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Gestante Protocolo Infantil
Gestante Protocolo Infantil
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
NUTRICIONAL DO PACIENTE
HOSPITALIZADO: Materno Infantil
Volume 1 – Paciente Gestante, Nutriz, Criança e Adolescente
ISBN 978-85-495-0023-6
FUNDAÇÃO DE APOIO
AO HOSPITAL DAS Goiânia 2016
9 788549 500236 CLÍNICAS DA UFG
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
UNIDADE DE NUTRIÇÃO CLÍNICA
PROTOCOLO
DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL DO
PACIENTE HOSPITALIZADO: Materno-infantil
Goiânia
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
HOSPITAL DAS CLÍNICAS
UNIDADE DE NUTRIÇÃO CLÍNICA
PROTOCOLO
DE ATENDIMENTO NUTRICIONAL DO
PACIENTE HOSPITALIZADO: Materno-infantil
Volume 1 – Paciente Gestante, Nutriz,
Criança e Adolescente
Goiânia
2016
Hospital Universitário da Universidade de Federal de Goiás/ Empresa Brasileira de Serviços
Hospitalares - 1ª Avenida, s/n - Setor Leste Universitário CEP- 74.605-020 - Goiânia - Goiás
(62) 3269.8497.
Diagramação:
João Gratão
Revisão:
Letícia Lima
Inclui referências
ISBN 978-85-495-0023-6
Protocolos são as rotinas dos cuidados e das ações de gestão de um determinado serviço, equipe ou depar-
tamento, elaboradas a partir do conhecimento científico atual, respaldados em evidências científicas, por pro-
fissionais experientes e especialistas em uma área e que servem para orientar fluxos, condutas e procedimentos
clínicos dos trabalhadores dos serviços de saúde (Werneck et al., 2009).
O presente protocolo faz parte de um projeto da equipe de Nutrição Clínica do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Goiás (HC/UFG/EBSERH) e tem como objetivo sistematizar o cuidado de nutrição
na área clínica para o paciente hospitalizado, oferecendo ao profissional nutricionista uma direção no planeja-
mento e tratamento dietético ao padronizar ações e otimizar recursos. Nos 53 anos da existência do Serviço de
Nutrição do HC/UFG/EBSERH, surge sua primeira versão que será disponibilizada à comunidade científica.
Didaticamente o protocolo de atendimento nutricional do paciente hospitalizado está dividido em dois
volumes: primeiro, atendimento nutricional da gestante, nutriz, criança e adolescente e segundo, atendimen-
to nutricional do adulto e idoso. Abrangem o atendimento nutricional com início na descrição da avaliação
nutricional, incluindo a triagem nutricional como método de abordagem inicial ao paciente, em seguida es-
tratégias de como implantar e monitorar o plano de cuidado nutricional ao paciente. Por fim, abordam-se os
indicadores de qualidade utilizados na prática clínica.
Agradecemos a toda equipe de colaboradores nutricionistas, atuantes neste hospital, que disponibilizaram
seu tempo, conhecimento prático, teórico e que acreditaram na viabilidade desse protocolo.
Ana Paula Perillo Ferreira Carvalho
Chefe da Unidade de Nutrição Clínica-HC/EBSERH-UFG
A Adequado
AF Atividade física
AFR Atividade física de rotina
AI Ingestão adequada
AIDS Acquired immunodeficiency syndrome
AIG Adequado para idade gestacional
AJ Altura do joelho
ALT Alanina aminotransferase
ANSG Avaliação Nutricional Subjetiva Global
APLV Alergia à proteína do leite de vaca
AST Aspartato aminotransferase
BP Baixo peso
CB Circunferência braquial
CHCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
CHO Carboidrato
CMB Circunferência muscular do braço
CU Colite ulcerativa
DC Doença de Crohn
DEP Desnutrição energético-proteica
DF Doença falciforme
DHA Ácido docosahexaenóico
DHEG Doença Hipertensiva Específica da Gravidez
DII Doença inflamatória intestinal
DM1 Diabetes mellitus tipo 1
DM2 Diabetes mellitus tipo 2
DMG Diabetes mellitus gestacional
DP Desvio padrão
DRC Doença renal crônica
DRI Ingestão Dietética de Referência
DUM Data da última menstruação
E Estatura
EAR Estimated Average Requirements
E/I Estatura para a idade
ENE Estimativa das necessidades energéticas
ENPtn Estimativa das necessidades proteicas
EPA Ácido eicosapentaenóico
ETC Energia total consumida
GE Gasto energético
GEB Gasto energético basal
GET Gasto energético total
GIG Grande para idade gestacional
HbC Hemoglobina C
HbD Hemoglobina D
HbS Hemoglobina S
HCM Hemoglobina corpuscular média
HIV Human immunodeficiency virus
I Idade
IG Idade gestacional
IMC Índice de massa corporal
IMC/I Índice de massa corporal para a idade
LIP Lipídeo
kcal Quilocalorias
kg Quilogramas
MS Ministério da Saúde
NAF Nível de atividade física
ND Não determinado
NE Necessidade energética
NEE Nutrição enteral exclusiva
NEP Nutrição enteral parcial
NPT Nutrição parenteral total
NRS Nutritional risk screening
O Obesidade
OMS Organização Mundial de Saúde
P Peso
P/E Peso para a estatura
P/I Peso para a idade
PC Perímetro cefálico
PC/PT Relação perímetro cefálico e torácico
PCT Prega cutânea triciptal
PIG Pequeno para idade gestacional
PPG Peso pré-gestacional
PT Perímetro torácico
PTN Proteína
RDA Recommended Dietary Allowance
RGE Refluxo gastroesofágico
RN Recém - nascido
RNPT Recém-nascido pré-termo
S Sobrepeso
SEM Semana
SRO Solução de Reidratação Oral
SNE Sonda naso-entérica
SNG Sonda nasogátrica
STRONG kids Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status and Growth
TGO Transaminase glutâmico oxaloacética
TGP Transaminase glutâmico pirúvica
TMB Taxa metabólica basal
TNE Terapia nutricional enteral
TNP Terapia nutricional parenteral
VCM Volume corpuscular médio
VET Valor energético total
UL Tolerable upper intake levels
LISTA DE FIGURAS
Seção 1
Capítulo 1
Figura 1.1 Algoritmo para avaliação nutricional da paciente gestante ou nutriz hospitalizada
no HC/UFG/EBSERH. 18
Figura 1.2 Algoritmo com tópicos da avaliação nutricional da paciente gestante ou nutriz
hospitalizada no HC/UFG/EBSERH. 18
Figura 1.3 Algoritmo com dados antropométricos pré-gestacionais da avaliação nutricional da
paciente gestante ou nutriz hospitalizada no HC/UFG/EBSERH. 19
Figura 1.4 Determinação da avaliação antropométrica atual. 20
Seção 2
Capítulo 7
Capítulo 9
Figura 9.1 Algoritmo para determinação da terapia nutricional de pacientes com fibrose
cística. 83
Capítulo 15
Capítulo 21
Seção 1
Capítulo 1
Quadro 1.1 Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação segundo o estado nutricio-
nal inicial. 19
Quadro 1.2 Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação gemelar segundo o estado
nutricional inicial após a 20º semana. 20
Quadro 1.3 Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação gemelar segundo o estado
nutricional inicial durante toda a gestação. 20
Quadro 1.4 Classificação do estado nutricional de gestantes adolescentes segundo o IMC
pré-gestacional. 21
Quadro 1.5 Sinais clínicos de carências nutricionais que devem ser avaliados durante a gestação. 22
Quadro 1.6 Exames bioquímicos que devem ser analisados durante a gestação. 22
Capítulo 2
Quadro 2.1 Fórmula para cálculo de taxa metabólica basal para gestantes adultas. 25
Quadro 2.2 Valores de nível de atividade física para pacientes adultas. 25
Quadro 2.3 Categorias dos valores de nível de atividade física. 25
Quadro 2.4 Adicional energético por trimestre de gestação pacientes adultas. 26
Quadro 2.5 Fórmula de bolso para cálculo de necessidade calórica de paciente gestante. 26
Quadro 2.6 Fórmula para cálculo de taxa metabólica basal para gestantes com idade entre 10
e 18 anos. 26
Quadro 2.7 Valores de nível de atividade física para pacientes gestantes, segundo a idade mater-
na. 27
Quadro 2.8 Adicional energético por trimestre de gestação para pacientes gestantes adolescen-
tes. 27
Quadro 2.9 Ingestão dietética de macronutrientes para o período gestacional. 27
Quadro 2.10 Ingestão dietética de referência (DRI) para o período gestacional segundo a faixa
etária. 28
Quadro 2.11 Taxa metabólica basal de adultos do sexo feminino. 29
Quadro 2.12 Nível de atividade física de adultos do sexo feminino. 29
Quadro 2.13 Cálculo da taxa metabólica basal de adolescentes do sexo feminino. 29
Capítulo 6
Seção 2
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Quadro 10.1 Equações para estimar as necessidades energéticas totais de crianças e adolescen-
tes. 85
Quadro 10.2 Equações para estimar as necessidades energéticas de crianças de 3 a 18 anos de
idade com excesso de peso. 85
Quadro 10.3 Distribuição de macronutrientes recomendada para crianças e adolescentes, de
acordo com a faixa etária. 85
Quadro 10.4 Coeficiente de atividade física para determinação das necessidades energéticas de
crianças entre 3 e 18 anos de idade. 85
Quadro 10.5 Recomendações diárias para a ingestão proteica em crianças com DRC nos está-
gios 3 ao 5, inclusive em diálise, de acordo com as DRIs. 86
Quadro 10.6 Variação recomendada de cálcio e fósforo séricos, de acordo com a idade. 86
Quadro 10.7 Recomendações diárias de minerais para crianças com DRC de acordo com as
DRIs 86
Quadro 10.8 Recomendações diárias de vitaminas para crianças com DRC de acordo com as
DRIs. 86
Capítulo 11
Quadro 11.1 Recomendações nutricionais específicas para pacientes pediátricos com síndrome
nefrótica. 88
Capítulo 12
Quadro 12.1 Composição nutricional do plano alimentar indicado para portadores de diabetes
mellitus. 89
Capítulo 13
Capítulo 18
Capítulo 19
Quadro 19.1 Avaliação da hidratação do paciente com diarreia aguda pelo Ministério da Saúde
(2005). 98
Capítulo 21
Quadro 21.1 Cálculo de necessidades energéticas para pacientes obesos pediátricos. 103
ANEXOS
Seção 1
Capítulo 1
Seção 2
Capítulo 7
Anexo A Formulário STRONG kids (Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status
and Growth) 47
Anexo B Anamnese clínica e nutricional para recém-nascidos, lactentes e pré-escolares. 48
Anexo C Anamnese clínica e nutricional para escolares e adolescentes. 51
Anexo D Questionário de Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) em pediatria 54
Anexo E Curva de escore-Z de peso para idade para crianças até seis meses de idade, sexo
feminino. 56
Anexo F Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de até seis meses, sexo mas-
culino. 57
Anexo G Curva de escore-Z de comprimento para idade de crianças até seis meses, sexo
feminino. 58
Anexo H Curva de escore-Z de comprimento para idade de crianças até seis meses, sexo
masculino. 59
Anexo I Curva de escore-Z de peso para comprimento de crianças até dois anos, sexo
feminino. 60
Anexo J Curva de escore-Z de peso para comprimento de crianças até dois anos, sexo
masculino. 61
Anexo K Curva de escore-Z de comprimento para idade para crianças até dois anos, sexo
feminino. 62
Anexo L Curva de escore-Z de comprimento para idade para crianças até dois anos, sexo
masculino. 63
Anexo M Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo feminino. 64
Anexo N Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculi-
no. 65
Anexo O Curva de escore-Z de altura para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo femini-
no. 66
Anexo P Curva de escore-Z de altura para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculi-
no. 67
Anexo Q Curva de escore-Z de peso para altura para crianças de 2 a 5 anos, sexo feminino. 68
Anexo R Curva de escore-Z de peso para altura para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculi-
no. 69
Anexo S Curva de escore-Z de peso por idade para crianças de 5 a 10 anos, sexo feminino. 70
Anexo T Curva de escore-Z de peso por idade para crianças de 5 a 10 anos, sexo masculi-
no. 71
Anexo U Curva de escore-Z de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos, sexo femini-
no. 72
Anexo V Curva de escore-Z de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos, sexo mascu-
lino. 73
Anexo X Curva de escore-Z de IMC por idade para crianças de 5 a 19 anos, sexo femini-
no. 74
Anexo Z Curva de escore-Z de IMC por idade de criança de 5 a 19 anos, sexo masculino. 75
Seção 1
Gestantes e Nutrizes
17
1
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE
GESTANTES E NUTRIZES
1 TRIAGEM NUTRICIONAL
Na figura 1.1 apresenta-se o algoritmo para orientação da realização da triagem nutricional utilizando
a Nutritional Risk Screening (NRS-2002) para pacientes gestantes e nutrizes.
Figura 1.1. Algoritmo para avaliação nutricional da paciente gestante ou nutriz hospitalizada no HC/UFG/EBSERH.
Avaliação
Nutricional
Figura 1.2. Algoritmo com tópicos da avaliação nutricional da paciente gestante ou nutriz hospitalizada no HC/UFG/EBSERH.
18
2.1 CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL
O cálculo da idade gestacional deve ser feito pela data da última menstruação (DUM).
OBSERVAÇÃO: Para arredondar a semana gestacional incompleta, faça da seguinte forma: de 1 a 3 dias =
considere o número de semanas completas; de 4 a 6 dias = considere a semana seguinte (MS, 2004).
Exemplo: Gestante com 12 semanas e 2 dias = 12 semanas
Gestante com 12 semanas e 5 dias = 13 semanas
OBSERVAÇÃO: Se não for possível obter informação sobre o peso pré-gestacional, considerar o encontrado
nas primeiras 12 semanas de gestação.
Peso Altura
pré-gestacional
Ganho de peso
IMC recomendado segundo IMC
pré-gestacional pré-gestacional
Figura 1.3. Algoritmo com dados antropométricos pré-gestacionais da avaliação nutricional da paciente gestante ou nutriz
hospitalizada no HC/UFG/EBSERH.
• Calcular o ganho de peso gestacional até a data da avaliação e observar a adequação segundo
recomendação de ganho de peso de acordo com idade gestacional, para as categorias de IMC pré-
gestacional (Quadro 1.1);
• Estabelecer o ganho de peso semanal e total recomendado, até a 40ª semana de gestação;
Quadro 1.1. Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação segundo o estado nutricional inicial.
GANHO
GANHO
PONDERAL
IMC* PRÉ- ESTADO PONDERAL (Kg) GANHO
SEMANAL (Kg/ GANHO DE PESO
GESTACIONAL NUTRICIONAL TOTAL NO 1O PONDERAL TOTAL
SEM) NO 2O E 3O MÍNIMO (Kg/MÊS)
(Kg/m2) PRÉ-GESTACIONAL TRIMESTRE (IG*<14 (Kg)
TRIMESTRE (IG* ≥
SEMANAS)
14 SEMANAS)
< 18,5 Baixo peso 2,3 0,5 12,5 - 18,0 Não determinado
18,5 – 24,9 Normal 1,6 0,4 11,5 - 16,0 1,0
25,0 – 29,9 Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 a 11,5 Não determinado
> 30,0 Obesidade - 0,3 5,0 a 9,0 (adulta) 0,5
7,0 - 9,1 (adolescente)
* IG - Idade gestacional; IMC – Índice de massa corporal;
Fonte: MS, 2004; Saunders; Bessa, 2005; Rasmussen; Catalano; Yaktine, 2009.
19
OBSERVAÇÕES
• Gestantes com estatura < 1,57 m devem ganhar o limite mínimo da faixa de ganho de peso recomendado,
segundo o IMC pré-gestacional.
• O ganho de peso acima de 3 kg por mês merece avaliação detalhada, especialmente após a 20a semana
de gestação. Nesse caso, avaliar os níveis de pressão arterial, proteinúria e presença de edema.
Para gestantes gemelares de dois fetos é recomendado o ganho de peso total de 18 a 20,5kg, pois isto asso-
cia-se ao peso ao nascer ≥ 2,5kg. O ganho de peso menor ou igual a 380g/semana até a 24ª semana gestacional
está associado a retardo do crescimento intra-uterino e maior morbidade entre os conceptos.
Quadro 1.2. Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação gemelar segundo o estado nutricional inicial após a 20º semana.
IMC PRÉ-GESTACIONAL ESTADO NUTRICIONAL
GANHO PONDERAL APÓS 20ª SEMANA
(Kg/m2) PRÉ-GESTACIONAL
< 18,5 Baixo peso 790 g/semana
18,5 – 24,9 Normal 680 g/semana
Fonte: Saunders; Bessa, 2005 (Adaptado).
Quadro 1.3. Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação gemelar segundo o estado nutricional inicial durante toda a gestação.
Medidas utilizadas
Peso Altura
(kg) (m)
IMC
(kg/m2)
Para a análise do ganho ponderal, deverá ser analisado se o ganho de peso está conforme o recomendado
no quadro 1.1 e o seguimento da curva de IMC, segundo a semana gestacional, apresentada no gráfico de
acompanhamento nutricional durante a gestação (Anexo A) (MS, 2004).
O gráfico é dividido em quatro faixas de acordo com a classificação do estado nutricional pelo IMC:
Baixo Peso (BP), Adequado (A), Sobrepeso (S) e Obesidade (O). À medida que forem sendo registrados os
pesos nesse gráfico, uma curva será traçada e a inclinação desta proporcionará a interpretação sobre o estado
nutricional da gestante (MS, 2004).
20
• Gestantes classificadas como BP é recomendada uma inclinação da curva ascendente e que esta
permaneça na faixa BP ou alcance a classificação de A.
• Gestantes classificadas como A, recomenda-se que permaneça nessa classificação até o final da gestação,
apresentando uma curva ascendente e de inclinação paralela às linhas que delimitam essa faixa.
• Gestantes classificadas como S, recomenda-se que a curva seja ascendente e próxima à linha que delimita
a parte inferior da faixa S ou à linha que delimita a parte superior dessa classificação.
• Gestantes classificadas como O, deverão apresentar inclinação da curva semelhante ou inferior, desde
que ascendente, à curva que delimita a parte inferior da faixa de O. Desta forma, as gestantes não
deverão apresentar perda ponderal durante a gestação, independente do seu estado nutricional pré-
gestacional (MS, 2004; Saunders; Bessa, 2005).
Quadro 1.4. Classificação do estado nutricional de gestantes adolescentes segundo o IMC pré gestacional.
• Para as adolescentes que engravidaram dois anos após a menarca (em geral maiores de 15 anos de idade),
a interpretação do IMC pré-gestacional e a recomendação do ganho ponderal podem ser equivalente a
das adultas, com variação apenas para aquelas com obesidade pré-gestacional (Quadro 1.1) (Saunders
et al., 2012).
• Para as adolescentes que engravidaram menos de dois anos após a menarca, é provável que a maioria destas
seja classificada como BP. Deve-se mensurar a estatura destas em todas as avaliações antropométricas, já
que ainda encontram-se em fase de crescimento. Também é importante acompanhar o traçado da curva
do IMC gestacional, que deverá ser ascendente. OBS: mensurar estatura mensal (Saunders et al., 2012).
• Para avaliar a evolução do estado nutricional, preencher e analisar o traçado da curva no gráfico de
acompanhamento nutricional durante a gestação. Considerar como estado nutricional adequado as
curvas com traçados ascendentes e estado nutricional inadequado ou gestante em risco, para traçados
horizontais ou descendentes (Saunders et al., 2012).
• Deve-se tratar a gestante adolescente como de risco nutricional, sugere-se reforço na abordagem
nutricional e maior número de consultas no pré-natal (Saunders et al., 2012).
Devem ser investigados sinais e sintomas comuns durante a gestação que podem comprometer o consu-
mo alimentar e o ganho ponderal adequado. Analisar ainda, funcionamento intestinal, presença de doenças
crônicas, surgimento de intercorrências gestacionais e a presença de sinais sugestivos de carências nutricionais
(Saunders; Bessa, 2005).
21
Quadro 1.5. Sinais clínicos de carências nutricionais que devem ser avaliados durante a gestação.
Olhos:
Anemia
Palidez conjuntival
Carência de Riboflavina e Piridoxina
Vermelhidão e fissuras nos epicantos
Hiperlipidemia
Xantelasma (pequenas bolsas amareladas ao redor dos olhos)
Face:
Carência de Riboflavina
Seborreia nasolabial
Lábios e língua:
Estomatite angular Carência de Riboflavina
Língua magenta
Glândulas:
Carência de Iodo
Bócio – aumento da tireóide
Devem ser investigados os resultados de exames bioquímicos específicos e de rotina para auxiliar na de-
terminação do estado nutricional materno e estado geral de saúde da gestante.
Quadro 1.6. Exames bioquímicos que devem ser analisados durante a gestação.
Hemoglobina
Ausência de anemia ≥ 11 g/dL
Anemia leve ou moderada ≥ 8 < 11 g/dL
Anemia grave < 8 g/dL
Hematócrito
0 a 12ª semana ≥ 33%
13ª a 28ª semana ≥ 31,5%
29ª a 40ª semana ≥ 33%
Teste de tolerância oral com 75 g de glicose – 2 horas < 140 mg/dL (após a 20ª semana)
Ureia 10 – 40 mg/dl
(continua)
22
150.000 – 450.000 mil/mm3
Plaquetas
É esperado trombocitopenia no 3º trimestre
Urina Ausentes
Bactérias (por campo) Ausentes
Corpos cetônicos Ausentes ou traços
Glicose Até 5
Hemácias (por campo) Traços: repetir em 15 dias; Traços + hipertensão e/ou edema: pré-natal de
Proteínas alto risco; Maciça: referir pré-natal de alto risco
Fonte: Saunders; Bessa, 2005 (Adaptado).
REFERÊNCIAS
MS - Ministério Da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordena-
ção Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Vigilância alimentar e nutricional - SISVAN: orientações básicas
para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde,
2004.119 p.
Rasmussen KM; Catalano PM; Yaktine AL. New guidelines for weight gain during pregnancy: what obstetrician/
gynecologists should know. Current Opinion in Obstetrics and Gynecology. v. 21, n. 6, p. 521–526. 2009.
Saunders C; Accioly E; Costa RSS; Lacerda EMA; Santos MMAS. Gestante adolescente. In: Accioly E; Saunders
C; Lacerda EMA. Nutrição em obstetrícia e pediatria. p. 151 – 174. 2. ed, 2012.
Saunders C; Bessa TCAA. A assistência nutricional pré-natal. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA. Nutrição
em obstetrícia e pediatria. p.119–146. 2005.
23
Anexo A – Gráfico de acompanhamento nutricional durante a gestação.
Legenda:
Fonte: MS, 2004.
24
2
NECESSIDADES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO
O aporte energético e de nutrientes deve ser individualizado e baseado na avaliação atual e anterior, na
composição corporal e funcional, e na condição clínica do paciente (SBNPE; ASBRAN, 2011).
VET: valor energético total; GE: gasto energético; TMB: taxa metabólica basal; NAF: Nível de atividade física.
Quadro 2.1. Fórmula para cálculo de taxa metabólica basal para gestantes adultas.
25
Quadro 2.4. Adicional energético por trimestre de gestação pacientes adultas.
Estimar o total de energia adicional: considerando que para cada 1 kg são necessárias 6.417kcal, calcula-
se quantas quilocalorias serão necessárias para os quilogramas restantes. Dividir o adicional energético estima-
do pelo número de semanas que faltam até completar 40 semanas de gestação e, posteriormente, por 7 para
obter o adicional energético diário.
Quadro 2.5. Fórmula de bolso para cálculo de necessidade calórica de paciente gestante.
OBSERVAÇÃO: Para gestantes gemelares, adicionar conteúdo proteico de 50 g/dia a partir da 20ª semana
gestacional e um adicional energético de 1.000 kcal/dia, além das recomendações previstas para as mulheres de
gestação de feto único (ACCIOLY; SAUNDERS; LACERDA, 2012).
VET: valor energético total; GE: gasto energético; TMB: taxa metabólica basal; NAF: Nível de atividade física.
Quadro 2.6. Fórmula para cálculo de taxa metabólica basal para gestantes com idade entre 10 e 18 anos.
26
Para o cálculo do peso desejável de gestantes adolescentes, pode-se utilizar a fórmula a seguir, adotando-se
o valor de IMC correspondente ao Escore–z igual a zero (0) para a idade de meninas adolescentes, sugerido
pela WHO (2007).
Quadro 2.7. Valores de nível de atividade física para pacientes gestantes, segundo a idade materna.
IDADE (ANOS) ATIVIDADE LEVE ATIVIDADE MODERADA ATIVIDADE PESADA
10 – 11 1,45 1,70 1,95
11 – 12 1,50 1,75 2,00
12 – 13 1,50 1,75 2,00
13 – 14 1,50 1,75 2,00
14 – 15 1,50 1,75 2,00
15 – 16 1,50 1,75 2,00
16 – 17 1,50 1,75 2,00
17 – 18 1,45 1,70 1,95
Fonte: Accioly; Saunders; Lacerda, 2012.
Quadro 2.8. Adicional energético por trimestre de gestação para pacientes gestantes adolescentes.
DISTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA DIÁRIA (KCAL/DIA)
1º trimestre (< 14 semanas) 85
2º trimestre (14 < 28 semanas) 285
3º trimestre (> 28 semanas) 475
Fonte: Accioly; Saunders; Lacerda, 2012.
Quando o início do pré-natal ocorre no 2º e 3º trimestres de gestação, para as mulheres não obesas, suge-
re-se que as 85 kcal adicionais requeridas no 1º trimestre sejam somadas às 285 kcal requeridas no 2º trimestre.
A recomendação, então, passa a ser:
27
• VITAMINAS E MINERAIS PARA O PERÍODO GESTACIONAL
Quadro 2.10. Ingestão dietética de referência (DRI) para o período gestacional segundo a faixa etária.
NUTRIENTE FAIXA ETÁRIA DRI
14 a 18 anos 750
Vitamina A (µg/dia) 19 a 30 anos
770
31 a 50 anos
< 18 anos
Vitamina D (µg/dia) 5
19 a 50 anos
Vitamina E < 18 anos
15
(α – tocoferol – mg/dia) 19 a 50 anos
14 a 18 anos 75
Vitamina K (µg/dia) 19 a 30 anos
31 a 50 anos 90
14 a 18 anos
Vitamina B1 (mg/dia) 19 a 30 anos 1,4
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Vitamina B2 (mg/dia) 19 a 30 anos 1,4
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Vitamina B6 (mg/dia) 19 a 30 anos 1,9
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Vitamina B12 (µg/dia) 19 a 30 anos 2,6
31 a 50 anos
< 18 anos 80
Vitamina C (mg/dia)
19 a 50 anos 85
14 a 18 anos
Niacina
19 a 30 anos 18
(equivalente de niacina – mg/dia)
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Folato
19 a 30 anos 600
(equivalente de folato - µg/dia)
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Ferro (mg/dia) 19 a 30 anos 27
31 a 50 anos
14 a 18 anos 1.300
Cálcio (mg/dia) 19 a 30 anos
1.000
31 a 50 anos
< 18 anos 1.250
Fósforo (mg/dia)
19 a 50 anos 700
14 a 18 anos 12
Zinco (mg/dia) 19 a 30 anos
11
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Cobre (µg/dia) 19 a 30 anos 1.000
31 a 50 anos
14 a 18 anos 29
Cromo (µg/dia) 19 a 30 anos
30
31 a 50 anos
14 a 18 anos 400
Magnésio (mg/dia) 19 a 30 anos 350
31 a 50 anos 360
14 a 18 anos
Manganês (mg/dia) 19 a 30 anos 2
31 a 50 anos
14 a 18 anos
Iodo (µg/dia) 19 a 30 anos 220
31 a 50 anos
(continua)
28
NUTRIENTE FAIXA ETÁRIA DRI
< 18 anos
Flúor (mg/dia) 3
19 a 50 anos
< 18 anos
Selênio (µg/dia) 60
19 a 50 anos
Fonte: Accioly; Saunders; Lacerda, 2012.
OBSERVAÇÃO:
Perda de peso mensal recomendada após o parto:
VET para lactação = GE (TMB x NAF) + adicional energético para a lactação – energia para a perda de peso
VET: valor energético total; GE: gasto energético; TMB: taxa metabólica basal; NAF: Nível de atividade física
(olhar quadro 2.3).
Quadro 2.11. Taxa metabólica basal de adultos do sexo feminino.
FAIXA ETÁRIA (ANOS) TMB (KCAL/DIA)
OBSERVAÇÃO: O adicional energético para a lactação: deve ser de 675 kcal/dia, principalmente nos primei-
ros seis (06) meses de lactação.
REFERÊNCIAS
Accioly E; Padilha PC. Semiologia nutricional em pediatria. In: DUARTE, A. C. G. Avaliação Nutricional:
aspectos clínicos e laboratoriais. Cap. 13, p. 113 – 136. 607 p. 2007.
29
FAO/WHO.– Food and Agriculture Organization/World Health Organization. Human energy requirements.
Report of a joint FAO/WHO/UNU Expert Consultation. FAO. Food and Nutrition Technical Report Series.
Geneva: 2004.
NRC. - NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Recommended Dietary Allowances (RDA). 10. ed. Washington,
DC: National Academic Press, 1989.
SBNEP; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia.
Terapia nutricional na gestação. São Paulo: AMB; CFM (Projeto Diretrizes), 2011a. 9p.
Vitolo, MR. Nutrição: da gestação à adolescência. Rio de Janeiro: Editora Reichmann & Autores Editores; 2003. 336p.
30
3
SÍNDROMES HIPERTENSIVAS DA GESTAÇÃO
1 TERAPIA NUTRICIONAL
• Indicar frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados,
quantidade reduzida de gorduras saturadas, trans e colesterol;
• ENERGIA
• PROTEÍNA
• SÓDIO
Dieta normossódica (Sódio < 2,4 g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio – sal).
• VITAMINAS E MINERAIS
REFERÊNCIA
Saunders C; Chagas CB. Síndrome hipertensivas da gravidez. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA. Nutrição
em obstetrícia e pediatria. p. 175–192. 2. ed, 2012.
31
4
INFECÇÃO PELO HIV NA GESTAÇÃO
1 TERAPIA NUTRICIONAL
• ENERGIA
Não há estudos específicos sobre os requerimentos de energia durante a gestação de mulheres infectadas
pelo HIV, portanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que sejam utilizadas as mesmas re-
comendações para adultos com HIV. Entretanto, recomenda-se um aumento de 10% nos requerimentos de
energia, devido ao aumento na TMB. Em fases sintomáticas e durante a AIDS, recomenda-se aumento de 20
a 30%.
Consumo energético diário em gestantes infectadas pelo HIV, por fase da doença.
Energia para mulher adulta + 10% de Energia adicional devido ao HIV (kcal) + Energia adicional para
gestação (kcal)
Energia para mulher adulta + 20% de Energia adicional devido ao HIV (kcal) + Energia adicional para
gestação (kcal)
Energia para mulher adulta + 30% de Energia adicional devido ao HIV (kcal) + Energia adicional para
gestação (kcal)
• PROTEÍNAS
• LIPÍDIOS
• CARBOIDRATOS
Dieta normoglicídica, porém a quantidade de carboidratos deverá completar o valor energético total da
dieta, após considerar o aporte de energia proveniente de proteínas e lipídios.
Deve-se estimular a ingestão de alimentos ricos em ferro-heme, ferro não-heme e vitamina C. Realizar
a suplementação com 60 mg de ferro (300 mg de sulfato ferroso) após a 20ª semana de gestação. A
suplementação de ácido fólico, segundo a OMS, é de 400 µg/dia.
• CÁLCIO
32
não tolerar esses alimentos, verificar alternativas alimentares (vegetais folhosos) e/ou suplementação
medicamentosa.
• VITAMINA A
O consumo não deve exceder a ingestão dietética recomendada. Alguns estudos mostraram que a
suplementação de vitamina A não só não reduziu a transmissão vertical, como chegou a aumentá-la. A
OMS recomenda uma dose única de 200.000 UI de vitamina A para mulheres logo após o parto e até
seis (06) semanas pós-parto.
REFERÊNCIA
Lacerda EMQ; Costa VM. Infecções pelo HIV na gestação. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA. Nutrição
em Obstetrícia e Pediatria. p. 211 – 227. 2 ed, 2012.
33
5
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
As recomendações de ganho de peso durante a gestação e o cálculo das necessidades energéticas devem
seguir as recomendações para gestantes sem diabetes.
• Fibras – 30 g/dia
OBSERVAÇÕES:
• Gestante em uso de insulina: lanche noturno deve conter 25 g de carboidratos complexos, além de
proteínas ou gorduras para evitar a ocorrência de hipoglicemia durante a madrugada.
• Os adoçantes artificiais (aspartame, sacarina, acessulfame-K, sucralose, sacarina e neotame) podem ser
utilizados com moderação e são seguros durante a gestação (nível de evidência C).
REFERÊNCIA
SBD - Sociedade Brasileira De Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. São Paulo: 2014. 374 p.
34
6
TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL
DURANTE A GESTAÇÃO
A terapia nutricional enteral (TNE) poderá ser utilizada como via alternativa nos casos em que não é
possível realizar a via oral ou a necessidade nutricional por esta via não é atingida, como por exemplo, na hi-
peremese gravídica. A nutrição parenteral também pode ser indicada na gestação, sendo restrita às situações
em que o trato gastrintestinal não pode ser utilizado ou como suplementação à TNE (SBNEP; ABN, 2011).
Quadro 6.1. Recomendação energética durante gestação em terapia nutricional enteral.
1º TRIMESTRE GESTACIONAL 2º TRIMESTRE GESTACIONAL 3º TRIMESTRE
GESTACIONAL
Estimativas das necessidades ener- Adicional energético de 340 Kcal à Adicional energético de 452 Kcal
Igual a mulheres não grávidas
géticas (ENE) ENE de mulher não grávida à ENE de mulher não grávida
Quadro 6.3. Recomendação de micronutrientes importantes durante gestação em terapia nutricional enteral.
Ácido fólico Ferro elementar e/ou sulfato ferroso
0,6 mg/dia, em toda gestação 27 mg/dia a partir do 2º trimestre gestacional
Fonte: SBNEP; ABN, 2011.
REFERÊNCIAS
SBNEP; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia.
Terapia nutricional na gestação. São Paulo: AMB; CFM (Projeto Diretrizes), 2011. 9p.
Lacerda EMQ; Costa VM. Infecções pelo HIV na gestação. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA. Nutrição
em obstetrícia e pediatria. p. 211 – 227. 2. ed, 2012.
35
Seção 2
Crianças e Adolescentes
36
7
AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL
Na figura 7.1 é apresentado um algoritmo para auxiliar na realização da triagem nutricional de pacien-
tes com idade inferior a 18 anos. E a seguir, no anexo A, é apresentado o formulário de triagem nutricional
de pacientes crianças e adolescentes, denominado Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status and
Growth (STRONG kids).
Ingestão
Necessidades Jejum Condição clínica atual
alimentar Perda ponderal nutricionais prolongado + utilização de
insuficiente recente aumentadas medicamentos que
por ≥ 5 dias
comprometam a
nutrição adequada
OBSERVAÇÃO: Independente do resultado da triagem nutricional, todos os pacientes devem ser assistidos
pela equipe de Nutrição.
2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
Avaliação
nutricional
Figura 7.2. Algoritmo com tópicos da avaliação nutricional de crianças ou adolescentes hospitalizados no HC-UFG/EBSERH.
37
2.1 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
OBSERVAÇÃO: RN são consideradas crianças com até 28 dias de vida e lactentes compreende crianças de 0
a 2 anos de idade.
Quadro 7.1. Classificação do RN conforme peso.
RECÉM-NASCIDOS A UM ANO
Para crianças recém nascidas e crianças de até um ano utilizar peso (P), estatura (E), perímetro cefálico
(PC) e perímetro torácico (PT).
2.1.1.1 PC, PT e relação entre PC e PT (PC/PT) para crianças de até 1 ano de idade
No quadro 1.3 são apresentados os valores dos PC e PT de acordo com a idade em meses e no quadro 1.4
os valores para a relação PC/PT de crianças de até 1 ano.
Quadro 7.3. Valores adequados de PC e PT para crianças de até um ano de vida.
IDADE PC (cm) PT (cm)
0 35,0 35,0
3 meses 40,4 40,0
6 meses 43,4 44,0
12 meses 46,0 47,0
Fonte: CECAN/RCO, 2011.
Quadro 7.4. Valores adequados de relação PT/PC para crianças de até um ano de vida.
FAIXA ETÁRIA RELAÇÃO IDEAL PT/PC
0 – 6 meses 1
6 – 12 meses >1
A relação PT/PC menor que 1 é indicativa de atrofia dos músculos torácicos e da redução do tecido adiposo.
Fonte: Vitolo, 2008; CECAN/RCO, 2011.
38
CRIANÇAS DE 1 a 2 ANOS:
Para crianças de um a dois anos utilizar o peso (P), a estatura (E) e a Circunferência do Braço (CB).
Adicionalmente utilizar os índices antropométricos: peso para idade (P/I); estatura para idade (E/I); e peso
para estatura (P/E) (Accioly; Padilha, 2007).
Quadro 7.5. Percentis da CB (cm) segundo idade e gênero para crianças menores de dois anos.
2.1.2 Pré-Escolares
Pré-escolares são crianças de dois a cinco anos de idade. Nesta faixa etária devem-se utilizar as medidas de
peso (P) e estatura (E) em sua avaliação nutricional (SBP, 2009). Adicionalmente utilizar os índices antropomé-
tricos peso/idade (P/I); estatura/idade (E/I); e peso para estatura (P/E) (Accioly; Padilha, 2007).
Nos casos em que o paciente encontra-se impossibilitado de se locomover, deve-se realizar a estimativa
da estatura de pré-escolares a adolescentes pela altura do joelho (AJ) medida a 90º e em centímetros (cm),
levando-se em consideração sua idade (I) em anos (Accioly; Padilha, 2007).
A fórmula para estimativa da altura de crianças por meio da altura do joelho (AJ) (Stevenson, 1995).
Em situações de risco, realizar medidas complementares para o diagnóstico nutricional, que compre-
endem circunferência do braço (CB) por prega cutânea tricipital (PCT) e circunferência muscular do braço
(CMB) (Accioly; Padilha, 2007). Adicionalmente utilizar os índices antropométricos peso para idade (P/I);
estatura para idade (E/I) e peso para estatura (P/E) (Accioly; Padilha, 2007).
As situações que compreendem risco nutricional são descritas na figura 7.3.
39
Situações de risco nutricional:
Diagnóstico nutricional
Diagnóstico nutricional Diagnóstico nutricional Perda de peso recente
de baixa estatura ou
de baixo peso ou muito de magreza e magreza (de acordo com
muito baixa
baixo peso/idade acentuada StrongKids)
estatura/idade
Medidas complementares
Circunferência
muscular do braço
(CMB)
Quadro 7.6. Percentis da CB (cm) segundo idade e gênero para crianças de dois a menores de seis anos.
MASCULINO FEMININO
IDADE (ANOS)
P5 P50 P95 P5 P50 P95
2 – 2,9 14,3 16,3 18,6 14,2 16,1 18,5
3 – 3,9 15,0 16,8 19,0 14,4 16,6 19,0
4 – 4,9 15,1 17,1 19,3 14,8 17,0 19,5
5 – 5,9 15,5 17,5 20,5 15,2 17,5 21,0
Fonte: Vitolo, 2008.
40
Quadro 7.8. Percentis da PCT (cm) de lactentes e pré-escolares do sexo feminino.
PERCENTIS
IDADE
P5 P10 P15 P25 P50 P75 P85 P90 P95
6 a 11 m 6,5 7,0 7,0 8,0 10,0 11,5 12,5 13,0 14,5
1 ano 6,0 7,0 7,5 8,0 10,5 12,0 13,5 15,0 16,5
2 anos 6,0 7,0 7,5 8,0 10,5 12,5 13,5 15,0 16,0
3 anos 6,0 7,0 7,0 8,0 10,0 12,0 12,5 13,5 16,5
4 anos 6,0 6,5 7,5 8,0 10,0 12,0 13,0 14,0 15,5
5 anos 6,0 7,0 7,5 8,5 10,5 12,5 14,0 14,5 16,0
Fonte: CECAN/RCO, 2011.
Quadro 7.10. Classificação dos índices antropométricos para crianças de 0 a 5 anos, segundo recomendações do Sisvan (2008).
VALORES CRÍTICOS
P/I P/E E/I
ESCORE -Z
Muito baixo peso para a idade Muito baixa estatura para a idade
< -3 Magreza acentuada
Baixa estatura para a idade
>-3e<-2 Baixo peso para a idade Magreza
>-2e<-1 Eutrofia
Peso adequado para a idade Estatura adequada para a idade
>-1e<+1
Risco de sobrepeso
>+1e<+2
>+2e<+3 Peso elevado para a idade Sobrepeso
>+3 Obesidade
P/I - Peso-para-idade; P/E - Peso-para-estatura; E/I - Estatura-para-idade.
A classificação escolar compreende as crianças entre seis (06) e dez (10) anos de idade. Nesta faixa etária
devem-se utilizar as medidas de peso (P), estatura (E), circunferência do braço (CB), prega cutânea triciptal
(PCT) e circunferência muscular do braço (CMB) em sua avaliação nutricional (SBP, 2009). Adicionalmente
utilizar os índices antropométricos peso para idade (P/I) por estatura para idade (E/I) por peso para estatura
(P/E); e índice de massa corporal para idade (IMC/I) (Accioly; Padilha, 2007).
41
Quadro 7.11. - Valores de referência para a avaliação do estado nutricional de crianças menores de 10 anos de idade, de acordo com o
escore Z, considerando-se os índices E/I e P/I.
VALORES CRÍTICOS E/I P/I
ESCORE Z
<-3 Muito baixa estatura para idade Muito baixo peso para idade
>-3e<-2 Baixa estatura para idade Baixo peso para idade
>-2e<+2 Estatura adequada para idade Peso adequado para idade
>+2 Estatura adequada para idade Peso elevado para idade
Fonte: SBP, 2009.
Quadro 7.12. Valores de referência para avaliação do estado nutricional segundo IMC para idade de crianças de 5 a 10 anos.
VALORES CRÍTICOS IMC/IDADE
Escore Z 5 a 10 anos
<-3 Magreza acentuada
>-3e<-2 Magreza
>-2e<+1 Eutrofia
>+1e<+2 Sobrepeso
>+2e<+3 Obesidade
>+3 Obesidade Grave
Fonte: SBP, 2009.
Utiliza-se a CB
Figura 7.4. Algoritmo para determinação do uso de CB na impossibilidade do uso de peso e altura em crianças de 5 a 10
anos e adolescentes.
2.1.4 Adolescentes
42
VALORES CRÍTICOS E/I IMC/I
ESCORE Z
>-1e<+1 Estatura adequada para idade Eutrofia
>+1<+2 Estatura adequada para idade Sobrepeso
>+2<+3 Estatura adequada para idade Obesidade
>+3 Estatura adequada para idade Obesidade grave
Fonte: SISVAN, 2008.
As curvas de crescimento da Organização Mundial de Saúde (2007) para lactentes, pré-escolares, escola-
res e adolescentes estão disponíveis nos anexos.
Investigação dietética
Recordatório habitual
(1ª avaliação do consumo alimentar)
Recordatório de 24h
(acompanhamento diário)
• Oferta hídrica;
• Possível adição de outros preparados (Ex: açúcar, farináceos, frutas, suplementos) (SBP, 2009).
43
2.2.2 Pré-escolar, escolar e adolescentes
PRIMEIRA AVALIAÇÃO
• Recordatório habitual
A anamnese alimentar deve abranger a alimentação habitual, o tipo e o horário das refeições diárias e ava-
liar alterações no padrão alimentar nos dias anteriores à internação e o motivo dessa modificação. Questionar
sobre alergias e/ou intolerâncias, preferências e aversões alimentares. Contar sempre com a colaboração da mãe
ou responsável para responder os questionamentos (Cavendish, 2010; SBP, 2009).
Tópicos importantes:
• Anotar horário das refeições, alimentos ingeridos, consistência da dieta, modo de preparo e a quantidade
consumida;
• Ingestão de água;
ACOMPANHAMENTO INTRA-HOSPITALAR:
• Recordatório de 24h
Importante observar aceitação da dieta prescrita e necessidade de alteração na conduta. Caso o paciente e o
acompanhante apresentem dificuldade para lembrar, solicitar o preenchimento de Registro Alimentar (SBP, 2009).
44
Quadro 7.15. Parâmetros bioquímicos utilizados em pediatria de acordo com faixa etária.
CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA
FAIXA ETÁRIA (< g/dL) HEMATÓCRITO (%)
Criança (idade em anos)
1<2 11,0 32,9
2<5 11,1 33,0
5<8 11,5 34,5
8 < 12 11,9 35,4
Sexo masculino (idade em anos)
12 < 15 12,5 37,3
15 < 18 13,3 39,7
≥ 18 13,5 39,9
Sexo feminino (não gestante e não lactante)
12 < 15 11,8 35,7
15 < 18 12,0 35,9
≥ 18 12,0 35,7
Fonte: Duarte, 2007.
45
REFERÊNCIAS
Accioly E; Padilha PC. Semiologia nutricional em pediatria. In: Duarte ACG. Avaliação Nutricional: aspectos
clínicos e laboratoriais. Cap. 13, p. 113 – 136. 607 p. 2007.
Duarte ACG. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007. 607 p.
Stevenson RD. Use of segmental measures to estimate stature in children with cerebral palsy. Arch Pediatr Ado-
lesc Med 1995;149:658–62.
Vasconcelos MJOB; Barbosa JM; Pinto ICS; Lima TM; Araújo AFC. Nutrição Clínica - Obstetrícia e Pediatria. 1
ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2011. 758 p.
46
Anexo A – Formulário STRONG kids (Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status and Growth)
CLÍNICA:____________________ LEITO:___________
STRONG KIDS (Screening Tool for Risk of Impaired Nutritional Status and Growth)
TRIAGEM DE RISCO NUTRICIONAL (em 24h) – crianças > 1 mês
1. Avaliação subjetiva clínica: o paciente apresenta estado nutricional deficiente verificado através da avaliação clínica
Sim = 1 ponto
subjetiva (diminuição da gordura subcutânea e/ou massa muscular e/ou face emagrecida)?
2. Doença de alto risco (conforme abaixo):o paciente apresenta uma doença associada com risco de desnutrição ou
previsão de grande cirurgia? – verificar a relação abaixo
Doença de alto risco: Anorexia nervosa; Queimaduras; Displasia Broncopulmonar (idade máxima de 2
anos); Doença celíaca; Fibrose cística; Prematuridade (6 meses de idade corrigida); Doença cardíaca crônica; Sim = 2 pontos
Doenças infecto-contagiosas (AIDS); Doença inflamatória intestinal; Câncer; Doença hepática crônica; Pancreatite;
Síndrome do intestino curto; Doença muscular; Doença metabólica; Trauma; Retardo mental; Expectativa de grande
cirurgia; Não especificado (classificadas por médico).
3. Ingestão nutricional e perdas: Alguns dos itens a seguir estão presentes?
( ) Excessiva diarreia (> 5 vezes por dia) e/ou vômitos (> 3 vezes / dia) nos últimos dias?
( ) Reduzida ingestão alimentar durante os últimos dias antes da admissão (não incluindo o jejum para uma
Sim = 1 ponto
cirurgia ou procedimento eletivo)?
( ) Intervenção nutricional com orientação dietética prévia?
( ) Incapacidade de ingestão alimentar adequada por causa de dor?
4. Perda de peso ou ganho de peso insuficiente: Há perda de peso ou nenhum ganho de peso (bebês < 1 ano) durante
Sim = 1 ponto
as últimas semana/meses?
Peso atual = ______ Estatura = __________ IMC = _________
Peso usual = _________ Perda de peso/tempo = _________________
P/I: _______________________ E/I: _______________
P/E:_______________________ IMC/I:___________________________
NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO DE ACORDO COM A CATEGORIA DE RISCO:
a) Escore: 4 a 5 pontos RISCO ALTO realizar Avaliação Objetiva Nutricional; visitas diárias; Acompanhamento Nutricional
Individualizado;
b) Escore: 1 a 3 pontos RISCO MODERADO acompanhar aceitação alimentar diariamente; verificar peso duas vezes por semana;
avaliar o risco nutricional após uma semana;
c) Escore: 0 pontos RISCO BAIXO acompanhar aceitação alimentar diariamente; avaliar o risco nutricional após uma semana.
47
Anexo B - Anamnese clínica e nutricional para recém-nascidos, lactentes e pré-escolares.
48
□Sim □Não Qual?______________________________ □ Não se aplica
-Alergia alimentar? Consumo de leite ou fórmulas lácteas
□Sim □Não a) Que tipo de leite faz uso? (marque todos que se aplicam
atualmente)
Qual?_______________________________
□ leite materno
-Faz uso de mamadeira?
□ leite de vaca (ou cabra)
□Sim □Não
□ integral □ desnatado
Horários?___________________
A mudança de apetite está associada a algum fa- d) Qual o volume é ofertado por etapa?_____
tor?_________________________
e) Quanto tempo demora para se alimentar_______
Alterações na ingestão alimentar atual
Consistência dos alimentos:
Situação Não Sim
Dificuldades para sugar, engolir, mastigar ou a) Qual a consistência dos alimentos que o paciente come?
morder
Choro, afogamento, tosse, engasgo ou ânsia □ Sopa: □ batida □ em pedaços
durante uma refeição ou quando vê comida
ou mamadeira □ Pastosa (alimentos liquidificados)
Recusa-se a engolir a comida
Recusa-se a comer a comida se tiver pedaços □ Branda (alimentos em pequenos pedaços)
pequenos ou maiores (não gosta ou tem medo
de comida mais consistente) □ Livre (igual da família)
Outros (explique)
Registro do consumo alimentar:
- Funcionamento intestinal:
RECORDATÓRIO HABITUAL
□ Regular □ Obstipação □ Diarreia; REFEIÇÃO /
ALIMENTOS / MEDIDAS CASEIRAS
HORÁRIO
OBS:_______________________________ Desjejum
__________
- Paciente mantém seu nível de atividade semelhante ao Colação
habitual? □ Sim □ Não Qual? ____________________ __________
(Ativo, hipoativo, prostrado) Almoço
__________
- É considerado atualmente: Lanche da tarde
__________
□ Acamado □ Deambula: Jantar
__________
□ com dificuldade □ sem dificuldade
49
Ceia □ Strong Kids: ____________________________
__________
□ ANSG em Pediatria:_______________________
7. Exame Físico: 11.Diagnóstico Nutricional:
EMAGRECIMENTO ______________________________________________
Local Ausente Moderado Grave ______________________________________________
Têmporas ______________________________________________
______________________________________________
Bochechas
______________________________________________
Braços
Tórax 12. Necessidades Nutricionais:
Nádegas ENE = ENPtn=
Pernas
Outros:
EDEMA
______________________________________________
Local Ausente Moderado Grave
______________________________________________
Região sacral ______________________________________________
Pés e tornozelos ______________________________________________
Outros (explique): ______________________________________________
E/I = _______________________________
P/E = ______________________________
IMC/I = ____________________________
9. Exames bioquímicos:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
50
Anexo C - Anamnese clínica e nutricional para escolares e adolescentes.
Produto(s) / Diluição:____________________________
ESCOLARES (6 a 10 anos) E
- Preferências alimentares:
ADOLESCENTES (10 a 18 anos)
______________________________________________
1.Identificação:
- Aversões alimentares:
Nome:______________________________
______________________________________________
Nome da mãe:________________________
- Sintomatologia:
DN:____/_____/_____ Idade:______
□ Náuseas □ Vômitos □ Disfagia.
Sexo: □ Fem. □ Masc.
Outros:________________________________________
Naturalidade:______________
______________________________________________
Procedência:_________________________
- Apetite atualmente?
Com quem mora?_____________________
□ Anorexia □ Diminuído
Quantas pessoas residem?______________
□ Bom □ Aumentado
2.Queixa principal / Motivo da internação:
______________________________________________ Houve alteração na ingestão habitual?
______________________________________________
______________________________________________ □ Sim □ Não
______________________________________________
______________________________________________ Se sim: □ Aumentou □ Diminuiu
3.História da Doença Atual: Há quanto tempo a ingestão mudou?_____________(dias,
______________________________________________ semanas, meses)
______________________________________________
- Funcionamento intestinal:
______________________________________________
______________________________________________ □ Regular □ Obstipação □ Diarreia;
______________________________________________ OBS:__________________________
______________________________________________
______________________________________________ - Paciente mantém seu nível de atividade semelhante ao
______________________________________________ habitual? □ Sim □ Não Qual? ____________ (Ativo,
hipoativo, prostrado)
4.Diagnóstico clínico:
______________________________________________ - É considerado atualmente:
______________________________________________
______________________________________________ □ Acamado □ Deambula:
______________________________________________
______________________________________________ □ com dificuldade □ sem dificuldade
______________________________________________
______________________________________________ Alterações na ingestão alimentar atual:
______________________________________________ Situação Não Sim
5. Avaliação Nutricional: Problemas de mastigação, deglutição,
sufocação, tosse ou engasgo
Investigação Dietética: Comportamento inapropriado com a comida
que incomoda os outros durante a refeição
- Intolerância alimentar? □ Sim □ Não “Não quero comer” / “Estou sem fome”
“Sinto-me satisfeito após apenas umas
Qual?_______________________________ garfadas”
Outros (explique)
- Alergia alimentar? □ Sim □ Não
Qual?_______________________________
51
Alimentação por sonda: Outros sinais físicos sugestivos de desnutrição:
______________________________________________
a) Qual o nome da dieta que o paciente utiliza? ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
________
b) Como é preparada essa dieta? (qual a quantidade do pro-
duto, água e outras coisas são acrescentadas?) 7. Antropometria:
______________________________________________
______________________________________________ Peso atual:_________ Kg Peso usual:_________ Kg
______________________________________________
Perda de peso / Tempo: ______________________
______________________________________________
%PP: _________
c) Quantas etapas são ofertadas por dia?___________
Estatura atual:____________m IMC:____________Kg/
d) Qual o volume é ofertado por etapa? ___________ mL
m2
e) Quanto tempo geralmente demora essa alimentação?
Classificações do estado nutricional:
______________________________________________
P/I = _______________________________
Registro do consumo alimentar:
RECORDATÓRIO HABITUAL E/I = _______________________________
REFEIÇÃO /
ALIMENTOS / MEDIDAS CASEIRAS P/E = ______________________________
HORÁRIO
Desjejum IMC/I = ____________________________
__________
Colação Outras medidas (se houver impossibilidade de aferir peso e
__________ estatura):
Almoço CB:_____________ PCT:______________
__________
52
13. Metas Nutricionais:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
14.Conduta Nutricional:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
Assinatura / Carimbo:________________________
53
Anexo D – Questionário de Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG) em pediatria.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES
1.Identificação:
Nome:_____________________________________
Nome da mãe:_______________________________
54
b) Ingestão atual X habitual
□ Sem mudanças
□ Aumentou
□ Diminuiu
c) Duração da mudança:
□ < 2 semanas
□ ≥ 2 semanas
Capacidade funcional (nutricionalmente relacionados):
a) □ Nenhum prejuízo energético; capaz de realizar atividades
adequadas à idade.
b) □ Restrito em atividade física extenuante, mas capaz de
fazer a reprodução e/ou atividades escolares de natureza leve
ou sedentária; menos energia; cansado com mais frequência.
□ Pouco ou nenhuma atividade, confinado à cama ou cadeira
por > 50% do tempo acordado; sem energia; dorme com
frequência.
b) Função nas últimas 2 semanas:
□ Sem alterações
□ Aumentou
□ Diminuiu
Estresse metabólico da doença
□ Sem estresse
□ Estresse aumentado
□ Estresse grave
Exame físico Normal Moderada Grave
Perda de gordura subcutânea
□ Sem perda na maioria ou todas as áreas
□ Perda em algumas, mas não em todas as áreas
□ Perda severa na maioria ou em todas as áreas
Perda muscular
□ Sem perda na maioria ou todas as áreas
□ Perda em algumas, mas não em todas as áreas
□ Perda severa na maioria ou em todas as áreas
Edema (relacionado ao estado nutricional)
□ Sem edema
□ Edema moderado
□ Edema severo
Resultado:
Assinatura / Carimbo:________________________
55
Anexo E - Curva de escore-Z de peso para idade para crianças até seis meses de idade, sexo feminino.
56
Anexo F - Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de até seis meses, sexo masculino.
57
Anexo G - Curva de escore-Z de comprimento para idade de crianças até seis meses, sexo feminino.
58
Anexo H - Curva de escore-Z de comprimento para idade de crianças até seis meses, sexo masculino.
59
Anexo I - Curva de escore-Z de peso para comprimento de crianças até dois anos, sexo feminino.
60
Anexo J – Curva de escore-Z de peso para comprimento de crianças até dois anos, sexo masculino.
61
Anexo K – Curva de escore-Z de comprimento para idade para crianças até dois anos, sexo feminino.
62
Anexo L – Curva de escore-Z de comprimento para idade para crianças até dois anos, sexo masculino.
63
Anexo M – Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo feminino.
64
Anexo N – Curva de escore-Z de peso para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculino.
65
Anexo O – Curva de escore-Z de altura para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo feminino.
66
Anexo P – Curva de escore-Z de altura para idade para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculino.
67
Anexo Q - Curva de escore-Z de peso para altura para crianças de 2 a 5 anos, sexo feminino.
68
Anexo R - Curva de escore-Z de peso para altura para crianças de 2 a 5 anos, sexo masculino.
69
Anexo S – Curva de escore-Z de peso por idade para crianças de 5 a 10 anos, sexo feminino.
70
Anexo T – Curva de escore-Z de peso por idade para crianças de 5 a 10 anos, sexo masculino.
71
Anexo U - Curva de escore-Z de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos, sexo feminino.
72
Anexo V – Curva de escore-Z de estatura por idade de crianças de 5 a 19 anos, sexo masculino.
73
Anexo X – Curva de escore-Z de IMC por idade para crianças de 5 a 19 anos, sexo feminino.
74
Anexo Z – Curva de escore-Z de IMC por idade de criança de 5 a 19 anos, sexo masculino.
75
8
NECESSIDADES NUTRICIONAIS
• ENERGIA
76
SEXO FEMININO: 9 A 18 ANOS
NE = GET + energia armazenada
NE = 135,3 – 30,8 x idade [a] + AF x (10,0 x peso [kg] + 934 x altura [m] + 25 (kcal p/ crescimento)
Atividade física (AF) = 1,0 sedentário
AF = 1,13 atividade leve
AF = 1,31 atividade moderada
AF = 1,56 atividade intensa
SEXO MASCULINO COM SOBREPESO E OBESIDADE: 3 A 18 ANOS
GEB (kcal/dia) = 420 – 33,5 x idade [a] + 418 x altura [m] + 16,7 x peso [kg]
GET manutenção do peso em meninos com sobrepeso e obesidade de 3 a 18 anos
GET = 114 – 50,9 x idade [a] + AF x (19,5 x peso [kg] + 1161,4 x altura [m])
Atividade física (AF) = 1,0 sedentário
AF = 1,12 atividade leve
AF = 1,24 atividade moderada
AF = 1,45 atividade intensa
SEXO FEMININO COM SOBREPESO E OBESIDADE: 3 A 18 ANOS
GEB (kcal/dia) = 516 – 26,8 x idade [a] + 347 x altura [m] + 12,4 x peso [kg]
GET manutenção do peso em meninas com sobrepeso e obesidade de 3 a 18 anos
GET = 389 – 41,2 x idade [a] + AF x (15,0 x peso [kg] + 701,6 x altura [m])
Atividade física (AF) = 1,0 sedentário
AF = 1,18 atividade leve
AF = 1,35 atividade moderada
AF = 1,60 atividade intensa
Fonte: Coppini; Sampaio; Marco, 2011.
• MACRONUTRIENTES
• PROTEÍNAS
77
• CARBOIDRATOS
• LIPÍDEOS
¾¾ De 2 a 6 anos: evoluir gradativamente para uma dieta com até 30% de lipídios do VET, sendo ofertado
no máximo 10% de gordura saturada.
¾¾ Ácidos graxos ômega-3 (linolênico) = 0,6 – 1,2% do VET da dieta, sendo que até 10% desse valor pode
ser consumido como ácido eicosapetaenóico (EPA) ou ácido docosahexaenóico (DHA).
• ENERGIA
As recomendações das necessidades nutricionais variam de acordo com os dias de vida, conforme o quadro
8.7. Em casos de nutrição parenteral, recomenda-se que a porcentagem de glicose seja maior em relação aos lipídios
e que tenha pelo menos 1 g de aminoácido para cada 25 calorias não proteicas (SBNPE; ASBRAN, 2011).
Quadro 8.7. Recomendações das necessidades calóricas por via parenteral para RNPT.
DIAS DE VIDA OFERTA CALÓRICA (Kcal/kg/dia)
1–4 50
5–7 60
8 – 10 85
> 10 100
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
78
2.2 LACTENTES, PRÉ-ESCOLARES, ESCOLARES E ADOLESCENTES
• FLUIDOS E ELETRÓLITOS
Quadro 8.11. Fórmula de Holliday-Segar, para o cálculo das necessidades hídricas do paciente pediátrico.
NECESSIDADE HÍDRICA EM PEDIATRIA - FÓRMULA DE HOLLIDAY-SEGAR
100 mL/kg para uma criança de 3 a 10 kg
1000 mL + 50 mL/kg para cada kg acima de 10 kg para uma criança de 10 a 20 kg
1500 mL + 20 mL/kg para cada kg acima de 20 kg para uma criança acima de 20 kg
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
79
Quadro 8.13. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para sódio e cloro em pediatria.
IDADE SÓDIO (g/dia) CLORO (g/dia)
Lactentes
0 – 6 meses ND* ND
7 – 12 meses ND ND
Crianças
1 – 3 anos 1,5 2,3
4 – 8 anos 1,9 2,9
Sexo masculino
9 – 13 anos 2,2 3,4
14 – 18 anos 2,3 3,6
Sexo feminino
9 – 13 anos 2,3 3,6
14 – 18 anos 2,3 3,6
ND = Não Determinado Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
• MICRONUTRIENTES
Quadro 8.14. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para água, vitamina D, fósforo, magnésio e flúor em pediatria.
Vitamina D
Categoria Água total (mL/dia) Fósforo (mg/dia) Magnésio (mg/dia) Flúor (mg/dia)
(µg/dia)a,b
AI UL AI UL EAR RDA RDA UL AI UL
Lactentes
0 – 6 meses 210 ND 5 25 100* 30* ND 0,01 0,7
7 – 12 meses 270 ND 5 25 275* 75* ND 0,5 0,9
Crianças
1 – 3 anos 500 2500 5 50 380 460 80 65 0,7 1,3
4 – 8 anos 800 2500 5 50 405 500 130 110 1 2,2
Sexo masculino
9 – 13 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 240 350 2 10
14 – 18 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 410 350 3 10
Sexo feminino
9 – 13 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 240 350 2 10
14 – 18 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 360 350 3 10
Gestantes
≤ 18 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 400 350 3 10
Lactantes
≤ 18 anos 1300 2500 5 50 1055 1250 360 350 3 10
*ND= Não determinado; Como colecalciferol (1 µg = 40 UI de vitamina D); Na ausência de adequada exposição à luz.
a b
Quadro 8.15. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para tiamina, riboflavina, niacina, vitamina B6 e folato em pediatria.
Riboflavina (mg/ Niacina a Vitmina B6 (mg/dia) Folato c,d
Categoria Tiamina (mg/dia)
dia) (mg/dia) (µg/dia)
EAR RDA EAR RDA EAR RDA ULb EAR RDA UL EAR RDA UL**
Lactentes
0 – 6 meses 0,2* 0,3* 2* ND 0,1* ND 65* ND
7 – 12 meses 0,3* 0,4* 4* ND 0,3* ND 80* ND
Crianças
1 – 3 anos 0,4 0,5 0,4 0,5 5 6 10 0,4 0,5 30 120 150 300
4 – 8 anos 0,5 0,6 0,5 0,6 6 8 15 0,5 0,6 40 160 200 400
Sexo masculino
9 – 13 anos 0,7 0,9 0,8 0,9 9 12 20 0,8 1,0 60 250 300 600
14 – 18 anos 1,0 1,2 1,01 1,3 12 16 30 1,1 1,3 80 330 400 800
Sexo feminino
9 – 13 anos 0,7 0,9 0,8 0,9 9 12 20 0,8 1,0 60 250 300 600
14 – 18 anos 0,9 1,0 0,9 1,0 11 14 30 1,0 1,2 80 330 400 800
Gestantes
≤ 18 anos 1,2 1,4 1,2 1,4 14 18 30 1,6 1,9 80 520 600 800
Lactantes
≤ 18 anos 1,2 1,5 1,3 1,6 13 17 30 1,7 2,0 80 450 500 800
EAR: necessidade média estimada; RDA: ingestão dietética recomendada; UL: nível máximo de ingestão diária
80
UL** = de ácido fólico sintético; a Na forma de equivalente de niacina (1 mg = 60 mg de triptofano); b Niacina e ácido fólico sintético.
As ULs se aplicam a todas as formas de suplementos e/ou alimentos fortificados; c Na forma de equivalente de folato sintético ( = 1 µg
de folato dos alimentos ou 0,6 µg de ácido fólico de alimentos fortificados ou suplementos dietéticos ou 0,5 µg de ácido fólico sintético
ingerido com estômago vazio); d Recomenda-se a mulheres em idade fértil o consumo de 400 µg de ácido fólico na forma de alimentos
fortificados e/ou suplementos, além da ingestão de alimentos em uma dieta variada. Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
Quadro 8.16. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para vitamina C, vitamina B12, ácido pantotênico, biotina e colina em pediatria.
Lactentes
0 – 6 meses 40* ND 0,4* 1,7 5 125 ND*
7 – 12 meses 50* ND 0,5* 1,8 6 150 ND
Crianças
1 – 3 anos 13 15 400 0,7 0,9 2 8 200 1000
4 – 8 anos 22 25 650 1,0 1,2 3 12 250 1000
Sexo masculino
9 – 13 anos 39 45 1200 1,5 1,8 4 20 375 2000
14 – 18 anos 63 75 1800 2,0 2,4 5 25 550 3000
Sexo feminino
9 – 13 anos 39 45 1200 1,5 1,8 4 20 375 2000
14 – 18 anos 56 65 1800 2,0 2,4 5 25 400 3000
Gestantes
≤ 18 anos 66 80 1800 2,2 2,6 6 30 450 3000
Lactantes
≤ 18 anos 96 115 1800 2,4 2,8 7 35 550 3000
EAR: necessidade média estimada; RDA: ingestão dietética recomendada; UL: nível máximo de ingestão diária
AI – ingestão adequada; ND: Não determinada.
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
Quadro 8.17. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para vitamina A, vitamina E, vitamina K, cobre e iodo em pediatria.
Lactentes
0 – 6 meses 400* 600 4* ND 2,0 200* ND 5 110* ND
7 – 12 meses 500* 600 5* ND 2,5 220* ND 6 130* ND
Crianças
1 – 3 anos 210 300 600 5 6 200 30 260 340 1000 65 90 200
4 – 8 anos 275 400 900 6 7 300 55 340 440 3000 65 90 300
Sexo masculino
9 – 13 anos 445 600 1700 9 11 600 60 540 700 5000 73 120 600
14 – 18 anos 630 900 2800 12 15 800 75 685 890 8000 95 150 900
Sexo feminino
9 – 13 anos 420 600 1700 9 11 600 60 540 700 5000 73 120 600
14 – 18 anos 485 700 2800 12 15 800 75 685 890 8000 95 150 900
Gestantes
≤ 18 anos 530 750 2800 12 15 800 75 785 1000 8000 160 220 900
Lactantes
≤ 18 anos 880 1200 2800 16 19 800 75 985 1300 8000 209 290 900
EAR: necessidade média estimada; RDA: ingestão dietética recomendada; UL: nível máximo de ingestão diária; *AI: ingestão adequada;
ND: não determinada.
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
81
Quadro 8.18. Valores de ingestão dietética de referência (DRI) para manganês, molibdênio, zinco e selênio em pediatria.
Manganês Molibdênio Zinco Selênio
Categoria (mg/dia)
(mg/dia) (µg /dia) (µg/dia)
AI UL EAR RDA UL EAR RDA UL EAR RDA UL
Lactentes
0 – 6 meses 0,003 ND 2* ND 2* 4 15* 45
2,2
7 – 12 meses 0,6 ND 3* ND 3* 5 20* 60
Crianças
1 – 3 anos 1,2 2 13 17 300 2,2 3 7 17 20 90
4 – 8 anos 1,5 3 17 22 600 4,0 5 12 23 30 150
Sexo masculino
9 – 13 anos 1,9 6 26 34 1100 7,0 8 23 35 40 280
14 – 18 anos 2,2 9 33 43 1700 8,5 11 34 45 55 400
Sexo feminino
9 – 13 anos 1,6 6 26 34 1100 7,0 8 5000 23 35 280
14 – 18 anos 1,6 9 33 43 1700 7,3 9 8000 34 45 400
Gestantes
≤ 18 anos 2,0 9 40 50 1700 10,5 13 34 49 60 400
Lactantes
≤ 18 anos 2,6 9 35 50 1700 11,6 14 34 59 70 400
EAR: necessidade média estimada; RDA: ingestão dietética recomendada; UL: nível máximo de ingestão diária; *AI: ingestão adequada.
• Se estiverem sob ventilação mecânica, sugere-se fórmula de GEB específica abaixo, exceto para crianças
menores de 2 anos de idade e com queimaduras.
GEB = [(17 x idade meses) + (48 x peso Kg) + (292 x temperatura ºC) – 9677] x 0,239
REFERÊNCIAS
Accioly E; Padilha PC. Semiologia nutricional em pediatria. In: Duarte ACG. Avaliação Nutricional: aspectos
clínicos e laboratoriais. Cap. 13, p. 113 – 136. 607 p. 2007.
CECAN/RCO – Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição da Região Centro-Oeste. Manual de técnicas
e procedimentos de antropometria. Coordenação de Vigilância Nutricional (GVE; SUVISA; SES-GO). Goiânia:
2011. 4 ed.
Duarte ACG. Avaliação nutricional: aspectos clínicos e laboratoriais. São Paulo: Atheneu, 2007. 607 p.
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Avaliação nutricional da criança e do adolescente: manual de orientação.
São Paulo, 2009. 112 p.
SBNPE; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia.
Recomendações nutricionais para crianças em terapia nutricional enteral e parenteral. São Paulo: AMB; CFM
(Projeto Diretrizes), 2011. 15p.
Vitolo MR. Práticas alimentares na infância. In: Vitolo MR. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Cap. 23,
p.215 – 242. 628 p. 2008.
82
9
FIBROSE CÍSTICA
1.1 OBJETIVOS
Recomendação nutricional
Figura 9.1. Algoritmo para determinação da terapia nutricional de pacientes com fibrose cística.
83
Quadro 9.2. Tratamento nutricional em pacientes pediátricos com fibrose cística.
CATEGORIA GRUPO FINALIDADE
Educação nutricional, aconselhamento da dieta,
Tratamento de rotina Todos os pacientes
reposição enzimática, suplementação de vitaminas
Ênfase na educação nutricional para preparar
Pacientes com risco de desenvolver déficit nutri-
o paciente para necessidade de aumentar as
cional (insuficiência pancreática grave, infecções
energias, maior vigilância da ingestão alimentar,
Orientação preventiva pulmonares frequentes, períodos de rápido cres-
aumento da densidade energética diária, quando
cimento), mas mantendo relação P/E > 90% (do
necessário, avaliação do comportamento e aconse-
percentil 50 da população de referência)
lhamento
Pacientes com diminuição da velocidade de
Todas as medidas acima, com suplementos orais,
Suporte nutricional ganho de peso e/ou relação P/E entre 85 e 90%
quando necessário
ou IMC entre 5 e 15%
Todas as medidas acima, com suplementação
enteral parcial ou total por sonda nasogástrica,
Cuidados de reabilitação Pacientes com relação P/E < 85% ou IMC < 5%
nasoentérica ou ostomia, quando indicado por
períodos prolongados
Pacientes muito graves com relação P/E < 75% Todas as medidas acima, com nutrição enteral
Cuidado paliativos
ou falência nutricional progressiva contínua ou parenteral
Fonte: Mauri; Patin; Chiba, 2009.
REFERÊNCIA
Mauri JF; Patin RV; Chiba, S. M. Nutrição em fibrose cística. In: Palma D; Oliveira FLC; Escrivão, M. A. M. S.
Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência. Cap. 33, p. 529-539. 661 p. 2009.
84
10
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
• ENERGIA
Quadro 10.1. Equações para estimar as necessidades energéticas totais de crianças e adolescentes.
IDADE NECESSIDADE ENERGÉTICA
0 a 3 meses EER = [89 x peso (kg) – 100 ] + 175
4 a 6 meses EER = [89 x peso (kg) – 100 ] + 56
7 a 12 meses EER = [89 x peso (kg) – 100 ] + 22
13 a 35 meses EER = [89 x peso (kg) – 100 ] + 20
3 a 8 anos Meninos: EER = 88,5 – 61,9 x idade (a) + AF x [26,7 x peso (kg) + 903 x altura (m) + 20
Meninas: EER = 135,3 – 30,8 x idade (a) + AF x [10 x peso (kg) + 934 x altura (m) + 20
9 a 18 anos Meninos: EER = 88,5 – 61,9 x idade (a) + AF x [26,7 x peso (kg) + 903 x altura (m) + 25
Meninas: EER = 135,3 – 30,8 x idade (a) + AF x [10 x peso (kg) + 934 x altura (m) + 25
AF= coeficiente de atividade física; EER- Estimated Energy Requirement.
Fonte: Riella; Sato, 2013.
Utilizar as medidas de CB, CMB e PCT para avaliação nutricional, quando o peso estiver mascarado por edema.
Quadro 10.2. Equações para estimar as necessidades energéticas de crianças de 3 a 18 anos de idade com excesso de peso.
MANUTENÇÃO DE PESO DE ACORDO COM A ENERGIA TOTAL CONSUMIDA (ETC)
Meninos: ETC = 114 – [50,9 x idade (a)] + AF x [peso (kg) + 1.161,4 x altura (m)]
Meninas: ETC = 389 – [41,2 x idade (a)] + AF x [15,0 x peso (kg) + 701,6 x altura (m)]
ETC – Energia Total Consumida.
Fonte: Riella; Sato, 2013.
• MACRONUTRIENTES
Quadro 10.3. Distribuição de macronutrientes recomendada para crianças e adolescentes, de acordo com a faixa etária.
MACRONUTRIENTE CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS CRIANÇAS DE 4 A 18 ANOS
Carboidrato 45 a 60% 45 a 65%
Lipídio 30 a 40% 25 a 35%
Proteínas 5 a 20% 10 a 30%
Fonte: Riella; Sato, 2013.
Quadro 10.4. Coeficiente de atividade física para determinação das necessidades energéticas de crianças entre 3 e 18 anos de idade.
Gênero Sedentários Baixa atividade Ativo Muito ativo
Atividade física de AFR + 30 a 60 min de atividade AFR + > 60 min AFR + > 60 min de atividade física
rotina (AFR) física moderada (p. ex., caminha- de atividade física moderada + adicional de 60 min de ati-
das de 5 a 7 km/h) moderada vidade vigorosa ou 120 min de atividade
moderada
Meninos 1,0 1,13 1,26 1,42
Meninas 1,0 1,16 1,31 1,56
Fonte: Riella; Sato, 2013.
85
Quadro 10.5. Recomendações diárias para a ingestão proteica em crianças com Doença Renal Crônica nos estágios 3 ao 5, inclusive em
diálise, de acordo com os valores de ingestão dietética de referência (DRI).
Idade DRI (g/kg) Recomendação para Recomendação para Recomendação para HD* Recomendação para DP*
estágio 3 (g/kg) (100 a estágios 4 e 5 (g/kg) (100 (g/kg) (g/kg)
140 % DRI) a 120 % DRI)
0 a 6 meses 1,5 1,5 a 2,1 1,5 a 1,8 1,6 1,8
7 a 12 meses 1,2 1,2 a 1,7 1,2 a 1,5 1,3 1,5
1 a 3 anos 1,05 1,05 a 1,5 1,05 a 1,25 1,15 1,3
4 a 13 anos 0,95 0,95 a 1,35 0,95 a 1,15 1,05 1,1
14 a 18 anos 0,85 0,85 a 1,2 0,85 a 1,05 0,95 1,0
*HD: hemodiálise; DP: diálise peritoneal
Fonte: Kdoqui, 2009.
• MICRONUTRIENTES
Quadro 10.6. Variação recomendada de cálcio e fósforo séricos, de acordo com a idade.
Idade Cálcio (mg/dl) Fósforo (mg/dl)
0 a 5 meses 8,7 a 11,3 5,2 a 8,4
6 a 12 meses 8,7 a 11,0 5,0 a 7,8
1 a 5 anos 9,4 a 10,8 4,5 a 6,5
6 a 12 anos 9,4 a 10,3 3,6 a 5,8
13 a 20 anos 8,8 a 10,2 2,3 a 4,5
Fonte: Kdoqui, 2009.
Quadro 10.7. Recomendações diárias de minerais para crianças com Doença Renal Crônica de acordo com os valores de ingestão dietética
de referência (DRI).
Elementos 0a6 7 a 12 meses 1 a 3 anos 4 a 8 anos Meninos de 9 Meninas de 9 Meninos de Meninas de
meses a 13 anos a 13 anos 14 a 18 anos 14 a 18 anos
Sódio (mg) 120 370 1.000 1.200 1.500 1.500
Potássio (mg) 400 700 3.000 3.800 4.500 4.700
Cálcio (mg) 210 270 500 800 1.300 1.300
Fósforo (mg) 100 275 460 500 1.250 1.250
Zinco (mg) 2 3 3 5 8 11 9
Selênio (mg) 15 20 20 30 40 55
Cobre (mg) 200 220 340 440 700 890
Quadro 10.8. Recomendações diárias de vitaminas para crianças com DRC de acordo com os valores de ingestão dietética de referência
(DRI).
MENINOS MENINOS MENINAS MENINOS
0A6 7 A 12 1A3 4A8
ELEMENTOS 9 A 13 14 A 18 9 A 13 14 A 18
MESES MESES ANOS ANOS
ANOS ANOS ANOS ANOS
Vitamina A (µg) 400 500 300 400 600 900 600 700
Vitamina C (mg) 40 50 15 25 45 75 45 65
Vitamina E (mg) 4 5 6 7 11 15 11 15
Vitamina K (µg) 2,0 2,5 30 55 60 75 60 75
Tiamina (mg) 0,2 0,3 0,5 0,6 0,9 1,2 0,9 1,0
Riboflavina (mg) 0,3 0,4 0,5 0,6 0,9 1,3 0,9 1,0
Vitamina B6 (mg) 2 4 6 8 12 16 12 14
Folato (µg) 0,1 0,3 0,5 0,6 1,0 1,3 1,0 1,2
Vitamina B12 (µg) 65 80 150 200 300 400 300 200
Ácido pantotênico(mg) 1,7 1,8 2 3 4 5 4 5
Biotina (µg) 5 6 8 12 20 25 20 25
Fonte: Riella; Sato, 2013.
86
REFERÊNCIAS
KDOQI – Kidney Disease Quality of Life Questionnaire . Clinical Practice Guideline for Nutrition in Children
with CKD: 2008 Update. American Journal of Kidney Diseases, Boston, v. 53, n. 3, Suppl 2 (March), 2009: pp
S11-S104.
Mauri JF; Patin RV; Chiba, S. M. Nutrição em fibrose cística. In: Palma D; Oliveira FLC; Escrivão, M. A. M. S.
Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência. Cap. 33, p. 529-539. 661 p. 2009.
Riella MC; Sato MMN. Nutrição na síndrome nefrótica. In: Riella MC; Martins C. Nutrição e o rim. Cap. 19,
p. 265-274. 396 p. 2013.
87
11
SÍNDROME NEFRÓTICA
1.1 OBJETIVOS
• Melhorar a anorexia;
Quadro 11.1. Recomendações nutricionais específicas para pacientes pediátricos com síndrome nefrótica.
Nutriente Recomendações
Crianças
Cálcio (mg/kg) 10 a 20
REFERÊNCIA
Riella MC; Sato MMN. Nutrição na síndrome nefrótica. In: Riella MC; Martins C. Nutrição e o rim. Cap. 19,
p. 265-274. 396 p. 2013.
88
12
DIABETES MELLITUS
Quadro 12.1. Composição nutricional do plano alimentar indicado para portadores de diabetes mellitus.
• As necessidades nutricionais para crianças e adolescentes com DM1 e DM2 são similares as de outros
indivíduos da mesma idade.
REFERÊNCIA
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes. 4. ed. São Paulo, 2013-
2014. 365p.
89
13
DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO-PROTEICA
1.1 OBJETIVOS
• Recuperação nutricional;
• Acompanhamento ambulatorial.
Quadro 13.1. Recomendações nutricionais para a fase de estabilização de pacientes pediátricos desnutridos.
Perfil do paciente Criança recém internada com descompensação infecciosa e/ou metabólica
Objetivo Conservação e a estabilização clínico-metabólica
Estabilização hemodinâmica, hidroeletrolítica e acido-básica (suporte metabólico)
Tratamento do risco de morte
Não fazer reposição de ferro devido ao risco de morte
Oferta calórica: iniciar com taxa metabólica basal + fator estresse – 50 – 60 kcal/kg no 1º dia. Não
ultrapassar 100 kcal/kg/dia
Início da alimentação
Oferta hídrica: 130 ml/kg/dia
Oferta proteica: 1 – 1,5 g/kg/dia
Baixa osmolaridade < 280 mOsm/L
Padrão da dieta Baixo teor de lactose < 13 g/L
Baixo teor de sódio até 0,6 mMol
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011.
Na presença de má absorção grave, pode ser necessária lançar mão de fórmulas extensamente hidrolisadas
ou à base de aminoácidos.
Quadro 13.2. Recomendações nutricionais para a fase de recuperação de pacientes pediátricos desnutridos.
Objetivos Proporcionar que o ganho de peso seja mais do que 5 g/kg/dia, sendo ideal ganho superior a 10 g/kg/dia.
Oferta calórica: 150 kcal/kg/dia ou 1,5 vezes a recomendação energética para a idade
Oferta hídrica: 150 – 200 ml/kg/dia
Oferta de nutrientes
Oferta proteica: 3 – 4 g/kg/dia ou 1,5 vezes a recomendação proteica para a idade
Dieta com menor teor de lactose
Preparado artesanal Sugerido pela OMS contendo 100 kcal e 2,9 g de proteína para cada 100 ml
Preparado Fórmula infantil com menor teor de lactose ou dieta enteral polimérica pediátrica isenta de lactose para
Industrializado crianças com idade inferior a 1 ano (1 kcal/ml)
Preparados com Fornecer zinco,cobre e ferro, e multivitaminas com 1,5 vezes a recomendação para crianças saudáveis.
multivitaminas
Para ajuste da densidade energética de fórmulas infantis (0,7 kcal/ml) podem ser utilizados módulos de
Módulos de polímeros
polímeros de glicose e lipídeos (óleos vegetais), adição máxima de 3%. Este procedimento compromete,
de glicose e lipídeos
entretanto, o fornecimento de minerais e micronutrientes
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011
90
Quadro 13.3. Recomendações nutricionais para a fase de acompanhamento ambulatorial de pacientes pediátricos desnutridos.
Monitorar o crescimento (vigilância dos índices peso por estatura e estatura por idade)
Objetivos Prosseguir na orientação e reforçar as orientações realizadas durante a hospitalização
Desenvolvimento da criança, especialmente da relação estatura/idade e intensificação do trabalho da equipe multiprofissional
Fonte: SBNPE; ASBRAN, 2011
REFERÊNCIA
SBNPE; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia.
Terapia nutricional no paciente pediátrico com desnutrição energético-proteica. São Paulo: AMB; CFM (Projeto
Diretrizes), 2011a. 12p.
91
14
DISFUNÇÕES CARDÍACAS
Disfunções cardíacas na criança abrangem as doenças cardíacas congênitas, que incluem as anomalias
congênitas do coração e grandes vasos e as cardiopatias adquiridas, como endocardite bacteriana, miocardite,
febre reumática e insuficiência cardíaca. Nos lactentes, as necessidades energéticas variam de acordo com o
comprometimento cardíaco:
REFERÊNCIA
Leite HP; Benzecry SG; Terapia nutricional na criança cardiopata. In: Palma D; Oliveira FLC; Escrivão MAMS.
Guia de nutrição clínica na infância e na adolescência. Cap. 34, p. 541-546. 661 p. 2009.
92
15
ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA - APLV
Remissão dos sinais e Manutenção ou piora Manutenção ou piora dos Remissão dos sinais e
sintomas dos sinais e sintomas sinais e sintomas sintomas
Fórmula de soja
Fórmula extensamente hidrolisada
(em média por 8 semanas) Fórmula de aminoácidos (em média por 8 semanas)
Desencadeamento com FI
ou LV Desencadeamento com fórmula
Desencadeamento com FI ou LV
extensamente hidrolisada
Negativo Positivo
Positivo Negativo Positivo Negativo
Fórmula de soja
Positivo Fórmula extensamente hidrolisada
(em média por 6 meses)
(em média por 6 meses)
Negativo
Figura 15.1. Algoritmo para a determinação da terapia nutricional do Consenso brasileiro sobre alergia alimentar
REFERÊNCIA
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria; ABAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Consenso
Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2007. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia, São Paulo, v.31, n. 2, p.
64-89. 2008.
93
16
DOENÇA CELÍACA
Indicações:
• Pacientes geneticamente predispostos, que tenham diagnóstico confirmado pela biópsia intestinal.
1.1 OBJETIVO
Promover a remissão clínica e histológica por meio da exclusão permanente do glúten da dieta.
• Exclusão total do glúten da dieta, desde o início do tratamento, mantendo por toda a vida. Os alimentos
que contém glúten são: trigo, centeio, cevada e aveia. Alguns derivados, como o malte, também deverão
ser excluídos.
• Na fase inicial, por oito dias, é recomendável excluir a fibra vegetal que tem intensa ação estimulante
sobre o trânsito intestinal.
REFERÊNCIA
Barbieri D. Doença celíaca. In: Porta G; Koda YKL. Gastroenterologia e hepatologia. Cap. 22, p. 301-317. 603
p. 2011.
94
17
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
Indicações
• Lactentes e crianças na primeira infância que apresentem deficiência de lactase, tanto de forma primária,
quando há defeito intrínseco na enzima, ou secundária, quando ocorre dano na mucosa intestinal com
consequente falta da mesma.
1.1 OBJETIVO
• A primeira estratégia terapêutica é a exclusão completa da lactose da dieta até a remissão dos sintomas.
Posteriormente, deve-se reintroduzir gradualmente a lactose, considerando a dose limite individual
(observar qual é a dose máxima tolerada para cada indivíduo, já que alguns necessitam excluir
totalmente o leite de sua alimentação. O consumo de lactose deve ser reduzido a uma quantidade que
não proporcione o aparecimento de sintomas).
• Nos lactentes com intolerância secundária à lactose, em geral no curso de diarreia aguda ou persistente,
deve ser preconizada uma fórmula sem lactose, normalmente as derivadas do leite de vaca, ou as de soja
para os maiores de seis meses de idade.
• Estratégias não farmacológicas, entre as quais mudanças nos hábitos alimentares, como consumir o
leite juntamente com outros alimentos, consumir produtos lácteos fermentados e distribuir o leite em
pequenas quantidades em várias refeições ao longo do dia devem ser consideradas.
REFERÊNCIA
Vidolin E. Intolerância à lactose. In: Porta, G.; Koda, Y. K. L. Gastroenterologia e hepatologia. Cap. 21, p. 294-
300. 603 p. 2011.
95
18
REFLUXO GASTROESOFÁFICO - RGE
1.1 OBJETIVOS
• MACRONUTRIENTES
Quadro 18.1. Recomendações nutricionais de macronutrientes para pacientes pediátricos com refluxo gastroesofágico.
MACRONUTRIENTES PROTEÍNAS LIPÍDIOS CARBOIDRATOS
Preferir de fácil digestibilidade e baixo Preferir os de cadeia média e
Preferir do tipo complexo, os
teor de purinas (Ex: carnes brancas, soro curta (Ex: manteiga e creme de
Qualidade farináceos devem ser utilizados na
do leite). Distribuir de forma equilibrada leite). Evitar preparações muito
forma pré-cozida.
nas refeições diárias. concentradas em lipídios.
Fonte: Valle; Accioly, 2005; Koda, 2011.
• MICRONUTRIENTES E ÁGUA
• Em casos de vômitos frequentes: se necessário repor eletrólitos, principalmente sódio, potássio e cloro.
Prescrever alimentos fontes desses nutrientes.
• Água: se atentar a recomendação mínima e prescrever o volume a ser ingerido diariamente nos intervalos
das refeições
Quadro 18.2. Cuidados nutricionais específicos com os lactentes pediátricos com refluxo gastroesofágico.
EM ALEITAMENTO MATERNO EM ALEITAMENTO ARTIFICIAL
Reforçar cuidados posturais, maior fracionamen- RGE Fisiológico: em lactentes com regurgitações persistentes, fórmulas infantis antirrefluxo podem
to das mamadas, investigar história familiar de ser indicadas. Essas fórmulas diminuem somente o número de refluxos visíveis.
alergia e alimentação da mãe.
Fonte: Valle; Accioly, 2005; Koda, 2011.
• Aumentar o fracionamento da dieta e limitar o volume da dieta para evitar a sensação de plenitude
gástrica e distensão abdominal
• A consistência deve ser adaptada à idade e hábito alimentar da criança. Em casos de alimentação
líquida, preferir dietas líquidas pastosas e/ou associada ao uso de espessante
96
• Mastigar bem os alimentos para que sejam bem triturados, pois desta forma a produção de secreção
gástrica será menor
• Alimentos cozidos e preparações mais úmidas são mais indicados por facilitar o processo de mastigação
das crianças
• Evitar as temperaturas extremas dos alimentos, pois estas retardam o esvaziamento gástrico
• Evitar alimentos que diminuem o tônus do esfíncter esofagiano inferior ou estimulam secreção gástrica,
tais como, alimentos gordurosos, cafeína, bebidas gaseificadas, frutas e sucos cítricos, chocolate,
produtos de tomate, condimentos, molhos picantes, menta, hortelã, álcool e fumo.
REFERÊNCIA
Valle J; Accioly E. Refluxo gastroesofagiano na infância. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA. Nutrição em
obstetrícia e pediatria. Cap. 24, p. 429 – 433. 540 p. 2005.
97
19
DIARREIA
A diarreia aguda se caracteriza pela perda de água e eletrólitos por meio de fezes de consistência líquida,
aumento de volume e frequência das evacuações, por mais de três episódios ao dia. Se apresentar muco ou san-
gue, caracteriza-se em disenteria (Lacerda; Accioly, 2005; Gusmão; Lima, 2011). A diarreia leva às seguintes
complicações:
• Desidratação
• Perda de nutrientes se associada a vômitos, febre e restos alimentares presente nas fezes
Quadro 19.1. Avaliação da hidratação do paciente com diarreia aguda pelo Ministério da Saúde (2005).
SINAIS E DESIDRATAÇÃO LEVE (2 OU DESIDRATAÇÃO GRAVE [2 OU MAIS SINAIS,
SEM DESIDRATAÇÃO
SINTOMAS MAIS SINAIS) INCLUINDO PELO MENOS 1 (*)]
Condição geral Bem, alerta Irritado, intranquilo Comatoso – hipotônico (*)
Olhos Normais Fundos Muito fundos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
Boca e língua Úmidas Secas Muito secas
Sede Bebe normalmente Bebe rápido e avidamente Bebe mal ou não é capaz (*)
Sinal da prega** Desaparece rapidamente Desaparece lentamente Desaparece muito lentamente
Pulso Cheio Rápido, débil Muito débil ou ausente (*)
Enchimento capi- Normal Prejudicado
Muito prejudicado (*)
lar*** (até 3 seg) (de 3 a 5 seg)
Tratamento Plano A Plano B Plano C
**Sinal da prega: o examinador deverá pinçar parte da pele do paciente com seus próprios dedos e soltar rapidamente. ***Enchimento
capilar: o examinador deverá comprimir, com a própria mão, a mão fechada da criança por 15 segundos. O examinador retira sua mão e
observa o tempo para a volta da coloração normal da palma da mão da criança. Fonte: Gusmão; Lima, 2011.
1 TERAPIA NUTRICIONAL
PLANO A
• Oferecer Solução de Reidratação Oral (SRO) após cada episódio de evacuação líquida do paciente.
Oferecer 50 a 100 mL para lactentes e 100 a 200 mL para crianças maiores ou adolescentes. Se não
tiver acesso a SRO, o responsável deve ser orientado a utilizar o soro caseiro.
98
• Manter alimentação habitual do paciente, aumentar fracionamento da dieta.
• Orientar a família sobre os sinais de desidratação e pedir que observem atentamente o aparecimento
destes.
• O aumento no volume e frequência das evacuações pode não significar piora do quadro. Observar a
presença de distensão abdominal, vômitos, hidratação, aspecto geral e peso do paciente.
PLANO B
Recomendado para crianças com diarreia aguda e sinais de desidratação. Composta pela fase de reidratação
composta pela SRO fase de manutenção:
Fase de reidratação
• Lactentes amamentados exclusivamente com leite materno poderão continuar recebendo este.
• Poderá ser feito a administração da SRO via SNG quando houver perda de peso após as primeiras
2h de tratamento adequado com SRO via oral, vômitos persistentes (4 ou mais vezes em período de
1h), distensão abdominal acentuada com ruídos hidroaéreos presentes e dificuldade de ingestão do
soro. O volume inicial a ser administrado é de 30 ml/kg/h, de modo contínuo e lento, aumentando
gradativamente para até 60 ml/kg/h. Se persistirem os sinais de desidratação, ou os vômitos, a criança
deverá receber hidratação venosa.
• Esta fase finaliza quando desaparecerem os sinais de desidratação. Após isso deve-se iniciar a fase de
manutenção.
• Fase de manutenção
• Oferecer a SRO após cada evacuação líquida (50 a 100 mL para lactentes e 100 a 200 mL para crianças
maiores).
PLANO C
99
• Indicada a hidratação venosa nas seguintes situações: alteração do estado de consciência; persistência
dos vômitos mesmo após uso de SNG; manutenção ou perda de peso após as duas primeiras horas que
se iniciaram a SNG e sinais de íleo paralítico (distensão abdominal e ausência de ruídos hidroaéreos).
2 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS
• Após reidratação oral do paciente, oferecer os alimentos que fazem parte dos hábitos alimentares deste,
principalmente as fontes proteicas, carboidratos complexos e óleo vegetal.
• Corrigir os erros dietéticos, como por exemplo, excessiva concentração de carboidratos simples nas
mamadeiras.
• Ofertar em maior quantidade alimentos de alta densidade energética a fim de evitar a perda de peso.
• Na maioria dos casos de diarreia aguda não há necessidade de oferecer leite de vaca ou fórmula
infantil isenta de lactose. Apenas em casos mais graves, de desnutrição moderada a grave, ou falhas no
tratamento, pode ser necessária a retirada de lactose da dieta.
REFERÊNCIAS
Gusmão RHP; Lima FMLS. Diarreia aguda. In: Porta G; Koda YKL. Gastroenterologia e Hepatologia. Cap. 7, p.
101-111. 603 p. 2011.
Lacerda EMA; Accioly E. Nutrição nas diarreias agudas da infância. In: Accioly E; Saunders C; Lacerda EMA.
Nutrição em obstetrícia e pediatria. Cap. 21, p. 391 – 403. 540 p. 2005.
100
20
CONSTIPAÇÃO INTESTINAL
Caracteriza-se pela ocorrência de uma ou mais das seguintes manifestações por mais de duas semanas,
independentemente da freqüência de evacuações: eliminação de fezes duras, na forma de cíbalos, seixos ou
cilíndricas com rachaduras profundas, dificuldade/dor para evacuar, eliminação esporádica de fezes calibrosas
que entopem o sanitário ou menos do que três evacuações por semana, exceto em crianças com leite materno
(Maffei; Morais, 2011).
• FIBRAS
• A partir dos dois anos de idade deve ser consumida a quantidade de fibra alimentar por meio da
seguinte fórmula: idade + 10 g (Maffei; Morais, 2011)
• Aumentar fracionamento da dieta e estabelecer horários para as refeições, garantindo que o volume
alimentar seja suficiente e assim, estimule o reflexo gastrocólico;
• Manter o hábito alimentar básico da criança e introduzir pequenas alterações como metas diárias;
• Se a criança tem baixa aceitação por verduras e legumes, iniciar o incentivo de consumo de fibras por
meio das frutas e inserir no arroz vegetais como cenouras e brócolis;
• Nas orientações de alta não dizer apenas que deve ser aumentado o consumo de fontes de fibras, mas
descrever as porções de cada alimento de forma mais específica;
• Prescrever a quantidade de água e não apenas referir o consumo de líquidos em geral. Se o consumo
diário de água da criança é muito baixo, iniciar com pequenos volumes e depois ir progredindo;
• O uso de óleo mineral é indicado para facilitar a liberação de fezes endurecidas, entretanto configura-se
como prescrição médica;
• As orientações devem ser repassadas quando a criança possuir constipação intestinal, porém o
intestino deve estar desbloqueado. Caso haja presença de fecaloma, será necessária intervenção médica
primeiramente para posteriormente serem realizadas orientações nutricionais.
REFERÊNCIAS
ADA - Position of the American Dietetic Association: Health Implications of Dietary Fiber. J Am Diet Assoc
2008;108:1716-31.
101
Maffei H.V.L; Morais, MB. Constipação crônica. In: Porta G; Koda YKL. Gastroenterologia e Hepatologia. Cap.
25, p. 357-369. 603 p. 2011.
Vitolo MR. Práticas alimentares na infância. In: Vitolo MR. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Cap. 23,
p.215 – 242. 628 p. 2008.
102
21
OBESIDADE
1 NECESSIDADES NUTRICIONAIS
103
BEE (kcal/d) = 516 – 26,8 x idade [a] + 347 x altura [m] + 12,4 x peso (kg)
TEE PARA MANUTENÇÃO DO PESO EM MENINAS COM SOBREPESO E OBESAS DE 3-18 ANOS:
TEE = 389 – 41,2 x idade (a) + Atividade Física x (15,0 x peso [kg] + 701,6 x altura [m])
Coeficiente de atividade física (Physical activity coefficient):
PA = 1,00 se PAL é estimada como ≥1,0 < 1,4 (sedentário)
PA = 1,18 se PAL é estimada como ≥1,4 < 1,6 (atividade leve)
PA = 1,35 se PAL é estimada como ≥1,6 < 1,9 (atividade moderada)
PA = 1,60 se PAL é estimada como ≥1,9 < 2,5 (atividade intensa)
EER = estimated energy requirement (estimativa da necessidade energética); TEE = total energy expenditure (gasto energético total); BEE
= basal energy expenditure (gasto energético basal).
Fonte: SBP, 2012.
Figura 21.1. Algoritmo para determinação do uso de tratamento dietoterápico em pacientes pediátricos.
• Estabelecer redução energética de aproximadamente 500 kcal/dia que leva a perda ponderal de
aproximadamente 0,5 kg/semana (Vitolo, 2008).
104
Para as crianças (>7 anos) e adolescentes que ainda estão em fase de crescimento por:
• A redução de 108 kcal/dia leva à perda de aproximadamente 15 g/dia ou 450 g/mês (SBP, 2012).
• Dieta hipolipídica (até 30% de Lipídeos, sendo de 10% a 7% em gorduras saturadas, para prevenção
e tratamento das dislipidemias, respectivamente. O consumo de gordura trans deve limitar-se a 1%)
(SBP, 2012).
• Recomendação de Sódio: 1,2 gramas/dia para crianças entre 4 e 8 anos e 1,5 g/dia para crianças acima
de 8 anos.
• Dieta Hipolipídica
• Dieta Hipolipídica
REFERÊNCIAS
Bassareo PP; Mercuro G. Hypertension: an update on a burning problem. World J Cardiology. Pleaseanton, 6(5):
253-259, 2014.
Escrivão MAMS; Obesidade na infância e na adolescência. In: Palma D; Oliveira FLC; Escrivão MAMS. Guia de
nutrição clínica na infância e na adolescência. Cap. 19, p. 299-329. 661 p. 2009.
SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Obesidade na infância e adolescência: manual de orientação. Departamento
Científico de Nutrologia. 2 ed. São Paulo: SBP. 2012.142 p.
Vitolo MR. Práticas alimentares na infância. In: Vitolo MR. Nutrição da gestação ao envelhecimento. Cap. 23,
p.215 – 242. 628 p. 2008.
105
22
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL – DII
São consideradas Doenças Inflamatórias Intestinais a Colite Ulcerativa (CU) e Doença de Crohn (DC).
2 TERAPIA NUTRICIONAL
2.1 OBJETIVOS
• Existe informação limitada que sugere que a redução dos oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos
e poliois fermentáveis (FODMAP – fermentáveis oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e
poliois) da dieta podem reduzir os sintomas da DII (WGO, 2009).
106
2.2.1 Doença de Crohn (DC)
• Nutrição Enteral Exclusiva (NEE) é recomendação primária na terapia de indução da remissão da DC.
• Reintrodução gradual de alimentos com concomitante diminuição do volume de fórmula a cada 2-3
dias durante um período de 2-3 semanas.
• A TNP não deve ser usada como tratamento primário em paciente com DC ativa e não é recomendada
na fase de remissão (SBNPE; ASBRAN, 2011).
• Em casos de colite da DC, não são observadas vantagens no uso de TNE ou dieta oral em pacientes,
sendo indicado TNP e jejum oral, para garantir repouso intestinal (SBNPE; ASBRAN, 2011).
• Não existem evidências suficientes para recomendar o uso de fórmula polimérica específica enriquecida
com TGF-β2 para DC, todavia vários estudos demonstraram bons resultados na indução da remissão
(Borreli et al., 2006; Canani et al., 2006; Wersletter 2011; Navas-lópez et al., 2015).
• Estudo observacional prospectivo: 400g/dia de fórmula polimérica específica enriquecida com TGF-β2
para DC para crianças e adolescentes menores de 14 anos, com 94% de remissão clínica da doença
(Navas-lópez et al., 2015).
• Outros estudos demonstraram remissão clínica e bioquímica com dieta polimérica padrão (Grover;
Muir; Lewindon, 2014).
FASE DE REMISSÃO
• NEP pode ser uma aliada aos medicamentos para manter a remissão da DII (Critch et al., 2012;
Ruemmele et al., 2014).
• Em crianças, a TNE pode ser indicada para evitar atraso no crescimento (SBNPE; ASBRAN, 2011).
• Para pacientes com DC, história de perda de peso e albumina baixa recomenda-se no pré-operatório
TNE associada a TNP, pois apresentam melhores resultados comparado a indicação dessas terapias
isoladamente (SBNPE; ASBRAN, 2011).
• Suplementação de ácidos graxos ômega-3 e probióticos não está recomendada para manutenção da
remissão da DC (Critch et al., 2012; Ruemmele et al., 2014).
107
2.2.2 Colite Ulcerativa (CU)
• Recomenda-se a manutenção da dieta regular; caso não seja bem tolerada, nutrição enteral ou,
ocasionalmente, nutrição parenteral devem ser avaliadas (Turner et al., 2011).
• Alimentação oral deve ser evitada quando a cirurgia é iminente e é contraindicada em casos de
megacólon tóxico (Turner et al., 2011).
• Na presença de náuseas, vômitos severos ou dor abdominal, o paciente pode não ser capaz de tolerar
nutrição enteral de forma adequada, podendo ser necessária nutrição parenteral de curto prazo (Turner
et al., 2011).
• Não é recomendado atraso na intervenção cirúrgica para melhorar estado nutricional (TURNER et
al., 2011).
• Avaliar necessidade de dieta pobre em resíduos = Diminuir a quantidade de fibra / resíduos da dieta. Os
produtos lácteos podem ser mantidos, a menos que sejam mal tolerados (WGO, 2009).
• Dieta líquida, com fórmulas pré-digeridas ou suspensão da via oral = em casos de alta inflamação para
redução de sintomas (WGO, 2009).
• Uma dieta rica em resíduos poder ser indicada nos casos de proctite ulcerativa (doença limitada ao
reto, onde a constipação pode ser um problema mais importante do que a diarreia) (WGO, 2009).
• A nutrição enteral deve ser a via preferencial, enquanto a nutrição parenteral (TNP) deve ser limitada
aos pacientes que não possuem o trato gastrointestinal funcionante (BSGIBD, 2010).
FASE DE REMISSÃO
REFERÊNCIAS
Borrelli O; et al. Polymeric diet alone versus corticosteroids in the treatment of active pediatric Crohn’s disease? A
randomized controlled open-label trial. Clin Gastroenterol Hepatol 2006; 4:744-753.
Canani RB; et al. Short-and long-term therapeutic efficacy of nutrition therapy and corticosteroids in pediatric
Crohn’s disease. Dig Liver Dis, 2006; 38:381-387.
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JPGN, v.54, p. 298-305. 2012.
Grover Z; Muir R; Lewindon P. Exclusive enteral nutrition induces early clinical, mucosal and transmural remis-
sion in paediatric Crohn’s disease J Gastroenterol (2014) 49:638–645.
Navas-López VM; et al. Exclusive enteral nutrition continues to be first line therapy for pediatric Crohn’s disease
in the era of biologics. Anales de Pediatria. 2015 [epub].
Ruemmele FM. et al. Consensus guidelines of ECCO/ESPGHAN on the medical management of pediatric
Crohn’s disease. Journal of Crohn’s and Colitis. n.8, p.1179-1207, 2014.
SBNPE; ASBRAN – Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral; Associação Brasileira de Nutrologia.
Terapia nutricional na doença de crohn. São Paulo: AMB; CFM (Projeto Diretrizes), 2011. 12p.
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Schofield WN. Predicting basal metabolic rate, new standards and review of previous work. Hum Nutr Clin Nutr
1985;39(suppl 1):5–41.
Turner D; et al. Consensus for managing acute severe ulcerative colitis in children: a systematic review and joint
statement from ECCO, ESPGHAN, and the Porto IBD working group of ESPGHAN. Am J Gastroenterol
2011; 106(4):574-88.
Werksletter KJ. Influence os exclusive enteral nutrition therapy on bone density and geometry in newly diag-
nosed paediatric Crohn’s disease patients. J Pediatr Gastroenterol Nutr, 2011;52 (1)
WGO – World Gastroenterology Organization. Practice Guidelines: Doença inflamatória intestinal: uma pers-
pectiva global. 2009. 26 p.
109
23
DOENÇA FALCIFORME - DF
As doenças falciformes são alterações do gene da Hemoglobina S (HbS), levando às formas sinto-
máticas da doença, subdivididas em: Hemoglobina C, Hemoglobina D, Beta-talassemia, entre outros
(ANVISA, 2002).
1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
• Não existem no momento curvas específicas para a avaliação destes (BAHIA, 2009; MS, 2013). Realizar
avaliação nutricional geral, de acordo com a faixa etária.
2 TERAPIA NUTRICIONAL
• Em crianças que fazem uso de fórmulas infantis em substituição ao aleitamento materno que sejam
menores de 6 meses, recomenda-se que a introdução dos alimentos complementares seja antecipada
para os 4 meses de idade, devido à necessidade de adequação energética e o risco de desenvolvimento
de déficits nutricionais e anemia ferropriva (BAHIA, 2009).
• Suplementação de vitaminas e minerais deve ser considerada em casos de risco nutricional devido à
baixa e inadequada ingestão alimentar, sob a forma medicamentosa de acordo com recomendações
específicas para faixa etária segundo DRIs (BAHIA, 2009).
• Adolescentes: deve-se prevenir a deficiência de ácido fólico, comum quando a dieta é pobre em
alimentos crus. Se atentar também ao consumo adequado de proteína, cálcio, ferro, zinco, vitamina A
e C (BAHIA, 2009).
• Hidratação Oral = recomenda-se um acréscimo de 50% do valor de referência para as diferentes fases
da vida (BAHIA, 2009). Em crianças e adolescentes, é recomendada durante crises de dor, ofertar entre
1 e 1,5 vezes a estimativa da necessidade de manutenção diária de líquidos (Fowler et al, 2010).
• Hidratação Parenteral = realizar 1,5 vezes as necessidades hídricas diárias (NHD) da criança e
adolescente. A hidratação venosa deve conter soro glicosado 5%, e o bicarbonato de sódio deverá ser
utilizado em casos de acidose metabólica comprovada e/ou nefropatia (MS, 2013).
• Em situações de febre: cada aumento de 1 grau acima de 37oC na temperatura corporal há um aumento
de 13% da TMB, portanto, considerar este no cálculo das necessidades energéticas. Aumentar também
a hidratação (BAHIA, 2009).
110
• Em situações de úlceras: oferecer dieta com suplementação energético-proteica e de vitaminas e
minerais relacionadas ao processo de cicatrização de feridas, desenvolvimento e manutenção tecidual,
efeito antioxidante, como zinco, selênio, vitaminas A, E e C. Muitas vezes recomenda-se também a
restrição de sódio da dieta com o objetivo de reduzir a retenção tecidual de líquidos (BAHIA, 2009).
• Em situações de crises renais: a dieta deverá ser hipossódica na presença de hipertensão e doença renal
instalada. Em casos de débito urinário muito aumentado, os pacientes apresentam risco de desidratação
e consequente crises vaso-oclusivas, portanto, o cuidado com a hidratação deve ser maior (BAHIA,
2009).
• Em situações de acidente vascular cerebral: a dieta deverá ser hipossódica e dietas ricas em potássio
podem ser utilizadas na ausência de dano renal. A recomendação de potássio é de 2 a 4 g por dia, não
sendo necessária suplementação desse eletrólito na dieta (BAHIA, 2009).
• Monitorar Vitamina A e Zinco que mostraram forte relação com o aumento do número de
hospitalizações e permanência hospitalar e associação com crescimento e maturação sexual (Mataratziz;
Accioly; Padilha, 2010).
• Vitamina D, Vitamina B6, Vitamina E, Cálcio, Folato e Magnésio podem apresentar concentrações
significativamente mais baixas em crianças e adolescentes com anemia falciforme (MATARATZIZ;.
Accioly; Padilha, 2010).
REFERÊNCIAS
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Manual de Diagnóstico e Tratamento de Doenças Falcifor-
mes. Brasília, 2002. 142 p.
BAHIA. Prefeitura Municipal de Salvador. Secretaria Municipal de Saúde. Coordenação de Atenção e Promoção
da Saúde. Programa de Atenção às Pessoas com Doença Falciforme. Manual de Nutrição na Doença Falciforme.
Salvador, 2009. 82 p.
MS -. Ministério Da Saúde (Brasil). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada.
Doença falciforme: condutas básicas para tratamento. Brasília, 2013. 64 p.
Mataratzis PSR; Accioly E; Padilha PC. Deficiências de nutrientes em crianças e adolescentes com anemia
falciforme: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. São Paulo, v. 32, n. 3, p.
247-256, 2010.
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