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Sistema Aquífero O2

Os aquíferos em Portugal inserem-se em quatro grandes unidades geoestruturais: no Maciço


Antigo, na Orla Mesocenozoica Ocidental (figura 1), na Orla Mesocenozoica Meridional e na
Bacia Terciária do Tejo-Sado. A litologia dominante em cada uma destas unidades é descrita no
quadro I.
Quadro I
Unidades geoestruturais Rochas dominantes
Maciço Antigo Rochas ígneas e rochas metamórficas
(metassedimentares) do Paleozoico.
Orla Mesocenozoica Ocidental Rochas detríticas do Cenozoico, arenitos e calcários
do Cretácico e calcários do Jurássico.
Orla Mesocenozoica Meridional Formações Plio-Quaternárias (areias e cascalheiras
continentais, areias de duna, etc.), formações
Miocénicas essencialmente de fácies marinha,
formações detríticas e carbonatadas do Cretácico e
formações calcárias e dolomíticas do Jurássico.
Bacia do Tejo-Sado Formações do Quaternário (aluviões e terraços) e
formações Neogénicas (arenitos, calcários, entre
outras).

Nestas unidades hidrogeológicas estão identificados 58 sistemas aquíferos estando o Sistema


Cretácico de Aveiro inventariado como o sistema aquífero O2.
Antes dos anos 60 do século passado, a exploração das reservas aquíferas eram quase
exclusivamente nas formações quaternárias, no Sistema Aquífero Quaternário, O1, devido à
sua excelente produtividade e facilidade de extração de água. O desenvolvimento industrial e
populacional da região obrigaram à procura de outras alternativas para o abastecimento de
água. Desde então que o sistema multiaquífero cretácico de Aveiro tem sido intensamente
explorado.
No sistema O2, as rochas cretácicas são de natureza detrítica e carbonatada. Da base para o
topo apresentam-se as seguintes litologias: níveis conglomeráticos assentes sobre xistos
compactos do Pré-Câmbrico, a que se seguem arenitos grosseiros, calcário, margas argilosas,
calcarenitos, arenitos micáceos de grão fino a grosseiro, arenitos finos com intercalações
argilosas, arenitos grosseiros e, no teto do sistema, as argilas de Aveiro e Vagos. As formações
deste sistema aquífero estão pouco deformadas e na zona de Aveiro formam um sinclinal
muito aberto que mergulha suavemente para o litoral atlântico.
Cerca de 60 a 70% das necessidades de água para uso doméstico, agrícola e industrial são
garantidas atualmente pela exploração de águas subterrâneas, admitindo-se que o aquífero O2
seja explorado numa percentagem mais elevada, razão pela qual o conhecimento da
hidrodinâmica dos aquíferos é fundamental para a sua gestão e preservação.
Figura 1. Sistemas aquíferos Orla Mesocenozoica Ocidental.

Adaptado de Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, em http://snirh.apambiente.pt/ (consultado em abril de


2018).

Nas questões de escolha múltipla selecione a única opção que permite obter uma afirmação
correta.

1. A água doce dos aquíferos é parte integrante do ciclo da água, sendo a sua principal fonte
a
(A) fusão de glaciares.
(B) evaporação dos oceanos.
(C) fusão de icebergs.
(D) evaporação das calotes polares.
2. Num aquífero definem-se várias zonas, como por exemplo,
(A) a zona não saturada, de profundidade sensivelmente constante.
(B) a zona saturada, limitada inferiormente pelo nível hidrostático e superiormente pela
zona de aeração.
(C) a zona de aeração que permite a infiltração da água que precipita na forma de chuva,
neve ou granizo.
(D) a zona de recarga onde a pressão hidrostática é sempre superior à pressão
atmosférica.
3. Classifique as afirmações seguintes e selecione a opção que as classifica corretamente.
I. Os aquíferos são reservatórios de água potável, localizados no interior da geosfera e
protegidos dos contaminantes antrópicos.
II. O Sistema Cretácico de Aveiro constitui um aquífero porque é constituído por rochas
porosas e fissuradas com capacidade de armazenamento e extração de água potável.
III. Cerca de 3% da água do planeta Terra é doce e está armazenada em aquíferos que
podem ser utilizados pelo Homem.

(A) As afirmações I e II são verdadeiras; III é falsa.


(B) A afirmação I é verdadeira; II e III são falsas.
(C) A afirmação II é verdadeira; I e III são falsas.
(D) As afirmações II e III são verdadeiras; I é falsa.

4. Tendo presente as litologias do Maciço Antigo, os seus aquíferos devem-se


(A) à meteorização e ao sistema de fraturas de origem tectónica que as afeta.
(B) à porosidade das rochas cristalinas sem alterações físico-químicas.
(C) à reduzida ou nula percentagem de vazios nas suas rochas.
(D) à facilidade de recarga contínua destes sistemas.

5. Das rochas que constituem o aquífero O2, as que apresentam maior porosidade são ___.
(A) os conglomerados.
(B) os arenitos grosseiros.
(C) os arenitos finos.
(D) as margas argilosas.

6. O fluxo das águas subterrâneas ocorre


(A) das zonas de maior declive para as zonas de menor declive.
(B) de acordo com o gradiente gravítico.
(C) das áreas de alta permeabilidade para áreas de baixa permeabilidade.
(D) das zonas de elevada pressão hidrostática para as zonas de baixa pressão
hidrostática.
7. O Aquífero da Bairrada, O3, vizinho do aquífero O2, é constituído, essencialmente, por
camadas possantes de calcários mesozoicos sendo heterogénea a capacidade de extração
da água nele armazenada. Esta heterogeneidade deve-se
(A) à dureza variável dos constituintes mineralógicos do calcário.
(B) ao diferente desenvolvimento da carsificação.
(C) à natureza detrítica diversificada do substrato rochoso do aquífero.
(D) ao facto de ser um aquífero geologicamente recente.

8. Classifique, justificando, o aquífero O2 e identifique a(s) sua(s) área(s) de recarga.


Propostas de solução

1. Opção (B).
2. Opção (C).
3. Opção (C).
4. Opção (A).
5. Opção (A).
6. Opção (D).
7. Opção (B).
8. Tópicos de resposta:
 Aquífero cativo/confinado porque é limitado inferiormente e superiormente por
rochas impermeáveis, respetivamente, por xistos compactos do Pré-Câmbrico e
pelas argilas de Aveiro e Vagos.
 A sua recarga é feita lateralmente pelos limites superiores dos flancos do sinclinal
de Aveiro.

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