Você está na página 1de 26

INTRODUÇÃO À ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO

TRABALHO

1
SUMÁRIO

1 CONTEXTO HISTÓRICO | SEGURANÇA NO TRABALHO ................................ 2

1.1 Origem da Segurança e Saúde no Trabalho .................................................. 2

1.2 Revolução Industrial ....................................................................................... 4

1.3 Como Se Deu no Brasil o Surgimento da Segurança e Saúde no Trabalho .. 5

1.4 Organização Internacional do Trabalho (OIT) ................................................ 7

2 OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO ................. 9

2.1 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho ................................................................................................................... 9

2.2 Técnico de Segurança do Trabalho ............................................................. 14

2.3 Engenheiro de Segurança do Trabalho........................................................ 16

2.4 Técnico de Enfermagem do Trabalho .......................................................... 18

2.5 Enfermeiro do Trabalho................................................................................ 21

2.6 Médico do Trabalho...................................................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 24

1
1 CONTEXTO HISTÓRICO | SEGURANÇA NO TRABALHO

1.1 Origem da Segurança e Saúde no Trabalho

No decorrer da história da humanidade, até o período pré-Revolução Industrial,


poucos são os registros a respeito das atividades ligadas à identificação e à prevenção
dos riscos no ambiente de trabalho.
Alguns registros feitos pelo grego Hipócrates, foram encontrados em meados
do século 4 a.C., ele que foi uma das figuras mais importantes da história da saúde,
ressaltou a gravidade toxicológica causada pelo chumbo em indivíduos que
trabalhavam em minas.
No 5 a.C., Plínio escreveu sobre os perigos envolvendo outras substâncias,
como enxofre, zinco, mercúrio e poeiras, materiais estes provenientes das atividades
envolvendo mineração. Ele se referiu a um dos primeiros equipamentos de proteção
individual, registrando que: quando os trabalhadores estavam expostos à poeira, os
escravos improvisavam uma forma de proteção amarrando panos ao rosto a fim de
cobrir nariz e boca e diminuir a sua inalação.
Até que no final do século XV alguns estudos realizados relacionados a
algumas doenças específicas geradas por alguns agentes químicos, não especificava
qual a forma de tratamento. O primeiro estudo que de fato foi completo, foi realizado
por George Bauer (1494/1555, Inglaterra), conhecido por seu nome latino Georgius
Agrícola, sua obra “De Re Metallica” foi publicada em 1556. Nela foram estudados os
problemas relacionados com as atividades de extração e fundição de prata e ouro.
Onde foi abordado também, os acidentes do trabalho e as doenças mais comuns entre
os mineiros e os meios de prevenção, ressaltando também a necessidade de
ventilação no ambiente.
Agrícola dava destaque para a “asma dos mineiros”. Para ele a doença era
provocada por poeiras corrosivas. A descrição dos sintomas e a rápida evolução da
doença indicavam tratar-se de silicose, mas cuja origem não ficou claramente descrita
por Agrícola (NOGUEIRA, 1981).
Outros autores que também escreveram sobre esse tema foram Aureolus
Theophrastus Bembastus von Hohenheim (PARACELSO, 1493/1541). A
obra publicada em 1567, “Dos ofícios e doenças da montanha”. Trata-se da primeira
monografia sobre as relações entre trabalho e doença. Foram realizadas numerosas

2
observações, relacionando métodos de trabalho e substâncias manuseadas com
doenças. Citando na sua obra, a silicose e as intoxicações pelo chumbo e pelo
mercúrio sofridas pelos mineiros e fundidores de metais (RODRIGUES, 1982;
NOGUEIRA, 1979; PIN, 1999).
Os registros encontrados, a segurança e a saúde no trabalho também não eram
motivos de preocupação para a grande maioria dos empregadores, pois os trabalhos
pesados e manuais ficavam restritos aos escravos ou aos cidadãos de classes menos
favorecidas da sociedade.
Somente em meados de 1700, na cidade de Modena, Itália, o médico italiano
Bernardino Ramazzini. Publicou uma importante obra a respeito do assunto, a De
Morbis Artificium Diatriba – As Doenças do Trabalho. Consistia em um verdadeiro
tratado sobre doenças ocupacionais, no qual estavam descritas pelo menos 50
ocupações e as respectivas medidas que deveriam ser tomadas no intuito de reduzir
os perigos à saúde dos trabalhadores. Essa publicação foi considerada pioneira e
serviu como base para o desenvolvimento da medicina ocupacional, por isso
Bernardino Ramazzini é visto até os dias atuais como o “pai da medicina ocupacional”.
Algo interessante ser mencionado é que, nessa época, já existia na sociedade
europeia a crença de que as doenças ocupacionais causavam perdas de
produtividade e, consequentemente, de dinheiro advindo do trabalho. Em 1776, o
economista Adam Smith, publicou a obra A Riqueza das Nações. Em um dos trechos
do livro, o economista nos diz:

Estando o trabalhador em seu estado normal de saúde, vigor e disposição, e


no grau normal de sua habilidade e destreza, ele deverá aplicar sempre o
mesmo contingente de seu desembaraço, de sua liberdade e de sua
felicidade. O preço que ele paga deve ser sempre o mesmo, qualquer que
seja a quantidade de bens que receba em troca de seu trabalho (SMITH,
1776).

Assim, diante do fato de que o potencial máximo de produtividade do trabalhador


somente poderia ser alcançado quando ele se encontrasse em seu estado normal de
saúde e vigor, é evidente que as empresas e os empregadores passaram a valorizar
a manutenção da saúde e a prevenção de doenças ocupacionais, a fim de mantê-lo
produtivo o quanto fosse possível.

3
1.2 Revolução Industrial

Ocorreu a Revolução Industrial no final do século XVIII. Iniciada no continente


europeu (Inglaterra, França e Alemanha), ficou caracterizada pela invenção da
máquina a vapor (1784) por James Watts na Inglaterra e pela publicação de Adam
Smith, The Wealth of the Nations (A Riqueza das Nações), em 1776. Essa invenção
viabilizava a instalação de indústrias em qualquer lugar, antes restrita às margens dos
rios (devido ao uso da força hidráulica), e a publicação apontava as vantagens
econômicas da divisão do trabalho. São inegáveis os benefícios advindos da
Revolução Industrial, que trouxe, entre outros, o grande aumento da produtividade,
proporcionando uma ampliação no consumo de bens para a sociedade de um modo
geral, porém também é inegável o preço pago por tais benefícios pelos trabalhadores
(RODRIGUES, 1982; WAISSMANN & CASTRO, 1996).
As condições de trabalho eram bastante degradadas, com numerosos
acidentes de trabalho graves, mutilantes e fatais, tendo como causas: falta de
proteção das máquinas, falta de treinamento para sua operação, jornada de trabalho
prolongada, nível elevado de ruído das máquinas monstruosas ou pelas más
condições do ambiente de trabalho. Não eram poupadas as mulheres e crianças a
partir de 6 anos, contratadas com salários mais baixos.
A primeira referência conhecida ao emprego de um médico numa manufatura
é de 1789, em Quarry Bank (MURRAY, 1987 apud GRAÇA, 2000). Em 1795, Peter
Holland (1766-1855) era não só médico assistente da família do proprietário dessa
manufatura como dos seus operários e aprendizes (GRAÇA, 2000).
Concomitantemente ao bônus, surge o ônus, ou seja, as consequências
negativas dessa evolução na indústria.
Em resposta ao processo acelerado de produção em condições cada vez mais
desumanas, começaram a surgir doenças ocupacionais, e as taxas de acidentes
relacionados ao trabalho aumentaram a níveis alarmantes – não só homens, mas
também idosos, mulheres e crianças eram designados para as mais diversas tarefas,
em condições laborais e de vida muitas vezes deploráveis. Não havia qualquer
controle sobre a segurança no desempenho das atividades ou a carga horária de
trabalho e descanso, aumentando a mortalidade em alguns segmentos industriais
atinge, nesse período, níveis assombrosos.

4
Além das difíceis condições de trabalho, nasceu o receio de que a mão de obra
humana fosse totalmente substituída pelas máquinas, o que desencadeou o primeiro
movimento de luta operária, iniciado pelos trabalhadores que passaram a reivindicar
seus direitos associando-se a sindicatos, recusando-se a desempenhar suas
atividades laborais e resistindo ao controle dos gerentes. Essa revolta forçou os
empresários capitalistas a pensarem em novas formas de organizar o trabalho.
Essa foi uma época foi marcada por diversos movimentos sociais e trabalhistas,
pressionando assim legisladores e políticos. Surgiram, dessa maneira, as legislações
e proteções aos trabalhadores, que permitiram que as atividades fossem
regulamentadas. Ainda assim, as mudanças ocorreram de forma muito lenta e
gradual. Onde as primeiras ações de regulação jurídica dos direitos trabalhistas,
surgiu o Direito do Trabalho, que se destina a proteger os trabalhadores do
esgotamento, estabelecendo limites para as horas laborais e garantias mínimas contra
demissões por meras razões econômicas ou decorrentes do arbítrio patronal. As
empresas foram obrigadas a melhorar as condições de higiene e segurança, e foram
criados sistemas de pensões, de reforma e de seguro contra acidentes ou
desemprego. Sendo criadas também legislações de proteção mais rigorosas para
mulheres e crianças, os quais eram muito explorados.

1.3 Como Se Deu no Brasil o Surgimento da Segurança e Saúde no Trabalho

No Brasil, não foi registado praticamente nenhum caso de doenças


relacionadas ao trabalho antes do fim da escravidão. Os escravos eram designados a
fazem todo o trabalho pesado e manual e, por isso, recebiam pouca importância por
parte dos senhores.
Um dos primeiros registros encontrados foi no início do século 20, durante a
construção da ferrovia Madeira-Mamoré, entre 1907 e 1912, e liderado pelo doutor
Oswaldo Cruz. Onde foram registrados os primeiros casos de doenças infecciosas
relacionadas ao trabalho, principalmente em ferrovias.
A partir de 1920, diversos estudos demonstraram a relação direta entre as más
condições laborais e a ocorrência de doenças e acidentes no trabalho. Esses registros
estão diretamente ligados às indústrias europeias transferidas para o Brasil,
desencadeando aqui um reflexo do que houvera na Europa um século antes. De modo
semelhante, as pressões dos movimentos sociais e trabalhistas, associadas às

5
denúncias de trabalhadores, levaram à publicação de legislações voltadas à proteção
do trabalhador.
Destacou-se a seguir alguns registros que foram responsáveis por influenciar
na elaboração das legislações brasileiras:
 1918: Decreto no 3.550, cria o Departamento Nacional do Trabalho,
regulamentando a organização do trabalho;
 1919: Decreto Legislativo no 3.724, institui a reparação em caso de doença
contraída pelo exercício do trabalho; é conhecido como a primeira lei sobre
acidentes de trabalho;
 1920: reforma “Carlos Chagas”, incorpora a Higiene do Trabalho ao âmbito da
saúde pública por meio do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP),
órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Higiene do
Trabalho, ou Higiene Ocupacional, é um termo relacionado à área de
Segurança e Saúde no Trabalho, mais especificamente ao combate das
doenças ocupacionais;
 1923: Decreto no 16.027, cria o Conselho Nacional do Trabalho e a Inspetoria
de Higiene Industrial e Profissional junto ao Departamento Nacional de Saúde,
no Ministério da Justiça e Negócios Interiores;
 1930: Decreto no 19.433, cria o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio,
desenvolvendo dispositivos regulamentadores das condições de trabalho, da
organização sindical e da previdência social;
 1934: Decreto Legislativo no 24.637, cria a Inspetoria de Higiene e Segurança
do Trabalho, tornando-se conhecido como a segunda lei sobre acidentes de
trabalho;;
 1938: a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho se transforma em
Serviço de Higiene do Trabalho, passando, em 1942, a denominar-se Divisão
de Higiene e Segurança do Trabalho;
 1938: fundação da American Conference of Governmental Industrial Hygienists
(ACGIH), denominada, na ocasião, de National Conference of Governmental
Industrial Hygienists;
 1943: pelo Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio, entra em vigor a Consolidação
das Leis do Trabalho (CLT), com capítulo específico dedicado a Higiene e
Segurança do Trabalho;

6
 1944: Decreto no 7.036, institui a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA);
 1953: Recomendação no 97 da OIT sobre “Proteção da Saúde dos
Trabalhadores”;
 1953: Portaria no 155, regulamenta as ações da CIPA;
 1956: Decreto Legislativo aprova a Convenção no 81 – Fiscalização do
Trabalho, da OIT;
 1959: Conferência Internacional do Trabalho aprova a Recomendação n o 112,
que trata dos Serviços de Medicina do Trabalho;
 1966: Lei no 5.161, cria a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho (Fundacentro), posteriormente denominada Fundação
Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho;
 1978: Portaria no 3.214, aprova as Normas Regulamentadoras (NRs) do
Capítulo V, Título II, da CLT, referentes a segurança e medicina do trabalho;
após a aprovação provida pela referida Portaria, foram viabilizadas legalmente
e editadas 28 Normas Regulamentadoras, as quais sofreram várias alterações
ao longo do tempo, até os dias atuais, inclusive com a inclusão das demais
NRs, Legislação de Segurança e Saúde no Trabalho;
 1988: promulgada a Constituição Federal do Brasil e criadas as Normas
Regulamentadoras Rurais (NRRs).

1.4 Organização Internacional do Trabalho (OIT)

Através do Tratado de Versalhes, em 1919 foi fundada a Organização


Internacional do Trabalho (OIT), que possibilitou o desenvolvimento de estudos e
acordos internacionais em segurança e saúde ocupacional. A OIT colaborou também
para a promoção dos valores de proteção e significação dos trabalhadores em um
número cada vez maior de países em todo o mundo.
A OIT em conjunto com a agência da Organização das Nações Unidas (ONU)
incumbida de garantir que homens e mulheres possam ter acesso a um trabalho
decente e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade. A
criação da OIT foi considerada como o marco definitivo do Direito Internacional do
Trabalho.

7
O termo “trabalho decente”, formalizado pela OIT em 1999, tem como
finalidade, o respeito aos direitos do trabalhador, em especial aqueles definidos como
essenciais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princípios Fundamentais no
Trabalho e que são os quatro objetivos estratégicos dessa organização:

 Liberdade sindical e reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva;


 Eliminação de todas as formas de trabalho forçado;
 Abolição efetiva do trabalho infantil;
 Eliminação de todas as formas de discriminação em matéria de emprego e
ocupação, promoção do emprego produtivo e de qualidade, extensão da
proteção social e fortalecimento do diálogo social.

Foi por meio da OIT que passaram a surgir diversos tratados internacionais que
visavam promover a melhoria das condições de segurança e saúde no trabalho.

8
2 OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

2.1 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho

Foi instituído em 27 de julho de 1972, o Serviço Especializado em Engenharia


de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). Essa foi a época em que o Brasil
liderava o ranking de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Diante de tal
cenário desfavorável, o governo se viu diante da necessidade de tomar uma
providência que impactasse as empresas e revertesse, em curto prazo, o quadro
crítico.
O país passou a sofrer pressão por parte da Organização Internacional do
Trabalho (OIT) e estava também com uma péssima imagem que projetava
internacionalmente. Para que revertesse o quanto antes o cenário em que se
encontrava, foi criado o Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho, também popularmente conhecido como SESMT, estabelecido
no Art. 162 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e regulamentado pela Norma
Regulamentadora no 4 (NR-4) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Por não haver se baseado em quaisquer referências, sendo desenvolvido a
partir de ideias totalmente nacionais, foram encontradas muitas dificuldades no início
da implantação do SESMT, como, por exemplo, a necessidade de formação
emergencial de vários profissionais para composição e implantação do serviço, a
definição do campo de atuação de tais profissionais e a aceitação por parte dos
empregados e empregadores, que não entendiam a importância dos profissionais de
segurança e saúde no trabalho na empresa.
Na época, a criação do SESMT teve um reflexo positivo também na esfera
social, pois era comum, até então, que as empresas atuassem de maneira desumana,
oferecendo aos empregados locais de trabalho sem a menor condição de segurança
e de qualidade de vida. Tratava-se de um momento em que os sindicatos estavam
envolvidos com outras questões e não priorizavam as discussões a respeito das
condições de trabalho.
Os trabalhadores estavam acostumados a encarar o risco de acidente como se
fizesse parte do processo produtivo. Com o tempo, essa visão mudou; hoje, o
trabalhador é um aliado da segurança do trabalho e não aceita mais exercer suas

9
funções em condições inseguras, sem qualidade de vida, participando ativamente das
cobranças e sugestões de melhorias para o ambiente de trabalho.
Nos dias que correm, o profissional especializado na área de segurança e
saúde no trabalho não atua apenas com o objetivo de prevenir acidentes e cumprir a
legislação vigente, mas também acrescenta valores ao negócio da organização por
meio de ações de segurança e saúde que levam à redução das despesas com
doenças ocupacionais e afastamentos, acidentes de trabalho e reclamações
trabalhistas, os quais, ainda que de forma indireta, podem afetar os custos do produto
ou serviço final destinado aos clientes.
Após anos de muito trabalho, experiência, atualização e criação de leis, normas
e procedimentos, o Brasil tornou-se referência para muitos países na área de
segurança e saúde no trabalho, com modelos exemplares de legislação, literaturas
específicas e cases de sucesso apresentados internacionalmente.
Apesar da posição de prestígio conseguida ao longo do tempo, ainda hoje
estamos entre os líderes mundiais de acidentes de trabalho, atrás apenas da China,
EUA e Rússia. Essa aparente contradição se deve ao fato de que estamos passando
por constante desenvolvimento em diversas áreas de negócios, como, por exemplo,
o segmento da construção civil e energias, além de empresas e trabalhadores ainda
não terem naturalizado a cultura de segurança e saúde no trabalho.
O Anuário Estatístico da Previdência Social apresenta os números de acidentes
de trabalho no país durante o ano. Na Figura 1 são apresentados os números de
acidentes de trabalho entre os anos de 2005 e 2014.
A Figura 1 demonstra que o índice de acidentes de trabalho no Brasil ainda é
bastante elevado. Vale destacar que esses números, disponibilizados pela
Previdência Social, são oficiais, ou seja, consideram apenas as notificações de
ocorrências relativas a trabalhadores que possuem trabalho formal, ou seja, registro
em Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).
Se considerarmos todas as ocorrências de acidentes, notificadas ou não,
incluindo os referentes a trabalhadores que não possuem registro na CTPS, esse
número poderia ser bem maior. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em pesquisa realizada em parceria com o Ministério da Saúde, o
número de acidentes de trabalho entre 2012 e 2013, envolvendo trabalhadores com
ou sem registro em carteira de trabalho, está próximo de 5 milhões, ou seja, um

10
número muito superior ao que foi apresentado pela Previdência Social para o mesmo
período.

Figura 1 - Número de acidentes de trabalho no Brasil entre os anos de 2005 e 2014

Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social.

Esses dados assustadores demonstram que o mercado de trabalho necessita


cada vez mais de profissionais especializados para aplicar procedimentos de
segurança e medidas de controle, auxiliar na implementação da cultura de prevenção
e segurança e reduzir o número de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais,
além de fazer cumprir a legislação, diminuindo, assim, o passivo trabalhista para as
empresas e garantindo um ambiente saudável e motivador para os trabalhadores.
Os empresários, progressivamente mais preocupados em estabelecer um
conceito de empresa cidadã e socialmente responsável, vêm aumentado o
investimento em segurança e saúde no ambiente de trabalho e melhorando, portanto,
a qualidade de vida de seus colaboradores, o que expande e diversifica os serviços
dos profissionais especializados do SESMT.
O item 4.1 da NR-4, que trata da criação dos SESMT, diz que:

As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta


e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), manterão,
obrigatoriamente, Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho.

11
O SESMT tem a sua existência jurídica assegurada nas empresas, em nível de
legislação ordinária, por meio do Art. 162 da CLT:

Art. 162 – As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo


Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados
em segurança e em medicina do trabalho.
Parágrafo único – As normas a que se refere este artigo estabelecerão:
a) classificação das empresas segundo o número de empregados e a
natureza do risco de suas atividades.
b) o número mínimo de profissionais especializados exigido em cada
empresa, segundo o grupo em que se classifique, na forma da alínea anterior.
c) a qualificação exigida para os profissionais em questão e o seu regime de
trabalho.
d) as demais características e atribuições dos serviços especializados em
segurança e em medicina do trabalho, nas empresas.

Nas empresas, o SESMT é dimensionado com base nas determinações da NR-4,


que estabelece, a partir do grau de risco da atividade principal e da quantidade total
de empregados, o número mínimo de profissionais para cada perfil de empresa e o
tipo de profissional que a mesma deve possuir. O SESMT de uma empresa pode ser
constituído por técnico de segurança do trabalho, engenheiro de segurança do
trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho, enfermeiro do trabalho e médico do
trabalho. Segue abaixo o dimensionamento dos SESMT – definição do número de
profissionais que devem compor o SESMT da empresa de construção.

Tabela 1 - Dimensionamento dos SESMT – definição do número de profissionais que devem


compor o SESMT da empresa de construção.
Número de empregados no estabelecimento
50 101 251 501 1.001 2.001 3.501 Acima de 5.000 para cada grupo
a a a a a a a de 4.000 ou fração acima de
Grau Técnicos 100 250 500 1.000 2.000 3.500 5.000 2.000**
1 Técnico de segurança 1 1 1 2 1
do trabalho
Engenheiro de 1* 1 1*
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem 1 1 1
do trabalho
Enfermeiro do trabalho 1*
Médico do trabalho 1* 1* 1 1*
2 Técnico de segurança 1 1 2 5 1
do trabalho

12
Engenheiro de 1* 1 1 1*
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem 1 1 1 1
do trabalho
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1 1 1
3 Técnico de segurança 1 2 3 4 6 8 3
do trabalho
Engenheiro de 1* 1 1 2 1
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem 1 2 1 1
do trabalho
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1 1 2 1
4 Técnico de segurança 1 2 3 4 5 8 10 3
do trabalho
Engenheiro de 1* 1* 1 1 2 3 1
segurança do trabalho
Auxiliar de enfermagem 1 1 2 1 1
do trabalho
Enfermeiro do trabalho 1
Médico do trabalho 1* 1* 1 1 2 3 1
*Tempo parcial (mínimo de 3 h). **O dimensionamento total deverá ser feito levando-se em
consideração o dimensionamento de faixas de 3.501 a 5.000 mais o dimensionamento do(s) grupo(s)
de 4.000 ou fração acima de 2.000.
Observação: hospitais, ambulatórios, maternidades, casas de saúde e repouso, clínicas e
estabelecimentos similares com mais de 500 empregados deverão contratar um enfermeiro em tempo
integral.
Fonte: Ministério do Trabalho e Previdência Social. Alterada pela Portaria SSMT n o 34, de 11 de
dezembro de 1987.

Grau de risco (GR) é uma expressão muito conhecida na área de segurança e


saúde do trabalho e diz respeito a uma classificação numérica variável entre 1 e 4
relacionada à intensidade do risco da principal atividade econômica da empresa.
Essas atividades são descritas pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE). Cada empresa deve conhecer a sua classificação, que pode ser obtida
no site da Receita Federal por meio do número de Cadastro Nacional de Pessoa
Jurídica (CNPJ), e, posteriormente, consultar o seu GR na NR-4.
De modo geral, cabe ao SESMT orientar os empregados a respeito dos riscos
existentes no local de trabalho, realizar ações para reduzi-los ou eliminá-los, com o

13
intuito de estabelecer a segurança e a saúde no trabalho, prevenir acidentes e
doenças ocupacionais, melhorar a qualidade de vida dos profissionais, bem como
preservar o meio ambiente e o patrimônio da empresa.
Adiante veremos a importância de cada um dos profissionais do SESMT, suas
atribuições no campo de trabalho, remuneração e número mínimo de profissionais
necessários de acordo com o GR da empresa, entre outras informações mais
específicas.

2.2 Técnico de Segurança do Trabalho

Até a década de 50 esse profissional era conhecido como inspetor de


segurança do trabalho, cuja função predominante era providenciar alguns
equipamentos de proteção individual e fiscalizar o seu uso pelos profissionais,
aplicando punições quando fosse necessário. Não havia ação educativa ou de
orientação quanto à importância da segurança e da saúde no ambiente de trabalho.
O cenário em que o Brasil se encontrava no setor industrial era um crescimento
desordenado, tornando-se líder em acidentes de trabalho, conforme vimos no nosso
levantamento histórico.
Com a pressão para que o Brasil reduzisse o número de acidentes, a função
de inspetor de segurança do trabalho foi criada de forma emergencial e para atender
a essa demanda específica. Assim, a Fundacentro foi designada para formação
desses profissionais, por meio de um curso de 100 horas; posteriormente, o curso
passou a ser ministrado, também, pelas instituições de ensino em geral.
Somente em 1985 essa profissão passou a ser regulamentada pela Lei
no 7.410, de 27 de novembro, que “dispõe sobre a especialização de engenheiros e
arquitetos em Engenharia de Segurança do Trabalho e a profissão de Técnico de
Segurança do Trabalho”, e, posteriormente, pelo Decreto no 92.350, de 09 de abril de
1986, sendo assim denominada como técnico de segurança do trabalho.
Por se tratar de uma profissão regulamentada, é necessário o registro
profissional junto ao MTE, conforme estabelecido na NR-27 – registro profissional do
técnico de segurança do trabalho –, que diz em seu Art. 1o:

O exercício da profissão do técnico de segurança do trabalho depende de


prévio registro no Ministério do Trabalho através da Secretaria de Segurança
e Saúde no Trabalho ou das Delegacias Regionais do Trabalho.

14
A referida NR foi revogada pela Portaria no 262, de 29 de maio de 2008, sendo
o registro profissional de técnico de segurança do trabalho regulado, a partir de então,
por tal portaria.
As atividades desempenhadas pelo técnico de segurança do trabalho estão
descritas na Portaria no 3.275, de 21 de setembro de 1989. Esse profissional deve
dedicar-se a desempenhar exclusivamente as atribuições descritas nessa portaria,
não sendo permitido o exercício de nenhuma outra função paralela ou similar e que
não esteja estabelecida em lei.
De acordo com o Art. 1o da portaria, o técnico de segurança do trabalho é
responsável pelas seguintes atribuições:

I. Informar o empregador, por meio de parecer técnico, sobre os riscos


existentes nos ambientes de trabalho, bem como orientá-lo sobre as medidas
de eliminação e neutralização;
II. Informar os trabalhadores sobre os riscos da sua atividade, bem como as
medidas de eliminação e neutralização;
III. Analisar os métodos e os processos de trabalho e identificar os fatores de
risco de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e a
presença de agentes ambientais agressivos ao trabalhador, propondo sua
eliminação ou seu controle;
IV. Executar os procedimentos de segurança e higiene do trabalho e avaliar
os resultados alcançados, adequando-os às estratégias utilizadas de maneira
a integrar o processo prevencionista em uma planificação, beneficiando o
trabalhador;
V. Executar programas de prevenção de acidentes do trabalho, doenças
profissionais e do trabalho nos ambientes de trabalho, com a participação dos
trabalhadores, acompanhando e avaliando seus resultados, bem como
sugerindo constante atualização dos mesmos e estabelecendo
procedimentos a serem seguidos;
VI. Promover debates, encontros, campanhas, seminários, palestras,
reuniões, treinamentos e utilizar outros recursos de ordem didática e
pedagógica com o objetivo de divulgar as normas de segurança e higiene do
trabalho, assuntos técnicos, visando evitar acidentes do trabalho, doenças
profissionais e do trabalho;
VII. Executar as normas de segurança referentes a projetos de construção,
aplicação, reforma, arranjos físicos e de fluxos, com vistas à observância das
medidas de segurança e higiene do trabalho, inclusive por terceiros;
VIII. Encaminhar aos setores e áreas competentes normas, regulamentos,
documentação, dados estatísticos, resultados de análises e avaliações,
materiais de apoio técnico, educacional e outros de divulgação para
conhecimento e autodesenvolvimento do trabalhador;
IX. Indicar, solicitar e inspecionar equipamentos de proteção contra incêndio,
recursos audiovisuais e didáticos e outros materiais considerados
indispensáveis, de acordo com a legislação vigente, dentro das qualidades e
especificações técnicas recomendadas, avaliando seu desempenho;
X. Cooperar com as atividades do meio ambiente, orientando quanto ao
tratamento e destinação dos resíduos industriais, incentivando e
conscientizando o trabalhador da sua importância para a vida;
XI. Orientar as atividades desenvolvidas por empresas contratadas, quanto
aos procedimentos de segurança e higiene do trabalho previstos na
legislação ou constantes em contratos de prestação de serviço;

15
XII. Executar as atividades ligadas a segurança e higiene do trabalho
utilizando métodos e técnicas científicos, observando dispositivos legais e
institucionais que objetivem a eliminação, controle ou redução permanente
dos riscos de acidentes do trabalho e a melhoria das condições do ambiente,
para preservar a integridade física e mental dos trabalhadores;
XIII. Levantar e estudar os dados estatísticos de acidentes do trabalho,
doenças profissionais e do trabalho, calcular a frequência e a gravidade
destes para ajustes das ações prevencionistas, normas, regulamentos e
outros dispositivos de ordem técnica que permitam a proteção coletiva e
individual;
XIV. Articular-se e colaborar com os setores responsáveis pelos recursos
humanos, fornecendo-lhes resultados de levantamentos técnicos de riscos
das áreas e atividades para subsidiar a adoção de medidas de prevenção em
nível de pessoal;
XV. Informar os trabalhadores e o empregador sobre as atividades insalubres,
perigosas e penosas existentes na empresa, seus riscos específicos, bem
como as medidas e alternativas de eliminação ou neutralização dos mesmos
XVI. Avaliar as condições ambientais de trabalho e emitir parecer técnico que
subsidie o planejamento e a organização do trabalho de forma segura para o
trabalhador;
XVII. Articular-se e colaborar com os órgãos e entidades ligados à prevenção
de acidentes do trabalho, doenças profissionais e do trabalho;
XVIII. Participar de seminários, treinamentos, congressos e cursos visando
ao intercâmbio e ao aperfeiçoamento profissional.

2.3 Engenheiro de Segurança do Trabalho

O engenheiro de segurança do trabalho é o profissional graduado em


engenharia ou arquitetura, com pós-graduação em Engenharia de Segurança do
Trabalho, onde os cursos devem ser aprovados pelo CONFEA (Conselho Federal de
Engenharia e Agronomia) e CREA (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia).
Não existe graduação específica nessa área, apenas a especialização em nível de
pós-graduação exclusiva para os engenheiros e arquitetos.
No Brasil, assim como o técnico de segurança do trabalho, essa profissão é
regulamentada pela Lei no 7.410, que dispõe também sobre a especialização em nível
de pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho para engenheiros e
arquitetos, desde a sua publicação em 27 de novembro de 1985.
Antes da publicação dessa lei, a Fundacentro era responsável, também, pela
formação dos profissionais de engenharia de segurança do trabalho. Os cursos eram
realizados pela própria Fundacentro ou por instituições de ensino superior
conveniadas.
O (CREA) é a instituição responsável pelo registro desse profissional, nela que
são definidas as disciplinas e a matriz curricular do curso de formação de engenharia

16
de segurança do trabalho. Todo o processo de credenciamento das instituições de
ensino que ofertam o curso de especialização, devem ser aprovados pelo CREA.
Não há no Brasil um sindicato específico para engenheiros de segurança do
trabalho, que, por isso, fazem parte do sindicado dos engenheiros em geral. O que
existe em alguns estados são associações específicas para engenharia de segurança;
em São Paulo, por exemplo, temos a Associação Paulista dos Engenheiros de
Segurança do Trabalho (APAEST), cuja missão consiste na “atuação na defesa de
seus associados, fortalecer a engenharia de segurança do trabalho, promover o
desenvolvimento sustentável na comunidade, incluindo a melhoria das condições de
trabalho e a preservação do meio ambiente e da integridade física dos trabalhadores”.
Por se tratar de uma profissão regulamentada, existem diversas leis e
resoluções referentes à Engenharia de Segurança do Trabalho. A principal delas é a
Resolução no 325, de 27 de novembro de 1987, que “dispõe sobre o exercício
profissional, o registro e as atividades do engenheiro de segurança do trabalho, e dá
outras providências”.
O Art. 1o dessa resolução trata do exercício da especialização de engenheiro
de segurança do trabalho, que é permitido, exclusivamente:

I. Ao engenheiro ou arquiteto, portador de certificado de conclusão de curso


de especialização no nível de pós-graduação em Engenharia de Segurança
do Trabalho;
II. Ao portador de certificado de curso de especialização em Engenharia de
Segurança do Trabalho, realizado em caráter prioritário, pelo Ministério do
Trabalho;
III. Ao possuidor de registro de engenheiro de segurança do trabalho,
expedido pelo Ministério do Trabalho, dentro de 180 (cento e oitenta) dias da
extinção do curso referido no item anterior.

O Art. 2o trata dos conselhos regionais, que concederão o registro dos


engenheiros de segurança do trabalho, procedendo à anotação nas carteiras
profissionais já expedidas.
O Art. 3o informa que, para o registro, só serão aceitos certificados de cursos
de pós-graduação credenciados pelo Conselho Federal de Educação, ressalvadas as
hipóteses contempladas nos incisos II e III do Art. 1o.
O Art. 4o diz que as atividades exercidas pelos engenheiros e arquitetos na
especialidade de Engenharia de Segurança do Trabalho envolvem:

1. Supervisionar, coordenar e orientar tecnicamente os serviços de


Engenharia de Segurança do Trabalho;

17
2. Estudar as condições de segurança dos locais de trabalho e das
instalações e equipamentos, com vistas especialmente aos problemas de
controle de risco, controle de poluição, higiene do trabalho, ergonomia,
proteção contra incêndio e saneamento;
3. Planejar e desenvolver a implantação de técnicas relativas a
gerenciamento e controle de riscos;
4. Vistoriar, avaliar, realizar perícias, arbitrar, emitir parecer, laudos técnicos
e indicar medidas de controle sobre grau de exposição e agentes agressivos
de riscos físicos, químicos e biológicos, tais como: poluentes atmosféricos,
ruídos, calor, radiação em geral e pressões anormais, caracterizando as
atividades, operações e locais insalubres e perigosos;
5. Analisar riscos, acidentes e falhas, investigando causas, propondo
medidas preventivas e corretivas e orientando trabalhos estatísticos, inclusive
com respeito a custos;
6. Propor políticas, programas, normas e regulamentos de segurança do
trabalho, zelando pela sua observância;
7. Elaborar projetos de sistemas de segurança e assessorar a elaboração de
projetos de obras, instalações e equipamentos, opinando do ponto de vista
da engenharia de segurança;
8. Estudar instalações, máquinas e equipamentos, identificando seus pontos
de risco e projetando dispositivos de segurança;
9. Projetar sistemas de proteção contra incêndio, coordenar atividades de
combate a incêndio e de salvamento e elaborar planos para emergência e
catástrofes;
10. Inspecionar locais de trabalho no que se relaciona com a segurança do
trabalho, delimitando áreas de periculosidade;
11. Especificar, controlar e fiscalizar sistemas de proteção coletiva e
equipamentos de segurança, inclusive os de proteção individual e os de
proteção contra incêndio, assegurando-se de sua qualidade e eficiência;
12. Opinar e participar da especificação para aquisição de substâncias e
equipamentos cuja manipulação, armazenamento, transporte ou
funcionamento possam apresentar riscos, acompanhando o controle do
recebimento e da expedição;
13. Elaborar planos destinados a criar e desenvolver a prevenção de
acidentes, promovendo a instalação de comissões e assessorando-lhes o
funcionamento;
14. Orientar o treinamento específico de segurança do trabalho e assessorar
a elaboração de programas de treinamento geral, no que diz respeito à
segurança do trabalho;
15. Acompanhar a execução de obras e serviços decorrentes da adoção de
medidas de segurança, quando a complexidade dos trabalhos a executar
assim o exigir;
16. Colaborar na fixação de requisitos de aptidão para o exercício de funções,
apontando os riscos decorrentes desses exercícios;
17. Propor medidas preventivas no campo de segurança do trabalho, em face
do conhecimento da natureza e gravidade das lesões provenientes do
acidente de trabalho, incluídas as doenças do trabalho;
18. Informar aos trabalhadores e à comunidade, diretamente ou por meio de
seus representantes, as condições que possam trazer danos à sua
integridade e as medidas que eliminam ou atenuam estes riscos e que
deverão ser tomadas.

2.4 Técnico de Enfermagem do Trabalho

O auxiliar de enfermagem do trabalho é o profissional com formação em auxiliar


de enfermagem.

18
De acordo com a NR-4, as empresas são obrigadas a manter em seu quadro
de funcionários o auxiliar de enfermagem do trabalho. Tem se tornado comum, porém,
que as instituições de ensino deixem de formar o auxiliar de enfermagem do trabalho,
dando exclusividade apenas para o técnico de enfermagem do trabalho, o que, para
as empresas, acaba se tornando um bom negócio, pois terão a possibilidade de
contratar um profissional mais especializado. Hoje, quem inicia o curso de auxiliar de
enfermagem acaba dando preferência ao curso técnico, ao passo que os auxiliares já
formados estão voltando para escola para complementar sua formação por meio do
curso de formação e de especialização de nível técnico.
A inclusão do auxiliar de enfermagem do trabalho junto à equipe de saúde
ocupacional ocorreu em 1972 por meio da Portaria n o 3.237 do MTE, que tratava da
obrigatoriedade da existência dos SESMT no Brasil.
O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e o Conselho Regional de
Enfermagem (Coren) são os responsáveis pelos critérios de formação, registro e
fiscalização desses profissionais. Existem diversas leis e resoluções pertinentes à
enfermagem do trabalho; a Resolução no 238/2000 do Cofen “fixa normas para a
qualificação em nível médio de enfermagem do trabalho e dá outras providências”.
Esse profissional integra o SESMT com a finalidade de promover a saúde do
trabalhador no ambiente de trabalho, auxiliando os demais profissionais do SESMT.
De acordo com a Lei no 7.498/1986, que “dispõe sobre a regulamentação do exercício
da Enfermagem”, esse profissional deve atuar sob a supervisão de um enfermeiro do
trabalho no atendimento ambulatorial, além de exercer as seguintes atividades:

 Atender o trabalhador;
 Auxiliar nos exames admissionais;
 Atender as emergências e oferecer primeiros socorros;
 Coletar materiais para exames quando necessário;
 Fazer encaminhamento de exames laboratoriais;
 Preparar o empregado para a realização de exame médico;
 Auxiliar nas campanhas educativas e eventos de segurança e saúde no
trabalho, como, por exemplo, campanhas de prevenção a diabetes, doenças
sexualmente transmissíveis (DST), tabagismo, hipertensão, obesidade,
alcoolismo e drogas ilícitas;
 Controlar e preparar equipamentos;

19
 Organizar, controlar e arquivar documentos médicos.

Para a Associação Nacional de Enfermagem do Trabalho (Anent), existe


diferença entre os perfis do técnico e do auxiliar de enfermagem. Enquanto o técnico
de enfermagem desempenha atividades de colaboração com o enfermeiro do
trabalho, no que diz respeito às atividades de planejamento, programação, orientação
e execução de atividades, o auxiliar de enfermagem restringe-se à execução de
atividades planejadas.
De acordo com a Anent, as atribuições do técnico de enfermagem do trabalho são:
 Participar, junto ao enfermeiro, de:
•Planejamento, programação e orientação das atividades de enfermagem do
trabalho
•Desenvolvimento e execução de programas de avaliação da saúde dos
trabalhadores
•Elaboração e execução de programas de controle das doenças transmissíveis
e não transmissíveis e de vigilância epidemiológica dos trabalhadores
•Execução dos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção
de acidentes e de doenças profissionais
 Executar todas as atividades de enfermagem do trabalho, exceto as privativas
do enfermeiro
 Integrar a equipe de saúde do trabalhador.

Já o auxiliar de enfermagem do trabalho carrega as seguintes atribuições:

 Auxiliar o enfermeiro na execução de programas de avaliação da saúde dos


trabalhadores, de acordo com a sua qualificação:
•Observando, reconhecendo e descrevendo sinais e sintomas
•Executando ações de simples complexidade
 Executar atividades de enfermagem do trabalho, de acordo com a sua
qualificação, nos programas de:
•Prevenção e controle das doenças profissionais e acidentes de trabalho
•Controle de doenças transmissíveis e não transmissíveis e vigilância
epidemiológica dos trabalhadores
•Educação para a saúde da clientela
 Integrar a equipe de saúde dos trabalhadores.

20
O técnico e o auxiliar de enfermagem do trabalho auxiliam o SESMT no
desenvolvimento de projetos, aplicando técnicas que visam à prevenção e ao controle
de doenças do trabalho, auxiliando na investigação de acidentes, quando necessário,
e na realização de treinamentos específicos relacionados à saúde dos trabalhadores.

2.5 Enfermeiro do Trabalho

O enfermeiro do trabalho é o profissional graduado em enfermagem e


especialista em enfermagem do trabalho. No ambiente empresarial, é o líder e o
responsável pelos técnicos e auxiliares de enfermagem do trabalho; presta serviço de
atendimento aos funcionários no ambulatório da empresa ou, quando necessário, nos
setores, exerce atividades relacionadas a higiene ocupacional, medicina e segurança
do trabalho e coordena o auxiliar e/ou técnico de enfermagem do trabalho, integrando
a equipe do SESMT.
No Brasil, a enfermagem do trabalho no Brasil vem ganhando espaço ao longo
dos anos. A inserção do enfermeiro do trabalho nas equipes de saúde ocupacional
ocorreu em 1975 por meio da Portaria no 3.460 do MTE. A princípio, era visto como
um profissional de atendimento a emergências nas empresas, o que não o valorizava
muito, já que os casos de atendimento emergencial dentro das empresas eram raros,
para não dizer improváveis. Hoje, essa visão mudou, principalmente após a
publicação de legislações mais densas e a mudança de conceitos de empresários e
funcionários, que modificaram a maneira como o enfermeiro do trabalho poderia atuar
nas empresas, ampliando a sua gama de atribuições no que diz respeito à promoção
da saúde e à prevenção de doenças. O enfermeiro do trabalho atua, também, em
controle das atividades, desenvolvimento de projetos e pesquisas, bem como presta
atendimento aos empregados em situações de emergência.
Dentre as atribuições do enfermeiro do trabalho, de acordo com a Classificação
Brasileira de Ocupação (CBO) 0-71.40, temos suas principais funções descritas
abaixo:
 Estudar as condições de segurança e periculosidade da empresa, efetuando
observações nos locais de trabalho e discutindo-as em equipe, para identificar
as necessidades no campo da segurança, higiene e melhoria do trabalho;
 Elaborar e executar planos e programas de proteção à saúde dos empregados,
participando de grupos que realizam inquéritos sanitários, estudam as causas

21
de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças profissionais e lesões
traumáticas, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados estatísticos
de morbidade e mortalidade de trabalhadores, investigando possíveis relações
com as atividades funcionais, para obter continuidade operacional e aumento
da produtividade;
 Executar e avaliar programas de prevenções de acidentes e de doenças
profissionais ou não profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de
insalubridade, dos riscos e das condições de trabalho do menor e da mulher,
para propiciar a preservação de integridade física e mental do trabalhador;
 Prestar primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou
doença, fazendo curativos ou imobilizações especiais, administrando
medicamentos e tratamentos e providenciando o posterior atendimento médico
adequado, para atenuar consequências e proporcionar apoio e conforto ao
paciente;
 Elaborar e executar ou supervisionar e avaliar as atividades de assistência de
enfermagem aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento
ambulatorial, no local de trabalho, controlando sinais vitais, aplicando
medicamentos prescritos, curativos, inalações e testes, coletando material para
exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para reduzir o
absenteísmo profissional;
 Organizar e administrar o setor de enfermagem da empresa, provendo pessoal
e material necessários, treinando e supervisionando auxiliares de enfermagem
do trabalho, atendentes e outros, para promover o atendimento adequado às
necessidades de saúde do trabalhador;
 Treinar trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado
ao tipo de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;
 Planejar e executar programas de educação sanitária, divulgando
conhecimentos e estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir
doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a fim de preparar
informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e orientar em
problemas de prevenção de doenças profissionais.

Além das funções definidas pela CBO, é também sua função registrar dados
estatísticos de acidentes e doenças profissionais, mantendo cadastros atualizados, a

22
fim de preparar informes para subsídios processuais nos pedidos de indenização e
orientar em problemas de prevenção de doenças profissionais.

2.6 Médico do Trabalho

Essa é uma especialidade que trata das relações entre a saúde dos
trabalhadores no seu campo de trabalho. Cuidando da prevenção de acidentes,
doenças ocupacionais e do trabalho, desenvolvendo programas apropriados de
segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho. Para proporcionar aos
trabalhadores o bem-estar nos âmbitos sociais e profissionais.
O médico do trabalho é o profissional graduado em Medicina e especialista em
Medicina do Trabalho. Dentro de uma empresa, é o responsável por área médica,
procedimentos de saúde, realização de consultas e atendimentos médicos, tratamento
e acompanhamento das doenças dos profissionais, negociação com empresas,
implantação e acompanhamento de ações de prevenção de doenças e promoção da
saúde dos trabalhadores, por meio de programas e serviços de saúde, efetuando
perícias e auditorias médicas e elaborando documentos de medicina do trabalho.
Entre as demais tarefas do médico do trabalho estão elaboração, implantação
e implementação do Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO),
que se baseia nas informações apresentadas no Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) desenvolvido pelo engenheiro de segurança do trabalho e pelo
técnico de segurança do trabalho.
Dentre as atribuições do médico do trabalho, temos: as investigações de
acidentes e doenças ocupacionais e do trabalho; elaboração a comunicação de
acidente de trabalho (CAT); avaliações ergonômicas; auxilio na elaboração do Laudo
Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) e dos laudos de insalubridade
e periculosidade; dentro outros.

23
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem


holística. São Paulo: Atlas, 2010.

Diniz MH. Dicionário jurídico universitário. 2. ed. São Paulo: Saraiva; 2014.

Diniz MH. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. vol. 7. 29. ed. São
Paulo: Saraiva; 2015.

Diniz MH. Curso de direito civil brasileiro: obrigações. vol. 2. 29. ed. São Paulo:
Saraiva; 2015.

FRIEDE, K. La function des la mutualidad en el desarrollo economico y social em


diversos paises. In: XVIII Asamblea General - Asociacion Internacional de la
Seguridad Social. Abidjan: Secretaria General de La AISS, out./nov. 1973.

KASSADA, D. S.; LOPES, F. L. P.; KASSADA, D. A. Ergonomia: atividades que


comprometem a saúde do trabalhador. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE
PRODUÇÃO CIENTÍFICA, 7., 2011, Maringá. Anais... Maringá, 2011. Disponível em:
<http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/epcc2011/anais/danielle_satie_kassada.pd
f>. Acesso em: 10 set. 2013.

MANUAIS DE LEGISLAÇÃO ATLAS. Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo:


Atlas, 2011.

MATTOS, U.; MÁSCULO, F. Higiene e Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro:


Elsevier /Abepro, 2011.

MENDES, R. Medicina do trabalho e doenças profissionais. São Paulo: Sarvier, 1980.


MENEZES, H. Apostila do componente curricular Segurança do Trabalho I. Rio de
Janeiro: Escola Técnica Estadual Santa Cruz., 2001.

NOUAILHETAS, Y. Radiações ionizantes e a vida. Comissão Nacional de Energia


Nuclear, 2009. Disponível em: <http://www.cnen.gov.br/ensino/apostilas/rad_ion.pdf>.
Acesso em: 04 nov. 2013.

ODA, L.; AVILA, S. (Org.). Biossegurança em Laboratórios de Saúde Pública. Brasília.


Ministério da Saúde, 1998.

OLIVEIRA, S. G. de. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 4. ed. São Paulo: Ltr,
2002. ______. Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. São Paulo: LTr, 1998.

OIT. Convenções ratificadas pelo Brasil. 2013. Disponível em:


<http://www.oitbrasil.org.br/convention>. Acesso em: 04 nov. 2013.

Saraiva. Segurança e Medicina do Trabalho. São Paulo: Saraiva; 2015.

Smith A. A Riqueza das nações. vol. 1. São Paulo: Nova Cultural; 1988.

24
25

Você também pode gostar