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UFCD 2760

0. Regras gerais

0.1 Definições:
a) As medições de um projecto ou de uma obra são a determinação analítica e
ordenada das quantidades dos diferentes trabalhos que são a base da
determinação dos encargos definidos no projecto ou que integram a obra.
b) A lista ou mapa de medições é a descrição resumida das quantidades dos
trabalhos e dos encargos calculados nas medições.
c) O orçamento é o resultado da aplicação dos preços unitários às descrições das
quantidades dos trabalhos indicados na lista de medições.

0.2 Condições gerais:


a) As medições devem descrever, de forma completa e precisa1, os trabalhos
previstos no projecto ou executados na obra.
b) Os trabalhos que impliquem diferentes condições ou dificuldades de execução
serão sempre medidos separadamente em rubricas próprias.
c) As dimensões a adoptar serão em regra as de cada elemento de construção
arredondadas ao centímetro. Esta regra não é aplicável às dimensões indicadas
na descrição das medições. Sempre que possível, nas medições de projecto, as
dimensões serão as indicadas nas cotas dos desenhos ou calculadas a partir
destas.
d) Salvo referência em contrário, o cálculo das quantidades dos trabalhos será
efectuado com a indicação das dimensões segundo a ordem seguinte:
1. Em planos horizontais, comprimento x largura x altura ou espessura.
2. Em planos verticais, comprimento x largura ou espessura x altura,
considerando-se como comprimento e largura as dimensões em planta
dos elementos a medir.
e) As dimensões que não puderem ser determinadas com rigor deverão ser
indicadas com a designação de “quantidades aproximadas”
f) As medições devem ser apresentadas com as indicações necessárias à sua
perfeita compreensão, de modo a permitir uma fácil verificação ou ratificação, e
a determinação correcta do custo. Em regra, as dimensões utilizadas na medição
deverão ser sempre passíveis de verificação fácil e clara.
g) Recomenda-se que as medições sejam organizadas por forma a facilitar a
determinação dos dados necessários à preparação da execução da obra e ao
controlo de produção, tendo em vista a repartição dos trabalhos por diferentes

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locais de construção e o cálculo das situações mensais de pagamento e controlo
de custos.
h) Os capítulos das medições e a lista de medições poderão ser organizados2 de
acordo com a natureza dos trabalhos ou por elementos de construção. Quando
o critério de organização for o da natureza dos trabalhos, estes deverão ser
integrados nos capítulos indicados nestas regras e apresentados pela mesma
ordem.
i) As medições dos trabalhos exteriores ao edifício (acessos, jardins, vedações,
instalações exteriores ao perímetro do edifício, etc.) deverão ser, no seu
conjunto, apresentadas separadamente3 dos trabalhos relativos ao edifício.
j) Deverá indicar-se sempre o nome do técnico ou dos técnicos responsáveis pela
elaboração das medições e lista de medições.
k) Sempre que as medições de certas partes do projecto, nomeadamente as
relativas as instalações, forem elaboradas por outros técnicos, o nome destes
técnicos deve vir referido no início dos respectivos capítulos.

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1
Recomenda-se que esta descrição, sempre que possível, seja sucinta e indique as referências
dos desenhos e as rubricas dos cadernos de encargos relativas a esses trabalhos.
2
A organização dos capítulos segundo a natureza dos trabalhos é a que permite a empreiteiros
e subempreiteiros uma mais fácil elaboração das propostas de concurso.
3
Esta divisão permite uma análise mais rápida dos custos relativos ao edifício e com menos
probabilidade de erro. Além disso, permite uma preparação mais fácil dos trabalhos.

0.3 Unidades de medida:


a) As unidades de medida são:
UNIDADE DESIGNAÇÃO SIMBOLO
Genérica unidade un
Comprimento metro m
Superfície metro quadrado m2
Volume metro cúbico m3
Massa quilograma kg
Força quilonewton kN
Tempo hora, dia h, d

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b) Os resultados parciais dos cálculos das medições obedecerão, em regra, aos
arredondamentos seguintes:

MEDIDA ARREDONDAMENTO1
metro (m) centímetro (cm)
metro quadrado (m2) decímetro quadrado (dm2)
metro cúbico (m3) decímetro cúbico (dm3)
quilograma (kg) hectograma (hg)
quilonewton (kN) decanewton (dN)

As quantidades globais a incluir nas listas de medições obedecerão, regra geral, aos
arredondamentos seguintes:

MEDIDA ARREDONDAMENTO1
metro (m) decímetro (dm)
metro quadrado (m2) decímetro quadrado (dm2)
metro cúbico (m3) decímetro cúbico (dm3)
quilograma (kg) quilograma (kg)
quilonewton (kN) quilonewton (kN)

c) Quando a aplicação destas regras tiver como resultado a eliminação da


indicação da quantidade de qualquer rubrica, deverá ser indicada a quantidade
exacta.
d) Quando o preço dos trabalhos o justifique, estes arredondamentos podem ser
modificados para mais ou para menos. Neste caso, o documento relativo às
medições deve mencionar o critério adoptado na definição dos
arredondamentos.

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1 Conceito definido na Norma Portuguesa NP-37

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1. ESTALEIRO

1.1 Regras Gerais


a) As medições do estaleiro1 – trabalho de montagem, exploração e desmontagem
das instalações e equipamentos necessários à execução da obra – podem ser
subdivididos nos capítulos seguintes:
1. Instalações provisórias do estaleiro
2. Equipamento do estaleiro
3. Pessoal do estaleiro
b) As medições das instalações provisórias destinadas ao pessoal – casa do guarda,
dormitório, instalações sanitárias, refeitório, habitações e outras – serão
realizadas de acordo com os elementos seguintes:
1. Legislação em vigor2;
2. Área do terreno disponível para implantação do estaleiro;
3. Quantidade de pessoal a empregar para execução da obra.
c) As medições das instalações provisórias para funcionamento dos serviços do
estaleiro – escritório, armazéns, oficinas e outros – das vias de acesso e
circulação, das redes de alimentação e distribuição, dos equipamentos e do
pessoal de estaleiro só serão elaboradas nos seguintes casos:
1. Nas obras executadas por percentagem;
2. Quando o projecto estabelece as condições necessárias à sua utilização;
3. Quando o orçamento for calculado com base na subdivisão do preço da
obra em custos directos, custos de estaleiro e custos indirectos3.
d) As medições relativas ao estaleiro indicarão as informações seguintes:
1. Localização da área destinada ao estaleiro, medição respectiva e acessos
existentes;
2. Redes de águas e esgotos, electricidade4 e telefones que podem ser
utilizadas durante a execução da obra;
3. Limitações impostas pelo projecto ou por outras circunstâncias relativas
à utilização da área destinada ao estaleiro.
e) As medições indicarão a natureza dos materiais a aplicar na execução das
instalações provisórias.

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1
Segundo o DL 59/99, no capítulo relativo às disposições comuns relativas a empreitadas por
preço global e por série de preços (artigo 24), o empreiteiro tem obrigação, salvo estipulado
em contrário, de realizar à sua custa todos os trabalhos que, por natureza ou segundo o uso
corrente, a execução da obra implique como preparatórios e acessórios, nomeadamente:

I. O fornecimento, construção e manutenção do estaleiro;

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II. Os meios necessários para garantir a segurança das pessoas na obra e do público em
geral;
III. As construções de acessos ao estaleiro e das circulações internas.

Os encargos relativos à montagem e desmontagem do estaleiro são da responsabilidade do


dono de obra e constituirão um preço contratual unitário.
2
O dimensionamento deve ser efectuado considerando a regulamentação existente,
nomeadamente:

I. “Regulamento das Instalações Provisórias Destinadas ao Pessoal Empregado nas


Obras” – DL nº 46427, de 10 de Julho 1965.
II. “Sinalização de Obras e Obstáculos Ocasionais na Via Pública” – Decreto Regulamentar
nº 33/88, de 12 Setembro.
III. “Regulamento Municipal sobre Ocupação de Via Pública com Tapumes, Andaimes,
Depósitos de Materiais, equipamentos e Contentores para Realização de Obras. Edital
da CM Lisboa nº 108/92 de 24 Setembro.
IV. “Segurança e Saúde a Aplicar nos Estaleiros Temporários ou Móveis” – DL 155/95, de 1
Julho (Transposição da Directiva nº 95/57/CEE de 24 Junho de 1992)
V. Portaria 101/96 que regulamenta o DL 155/96, relativo às prescrições mínimas de
segurança e saúde a aplicar nos estaleiros temporários ou móveis.
3
Nos casos de empreitadas em que não sejam aplicadas as condições referidas em (1), isto é,
em que as medições do estaleiro não forem elaboradas, os respectivos encargos serão
considerados incluídos nas percentagens relativas a custos indirectos a ter em conta no preço
composto de cada trabalho e determinado no orçamento.
4
Deverá indicar-se, relativamente à energia eléctrica, o número de fases, o valor da tensão e a
potência máxima que o estaleiro poderá dispor.

1.2 Instalações provisórias do estaleiro


1.2.1 Instalações destinadas ao pessoal e para funcionamento dos serviços de estaleiro

a) A medição será realizada em m2, segundo a área determinada em projecção


horizontal da envolvente exterior de cada instalação ou à unidade (un),
considerando sempre separadamente cada tipo de instalação.
b) A medição engloba todos os trabalhos relativos à execução de cada instalação,
incluindo as redes de águas, esgotos, electricidade, telefones, gás e outras.
c) A medição compreende o transporte, montagem, exploração, conservação e
desmontagem de cada instalação.
d) Sempre que necessário as operações da alínea anterior poderão ser medidas em
rubricas próprias.

1.2.2 Instalações de vias de acesso, caminhos de circulação e vedações

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a) A medição será realizada à unidade (un).
b) A medição inclui todos os trabalhos necessários à sua execução, nomeadamente
terraplanagens, drenagens, pavimentação, conservação e reposição do terreno
nas condições indicadas no projecto.

1.2.3 Instalação de redes de alimentação, de distribuição e de esgotos

a) As redes de alimentação e distribuição de águas, electricidade, telefone, gás ou


outras e as redes de esgotos serão medidas à unidade (un).
b) A medição engloba todos os trabalhos necessários à montagem, exploração,
conservação e desmontagem destas instalações.

1.3 Equipamentos do estaleiro


a) As medições relativas a máquinas – gruas, centrais de betonagem, viaturas,
tractores, etc. –, a ferramentas e utensílios, ao equipamento auxiliar –
andaimes, máquinas de oficinas e outras – e a outros meios mecânicos são, em
regra, incluídas nas medições dos diferentes trabalhos em que este
equipamento é utilizado
b) As medições destes equipamentos podem no entanto, sempre que seja
necessário, serem individualizadas em rubricas próprias, e serem aplicadas
regras específicas1.

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1
A unidade de medição é a hora efectiva de trabalho de cada unidade de equipamento.

A unidade de medição pode ser a hora de permanência na obra, de cada unidade de


equipamento, quando a determinação do tempo efectivo de trabalho for difícil ou não se
justificar.

A medição do tempo relativo a cada equipamento será, em geral, individualizada em rubrica


própria.

A medição engloba todos os trabalhos e encargos relativos a cada equipamento,


designadamente, amortização, transporte, montagem, exploração, conservação e
desmontagem.

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1.4 Pessoal do estaleiro
a) As medições relativas ao pessoal do estaleiro – director técnico, encarregado,
pessoal de escritório e de armazém, operários de limpeza, cargas e descargas,
guardas, enfermeiros, etc. – são, em geral, incluídas nas medições dos
diferentes trabalhos da obra.
b) Quando for necessário a constituição de rubricas próprias para o pessoas do
estaleiro, deverão ser aplicadas regras específicas1.

_____________________________________________________________________________
1
A unidade de tempo é o tempo de permanência na obra, de cada unidade de pessoal. A
medição do tempo de cada unidade de pessoal será, em geral, individualizada em rubrica
própria. A medição engloba todos os encargos relativos a cada unidade de pessoal,
nomeadamente, vencimentos e salários, encargos sociais, transportes e outros respeitantes à
sua remuneração. A medição de encargos com viagens e estadias será, em geral
individualizada em rubrica própria, salvo indicação contrária do caderno de encargos.

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2. TRABALHOS PREPARATÓRIOS1

2.1 Regras Gerais


a) As informações2 relativas à planimetria3 e à altimetria4 e os resultados do
reconhecimento ou da prospecção geotécnica5 do terreno, que são indicados no
projecto, serão referidos nas medições.
b) As informações sobre a existência de redes de distribuição – água, esgotos, gás,
electricidade, etc. – ou quaisquer outros obstáculos à realização dos trabalhos serão
apresentadas no enunciado das medições.
c) As medidas para determinação das medições serão obtidas a partir das formas
geométricas indicadas no projecto e sem consideração de empolamentos6

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2.2 Desvio de obstáculos1
a) Regra geral, os trabalhos de desvio de qualquer obstáculo à execução da obra serão
medidos à unidade (un), com indicação resumida da natureza desses trabalhos.
b) A medição do desvio de canalizações e de cabos enterrados2 será feita medindo
separadamente o movimento de terras necessário, segundo as normas enunciadas em
Movimento de terras para canalizações e cabos enterrados, e a remoção e reposição
das canalizações e dos cabos, pelos mesmos critérios relativos à sua montagem.

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2.3 Protecções
a) Medição será realizada à unidade (un).
b) A medição engloba todas as operações e materiais necessários para assegurar a
protecção de qualquer construção ou vegetação existente no local da obra e
que não deva ser afectada durante a execução dos trabalhos

2.4 Drenagens1
a) A medição da drenagem de qualquer lençol de água superficial será realizada em
m2 de superfície do terreno a drenar, medida em planta.
b) A medição engloba todas as operações necessárias à execução das drenagens.
c) A drenagem de águas freáticas a executar, aquando da realização de movimento
de terras, será incluída na medição destes trabalhos.

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2.5 Desmatação
a) A medição será realizada em m2.
b) A medição refere-se à desmatação1 de arbustos, sebes ou árvores com menos de
0,10m de diâmetro, determinado à altura de 1,20m do solo (diâmetro à altura do peito
DAP)2
c) A medição será efectuada segundo as áreas determinadas em projecção horizontal.

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d) A medição engloba todas as operações relativas à execução dos trabalhos de
desmatação, nomeadamente: abate, empilhamento, carga, transporte, remoção e
descarga3.
e) Sempre que necessário, as operações da alínea anterior poderão ser separadas por
rubricas próprias.
f) As medições indicarão, sempre que possível, o local de depósito ou vazadouro dos
produtos de desmatação4.

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2.6 Abate ou derrube de árvores
a) A medição será realizada à unidade (un)1.
b) A medição refere-se ao abate ou derrube de árvores com mais de 0,10m de diâmetro,
determinado à altura de 1,20m do solo (diâmetro à altura do peito DAP) e inclui o
arranque de raízes2.
c) A medição engloba todas as operações relativas à execução dos trabalhos de abate ou
derrube, designadamente: abate, desponta, descasque, operação de torar,
empilhamento, transporte, remoção ou descarga.
d) Sempre que necessário, as operações da alínea anterior poderão ser separadas por
rubricas próprias.
e) As medições indicarão, sempre que possível, o local de depósito3 ou vazadouro dos
produtos do abate ou derrube de árvores.

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2.7 Desenraizamentos
a) A medição será realizada à unidade (un)1.
b) A medição engloba todas as operações relativas à execução dos trabalhos de
desenraizamento nomeadamente: arranque de raízes2, empilhamento, carga,
transporte, remoção, descarga, e os trabalhos a realizar com a sua eliminação, quando
necessária.
c) Sempre que necessário, as operações da alínea anterior poderão ser separadas em
rubricas próprias.
d) As medições indicarão, sempre que possível, o local de depósito3 ou vazadouro dos
produtos de desenraizamentos.

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2.8 Arranque e conservação de leivas (placas de relva)
a) A medição será realizada em m2.
b) A medição engloba todas as operações relativas à execução dos trabalhos de arranque
e conservação de leivas, nomeadamente: arranque, empilhamento, carga, transporte,
depósito e conservação.
c) Sempre que necessário, as operações da alínea anterior poderão ser separadas em
rubricas próprias.
d) As medições indicarão, sempre que possível, o local de depósito das leivas, e os
métodos de depósito e conservação.
e) A medição do arranque de leivas unicamente para remoção, será incluída no
subcapítulo Decapagem ou remoção de terra vegetal do capítulo Movimento de
terras.

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BIBLIOGRAFIA

FONSECA, M. SANTOS. (2000) “Curso sobre regras de medição na construção”

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