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Curso de Fitoterapia Aplicada

Capítulo 10. Síndrome metabólica

Índice
Introdução ........................................................................................................ 1
Curcuma longa ................................................................................................. 3
Cymbopogon citratus ....................................................................................... 5
Capsicum anuum ............................................................................................. 7
Citrus × aurantium ............................................................................................ 9
Plectranthus barbatus .................................................................................... 11
Ilex paraguariensis ......................................................................................... 13
Baccharis trimera ........................................................................................... 15
Cynara scolimus............................................................................................. 16
Camellia sinensis ........................................................................................... 17
Bauhinia forficata ........................................................................................... 19
Syzygium cumini ............................................................................................ 21
Caesalpinia ferrea .......................................................................................... 23
Eugenia punicifolia ......................................................................................... 24
Anacardium occidentale ................................................................................. 26
Outras plantas potencialmente úteis no tratamento da síndrome metabólica 28
Garcinia gummi-gutta ..................................................................................... 28
Gymnema sylvestre ....................................................................................... 29
Lycium barbarum ........................................................................................... 31
Referências .................................................................................................... 32

Introdução
Na década de 80, um pesquisador chamado Reaven, observou que doenças
frequentes como hipertensão, alterações na glicose e no colesterol estavam, muitas
vezes, associadas à obesidade. E mais que isso, essas condições estavam unidas
por um elo de ligação comum, chamado resistência insulínica. A valorização da
presença da síndrome se deu pela constatação de sua relação com doença
cardiovascular. Quando presente, a Síndrome Metabólica está relacionada a uma
mortalidade geral duas vezes maior que na população normal e mortalidade
cardiovascular três vezes maior (“Síndrome Metabólica - - Sociedade Brasileira de
Endocrinologia e Metabologia,” n.d.).
Síndrome Metabólica corresponde a um conjunto de doenças cuja base é a
resistência insulínica. Pela dificuldade de ação da insulina, decorrem as
manifestações que podem fazer parte da síndrome. Não existe um único critério
aceito universalmente para definir a Síndrome. Os dois mais aceitos são os da
Organização Mundial de Saúde (OMS) e os do National Cholesterol Education
Program (NCEP) - americano. Porém o Brasil também dispõe do seu Consenso
Brasileiro sobre Síndrome Metabólica, documento referendado por diversas
entidades médicas.
Segundo os critérios brasileiros, a Síndrome Metabólica ocorre quando estão
presentes três dos cinco critérios abaixo:
• Obesidade central: circunferência da cintura > 88 cm na mulher, e >
102 cm no homem;

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• Hipertensão Arterial: pressão arterial sistólica ≥ 130 e/ou pressão


arterial diastólica ≥ 85 mmHg;
• Glicemia alterada: glicemia ≥110 mg/dL ou diagnóstico de diabetes;
• Triglicerídeos: ≥ 150 mg/dL;
• HDL colesterol: < 40 mg/dL em homens, e < 50 mg/dL em mulheres
Em 2008, segundo a OMS, havia mais de 1,4 bilhão de adultos com
sobrepeso e mais de 500 milhões com obesidade no mundo. Essas pessoas estão
sob risco aumentado de AVC, osteoartrites, apneia do sono, câncer, doenças
inflamatórias crônicas, e doenças relacionadas à síndrome metabólica.
A etiologia da síndrome metabólica é provavelmente multifatorial, incluindo
desequilíbrio entre consumo e gasto energético, dietas não saudáveis,
sedentarismo, tabagismo e predisposição genética.
O tratamento da síndrome metabólica e da obesidade é um desafio para os
profissionais de saúde. Atualmente, o tratamento pode ser resumido como abaixo:
• Redução da ingestão energética
• Regimes
• Farmacoterapia
• Cirurgia
• Aumento do gasto energético
• Atividade física
• Farmacoterapia
• Termogênese
• Inibição da lipogênese
• Modificação de comportamento
• Ansiolíticos e antidepressivos
Entretanto, o número de sucessos é limitado e a adesão ao tratamento é
baixa. Isto tem levado a uma busca por soluções “milagrosas” gerando comércio,
legal e ilegal, de produtos para o tratamento da obesidade. Muitos desses produtos
contém plantas medicinais ou derivados vegetais em sua composição.
Recentemente, foi demonstrado que produtos para perda de peso que podem ser
comprados sem prescrição médica, e que são vendidos como contendo somente
plantas, podem conter substências como sibutramina ou temazepam em doses altas,
além de estarem contaminados por metais pesados (Ozdemir et al., 2013).
Em teoria, compostos presentes nas plantas podem ter as seguintes
atividades que podem auxiliar na perda de peso:
• Regulação do metabolismo lipídico
• Supressão da ingestão alimentar
• Aumento do gasto energético
De fato, muitas substâncias presentes em chás, como os compostos
polifenólicos (epicatequina, epicatechina galato, etc), que podem ser úteis no
tratamento da obesidade (Hursel & Westerterp-Plantenga, 2013).
Em uma revisão recente da literatura, Nigella sativa, Camellia sinensis, Chá
verde e Chá preto chinês parecem ter atividade anti-obesidade satisfatória.
Entretanto, o efeito parece ser discreto (Hasani-Ranjbar, Jouyandeh, & Abdollahi,
2013).
O controle da ansiedade é fundamental no tratamento da obesidade.
Recentemente, um estudo demonstrou que fatores estressores cotidianos levam a
menor gasto energético de repouso (GER) pós-prandial, menor oxidação de gordura
e maior liberação de insulina. Mulheres com depressão maior tiveram maior
concentração de cortisol e maior oxidação de gordura. Esses resultados comprovam

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a relação entre estresse, depressão e respostas metabólicas anormais a refeições


ricas em gordura, que levam à obesidade (Kiecolt-Glaser et al., 2014).
O tratamento do diabetes mellitus é também um desafio para os
profissionais de saúde, de maneira semelhante ao tratamento da obesidade. Alguns
fitoterápicos podem ser hipoglicemiantes, sendo que seus resultados dependem de
alguns fatores:
• Cada planta possui centenas de componentes, sendo que apenas
alguns podem ser terapeuticamente eficazes;
• Cada parte da planta tem diferentes constituintes. Diferentes processos
de extração podem resultar em diferentes princípios ativos;
• Fórmulas fitoterápicas contendo múltiplas plantas podem ter efeitos
sinérgicos.
Entre os mecanismos de ação dos fitoterápicos no tratamento do diabetes,
podemos enumerar (Hui, Tang, & Go, 2009):
• Redução da produção de glicose no fígado (Coptis chinensis,
Trigonella foenum-graecum);
• Redução da absorção de glicose no intestino (Myrcia uniflora, Morus
alba);
• Aumento da secreção de insulina pelo pâncreas (Panax ginseng,
Momordica charantia, Aloe vera, Biophytum sensitivum);
• Aumento da utilização periférica da glicose (Panax ginseng, Momordica
charantia, Cinnamomum verum).
Muitas das informações contidas neste capítulo são extraídas do Manual
prático de multiplicação e colheita de plantas medicinais (Pereira et al., 2010) e do
Formulário Fitoterápico da Farmácia da Natureza (Pereira et al., 2014).

Curcuma longa


ESPÉCIE: Curcuma longa L.
Esta planta já foi apresentada no capítulo sobre o sistema respiratório.

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COMENTÁRIOS:
A Curcuma longa é uma das plantas com maior potencial terapêutico que
existem. Como um poderoso anti-inflamatório, pode ser usada com muita segurança
em todas as doenças inflamatórias, agudas ou crônicas.
Em pacientes com diabetes mellitus tipo 2, a ingestão de um extrato de
curcuminoides, comparado com placebo, levou a redução significativa da leptina, da
resistência arterial, dos triglicerídeos, da gordura visceral, da gordura corporal total e
da circunferência abdominal, e ao mesmo tempo levou a aumento significativo da
adiponectina (Chuengsamarn, Rattanamongkolgul, Phonrat, Tungtrongchitr, &
Jirawatnotai, 2014).
A angiogênese é necessária para o crescimento do tecido adiposo. Em
experimentos in vitro e in vivo, a curcumina (500 mg/kg por 12 semanas) suprimiu a
angiogênese e a adipogênese. Em camundongos, não alterou a ingestão de comida,
mas reduziu o ganho de peso corporal, a adiposidade e a densidade vascular no
tecido adiposo. A curcumina também levou a aumento na oxidação de gorduras,
reduziu o colesterol sérico. Os resultados sugeriram que a curcumina na dieta pode
ser potencialmente benéfica na prevenção da obesidade (Ejaz, Wu, Kwan, &
Meydani, 2009).
MODO DE USAR:
• Droga vegetal – Uso oral: 1 cápsula de 350–400 mg ou 1 colher de café do
pó, 1–2 x/dia (Pereira et al., 2014) ou 1,5–3,0 g por dia (Micromedex
[Internet], 2017b).
o Uso pediátrico: 1 colher de café do pó, na comida, em 1–3 x/dia.
• Decocção – Uso oral: 1,5 g em 150 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,5 g em
150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).
o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).
• Tintura – Uso oral: 0,1–1,5 mL (como antidispéptico) ou 1–3 mL (como anti-
inflamatório), 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia
(Pereira et al., 2014).
o Uso pediátrico: 1–3 gotas/kg/dia, em 1–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Pomada, creme ou gel – Uso tópico: aplicar na área afetada, 2–3 x/dia
(Pereira et al., 2014).
• Extrato fluido – Uso oral: 10–30 gotas, 3 x/dia (Micromedex [Internet],
2017b).
o Uso pediátrico: 0,1–0,3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia.
• Extrato seco – Uso oral: 80–160 mg/dia (extrato etanólico 13-25:1 com etanol
a 96%), em 2–4 x/dia, ou 100–120 mg/dia (extrato etanólico 5,5-6,5:1 com
etanol a 50%), em 2 x/dia (BRASIL, 2018).
• Extrato seco etílico (75 a 85% de curcuminoides) – Uso oral: 1 cápsula de
670 mg, 3 x/dia após as refeições (BRASIL, 2018).

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Cymbopogon citratus

ESPÉCIE: Cymbopogon citratus (DC.) Stapf


SINONÍMIA BOTÂNICA: Andropogon cerifer Hack., Andropogon ceriferus Hack.,
Andropogon citratus DC., Andropogon fragrans C.Cordem., Andropogon
nardus subsp. ceriferus (Hack.) Hack., Andropogon nardus var. ceriferus
(Hack.) Hack., Andropogon roxburghii Nees ex Steud.
FAMÍLIA: Poaceae.
NOMES REGIONAIS: Capim-limão, campim-cidreira.
HISTÓRICO:
Nativa das regiões tropicais da Ásia, especialmente da Índia. Cresce numa
moita, propagando-se por estolhos (por isso chamada de estolonífera).
É uma planta muito usada em medicina popular, sendo, para esse efeito,
utilizadas as folhas que, em infusão, têm propriedades febrífugas, sudoríficas,
analgésicas, calmantes, anti-depressivas, diuréticas e expectorantes, além de ser
bactericida, hepatoprotectora, antiespasmódica, estimulante da circulação periférica
e estimulante estomacal e da lactação.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Óleo essencial
o citral – 75% a 95%
o citronelal, geraniol, nerol, metilheptenol, farnesol, mirceno,
isovalealdeído e deciladeído, limoneno, dipenteno, combopogonal)
• Flavonoides

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• Ácidos orgânicos (acético, p-cumárico, cafeico, citronélico, gerânico e


caproico)
• Alcaloides
• Saponinas
• Álcoois (cimeropogonol e cimpogonol)
• Beta-sitosterol,
• Triterpenoides
TROPISMO: Sistema nervoso.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Ansiedade leve, cefaleias e cólicas
intestinais.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: analgésica e ansiolítica suave.
• Sistema digestório: antiespasmódica.
• Sistema nervoso: ansiolítica suave.
COMENTÁRIOS:
A inibição da lipase pancreática é um dos mecanismos mais amplamente
estudados para determinar a eficácia de produtos naturais como agentes
antiobesidade. Em um estudo in vitro, foram estudados 19 extratos aquosos e
metanolicos sobre a inibição da lipase pancreática. O extrato de Cymbopogon
citratus apresentou a maior inibição, seguido de Costus spicatus e Baccharis trimera.
Os extratos apresentam um potencial como adjuvante no tratamento da obesidade
(S. P. Souza, Pereira, Souza, & Santos, 2012).
Além da inibição da lipase pancreática, esta planta também pode ser útil no
tratamento da obesidade porque possui atividade ansiolítica, devido à presença de
óleos essenciais, o que pode reduzir a alimentação compulsiva.
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: 1–3 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011), ou 1,0 g em
150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).
o Uso pediátrico: 5 mL/kg/dia, em 2–3 x/dia.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

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Capsicum anuum

ESPÉCIE: Capsicum anuum L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Capsicum abyssinicum A.Rich., Capsicum angulosum Mill.,
Capsicum axi Vell., Capsicum bauhinii Dunal, Capsicum caerulescens Besser,
Capsicum cerasiforme Mill., Capsicum ceratocarpum Fingerh., Capsicum cereolum
Bertol., Capsicum comarim Vell., Capsicum conicum G.Mey., Capsicum conicum
Lam., Capsicum conoide Mill., Capsicum conoides Roem. & Schult., Capsicum
conoideum Mill., Capsicum cordiforme Mill., Capsicum crispum Dunal, Capsicum
cydoniforme Roem. & Schult., Capsicum dulce Dunal, Capsicum fasciculatum
Sturtev., Capsicum fastigiatum Blume, Capsicum frutescens L., Capsicum globiferum
G.Mey., Capsicum globosum Besser, Capsicum grossum L., Capsicum indicum
auct., Capsicum longum DC., Capsicum milleri Roem. & Schult., Capsicum minimum
Mill., Capsicum odoratum Steud., Capsicum odoriferum Vell., Capsicum oliviforme
Mill., Capsicum ovatum DC., Capsicum petenense Standl., Capsicum pomiferum
Mart. ex Steud., Capsicum purpureum Vahl ex Hornem., Capsicum pyramidale Mill.,
Capsicum quitense Willd. ex Roem. & Schult., Capsicum silvestre Vell., Capsicum
sphaerium Willd., Capsicum tetragonum Mill., Capsicum tomatiforme Fingerh. ex
Steud., Capsicum torulosum Hornem., Capsicum tournefortii Besser, Capsicum
ustulatum Paxton.
FAMÍLIA: Solanaceae.
NOMES REGIONAIS: Pimenta.
HISTÓRICO:
A espécie C. anuum L., também conhecida como pimenta ou pimentão, é
originária das Américas, assim como todas as espécies do gênero Capsicum, e
atualmente são cultivadas em todos os países tropicais. Os frutos desta espécie são
um dos mais fortes condimentos picantes existentes, são vermelhos e medem até 3
cm de comprimento por até 0,5 cm de diâmetro. As sensações experimentadas por
quem ingere os frutos da C. anuum incluem: sensação de queimadura na boca,
taquicardia, salivação, rinorreia, além de calor e sudorese moderados a intensos na
face e no pescoço.
Além de seu uso como condimento alimentar, a C. anuum pode ser utilizada
como medicamento fitoterápico (Blumenthal, 1998; Lorenzi & Matos, 2008; Newall,
Anderson, & Phillipson, 1996; Willoughby & Mills, 1996). As principais descrições de

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uso são como rubefaciente, protetora da mucosa gástrica, analgésica para dores
musculares e reumáticas, antiespasmódica, carminativa, diaforética, e antisséptica.
PARTE UTILIZADA: Frutos.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Capsaicina (principal): Ação analgésica (aumenta a produção de endorfinas),
termogênica, diminui a resistência insulínica. Provavelmente a capsaicina
atua ativando o sistema nervoso simpático.
• Vitamina C
• Betacaroteno
• Flavonoides
TROPISMO: Sistema nervoso.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Processos inflamatórios em geral.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: analgésica, anti-inflamatória.
COMENTÁRIOS:
As propriedades da pimenta podem ser atribuídas à presença da capsaicina,
principalmente. Esta substância provoca, por contato, um forte estímulo à circulação
local, resultando numa sensação de calor, analgesia e conforto, em intensidades
variáveis de acordo com o tempo de contato com a pele (Lorenzi & Matos, 2008;
Newall et al., 1996). Possui ações no sistema nervoso, cardiovascular, respiratório,
termorregulatório e gastrointestinal, e a maioria dessas ações deva-se às suas
propriedades vasodilatadoras (Newall et al., 1996).
Estudos farmacocinéticos em ratos mostraram que a capsaicina é
prontamente transportada através do trato gastrointestinal e absorvida pelo sistema
porta, por meio de um transporte não-ativo. É parcialmente hidrolisada durante a
absorção e a maior parte é excretada pela urina num período de 48 horas,
predominantemente na forma de conjugados glicoronídeos (Newall et al., 1996).
Em humanos, a ingestão do fruto maduro (10 g) por portadores de úlceras
duodenais e controles saudáveis não aumentou a secreção ácida ou de pepsina no
estômago, ou alterou as concentrações de sódio, potássio e cloro no aspirado
gástrico e também não promoveu alteração no muco nem erosões na mucosa
gástrica (Newall et al., 1996).
A adição de capsaicina à dieta tem sido relacionada ao aumento da
saciedade e da termogênese. Em um estudo clínico, foram estudados os efeitos da
uma refeição contendo capsaicina sobre os hormônios intestinais GLP-1, grelina e
PYY, sobre o gasto energético, oxidação de substratos e saciedade. A saciedade e
o gasto energético não foram diferentes nos indivíduos que ingeriram capsaicina na
refeição. Após 15 minutos da refeição, a GLP-1 aumentou nos que ingeriram
capsaicina, e a grelina tendeu a reduzir. Os autores concluíram que a ingestão de
capsaicina não tem efeito sobre a saciedade, o gasto energético e o PYY, mas
aumentou o GLP-1 e a grelina tendeu a diminuir (Smeets & Westerterp-Plantenga,
2009).
MODO DE USAR:
• Droga vegetal – Uso oral: 3 a 4,5 mg, 2 x/dia, nas refeições.
• Creme ou gel – Uso tópico: passar nas lesões 3–4 x/dia.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:

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Pode interferir com inibidores da MAO e com drogas anti-hipertensivas (pelo


aumento da secreção catecolaminérgica). Pode aumentar o metabolismo de
determinadas drogas (fígado). Pode aumentar a atividade das enzimas G6PD e
lipoproteína lipase.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Os frutos de C. anuum são considerados seguros para uso, por via oral, em
humanos, estando descritos na Farmacopéia Britânica (Newall et al., 1996;
Willoughby & Mills, 1996) e na Comissão E Alemã (agência controladora dos
fitoterápicos na rede sanitária da Alemanha) (Blumenthal, 1998). Como alimento, os
frutos são relacionados na Europa como aromatizante natural (categoria N2),
indicando que pode ser adicionada aos alimentos em pequenas quantidades, e nos
Estados Unidos é em geral considerada segura (GRAS, generally regarded as safe)
(Newall et al., 1996). Há relatos de agravamento ou desenvolvimento de
hemorróidas com o uso alimentar crônico dos frutos da C. anuum (Lorenzi & Matos,
2008).
Pode ser irritante de mucosas, inclusive as respiratórias, a administração
crônica de capsaicina em hamsters, provocou anormalidades visuais atribuídas à
depleção da substância P nos neurônios aferentes primários e morte. Além disso,
são descritas bradicardia, insuficiência respiratória e hipotensão. As DL50 da
capsaicina, em camundongos, são de 0,56 mg/kg (endovenosa), 7,56 mg/kg
(intraperitoneal), 9,0 mg/kg (subcutânea) e 190 mg/kg (via oral). Essas quantidades
são muito maiores do que as normalmente ingeridas na alimentação. Doses
extremamente elevadas podem induzir lesões hepáticas ou renais.

Citrus × aurantium

ESPÉCIE: Citrus × aurantium L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Aurantium × acre Mill., Aurantium × bigarella Poit. & Turpin,
Aurantium × corniculatum Poit. & Turpin, Aurantium × corniculatum Mill.,
Aurantium × coronatum Poit. & Turpin, Aurantium × distortum Mill., Aurantium
× humile Mill., Aurantium × myrtifolium Descourt., Aurantium × orientale Mill.,

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Aurantium × silvestre Pritz., Aurantium × sinense (L.) Mill., Aurantium ×


variegatum Barb.Rodr., Aurantium × vulgare (Risso) M. Gómez, Citrus ×
amara Link, Citrus × aurata Risso, Citrus × benikoji Yu.Tanaka, Citrus ×
bigaradia Loisel., Citrus × calot Lag., Citrus × canaliculata Yu.Tanaka, Citrus ×
changshan-huyou Y.B.Chang, Citrus × communis Poit. & Turpin, Citrus
decumana var. paradisi (Macfad.) H.H.A.Nicholls, Citrus × dulcimedulla Pritz.,
Citrus × dulcis Pers., Citrus × florida Salisb., Citrus × funadoko Yu.Tanaka,
Citrus × fusca Lour., Citrus × glaberrima Yu.Tanaka, Citrus grandis f.
benikawa Yu.Tanaka, Citrus humilis (Mill.) Poir., Citrus × intermedia
Yu.Tanaka, Citrus × iwaikan Yu.Tanaka, Citrus × karna Raf., Citrus × kotokan
Hayata, Citrus × leiocarpa var. tumida Yu.Tanaka, Citrus maxima var.
uvacarpa Merr., Citrus medica f. tamurana (Tanaka) M.Hiroe, Citrus ×
medioglobosa Yu.Tanaka, Citrus × mitsuharu Yu.Tanaka, Citrus × myrtifolia
(Ker Gawl.) Raf., Citrus × natsudaidai (Yu.Tanaka) Hayata, Citrus × nobilis
var. genshokan Hayata, Citrus × omikanto Yu.Tanaka, Citrus × pseudogulgul
Shirai, Citrus × reshni (Engl.) Yu.Tanaka, Citrus × rokugatsu Yu.Tanaka,
Citrus × rumphii Risso, Citrus sabon f. banyu Hayata, Citrus sinensis var.
brassiliensis Tanaka, Citrus × subcompressa (Tanaka) Yu.Tanaka, Citrus ×
taiwanica Yu.Tanaka & Shimada, Citrus × tangelo J.W.Ingram & H.E.Moore,
Citrus tankan f. koshotankan Hayata, Citrus × tosa-asahi Yu.Tanaka, Citrus ×
truncata Yu.Tanaka, Citrus × vulgaris Risso, Citrus × yatsushiro Yu.Tanaka,
Citrus × yuge-hyokan Yu.Tanaka.
FAMÍLIA: Rotaceae.
NOMES REGIONAIS: Laranja amarga.
HISTÓRICO:
Trata-se de um híbrido obtido do cruzamento de Citrus maxima (pomelo) e
Citrus reticulata (mandarina). Muitas variedades desta planta são usadas devido a
seu óleo essencial, e são encontradas em perfumes e aromatizantes.
PARTE UTILIZADA: Pericarpo.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Sinefrina: agonista adrenérgico
• Vitamina C
• Minerais
• Fibras
TROPISMO: Sistema digestivo.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Má-digestão e obesidade.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: sudorífica e antitérmica.
• Boca: antisséptica nas faringites e amigdalites (bochechos).
• Sistema digestório: estomáquica, eupéptica e antiespasmódica.
• Sistema endócrino: hipoglicemiante leve.
• Sistema nervoso: sedativa leve e hipnótica suave.
• Sistema osteoarticular: analgésica.
• Sistema respiratório: expectorante, antitussígena e anti-histamínica.
COMENTÁRIOS:
A laranja amarga é muito usada na medicina popular como estimulante e
supressora do apetite, devido à presença de uma molécula chamada sinefrina, um
potente agonista adrenérgico comparável à noradrenalina. Suplementos contendo
esta planta têm sido associados a inúmeros efeitos colaterais e mortes, e alguns
grupos têm defendido que não deve ser usada como medicamento.

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Farmácia da Natureza

Em geral, os extratos padronizados contém 10% de sinefrina, que seria


responsável por aumento da lipólise e aumento do metabolismo basal
(termogênese).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Infusão – Uso oral: 1–2 g em 150–300 mL, no início da noite (BRASIL, 2011).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes. Não usar em pacientes hipertensos.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode provocar fotossensibilidade (furanocumarinas). Não deve ser usado por
hipertensos e pessoas em uso de inibidores da MAO (monoaminooxidase).

Plectranthus barbatus

ESPÉCIE: Plectranthus barbatus Andrews


Esta planta já foi apresentada no capítulo sobre o sistema digestório.
COMENTÁRIOS:
Esta planta é usada tradicionalmente pela medicina Hindu e Ayurvédica, bem
como no Brasil, África e China. Os maiores usos etnobotânicos incluem doenças
intestinais, hepáticas, respiratórias, cardíacas e do sistema nervoso.
Esta planta é uma das mais estudadas no mundo todo devido ao enorme
potencial terapêutico de seus constituintes, sobretudo a forskolina.
Os constituintes da planta apresentam diversas propriedades. O óleo
essencial possui atividade antimocrobiana e antiespasmódica. Alguns diterpenos
como barbatusin e coleon C apresentam atividade antitumoral, o barbtusol possui
efeito hipotensor, a plectrinon A possui efeito inibitório sobre a bomba de prótons no

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estômago, entre outros. A forskolina e as outras dezenas de moléculas


estruturalmente similares presentes na planta (diterpenoides labdanos) ativam
diretamente a adenilato-ciclase (Alasbahi & Melzig, 2010b), aumentando a produção
de AMPc em diversos tecidos, independente da ativação de receptores β-
adrenérgicos. Isto explica a atividade da planta em diversos órgãos e sistemas
(Alasbahi & Melzig, 2010a). A forskolina é pouco solúvel em água, o que limitou até
hoje a produção de medicamentos contendo esta molécula. Um derivado mais
solúvel foi desenvolvido, chamado 6-(3-dimethylaminopropionyl) forskolin
hydrochloride (NKH477). Este derivado é mais específico para a adenilato-ciclase V
do miocárdio, sendo comercializado no Japão com o nome de Adehl® para o
tratamento de doenças cardíacas (inotrópico e vasodilatador).
O efeito antiobesidade do P. barbatus foi investigado em ratas
ovariectomizadas. A administração da planta junto com a dieta resultou em redução
do peso corporal, da ingestão de ração, e do acúmulo de gordura nos animais. Os
resultados sugeriram que a planta pode ser útil no tratamento da obesidade (Han,
Morimoto, Yu, & Okuda, 2005).
Em ratos alimentados com uma dieta “de cafeteria”, num modelo de
obesidade, a administração de extrato de P. barbatus (50-100 mg/kg/dia), com ou
sem orlistat, resultou em redução na ingestão de alimento e no ganho de peso dos
animais, além de impedir o desenvolvimento de dislipidemia. Os autores concluíram
que a o extrato de P. barbatus pode controlar o apetite e mitigar o desenvolvimento
de dislipidemia (Gopalakrishna et al., 2014).
Em humanos voluntários saudáveis, uma bebida contendo suco de P.
barbatus a 12% levou a redução significativa dos níveis de leptina, enquanto a
concentração de 24% levou a aumento da leptina, e essas alterações foram
acompanhadas por alterações no apetite dos voluntários (Wadikar & Premavalli,
2014).
O P. barbatus possui atividade farmacológica digestiva e hepática mais
intensa que o Peumus boldus (boldo-do-Chile). Entretanto, ela possui muita água, o
que dificulta a produção de um medicamento industrializado.
No caso da obesidade, a produção de AMPc estimula o metabolismo lipídico
no tecido adiposo, aumentando a lipólise, a taxa metabólica basal e a termogênese,
levando a perda de gordura sem perda de massa magra.
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: 1–3 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011) ou 0,5 g em
150 mL, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017a).
• Tintura – Uso oral: 50 gotas, 3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em
2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).

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Farmácia da Natureza

Ilex paraguariensis

ESPÉCIE: Ilex paraguariensis A.St.-Hil.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Ilex curitibensis Miers, Ilex domestica Reissek, Ilex mate
A.St.-Hil., Ilex sorbilis Reissek, Ilex theaezans Bonpl. ex Miers.
FAMÍLIA: Aquifoliaceae.
NOMES REGIONAIS: Erva-mate.
HISTÓRICO:
Originária da região subtropical da América do Sul. É consumida como chá
(quente ou gelado), chimarrão ou tereré no Brasil, no Paraguai, na Argentina, no
Uruguai, na Bolívia e no Chile. "Mate" deriva do termo quéchua mati, que designa o
recipiente onde é bebido o chimarrão. "Congonha" deriva do tupi kõ'gõi, que significa
"o que mantém o ser".
Os guaranis da região nordeste da Argentina parecem ter sido os
descobridores do uso da erva-mate. No século 16, os guaranis passaram este
conhecimento aos colonizadores espanhois, que o disseminaram por todo o Vice-
Reino do Rio da Prata. A erva chegou a ser proibida no sul do Brasil durante o
século XVI, sendo considerada "erva do diabo" pelos padres jesuítas das reduções
do Guayrá. A partir do século XVII, no entanto, os jesuítas passaram a incentivar o
seu uso pelos índios com o objetivo de afastá-los das bebidas alcoólicas.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Alcaloides (maior interesse terapêutico): cafeína, metilxantina, teofilina e
teobromina.
• Polifenois e flavonoides (30% dos constituintes)
• Taninos: Ácidos fólico e cafeico
• Vitaminas: A, B1, B2, C e E
• Sais minerais
• Aminoácidos
TROPISMO: Sistema nervoso e endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Obesidade e fadiga.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: tônica do SNC, termogênica, lipolítica.
COMENTÁRIOS:

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Farmácia da Natureza

A erva-mate é rica em alcaloides (cafeína e teofilina), que têm ação


termogênica, aumentando o gasto energético e promovendo a lipólise. O consumo
da erva-mate está relacionado também ao poder que ela tem de estimular a
atividade física e mental, combatendo a fadiga, e proporcionando a sensação de
saciedade.
O consumo da erva-mate afeta a produção de IL-1α, IL-6, e TNF-α pelas
células da medula óssea, promove perda de peso, reduz o número de leucócitos e
melhora significativamente os níveis de colesterol em ratos alimentados com dieta
hiperlipídica (Carmo et al., 2013). Em outros estudos, o uso da erva-mate em
animais reduziu, além do peso, marcadores de risco para doença metabólica e
cardiovascular (Borges et al., 2013; Lima et al., 2014).
Em um estudo clínico, voluntários saudáveis foram submetidos a exercícios
físicos 60 minutos após ingestão de 1000 mg de erva-mate ou placebo. O uso da
erva-mate aumentou significativamente a oxidação de ácidos graxos e o gasto
energético derivado da oxidação de ácidos graxos em 24% em todos os exercícios
de intensidade submáxima. Os autores concluíram que a ingestão de erva-mate
aumenta a oxidação de ácidos graxos e o gasto energético derivado da oxidação de
ácidos graxos dependente de atividade física, sem afetar o desempenho físico,
sugerindo um potencial para melhorar a eficácia da atividade física na perda de peso
(Alkhatib, 2014).
Em uma revisão da literatura, o impacto da erva-mate na obesidade e na
inflamação relacionada à obesidade foi avaliado. Estudos celulares demonstram que
a erva-mate suprime a diferenciação de adipócitos e o acúmulo de triglicerídeos,
além de reduzir a inflamação. Estudos em animais mostram que a erva-mate modula
as vias de sinalização que regulam respostas de adipogênese, antioxidação,
inflamação e insulina. Em resumo, os dados sugerem que o uso da erva-mate pode
ser útil no combate à obesidade, melhorando parâmetros lipídicos em humanos e
animais. Além disso, a erva-mate modula a expressão de genes que são
modificados no estado de obesidade e restaura-os para níveis normais de
expressão. Ao fazer isto, atinge vários fatores associados à origem da obesidade.
Também são observados efeitos sobre a resistência insulínica. Como conclusão
geral, os autores consideram que a erva-mate, na forma de bebidas e suplementos,
pode ser útil na batalha contra a obesidade (Gambero & Ribeiro, 2015).
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: não há uma dose recomendada na literatura.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes. Deve ser usada com muita cautela em pacientes
hipertensos, cardiopatas, com insônia ou ansiedade.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

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Farmácia da Natureza

Baccharis trimera

ESPÉCIE: Baccharis trimera (Less.) DC.


Esta planta já foi apresentada no capítulo sobre o sistema digestório.
COMENTÁRIOS:
A B. trimera é muito utilizada na medicina tradicional para o tratamento de
diversos problemas hepáticos e digestivos. Em estudo in vitro, o extrato metanólico
de B. trimera apresentou atividade inibitória sobre a lipase pancreática (S. Souza &
Pereira, 2011). Em modelo de obesidade em ratos, a administração do mesmo
extrato suprimiu o aumento de peso e os níveis de colesterol (S. de Souza, Pereira,
& Souza, 2012).
Sua atividade hipoglicemiante está bem documentada na literatura. Apresenta
melhor atividade se usada na forma de chá, após as refeições, mas o sabor
extremamente amargo compromete a adesão do paciente ao tratamento.
Em um estudo em modelo de diabetes em camundongos, a administração de
extrato aquoso de Baccharis trimera resultou em redução da glicemia, sugerindo que
esta planta possui atividade antidiabética potencial (Oliveira, Endringer, Amorim, das
Graças L Brandão, & Coelho, 2005).
MODO DE USAR:
• Decocção – Uso oral: 2,5 g em 150 mL, 2–3 x/dia (BRASIL, 2011); ou 0,25 g
em 150 mL, 3–4 x/dia (Pereira et al., 2017a).
• Tintura – Uso oral: 3–9 mL, 2 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia, em
2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Droga vegetal – Uso oral: 1 cápsula de 250 mg, 1–3 x/dia (Pereira et al.,
2014).

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Farmácia da Natureza

Cynara scolimus

ESPÉCIE: Cynara scolimus L.


Esta planta já foi apresentada no capítulo sobre o sistema digestório.
COMENTÁRIOS:
A cinarina presente na C. scolimus é capaz de aumentar em até 100% a
secreção biliar, além de aumentar a secreção gástrica. Na síndrome metabólica, a
redução do colesterol é feita por estimulação metabólico-enzimática pela cinarina,
enquanto a ação hipoglicemiante é dada pela ação das oxidases.
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 2–5 mL, 1–3 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–3 gotas/kg/dia,
em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Droga vegetal em cápsulas ou comprimidos – Uso oral: 2 cápsulas, 2–4
x/dia (BRASIL, 2016); ou 60–1000 mg/dia, em 2–3 x/dia (Micromedex
[Internet], 2017c).
• Extrato seco padronizado – Uso oral: 1200 mg (extrato da folha fresca) ou
600 mg (extrato da folha seca), 1–2 x/dia (BRASIL, 2018); ou 1–2 g/dia
(BRASIL, 2016); ou 300–400 mg, 3 x/dia (Micromedex [Internet], 2017c).
• Infusão – Uso oral: 0,5–1,0 g em 150 mL, antes das refeições (BRASIL,
2011; Pereira et al., 2017a).

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Farmácia da Natureza

Camellia sinensis

ESPÉCIE: Camellia sinensis (L.) Kuntze


SINONÍMIA BOTÂNICA: Camellia arborescens Hung T. Chang & F.L. Yu, Camellia
bohea (L.) Sweet, Camellia chinensis (Sims) Kuntze, Camellia theifera var.
macrophylla (Siebold ex Miq.) Matsum., Camellia viridis Sweet, Thea bohea
L., Thea cantoniensis Lour., Thea chinensis Sims, Thea cochinchinensis
Lour., Thea grandifolia Salisb., Thea olearia Lour. ex Gomes, Thea oleosa
Lour., Thea parvifolia Salisb., Thea sinensis L., Thea viridis L., Theaphylla
cantonensis (Lour.) Raf.
FAMÍLIA: Theaceae.
NOMES REGIONAIS: Chá-verde.
HISTÓRICO:
Camellia sinensis é uma espécie da família Theaceae, popularmente
conhecida como chá e chá-da-índia. Foi, originalmente, descrita por Lineu como
Thea sinensis, mas este nome caiu em desuso quando se notou que os gêneros
Thea e Camellia não apresentavam diferenças significativas entre si. É uma árvore
de até 15 metros de altura, nativa das florestas do nordeste da Índia e sul da China.
Existem variedades, como a C. sinensis var. assamica, comum na Índia, que
produz as árvores mais altas e com as maiores folhas, além de um chá preto com
enorme concentração de cafeína. A variedade sinensis é a mais comumente
cultivada.
No Brasil, há poucas plantações, mas já foram observados exemplares
crescendo na mata sem a interferência humana, o que mostra que o clima deste
país é muito favorável à plantação de chá em larga escala. Frequentemente, o
cultivo da Camellia sinensis no Brasil está associado a colônias japonesas: por

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Farmácia da Natureza

exemplo, como ocorre no município de Registro, localizado na região sul-atlântica,


no interior do estado de São Paulo.
Esta espécie dá origem a milhares de chás diferentes, de acordo com as
condições de cultivo, coleta, preparo e acondicionamento das folhas. No entanto,
todos esses produtos podem ser divididos em quatro categorias distintas:
• Chá branco: não fermentado, produzido das mais tenras folhas, mais raro e
caro;
• Chá verde: levemente fermentado;
• Chá oolong: com fermentação mediana, basicamente ficando entre o chá
verde e o preto, mas com características gustativas geralmente mais a cerca
do chá verde;
• Chá preto: bem fermentado e forte.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Compostos fenólicos:
o Catequinas (evitam a oxidação do LDL colesterol, reduzem a taxa de
lipídeos totais sem alterar as taxas de HDL), epigalocatequina,
epicatequina,
• L-Theanina,
• Cafeína,
• Flavonóides: quercetina, miricetina,
• Glicosídeos
TROPISMO: Sistema nervoso e endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Obesidade e fadiga.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: tônica do SNC, antioxidante, hipocolesterolêmica, antimicrobiana,
imunoestimulante.
COMENTÁRIOS:
Preparações contendo chá verde são muito usados para auxiliar na perda de
peso. Catequinas e cafeína, presentes no chá, parecem desempenhar um papel no
aumento do metabolismo, levando a perda de peso. Para avaliar a eficácia do chá
verde na perda de peso, uma revisão sistemática e meta-análise da literatura foi
realizada. Foram encontrados dois grandes grupos de estudos: os realizados no
Japão e os realizados em outros países. Nos estudos realizados fora do Japão, a
perda média de peso foi de 0,04 kg (532 participantes), e a redução média do IMC
foi de 0,2 kg/m2 (não significativas). Já nos estudos realizados no Japão, houve
muita heterogeneidade, e a perda média de peso variou de 0,2 a 3,5 kg (1030
participantes), e a redução média no IMC variou de zero a 1,3 kg/m2. Como
conclusão, a ingestão de chá verde parece levar a uma perda de peso não
significativa em adultos obesos ou com sobrepeso. O chá verde foi ineficaz na
manutenção do peso após emagrecimento (Jurgens et al., 2012).
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: 1 colher de chá em 150 mL, 2–3 x/dia (informações em
embalagens de produtos comerciais).
• Droga vegetal em cápsulas – Uso oral: 300–400 mg/dia (Micromedex
[Internet], 2017a).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.

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Farmácia da Natureza

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar náuseas, taquicardia, aumento da pressão arterial, constipação,
e desconforto abdominal. Se ingerido à noite, pode causar insônia. Em doses
elevadas, pode levar a insuficiência hepática aguda.

Bauhinia forficata

ESPÉCIE: Bauhinia forficata Link


SINONÍMIA BOTÂNICA: Bauhinia breviloba Benth.
FAMÍLIA: Leguminosae.
NOMES REGIONAIS: Pata-de-vaca.
HISTÓRICO:
É originária do Brasil e o nome popular se deve ao formato de suas folhas,
que são parecidas com a pata de bovinos. Os índios sul-americanos a utilizavam na
forma de infusão para cicatrizar ferimentos. Em Guarani é denominada de vaka
pytcha e também de ysipo atã.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Cumarinas;
• Taninos: flobatênicos e perogálico;
• Flavonoides: quercetina, rutina, kaempferol e astragolina;
• Glicosídeos derivados do kaempferol (kaempferitrina) e da quercetina;
• Fitosterois: beta-sitosterol;
• Alcaloides;

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Farmácia da Natureza

• Saponinas;
• Trigonellina: N-metilbetaína do ácido nicotínico;
• Outros: terpenoides, insulina-like (peptídeo); antocianidina, substâncias
fenólicas, colina, ácidos orgânicos e minerais.
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Diabetes mellitus.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: hipoglicemiante, hipolipemiante, anticoagulante, antioxidante.
COMENTÁRIOS:
Esta planta é especialmente útil em pacientes com resistência insulínica. O
mecanismo de ação hipoglicemiante é múltiplo. A B. forficata altera a atividade
intrínseca dos transportadores de glicose, estimula a secreção de insulina, e diminui
a absorção intestinal de glicose (Frankish, De Sousa Menezes, Mills, & Sheridan,
2010; Jorge, Horst, Sousa, Pizzolatti, & Silva, 2004).
O extrato seco das folhas de B. forficata foi estudado em modelo animal de
diabetes induzida por estreptozocina. O extrato foi administrado na dose de 200
mg/kg por via oral durante 7 dias. Após o tratamento, a glicemia de jejum dos
animais foi reduzida pelos extratos de maneira semelhante à glibenclamida (da
Cunha et al., 2010).
Em outro estudo, o extrato etanólico bruto de B. forficata levou a aumento da
liberação de insulina in vitro por células Beta pancreáticas, de maneira dose-
dependente (Frankish et al., 2010).
MODO DE USAR:
• Infusão – Uso oral: 1 xícara (150 mL), 3–4 x/dia (Pereira et al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura. Pode potencializar os efeitos dos hipoglicemiantes
orais.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

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Farmácia da Natureza

Syzygium cumini

ESPÉCIE: Syzygium cumini (L.) Skeels


SINONÍMIA BOTÂNICA: Calyptranthes caryophyllifolia Willd., Calyptranthes cumini
(L.) Pers., Calyptranthes cuminodora Stokes, Calyptranthes jambolana (Lam.)
Willd., Calyptranthes jambolifera Stokes, Calyptranthes oneillii Lundell,
Caryophyllus corticosus Stokes, Caryophyllus jambos Stokes, Eugenia
calyptrata Roxb. ex Wight & Arn., Eugenia caryophyllifolia Lam., Eugenia
cumini (L.) Druce, Eugenia djouat Perrier, Eugenia jambolana Lam., Eugenia
jambolifera Roxb. ex Wight & Arn., Eugenia obovata Poir., Eugenia obtusifolia
Roxb., Eugenia tsoi Merr. & Chun, Jambolifera chinensis Spreng., Jambolifera
coromandelica Houtt., Jambolifera pedunculata Houtt., Myrtus corticosa
Spreng., Myrtus cumini L., Myrtus obovata (Poir.) Spreng., Syzygium
caryophyllifolium (Lam.) DC., Syzygium jambolanum (Lam.) DC., Syzygium
obovatum (Poir.) DC., Syzygium obtusifolium (Roxb.) Kostel.
FAMÍLIA: Myrtaceae.
NOMES REGIONAIS: Jambolão, jamelão.
HISTÓRICO:
O jamelão ou jambolão é o fruto da planta de mesmo nome da família
Myrtaceae. A espécie é nativa da Índia. São árvores que podem chegar até dez
metros de altura. Possuem frutos pequenos e arroxeados quando maduros. A
coloração dos frutos provoca manchas nas mãos, tecidos, calçados e pinturas de
veículos, tornando a planta pouco indicada para o preenchimento de espaços
públicos.
O fruto possui uma semente única e grande, quando comparada com o
tamanho do fruto, envolta por uma polpa carnosa. Apesar de sabor um pouco
adstringente, é agradável ao paladar. Na Índia, além de ser consumido in natura, é

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Farmácia da Natureza

usado na confecção de doces e tortas. Os jamelões costumam deixar as calçadas


manchadas de roxo devido à queda dos frutos maduros.
PARTE UTILIZADA: Entrecasca dos galhos, ou folhas, ou polpa do fruto (neste
caso, somente alcoolatura).
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Glicosídeos (jamboline)
• Taninos
• Ácido elágico e gálico
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Diabetes mellitus.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: antimicrobiana, hipoglicemiante, hipolipemiante e antioxidante.
COMENTÁRIOS:
Esta planta é muito utilizada pela população para o tratamento do diabetes.
Sua ação hipoglicemiante se dá por vários mecanismos: secretagogo, restauração
da arquitetura das células β, inibição de PPARγ, aumento de GLUT4, inibição da
insulinase extra-hepática, aumento do depósito glicogênio muscular e hepático,
aumento da glicólise e diminuição da glicogenólise.
Em um estudo in vivo em camundongos com diabetes induzido por injeção de
aloxano, foram observadas elevações de todos os biomarcadores de estresse
oxidativo, geração de espécies reativas de oxigênio (radicais livres), ativação do NF-
kB (inflamação) e redução da liberação de insulina. A administração oral de extrato
etanólico de S. jambolanum (20 mg/kg por 8 semanas) reverteu todas as alterações
observadas, incluindo restauração histológica no pâncreas, fígado e rins. Os autores
concluíram que o extrato etanólico de S. jambolanum possui atividade antioxidante e
anti-hiperglicêmica em camundongos diabéticos, sendo potencialmente útil no
tratamento da hiperglicemia (Samadder et al., 2011).
Em outro estudo, o extrato etanólico das sementes de S. jambolanum foi
estudado in vitro e in vivo em modelo de hiperglicemia induzida por arsênico. Tanto o
extrato quanto sua forma nano-encapsulada apresentaram enorme potencial para o
desenvolvimento de medicamento para a hiperglicemia induzida por arsênico
(Samadder, Das, Das, Paul, & Khuda-Bukhsh, 2012).
Ainda em modelos em camundongos, a administração da tintura mãe (extrato
hidroetanólico) de S. jambolanum resultou em redução da glicemia de jejum,
melhora da atividade de enzimas hepáticas ligadas ao metabolismo de carboidratos,
e redução de triglicerídeos e de todas as frações do colesterol. Os autores
concluíram que o extrato pode reverter as alterações no metabolismo de
carboidratos e lipídeos em animais com diabetes (Maiti et al., 2013).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–2 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Infusão – Uso oral: 0,5 g em 150 mL, 3–6 x/dia (Pereira et al., 2017a).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar distúrbios gastrointestinais.

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Farmácia da Natureza

Caesalpinia ferrea

ESPÉCIE: Caesalpinia ferrea Mart.


Esta planta já foi apresentada no capítulo sobre o sistema tegumentar.
COMENTÁRIOS:
Esta planta possui atividade hipoglicemiante pela presença do ácido elágico,
que inibe a enzima aldose-redutase e reduz o sorbitol intracelular (Ueda, Kawanishi,
& Moriyasu, 2004). É particularmente útil em diabéticos magros, estressados e
consumidos.
O extrato aquoso da entrecasta da C. ferrea foi estudado em modelo animal
de diabetes. A administração do extrato reduziu a glicemia e melhorou o status
metabólico dos animais. Os autores concluíram que o extrato possui atividade
hipoglicemiante e possivelmente age regulando a captação de glicose pelo fígado e
pelos músculos (Vasconcelos et al., 2011).
MODO DE USAR:
• Gel com extrato glicólico do fruto a 5% – Uso externo: aplicar no local
afetado, até 3 x/dia (BRASIL, 2011).
• Decocção – Uso externo: 0,5 g em 150 mL, fazer bochechos, gargarejos ou
banhos, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2017b).
• Pomada ou creme com tintura das cascas e frutos a 10% – Uso externo:
aplicar na área afetada, 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2–3 x/dia (Pereira et al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode causar hipotensão e taquicardia.

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Farmácia da Natureza

Eugenia punicifolia

ESPÉCIE: Eugenia punicifolia (Kunth) DC.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Emurtia punicifolia (Kunth) Raf., Eugenia ambigua O.Berg,
Eugenia arbutifolia O.Berg, Eugenia arctostaphyloides O.Berg, Eugenia
benthamii O.Berg, Eugenia boliviensis O.Berg, Eugenia calycolpoides Griseb.,
Eugenia ciarensis O.Berg, Eugenia clinocarpa DC., Eugenia coarensis DC.,
Eugenia dasyantha O.Berg, Eugenia decorticans O.Berg, Eugenia diantha
O.Berg, Eugenia dipoda DC., Eugenia diversiflora O.Berg, Eugenia flava
O.Berg, Eugenia fruticulosa DC., Eugenia glareosa O.Berg, Eugenia insipida
Cambess., Eugenia kochiana DC., Eugenia kunthiana DC., Eugenia
linearifolia O.Berg, Eugenia macroclada O.Berg, Eugenia maximiliana O.Berg,
Eugenia mugiensis O.Berg, Eugenia myrtillifolia DC., Eugenia nhanica
Cambess., Eugenia obtusifolia Cambess., Eugenia oleifolia (Kunth) DC.,
Eugenia ovalifolia Cambess, Eugenia platyclada O.Berg, Eugenia polyphylla
O.Berg, Eugenia prominens O.Berg, Eugenia psammophila Diels, Eugenia
psychotrioides Mart. ex O.Berg, Eugenia pyramidalis O.Berg, Eugenia
pyrroclada O.Berg, Eugenia rhombocarpa O.Berg, Eugenia romana O.Berg,
Eugenia rubrescens Mattos & D.Legrand, Eugenia rufoflavescens Mattos,
Eugenia sabulosa Cambess., Eugenia sancta DC., Eugenia spathophylla
O.Berg, Eugenia spathulata O.Berg, Eugenia subalterna Benth., Eugenia
subcorymbosa O.Berg, Eugenia suffruticosa O.Berg, Eugenia surinamensis
Miq., Eugenia triphylla O.Berg, Eugenia vaga O.Berg, Myrtus arbutifolia
(O.Berg) Kuntze, Myrtus oleifolia Kunth., Myrtus psychotrioides Colla, Myrtus
punicifolia Kunth., Pseudomyrcianthes kochiana (DC.) Kausel, Psidium
sylvestre Loefl, Eugenia chlorophyta Barb. Rodr., Eugenia discolor Barb. Rodr.
ex Chodat & Hassl., Eugenia erythrocaula Barb. Rodr. ex Chodat & Hassl,
Eugenia pichoana Glaz., Eugenia stenophylla Barb. Rodr, Eugenia
surinamensis Miq. ex O. Berg, Eugenia valenzuelensis Barb. Rodr. ex Chodat
& Hassl.
FAMÍLIA: Myrtaceae.
NOMES REGIONAIS: Pedra-ume-caá, cereja-do-cerrado.
HISTÓRICO:
Esta planta é nativa do cerrado brasileiro, assim como a maioria das plantas
do gênero Eugenia. Existe uma outra espécie com o mesmo nome popular, “pedra-
ume-caá”, que é a Myrcia uniflora. São espécies muito parecidas

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Farmácia da Natureza

morfologicamente, e a população faz uso de ambas indistintamente para as mesmas


indicações. A M. uniflora é rica em taninos (ácido tânico) e flavonoides (mearsintrina
e myrcitrina), que apresentam atividade hipoglicemiante por diminuição da absorção
intestinal de glicose e inibição das enzimas aldose-redutase e alfa-glicosidase.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Flavonoites: myricetin-3-O-rhamnoside (myricetin-3-O-R), quercetin-3-O-
galactoside (quercetin-3-O-Ga), quercetin-3-O-xyloside (quercetin-3-O-X),
quercetin-3-O-rhamnoside (quercetin-3-O-R) e kaempferol-3-O-rhamnoside
(kaempferol-3-O-R);
• Ácido gálico;
• Fitol;
• Óleo essencial: (-) trans-caryophyllene.
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Diabetes mellitus.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: hipoglicemiante.
COMENTÁRIOS:
Existem cerca de 500 espécies de Eugenia e, destas, 400 estão distribuídas
no Brasil. Suas folhas são tradicionalmente usadas no tratamento do diabetes
(Brunetti, Vendramini, Januário, França, & Pepato, 2006), e possuem atividade anti-
inflamatória e antagonista nicotínica (Grangeiro et al., 2006; Leite et al., 2010).
Os extratos aquoso, butanólico e metanólico de E. punicifolia foram estudados
em modelo animal de diabetes. Os autores demonstraram que os animais diabéticos
tratados com o extrato aquoso tiveram redução da ingestão de alimentos e água, do
volume urinário, e do peso corporal. Já os animais diabéticos tratados com o extrato
metanólico tiveram, além dos efeitos acima, redução da glicosúria e da ureia na
urina. O tratamento crônico não levou a nenhum tipo de toxicidade. Os resultados
sugerem que esta planta tem efeito benéfico no diabetes, melhorando o
metabolismo de carboidratos e proteínas, sem provocar efeitos tóxicos (Brunetti et
al., 2006).
Em outro estudo, agora in vitro, extratos de E. punicifolia foram estudados
quanto a suas propriedades biológicas na inibição de enzimas relacionadas à
síndrome metabólica e atividade antioxidante. Os extratos mostraram atividade
antioxidante dose-dependente, e inibiram as enzimas alfa-amilase, alfa-glucosidase,
e xantina-oxidase. Esses achados suportam o uso da planta como adjuvante no
tratamento da síndrome metabólica (Galeno et al., 2013).
Em humanos, um estudo piloto investigou o uso oral da droga vegetal de E.
punicifolia, em cápsulas, em 15 pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Os pacientes
receberam o tratamento por 3 meses, em adição ao tratamento que já faziam. Após
o tratamento, foram observadas reduções significativas na hemoglobina glicosilada,
na insulina basal, no TSH, na proteína C reativa (PCR) e na pressão arterial sistólica
e diastólica. Não houve mudança na glicemia de jejum ou pós-prandial. Os autores
concluíram que a droga vegetal de E. punicifolia é um adjuvante promissor no
tratamento do diabetes mellitus (Sales et al., 2014).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–2 gotas/kg/dia, em 2 x/dia (Pereira et al., 2014).
• Droga vegetal em cápsulas – Uso oral: 1–3 cápsulas (de 300 mg)/dia
(Pereira et al., 2017b).
ADVERTÊNCIAS:

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Farmácia da Natureza

Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado


para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

Anacardium occidentale

ESPÉCIE: Anacardium occidentale L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Acajuba occidentalis (L.) Gaertn, Anacardium microcarpum
Ducke, Cassuvium pomiferum Lam.
FAMÍLIA: Anacardiaceae.
NOMES REGIONAIS: Cajueiro.
HISTÓRICO:
O nome Anacardium deriva do greco kardia = "coração", devido à forma da
fruta. Seu principal valor é nutricional, devido a seus frutos e sementes (castanhas
de caju).
PARTE UTILIZADA: Entrecasca dos galhos.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Acajucina (goma-resina)
• Taninos
• Flavonoides (folhas e entrecasca)
• Etil galato, ácido gálico, quercetina
• Ácido anacárdico (cardanol)
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Diabetes mellitus tipo 2, infecções
bacterianas em geral, estomatites da mucosa oral.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:

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Farmácia da Natureza

• Geral: antisséptica, anti-inflamatória, analgésica e cicatrizante.


• Boca: antisséptica, analgésica e cicatrizante.
• Pele e anexos: cicatrizante de úlceras cutâneas
• Sistema circulatório: hipotensora leve.
• Sistema digestório: antidiarreica.
• Sistema endócrino: hipoglicemiante.
• Sistema urinário: diurética.
COMENTÁRIOS:
O mecanismo de ação antidiabética desta planta é o aumento da produção de
insulina. Ela é particularmente útil em pacientes do sexo masculino.
A administração endovenosa do extrato hexânico das cascas do A.
occidentale em animais saudáveis produziu redução significativa da glicemia em
teste de tolerância a glicose. O efeito foi atribuído à presença de dois compostos:
stigmast-4-en-3-ol e stigmast-4-en-3-one (Alexander-Lindo, Morrison, & Nair, 2004).
Em outro estudo, em modelo in vivo de diabetes, a administração oral do
extrato aquoso de A. occidentale antes da indução do diabestes resultou em
aumento menos intenso da glicemia, inibição da glicosúria e da perda de peso. Os
autores concluíram que esta planta possui efeito protetor contra o desenvolvimento
do diabetes (Kamtchouing et al., 1998).
Em outro estudo, animais diabéticos tratados com extrato aquoso de A.
occidentale apresentaram redução da TGO, estabilização da insulina sérica, e
redução do colesterol. Os autores concluíram que o uso desta planta pode levar a
estabilização bioquímica de pacientes diabéticos (Urzêda et al., 2013).
MODO DE USAR:
• Tintura – Uso oral: 1–3 gotas/kg/dia, em 2 x/dia (Pereira et al., 2014).
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

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Farmácia da Natureza

Outras plantas potencialmente úteis no tratamento da síndrome


metabólica

Garcinia gummi-gutta

ESPÉCIE: Garcinia gummi-gutta (L.) Roxb.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Cambogia binucao Blanco, Cambogia gemmi-gutta L.,
Cambogia solitaria Stokes, Garcinia affinis Wight & Arn., Garcinia cambogia
(Gaertn.) Desr., Garcinia sulcata Stokes.
FAMÍLIA: Clusiaceae.
NOMES REGIONAIS: Garcínia.
HISTÓRICO:
Trata-se de uma espécie tropical nativa da Indonésia. Seus frutos são muito
usados na culinária, inclusive na preparação de tipos de curry. O extrato é obtido do
pericarpo dos frutos.
PARTE UTILIZADA: Pericarpo dos frutos.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Ácido hidroxicítrico (hidroxiacetato de cálcio, mais estável);
• Outros componentes: lactona hidroxicítrica, cambogina, camboginol,
antocianinas.
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Obesidade.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: antiadipogênica, lipolítica, hiporexígena.
COMENTÁRIOS:
O ácido hidroxicítrico é um inibidor da síntese de ácidos graxos. Tem efeito
também na redução do apetite. Ele também aumenta o metabolismo das gorduras
pela redução dos níveis de malonil coenzima A, que ativa a enzima carnitina acetil
transferase. A L-carnitina também facilita a ativação desta enzima, razão pela qual
alguns autores sugerem a associação de L-carnitina com o extrato de garcínia, para
maior oxidação dos ácidos graxos.
Em um estudo randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, 135
voluntários com sobrepeso receberam por 12 semanas 1500 mg de ácido
hidroxicítrico por dia, ou placebo, e ambos os grupos receberam dietas ricas em
fibras e hipocalóricas. Os pacientes em ambos os grupos perderam peso durante o

28
Farmácia da Natureza

tratamento, porém a diferença entre os grupos não foi significativa. Também não
houve diferença na porcentagem de gordura corporal entre os grupos. Desta forma,
a garcínia falhou em produzir perda de peso e massa gorda além do que observado
com placebo (Heymsfield et al., 1998).
Em outro estudo, diversos suplementos alimentares foram estudados por
revisão sistemática e meta-análise. Foram encontrados estudos com os seguintes
suplementos: quitosan, picolinato de crômio, Ephedra sinica, Garcinia cambogia,
glucomanana, goma-guar, hidroximetilbutirato, Plantago psyllium, piruvato, erva
mate, e yohimbe. Em conclusão, nenhuma das evidencias encontradas foi
convincente. Nenhum dos suplementos pode ser recomendado para perda de peso
(Pittler & Ernst, 2004).
MODO DE USAR:
• Preparações comerciais – Uso oral: verificar recomendações do fabricante.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

Gymnema sylvestre

ESPÉCIE: Gymnema sylvestre (Retz.) R.Br. ex Sm.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Asclepias geminata Roxb., Cynanchum lanceolatum Poir.,
Cynanchum subvolubile Schumach. & Thonn., Gymnema affine Decne., Gymnema
alterniflorum (Lour.) Merr., Gymnema formosanum Schltr., Gymnema geminatum
R.Br., Gymnema humile Decne., Gymnema melicida Edgew., Gymnema mkenii
Harv., Gymnema parvifolium Wall., Gymnema subvolubile Decne., Marsdenia

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Farmácia da Natureza

geminata (R. Br.) P.I. Forst., Marsdenia sylvestris (Retz.) P.I.Forst., Periploca
sylvestris Retz., Strophanthus alterniflorus (Lour.) Spreng.
FAMÍLIA: Apocynaceae.
NOMES REGIONAIS: Gymnema.
HISTÓRICO:
A Gymnema sylvestre é uma planta natural das florestas tropicais das áreas
central e sul da Índia e também na África. Seu uso já fora descrito, como diurético
adstringente, tônica, estimulante cardíaca, circulatório e urinário, entre outras.
PARTE UTILIZADA: Folhas.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• Ácido gimnêmico
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Obesidade e diabetes tipo II.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: hipoglicemiante, adaptógena, termogênica.
COMENTÁRIOS:
O ácido gimnêmico, farmacologicamente ativo, é o principal responsável pelas
propriedades hipoglicemiantes, antidiabéticas e adaptogênicas da planta. Ela é
capaz de reduzir a concentração de glicose, mediada por estímulo direto ou indireto
à liberação de insulina. Como resultado da atividade insulinotrópica ocorre um
aumento da atividade de enzimas insulino-dependentes, favorecendo a
predominância do processo de glicólise sobre a gliconeogênese. Assim, é muito
utilizada no tratamento da obesidade, particularmente quando há diabetes tipo II. Ela
também tem atividade na redução do apetite e na termogênese. Entretanto, não há
estudos clínicos de boa qualidade que comprovem os efeitos benéficos em
humanos.
MODO DE USAR:
• Preparações comerciais – Uso oral: verificar recomendações do fabricante.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Não há dados na literatura.

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Farmácia da Natureza

Lycium barbarum

ESPÉCIES: Lycium barbarum L.


SINONÍMIA BOTÂNICA: Boberella halimifolia (Mill.) E.H.L.Krause, Jasminoides
flaccidum Moench, Lycium halimifolium Mill., Lycium lanceolatum Veill., Lycium
turbinatum Veill., Lycium vulgare Dunal, Teremis elliptica Raf.
FAMÍLIA: Solanaceae.
NOMES REGIONAIS: Goji, goji berry (frutos).
HISTÓRICO:
Goji (ou goji berry) é o nome dos frutos da planta Lycium barbarum. Ao goji
são atribuídas muitas propriedades pois é uma fruta rica em aminoácidos. A planta é
originária das montanhas do Tibete.
PARTE UTILIZADA: Frutos.
CONSTITUINTES QUÍMICOS:
• 19 aminoácidos;
• 21 oligoelementos;
• Carotenóides, incluindo beta-caroteno (maior concentração que a cenoura) e
zeaxantina (protetor dos olhos). O goji é a maior fonte de carotenóides
conhecida.
• Vitamina C – 2500 mg por 100 gramas da fruta.
• Beta-sisterol;
• Ácidos graxos essenciais;
• Cyperone;
• Fisalina;
• Betaína;
TROPISMO: Sistema endócrino.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: Obesidade.
AÇÕES TERAPÊUTICAS:
• Geral: anorexígena, aumenta a massa magra, hipoglicemiante, antioxidante.
COMENTÁRIOS:
Desde o início deste século, frutos e suco de goji são vendidos como produtos
para a saúde, promovidos como benéficos para o bem estar e como anti-
envelhecimento. A popularidade dos produtos contendo goji cresceu rapidamente.
Em uma revisão sistemática sobre esta espécie, as investigações sobre os frutos
têm focado em proteoglicanas, que têm propriedades antioxidantes, e podem reduzir
o risco de desenvolvimento de aterosclerose e diabetes. Já a casca da raiz possui
atividade hepatoprotetora, e inibe o sistema renina-angiotensina, o que suporta seu

31
Farmácia da Natureza

uso popular para hipertensão arterial. Apesar de não haver sinais de toxicidade, há
relato de dois casos de possível interação com warfarina. Entretanto, até o
momento, as evidências clínicas não são suficientes para que qualquer
recomendação terapêutica possa ser feita (Potterat, 2010).
MODO DE USAR:
• Preparações comerciais – Uso oral: verificar recomendações do fabricante.
ADVERTÊNCIAS:
Suspender o uso se houver alguma reação indesejável. Não é recomendado
para gestantes e lactantes.
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS:
Não há dados na literatura.
EFEITOS COLATERAIS E TOXICIDADE:
Pode provocar a formação de cálculos renais, além de distúrbios
gastrointestinais e desconforto urinário.

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