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PROJETIVAS
Índice
1. Introdução
2. 1º Parte – Vínculos escolares
2.1 – Par Educativo
2.2 – Eu com meus colegas
2.3 – A planta da sala de aula
3. 2ª Parte – Vínculos Familiares
3.1 A planta da minha casa
3.2 Os quatro momentos de um dia
3.3 Família educativa
4. 3ª Parte – Vínculos consigo mesmo
4.1 – O desenho em episódios
4.2 - O dia do meu aniversário
4.3 - Em minhas férias
4.4 – Fazendo o que mais gosto
5 – A proposito das Técnicas Projetivas Psicopedagógicas
1. Introdução – Técnicas Projetivas
A prova Par educativo foi criada pelas autoras Malvina Oris e Maria Luisa S. de
Ocampo. De início esta prova foi usada para avaliação de jovens que ingressavam no ensino
médio, mais tarde se estendeu a crianças da escola primária que apresentavam dificuldades
de aprendizagem. Hoje a prova Par educativo pode ser usada tanto por adolescentes com
dificuldades como a outros que realizavam orientações vocacionais.
Após ser muito difundida na Argentina, sua aplicação se estendeu ao Brasil,
geralmente é empregada por psicopedagogos e por alguns psicólogos clínicos. Em 1985
Maria Elena Coviella de Olivero e Cristina Van der Kooy de Palácios realizaram um estudo no
qual expôs os resultados obtidos com o objetivo de verificar a confiabilidade e a validade dos
critérios do teste.
Hoje com o título de Teste “Par educativo” o objeto de aprendizagem como meio
para detectar a relação vincular latente, o teste tem por objetivo investigar o vínculo de
aprendizagem do sujeito. Utilizando como materiais folha de papel tamanho sulfite, lápis
preto e borracha, o procedimento para a realização do teste é bastante simples; pede-se que
o entrevistado desenhe duas pessoas, uma que ensina e uma que aprende; solicita-se
quando tenha terminado o desenho que indique como se chamam e qual a idade delas; ao
final, pede-se que o entrevistado dê um título ao desenho e relate o que está acontecendo
nele.
O vínculo de aprendizagem pode ser abordado investigando a relação: a) com os
objetos de aprendizagem, b) com quem ensina e c) de quem aprendem consigo mesmo,
nesta situação. A representação destas três unidades de análise: "objetos", "ensinante" e
"aprendente" e de suas relações, são altamente representativas do tipo de vínculo que cada
ser humano estabelece com a aprendizagem.
A representação do ensinante como facilitador e intermediário possui um valor
positivo que implica reconhecimento e capacidade de reparação; opostamente, sua
caracterização como perseguidor punitivo denota sentimentos diametralmente opostos, que
resultam numa perturbação para atingir as verdadeiras aprendizagens; ou seja, aqueles que,
além de consistirem em uma aquisição de conteúdos, conduzem a aprender.
Quem aprende também possui uma "representação de si próprio", representação
que pode apresentar-se com diferentes graus de consciência e inconsciência. O sentimento
da capacidade que se tem ou não se tem, da modificabilidade da mesma, do grau de
tolerância à frustração e muitos outros componentes emocionais são condicionadores do
que, no enfoque da Epistemologia Convergente, têm sido denominados de Modelo de
Aprendizagem.
Indicadores mais significativos a serem observados no teste: a) Detalhes do desenho:
Tamanho total; Tamanho dos personagens; Tamanho dos objetos; Posição e distância dos
personagens; Posição dos objetos; Distância de ambos os personagens na representação do
objeto de aprendizagem; b) Nomes e idades assinalados: Correspondência com o
entrevistado; Correspondência com o entrevistador; c) Título do desenho: Correspondência
com a situação desenhada; d) Relato: Conteúdo do relato; Correspondência entre relato e o
desenho; Correspondência entre relato e título.
Embora o par educativo adquira significado quando consideramos como totalidade,
alguns aspectos possuem significado particular que interpretados com a devida cautela
podem oferecer uma rica informação: os detalhes do desenho, o título do mesmo e o
conteúdo do relato.
Outros aspectos importantes a serem observados:
Tabela- 1 Alguns indicadores e seus respectivos significados
Alguns indicadores e seus respectivos significados
1. Posição
Frente a frente Vínculo de aprendizagem bom.
Lado a lado Vínculo de aprendizagem regular.
Ambos de costas Vínculo de aprendizagem ruim.
O docente de costas para o O aluno se sente rejeitado pelo docente.
aluno
O aluno de costas para o O aluno rejeita o docente.
docente
2. Tamanho
Pequeno Não é um vínculo importante.
Médio É um vinculo relativamente importante.
Grande È dada uma importância significativamente destacada,
que pode ser positiva ou negativa.
3. Tamanho relativo de personagem
Sem discriminação de Vínculo confuso com quem ensina.
tamanho
Com discriminação de Vínculo claro ou relativamente claro com quem ensina.
tamanhos
Com docente grande e Vínculo no qual se supervaloriza quem ensina.
aluno pequeno
Com aluno grande e Vínculo no qual se subestima quem ensina.
docente pequeno
4. Características corporais
Só cabeças Supervalorização do intelecto.
O corpo do docente Pode significar uma agressão oculta contra quem
inacabado ensina.
A simplificação dos Costuma implicar, quando o entrevistado não tem
personagens dificuldades para desenhar, uma desvalorização do
vínculo de aprendizagem com o docente.
5. Perspectiva
Desenho com perspectiva Vínculo positivo e maduro.
6. Âmbito
Âmbito escolar O entrevistado se centrou no aprendizado sistemático,
podendo este ser positivo ou negativo.
Âmbito extra-escolar O entrevistado estabelece um vínculo melhor com a
aprendizagem assistemática.
Eu Com Meus Colegas foi criado pela Profª Sara Bozzo para sua licenciatura em
psicopedagogia, é um instrumento psicopedagógico para colher informações do aluno com seus
colegas de classe.
São utilizados para a realização da técnica projetiva; Folha tamanho sulfite, Lápis preto e
borracha. Pede-se ao entrevistado que desenhe seus colegas de classe, e que indique no desenho
que é os demais colegas desenhados, e que faça comentários sobre eles.
Os fundamentos para a execução da técnica com a sujeito se baseia na ideia de que o vinculo
afetivo com os demais membros do grupo, e a educação do sujeito depende da forma como este se
relaciona com os outros. Portanto é altamente significativo saber como o educando aprende em seu
meio escolar.
Indicadores significativos para analise do desenho são; detalhes, tamanho total e dos
personagens, posição dos personagens, inclusão do docente, e personagens externos ao grupo.
Observar os comentários feitos sobre os personagens se são personalizados ou gerais.
Observando os indicadores e os comentários será possível, colher informações significativas
sobre o desenho, a exemplo de comentários feitos sobre um dos participantes, tamanho a qual foi
desenhado, podem indicar uma boa relação, ou um desejo de aproximação e ou rejeição.
Frequentemente nos desenhos analisados se encontram; 1) o entrevistado no meio e dois
grupos separados e distantes em lado do mesmo- falta de integração no grupo, 2) o entrevistado em
um extremo do grupo- integração relativa, 3) o entrevistado ausente ou em um segundo plano-
inibição para a integração, 4) o entrevistado em um primeiro plano- integração adequada-, 5) em
torno de uma mesa ou em forma de roda, que assim mesmo indica uma boa integração ao grupo.
Essa técnica tem grande importância para ser utilizada em um atendimento individual, por
existir diversos fatores que podem interferir positiva ou negativamente no aprendizado.
No capítulo que trata sobre a planta da sala de aula, é importante ressaltar que a
idade aconselhada para a aplicação de tal técnica projetiva é de crianças entre 8 e 9 anos.
Tem como o objetivo principal conhecer a representação do campo geográfico da sala de
aula e as localizações, real e desejada da criança em relação à mesma, os materiais a serem
utilizados são: folhas de oficio, lápis preto, borracha e régua se o entrevistado solicitar, o
procedimento é simples. Solicita-se ao entrevistado que desenhe a planta de sua sala de
aula, pede-se que indique onde senta, pergunta-se se esse lugar foi escolhido por ele, pelo
professor ou pelo grupo, pede-se que comente como é a sua sala de aula, pergunta-se se
gostaria de sentar eu outro lugar, pede-se que comente sobre as outras crianças sentadas
nos demais lugares, e se necessário deve-se perguntar algo que seja necessário ao estudo.
Detalhes do desenho - O tamanho da sala de aula costuma ser indicativo, quando é pequeno
pode indicar inibição, quando o tamanho é desmedido pode indicar descontrole falta de
limites, os elementos incluídos nessa sala indicam vínculos positivos e os excluídos é que não
estabeleceu vínculos, o tamanho desses elementos indica um maior ou menor valor
atribuído pela criança ao mesmo, podendo servir também como uma barreira que divide
partes da sala de aula, quando se desenha colegas ou professor indica bom vínculos com os
mesmo, as portas e janelas frequentemente está ligada a essa criança sentir-se fecha ou não
em sala de aula, e laminas ou enfeites quando desenhados geralmente indicam um vinculo
obsessivo e ritualista com o contexto da sala de aula.
Possíveis localizações na sala de aula – Nesse quesito é importante observar por quem foi
escolhido o local a qual a criança senta em sala de aula, dependendo de quem foi a escolha,
a posição em frente pode significar uma participação ativa na aula, ou um castigo, no fundo e
nas laterais quase sempre indica retração ou desestímulo com a não participação ativa em
aula, mas deve-se levar em consideração o tamanho e o que levou essa criança a esses
locais, enquanto que no meio indica geralmente um vinculo mediano.
Comentários sobre a sala de aula – Os comentários permitem perceber com clareza quatro
possíveis atitudes da criança ao contexto físico e humano da sala de aula: aceitação, rejeição,
indiferença e objetividade. A aceitação indica um vinculo positivo, mas pode também uma
passividade em sua adequação; a rejeição implica numa relação negativa, mas também pode
indicar um desejo de mudança nesse contexto seja essa mudança física ou humana; a
indiferença é uma forma de rejeição dissimulada, enquanto a objetividade é um vinculo
maduro, que entende a um eu desenvolvido que adquiri experiências de aprendizagem.
A escolha do lugar em sala de aula – nesse item podemos nos certificar de quais normas
regem o grupo, e eventualmente a instituição educativa em sua totalidade sendo importante
também o conhecimento do funcionamento grupal em sala de aula.
Com os colegas – é importante observar como as crianças chegaram até esse grupo, se esse
grupo contempla ambos os sexos, se do mesmo sexo, se a escolha foi espontânea, isso
mostra a aceitação ou rejeição grupal, e as figurais as quais a criança se identifica,
demonstra também uma forma de controle do docente e outros aspectos, é útil saber como
é vivido esse entorno e cada um dos membros do mesmo.
Nome dado a uma técnica adaptada de O Desenho em Episódio do qual o autor não
se conhece. Os objetivos da técnica é investigar como se constrói os vínculos ao longo do
dia. Para tal, são necessário folhas sulfite e lápis grafite.
O facilitador dobra a folha de sulfite em quatro partes iguais e pede para a pessoa
fazer o mesmo e orienta a fim de que desenhe em cada quadro um momento diferente do
dia, em seguida é pedido que mencione os acontecimentos, mediante as respostas do
entrevistado pode-se fazer perguntas no intuito de obter mais detalhes.
Nesta atividade estão presentes as operações cognitivo-afetivas: “hierarquia de
momentos e relação de ordem temporal”, o que contribui para a identificação de
indicadores significativos são eles: adequação de ordem, momentos escolhidos, atividade
realizada, pessoas, campo geográfico da cena, objetos do ambiente, detalhes do desenho e
sequencia dos momentos.
Os indicadores significativos de maior relevância desta técnica são as três diferentes
sequencias: espaciais, temporais de relatos. O entrevistador deve observar se existe
concordância do tempo e espaço com relação aos relatos do entrevistado de modo à
compreender os aspectos de mobilidade mental, permanência de critério, criatividade,
aprendizagem e preferências do entrevistado.
3.3 Família educativa
Desse modo, não só interessa saber qual o vínculo que o sujeito estabelece com o
docente, a sala de aula, os companheiros e a escola, como também importa a relação com
os adultos significativos que lhe oferecem modelos de aprendizagem. Os testes podem
classificar-se por suas características externas, pelo modo de aplicação e pelo aspecto
avaliado e tem um objetivo geral de investigar a rede de vínculos que um sujeito pode
estabelecer em três grandes domínios; o escolar, o familiar e o consigo mesmo e em cada
um desses domínios com diferenças individuais é possível reconhecer três níveis em relação
ao grau de consciência que são : O nível consciente, pré consciente e inconsciente.
Com base no texto Nas Minhas Férias, pode-se destacar a relevância das técnicas projetivas
psicopedagógicos para essa atividade. Pois, em comum com o desenho foi a descoberta do que o
mesmo se interessava. Desta forma, a técnica tem como objetivo estudar as atividades escolhidas
durante o período de férias escolares.
Entende-se que as férias é um período onde costumamos fazer aquilo que desejamos ou
gostamos de fazer, aquelas atividades que normalmente não dispomos de tempo para realizá-las.
Este momento representa um espaço psicológico de despreocupação e perda de tensão, como
também podem significar um tempo vazio, de não saber o que fazer e de angústia. Sabe-se que
através dessa técnica, pode ser percebido os indicadores mais significativos. A conversa dita durante
o relato, bem como, alguns significados dos indicadores, ou seja, o desenho feito pelo indivíduo, irá
retratar o que acontece ou que gostaria de realizar durante este período. Assim, podemos observar
suas possíveis projeções, como no caso de Fernando, onde os pais procuraram um psicopedagogo
para descobrir as habilidades dele com o intuito de evitar acontecer com ele o mesmo que ocorrera
ao seu irmão que acabou cursando algo que não era do seu interesse.
Sendo assim, a técnica “nas minhas férias” possibilita aos psicopedagogos extrair
informações não claras em outras técnicas, permitindo assim, complementar de forma contundente
o processo avaliativo.
Segundo Visca (2009) nenhuma área do conhecimento pode progredir se não tiver
um objeto de estudo de forma claramente definido e que está precisa ter instrumentos
próprios. Visca desde o inicio de sua carreira como psicopedagogo buscou delimitar o
objeto de estudo de sua práxis profissional e buscou especificar instrumentos para a sua
atuação profissional e para a investigação de todas as possíveis demandas
psicopedagógicas mediante necessidade. Visca primeiramente preocupou-se em criar um
instrumento que facilitasse a investigação do modelo de aprendizagem do individuo com
dificuldade na mesma, onde criou a Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
(EOCA), este instrumento nos dava a possibilidade de delimitarmos o primeiro sistema
de hipótese, nas quais no decorrer do processo de avaliação confirmar-se-iam ou não
através da aplicação de outros instrumento psicométricos, cognitivos, projetivos e etc.
De inicio Visca percebeu que as técnicas projetivas estavam mais voltados para os
aspectos da personalidade do individuo avaliado se comparado ao mais importante, ao
processo de aprendizagem. Visca então preferiu pensar uma nova linha teórica, com a
intenção de ver a projeção de outro ponto de vista, onde surgiu a Epistemologia
Convergente, na qual Visca se baseou nos conceitos da Psicanálise (Freud), Psicologia
Genética (Jean Piaget) e Psicologia Social (Pichon-Rivière), Visca propôs que com a
junção destas três linhas teóricas as técnicas projetivas teriam uma visam mais ampla e
eficaz à respeito do processo avaliativo da aprendizagem, possibilitando aos educadores
refletir sobre os diversos problemas da aprendizagem e do ensino.
REFERÊNCIA: