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Música – Seus Efeitos Sobre o Homem (Parte I) [*]

H. Lloyd Leno
(H. Lloyd Leno recebeu o grau de doutor em Arte Musical na Universidade do Arizona,
Estados Unidos)

Parte I – Efeitos Físicos


Os adventistas do sétimo dia baseiam sua filosofia de vida não apenas na fé na divina
revelação, mas em evidências concretas.
Segue-se, pois, que uma filosofia de música deveria ser desenvolvida não mediante
reuniões precipitadas e pesquisas de opinião, mas por meio de informações seguras e
conselho inspirado. Inclui tanto a compreensão da natureza do homem como da natureza
da música. A falta de conhecimento em ambas as áreas tem ocasionado muita confusão e
dissensão.
A questão se a música pode afetar as emoções, as atitudes e o comportamento, é
obviamente o ponto de debate. Alguns rejeitam tal idéia, por que admitem que as pessoas
variam em sua maneira de reagir à música. Insistem em que determinada seleção ou tipo
de música que evoque certa reação em algumas pessoas, "não me afeta de forma alguma".
Concluem, pois, que a reação à música só é previsível se a reação for aprendida ou
condicionada. Outros crêem que, em questões pertinentes à estética, a moral não está
envolvida; a música é amoral.
Embora o assunto dos efeitos da música sobre o indivíduo tenha intrigado os homens desde
a antiguidade, pouquíssíma investigação científica teve lugar nesse campo, até à última
parte do século dezenove. O primeiro impulso maior ocorreu após a I Grande Guerra
Mundial, quando muitos estudiosos do comportamento, nos Estados Unidos, se
preocuparam com a possibilidade de influenciar o comportamento humano por meio do uso
terapêutico da música.
A Percepção da Música
Provavelmente, o mais importante progresso na investigação científica da música, foi a
descoberta de que a música é percebida através daquela parte do cérebro que recebe o
estímulo das emoções, sensações e sentimentos, sem ser primeiro submetida aos centros
do cérebro que envolvem a razão e a inteligência. O significado deste fato com relação à
terapêutica musical, é exposto por Schullian e Schoen:
A música, que não depende do cérebro superior para penetrar no organismo pode estimular
através do tálamo - a estação de todas as emoções, sensações e sentimentos. Uma vez
que o estímulo seja capaz de atingir o tálamo, o cérebro superior é automaticamente
invadido, e se o estímulo continuar por algum tempo, um mais estreito contato entre o
cérebro superior e o mundo ou realidade pode ser assim estabelecido.[1]
Este mecanismo possibilita atingir mentalmente os pacientes enfermos, com os quais não
se pode entrar em contato.
Música, Estado de Espírito e Química do Corpo
Schoen, numa investigação de âmbito nacional, descobriu que a música provoca um estado
de ânimo acentuadamente uniforme na grande maioria dos ouvintes.[2] Conforme Podolsky,
a influência da música tem sido demonstrada experimentalmente. Ele afirma que a pesquisa
demonstra "que o estímulo musical em determinadas condições bem conhecidas determina
reações funcionais transitórias no organismo o que caracteriza a emoção.[3] Ele nos lembra
que o estado de alma tem uma base biológica. Isto não depende apenas da atividade do
cérebro e da circulação do sangue, mas também na química do corpo. Experiências
demonstram que a música exerce efeito direto sobre a pulsação e a pressão sangüínea que
sobem ou caem de acordo com o ritmo. Ela também afeta as glândulas de secreção interna
e, por conseguinte, as emoções. Charles-Hughes, colaborador no livro "Música e Medicina
", admite uma direta relação da reação emocional do ouvinte para com a música, e salienta
que "essa reação é acompanhada pelas mesmas mudanças fisiológicas que acompanham
os estados emotivos, como estes ocorrem nas" situações da vida ". Além disto, ele explica:
Tal efeito é uma reação ao efeito total e complexo da música. Além do mais o exame de
composições musicais empregadas para testar os efeitos emocionais da música, indicaria
que o ritmo é o fator primacial ao se determinar a espécie de efeito produzido. Não é
somente a presença ou ausência de uma forma rítmica acentuada que está envolvida aqui,
mas também o grau de movimento seja ele, rápido, moderado ou lento.[4]
Cannon, eminente fisiologista de Harvard, defendeu a tese de que a música "libera a
adrenalina e, talvez, outros hormônios".[5]
A influência da música sobre a condutibilidade elétrica do corpo é referida por Soibelman.
[6] Dado o papel do potencial elétrico e do equilíbrio eletrolítico no sistema nervoso
humano, podemos obter uma compreensão adicional do uso da música no estímulo do
estado de ânimo e nas mudanças deste.
Harrer e Harrer demonstraram que de todos os sentidos, o da audição exerce maior efeito
sobre o sistema nervoso autônomo do que os outros. Em suas experiências, todos os que a
elas se submeteram demonstraram significativas mudanças na pulsação e no ritmo da
respiração, assim como um reflexo psicogalvânico na pele.[7]
Numa experiência, a atenção de um indivíduo foi desviada da música mediante um
desconforto físico de tal sorte que ele não se apercebeu de que determinada música havia
sido tocada. Não obstante, uma forte reação emocional foi registrada nos aparelhos de
teste. Entretanto, quando lhe foi solicitado que ouvisse analiticamente a música, sua reação
emocional diminuiu significativamente. Muito embora se tenha concluído que a reação
depende, de certo modo, das atitudes e presença de espírito, descobriu-se que, quando
determinada escolha de música foi associada previamente com fortes experiências
emocionais pelo ouvinte, sua reação emocional a essa música foi intensa.
Gilman e Paperte demonstraram que a música pode baixar O limite da percepção sensorial.
Descobriram que a música e os sons rítmicos podem aumentar a visão dos ouvintes até
25%. Ainda que pequenos como o tique-taque de um relógio, as experiências
demonstraram que eles serviram para estimular a visão.[8]
Uma investigação feita por Urbantschitsch, no início de 1887, provou que o limite de
percepção da cor abaixa mediante o estímulo tonal.
Música e Reação Sensorial-Motora
A música, em todos os tempos, foi reconhecida como um agente unificador e estimulador
durante a atividade física. Verificou-se experimentalmente que a música diminui ou aumenta
a energia muscular. Isto certamente justifica o uso da música em conexão com trabalho que
requer movimentos sincronizados. Trabalhadores em muitas culturas cantavam não
somente como meio de aliviar a monotonia de seu labor, mas também por causa do efeito
unificador exercido sobre eles. Hughes, reconhecendo que a música vigorosa aumenta o
grau de pulsação e de respiração, afirma:
Ocorre, algumas vezes, que os jovens se esforçam mais - e por um período mais longo - na
dança do que nas ocupações mais proveitosas e menos rítmicas. De modo semelhante,
tem-se observado que uma banda em marcha faz com que os soldados se esqueçam de
sua fadiga, pelo menos por algum tempo, permitindo-lhes marchar com renovado vigor.[10]
Entretanto, Soibelman descobriu que, embora seja a música rítmica um auxilio na atividade,
como escrever à maquina, "a música não exerce efeito positivo quanto à precisão ou
exatidão do movimento, se o ritmo não for adaptado ao ritmo do trabalho. Ela reduziu a
exatidão ao se escrever à máquina e a mão, sendo isto demonstrado no aumento do
número de erros".[11]
Há pouca dúvida de que a música rítmica exerça forte apelo sobre praticamente todo ser
humano. Van de Wall resume isso: "Muito do que denominamos de irresistível na música,
deve-se a nossa reação a este nível sensorial motor de atuação".[12]
Em face da relação do ritmo musical com O ritmo do corpo, não é difícil compreender por
que O ritmo passa facilmente de uma para outra cultura. Em todas as civilizações primitivas,
esteve evidente a atividade rítmica. Em muitas delas uma monótona seqüência rítmica
repetitiva foi empregada nas danças, com o propósito de afetar o bem-estar ou o
comportamento do indivíduo ou do grupo. O transe estático, foi o elemento essencial na
dança cerimonial, secular ou religiosa, dos antepassados dos negros americanos. Stearns
segue os vestígios da música dos adoradores conhecidos por vodun (ou voodoo) de
Dahomeans, da África Ocidental para Nova Orleans, onde ela permanece como uma
"reserva do ritmo em nossa cultura".[13] Os índios Chippewa da América do Norte usavam
música na qual havia elementos de êxtase e hipnotismo. Gaston declara:
Um frenesi igual à dança dionisíaca grega reapareceu repetidamente entre os aborígenes
da América do Norte. Na Dança do Espírito, por volta do ano 1870, os índios dançavam
monotonamente numa formação em círculo até que, um após outro, todos caíssem rígidos
e prostrados no solo. Benedict admitiu que durante a captura desses índios os que
dançavam tinham visões de libertamento dos brancos. Outros exemplos dos poderes
mágicos da dança incluem o dos primitivos dançadores do nordeste do México. O que era
visto nas danças dos feiticeiros na Califórnia Ambas as danças requerem algum
componente de acesso cataléptico.[14]
Referindo-se aos repetidos e monótonos ritmos de dança da cultura azteca, Gaston diz:
"Isso faz lembrar o rock and roll".[15]
Mais recentemente, o campo da psicologia da música foi tema de estudo de cientistas
soviéticos, e a relação entre o ritmo e o movimento do corpo foi claramente mostrada.
A música especialmente selecionada, aumenta a capacidade de trabalho dos músculos. Ao
mesmo tempo, o ritmo de movimentos do trabalhador muda com a mudança de ritmo
musical. É como se a música determinasse uma velocidade ideal do movimento rítmico.
Outra série de experiências em estudantes, provou que não somente a capacidade de
trabalhar é alterada sob a influência da música, mas também a pulsação e a pressão
sangüínea.[16]
Este é, apenas, um breve relato de alguns estudos científicos sobre a música e seus efeitos
sobre a mente e o corpo. Entretanto, mesmo essa limitada informação traz à. baila alguns
dados: 1) a música é percebida e apreciada sem necessariamente ser interpretada pelos
mais altos centros do cérebro, os quais envolvem a razão e o discernimento; 2) a reação à
música é mensurável mesmo que o ouvinte não preste atenção consciente dela.

Notas e Bibliografia:
[1] Dorothy Schullian e Max Schoen, "Music and Medicina" (New York: Henry Schuman,
lnc., 1948), pp. 270 e 271.
[2] Max Shosn "Psychology of Music" (New York: Ronald, 1940), p. 89
[3] Edward Podolski, "Music for Your Health" (New York: Bernard Ackerman, lnc., 1946), pp.
26 a 27.
[4] Schullian e Shoen, Op. Cit., pp 168 e 169.
[5] lbid., p 270.
[6] Doris Soilbelrnan, "Therapeutic and Indultrial Use of Music" (New York: Columbia
University Press. 1948), p. 47.
[7] G. e H. Harrer, "Music, Emotion and Vegetativum", Wiener Medizinnische
Wonchenschrilt, NR. 45/46, 1968.
[8] Leonard Gilman e Fraces Papert., "Music and Your Emotions" (New York: Liveright
1958), p. 28.
9. Charles Discerens e Harry Fine, " A Psychology of Music" (Cincinnati: College of Music,
1939), p. 229.
[10] Schullian e Schoen, Op. Cit., p. 146. 11. Soibelman, Op. Cit., p. 47.
[11] Soibelman, Pp. Cit. P. 47.
[12] Willen Van de Wall, "Music in Hospitals" (New York: Russel Sage Foundation, 1946), p.
15.
[13] Marshall Stearns, "The Story of Jazz" (New York: Oxford, 1956), pp. 38-50.
[14] E. Thayer Gaston, Music and Therapy" (New York: Macmilan Co, 1968), p. 323.
[15] Ibid., p. 20.
[16] Lonid Melnikov, "U.S.S.R.; Music and Medicine", Music Journal XXVII: 18 (Nov. 1970).

Música – Seus Efeitos Sobre o Homem (Parte II) [*]


H. Lloyd Leno
(H. Lloyd Leno recebeu o grau de doutor em Arte Musical na Universidade do Arizona,
Estados Unidos)

Parte II – Implicações Morais


A noção de que a música possui significado moral e espiritual não é, por certo, um conceito
do século dezenove, originando com revivalistas radicais ou místicos. O poder da música
tem sido uma fonte de interesse e especulação por parte de vários tipos de povos através
das eras. Antigos filósofos e cientistas, tais como Pitágoras e Platão, se aperceberam de
seu potencial e o temeram.
Tem-se dito: "A música pode ser intoxicante. Tais coisas, aparentemente sem monta,
destruíram a Grécia e Roma, e destruirão a Inglaterra e a América". Os Adventistas do
Sétimo Dia não apenas têm tido interesse e preocupação quanto ao poder da música, mas
possuem a mais imperiosa razão para investigar sua influência - a possibilidade de
conseqüências eternas.
Em nosso último artigo, examinamos algumas das evidências científicas dos efeitos físicos
e mentais da música sobre o indivíduo. Agora vamos debater as implicações éticas, morais
e espirituais, baseadas nessa informação Há outro tipo de evidência que embora não
testada cientificamente em laboratório, é claramente identificada por historiadores,
sociólogos, psiquiatras e músicos, o que tem sido comprovado no laboratório da experiência
da vida.
Música e Moralidade
Possui a música, fora de seu conteúdo textual, uma "mensagem"? Há mais do que a
associação com a imoralidade que influência as atitudes e comportamento do participante.
Esta questão tem sido evitada por alguns, simplificada por outros, disseminada por muitos,
mas, por outro lado, tem sido alvo de séria consideração por muitos outros.
Existe um reconhecimento difundido de que, dentro da música, há alguma
coisa simbólica da experiência da vida humana. Na verdade, a música parece combinar
algum estado de ânimo e atividade em que alguém possa estar envolvido. A filósofa
Susanne Langer afirma que em todas as culturas há evidência de que o homem tem
sempre avaliado a atividade estética e tem procurado sempre simbolizar tais experiências
de alguma forma comunicativas. Reconhecendo que o homem cumpriu isto por meio da
música. Soilbelman concluiu que "o comportamento humano se relaciona com
os símbolos inerentes aos sons musicais".[1] "O princípio terapêutico da música", diz
Altshuler, "repousa numa íntima afinidade entre o organismo humano e o ritmo, assim como
sobre o simbolismo inerente aos sons musicais".[2]
Criado à imagem de Deus, o homem foi dotado de muitos atributos divinos. Foi criado
perfeito, capaz dos mais elevados pensamentos, aspirações e emoções.
No entanto, como ser caído, tem-se comportado, muitas vezes, mais à semelhança das
bestas quadrúpedes que foram entregues ao seu domínio. Quando o homem procurou
simbolizar suas experiências, naturalmente incluiu as que eram contrárias ao caráter de
Cristo. O símbolo musical é uma representação da natureza pecaminosa do homem, o
que devemos reconhecer como possuidor de conteúdo imoral. Ora, o pecado é, muitas
vezes e sob qualquer ângulo, difícil de ser explicado, porque estamos tratando de verdade
espiritual, e esta é discernida espiritualmente (I Coríntios 2:13 e 14). Quanto mais difícil é
explicar ou debater a verdade e o erro em sua forma mais abstrata!
Muitas vezes, respostas a difíceis questões são encontradas tão facilmente que as
deixamos passar por alto. Grande parte pode e deve ser aprendida mediante observar a
música não apenas em seu habitat, mas também seus produtores e consumidores. Alguns
poderiam objetar à consideração da associação como evidência do significado e influência
musicais, mas não podemos ignorar o fato de que o homem tende a ser mais pragmático
em seu comportamento. Ele é inventivo e capaz de selecionar. Usa aquilo que mais se
ajusta a seus propósitos. Esta é a razão para a intima afinidade de certos tipos de música
com determinadas atividades. Isto não pode ser mera coincidência.
Recentemente a Companhia de Seguros Cruz Azul divulgou um estudo sobre o cenário da
juventude, na América, intitulado "Adolescence for Adults". Crendo que "a educação da
saúde pública I começa com a compreensão", a Cruz Azul encarregou um grupo de
sociólogos, psicólogos e escritores de várias instituições educacionais, para fazer um
profundo estudo da cultura dos jovens, sua filosofia, costumes e moral. A análise do cenário
musical intitulado "Filhos da Ética Licenciosa" começa com esta provocante afirmação:
A música popular tem agitado os americanos desde a virada do século, quando o "ragtime"
(espécie de música sincopada norte-americana) e o jazz começaram a expandir-se e a ser
tocados fora dos limites das cidades do sul e leste. Desde seu início, ela foi colorida com a
má fama das pessoas das quais provinha e desde então muitas pessoas têm-se
preocupado com as influências degradantes e desmoralizantes da nova música selvagem.
[3]
A História corrobora a exatidão desta assertiva com uma exceção, a época em que surgiu o
"ragtime". De acordo com o historiador da música negra, Eileen Southern, o piano "ragtime"
desenvolveu-se durante o período de 1865 a 1875. Os shows de menestréis (teatro de
variedades) também emergiram por esse tempo. Digno de nota o fato de que Ellen G.
White, durante esses anos, ter primeiro advertido a igreja a respeito da música própria para
dança que poderia excitar determinados órgãos do corpo, permitindo que Satanás tivesse
acesso à mente[4] . Por volta do ano 1896, ela contemplou em visão uma festa e uma
execução ao teclado que tinham "abundância de entusiasmo e uma espécie de inspiração;
mas a alegria era daquela espécie que unicamente Satanás é capaz de criar". Esse
entusiasmo, ela declarou, "prepara os participantes para pensamentos e ações profanos".[5]
De acordo com Southern, "a fusão de canções de ritmo sincopado com charanga e música
de dança sincopada resultou na música chamada jazz".[6] Nomes descritivos para a música
funcional são comuns, e a etimologia do nome jazz é indiscutivelmente significativa. Muitos
dos ingredientes do jazz, como o jazz em si mesmo, estavam tão intimamente associados
com a subcultura imoral da qual o jazz era uma parte, que se tornou natural a escolha
desse termo com tal conotação.
O Novo Dicionário Mundial de Webster (Webster's New World Dictionary) é mais explícito:
"jazz (patoá crioulo, termo sexual aplicado a danças do Congo - Nova Orleans); uso vigente
em Chicago, cerca de 1914, mas de uso semelhante anterior no cenário do vício de Nova
Orleans". Borroff confirma que o jazz era uma "palavra de quatro letras" comum nos bordéis
de Nova Orleans.[7] Mais tarde, ela se tornou uma expressão da gíria vulgar no comércio
sexual em muitas partes dos Estados Unidos.
Alguns têm tentado equiparar todo o cenário popular musical do jazz-rock com música
folclórica. Alguns elementos folclóricos, como protestos de camponeses, canções de
trabalho espirituais estavam entre os elementos que colaboraram com o jazz, mas o
resultado não foi mais música folclórica. O jazz não tem paralelo em qualquer parte do
mundo. É uma manifestação musical distinta cujo estilo e desenvolvimento não comportam
semelhança com nenhuma classe da literatura folclórica onde quer que seja.
Southern afirmou: "O musicista negro criou uma música inteiramente nova - num estilo
peculiarmente afro-americano - que hoje espalha sua influência por todo o mundo".[8] O
sucesso de muitas excursões dos grupos de, jazz do Departamento Estadual a muitas
partes do mundo, é prova convincente de atração universal do jazz. O eminente músico
terapista Gaston reconheceu a influência da música própria para dança, ao dizer: "Durante
a dança, o homem e a mulher, têm os braços um ao redor do outro, numa intimidade que
jamais poderia ser tolerada pelos dois, ou pelo público, mas aceitável na dança enquanto a
música continua".[9]
O jazz - também conhecido como música afro-americana - continuou como parte integrante
do entretenimento universal, sendo aceito prontamente em todos os níveis econômicos da
sociedade. Evoluiu e sofreu variações de acordo com o clima social, e criou uma indústria
lucrativa, largamente financiada e divulgada pelos estabelecimentos comerciais dos
brancos.
Entretanto, O antigo estilo continuou a ser usado, apesar dos novos que surgiram. A
seqüência de estilos seguida é esta: o Dixieland jazz (no sul dos EEUU, como em Nova
Orleans; mais tarde, também em Chicago), O boogiewoogie (espécie de swing
caracterizado por um ritmo persistente de notas baixas), o swing (vários estilos e
movimentos), be-bop (uma modificação do jazz, caracterizada por muita improvisão), o coll-
jazz (frio e calmo), o rhythm and blues (canção de ritmo sincopado e letra melancólica), o
funky (qualidade e estilo provenientes do blue, o soul e, a seguir, na década dos 50, o
aparecimento do rock and roll. A nova forma de música, necessitava novamente, de um
título apropriado. Este foi dado pelo brilhante "disc Jockey" Allan Freed, que batizou a nova
música de rock and roll, expressão própria do comércio sexual originária do ghetto.[10]
Assim, não seria surpreendente o relatório da Cruz Azul, que analisaria o significado do rock
and roll da seguinte maneira:
Tomada em sentido amplo, a nova música abrange duas mensagens: 'Venha gingar
comigo'. A atração mediante o canto sentimental para o romance, que foi o suporte principal
da música popular durante as décadas de 30 e 40, e a essência do rock and roll nos anos
50, tornou-se uma atração mais direta para se dançar a dança da vida. Tal atração -
expressa em muitas pelo grito - é muitas vezes apontada especificamente para uma
possível associação com o sexo, sendo uma proposta ligeiramente mascarada.
Muitos pais, bem como outras pessoas, se preocupam com o fato de que a música deva ser
bastante sugestionável, francamente sexual, estimulante para pessoas jovens ouvirem e
dançarem. Muitos que são crentes reais na nova música, não se defendem a si mesmos
contra tais pontos de vista, porquanto, conforme pensam, as notas e palavras são
representações de suas atitudes e emoções. Quanto àqueles que reivindicam que a música
restitui as relações sexuais íntimas, provendo cenas coletivas de orgasmo rítmico, eles
rebatem: "Observem outra vez. (...) E, enquanto empenhados nisso, analisem a música de
sua própria geração e as inibições que ela disfarça.[11]
Muitas pessoas, inclusive psiquiatras e sociólogos, reconhecem a implicação sensual do
ritmo da música rock, mesmo que estejam despreocupadas quanto aos valores morais
envolvidos "A maioria dos sociólogos, que encaram seriamente este tipo de coisas,
concorda em que a sensualidade do rock and roll é ‘inofensiva’. (...) 'Essas danças', diz o
psiquiatra Philip Solomon, da Harvard, são 'vazões para a impaciência, para desejos
sexuais reprimidos e sublimados. Isso é completamente saudável’".[12]
Outros, entretanto, estão preocupados. "As grandes implicações sensuais da dança big-
beat preocupam alguns psiquiatras". Diz um deles: "Ela é uma doença sexual voltada para
a diversão do espectador".[13] O Dr. Matterson acrescenta:
A música não é apenas um meio de vazão física, mas, de certo modo, uma espécie de
expressão sexual. A cadência possui implicações sexuais típicas e produz meios de
realização de suas sensações.[14]
Como esta música afeta os jovens? Davíd Wilkerson, autor de "A Cruz e o Punhal", relatou
a seguinte entrevista com um jovem que explicou como a música rock o influenciou entre
seus 13 a 20 anos. "Ela é completamente tumultuosa e desinibidora, e você não é capaz de
deixá-la. (...) Por vezes eu podia dançar diante de um espelho e fazer todos os tipos de
contorções e movimentos. Descobri-me a mim mesmo, mergulhando na música".[15]
Fránk Garlock, presidente do departamento de teoria musical da Universidade Bob Jones e
diretor do conjunto de metais, tem realizado muitas palestras em escolas e clubes. Ele
relata: "Certo jovem que se distinguiu por conquistar garotas, contou-me que descobriu o
melhor modo de 'fazer com que as meninas se acendam: é fazer amor ao ritmo do rock and
roll. Qualquer moça cederá sob circunstâncias apropriadas’".[16]
Como os próprios amantes do prazer analisam seus papéis? Morrison of the Doors:
"Imaginem-nos como políticos eróticos"[17] . Marty, do Jefferson Airplane: "Não estamos
recepcionando, estamos fazendo amor"[18] . Jagger, do Rolling Stones: "Você pode sentir a
adrenalina caminhando através do corpo"(...)[19] . Arthur Brown: "Toda música apaixonante
é sexo"[20] . Zappa: "Negar o rock é negar o sexo"[21] . "A música de Hendrix é muito
interessante. O som de sua música é extremamente simbólico: grunhidos orgásticos,
guinchos angustiados, gemidos lascivos. Rapazes conduzem moças para os bastidores do
teatro, para autógrafos. Enquanto assina seus pedaços de papel, suas costas, bolsas e
calças, Hendrix freqüentemente é interrogado: 'Você pensa em determinada menina
enquanto está tocando, ou você pensa em sexo?’ Os rapazes parecem apreciar o fato de
que suas amiguinhas estão sexualmente ligadas a Hendrix"[22] .
A carreira de Bob Larsen como musicista do gênero rock, propiciou-lhe, em primeira mão, a
experiência de observar os efeitos da música. rock. Sua experiência levou-o a investigar
possíveis interpretações fisiológicas para o padrão de comportamento que observou em
jovens.
Em seu livro "The Day Music Died", Larson apresenta a teoria de que abaixa freqüência dos
metais eletrônicos e ritmo impetuoso da música afetam a glândula pituitária e o fluido
cerebrospinal e, assim, altera o equilíbrio químico da secreção hormonal, particularmente
das glândulas sexuais. Quando alguém está ciente desse tipo de estímulo, diz Larson: "Não
é difícil notar por que essas danças (rock and roll) envolvem tais movimentos eróticos".
Sua observação pessoal combinada com um parecer médico, levou-o a concluir que o
indecente comportamento histérico que algumas meninas exibem é resultado de sua
"submissão a um estado de sensualidade progressiva ".[23]
Em face desta evidência, seria impossível negar a implicação sensual de determinada
música. Muitos consumidores parecem entender seu significado; evidentemente, captam a
mensagem que os artistas tencionam comunicar. Psiquiatras reconhecem-na como a
maioria dos "disc jockeys". Satanás sabe[24] , e nós?

Texto Bíblico:
I Coríntios 2:13 e 14 - 13 as quais também falamos, não com palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas com palavras ensinadas pelo Espírito Santo, comparando coisas
espirituais com espirituais. 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente.(voltar)

Notas e Bibliografia
[1] Doris Soilbelman. "Therapeutic and Induslrial Use of Music" (New York: Columbia
University Press, 1948), P- 21.
[2] Idem, p. 86.
[3] J. L. Simons and Barry Winnograd, "Songs of lhe Hang-Loose Ethic". Adolescence lor
Adults (Blue Cross Association), p. 35.
[4] Ellen G. While, Teslimonies, Vol. 1, pp. 497 e 506.
[5] Idem, Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 306
[6] Eillen Southern, The Music of Black Americans: A Hislory (New York: W. W. Norlon and
Company, Inc., 1971), p. 374.
[7] Edith Borrol1, Music in Europe and lhe Uniled Stales (Englewood Cliffs, New Jersey:
Prenice-Hall, 1971), p. 853.
[8] Soulhern, op. cit., p. XV.
[9] E. Thayer Gaston, Music in Therapy (New York: The Macmillan Company, 19681, p. 18.
[10] Bob Larson, Rock and Roll, The Devil's Diversion (McCook, Nebrasca: Bob Larsonn,
1970), p. 48.
[11] Somons and Winnograd, op. cil.. pp. 35-39.
[12] Time, 21 de maio, 1965, p. 88.
[13] Ibid.
[14] Phillis Lee Levine, "The Sound of Music?" New York Times Magazines. 17 de março,
1965, p. 72.
[15] David Wilkerson, Purple Violet Squish (Grand Rapids: Zondervan Books, 1969). p. 129.
[16] Frank .Garlock, The Big Beal, A Rock Blasl (Greenville, South Caroline: Bob Jones
University Press, 1971), p. 19.
[17] "This Way to lhe Egress", News- week, 6 de novembro, 1967, p. 101.
[18] "Rock and Roll: Open Up, Tu in. Turn On", Time, 23 de junho de 1967, p. 53.
[19] "Mick Jagger and the Future Rock", Newsweek, 4 de janeiro de 1971, p. 47.
[20] Larson, op. cit., p. 44.
[21] Frank Zappa, "The Oracle Has It All Psyched Out", Life, 28 de junho de 1968, p. 83.
[22] Idem, p. 91.
[23] Bob Larson, The Day Music Died (Carolstream, Illinois: Creation House. 1972), pp. 121
e 122.
[24] Ellen G. White, Testimonies, vol. I, p. 497.

Música – Seus Efeitos Sobre o Homem (Parte III)


H. Lloyd Leno
Parte III – Influência Sobre a Mente (Conclusão)
Visto que a mente pode ser influenciada pela música de maneira subconsciente,
reconhecemos com facilidade seu poder latente para controlar a mente. Gitler observou o
que os psicólogos têm revelado pela investigação, a saber: que o ritmo é um fator principal.
"O Rock tem uma batida penetrante e a audiência é influenciada por ela num nível
primário".[1] John Philips, do Mamas and the Papas: verificou por meio de observação e
experimentação que tumulto e histeria podem ser suscitados "controlando cuidadosamente
a seqüência de ritmos... Sabemos como fazê-lo... Qualquer pessoa sabe como fazê-lo".[2]
A revista Time comentou: "Em certo sentido, todo rock é revolucionário. Com sua batida e
som característicos, ele tem sempre rejeitado implicitamente a repressão celebrando a
liberdade e a sexualidade".[3]
Em seu livro mais recente: The Day Music Died ( "O Dia em Que Morreu a Música"), Bob
Larson documenta numerosos exemplos do uso da música rock, nos quais suas qualidades
de som, bem como seus versos líricos, são usados para promover o espírito de anarquia e
revolução na América.
Um grupo: "Country Joe and The Fish", é conhecido como tendo auxiliado as "Panteras
Negras" e os SDS. Uma apresentação do quinteto de Detroit, denominado MC5, foi descrita
da seguinte maneira pelo seu empresário original Jonh Senclair: "O MC5 é uma fonte livre
de intensa energia; que nos tornará selvagens nas ruas da América".[4] Larson cita também
algo da revista Hit Parader de março de 1968, a qual continha um artigo satírico sobre o
poder e a influência da música rock: "Suponhamos que quisésseis dominar um país.
Poderíeis fazê-lo sem dar um só tiro. Usai a música popular. Digamos que quisésseis
dominar os Estados Unidos. Começai a influir sobre a jovem mente impressionável dos
estudantes secundários e universitários. Podeis influenciá-los com sutil propaganda por
meio de vossos agentes no âmbito da música popular. Sua primeira medida é começar a
entoar cânticos de protesto. Eles suscitam dissensão e conquistam simpatizantes".[5]
Jerry Rubin sintetiza a relação entre suas ambições políticas e o estilo de vida Hippie:
"Fundimos a nova política esquerdista com o estilo de vida psicodélico. Nosso estilo de vida
- LSD, cabelos compridos, roupas extravagantes, maconha, música rock, sexo - é a
revolução. Nossa própria existência zomba da América".[6]
Poder Satânico na Música
Infelizmente, a influencia sobre a mente é mais profunda do que na moral ou na política.
Fazendo uso de sua experiência pessoal, Bob Larson menciona o que é sentir o poder
satânico através da música:
"Eu estava ciente da conexão entre os demônios e dança antes mesmo de minha
conversão. (...) Aprende-se controlar o povo pela música que se toca. Tenho tocado um
cântico continuamente durante quinze a vinte minutos. Houve ocasiões, ao tocar música
rock, que fiquei tão elevado e com os sentidos tão amortecidos, que quase não notava o
que se passava ao meu redor. Como ministro, sei agora o que é sentir a unção do Espírito
Santo. Como músico rock, eu sabia o que significava sentir a unção falsificada de Satanás'.
[7]
Ele relata então a experiência incomum de um hippie de 16 anos de idade, a qual lhe foi
contada por um amigo que trabalha entre os hippies: " Um dia ele pediu que meu amigo
ligasse o rádio a uma estação de música rock. Enquanto eles ouviam, esse adolescente
relatava, pouco antes de serem entoadas pelo cantor, na gravação, as palavras de cânticos
que nunca tinha ouvido. Quando lhe perguntamos como podia fazer isso, esse rapaz de
dezesseis anos respondeu que os mesmos espíritos malignos com os quais estava
familiarizado tinham inspirado os cânticos. Explicou, além disso, que nas viagens de LSD
ele ouvia os demônios entoarem alguns dos próprios cânticos que mais tarde ele ouviria
gravados por grupos rock LSD".[8]
A cadência Religiosa
Em acréscimo às investidas mais diretas contra a mente que já foram consideradas, há uma
que, devido ao seu disfarce extremamente sutil, pode ser ainda mais devastadora do que
todas as outras. Vimos que a reação humana para com a música é fundamental, e sua
mensagem, especialmente no âmbito da música popular, é compreendida de modo
universal. Que acontece com uma pessoa que se mostrou sensível ao jazz (inclusive as
formas mais suaves do swing), samba ou rock e seu ambiente natural, quando ouve a
mesma cadência e estilo básico num ambiente religioso, completados com palavras
religiosas? (No interesse de nossas considerações suponhamos que essas palavras sejam
bíblicas.) Como a mente reage diante dessa mistura do bem e do mal?
Ellen G. White nos diz que foi essa precisamente a técnica usada para causar a queda do
homem. "Por misturar o mal com o bem, sua mente se tornou confusa".[9]
A aceitação da mistura do bem e do mal ou atuar constantemente perto da linha divisória é
transigência, em parte alguma isso é mais evidente do que no domínio da música religiosa.
Os meios de comunicação condicionaram as massas de tal maneira com um sistema de
contagiosos ritmos de dança, que qualquer outra coisa a não ser isso se a figura insípida e
monótona. Isto tem resultado em algo parecido com uma obsessão entre muitos
compositores e cantores de música evangélica de alguma espécie de cadência de dança.
Embora alguns grupos sejam mais cautelosos ou "conservadores", o sistema padrão da
maioria dos grupo inclui formas híbridas levemente disfarçadas de estilos de dança, como
valsas, swing (foxtrote), canções do oeste, americano, rock suave e rock popular. Alguns
procuram disfarçar ou racionalizar seu estilo sob o pretexto de serem um "grupo folclórico".
É bem, evidente que esses grupos estão usando modelos cujos alvos não são compatíveis
com a teologia adventista do sétimo dia. De acordo com Ellen G White, essa mistura de
ritmos de dança e música evangélica não somente ocasionou um problema no começo da
história da Igreja Adventista do Sétimo Dia, mas ela também predisse seu reaparecimento.
Certamente a admoestação de Paulo apropriada neste sentido: "Não vos conformeis com
este século" Rom. 12:2.
Sensação Versus Experiência
Os perigos inerentes em reagir à música somente no nível sensual devem ser evidentes
nesta altura. Além do risco de ser influenciado, se não o de sofrer uma "lavagem cerebral"
pelos meios de comunicação, o cristão regenerado preocupar-se-á finalmente com dois
outros aspectos: maturidade, tanto mental como emocional, e responsabilidade para com os
outros. Em suas considerações sobre o valor e a grandeza da música, Meyer salienta
aspecto da maturidade:
"A diferença entre a música artística e a musica primitiva está na rapidez da tendência de
satisfação. Os primitivos buscam satisfação quase imediata de suas tendências, quer sejam
biológicas ou musicais. Um aspecto de maturidade, tanto do indivíduo como da cultura
dentro da qual surge um estilo, consiste na disposição para renuncia: à satisfação imediata
e talvez menor, por amor à futura satisfação definitiva".[10]
Há grande diferença entre o efeito psicológico da música cujo apelo é essencialmente
voltado para a sensação e a que provê genuína experiência estética. A música que agrada
somente aos sentidos não acrescenta coisa alguma ao conhecimento, à destreza ou à
percepção da beleza por parte do indivíduo. Por outro lado, a música que tem valor não
agrada somente aos sentidos, mas também ao intelecto. Isto proporciona uma experiência
que é cumulativa e transmissível; sua repetição, devido ao envolvimento da mente, produz
um indivíduo mais sensível e informado musicalmente.
Os defensores da música rock insistem que ela não deve ser avaliada por normas
estabelecidas, alegando que ela é algo do "momento atual", baseado em sensação que
muda com os estilos cambiantes, sendo valiosa somente no momento de sua execução.
Isto está em contraste com o termo experiência, que pode ser aplicado à música séria.
"A sensação é pessoal, particular, restrita e incomunicável. (Nossas sensações são o que
recebemos.) Ou segundo a definição de um dicionário, sensação é a consciência de
perceber ou parecer perceber algum estado ou afecção do corpo de alguém ou de suas
partes, ou os sentimentos e as emoções da mente de alguém. Se eu não pudesse partilhá-
la, não seria uma experiência. Seria uma sensação, uma mensagem que adviesse
unicamente para mim. As sensações, então, por sua própria natureza, são íntimas e
inefáveis. A experiência nos conduz para fora de nós mesmos; a sensação confirma e
realça o próprio eu".[11]
O cristão amadurecido não vive meramente para agradar a si mesmo. Ele se preocupa com
os outros e se deleita em partilhar suas experiências. Ellen G. White (1913) traz-nos à
lembrança o verdadeiro significado objetivo da cultura musical. Embora devamos
desenvolver todas as faculdades da mente de maneira que atinjam o mais alto grau
possível de perfeição, ela adverte: "Esta não pode ser uma cultura egoística e exclusiva;
pois o caráter de Deus, cuja semelhança devemos receber, é benevolência e amor. Cada
faculdade, cada atributo de que o Criador nos dotou, deve ser empregado para a Sua glória,
e para o erguimento de nossos semelhantes".[12]
Isto não significa que para ser proveitosa, a música precisa ser complicada. Ela pode ser
simples e atrativa par o ouvinte não adestrado, sem que seja trivial, vulgar ou sensacional, e
ser ainda apreciada pelo músico adestrado.
Conclusão
A música como um dos maravilhosos dons de Deus ao homem jamais será plenamente
compreendida nesta vida. No entanto, temos acesso a informações científicas, conselhos
inspirados e experiências da vida que nos proporcionam um meio adequado para
compreender sua natureza e objetivo básicos. Para os adventistas do sétimo dia que lêem e
aceitam os escritos de Ellen G. White, o objetivo da música é claro: louvar e glorificar a
Deus e edificar o homem. Ela é um meio pelo qual Deus pode comunicar-se com o homem
e revelar alguns aspectos de sua natureza divina. Como tal, pode ser usada para promover
a saúde física, emocional e mental do indivíduo. Visto que a música pode ser percebida
pelo cérebro (tálamo) e desfrutada sem que seja avaliado o seu conteúdo moral, é fácil de
ver como Satanás pode obter acesso a mente. Deste modo ele é capaz de embotar as
percepções espirituais, bem como suscitar ou estimular certos estados emocionais.
A musica tem significado devido a suas qualidades e associações intrínsecas. o significado
musical se estende do que é altamente abstrato, e que não vai facilmente de encontro às
culturas, ao que é mais funcional e de índole psicomotora, indo com facilidade de encontro
ás culturas. Por conseguinte, a respeito de diferenças culturais e educacionais, a música é
uma linguagem universal. Os elementos fundamentais da música: altura, volume, ritmo e,
em grande medida, melodia e harmonia - afetam os processos mentais e físicos de todas
pessoas de modo notavelmente similar. Alem disso, a maneira pela qual são combinados
esses elementos resulta numa representação simbólica da vida. A música é o produto de
uma cultura, e ela, por sua vez, influencia essa mesma cultura.
Cumpre notar que quanto mais abstrata for a música, tanto maior será a necessidade de
educação para torná-la significativa ao indivíduo. Por exemplo: Grande parte do significado
da música absoluta (concertos, sinfonias, etc.) tenderia a afastar o ouvinte inexperiente até
que ele aprendesse algumas das fundamentais relações sintáticas na música. Por outro
lado, pode ser demonstrado que o conhecimento teórico não é um requisito prévio para a
fruição. Mediante audições repetidas, qualquer adulto ou criança isento de receio ou
preconceito pode desenvolver profundo e duradouro apreço por uma enorme quantidade de
música "clássica". Naturalmente, o conhecimento sempre aumenta o interesse. Entretanto,
mesmo que o significado musical não seja compreendido pelo indivíduo não adestrado
musicalmente, tem-se demonstrado que a reação da disposição de, espírito é deveras
universal.
Evidentemente, quanto mais funciona for a música, tanto mais universal e consistente será
a reação da conduta. Visto que o corpo humano é rítmico por natureza, o elemento rítmico
da música é o mais influente (desde que a altura e o volume estejam abaixo do limiar da
dor).
O homem, criado à imagem de Deus, tem tanto a capacidade como a necessidade de
experiências estéticas. Junto com a capacidade para amar e criar beleza, o homem, devido
a sua natureza carnal, também possui aptidão e tendência para mostrar-se sensível às
deturpações da beleza. A combinação de evidências científicas e conselhos inspirados
deveria ser mais do que suficiente para confirmar a teoria da influência moral na música. A
isto podemos acrescentar o testemunho dos que se têm envolvido atividades musicais, quer
como compositores e cantores, quer como consumidores.
Consideramos algumas maneiras pelas quais a mente e o corpo pode ser influenciados pela
música. Essa influência é tão real ao ser efetuada pelos ritmos hipnóticos da dança pelo
rock and roll mais recente, como pela cadência mais branda e sedativa do fox-trote, que tem
estado presente por trinta e cinco ou quarenta anos. Assim como as culturas de bactérias
vicejam em determinado ambiente, creio também que as atitudes mentais e os estados
emocionais suscitados por certos tipos de música promovem o desenvolvimento de
pensamentos não cristãos.
É o privilégio de todo indivíduo formar seu próprio gosto musical. No entanto, em vista das
evidências científicas do efeito da música sabre a mente, é necessário suscitar uma
questão ética e moral com respeito a todos que se empenham em fornecer ao público
qualquer espécie composição musical. Pelo ensino, por execuções ao vivo pela preparação
de música gravada, os que assim se acham empenhados estão moldando o gosto e as
atitudes de milhares de crianças, jovens e adultos. Que nos impele a faz escolhas para o
público em geral? O desejo de elevá-lo, ou desejo de obter popularidade? Os ideais cristãos
ou comercialismo? O pensamento de que podemos ter condicionado a mente de uma só
pessoa, levando-a a rejeitar a salvação deveria ser deveras solene. Talvez alguns que
ocupam posições de liderança e responsabilidade estejam sofrendo efeitos da mistura do
bem e do mal.
É-nos declarado que "a mente da qual o erro alguma vez se apossou, jamais pode
expandir-se livremente para com a verdade, mesmo após investigação".[13] Apelo para que
todos os que podem influenciar a outros, e que o fazem encarem seriamente sua
responsabilidade, certificando-se que como cristãos amadurecidos suas faculdades estejam
treinadas "para provar e saber a diferença entre o que é bom e o que é mau" (Heb. 5:14, A
Bíblia na linguagem de hoje).

Notas:
[1] Ira Gitler, " um Homem do Jazz Analisa o Rock", Bell Janeiro-fevereiro de 1970, p.20.
[2] Guilherme Kloman, "chamaremos Somente de Supergrupo Saturday Evening Post, 25
de março de 1967, p. 41.
[3] "Rock", Time, 3 de janeiro de 1969, p. 49.
[4] "Rock, a Neurastenia Revolucionária" Time, 3 de janeiro de 1969.
[5] Bob Larson, The Day Music Died (Carol Stream, Illinois: Creation house, 1972), p. 161
[6] Davi wilkerson, Purple violet Squish Zondervan Books, 1969), p. 30.
[7] Larson, op. cit., p. 181.
[8] Idem, pp. 181 e 182.
[9] Ellen G. White, Educação (Santo André, SP : casa Publicadora Brasileira), p. 25. (Grifo
acrescentado).
[10] Leonardo B. Meyer, Emotions and Meaning in Music (Phoenix Books, The university of
Chicago Press, 1956), p. 93
[11] Martin Stella " Os Mestres da Intimidação". The Instrumentalist, fevereiro de 1972, p.
15.
[12] Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Santo André, SP: casa Publicadora Brasileira), p.
639.
[13] Ellen G. White, Medicina e Salvação (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira), p.
89.

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