AIA.
b) Emissão da Licença Ambiental de Instalação - licença emitida após a
aprovação do Estudo de Impacto Ambiental e apresentação do Plano de
Reassentamento aprovado, caso haja necessidade de Reassentamento.
c) Emissão da Licença Ambiental de Operação - licença emitida após a
verificação/vistoria do cumprimento integral do EIA versus empreendimento
construído e implementação total do Plano de Reassentamento, nos casos em
que este seja necessário.
2. A emissão da Licença Ambiental Provisória referida na alínea a) do n.º 1 do
presente artigo é facultativa.
3. O pagamento da taxa de licenciamento ambiental é efectuado após a
aprovação da Licença Ambiental de Instalação.
4. É proibido o início da operação de qualquer actividade sem que tenha sido
emitida a Licença Ambiental de operação sob pena de multa.

ARTIGO 21
(Decisão sobre a Viabilidade Ambiental)

1. Quando for comprovada a viabilidade ambiental da actividade:


a) O órgão competente, procede a notificação do proponente para efectuar o
pagamento das devidas taxas nos termos do artigo 27 do presente Regulamento,
no prazo de noventa dias, contados a partir da data da recepção da notificação;
b) A Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental emite a respectiva licença
ambiental, no prazo de quinze dias úteis, após a recepção do comprovativo do
pagamento das devidas taxas.
2. Em caso de objecção grave que impossibilite a aceitação e licenciamento
ambiental da actividade proposta, a Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental toma uma das seguintes decisões:
a) Reprovação total de implementação da actividade proposta, com a devida
fundamentação técnico-científica e legal, acompanhada do relatório e declaração
final de avaliação;
b) Reprovação parcial da actividade proposta com a devida fundamentação
técnico-científica e legal, acompanhada do relatório e declaração final de
avaliação;
c) Alteração da categoria da actividade proposta.
3. A reprovação total de implementação da actividade proposta implica o não
licenciamento ambiental da mesma.
4. Quando da análise da viabilidade ambiental da actividade resultar a rejeição
parcial da mesma, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental, pode
condicionar o licenciamento ambiental à realização de alterações e/ou à
reformulação da actividade proposta, submetendo-se a uma nova avaliação e
posterior decisão.
5. Quando da análise da viabilidade ambiental da actividade resultar a alteração
de categoria da mesma, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental
condiciona o licenciamento ambiental à realização de uma nova AIA e posterior
decisão.
6. Nos casos referidos nos pontos 3, 4 e 5, do presente artigo, a Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental, procede a notificação das partes interessadas
no prazo de cinco dias úteis, decorridos os prazos referidos no artigo 19.
7. Os custos associados a reformulação da proposta de actividade e subsequente
avaliação, são da inteira responsabilidade do proponente.

ARTIGO 22
(Caducidade e Validade da Licença Ambiental)

1. A Licença Ambiental caduca quando depois de decorridos 2 anos sobre a sua


emissão, a actividade não tenha efectivamente iniciada.
2. O proponente ainda interessado na implementação da actividade licenciada,
deve requerer a prorrogação da respectiva Licença Ambiental à Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental até noventa dias antes da data da sua
caducidade nos termos previstos no número anterior.
3. À Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental cabe tomar, no prazo de
trinta dias úteis, uma das seguintes decisões:
a) Prorrogar a licença por igual período de tempo;
b) Solicitar a actualização parcial do EIA ou do EAS, especificando a componente
ou componentes que carecem de alteração, para posterior avaliação e decisão;
c) Solicitar a realização de novo EIA ou do EAS nos termos do presente
Regulamento.
4. A Licença Ambiental Provisória é válida por dois anos não renováveis.
5. A Licença Ambiental de Instalação é válida por dois anos renováveis mediante
fundamentação.
6. A Licença Ambiental de actividades em operação é válida por um período de
cinco anos, renováveis por igual período, mediante requerimento solicitando
actualização, dirigido à Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental e sujeito
ao pagamento da respectiva taxa.
7. A actualização da licença das actividades de categoria A+ pode estar
condicionada à apresentação de um PGA e/ou Plano de Gestão de
Contrabalanços da Biodiversidade actualizado e para as activi dades de
categorias A e B a apresentação de um PGA actualizado caso as Auditorias
Ambientais realizadas e as práticas correntes o justifiquem e para as actividades
de categoria C, a apresentação do relatório de desempenho ambiental nas
condições previstas no licenciamento ambiental da actividade.
8. O PGA e/ou Plano de Gestão de Contrabalanços actualizados devem ser
apresentados em número de exemplares a ser definido pela Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental e devem indicar claramente as questões que
foram alvo de actualização.
9. A renovação da Licenças Ambiental deve ser precedida de uma visita técnica
pela Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental ao local do projecto, cujos
custos associados a esta são da inteira responsabilidade do proponente.

CAPÍTULO IV
Consultores Ambientais e Proponentes

ARTIGO 23
(Registo de Consultores Ambientais)

1. Só podem realizar Estudos do Impacto Ambiental em Moçambique, consultores


individuais e sociedade de consultoria, registados nos termos do presente
Regulamento.
2. O registo é feito na qualidade de consultor individual, sociedade de consultoria
ou consórcio de sociedades de consultoria.
3. Somente podem ser registados como consultores ambientais, os técnicos
superiores formados em ciências ambientais com mais de cinco anos de
experiência na área ambiental ou cursos específicos em ambiente.
4. Os técnicos com menos de cinco anos de experiência na área do ambiente,
somente podem realizar AIA como membros de equipa cujo responsável esteja
registado como consultor ambiental.
5. A emissão do certificado do registo acima referido, deve ser requerida pelos
interessados nos seguintes termos:
a) Nome, nacionalidade, profissão, local de trabalho e residência habitual;
b) Prova de domicílio em Moçambique , cópia do BI ou documento de residência;
c) Certificado de qualificação académica ou certificados de equivalência;
d) Curriculum vitae;
e) Cartas de referência que comprovam a sua experiência e conhecimento da área
do ambiente;
f) O consultor individual deve ainda apresentar o número de contribuinte (NUIT)
para efeitos de impostos;
g) Declaração de que não é funcionário ou contratado do Ministério que
superintende a área do Ambiente;
h) Comprovativo de participação na realização de estudos ambientais;
i) No caso de sociedade, além das informações relativas aos seus consultores nos
termos das alíneas anteriores, a mesma deve submeter ainda, o número de
matrícula no registo comercial e o número de registo de contribuinte fiscal;
j) As empresas de consultoria ou sociedade, devem apresentar no mínimo quatro
especialistas;
k) Prova de seguro profissional, singular ou colectivo.
6. Os consultores estrangeiros residentes em Moçambique que pretendam
exercer Consultoria Ambiental, para além de preencherem os requisitos
estipulados no número anterior, devem apresentar:
a) Os certificados de equivalência;
b) Os atestados de residência com pelo menos seis meses de validade
remanescentes;
c) A permissão de trabalho em Moçambique.
7. Os consultores individuais e as sociedades não domiciliadas em Moçambique
que desejam participar na realização de EIA, somente o podem fazer em regime
de subcontratação por consultores registados na Autoridade de Avaliação do
Impacto Ambiental, comprovada a comparticipação acima de 50% de técnicos
nacionais na equipa técnica, devendo apresentar o documento comprovativo de
contratação efectuada, os curriculum vitae e os certificados de habilitação dos
técnicos não domiciliados em Moçambique, a envolver na realização dos
referidos estudos.
8. Os consultores estrangeiros em regime de subcontratação que pretendam
exercer Consultoria Ambiental no país, para além de preencherem os requisitos
estipulados no número anterior, devem observar os condicionalismos legais
impostos pela legislação laboral para estrangeiros, em vigor, sem prejuízo dos
condicionalismos impostos pelas ordens ou associações profissionais.
9. Não é permitido o registo de consultores estrangeiros a título individual.
10. Pela emissão do certificado de registo de consultor é cobrada uma taxa nos
termos do n.º 4 do artigo 27 do presente Regulamento.
11. Recebido o pedido escrito, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental
emite o respectivo certificado de registo num prazo não superior a quinze dias
úteis, contados a partir da data de recepção do mesmo.
12. Os certificados de registo devem ser actualizados em cada três anos através
da apresentação do curriculum vitae actualizado, da original do certificado que
se pretende actualizar e mediante pagamento da taxa de actualização estipulada
no n.º 5 do artigo 27.
13. O requerimento para a actualização deve ser submetido à Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental, até noventa dias antes do término de validade
do certificado de consultor ambiental.
14. Em caso de dúvida, a Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental reserva-
se ao direito de exigir a comprovação das informações fornecidas pelo
interessado.

ARTIGO 24
(Responsabilidade dos Consultores Ambientais)

1. O Consultor Ambiental actua em representação do proponente da actividade,


sendo por este contratados com o objectivo de realizar a AIA da actividade em
causa.
2. O consultor é responsável por assegurar que:
a) Possui experiência de trabalho e conhecimento técnico para efectuar a AIA;
b) Possui capacidade para liderar o processo de participação pública;
c) Possui capacidade para realizar trabalho de forma objectiva;
d) Possui capacidade para produzir relatórios informativos consistentes, com
qualidade técnica e cientificamente correctos;
e) Providencia aos órgãos competentes toda a documentação pertinente
relacionada com AIA.
3. Os especialistas contratados pela Autoridade de Avali ação do Impacto
Ambiental, devem declarar por escrito, previamente à sua contratação, a
existência de qualquer conflito de interesses directo ou indirectamente
relacionado com a actividade em análise, indicando que não pertencem a
qualquer grupo de pressão com ligações a interesses competitivos aos que estão
a ser objecto de análise e revisão.
4. Os consultores credenciados para a realização de Avaliações de Impacto
Ambiental são civil e/ou criminalmente responsáveis pelas informações
fornecidas e contidas nos relatórios de AIA, bem como solidariamente pelas
consequências e danos resultantes da implementação de certa actividade pelo
proponente, de acordo com as recomendações técnicas por eles formuladas.

ARTIGO 25
(Responsabilidade do Proponente)

1. O proponente deve comunicar por escrito à Autoridade de Avaliação do


Impacto ambiental do início, interrupção e o fim da fase de construção bem como
do início da fase de operação da actividade.
2. O proponente é responsável pelo cumprimento de todos os regul amentos,
normas, directivas e padrões relevantes para a actividade, devendo assegurar:
a) A contratação de um ou mais consultores ambientais para a realização de
processos de AIA;
b) Que os consultores seleccionados estão registados pela Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental para o exercício da actividade de consultoria
ambiental em Moçambique;
c) A disponibilização de toda informação pertinente e actualizada para o
processo de AIA;
d) Que o processo de participação pública seja realizado em conformidade com
as normas em vigor no País.
3. O proponente deve actualizar e submeter à Autoridade de Avaliação do
Impacto Ambiental, um ano após o início da operação, o Plano e outros
Programas e/ou Procedimentos de Gestão Ambiental, os quais devem ser
revistos durante o processo de renovação da licença ambiental e sempre que uma
auditoria assim o solicitar.
4. O proponente deve elaborar e submeter à Autoridade de Avaliação do Impacto
Ambiental um ano após o início da operação e numa base anual , os relatórios de
monitorização ambiental da actividade.
5. O proponente é ainda responsável por todos os custos decorrentes do
processo de AIA e deve:
a) Suportar as despesas de deslocação ou transporte, assim como o pagamento
de ajudas de custo aos técnicos, nos termos fixados na tabela da função pública.
b) Responsabilizar-se por um número de técnicos que não exceda a quatro para
as actividades de categoria A+, três para as actividades de categoria A incluindo
o técnico do sector de tutela da actividade e dois para as actividades de
categoria B ou C;
c) Garantir o envio da correspondência por carta registada à Autoridade de
Avaliação do Impacto Ambiental.
6. O proponente responderá civil e/ou criminalmente sempre que:
a) Não submeta a sua actividade ao processo prévio de licenciamento ambiental;
b) Submeta a actividade proposta ao processo de licenciamento ambiental após
o início da sua implementação;
c) Altere a actividade inicial após a emissão da licença ambiental sem prévia
autorização da entidade competente;
d) Apresente informação fraudulenta, adulterada ou omissa durante o processo
de AIA;
e) Não implemente as medidas propostas nos estudos técnicos bem como a não
observância das condições de licenciamento ambiental;
f) Não proceda à actualização da licença ambiental nos prazos previstos.
7. Na fase inicial do processo de Avaliação do Impacto Ambiental, o proponente
deve intervir pessoalmente ou por intermédio de um representante legal, junto à
Autoridade de AIA.

CAPÍTULO V
Inspecção, Taxas e Sanções

ARTIGO 26
(Inspecção)

1. O Ministério que superintende a Área do Ambiente, deve proceder com


regularidade à inspecção e fiscalização das acções de monitorização e gestão
ambiental de actividades, levadas a cabo pelo proponente, com vista a garantir
a qualidade do ambiente, podendo solicitar a realização de auditoria ambiental,
quando se julgar necessário.
2. Todos os projectos de categoria A+ e A devem ser sujeitos à inspecção e
fiscalização, pelo menos uma vez por ano, durante a implementação do projecto.

ARTIGO 27
(Taxas)

1. Para efeitos de Instrução do Processo, o proponente deve pagar uma taxa no


valor de 1.000,00MT.
2. Pelo licenciamento ambiental, nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 21, do
presente Regulamento são devidas taxas, nos termos e valores a seguir indicados:
a) Licenciamento de Actividades de Categoria A+, taxa de 0.30% do valor de
investimento da actividade;
b) Licenciamento de Actividades de Categoria A e B, taxa de 0.20% do valor de
investimento da actividade;
c) Licenciamento de Actividades de Categoria C, é aplicado a taxa de 0,02% do
valor de investimento da actividade para projectos com valor de investimento
superior a 5.000.000,00MT, e valor unitário de 1.000,00MT para projectos com
investimento até 5.000.000.00MT.
d) Licenciamento de Centrais de Betão provisórias, localizadas dentro da área de
construção, é aplicado a taxa de 200 salários mínimos.
3. Para efeitos de renovação da licença ambiental, nos termos do disposto no n.º
6 do artigo 22 do presente Regulamento são cobradas as seguintes taxas:
a) Licença Ambiental de categoria A+ … … 80.000,00MT;
b) Licença Ambiental de categoria A … .… 60.000,00MT;
c) Licença Ambiental de categoria B … … … . 30.000,00MT;
d) Licença Ambiental de categoria C … … … … 5.000,00MT.
4. Para efeitos de registo de consultores ambientais, nos termos do disposto no
n.º 10 do artigo 23 do presente Regulamento são cobradas as seguintes taxas:
a) Registo de consultores individuais .… … … . 20.000,00MT;
b) Registo de empresas de consultoria … .… . 60.000,00MT.
5. Para efeitos de actualização do registo de consultores ambientais nos termos
do disposto no n.º 12 do artigo 23 do presente Regulamento são cobradas as
seguintes taxas:
a) Actualização de registo de consultores individuais … … … … … … .… … ...
10.000,00MT;
b) Actualização de registo de empresas de consultoria … … … … .… … … … ..
30.000,00MT.
6. Em caso do proponente pretender efectuar a transmissão da sua Licença
Ambiental para outra entidade ou alterar a denominação social da entidade
titular da Licença Ambiental, deve pagar uma taxa no valor de 10.000,00MT.
7. O pedido de transmissão deve ser acompanhado com a devida actualização do
Plano de Gestão Ambiental, em conformidade com toda a legislação ambiental
em vigor na altura de transmissão, sem o qual o pedido não pode ser aceite.
8. O pedido de alteração da denominação social constante da Licença Ambiental
deve ser acompanhado do Boletim da República que se publica a referida
alteração.
9. Para efeitos de emissão da segunda via da Licença Ambiental, o proponente
deve pagar a taxa equivalente a sua renovação.
10. Não é permitida a transmissão do certificado de consultor ambiental
individual ou colectivo.

ARTIGO 28
(Infracções e Sanções)

1. Constituem infracções administrativas e puníveis com pena de multa entre 30


a 150 salários mínimos, para além de imposição de outras sanções previstas na
lei geral, a obstrução ou embaraço sem justa causa, à realização das atribuições
cometidas às entidades referidas neste Regulamento.
2. Constitui infracção punível com pena de multa entre 30 a 50 salários mínimos,
não actualização da Licença Ambiental nos termos do disposto no número 6 do
artigo 22 do presente Regulamento, e a suspensão da actividade até a
regularização da Licença Ambiental.
3. Constitui infracção punível com pena de multa de: 2.857 a 5.714 salários
mínimos - Categoria A+;
1.429 a 2.857 salários mínimos - Categoria A: 286 a 1.429 salários mínimos -
Categoria B e 1 a 2 salários mínimos - Categoria C e paralisação imediata, a
implementação da actividade não licenciada em termos ambientais.
4. Constitui infracção punível com pena de multa entre 30 a 100 salários mínimos
os seguintes factos:
a) Exercício ilegal da actividade de consultoria ambiental sem observância do
disposto no artigo 25 do presente Regulamento, incluindo a submissão do
processo de AIA com certificado de consultor caducado;
b) Submissão da actividade proposta ao processo de licenciamento ambiental
após o início da sua implementação;
c) Alteração da actividade inicial e implementação de nova, após a emissão da
Licença Ambiental sem prévia autorização da entidade competente;
d) Apresentação de informação fraudulenta, adulterada, desactualizada ou
omissa durante o processo de AIA.
5. Constitui infracção punível com pena de multa de 30 salários mínimos a não
implementação de cada uma das medidas propostas nos estudos técnicos, bem
como a não observância das condições de licenciamento ambiental.
6. Constitui infracção punível com pena de multa no valor de 25.000,00Mt (vinte
e cinco mil meticais), a não submissão dos processos de AIA dentro dos prazos
estabelecidos no n.º 1 do artigo 19, do presente Regulamento.
7. Constitui infracção punível com pena de multa entre 10% a 20% sobre o valor
do licenciamento ambiental, o não pagamento da taxa de licenciamento
ambiental dentro do prazo estipulado na alínea b), do n.º 1 do artigo 20, do
presente Regulamento, até 6 meses, findo o qual o processo considera-se caduco.
8. Constitui infracção punível com pena de multa entre 25% a 50% sobre o valor
de renovação do certificado de consultor ambiental, a não actualização do
mesmo dentro do prazo estipulado no n.º 12 do artigo 23, do presente
Regulamento.
9. Ao consultor ambiental que durante a vigência do seu certificado apresentar
resultados de AIA sem conformidade com a respectiva legislação e directivas
específicas no máximo quatro vezes, ficará suspenso da sua actividade por um
período de três anos.
10. Passados três anos depois de caducar o certificado de consultor ambiental
sem o titular requerer a sua renovação, o mesmo deve iniciar um novo processo.

ARTIGO 29
(Graduação das Multas)

1. As multas dispostas no n.º 1 do artigo anterior serão graduadas do seguinte


modo:
É aplicado o valor mais baixo para os casos primários ou em que se verifiquem
embaraços à realização das atribuições cometidas às entidades referidas neste
Regulamento.
2. As multas dispostas no n.º 2 do artigo anterior serão graduadas do seguinte
modo:
a) É aplicado o valor de 30 salários mínimos, para a primeira vez que tal situação
ocorra;
b) É aplicado o valor de 50 salários mínimos para os casos subsequentes.
3. As multas dispostas no n.º 4 do artigo anterior são graduadas do seguinte
modo:
a) A não observância do disposto na alínea a) do n.º 4 do artigo 28 é aplicado o
valor equivalente a 30 salários mínimos pelo exercício de consultoria ambiental
a título individual e pelo exercício de consultoria ambiental por pessoas
colectivas ou empresas, aplica--se o montante resultante da multiplicação do
valor equivalente a 30 salários mínimos, pelo número de componentes da equipe
que realizou a AIA;
b) A não observância do disposto na alínea b) do n.º 4 do artigo 28 é aplicado o
valor mais baixo, se a actividade não tiver provocado alterações negativas
significativas sobre o ambiente e o valor mais alto se a actividade tiver provocado
alterações negativas significativas sobre o ambiente;
c) A não observância do disposto na alínea c) do n.º 4 do artigo 28 é aplicado o
valor mais alto;
d) Pela não observância do disposto na alínea d) do n.º 4 do artigo 28 é aplicado
o valor equivalente a 50 salários mínimos;
e) Pela não observância do disposto na alínea e) do n.º 4 do artigo 28 é aplicado
o valor equivalente a 30 salários mínimos para cada medida não implementada;
f) Em caso de reincidência é aplicado o valor mais alto previsto para a infracção
podendo ainda ser revogada a respectiva Licença Ambiental.
ARTIGO 30
(Destino dos Valores das Taxas e Multas)

1. Os valores das taxas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte


destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o Fundo do Ambiente.
2. Os valores das multas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte
destino:
a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o Fundo do Ambiente.
3. Os valores das taxas e multas a que se refere o presente Regulamento são
pagos na Direcção de Área Fiscal competente (a do domicílio ou sede da
entidade cobradora) mediante a apresentação de guia modelo apropriado.
4. Os valores das taxas e multas estabelecidas no presente Regulamento são
actualizados, sempre que se mostrar necessário, por Diploma Ministerial conjunto
dos Ministros que superintendem as áreas das Finanças e do Ambiente.
5. O Ministro que superintende a área do Ambiente, estabelece por Diploma
específico, a percentagem dos valores destinados ao Fundo do Ambiente, que
devem ser disponibilizados para o melhoramento dos Serviços de Avaliação do
Impacto Ambiental.

ANEXO I
Actividades de Categoria A+ 1. São acções que devido à sua complexi dade,
localização e/ou irreversibilidade e magnitude dos possíveis impactos, merecem
não só um elevado nível de vigilância social e ambiental, mas também, o
envolvimento de especialistas nos processos de AIA e fazem parte desta
categoria as actividades referentes e/ ou localizadas em áreas com as
características abaixo descritas:
a. Deslocamento físico e económico das famílias que não corresponde ao modelo
de reassentamento pré-definido no Regulamento sobre o Processo de
Reassentamento Resultante de Actividades Económicas;
b. Actividades localizadas em áreas com elevado valor de biodiversidade,
nomeadamente:
(i) Habitats de importância significativa para espécies criticamente ameaçadas
e/ou Ameaçadas segundo a legislação nacional ou internacional;
(ii) Habitats de importância significativa para espécies endémicas e/ou de acção
restrita;
(iii) Habitats de importância significativa para espécies protegidas no país;
(iv) Habitats que propiciem condições para a existência de concentrações
significativas de espécies migratórias e/ou congregatórias;
(v) Ecossistemas altamente ameaçados e/ou únicos;
(vi) Áreas associadas a processos evolutivos-chave como mangal.
c. Actividades com impactos potenciais irreversíveis antes da aplicação de
medidas de mitigação, em áreas cuja actividade humana não tenha modificado
substancialmente as funções ecológicas nativas e a composição das espécies da
área;
d. Actividades cuja localização seja em áreas de conservação e protecção e nas
suas áreas tampão, com excepção de actividades propostas pela própria
entidade gestora da referida Área de Conservação, quando destinadas a melhorar
a sua gestão;
e. Actividades cuja implementação afecte directamente recifes de coral e dunas
primárias, mangal, zonas húmidas e ervas marinhas sempre que os mesmos sejam
afectados numa área superior a 1ha;
f. Áreas povoadas onde a actividade poderá implicar níveis elevados de poluição
ou outro tipo de distúrbio que afecte significativamente as comunidades locais;
g. Zonas de cenário único;
h. Florestas nativas;
i. Zonas contendo espécies animais e/ou vegetais, habitats e ecossistemas em
extinção.
2. Incluem-se nesta categoria:
a) Tratamento e fabrico de substâncias perigosas classificadas como
cancerígenas, mutagénicas ou tóxicas;
b) Fabrico de produtos com uso de organismos geneticamente modificados e
seus derivados;
c) Fabrico de pesticidas;
d) Centrais nucleares;
e) Processamento e armazenamento de resíduos radioactivos;
f) Extracção e processamento de minérios;
g) Extracção, armazenamento, transporte, processamento e produção de
derivados de hidrocarbonetos;
h) Instalações de armazenamento subterrâneo e superficial de gases
combustíveis.

ANEXO II
Actividades de Categoria A 1. São acções que afectam significativamente seres
vivos e áreas ambientalmente sensíveis e os seus impactos são de maior duração,
intensidade, magnitude e significância. Fazem parte desta categoria as
actividades referentes e/ou localizadas em áreas com as características abaixo
descritas:
a) Áreas e ecossistemas reconhecidos como possuindo estatuto especial de
protecção ao abrigo da legislação nacional e internacional tais como:
• Pequenas ilhas;
• Zonas de erosão eminentes;
• Zonas expostas a desertificação;
• Zonas de valor arqueológico, histórico e cultural a preservar;
• Áreas de protecção de nascentes e mananciais de abastecimento;
• Reservatórios de águas subterrâneas.
b) Áreas povoadas que impliquem a necessidade de reassentamento:
• Regiões sujeitas a níveis altos de desenvolvimento ou onde existam conflitos na
distribuição e uso de recursos naturais;
• Áreas ao longo de cursos de água ou áreas usadas como fonte de abastecimento
de água para o consumo das comunidades;
• Zonas contendo recursos de valor como por exemplo aquáticos, minerais,
plantas medicinais, etc;
• Zonas propensas a calamidades naturais.
2. Incluem-se nesta categoria:

2.1. Infraestruturas
a) Todas as actividades que impliquem Reassentamento populacional;
b) Actividades de loteamento urbano e/ou desenvolvimento de novos
aldeamentos/bairros com mais de 20ha ou complexos multifuncionais em
propriedade horizontal ou vertical com mais de 80 fogos;
c) Empreendimentos turísticos fora de zonas urbanas ou em zonas sem Planos de
Ordenamento Territorial – com capacidade igual ou superior a 150 camas ou área
igual ou superior a 10ha;
d) Parques de campismo para mais de 650 utentes ou com área igual ou superior
a 5ha;
e) Parques temáticos com área igual ou superior a 8 ha;
f) Actividades de loteamento industrial com mais de 15 ha;
g) Estabelecimento ou expansão de áreas recreativas tais como campos de golfe
e de hipismo numa área igual ou superior a 5ha;
h) Marinas e docas com mais de 150 pontos de amarração;
i) Obras de transferência de recursos hídricos entre bacias hidrográficas sempre
que esta se destina a prevenir carência de água em certas regiões, e que o volume
de água transferido seja superior a 100 milhões de m3/ano;
j) Todas as estradas principais fora de zonas urbanas;
k) Pontes ferroviárias e rodoviárias de mais de 100m de extensão;
l) Linhas férreas de comprimento igual ou superior a 5km de extensão;
k) Aeroportos e aeródromos com uma pista de comprimento igual ou superior a
1800m;
l) Heliportos em zonas habitacionais, industriais e sensíveis;
m) Condutas de água de mais de 0.5m de diâmetro e com mais de 10km de
comprimento;
n) Oleodutos, gasodutos, minerodutos, cabos submarinos e cabos de fibra óptica
terrestre com mais de 5km de comprimento;
o) Estabelecimento ou expansão de portos e instalações portuárias para navios
com tonelagem superior a 4000GT (relacionado com o volume interno total do
navio);
p) Estaleiros navais de construção e reparação de embarcações com área de
implantação igual ou superior 5 ha ou intervenção na linha de costa maior a 150m;
q) Barragens e represas com albufeira de área inundável equivalente ou maior
que 5ha;
r) Adutoras e aquedutos de mais de 10km de comprimento e diâmetro igual ou
superior a 1m;
s) Exploração para, e uso de, recursos de água subterrânea incluindo a produção
de energia geotérmica que impliquem a extracção de mais de 500m3/h ou
12.000m3/dia;
t) Dragagens de novos canais de acesso aos portos;
u) Ancoradouro ou cais de acostagem;
v) Linhas de eléctrico, linhas de metropolitano aéreas e subterrâneas;
w) Construção de vias navegáveis e obras de canalização e regularização de
cursos de água;
x) Obras costeiras de combate a erosão marítima (diques, esporões...).
2.2. Exploração Florestal
a) Desbravamento, parcelamento e exploração de cobertura vegetal nativa com
áreas individuais ou cumulativas superiores a 100ha;
b) Todas as actividades de desflorestação com mais de 50ha, reflorestação e
florestação de mais de 250ha.
2.3. Agricultura
a) Actividades de parcelamento para agricultura de mais de 350ha com regadio
e de 1000ha sem regadio;
b) Reconversão de terra agrícola para fins comerciais, urbanísticos ou industriais;
c) Reconversão de áreas equivalentes ou de mais de 100ha de terra agrícola sem
cultivo há mais de 5 anos para agricultura intensiva;
d) Introdução de novas culturas e espécies exóticas;
e) Sistemas de irrigação para áreas com mais de 350ha;
f) Actividades de pecuária intensiva de mais de:
• 50.000 Animais de capoeira/ano;
• 1500 porcos e/ou 100 porcas reprodutoras/ano, e • 500 Bovinos/ano e ou área
individual ou cumulativa inferior igual ou superior a 1000ha.
g) Actividades de pecuária extensiva de mais de:
• 500 Bovinos/ano e ou área individual ou cumulativa inferior igual ou superior a
2000ha (4ha/animal).
• 2000 Animais/ano (pequenos ruminantes - caprinos e ovinos).
h) Pulverização aérea ou no terreno em áreas individuais ou cumulativas,
superiores a 1000ha.
2.4. Pescas
a) Actividades de pesca industrial que impliquem maior pressão sobre os
recursos pesqueiros;
b) Actividades de aquacultura com mais de 100 toneladas de produção por ano.
2.5. Indústria
2.5.1. Produção e transformação de metais e ametais
a) Produção e processamento de metais com uma produção superior a
2.5ton/dia;
b) Tratamento de superfície de metais e plásticos que usem processos químicos
ou electrolíticos – volume total de cubas de tratamento igual ou superior a 30m3;
c) Fabrico e montagem de motores e veículos automóveis com área de instalação
superior a 15ha;
d) Fabricação de vidro e seus derivados;
e) Fabrico de produtos cerâmicos por cozedura com capacidade igual ou
superior 300 ton/dia;
f) Fabrico de equipamento ferroviário.
2.5.2. Química
a) Fabrico de produtos farmacêuticos com capacidade superior a 1250 ton/ano;
b) Fabrico de tintas e vernizes a partir de matéria-prima primária com capacidade
superior a 75000 t/ano;
c) Fabrico e tratamento de produtos a base de elastómeros com capacidade
superior a 75000 t/ano;
d) Fabrico de peróxidos com capacidade superior a 12 500 t/ano;
e) Produção de sabões;
f) Produção ou processamento de fertilizantes;
g) Processamento de tabaco.
2.5.3. Alimentar
a) Fabrico de ração com produção igual ou superior a 2000 ton/mês;
b) Produção de óleos e gorduras animais (produção igual ou superior a 75
ton/dia) e vegetais (produção igual ou superior a 300 ton/mês);
c) Açucareira incluindo o cultivo da cana sacarina com capacidade superior a 300
t/dia de produto final.
2.5.4 Têxtil, curtumes, madeira e papel
a) Fabrico de papel e cartão com capacidade superior ou igual a 20 ton/dia;
b) Lavagem, branqueamento, mercerização ou tintagem de fibras e têxteis com
capacidade superior ou igual a 10 ton/dia;
c) Fabrico de curtumes com capacidade superior a 12 ton/dia;
d) Instalações para a produção e tratamento de celulose com capacidade igual
ou superior a 40 ton/dia.
2.5.5 Indústria extractiva e complementar
a) Pedreira com concessão mineira;
b) Instalações e complexos industriais tais como fábrica e moagem de cimento,
siderúrgica e coqueiras.
Este tipo de actividades deve localizar-se em parques industriais, ou onde não
existem instrumentos de ordenamento do território, a uma distância mínima de
20 km das áreas habitacionais
2.6. Energia
a) Centrais hidroeléctricas, térmicas, geotérmicas, fotovoltáicas, eólicas e de
energia das ondas;
b) Armazenamento de combustíveis líquidos, ou sólidos à superfície;
c) Indústrias de fabrico de briquetes, hulha e lenhite com capacidade de
produção igual ou superior a 150 ton/dia;
d) Linhas de transmissão e distribuição de energia a partir 66 kV.
2.7. Tratamento e deposição de resíduos sólidos e efluentes
a) Armazenamento, transporte, tratamento e deposição de resíduos industriais
perigosos;
b) Aterros sanitários com capacidade para mais de 150 000 habitantes;
c) Armazenamento, transporte, tratamento e deposição de resíduos hospitalares,
de unidades sanitárias de nível central, geral, provincial, distrital e clínicas com
serviços de maternidade e cirurgia geral;
d) Instalações de tratamento de águas residuais/esgotos com capacidade para
mais de 150.000 habitantes;
e) Cemitérios com área superior a 50 ha;
f) Incineradoras de tratamento de resíduos e outros
2.8. Áreas de conservação.
a) Criação de parques nacionais, reservas, coutadas, áreas de maneio de fauna e
áreas tampão;
b) Exploração comercial de fauna e flora naturais;
c) Introdução de espécies exóticas de fauna e flora.

ANEXO III
Actividades de Categoria B 1. São acções que não afectam significativamente
seres vivos nem áreas ambientalmente sensíveis comparativamente às
actividades de Categoria A.
2. Incluem-se nesta categoria:
a) Fábrica de processamento de madeira;
b) Fábrica de processamento de tintas e vernizes;
c) Fábrica de processamento de alimentos e bebidas com produção superior a 10
ton/dia;
d) Áreas de armazenamento de sucatas com mais de 5ha;
e) Linhas de transmissão e distribuição de energia abaixo de 66 kV;
f) Recauchutagem de pneus;
g) Infra-estruturas de abastecimento de combustíveis
h) Fábrica de produção de ração com produção igual ou inferior 1000t/mês;
i) Sistemas de abastecimento de água e de saneamento, suas condutas, estações
de tratamento e sistemas de disposição de efluentes;
j) Fábrica de processamento da castanha de caju;
k) Armazenamento, tratamento, transporte e deposição de lixos hospitalares de
hospitais rurais, centros e postos de saúde e clínicas privadas com serviços de
pequena cirurgia;
l) Condomínios com mais de 15 fogos em propriedade horizontal ou vertical em
zonas não urbanizadas;
m) Actividades de assistência técnica auto e lavagem de carros;
n) Criação em pavilhão de animais de capoeira com capacidade entre 1000 e
1500 animais/ano;
o) Transformação ou remoção de vegetação indígena em áreas entre 100 e 200
hectares sem regadio;
p) Produção e processamento de sumos;
q) Produção industrial de betão. Este tipo de actividade deve localizar-se em
parques industriais ou em áreas localizadas a uma distância mínima de 6 km das
áreas habitacionais;
r) Produção industrial de blocos de cimentos, lancis e pavês;
s) Pedreiras com certificado mineiro;
t) Areeiros com certificado mineiro;
u) Produção de leite e seus derivados;
v) Processamento Industrial de farinhas;
w) Produção e processamento de mechas;
x) Hipermercados com área igual ou superior a 1 ha;
y) Indústria cerâmica;
z) Matadouros;
aa) Indústria de processamento de pescado;
bb) Carpintaria industrial;
cc) Fabrico de cigarros, charutos e similares;
dd) Dragagens de manutenção das condições de navegabilidade, desde que não
ultrapassem as cotas de fundo anteriormente alcançadas;
ee) Manutenção e reconstrução de obras costeiras de combate à erosão;
ff) Actividades em áreas de conservação propostas pela própria entidade gestora
de área de Conservação, destinadas a melhorar sua gestão;
gg) Escolas com capacidade acima de 1500 alunos.

ANEXO IV
Actividades de Categoria C 1. São acções que provocam impactos negativos
negligenciáveis, insignificantes ou mínimos. Não existem impactos irreversíveis
nesta categoria e os positivos são superiores e mais significantes que os
negativos.
2. Incluem-se nesta categoria:
a) Sistemas de irrigação com área individual ou cumulativa entre 50 a 100ha;
b) Hotéis, hotel-residencial, motéis, pensões e lodges em cidades e vilas;
c) Torres de telecomunicações;
d) Produção de sacos plásticos com espessura superior a 30 micrómetros;
e) Exploração para, e uso de, recursos de água subterrânea incluindo a produção
de energia geotérmica
que implique a extracção de mais menos de 200m3/ano;
f) Instalação de equipamentos dentro de áreas ferro-portuárias já existentes;
g) Consolidação de linhas férreas;
h) Reabilitação de equipamento ferro-portuário fixo diverso;
i) Actividades de construção de parques de estacionamento em propriedade
horizontal;
j) Carpintaria doméstica e Marcenaria;
k) Fábricas de bolachas, massas, biscoitos e doces;
l) Indústria panificadora;
m) Indústria de conservação de frutos e hortícolas - produção igual ou inferior a
300t/dia;
n) Fabrico de painéis de fibra, partículas e contraplacados;
o) Instalação de frigoríficos;
p) Linhas de transmissão de energia de 33 kV;
q) Actividades de pecuária intensiva (animais de capoeira <1000 animais/ano);
r) Fabrico de papel higiénico e guardanapos;
u) Quinagem de chapas de zinco.

ANEXO V (Questões Fatais)


1. Durante o processo de AIA, deverá sempre ser avaliada a existência de
questões fatais.
2. Constituem áreas em que nenhuma actividade potencialmente causadora de
impactos negativos significantes será autorizada, nomeadamente:
a) Áreas de protecção total, com excepção de actividades propostas pela própria
entidade gestora da área de conservação, quando destinadas a melhorar a sua
gestão;
b) Áreas de Conservação classificadas como áreas de conservação total, e zonas
de protecção total de outras categorias de Áreas de Conservação, com excepção
de actividades propostas pela respectiva entidade gestora, quando destinadas a
melhorar a sua gestão;
c) Áreas com as seguintes características:
i. Presença de Espécies Criticamente em Perigo (CP) e/ /ou Em Perigo (EP),
englobando habitat necessário para sustentar ≥ 10 por cento da população global
ou nacional de uma CP ou EP espécies/subespécie onde são conhecidas,
ocorrências regulares das espécies e que onde esse habitat podia ser considerado
uma unidade de gestão discreta para a espécie;
ou habitat com conhecidas ocorrências regulares de espécies CP ou EP onde esse
habitat é um dos 10 ou menos locais de gestão discreta globalmente para essas
espécies;
ii. Presença de uma gama de Espécies Endémicas/ /Restritas, nomeadamente
habitat conhecido por sustentar ≥ 95 por cento da população mundial ou nacional
de uma espécie endémica ou de alcance limitado, onde o habitat poderia ser
considerado uma unidade de gestão discreta para as espécies (por exemplo, um
único local endémico);
iii. Presença de Espécies Migratórias/congregatórias, integrando habitat
conhecido por sustentar, de forma cíclica ou de outra forma regular, ≥ 95 por
cento da população mundial ou nacional de uma espécie migratória ou
congregatória em qualquer ponto do ciclo de vida das espécies, onde esse
habitat poderia ser considerado uma unidade de maneio discreta para essas
espécies;
iv. Área crucial para a provisão de serviços de ecossistemas chaves na escala
nacional, provincial, ou distrital.

ANEXO VIII - Glossário

Para efeitos do presente Regulamento:


1. Actividade: É qualquer acção, de iniciativa pública ou privada, relacionada com
a utilização ou a exploração de componentes ambientais, a aplicação de
tecnologias ou processos produtivos, que afecta ou pode afectar o ambiente.
2. Actividades de Categoria A+: São acções que devido à sua complexidade,
localização e/ou irreversibilidade e magnitude dos possíveis impactos, merecem
não só um elevado nível de vigilância social e ambiental, mas também, o
envolvimento de especialistas nos processos de AIA.
3. Actividades de Categoria A: São acções que afectam significativamente seres
vivos e áreas ambientalmente sensíveis e os seus impactos são de maior duração,
intensidade, magnitude e significância.
4. Actividades de Categoria B: São acções que não afectam significativamente
seres vivos nem áreas ambientalmente sensíveis comparativamente às de
Categoria A.
5. Actividades de Categoria C: São acções que provocam impactos negativos
negligenciáveis, insignificantes ou mínimos.

6. Alternativas Viáveis: Conjunto de opções existentes para alcançar o objectivo


fundamental do projecto de desenvolvimento a serem implementadas pelo
proponente, sem comprometer a viabilidade/equilíbrio ambiental e
socioeconómico do projecto.
7. Ambiente: É o meio em que o Homem e outros seres vivem e interagem entre
si e com o próprio meio e inclui: o ar, a luz, a terra e a água, os ecossistemas, a
biodiversidade e as relações ecológicas, toda a matéria orgânica e inorgânica e
todas as condições sócio - culturais e económicas que afectam a vida das
comunidades.
8. Área de Influência: É o espaço geográfico passível de alterações em seus meios
físico, biótico e/ou sócio-económico, derivadas dos impactos ambientais de uma
actividade decorrentes da sua implantação e/ ou operação.
9. Área de Influência Directa: É a área sujeita aos impactos directos da actividade,
cuja delimitação é em função das características físicas, bióticas e sócio-
económicas dos ecossistemas do campo e das características da actividade.
10. Área de Influência Indirecta: É a área sujeita aos impactos indirectos da
actividade, abrangendo os ecossistemas e os meios físico, biótico e sócio-
económico que podem sofrer impactos resultantes das alterações ocorridas na
área de influência directa.
11. Auditoria Ambiental: É um instrumento de gestão e de avaliação sistemática
documentada e objectiva do funcionamento e organização de sistema de gestão
dos processos de controlo e protecção do ambiente.
12. Autoridade de Avaliação do Impacto Ambiental: É a entidade que
superintende a área do Ambiente, através da unidade responsável pela Avaliação
do Impacto Ambiental.
13. Avaliação do Impacto Ambiental (AIA): É um instrumento de gestão ambiental
preventivo que consiste na identificação e análise prévia, qualitativa e
quantitativa, dos efeitos ambientais benéficos e perniciosos de uma actividade
proposta.
14. Biodiversidade: É a variedade e variabilidade entre os organismos vivos de
todas as origens, incluindo entre os ecossistemas terrestres, marinhos e os
ecossistemas aquáticos assim como os complexos ecológicos dos quais fazem
parte e compreende a diversidade dentro de cada espécie entre as espécies e
ecossistemas.
15. Ciências Ambientais: É o conjunto das diversas ciências naturais como
Ecologia, Biologia, Geologia, Física Ambiental, Química Ambiental, Climatologia,
Geografia, entre outras.
16. Comissão Técnica de Avaliação do Impacto Ambiental: É um grupo de
técnicos intersectoriais que analisam os documentos técnicos elaborados no
âmbito de AIA.
17. Compensação: Mecanismo de rectificação completa dos efeitos de impactos
não mitigáveis que podem ocorrer aquando da implantação de projectos de
desenvolvimento, e identificados no processo de licenciamento ambiental.
18. Comunidade: É um grupamento de famílias e indivíduos, vivendo numa
circunscrição territorial, que visa a salvaguarda de interesses comuns através da
protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, sejam cultivadas ou em pousio,
florestas, sítios (locais) de importância cultural, pastagens, fontes de água e áreas
de expansão.
19. Consulta Pública: É o processo de auscultação do parecer dos diversos
sectores da sociedade civil, incluindo pessoas colectivas ou singulares, directa
ou indirectamente interessadas e/ou principalmente afectadas pela actividade
proposta.
20. Consultor Ambiental: É uma entidade individual ou colectiva licenciada pelo
Ministério que superintende a área do Ambiente para realizar a AIA de
actividades de desenvolvimento.
21. Contrabalanço da Biodiversidade: É o resultado mensurável da conservação
resultante de acções destinadas a compensar impactos residuais adversos
significativos sobre a biodiversidade, decorrentes do desenvolvimento de um
projecto, após terem sido tomadas as medidas apropriadas de prevenção e de
mitigação.
22. Declaração Final: É decisão sobre o processo de AIA produzida pelo Comité
Técnico de Avaliação do Impacto Ambiental em relação a determinada
actividade.

23. Directivas: São orientações a que deverá submeter-se a realização da


Avaliação do Impacto Ambiental nas diferentes áreas de actividade económica e
social e que serão objecto de Despachos Ministeriais do Ministério que
superintende a área do Ambiente.
24. Ecossistema: É o conjunto formado por comunidades que vivem e interagem
em determinada região e pelos factores bióticos e abióticos que actuam sobre
essas comunidades.
25. Estudo Ambiental Simplificado (EAS): É a componente do processo de
Avaliação do Impacto Ambiental que faz uma análise técnica e cientifica
simplificada das consequências da implantação de actividades de
desenvolvimento sobre o ambiente; para as actividades classificadas como sendo
de categoria B.
26. Estudo de Impacto Ambiental (EIA): É a componente do processo de
Avaliação do Impacto Ambiental que analisa técnica e cientificamente as
consequências da implantação de actividades de desenvolvimento sobre o
ambiente, para as actividades classificadas como sendo de categoria A+ e A+.
27. Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA): É a
componente do processo de Avaliação do Impacto Ambiental obrigatória para
as actividades classificadas como sendo de categoria A+ e A, que visa identificar,
avaliar os principais impactos, analisar as alternativas de mitigação, bem como,
definir o âmbito do EIA, através da selecção das componentes ambientais que
podem ser afectadas pela actividade em análise e sobre as quais o EIA deve
incidir.
28. Ficha de Informação Ambiental Preliminar: É o documento técnico constituído
por um breve questionário, com vista a obter informações preliminares relativas
à actividade a desenvolver e ao ambiente do local de inserção geográfica da
mesma, para auxiliar o processo de pré-avaliação.
29. Género: É o conjunto de características socialmente determinadas, que
identificam os papéis e padrões de comportamento que diferenciam os homens
das mulheres.
30. Hierarquia de Mitigação: É a ordem de importância das medidas de mitigação
dos impactos que se centram nos princípios de evitar, minimizar, reabilitar,
restaurar e de contrabalançar.
31. Impacto Ambiental: É qualquer mudança do ambiente para melhor ou para
pior, especialmente com efeitos no ar, na terra, na água e na saúde das pessoas,
resultante de actividades humanas.
32. Impactos Ambientais Cumulativos: São os efeitos derivados da soma ou da
interacção de impactos, gerados por um ou mais empreendimentos ao longo de
um determinado período, numa mesma área de influência de uma actividade;
33. Impactos Ambientais Directos: São os efeitos que resultam directamente da
actividade em implementação onde a acção do empreendimento proposto afecta
as componentes ambientais do local de sua implementação e suas imediações.
34. Impactos Ambientais Indirectos: São os efeitos que não resultam
directamente da actividade em implementação, mas das mudanças de
comportamento humano causadas e/ou provocadas pela sua implementação ou
outros impactos secundários.
35. Impactos Residuais: É o nível de impacto alcançado após a aplicação de
medidas de prevenção, mitigação e restauração.
36. Inspecção Ambiental: É um instrumento de gestão ambiental cuja actividade
é desenvolver acções de vigilância, de direcção e de fiscalização, relativas ao
cumprimento de normas de protecção do ambiente.
37. Instrução do Processo: É o conjunto de actos, diligências e procedimentos
estabelecidos que orientam o proponente a conformar o seu projecto ou
actividade à lei ou directivas com o fim de obter a classe de avaliação de impacto
ambiental 38. Investimento Total: É o capital financeiro de investimento que o
Proponente pretende investir no projecto.
39. Licença Ambiental: É o certificado confirmativo da viabilidade ambiental de
uma actividade proposta, emitido pela entidade que superintende a área do
ambiente, através dos órgãos competentes para o efeito.
40. Medidas de Mitigação: É o conjunto de acções que visa minimizar ou evitar,
os efeitos negativos de uma actividade sobre o ambiente biofísico e
socioeconómico.
41. Medidas de potenciação: É o conjunto de medidas que visa maximizar os
efeitos positivos de uma actividade sobre o ambiente biofísico e
socioeconómico.
42. Meio Abiótico: É o meio constituído por componentes naturais como solo,
água, atmosfera, entre outros, e é constituído por objectos e forças que se
influenciam entre si e influenciam a comunidade de seres vivos que os cercam.
43. Meio Biótico: É o meio constituído por todos os seres vivos e suas relações
recíprocas e com o meio abiótico.
44. Mega Projectos: São projectos, complexos, de grande magnitude e
significância em termos de impacto ambiental e que atraem um alto grau de
atenção pública e interesse político por causa do imenso impacto directo e
indirecto que provoca na comunidade, no ambiente e nos orçamentos públicos e
privados.
45. Monitorização: É a medição regular e periódica das variáveis ambientais
representativas da evolução dos impactos ambientais da actividade após o início
da implantação da mesma para documentar as alterações que foram causadas,
com o objectivo de verificar a ocorrência dos impactos previstos e a eficácia das
respectivas medidas mitigadoras.
46. Mudanças climáticas: São alterações no clima atribuídas directa ou
indirectamente à actividade humana que altera a composição da atmosfera e que
em adição à variabilidade natural do clima é observada sobre longos períodos de
tempo.
47. Plano de Gestão Ambiental (PGA): É um instrumento que contém acções a
serem desenvolvidas pelo proponente, visando gerir os impactos negativos e
potenciar os positivos, resultantes da implementação da actividade por ele
proposta, elaboradas no âmbito da AIA.
48. Partes Interessadas e Afectadas (PI&As): São pessoas singulares, colectivas
públicas ou privadas a quem a actividade proposta interesse ou afecte directa ou
indirectamente.
49. Participação Pública: É o processo de informação e de auscultação das partes
interessadas e afectadas, directa ou indirectamente pela actividade e que é
realizada durante o processo de AIA.
50. Plano de Reassentamento: É o instrumento que define com pormenor a
tipologia de ocupação de qualquer área específica, estabelecendo a concepção
do espaço, dispondo sobre usos do solo e condições gerais de edificações, o
traçado das vias de circulação, as características das redes, infra-estruturas e
serviços.
51. Pré-avaliação: É o processo de análise ambiental preliminar, que tem como
principal objectivo a categorização da actividade e a determinação do tipo de
avaliação ambiental a efectuar.
52. Proponente: É qualquer pessoa, entidade pública ou privada, nacional ou
estrangeira, que se proponha a realizar uma actividade ou introduzir qualquer
tipo de alterações numa actividade em curso.
53. Questões Fatais: São impactos ambientais e/ou sociais negativos irreversíveis
de tal significância que a implementação do projecto ou actividade em análise
não seja de interesse público.
54. Reassentamento: É a deslocação ou transferência involuntária da população
afectada de um ponto do território nacional a outro, acompanhada da
restauração ou criação de condições iguais ou acima do padrão anterior de vida.
55. Reincidência: Prática da mesma infracção após o infractor ter sido punido
pelo cometimento da mesma.
56. Relatório de Levantamento Físico e Sócio-económico (RFLSE): É a
inventariação e descrição da situação físico-ambiental, socioeconómica e das
infra-estruturas possíveis de serem afectadas pelo projecto e das possíveis áreas
hospedeiras, bem como os passos a serem tomados na preparação do Plano de
Reassentamento.
57. Revisão: É o processo de análise técnica e científica do conteúdo dos
documentos elaborados no âmbito do processo de AIA, para verificar a sua
qualidade técnica e informações neles contidas, de acordo com as directivas
emitidas para o efeito.
58. Revisores Especialistas: É o grupo de consultores independentes especialistas
de AIA ou temático, reconhecidos nacional e/ou internacional mente.
59. Salário Mínimo: É o salário aplicado por sector de actividade específica ou
equiparado.
60. Situação Ambiental de Referência: É o estudo da qualidade das componentes
ambientais e de suas interacções conforme se apresentam na área de influência
de uma actividade, antes da sua implantação.
61. Termos de Referência (TdR): É o documento que contém os parâmetros e
informações específicas que deverão presidir a elaboração do EIA ou EAS de uma
actividade e deve ser apresentado pelo proponente para a aprovação pela
entidade competente, antes de iniciar o EIA ou EAS.
62. Viabilidade Ambiental: É a aptidão que uma actividade tem de ser
implementada sem causar impactos negativos significativos sobre o ambiente do
local de implementação ou que seus impactos negativos sejam passíveis de
mitigação.

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM


de 28 de Dezembro (aprova o Regulamento sobre a
Responsabilidade Alargada dos Produtores e
Importadores de Embalagens);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 79/2017;
de 28 de Dezembro

Havendo necessidade de adoptar princípios, normas e directrizes para


responsabilização dos produtores e importadores de embalagens, com vista a
proteger o ambiente e a saúde pública, no quadro do objectivo de
desenvolvimento sustentável, ao abrigo do disposto nos artigos 10 e 33 da Lei n.º
20/97, de 1 de Outubro, o Conselho de Ministros decreta:
Artigo 1. É aprovado o Regulamento sobre a Responsabilidade Alargada dos
Produtores e Importadores de Embalagens, em anexo, que é parte integrante do
presente Decreto.
Art. 2. Compete aos Ministérios que superintendem as áreas do Ambiente,
Indústria, Comércio e Finanças garantir a implementação do presente
Regulamento.
Art. 3. O presente Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 21 de Novembro de 2017.
Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

Regulamento Sobre a Responsabilidade Alargada dos Produtores e


Importadores de Embalagens

CAPÍTULO I
Disposições gerais

ARTIGO 1
(Definições)

O significado dos termos usados no presente Regulamento, constam do glossário


em anexo, que dele faz parte integrante.

ARTIGO 2
(Objecto)

1. O presente Regulamento estabelece princípios e normas relativos à


responsabilidade alargada dos produtores e importadores de embalagens e
resíduos de embalagens, com vista a garantir a protecção da saúde pública e do
ambiente, no quadro do desenvolvimento sustentável.
2. Em relação à responsabilidade alargada dos produtores e importadores são
objecto de regulamentação específica as matérias relativas a outras classes de
resíduos.

ARTIGO 3
(Âmbito)

1. As disposições do presente Regulamento aplicam-se a todas as entidades


públicas e privadas, pessoas singulares e colectivas envolvidas na produção e
importação e gestão de embalagens.
2. O presente Regulamento é aplicável a todas as embalagens colocadas no
mercado, sejam elas utilizadas ou produzidas, nomeadamente, aos níveis
doméstico, industrial, agrícola ou do comércio, incluindo escritórios, lojas e
serviços, e independentemente do material utilizado, e ainda aos resíduos dessas
embalagens susceptíveis de recolha e tratamento pelos sistemas existentes ou a
criar para o efeito.
3. O disposto no presente Regulamento não prejudica a legislação em vigor em
matéria de qualidade das embalagens, nomeadamente quanto à segurança,
protecção da saúde e higiene dos produtos embalados, e ainda as disposições
relativas aos resíduos perigosos, nos termos do disposto na legislação em vigor.

ARTIGO 4
(Princípios)

Na aplicação do presente Regulamento deve-se observar os seguintes princípios:


a) Princípio de Poluidor Pagador: consiste em obrigar o poluidor a arcar com os
custos da reparação do dano por ele causado no meio ambiente.
b) Princípio da responsabilidade alargada do produtor e do importador: consiste
em atribuir, total ou parcialmente, física e ou financeiramente, ao produtor e
importador de embalagens e resíduos de embalagens a responsabilidade pelo
impacto causado na saúde pública e no ambiente;
c) Princípio da visão sistémica na gestão dos resíduos sólidos: considera as áreas
ambiental, social, cultural, económica, tecnológica e de saúde pública;
d) Princípio da prevenção e redução: todos os intervenientes no ciclo da vida das
embalagens, desde a sua concepção e utilização até ao manuseamento dos
respectivos resíduos, devem contribuir, na medida do seu grau de intervenção e
responsabilidade, para o correcto funcionamento dos sistemas de gestão criados
a nível nacional para o fluxo das embalagens e resíduos de embalagens,
adoptando as práticas de desenho ecológico e de consumo sustentável mais
adequadas face às disposições legais e às normas técnicas em vigor;
e) Princípio da protecção da saúde humana e do ambiente: a política de gestão
de resíduos deve evitar e reduzir os riscos para a saúde humana e para o
ambiente, garantindo que a produção, a recolha e transporte, o armazenamento
preliminar e o tratamento de resíduos sejam realizados recorrendo a processos
ou métodos que não sejam susceptíveis de gerar efeitos adversos sobre o
ambiente, nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, afectação da fauna
ou da flora, ruído ou odores ou danos em quaisquer locais de interesse e na
paisagem;
f) Princípio da hierarquia da gestão de resíduos: a gestão de resíduos sólidos
urbanos deve respeitar a seguinte ordem de prioridades no que se refere às
opções de gestão – prevenção e redução, reutilização, reciclagem, outras formas
de valorização e eliminação – devendo sempre recorrer às melhores tecnologias
disponíveis com custos economicamente sustentáveis, a fim de permitir o
prolongamento do ciclo de vida dos materiais;
g) Princípio de educação ambiental: pressupõe providenciar a educação e
formação ambiental, instrumentos indispensáveis ao aumento da capacidade dos
cidadãos para concretizar as tarefas que lhes competem na construção de um
ambiente de qualidade e na garantia de um desenvolvimento sustentável.

CAPÍTULO II
Competências e Responsabilidades pela gestão das embalagens e resíduos de
embalagens

ARTIGO 5
(COMPETÊNCIAS)

1. Compete ao Ministério que superintende a área do Ambiente:


a) Elaborar e divulgar as regras e procedimentos a observar no âmbito da
produção e importação de embalagens e resíduos de embalagens;
b) Fiscalizar, sancionar e monitorar o cumprimento das disposições do presente
Regulamento;
c) Velar pelo cumprimento de normas e procedimentos ambientais no processo
de valorização dos resíduos de embalagens.
2. Compete ao Ministério que superintende as áreas da Indústria e Comércio:
a) Definir as normas e padrões de importação e produção de embalagens;
b) Garantir que as áreas de indústria e comércio observem os princípios e padrões
de gestão ambiental.
3. Compete ao Ministério que superintende a área das Finanças:
a) Garantir a colecta de taxas e multas nos termos do presente Regulamento;
b) Garantir que, no acto de desembaraço de mercadorias, apenas entrem em
território nacional embalagens que observem as normas s definidas pela
legislação nacional.

ARTIGO 6
(Responsabilidades das Autarquias Locais e dos Órgãos Locais do Estado)

1. As Autarquias e os Órgãos Locais do Estado são responsáveis pela gestão de


resíduos sólidos urbanos nas áreas da sua jurisdição, podendo beneficiar de
contrapartidas financeiras que derivem da aplicação do presente Regulamento,
através da submissão e aprovação de projectos de gestão de resíduos de
embalagens.
2. As Autarquias e os Órgãos Locais do Estado podem transferir suas
responsabilidades de gestão dos resíduos, mediante contratos ou acordos
específicos, com entidades públicas ou empresas privadas, devidamente
licenciadas para esse efeito.

ARTIGO 7
(Responsabilidades dos produtores e importadores)

Os produtores e importadores são co-responsáveis pela gestão das embalagens


e resíduos de embalagens nos termos do disposto no presente Regulamento e
demais legislação aplicável, incluindo:
a) Pagar as taxas sobre a gestão de embalagens previstas no presente
Regulamento;
b) A devolução e valorização dos resíduos de embalagens, directamente ou
através de organizações que tiverem sido criadas para assegurarem a valorização
dos materiais recuperados.

ARTIGO 8
(Responsabilidades dos Operadores de Resíduos)

1. Compete aos Operadores de Resíduos:


a) Assegurar uma gestão ambientalmente segura, sustentável e racional das
embalagens, tendo em conta a necessidade da sua redução, reciclagem e
reutilização, incluindo a separação, recolha, manuseamento, transporte,
armazenagem e/ou eliminação;
b) Contribuir para a protecção da saúde humana e do ambiente contra os efeitos
nocivos que possam advir do descarte das embalagens;
c) Promover acções de educação e sensibilização das comunidades para a
correcta gestão das embalagens.
2. Para além das obrigações gerais, os operadores de resíduos devem inscrever-
se no Ministério que Superintende a Área do Ambiente.
CAPÍTULO III
Regime de responsabilização do produtor e importador

SECÇÃO I
Sistemas de aplicação da responsabilidade do produtor e importador

ARTIGO 9
(Sistemas de aplicação da responsabilidade do produtor e importador)

1. A responsabilidade do produtor e importador de embalagens é assumida


através dos seguintes sistemas:
a) Sistema de Gestão Interna (directa e indirecta);
b) Sistema da Taxa Ambiental sobre a Embalagem;
c) Sistema de Normalização das Embalagens.
2. Os sistemas previstos no presente capítulo podem ser instaurados de forma
combinada, com vista a garantir a melhor gestão das embalagens.

ARTIGO 10
(Sistema de gestão interna)

1. O sistema de gestão interna pode ser adoptado por iniciativa do produtor, e


assume as modalidades seguintes:
a) Gestão interna directa;
b) Gestão interna indirecta.
2. O regime das modalidades previstas no número anterior rege-se segundo os
artigos seguintes.

ARTIGO 11
(Gestão interna directa)

1. Na modalidade de gestão interna directa o produtor ou importador pode optar


por qualquer dos seguintes processos, de forma individualizada ou combi nada:
a) Redução;
b) Reutilização;
c) Reciclagem;
d) Valorização orgânica;
e) Valorização energética;
f) Incineração.
2. Neste sistema o consumidor de produtos que utilizem embalagens paga um
determinado valor de depósito no acto da compra, que lhe é devolvido aquando
da entrega da embalagem utilizada.

ARTIGO 12
(Gestão interna indirecta)

1. A responsabilidade dos produtores ou importadores pelo tratamento das


embalagens ou resíduos de embalagens pode ser transferida, mediante
celebração de contrato, para uma entidade devidamente licenciada para exercer
essa actividade, nos termos do presente Regulamento e demais legislação
aplicável.
2. Podem ser provedores de serviço de gestão de embalagens quaisquer pessoas,
singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, públicas ou privadas,
devidamente registados de acordo com a legislação nacional como operadores
de resíduos, com capacidade para assegurar a gestão ambientalmente segura,
sustentável e racional das embalagens, tendo em conta a necessidade da sua
redução, reciclagem e reutilização, incluindo a separação, recolha,
manuseamento, transporte, armazenagem e/ou eliminação.
3. Nesta modalidade, o produtor ou importador deve disponibilizar as
contrapartidas financeiras necessárias para comportar as operações de recolha
selectiva e triagem dos resíduos de embalagens, bem como para a retoma e
valorização de resíduos de embalagens.
4. A responsabilidade pelo destino final das embalagens do produtor ou
importador cessa quando for emitida declaração de assunção de
responsabilidade pelo operador de resíduos certificados a quem forem entregues
as embalagens.

SECÇÃO II
Sistema da Taxa Ambiental sobre a Embalagem

ARTIGO 13
(Taxa Ambiental sobre a Embalagem)

1. É criada a Taxa Ambiental sobre a Embalagem (TAE) a ser paga por todos os
produtores e importadores de embalagens.
2. A TAE é variável em função do impacto no ambiente e na saúde pública, bem
como da complexidade do tratamento do resíduo resultante da embalagem.

ARTIGO 14
(Critérios de cálculo da TAE)

Constituem critérios a atender na definição da TAE:


a) Retornabilidade;
b) Tempo e impacto da decomposição natural;
c) Custo de tratamento no País ou no exterior;
d) Desenho ecológico.

ARTIGO 15
(Fórmula de cálculo)

Por Diploma Ministerial conjunto dos Ministros que superintendem as áreas das
finanças, do ambiente e da indústria e comércio são definidas a fórmula de
cálculo, as normas e procedimentos para a aplicação da TAE, bem como a lista e
categorias de embalagens importadas e produzidas no País que serão objecto da
referida taxa e as situações de isenção.

ARTIGO 16
(Cobrança)

1. Compete à Autoridade Tributária de Moçambique a cobrança da TAE sobre


embalagens importadas.
2. No caso de embalagens produzidas no território nacional, a TAE é paga
anualmente tendo como base o relatório de produção da empresa.

SECÇÃO III
Sistema de Normalização das Embalagens

ARTIGO 17
(Sistema da Normalização das Embalagens)

1. As embalagens devem ser produzidas com materiais preferencialmente de


natureza biodegradável ou que permitam a reutilização, reciclagem ou
valorização.
2. Cabe aos produtores assegurar que as embalagens sejam:
a) Restritas em volume e peso às dimensões requeridas à protecção do conteúdo
e à comercialização do produto;
b) Projectadas de forma a serem retornáveis de maneira tecnicamente viável e
compatível com as exigências aplicáveis ao produto que contêm;
c) Recicláveis.
3. Encontra-se abrangido pelo disposto no presente artigo todo aquele que:
a) Fabrique embalagens ou forneça materiais para a fabricação de embalagens;
b) Importe ou coloque em circulação embalagens, materiais para a fabricação de
embalagens ou produtos embalados, em qualquer fase da cadeia de comércio.

ARTIGO 18
(Símbolos)

1. No processo de normalização de processo devem ser adoptados símbolos


específicos para as embalagens reutilizáveis, recicláveis ou valorizáveis.
2. Os símbolos previstos no número anterior devem ser postos na própria
embalagem ou rótulo, devendo ser claramente visíveis, de fácil leitura e ter uma
duração compatível com o tempo de vida da embalagem, mesmo depois de
aberta.

CAPÍTULO IV
Fiscalização, Infracções e Sanções

ARTIGO 19
(Fiscalização)

1. Compete ao Ministério que superintende a área do Ambiente fiscalizar o


cumprimento do presente Regulamento, através dos respectivos órgãos,
cabendo-lhes instruir os processos de infracção administrativa bem como decidir
sobre a aplicação de multas e sanções acessórias.
2. Os Conselhos Municipais e às Administrações Distritais devem colaborar na
fiscalização do cumprimento do presente Regulamento, fornecendo todas as
informações necessárias para a pronta intervenção das entidades mencionadas
no n.º 1 deste artigo.

ARTIGO 20
(Infracções e Sanções)

1. Constituem infracções administrativas e puníveis com sanção de multa


correspondente a 10 Salários Mínimos, sem prejuízo de outras sanções previstas
na lei geral, o embaraço ou obstrução, sem justa causa, à realização das
actividades de fiscalização das entidades competentes, nos termos deste
Regulamento.
2. Constituem infracções puníveis com sanção de multa correspondente a 15
Salários Mínimos, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral:
a) A recusa de aceitação de embalagens usadas, bem como a recusa de
reembolso do depósito devido por parte do distribuidor de produtos embalados;
b) A colocação no mercado pelo importador de produtos embalados sem que a
gestão das respectivas embalagens ou resíduos de embalagens tenha sido
assegurada;
c) O não pagamento da TAE;

d) A colocação no mercado pelo produtor ou importador de produtos embalados


sem respeito pelas normas de embalagem.
3. As sanções de multa referidas nos n.ºs 1 e 2 deste artigo são agravadas em 30%,
cumulativamente, em casos de reincidência.
ARTIGO 21
(Sanções acessórias)

Sempre que a gravidade da infracção o justifique, pode ainda a autoridade


competente, simultaneamente com a aplicação da sanção de multa, determinar a
aplicação das sanções acessórias que se mostrem adequadas à protecção dos
interesses consagrados pelo presente Regulamento, designadamente:
a) Apreensão de equipamentos e produtos em situação irregular ou ilegal;
b) Suspensão do exercício total ou parcial da actividade produtora de
embalagens ou resíduos de embalagens;
c) Remoção compulsiva de embalagens descartadas ou resíduos de embalagens
em desacordo com a legislação nacional.

ARTIGO 22
(Pagamento das Multas)

1. O prazo para o pagamento da multa é de 20 dias a contar da data da


notificação.
2. O pagamento é efectuado por guia emitida pela entidade competente, na
recebedoria da Direcção de Área Fiscal respectiva.
3. Na falta de pagamento no prazo referido no n.º 1, o processo é remetido ao
Juízo das Execuções Fiscais competente.

CAPÍTULO V
Disposições Finais

ARTIGO 23
(Comissão de Monitoria e Avaliação da Gestão de Embalagens)

1. É criada a Comissão de Monitoria e Avaliação da Gestão de Embalagens,


adiante designada por COMAGE, presidida por um representante do Ministério
que superintende a área do ambiente.
2. A COMAGE é um órgão multissectorial de natureza consultiva nas matérias
tratadas no presente Regulamento, competindo-lhe:
a) Emitir pareceres, sempre que solicitado pela autoridade ambiental, sobre
todos os aspectos que dizem respeito à gestão de embalagens importadas e
produzidas no território nacional;
b) Assegurar a articulação entre as autoridades públicas e os diversos operadores
económicos abrangidos pelo presente Regulamento;
c) Monitorar e avaliar a aplicação das receitas provenientes da aplicação da Taxa
Ambiental sobre a Embalagem nos domínios definidos pelo presente
Regulamento;
d) Emitir recomendações para a melhoria da gestão de embalagens;
e) Propor normas e procedimentos para o fortalecimento do quadro jurídico de
embalagens;
f) Elaborar o seu Regulamento Interno.
3. A COMAGE é composta pelos seguintes membros:
a) Três representantes do Ministério que superintende a área do ambiente, que a
preside;
b) Dois representantes do Ministério que superintende a área da indústria e
comércio;
c) Um representante do Ministério que superintende a área das finanças;
d) Um representante do Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável;
e) Um representante da Associação Nacional de Municípios de Moçambique;
f) Um representante da sociedade Civil;
g) Três representantes dos operadores económicos dos domínios da importação,
produção e distribuição de embalagens;
h) Três representantes dos operadores de resíduos.
4. Os representantes dos ministérios previstos nas alíneas a) a c) são designados
por despacho do Ministro competente.
5. Os encargos de funcionamento de COMAGE são suportados pelo FNDS.

ARTIGO 24
(Destino dos valores das taxas e das multas)

1. Os valores das taxas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte


destino:
a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o FNDS.
2. Os valores das multas estabelecidas no presente Regulamento têm o seguinte
destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o FNDS.
3. Os valores das Taxas e Multas estabelecidas ao abrigo deste Regulamento são
pagos na Recebedoria de Fazenda, mediante a apresentação de modelo
apropriado. Desenvolvimento Sustentável, destina-se fundamentalmente a
acções que visem:
a) Financiamento de iniciativas de gestão integrada de resíduos, com enfoque
em sistemas de recolha selectiva, reutilização, reciclagem e valorização de
resíduos, com base em metas previamente definidas;
b) Financiamento de iniciativas de construção, manutenção e conservação de
infra-estruturas ambientais no país dirigidas à valorização de resíduos;
c) Apoio a acções de educação ambiental dirigidas à gestão sustentável de
resíduos, incluindo o depósito, a triagem, a recolha selectiva, a reutilização, a
reciclagem e a valorização;
d) Fortalecimento institucional para a área de gestão de resíduos e embalagens
e apoio nas actividades ligadas a implementação, revisão e actualização do
presente regulamento.
5. A presença e participação dos membros da COMAGE, é suportada pelo FNDS.

ARTIGO 25
(Actualização das taxas e multas)

Compete aos Ministros que superintendem as áreas do Ambiente, da Indústria e


Comércio e das Finanças actualizar os valores das taxas e das multas previstas
no presente Regulamento.

GLOSSÁRIO

Para efeitos do presente Regulamento considera-se:


1. Acondicionamento: colocação de resíduos em recipientes com condições de
estanquicidade e higiene, por forma a evitar a sua dispersão.
2. Aproveitamento ou Valorização: utilização de resíduos ou componentes destes
por meio de processos de reciclagem, reutilização tendente à obtenção de
matérias-primas secundárias com o objectivo da reintrodução dos resíduos nos
circuitos de produção e ou consumo em utilização análoga, sem alteração dos
mesmos.
3. Certificado de valorização: documento no qual o importador ou produtor
demonstra ter conseguido valorizar ou retornar total uma quantidade
equivalente à totalidade ou a parte do material por este colocado no mercado
emitido pela entidade que superintende a área do ambiente.
4. Compostagem: método para decomposição do material orgânico existente nos
resíduos, sob condições adequadas, de forma a se obter um composto orgânico.
5. Consumidor: todo aquele a quem sejam fornecidos bens.
6. Desenho ecológico: projecto de objectos físicos, o ambiente construído e
serviços em conformidade com os princípios da sustentabilidade soci al,
económica e ecológica.
7. Educação Ambiental: processo de contínua e permanente aquisição de
conhecimentos e sequente habilidade relativamente a inteiração com o
ambiente, através do qual o cidadão e a colectividade constroem, e
compartilham.
8. Embalagem: todos e quaisquer produtos feitos de materiais de qualquer
natureza utilizados para conter, proteger, movimentar, manusear, entregar e
apresentar mercadorias, tanto matérias-primas, como produtos transformados,
desde o produtor ao utilizador ou consumidor, incluindo todos os artigos
descartáveis utilizados para os mesmos fins, incluindo:
a) Os artigos que também desempenham outras funções, com excepção dos
casos em que, cumulativamente, o artigo é parte integrante de um produto, é
necessário para conter, suportar ou conservar esse produto ao longo da sua vida
e todos os elementos se destinam a ser utilizados, consumidos ou eliminados em
conjunto;
b) Os artigos que se destinam a um enchimento no ponto de venda e os artigos
descartáveis vendidos, cheios ou concebidos para, e, destinados a um
enchimento no ponto de venda, desde que desempenhem uma função de
embalagem;
c) Os componentes de embalagens;
d) Os elementos acessórios integrados em embalagens;
e) Os elementos acessórios directamente apensos ou apostos a um produto e que
desempenhem uma função de embalagem, com excepção dos casos em que são
parte integrante desse produto, destinando-se a ser consumidos ou eliminados
em conjunto.
9. Gestão integrada de resíduos: sistema de gestão que integre as operações de
recolha, transporte, manuseamento, armazenamento, tratamento, valorização ou
eliminação de resíduos.
10. Importador: Operador que promova a aquisição de produtos no estrangeiro,
sua entrada e transacção no território nacional.
11. Incineração: Consiste na queima controlada de resíduos sólidos em fornos
projectados para transformar totalmente os resíduos em material inerte,
propiciando também uma redução de volume e de peso.
12. Operador de Resíduos: entidade que realiza actividades relacionadas com a
gestão de resíduos, em especial embalagens.
13. Prevenção: diminuição da quantidade e da nocividade para o ambiente de
matérias e substâncias utilizadas nas embalagens, bem como da quantidade e
nocividade de embalagens e resíduos de embalagens, ao nível do processo de
produção, comercialização, distribuição, utilização e eliminação, em especial
através do desenvolvimento de produtos e tecnologias limpos.

14. Produtor de resíduos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou


privado que geram resíduos em resultado das suas actividades; ou que efectue
operações de pré -processamento, de mistura ou outras que alterem a natureza
ou a composição desses resíduos.
15. Produtor de embalagem: qualquer pessoa, singular ou colectiva, que
desenvolva, fabrique, embale ou faça embalar, transforme, trate, venda ou
importe produtos para o território nacional no âmbito da sua actividade
profissional.
16. Reciclagem: processo de transformação de resíduos sólidos que envolve
alteração das suas propriedades físicas, físico-químico ou biológicas, com vista a
transformação em insumos ou novos produtos.
17. Resíduos de embalagem: qualquer embalagem ou material de embalagem
abrangido pela definição de resíduos adoptado na legislação em vigor aplicável
nesta matéria, incluindo os resíduos de produção.
18. Reutilização: qualquer operação mediante a qual produtos ou componentes
que não sejam resíduos são utilizados novamente para o mesmo fim para o qual
foram concebidos.
19. Tratamento de resíduos – qualquer operação de valorização ou eliminação de
resíduos, incluindo a preparação prévia a valorização ou eliminação,
compreendendo os processos mecânicos, físicos, térmicos, químicos ou
biológicos, que alteram as características dos resíduos de forma a reduzir o seu
volume ou periculosidade.
20. Retorno: significa que as empresas assumem o retorno dos seus produtos
descartados ou seja, a retornabilidade dos produtos usados e cuidam de forma
adequada o destino final dos mesmos, ao final do seu ciclo de vida.
21. Taxas Ambiental de Embalagem (TAE) – Taxa a ser paga pelos produtores e
importadores de embalagens, como contrapartida pelos serviços de gestão dos
resíduos resultantes, de modo a prevenir danos na saúde pública e no ambiente.
22. Valorização Energética: É a utilização de resíduos de embalagens
combustíveis para a produção de energia através de incineração ou
coincineração, com ou sem outros tipos de resíduos, mas com recuperação do
calor.
23. Valorização Orgânica: que inclui a compostagem e a digestão anaeróbia.

ANEXO I
Tipologia de Embalagens
A: Bio degradável
B: Não Bio degradável
1- Material
1.1 - vidro comum
1.2- todos tipos de plástico incluindo espuma de polistereno
1.3 - papel e papelão (simples)]
1.4 - papel e papelão (complexo) multilayer
1.5- metálicas (alumínio ou ferro)
2 - volume
2.1 - 0-250 ml
2.2- 250-500 ml
2.3- 500-1000 ml
2.4- 1000-2000 ml
2.5 - 2000-5000 ml
2.6- 5000- 10000 ml
2.7 - 10000-25000 ml
2.8 - 25000- 50000 ml
2.9 - 50000 - 100000 ml
2.10 - 100000 - 250000 ml
2.11 - >250000
de 3 de Maio (aprova o Regulamento para a
Implementação de Projectos Inerentes à Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal,
Conservação e Aumento de Reservas de Carbono);
CONSELHO DE MINISTROS
__________
Decreto n.º 23/2018 de 3 de Maio

Havendo necessidade de se regulamentar a implementação de projectos e


programas de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal,
Conservação e Aumento de Reservas de Carbono, ao abrigo do disposto no
artigo 33 da Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, o Conselho de Ministros decreta:

Artigo 1. É aprovado o Regulamento para a Implementação de Projectos


Inerentes à Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal,
Conservação e Aumento de Reservas de Carbono, adiante designado por
Regulamento REDD+, em anexo, que é parte integrante do presente Decreto.

Art. 2. São criados os Comités de Supervisão e Científico, subordinados ao


Ministro que superintende o sector do Ambiente.

Art. 3. É revogado o Decreto n.º 70/2013, de 20 de Dezembro, e o respectivo


Regulamento dos Procedimentos para Aprovação de Projectos de Redução de
Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+).

Art. 4. Compete ao Ministro que superintende o sector do Ambiente garantir a


implementação do presente Regulamento.

Art. 5. O presente Decreto entra em vigor na data da sua publicação.

Aprovado pelo Conselho de Ministros, aos 10 de Abril de 2018.


Publique-se.
O Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário.

Regulamento para Programas e Projectos Inerentes à Redução de Emissões por


Desmatamento e Degradação Florestal Conservação e Aumento de Reservas de
Carbono (REDD+)

CAPÍTULO I
Disposições Gerais

ARTIGO 1
(Definições)

O significado dos termos usados no presente Regulamento, constam do Glossário


em anexo, que dele faz parte.

ARTIGO 2
(Objecto)

O presente Regulamento tem como objecto regular, definir princípios e normas


para a implementação de Programas e Projectos que contribuem para a Redução
de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, Conservação e aumento
de Reservas de Carbono Florestal e promoção da Gestão Sustentável das
Florestas, adiante designado por REDD+.
ARTIGO 3
(Âmbito)

1. O presente Regulamento aplica-se aos Programas e Projectos REDD+ a serem


implementados em qualquer área do território nacional.
2. Exceptuam-se à aplicação do presente Regulamento:
a) A conversão de florestas em plantações florestais, não deve ser considerada
como aumento das reservas de carbono nos termos de REDD+;
b) Qualquer actividade que se encontre a ser desenvolvida no âmbito da
legislação de florestas e outra, que não tenha sido l icenciada no âmbito do
presente Regulamento.

ARTIGO 4
(Princípios)

1. Na aplicação do presente Regulamento deve-se observar os seguintes


princípios:
a) Da legitimidade e propriedade do Estado sobre a criação, geração, emissão,
validação, verificação e retirada das reduções de emissões e correspondentes
títulos;
b) Da compatibilidade das actividades de REDD+ com a conservação de
ambientes naturais, da diversidade biológica e investigação científica que
suportem o uso sustentável dos recursos florestais;
c) Da complementaridade e consistência das acções de REDD+ com as políticas
nacionais e com acordos internacionais dos quais Moçambique seja signatário
sobre os temas de mudanças climáticas e biodiversidade biológica;
d) Da conservação, prevenção, e controlo do desmatamento, do uso sustentável
das florestas e da biodiversidade;
e) Da gestão territorial, ambiental e da garantia dos direitos dos povos e
comunidades locais;
f) Da participação informada, plena e efectiva na gestão e monitoria das
actividades de REDD+ dos diferentes grupos sociais, comunidades, ONGs, sector
privado e Governo que exercem um papel relevante na conservação dos
ecossistemas naturais e que estejam envolvidos ou afectados pelos Programas e
Projectos do REDD+;
g) Da valorização e respeito aos conhecimentos, direitos e modos de vida das
comunidades locais;
h) Da transparência e disseminação da informação com enfoque nos grupos alvo
e partes interessadas nos projectos REDD+;
i) Da consulta obrigatória e atempadamente informada às comunidades
envolvidas nas actividades de REDD+ na participação activa dos diversos actores
sociais na sua implantação e manutenção;
j) Da promoção, reconhecimento e respeito aos direitos constitucionais, legais e
costumeiros associados ao uso dos recursos naturais das comunidades locais,
com ênfase no género;
k) Da responsabilização de todo e qualquer envolvido nas actividades de
desmatamento e degradação.
2. Do respeito à legislação vigente do trabalho, incluindo as determinações
relacionadas à saúde e segurança do trabalho e à repressão a qualquer forma de
trabalho-escravo e infantil, respeitando as particularidades de organização do
trabalho das comunidades locais.
ARTIGO 5
(Objectivos)

O presente Regulamento tem como objectivos:

a) Definir regras para os Programas e Projectos REDD+ no território nacional;


b) Promover a conservação e a restauração dos ecossistemas naturais
degradados e valorizar os seus serviços ecos sistémicos e ambientais;
c) Definir regras para geração, transferência, transacção e retirada de títulos de
redução de emissões;
d) Assegurar a monitoria e a transparência de informações sobre as emissões e
remoções no REDD+ no âmbito nacional, provincial e distrital;
e) Promover adopção de boas práticas na gestão sustentável das florestas.

CAPÍTULO II
Quadro institucional e competências

ARTIGO 6
(Da propriedade, gestão e emissão dos títulos e certificados de reduções de
emissões)

1. O Estado é o proprietário da redução de emissões e dos títulos.


2. O Ministério que superintende o sector das finanças é legítimo emissor e gestor
dos Títulos e Certificados de Reduções de Emissões, podendo criar, gerir os
direitos de propriedade, compreendendo a validação, verificação, a emissão,
transferência, transacção, alienação e retirada dos títulos de reduções de
emissões a nível nacional e internacional.
3. O FNDS é responsável pela gestão dos recursos provenientes do REDD+.

ARTIGO 7
(Programas e Projectos REDD+)

No quadro da execução dos Programas e Projectos inerentes à Redução de


Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, Conservação e Aumento de
Reservas de Carbono, o Governo pode assinar com os parceiros internacionais
acordos de compensação.

ARTIGO 8
(Competências para a emissão de licença para Programas e Projectos REDD+)

1. Compete ao Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS) analisar


e dar parecer técnico sobre a emissão de licença para Programas e Projectos
REDD+.
2. Compete ao Director Provincial que superintende o sector do Ambiente, emitir
a licença após parecer positivo.

ARTIGO 9
(Competência para registo de Programas e Projectos REDD+)

Compete ao FNDS inscrever os Programas e Projectos REDD+ no Registo dos


Programas e Projectos REDD+, através dos Pelouros de Mobilização de Recursos
e de Gestão de Projectos.
ARTIGO 10
(Funções do FNDS, quanto à implementação dos programas e projectos
REDD+)

São Funções do FNDS:

a) Dar suporte técnico a todas as instituições envolvidas no REDD+;


b) Criar, propor, homologar padrões internacionais e metodologias técnicas para
o estabelecimento dos níveis de Referência, monitoria, quantificação de
reduções de emissões, relatório, verificação e validação de Programas e
Projectos REDD+ em consulta com o Comité Científico;
c) Propor guiões para a análise de propostas de Programas e Projectos REDD+
nas suas diferentes componentes, incluindo o Medição, Relatório e Verificação
(MRV) do REDD+ em consulta com o Comité Científico;
d) Avaliar as submissões de Programas e Projectos REDD+ e dar parecer;
e) Implementar, coordenar e manter actualizado o Registo dos Programas e
Projectos REDD+, incluindo os seus limites geográficos, proponentes, Nível de
Referência, reservas de carbono;
f) Avaliar os relatórios anuais de monitoria das Actividades dos Programas e
Projectos REDD+ registados;
g) Emitir parecer técnico dos relatórios de monitoria e de verificação das
reduções de emissões dos Programas e Projectos REDD+ e informar ao Ministério
que superintende o sector das finanças;
h) Comunicar ao Registo de Transacções de Reduções de Emissões que está no
sector que superintende o sector das finanças, as informações sobre as Reduções
de Emissões geradas pelos Programas e Projectos REDD+;
i) Tornar pública a informação sobre os Programas e Projectos, Mecanismo de
Diálogo e Reclamações e respectivo plano de partilha de benefícios, respeitando
as políticas de propriedade intelectual e privacidade estabelecidas com os
diferentes intervenientes;
j) Monitorar o Sistema de Informação de Salvaguardas (SIS), incluindo o
Mecanismo de Diálogo e Reclamações (MDR) do REDD+;
k) Efectuar o controlo e a monitoria da redução de emissões de gases de efeito
de estufa provenientes do sector florestal;
l) Desenvolver orientações sobre o MRV do REDD+ em coordenação com o
Comité Científico;
m) Coordenar na produção e gestão de dados oficias relacionados ao REDD+, e
para o Inventário de Emissões de GEE, em coordenação com a instituição
responsável da notificação à Convenção Quadro da Organização das Nações
Unidas sobre Alterações Climáticas para o cumprimento dos compromissos
nacionais e internacionais;
n) Apoiar a instituição responsável da notificação à Convenção Quadro da
Organização das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas na compilação de
políticas, programas e projectos de mitigação e adaptação no sector florestal;
o) Preparar e manter actualizado o Nível de Referência Nacional em coordenação
com o Comité Científico;
p) Estabelecer, operacionalizar e assegurar a manutenção das componentes do
Sistema Nacional de MRV;
q) Apoiar as instituições responsáveis pela gestão, fiscalização e monitoria das
florestas.
ARTIGO 11
(Natureza e Competência do Comité de Supervisão do REDD+)

1. O Comité de Supervisão do REDD+ é o órgão de consulta e supervisão do Plano


de Acção da Estratégia Nacional do REDD+.
2. O Comité de Supervisão do REDD+ tem as seguintes competências:
a) Assegurar o alinhamento das acções de redução de desmatamento e
degradação florestal e conservação da natureza com políticas e programas de
outros sectores de desenvolvimento, incluindo a Estratégia Nacional do REDD+;

b) Facilitar a implementação multissectorial da Estratégia e dos Programas e


Projectos REDD+;
c) Verificar se no desenvolvimento das funções do FNDS, a legislação nacional e
internacional está a ser considerada;
d) Analisar e propor melhorias para as actividades desenvolvidas pelo FNDS.
3. O comité reúne-se semestralmente e extraordinariamente quando solicitado
pelo FNDS.

ARTIGO 12
(Composição do Comité de Supervisão do REDD+)

1. O Comité de Supervisão do REDD+ é composto por:


a) Três representantes do Ministério que superintende o sector do Ambiente e
Florestas;
b) Dois representantes do Ministério que superintende o sector da Agricultura;
c) Dois representantes do Ministério que superintende o sector dos Recursos
Minerais e Energia;
d) Um representante do Ministério que superintende o sector do Mar, Águas
Interiores e Pescas;
e) Um representante do Ministério que superintende o sector da Administração
Estatal;
f) Um representante do Ministério que superintende o sector das Finanças;
g) Dois representantes do sector privado designados pela Confederação das
Associações Económicas de Moçambique;
h) Três representantes das organizações não-governamentais do país;
i) Dois representantes dos doadores;
j) Um representante da sociedade civil;
k) Um representante do Comité Nacional Executor do Mecanismo de Doação
Dedicado para as Comunidades Locais.
2. O Comité de Supervisão do REDD+ é chefiado por um Coordenador indicado
pelo Ministro que superintende o sector do Ambiente.
3. O Secretariado do Comité de Supervisão é da responsabilidade do FNDS.
4. Sempre que se mostrar necessário, o Secretariado do Comité de Supervisão
do REDD+ pode convidar entidades não referidas no n.º 1 para participar nas
reuniões.

ARTIGO 13
(Natureza e composição do Comité Científico para REDD+)

1. O Comité Científico é o órgão consultivo que tem como finalidade pronunciar-


se sobre questões técnicas, científicas e metodológicas relativas ao REDD+.
2. O Comité Científico para o REDD+ é composto por instituições académicas e
de investigação, bem como, por especialistas de diversas áreas das ciências
humanas e sociais, exactas e biológicas, de entre outras, a serem convidadas pelo
FNDS, para se pronunciarem sobre questões de natureza técnica e científica para
REDD+.

ARTIGO 14
(Competências para o registo de transacções das reduções de emissões)

Compete ao Ministério que superintende o sector das finanças:


a) Proceder à emissão dos títulos, bem como ao registo das transacções,
transferência e retirada das respectivas reduções de emissões e títulos;
b) Definir e propor nos termos da legislação vigente, dos termos e das condições
para o tratamento tributário diferenciado e isenção nas operações de compra de
equipamentos destinados aos Programas e Projectos de REDD+;
c) Definir os termos e as condições para o aumento de carga tributária e a
redução ou revogação de benefício fiscal na aquisição de equipamentos
destinados às actividades produtivas que resultem em desmatamento ou que
contribuam negativamente para o desenvolvimento e incremento dos serviços e
produtos ecossistémicos.
d) Definir e propor, nos termos da legislação vigente, dos termos e das condições
para o tratamento tributário diferenciado e isenção nas operações de emissão,
transferência e retirada de reduções de emissões.

ARTIGO 15
(Instrumentos da compensação e transferência dos certificados)

1. Para garantir que os certificados gerados pelos Programas e Projectos REDD+


sejam adicionais, quantificáveis, permanentes, verificáveis e executáveis, devem
conter a seguinte informação:
a) Redução de Emissões;
b) Título de Redução de Emissões;
c) Forma de Transferência;
d) Captação financeira.
2. Os certificados de titularidade de redução de emissões e títulos poderão ser
futuramente alienados, transferidos em Bolsas de Valores Nacionais e
Internacionais de activos ambientais e financeiros, no âmbito de mercados e
sistemas de compensação nacionais e subnacionais, públicos e privados sempre
com respeito das legislações e padrões aplicáveis e nos limites da legislação
nacional vigente.
3. As reduções de emissões poderão igualmente ser futuramente transferidas e
compensadas no âmbito dos Acordos Internacionais celebrados pelo Estado de
Moçambique no âmbito das suas competências internacionais e seus
compromissos e Programas de Cooperação com entidades públicas e privadas.

CAPÍTULO III
Procedimentos de licenciamento aos Programas e Projectos REDD+

SECÇÃO I
Tipologia de Programas e Projectos REDD+
ARTIGO 16
(Proponentes e Tipologia de Programas e Projectos REDD+)

1. Estão previstos no âmbito deste regulamento os seguintes proponentes para


Programas e Projectos REDD+:
a) Programas REDD+, desenvolvidos pelo Governo;
b) Projectos REDD+, desenvolvidos pelo sector privado e Organizações Não
Governamentais;
c) Projectos REDD+ comunitários.
2. Estão previstos no âmbito deste regulamento os seguintes tipos de Programas
e Projectos:
a) Que contribuem para a redução do desmatamento de florestas;
b) Que contribuem para a redução da degradação de florestas;
c) Que contribuem para o aumento das reservas de carbono florestal;
d) Que contribuem para a conservação das reservas de carbono;

e) Que contribuem com uma ou mais combinações das tipologias acima


indicadas.

SECÇÃO II
Submissão de Programas e Projectos REDD+

ARTIGO 17
(Requisitos)

1. Quando o Programa REDD+ é implementado pelo Governo, deve submeter ao


FNDS os seguintes documentos:
a) Documento do Programa (referido no n.º 1 do artigo 18 deste Regulamento);
b) Acta da consulta pública nos termos das leis vigentes no País.
2. Quando o Projecto REDD+ é implementado pelo sector privado e Organizações
Não Governamentais, estes devem submeter a manifestação de interesse à
Direcção Provincial que superintende o sector de Terra e Ambiente com a
indicação área em que se localiza o projecto.
3. Não havendo algum impedimento, o proponente indicado no ponto 2 do artigo
17, deve apresentar os seguintes documentos:
a) Cópia autenticada do documento de identificação do Proponente;
b) Certidão de quitação das Finanças do Proponente;
c) Número Único de Identificação Tributária do Proponente;
d) Numero Único de Identidade Legal do Proponente;
e) Formulário devidamente preenchido, constante do anexo I ao presente
Regulamento;
f) Documento do Projecto (referido no n.º 1 do artigo 18 deste regulamento);
g) Acta da consulta comunitária realizada nos termos das leis vigentes no País;
h) Comprovativo do depósito da taxa de submissão do Projecto.
4. Quando é um Projecto REDD+ comunitário, este deve submeter ao FNDS os
seguintes documentos:
a) Documento do Projecto (referido no n.º 1 do artigo 18 deste regulamento);
b) Comprovativo do depósito da taxa de submissão do Projecto;
c) Acta da consulta comunitária realizada nos termos das leis vigentes no País.
5. Os Projectos REDD+, que têm como objectivo aumentar a reserva de carbono,
através de plantações, devem submeter adicionalmente a Licença ambiental e
DUAT.
6. O desenvolvimento de Programas e Projectos REDD+ nas áreas de conservação
e suas zonas tampão,
deve estar sujeito ao parecer e acompanhamento do respectivo órgão de
administração, com o intuito de assegurar os objectivos de conservação da área,
a protecção e a promoção dos direitos das comunidades locais residentes.
7. A submissão nesses termos não garante a aprovação do Programa ou Projecto
REDD+ sendo a decisão final do FNDS.

ARTIGO 18
(Documento do Programa ou Projecto)

1. Para efeitos do artigo 18, o Documento do Programa ou Projecto é o documento


de carácter informativo e explicativo a submeter pelo proponente o qual deve
conter:
a) Tipologia de Projecto ou Programa REDD+;
b) Tipos de Actividades consideradas;
c) Entidade responsável pela gestão e implementação do Programa ou Projecto
REDD+;

d) Contexto estratégico do Programa ou Projecto REDD+;


e) Localização geográfica, incluindo a apresentação de mapas;
f) Localização de Projectos REDD+ na área do Programa REDD+;
g) Descrição das condições biofísicas, socioeconómicas;
h) Análise das causas de desmatamento;
i) Análise global do direito de uso e aproveitamento da terra;
j) Os objectivos do Programa ou Projecto REDD+;
k) Estratégia de Implementação e metas;
l) Desafios para a implementação do Programa ou Projecto REDD+;
m) Descrição e justificação das acções ou actividades planeadas;
n) Descrição da titularidade do certificado dos créditos de carbono pelo
proponente do projecto, de acordo com o previsto na licença a ser emitida pelo
Ministro que superintende o sector do Ambiente;
o) Cronograma para o Programa ou Projecto REDD+ incluindo a duração;
p) Consultas comunitárias incluindo o processo de consulta e um resumo do
resultado das consultas;
q) Plano Operacional e financeiro;
r) Orçamento do Programa ou Projecto REDD+;
s) Escopo: fonte de emissões, sumidouros, reservatórios, ou vazamento;
t) Níveis de referência:
i) Período histórico de referência e período de aplicação do Nível de Referência;
ii) Metodologia usada para o cálculo dos níveis de referência
iii) Metodologia usada para a estimação dos dados de actividade;
iv) Metodologia usada para calcular factores de emissão ou remoção;
v) Cálculo das emissões históricas.
u) Abordagem para a medição, monitoria e relatórios que deve conter:
i) Arranjos institucionais e fluxo da informação desde medição à verificação ;
ii) Métodos de monitoria de dados de actividade e factores de emissão ou
remoção;
iii) Lista de parâmetros de monitoria;
iv) Recursos humanos e materiais;
v) Participação da comunidade na monitoria.
v) Análise e plano de gestão de riscos dos seguintes efeitos:
i) Deslocação de emissões fora da área do Programa ou Projecto REDD+ e
vazamentos;
ii) Reversão das RE.
w) Identificação e avaliação de fontes de incerteza e cálculo da incerteza total;
x) Cálculo ex-ante da Redução de emissões;
y) Implementação das Salvaguardas ambientais e sociais:
i) Mecanismo de diálogo e Reclamação.
z) Plano de partilha de benefícios;
aa) Mecanismo de partilha de Redução de Emissões geradas no Programa REDD+;
bb) As metodologias e padrões devem ser reconhecidos e homologados pelo
FNDS.
2. Caso a metodologia e padrões nacionais ou a homologação de metodologias
e padrões internacionais não esteja disponível no momento da submissão, o
Programa ou Projecto REDD+ pode alternativamente submeter a nova
metodologia ao processo de homologação ou submeter a homologação de uma
metodologia já existente e reconhecida que respeite os padrões internacionais
sempre com respeito à legislação nacional e internacional vigente.

ARTIGO 19
(Critérios de elegibilidade do projecto)

Na análise de Projectos REDD+ indicados no n.º 2 do artigo 18, são considerados


os seguintes critérios de elegibilidade:
a) Projectos REDD+ que sobreponham geograficamente com outros Programas e
Projectos REDD+, não são elegíveis. O direito à licença pertence àquele que
validamente tiver apresentado em primeiro lugar o pedido, tendo como meio de
prova o número de entrada e a data de emissão da proposta;
b) Projectos REDD+ têm que estar circunscritos a um Distrito como jurisdição
mínima ou área de conservação;
c) Projectos REDD+ devem estar em conformidade com as normas técnicas
adoptadas a nível nacional;
d) Projectos REDD+ devem ter um potencial para gerar um mínimo de 200.000
tCO2 durante o ciclo de vida do projecto;
e) Disponibilidade financeira para implementação do Projecto REDD+:
I. No caso de pessoa colectiva, deve apresentar os seguintes documentos:
i) Declaração periódica de rendimentos;
ii) declaração de informação contabilística fiscal:
iii) declaração de que não há pedido de falência ou concordata II. No caso de
pessoa singular deve apresentar a declaração periódica de rendimentos;
III. No caso de Organizações Não Governamentais, deve apresentar estatutos
publicados no Boletim da República.

ARTIGO 20
(Conflito de interesses)

1. O FNDS como entidade reguladora e avaliadora não pode submeter Programas


ou Projectos REDD+ indicados na alínea a) do n.º 1 do artigo 16.
2. Os membros do FNDS que fazem parte do FNDS não devem participar das
reuniões, nem proceder à análise de pedidos no caso de Programas ou Projectos
REDD+ indicados nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 16, os quais envolvam:
a) O cônjuge, parente ou afim, ou pessoa vivendo em união de facto e parente do
primeiro grau;
b) Que tenha participação no capital de sociedade do proponente, ou quando as
pessoas referidas na alínea a) tenham participação no capital dessa sociedade.

ARTIGO 21
(Avaliação, aprovação do Programa e Projecto REDD+ e emissão da licença)

1. Após a recepção da manifestação de interesse, o FNDS tem um prazo de 15 dias


para responder ao proponente.
2. Após a recepção da proposta do Programa ou Projecto REDD+, o FNDS tem
um prazo de 90 dias para emitir o respectivo parecer, tendo em conta:
a) os critérios de avaliação previstos no presente Regulamento;
b) os pareceres dos Governos distrital e provincial e Direcções Nacionais que
superintendem os sectores de Terras, Florestas, Ambiente, Energia e Áreas de
Conservação, quando aplicável.
c) Decorridos 100 dias considera-se deferimento tácito.
3. Após o prazo, o FNDS procede à aprovação do Projecto REDD+ e encaminha
ao Ministro que superintende o sector do ambiente para a emissão de licença do
Projecto REDD+.
4. No prazo de 15 dias, é emitida a licença a favor do Proponente para a reali zação
do Projecto REDD+, que consta do anexo I após o pagamento da taxa referente
à aprovação.

5. No caso de não aprovação, o proponente tem 60 dias para re-submissão do


documento do Projecto.

ARTIGO 22
(Validade e renovação da licença para a realização do Programa ou Projecto
REDD+)

1. A licença é válida por 20 anos, renováveis por igual período.


2. A renovação é precedida de parecer emitido pelos Governos distrital e
provincial, Direcções Nacionais que superintendem os sectores de Terras,
Florestas, Ambiente e Áreas de Conservação quando aplicável, no prazo máximo
de 90 dias.
3. Decorrido o período estabelecido no número anterior considera-se
deferimento tácito.
4. A aprovação da renovação tem por base o cumprimento integral do projecto,
sustentado pelos relatórios de monitoria e a apresentação das actividades para
os cinco anos seguintes.
5. O Proponente deve apresentar com o pedido de renovação uma actualização
dos elementos do Documento do Programa e Projecto indicados nas alíneas s),
t), u), w) e x) do n.º 1 do artigo 18.

CAPÍTULO IV
Direitos e deveres do titular da Licença para a realização do Projecto REDD+

ARTIGO 23
(Direitos do titular da licença para a realização do Projecto REDD+)

Constituem direitos do titular da licença:


a) Ter a licença que o habilita a desenvolver o Projecto REDD+, bem como
renová-la;
b) Ter o direito a solicitar a emissão, transferir, retirar e transaccionar as reduções
de emissões produzidas pelo projecto REDD+ nos termos e condições deste
Regulamento;
c) Solicitar informações relacionadas com o processo do Projecto REDD+
submetido para a aprovação.

ARTIGO 24
(Deveres do titular da licença)

Constituem deveres do titular da licença:


a) Pagar as taxas devidas nos termos do presente Regulamento;
b) Iniciar a implementação do Programa ou Projecto REDD+ até seis meses
depois da atribuição da licença, salvo motivos de força maior;
c) Apresentar relatórios anuais de progresso ao Governo Provincial e ao FNDS;
d) Publicitar o resultado da implementação do Programa ou Projecto REDD+ nos
jornais de maior circulação;
e) Informar o FNDS em relação à alteração do ecossistema natural por motivo de
força maior ou por acção humana dentro de 15 dias seguintes ao evento;
f) Não desenvolver outra actividade diferente da aprovada, sem a autorização da
instituição de tutela;
g) Notificar a entidade competente das alterações estatutárias que ocorrerem no
prazo de 30 dias.

ARTIGO 25
(Revogação da licença)

A revogação da licença ocorre nas seguintes situações:


a) Por renúncia do titular;
b) Incumprimento dos deveres nos termos referidos no presente Regulamento;
c) Sentença transitada em julgado no qual o proponente ou seu representante é
condenado por falsificação de documentos apresentados no acto da submissão
do projecto;
d) Incumprimento do Plano de partilha de benefícios;
e) Transcrição do prazo de 2 anos após a sua obtenção sem qualquer inicio de
actividade de implementação do Projecto de REDD+.
CAPÍTULO V
Procedimentos para o Registo de Transacções

ARTIGO 26
(Processo de registo de redução de emissões)

1. As reduções de emissões, Títulos e Certificados resultantes de Programas e


Projectos REDD+ que se pretendam compensar e alienar sobre alguma forma
legalmente admissível, incluindo a comercialização dentro e fora do territóri o
nacional, devem ser objecto de registo junto ao Ministério que superintende o
sector das finanças.
2. Este processo inicia-se com o registo do Programa ou Projecto REDD+.
3. Após a validação, monitoria, relatório e verificação de acordo com os padrões
definidos pela FNDS, o proponente do Programa ou Projecto REDD+ submete ao
FNDS o processo composto pelos seguintes documentos: Relatório de monitoria,
relatório de validação e verificação.
4. O proponente é responsável pelas despesas dos relatórios de monitoria,
validação e verificação.
5. Após a recepção dos relatórios de monitoria, validação e verificação, o FNDS
tem 30 dias para avaliar os documentos e dar o seu parecer.
6. Após o parecer positivo do FNDS, no prazo de 15 dias, o Ministério que
superintende o sector das finanças, regista as reduções de emissões e emite os
certificados.
7. Após o registo das reduções de emissões e a emissão dos certificados, estes
são livres de serem transferidos ou transaccionadas pelo Titular do programa ou
Projecto REDD+ respeitada a legislação nacional e internacional vigente sempre
devidamente comunicado e registado no registo nacional acima identificado.

ARTIGO 27
(Registo Nacional de Transacções de Redução de Emissões)

1. O Registo Nacional de Transacções de Redução de Emissões pressupõe:


a) Registo do Programa ou Projecto REDD+;
b) Relatório e Verificação segundo as metodologias e padrões definidas pelo
FNDS;
c) Validação por uma terceira parte, quando esta for considerada necessária nos
termos do padrão aplicável ao Programa ou Projecto REDD+;
d) Registo e afectação do número de série a cada redução de emissões que for
emitida sob um padrão ou estrutura criada, reconhecida e homologada pelo
FNDS:
i) Definição de números de série únicos associados a cada Certi ficado assim que
são definitivamente emitidos;
ii) Publicação no registo das transacções de Certificados de redução de emissões
e respectiva associação aos relatórios de verificação;
iii) A organização de um sistema de contabilidade de entrada dupla, garantindo
que a cobrança, desde uma conta duma determinada série seja sistematicamente
associada ao débito da mesma série de outra conta;

iv) Retirada permanente de unidades, para que estas não possam voltar a ser
transferidas e utilizadas para evitar dupla contagem.
e) Sistemas de titulares de contas para gerir posições e assentos para
transferências e transacções de certificados de redução de emissões;
f) Contabilidade para gestão de riscos de não-permanência e incertezas (buffers);
g) Relatórios sobre a propriedade de redução de emissões e transacções;
h) Outras que vierem a ser definidas nos termos deste regulamento.
2. Caso o Registo Nacional de Transacções de Redução de Emissões não esteja
em funcionamento, o Programa ou Projecto REDD+ pode usar outro Registo de
Redução de Emissões homologado e aprovado pelo Governo, baseado em
padrões internacionais.
3. Na ausência do Registo Nacional de Transacções de Redução de Emissões o
Ministério que superintende o sector das finanças deve endossar cartas para uso
de outros Registos de transacções.

ARTIGO 28
(Margens de reserva e incertezas)

1. No caso de Projecto REDD+, compete ao Titular assegurar o tratamento das


Fugas, enquanto mudanças na geração de emissões antropogénicas de GEE fora
do sistema de contabilidade que resultam de actividades que causam alterações
dentro ou fora dos limites da área de contabilidade do Programa ou Projecto
REDD+, através da monitoria das causas do desmatamento e degradação florestal
na área do país.
2. Como parte dos Programas e Projectos REDD+ são estabelecidas duas margens
de reserva (Buffer) de unidades de redução de emissões específicas de cada
Programa e Projecto:
a) Uma margem de incerteza para gerir o risco de que as reduções de emissões
sejam sobrestimadas e criar incentivos para melhorar as estimativas e diminuir a
incerteza associada às mesmas;
b) Uma margem de reversão para garantir contra reversões potenciais.

CAPÍTULO VI
Infracções e Sanções

ARTIGO 29
(Infracções e sanções)

1. Constituem infracções ambientais, administrativas e puníveis com sanção de


multa, sem prejuízo de outras sanções previstas na lei geral:
a) A ausência de notificação a entidade competente das alterações estatutárias
que ocorrerem no prazo de 90 dias e não cadastrar-se, trinta salários mínimos;
b) Não apresentação de relatórios anuais de progresso, punível com pena de
multa de cento e setenta e um salários mínimos;
c) Pela realização de qualquer tipo de transacção de título de redução de
emissões sem conhecimento do Estado, punível com pena de multa de duzentos
e vinte e nove salários mínimos.
2. A reincidência nas transgressões referidas no número anterior implica a
revogação da licença para o desenvolvimento de projecto REDD+ em
Moçambique, sem prejuízo da aplicação do regime sancionatório vigente em
demais legislação aplicável.
3. Com a revogação referida no número anterior, o Estado assume todos os
direitos do titular da licença, mantendo-se as obrigações assumidas por aquele
ou proceder a entrega a comunidade local em parceria com um investidor.

ARTIGO 30
(Cobrança de Multas)

1. Os valores das multas estabelecidas ao abrigo deste Regulamento são pagos


na Recebedoria de Fazenda, mediante a apresentação de modelo apropriado.
2. O infractor dispõe de 30 dias de calendário para pagar a multa aplicada,
contados a partir da data de recepção da notificação.
3. Decorrido o prazo estipulado, sem que o infractor tenha procedido ao
respectivo pagamento, o auto é remetido ao Juízo de Execução Fiscal
competente, através da emissão da certidão de relaxe.

ARTIGO 31
(Taxas de licenciamento)

1. Para os Proponentes dos Projectos REDD+ indicados na alínea b) do n.º 1 do


artigo 16, são devidas as seguintes taxas:
a) 5.000,00 MT pela submissão do Programa ou Projecto REDD+;
b) 50.000,00 MT pela atribuição da licença;
c) 25.000,00 MT no acto da renovação da licença;
d) 2% do total de redução de emissões obtidas pelo programa ou projecto,
transferidos após a emissão dos títulos de redução das emissões.
2. Para os Proponentes dos Projectos REDD+ comunitários indicados na alínea c)
do n.º 1 do artigo 16, 1% do total de redução de emissões obtidas pelo projecto
comunitário, transferidos após a emissão dos títulos de redução das emissões.

ARTIGO 32
(Destino das taxas e multas)

1. O valor das taxas referidas no número anterior é distribuído da seguinte forma:


a) 60% para o Orçamento do Estado;
b) 40% para o FNDS, este valor vai para a manutenção dos órgãos do governo
que vão fazer a análise e processar os pedidos dos Programas e Projectos REDD+.
2. O valor das multas referidas no número anterior tem o seguinte destino:
a) 40% para o Orçamento do Estado;
b) 60% para o FNDS.

Glossário

Para efeitos do presente Regulamento, entende se por:


1. Actividade (de Programa ou Projecto): o conjunto específico de acções,
medidas e resultados, especificada na metodologia aplicada ao projecto, que
altera as condições identificadas no cenário de Nível de Referência e que
resultam em reduções de emissões de Gás de Efeito de Estufa.
2. Área do Programa ou Projecto: território onde o proponente e seus parceiros
pretendem intervir para alterar a dinâmica do desmatamento ou degradação
florestal e/ou aumentar o reserva de carbono. Mesmo que Área de contabilidade.
3. Aumento de Reserva de Carbono Florestal: é o resultado das acções de
promoção da regeneração natural e de recuperação, restauração e
enriquecimento da vegetação de uma determinada área.
4. Bolsas de Valores Nacionais e Internacionais: é um mercado organizado onde
se negoceiam valores mobiliários como acções, obrigações, títulos de
participação entre outros.
5. Captação Financeira por meio de (Compensação, Comercialização e outra
forma de valoração financeira e/ou económica).
6. Certificados de Reduções de emissões: é um documento emitido pelo Registo
de Transacções de Redução de Emissões que representa o Título a uma unidade
equivalente de tCO2 de redução de emissões ou remoções de acordo com uma
metodologia pré-estabelecida.
7. Comité Científico: o órgão consultivo que tem como finalidade pronunciar-se
sobre questões técnicas, científicas e metodológicas relativas ao REDD+,
podendo quando aplicável validar e/ou verificar as actividades emitindo os
relatórios correspondentes para futura emissão de reduções de emissões no
âmbito nacional e de projectos.
8. Comité de Supervisão (CS): é o órgão de consulta e supervisão das actividades
do REDD+.
9. Degradação florestal: mudança de uma área florestal de uma categoria
florestal de elevada reserva de carbono, para outra categoria florestal de baixa
reserva de carbono.
10. Deslocação das Reduções de Emissões (Displacement): Evitar o risco da
deslocação das reduções de emissões.
11. Desmatamento: conversão de florestas para outras formas de uso da terra ou
a redução a longo prazo da cobertura florestal abaixo do limite de 30% de
cobertura de copas.
12. Emissões: libertação de gases de efeito estufa, aerossóis ou seus precursores
na atmosfera, numa área específica e período determinado.
13. Florestas: Área de pelo menos 1 hectare com uma cobertura de copas de
árvores igual ou superior a 30%, com árvores de altura superior a 5 metros.
14. Fluxo de carbono: emissões líquidas de gases de efeito estufa em unidades de
dióxido de carbono equivalente.
15. Forma de Transferência: Nos termos das metodologias e padrões aplicáveis e
nos limites legais vigentes.
16. Fugas (Leakage): Refere-se às mudanças na redução de emissões
antropogénicas de GEE fora do sistema de contabilidade que resultam de
actividades que causam alterações dentro ou fora dos limites da área de
contabilidade do projecto ou programa REDD+. Não dar conta deste efeito pode
afectar a integridade ambiental das reduções de emissões reivindicadas por um
projecto ou programa REDD +.
17. GEE: Gases de Efeito de Estufa.
18. Guiões: conjunto de regras que as partes interessadas nas actividades de
REDD+ tem de observar.
19. Inventário de Emissões: são ferramentas de elaboração de estimativas para as
emissões numa determinada área num tempo definido.
20. Inventário Florestal: é o levantamento de informações sobre as características
quantitativas e qualitativas da floresta e de muitas outras características das
áreas sobre as quais a floresta está desenvolvendo.
21. Margem de Segurança (Buffer): reserva de unidades de reduções de emissões.
22. Mecanismo de partilha de benefícios: é o processo no qual se faz a
distribuição equitativa das receitas provenientes da redução de emissões,
envolvendo as comunidades locais.
23. Medidas de mitigação: intervenções humanas com vista a redução de
emissões ou ampliar os sumidouros de gases de efeito estufa.
24. MRV: Medição, relatório e verificação, refere-se a uma série de processos e
procedimentos através dos quais a informação sobre as emissões de gases de
efeito estufa proveniente do desmatamento e degradação florestal é gerada,
reportada e verificada. Pode servir tanto para efeitos dos Programas e Projectos
no âmbito das suas metodologias e padrões quanto para determinar as condições
em que as Partes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas cumpriram as suas obrigações.
25. NDC: Contribuição Nacionalmente Determinada apresentada na Convenção
Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (UNFCCC).
26. Nível de Referência: valor de referência para as emissões ou remoções de
gases de efeito estufa, medidas em toneladas de dióxido de carbono equivalente
definidas no nível nacional, por sector ou a nível de projecto REDD+, que servem
de base comparativa para determinação de redução ou aumento destas
emissões.
27. Paisagem: é uma área da superfície terrestre que nasce como resultado da
interacção entre diversos factores (bióticos, abióticos e antrópicos) e que conta
com um reflexo visual no espaço.
28. Padrão socio-ambiental: conjunto de normas destinadas à verificação de
benefícios sociais e ambientais relativos a um projecto REDD+, podendo incluir
biodiversidade.
29. Plano de Acção da Estratégia Nacional do REDD+: Documento que descreve
as linhas de implementação da Estratégia Nacional do REDD+, incluindo actores
envolvidos, orçamento por linha e orçamento geral. Planos elaborados no âmbito
dos programas REDD+, a serem submetidos ao FNDS por meio de projectos.
30. Plantações florestais: estabelecimento de uma cobertura vegetal arbórea,
contínua, normalmente através do plantio de árvores de espécies nativas ou
exóticas, desde que, não se convertam florestas naturais, nem cause perda de
biodiversidade e nem afecte negativamente os corredores biológicos.
31. Programa REDD+: é um programa jurisdicional que abrange como unidade
básica o distrito, que estabelece e operacionaliza normas e regras que permitem
a contabilidade e creditação das políticas, acções e projectos REDD+,
implementadas como acções de adaptação e mitigação de GEE dentro da
jurisdição do programa.
32. Projecto REDD+ comunitário: Projecto REDD+ onde as Actividades são
autoria das comunidades e representadas por qualquer tipo de organização
comunitária de base com parceiros, que apresentem um mecanismo claro de
partilha de benefícios.
33. Projecto REDD+: nos termos do presente Regulamento, projecto de REDD+
consiste na implementação de acções, com o objectivo de modificar as dinâmicas
de desmatamento e degradação e aumentar as reservas de carbono de modo a
gerar potenciais reduções de emissões do sector florestal com valor de
compensação financeira e de transacção nos mercados de carbono. Estas acções
são implementadas em áreas florestais e não florestais, desde que tenham
influência no desmatamento e degradação de florestas, não implicando
necessariamente a concessão de licenças de exploração florestal ou do uso e
aproveitamento da terra.
34. Proponente: pessoa singular ou pessoa jurídica pública ou privada,
comunidades locais e organizações não-governamentais registadas em
Moçambique, que submete um Programa ou Projecto REDD+ para aprovação.
35. REDD+: a redução de emissões de gases de efeito estufa oriundos de
desmatamento e degradação, ao fluxo de carbono, ao manejo florestal
sustentável e à conservação, manutenção e aumento das reservas de carbono
florestal.
36. Redução de Emissões (RE): conjunto de actividades realizadas pelos diversos
intervenientes nos Projectos REDD+. Uma parte da RE é transferida para a
margem de segurança (buffers) e outra parte é gerada como certificados.
37. Reflorestamento: conversão, induzida pelo homem, de terra não florestada
em terra florestada, por meio de plantio e promoção de fontes naturais de
sementes.
38. Registo: sistema físico ou electrónico de cadastro e contabilização dos
programas, projectos, reduções de emissões e seus títulos, créditos de água,
biodiversidade, uso do solo ou outros serviços ambientais e produtos
ecossistémicos com o objectivo de criar um ambiente de transparência,
credibilidade, rastreabilidade e interoperabilidade para o Regulamento do
Sistema para a Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal,
Conservação e Aumento de Reservas de Carbono através de Florestas REDD+ em
Moçambique.
39. Reserva de carbono florestal: componente de um determinado ecossistema
natural ou alterado pela actividade humana, medido pelo peso da biomassa e
necromassa convertido em carbono.
40. Reservas de Carbono: Sistema com capacidade de acumular ou emitir
carbono.
41. Salvaguardas: directrizes que visam potenciar os impactos positivos e reduzir
os impactos negativos relacionados com às actividades REDD+.
42. Sequestro de carbono: fixação dos gases causadores de efeito estufa, por
meio do crescimento da vegetação florestal e do uso sustentável do solo.
43. Titular da licença: proponente de projecto aprovado pela entidade
competente.
44. Título de Redução das Emissões: documento que inclui direitos e interesses
associados as reduções de emissões resultantes das actividades de redução de
emissões, validado, verificado e certificado nos termos das metodologias
aplicáveis emitido pelo Ministério que superintende o sector das finanças.
45. Transferência da Titularidade: por meio de simples transferência e/ou
compensação sem finalidade comercial, ou por meio de alienação legalmente
admissível (incluindo a comercialização) nos limites da legislação vigente.
46. Validação: auditoria externa que mostra que o projecto atende aos critérios
estabelecidos pela norma de carbono e/ou socio-ambientais em que o projecto
está certificado.
47. Verificador: entidade creditada que emite relatório/declaração comprovativa
da origem da emissão de redução certificada segundo determinada metodologia
e padrão. O Relatório de verificação atesta a origem e conformidade da redução
de emissões e permite a entidade de registo proceder à emissão do título
certificado.
48. Vazamento: aumento de emissões por desmatamento ou degradação florestal
resultante de uma determinada actividade de REDD+, ocorrendo fora da área de
abrangência dessa actividade.
49. Verificação: auditoria externa no âmbito de um padrão de carbono e ou socio-
ambientais ocorridos após a implementação do Programa ou projecto iniciado e
demonstra a quantidade de reduções de emissões ou absorções geradas pelo
projecto e que permite a verificação de reduções de emissões.

ANEXO I:
Licença para desenvolvimento de actividades REDD+

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
GOVERNO DA PROVÍNCIA
Licença n.º ........................
Nos termos do Decreto n.º...../......, de ........ de ....... e em presença do processo
respeitante ao pedido formulado por ........................................... ................. de
aprovação de projecto REDD+, especificamente para
........................................................................
Localização… … … … … … … … … … … … .......................................................................................
...........… … … … … … … . Limites… … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …
Área de Implementação ................................................................................
Concedemos a presente licença, por um período de ....... anos.
O titular desta licença tem direito sobre a titularidade dos créditos de carbono
a serem gerados pelos projectos. No entanto, a comercialização dos créditos de
carbono, somente poderá ser efectuada uma vez cumpridos os requisitos legais
vigentes e mediante a apresentação do certificado de créditos de carbono a
serem emitidos pelo Ministro que superintende o sector das finanças.
Para constar lavrou-se a presente Licença que, depois de assinada é
devidamente autenticada com selo branco em uso.
… … … … … … , ............... de ........................... de .....................................
O DIRECTOR DA PROVÍNCIA DE ................................................................................
(Nome)

CONSULTAR ANEXO NO TEXTO INTEGRAL – IMAGEM

Você também pode gostar