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PARASITOLOGIA

TURMAS – Manhã e Noite

Profª Ana Maria Barbieri Eduardo

2021

By AMBE
Conteúdo Teórico

São Paulo
2021

By AMBE
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SUMÁRIO
1– Apresentação da disciplina - Introdução a Parasitologia – Termos
técnicos utilizados em Parasitologia. Ação dos parasitas sobre o hospedeiro,
Reações do hospedeiro contra os parasitas, Portas de entrada para o
parasita, Nomenclatura dos parasitas .............................................................. 03

2 - Protozooses, morfologia dos protozoários em geral.


Protozooses intestinais: Amebas - Gênero Entamoeba, Gênero Endolimax,
Gênero Iodamoeba. Amebíase - Entamoeba histolytica. Giardíase ............05

3 - Protozooses Teciduais e sanguíneas:


Tricomoníase e Toxoplasmose ...................................................................09

3.1 Atividade ...............................................................................................13

4 - Protozoários Sanguíneos e Teciduais: Malária, Doença de Chagas. ..........15

5 - Protozoários sanguíneos e teciduais: Leishmaniose cutânea e visceral ......18


5.1 Atividade ................................................................................................21

6. Método de Faust e Método de Hoffman – TEORIA da PRÁTICA .................24

7. Helmintos ....................................................................................................30
7.1 Platelmintos ..........................................................................................30
7.1.1 Esquistossomose .........................................................................30
7.1.2 Teníase e Cisticercose .................................................................35
7.1.3 Himenopelíase .............................................................................40
7.2 Atividade – Platelmintos .........................................................................41
7.3 Nematelmintos .......................................................................................42
7.3.1 Áscaris lumbricóides ......................................................................42
7.3.2 Enteróbius vermicularis ..................................................................48
7.3.3 Trichuris trichiura ............................................................................52
7.4 Atividade – Nematelmintos .....................................................................56
7.5 Família Ancilostomidae ..........................................................................57
7.6 Outros Ancilostomídeos .........................................................................60
7.6.1 Larva Migrans Tegumentar ............................................................60
7.6.2 Larva Migrans Visceral – Toxocaríase ...........................................62
7.6.3 Estrongiloidíase ..............................................................................63
7.7 Filariose / Filaríase Linfática ...................................................................67
7.8 Atividade Helmintos ................................................................................74

8. Métodos para realização do exame de PPF .................................................78

9. Referências Bibliográficas ...........................................................................88

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APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO

Este material destina-se a aprendizagem da disciplina de Parasitologia para os


alunos que não têm acesso às aulas e atividades remotas.

CRONOGRAMA AULAS DE PARASITOLOGIA


1º BIM 1ºSEMESTRE – 2021 – AC
MOD 2 – MANHÃ
1º BIM - 27/01 à 13/04

SEMANA DIA/MÊS CONTEÚDO


0 27/07 Planejamento de conteúdos das aulas do 2º semestre

1º 01/02 Apresentação da disciplina - Introdução a Parasitologia –


Termos técnicos utilizados em Parasitologia. Ação dos
parasitas sobre o hospedeiro, Reações do hospedeiro contra
os parasitas, Portas de entrada para o parasita,
Nomenclatura dos parasitas.
2º 08/02 Protozooses, morfologia dos protozoários em geral.
Protozooses intestinais: Amebas - Gênero Entamoeba,
Gênero Endolimax, Gênero Iodamoeba. Amebíase -
Entamoeba histolytica. Giardíase.
3º 15/02 Método de Faust e Método de Hoffman – TEORIA
da PRÁTICA.
Protozooses Teciduais e sanguíneas:
Tricomoníase e Toxoplasmose.
4º 22/02 Protozoários Sanguíneos e Teciduais:
Malária, Doença de Chagas.
5º 01/03 Protozoários sanguíneos e teciduais:
Leishmaniose cutânea e visceral.
Atividade
6º 08/03 AULA PRÁTICA : MÉTODO DE FAUST / MICROSCOPIA –
TURMA A
ATIVIDADE – TURMA B (Manhã)
Revisão para avaliação unificada.
7º 15/03 REUNIÃO PEDAGÓDICA – 15/03

8º 22/03 AULA PRÁTICA : MÉTODO DE FAUST / MICROSCOPIA –


TURMA B
ATIVIDADE – TURMA A
Revisão para avaliação unificada.
9º 29/03 Correção da Avaliação – resultados - revisão para
recuperação.
10º 05/04 Introdução – HELMINTOS – Classificação.
Platelmintos – S.Mansoni

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CRONOGRAMA AULAS DE PARASITOLOGIA


2º BIM 1ºSEMESTRE – 2021 – AC
MOD 2 – MANHÃ
2º BIM – 14/04 à 25/06

11º 12/04 Platelmintos – Taenia solium e Taenia saginata; Cisticercose.

12º 19/04 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA A


Atividade Platelmintos – turma B
13º 26/04 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA B
28/04 Atividade Platelmintos – turma A
14º 03/05 Correção de Atividade.
Platelmintos – Hymenolepíase.
Helmintos – Nematelmintos – Ascaridíase, Tricuríase e
Enterobíase;
15º 10/05 Nematelmintos: Ancilostomíase.

16º 17/05 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA A


Atividade Nematelmintos – turma B
17º 24/05 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA B
Atividade Nematelmintos – turma A
18º 31/05 Métodos para Exames protoparasitológico de Fezes (PPF).
Revisão para Avaliação.
19º 07/06 AVALIAÇÃO UNIFICADA

20º 14/06 Correção da Avaliação. Recuperação.

21º 21/06 Encerramento do semestre.

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CRONOGRAMA AULAS DE PARASITOLOGIA


1º BIM 1ºSEMESTRE – 2021 – AC
MOD 2 – NOITE
1º BIM - 27/01 à 13/04

SEMANA DIA/MÊS CONTEÚDO


0 27/07 Planejamento de conteúdos das aulas do 2º semestre

1º 03/02 Apresentação da disciplina - Introdução a Parasitologia –


Termos técnicos utilizados em Parasitologia. Ação dos
parasitas sobre o hospedeiro, Reações do hospedeiro contra
os parasitas, Portas de entrada para o parasita,
Nomenclatura dos parasitas.
2º 10/02 Protozooses, morfologia dos protozoários em geral.
Protozooses intestinais: Amebas - Gênero Entamoeba,
Gênero Endolimax, Gênero Iodamoeba. Amebíase -
Entamoeba histolytica. Giardíase.
3º 17/02 Método de Faust e Método de Hoffman – TEORIA
da PRÁTICA.
Protozooses Teciduais e sanguíneas:
Tricomoníase e Toxoplasmose.
4º 24/02 Protozoários Sanguíneos e Teciduais:
Malária, Doença de Chagas. Protozoários
sanguíneos e teciduais: Leishmaniose cutânea e
visceral.
Atividade
5º 03/03 AULA PRÁTICA : MÉTODO DE FAUST / MICROSCOPIA –
TURMA A
ATIVIDADE – TURMA B
Revisão para avaliação unificada.
6º 10/03 AULA PRÁTICA : MÉTODO DE FAUST / MICROSCOPIA –
TURMA B
ATIVIDADE – TURMA A
Revisão para avaliação unificada.
7º 17/03 Protozoários sanguíneos e teciduais:
Leishmaniose cutânea e visceral.
Atividade – Revisão p/ Avaliação Unificada

24/03 AVALIAÇÃO UNIFICADA.

9º 31/03 Correção da Avaliação – resultados - revisão para


recuperação.
Introdução – HELMINTOS – Classificação.
Platelmintos – S.Mansoni,
10º 07/04 Platelmintos – Taenia solium e Taenia saginata;
Cisticercose.

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CRONOGRAMA AULAS DE PARASITOLOGIA
2º BIM 1ºSEMESTRE – 2021 – AC
MOD 2 – NOITE
2º BIM – 14/04 à 25/06

11º 14/04 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA A


Atividade Platelmintos – turma B
12º 21/04 FERIADO

13º 28/04 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA B


Atividade Platelmintos – turma A
14º 05/05 Correção de Atividade.
Platelmintos – Hymenolepíase.
Helmintos – Nematelmintos – Ascaridíase, Tricuríase e
Enterobíase;
15º 12/05 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA A
Atividade Nematelmintos – turma B
16º 19/05 AULA PRÁTICA: Microscopia – TURMA B
Atividade Nematelmintos – turma A
17º 26/05 Nematelmintos: Ancilostomíase.

18º 02/06 Métodos para Exames protoparasitológico de Fezes (PPF).


Revisão para Avaliação.

19º 09/06 AVALIAÇÃO UNIFICADA

20º 16/06 Correção da Avaliação. Recuperação.

21º 23/06 Encerramento do semestre.

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1– Apresentação da disciplina - Introdução a Parasitologia – Termos técnicos


utilizados em Parasitologia. Ação dos parasitas sobre o hospedeiro, Reações
do hospedeiro contra os parasitas, Portas de entrada para o parasita,
Nomenclatura dos parasitas.

PARASITOLOGIA HUMANA

Introdução

DEFINIÇÃO:

É o estudo da morfologia e biologia dos parasitas para o conhecimento de suas


patologias, diagnóstico e profilaxia das doenças parasitárias.

TERMOS TÉCNICOS USADOS EM PARASITOLOGIA MÉDICA

AGENTE ETIOLÓGICO – é o agente causador ou responsável pela doença.


AGENTE VETOR – é o agente transmissor da doença.
CEPA – linhagem ou grupo de um agente causal (vírus, bactéria, fungo, protozoário
ou helminto) dentro de uma espécie ou variedade e que possui características
próprias.
ECTOPARASITA – parasita que vive externamente ao corpo do hospedeiro.
ENDOPARASITA – parasita que vive internamente ao corpo do hospedeiro.
HOSPEDEIRO – indivíduo que alberga um parasita, qualquer ser vivo que esteja
parasitado
ENDEMIA – aplica-se o termo à uma moléstia que ocorre mais ou menos
constantemente em uma certa área.
EPIDEMIA – surto extenso ou período de incidência exageradamente elevado de
uma moléstia em uma comunidade ou região.
EPIDEMIOLOGIA – estudo da ocorrência e distribuição de uma doença.
FÔMITE – objetos capazes de transmitir doenças.
PARASITA: Parasitas são organismos que vivem em um hospedeiro e sobrevive às
suas custas, de maneira permanente, periódica ou ocasional. Os parasitas podem
estar presentes dentro ou sobre o corpo do hospedeiro.
PARASITEMIA – presença do parasita no sangue circulante do hospedeiro.
PARASITA MONOXÊNICO – faz sua evolução apenas em um hospedeiro
chamado definitivo.
PARASITA HETEROXÊNICO – faz sua evolução em dois ou mais hospedeiros,
sendo um intermediário e um definitivo.
PORTADOR SÃO – indivíduo sadio que não exibe sinais ou sintomas da doença, mas
é capaz de disseminá-la.
PROFILAXIA – prevenção da doença. Medidas que auxiliam ou evitam a instalação
ou a difusão da doença.
RESERVATÓRIO – organismo vivo que suporta o crescimento de um agente causal
mantendo a infecção e a transmissão, sendo que este agente tem pouca ou nenhuma
ação patogênica para o reservatório.

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Ação dos parasitas sobre o hospedeiro:

Espoliativa – absorção de sangue e/ou nutrientes do hospedeiro (Ancilostomídeo).


Tóxica – produção de enzimas ou metabólitos que possam lesar o hospedeiro (S.
mansoni)
Mecânica – impedimento do fluxo de alimentos ou absorção alimentar
(enovelamento do A. lumbricóides).
Traumática – úlceras intestinais e gástricas (Ancilostomídeo)

Reações do hospedeiro contra os parasitas

Celulares: No local onde se encontra o parasita. É desencadeada por macrófagos.


Ocorre atrofia ou hipertrofia do tecido lesado, aumentando ou diminuindo o
número de células no local.

Humorais: Há produção de anticorpos em decorrência da presença do parasita ou


das toxinas produzidas por ele.

Portas de entrada para o parasita


• De pessoa a pessoa
• Ingestão
• Pela pele
• Pelas vias genitais
• Transmitidos por vetores ou hospedeiros intermediários
• Mecanismos diversos = por ex.: larvas de moscas

Nomenclatura dos parasitas: binominal

Exemplos: Giardia lamblia

Gênero espécie

Áscaris lumbricóides

A parasitologia clínica aborda os principais parasitas de interesse médico, os quais


são divididos em 3 grupos (Filos):

A) Protozoários
B) Helmintos
C) Artrópodes de interesse médico

Os protozoários são unicelulares, enquanto os helmintos e


artrópodes são organismos multicelulares.

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No decorrer da disciplina de parasitologia estudaremos os protozoários e os


helmintos.

2- PROTOZOOSES

Protozooses são doenças causadas por protozoários. Algumas protozooses


ocupam posição de destaque entre as principais endemias brasileiras, como a malária,
a doença de Chagas e a amebíase.

Morfologia dos protozoários em geral:

• Cisto: multinucleado, imóvel, não se alimenta, não se reproduz - estágio


infectante

• Trofozoíto: Móvel, alimentação por fagocitose e pinocitose, reprodução por divisão


binária – estágio invasivo

PROTOZOOSES INTESTINAIS

AMEBAS

• Gênero Entamoeba

Entamoeba histolytica:

Patogênica. Seus cistos possuem até 4 núcleos

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Entamoeba coli:

Comensal. Seus cistos possuem 6 a 8 núcleos.

• Gênero Endolimax

Endolimax nana: Comensal. Seus cistos possuem 4 nucleos. É a menor espécie de


ameba

• Gênero Iodamoeba

Iodamoeba bütschlii. Comensal. Possui um grande vacúolo glicogênio, que se cora


de castanho na presença do Lugol.

AMEBÍASE

O agente etiológico da amebíase é a Entamoeba histolytica. Este protozoário


chega até o homem através da água e alimentos contaminados.
Os trofozoitos da Entamoeba histolytica parasitam principalmente o intestino
grosso do homem, provocando ulcerações e se alimentando de glóbulos vermelhos.

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Sintomatologia: Fezes líquidas, às vezes com sangue, fortes dores abdominais,


náuseas, vômitos. A principal complicação dessa parasitose é o Abcesso hepático
amebiano
Diagnóstico laboratorial das amebíases:

Diagnóstico parasitológico: 3 amostras de fezes recém-emitidas.

Pesquisa de Trofozoítos - Fezes liquefeitas ou diarréicas

• Exame direto: à fresco corado com lugol - permite observar a morfologia e


motilidade dos trofozoítos

Pesquisa de Cistos - Fezes formadas


• Métodos de Hoffman e Faust
• Preparações coradas: Hematoxilina Férrica

Diagnóstico de abcesso hepático amebiano:


• Pesquisa de anticorpos
• Ultrassonografia
• Tomografia computadorizada

Profilaxia: Higiene pessoal e dos alimentos, melhores condições de saneamento


básico, tratamento dos indivíduos parasitados, educação sanitária.

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GIARDÍASE

O agente etiológico dessa protozoose é a Giardia lamblia ou Giardia intestinalis, um


protozoário que, em sua fase trofozoítica se movimenta por meio de flagelos. A
parasitose ocorre pela ingestão de água e alimentos contaminados.

Cisto de Giardia lamblia. Ovalados ou arredondados com quatro núcleos

Os seus trofozoítos se alojam no jejuno-íleo e, frequentemente, sobem pelo


canal colédoco alcançando a vesícula biliar, dificultando o tratamento.

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Sintomas: Diarréia, cólicas abdominais, sensação de distensão abdominal. Em


casos mais graves, perda de peso e desidratação.

• Complicação: Atapetamento => Pode haver má absorção de gordura e de


vitaminas lipossolúveis.

• Infecções assintomáticas (sintomas repentinos e passageiros) – indivíduos


potencialmente transmissores.

Diagnóstico laboratorial:

Diagnóstico parasitológico: 3 amostras de fezes recém-emitidas.

Pesquisa de Trofozoítos - Fezes liquefeitas ou diarréicas

• Exame direto: à fresco corado com lugol - permite observar a morfologia e


motilidade dos trofozoítos

Pesquisa de Cistos - Fezes formadas

• Métodos de Hoffman e Faust

Profilaxia: Higiene pessoal e dos alimentos, melhores condições de saneamento


básico, tratamento dos indivíduos parasitados, educação sanitária.

3 - Protozooses Teciduais e Sanguíneas: Tricomoníase e Toxoplasmose

TRICOMONÍASE

O agente etiológico da tricomoníase é o Trichomonas vaginalis, um protozoário


flagelado, não possuindo fase cística, ou seja, só é encontrado na forma trofozoítica.

Em mulheres provoca um processo inflamatório vaginal (vaginite), com fluxo e


corrimento, podendo apresentar ardência e coceira na vulva.
O contágio se dá de forma direta pelo ato sexual. O homem pode manter-se
infectado assintomático e, dessa maneira a mulher, já curada da doença, após o

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tratamento volta a se contaminar por meio. Outra forma de se contaminar (menos


frequente) é pelo uso comum de roupas íntimas e toalhas.

ciclo evolutivo da trcomoníase

Diagnóstico, Tratamento e prevenção da tricomoníase:

O diagnóstico é feito pela observação à fresco do parasita ao microscópio óptico


em amostras de secreção vaginal e uretral. Os trofozoitos de Trichomonas vaginalis
apresentam movimentos circulares característicos. Uma única dose de metronidazol
cura até 95 % das mulheres infectadas, desde que os seus parceiros sexuais recebam
tratamento simultaneamente.

Profilaxia: Como prevenção deve-se usar preservativos durante as relações


sexuais.

TOXOPLASMOSE

O agente etiológico da toxoplasmose é o Toxoplasma gondii.

Ciclo Biológico: O homem é o hospedeiro intermediário no qual o parasita se


reproduz assexuadamente.
O gato é o hospedeiro definitivo no qual existem os dois ciclos reprodutivos
(sexuado e assexuado).
O ciclo inicia-se pela ingestão de cistos presentes em carne (por exemplo de
porco, rato ou coelho) pelos animais. O parasita replicase assexualmente nos
enterócitos (células da mucosa intestinal) do animal, diferenciando-se alguns em
formas sexuais, os gametas, por meiose.
Os gametas masculino e feminino, descendentes do mesmo parasita ou de dois
diferentes, fundem-se dando origem aos oocistos (produzidos no epitélio intestinal
dos felídeos) Os oocistos são expulsos com as fezes dos animais após cerca de nove
dias (cada gato expulsa mais de 500 milhões de oocistos em
cada defecação).

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No exterior, sofre esporulação, forma altamente resistente que, pode durar


cinco anos em condições úmidas. Se ingeridos pelo hospedeiro intermediário (homem
ou rato, por exemplo) são ativados em taquizoítas (tachys = rápido: forma que
apresenta rápida multiplicação, responsável pela fase aguda da infecção).
Os taquizoítas multiplicam-se por mitose nas células do hospedeiro
intermediário (e também do gato), rompem estas células, invadem outras células e
são arrastados pela corrente sanguínea distribuindo-se pelo corpo. Na medida em que
se produz a resposta imune, os taquizoítas reproduzem-se cada vez mais lentamente,
modulando-se em bradizoítas que se organizam em cistos teciduais.
Os bradizoítas (bradys = lento: encontrado no interior de cistos
teciduais, multiplica-se lentamente, responsável pela forma crônica da
infecção). Os bradizoítas não rompem a célula hospedeira, a qual apenas se dilata.
Se um rato, por exemplo, contendo cistos em seu tecido muscular for devorado por
um gato, os cistos liberam os parasitas dentro do seu intestino, reiniciando o
ciclo no gato.

Os cistos perduram pelo resto da vida do hospedeiro.

Se houver uma queda imunitária, o cisto pode se romper, os bradizoítas


viram taquizoítas e a infecção aguda recomeça.

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Transmissão

O Toxoplasma gondii pode ser transmitido ao homem por diversas maneiras:

1. Ingestão de carne mal cozida contendo cistos de Toxoplasma;


2. Ingestão de oocistos provenientes de mão contaminada por fezes ou alimento e
água;
3. Transmissão transplacentária;
4. Inoculação acidental de taquizoítos ou pela ingestão de oocistos infectantes na
água ou alimento contaminado com fezes de gato;
5. Inalação de oocistos esporulados;
6. Transfusão de sangue e transplante de órgãos de um doador infectado (condição
rara).

Progressão e Sintomas da toxoplasmose

O Taquizóito invade as células humanas (macrófagos, células musculares e


cerebrais) e se reproduz por mitose. Após ruptura da célula, os parasitas invadem
novas células. Na maioria dos casos o sistema imune combate os parasitas livres,
mas em indivíduos imunodeprimidos a infecção pode ser grave, podendo levar
a um processo de toxoplasmose cerebral.
Se a infecção se der durante a gravidez os parasitas podem atravessar a
placenta e infectar o feto, o que pode levar a abortos e a malformações
(hidrocefalia, neuropatias e oftalmopatias). No entanto, se a infecção ocorrer antes
do inicio da gravidez não há qualquer perigo, mesmo que existam cistos (Bradizoítas).
As estruturas dos cistos são derivadas da célula que infectou, forte e resistente
e cheia de líquido. Os cistos permanecem viáveis por muitos anos, mas não se
disseminam devido à imunidade do hospedeiro. Como complicação da doença, pode
ocorrer de, em situação de imunoficiencia (transplantes de orgãos, doenças auto-
imunes), os bradizoítas crescerem mais rápido e afetarem as estruturas em que se
situam, mais frequentemente músculos, cérebro, coração ou retina.

Diagnóstico e Tratamento da toxoplasmose

O diagnóstico se dá pela detecção dos anticorpos específicos contra o


parasita (incluindo tipos de anticorpos, como IgM, que só existem nas fases agudas).
Na maioria dos casos não é necessário tratamento já que o sistema imunitário
geralmente resolve o problema. Na gravidez ou em imunodeprimidos usa-se
espiramicina, pirimetamina, sulfadiazina.

Prevenção da toxoplasmose

As mulheres grávidas devem evitar o contato com animais e carnes cruas e mal
cozidas durante a gravidez.
No caso dos gatos, lavar as caixas de areia frequentemente e não permitir que
esses animais se alimentem de animais selvagens, como ratos e pássaros.

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3.1 – Atividade – Responda as questões abaixo:

1) O ser vivo que além de abrigar, serve 5) Sobre a morfologia dos protozoários
de alimento para outro ser vivo é assinale a alternativa incorreta:
denominado: a) Têm dimensões microscópicas e
a) parasita são menores que as bactérias.
b) agressor b) Apresentam grandes variações,
c) hospedeiro conforme sue fase evolutiva e meio
d) agente infeccioso a que estejam adaptados.
e) inquilino c) Podem ser esféricos, ovais ou
mesmo alongados. Alguns são
2) Como se denomina a forma ativa, revestidos de cílios, outros possuem
móvel, de nutrição dos protozoários? flagelos, e existem ainda os que não
a) Cisto possuem nenhuma organela
b) Larva locomotora especializada.
c) Gameta d) O trofozoíta é a forma ativa do
d) Trofozoíto protozoário, na qual ele se alimenta
e se reproduz, por diferentes
3) Na pesquisa de Entamoeba histolytica processos.
nos exames de fezes, buscamos e) O cisto é a forma de resistência ou
encontrar nas fezes líquidas e nas fezes inativa. O protozoário secreta uma
formadas, respectivamente: parede resistente (parede cística)
a) Cistos e trofozoítos. que o protegerá quando estiver em
b) Trofozoítos e cistos. meio impróprio ou em fase de
c) Trofozoítos e ovos. latência.
d) Ovos e cistos.
6) Sobre os protozoários, assilane V
4) São medidas preventivas para se para as alternativas verdadeiras e F para
evitar disenterias como a amebíase: as alternativas falsas:
a) Saneamento básico, uso de instalações
( ) Organismos pluricelulares eucariontes. (
sanitárias, lavar bem os alimentos
) Possui núcleo individualizado envolvido
ingeridos crus e só beber água tratada.
pela carioteca, além de mitocôndrias,
b) Usar telas nas janelas, evitar água doce
lisossomos, retículo endoplasmático, etc.
parada em vasos, pneus ou outros
( ) A grande maioria possui estruturas para
recipientes que possam ser depósitos de
locomoção e captura de alimentos, como os
ovos de agentes transmissores.
pseudópodes, os flagelos e os cílios.
c) Utilizar seringas descartáveis e uso de
( ) Nutrição mais comum é a autotrófica.
preservativos durante as relações
( ) Reprodução mais comum é a
sexuais.
cissiparidade ou bipartição.
d) Isolamento dos doentes e tratamento
com antibióticos.
7) DEFINA OS TERMOS ABAIXO:
e) Construções de alvenaria e evitar
a) Hospedeiro definitivo:
desmatamentos.

b) Hospedeiro Intermediário:

c) Cisto:

d) Trofozoíto:

e) Fômite:

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8) Explique as ações dos parasitas sobre o hospedeiro:

a) Espoliativa:

b) Tóxica:

c) Mecânica:

d) Traumática:

9) Indique as portas de entrada dos parasitas nos seres humanos.

10) O que significa o termo protozoários? Exemplifique.

11) Descreva o ciclo biológico da Amebíase e da Giardíase especificando os seus agentes


etiológicos.

12) Escreva a profilaxia para Amebíases e Giardíases.

13) Descreva o ciclo biológico e a profilaxia da Tricomoníase.

14) Indique o agente etiológico da toxoplasmose, diagnóstico laboratorial e formas de


prevenção.

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4 - Protozoários Sanguíneos e Teciduais: Malária, Doença de Chagas.

MALARIA

Os agentes etiológicos da malária são os protozoários do gênero Plasmodium.


Conhecida por diversos nomes, como maleita, paludismo, impaludismo e febre
intermitente é uma das mais importantes endemias brasileiras.
A malária é transmitida ao homem pela picada do mosquito fêmea do gênero
Anopheles. No mosquito, algumas células do plasmodium, procedem como gametas,
fundem-se e formam os esporozoitos (reprodução sexuada), que se alojam nas
glândulas salivares do mosquito. Ao picar um indivíduo para se alimentar, o mosquito
injeta os esporozoítos.
No Homem, os esporozoitas migram para as hemácias e passam por um ciclo
assexuado, onde se multiplicam até destruí-las. Cada vez que ocorre a hemólise
(ruptura de um grande número de hemácias), o paciente revela um surto febril,
podendo chegar a 41ºC, com tremores incontroláveis, calafrios intensos, seguidos,
depois de ondas de calor com profunda sudorese.

Espécies de Plasmodium

• Plasmodium malariae = surtos febris de 72 em 72 horas (febre quartã). Forma


benigna da malária.

• Plasmodium vivax = surtos febris de 48 em 48 horas (febre terçã). Também é uma


forma benigna.

• Plamodium falciparum = surtos febris de 24 em 24 horas (febre terçã maligna). A


forma mais grave.

O tratamento e a profilaxia são feitos com medicamentos à base de quinino e


sulfonamidas.

A pulverização de córregos, lagoas e poças de água parada com inseticida é uma


maneira de combate ao mosquito.

Diagnóstico Laboratorial da Malária

Demonstração do parasita ou de seus antígenos em sangue periférico

• Gota espessa - É o método adotado oficialmente no Brasil para o diagnóstico da


malária. Mesmo após o avanço de técnicas diagnósticas, este exame continua sendo
um método simples, eficaz, de baixo custo e fácil realização. Sua técnica baseia-se
na visualização do parasito através de microscopia óptica, após coloração com
corante vital (azul de metileno e Giemsa), permitindo a diferenciação específica dos
parasitos a partir da análise da sua morfologia, e pelos estágios de desenvolvimento
dos parasitas encontrados no sangue periférico.

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• Esfregaço delgado - Possui baixa sensibilidade (estima-se que, a gota espessa é


cerca de 30 vezes mais eficiente que o esfregaço delgado na detecção da infecção
malárica). Porém, o esfregaço delgado é o único método que permite, com facilidade
e segurança, a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua
morfologia e das alterações provocadas no eritrócito infectado.

• Testes rápidos para detecção de componentes antigênicos de plasmódio -


Testes imunocromatográficos representam novos métodos de diagnóstico rápido de
malária. Realizados em fitas de nitrocelulose contendo anticorpo monoclonal contra
antígenos específicos do parasita. Apresentam sensibilidade superior a 95%
quando comparado à gota espessa.

TRIPANOSSOMÍASE (Doença de Chagas)

O agente etiológico da tripanossomíase é o protozoário flagelado


Trypanosoma cruzi, descoberto em 1909 pelo cientista brasileiro, Carlos Chagas.
O Trypanosoma cruzi necessita em seu ciclo biológico, passar pelo intestino de
um inseto hematófago do gênero Triatoma, conhecido popularmente como barbeiro
ou chupança.
Ao picar o homem para alimentar-se de seu sangue, o Triatomídeo elimina junto
com suas fezes o protozoário.
Ao penetrar na pele, o Trypanosoma cruzi alcança a circulação sanguínea, se
fixando em diversos órgãos, mais freqüentemente o coração. A doença tem evolução
lenta, caráter crônico, levando, às vezes muitos anos para ocasionar a morte do
doente, por insuficiência cardíaca progressiva.

A morfologia do T. cruzi é diversa conforme a fase evolutiva e o hospedeiro


(vertebrado e invertebrado).

Nos tecidos do Homem: forma amastigota.

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No vetor e líquidos intersticiais do Triatoma vertebrado: forma epimastigota.

No sangue do Homem: forma tripomastigota.

Outras formas de transmissão da tripanossomíase

A penetração do parasita, também se dar através da mucosa conjuntiva, quando


leva a mão contaminada pelas vezes do percevejo aos olhos, por transfusão
sanguínea e pela placenta durante a gravidez, atingindo o feto.

Diagnóstico laboratorial da tripanossomíase

• Na fase inicial (aguda) - Exame direto em gota espessa corada por Giemsa.

• Na fase tardia (crônica) - número de tripanossomas no sangue está muitíssimo


reduzido

• Pesquisa de anticorpos (Reação de Fixação do Complemento,


imnofluorescência, hemaglutinação (a partir de sangue venoso ou com
pequenas gotas retiradas por picada na ponta do dedo e colhidas em
tiras de papel de filtro),

• Hemocultura

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• PCR (Polymerase Chain Reaction) – que permite ampliar frações de


moléculas de DNA do parasita.

Medidas de prevenção

As principais medidas preventivas consistem em substituir as moradias de


barro e madeira por outras de tijolos, que não tenham frestas onde o Triatoma possa
se esconder, usar mosquiteiros em regiões endêmicas.

5 - Protozoários sanguíneos e teciduais: Leishmaniose cutânea e visceral.

LEISHMANIOSE

Doença causada pelo protozoário flagelado do gênero Leishmania, parasita de


células fagocitárias de mamíferos, causando lesões na pele e mucosas dos lábios e
nariz. Necessita de um vetor, a fêmea do mosquito do gênero Phlebotomus e
Lutzomyia.

As Leishmanias são protozoários que se apresentam sob duas formas celulares:

Flagelada ou promastigota, encontrada no inseto vetor.


Forma infectante

Sem flagelos ou amastigota, parasita dos macrófagos

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Há várias espécies de Leishmania No Brasil são encontradas:

1. Leishmania chagasi: Causadora da Leishmaniose Visceral Americana (LVA) ou


Calazar.
Neotropical: forma em que os parasitas apresentam acentuado tropismo pelo sistema
fagocítico mononuclear do baço, fígado, medula óssea e dos tecidos linfóides;

2. Leishmania braziliensis: causadora da Leishmaniose Tegumentar Americana


(LTA), denominação que abrange as formas:

• cutânea: forma que apresenta exclusivamente lesões cutâneas ulcerosas ou não,


porém limitadas;

• cutâneo-mucosa: forma em que aparecem frequentemente lesões destrutivas das


mucosas nasobuco-faringeanas;

• cutâneo-difusa: forma disseminada cutânea que se apresenta em indivíduos


anérgicos ou, tardiamente, em pacientes tratados da forma visceral.

Por serem morfologicamente muito parecidas, às vezes mesmo indistinguíveis,


a classificação das espécies de Leishmania causadoras dos diferentes tipos de
afecções que afetam o homem apresenta grande dificuldade.

Reservatórios: São mamíferos silvestres, roedores, canídeos, marsupiais, ratos,


gambás, raposas, tamanduás e bichos-preguiça, e também cães e cavalos variando
conforme o tipo de leishmaniose considerada.

Progressão e sintomas da leishmaniose

Uma infecção por leishmanias pode tomar dois cursos:

Na maioria dos casos o sistema imunitário reage eficazmente pela produção


de uma resposta citotóxica que destrói os macrófagos portadores de leishmanias.
Nestes casos a infecção é controlada e os sintomas leves ou inexistentes, ocorrendo
a cura espontânea ou desenvolvendo apenas manifestações cutâneas.

No entanto, se a resposta imunitária for humoral (produção de anticorpos), não


será eficaz a destruir as leishmanias que se “escondem” no interior dos macrófagos,
fora do alcance dos anticorpos. Nestes casos a infecção poderá se desenvolver como
uma doença visceral grave, ou manifestações mucocutâneas mais agressivas e
crônicas. Um indivíduo imunodeprimido não reage com nenhuma resposta imunitária
eficaz e desenvolvem progressões muito mais perigosas e rápidas com qualquer dos
patógenos.

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Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico se dá pela observação direta microscópica dos parasitas em


amostras de linfa, amostras sanguíneas ou de biópsias de baço, após cultura ou por
detecção do seu DNA ou através de testes imunológicos, como a Reação de
Montenegro.

O tratamento é feito de pôr administração de compostos antimoniais, pentamidina,


marbofloxacino anfotericina ou miltefosina.

A prevenção se faz por redes ou repelentes de insetos, pela construção de moradias


humanas distantes da mata silvestre e pela erradicação dos Phlebotomus
/Lutzomyia.

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5.1 - ATIVIDADE

1) Ocorrem várias formas de transmissão dos parasitos ao homem. A ingestão de alimentos e


água contaminados são as principais fontes para os parasitos intestinais. Com relação àqueles
tissulares e sanguíneos, apesar dessas fontes serem consideradas, outras fontes são mais
comuns. A transmissão de parasitas exercida pelos chamados vetores biológicos ocorre nas
seguintes doenças:

a) Tricomoníase, Calazar e Malária.


b) Doença de Chagas, Giardíase e Leishmanioses.
c) Teníase, Doença de Chagas e Leishmanioses.
d) Calazar, Malária e Doença de Chagas.
e) Filariose, Tricomoníase e Malária.

2) O jornal Folha de S.Paulo noticiou em 29.07.2006 que moradores de Santarém, no Pará, foram
contaminados por mal de Chagas após terem ingerido um suco de frutas que continha fezes de
barbeiro ou o próprio animal triturado. Uma das pessoas faleceu. Fato semelhante ocorreu em
Santa Catarina em março do ano passado.
A partir dessa notícia, um dos leitores elaborou as afirmações seguintes:

I. Essa doença, endêmica de algumas regiões do Brasil, pode vir a se tornar uma epidemia,
principalmente por meio do mecanismo de transmissão relatado pelo jornal.
II. Na transmissão por ingestão do protozoário, a infestação é direta, tirando do ciclo um dos vetores
da doença.
III. A pessoa que morreu já era portadora do protozoário, pois a doença leva à morte nos casos em
que existe reinfestação do hospedeiro definitivo.
IV. Certamente existem outras pessoas infectadas com o mal de Chagas em Santarém, caso
contrário, a doença não teria aparecido.

Estão corretas somente as afirmações:

a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e IV.
e) III e IV.

3) A Doença de Chagas ainda é um grande problema de saúde pública em nosso país. O controle se
torna difícil pelas diversas formas de contaminação da doença ao homem, quando as formas
infectantes, tripomastigotas sanguíneos ou metacíclicos podem atingir as mucosas humanas,
transitar de um sangue contaminado a outro ou penetrar através da solução de continuidade deixada
pela picada do inseto, chegando na circulação sanguínea. Nesse contexto,
a) vetorial, transfusional e congênita.
b) transfusional, congênita, vetorial e ingestão de alimentos contaminados.
c) ingestão de alimentos contaminados, vetorial e transfusional.
d) congênita, vetorial e ingestão de alimentos contaminados.
e) vetorial e transfusional.

4) Uma pesquisa realizada pela Escola de Enfermagem da UFMG revelou a ocorrência de altos
índices de leishmaniose visceral humana na Região Nordeste de Belo Horizonte. É CORRETO
afirmar que esses altos índices de leishmaniose podem ser explicados por:
a) presença de caixas d’água destampadas.
b) aumento da população de hospedeiros contaminados.
c) ausência de tratamento adequado de esgoto.
d) existência de casas sem reboco ou de tábua.

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5) O agente etiológico da malária ou maleita é


a) o Plasmodium falciparum, um protozoário.
b) o Schistosoma mansoni, um platelminto.
c) um mosquito do gênero Aedes.
d) a 'Wuchereria bancrofti', um nematódio.
e) a Leishmania brasiliensis, um protozoário.

6) Considere as seguintes afirmações a respeito de medidas profiláticas às doenças


parasitárias:

I. As verduras que são ingeridas cruas, em saladas, devem ser bem lavadas e mergulhadas em água
clorada.
II. O tratamento dos doentes é importante para eliminar as fontes de contágio.
III. A utilização de inseticidas nas moradias permite a destruição dos agentes transmissores.
IV. As construções de instalações sanitárias adequadas são medidas eficientes na erradicação de
inúmeras doenças.

Para o caso da malária, assinale a alternativa que reúne as afirmações corretas.


a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

7) Sobre os protozoários, assilane V para as alternativas verdadeiras e F para as alternativas


falsas:

( ) Organismos pluricelulares eucariontes.


( ) Possui núcleo individualizado envolvido pela carioteca, além de mitocôndrias, lisossomos, retículo
endoplasmático, etc.
( ) A grande maioria possui estruturas para locomoção e captura de alimentos, como os
pseudópodes, os flagelos e os cílios.
( ) Nutrição mais comum é a autotrófica.
( ) Reprodução mais comum é a cissiparidade ou bipartição.

8) ''A contaminação do reservatório de água de Santa Isabel do Ivai (PR) provocou 375 casos de
toxoplasmose. A doença fugiu ao controle das autoridades sanitárias do município de 9154
habitantes, que teve 375 casos confirmados e 743 notificações. Essa doença pode causar
aborto, deficiências neurológicas e visuais. Alguns gatos tinham um ninho na estação de
tratamento de água da cidade. ''
Adaptado de "Folha de São Paulo", 24/02/2002.

A I , na referida cidade, pode ter sido provocada por contaminação do sistema de


abastecimento de água. Os gatos, encontrados na estação, agem como hospedeiros II
do causador da doença, que é III .

Os espaços I, II e III devem ser preenchidos, correta e respectivamente por:


a) epidemia, definitivos e um protozoário.
b) epidemia, definitivos e uma bactéria.
c) endemia, intermediários e um protozoário.
d) endemia, definitivos e um protozoário.
e) epidemia, intermediários e uma bactéria.

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9) Trichomonas vaginalis pode ser reconhecido em amostras de urina ou no exsudato vaginal


ou prostático devido:
a) Ao seu tamanho.
b) À presença de núcleo excêntrico.
c) À presença de dois núcleos.
d) À sua motilidade espasmódica.

10) Qual o melhor conceito para parasitismo:


a) É a associação entre seres vivos em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos
associados prejudicado pela associação.
b) É a associação entre seres vivos, em que existe mutualismo, sendo todos os associados
beneficiados.
c) É a associação entre seres vivos, em que existe mutualismo, sendo um dos associados
prejudicado pela associação.
d) É a associação entre seres vivos, em que existe canibalismo entre os associados.

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6 - Método de Faust e Método de Hoffmann & Janer – TEORIA da PRÁTICA

Método de Faust e Colaboradores

Princípio – Centrífugo-flutuação em Sulfato de Zinco (ZnSo4) a 33% com densidade


1.180

➢ Adicionar cerca de 2 gramas de fezes em um bequer ou borrel contendo água


. Homogeinizar a mistura.
➢ Por meio de um funil, com uma gaze dobrada em 4, filtrar a mistura para um
tudo de Wassermam de 16 x 10.
➢ Centrifugar o material durante 1 minuto a 2.500 r.p.m..
➢ Desprezar o sobrenadante, homogeinizar a mistura a completar com água e
centrifugar novamente, proceder assim, até que o líquido sobrenadante
apresente-se claro e transparente.
➢ Decantar o líquido, homogeneizar a solução de Sulfato de Zinco e centrifugar a
2.500 r.p.m. durante 1 minuto.
➢ Com uma alça de platina ou cromo-níquel retirar uma gota da superfície do
líquido e colocar sobre uma lâmina.
➢ Adicionar uma gota de lugol ao material a ser examinado e cobrir com uma
lamínula ( 24 x 32 mm), observar ao microscópio.

Finalidade do método: este método é utilizado para a pesquisa de cistos de


protozoários e ovos de leves de helmintos.

Método de Hoffmann & Janer

Princípio – Sedimentação espontânea em água.

➢ Adicionar cerca de 2 gramas de fezes em um bequer ou borrel contendo água.


Homogeneizar o material;
➢ Coar esta suspensão em funil de vidro através de uma gaze dobrada em quatro
e recolher o material em um recipiente cônico apropriado ( copo de
sedimentação), no qual a sedimentação, em geral após 1 à 24 horas;
➢ Recolher do fundo do copo cerca de 50mm3 de sedimento utilizando uma
pipeta Pasteur ou um canudo tampando-o com o dedo indicador;
➢ Depositar o sedimento em lâmina, adicionar 1 gota de lugol, cobrir com uma
lamínula e observar ao microscópio.

Finalidade: É utilizado para evidenciar ovos pesados de helmintos quando a


sedimentação ficar por um período de tempo de no mínimo uma hora, e para os ovos
leves de helmintos e cistos de protozoários quando a sedimentação for por um período
de 24 horas.

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7. HELMINTOS

Os helmintos constituem um grupo muito numeroso de animais, incluindo


espécies de vida livre e também de vida parasitária, são vermes pluricelulares que
se subdividem em dois ramos: platelmintos e nematelmintos.

7.1 PLATELMINTOS

O filo dos Platelmintos é composto por vermes que apresentam simetria


bilateral e corpo achatado dorso-ventralmente. Podem ser de vida livre,
ectoparasitos ou endoparasitos. Estes vermes possuem algumas características
gerais: presença de sistema digestivo incompleto, de modo que a digestão é feita
de forma intra e extracelular; ausência de sistema circulatório e respiratório, e
presença de sistema excretor. Os representantes deste filo são divididos em duas
classes: a classe Cestoda e a classe Trematoda.

Os vermes da classe Cestoda são conhecidos como vermes cestóides. São


endoparasitos desprovidos de epiderme, cavidade geral e sistema digestório,
apresentando o corpo segmentado. Os vermes mais estudados da classe Cestoda
pertencem ao gênero Taenia, possuindo duas espécies: A Taenia saginata, verme
que infecta bovinos causando a teníase, e também a Taenia solium, que
infecta suínos, podendo causar teníase e cisticercose. A tênia é um parasita
conhecido popularmente como solitária, devido ao fato deste parasita ser
competitivo pelo seu habitat, ser monóico (não possuindo sexos separados), e por
possuir estruturas para autofecundação.

Já os vermes da classe Trematoda são conhecidos como trematódeos, e


diferentemente dos vermes cestóides, não apresentam segmentação no corpo e
apresentam sistema digestório incompleto (ausência de ânus). Um dos
representantes da classe trematoda é o verme Schistosoma mansoni, causador da
Esquistossomose, doença popularmente conhecida como barriga d’água.
A esquistossomose pode ser contraída principalmente em lagos contaminados, e o
verme necessita de um hospedeiro intermediário (caramujos, caracóis ou lesmas)
para atingir seu hospedeiro definitivo, o homem.

7.1.1. ESQUISTOSSOMOSE

• Representa, ainda hoje, um dos mais importantes problemas de saúde


pública no Brasil.
• Correntes migratórias internas: expansão da doença, ameaçando regiões
ainda não comprometidas.
• Três espécies têm importância médica no mundo: Schistosoma mansoni,,
Schistosoma haematobium e Schistosoma japonicum.
• Brasil: Causada por Schistosoma mansoni.

Manifestações ocorrem cerca de 5 a 7 semanas após a infecção: febre; mal


estar; exantema; náusea; dor abdominal; diarréia mucosanguinolenta;
hepatomegalia.

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EPIDEMIOLOGIA

Pessoas mais sujeitas à contaminação por S. mansoni: as que tem contato


frequente (10-15 minutos), com água contendo CERCÁRIAS, oriundas dos
caramujos, que vivem em coleções de água doce, córregos, piscinas, represas, etc.
A infecção do ser humano se dá nas horas mais quentes do dia (ação dos
raios solares), tornam as cercárias mais ativas, facilitando a sua PENETRAÇÃO NA
PELE.

Hospedeiro Intermediário: planorbídeo (caramujo).

Brasil, 03 espécies:

Biomphalaria glabrata,
B. tenagophila,
B. straminea

OBS: Por exemplo, valas destinadas à cultura de agrião são irrigadas com
águas contaminadas com fezes humanas de portadores de esquistossomose,
constituem grandes focos, os caramujos proliferam muito nessas culturas, e os
agricultores permanecem nesse local para colheita e replantio ocorrendo assim a
contaminação ou recontaminação.

MORFOLOGIA

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Fig: morfologia do macho e fêmea de S. mansoni

Fig : Schistossoma mansoni - cercária.

Fig : Schistossoma mansoni - extremidade anterior do macho; notar as ventosas.

Fig Schistossoma mansoni - fêmea.

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Fig: Schistossoma mansoni - fêmea dentro do canal ginecóforo do macho.

Fig : Schistossoma mansoni - ovos.

CICLO BIOLÓGICO

O S. mansoni penetra no organismo humano na forma de cercárias


(ATRAVÉS DA PELE), provocando exantema papular pruriginoso passageiro
(despercebido). Após penetração, aa cercarias caem no fluxo sanguíneo e passam
pelos pulmões, em seguida, alojam-se no plexo venoso do intestino onde o verme
atinge a sua maturidade no SISTEMA PORTA, acasalam-se e as fêmeas iniciam a
ovopostura.

O ovo pode seguir 3 caminhos no organismo:

a. Ser eliminado com fezes, eclode na água liberando um embrião ciliado, o


MIRACÍDIO, que infecta o caramujo e evolui até forma infectante, a CERCÁRIA,
que é eliminada na água.

b. Ficar retido na mucosa intestinal.

c. Seguir corrente sanguínea para outros locais, especialmente o FÍGADO.

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Esquistossomose no Brasil associada a outras patologias: parasitoses


intestinais, alcoolismo e desnutrição. A carga parasitária e a concomitância com
essas patologias são fatores preponderantes no determinismo das formas graves.

Fig :Schistossoma mansoni - granuloma schistossomático em fígado, causado


pela presença de ovos do parasito (setas).

PATOGENIA

É decorrente das ações parasitárias das cercárias, dos adultos e dos ovos
nos organismos parasitados e variável conforme as características imunológicas de
cada indivíduo.
1 – As cercárias penetram nos organismos, indo à corrente sangüínea
levando à ações tóxicas por intermédio de suas secreções. No fígado e pulmões
sob a forma de esquistossômulo, provoca destruição tecidual, com aparecimento de
infiltrações celulares de eosinófilos, células epitelióides e gigantócitos.
2 – Os vermes adultos provocam obstrução e trauma dos vasos por ação
mecânica. Além disso, por ingestão de sangue, tem também uma ação espoliadora.
3 – Os ovos provocam reações inflamatórias com formação de granulomas e
lesões difusas.
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4 – Lesões no intestino principalmente no cólon, na alça sigmóide e no reto.


Lesões no fígado resultando em cirrose hepática, transudação peritoneal e ascite.

SINTOMATOLOGIA:

1 – Toxêmico: urticária, surtos febris, tosses, hipotensão e diarréias.


2 – Intestinal: diarréias disenterias, dor abdominal.
3 – Hepatointestinal: diarréias e fígado aumentado.
4 – Hepatoesplênica: sintomatologia intestinal, fígado aumentado e baço
ligeiramente aumentado.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:

1 – Métodos diretos: pesquisa de ovos nas fezes, em fragmentos da mucosa


retal e alça sigmóide.
2 – Métodos indiretos: intradermorreação e R.I.F.I (reação de
imunoflorescência indireta).
3 – Métodos subsidiários: hemograma (anemia e alta eosinofilia).
4 – Tratamento e profilaxia: antimoniacais, aminonitrotiazol, tioxantonas,
oxamniquine.

Como profilaxia recomenda-se o tratamento adequado das fezes humanas,


tratamentos dos portadores, combate e destruição dos hospedeiros intermediários,
educação sanitária orientando no sentido de evitar o contágio e tratamento de águas
para consumo humano.

7.1.2. TENÍASE E CISTICERCOSE

INTRODUÇÃO

• Ciclo heteroxênico

• Teníase e cisticercose: Doenças distintas causadas pela mesma espécie

• Teníase: fase ADULTA - Taenia solium; Taenia saginata: intestino.

• Cisticercose: fase de LARVA - tecidos do Hospedeiro Intermediário (Apenas


a espécie Taenia solium pode causar a Cisticercose).

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Teníase Cisticercose
Cysticercus cellulosae (T. solium)
a. Taenia solium:
a) Existe certa resistência natural do homem à
Hospedeiro Definitivo: Homem. invasão pelo Cysticercus bovis (T. saginata).

Hospedeiro Intermediário: Suíno. b) Cisticercose humana somente por T. solium.

Hospedeiros Anômalos: Homem, Cão e


Macaco.

*OBS.: O Homem eventualmente, pode ser


Hospedeiro definitivo e intermediário ao
mesmo tempo.

b. Taenia saginata:

Hospedeiro Definitivo: Homem.

Hospedeiro Intermediário: Bovino.

MORFOLOGIA: mais ou menos a mesma para as 2 espécies.

Tênia

a) Escólex ou cabeça: pequeno (mais ou menos 1mm de diâmetro); branco;


responsável pela fixação na mucosa intestinal (importante no diagnóstico).

01. T. solium: escólex com rostro (rostelo) armado com acúleos e 4 ventosas.

02. T. saginata: sem rostro; 4 ventosas.

*OBS.: rostro sai do meio das ventosas.

a) T. solium: 800-1.000 proglotes (+ ou – 3 m de comprimento).

b) T. saginata: + 1.000 proglotes (+ ou – 8 m de comprimento).

Ovo:

Praticamente iguais; forma ovóide (30-40 mm de diâmetro); cor marrom;


inteiro: massa grânulos com 3 pares de acúleos; casca: prismas quitinosos
cimentados.

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Cisticerco:

a. Cysticercus cellulosae (larva T. solium): escólex com 4 ventosas; rostro; colo e


vesícula com líquido.

b. Cysticercus bovis (larva T. saginata): única diferença do anterior: ausência de


rostro.

*OBS.: larva: até 12mm de comprimento - 4 meses após infecção.

Fig : Características para identificação das tênias humanas

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Taenia solium Taenia saginata

Ventosas Ventosas

Acúleos

Escólex: pequena dilação na extremidade mais delgada do helminto, destinada a


fixação do parasito no seu habitat intestinal.

CICLO BIOLÓGICO

Os ovos liberados após desintegração das proglotes grávidas no meio


externo ou eliminação pelas fezes, espalham-se pelo solo, são ingeridos pelo
hospedeiro intermediário (boi ou porco) e liberam embrião que pela circulação
arterial atinge os tecidos, onde se fixa sob a forma de cisticercos (C. bovis [boi] ; C.
cellulosae [porco]).

Os ovos são bastante resistentes no meio externo, podendo viver durante 1


ano em condições adequadas de temperatura e umidade.

MODO DE TRANSMISSÃO

Teníase: Ingestão de carne crua ou mal cozida (porco ou boi) contendo


cisticerco.

Cisticercose: Ingestão acidental de ovos viáveis da T. solium.

Neurocisticescose Cisticercose na carne para consumo humano Cisticercose ocular

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1. Métodos possíveis da infecção do homem pelos ovos da T. solium:

a. AUTO-INFECÇÃO EXTERNA: Homem elimina proglotes - os ovos da sua tênia


são levados à boca pelas mãos contaminadas.

b. AUTO-INFECÇÃO INTERNA: Durante vômitos ou movimentos retroperistálticos


do intestino - as proglotes da T. solium poderiam ir até estômago - depois voltariam
ao intestino delgado - liberando as oncosferas (embrião).

c. HETERO-INFECÇÃO: Homem ingere, juntamente com alimentos contaminados,


ovos da T. solium de outro paciente.

QUADRO CLÍNICO

Teníase: cefaléia; dores abdominais; inapetência em alguns e fome intensa em


outros; diarréia ou constipação.

Cisticercose:

Principais localizações:

a. SNC (CISTICERCOSE NERVOSA ou NEUROCISTICERCOSE): cisticerco


maduro em 6 meses - morre - processo inflamatório – calcificação no cérebro.

b. MÚSCULO CARDÍACO (CISTICERCOSE CARDÍACA): perturbação do ritmo


cardíaco.

c. GLOBO OCULAR (CISTICERCOSE OCULAR): intensa oftalmia e perda da visão.

d. MÚSCULO ESQUELÉTICO: (CISTICERCOSE MUSCULAR OU SUBCUTÂNEA):


os cisticercos nos músculos calcificam-se.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Pesquisa de proglotes e ovos nas fezes pelo método de Hoffman, Pons e
Janer ou Lutz, pesquisa de ovos na região perianal pelo método de Graham,
pesquisa de cisticercos por meio de métodos radiológicos e biopsia local. Pesquisa
sorológica pelos métodos de RIFI e ELISA.

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TRATAMENTO E PROFILAXIA DA TENÍASE:


Os parasitas adultos são sensíveis ao diclorofeno e praziquantel, quantos aos
cisticercos recomenda-se, em alguns casos remoção cirúrgica, tratamento com
praziquantel.
Como profilaxia recomenda-se: cuidados com a higiene alimentos e água,
normas de higiene pessoal, tratamento dos portadores. Educação sanitária em
abatedouros, tratamento e manuseio adequados de animais possíveis portadores.

7.1.3. HIMENOLEPÍASE

AGENTE ETIOLÓGICO: Hymenolepis nana

QUADRO CLÍNICO: sintomatologia de relativa importância: dor periumbical;


prurido anal; cefaléia; tonturas; insônia e nervosismo.

MORFOLOGIA:
1. Pequeno cestóide, medindo de 25 a 45 mm; branco; 100-200 proglotes (com
vida própria); escólex: 4 ventosas. Rostro armado. É a única tênia humana que
não utiliza hospedeiro intermediário.

2. Ovo: mais ou menos esféricos (+ ou – 40mm); 2 membranas (externas e


internas); interior: embrião hexacanto; aspecto de “ovo frito”.

Figura: Hymenolepis nana - ovos.

MODO DE TRANSMISSÃO: INGESTÃO DE OVOS pelas MÃOS OU ALIMENTOS


CONTAMINADOS, especialmente em creches e outros locais onde há aglomeração
de crianças.

CICLO BIOLÓGICO: completa-se em 30 dias, de ovo a ovo. Os ovos são a forma


infectante, sendo ingeridas pelo homem; é comum a transmissão de homem a
homem
By AMBE
e auto-infecção. No intestino (jejuno), as larvas invadem a mucosa e
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assumem a forma de larva cisticercóide; os adultos (2), que medem de 2 a 4 cm,


passam a maturar sexualmente e a formar proglotes. Os proglotes, contendo ovos,
são eliminados nas fezes.

Diagnóstico Laboratorial: pesquisa de ovos nas fezes pelo método de Hoffman,


Pons e Janer ou Lutz.

Tratamento da himenolepíase: é feito com medicamentos que normalmente não


causam efeito colaterais, como o Praziquantel e a Niclosamida. Apesar de ser uma
parasitose de fácil tratamento, é importante que a himenolepíase seja evitada por
meio de medidas profiláticas para diminuir a infecção por esse parasita.

7.2 ATIVIDADE - PLATELMINTOS

1) Escreva a classificação dos Platelmintos

2) Cite os nomes do Agente etiológico, hospedeiro intermediário e o definitivo da


esquistossomose.

3) Indique o diagnóstico laboratorial das parasitoses causadas pelos platelmintos


estudados.

4) Qual a diferença entre Teníase e Cisticercose. O que recomenda-se para evitar


essas doenças?

5) Esquematize o ciclo biológico da Himenolepíase.

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42

7.3 NEMATELMINTOS

O filo dos Nematelmintos é composto por vermes que apresentam simetria


bilateral, corpo arredondado não segmentado, três folhetos germinativos durante o
desenvolvimento embrionário e sistema digestivo completo com presença de boca
e ânus. Além disso são exclusivamente dióicos, ou seja, os vermes adultos possuem
sexos separados de modo que o macho é menor que a fêmea (dimorfismo sexual).

Não há presença de sistema circulatório ou sistema vascular. O sistema nervoso


varia em complexidade dependendo da espécie, normalmente sendo composto por
um cérebro formado por gânglios nervosos interligados por fibras nervosas.

O sistema excretor é simples, e a excreção é feita através do aparelho excretor


desprovida de células flama. Os nematódeos de importância médica mais
conhecidos são: Ascaris lumbricoides, parasita conhecido popularmente como
lombriga, e que causa a doença chamada ascaridíase; Trichuris trichiura, causador
da tricuríase; Enterobius vermiculares, causador da enterobiose ou
oxiuríase; Strongyloides stercoralis, causador da estrongiloidose; Wuchereria
bancrofti, causador da filariose linfática; e Ancylostoma duodenale e Necator
americanus: causadores da ancilostomíase, doença conhecida popularmente como
amarelão.

7.3.1. Ascaris lumbricóides

Taxonomia:

• Reino: Animalia
• Filo: Nematoda
• Classe: Secernentea
• Ordem: Ascaridida
• Família Ascarididae
• Gênero: Ascaris
• Espécie: Ascaris lumbricoides

MORFOLOGIA

Vermes adultos:
 Cilíndricos;
 Longos: fêmea com 30 a 40 cm e macho com 20 a 30 cm;
 Quando a infecção é grande, tendem a ser menores pela competição
por alimento;
 Boca com três lábios: 1 dorsal e 2 ventro laterais providas de papila
sensoriais;
 Extremidades afiladas;
 Presença de ânus.

 Macho:
 Testículos filiformes – canal deferente – canal ejaculador – cloaca.
 Presença de espículos
 Machos com enrolamento ventral e extremidade caudal espiralada
 Fêmea:
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43

 Ovários filiformes – ovidutos – útero – vagina – vulva no terço


anterior
 Fêmea: extremidade posterior retilínea

macho
Fêmea

 Postura de ovos : aproximadamente 200.000 ovos/dia durante 1 ano


 Ovos férteis se tornam embrionados no ambiente
 Apresentam internamente um massa de células germinativas
 Quando existir menor quantidade de macho, a presença de ovos inférteis
nas fezes será maior.

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44

Casca do ovo: Formada por 3 camadas


 interna : mais delgada e impermável;
 média : bastante espessa composta de proteína e quitina;
 Externa: mais grossa e mamilonada, composta de mucopolissacarídeo
secretado pela parede uterina.
 Ovos inférteis das fêmeas não fecundadas são mais alongados, casca mais
delgada e capa albuminosa reduzida ou ausente.

ovo infértil ovo larvado

ovo embrionado
ovo embrionado com membrana sem membrana mamilonada
mamilonada

Larvas:

Crescimento através de mudas ou ecdises


Em cada ecdise os parasitos abandonam revestimento cuticular e fabricam nova
cutícula

Ovo, L1, L2 (Larva rabditóide) L3 (infectante) L4 L5 (Larva filarioide)


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CICLO DE VIDA

 Monoxênico
 Ovos chegam ao ambiente através das fezes contaminadas.
 Geo helmintos: precisam passar um tempo no ambiente para
desenvolvimento da larva.
 Duração do ovo no ambiente: até 1 ano.

 Ovo no ambiente: ovos férteis


 10 a 12 dias após a postura: formação de L1 no interior do ovo – larva
rabditóide
 8 a 15 dias após a formação de L1: L2
 Nova muda: Ovo torna-se infectante com presença de larva filarióide L3
 Ovo com larva L3 pode permanecer no solo por vários meses.

 Ingestão – meio interno


 Duodeno- rompimento do ovo pela ação de estímulos orgânicos como pH,
temperatura, sais e concentração de CO2
 Liberação da larva filarióide L3 que migra para o ceco
 Atravessam a parede intestinal – vasos linfáticos - veias - fígado – veia cava-
coração.

 Fase pulmonar chamada de Ciclo de Loss.


 São lançadas na artéria pulmonar chegando ao pulmão após 4 ou 5 dias de
infecção.
 Nos capilares pulmonares passam para L4
 L4 rompem os capilares pulmonares e caem nos alvéolos sofrendo muda para
L5
 Deixam os alvéolos, passam pelos brônquios, traquéia e são deglutidas.

 No intestino tornam-se adultos depois de 20 a 30 dias de infecção.


 Maturação dos órgão sexuais, copulação e postura de ovos – 2 a 3 meses
depois da infecção.
 Vermes adultos podem viver de 1 a 2 anos no hospedeiro.

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46

TRANSMISSÃO

 Ingestão de ovos larvados presentes em alimentos ou água contaminada.


 Aspiração de poeira de solo poluído contendo ovos que ficam retidos no muco
nasal e depois são deglutidos.
 Portadores de verminose não são veículos diretos pelo fato de os ovos terem
de permanecer certo período no meio externo para se tornarem infectantes.
 Ovos podem ser veiculados por vetores mecânicos

PATOGENIA

 Durante a migração das larvas:


 Fígado:
 Focos hemorrágicos
 Necrose
 Reação inflamatória
 Aumento do volume hepático
 Pulmão
 Quadro pneumônico
 Edemaciação alveolar com infiltrado eosinofílico
 Manifestações alérgicas
 Febre
 Tosse produtiva e catarro sanguinolento

 Ascaris errático: pode deslocar-se de seu habitat natural:


 Apêndice cecal
 Canal colédoco
 Canal de Wirsung
 Eliminação pela boca e nariz.
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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Métodos parasitológicos: encontro de ovos nas fezes:


 Qualitativos: Exame direto e sedimentação espontânea
 Quantitativos: Stoll e Kato-Katz.
 Pesquisa de larva no escarro.

 Exame de imagem.

 Métodos imunológicos:
 Intradermorreação
 Úteis na fase larvária ou quando a infecção se dá por machos de
Ascaris lumbricoides

EPIDEMIOLOGIA

 Mais frequentes nas áreas tropicais.


 70 a 90% dos casos na faixa etária de 1 a 10 anos.
 Interferência de fatores econômicos, sociais e culturais.
 Crescimento desordenado.
 Fatores que interferem na alta prevalência:
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 Grande produção de ovos – 200.000/dia


 Viabilidade dos ovos infectantes – até um ano
 Falta saneamento
 Temperatura média anual aumentada
 Alta umidade – mínima de 70%
 Vetores mecânicos

PROFILAXIA

 Educação sanitária
 Programas de assistência sanitária
 Construção de fossas sépticas
 Hábitos de higiene
 Proteção dos alimentos

TRATAMENTO

 Albendazol
 400 mg por 3 dias
 Bloqueia a absorção de glicose pelo parasito
 Mebendazol
 100mg 2 vx /dia durante 3 dias
 Anti-helmíntico de largo espectro
 Bloqueia a captação de glicose e altera funções digestivas, gerando
processo autolítico
 Pirantel
 Produz paralisia espástica do heminto. Dose única 10 mg/kg

 Piperazina
 Promove paralisia flácida do helminto seguida de expulsão passiva
 Medicamento de escolha no caso de obstrução intestinal
 Dose única de 4g
 50 a 75 mg/Kg (ou máximo de 3g para crianças) de 2 a 5 dias.

7.3.2. Enterobius vermicularis

 Reino: Animalia
 Filo: Nematoda
 Classe: Secernentea
 Superfamília: Oxyuroidea
 Família: Oxyuridae
 Gênero: Enterobius
 Espécie: vermicularis

 Doença: Enterobiose
 Habitat: vermes adultos vivem no ceco, apêndice e região perianal
 Via de transmissão:
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 Passiva: ingestão de ovos larvados


 Ativa: penetração da larva na região perianal externa
 Formas evolutivas: adultos (macho e fêmea), ovo e larva
 Parasita monoxeno

a. Expansões vesiculosas
b. Esôfago em tubo
c. Intestino
d. Útero
e. Vagina
f. Ovários e ovidutos
g. Reto e ânus
h. Canal ejaculador
i. Testículo

MORFOLOGIA

 Macho: 5,0 mm x 0,2 mm


 Cauda recurvada
 Presença de espículo

 Fêmea: 1,0 cm x 0,4mm


 Cauda pontiaguda

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Acima: verme Macho; Abaixo: Verme Fêmea

 Ovo:
 Aspecto de D.
 Membrana dupla, lisa e transparente
 Liberação de ovo embrionado

Ovos de E. Vermicularis - sedimento de fezes

Ovos e E vermicularis – Método de Graham

CICLO BIOLÓGICO

 Os machos após a cópula são eliminados junto com as fezes.


 Migração da fêmea do ceco para o ânus (à noite).
 Rompimento da fêmea e liberação dos ovos.
 5.000 a 16.000 ovos
 Ovos se tornam infectantes em 6 horas.
 Ingestão dos ovos.
 Liberação da larva rabditoide
 Do intestino para o ceco: sofrem duas mudas até verme adulto.
 Período de 1 a 2 meses até o aparecimento da fêmea na região perianal.
 Estabelecimento da cura se não houver reinfecção.

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TRANSMISSÃO
 Heteroinfecção:
 Ovos atingem novo hospedeiro
 Indireta:
 Ovos presentes na poeira atingem o mesmo hospedeiro que os
eliminou
 Auto-infecção externa:
 Ingestão dos ovos da região perianal

 Auto-infecção interna:
 larvas que eclodem dentro do hospedeiro migram até o ceco
 Retroinfecção:
 larvas eclodem na região perianal, penetram no ânus e migram até o
ceco.

PATOLOGIA

 Enterite catarral por ação mecânica. As fêmeas repletas de ovos são


encontradas na região perianal.
 Prurido anal noturno.
 Possibilidade de infecção bacteriana local pelo ato de coçar.
 Presença de vermes na região genital nas mulheres pode causar vaginite e
inflamação no útero (metrite).

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

 Método de Graham ou fita adesiva.


 Esta técnica deve ser feita pela manhã, antes que o paciente defeque ou
tome banho, e repetida, em dias sucessivos, caso o resultado seja negativo.

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EPIDEMIOLOGIA

 Crianças em idade escolar


 Específica da espécie humana
 Resistência dos ovos em até 3 semanas no ambiente doméstico
 Disseminação dos ovos através da movimentação da roupa de cama.

TRATAMENTO

 Albendazol
 10 mg/Kg em dose única
 Pirantel
 100 mg em dose única
 Efeitos colaterias:
 náusea, vômito, cefaléia, sonolência, etc

7.3.3. Trichuris trichiura

 Reino: Animalia
 Filo: Nematoda
 Classe: Adenophorea
 Superfamília:Trichuroidea
 Família:Trichuridae
 Gênero:Trichuris;
 Espécie: trichiura

MORFOLOGIA

 Macho:
 4 cm de comprimento.
 Cauda enrolada.
 Cabeça em forma de fio e boca em estilete.
 Fêmea:
 5 cm de comprimento.
 Cauda reta.

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a. Expansões vesiculosas
b. Esôfago em tubo
c. Intestino
d. Útero
e. Vagina
f. Ovários e ovidutos
g. Reto e ânus
h. Canal ejaculador
i. Testículo

 Ovo:
 Presença de dois flutuadores preenchidos por material lipídico.
 Casca do ovo:
 Parte interna: formada de material vitelínico
 Parte intermediária: camada quitinosa
 Parte externa: camada lipídica

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CICLO BIOLÓGICO

 Liberação do ovo embrionado através das fezes do hospedeiro.


 Embriogênese no ambiente:
 28 dias à 25˚C
 Ingestão de ovos infectantes através do consumo de alimentos e líquidos
contaminados.
 Após 1 hora da ingestão: eclosão da larva pela ação do suco gástrico e
pancreático
 Larva passa por 4 estágios até verme adulto. Cerca de 60-90 dias até
eliminação de ovos.

 Forma adulta:
 O parasito insere toda camada esofagiana no epitélio da mucosa
intestinal do hospedeiro e se alimenta de restos dos enterócitos
lisados pela ação do parasito.
 Porção posterior fica exposta para fecundação e eliminação dos ovos.
 Eliminação de 3.000 a 20.000 ovos/dia.
 Adultos sobrevivem cerca de 1 a dois anos no hospedeiro.

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TRANSMISSÃO

 Disseminados por:
 Vento e água.
 Vetores mecânicos.
 Contaminação de alimentos.
 Geofagia realizada pelas crianças.

 Infecções intensas limitadas ao intestino.


 Diarreia, dor abdominal, sangramento e prolapso retal
 Aumento da produção de muco.
 Infiltração de células mononucleares.
 Processo inflamatório intenso no reto com edema e sangramento da mucosa
retal.
 O esforço para defecação pode resultar em prolapso retal, reversível com a
eliminação dos vermes.

DIAGNÓSTICO

 Pesquisa de ovos nas fezes


 Método de flutuação: Método de Willis e Método de Faust.
 Método de contagem de ovos – Método de kato- katz.
 Resultado acima de 100.000 ovos/g fezes apresenta perigo de
prolápso anal.
 Verificação das formas adultas em colonoscopia.

EPIDEMIOLOGIA

 Infecção de crianças de 18 a 24 meses.


 Intensidade máxima de infecção em crianças de 4 a 10 anos.
 Prevalência diminui em jovem e permanece baixa em adultos.

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TRATAMENTO

 Mebendazol
 100mg 2 x dia por 3 dias consecutivos.
 Albendazol
 400 mg/dia por três dias consecutivos.

7.4 ATIVIDADE – NEMATELMINTOS

1º) Qual a diferença entre Platelmintos e Nematelmintos?

2º) Cite 5 verminoses intestinais causadas por helmintos.

3º) Descreva as principais medidas governamentais (políticas públicas) que


poderiam contribuir para a redução e controle dos parasitas intestinais.

4º) Defina os sintomas clínicos causados pela Ascaridíase.

5º) O Trichuris trichiura é um verme em forma de chicote que parasita que região do
corpo humano? Como se da à patogenia da doença?

6º) Descreva o ciclo biológico e sintomatologia da parasitose causada por


Enterobius vermicularis.

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7.5. Família Ancylostomidae

Esses parasitas apresentam cápsula bucal com órgãos de fixação


representado por placas ou por dentes.

Espécies de interesse:

• Ancylostoma duodenale: parasita habitual do homem, possuindo dois


pares de dentes na cápsula bucal.

MORFOLOGIA:

A) Macho e Fêmea: cilíndricos; ± 1 cm; cor leitosa cápsula bucal


desenvolvida; aparelho digestivo completo; dimorfismo sexual.
B) Macho: bolsa copuladora (extremidade posterior).
C) Fêmea: afilada (extremidade posterior).

Figura: Bolsa copuladora do macho

Figura: larva rabdtóide

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Figura: Ancilostomídeo - larvas filarióides com bainha envolvendo o parasito.

• Necator americanus: parasita habitual do homem, a cápsula bucal é pequena,


sendo observado no lado ventral um par de placas.

MORFOLOGIA

VERMES ADULTOS: Esses helmintos têm a coloração amarelada de curvatura na


extremidade anterior no sentido invertido ao do corpo.

Os machos medem de 7 a 9 mm de comprimento, as fêmeas medem de 9 a 11 mm


de comprimento, com sua extremidade posterior arredondada,

OBS.: Característica principal para diferenciar as 2 espécies:

Necator americanus: placas cortantes (cápsula bucal).

Ancylostoma duodenale: dentes (cápsula bucal).

Figura: Ancylostoma duodenale - cápsula bucal com dois pares de dentes.

Ovos: Tanto os ovos do Ancylostoma duodenale quanto do Necator americanus


possuem parede dupla, delicada e transparente (Claros; elipsóides); no interior pode
ser observado as células de formado globoso 2,4,8,16 ou 32 blastômeros (de acordo
com o estágio);e tonalidade acastanhada. Eliminados com as fezes (umidade e
temperatura superior a 15ºC); casca fina e transparente; ovos de Ancylostoma
menores que Necator.

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ovos de Ancilostomídeo sp

ANCILOSTOMÍASE

AGENTE ETIOLÓGICO:

Dois VERMES nematóides da Família: Ancylostoma duodenale e Necator


americanus

Manifestações clínicas mais importantes: anemia ferropriva - hipocrômica e


microcítica. (perda sangüínea crônica devido à fixação dos vermes mucosa
intestinal).

Também ocorrem alterações cutâneas, pulmonares e intestinais. Ocorre fraqueza;


dispnéia; palidez; dor epigástrica diarréia alternada com constipação.

MODO DE TRANSMISSÃO: Penetração ativa larvas


filarióides (pele ou mucosas) ou ingestão larvas filarióides
com alimentos

CICLO BIOLÓGICO:

1 – As larvas penetram na derme ou tecido subcutâneo


(algumas entram em arteríolas ou vênulas superficiais) ;

2 - as larvas que invadem a corrente circulatória são levadas


às cavidades cardíacas e depois pulmões;

3 - seguem pela árvore respiratória até epiglote onde alcançam o aparelho digestivo
chegando ao estômago;

4 - intestino delgado (onde vermes fixam-se pelas cápsulas bucais).

5 - ovos fertilizados são eliminados dentro do intestino delgado (em grande número),
são eliminados com as fezes rompem-se em 48 horas (condições adequadas de
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60

temperatura, umidade e aeração do solo), após esse tempo, ocorre a liberação da


larva rabditóide e, após 3 dias de alimentação e crescimento, transforma-se em larva
rabditóide de 2º estágio (L2), entre 5º e 8º dia transforma-se larva filarióide infectante
(viável no solo por várias semanas)

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL:

Presença de ovos de ancilostomídeos no sedimento de fezes. Método de Hoffman,


Rugai ou Baermann Moaraes.

TRATAMENTO: tetracloroetileno, pamoato de pirantel, tiabendazol e mebendazole.

PROFILAXIA: identificação dos portadores e tratamento, proteção para os pés (uso


de calçados), uso de fossas sépticas e tratamento de esgotos.

OUTROS ANCILOSTOMÍDEOS

7.6.1 Larva MigransTegumentar.

Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum: parasitas comuns do intestino


delgado de cães e gatos, possuindo na cápsula bucal dois e três pares de dentes,
respectivamente.

No homem causam a Larva MigransTegumentar.

Sintomatologia: as larvas penetram na pele, gerando prurido, e erraticamente


ocasionam lesões peculiares da dermatite linear verminótica (bicho geográfico). A
cura pode ser espontânea.

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61

Diagnóstico: observação de pequenas lesões semelhantes à pápulas eritematosas


que com o decorrer do avanço das larvas gera um rastro eritematoso bem
característico.

Tratamento: Pomadas de Tiabendazol e sais de piperazina.

Profilaxia: interdições de cães e gatos à areias das praias e de escolas, terrenos


de construções e hortaliças.

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7.6.2 Larva Migrans Visceral


( TOXOCARÍASE)

Resultado da invasão de órgãos profundos por larvas de nematódeos de animais


que atravessem a parede intestinal.

Agente Etiológico

*Toxocara canis.
*Toxocara cati.

Sintomatologia: dependendo da quantidade de larvas e dos órgãos parasitados


pode haver variação no grau de sintomatologia, ocorrendo geralmente:
hipereosinofilia, hepatomegalia, febre, alterações pulmonares, cardíacas, renais,
nervosas e oculares.

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a) Radiografia torácica postero-anterior: infiltrado intersticial hilar bilateral; b) TC- -torácica:


hiperdensidade irregular na base pulmonar direita (Fonte: revista de pediatria do centro
hospitalar do porto ano 2016, vol XXV, n.º 2)

Diagnóstico: quadro hematológico com aumento de eosinófilos pode auxiliar no


diagnóstico, mas na maioria dos casos se faz biópsia do órgão suspeito. A cura
pode, em alguns casos, ocorrer espontaneamente.

Tratamento: Tiabendazol e Dietilcarbamazina.

Profilaxia: erradicação dos vermes adultos do intestino de cães e gatos, interdições


de cães e gatos em areias das praias, terrenos de construções e hortaliças.

7.6.3 ESTRONGILOIDÍASE

AGENTE ETIOLÓGICO: Strongyloides stercoralis

Importância: Alta prevalência, oportunista, fácil transmissão, caráter de cronicidade


e auto-infecção, pode levar a óbito – problema médico e social.

➢ Manifestações digestivas mais comuns: desconforto epigástrico; diarréia ou


disenteria crônicas. Formas Graves: sub-oclusão intestinal (enterite
estenosante = estreitamento) --há eosinofilia de até 60%.

➢ Formas muito graves: (geralmente sistêmicas) S. stercoralis dissemina-se em


qualquer órgão do corpo humano: rins, fígado, pulmões, coração e pâncreas
Þ geralmente acompanhado de sepsemia por microbiota entérica.
Parasitose grave e letal.

MORFOLOGIA:

1. FÊMEA PARTENOGENÉTICA: (reprodução assexuada por fêmea não


fecundada): parasita intestinal; ± 2,5 mm; boca pequena; esôfago estreito e
cilíndrico; ovovivípara (ovos já criados no organismo materno); vulva no terço
posterior; útero anfidelfo (duplo).
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2. LARVA RABDITOÍDE: FEZES; ±200 μm; esôfago rabditóide (dilatado


extremidades); vestíbulo bucal curto; primórdio genital nítido (precoce).

3.LARVA FILARIÓDE (INFESTANTE): ± 500 μm; esôfago filarióide; CAUDA


ENTALHADA – formato de W (Ancilostomídeos = larva filarióide de cauda
pontiaguda).

4. MACHO DE VIDA LIVRE: ± 0,7 mm; não parasita.

5. FÊMEA DE VIDA LIVRE: ±1,5 mm; não parasita.

MODO DE TRANSMISSÃO:

1. HETERO OU PRIMOINFECÇÃO: Larvas Infectantes, passam através da PELE.

2. AUTO-INFECÇÃO INTERNA (endógena) ou HIPERINFECÇÃO: Larvas


Rabditóides luz intestinal, onde evoluem para Larvas filarióides que penetram a
mucosa e atingem os vasos sanguíneos do coração lado direito, seguindo para os
pulmões (mudas) e subindo pela árvore brônquica atingem a epiglote e são
deglutidas. (OCORRE EM PACIENTES COM CONSTIPAÇÃO INTESTINAL).

3. AUTO-INFECÇÃO EXTERNA (exógena): Larvas Rabditóides = Região anal e


perianal = Larvas Filarióides (penetram nessa região) = corrente circulatória =
pulmões = intestino delgado.

Fig : Strongyloides stercoralis - larva filarióide

Fig :Strongyloides stercoralis - larva rabditóide.

CICLO BIOLÓGICO: Possui 2 tipos de ciclos:

- ciclo de vida na terra.

- ciclo de vida parasitária no ser humano - (Homem = hospedeiro definitivo).


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1. Larvas Rabditóides, eliminadas junto com as fezes = condições favoráveis no


meio ambiente: solo quente, úmido e sombreado = transformam-se em Larvas
Filariódes Infectantes (penetrando através da pele do indivíduo) = ou em formas
adultas (machos e fêmeas), que terão vida livre na terra.

OBS.: 2 CICLOS

DIRETO (partenogenético): Larvas Rabditóides Þ fezes Þ condições ideais do meio


externo ➱ Larvas Filarióides Infectantes (24 - 48 hs).

INDIRETO (vida livre; sexuado): Larvas Rabditóides = fezes = condições externas


ideais - sofrem mudas: Macho e Fêmea de vida livre = após fecundação: OVOS =
Larvas Rabditóides = Larvas Filarióides = PARASITISMO.

Ovo (esquerda) e larva (direita) de Strongyloides sp.

Penetram na pele = corrente circulatória = pulmão (muda) = árvore brônquica =


faringe (expelida ou deglutida) = intestino (nova muda) = Fêmea Partenogenética:
30 dias após infecção = postura = ovos eclodem intestino.

Larvas Rabditóides podem transformar-se em Filarióide no próprio intestino =


reinfectando o hospedeiro (sem passagem para o meio externo) = ocorre em
pacientes com CONSTIPAÇÃO INTESTINAL: constituindo AUTO-
ENDOINFECÇÃO (alta prevalência).

Outro mecanismo de Auto-Infecção: AUTO-EXOINFECÇÃO: Consiste na


transformação das Larvas Rabditóides em Filarióides na REGIÃO PERIANAL E
ANAL ➱ por onde novamente penetram no organismo do hospedeiro.

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TRATAMENTO

• Albendazol: 400mg/kg/dia durante 3 dias


• Quimioterapia
• Higiene pessoal e coletiva (higiene sanitária)
• Educação ambiental
• Saneamento básico
• Uso de sapato fechado
• Lavar bem os alimentos

MEDIDAS PROFILÁTICAS DA STRONGILOIDÍASE

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7.7 FILARIOSE/FILARÍASE LINFÁTICA

Principais agentes etiológicos: Wuchereria bancrofti (Brugya malayi na Ásia)

O homem é o único hospedeiro definitivo. Mais de 1 bilhão de indivíduos em


risco
120 milhões de indivíduos infectados e 40 milhões de indivíduos incapacitados ou
desfigurados.

EPIDEMIOLOGIA

Ocorre na África, América Central, México e América do Sul. No Brasil é


mais encontrada nos estados do Norte.

Distribuição mundial de filariose causada por Wuchereria bancrofti

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4 continentes, 83 países endêmicos- Tropicais e subtropicais BR: urbano- Norte,


NE- Belém, Recife, Jaboatão, Olinda, Maceió

Filariose linfática

 Origem: Ásia- África- América (escravos)


 1863, Desmarquay- microfilárias na linfa escrotal
 1866, Wucherer Filariose linfática
 1868, Silva Lima (Bahia) 1876,
 Bancroft (Austrália)- verme adulto
 Anos depois, Manson- transmissão por mosquitos

MORFOLOGIA:

1- Vermes Adultos: São vermes delgados brancos como fios de linhas.


Os machos medem 4 cm de comprimento com a extremidade posterior
fortemente enrolada.
As fêmeas medem 8 cm de comprimento com a extremidade terminado em
ponta romba.
2-microfilárias: são microscópicas e são observadas no sangue periférico.
As microfilárias movem-se rapidamente.

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PATOGENIA

Decorrentes da multiplicação dos vermes adultos nos vasos


linfáticos e migração das microfilárias para o sangue periférico,
gerando:
❖ Respostas inflamatórias exsudativas, granulamatosas;
❖ infecções piogênicas secundárias;
❖ obstrução de canais dos aparelhos geniturinários;
❖ acometimento dos membros inferiores com entupimentos de
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vasos gerando varizes;


❖ entupimento dos vasos linfáticos com estase linfática e;
❖ edema do órgão acometido gerando varizes linfáticas e
elefantíases.

CICLO BIOLÓGICO

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SINTOMATOLOGIA

“Elefantíases”, artrites e sinovites, abscessos.

Adenite inguinal e axilar, varizes superficiais e profundas (vasos linfáticos e vasos


sanguíneos) e ascite.

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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

1 - Pesquisa das microfilárias no sangue, na urina e na linfa.


2 - Helmintos adultos (filárias) nos vasos linfáticos.
3 - Intradermorreação.
4 - Reação de fixação do complemento.
5 – RIFI (Reação de imuno fluorescência indireta).

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PROFILAXIA

• Destruição do hospedeiro intermediário (mosquito fêmea do gênero Culex);


• Tratamento de indivíduos portadores e proteção individual com cortinas e
repelentes.

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7.8 ATIVIDADE – HELMINTOS

1. O parasitismo é uma associação em que uma das espécies vive sobre a outra
ou no seu interior, alimentando-se dela. Analise as proposições a seguir, com
relação à algumas características deste tipo de associação.

( ) O piolho, que vive e se reproduz no cabelo humano é um bom exemplo de


ectoparasita.
( ) Tênia (solitária) é um parasita heteroxeno em contraposição a Ascaris
(lombriga), que é um parasita monoxeno, cujo ciclo evolutivo é inteiramente
realizado em um só hospedeiro.
( ) Quando um parasita é característico de uma certa região, mantendo-se em
equilíbrio durante longos períodos de tempo, fala-se em endemia.
( ) Esquistossomose, doença de Chagas e malária são três doenças parasitárias
de grande repercussão no Brasil.

2. Com relação às parasitoses no Brasil, é correto afirmar que:

01 - A profilaxia para a maioria das doenças parasitárias se restringe ao uso de


vacinas.
02 - Como principais medidas profiláticas contra as verminoses, temos a educação
sanitária e o saneamento básico.
04 - Helmintos são parasitas do tubo digestivo, que causam doenças como
giardíase, amebíase e toxoplasmose.
08 - O tratamento da água e o uso de instalações sanitárias adequadas previnem
algumas das doenças parasitárias mais comuns entre as populações carentes.
16 - Higiene pessoal e boa alimentação são medidas profiláticas individuais.
32 - Protozoários muitas vezes parasitam o homem causando doenças como
malária, doença de Chagas e leishmaniose.

Soma: ( )

3. De acordo com o Catálogo Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental de


1994 (17ª edição), a percentagem da população do Rio Grande do Norte
beneficiada com água encanada era 57,5%; com esgoto sanitário, era 7,4%. Os
dados anteriores indicam que essa população corria o risco de contrair doenças
como

a) cisticercose e malária.
b) salmonelose e calazar.
c) ancilostomose e cólera.
d) pediculose e dengue.

4. Cozinhar bem os alimentos e filtrar a água são medidas que servem para
diminuir a incidência da doença causada por

a) Shistosoma mansoni
b) Tripanosoma cruzi
c) Ascaris lumbricoides
d) Wuchereria bancrofti
e) Plasmodium vivax
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5. Uma das maneiras de diagnosticar parasitoses em uma pessoa é através do


exame de fezes. As parasitoses a seguir podem ser diagnosticadas por esse
exame? Justifique sua resposta, em cada caso.

a) Esquistossomose;
b) Ascaridiose;
c) Doença de Chagas.

6. Existe uma frase popular usada em certas regiões, relativa a lagos e açudes:
"Se nadou e depois coçou, é porque pegou". Esta frase refere-se à infecção por:
a) Plasmodium vivax
b) Trypanosoma cruzi
c) Schistosoma mansoni
d) Taenia sollium
e) Ancylostoma duodenale

7. O Schistosoma mansoni é o agente etiológico da esquistossomose, doença


parasitária que atinge principalmente o homem. De seu ciclo evolutivo, participam
caramujos do gênero Biomphalaria. Indique a que filos pertencem,
respectivamente, a espécie em questão, seu hospedeiro definitivo e seu
hospedeiro intermediário:

a) Trematoda, Mammalia e Gastropoda.


b) Platyhelminthes, Primata e Mollusca.
c) Planorbidae, Chordata e Gastropoda.
d) Platyhelminthes, Chordata e Mollusca.
e) Trematoda, Mammalia e Mollusca.

8. Considere a afirmação:

"O ciclo de vida se completa em um único hospedeiro".


Trata-se de:

a) Plasmodium falciparum
b) Trypanosoma cruzi
c) Schistosoma mansoni
d) Taenia solium
e) Ascaris lumbricoides

9. O Ancylostoma é um parasita intestinal que provoca o "amarelão", doença que


se pode adquirir:

a) por picada de um hemíptero (barbeiro).


b) comendo carne de porco mal cozida.
c) comendo carne bovina contaminada.
d) por picada de pernilongo.
e) andando descalço

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10. Um garoto nadou em uma "lagoa de coceira", comeu carne de boi mal cozida e
caminhou descalço por um caminho de terra. Com essas atividades ele pode ter
adquirido larvas de

a) Wuchereria, Taenia solium e Ascaris


b) Wuchereria, Taenia saginata e Ascaris
c) Schistosoma, Taenia solium e Ascaris
d) Schistosoma, Taenia solium e
Ancylostoma
e) Schistosoma, Taenia saginata
e Ancylostoma

11. A parasitose que tem seu agente causador, quando adulto, alojado
preferencialmente no sistema linfático é a:

a) teníase
b) elefantíase
c) cisticercose
d) ascaridíase
e) esquistossomose

12. A figura a seguir mostra a contaminação do homem por um parasita.

A doença causada por esse parasita é a

a) elefantíase
b) ancilostomose
c) leishmaniose
d) ascaridíase
e) esquistossomose

13. Assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, o tipo de


parasitose, o seu agente causador e o agente transmissor.

a) úlcera de Bauru, Trypanosoma cruzi e Triatoma infestans


b) malária, Plasmodium vivax e Phlebotomus sp
c) elefantíase, Enterobius vermicularis e Culex sp.
d) esquistossomose, Schistosoma mansoni e caramujo planorbídeo
e) doença do sono, Leishmania Brasiliensis e mosca tsé-tsé

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14. Entre as parasitoses que atingem cerca de 85% da população brasileira,


algumas caracterizam-se por apresentarem como principais medidas profiláticas:

I - Andar sempre calçado;


II - Ingerir carne sempre bem cozida;
III - Beber água filtrada ou fervida e lavar bem as frutas e verduras;
IV - Não nadar em águas estagnadas onde houver caramujos contaminados.
Assinale a alternativa em que a parasitose esteja corretamente relacionada com a
medida profilática indicada nos parênteses.

a) Ancilostomose (I), teníase (II), ascaridíase (III), esquistossomose (IV).


b) Teníase (I), ascaridíase (II), ancilostomose (III), esquistossomose (IV).
c) Ancilostomose (I), teníase (II),esquistossomose (III), ascaridíase (IV).
d) Esquistossomose (I), teníase (II), ascaridíase (III), ancilostomose (IV).
e) Ascaridíase (I), teníase (II), ancilostomose (III), esquistossomose (IV).

15. Uma das principais medidas de controle do 'Schistosoma mansoni', causador


da esquistossomose, é

a) tratamento de cães e gatos parasitados.


b) eliminação dos caramujos transmissores.
c) destruição dos criadouros de larvas de mosquitos.
d) inspeção rigorosa da carne nos abatedouros.
e) campanha contra construção de casas de barro ou de pau-a-pique.

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8. Métodos e Montagem de Lâminas para pesquisa de cistos de

Protozoários e ovos e larvas de Helmintos

T écnicas empregadas no exame parasitológico das fezes

I – Exame a Fresco ou Direto

A pesquisa deve ser feita com objetiva de médio e grande aumento,

no material entre lâmina e lamínula, diluído se necessário em solução

fisiológica.A espessura da preparação deve ser tal, que permita a leitura.

É conselhável examinar-se no mínimo três (3) preparações antes de

liberar um resultado negativo.

Finalidade: é realizado normalmente em fezes liquefeitas – existe a

probabilidade de encontrarmos trofozoítos e cistos de protozoários além

de ovos de helmintos.

II – Método de Faust e Colaboradores

Princípio – Centrífugo-flutuação em Sulfato de Zinco (ZnSo4) a

33% com densidade 1.180

Adicionar cerca de 2 gramas de fezes em um bequer ou borrel

contendo água . Homogeinizar a mistura. Por meio de um funil, com uma

gaze dobrada em 4, filtrar a mistura para um tudo de Wassermam de 16

x 10. Centrifugar o material durante 1 minuto a 2.500 r.p.m.. Desprezar o

sobrenadante, homogeinizar a mistura a completar com água e centrifugar

novamente, proceder assim, até que o líquido sobrenadante apresente-se

claro e transparente. Decantar o líquido, homogeneizar a solução de

Sulfato de Zinco

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e centrifugar a 2.500 r.p.m. durante 1 minuto. Com uma alça de platina ou

cromo-níquel retirar uma gota da superfície do líquido e colocar sobre uma

lâmina. Adicionar uma gota de lugol ao material a ser examinado e cobrir

com uma lamínula ( 24 x 32 mm), observar ao microscópio.

Finalidade do método: este método é utilizado para a pesquisa de cistos

de protozoários e ovos de leves de helmintos.

III – Método de Hoffmann & Janer

Princípio – Sedimentação espontânea em água.

Finalidade: É utilizado para evidenciar ovos pesados de helmintos

quando a sedimentação ficar por um período de tempo de no mínimo uma

hora, e para os ovos leves de helmintos e cistos de protozoários quando

a sedimentação for por um período de 24 horas.

Adicionar cerca de 2 gramas de fezes em um bequer ou borrel

contendo água. Homogeneizar o material. Coar esta suspensão em funil

de vidro através de uma gaze dobrada em quatro e recolher o material em

um recipiente cônico apropriado ( copo de sedimentação), no qual a

sedimentação, em geral após 1 à 24 horas, recolher do fundo do copo

cerca de 50mm3 de sedimento utilizando uma pipeta Pasteur ou um

canudo tampando-o com o dedo indicador. Depositar o sedimento em

lâmina, adicionar 1 gota de lugol, cobrir com uma lamínula e observar ao

microscópio.

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IV – Método de Rugai e Colaboradores

Princípio- Evidenciação de larvas de helmintos através do

hidrotropismo positivo e termotropismo positivo das mesmas.

Finalidade: É utilizado para a pesquisa de larvas de A


Ancilostomídeos e
Strongylóides stercoralis.

Estender sobre a abertura de um recipiente metálico que contém

fezes, um pedaço de gaze dobrada em quatro, repuxando as bordas para

trás. Colocar este recipiente à temperatura de 42 C até que a mesma

cubra totalmente o recipiente metálico. Deixar em repouso por uma hora,

durante este tempo, as larvas dirigir-se-ão para o fundo do copo de

sedimentação pelo hidrotropismo e termotropismo positivos. Introduzir

uma pipeta Pasteur de ponta fina, ou canudo plástico até o fundo do copo

e aspirar o sedimento e em seguida deposita-lo em um vidro de relógio e

examinar em microscópio entomológico ou lupa. Não acrescentar lugol,

pois esta imobilizará as larvas prejudicando a leitura.

V - MÉTODO de BAERMANN modificado por MORAES

1. Princípio do método: O método utiliza o termotropismo e hidrotropismo

Positivos das larvas para concentrá-las em um pequeno volume.

2. Material utilizado:

- Funil de vidro ou plástico de 10 a 12 cm de diâmetro ligado a um tubo de

Borracha comprimido por uma pinça.

- Gaze cirúrgica dobrada em 4 ou tela metálica adequada.

- Suporte de madeira, ou metal, para funis; Vidro de relógio; Lugol.

3. Vantagens do método: Fácil execução e específico para larvas de

Strongyloides stercoralis.

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4. Desvantagens do método: Odor e inespecífico para ovos e cistos.

VI – Método de Ritchie ou Formól-Éter

Princípio – Centrífugo-sedimentação pelo formól-éter.

Finalidade: É utilizado para evidenciar cistos de protozoários e ovos de

helmintos.

Misturar em um béquer ou borrel, uma parte de fezes em 10 partes de

água, coar o material em uma gaze dobrada em quatro vezes para um

tubo e centrifugação de 15 ml. Centrifugar por 1 minuto a 2.000 r.p.m. e

decantar o sobrenadante, lavar o sedimento em água, repetindo a

centrifugação e a lavagem, após isso, decantar o sobrenadante. Juntar ao

sedimento 10 ml, de uma solução de formol a 7,5 %, deixar em repouso

por 20 a 30 minutos. Centrifugar novamente a 1.500 r.p.m. por 1 minuto.

Limpar os detritos superficiais da parede do tubo com um bastão contendo

algodão em sua ponta. Decantar a mistura sobrenadante, colher do tubo

o material o colocar em lâmina, adicionar uma gota de lugol e cobrir com

uma lâmina (24 x 32 mm) e examinar ao microscópio.

Observação: Atualmente existe o Coprotest. É um processo simplificado

e seguro de sedimentação por centrifugação. O paciente adquire na

farmácia o Coprotest (ou o próprio laboratório de análises clínicas fornece)

que já vem com o conservador (formol a 10%), coloca as fezes no coletor,

fecha o frasco e agita por 2 minutos para homogeneizar e as envia para o

laboratório. A amostra de fezes homogeneizada é recolhida em um tubo

de centrífuga, acrescenta-se 3 ml de acetato de etila ou éter, agita-se e a

mistura é centrifugada por 3 minutos. Desprezando-se os detritos e o

líquido sobrenadante e acrescenta-se uma gota de Lugol ao sedimento.


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Duas ou três gotas do sedimento são recolhidas numa lâmina, cobertas

com lamínula e examinadas ao microscópio.

VII – Método de Willis

Principio – Flutuação em solução saturada de Cloreto de Sódio (NaCl).

Finalidade: Utilizado para evidenciar ovos leves de helmintos.

Colocar em uma metade de uma pequena latinha de fezes de cerca

de 3 cm de diâmetro cerca de 1 grama de fezes e misturá-la com um

pouco da solução saturada de NaCl, colocar sobre a borda da latinha uma

lâmina comum e ir completando o volume até que este toque a superfície

inferior da lâmina. Deixar em repouso por 1 a 5 minutos. Levantar a lâmina

invertendo-a rapidamente para evitar a queda do material em suspensão,

adicionar uma gota de lugol, cobrir com uma lamínula e observar ao

microscópio.

VIII – Método de Kato Modificado por Katz

Princípio/Finalidade – Quantificação de ovos de helmintos através

de solução de verde malaquita glicerinada.

Colocar sobre um pedaço de papel higiênico uma parte da amostra fecal

a ser examinada. Usando uma tela plástica ou metalizada de urdume e

malha especiais, comprimi-la sobre o material fecal, a função desta tela é

filtrar as maiores impurezas fecais. Retirar as fezes que passaram pela

tela e transferir com o auxílio de uma espátula plástica para o orifício de

um cartão plástico e teremos sobr a lâmina aproximadamente 42

miligramas de fezes. Colocar sobre este material uma laminula especial

de celofane previamente embebida em solução de verde malaquita

glicerinado, inverter a lâmina e comprimi-la cuidadosamente sobre um


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papel absorvente. Aguardar cerca de 1 hora e examinar ao microscópio,

fazendo-se a contagem específica de todos os ovos encontrados em toda

a lâmina.

O número de ovos encontrados deverá ser multiplicado por 24 que é um

fator de correção e teremos os ovos dos helmintos por grama de fezes.

Número de Ovos x 1.000 =

24 42

OBS: As lâminas de celofane devem ser embebidas em solução

glicerinada de verde malaquita pelo menos 24 horas antes da confecção

do exame.

IX – Método de Stoll – Hausheer

Princípio – quantificação de ovos de helmíntos através de uma

solução de NaOH 1/10 N.

Utilizamos um frasco tipo erlenmeyer, cujo gargalo contém 2

marcas, uma indicando 56 cm3 e outra superior indicando 60 cm3. Encher

o vidro ou frasco com a solução de NaOH 1/10 até a marca de 56 cm3,

em seguida completar com as fezes até a marca de 60 cm 3, assim

teremos uma diluição de 1/15. Adicionar ao frasco 10 pérolas de vidro,

tampar com rolha e em seguida agitar vigorosamente o frasco para a

obtenção de uma suspensão homogênea do material. Deixar em repouso

por 12 a 24 horas. Após este período de repouso agitar novamente o

material e retirar com uma pipeta 150 l da suspensão e colocar ao

microscópio e examinar toda a lâmina contando os ovos nela

encontrados. Multiplicar o número de ovos obtidos por 100 (fator de

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correção) e obtém-se assim, o número de ovos por grama de fezes.

X – Método do Anal Swab

Finalidade: Utilizado para pesquisa de ovos de Enterobius

vermicularis.

Cortar um pedaço de 8 a 10 cm de fita adesiva transparente

(DUREX), colocar a mesma, com a parte adesiva para fora sobre um tubo

de ensaio. Apor a parte adesiva da fita na região perianal do paciente

várias vezes, circundando toda a região perianal. Colocar a fita adesiva

em uma lâmina comum e observar ao microscópio.

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XI – Método da Tamização das fezes

Finalidade: usado para a pesquisa de anéis de Taenia e de pequenos

helmintos.

As fezes colhidas (deve-se usar a evacuação total) em um recipiente

apropriado são misturadas em água até formarem uma suspensão homogênea,

e depois serão tamizadas em peneira de malha suficientemente, fina para não

permitir a passagem dos helmintos que se quer colher.

XII – Método da Identificação Rápida de Anéis de Taenia

Os anéis de Taenia colhidos através da tamização, após lavagem em

água, serão imersos em solução de ácido acético durante 3 a 5 minutos para

posterior identificação. Após este tempo, colocar os anéis entre 2 lâminas, e

vedar as laterais das lâminas com fita adesiva ou fita crepe.

XIII – Métodos para a Conservação das Fezes

FRIO – Coloca-se o recipiente contendo as fezes na geladeira, ou em

caixas de isopor contendo gelo artificial. Enquanto a temperatura permanecer

baixa, não haverá putrefação, e as fezes poderão ser examinadas 2 a 3 dias

após a emissão das mesmas.

FORMOL – (a 10%) – As fezes devem ser bem homogenizadas em uma

solução de formol a 10%, colocar as fezes em um vidro de boca larga que

comporte o material e mais o dobro do volume em formol a 10%. Homogenizar

bem esta mistura e assim, os cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos

permanecem conservados por mais de 1 mês.

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M.I.F – Mertiolato – Iodo – Formol

Água destilada – 250 ml;

Solução de Mercúrio Cromo a 1/500 – 250 ml; Formol

– 25ml;

Glicerina – 5ml.

Proceder como acima para a conservação das fezes.

S.A.F – É muito útil para a conservação de material proveniente de fezes

formadas (pastosas) bem como para fezes diarréicas onde teremos uma ótima

conservação dos cistos e trofozoítos de protozoários. Por esta característica,

substitui com vantagens o fixador de Schaudim para a execução da técnica de

Hematoxilina Férrica.

Acetato de Sódio ...................... 1,5 g

Ácido Acético. ........................... 2,9 g

Formol a 40%. .......................... 4,0 ml

Água Destilada. ...................... 92,5 ml

OBS: Qualquer conservante de fezes ou desimento oriundo destas sempre

deverá ser usado na proporção de “2” partes de conservantes para uma de

fezes.

LUGOL – Iodo ........................... 1,0 g

Iodeto de Potássio. ..... 2,0 g

Água Destilada. ......... 200 ml

Fixador Schaudim -

Solução saturada de sublimado corrosivo (Bicloreto de Mercurio). 200ml

Álcool Absoluto. .......................................................................... 100ml

Na confecção de exames pela técnica da Hematoxilina Férrica,


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misturar 15ml de ácido acético glacial a cada 100 ml da mistura acima.

VERDE MALAQUITA – Preparar uma solução estoque de verde

da malaquita a 3%:

Água Destilada ....................... 100ml

Verde Malaquita. ....................... 3g

Preparar a seguir a solução onde as laminulas de celofane

devem ser colocadas com no mínimo 24 horas de antecedência.

Glicerina. ................................. 100ml


Água Destilada. ....................... 100ml

Verde Malaquita. ........................ 1ml

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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARMO, Andrea M.S. Apostila de Parasitologia.

DE CARLI, Geraldo Attílio. Parasitologia Clínica.2.Ed.São Paulo: Ed. Atheneu, 2007.


906p

EDUARDO, Ana Maria B. Apostila de Parasitologia.

NEVES, D. P. Parasitologia Humana. Editora Atheneu. 13ªedição, 2016.

REY, Luis. Bases da Parasitologia Médica. 3.Ed.Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan.2010.391p.

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