Você está na página 1de 9

REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016 ARTIGO

ANALFABETISMO FUNCIONAL:
UMA REALIDADE PREOCUPANTE
FLÁVIA REGINA LEITE (flaviamoby@hotmail.com) – Graduada em Educação Física, Especialista
em Metodologia do Ensino Superior e Mestre em Ciências da Educação pela Universidad
Americana, atualmente trabalha como coordenadora da formação cultural no Colégio São
Francisco de Assis de Anápolis-Go. Residente na Rua Bernardo Sayão 328, Bairro
Maracananzinho, Anápolis, Goiás.
MARIA MAGDALENA SIMMER CADEI (cadei@yahoo.com.br) – Graduada em Pedagogia e
Direito, Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Americana, atualmente trabalha como
Assessora Técnica do Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Residente na Rua Joaquim
Barbosa, Bairro Tijuca, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

RESUMO: O presente texto analisa o índice de analfabetismo funcional no Brasil como sendo um
desafio a ser enfrentado, não somente pela escola de ensino básico e superior, mas, ainda, pelas
empresas. Segundo o Ministério da Educação há cerca de 15 milhões de analfabetos funcionais no
Brasil. E, esta estatística torna-se muito mais abrangente quando levamos em consideração que
apenas escrever o próprio nome não é suficiente diante da sociedade capitalista e da filosofia do
liberalismo pós-moderno.

PALAVRAS-CHAVE: Analfabeto, Analfabetismo Funcional, Sociedade.

RESUMEN: En este trabajo se analiza la tasa de analfabetismo funcional en Brasil como un reto que
hay que afrontar, no sólo por la escuela de educación básica y superior, sino también por las empresas.
Según el Ministerio de Educación hay cerca de 15 millones de analfabetos funcionales en Brasil. Y,
esta estadística se convierte en mucho más amplio si tenemos en cuenta sólo escribir el nombre no es
suficiente en la cara de la sociedad capitalista y la filosofía del liberalismo postmoderno.

PALABRAS CLAVES: Analfabetos, Analfabetismo Funcional, La Sociedad.

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


13
ARTIGO REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por objetivo formação universitária e ainda, pessoas que
mostrar que o analfabetismo funcional exercem funções-chave em empresas e
constitui um problema silencioso e perverso instituições, tanto privadas quanto públicas.
que traz conseqüências preocupantes,
A prefeitura do Rio de Janeiro, em 2009,
principalmente, no que diz respeito ao
quis saber quantas crianças estão na escola e
desempenho no trabalho.
não aprendem e avaliou estudantes de quarto,
O analfabeto funcional, em geral, sabe quinto e sexto anos. Dos 210 mil alunos, 25
ler, contar, escrever frases simples, mas não é mil foram considerados analfabetos
capaz de interpretar textos e colocar idéias no funcionais. “Eu esperava um resultado com
papel. problemas, mas superou as minhas
expectativas negativas”, admitiu Cláudia
Há diversos conceitos para classificar o
Costin, secretária municipal Educação do Rio
analfabeto funcional. E, para a Organização
de Janeiro.
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO), é o indivíduo com As conseqüências pela falta da
menos de quatro anos de estudo completos. habilidade de leitura compreensiva, da
escrita e de cálculo provoca conseqüências
Assim, são pessoas que frequentam ou
como a queda de produtividade das empresas,
frequentaram a escola, e mesmo, sendo
visto a dificuldade do entendimento de avisos
"alfabetizadas" não conseguem compreender
de perigo, instruções de higiene e de
textos curtos. Bons livros, artigos e crônicas,
segurança do trabalho, manuais e orientações
nem pensar!
sobre processo produtivo, normas técnicas
Conforme analisa Ana Lúcia Lima, da qualidade de serviços, enfim,
diretora executiva do Instituto Paulo procedimentos normais de trabalho. Pois
Montenegro (IPM), “de certa forma, eu avalio segundo afirma Botelho (2007) essas
que é um problema maior do que o deficiências representam o “Calcanhar de
analfabetismo absoluto, porque este vem Aquiles” de muitas organizações,
sendo reduzido. Mas o analfabetismo independente do porte ou ramo de atividade.
funcional só cresce”. Apontando ainda, como “única saída para a
empresa que sofrem as conseqüências deste
Segundo dados do INAF (Instituto
fato, educar e treinar para a qualidade,
Nacional de Alfabetismo Funcional) este
considerando que “qualidade é investimento
problema, no Brasil, atinge por volta de 68%
e o custo da qualidade é a despesa do trabalho
da população economicamente ativa. E, no
errado, incompleto, sem profissionalismo. É o
mundo todo há entre 800 a 900 milhões deles.
custo do “analfabetismo funcional”.
Taxas que assustam e atingem pessoas com
poucos anos de escolarização, pessoas com

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


14
REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016 ARTIGO

2. O TERMO ANALFABETISMO A UNESCO ao empregar o termo


FUNCIONAL analfabetismo funcional baseia-se na
definição de alfabetização adotada em 1978,
Até pouco tempo, os conceitos de visando padronizar estáticas e influenciar
analfabeto se referia – aquele que não sabe políticas educativas, levando o termo a ter
ler e escrever; o de analfabetismo ao estado evidência. No debate ideológico em torno do
ou condição de quem não sabe ler e escrever tema, o sentido do qualificativo funcional foi
e, o termo alfabetização como o processo de interpretado tanto como uma restrição da
ensinar a ler e a escrever. Progressivamente, alfabetização a fins pragmáticos,
foi-se revelando uma tendência de qualificar especialmente relacionados à qualificação
e detalhar mais esses conceitos, ampliando profissional, quanto como sua aproximação
seu significado. Assim, tanto na mídia quanto aos interesses de setores sociais pobres ou
na literatura educacional, intensificam-se as oprimidos e a projetos de transformação
discussões sobre o analfabetismo funcional, social. Devido a ambigüidade do conceito, sua
multiplicam-se as críticas de uma mensuração e análise precisam estar sempre
alfabetização que, embora ensine a ler e a referenciadas a contextos específicos.
escrever, não habilita os indivíduos a fazer
3. REALIDADE INTRIGANTE E
uso da leitura e da escrita nem lhes facilita o
ATUAL
acesso ao material escrito. Depois de muito
tempo, usando o termo analfabetismo, onde
Os dados do Indicador de Alfabetismo
se caracteriza pela negação, passamos a
Funcional (INAF), produzido pelo Instituto
considerar o uso de outro termo para fazer
Paulo Montenegro, referente ao ano de 2009,
referência a uma nova realidade: aquele
apenas 27% da população entre 15 e 64 anos
indivíduo que, mesmo tendo garantido o seu
é plenamente alfabetizada. O levantamento
ingresso na escola, não aprendeu.
ainda aponta que 52% dos brasileiros que
Foi na década de 30, durante a Segunda estudam até a 4ª série conseguem atingir, no
Guerra que o exército norte-americano para máximo, o grau rudimentar de alfabetismo,
indicar a incapacidade de entender onde estão classificadas pessoas com
instruções escritas necessárias utilizou o capacidade de ler e entender textos curtos,
termo alfabetismo funcional, surgindo assim realizar operações de matemática simples,
o presente termo. Desde então, o termo mas incapazes de fazer uma redação
analfabetismo funcional têm sido utilizado relatando como foi seu dia, ou de interpretar
para explicar a incapacidade de pessoas um artigo de jornal. Entre os alunos do ensino
utilizarem a leitura e a escrita, além de médio, apenas 41% apresentaram o nível
realizar cálculos básicos, em atividades da pleno de alfabetização. E, não que possa
vida diária que requerem tais habilidades. chamar mais atenção, 29% dos estudantes
que ingressam no ensino superior não
dominam leitura e escrita.

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


15
ARTIGO REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016

O Brasil, na última década, depois da longa jornada de trabalho diária, o


praticamente universalizou o acesso ao desemprego, a falta de auto-estima dos
ensino fundamental (98%) de jovens entre 7 alunos, pais analfabetos que, sem estímulo,
e 14 anos, reduzindo a taxa de analfabetismo, não vêem perspectivas em mandar seus filhos
conforme registro da PNAD (Pesquisa à escola, falta de escolas próximas à moradia
Nacional por Amostro de Domicílios), de e a distância entre as cidades e a zona rural.
11,5%, em 2004, para 9,7%, em 2009. A Estes fatores acabam contribuindo para que
mesma pesquisa revela que a taxa de os próprios estudantes se acomodem em
analfabetismo funcional diminuiu de 24%, trabalhos braçais, que não exigem domínio da
em 2004, para 20% em 2009, na população leitura.
de 15 anos ou mais de idade.
Mas como resolver essa situação?
Para Moraes (2009), não é difícil nos Como reduzir números tão alarmantes?
depararmos com pessoas que mesmo sendo Educar sempre foi o caminho. E, alfabetizar
“alfabetizadas” não conseguem compreender com melhor qualidade. No entanto, essa é a
mensagens simples, como uma carta, um questão: qualidade e não quantidade.
aviso, um anúncio de jornal. Compreensão Infelizmente, hoje vemos que o Brasil optou
envolve muito mais que decodificação. pela quantidade a qualquer custo. E o
resultado disso é uma enorme quantidade de
Segundo a Declaração Mundial sobre
analfabetos funcionais com diploma.
Educação para todos, mais de 960 milhões de
adultos são analfabetos, sendo que mais de Ao compararmos os jovens de ontem
1/3 dos adultos do mundo não tem acesso ao aos de hoje, é notório uma grande quantidade
conhecimento impresso e às novas de informações e conhecimento, bem como
tecnologias que poderiam melhorar a capacidade de raciocínio que os jovens de
qualidade de vida e ajudar na adaptação às hoje possuem. Logo, como explicar a enorme
mudanças sociais e culturais. dificuldade que estes mesmos jovens, em sua
maioria, apresentam quando são solicitados a
De acordo com essa declaração, a
expor esse conhecimento de forma lógica,
analfabetismo funcional é um problema
coerente e concisa através da linguagem
significativo em todos os países
verbal, seja na forma oral ou escrita?
industrializados e em desenvolvimentos. No
Brasil, se considerarmos os dados acima 68% Há muito tempo que o conhecimento
são considerados analfabetos funcionais e não tem mais a linguagem verbal como
7% considerados analfabetos absolutos, sem principal veiculo de circulação. O
qualquer habilidade de leitura ou escrita. conhecimento que circula pela linguagem
Logo, apenas 1 entre 4 brasileiros consegue visual é bastante fragmentado e raramente
ler, escrever e utilizar essas habilidades para está organizado de forma lógica e coerente.
continuar aprendendo. Normalmente, são informações soltas,
desvinculadas do contexto e sem qualquer
Entre as causas do problema, muitas
critério de ordenação.
são as variáveis, como por exemplo, o cansaço

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


16
REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016 ARTIGO

O problema começa a se evidenciar Despertar o interesse e a curiosidade


quando a criança inicia sua vida escolar e para a história do livro através de
tende a se agravar com o passar dos anos, à comentários em aula e tomar o cuidado de
medida que ela precisa ir conquistando o seu selecionar obras com, assuntos relacionados
espaço no mundo competitivo que a cerca, o obras com assuntos relacionados ao mundo
qual seleciona os indivíduos pela avaliação de de referência destes jovens são formas
seu domínio da linguagem verbal, práticas e eficientes de conseguir maior
evidenciada através da capacidade de adesão à leitura.
argumentação e de organização lógica dos
O governo federal tem comemorado o
pensamentos.
ingresso de 96,4% das crianças com idades
A ausência do hábito de leitura e a entre 07 e 14 anos no Ensino Fundamental e
realidade tecnológica moderna, deixa-os 83% dos adolescentes entre 15 e 17 anos no
despreparados para um processo seletivo, Ensino Médio. Essa estatística poderia ser
seja para o ingresso na universidade, ou para motivo de alegria se não fosse a realidade que
o mercado de trabalho. A importância de ler e entre os alunos que cursam a 4ª série do
entender corretamente um texto, de criar ensino público, 55% não sabem ler nem
argumentos consistentes em defesa de idéias escrever. Ou seja, 33 milhões de crianças são
e projetos é fator determinante para o analfabetas funcionais.
sucesso profissional.
O analfabetismo funcional é silencioso
O analfabetismo funcional chega até e traz sérios prejuízos ao país. Além de
mesmo às empresas, preocupadas com a desestimular a criança que está na escola, ele
produtividade dos seus funcionários. O reduz a empregabilidade e as oportunidades
Instituto Paulo Montenegro está lançando, de inclusão social, principalmente entre os
em parceria com o Instituto Ethos, o livro "O mais pobres. Não se trata de pessoas que
compromisso das empresas na erradicação nunca entraram numa sala de aula. Elas
do analfabetismo". sabem ler, escrever e contar; mas não
conseguem compreender a palavra escrita.
O combate ao analfabetismo funcional
começa pela tomada de consciência do Numa visão mais ampla, o
problema, passa pela determinação de analfabetismo funcional tem forte impacto na
substituir parte do tempo que se fica diante produtividade e na competitividade nacional.
do computador por um rotineiro hábito de Uma pesquisa feita por um doutorando da
leitura e que resulta em um trabalho USP, no ano passado, calcula em US$ 6 bilhões
diferenciado, em caso de educadores anuais à queda de produtividade nas
indicarem leituras e atividades que visem não empresas, provocada pelas deficiências
apenas à apreensão de informações técnicas, básicas dos empregados.
mas principalmente à solução ou amenização
Segundo o professor-doutor da USP,
dessa deficiência básica de leitura,
Issao Minami, a principal causa desse
compreensão e produção de texto.
problema é a descontinuidade da educação.

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


17
ARTIGO REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016

O baixo índice de escolaridade e a má É de grande importância ressaltar que


qualidade do ensino impossibilitam as a leitura e a escrita são atividades
pessoas de apreenderem e aperfeiçoarem as fundamentais para o desenvolvimento e
técnicas da escrita e da leitura, ferramentas formação de qualquer indivíduo, pois dentro
que permitiriam o aprendizado contínuo e fora da escola e por toda vida, o domínio ou
após a conclusão do ensino formal. não de ambas facilitará ou não o crescimento
intelectual.
4. CONCLUSÃO
Importante ressaltar a melhoria de
Quando o assunto é a alfabetização cursos de formação dos docentes,
podemos pensar como um dos fatores remuneração adequada, capacitação
agravantes a má distribuição da renda, pois o continuada, etc. Dá trabalho, é verdade, mas o
poder aquisitivo e o acesso à educação de investimento na qualidade da educação como
qualidade caminham juntos, diferenças única forma capaz de reverter esse quadro
regionais relevantes, falta de equilíbrio entre educacional brasileiro tão triste!!
dinheiro e trabalho, sistema de trabalho
O grande desafio à sociedade brasileira
informal, desemprego, diferenças entre zona
de assegurar as oportunidades de acesso a
urbana e zona rural, dentre inúmeros outros.
uma educação com mais qualidade e
É certo que já avançamos muito, mas o significado para os jovens, que ofereça
Brasil optou pela quantidade a qualquer condições efetivas para, através dela,
custo. E o resultado disso é a enorme desenvolverem-se como indivíduos aptos a
quantidade de analfabetos funcionais com exercerem com autonomia seus direitos e
diploma. responsabilidades.

5. REFERÊNCIAS

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo. 41ª ed.Cortez. 2001. NAKASATO, Vanessa
S. Analfabetismo Funcional prejudica o desenvolvimento do país.

ANALFABETISMO FUNCIONAL DESAFIA EDUCADORES. Disponível em:


http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0. Acesso: 22.07.2011

PAULO Montenegro, Instituto. Baixa escolaridade e aprendizagens insuficientes ainda


impedem muitos jovens de buscar o ensino superior, mesmo nas principais capitais do
país.
http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.10.01.00.00&num=84&tp=especial&ver=por.
Acesso em 24.07.2011

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


18
REVISTA CIENTÍFICA DO INSTITUTO IDEIA – ISSN 2525-5975 / RJ / Nº 01: Abril – Setembro 2016 ARTIGO

6. NOTAS BIOGRÁFICAS

Flávia Regina Leite


Flávia Regina Leite, Graduada em Educação Física, Especialista em Metodologia do Ensino
Superior e Mestre em Ciências da Educação pela Universidad Americana, atualmente trabalha
como coordenadora da formação cultural no Colégio São Francisco de Assis de Anápolis-Go.
Residente na Rua Bernardo Sayão 328, Bairro Maracananzinho, Anápolis, Goiás.

M. Magdalena S.Cadei
M.Magdalena S.Cadei, Graduada em Pedagogia e Direito, Mestre em Ciências da Educação pela
Universidad Americana, atualmente trabalha como Assessora Técnica do Conselho Estadual de
Educação do Rio de Janeiro. Residente na Rua Joaquim Barbosa, Bairro Tijuca, Rio de Janeiro, Rio
de Janeiro.

INSTITUTO IDEIA | Mestrados e Doutorados no Mercosul - www.ideiaeduc.com.br


19

Você também pode gostar