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O SINDICALISMO DOCENTE COMO OBJETO DE PESQUISA DA HISTÓRIA

SOCIAL DA EDUCAÇÃO
LANÇA, Hélida1
helida_lanca@hotmail.com

BAUER, Carlos2
carlosbauer@pesuisador.cnpq.br

RESUMO

O associativismo e o sindicalismo dos trabalhadores em educação constituem uma


temática relevante no campo da história social da educação, mas estão num terreno de
estudo no qual ainda há muitas questões não respondidas, muitas organizações não
investigadas e com muitos períodos históricos ainda pouquíssimos vasculhados. Emerge,
então, a necessidade de ampliação dos estudos, no intuito de abranger cada vez mais a
história social e crítica das organizações dos professores, colaborando com a superação
de inúmeras lacunas e a construção das páginas que ainda não foram escritas desta
importante historicidade.
A história social da educação, ainda que não seja normatizada, é um campo em
que o interessado em realizar suas pesquisas procura considerar não apenas aquilo está
em evidência no período em que pretende realizar os seus estudos; partindo, então, de
uma visão crítica e problematizadora, incluindo em suas análises a política, a cultura, as
relações sociais e a economia, num diálogo constante com todas as ciências sociais, sem
que haja nenhuma autocensura prévia ou limitação de fontes, procurando, estabelecer o
reconhecimento da história como solo fértil no qual se movimentam as classes sociais.
Por este viés, é inegável a importância de que sejam estudados os diferentes
esforços de organização e ação coletiva dos trabalhadores em educação – aliás, são,
justamente, nos momentos de culminância de suas lutas que temos uma melhor
visibilidade das dificuldades enfrentadas, das derrotas que amargam e das vitórias que
conquistaram.

1
Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Nove de Julho –
UNINOVE, 2018.
2
Professor e pesquisador no Programa de Pós-graduação em Educação (PPGE) da Universidade Nove de
Julho – UNINOVE, 2018.
Em geral, os estudos sobre a história da educação estão apoiados em aspectos
relacionados à política e legislação educacional, às reformas educacionais, ao currículo e
seus desdobramentos, ao escolanovismo, às instituições escolares ou à gestão de
determinado governo. Não são raros os estudos sobre, por exemplo, a educação na Era
Vargas, a educação após a reforma de 1968, ou, ainda, sobre a educação jesuítica. Estes
recortes temporais e temáticos são comumente utilizados nos livros e nas pesquisas deste
campo de estudo que também optam, algumas vezes, por classificar o tempo de acordo
com a divisão clássica da história. Desta forma, temos inúmeros estudos e produções
acerca da educação na Primeira República, por exemplo, o legado educacional do regime
militar, ou sobre a educação no Brasil Colônia.
O que estamos afirmando aqui é que o sindicalismo e o associativismo dos
trabalhadores da educação ainda não se tornaram um objeto de análise amplamente
reconhecido nas pesquisas sobre a história da educação brasileira, o que produz, em nosso
ponto de vista, algumas lacunas importantes que precisam ser preenchidas pelos
pesquisadores acadêmicos. Não se trata de desmerecer o que já foi pesquisado, muito pelo
contrário, pois, temos imensa estima e apreço pelos estudos realizados e publicados, sem
os quais não seria possível nenhum conhecimento sobre o tema. A questão que colocamos
é complementar, na medida em defendemos ser de inegável relevância a necessidade de
se somar a este conhecimento os estudos sobre as ações coletivas dos professores em cada
momento da história.

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