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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO

PARÁ - CAMPUS BELÉM

CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR II

PROFº. RAYME TIAGO RODRIGUES COSTA

30 JUN. 2023

ANDRÉ FREIRE NASCIMENTO

TRABALHO 2ª BIMESTRE

O livro didático é uma das principais ferramentas utilizadas pelo professor


durante sua carreira no contexto educacional, porém para que seu uso não
seja para a perpetuação de problemáticas como foi em séculos passados, isto
requer uma reflexão crítica, levando em consideração diferentes perspectivas
teóricas. Comecemos com Paulo Freire, um dos principais educadores-
modelos do brasil, que defendia uma educação diferente da imposta em sua
época, na qual o livro didático desempenharia um papel crucial. Para Paulo
Freire, a educação deve ir além da simplória transmissão de conhecimentos,
deve ser um instrumento de transformação social, tendo o contexto do aluno
como base. Nesse sentido, o livro didático deve ser desnaturalizado, ou seja,
se deve questionar seu conteúdo e estrutura, para que não reproduza ideias
hegemônicas e opressivas a favor da classe dominante. Seguindo as ideias de
Paulo Freire, os livros didáticos não podem seguir o modelo de educação
bancaria, almejando apenas o passe de conhecimento, embora seja
desafiador, o livro didático deve ser produzido pensando no contexto social do
aluno. Similarmente Bell Hooks, autora e ativista afro-americana, destaca a
necessidade de uma educação inclusiva e engajada com as experiências e
realidades dos alunos marginalizados. Seguindo a visão de Bell Hooks, o livro
didático deve ser um instrumento para uma educação como prática da
liberdade, que valorize a diversidade cultural e promova o empoderamento dos
estudantes e quebra do status quo em quesito a antigos preconceitos
implantados na educação. Ela realça a importância de uma abordagem crítica e
interseccional, que reconheça as opressões sociais existente no meio escolar e
acadêmico e o estimulo ao pensamento reflexivo e histórico dos alunos,
permitindo-lhes compreender as estruturas de poder presentes na sociedade.
Circe Maria Fernandes Bittencourt, por sua vez, analisa o processo histórico do
livro didático, destacando como ele foi influenciado pelas transformações
sociais, políticas e pedagógicas com o passar do tempo. Segundo Bittencourt,
o livro didático passou por diferentes fases, desde sua origem como uma
ferramenta de transmissão de conhecimentos padronizados até a atual busca
por uma abordagem mais crítica e reflexiva. Inicialmente, o livro didático era
voltado para as elites, sendo produzido em pequena escala devido à falta de
tecnologia da época e alto custo de tais objetos, o tornando restrito a um
público seleto. Com o tempo, houve a expansão da educação e avanços
tecnológicos, podendo produzir maior quantidade de livros em menos tempo, o
que trouxe a popularização do livro didático, tornando-se mais acessível a um
número maior de pessoas. No contexto brasileiro, Bittencourt ressalta que o
processo histórico do livro didático está intimamente ligado às políticas
educacionais e aos diferentes períodos políticos do país. Como por exemplo
durante o regime militar o livro didático foi utilizado como uma ferramenta de
controle e disseminação de uma ideologia alinhada aos interesses da Ditadura
Civil-Militar. Bittencourt também observa que o livro didático passou por
mudanças pedagógicas ao longo dos anos, assimilando concepções de ensino
e aprendizagem divergentes. Desde abordagens tradicionais centradas
simplesmente na transmissão de conhecimento ou até mesmo em abordagens
mais críticas e emancipatórias, que buscam promover a reflexão e participação
ativa dos estudantes. Atualmente, o livro didático é alvo de debates e críticas,
pois com o passar dos anos livros didáticos começaram a trazer átona debates
sobre grupos minoritários e ideologias políticas, o que muitas vezes não condiz
com o pensamento da classe dominante. A autora afirma ser fundamental a
análise do livro didático de forma crítica, considerando as relações de poder
presentes em sua produção e o papel que desempenha na formação dos
indivíduos. Portanto, com base nos estudos de Circe Maria Fernandes
Bittencourt, podemos compreender que o livro didático reflete e é influenciado
por diferentes concepções pedagógicas e contextos históricos, logo,
desempenhando um papel fundamental na educação dos indivíduos, mas
também fomentando questionamentos sobre seu conteúdo, abordagem e
função na formação dos estudantes. Diante das contribuições de Paulo Freire,
Bell Hooks e Circe Maria Fernandes Bittencourt, torna-se evidente que o livro
didático é uma ferramenta indispensável na exerção da prática educacional,
porém sua utilização requer uma abordagem crítica e contextualizada.

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