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Há 40 anos, Boeing da Varig sumiu misteriosamente e jamais foi encontrado

Vinícius Casagrande
30/01/2019 04h00

Boeing 707 da Varig que desapareceu há 40 anos (Wikimedia)

Um dos maiores mistérios da aviação mundial segue sem qualquer resposta há exatos 40 anos. Trata-se do
desaparecimento do Boeing 707 cargueiro da companhia aérea brasileira Varig, que fazia o voo RG 967, ocorrido no dia
30 de janeiro de 1979.

O jato decolou do aeroporto de Narita, em Tóquio (Japão), com destino ao Rio de Janeiro, com parada prevista em Los
Angeles (EUA) para reabastecimento. Cerca de 30 minutos após a decolagem, o Boeing 707 simplesmente desapareceu,
e os controladores não conseguiram mais contato com os pilotos.

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O caso é bastante semelhante ao desaparecimento de um Boeing 777 da companhia aérea Malaysia Airlines, ocorrido em
março de 2014. Nos dois casos, os pilotos não relataram qualquer problema técnico, os aviões desapareceram
misteriosamente e jamais foram encontrados.

Piloto chegou a fazer contato antes de desaparecer

No caso do avião da Varig, o desaparecimento teria ocorrido a cerca de 500 quilômetros da costa do Japão, sobre o
oceano Pacífico. O avião decolou do aeroporto de Narita às 20h23 no horário local. O comandante Gilberto Araújo da
Silva chegou a fazer um primeiro contato com o controle de tráfego aéreo para informar sua posição.
O segundo contato, que deveria ter acontecido uma hora após a decolagem, nunca aconteceu. Com isso, as autoridades
japonesas acionaram o alerta para o possível acidente com o avião brasileiro. No entanto, como já era noite no Japão, as
buscas começaram para valer somente na manhã seguinte.

Equipes de resgate trabalharam intensamente nos primeiros dias na região onde supostamente o avião teria caído. Não
foram encontrados vestígios do Boeing 707, manchas de óleo nem corpos dos tripulantes. Nos meses seguintes, a área de
busca foi ampliada, mas jamais foi encontrada qualquer pista do jato da Varig.

A companhia brasileira também nunca chegou a uma conclusão sobre o que pode ter ocorrido com o seu avião cargueiro.
"Não foi possível encontrar nenhum indício que lançasse qualquer luz sobre as causas do desaparecimento da aeronave",
afirmou a empresa, na época, em um relatório sobre o caso.

Piloto já havia sofrido acidente em Paris

Por se tratar de um avião cargueiro, não havia passageiros no voo. Estavam a bordo do Boeing 707 da Varig seis
tripulantes, que se revezariam durante o voo: os comandantes Gilberto Araújo da Silva, Erni Peixoto, os copilotos Evans
Braga e Antonio Brasileiro da Silva Neto e os engenheiros Nicola Esposito e José Severino de Gusmão Araújo.

Entre eles, a história que mais chama a atenção é a do comandante Gilberto Araújo da Silva. Em 1973, ele havia se
envolvido em um grave acidente, também com um Boeing 707, quando fazia o voo RG 820.

O voo da Varig havia decolado do Rio de Janeiro para Paris (França), de onde seguiria para Londres (Reino Unido).
Quando se aproximava do aeroporto de Orly, em Paris, teve início um incêndio dentro da cabine de passageiros. O fogo
teria começado após um dos passageiros jogar uma bituca de cigarro acesa no cesto de lixo. O fumo a bordo só começou
a ser proibido no final dos anos 1990.

Uma fumaça negra rapidamente se espalhou dentro do avião. Sem enxergar nada, o comandante Gilberto foi obrigado a
fazer um pouso de emergência em uma plantação de cebolas a apenas um quilômetro do aeroporto de Orly. O acidente
causou 123 mortes, a maioria por intoxicação. Além do comandante Gilberto, outros nove tripulantes e apenas um
passageiro sobreviveram.

Teorias da conspiração e carga milionária

No desaparecimento do Boeing 707 cargueiro, algumas teorias e suposições chegaram a ser levantadas na época, mas
sem qualquer tipo de comprovação. Elas vão desde um sequestro por colecionadores de arte até um ataque de caças
soviéticos para proteger segredos militares, como o projeto de um caça, que supostamente estariam a bordo do avião da
Varig.

O Boeing 707 da Varig transportava cerca de 20 toneladas de carga. Entre equipamentos eletrônicos, peças para navios e
computadores e máquinas de costura, o voo levava também dezenas de quadros do pintor nipo-brasileiro Manabu Mabe,
avaliados, na época, em US$ 1,2 milhão.

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