Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MACHADO
DE ASSIS
(Estudo Critico e Biografico)
1936
COMPANHIA EDITORA NACIONAL
Slo Paulo
A Autora quer de~ar aqui os seus me-
lhoreB agmdecimentos a quantos a a;uclaram na
reconstrução da, vida de Machado de AsBiB, a
que não bastaram as suas pesquizas peBBoaeB,
Assim, é com prdzer que destaca a boa vofll-
tade do Sr. Laudelino Freire, Presidente da Aca-
demia Brasileira de Letras, cuios arquivos lhe
franqueou,· os bons oficios do Sr. Mair; FleiUBB,
Secretario Perpetuo do Instituto HiBtorico e Geo-
grafico Brasüeiro, onde lhe facüitou as buBcas;
a düigencia do Sr. Octavio de Oliveira, SacriBtão
da, lgre;a da, Lampadosa; a gentüeza das Senho-
ras Bonifacio Costa, Leitão de Carvalho, Basto
Cordeiro, Mario de Alencar, Armando de Arau;o;
das senhoritas Pinto da, Costa e do Ma;or Ber-
nardo de Oliveira que, tendo conhecido pessoal-
mente Machado de ABBiB, lhe prestaram valiosas
informações, como Be pode ver pelas notaB do
presente volume.
Seria in;usto esquecimento não mencionar
tambem o concurso dos Srs, Fernando N ery ·e
0Bvaldo de Oliveira, Chefe da Secretario. e Bi-
bliotecarie da Academia de Letras,
INDICE
CAPITULO Pau,
I - Perspectiva 9
II - O moleque . 21
III - O operario . . 41
IV - Transição , . ~· 61
V - Jornalismo '15
VI - Machadinho . 95
VII - Carolina . 119
VIII - Os Primeiros livros - Poesia 187
· IX - Os Primeiros livros - Prosa 147
X - "Seu" Machado • 159
XI - Confissões • . . 178
XII - Recolhimento • 187
XIII - Maturidade 201 .,
XIV - O Creador . 217
CAPITULO I
PERSPECTIVA
18 L U C I A M I G U E L - P E .k E I R A
;
CAPITULO II
O MOLEQUE
O CôNEGO FILIPE
O cônego Filipe! ó nome eterno!
Cinzas ilustres que ela. terra escura
Fazeis rir nos cif)'reete, a, con,.;a, /
MACHADO DE ASSIS 23
MACHADO DE ASSIS 37
E Joaquim Maria? Quem sabe lá quant.as re-
voltas contra a sorte injusta, quantos planos de
futuro germinavam nessa cabecinha encarapinhada
encostada á fronha de algodãozinho?
Uma vez por outra, haveria de arranjar no co-
legio algum livro emprestado, e então a vigilia já
não era penosa, as durezas do presente ficavam es-
quecidas, esquecidas ficavam as cogitações do fu-
turo.
O pequeno leitor atirava-se sofregamente ao vo-
lume, avido de aprender, de saber. Movia-o o pra-
zer de se instruir, a sua infatigavel curiosidade
intelectual, mas tambem a vontade de ser alguem,
de subir, de forçar a mão ao destino.
O contato com crianças ricas, ao mesmo tempo
que despertava a ambição do baleiro, marcava-lhe
a alma com uma obsedante, dolorosa consciencia da
hierarquia social. As pequenas sinhá-moças, que
chegavam de carro, acompanhadas pelos pagens, fa-
ziam-no sentir-se tão pobre, tão humilde, tão des-
valido ..•
Mas nesse momento encontrou quem lhe valesse.
Travou mais ou menos por esse tempo umas relações
que influiram profundamente no seu destino: as de
Mme. Gallot, dona de uma padaria na rua S. Luiz
Gonzaga, e de seu forneiro tambem francês (22).
CAPITULO Ill
O OPERARIO
MACHADO DE ASSIS 57
Celebra o Cognac
"inspirador de lados sonh011
Excitante licor de amor ardente 1
TRANSIÇÃO
Eis a Marmota
Bem variada
JORNALISMO
QUINTINO BOCAYUVA l!I O DIARIO DO RIO Dl!I
JANEIRO - REPOBTER NO SENADO - AS CRITI•
CAS TEATRAES - ARTIGOS POLITICOS - LIBERA·
LISMO - ANTI-CLERICALISMO - DESCRENÇA BE-
LIGIOSA - AUSENCIA DE ESPIRITO MISTICO
RESPEITO PELA LITERATURA.
MACHADINHO
'i
1
MELHORIA DE VIDA - A SUA NOVA llODA -
QUEDA QUE AS MULHERES TEEM PARA OS TOLOS
- DESENCANTOS - AMORES - MLLE. AIM~E -
O TEATRO - AS TRADUÇÕES - FASE EUFORICA.
CAROLINA
122 L U C IA M I G U E L - P E R E I R A
186 L U CI A H I GU E L - P E R E I R A
CAPITULO VIU
OS PRIMEIROS LIVROS
POESIA
CRISALIDAS - A POESIA LIRICA - INQUIETAÇÃO
- TEMAS CONSTANTES - FALENAS, A PLENITUDE
VINDA DO AMOR FELIZ,
OS PRIMEIROS LIVROS
PROSA
CONTOS FLUMINENSES, HISTORIAS DA MEIA-NOITE
E RESURREIÇAO - CONVENCIONALISMO - FRA-
QUEZA DE ESTILO E DE CONCEPÇÃO - O ROMAN•
OE PSICOLOGICO - INFLUENCIA DO :ROMANTISMO.
i
.... ~-.
CAPITULo X
"SEU" MACHADO
CONFISSõES
RECOLHIMENTO
MATURIDADE
SITUAC10 DE DESTAQUE - A SUA P0SIC10 NAS
LETRAS E NA SECRETARIA - TRANQUil..IDADE DE
VIDA - FORMALISMO - PROJEÇ10,
Meu Assis:
Vou aos Estrangeiros e depois serei com-
tigo. Escreve duas linhas ao A. A. Monteiro
de Barros e ao Glaziou para que venham fala1·-
me um ás 2 1/2 e o outro ás 9, ou· então dc,,3
9 1/2 á8 4 1/2, já se sabe .aí na Secretaria.
Até logo.
Teu - Pedro Luiz
O CREADOR
226 L U C IA. MI G U E L - P E R E l R A
MA CH A DO DE ASSIS 233
262 L U C IA M I G U E L - P E R E I R A
MA C H A D O D E AS S I S 273
O CONSELHEIRO AIRES
276 L U Cl A MI GU E L - P E R E I R A
278 L U C IA M I G U E L - P E R E I R A
•
'{, ' .= 1 ...
,,._
284 L U C IA M: I G U E L - P E R E IR A
AO PÉ DO LEITO DERRADEIRO
.
Tristão o velho A.ires recolhe uma inclinação, á qual
se misturara um "sentimebto paterno" e se convence
de que nunca fôra de outra natureza o seu interesse
pela moça. , No dia em que conta o noivado de
Fidelia e Tristão, cessam subitamente as trocas de
nomes; o manuscrito tem 468 paginas, mas nas ul-
timas não ha mais confusões.
Carmo e Fidelia se separam no espirito do
autor depois que Aires se desprendeu desta ...
Tambem ele, como a viuva, se terá encontrado "dean-
te da pessoa extinta, como se fosse a pessoa futura,
fazendo de ambas uma só creatura presente?"
Fidelia terá existi.do na vida real, sonho de
velhice, penhor da grande vitalidade desse en-
fermo? ...
A indiscrição dos originaes parece dizer que sim.
E' emocionante, como uma confissão postuma, o aspé-
to dessas paginas em que o grande reservado se traiu,
em que o ceptico manifestou uma inesperada capaci-
dade de viver, de sentir, de vibrar.
Sem duvida, não podemos aceitar senão com
muitas reservas esse depoimento do sub-consciente,
mas não podemos deixar de pensar que uma figura
feminina haja atenuado para Machado a solidão dos
ultimos dias. Figura imprecisa, esquiva, enlgmatica.
Certamente, nem ele mesmo realizaria inteiramente
a sedução que o embalava, não veria nisso uma trai~
çlo á memoria de ·Carolina. Interesse apenas
esboçado, mesclado de "sentimento de paternidade.,.
Se Fidelia, a viuva tio presa ao primeiro amor, que
l
•
t'"
MACHADO DE ASSIS
1
312 L U C IA M I G U E L - P E R E I R A
ULTIMOS DIAS
A DOENÇA - ULTIMOS MOMENTOS - "A VIDA
E' BOA" - A KOBTlil.
1
(176) A extrema delicadeza de Machado de Assis se
patenteia mais uma vez no fato de haver recebido essa se-
nhora que lhe era apresentada por Lucio de Mendonça e que-
ria lhe submeter um romance da sua lavra.
(177) O amigo era Alberto Carneiro de Mendonça,
(178) Contado pela Viuva Mario de Alencar.
324 L U C IA M I G U E L - P E R E IR A
- A vida é boa!. ..
Apartavam-se reconciliados os dois adversa-
rios - talvez nesse momento Machado de Assis hou-
vesse compreendido que nessa luta do pensamento
com o misterio estava o mais alto destino do homem,
e que ele o realizâra plenamente.
A lembrança da sua existencia lhe ha de ter
mostrado que os valores espirituaes têm ~urso na
terra. . . E, como se não bastasse isso, o destino re-
servava ao moribundo uma ultima prova de que não
foram vãos os seus esforços.
Na noite que precedeu a sua morte, um adoles-
cente desconhecido bateu á porta da casa onde ami-
gos e discípulos o velavam.
Introduzido no quarto do doente, ajoelhou-se,
beijou-lhe a mão, e o abraçou numa homenagem qua-
si filial, que, se foi percebida pelo mestre, lhe deve
ter ido direito ao coração.
Esse . joven, cujo nome Euclides da Cunha, na
pagina admiravel em que lhe fixou o gesto genero-
so, (180) dizia dever ficar ignorado, era o escritor As-
trogildo Pereira.
Euclides assistiu á cena, pois, com Mario de
Alencar, José Verissimo, Raimundo Corrêa, Graça
O ESCRITOR E O HOMEM
FIM
..
.,.
~'-
~
~;
'
,.
~
~.
.. \
'
'
.~
~
' '
6Lt,..,, r. ~ ~.,. ..,~ ,. ,...,J-~
,._ ~. I" 1,,,. AO½
h ~ · .-,,Q. ...
/.n' ~
i:
~ .'/ ~
~d.
~
~-
'.
f' C\ (
~---~
, • .1
•l-r:, (~lflVo . ~ ·, ., "
., .,.v.....;,,.
/
1/t,:,c • . '
'
' ~ ' ...
t, 1• n Il i 1 'º'
H I I I t Ili I l l1I • I 1-t
~' .
f
½ -~ dr., - J ...- ~
IA---~ ,,
I
'
'
1-J.. L /Yt.y
I
,,,
' '